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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ USJ CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS FRANCIELE FELIPPE O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ: A PERCEPÇÃO DO GESTOR PÚBLICO FAZENDÁRIO São José 2015

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ... · chegaria até aqui, vocês são peças fundamentais nesta etapa concretizada. ... sendo desse total mais de 99%

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FRANCIELE FELIPPE

O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ: A

PERCEPÇÃO DO GESTOR PÚBLICO FAZENDÁRIO

São José

2015

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FRANCIELE FELIPPE

O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ: A

PERCEPÇÃO DO GESTOR PÚBLICO FAZENDÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis do Centro Universitário Municipal de São José – USJ. Orientação: Prof.ª Dra. Alissane Lia Tasca da Silveira.

São José

2015

Dedico este trabalho aos meus pais,

Azonir e Luzia, que juntos buscaram

condições que me permitiram chegar até

aqui. Agradeço-lhes pela educação,

dedicação, amor e carinho.

AGRADECIMENTOS

Em especial, à Deus, razão no meu existir. Por me conceder esta

oportunidade e por me acompanhar em todos os momentos da minha vida.

À minha mãe, Luzia, mulher batalhadora, sempre disposta a fazer o bem.

Nunca mediu esforços para a felicidade das filhas, sempre me apoiou e me

incentivou a ser uma pessoa melhor, obrigada pelo amor, carinho e incessante

dedicação.

Agradeço ao meu pai, Azonir, que hoje, infelizmente, não está mais presente,

mas que durante sua vida sempre me apoiou e me incentivou a estudar, obrigada

pelo amor e carinho, que a luz perpétua o ilumine sempre.

Às minhas irmãs, Jaqueline, Lucilene e Juliana, obrigada pelo carinho sempre

me concedido, pelos incentivos, pelas palavras amigas, pelo amor e por nossa

união.

Aos meus mestres, que durante estes quatro anos muito me ensinaram e me

ofereceram. À vocês, sou grata pela formação profissional e pela sabedoria

adquirida.

À minha querida orientadora, professora Dra. Alissane Lia Tasca da Silveira,

por toda a dedicação a mim destinada. Obrigada por compartilhar comigo parte da

sua sabedoria e pelas sábias palavras de conforto e amizade oferecidas.

Aos meus amigos, que colaboraram para que esta etapa não se tornasse algo

tão maçante, me apoiando e me divertindo.

Ao meu querido amigo, Alexandre João da Silveira, responsável pela base da

minha formação como profissional, me permitindo associar a teoria da sala de aula

com a prática vivenciada em um escritório de contabilidade, muito obrigada.

Agradeço também à todos que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização deste trabalho.

À todos vocês, muito obrigada! Tenho certeza de que sozinha eu não

chegaria até aqui, vocês são peças fundamentais nesta etapa concretizada.

Os momentos mais esplêndidos da vida

não são os chamados dias de êxito, mas

sim, aqueles dias em que, saindo do

desânimo e do desespero, sentimos

erguer-se dentro de nós um desafio: a

vida e as promessas de futuras

realizações.

Gustave Flaubert

RESUMO

Em meio a um cenário de cargas tributárias elevadas, estão inseridos os trabalhadores informais. Estes trabalhadores contribuem e movimentam a economia do país, porém, devido aos processos burocráticos para a legalização das atividades e aos altos percentuais tributários, optam, muitas vezes, por exercer as atividades econômicas na informalidade. Diante disto, o Governo Federal buscou medidas que revertessem esta situação a partir da instituição da Lei Complementar 128 de 19 de Dezembro de 2008, a qual criou o Microempreendedor Individual – MEI. Assim, a presente pesquisa, tem como objetivo geral verificar a percepção do gestor público fazendário do Município de São José em relação ao Microempreendedor Individual. Especificamente, também objetiva apresentar os conceitos de empresa e empresário, esclarecer o programa MEI, tratar sobre esta abordagem no aspecto do Direito Empresarial e Tributário e conhecer a história do Município de São José e como é formada a economia da cidade. Em virtude do crescente número de MEI´s formalizados desde a instituição da LC 128/2008, esta pesquisa se justifica a medida da necessidade de verificar como o Município de São José, do ponto de vista do gestor público fazendário, tem percebido esta modalidade jurídica. Para isto, quanto a natureza da pesquisa, utilizou-se a técnica básica; quanto a abordagem do problema, esta ocorre de forma qualitativa. No que se refere aos objetivos, a pesquisa é qualitativa de caráter exploratório, em que foi utilizada a técnica bibliográfica para embasamento da fundamentação teórica e a análise do discurso para o tratamento das informações coletadas através da aplicação da entrevista semiestruturada direcionada ao gestor público fazendário do Município de São José. Após realizar a análise do discurso, em resumo, constatou-se que a percepção do gestor público é bastante favorável em relação ao surgimento do Microempreendedor Individual, pois, de acordo com o mesmo, o MEI possibilita a geração de emprego e renda para toda a região onde está inserido.

Palavras-chave: Microempreendedor Individual. Gestor Público Fazendário.

Município de São José.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Critérios de Classificação das empresas no Brasil (MEI, ME e EPP) ....... 27

Quadro 2 - Contribuição mensal para o MEI ............................................................... 39

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Onde o Brasil alcança os riscos em dias trabalhados anualmente ............ 29

Gráfico 2 - Quantidade de MEI´s enquadrados por atividade econômica ................... 35

Gráfico 3 - Evolução das empresas optantes pelo MEI em São José/SC ................... 46

Gráfico 4 - Quantidade de MEI´s por atividade econômica em São José/SC ............. 47

LISTA DE SIGLAS

CC Código Civil

CF Constituição Federal

CGSN Comitê Gestor do Simples Nacional

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CPP Contribuição Previdenciária Patronal

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

DAS Documento de Arrecadação do Simples Nacional

EPP Empresa de Pequeno Porte

GPS Guia da Previdência Social

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBPT Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação

ICMS Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e

Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

II Imposto de Importação

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

ISS Imposto Sobre Serviços

LC Lei Complementar

ME Microempresa

MEI Microempreendedor Individual

MPE Micro e Pequenas Empresas

OIT Organização Internacional do Trabalho

PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa Integração Social

SC Santa Catarina

SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TIPI Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados

URM Unidade de Referencia do Município

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................. 13

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 13

1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 13

1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA ................................................................................... 13

1.4 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS ........................................................................... 15

2 METODOLOGIA ...................................................................................................... 17

2.1 QUANTO A NATUREZA ....................................................................................... 17

2.2 QUANTO A ABORDAGEM DO PROBLEMA ........................................................ 17

2.3 QUANTO AOS OBJETIVOS ................................................................................. 18

2.4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ...................................................................... 18

2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................... 19

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 20

3.1 ASPECTOS DA ADMINISTRAÇÃO ...................................................................... 20

3.1.1 A Informalidade no Brasil ................................................................................ 20

3.1.2 O Empreendedorismo ...................................................................................... 22

3.2 ASPECTOS DA GESTÃO PÚBLICA ..................................................................... 23

3.3 ASPECTOS DO DIREITO EMPRESARIAL ........................................................... 25

3.3.1 Conceito de Empresa ....................................................................................... 25

3.3.2 Conceito de Empresário .................................................................................. 27

3.3.3 Legislação Federal para o MEI ........................................................................ 28

3.3.4 Legislação Municipal para o MEI .................................................................... 32

3.3.5 Atividades Permitidas ao MEI ......................................................................... 34

3.4 ASPECTOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO .............................................................. 36

3.4.1 Regimes de Tributação .................................................................................... 36

3.4.2 Tributação para o MEI ...................................................................................... 38

3.4.3 Vantagens e Desvantagens para o MEI .......................................................... 40

4 CARACTERIZAÇÃO E PERCEPÇÃO DO AMBIENTE PESQUISADO .................. 42

4.1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ ....................................................... 42

4.2 A ECONOMIA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ .................................................... 43

4.3 A SECRETARIA DA RECEITA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ ........................... 45

4.4 O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ ........ 46

4.5 ANÁLISE DO DISCURSO A PARTIR DA APLICAÇÃO DA ENTREVISTA

SEMIESTRUTURADA DIRECIONADA AO GESTOR PÚBLICO FAZENDÁRIO ........ 48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 56

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 59

APÊNDICE .................................................................................................................. 65

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE, 2013), no Brasil, nos últimos anos, houve um aumento na constituição de

empresas e de optantes pelo Simples Nacional, regime fiscal diferenciado e

favorável aos Pequenos Negócios.

Segundo dados estatísticos, disponibilizados no Portal do Simples Nacional

(2015), até outubro de 2015, havia 10,5 milhões de empresas registradas no

Simples Nacional. Sendo este número 141% acima do verificado em dezembro de

2010.

É possível relacionar isto às mudanças vivenciadas pelo Brasil, no contexto

das políticas em prol dos Pequenos Negócios as quais tem intuito de proporcionar

um impulso no ambiente empreendedor.

Como exemplos, podemos citar a criação da Lei Geral das Micro e Pequenas

Empresas, Lei Complementar 123 de 2006, a implantação do Microempreendedor

Individual (MEI), por meio da Lei Complementar 128 de 2008 e a ampliação dos

limites de faturamento do Simples Nacional a partir de 2012.

Segundo o SEBRAE (2013), o crescimento do número de novas empresas,

quando associado à melhora na competitividade, tende a gerar impactos

expressivos na economia brasileira, seja em termos de oferta de empregos, bem

como de arrecadação tributária.

Em 2008, foi sancionada pelo, então, Presidente da República Luís Inácio

Lula da Silva a Lei Complementar 128, que instituiu a figura do Microempreendedor

Individual – MEI, possibilitando a diversos trabalhadores informais (ambulantes,

pipoqueiros, costureiras entre outros) a legalização do seu próprio negócio.

Para tornar a legalização viável aos trabalhadores informais, o Governo

Federal ofereceu condições atrativas, como os baixos custos tributários, benefícios

previdenciários, acesso a linhas de créditos, acarretando em vantagens competitivas

em relação ao mercado.

Diante do contexto, a presente pesquisa objetiva verificar a percepção do

gestor público fazendário do Município de São José em relação ao

Microempreendedor Individual.

A seguir, será apresentado o problema de pesquisa, os objetivos, geral e

específicos e a justificativa do tema de pesquisa.

13

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Em decorrência do contexto apresentado, é exposto o seguinte problema de

pesquisa:

Qual a percepção do gestor público fazendário do Município de São

José/SC em relação ao Microempreendedor Individual?

Esta pergunta será respondida no decorrer da pesquisa, após análise do

discurso a partir da aplicação da entrevista semiestruturada ao gestor público

fazendário.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

A pesquisa tem como objetivo geral verificar a percepção do gestor público

fazendário do Município de São José/SC em relação ao Microempreendedor

Individual.

1.2.2 Objetivos Específicos

Apresentar os conceitos de empresa e empresário de acordo com o

Código Civil e posicionamento doutrinário;

Entender o que é o Microempreendedor Individual, observando-se a

legislação específica do Município de São José/SC;

Abordar no aspecto do Direito Empresarial e Tributário a relação do

Microempreendedor Individual;

Conhecer a história do Município de São José/SC e como é formada a

economia da cidade.

1.3 JUSTIFICATIVA DO TEMA

Os pequenos e médios empresários exercem suas funções na economia do

Brasil, pois eles realizam atividades econômicas de baixa produtividade e

absorvem mão de obra menos qualificada e descartada pelos mercados formais

(KANTIS, ISHIDA e KOMORI, 2002).

Tomazette (2014) complementa ao afirmar que sem os pequenos e médios

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empresários a economia do país trava, considerando a forte atuação que eles

exercem no Brasil.

Em conformidade com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE, 2011), surgem anualmente no Brasil mais de 1,2 milhões de novos

empreendimentos formais, sendo desse total mais de 99% Micro e Pequenas

Empresas (MPEs).

