Premio Jabuti

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Prmio Jabuti5 0 a no s

Prmio Jabuti 50 anos

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Prmio Jabuti50 anos

Apresentao

Tudo comeou sem alarde, simples e discretamente, como era do estilo do personagem-smbolo. Mas tambm com ousadia, como era do estilo dos seus criadores, os diretores da cbl nos idos de 1950. Afinal, lanar um prmio literrio e editorial em um pas de poucos livros e leitores no era pouca coisa. Com obstinao e argcia maneira do seu inspirador, o Prmio Jabuti avanou sem esmorecer, ganhou agilidade e encarou uma longa jornada. Avanou, ganhou densidade e respeito, conquistou o reconhecimento de todos os que, no Brasil, produzem informao, conhecimento e arte, de todos os que escrevem, publicam e lem livros. Tornou-se, ele prprio, um personagem vivo da cultura brasileira contempornea. Essa a histria que a Cmara Brasileira do Livro se sente na obrigao de registrar, quando o Prmio completa 50 anos. Uma histria de final feliz, como as fbulas do pequeno jabuti, mas que se pretende que no termine aqui. Ao contrrio, que ela continue por outras tantas dcadas, a promover o livro e a leitura no Brasil, a valorizar os autores e a cultura do nosso pas. Longa vida ao Jabuti! Rosely BoschiniPresidente Cmara Brasileira do Livro

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O Cl do Jabuti

H ao redor do mundo inmeras histrias mitolgicas nas quais as tartarugas esto associadas sabedoria. A escolha do simptico jabuti, nosso quelnio nativo, como smbolo de excelncia do livro, essa inesgotvel fonte de conhecimento, no poderia ter sido, portanto, mais pertinente. O jabuti, personagem de inmeras fbulas brasileiras, por seus hbitos diurnos e gregrios, ganhou fama de ser um bicho astuto. Para os ndios da Amaznia ele simboliza a tradio e a humildade por andar com pacincia, sem tencionar ser o rei da floresta. Mas o Jabuti criado pela Cmara Brasileira do Livro h exatos 50 anos, caminha ereto. No por acaso, sobre duas patas marcha a passos largos rumo a um pas de leitores, como tem sido demonstrado a cada edio deste que se tornou o maior prmio literrio e editorial do pas. Se poca de sua criao o Prmio Jabuti almejava, nas palavras do ex-presidente da CBL e escritor Francisco Marins, valorizar o pequeno e frgil mundo do livro, hoje no s endossa a alta qualidade das publicaes contempladas, como assiste surpreendente evoluo do mercado editorial brasileiro.

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Reconhecidamente longevo, sabido que no se pode definir a idade desses rpteis pela sua aparncia. Neste caso, a julgar pelo vigor e prestgio que o nosso Jabuti exibe, pode-se afirmar que enquanto houver livros sendo publicados, ele estar sempre presente para consagrar os melhores. A Imprensa Oficial se congratula com o sucesso do Prmio Jabuti, honrada em fazer parte do cl dos que trabalham para que livros sejam produzidos na escala que o pas reclama e para que a excelncia seja uma marca impressa em cada volume e em cada pgina publicada. Esta edio comemorativa nossa homenagem a todos os que nesses cinqenta anos integraram o cl do Jabuti. E apropriando-nos da idia de que em certas culturas as patas das tartarugas representam os pontos cardeais, fazemos votos que este evento contribua cada vez mais para que a cultura do livro se propague pelos quatro cantos do Brasil. Hubert AlquresDiretor-Presidente Imprensa Oficial

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Jabuti 50 Anos

Aps o rduo e difcil trabalho dos jurados, ano a ano, por cinco dcadas ininterruptas, foram cinqenta noites iluminadas de glamour promovendo o encontro de escritores, escritoras, editores, jornalistas, leitores. Convidamos agora todos os apreciadores do Jabuti a penetrarem nesta histria to incrvel atravs deste revelador livro, que tambm se constitui num lbum fotogrfico do nosso querido Jabuti. Participe voc tambm da festa dos 50 anos. Conhea os livros vencedores, seus autores e autoras, seus editores... Deliciese com as letras oferecidas to graciosa e gentilmente. Deixe que uma viagem livre no espao-tempo do Jabuti permita a experincia da rica e agitada histria do nosso pas em cinco dcadas. Mudaram as roupas, penteados, bigodes, culos, posturas... Permanece a caminhada do Jabuti nestes 50 anos to decisivos do Brasil, promovendo a excelncia literria, o vigor do mercado editorial. Anos dourados, anos de chumbo, redemocratizao... O Jabuti acompanha a histria nacional, o Jabuti fez e faz a histria do livro no Brasil. Centenas de faces fazem a histria dos 50 anos do Jabuti... Milhares de letras que engrandecem leitores e educam geraes. O Prmio projeta nossa lngua-me, o portugus, com arte, criatividade, inspirao. O Jabuti recolhe

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ano a ano o biscoito fino de nossa produo editorial, para que mais brasileiros e brasileiras descubram que no s de po vive o homem. Revela riqueza infinita a ser distribuda. A cbl, entre tantas aes, quer realizar o sonho de um pas de leitores atravs do Jabuti que h 50 anos inicia sua caminhada e apresenta ano a ano o melhor da produo editorial nacional. A cbl cumprindo sua misso, promovendo o livro, a literatura e a leitura. Bem vindos festa do Jabuti e que nas prximas cinco dcadas o prmio possa crescer ainda mais, num pas de muito futebol, mas tambm, muitas letras e cultura. Jos Luiz GoldfarbCurador do Prmio Jabuti

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edp - Energias do Brasil nos 50 Anos do Jabuti

Tendo como um dos pilares de sua poltica cultural o incentivo educao e leitura por meio de projetos que ultrapassam os r$ 2 milhes anuais e entre os quais se destaca o Letras de Luz, o Grupo edp Energias do Brasil no poderia ficar de fora desta simblica 50 edio do mais prestigiado e importante prmio de literatura do Pas, o Jabuti. Afinal, fazer crianas e jovens de 60 cidades se encantarem descobrindo a graa e o prazer de ler um Dalton Trevisan, um Ruben Fonseca ou uma Raquel de Queiroz isso s para citar alguns dos que j tiveram a honra de receber o Jabuti nesses 50 anos de premiao um dos nossos mais gratificantes desafios. Presente em seis estados brasileiros e com importantes ativos em todos os segmentos do setor eltrico brasileiro, desde a gerao distribuio de energia eltrica, o Grupo edp Energias do Brasil est fortemente comprometido com o desenvolvimento sustentvel do Pas, com mais de r$ 8 milhes por ano investidos em iniciativas culturais, sociais e ambientais. Porque levar luz vida das pessoas no apenas criar condies para que eltrons em movimento acendam lmpadas, liguem

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aparelhos ou acionem equipamentos. , acima de tudo, despertar nelas o encanto pela descoberta, o gosto pelo conhecimento e o desejo por evoluo. Antnio Pita de AbreuDiretor Presidente edp Energias do Brasil

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Sumrio

1 A Criao, 15 2 As Estratgias, 51 3 O Reconhecimento, 77 4 Os Resultados, 103 5 O Jabuti aos 50 Anos, 121 Cronologia, 129 Bibliografia, 133 Presidentes da cbl, 135 Livros Premiados com o Jabuti (1959-2007), 139 Agradecimento, 189

1 A Criao

O mais brilhante dos anos dourados, o ano da virada para a modernizao, um ano especial que no devia ter terminado. 1958 j recebeu tantas qualificaes, tem sido to lembrado e celebrado como grande marco da histria brasileira contempornea que pouco mais haveria a acrescentar. No h duvida, porm, que as referncias so mesmo memorveis, entre elas a arrancada da indstria automotiva e a acelerao da construo de Braslia ambas impulsionadas por um presidente sorridente e confiante que prometia nada menos que cinqenta anos de progresso em cinco de governo , a conquista da Copa do Mundo de Futebol na Sucia, pela melhor seleo que o Brasil j levou a campo, e a apresentao oficial da excelncia da Bossa Nova por Joo Gilberto na gravao de Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vincius de Morais. O ano de 1958 ficou na memria coletiva brasileira como um ponto de inflexo na dinmica social, poltica e cultural do pas que, posteriormente, poucas vezes se repetiu. O cenriO naciOnal Entre as dcadas de 1950 e 1960, o Brasil venceu, enfim, a fora gravitacional do seu passado colonial. O pas comeou a produzir novos bens de consumo interno, de carros e caminhes a ge-

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ladeiras e televisores, alm de intensificar a produo de mveis, tecidos, alimentos, materiais de construo, mquinas e ferramentas. Tudo isso foi possvel porque j conseguia gerar energia e produzir os insumos industriais necessrios ao, alumnio, cimento, celulose, vidro, plstico, borracha em maior quantidade e melhor qualidade. O Brasil acelerava sua industrializao, avanando da chamada indstria de base, siderrgica e qumica, para setores mais amplos da indstria de transformao e de bens durveis. Ao mesmo tempo, o pas acelerava sua urbanizao. Nesse perodo, o processo demogrfico brasileiro no s conheceu um dos seus saltos histricos, com o incremento expressivo da populao, mas tambm viveu um dos seus momentos mais significativos, com a populao urbana comeando a superar a populao rural, com tendncia a concentrar-se nas grandes e mdias cidades da faixa litornea do pas. A modernizao urbano-industrial ganhava acelerao a partir das bases polticas lanadas antes na era Vargas, com o nacionalismo e o trabalhismo, e ampliadas agora nos anos jk, com o desenvolvimentismo aplicado no plano nacional e regional. Tanto o nacionalismo de Getlio Vargas quanto o desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek tinham o mesmo alvo a industrializao pela substituio de importaes e o incremento do mercado interno pela elevao da renda da classe mdia e dos trabalhadores urbanos , mas essa convergncia no impedia a intensa discusso de propostas e projetos na imprensa, nas universidades, no Congresso. Nacionalistas e desenvolvimentis-

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tas, monetaristas e estruturalistas, reformistas e conservadores envolviam-se em acalorados debates poltico-ideolgicos sobre como promover o desenvolvimento do pas com democracia, soberania, justia social e equilbrio regional. Nesse cenrio em ebulio, o debate de idias em torno do presente do pas do futuro no se restringia ao mbito dos profissionais da poltica e da economia. Muito ao contrrio, transbordava para o campo da comunicao e da arte, com vivas e agudas intervenes do teatro e do cinema, do ensasmo e da literatura, das artes plsticas e da fotografia, da msica e da arquitetura. Em filmes, romances, poemas, peas de teatro, composies musicais, exposies, reportagens e teses acadmicas o que se buscava eram novas idias, linguagens e parmetros para entender as relaes entre a modernidade e a brasilidade, entre a histria e a cultura do pas. Escritores e crticos, cineastas e dramaturgos, estudiosos e educadores eram os que mais profundamente repercutiam e alimentavam o grande debate cultural e poltico em que os brasileiros, com interesse e paixo, discutiam o Brasil. a c m a r a B ra s i l e i r a d O l i v r O Sem exagero, pode-se dizer assim que, no processo de modernizao do pas, a indstria editorial cumpriu funo mais que relevante. Tanto no plano do entretenimento e da educao como, principalmente, no plano da divulgao das cincias humanas e da filosofia, da fico literria e do conhecimento tcnico-cientfico, a indstria do livro esteve sempre na linha de frente dos grandes debates nacionais dos anos 1950 e 1960.