Na análise dos dados disponibilizados no Anuário do Trabalho (SEBRAE,

2011), consta que as MPEs contribuíram com 20% do Produto Interno Brasileiro

(PIB) e que foram responsáveis por 14,7 milhões de empregos formais ou 51,6%

do total de postos de trabalho com carteira assinada.

Frente a esta situação, a Constituição Federal (CF) de 1988 prevê em seu

artigo 179 que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão

instituir tratamento jurídico diferenciado para a MPEs. Este tratamento deverá

simplificar as obrigações quanto ao regime tributário, ao cumprimento de obrigações

trabalhistas e previdenciárias e, inclusive, no acesso ao crédito junto a instituições

financeiras:

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei (CF/1988). .

Desta forma, em cumprimento ao artigo 179 da CF, foi publicada a Lei

Complementar 123 de 2006, conhecida como Estatuto Nacional da Microempresa e

Empresa de Pequeno Porte. O objetivo desta lei é incentivar as MPEs de modo a

assegurar condições necessárias para o seu desenvolvimento.

Em 2008, o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

foi alterado pela Lei Complementar 128, onde inseriu a figura do Microempreendedor

Individual (MEI), prevista no artigo 18-A. O intuito governamental foi retirar da

informalidade milhares de trabalhadores informais como tentativa de equilibrar a

economia do país, aumentando a arrecadação e movimentando a concorrência do

mercado competitivo.

Frente a estas considerações, o tema de pesquisa se faz relevante perante a

esfera pessoal, social e acadêmica. No sentido pessoal, o interesse pelo tema

Microempreendedor Individual surgiu ainda em 2014, ao dar início ao anteprojeto de

pesquisa a partir da 5ª fase da graduação. Nesta ocasião, a acadêmica possuía

15

relação de trabalho em um escritório de contabilidade, o qual prestava consultoria

diária ao SEBRAE na formalização de Microempreendedores Individuais.

Com isto, percebeu-se o grande número de formalizações de pessoas físicas

e/ou autônomas nesta modalidade jurídica. A partir disto, notou-se a necessidade de

investigar a relação do Município de São José/SC com os Microempreendedores

Individuais. Desta forma, para o meio social, o tema se faz relevante na tangente

que rege a sociedade conhecer melhor o programa MEI e, para aqueles que estão

inseridos na região de São José/SC, compreender o ponto de vista do gestor público

fazendário municipal em relação ao MEI.

Para a academia, a relevância surge ao explorar um tema relevantemente

novo, o qual está embasado na Lei Complementar 128 de 2008 e passou a vigorar

no Município de São José/SC a partir de Janeiro/2010. A pesquisa ficará disponível

para consultas futuras e servirá de apoio e incentivo para novas pesquisas.

No tópico a seguir, tem-se a descrição dos capítulos que compõem a

presente pesquisa.

1.4 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

O primeiro capítulo desta pesquisa compõe a introdução do trabalho. Nele

estão relacionados o problema de pesquisa; os objetivos propostos, geral e

específicos; bem como a justificativa na qual o estudo se baseia.

No segundo capítulo são tratadas informações relativas à metodologia

aplicada ao estudo. O capítulo se divide na metodologia quanto a sua natureza,

quanto à abordagem do problema, quanto aos objetivos e quanto aos

procedimentos. Nele também consta a limitação da pesquisa, fundamental para

delimitar o campo de estudo desta pesquisa.

A partir do terceiro capítulo inicia-se a fundamentação teórica, que trará

informações conceituais dos aspectos da administração, onde serão abordados

temas relacionados a informalidade e ao empreendedorismo. Posteriormente, serão

apresentados conceitos referentes ao direito empresarial, direcionado a

compreensão dos conceitos de empresa e empresário, além de tratar os aspectos

legais que regem a categoria do Microempreendedor Individual. Ainda neste

capítulo, tratam-se os aspectos do direito tributário que irá, brevemente, apresentar

os regimes tributários existentes no Brasil, tratar sobre os encargos tributários

16

previstos legalmente para o MEI, das atividades permitidas para o MEI e das

vantagens e desvantagens existentes pós-formalização.

O Quarto capítulo refere-se à caracterização e percepção do ambiente

pesquisado, nele são abordadas as informações relacionadas ao Município de São

José/SC, tais como, breve histórico do Município, a formação da economia da

região. Além disso, aborda informações relacionadas à Secretaria de Receita do

Município de São José/SC, sobre a evolução do número de MEI´s formalizados em

São José/SC e, por fim, tratada análise do discurso a partir da aplicação da

entrevista semiestruturada ao gestor público fazendário.

Para finalizar, o quinto e último capítulo traz as considerações finais desta

pesquisa. Nele se faz um resgate quanto aos aspectos teóricos e a análise do

discurso, com intuito de responder a pergunta de pesquisa e verificar se os objetivos

propostos inicialmente foram alcançados.

2 METODOLOGIA

O objetivo de uma pesquisa é produzir novos conhecimentos por meio de

procedimentos científicos e contribuir para o tratamento de problemas e processos

do cotidiano. Assim, o desenvolvimento da pesquisa demanda investimentos

governamentais e também de instituições privadas, em ciência e tecnologia, e,

ainda, de criatividade, rigor, conhecimento e competência dos pesquisadores

acadêmicos e/ou cientistas já consagrados. (MENEZES; VILLELA, 2006).

2.1 QUANTO A NATUREZA

A pesquisa é básica. Para Gil (1999), esta modalidade de pesquisa objetiva

produzir conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática

prevista. A pesquisa básica envolve verdades e interesses universais.

O pesquisador busca satisfazer uma necessidade intelectual por meio do

conhecimento, onde a meta é o saber (CERVO; BERVIAN, 2002).

Assim, como dito, o objetivo desta pesquisa é verificar a percepção do gestor

público fazendário do Município de São José/SC em relação ao Microempreendedor

Individual, previsto pela Lei Complementar 128 de 2008.

2.2 QUANTO A ABORDAGEM DO PROBLEMA

A pesquisa é qualitativa, pois considera a existência de relação dinâmica

entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, onde não se podem traduzir os

resultados em números. Neste caso, esta modalidade não requer o uso de métodos

e técnicas estatísticas (GIL, 1999).

Ainda, a pesquisa qualitativa utiliza técnicas de dados como a observação e a

entrevista. (COLLIS; HUSSEY, 2005).

Enfim, a pesquisa é qualitativa na medida em que se propõem verificar a

percepção do gestor público fazendário do Município de São José/SC diante da

figura do Microempreendedor Individual. Essas informações são obtidas

primordialmente por entrevista semiestruturada, seguida da análise do discurso.

18

2.3 QUANTO AOS OBJETIVOS

Na perspectiva dos objetivos, a pesquisa é exploratória, capaz de

proporcionar proximidade com o problema abordado com o intuito de torná-lo

evidente. O objetivo desta modalidade de pesquisa é aprimorar as ideias ou

descobrir intuições.

Para Collis e Hussey (2005), esse tipo de pesquisa é direcionado a

pesquisadores que possuem pouco conhecimento sobre o assunto apontado, pois,

normalmente, há pouco ou nenhum estudo publicado sobre o tema.

Desta forma, neste estudo exploratório utilizou-se como recurso para

obtenção dos objetivos a entrevista semiestruturada. Esta modalidade de entrevista

está focada em um assunto sobre o qual é confeccionado um roteiro com perguntas

principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias

momentâneas à entrevista, sendo que esse tipo de entrevista pode fazer emergir

informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a uma

padronização de alternativas (MANZINI, 1990/1991, p. 154).

Neste trabalho, a entrevista semiestruturada foi direcionada, exclusivamente,

ao Secretário da Receita do Município de São José/SC, visando obter informações

relevantes que alcancem os objetivos propostos e que respondam a pergunta de

pesquisa.

As questões que compõem a entrevista semiestruturada foram entregues

pessoalmente à Secretaria da Receita do Município de São José/SC, sendo a

entrevista constituída em sua totalidade por sete questões abertas. Estas questões

visam obter o ponto de vista do gestor público fazendário do Município de São

José/SC em relação ao Microempreendedor Individual.

2.4 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS

A técnica bibliográfica busca encontrar as fontes primárias e secundárias e

os materiais científicos e tecnológicos necessários para a realização do trabalho

científico ou técnico-científico. Geralmente é realizada em bibliotecas públicas,

faculdades, universidades e, atualmente, nos acervos e bibliotecas virtuais.

(OLIVEIRA, 2002).

19

Para Gil (1999), a principal vantagem deste tipo de pesquisa é possibilitar ao

investigador a cobertura de uma gama de acontecimentos muito ampla.

Nesta pesquisa, quanto à fundamentação teórica, as principais fontes de

pesquisa se baseiam em livros voltados ao direito empresarial, ao direito tributário e

a gestão pública. Além disso, há muito embasamento legal retirado da legislação

vigente pertinente ao Microempreendedor Individual e artigos científicos retirados da

internet relacionados ao tema.

Para alcançar os resultados desta pesquisa, aplicou-se entrevista

semiestruturada com questões abertas. As informações coletadas nesta entrevista

foram tratadas através da análise do discurso a fim de obter uma conclusão quanto

à percepção do gestor público fazendário do Município de São José/SC em relação

ao Microempreendedor Individual.

Conforme Vergara (2005), a análise do discurso é um método que objetiva,

não somente compreender uma mensagem, mas reconhecer qual é o seu sentido,

isto é, qual é o seu valor e sua dependência com um determinado contexto. A

análise do discurso se preocupa em mostrar além do conteúdo, como está sendo

usado determinado conteúdo e quais as consequências deste uso. A análise do

discurso é recomendada quando se quer mostrar a forma como se diz alguma coisa.

2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Esta pesquisa está limitada, exclusivamente, a percepção do gestor público

fazendário do Município de São José/SC. Ou seja, a intenção é verificar o ponto de

vista do Secretário da Receita em relação ao Microempreendedor Individual.

Portanto, a pesquisa é específica e não permite a generalização da opinião aqui

apresentada, ao que justifica-se por sua abordagem qualitativa.

Além disso, a pesquisa também sofre limitações em relação às constantes

mudanças na legislação tributária brasileira. Neste caso, aconselha-se verificar as

alterações na legislação para que a pesquisa não perca a eficácia. Vale informar que

utilizou-se como base a legislação vigente até outubro de 2015.

A seguir, inicia-se a fundamentação teórica com os aspectos relacionados à

administração, tratando informações pertinentes ao cenário informal no Brasil, bem

como sobre o empreendedorismo.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 ASPECTOS DA ADMINISTRAÇÃO

Este tópico será constituído de aspectos voltados à administração, mais

precisamente, serão tratados temas relacionados ao setor informal existente no

Brasil, bem como a definição de informalidade e de que maneira ela movimenta a

economia do país. Além disso, em contrapartida, a expansão do empreendedorismo

nos últimos anos ocasionada, em muitos casos, pela criação da Lei Geral das Micro

e Pequenas Empresas.

3.1.1 A Informalidade no Brasil

A informalidade é um assunto bastante debatido que tem como finalidade

conceituar e entender melhor o setor informal, que apesar de ser irregular, cria

novas oportunidades de emprego, gera renda e movimenta a economia local,

(VASCONCELOS, 2012).

Para Barbosa (2011), o setor informal é caracterizado por um conjunto de

empreendedores que não pagam impostos e que vivem em sítios urbanos ou rurais

precários. Cacciamali (2000) descreve o setor informal como um mercado onde as

funções de empregado e patrão são exercidas simultaneamente, por meio de ajuda

de familiares ou de ajudantes não remunerados, detentores dos seus próprios

instrumentos de trabalhos.

Além disso, Mckinsey & Company (2004) descrevem a informalidade como a

execução de atividades lícitas de forma irregular, através do não cumprimento de

regulamentos que implicam custo significativo.

Pesquisas realizadas pelo IBGE [s.d.] e pelo SEBRAE [s.d.] mostram que nos

últimos anos o Brasil tem alcançado sucessivos recordes na geração de empregos e

redução, de forma significativa, da informalidade no mercado de trabalho.

Diante deste contexto, cabe citar o quão importante é o aprimoramento das

políticas públicas dirigidas às micro e pequenas empresas, podendo analisar a

experiência brasileira da Lei do Microempreendedor Individual (MEI), Lei

Complementar 128/2008, que facilitou a formalização de aproximadamente 3,9

milhões de empreendedores nos cinco primeiros anos de vigência.

21

Conforme dados divulgados pelo SEBRAE [s.d.], retirados no Cadastro Geral

de Empregados do Ministério do Trabalho, o Brasil tem mais de 8,5 milhões de micro

e pequenas empresas, que representam 99% dos negócios do país. Além disso, os

pequenos empreendimentos representam 52% dos empregos formais e 40% da

massa salarial. Estes dados também mostram que o mercado de trabalho nos

pequenos negócios apresentou, em 2014, o melhor resultado desde o ano de 2011,

onde o saldo positivo de postos de trabalho com carteira assinada foi de 148,1 mil

vagas.

Com base nestas informações, a seguir serão apresentados os conceitos de

empreendedorismo.

3.1.2 O Empreendedorismo

Para compreender a figura e o papel desempenhado pelo

Microempreendedor Individual é preciso tomar conhecimento dos conceitos e das

principais características que formam um empreendedor.

Segundo Dornelas (2001), o empreendedor é aquele que detecta uma

oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos

calculados.

Isto é, alguém capaz de perceber as oportunidades expostas no mercado de

trabalho, sabendo fazer desta oportunidade uma lucrativa fonte de renda,

conhecendo e assumindo os riscos.

Chiavenato (2005), afirma que o empreendedor é a pessoa que inicia ou

opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e

responsabilidades e inovando continuamente.

A partir da década de 90, o empreendedorismo criou força no Brasil por meio

do surgimento de uma forte entidade, chamada Serviço de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas – SEBRAE. A partir daí, deu-se início a uma série de iniciativas

para facilitar e solidificar as micros e pequenas empresas no mercado nacional.

Segundo informações constantes no portal nacional do SEBRAE (2015), é

possível perceber características bem definidas nos empreendedores, tais como:

comprometimento, determinação, senso de oportunidade, persistência na resolução

de problemas, autoconhecimento e senso de humor. Além disso, o empreendedor

22

busca obter feedback, como forma de atribuir a si mesmo o seu desempenho. Ele

também sabe correr riscos moderadamente e lidar com o fracasso, bem como

possui habilidades interpessoais.

Assim, percebe-se o quanto o empreendedorismo se faz necessário para o

desenvolvimento do Brasil, pois cria oportunidades e movimenta a economia

brasileira.

No tópico a seguir, serão abordados alguns aspectos relacionados à gestão

pública.

3.2 ASPECTOS DA GESTÃO PÚBLICA

Considerando que esta pesquisa está focada na percepção do gestor público

fazendário, este tópico visa fundamentar teoricamente o conceito e apresentar um

breve contexto de gestão pública.

No mundo contemporâneo, a principal função do Estado é ampliar as

oportunidades individuais, institucionais e regionais de maneira sistemática. Para

isto, o Estado preocupa-se em gerar estímulos que facilitem a incorporação de

novas tecnologias e inovações no setor público, as quais possam proporcionar

condições exigidas que atendam às demandas da sociedade contemporânea.

(MATIAS-PEREIRA, 2012).

Ainda para o mesmo autor (2012), é possível visualizar o Estado de um lado e

a sociedade de outro, onde a administração pública encontra-se no meio destes. O

autor conclui esta ideia ao dizer que a administração pública é o eixo transmissor

entre o Estado e a sociedade e, para que possa cumprir devidamente este papel,

nos diferentes níveis, federal, estadual e municipal, precisa estar bem estruturada,

atuando com eficiência, eficácia e efetividade em prol da sociedade.

A eficiência, na gestão pública, apresenta dois aspectos, podendo ser

considerada em relação à forma de atuação do agente público, onde se espera o

melhor desempenho possível de suas atuações e atribuições, como também em

relação ao modo racional de organizar, estruturar, disciplinar a administração pública

(DI PIETRO, 2011).

Para Meirelles (2007), eficiência é o que impõe a todo agente público de

realizar suas funções com presteza, perfeição e bom rendimento funcional.

23

De acordo com Matias-Pereira (2012), a eficácia pode ser considerada como

os esforços das ações governamentais para ofertar devidamente os bens e serviços

esperados, já definidos previamente em seus objetivos e metas.

No que se refere ao conceito de efetividade, pode-se dizer que esta é a soma

da eficiência e a eficácia. Desta forma, a efetividade ocorre quando os bens e

serviços resultantes de uma ação alcançam os melhores resultados para a

sociedade. (MATIAS-PEREIRA, 2012).

Para Kickert e Stillmann (apud MATIAS-PEREIRA, 2012), a gestão pública

não é apenas uma questão de eficiência e eficácia, é também uma questão de

legalidade e legitimidade. Ou seja, para estes autores, a gestão pública não é

apenas interna, sendo também, e antes de tudo, gestão externa de um contexto

sociopolítico complexo.

Diante disso e por meio da concretização de processos que visam diminuir as

desigualdades socioeconômicas e ambientais no Brasil, exige-se uma administração

pública competente. Desta forma, cada vez mais fica evidente a necessidade de

fortalecer o papel do gestor público, onde se estimula a participação popular e

busca-se novos modelos e formas de organização administrativo-institucional da

ação do Estado. (MATIAS-PEREIRA, 2012).

A partir do tópico a seguir, inicia-se informações relacionadas aos aspectos

do direito empresarial, conceituando, de modo geral, empresa e empresário.

3.3 ASPECTOS DO DIREITO EMPRESARIAL

Este capítulo irá introduzir os conceitos de empresa e empresário,

possibilitando compreender a figura do Microempreendedor Individual.

Mamede (2007) define direito empresarial como o conjunto de normas

jurídicas que disciplinam as atividades das empresas e dos empresários comerciais,

bem como os atos considerados comerciais, ainda que não diretamente

relacionados às atividades das empresas.

24

3.3.1 Conceito de Empresa

As empresas são consideradas como sistemas organizacionais que exercem

atividade econômica, independente da maneira como se constituem e da natureza

dos benefícios gerados. De acordo com Chiavenato (1995):

A organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. A cooperação entre elas é essencial para a existência da organização. Uma organização somente existe quando há pessoas capazes de se comunicarem, que estejam dispostas a contribuir em ação conjunta a fim de alcançarem um objetivo comum.

Chiavenato (2005) ainda complementa afirmando que uma empresa é

formada por conjuntos de pessoas que trabalham juntas em prol dos objetivos da

organização.

Em outras palavras, Fabretti (2003) acredita que uma empresa é uma unidade

econômica, que associa capital e trabalho, produz ou faz circular bens ou presta

serviços tendo como finalidade o lucro. Nesta mesma linha de pesquisa, Coelho

(2004) destaca que as empresas existem para atender às necessidades e os

desejos da sociedade e do mercado.

De maneira ampla, Shein (1987, p. 45) define o conceito de empresa com as

seguintes preposições:

1. A empresa deve ser concebida como um sistema aberto, o que significa que ela se encontra em constante interação com todos seus ambientes, absorvendo matérias-primas, recursos humanos, energia e informações, transformando-as em produtos e serviços, que são explorados para esses ambientes. 2. A empresa deve ser concebida como sistema com múltiplas finalidades ou funções, que envolvem múltiplas interações entre elas e seus diversos ambientes. Muitas atividades dos subsistemas existentes na empresa não podem ser compreendidas sem que se considerem essas múltiplas interações e funções. 3. A empresa é constituída de muitos subsistemas que estão em interação dinâmica uns com os outros. Em vez de se analisarem os fenômenos organizacionais em termos de comportamento individual, cada vez se torna mais importante analisar o comportamento desses subsistemas, quer sejam considerados em termos de coalizões, grupos, funções ou de outros elementos conceituais. 4. Devido ao fato de que os subsistemas, em graus variáveis, são interdependentes, as modificações ocorridas em um subsistema, provavelmente, afetam o comportamento dos outros subsistemas. 5. O funcionamento total da empresa não pode ser compreendido, portanto, sem explícita referência a essas exigências e restrições e a maneira como ela os enfrenta a curto, médio e longo prazo. 6. As numerosas vinculações entre a empresa e seus ambientes tornam difícil especificar claramente seus limites.

25

Assim, ao analisar a definição de empresa dada por Shein (1987), percebe-

se que as empresas são sistemas abertos os quais necessitam de interação

constante com outros subsistemas nos mais variáveis níveis.

Adicionalmente, vale destacar que empresa é sinônimo de atividade

econômica organizada, a partir da Lei 10.406/2002 (Código Civil). Portanto, cabe

afirmar que empresário exerce empresa, isto é, empresário exerce atividade

econômica organizada.

As empresas podem ser classificadas de diversas maneiras, segundo

Longenenecker, Moore e Petty (2004), os critérios mais utilizados para a

classificação são: número de empregados, valor do faturamento, volume de vendas

e valor do ativo.

Atualmente, o mercado brasileiro é predominantemente constituído por Micro

e Pequenas Empresas. Como abordado por Longenenecker, Moore e Petty (2004),

as empresas de pequeno e médio porte estão se destacando por oferecerem muitas

oportunidades de empregos e, assim, contribuindo para que a economia local se

desenvolva.

Em conformidade com o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa

de Pequeno Porte (LC 123/2006, art. 3º), são consideradas microempresas aquelas

cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta

mil reais). Já as empresas de pequeno porte são aquelas que o faturamento seja

superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$

3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). A seguir, quadro ilustrativo:

PORTE DA EMPRESA LIMITE ANUAL DE FATURAMENTO

Microempreendedor Individual –

MEI

Até R$ 60.000,00

Microempresa – ME Até R$ 360.000,00

Empresa de Pequeno Porte – EPP De R$ 360.000,01 até R$ 3.600.000,00

Quadro 1: Critérios de classificação das empresas no Brasil (MEI, ME e EPP)

Fonte: elaborado pela autora, 2015.

Cabe esclarecer que o Microempreendedor Individual está previsto na LC

128/2008 e seu faturamento anual é limitado a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais).

26

No capítulo a seguir, serão apresentados alguns conceitos de empresário, de

acordo com a legislação e do ponto de vista da doutrina do direito empresarial.

3.3.2 Conceito de Empresário

De acordo com o Código Civil de 2002 (art. 966 ao 971), considera-se

empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada

para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Ainda, não se considera

empresário aquele que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária

ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o

exercício da profissão constituir elemento de empresa.

O empresário possui personalidade e é um sujeito de direito. Ele pode ser

tanto uma pessoa física, na condição de empresário individual, quanto uma pessoa

jurídica, na condição de sociedade empresária. (TOMAZETTE, 2014).

Ainda, para Tomazette (2014), o empresário individual é a pessoa física que

exerce a empresa em seu próprio nome, assumindo todo o risco da atividade. Isto é,

não há limitação das responsabilidades e dos riscos entre a pessoa física e a

pessoa jurídica, ambos os direitos e obrigações se misturam em prol da empresa.

Isto ocorre porque no Brasil ainda não existem instrumentos legais que limitem os

riscos da atividade desempenhada pelo empresário individual, onde todo o seu

patrimônio fica vinculado ao exercício da atividade.

Para Coelho (2014), em regra, o empresário individual não explora atividade

econômica de grande importância. Primeiramente, porque negócios de vulto exigem

grandes investimentos pela natureza da atividade que é desempenhada. Além disso,

o risco do fracasso é proporcional às dimensões do negócio, ou seja, quanto maior e

mais complexa a atividade exercida, maiores serão os riscos enfrentados pelo

empresário. Assim, em consequência, as atividades de maior importância e

complexidade econômica são, normalmente, exploradas por sociedades

empresárias limitadas ou anônimas. Por fim, aos empresários individuais cabem as

atividades varejistas, como confecção de bijuterias, doces para restaurantes e

padarias, comércio de miudezas em locais públicos, etc.