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Colees como a Brasiliana da Companhia Editora Nacional, a Biblioteca Histrica Brasileira da Livraria Martins e a Biblioteca da Educao da Melhoramentos, as trs de So Paulo, a Documentos Brasileiros da J. Olympio do Rio de Janeiro dirigida por Gilberto Freyre e ainda a Nobel e a Biblioteca dos Sculos da Globo de Porto Alegre, dedicadas aos clssicos da literatura mundial, notabilizaram-se como referncias da histria da cultura brasileira. Tornaram-se testemunhas do compromisso dos editores brasileiros em publicar o que de melhor se produzia no pas, fosse por autores j consagrados, como Carlos Drummond de Andrade, Monteiro Lobato, Mrio de Andrade, rico Verssimo, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Jorge Amado, Srgio Buarque de Holanda e o prprio Gilberto Freyre, fosse por estudiosos e ficcionistas iniciantes ou at a menos reconhecidos. Entre eles, Josu de Castro com um agudo ensaio sobre a pobreza no mundo e no Brasil, Geopoltica da Fome, Celso Furtado com a sua sntese histrica j nascida clssica, Formao Econmica do Brasil, e Joo Guimares Rosa com seu originalssimo romance-novela, Grande Serto, Veredas. Para editores como Octales Marcondes Ferreira, Caio Prado Jnior, Edgar Cavalheiro, Diaulas Riedel, Jos Olympio, Jos de Barros Martins, Jorge Saraiva, Edgar Blucher, nio Silveira, nio Matheus Guazzelli, os irmos Weiszflog, Henrique Bertazo e Alfredo Machado, o livro, mais que um negcio, era uma paixo. Eram empresrios, faziam parte de uma cadeia produtiva industrial-mercantil, mas o que os movia era um genuno e generoso comprometimento com o progresso brasileiro. Acreditavam

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verdadeiramente, com Monteiro Lobato, que um pas se faz com homens e livros bons livros para educar os homens que haveriam de constru-lo. E no poupavam esforos para oferecer livros de qualidade, apoiando os bons autores e investindo na produo grfica, tanto quanto ou talvez mais na produo de arte. Que o digam as capas e desenhos criados por artistas e ilustradores do nvel de Ccero Dias, Aldemir Martins, Clvis Graciano, Santa Rosa, Luiz Jardim, Caryb, Poty, Percy Lau, Iber Camargo, Di Cavalcanti e Portinari. Fora com esse carisma de civilizadores de um pas entrando na maioridade que essa gerao de editores e livreiros havia tomado, na dcada anterior, uma das suas decises mais importantes. A de criar uma associao de classe que os representasse e que promovesse, ao mesmo tempo, o negcio e a cultura do livro e da leitura no Brasil. Reunidos em So Paulo em 25 de setembro de 1946, 39 representantes de editoras e livrarias, das mais prestigiosas do Pas, assinavam a ata de fundao da Cmara Brasileira do Livro. Entre os signatrios, Jorge Saraiva (Saraiva), Jos de Barros Martins (Martins), Octales M. Ferreira e nio Silveira (Nacional), Lus Gonzaga de Mello (J. Olympio), Artur Neves (Brasiliense), Abel Ferraz de Souza (Lep), Diaulas Riedel (O Pensamento), Edgar Cavalheiro (Globo) e Aristides Thom (Freitas Bastos). Apesar de ter sido criada em So Paulo o que era natural, sendo ela uma cidade de quase dois milhes de habitantes e o centro econmico mais prspero e dinmico do Pas , a cbl no podia ser vista como coisa de paulista. No foi difcil evitar

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isso. A iniciativa teve boa aceitao e apoio em outros estados, como no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Bem mais difcil foi consolidar a nova instituio, comeando por ampliar o nmero de associados e garantir a todos os editores e os livreiros e, a seguir, tambm os creditistas e os distribuidores a mesma representatividade. Terminando por lhe dar uma sede permanente. Tudo isso custou anos iniciais de muita dedicao dos dirigentes, com alguns ajustes estatutrios e uma campanha intensiva entre os associados para a aquisio da sede prpria. Valeu a pena. Menos de uma dcada depois da fundao, a sede era inaugurada. Em 14 de agosto de 1954, a cbl instalava-se oficialmente no 10o andar de um edifcio de estilo moderno, recm-construdo na avenida Ipiranga, no 1267. A cbl, ou a Casa do Livro, como a chamavam os jornais, estava agora bem postada no centro pulsante da capital paulista. Em se tratando de uma entidade ainda to jovem, no deixava de ser uma ao arrojada mesmo que, em muito pouco tempo, a diretoria conseguisse liquidar as ltimas parcelas do emprstimo bancrio contrado para a compra do imvel. Mas arrojo, temperado com boas idias e boa dose de determinao era o que no faltava aos fundadores e dirigentes da cbl. A fundao da Cmara Brasileira do Livro era a resposta necessidade da categoria de ter um organismo que defendesse e promovesse seus interesses. Que eram os interesses do livro, afinal, e que no eram poucos. Da agenda da cbl passaram a fazer parte desde o acompanhamento dos debates no Congresso Nacional sobre iseno tributria da importao de livros estran-

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geiros, de equipamento grfico e de papel esta, uma questo crtica dada a insuficincia da produo brasileira e as negociaes com o Instituto Nacional do Livro em torno de edies conjuntas e/ou compras de obras didticas at a realizao de feiras e campanhas de todo o tipo para a divulgao do livro e da leitura nas praas de So Paulo e em outras cidades do pas, geralmente com o apoio das secretarias da educao e cultura locais. Isso tudo e ainda a organizao dos primeiros Congressos de Editores e Livreiros. O PrmiO A agenda era extensa e carregada. Os desafios eram muitos, os recursos escassos e ainda incipientes a articulao e a mobilizao da classe, como ressaltavam os relatrios das primeiras diretorias. Mas no faltava entusiasmo e disposio aos dirigentes daqueles tempos hericos da cbl. Tratava-se de promover o livro, como produto e como bem cultural. Uma boa causa. E foi nesse ambiente de dilogo e envolvimento em torno de uma boa causa que nasceu entre 1957 e 1958 a idia de se criar um prmio para os autores, editores, ilustradores, grficos e livreiros que mais se destacassem a cada ano. No seria uma compensao material, mas um ato simblico de reconhecimento do valor intelectual e editorial e da qualidade tcnica e artstica dessas publicaes. Reconhecimento que, naturalmente, poderia tambm vir a reverter em benefcio econmico dos autores e das editoras e livrarias por um possvel aumento das vendas das obras premiadas.

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Lembram antigos ex-dirigentes, como Francisco Marins e Hernani Donato, que o projeto surgiu de discusses internas da cbl, iniciadas e animadas pelo presidente Edgar Cavalheiro, pelo secretrio Mrio da Silva Brito dois intelectuais e estudiosos da literatura brasileira e outros membros da diretoria do binio 1955-1957. Essas discusses em torno de uma lurea ou galardo a ser atribudo a autores, editores e profissionais do livro, como um estmulo atividade editorial e ao mercado livreiro, prosperaram e ganharam forma na diretoria seguinte, de 19571959. Presidida por Diaulas Riedel, coube-lhe tomar as decises finais, entre elas a confirmao da escolha do jabuti para nomear o prmio e a realizao de concurso para a confeco da estatueta, vencido pelo escultor Bernardo Cid de Souza Pinto. Coube tambm a essa diretoria promover a primeira premiao. No final do ano de 1959, em solenidade realizada em seu prprio auditrio, a cbl fez a entrega do primeiro Prmio Jabuti. Foram agraciados, entre outros, Jorge Amado como escritor nacional na categoria romance, pela publicao de Gabriela, Cravo e Canela, e a Saraiva s.a. como editor do ano. Naquela cerimnia simples, despretensiosa at, pode-se dizer, comeava a trajetria de 50 anos de uma premiao que acabou fazendo histria. Ousadia e PiOneirismO No h registros formais suficientes para reconstituir passo a passo o processo de criao e implantao do Prmio Jabuti pela Cmara Brasileira do Livro, nem para identificar todos os seus protagonistas. Aos escassos registros pode-se acrescentar frag-

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A c ri ao

Naquele tempo vivia-se uma espcie de efervescncia cultural, com srias preocupaes editoriais. Havia abundncia de ttulos, mas faltavam livrarias, faltava a circulao do produto livro. Era preciso fazer alguma coisa. E o que que mais atrai as pessoas em todo o mundo? a recompensa. Em termos de literatura o que a recompensa? a reedio, a crtica e o prmio. A crtica ns tnhamos; quase todos os jornais, revistas e rdio davam um largo espao para a literatura; abundavam os suplementos literrios. Lembro-me de reunies com Francisco Marins, com Mrio da Silva Brito, na sede da cbl, onde discutiam o que fazer com relao ao livro no Brasil. Depois de uma seleo criteriosa de sugestes decidiu-se criar um prmio para a literatura brasileira e que esse prmio fosse capaz de mostrar que tnhamos literatura de alto alcance, de muita profundidade. Aos poucos, essa idia foi tomando corpo em sucessivas reunies at que se chegou a entrega do primeiro prmio. Houve um perodo em que eu fui secretrio da Cmara e me coube fazer a entrega do Prmio Jabuti durante uns trs anos. Lembro-me da euforia, do espanto e da quase glorificao que sentia quem ganhava o prmio, como aconteceu, por exemplo, quando o Juarez Tvora ganhou. Juarez que era uma pessoa renomada que escreveu suas memrias e que ficou em estado de exaltao por ter sido premiado. Nesse momento, eu me dei conta da importncia do Jabuti, porque foi dado a um homem que no era da atividade literria constante, mas sim um homem que atuou nos altos nveis da Repblica e sentiu-se emocionado ao receber a lurea. Isso significava que o Jabuti era mesmo muito importante. (Entrevista de Hernani Donato, So Paulo, julho 2008)

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mentos de memria de antigos dirigentes, que acompanharam de perto ou que guardaram lembranas esparsas daqueles acontecimentos. possvel, deste modo, vislumbrar por entre a nvoa do tempo as intenes e as esperanas dos criadores do Jabuti. Intenes e esperanas, estas sim, pretensiosas. O que se pretendia e se esperava no era pouco. Queria-se, com o prmio, valorizar o pequeno e frgil mundo do livro, nas palavras definidoras do ex-presidente e escritor Francisco Marins, estimulando a todos os que trabalhavam com esse produto, dos que o escreviam aos que o vendiam. Queria-se popularizar o livro, sempre associado aos letrados, intelectuais e ricos, enquanto os menos instrudos, distncia, apenas o admiravam. Queria-se estimular a leitura como instrumento de promoo social e cultural e de fortalecimento da democracia, ampliando o acesso da populao informao e ao conhecimento. Queriase, enfim, pr mais livros nas mos de mais brasileiros. Num pas onde os iletrados e pobres ainda eram parte robusta da populao e onde a outra parte, mais rica e instruda, no tinha a leitura entre seus hbitos mais regulares, a criao de um prmio como esse podia parecer um projeto utpico, quase quixotesco. De fato era uma ousadia. Entretanto, ele no nascera do acaso nem pairava no ar. Trazia a marca do genuno e generoso esprito dos fundadores da cbl, seus criadores, sintonizado, por sua vez, com o esprito de um tempo em que sonhos e utopias tambm inspiravam e animavam a vida da nao. A ousadia do projeto no foi, pois, a sua fraqueza, mas a sua fora. Apesar das limitaes naturais e intercorrncias sociais

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A inst i t ui oDo Regulamento do Prmio Jabuti, aprovado em reunio da diretoria da cbl em 28 de abril de 1959:

Art. 1 Fica institudo pela Cmara Brasileira do Livro o Prmio Jabuti, destinado a distinguir publicamente o trabalho daqueles que mais de perto se encontram ligados vida do livro: escritores, ilustradores, jornalistas, grficos, editores e livreiros. Art. 3 O Prmio, de carter simblico, anualmente entregue, ser constitudo por uma estatueta de bronze para cada um dos gneros ou ttulos previstos no presente Regulamento. nico O Prmio ser sempre relativo ao ano anterior ao da sua concesso. Art. 4 A Cmara Brasileira do Livro indicar a cada dois anos a Comisso Permanente do Prmio Jabuti, qual competir a nomeao das diversas comisses julgadoras e o assessoramento de seus trabalhos, de acordo com o Regimento Interno que regular seu funcionamento.

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e polticas inevitveis, manteve-se vivo. Superando no poucos obstculos, sobreviveu, ganhou densidade e respeito. Tornouse uma instituio de prestgio nacional. E o mais importante, tornou-se importante estmulo para tantos outros programas e eventos literrios e culturais que nas duas ltimas dcadas se espalharam pelo pas na forma de bienais, feiras de livros, encontros com escritores, semanas literrias, saraus, palestras, lanamentos editoriais etc. Todos, como o Jabuti pioneiramente, cumprindo importante papel na divulgao da literatura e na valorizao do autor nacional. Se um pas se faz com homens e livros, o Jabuti, h 50 anos, com sua proverbial perseverana e obstinao, vem dando contribuio valiosa para tornar o vaticnio lobatiano uma realidade.

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Diaulas Riedel Prmio Jabuti (gesto 1957-1959)

Arnaldo Magalhes de Giacomo, Theobaldo de Nigris Prmio Jabuti, 1960

Raimundo de Menezes, Lygia Fagundes Telles Prmio Jabuti, 1966

Sede da CBL na avenida Ipiranga Prmio Jabuti, 1969

Stella Carr, Hernani Donato, Enio Guazelli Prmio Jabuti, 1969

Hernani Donato, Paulino Saraiva, Jannart Moutinho Ribeiro Prmio Jabuti

Francisco Marins, Diaulas Riedel Prmio Jabuti

Agraciados com o Prmio Jabuti, 1974

Jos Geraldo Nogueira Moutinho, Srgio Buarque de Holanda Prmio Jabuti, 1974

Nilo Scalzo, Nelly Novaes Coelho Prmio Jabuti, 1974

Caio Porfrio Carneiro Prmio Jabuti, 1975

Mrio Fitipaldi, Paulo Duarte Prmio Jabuti, 1976

Jos Gorayebe, Mrio Quintana Prmio Jabuti, 1981

Laura Sandroni Prmio Jabuti, 1983

Homenagem a Carlos Drummond de Andrade Personalidade Literria do Ano, 1985

Alfredo Weiszflog, Joo Ubaldo Ribeiro Prmio Jabuti, 1985

Jorge Yunes, Pedro Bandeira, Prmio Jabuti, 1986

Lygia Fagundes Telles, Alfredo Weiszflog Prmio Jabuti, 1987

Ablio A. Rodrigues da Silva, Emil Farhat Prmio Jabuti, 1988

Caio Fernando Abreu, Tatiana Belinky Prmio Jabuti, 1989

Prmio Jabuti, 1989

Alfredo Weiszflog, Ziraldo Alves Pinto Prmio Jabuti, 1990

Homenagem a Lygia Fagundes Telles Prmio Jabuti, 1990

Estatueta Prmio Jabuti Autor: Bernardo Cid de Souza Pinto

2 As Estratgias

No poderia ser de outra maneira. Por um bom perodo, o Prmio Jabuti andou no passo da Cmara Brasileira do Livro, sua criadora e patrocinadora. At ganhar vida prpria, se assim se pode dizer, com a autonomia e a capacidade de sustentao necessrias, o Jabuti dependeu diretamente do apoio e da estrutura da cbl. Apoio e estrutura, deve-se registrar, que nunca faltaram e sempre foram garantidos realizao das premiaes anuais, sem interferncia no trabalho da comisso permanente e das comisses julgadoras. PrimeirOs temPOs, PrimeirOs PrmiOs O Jabuti comeou sua marcha devagar, como prprio de seu personagem inspirador. Pela consulta ao Regimento Interno do Prmio, elaborado em meados de 1959, v-se que eram apenas sete as primeiras categorias gerais de premiao: Literatura, Capa e Ilustrao, Grfico do Ano, Editor do Ano, Livreiro do Ano e Personalidade Literria. Mesmo podendo ser subdivididas, eram poucas, se comparadas s vinte atuais. Mas sua composio tinha, de sada, uma particularidade interessante: alm de se premiar um escritor, ficcionista ou ensasta, por obra publicada, tambm se premiava uma personalidade literria, a ser escolhida entre

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aqueles que hajam se destacado no campo da literatura no ano anterior, independentemente de publicao de obra indita no perodo daquela premiao. Viriam a figurar nesta categoria especial nomes famosos, como Guilherme de Almeida, Antnio Houaiss, Ferreira Gullar e Lgia Fagundes Telles. As letras, no h dvida, foram desde o incio o centro de interesse do Prmio Jabuti. Tambm no h dvida de que o Jabuti estreou bem. Naquela premiao histrica de 1959, a simptica estatueta de bronze foi entregue a um elenco de autores, artistas, editores e livreiros de primeira linha. Alm de Jorge Amado, Escritor, e a Saraiva, Editora do Ano, foram laureados em outras categorias Mrio da Silva Brito em Histria Literria, Holmes Barbosa em Crtica Literria, Aldemir Martins em Capa, a Livraria So Jos do Rio de Janeiro como Livraria do Ano e Srgio Milliet como Personalidade Literria do Ano. Mas, se o esprito das letras o guiava, o Prmio no se deixava dominar por ele. Novas categorias, ou novas reas das categorias originais, foram criadas ao longo das duas dcadas seguintes. Entre outras, as de Teatro, Biografia, Traduo de Obra Literria e de Obra Cientfica, Cincias Humanas, Cincias Exatas, Cincias Naturais, Tecnologia, Livro de Arte e Noticirio Literrio em Revista, em Rdio e em Televiso. Nomes ilustres apareceram nas novas premiaes, como o tradutor Breno Silveira, o professor de matemtica Osvaldo Sangiorgi, o socilogo Florestan Fernandes, o crtico teatral Sbato Magaldi, os cientistas Crodowaldo Pavan e Antonio Brito da Cunha alm de veculos de comunicao como a revista Veja, a rdio Jovem Pan e a tv Cultura.

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Esse xito inicial no encobria as fragilidades estruturais do Prmio. Dados os poucos recursos para investir em sua realizao mais complexa e cara medida que se ampliavam as categorias , as comisses julgadoras acabavam sendo quase domsticas, formadas por convidados de fora da cbl, intelectuais e professores geralmente, todos voluntrios. O que, se no comprometia, pelo menos limitava o trabalho de seleo e avaliao dos premiados. Da mesma maneira, os recursos para a divulgao do Prmio na imprensa escrita, no rdio e na tv, eram poucos, o que inibia o crescimento da sua visibilidade e, por conseqncia, sua valorizao social e cultural. Na luta por sua afirmao, o Jabuti mostrava sade e disposio. certo que tudo era ainda muito simples e modesto. As premiaes, regra geral, aconteciam no auditrio da Cmara ou em auditrios de outras entidades, na Biblioteca Mrio de Andrade, no Teatro Cultura Artstica e at, vez por outra, em restaurantes do centro da cidade. Mas o importante que elas aconteceram e sem interrupes. O Prmio Jabuti, anual, no deixou de ser entregue uma nica vez, mesmo nos perodos mais conturbados da vida do Pas e da cbl, nas dcadas de 1960 e 1970. a cB l, a P O i O s e m i n t e r f e r n c i a Como todos sabem, e os mais velhos ainda se lembram bem, o Brasil viveu entre meados da dcada de 1960 e a dcada de 1980 uma situao social e poltica de exceo. O regime militar implantado em 1964 logrou promover, de um lado, uma forte revitalizao econmica puxada pela modernizao da indstria e

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da infra-estrutura que levou o pib s alturas, mas, de outro, provocou uma forte contrao da vida social e cultural pela imposio de inmeras restries poltico-institucionais. No balano de lucros e perdas, com a atuao do Estado e do capital nacional e estrangeiro, o pas cresceu e se modernizou com a indstria de insumos, equipamentos e bens durveis, com a gerao de energia e melhoria dos transportes e das comunicaes, mas tambm perdeu com o autoritarismo, a censura imprensa e s artes, a represso aos movimentos sociais e as restries s liberdades pblicas e ao Estado de Direito. Definitivamente, a atmosfera poltica do pas no era mais aquela das duas dcadas anteriores, com profundos reflexos negativos sobre sua vida cultural. A ditadura instalada afetou, claro, instituies da sociedade civil, a includa a cbl. Para a Cmara Brasileira do Livro enquanto entidade representativa da indstria do livro, a atuao do Estado durante o regime militar trouxe benefcios reais, sobretudo com a to esperada auto-suficincia na produo de papel, com a ampliao do sistema escolar pblico e a conseqente ampliao do segmento de livros didticos. Novas editoras e livrarias, novos autores e novas colees ganharam espao e oportunidade de crescimento que no existiam, ao menos nas dimenses agora criadas. Esse alargamento do mercado, inegavelmente, deu grande impulso produo editorial e atividade grfica, com efeitos positivos sobre toda a cadeia da indstria livreira e sobre a atuao da sua entidade representativa. Mas, a par desses benefcios advindos da modernizao econmica e da massificao da educao pblica, a cbl teve que

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lidar com as presses do regime e responder, ao mesmo tempo, s demandas da sociedade. Face s pesadas restries institucionais, assumiu posies claras de resistncia censura e de defesa da liberdade de comunicao e de informao posies que lhe cabia assumir em sua rea especfica de atuao enquanto rgo de representao de uma significativa categoria. Uma das maneiras mais eficazes de cumprir esse imperativo, alm de assinar manifestos pblicos e participar de encontros em Braslia com grupos ministeriais ou comisses do Congresso, foi garantir a continuidade do Prmio Jabuti. Num momento da vida do pas marcado pela represso poltica e cultural, promover anualmente a entrega de um prmio a pessoas e instituies estreitamente ligados literatura, cincia, ao jornalismo, educao e s artes era, no mnimo, um gesto simblico de valorizao da produo cultural e uma forma concreta de garantir um espao de maior liberdade para a expresso de idias e defesa de valores e direitos que so a essncia da democracia. A preservao do Prmio Jabuti como baluarte, mesmo modesto, da defesa democrtica, ganha ainda mais sentido e valor se considerado que a cbl deu apoio integral ao Prmio, sem interferir, a qualquer tempo, na ao dos seus responsveis. As comisses permanentes nomeadas pelas diretorias continuaram a ter mandato de dois anos e a gozar de completa autonomia para convidar os membros das comisses julgadoras, renovados a cada premiao anual. No ambiente de obscurecimento imposto ao pas, a Cmara Brasileira do Livro, ao lado de tantas outras instituies, manteve-

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se na linha da resistncia democrtica. E manteve o Prmio Jabuti como uma janela de respirao e um ponto de luz a estimular a conscincia e alimentar o anseio de liberdade dos brasileiros. sinergia cOm as Bienais O milagre editorial dos anos de 1970, desdobramento do milagre econmico brasileiro do perodo, impulsionou todo o complexo grfico-livreiro. Como se pode constatar pelos nmeros. Enquanto em 1950 foram impressos 19 milhes de livros, correspondentes a 3.900 ttulos, trs dcadas depois, em 1980, a tiragem alcanava 240 milhes de exemplares, relativos a 13 mil ttulos. Um tal crescimento editorial, e to acelerado, correspondia sobretudo, como se sabe, ao crescimento da populao, ao esforo governamental de promover a educao fundamental e, conseqentemente, grande expanso da produo didtica. Mas, para esse crescimento contribuiu outro fator que, se no foi determinante, foi com certeza muito importante. Trata-se da atuao da prpria cbl e de seu empenho em buscar novas estratgias de divulgao do livro. Essa busca levou criao das Bienais Internacionais do Livro em So Paulo, e posteriormente tambm no Rio de Janeiro. Hoje, essas bienais atraem centenas de milhares de visitantes aos estandes das editoras e livrarias e aos lanamentos e eventos literrios, pedaggicos e culturais nelas promovidos. Tais iniciativas se originaram a partir das antigas feiras populares de livros realizadas desde a dcada de 1940 no Viaduto