Segundo Anan Jr. e Marion (2009), há uma comparação entre os conceitos de

Empresário versus Empreendedor. Para os autores, as palavras “empreendedor” e

27

“empresário” são usadas como sinônimos no dia a dia das pessoas. No entanto,

existe uma diferença conceitual e prática entre estas duas palavras.

Para Anan Jr. e Marion (2009), nem todo empreendedor é empresário, da

mesma maneira que nem todo empresário é empreendedor. Para melhor

compreensão, vê-se:

Empreendedor: costuma ter boas ideias, desde a criação de uma empresa, bem como durante toda a sua existência. Para isto, é preciso empreender com constantes inovações e com capacidade de enxergar novas oportunidades, nas mais variadas situações. Empresário: é aquele que consegue a empresa, seja por iniciativa própria, herança ou compra, mas sua atuação está limitada a administrar a companhia da maneira em que ela está montada, sem inovações e sem correr muitos riscos, o que até certo ponto pode ser considerado algo positivo, considerando a estabilidade que a atividade terá diante do mercado (ANAN JR; MARION, p. 19, 2009).

Anan Jr. e Marion (2009) concluem que para sobreviver ao mercado dos

negócios, o ideal seria ser um empresário empreendedor, capaz de reunir todas as

qualidades atribuídas aos dois conceitos.

Na sequência, serão tratados os aspectos legais que preveem a formalização

do Microempreendedor Individual.

3.3.3 Legislação Federal para o MEI

Uma pesquisa realizada em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e

Tributação (IBPT) apontou que cada contribuinte brasileiro desembolsa o

equivalente a cinco meses de salário por ano para pagar impostos federais,

estaduais e municipais. Esta pesquisa traduz a imensa carga tributária da economia

para a escala do trabalho.

Conforme informações do IBPT (2015), o aumento da carga tributária iguala o

Brasil aos países desenvolvidos onde existe um Estado eficiente. Na Alemanha, por

exemplo, os impostos consomem 139 (cento e trinta e nove) dias de trabalho. Na

Dinamarca, são 176 (cento e setenta e seis) dias. Todavia, para o IBPT, a diferença

está na qualidade de vida oferecida nos países desenvolvidos, que superam em

escala desproporcional a do Brasil. O gráfico abaixo mostra esta situação em dias

trabalhados anualmente para pagamento dos tributos:

28

Gráfico 1: Onde o Brasil alcança os riscos, em dias trabalhados anualmente

Fonte: IBPT, maio de 2015.

Em uma escala de 1 (um) a 10 (dez), o Brasil é o oitavo colocado, sendo 151

(cento e cinquenta e um) dias trabalhados apenas para pagamento de impostos. Em

outras palavras, significa que, em um ano de trabalho, cada brasileiro dedica,

aproximadamente, 41% (quarenta e um por cento) do tempo trabalhado para pagar

tributos, taxas e contribuições aos governos.

Diante deste cenário, de cargas tributárias elevadas, estão inseridos os

trabalhadores informais que buscam fugir da obrigação de pagamento dos tributos,

bem como da burocracia existente no país no que se refere à abertura e

formalização de empresas.

Para Dolabela (1999), o processo para iniciar um novo empreendimento está

diretamente relacionado ao processo de empreender, indo além da simples decisão

de um problema em uma posição administrativa típica, o empreendedor é um

indivíduo que comanda uma empresa, seja qual for ela.

As pequenas e médias empresas são peças importantes no desenvolvimento

e na aceleração da sociedade local, pois o empreendedorismo contribui para o

29

desenvolvimento econômico das regiões e cidades onde as empresas estão

localizadas (DOLABELA, 1999).

Em 2003, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

IBGE apontou mais de dez milhões de empresas na informalidade. Dentre os

motivos pela informalidade estava a alta carga tributária imposta no Brasil. Por isto,

em 2008, o governo criou o Microempreendedor Individual, tendo como objetivo

principal tirar os pequenos empresários da informalidade, gerando benefícios para

os empresários envolvidos e para a economia do país, dos Estados e dos

Municípios.

A empresa formalizada tem mais possibilidades de crescimento, tornando-se

uma empresa mais ordenada, onde suas atividades e seus recursos passam a ser

melhores, visando resultados positivos para a empresa num todo (NUNES, 2010).

A Lei Complementar 128 de 19 de Dezembro de 2008 institui o

Microempreendedor Individual – MEI e passou a vigorar a partir de julho de 2009:

Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste artigo. § 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo. § 4º Não poderá optar pela sistemática de recolhimento prevista no caput deste artigo o MEI: I - cuja atividade seja tributada na forma dos Anexos V ou VI desta Lei Complementar, salvo autorização relativa a exercício de atividade isolada na forma regulamentada pelo CGSN; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) II - que possua mais de um estabelecimento; III - que participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador; ou IV - que contrate mais de um empregado.

Cabe esclarecer que o Simples Nacional não é um imposto, mas sim um

regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei

Complementar 123 de 2006, atualmente alterada pela LC 147/2014. O Simples

Nacional envolve a arrecadação conjunta em um único documento dos valores que

seriam devidos a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL),

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Programa de

Integração Social (PIS), Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de

30

Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto Sobre Serviços de Qualquer

Natureza (ISS) e a Contribuição Previdenciária Patronal (CPP).

Para Tomazette (2014), a reunião de todos estes tributos em um único

documento de arrecadação, de fato, representa simplificação das obrigações. No

entanto, o fato da empresa optar pelo Simples Nacional não a desobriga do

pagamento de outros tributos, como o caso do ICMS por Substituição Tributária e

Imposto de Importação (II), previstos no art. 13, § 1º do Estatuto Nacional da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

A categoria do MEI está incluída no regime do Simples Nacional, porém

possui características legais próprias. Na condição de MEI, o empresário é isento do

pagamento de tributos federais, contribuindo apenas com a previdência social,

estado e/ou município, dependendo da atividade exercida.

Em suma, de acordo com o Portal do Empreendedor (2015), MEI é o pequeno

empresário individual que atende as condições abaixo:

faturamento limitado a R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) por ano;

não participe como sócio, administrador ou titular de outra empresa;

contrate no máximo um empregado;

exerça atividades econômicas previstas no Anexo XIII, da Resolução

do Comitê Gestor do Simples Nacional de nº 94/2011, o qual relaciona

todas as atividades permitidas ao MEI.

Assim, após conhecer a legislação federal que instituiu o MEI, será

apresentada também a legislação municipal que regulamenta o Microempreendedor

Individual em São José.

3.3.4 Legislação Municipal para o MEI

Após a publicação da LC 128/2008, que instituiu a figura do MEI, os

municípios tiveram um prazo máximo de 30 (trinta) meses para regulamentar a

categoria e assegurar o tratamento diferenciado às Micro e Pequenas Empresas:

Art. 77. Promulgada esta Lei Complementar, o Comitê Gestor expedirá, em 30 (trinta) meses, as instruções que se fizerem necessárias à sua execução. § 1º O Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria da Receita Previdenciária, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão editar, em 1 (um) ano, as leis e demais atos necessários para assegurar o pronto e imediato tratamento jurídico

31

diferenciado, simplificado e favorecido às microempresas e às empresas de pequeno porte. § 2º A administração direta e indireta federal, estadual e municipal e as entidades paraestatais acordarão, no prazo previsto no § 1º deste artigo, as providências necessárias à adaptação dos respectivos atos normativos ao disposto nesta Lei Complementar (LC 128/2008).

No município de São José/SC, o MEI foi instituído pela Lei Complementar

Municipal nº 38 de 17 de Dezembro de 2009 e passou a vigorar a partir de Janeiro

de 2010. Sabendo-se das baixas condições financeiras dos microempreendedores,

ficou estabelecido:

Art. 3º - O Alvará Provisório será concedido mediante a apresentação dos seguintes documentos: I – Consulta prévia de viabilidade emitida pela SUSP, para fins de comprovação de compatibilidade da atividade com o zoneamento; II – Cópia do ato de Registro na Junta Comercial; III – Declaração do requerente de que a atividade seja de baixo risco. § 1º - O “Alvará Provisório” para os Mircroempreendedores Individuais – MEI não será concedido para as atividades consideradas de alto risco, bem com no caso de o MEI exercer mais de uma atividade e sendo uma delas considerada de alto risco. § 2º - Nos termos do art. 79-D da Lei Complementar Federal nº. 123, de 14 de dezembro de 2006, alterada pela Lei nº. 128, de 19 de dezembro de 2008, ficam reduzidos a 0 (zero) os valores referentes a taxas e demais custos relativos à abertura, à inscrição, ao alvará, à licença e ao cadastro do MEI no Município (LC Municipal 38/2009).

Todavia, em conformidade com o estabelecido no Decreto 1795/2013, art. 2º

§ 4º, cabe destacar que esta condição somente se aplica ao primeiro ano de

abertura do MEI, retornando a cobrança normal a partir do segundo ano de

funcionamento da empresa.

É importante informar que, o MEI poderá exercer suas atividades sem

empecilhos, desde que esteja corretamente formalizado nos três âmbitos: Federal,

Estadual e Municipal. Por isto, o empresário formalizado deve atentar-se ao Decreto

Municipal nº 1795/2013 que dispõem sobre a concessão de Alvará de Localização e

Funcionamento provisório para Microempreendedores Individuais e define as

atividades de baixo, médio e alto risco:

Art. 1º - O Município emitirá Alvará de Localização e Funcionamento provisório aos Microempreendedores, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte que exerçam atividades consideradas de baixo e médio risco, a título de autorização condicionada ao funcionamento e a instalação de atividade econômica, para posterior regularização definitiva. Parágrafo Único: o alvará de localização de funcionamento provisório terá validade de até: I - 180 (cento e oitenta) dias para MEI que exerça atividade considerada de baixo e médio risco, sem prazo de prorrogação. II – 90 (noventa) dias para Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), que exerçam atividades consideradas de baixo risco, prorrogáveis por até mais 30 (trinta) dias.

32

Art. 2º - Para expedição do Alvará de Localização e Funcionamento provisório serão exigidos os seguintes documentos: I - consulta de viabilidade válida e aprovada pela Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos; II - cópia do Certificado de Condição de Microempreendedor Individual; III - comprovante de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ; IV - termo de ciência e responsabilidade subscrito pelo representante legal da empresa; V - cópia do protocolo do Corpo de Bombeiros do Estado de Santa Catarina, na Vigilância Sanitária Municipal e, se for o caso, na Fundação Municipal do meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Decreto 1795/2013).

Quanto à definição das atividades de baixo, médio e alto risco, o Decreto

1795/2013 define:

Art. 5º - Ficam definidas para fins de análise do pedido de concessão de Alvará de Localização e Funcionamento provisório e outros encaminhamentos, a especificação dos riscos das atividades econômicas em: I – Baixo Risco: compreende atividades compatíveis com o entorno residencial que não comprometem a segurança sanitária, ambiental e a proteção contra incêndio e pânico; II – Médio Risco: classificam-se como médio risco as atividades que causam no entorno impacto sanitário e ambiental controláveis, de baixa e média magnitude, e que não comprometam a segurança contra incêndio e pânico; III – Alto Risco: enquadram-se neste grupo as atividades que causam no entorno impacto sanitário e ambiental, de média e grande magnitude, de difícil controle, e que comprometem a segurança contra incêndio e pânico [...]

A legislação também define as atividades econômicas permitidas para

enquadramento como Microempreendedor Individual, conforme tratado no tópico a

seguir.

3.3.5 Atividades Permitidas ao MEI

Dentre os motivos que impulsionaram a criação do MEI, estava a necessidade

de um programa que alcançasse os pequenos empreendedores, que antes viviam

na informalidade, tais como cabeleireiros, costureiras, pipoqueiros e vendedores

ambulantes.

O Comitê Gestor do Simples Nacional já aprovou mais de 450 (quatrocentas e

cinquenta) atividades permitidas ao MEI através da Resolução do CGSN nº 94 de 29

de Dezembro de 2011.