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do Ch e na Praa da Repblica. Sua experincia foi aproveitada na montagem das primeiras Bienais de Livros e Artes Grficas promovidas pela cbl em parceria com o Museu de Arte de So Paulo, ainda na dcada de 1960. Elas foram o ensaio que permitiu formatar a primeira Bienal Internacional do Livro de So Paulo, inaugurada em 1970, no pavilho da Fundao Bienal no Parque do Ibirapuera. Uma aposta que deu certo. O modelo, projetado em maior dimenso e voltado prioritariamente para a divulgao do que para a venda de livros, passou pelo teste e... bem, a comeou uma histria conhecida. Aps deixar o Parque do Ibirapuera e experimentar outros lugares em busca de mais espao e funcionalidade, a Bienal Internacional do Livro de So Paulo instalouse no Pavilho de Exposies do Anhembi, o maior e mais nobre da cidade, onde alcanou sua 20 edio em agosto deste ano. A consolidao e expanso da Bienal Internacional do Livro de So Paulo hoje, a primeira da Amrica Latina e a segunda do mundo, tendo sua frente apenas a Feira de Frankfurt na Alemanha foram, por sua vez, poderosa alavanca do fortalecimento da cbl e sua permanente atuao a favor do livro e da leitura. Desde seu incio, as Bienais resultaram em maior visibilidade social e poltica, atraram a ateno dos governantes, ampliou-se a cobertura da mdia e a participao do grande pblico, todos interessados pelo produto e bem cultural que o livro. Tudo isso aconteceu em escala crescente, medida em que cresceu o nmero de editores e livreiros participantes e a afluncia de visitantes s Bienais de So Paulo e do Rio de Janeiro. Experincias semelhantes, mesmo em menores dimenses e voltadas para p-

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blicos locais, foram sendo replicadas pelo pas afora. Ou ainda, medida que as Bienais foram gerando sinergia com outras formas e instituies igualmente ligadas divulgao da produo cultural nacional caso do Jabuti, entre outros. No caso do Prmio Jabuti, a conexo e sinergia com as Bienais cresceram naturalmente. Ambos criao da Cmara Brasileira do Livro, criados para a valorizao do autor nacional e para a formao de um pas de leitores. Foram mantidos calendrios distintos e preservadas as respectivas competncias e autonomias, mas, sem dvida, estavam cada vez mais engatados. A ponto de, em certo perodo, nesta e na dcada anterior, o prmio passar a ser entregue nas Bienais Internacionais do Livro, revezando-se entre a de So Paulo e a do Rio de Janeiro. O Jabuti s tinha a beneficiar-se dessa conexo. No s pela maior visibilidade que as Bienais passaram a dar aos livros, autores e editores, mas tambm pelo fato de que algumas das obras inscritas para o Jabuti eram como continuam a ser , lanadas antes ou simultaneamente s Bienais. A promoo de lanamentos nas condies especiais que as Bienais ofereciam, e ainda oferecem, tm sido uma oportunidade de potencializar as credenciais da obra na disputa pelo prmio. Em sntese, pode-se dizer que ao longo das dcadas de 1970 e 1980, o Prmio Jabuti qualificou seu desempenho com o empenho da cbl e, sobretudo, com o impulso direto e indireto recebido das Bienais Internacionais do Livro. Foi um perodo de avanos reais, mas ainda sem grandes mudanas. Estas viriam na dcada de 1990, quando o Jabuti atingiu a maturidade.

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a n O s 90, m O d e r n i z a O e a m P l i a O Ao se aproximar dos seus trinta anos de vida, no final da dcada de 1980, o Prmio Jabuti mostrava boa forma. Primeiro, e no custa repetir, pela prpria sobrevivncia, j bastante duradoura para os padres dos prmios literrios no pas. Segundo, pelo grau de reconhecimento social que havia alcanado, bastante expressivo. Enfim, o futuro parecia promissor. Havia, entretanto, questes a resolver e obstculos a vencer. Ambos expondo fragilidades que suscitavam crticas pertinentes e exigiam mudanas para fazer o Jabuti avanar com firmeza, como porta-estandarte brasileiro do livro e da leitura. Apesar da transparncia e da credibilidade que o lastreavam, o Prmio Jabuti encontrava-se envolvido por uma atmosfera de excessiva informalidade. As comisses julgadoras organizadas pela Comisso Permanente eram constitudas por convidados no meio acadmico, pessoas especializadas e de notrio saber nas respectivas reas de conhecimento, mas ligadas premiao por laos quase pessoais. Na opinio de dirigentes da poca, entre eles Mrio Fittipaldi, Alfredo Weizflog e Ary K. Benclowicz, tais procedimentos contribuam para dar ao Prmio um ar por demais caseiro. Tambm era consenso estabelecido por sucessivas diretorias, do mesmo perodo, que a conexo entre o Jabuti e as Bienais, se at ali havia sido altamente benfica, agora estaria sendo menos favorvel. Para alguns dirigentes, o Prmio acabara ficando amarrado agenda das Bienais, para outros ele estava muito prximo de tornar-se simples anexo da Bienal Internacional do

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Tr aje t ri as

Quando o prmio foi criado, a cbl decidiu contatar intelectuais e professores com vida notvel para avaliar os contedos cada qual na sua rea dos livros. A diretoria da cbl nunca teve participao alguma junto aos jurados, esse processo caminha at hoje, tanto que temos jurados de todos os lugares do Brasil. O prmio Jabuti era entregue de uma maneira muito simples, na prpria cbl, cuja sede era na avenida Ipiranga. Mas, medida que o Jabuti vai tomando corpo, foi decidido que ele deveria ser anexado s Bienais. Mas chegou um momento que a cbl percebeu que o Jabuti estava amarrado, estava para explodir, crescer, tomar corpo. Diante disso, a cbl resolveu nomear um curador. Hoje o Jabuti tem um curador e ele quem manda e quem dirige toda a formatao do Prmio Jabuti. A cbl acompanha, mas no interfere. Em 2003, foi o ltimo ano que o Jabuti foi entregue nas Bienais. No ano seguinte, em 2004, resolvemos tirar o prmio das Bienais para que o Jabuti explodisse junto sociedade. No que ele no tivesse essa visibilidade, mas a partir do momento que o Jabuti passa a ser um evento de vida prpria ele acaba tendo um realce diferenciado. Essa deciso de dar ao Jabuti vida prpria aplaudida por todos: imprensa, editores, escritores. O Jabuti sai das Bienais e vai para o Memorial da Amrica Latina e foi um sucesso, pois antes de ir para o Memorial os convidados eram apenas os concorrentes e as editoras, a imprensa quase no participava. Depois ele sai do Memorial e vai para a sala So Paulo e passou ser uma grande festa. O Jabuti o maior prmio literrio do Brasil. (Entrevista de Oswaldo Siciliano, ex-presidente da cbl So Paulo, julho 2008)

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Livro de So Paulo e Rio de Janeiro. Para todos, parecia urgente desvincular o Prmio, energiz-lo e revigorar sua autonomia. Novos procedimentos comearam a se efetivar nos primeiros anos da dcada de 1990, a partir da aplicao de uma frmula simples, combinando independncia e profissionalismo. Em 1991, a cbl instituiu uma curadoria especfica para o planejamento e execuo da agenda do Prmio Jabuti, aprovou a profissionalizao das comisses julgadoras e a seleo dos jurados em nvel nacional. Na seqncia, decidiu-se ampliar o Prmio com novas categorias, criando-se as categorias especiais do Livro do Ano de Fico e Livro do Ano de No-Fico e atribuindo-se um valor financeiro s premiaes nas categorias pr-existentes e nas especiais recm-criadas; valor pequeno no incio, mas que deveria crescer com o tempo. Por fim, a entrega do Jabuti deixou ento o recinto e o ambiente das Bienais, e passou para o Memorial da Amrica Latina. A solenidade da premiao passou, ento, a ser melhor realizada, com luz prpria e o merecido destaque. O Jabuti rejuvenesceu. Ganhou envergadura e agilidade. Profissionalizou-se e modernizou-se. Estrategicamente, preparava-se para o futuro.

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Estatueta Prmio Jabuti Prmio Jabuti, 2001

Jos Luiz Goldfarb, Arthur Nestrovski Prmio Jabuti, 2003

Marcus Vinicius Barili Alves, Luiz Nassif Prmio Jabuti, 2003

Cludia Costin, Oswaldo Siciliano, Cludio Lembo, Jos Luiz Goldfarb, Joo Arinos, Caco Barcellos Prmio Jabuti, 2004

Chico Pinheiro, Caco Barcellos Prmio Jabuti, 2004

Lenice Bueno e Ivan Zigg Prmio Jabuti, 2004

Carlito Carvalhosa, Mrcia Xavier, Arnaldo Antunes Prmio Jabuti, 2004

Adib Jatene e Cludia Costin Prmio Jabuti, 2004

Catlogo Oficial Prmio Jabuti, 2005

Nlida Pion e Oswaldo Siciliano Prmio Jabuti, 2005

Nelida Pion Prmio Jabuti, 2005

Francisco Lea, Jos Luiz Goldfarb, Gabriel Chalita e Jos de Alencar Mayrink Prmio Jabuti, 2005

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Coquetel do Prmio Jabuti Prmio Jabuti, 2005

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3 O Reconhecimento

Respeitado, sempre foi. Hoje, ele amplamente prestigiado em todo o pas. Em sua trajetria de 50 anos, o Prmio Jabuti que em seus primrdios recebeu tratamento reverencial em sua maioridade passa a ser visto com inequvoco valor e alvo de reconhecimento pblico. PrestgiO Na noite de 13 de setembro de 2004, diante de mais de mil pessoas que lotavam o auditrio do Memorial da Amrica Latina, foram anunciados e entregues os prmios de Livro do Ano de Fico e Livro do Ano de No-Fico. Na cobertura jornalstica, representantes dos mais importantes rgos da mdia brasileira. A Cmara Brasileira do Livro, cbl, anunciou na noite de quinta-feira os vencedores do prmio mximo da 46 edio do Jabuti, no valor de r$ 15 mil, em cerimnia realizada no Memorial da Amrica Latina, em So Paulo. O livro-reportagem Abusado (Record), do jornalista Caco Barcellos, foi eleito o Livro do Ano de No-Fico e o romance Budapeste (Companhia das Letras), do compositor e escritor Chico Buarque de Holanda, o Livro do Ano de Fico, anotou o Dirio do Par. Que em seguida registrou: Logo aps aplaudir a conquista de Caco Barcellos,

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a platia silenciou diante do anncio da vitria de Budapeste. Um: Chico no estava presente para receber a homenagem. Dois: Budapeste no fora eleito pelos jurados como o vencedor da categoria romance, tendo recebido Meno Honrosa (3 lugar). O Jabuti gerava palmas e polmicas, como ocorreu nessa que foi uma edio emblemtica a primeira a realizar-se em grande estilo no Memorial da Amrica Latina depois da fase das Bienais, e a que bateu o recorde histrico de livros inscritos, exatos 2.374, e a primeira a ter as sesses de apurao dos votos dos jurados realizadas em pblico, na presena de autores, editores e jornalistas, na sede da cbl. As palmas eram bem-vindas e as polmicas tambm. Como explicou imprensa o curador do Prmio, Jos Luiz Goldfarb, resultados como esses suscitam discusses, mas deveriam ser vistos como naturais, pois os integrantes do jri que elege os vencedores das categorias no so os mesmos que votam nas categorias especiais de Livros do Ano, podendo fazer escolhas diferentes, ainda mais que ambos atuam com independncia. Goldfarb lembrou ainda que situaes semelhantes j haviam ocorrido em edies anteriores, em funo de normas do regulamento do Prmio com as quais se podia concordar ou no e a cbl estava sempre aberta s crticas e sugestes , mas que eram conhecidas de todos. Polmicas parte, ou at por causa delas, o fato que o Jabuti entrava na nova casa com nimo renovado, como se estivesse entrando em nova fase. No escapara a ningum entre os presentes solenidade que esta, mais que a entrega de uma

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estatueta e de um cheque aos vencedores, era uma homenagem ao livro, leitura e criao cultural do pas. Naquele momento a premiao refletia o que havia de melhor em pesquisa, originalidade, qualidade e tambm, como no caso de Caco Barcellos, em coragem e determinao. Como tambm no escapara a ningum o visvel aumento de interesse dos autores, editores, livreiros, designers, grficos e todos os envolvidos com os livros pelas sesses de premiao. A presena de um pblico maior, mais atento e participativo, mostrava que o Jabuti, definitivamente, ganhara os coraes e as mentes. Ser ou no ser premiado passou a fazer diferena. interesse crescente Os indicadores quantitativos comprovam essa evoluo. Ano a ano, edio a edio, o Jabuti recebia um nmero maior de inscries. Por um bom tempo, nas primeiras dcadas, a mdia de inscritos ficou entre quatrocentos e quinhentos ttulos. Na dcada de 1980, um avano significativo: o nmero de inscries praticamente dobrou. Mas foi ao longo da dcada de 1990 que o Jabuti deslanchou realmente, alcanando a performance atual. Em 1999, o Prmio, pela primeira vez, teve mais de mil e quinhentos inscritos e, em 2003, ultrapassou a casa das duas mil inscries. Entre 2004 e 2008 manteve-se o patamar de duas mil a duas mil e trezentas inscries em mdia a cada premiao e a participao de cerca de noventa editoras. Esses nmeros ganham ainda mais fora e sentido levandose em conta que as editoras aumentaram a quantidade de obras

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inscritas e, ao mesmo tempo, refinaram suas estratgias em relao ao Jabuti. Enquanto muitas editoras continuaram a inscrever livros em quase todas as categorias, outras optaram por investir mais em menos, ou seja, mais obras em menos categorias. Algumas at passaram a focar apenas algumas categorias literatura infantil e juvenil, obras paradidticas, livros tcnicos e cientficos ou de auto-ajuda, por exemplo para ter maiores chances de premiao e assim reforar o catlogo e as vendas. Em todas, porm, era igual a expectativa pelos resultados da apurao dos votos. Aos indicadores quantitativos, preciso acrescentar os qualitativos. E neste caso, os melhores so, sem dvida, as prprias manifestaes dos premiados. Como algumas das vrias manifestaes colhidas durante a ltima Bienal Internacional do Livro de So Paulo, em agosto de 2008. Acho o Jabuti um prmio muito importante que o mercado editorial brasileiro tem e que contempla inclusive a categoria infanto-juvenil e esta, apesar de ser uma grande fatia do mercado, no tem o reconhecimento de literatura, da intelectualidade brasileira. O Prmio Jabuti acaba compensando, isso porque ele reconhece o valor do artista. Ento, o Jabuti acaba dando um aval para o escritor de literatura infantil. Acho a festa perfeita, a premiao justa, s faria uma sugesto: que existisse o Livro do Ano para a categoria infanto-juvenil, disse Eva Furnari, escritora vrias vezes premiada. J o escritor e jornalista, Zuenir Ventura, foi enftico em seu comentrio: Ganhei o Prmio Jabuti em 1994 com o meu livro Cidade Partida. Na poca, o Jabuti ainda

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no era o que hoje: esse grande Prmio que todo mundo escuta e quer. Ele era desconhecido e me lembro que fiquei me perguntando que prmio era aquele e a descobri que era o prmio. Foi realmente muito bom ter recebido o Jabuti. Quem diz que no se interessa por prmios porque nunca ganhou. muito bom receber um prmio, principalmente o Jabuti que um prmio muito criterioso, muito democrtico, um prmio sem cartas marcadas, um prmio que realmente surpreende, pois no tem nenhum conchavo. O Jabuti um prmio que hoje todo mundo persegue. Ganhar o Jabuti foi uma consagrao. E o tambm jornalista e escritor, Gilberto Dimenstein, observou: Para mim, o prmio Jabuti representou um marco porque ganhei o Jabuti com o melhor Livro do Ano de No-Fico, com um livro que era educacional. Para mim serviu como marco para reforar o meu aprendizado sobre a comunicao com a educao. O Cidado de Papel me ajudou a aperfeioar e a me dedicar mais a essa linha na literatura. Quero dizer que o Jabuti tem sido uma referncia para o estmulo de novos escritores e para a consagrao dos melhores talentos na literatura brasileira. So depoimentos de trs autores premiados, entre vrios outros entrevistados na Bienal. Mas que no deixam dvida quanto ao que pensam do sentido e valor do Jabuti e quanto ao reconhecimento que ele vem conquistando na sociedade brasileira.

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P r emi ad o s

Livro do Ano de Fico

1991

1992

1992

1993

1994

1995

1996

1997

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2004

2005

2006

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P r emi ad o s

Livro do Ano de No-Fico

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

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2002

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2004

2005

2006

2007

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recOnhecimentO merecidO uma conquista merecida. O Jabuti, por seus promotores a Cmara Brasileira do Livro e sua curadoria tem avanado na busca de mais afirmao e melhor desempenho como prmio institucional. Nos ltimos quinze anos foram tomadas decises fundamentais com esse objetivo, envolvendo o regulamento e a operacionalizao das premiaes, levando sempre em conta os interesses do livro como produto de mercado e bem cultural. Entre outras decises importantes, cabe destacar, por ordem seqencial: o pagamento de um valor monetrio aos premiados, iniciado em 1992; a criao do Livro do Ano de Fico e do Livro do Ano de No-Fico, em 1991 e em 1993, respectivamente; o reajuste do valor monetrio pago aos premiados em 1999, com as premiaes especiais dos Livros do Ano alcanando r$ 12 mil cada uma; a premiao exclusiva dos primeiros colocados em cada categoria e a atribuio da Meno Honrosa ao 2 e 3 em 2002; a transferncia da solenidade de premiao para o Memorial da Amrica Latina, o lanamento do Guia de Orientao aos Jurados, a abertura ao pblico das sesses de apurao dos votos e a criao da categoria Arquitetura, Urbanismo, Fotografia, Comunicaes e Artes em 2004; a implantao do sistema de inscrio on line, completando a informatizao de todo o processo do Prmio Jabuti em 2006 e a criao do site prprio www. premiojabuti.com.br em 2007; e, por acordo com a Secretaria de Cultura do Estado de So Paulo, a realizao da premiao na Sala So Paulo, da Estao Jlio Prestes, em 2006 e 2007, quando tambm o valor distribudo aos premiados alcanou o total de

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r$ 120 mil, includos os r$ 30 mil para cada um dos vencedores do Livro do Ano. Naturalmente, o valor financeiro agregado ao Prmio Jabuti a partir da dcada de 1990 ajudou a dar mais densidade a ele, e mais interesse, certamente. Mas no foi, e no , o determinante do seu sucesso como o grande prmio cultural do pas. Inclusive porque se, na soma das premiaes, o valor significativo, nos prmios especiais dos Livros do Ano, o valor ainda modesto quando comparado aos de outras instituies e empresas que promovem ou patrocinam prmios do mesmo gnero no Brasil. Como deixam claro os testemunhos citados anteriormente, o determinante, ou determinantes, foram e so as qualidades intrnsecas do prprio prmio adquiridas ao longo de um contnuo desenvolvimento conceitual, tcnico e gerencial, como a transparncia e eficincia de sua metodologia, a competncia e a tica dos seus procedimentos, a lisura e consistncia dos seus julgamentos dentro das regras estabelecidas. Tudo isso e, mais do que isso ainda, o empenho obstinado da cbl em promover a produo cultural do pas, fizeram do Prmio Jabuti um personagem da histria da cultura brasileira contempornea. Personagem hoje capaz de estimular no s os diretamente envolvidos, autores e editores, mas tambm de atrair o apoio da mdia, cada vez mais presente na cobertura das selees das obras, apuraes dos votos e das premiaes, e o interesse do grande pblico leitor, cada vez mais atento s obras devidamente destacadas nas livrarias com o selo do Jabuti.

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Marcos Vincius Barili Alves, Jos Mindlin, Diana Mindlin, Oswaldo Siciliano e Jos Castilho Marques Prmio Jabuti, 2006

Enoch Brder e Rosely Boschini Prmio Jabuti, 2006

Ruy Castro Prmio Jabuti, 2006

Marcelino Freire Prmio Jabuti, 2006

Domingos Meirelles Prmio Jabuti, 2006

Gabriel, o Pensador e filho Prmio Jabuti, 2006

Paulo Franchetti e Giuliana Ragusa Prmio Jabuti, 2006

Paulo Rocco e Affondo Romano de Santanna Prmio Jabuti, 2006

Jos Luiz Goldfarb e Aziz AbSaber Prmio Jabuti, 2006

Milton Hatoum e Ruth Prmio Jabuti, 2006

Milton Hatoum Prmio Jabuti, 2006

Oswaldo Siciliano e Ruy Castro Prmio Jabuti, 2006

Catlogo Oficial Prmio Jabuti, 2006

Estatueta Prmio Jabuti

Sala So Paulo Prmio Jabuti, 2006

4 Os Resultados

O Prmio Jabuti tornou-se selo de qualidade editorial e marca de valor literrio, artstico e cientfico das obras premiadas. Resta avaliar o quanto essa conquista resultou e resulta em benefcios reais e concretos para a indstria do livro e todos os segmentos que a compem. Trata-se de uma discusso que tem a idade do Jabuti e ainda no est inteiramente resolvida. Simplesmente porque no simples nem fcil quantificar esses resultados. c u l t u ra e m e r c a d O No simples nem fcil, pela falta de dados mais precisos e completos, relativos s tiragens e vendas de obras premiadas por categoria, por editora e por edio o que seria pr-condio para uma correta mensurao dos benefcios financeiros obtidos por essas obras. Mas tambm pela prpria natureza do prmio, que ainda suscita dvidas e provoca indagaes. Afinal, o Jabuti apenas um prmio literrio? Um prmio cultural que resulta em desempenhos comerciais? Um prmio da cultura que interfere no comportamento do mercado? Como o simptico e discreto quelnio que lhe serve de smbolo, o Jabuti no se deixa decifrar facilmente.

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A discusso persistiu com maior intensidade at o final da dcada de 1980 entre dirigentes e associados da cbl, entre estes e os diretamente responsveis pela gesto do prmio. No era retrica. Dizia respeito aos objetivos para os quais o prmio fora criado e aos interesses legtimos das empresas e dos profissionais do livro, que nele investem capital e trabalho. Hoje, essa complexa e delicada relao entre cultura e mercado na vida do Prmio Jabuti est mais esclarecida. O Jabuti, nesta e na dcada anterior, mudou e evoluiu muito na sua concepo e atuao, acompanhando a evoluo da cultura e do mercado editorial brasileiro. O Jabuti cresceu e tornou-se mais complexo. Reconhecidamente mais capacitado tanto para a divulgao da cultura, premiando com independncia obras de alta qualidade literrias e no-literrias, de autores consagrados e desconhecidos, alguns destes at com o prmio do Livro do Ano , qualificou-se para a promoo das vendas, dando sua chancela s obras selecionadas e premiadas. Uma coisa no mudou: a essncia do Prmio Jabuti, expressa desde sua fundao no compromisso inarredvel com a promoo da cultura nacional e a valorizao de seus autores as duas coordenadas que guiam o prmio no apenas na misso de promover o livro e a leitura, mas toda a indstria editorial e livreira do pas. vi s i B i l i d a d e e a l ava n c a g e m Essa misso vem sendo cumprida com afinco nestes 50 anos de histria do Prmio Jabuti. Houve, certo, diferentes etapas ao

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Mudanas

Antes de ser criada a curadoria, em 1991, o Prmio ainda era frgil, no tinha sinergia, envolvimento, no era estruturado. E, por outro lado, o jri escolhia livros que no eram vendveis, podia at ter contedo, mas o livreiro dizia: esse livro pode ter mrito, mas no vai vender. Existia uma contradio danada no Jabuti em torno de saber se o livro que ganhasse o prmio tinha que ser mais comercial ou menos comercial e tambm foi por isso que se abriram tantas categorias. Por outro lado, o jri era muito acadmico e estava mais preocupado com o contedo. E o editor ficava no meio, pois para ele era bom receber o prmio, mas por outro lado ele precisava vender tambm. Com a entrada do Jos Luiz Goldfarb como curador, muita coisa mudou na estrutura do Prmio Jabuti. Na verdade, j vinha mudando na gesto de Alfredo Weiszflog (que me antecedeu na presidncia) com as mudanas promovidas na prpria Cmara, que se abre mais e as pessoas passam a participar mais da vida da instituio. Com essa maior abertura e essas mudanas, o Prmio Jabuti tambm acaba tomando novos rumos. Hoje o Jabuti mais complexo, um prmio da classe editorial. Em minha opinio, o Jabuti um prmio literrio, ele nunca foi comercial; s se o segmento de literatura for comercial por ser mais vendido e mais lido. Em outras reas, principalmente na tcnico-cientfica, de direito ou de medicina isso no acontece. (Entrevista de Ary Kuflik Benklowicz, ex-presidente da cbl, julho 2008)