De maneira geral, o MEI não poderá optar por atividades consideradas de

profissões intelectuais, como nos casos de engenharia, advocacia e medicina. Vale

33

destacar que, recentemente, a profissão de contador passou a integrar a relação de

atividades permitidas, mesmo sendo considerada uma profissão intelectual.

Segundo o art. 966 do Código Civil, não se considera empresário quem

exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o

concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir

elemento de empresa.

De acordo com informações retiradas no Portal do Empreendedor (2015),

dentre as centenas de atividades permitidas para enquadramento como MEI, as

mais comuns são:

Gráfico 2: Quantidade de MEI´s enquadrados por atividade econômica

Fonte: Portal do Empreendedor, 2015.

68.112

76.882

79.281

81.217

109.181

109.635

120.119

148.215

292.536

435.473

Serviços ambulantes de alimentação

Comércio varejista de cosméticos, perfumaria ehigiêne pessoal

Fornecimento de alimentos para consumodomicil iar

Instalação e manutenção elétrica

Aividades de estética e cuidados com a beleza

Mercearias e similares

Lanchonetes e casas de chá

Pedreiros

Cebeleireiros

Comércio de artigos do vestuário e acessórios

Quantidade de MEI´s enquadrados por atividade econômica

34

O gráfico mostra as dez atividades econômicas mais utilizadas na

formalização dos Microempreendedores Individuais, apresentando o número de

empresários formalizados em cada atividade. A mais comum é o comércio varejista

de artigos do vestuário e acessórios com 435.473 (quatrocentos e trinta e cinco mil e

quatrocentos e setenta e três) MEI´s enquadrados, seguida pela atividade de

cabeleireiros com 292.536 (duzentos e noventa e dois mil e quinhentos e trinta e

seis) empresários e, na terceira colocação, estão os profissionais enquadrados

como pedreiros, chegando a 148.215 (cento e quarenta e oito mil e duzentos e

quinze) enquadramentos até o ano de 2014.

A partir do próximo capítulo, serão abordados temas do direito tributário, tais

como os regimes de tributação no Brasil e a tributação para o MEI, especificamente.

3.4 ASPECTOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Este capítulo trata dos aspectos relacionados ao direito tributário. Sousa

(1985) define direito tributário como ramo do direito público que rege as relações

jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do

Estado no que se refere à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de

tributo.

3.4.1 Regimes de Tributação

De acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN - Lei nº 5.172 de

25 de Outubro de 1966), tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda

ou cujo valor se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em

lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Da mesma forma, Harada (2008) define tributos como sendo uma prestação

pecuniária compulsória que o Estado exige de seus súditos em virtude do seu poder

de império.

Assim, compreende-se que os tributos são exigências expressas em lei para

que o contribuinte, seja pessoa física ou jurídica, pague determinado valor em

moeda corrente para o Estado, por meio de impostos, taxas, contribuições ou

empréstimos compulsórios. Posteriormente, estes valores arrecadados serão

35

revertidos em manutenção para o Estado e benefícios para a população, como

investimentos em saúde, educação e segurança.

As empresas são responsáveis por recolher tributos que incidem sobre as

suas atividades operacionais e têm a obrigação de repassá-los para o Estado.

Atualmente, no Brasil, vigoram três regimes de tributação: Lucro Real, Lucro

Presumido e Simples Nacional. A título de esclarecimentos, abaixo segue uma breve

explicação quanto aos três regimes tributários vigentes no país:

Lucro Real: de acordo com o art. 247 do Regulamento do Imposto de

Renda (RIR/1999), lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas

adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação

fiscal. Neste regime o Programa de Integração Social - PIS e a Contribuição para

Financiamento da Seguridade Social - COFINS são determinados, com algumas

exceções específicas, através do regime não cumulativo, creditando-se valores das

aquisições realizadas de acordo com os parâmetros e limites legais:

Art. 246. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas (Lei nº 9.718, de 1998, art. 14): I - cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de vinte e quatro milhões de reais, ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a doze meses; II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 222; VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultante de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); Parágrafo único. As pessoas jurídicas não enquadradas nos incisos deste artigo poderão apurar seus resultados tributáveis com base nas disposições deste Subtítulo (RIR/1999).

Lucro Presumido: neste regime realiza-se a tributação simplificada do

Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro

Líquido (CSLL). Entretanto, para enquadramento no Lucro Presumido, é

determinado em lei um limite da receita bruta de até R$ 78 milhões, no ano-

calendário anterior. Além disso, as empresas tributadas pelo Lucro Presumido não

36

podem aproveitar os créditos do PIS e da COFINS, por estarem fora do sistema não

cumulativo, no entanto recolhem tais contribuições com alíquotas mais baixas do

que aquelas exigidas pelo Lucro Real:

Art. 516. A pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a setenta e oito milhões de reais, ou a seis milhões e quintos mil reais multiplicado pelo número de meses de atividade no ano-calendário anterior, quando inferior a doze meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13). § 1º A opção pela tributação com base no lucro presumido será definitiva em relação a todo o ano-calendário (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13, § 1º ). § 2º Relativamente aos limites estabelecidos neste artigo, a receita bruta auferida no ano anterior será considerada segundo o regime de competência ou caixa, observado o critério adotado pela pessoa jurídica, caso tenha, naquele ano, optado pela tributação com base no lucro presumido (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13, § 2º ). § 3º A pessoa jurídica que não esteja obrigada à tributação pelo lucro real (art. 246), poderá optar pela tributação com base no lucro presumido. § 4º A opção de que trata este artigo será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário (Lei nº 9.430, de 1996, art. 26, § 1º). § 5º O imposto com base no lucro presumido será determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, observado o disposto neste Subtítulo (Lei nº 9.430, de 1996, arts. 1º e 25).

Simples Nacional: como já abordado em capítulos anteriores, vale

reforçar que o Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e

favorecido previsto na LC 123/2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de

Pequeno Porte, em vigor desde 01 de julho de 2007. O art. 12 da referida Lei

Complementar define o Simples Nacional como um Regime Especial Unificado de

Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas

de Pequeno Porte.

Neste regime tributário, há normas simplificadas no cálculo e recolhimento de

tributos (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS e Contribuições Previdenciárias)

das microempresas e empresas de pequeno porte. Porém, nem todas as empresas

podem optar por este regime, pois existem algumas delimitações previstas em lei.

Dentre as exigências, está o limite da receita bruta anual que poderá atingir até R$

3.600.000,00 para as Empresas de Pequeno Porte – EPP. Além disso, determinadas

atividades e formas societárias também estão vedadas de adotar ao Simples

Nacional.

37

O Microempreendedor Individual – MEI é considerado modalidade de

microempresa, conforme disposto no art. 18-D § 3º da LC 123/2006 (alterada pela

LC 147/2014) e, portanto, pertence ao regime simplificado do Simples Nacional.

3.4.2 Tributação para o MEI

Depois de formalizada a opção pelo MEI, está previsto na LC 128/2008 que o

empresário irá recolher mensalmente os tributos incidentes sobre a receita bruta por

meio do Documento de Arrecadação do Simples Nacional – DAS. O valor recolhido

será fixo, independente do faturamento auferido, mas deverá respeitar o limite anual

estabelecido em lei.

Atualmente, o valor pago atinge, no máximo, R$ 45,40 (quarenta e cinco reais

e quarenta centavos), estando diretamente relacionado ao salário mínimo federal.

Portanto, anualmente poderá sofrer reajustes.

Mais especificadamente, o art. 92 da Resolução do Comitê Gestor do Simples

Nacional nº 94 de 29 de Novembro de 2011, trata sobre a composição das

contribuições obrigatórias para o MEI conforme segue:

Art. 92 - O Sistema de Recolhimento em Valores Fixos Mensais dos Tributos abrangidos pelo Simples Nacional - SIMEI é a forma pela qual o MEI pagará, por meio do DAS, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, observados os limites previstos no art. 91, valor fixo mensal correspondente à soma das seguintes parcelas: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 18-A, § 3 º , inciso V) I - contribuição para a Seguridade Social relativa à pessoa do empresário, na qualidade de contribuinte individual, na forma prevista no § 2º do art. 21 da Lei 8.212 de 24 de Julho de 1991, correspondente a: a. até a competência abril de 2011: 11% (onze por cento) do limite mínimo mensal do salário de contribuição; b. a partir da competência maio de 2011: 5% (cinco por cento) do limite mínimo mensal do salário de contribuição; II - R$ 1,00 (um real), a título de ICMS, caso seja contribuinte desse imposto; III - R$ 5,00 (cinco reais), a título de ISS, caso seja contribuinte desse imposto.

Para melhor compreensão, a seguir consta o quadro de contribuições para o

exercício de 2015:

38

Salário Mínimo Federal em 2015

Demonstrativo das

Contribuições

Valor mensal a ser pago

Comércio e/ ou

Indústria

Serviços Comércio e/ou

Indústria + Serviços

R$ 788,00

INSS 5% R$ 39,40 R$ 40,40 (INSS + ICMS)

R$ 44,40 (INSS +

ISS)

R$ 45,40 (INSS +

ICMS + ISS) ICMS Fixo R$ 1,00

ISS Fixo R$ 5,00

Quadro 2: Contribuição mensal para o MEI (valores válidos para 2015)

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

É importante ressaltar que este recolhimento deverá ser feito mensalmente

até o dia 20 (vinte) do mês subsequente àquele em que houver sido auferida a

receita bruta.

Conforme consta no Portal do Empreendedor (2015), para os

Microempreendedores Individuais que possuírem empregado registrado, haverá o

custo previdenciário, recolhido em GPS - Guia da Previdência Social,

correspondentes a 11% do salário mínimo vigente, sendo 3% do salário mínimo de

responsabilidade do empregador e 8% descontado do empregado. Esses valores

poderão sofrer alterações caso o piso salarial da categoria profissional seja superior

ao salário-mínimo.

Além do INSS, o MEI também está obrigado a depositar o FGTS, calculado à

alíquota de 8% sobre o salário do empregado. Desta forma, o custo total da

contratação de um empregado pelo MEI é de 11% sobre o valor total da folha de

salários (3% de INSS e 8% de FGTS).

3.4.3 Vantagens e Desvantagens para o MEI

Em 2015, o Brasil alcançou a marca de 5 milhões de empresários

formalizados como MEI´s, de acordo com o Portal do Empreendedor (2015). Isto

significa que, desde a vigência da LC 128/2008, muitos trabalhadores viram na

formalização as chances para alavancar seus negócios.

Como incentivo, o governo estabeleceu uma série de vantagens para estes

empresários. Segundo dados retirados do Portal do Empreendedor (2015), os

benefícios são:

39

Cobertura Previdenciária: para o empreendedor e sua família, como

auxílio-doença, aposentadoria por idade, salário-maternidade após carência, pensão

e auxilio reclusão, com contribuição mensal reduzida - 5% do salário mínimo, hoje

representando R$ 39,40. Com essa cobertura o empreendedor estará protegido em

caso de afastamento por doença, aposentadoria por idade, aposentadoria por

invalidez e salário maternidade, no caso de gestantes e adotantes, após um número

mínimo de contribuições, além do direito à pensão por morte e auxílio reclusão.

Menor Custo com Funcionário: o MEI pode registrar até 1 (um)

empregado com baixo custo, sendo 3% para a Previdência e 8% de FGTS do salário

mínimo por mês.

Sem Taxas de Registro: todo o processo de formalização é gratuito, ou

seja, o empreendedor se formaliza sem gastos. Após a formalização, o único custo

será o pagamento mensal de R$ 39,40 (INSS), mais R$ 5,00 (Prestadores de

Serviço) e/ou R$ 1,00 (Comércio e Indústria) por meio de carnê emitido

exclusivamente no Portal do Empreendedor.

Sem Burocracias: o MEI deverá fazer uma única declaração por ano

sobre o seu faturamento que deverá ser controlado mês a mês para, ao final do ano,

estar devidamente organizado.

Acesso a Serviços Bancários: com a formalização o MEI terá condições

de obter crédito junto aos Bancos, principalmente Bancos Públicos como Banco do

Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste. Esses Bancos dispõem de

linhas de financiamento com redução de tarifas e taxas de juros adequadas.

Compras e Vendas em Conjunto: possibilita a união para compras em

conjunto através da formação de consórcio de fins específicos. A Lei faculta a união

de Microempreendedores Individuais com vistas à formação de consórcios com o fim

específico de realizar compras. Essa medida permitirá aos MEI´s condições mais

vantajosas em preços e condições de pagamento das mercadorias compradas, uma

vez que o volume comprado será maior.

Menos Tributos: baixo custo para se formalizar, sendo o valor mensal

fixo de R$ 39,40, para o INSS mais R$ 1,00, para as atividades de comércio - ICMS

e/ou R$ 5,00, para as atividades de serviços - ISS.

Controles Simplificados: além do custo reduzido, a formalização é

rápida e simples, sem burocracia. Após a formalização o MEI terá de fazer,

40

anualmente, uma única Declaração de faturamento, de forma fácil e simples através

da Internet.

Emissão de Alvará pela Internet: toda atividade comercial, industrial ou

de serviço irá precisar de autorização da Prefeitura para ser exercida. Para o MEI,

essa autorização (licença ou alvará) será concedida de graça, sem o pagamento de

qualquer taxa, o mesmo acontecendo para o registro na Junta Comercial.

Possibilidade de Vender para o Governo: o Governo é um grande

comprador de mercadorias e serviços, nas suas três esferas: Federal, Estadual e

Municipal e para vender para o Governo é preciso estar formalizado.

Serviços Gratuitos: o MEI terá acesso a assessoria contábil gratuita

para a realização da inscrição e da opção ao SIMEI, além da primeira declaração

anual simplificada da microempresa individual, por meio da rede de empresas

contábeis optantes pelo Simples Nacional.

Apoio Técnico do SEBRAE: o SEBRAE estará orientando e

assessorando os MEI´s que assim o desejarem, através de cursos e planejamentos

de negócios com intuito de capacitar os empreendedores, tornando-os mais aptos a

manterem e desenvolverem as suas aptidões.

Possibilidade de Crescimento como Empreendedor: com todo o apoio e

o fato de estarem no mercado de forma legal, as chances de crescer e prosperar

aumentam, permitindo expandir os negócios.

Segurança Jurídica: o MEI é fruto da aprovação, pelo Congresso

Nacional, da LC 128/2008. O fato de ser uma Lei Complementar proporciona

segurança ao empreendedor porque lhe possibilita credibilidade jurídica.

Com tudo, mesmo havendo diversas vantagens que incentivam a

formalização, o MEI precisa estar atento a alguns detalhes que, se não observados,

poderão gerar insatisfação ao pequeno empresário:

Limitação de funcionários: o MEI só poderá contratar, no máximo, 1

(um) empregado;

A Previdência Social é limitada: onde a aposentadoria só poderá

ocorrer por idade, e não por tempo de serviço;

O MEI não está obrigado a possuir escrituração contábil: no entanto,

caso contrate um funcionário, precisará dos serviços de um contador para entrega

das declarações acessórias da folha de pagamento;

41

A empresa não poderá ter sócios ou abrir filiais;

O alvará é uma autorização para funcionamento e poderá ser solicitado

pela internet: porém antes de se formalizar é necessário verificar junto a Prefeitura a

possibilidade de exercer a profissão no local desejado.

Desta forma, o MEI precisa estar atento às vantagens e desvantagens

presentes após a formalização. É de suma importância que o MEI busque

informações pertinentes ao seu enquadramento jurídico, conhecendo toda a

legislação pertinente. Como dito, o MEI poderá buscar estas informações nas

unidades de atendimento do SEBRAE, no Portal do Empreendedor, ou nos próprios

escritórios de contabilidade enquadrados no Simples Nacional.

A partir do próximo capítulo, serão abordadas as informações relativas ao

Município de São José, local onde a pesquisa está direcionada.

4 CARACTERIZAÇÃO E PERCEPÇÃO DO AMBIENTE PESQUISADO

Este capítulo visa apresentar informações relevantes relacionadas ao

Município de São José. É de suma importância conhecer parte da história do

Município e do cenário econômico para entender-se a relação existente entre a

região e o Microempreendedor Individual, ou seja, de que maneira esta categoria

empreendedora está colaborando para o crescimento e o desenvolvimento do

Município, diante da percepção do gestor público fazendário. Nos tópicos a seguir,

serão abordados temas relacionados à história e a economia do Município de São

José, bem como a evolução no número de empresários já formalizados como MEI

em São José.

4.1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2014), São José é o quarto Município mais antigo do Estado de Santa Catarina e

está situado entre a Capital do Estado – Florianópolis – e os Municípios de Biguaçu

e Palhoça.

O Município de São José foi colonizado em 26 de outubro de 1750 por,

aproximadamente, 182 casais açorianos, vindos das Ilhas do Pico, Terceira, São

Jorge, Faial, Graciosa e São Miguel, além de receber em 1829, o primeiro núcleo de

colonização alemã do Estado. Para Farias (2006, p. 97):

A colonização de São José pelos imigrantes açorianos, em 1750, fez parte da grande imigração açoriana para o Brasil meridional ocorrida de 1748 a 1756. Neste período desembarcaram na Ilha de Santa Catarina mais de 6.000 ilhéus, dos quais 4.500 fixaram-se no litoral catarinense [...] No litoral catarinense foram fundadas as freguesias (distritos) de São José, Enseada de Brito, Lagoa da Conceição, São Miguel da Terra Firme, Santo Antônio,Vila Nova, além de reforçar a população das Vilas de Desterro e Laguna [...].

Em 2015 São José completou 265 anos desde a sua fundação. Entretanto, a

história do Município é mais antiga, iniciando antes mesmo da descoberta do Brasil,

mais precisamente, quando da assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1494:

1494 – É assinado entre Portugal e Espanha o Tratado de Tordesilhas, que divide as terras descobertas e por descobrir no oceano Atlântico, Índico e Pacífico entre os portugueses e espanhóis. Passou a ser considerado como limite entre os dois Impérios Ultramarinos, um meridiano imaginário que passava a 360 léguas a oeste de Cabo Verde. Ficando para os portugueses as terras a leste da linha e para os espanhóis as terras a oeste.

43

Por este meridiano, a Região Sul do Brasil onde chegou Pedro Álvares Cabral já pertencia a Portugal. Por este meridiano, a Região Sul do Brasil ficou dividida entre espanhóis (maior parte) e portugueses (menor parte), passando o meridiano pela atual cidade de Laguna em Santa Catarina. Portanto São José já pertencia a Portugal desde 1494, antes mesmo do Descobrimento do Brasil (FARIAS, 2006, p. 244).

A partir de 1970, São José se tornou polo receptivo do êxodo rural para a

Grande Florianópolis, portanto seu crescimento urbano está ligado à explosão

urbana de Florianópolis. Em 1970, São José possuía 42.235 habitantes (FARIAS,

2002).

Mais recentemente, em conformidade com o Censo 2010, o Município de São

José possui uma população estimada para o ano de 2015 de 232.309 mil habitantes,

sendo considerado o quarto Município mais populoso de Santa Catarina. Quanto a

sua expansão territorial, São José ocupa hoje um território de 150.453 Km². De

acordo com as Estatísticas no Cadastro Central de Empresas (IBGE, 2015), em

2013 o Município possuía cerca de 10.223 empresas atuantes, concentrando

108.326 pessoas com trabalho assalariado.

A seguir, serão abordados aspectos relevantes relacionados à história da

economia no Município de São José.

4.2 A ECONOMIA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ

O Município de São José, assim como toda a região do litoral catarinense,

possuía suas atividades econômicas diretamente relacionadas ao setor primário, no

início da sua colonização, por volta do século XVIII. Segundo Farias (2006, p. 193),

até meados do Século XX o trabalho agrícola era árduo, pois, por falta de máquinas

agrícolas, tudo era feito de maneira braçal:

Relatório do governo de Santa Catarina, datado de 1866, indica a importância que tinha a agricultura para o município. Da população que trabalhava, 84,2% eram constituídos por lavradores. Na sede do município, que envolvia a área do atual município de São José, 78% da população produtiva trabalhavam nas atividades agrícolas (FARIAS, 2006, p. 193).

Segundo Farias (2006, p. 195), dentre os produtos mais cultivados na região,

estavam: a mandioca, o linho, o algodão, a cana-de-açúcar, o milho, o feijão,

algumas frutas e o café.

No que se refere às atividades secundárias e terciárias, Farias (2006),

destaca a necessidade que existia entre as sociedades em trocar mercadorias e

44

serviços para viabilizar a sobrevivência da população. Ainda, segundo Farias (2006),

o Município de São José, assim como outras sociedades agropecuárias de

subsistência, veio alterando sua estrutura de produção ao longo dos anos. Isto

porque, a burguesia josefense - formada pelos comerciantes e pelos industriais - foi

conquistando seu espaço em Santa Catarina, alcançando o primeiro lugar nas

atividades econômicas no final do Século XIX:

[...] Nesta época o município de São José se estendia de Garopaba ao sul, indo próximo a Lages, a oeste, e compreendendo todas as terras litorâneas entre Garopaba e o rio da Serraria, limite com Biguaçu. Pertencia a São José a importante área comercial do Estreito. Na época, não havia a ponte entre o continente e a Ilha de Santa Catarina, obrigando a baldeação via marítima de grande parte dos produtos consumidos em Desterro. Como todo o comércio via terrestre era obrigado a passar por São José, havia incremento nas receitas do município. (FARIAS, 2006, p. 203).

A partir de 1970, as atividades comerciais e industriais no Município de São

José passaram a se desenvolver com mais intensidade, por meio de um conjunto de

condições que reorganizaram a economia:

A primeira grande indústria a se instalar em São José foi a fábrica de rendas e bordados Hoepcke, ainda na década de 1970. Outras como a Macedo, Koerich e a Intelbras, surgidas posteriormente, se tornaram as maiores indústrias josefenses, com mais de 1.000 funcionários. Com a implantação do distrito industrial, houve uma verdadeira explosão de indústrias em São José (FARIAS, 2006, p. 207).

Atualmente, passadas mais de quatro décadas, a economia do Município está

fundamentada no comércio, na indústria e nas atividades de prestação de serviços.

No entanto, ainda é mantida a pesca artesanal, a maricultura, a produção de

cerâmica utilitária e a agropecuária como atividades geradoras de renda. São José

possui mais de 1.200 indústrias, cerca de 6.300 estabelecimentos comerciais, 4.800

empresas prestadoras de serviços e 5.300 autônomos. Além disso, o Município

apresenta um grande potencial turístico, histórico, cultural e arquitetônico,

destacando-se o complexo histórico-arquitetônico do Centro Histórico com casarios

de origem luso-brasileira dos séculos XVIII, XIX e XX e de construções isoladas

associado a inúmeras belezas naturais-paisagísticas e aos centros gastronômicos

(SÃO JOSÉ, 2015).

Como visto, desde os tempos da colonização até os tempos atuais, o

Município de São José desenvolveu atividades econômicas representativas que

permitiram o crescimento de toda a região. Com o surgimento de novas empresas,

foi possível contribuir para a geração de emprego e renda.

45

4.3 A SECRETARIA DA RECEITA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ

O objetivo da Secretaria da Receita do Município de São José é empreender

estudos e ações para maximizar a arrecadação e garantir o seu recolhimento aos

cofres municipais (SÃO JOSÉ, 2015).