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longo da caminhada, com maior ou menor xito, mas a recente arrancada contribuiu muito para um balano favorvel. Os resultados, mesmo no sendo medidos com preciso, devem ser considerados francamente positivos. O primeiro e mais importante deles, e o mais visvel, o reconhecimento social. O Jabuti goza hoje de um grau aprecivel de reconhecimento pela sociedade brasileira, que s no maior porque, infelizmente, a parte da sociedade com educao e meios de acesso aos bens culturais aos livros, em especial cresce menos que o desejvel. Apesar das condies adversas, o reconhecimento social expressivo e uma boa demonstrao est na presena e no apoio da mdia brasileira ao Prmio Jabuti. Mdia, aqui, envolvendo desde jornais e revistas com suas sesses especializadas at o rdio e a tv e, nos ltimos anos, a mdia virtual com sites, homepages, blogs de todo tipo. Um bom indicador da popularidade do prmio no mundo virtual so os sites de busca na Internet, do tipo alerta, que rastreiam e informam em tempo real as ocorrncias que o nome Jabuti aparece sendo usado em referncia a autores, editoras, obras, premiaes, eventos culturais etc. So inmeras ocorrncias dirias por todo o pas. O crescente reconhecimento pela sociedade e pela mdia mostra o grau elevado de visibilidade alcanado pelo Jabuti, a qual, por sua vez, funciona como um ponto de referncia e apoio para toda a rede da indstria e do comrcio do livro, das papeleiras s livrarias. Essa visibilidade tem ajudado a alavancar novos investimentos na modernizao da atividade grfica e a estimular a criao de novas editoras, o surgimento de novos autores e o

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fortalecimento dos profissionais autnomos ligados produo livreira do pas. Produo que, segundo dados oficiais, era de 22 mil ttulos em 1990 e cresceu para 46 mil em 2006, com certeza, contando tambm com a valorizao do Prmio Jabuti. Quantidade e Qualidade Pode-se, certo, questionar o verdadeiro significado desses nmeros para o desempenho do setor livreiro-editorial na ltima dcada e meia. Sabe-se que parte substancial desse crescimento, em ttulos, veio da produo de obras didticas vendidas diretamente aos programas governamentais. Como tambm se sabe que os investimentos tm privilegiado a produo mais que a circulao, levando incmoda situao de, proporcionalmente, haver mais editoras do que livrarias no Brasil. Ambos os casos mostrariam uma tendncia de expanso real da indstria do livro, mas onde a quantidade ainda supera a qualidade, o dinamismo econmico baixo e pouco sustentvel. So ponderaes pertinentes as que mencionamos. Apontam para alguns dos gargalos da indstria e do comrcio livreiro sobretudo a falta de investimentos em livrarias e outros pontos de venda e para as deficincias das polticas pblicas voltadas para a educao e a cultura, como, por exemplo, a falta de programas estruturados e eficientes de bibliotecas nas escolas, nos municpios, nos bairros. Por melhores que sejam seu desenvolvimento e seu desempenho, no sero o Prmio Jabuti e a Cmara Brasileira do Livro, instituio que o promove, que iro vencer sozinhos esses obs-

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tculos e superar tais impasses. Estes so desafios antigos e de longo prazo, que seguem na dependncia de solues amplas e estruturais, no mbito pblico e privado. Mas no h dvida que o prmio poder continuar a dar, como vem dando h bom tempo, aprecivel contribuio para mudar esse quadro. Estimulando e recompensando o mrito autoral, revelando e destacando para a sociedade a qualidade editorial das obras premiadas, o Jabuti coloca-se na linha de frente da defesa e promoo do livro e da leitura. Que so a grande fonte de energia vital da cultura, no Brasil e em qualquer pas civilizado.

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Jos Luiz Goldfarb, Rosely Boschini e Alberto Goldman Prmio Jabuti, 2007

Jos Luiz Goldfarb, Rosely Boschini e Muniz Sodr Prmio Jabuti, 2007

Ferreira Gullar e imprensa Prmio Jabuti, 2007

Foyer na Sala So Paulo Prmio Jabuti, 2007

Ferreira Gullar Prmio Jabuti, 2007

Hubert Alqures, Ferreira Gullar Prmio Jabuti, 2007

Rosely Boschini, Deuzeni Goldman e Alberto Goldman Prmio Jabuti, 2007

Aluzio Leite Neto, Muniz Sodr, Jos Luiz Goldfarb, Rosely Boschini, Ivana Jinkings , Emir Sader, Carlos Eduardo Martins e Clia Regina Prmio Jabuti, 2007

Luiz Olavo Baptista, Simone de Lucia P. Batista, Plnio Martins Filho e Paulo Malta Prmio Jabuti, 2007

Cerimnia na Sala So Paulo Prmio Jabuti, 2007

Sala So Paulo Prmio Jabuti, 2007

Catlogo Oficial Prmio Jabuti, 2007

5 O Jabuti aos 50 Anos

Toda instituio que consegue alcanar a maturidade ganha uma histria passa a ter um presente, objeto da observao e da razo, e um passado, objeto da razo e da memria. Passado que remete a uma origem, a qual por sua vez, no raro, est preservada em figuras ou smbolos extrados do imaginrio cultural e que se impuseram aos acontecimentos, virando mitos. Todas as histrias, ou quase todas, comeam com um mito fundador. Como esta, do Prmio Jabuti. O mitO Por que os criadores do prmio, dirigentes da Cmara Brasileira do Livro nos distantes anos de 1950, escolheram logo o jabuti para denomin-lo e ser o seu personagem-patrono? Por que no seguiram o padro mais comum no Brasil, escolhendo um nome nobre e conhecido, ligado s letras, poltica ou cultura? A resposta um exerccio de razo e memria. A escolha no foi gratuita. Ao contrrio, teve tudo a ver com o ambiente cultural e poltico de seu tempo. Para essa escolha concorreram o modernismo e o nacionalismo, a valorizao da cultura brasileira nas suas razes indgenas e africanas, a valorizao da cultura popular nas suas figuras mticas, smbolos secu-

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lares carregados de sabedoria e experincia de vida e legados de uma gerao a outra. Slvio Romero, Mrio de Andrade, Monteiro Lobato e Lus da Cmara Cascudo, entre o final do sculo xix e o incio do sculo xx, foram pioneiros na pesquisa, no estudo e na divulgao dessa rica cultura popular. E foi Monteiro Lobato, provavelmente, o mais prolfico na recriao literria das histrias desses personagens meio enigmticos, meio reveladores e sempre sedutores do folclore nacional. Um desses personagens da literatura infantil lobatiana , como se sabe, o jabuti. O pequeno quelnio, j familiar no imaginrio das culturas indgenas tupi, ganhou vida e personalidade nas fabulaes do autor das Reinaes de Narizinho, como uma tartaruga vagarosa, mas obstinada e esperta, cheia de truques para vencer obstculos, para enganar concorrentes mais bem dotados e chegar na frente ao fim da jornada. Com essas credenciais, ganhou tambm a simpatia e a preferncia dos dirigentes da cbl. Eles o elegeram para inspirar e patrocinar um prmio para homenagear e promover o livro. No possvel saber com certeza se os dirigentes da Cmara, poca, entraram rapidamente em consenso a respeito da escolha do heri tupi para smbolo do prmio que estavam criando. Mas provvel que a escolha tenha acabado por convencer a todos, e por boas razes. Por um lado, o jabuti vinha do interior profundo da cultura popular e conduzido pelas mos de ningum menos que Monteiro Lobato. Por outro, as virtudes do personagem mtico identificavam-se plenamente com as do personagem real, o prmio.

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O pr i me i ro Jabut iDiscursando na primeira premiao, Jos de Barros Martins, o novo presidente da cbl que tomava posse para o binio 1959-1961, fez o elogio do Prmio por seu personagem-smbolo:

Bem escolhido, sem dvida, o jabuti como smbolo da atividade que exercemos escritores e editores, livreiros e grficos, artistas e jornalistas. Essa entidade mitolgica brasileira se caracteriza, nas histrias em que surge, pela pacincia e pertincia, aceitando sempre desafios em que a vitria, de antemo, parece sorrir ao adversrio, iluso que logo se desfaz, pois o triunfador o perseverante e pachorrento personagem folclrico (...). Assim tambm so todos os profissionais do livro. O triunfo que buscam no exterior e vo. Est no prprio ato de realizar e criar, na imperiosa necessidade de produzir, no empenho e na f com que se entregam ao seu trabalho e nele se integram. (Relatrio da Diretoria da cbl, 19/06/59 a 19/06/60; citado do livro dos 60 Anos da cbl, 2006, p. 64)

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Pois, tal qual o jabuti, para vencer e chegar ao fim da jornada, o prmio a ser dado aos livros tambm teria que ser paciente e persistente, forte e obstinado, esperto e ousado. Com uma diferena, porm. Ao contrrio do jabuti do mito, que se arrasta, o Jabuti do prmio teria que aprender a andar ereto como desde logo foi simbolizado pela estatueta oficial, com o pequeno heri quelnico em p. a realidade Cinqenta anos depois de iniciada a jornada, o cenrio outro. O Prmio Jabuti cresceu, virou um personagem notado e notvel. As premiaes deixaram a modstia de lado para se tornarem grandes festividades, em ambientes culturais sofisticados, em meio a muita expectativa dos concorrentes e a presena atenta da imprensa. O Jabuti, pode-se afirmar sem receio de errar, aprendeu a andar em p. Conservou as virtudes de origem, como a constncia e a perseverana, e desenvolveu outras, como a flexibilidade e a agilidade. Com elas pde mover-se mais e melhor. Como faz questo de lembrar a atual presidente da Cmara Brasileira do Livro, Rosely Boschini, o Jabuti andou, andou muito neste tempo todo. Ao contrrio de outros prmios, concursos e promoes semelhantes criadas em So Paulo ou no Sudeste, que em geral por aqui permanecem, o Prmio Jabuti est hoje disseminado pelo pas inteiro. Fala-se no Jabuti como referncia de premiao cultural tanto no Par e Rio Grande do Norte, quanto em Gois, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

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O Jabuti tornou-se um prmio nacional, para a produo cultural nacional. As obras inscritas vm de editoras de todos os Estados e os autores premiados pode-se conferir pelos resultados oficiais das premiaes so igualmente representativos do pas. E mesmo que a maioria deles proceda do Sudeste, onde se encontra ainda a populao com mais meios de acesso educao e cultura, as premiaes do Jabuti apresentam surpresas. Caso, por exemplo, da escolha do Livro do Ano de Fico de 2000, atribudo ao contista gacho ainda pouco conhecido, Menalton Braff, com Sombra do Cipreste, da Editora Palavra Mgica. Se fosse isso apenas que tivesse conseguido realizar o Prmio Jabuti desregionalizar-se e tornar-se uma referncia nacional j teria valido a pena a longa jornada. Quebrar barreiras e preconceitos regionais, que so parte da formao econmica, poltica e cultural brasileira, no simples nem fcil. Mas houve outras conquistas no menos importantes. Entre elas, a descoberta de talentos novos e o reencontro com outros. Caso do escritor Carlos Heitor Cony. Fazendo parte do primeiro time de escritores brasileiros, pelas circunstncias da vida e trapaas da sorte, Cony, segundo suas prprias palavras, andava meio desligado das letras. Premiado em 1996 com o Livro do Ano de 1996 por Quase Memria, da Companhia das Letras, reanimou-se. Reanimou-se tanto, que, apenas dois anos depois, ganhou outro Jabuti com A Casa do Poeta Trgico, da mesma editora. O Jabuti me jogou de novo para a literatura, confidenciou Cony, na ocasio, equipe do prmio e imprensa.