A Lei Complementar Municipal nº 14 de 06 de dezembro de 2004 (alterada

pela Lei Complementar Municipal nº 32 de 13 de abril de 2009) dispõe sobre a

organização e a estrutura do poder executivo do Município de São José, fixa

princípios e diretrizes de gestão e define as atribuições que competem a Secretaria

da Receita:

56. Representar o município junto ao Tribunal de Contas do Estado nos assuntos relativos à competência desta pasta; 57. Assessoramento às unidades do Município em assuntos de gestão da legislação tributária do Município; 58. Gerenciar a arrecadação tributária, a programação, a elaboração e a execução da política tributária do Município; 59. Exercer a fiscalização do cumprimento do código tributário municipal, promovendo autuação e notificações das infrações constatadas, em cumprimento à legislação tributária vigente; 60. Disciplinar o funcionamento das atividades econômicas, analisar as solicitações, efetuar o enquadramento no código tributário e autorizar o funcionamento apos parecer emitido pelos demais órgãos envolvidos; 61. Articular-se e interagir com todos os órgãos da administração direta e indireta, de forma a contribuir na elaboração de programas, projetos e ações em conjunto ou não; 62. Adotar medidas para o aperfeiçoamento e o entrosamento com os demais órgãos municipais e buscar o constante aperfeiçoamento da qualidade dos serviços públicos prestados aos munícipes (LC Municipal 14/2004, Anexo III).

Atualmente, a Secretaria da Receita do Município de São José está

representada pelo Secretário Adjunto João Paulo Mosena. Em conformidade com

as informações disponibilizadas no portal da Prefeitura Municipal de São José

(2015), João Paulo Mosena é graduado em Economia pela Universidade de Cruz

Alta. Exerceu função como Fiscal de Tributos do Governo do Estado de 1990 a 2003

e ocupou os cargos de Gerente de Organização Administrativa da Fazenda

Estadual, Gerente de Tributação da Fazenda Estadual e Diretor de Administração

Tributária da Fazenda Estadual. Além disso, foi representante do Estado de Santa

Catarina na COTEPE/ICMS (Comissão Técnica Permanente do Imposto sobre

Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços

de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação), de 1993 e 1994, e,

de 1999 a 2002.

No tópico a seguir, será apresentada a evolução do MEI em São José.

46

4.4 O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ

Como visto, o Microempreendedor Individual foi regulamentado no Município

de São José através da Lei Complementar Municipal nº 38 de 2009 e passou a

vigorar a partir de Janeiro de 2010.

Após a regulamentação, muitos trabalhadores da região que viviam na

informalidade puderam formalizar seus negócios e gozar dos benefícios oferecidos

pelo governo aos Microempreendedores Individuais.

Em 2015 o Programa Microempreendedor Individual completou cinco anos de

existência. Durante este período, foi possível perceber uma significativa evolução no

número de empresas enquadradas na categoria MEI no Município de São José. O

gráfico abaixo demonstra quantitativamente esta evolução:

Gráfico 3: Evolução das empresas optantes pelo MEI em São José/SC

Fonte: Portal do Empreendedor, nov. 2015.

Em 2010, ano em que o MEI foi regulamentado, foram formalizados 931

empresários, dentre comerciantes, produtores e prestadores de serviços. No ano

seguinte, 2011, o número alcançou 1924 empresários, tendo uma variação positiva

de, aproximadamente, 106,7%. Em 2012 já se somavam 3334 de MEI´s no

Município, subindo para 4674 em 2013 e 6165 ao final de 2014. Até 31 de Outubro

47

de 2015 o Município já contava com 7658 Microempreendedores Individuais,

representando um crescimento de 2010 para 2015 de, aproximadamente, 720%.

São inúmeras as atividades permitidas aos MEI´s, por isto é importante

conhecer os principais ramos de atuação destes empreendedores no Município de

São José. Desta forma, com base nos dados estatísticos presentes no Portal do

Empreendedor (2015), foram verificadas as dez atividades econômicas com maior

concentração de empreendedores formalizados, conforme gráfico abaixo:

Gráfico 4: Quantidade de MEI´s por atividade econômica em São José/SC

Fonte: Portal do Empreendedor, nov. 2015.

48

De acordo com o gráfico, pode-se verificar que a maioria das atividades estão

relacionadas à prestação de serviços e a atividade de comércio, sendo poucos os

empreendedores que exercem atividades de indústria na região de São José.

Das dez atividades listadas, sete são voltadas a prestação de serviços, sendo

elas: cabeleireiros, barbeiros e manicure; esteticista, depilador e maquiador;

eletricistas; pedreiros; promotor de vendas; técnico em informática e promotor de

eventos. Nestas atividades, conforme previsto no art. 92 da Resolução 94/2011 do

CGSN, o MEI recolhe guia DAS mensal no valor de R$ 44,40, sendo R$ 39,40 para

a Previdência Social e R$ 5,00 para o Município de São José a título de ISS.

Nas demais atividades listadas entre as dez, estão: comerciante de artigos do

vestuário; lanchonetes, casas de chá, de suco e similares e fornecimento de

alimentos para consumo domiciliar. Estas atividades obrigam o pagamento mensal

em guia DAS de R$ 40,40, sendo R$ 39,40 para Previdência Social e R$ 1,00 para o

Estado a título de ICMS, de acordo com o art. 92 da Resolução 94/2011 do CGSN.

Neste capítulo pode-se observar a evolução quantitativa do número de

empresários com sede no Município de São José já enquadrados no programa

Microempreendedor Individual. A seguir, serão abordadas informações direcionadas

à análise do discurso, por meio da aplicação da entrevista semiestruturada a qual foi

direcionada ao Secretário da Receita do Município de São José.

4.5 ANÁLISE DO DISCURSO A PARTIR DA APLICAÇÃO DA ENTREVISTA

SEMIESTRUTURADA DIRECIONADA AO GESTOR PÚBLICO FAZENDÁRIO

Nesta etapa serão apresentados os resultados obtidos por meio da entrevista

semiestruturada aberta. A entrevista foi realizada na sede da Prefeitura Municipal de

São José no mês de Outubro de 2015 e foi direcionada, especificamente, ao

Secretário Adjunto da Receita, João Paulo Mosena.

A entrevista dispõe de sete questões abertas, relacionadas ao problema de

pesquisa e aos objetivos propostos nos capítulos iniciais desta pesquisa. A seguir,

inicia-se a análise do discurso, destacando as informações mais relevantes. Cabe

esclarecer que todo o teor da entrevista encontra-se como apêndice desta pesquisa.

49

1- Como o Município de São José percebe o Microempreendedor Individual no

contexto fiscal?

Secretário – “Microempreendedor Individual (MEI) é a pessoa que trabalha

por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário, com renda máxima

anual de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) e com no máximo 1 (um) empregado que

tenha por salário até o valor do piso da categoria funcional a que pertence ou um

salário mínimo, tudo de acordo com as normas da Lei Complementar Federal nº 128

de 19 de dezembro de 2008. [...] Espera-se, ainda, que estas iniciativas de pequeno

porte sobrevivam e cresçam, trazendo aos municípios, quando ultrapassados os

limites legais de faturamento anual ou de número de empregados, novas empresas

produtivas. Já os próprios microempreendedores, em razão de adquirir

personalidade jurídica a partir do cadastro, passam a contar com todas as

facilidades da nova condição, tanto na esfera financeira e bancária, quanto na sua

própria vida pessoal como, por exemplo, com obtenção de desconto nas aquisições

de veículos automotores, dentre outras. Resumindo, o Município de São José vê o

Microempreendedor Individual como mais um partícipe na atividade econômica,

gerador de emprego e renda”.

No que tange o conceito de Microempreendedor Individual, a LC 128/2008 em

seu art. 18-A descreve o MEI como sendo o empresário que está de acordo com o

art. 966 do CC/2002, que aufira receita bruta anual de até R$ 60.000,00 (sessenta

mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela

sistemática prevista na legislação.

Da mesma maneira, esta foi a definição colocada pelo Secretário, embasada

na legislação vigente. Todavia, o Secretário destaca a importância da figura do

Microempreendedor Individual para o Município, considerando o papel

desempenhado por ele na geração de emprego e renda.

Portanto, vale reiterar, o que disse Dolabela (1999), ao afirmar que as

pequenas e médias empresas são peças importantes no desenvolvimento e na

aceleração da sociedade local, pois o empreendedorismo contribui para o

desenvolvimento econômico das regiões e cidades onde as empresas estão

localizadas.

50

2- O Microempreendedor Individual contribui para o desenvolvimento do

Município? De que maneira?

Secretário – “Sim. Contribui para o desenvolvimento do Município em razão

da sua própria atividade legalizada e formal, prestando as informações exigidas pela

lei, cumprindo suas obrigações principais e acessórias e, principalmente porque,

uma vez que esteja cadastrado como EMPRESÁRIO, passa a gerar emprego e

renda”.

Em conformidade com o CC/2002 (art. 966 ao 971), é considerado

empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada

para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Além disso, para

Tomazette (2014), o empresário possui personalidade e é um sujeito de direito,

podendo ser tanto uma pessoa física, na condição de empresário individual, quanto

uma pessoa jurídica, na condição de sociedade empresária. Neste caso, o MEI

exerce atividade de Empresário Individual.

Uma vez formalizado, o MEI desempenha papel jurídico, estando

devidamente regularizado no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ. A

partir de então, deve seguir as orientações previstas pela legislação, podendo ser

fiscalizado, notificado e autuado, caso venha a descumpri-la.

Assim, como destaca o Secretário, o MEI passa a contribuir para a geração

de emprego e renda.

3- A Secretaria da Receita do Município de São José percebe a formalização

dos autônomos por meio do enquadramento como Microempreendedor

Individual de maneira positiva ou negativa, considerando que os valores pagos

a título de ISS pelos autônomos eram maiores do que os valores pagos pelo

MEI por meio de guia DAS com valor fixo mensal de R$ 5,00 para o Município

nas atividades de prestação de serviços?

Secretário – “Totalmente de maneira positiva. [...] com a formalização das

atividades, embora haja maiores custos iniciais aos Municípios, temos incremento da

economia, com geração de emprego e renda. Além disso, ocorrendo a formalização

dos contribuintes, os valores do faturamento passam a integrar o Movimento

51

Econômico para efeito de cálculo do valor adicionado, o que representa retorno

financeiro por conta dos Fundos de Participação no produto de arrecadação de

tributos federais (Imposto de Renda - IR e Imposto sobre Produtos Industrializados -

IPI) e da arrecadação estadual de ICMS”.

A criação da LC 128/2008 foi instituída com o intuito de retirar da

informalidade milhares de trabalhadores brasileiros. Segundo Nunes (2010), a

empresa formalizada tem mais possibilidades de crescimento, tornando-se uma

empresa mais ordenada, onde suas atividades e seus recursos passam a ser

melhores, visando resultados positivos para a empresa num todo.

Conforme colocado pelo Secretário, o primeiro ano de formalização como MEI

gera maiores custos para o Município, uma vez que a legislação isenta o MEI do

pagamento das taxas municipais, de acordo com o Decreto Municipal 1795/2013.

Todavia, a longo prazo, percebe-se que a formalização dos autônomos por

meio do programa MEI é de fato vantajosa para o Município, considerando a

geração de emprego e renda.

4- Os Microempreendedores Individuais prestadores de serviços com sede em

São José pagam mensalmente um valor fixo de R$ 44,40. Deste valor, R$ 5,00

são destinados aos cofres municipais. Quanto aos MEI´s que exercem

atividades comerciais e industriais, destes o Governo Federal repassa algum

valor para o município?

Secretário – “Não. Nos estritos termos do artigo 159 da Carta Magna de 1988,

são transferidos aos Estados e Municípios os valores resultantes da aplicação do

percentual de 49% (quarenta e nove por cento) do produto da arrecadação do

IMPOSTO DE RENDA e do IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS.

Como os Microempreendedores Individuais são ISENTOS de Imposto de Renda e

Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido pela própria lei complementar que lhes

permitiu a existência (LC 128/2008, artigo 18-A, § 3º, incisos V e VI) e os produtos

artesanais são ISENTOS de IPI (Decreto nº 7.212 de 15 de junho de 2010, artigo 5º)

[...]”.

52

A LC 128/2008 prevê em seu art. 18-A as obrigações tributárias impostas ao

MEI, sendo exigido apenas o pagamento mensal de R$ 39,40 (trinta e nove reais e

quarenta centavos) a título de CPP, R$ 1,00 (um real) a título de ICMS caso seja

contribuinte deste imposto e R$ 5,00 (cinco reais) a título de ISS caso seja

contribuinte deste imposto. Assim, entende-se que o MEI está dispensado do

recolhimento dos demais tributos.

A questão acima objetiva esclarecer se, de fato, o Governo Federal não

repassa nenhum valor para os Municípios referente aos MEI´s que exercem

atividades comerciais e industriais, as quais contribuem apenas com CPP e ICMS.

Como dito pelo Secretário, nestes casos, não há repasse de verbas, uma vez

que está previsto em legislação a distribuição de 49% ao Fundo de Participação dos

Municípios referente ao Imposto de Renda (IR) e ao Imposto Sobre Produtos

Industrializados (IPI).

Com isto, entende-se que o Governo Federal apenas repassa para os

Municípios os valores correspondentes a título de ISS pagos mensalmente pelos

MEI´s que exercem atividades de prestação de serviços.

5 - Qual o impacto gerado na arrecadação municipal desde a criação da Lei

Complementar 128/2008 que institui a figura do MEI?

Secretário – “Por óbvio, com a vigência da LC 128/2008 ocorreu

migração de pessoas físicas cadastradas com a condição de autônomos e de quem

era exigido recolhimento anual de 5 (cinco) URM – Unidade de Referência do

Município para os profissionais com curso superior e de 1 (uma) URM para os

demais autônomos. Em valores do ano de 2015, a quantidade de URM´s

mencionadas corresponderia a R$ 749,25 (setecentos e quarenta e nove reais e

vinte e cinco centavos) a ser exigidos dos profissionais com curso superior e a R$

149,85 (cento e quarenta e nove reais e oitenta e cinco centavos) para os demais.

Como a obrigação dos microempreendedores individuais corresponde a R$ 60,00

(sessenta reais), pode-se mensurar a defasagem na arrecadação municipal, que

corresponde à diferença entre o valor aqui referido e aquele calculado acima em

URM´s. No entanto, como o quantitativo de empresários enquadrados na condição

da LC 128/2008 é pequeno em São José, o impacto financeiro, reiteramos, resulta

diluído na absorção de mão de obra e na geração de emprego e renda resultantes

53

da nova atividade. Isto porque, na condição de autônomos era-lhes vedada a

contratação de empregado e quando da migração para microempreendedor

individual, a lei faculta a formalização de 1 (um) emprego direto”.

Antes da criação da LC 128/2008, muitos empresários eram cadastrados no

Município como contribuintes autônomos. Este cadastro permitia ao empresário

exercer sua atividade de maneira regular, onde a Prefeitura exigia a contribuição

anual de 5 (cinco) URM´s para as pessoas físicas com ensino superior e 1 (um)

URM para aquelas sem ensino superior.

Em termos de valores, conforme colocado pelo Secretário, a contribuição

paga pelos autônomos devidamente regularizados junto ao Município era maior,

uma vez que, o MEI recolhe mensalmente R$ 5,00 (cinco reais) a título de ISS,

totalizando dentro de 1 (um) ano o equivalente a R$ 60,00 (sessenta reais).

A contribuição paga pelo MEI está prevista no art. 92 da Resolução 94/2011

do CGSN. Além disso, conforme discutido na questão anterior, o Município recebe

apenas a contribuição oriunda dos MEI´s enquadrados em atividades de prestação

de serviços, ou seja, que exercem atividades cujo fato gerador obriga o recolhimento

do ISS.

Em resumo, em termos de arrecadação, num primeiro momento se percebe a

defasagem aos cofres públicos municipais. Todavia, em contrapartida, é preciso

observar o estímulo gerado pela iniciativa pública à formalização e a possibilidade

de gerar novos postos de trabalho.

6 - Para o Município de São José, quais os benefícios e quais as

desvantagens da formalização para um Microempreendedor Individual?

Secretário – “O benefício é justamente aquele decorrente da formalização,

porquanto está admitido ao microempreendedor contratar 1 (um) empregado, o que

lhe era negado quando da sua condição de autônomo. Este fato resulta em minorar,

ainda que de modo restrito, o quantitativo de desempregados. Quanto às demais

obrigações há muito pouca alteração, visto que as leis municipais albergavam e

normatizavam os contribuintes autônomos”.

54

Diante do exposto e em conformidade com o art. 18-A da LC 128/2008, uma

das vantagens oferecidas ao MEI é a permissão para contratação de até 1 (um)

funcionário. Neste caso, o Microempreendedor Individual que usufrui deste benefício

contribui para a diminuição do índice de desempregos e para a geração de renda na

região.

Certamente, vale destacar, que a formalização possibilita uma série de

vantagens ao empresário, conforme apresentado no tópico 3.4.3 - Vantagens e

Desvantagens para o MEI. Todavia, conforme citado pelo Secretário, a possibilidade

de contratação é, sem dúvidas, o maior benefício, neste caso.

7 - É possível mensurar o nível de inadimplência oriunda dos MEI´s? Quanto

isto representa para o Município?

Secretário – “É perfeitamente possível conhecer o valor da inadimplência dos

contribuintes FORMAIS de qualquer situação tributária. Para estes têm-se registros

de todas as obrigações acessórias e podem ser emitidas, a qualquer tempo,

intimações ou notificações fiscais que os informem a respeito dos valores devidos.

Já quanto aos informais, não há a menor possibilidade de saber-se mesmo a

respeito da existência ou da atividade exercida, sob pena de estar descumprindo a

legislação, por conivência”.

Nesta questão, buscou-se verificar se o Município possui condições de

conhecer o nível de inadimplência gerada pelos MEI´s. Conforme previsto no art. 92

da Resolução 94/2011 do CGSN, o MEI deverá recolher, mensalmente, através de

guia DAS os valores estipulados a título de CPP, ICMS e/ou ISS, com prazo para

pagamento até o 20º (vigésimo) dia subsequente ao mês de apuração.

Além da guia DAS, o MEI precisa estar em dia com o Município em relação às

licenças ambientais e alvará de funcionamento, os quais devem ser renovados

anualmente. Conforme previsto no Decreto Municipal 1795/2013, o MEI está

desobrigado ao pagamento das taxas municipais apenas no primeiro ano de

formalização, voltando à exigência normal a partir do segundo ano de atividades.

Assim, de acordo com as informações repassadas pelo Secretário, o

Município possui totais condições para identificar os contribuintes inadimplentes,

55

uma vez que dispõem de sistema eletrônico que contém todas estas informações

em sua base de dados, permitindo acesso imediato a tais informações, o que

possibilita o Município exigir a cobrança sempre que lhe convém.

Desta forma, após realizar algumas considerações relevantes sobre a

entrevista, relacionando os principais pontos com as informações contidas na

fundamentação teórica da pesquisa, encerra-se a análise do discurso. A seguir, com

base nas informações obtidas ao longo deste estudo, faz-se as considerações finais,

resgatando os objetivos, geral e específicos, e o problema de pesquisa, onde

verifica-se se os mesmos foram alcançados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do cenário econômico na qual o Brasil se encontrava em 2008, ano da

publicação da LC 128, momento em que exigia-se da população elevadas cargas

tributárias, o índice de trabalhadores vivendo na informalidade era preocupante.

Dentre os principais motivos para a informalidade, estavam a excessiva carga

tributária e a burocratização existente no país para legalização e abertura de

empresas.

Com o intuito de retirar da informalidade milhares de trabalhadores, o

Governo Federal, por meio de alteração na LC 123/2006, criou a figura do

Microempreendedor Individual – MEI, através da LC 128/2008, previsto em seu

artigo 18-A.

Como visto ao longo desta pesquisa, considera-se MEI o empresário

individual que, ao final do ano-calendário, aufira receita bruta de até R$ 60.000,00

(sessenta mil reais), sendo este valor proporcional ao número de meses

trabalhados, nos casos daqueles que iniciaram as atividades durante o ano-

calendário.

Além disso, a legislação prevê ao MEI a possibilidade de contratar 1 (um)

funcionário, podendo lhe pagar um salário mínimo, hoje correspondente a R$ 788,00

(setecentos e oitenta e oito reais) ou o valor do piso da categoria na qual está

inserido.

Adicionalmente, vale destacar que o MEI não poderá participar como sócio,

administrador ou titular em outras empresas, devendo dedicar-se, exclusivamente,

ao seu negócio, aquele formalizado na condição de MEI.

Outra questão importante refere-se às atividades permitidas para

enquadramento nesta modalidade jurídica. Atualmente, como visto, o CGSN já

aprovou mais de 450 (quatrocentas e cinquenta) atividades permitidas ao MEI,

excluindo aquelas inseridas nos Anexos V e VI da LC 147/2014.

Desde a vigência da LC 128/2008, já constam no Brasil mais de 5 (cinco)

milhões de Microempreendedores Individuais formalizados. A partir deste número,

verificou-se a necessidade de buscar informações relacionadas ao MEI dentro do

Município de São José, local este onde está inserido o Centro Universitário

Municipal de São José – USJ.

57

A partir daí, a pesquisa foi elaborada com o objetivo geral de verificar a

percepção do gestor público fazendário em relação ao MEI no Município de São

José.

Para isto, realizou-se a entrevista semiestruturada direcionada ao gestor

público, Sr. João Paulo Mosena, atual Secretário Adjunto da Secretaria da Receita

do Município de São José.

Após a análise do discurso, é possível responder a seguinte pergunta,

imposta inicialmente como o problema de pesquisa: Qual a percepção do gestor

público fazendário do Município de São José em relação ao

Microempreendedor Individual?

Para o gestor público, o MEI é uma figura jurídica que contribui para

movimentar a economia do Município, pois, uma vez formalizado, passa a prestar

informações aos entes públicos e cumprir obrigações conforme exigências previstas

na legislação.

O gestor público destaca, em vários momentos, a importância no MEI no que

se refere a geração de emprego e renda para o Município. Como prevê a lei, o MEI

pode contratar até 1 (um) funcionário, o que contribui para a diminuição do índice de

desemprego na região.

Ainda, conforme colocado pelo Secretário, no primeiro ano de atividade do

MEI, a Prefeitura não pode fazer cobranças de taxas para liberação do alvará, por

exemplo, o que, inicialmente, gera mais custos para o Município. Todavia, a médio e

longo prazo, a opção pelo MEI torna-se vantajosa ao Município, pois se comparado

aos autônomos, que muitas vezes não eram regularizados, o MEI contribui

mensalmente, além de gerar emprego e renda, movimentando toda a economia da

região.

Frente a estas considerações, é possível afirmar que a pergunta de pesquisa

foi respondida e que os objetivos foram alcançados, uma vez que a proposta de

estudo da pesquisa foi devidamente cumprida.

Por fim, para trabalhos futuros, sugere-se aprofundar a pesquisa em relação

ao perfil dos Microempreendedores Individuais localizados no Município de São

José, isto é, tratar dados de forma quantitativa no que se refere a idade, sexo,

atividades econômicas desenvolvidas, bairros com maior concentração de MEI´s e

os motivos que levaram o trabalhador à formalização. Além disso, sugere-se

também um estudo de caso, com o propósito de verificar se os

58

Microempreendedores Individuais de São José consultaram, previamente, a

viabilidade da região e se possuem todos os alvarás necessários para o

desempenho das suas atividades econômicas, como por exemplo, o alvará de

funcionamento, sanitário, bombeiro, entre outros.

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65

APÊNDICE

APÊNDICE A – Carta contendo o questionário aplicado na entrevista semiestruturada direcionada ao Secretário da Receita do Município de São

José/SC

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68

APÊNDICE B – Questionário respondido pelo Secretário da Receita do Município de São José/SC contendo as respostas na íntegra

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