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Ganhou o autor e, acima de tudo, ganhou a literatura. A cultura brasileira, e o Jabuti, agradecem. So casos como esse que mostram, ao vivo, como o Prmio Jabuti cumpre a misso que se props, de valorizar o autor nacional de literatura, de cincias, de arte, de literatura infantojuvenil, de teatro etc. e, por meio dele, promover nossa cultura. OutrOs 50 A misso continua. Como o jabuti das fbulas, o Jabuti do prmio superou seus limites, mas, ao contrrio dele, no chegou ao fim da jornada. A histria no acaba aqui. Os 50 anos so um marco e uma inspirao. So um marco histrico, sem dvida. De uma trajetria de pioneirismo e ousadia na democratizao do livro e da leitura, de incentivo a autores e editores, de prestgio a todos os envolvidos com a produo e divulgao da cultura das letras, artes e cincias, de escritores a grficos, de pesquisadores a livreiros. Trajetria mais longa do que talvez pudessem esperar seus criadores e, certamente, muito mais do que costumam ser as trajetrias das premiaes culturais brasileiras. O nimo de persistncia e permanncia garantiu a contnua busca de melhor estrutura e desempenho. Por isso, as boas lembranas dos primeiros cinqenta anos do Jabuti sero uma inspirao para outros cinqenta. Fiel ao seu passado, mas de olho no futuro, o Prmio Jabuti manter a mesma tenacidade, temperada com criatividade. Maduro, manter um esprito jovem e aberto inovao. Seguir sendo, cada

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vez mais, chancela de qualidade autoral e editorial, marca de valor de cultura e tambm de mercado. Seguir contribuindo para a construo de um pas melhor. Como se dizia ao final dos discursos de premiao nos primeiros anos, aos vencedores, pois, o Jabuti!. ***

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Cronologia

1946 Fundao da Cmara Brasileira do Livro, em So Paulo. 1948 A cbl promove o primeiro Congresso de Editores e Livreiros do Brasil. 1954 Inaugurao da nova sede da cbl, na avenida Ipiranga 1267, 10o andar, centro da capital paulista. 1955 Criado o Conselho dos Fundadores; a cbl participa do Conselho Consultivo do inl Instituto Nacional do Livro. 1957 Criado pela cbl o diploma Amigo do Livro; o primeiro conferido ao Presidente Juscelino Kubitschek. 1958 Criao do Prmio Jabuti pela Cmara Brasileira do Livro, com sete categorias e uma categoria especial, a de Personalidade Literria do Ano. 1959 Entrega do primeiro Prmio Jabuti pela cbl, com a estatueta-smbolo confeccionada pelo escultor Bernardo Cid de Souza Pinto. 1961 A cbl promove a 1a Bienal Internacional do Livro e das Artes Grficas, com apoio do Museu de Arte de So Paulo. 1961-1964 Criadas novas categorias para o Prmio Jabuti, que passam a envolver a atividade de traduo, o jornalismo e as cincias.

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1966 O Prmio Jabuti inclui entre suas categorias de premiao os livros escolares das primeiras sries do ensino fundamental. 1970 A cbl realiza a 1a Bienal Internacional do Livro de So Paulo no Pavilho da Fundao Bienal, no Parque do Ibirapuera. 1978 Criadas no Prmio Jabuti as novas categorias de Tecnologia, Traduo de Obra Cientfica e Livro de Arte. 1991 A Cmara Brasileira do Livro cria a curadoria do Prmio Jabuti, convidando Jos Luiz Goldfarb a assumi-la. 1991 e 1993 Criadas as categorias de Melhor Livro do Ano em Fico e Melhor Livro do Ano de No-Fico. 1992 O Prmio Jabuti passa a ser entregue durante a realizao da Bienal Internacional do Livro, revezando-se entre a de So Paulo e a do Rio de Janeiro. As comisses julgadoras do Prmio Jabuti passam a ser profissionalizadas e os vencedores em primeiro lugar nas diversas categorias passam a receber um valor em dinheiro junto com o Prmio. 1999 Na 40 premiao, o nmero de obras inscritas para o Prmio Jabuti ultrapassa 1.500; o valor monetrio oferecido aos ganhadores dos melhores livros do ano de r$ 12 mil para cada um. 2004 Criado o Guia de Orientao aos Jurados e estabelecidos novos critrios para a formao das comisses julgadoras. A solenidade de entrega do Prmio Jabuti transferida para o Memorial da Amrica Latina, em So Paulo. 2006 O Prmio Jabuti aumenta para dezenove o nmero de categorias e o valor monetrio total distribudo aos ganhadores

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alcana r$ 120 mil. Em homenagem ao 60 aniversrio de fundao da cbl, e com apoio da Secretaria de Cultura do Estado de So Paulo, a solenidade de premiao realizada na Sala So Paulo da Estao Jlio Prestes. 2007 Criado o site do Prmio, www.premiojabuti.com.br. Com 2.054 obras inscritas em vinte categorias e 1.200 convidados presentes, o Prmio Jabuti atinge, de forma ininterrupta, a sua 49 realizao. 2008 Cinquentenrio do Prmio Jabuti.

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Bibliografia

Cmara Brasileira do Livro 50 Anos. So Paulo, Cmara Brasileira do Livro, 1996. Cmara Brasileira do Livro 60 Anos. So Paulo, Cmara Brasileira do Livro, 2006. cbl, Histrico do Prmio Jabuti, 1959-1995. cbl, Prmio Jabuti Guia de Orientao aos Jurados, vrios anos. cbl, Prmio Jabuti, Catlogo Oficial, vrios anos. cbl, Regulamento do Prmio Jabuti, 1959, 1987 e 2001. Cascudo, Lus da Cmara. Dicionrio do Folclore Brasileiro. 9 ed. ver. So Paulo, Global, 2000. Chartier, Anne-Marie e Hbrard, Jean. Discursos sobre a leitura, 1880-1890. So Paulo, tica, 1995. Guimares, Ruth. Compadre Jabu Histrias de Jabuti. So Bernardo do Campo, Usina de Idias, 2008. Hallewell, Laurence. O Livro no Brasil, sua histria. 2 ed., So Paulo, Edusp, 2005. Jabuti, in Panorama Editorial. So Paulo, cbl, ano 1, no 1, set. 2004, p. 14-16. Lajolo, Marisa e Zilberman, Regina. A formao da leitura no Brasil. So Paulo, tica, 1996.

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Lindoso, Felipe. O Brasil pode ser um pas de leitores? Poltica para a cultura / Poltica para o livro. So Paulo, Summus Editorial, 2004. Martins, Wilson. A Palavra Escrita. Histria do livro, da imprensa e da biblioteca. So Paulo, tica, 1996. Paixo, Fernando (org.). Momento do livro no Brasil. So Paulo, tica, 1995. Portella, Eduardo (org.). Reflexes sobre os caminhos do livro. So Paulo, Unesco / Moderna, 2001. Prmio Jabuti, in Panorama Editorial. So Paulo, cbl, ano 4, no 37, fev. 2008, p. 20-25. Zaid, Gabriel. Livros demais. Sobre ler, escrever e publicar. So Paulo, Summus Editorial, 2004. Zilberman, Regina. Fim do livro, fim dos leitores? So Paulo, Editora Senac, 2001.

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Presidentes da cbl

1946 a 1950 Jorge Saraiva Saraiva s.a. Livreiros Editores 1950 a 1953 Hernani de Campos Seabra Livraria Martins Editora 1953 a 1955 Abel Ferraz de Souza Livraria Edit. Paulicia Edies lep 1955 a 1957 Edgar Cavalheiro Editora Globo 1957 a 1959 Diaulas Riedel Editora Pensamento Ltda.

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1959 a 1961 Jos de Barros Martins Livraria Martins Editora 1961 a 1963 Octalles Marcondes Ferreira Cia. Editora Nacional 1963 a 1965 Mrio Fittipaldi Editora das Amricas 1965 a 1967 Francisco Marins Cia. Melhoramentos de So Paulo 1967 a 1975 Paulino Saraiva Saraiva s.a. Livreiros e Editores 1975 a 1977 nio Matheus Guazzelli Pioneira Editora e Livraria 1977 a 1985 Mrio Fittipaldi Editora das Amricas

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1985 a 1989 Alfredo Weiszflog Cia. Melhoramentos de So Paulo 1989 a 1993 Ary Kuflik Benclowicz Livraria Nobel 1993 a 1995 Armando Antongini Filho Livraria Freitas Bastos 1995 a 1999 Altair Ferreira Brasil Editora Edgard Blcher 1999 a 2003 Raul Wassermann Summus Editorial 2003 a 2007 Oswaldo Siciliano Siciliano Gesto atual (2007 2008) Rosely Boschini Editora Gente

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Livros Premiados com o Jabuti (1959-2007)

Ao longo de cinco dcadas, o Prmio Jabuti passou por muitas mudanas para adequar-se constante evoluo do setor editorial brasileiro. Isso se refletiu na criao de novas categorias e no nmero de premiados em cada uma delas. As mais significativas alteraes foram: Na primeira edio do Prmio eram nove categorias e hoje so vinte. De 1959 a 1992 havia apenas um ganhador por categoria. Em 1993 foram cinco premiados por categoria. O mesmo ocorreu em 1994, com pequenas variaes em algumas das categorias existentes. De 1995 a 2001 os trs primeiros colocados por categoria foram premiados. De 2002 a 2005 o segundo e terceiro colocados receberam o prmio como meno honrosa. De 2006 a 2008 voltam as valer as modalidades do perodo 1995 a 2001.

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1959Prmio Personalidade Literria do Ano Srgio Milliet Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas gua Preta, Jorge Medauar Categoria Estudos Literrios (Ensaios) A Cidade de So Paulo Estudos de Geografia Urbana, Associao dos Gegrafos Brasileiros (Seo So Paulo) Categoria Histria Literria Histria do Modernismo Brasileiro, Mrio da Silva Brito Categoria Ilustraes A Cidade do Salvador, Carlos Bastos Categoria Literatura Infantil Aventuras na Roca, Renato Sneca Fleury Categoria Literatura Juvenil Glorinha, Isa Silveira Leal Categoria Romance Gabriela, Cravo e Canela, Jorge Amado

Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Novelas Nada Exemplares, Dalton Trevisan (Contos) Os Caminhantes de Santa Luzia, Ricardo Ramos (Novelas) Categoria Estudos Literrios (Ensaios) Ea de Queiroz, Agitador do Brasil, Paulo Cavalcanti Categoria Histria Literria Formao da Literatura Brasileira, Antonio Candido Categoria Ilustraes Nome da obra no divulgado, Oswaldo Storni Categoria Literatura Infantil Vila Lobos, Alma Sonora do Brasil, Arnaldo Magalhes de Giacomo Categoria Poesia Obra Potica, Sosigenes Costa Categoria Romance O Trapicheiro, Marques Rebelo

1961 1960Prmio Personalidade Literria do Ano Menotti Del Picchia Categoria Capista Conjunto de Capas Editora Civilizao Brasileira, Eugnio Hirsch Prmio Personalidade Literria do Ano lvaro Lins Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Laos de Famlia, Clarice Lispector Categoria Estudos Literrios (Ensaios) Histria e Interpretao de Os Sertes, Olimpio de Sousa Andrade

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Categoria Poesia A Difcil Manh, Cassiano Ricardo Categoria Romance Rua Augusta, Maria de Lourdes Teixeira

1963Prmio Personalidade Literria do Ano Jos Geraldo Vieira Categoria Autor Revelao Literatura Adulta Deus da Chuva e da Morte, Jorge Mautner Categoria Biografia e/ou Memrias Belenzinho, 1910, Jacob Penteado Categoria Capista Obra no divulgada, Vicente Di Grado Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Passe as Frias em Nassau, Julieta Godoi Ladeira Categoria Estudos Literrios (Ensaios) O Mundo antes do Dilvio, Mrio Graciotti Categoria Histria Literria A Literatura Brasileira, Jos Aderaldo Castelo Categoria Literatura Infantil Aventuras de Eduardo, Elos Sand Categoria Poesia Lavra, Lavra, Mario Chamie Categoria Romance A Mudana, Marques Rabelo Categoria Traduo de Obra Literria Poemas de Israel, Ceclia Meireles

1962Prmio Personalidade Literria do Ano Jorge Amado Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Os Desertos, Ricardo Ramos Categoria Literatura Adulta (autor revelao) Deus Aposentado, Lenita Miranda de Figueiredo Categoria Literatura Infantil O Circo, Jannat Moutinho Ribeiro Categoria Literatura Juvenil nico Amor de Ana Maria, Isa Silveira Leal Categoria Poesia Maneiras Literrias em So Paulo na poca Colonial, Pericles da Silva Pinheiro Universo, Mrio da Silva Brito Categoria Romance Porto Calendrio, Osrio Alves de Castro Categoria Traduo de Obra Literria As Mil e Uma Noites, Nair Lacerda

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1964Prmio Personalidade Literria do Ano Fernando Azevedo Categoria Capista Contos da Condessa de Segur, Mogens Ove Osterbye Categoria Cincias Exatas Matemtica Curso Moderno, Ovaldo Sangorgi Categoria Cincias Humanas (exceto Letras) Corpo e Alma do Brasil, Florestan Feranandes Categoria Cincias Naturais Gentica, Crodowaldo Pavan e Antonio Brito da Cunha Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Malagueta, Perus e Bacanaco, Joo Antonio Categoria Histria Literria Histria da Literatura Ocidental, Otto Maria Carpeux Categoria Ilustraes Santa Maria do Belm, Gro Par, Percy Lau Categoria Literatura Infantil O Cachorrinho Samba na Rssia, Maria Jos Dupre Categoria Poesia Histria da Caricatura no Brasil, Herman Lima Solombra, Ceclia Meireles

Romance Groto do Caf Amarelo, Francisco Marins

1965Prmio Personalidade Literria do Ano rico Verssimo Categoria Romance O Coronel e o Lobisomem, Jos Candido de Carvalho Categoria Biografia e/ ou Memrias Noturno da Lapa, Luis Martins Categoria Capista Contos da Condessa de Segur, Mogens Ove Osterbye Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Cemitrio de Elefantes, Dalton Trevisan Categoria Literatura Infantil Zuzuquinho, Wanda Myzielsky Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Valdemar Cavalcanti O Jornal Categoria Poesia Jeremias sem Chorar, Cassiano Ricardo. Os Parceiros do Rio Bonito, Antonio Candido Categoria Teatro Teatro em Progresso, Dcio de Almeida Prado

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1966Prmio Personalidade Literria do Ano Antonio Candido Categoria Literatura Adulta Autor Revelao O Pssaro da Escurido, Eugnia Sereno Categoria Biografia e/ ou Memrias Jos de Alencar, Literato e Poltico, Raimundo de Menezes Categoria Capista Poluio e Desenvolvimento, Apollo Silveira Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Jardim Selvagem, Lygia Fagundes Telles Categoria Estudos Literrios (Ensaios) Literatura e Sociedade, Antonio Candido Categoria Ilustraes Joana, Noemia Graciano e Clovis Graciano Categoria Literatura Infantil Joana, Mauricio Goulart Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Dcio de Almeida Prado O Estado de S. Paulo Categoria Poesia Procura e Nvoa, Carlos Soule do Amaral Categoria Romance O Senhor Embaixador, rico Verssimo

1967Prmio Personalidade Literria do Ano Cndido Motta Filho Categoria Autor Revelao Literatura Adulta As Trs Quedas do Pssaro, Maria Geralda do Amaral Categoria Biografia e/ ou Memrias Fagundes Varela, Vicente de Paulo Vicente de Azevedo Categoria Capista O Homem de Terno Marrom, Alceu Saldanha Categoria Cincias Humanas (exceto Letras) Messianismo no Brasil e no Mundo, Maria Isaura Pereira de Queiroz Categoria Cincias Naturais Botnica Introduo e Sistemtica, Aylton Brando Joly Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Veranico de Janeiro, Bernardo Elis Categoria Estudos Literrios (Ensaios) Espelho Infiel, Fernando Ges Categoria lustraes Sexo e Seduo, Flavio Imprio Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Carlos Soulie do Amaral Jornal da Tarde

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Categoria Poesia Educao Pela Pedra, Joo Cabral de Melo Neto Categoria Romance Confisses do Frei Abbora, Jos Mauro de Vasconcelos

Categoria Poesia Versiprosa, Carlos Drummond de Andrade Categoria Romance O Tronco, Bernardes Elis

1968Prmio Personalidade Literria do Ano Guilherme de Almeida Categoria Autor Revelao Literatura Adulta Por onde Andou Meu Corao, Maria Helena Cardoso Categoria Biografia e/ ou Memrias A Vida de Eduardo Prado, Cndido Motta Filho Poeira do Tempo, Herman Lima Categoria Contos/ Crnica/ Novelas O Enterro da Cafetina, Marcos Rey Categoria Estudos Literrios (Ensaio) O Enigma de Capitu, Eugnio Gomes Categoria Literatura Infantil Encanto e Verdade, Thales de Andrade Categoria Literatura Juvenil Xisto no Espao, Lucia Machado de Almeida Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Lo Gilson Ribeiro Jornal da Tarde

1969Prmio Personalidade Literria do Ano Nelson Palma Travassos Categoria Autor Revelao Literatura Adulta Canto Sem Fim, Romeu Gomes Porto Categoria Biografia e/ ou Memrias Martins Fontes, Jacob Penteado Categoria Biografia e/ ou Memrias Planalto, Afonso Arinos de Melo Franco Categoria Capista Barro Blanco, Jayme Cortez Contos/ Crnicas/ Novelas Corrente de um Elo S, Maria Ceclia Caldeira Categoria Estudos Literrios (Ensaios) Do Barroco ao Modernismo, Pricles Eugnio da Silva Ramos Categoria Ilustraes Minas, Cidades Barrocas, Rene Lefvre Categoria Literatura Infantil Aventuras de Dito Carreiro, Jannart Moutinho Ribeiro

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Categoria Literatura Juvenil O Menino dos Palmares, Isa Silveira Leal Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Jos Geraldo Nogueira Moutinho Folha de S. Paulo Categoria Poesia Cadernos de Capazul, Stella Car Categoria Romance Noites do Relmpago, Ibiapaba Martins

Categoria Estudos Literrios (Ensaios) O Carter Social da Literatura Brasileira, Fbio Lucas Categoria Literatura Infantil O Menino Mgico, Rachel de Queiroz Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Jos Fonseca Fernandes Correio do Livro Categoria Poesia Poemas ao Outro, Lupe Cotrim Garaude (Pstumo) Categoria Romance Ptio das Donzelas, Maria de Lourdes Teixeira

1970Prmio Personalidade Literria do Ano Gilberto Freyre Categoria Autor Revelao Literatura Adulta O Nariz do Morto, Antonio Carlos Vilaa Categoria Biografia e/ ou Memrias A Vida Turbulenta de Jos do Patrocnio, Raimundo Magalhes Jnior Categoria Cincias Humanas (exceto Letras) Bibliografia Brasileira no Perodo Colonial, Rubens Borba de Moraes Categoria Cincias Naturais A Criao de Abelhas Indgenas Sem Ferro, Paulo Nogueira Neto Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Lucia McCartney, Rubem Fonseca

1971Prmio Personalidade Literria do Ano Antonio Houaiss Categoria Autor Revelao Literatura Adulta Espelho Provisrio, Olga Savary Categoria Biografia e/ ou Memrias Castro Alves, O Poeta da Liberdade, Vicente de Paulo Vicente de Azevedo Categoria Cincias Exatas Atlas Mecnico dos Fluidos, Rui Carlos Camargo Vieira Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Matar um Homem, Ricardo Ramos

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Categoria Estudos Literrios (Ensaios) O Romantismo no Brasil, Fausto Cunha Categoria Ilustraes Obras Monteiro Lobato, Manoel Victor Filho Categoria Literatura Infantil Soprinho, Fernando Lopes de Almeida Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Geraldo Galvo Ferraz Jornal da Tarde Categoria Poesia Andanas, Dora Ferreira da Silva Categoria Romance O Sexo Comea as Sete, Lenita Miranda de Figueiredo

Categoria Literatura Infantil Tonzeca, O Calhambeque de Nhoton, Camila Cerqueira Csar Categoria Literatura Juvenil Uma Rua Como Aquela, Lucilia Junqueira de Almeida Prado Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Torrieri Guimares Folha da Tarde Categoria Poesia Veio e Via, Geraldo Pinto Rodrigues Categoria Romance A Girafa de Vidro, Luis Martins

1973Categoria Autor Revelao Literatura Adulta A Trilogia do Emparedado e Outros Contos, Anna Maria Martins Categoria Biografia e/ ou Memrias Uma Vida e Muitas Lutas, Juarez Tvora Categoria Cincias Exatas Minerais do Brasil, Rui Ribeiro Franco Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas O Fim de Tudo, Luiz Vilela Categoria Estudos Literrios (Ensaio) Alm do Apenas Moderno, Gilberto Freyre Categoria Literatura Infantil Os Colegas, Lygia Bojunga Nunes

1972Prmio Personalidade Literria do Ano Pricles Eugnio da Silva Ramos Categoria Autor Revelao Literatura Adulta Sargento Getlio, Joo Ubaldo Ribeiro Categoria Biografia e/ ou Memrias Contagem Regressiva, Cndido Motta Filho Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas A Coleira de Peggy, Holdemar Menezes Categoria Estudos Literrios (Ensaio) O Milagre Brasileiro, Murilo Melo Filho

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Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Luiz Carlos Lisboa Jornal da Tarde Categoria Melhor Produo Editorial Obra Avulsa Landseer, Cndido Guinle de Paula Categoria Poesia Finisterra, Ledo Ivo Categoria Romance Clube de Campo, Rubens Teixeira Scavone

Categoria Melhor Critica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Roldo Mendes Rosa A Tribuna Categoria Melhor Produo Editorial (Obra Coleo) A Procura dos Mundos Perdidos, HenryPaul Eydoux Categoria Poesia Luz e Sombra, Jos Paulo Moreira da Fonseca Categoria Romance As Meninas, Lygia Fagundes Teles

1974Categoria Autor Revelao Literatura Adulta O Visitante de Vero, Cristina de Queiroz Categoria Biografia e/ou Memrias Balo Cativo, Pedro Nava Categoria Cincias Naturais Ecologia Temas e Problemas Brasileiros, Mario Guimares Ferri Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas Inquieta Viagem no Fundo do Poo, Elias Jos Categoria Estudos Literrios (Ensaios) Literatura e Linguagem, Nelly Novaes Coelho Categoria Literatura Infantil Lendas Brasileiras, Maria Thereza Cunha de Giacomo

1975Categoria Autor Revelao Literatura Adulta A Morte de D.j. em Paris, Roberto Drummond Categoria Biografia e/ ou Memrias Vida e Obra de Campos Sales, Raimundo Menezes Categoria Cincias Naturais Ultra-Estrutura e Funo Celular, L. C. U. Junqueira e L. M. Salles Categoria Contos/ Crnicas/ Novelas O Casaro, Caio Porfrio Carneiro Categoria Estudos Literrios (Ensaios) Antonio Conselheiro e Canudos, Ataliba Nogueira Categoria Literatura Infantil A Vaca Proibida, Edy Lima

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Categoria Melhor Crtica e/ ou Noticirio Literrio (Jornais) Roberto Fontes Gomes A Gazeta Categoria Melhor Produo Editorial (Obra Coleo) Enciclopdia Mirador Internacional, Enciclopdia Britnica do Brasil Categoria Poesia Itinerrio, Mauro Motta Categoria Romance As Velhas, Adonias Filho

Categoria Melhor Produo Editorial (Obra Avulsa) Histria da Arte Brasileira, Pietro Maria B