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.A T^rrsro "3tt Preço .lar. nsaignaluras paraa corte. Trimestre5$000 Semestre9S000 Anno168000 Avulso 500 rs. N. 539. PÜBI-lCA-SK TODOS OS DOMINGOS. Prejo das asslgnatoraa para província» Trimestre 6$000 Semestre. ...... I1S000 Anno18S000 Avulso 500 rs. "rt. "y" * ^ ¦^;"^:v^v>->-^^^:^^i'^-* "]^^^^^^^^».. yZg-y*/, ^& aéÊÈgíi'-fSgyf^ ED^XLiXA. ADELAIDE Insigne artista portugueza, comprimentada pelo jornalismo da Corte.

Preço .lar. N. 539.memoria.bn.br/pdf/702951/per702951_1871_00539.pdf · Rio, 9 de Abril de 1871. Les ãieux s'en vont, e os judas com elles. Acabaram-se aquelles sabbados de alleluia

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.A T^rrsro "3ttPreço .lar. nsaignaluras para a corte.Trimestre 5$000Semestre 9S000Anno 168000

Avulso 500 rs.

N. 539.PÜBI-lCA-SK

TODOS OS DOMINGOS.

Prejo das asslgnatoraa para a» província»Trimestre 6$000Semestre. ...... I1S000Anno 18S000

Avulso 500 rs.

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ED^XLiXA. ADELAIDEInsigne artista portugueza, comprimentada pelo jornalismo da Corte.

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4306 SEMANA ILLUSTRADA.

8EMAM ILLUSTRADA.

Rio, 9 de Abril de 1871.

Les ãieux s'en vont, e os judas com elles. Acabaram-seaquelles sabbados de alleluia que eram verdadeirosdias nacionaes. Uma ou outra figura de palha informee rachitica ainda póde apparecer, acoçada por meia du-zia de moleques, mas a instituição, o costume, a festanacional, isso acabou.

<>

Mas ficaram as mascaras no entrudo, para òs casos par-ticulares, e os jornaes illustrados para os casos p__blicos.Os jornaes illustrados (mea máxima culpa) celebram

alleluia todos os sabbados. Não vão ao desforço pes-soai; mas não ha funccionario que lhes escape, nemhomem importante que lhes mereça respeito.

<?Qualqner que seja a opinião dos philosophos, dos

desenhistas, ou dos leitores a este respeito, tenho cer-teza de que as victimas acham tão máo o judas, comoo mascara, como a caricatura.

Para ellas não ha grande differença em ser represen-tado com quatro riscos e meio ou em figura cheia de '¦palha.

Já lá vae o judas !Daqui a dez annos a comedia do Penna é uma peça

archeologica.Outr'ora, apenas os sinos repicavam alleluias, cruza-

vam a cidade um cento de figuras artisticamente pre-paradas, — estou quasi a dizer preparadas com amor,e parece que quanto mais apurado era o judas com maiorgosto lhe davam os moleques.

A longa e ruidosa procissão fazia rir o povo, e erauma das festas que elle tinha de graça.Demais, o povo que não sabe discursar, via com sa-tisfação as pauladas com que o moleque desfazia o ju-das : era uma Ratisfação religiosa para elle.

Mas isso foi outr'ora. Agora nem judas nem moleque.Nem moleque, ó verdade; o ultimo moleque foi o

demônio familiar; o moleque actual degenerou da raça,é uma sombra do que foi, uma recordação, talvez umasaudade.

E é porque eu penso do mesmo modo que não com-prehendo o raciocínio da Tribuna do Ceará,

Discutindo esse interessante periódico com o Jornalda Fortaleza a respeito da inquisição, estabeleceu umaquestão difficil de resolver, a saber, se é melhor mor-rer de fogo ou de arcabuz.

Dou o periodo do jornal para que melhor me enten-dam :

« Se Llorente, como vimos, inimigo jurado do catholicismo, e por issosuspeito, diz que só em quatro autos de fé foram punidos pela inquisição3,327 indivíduos, sendo somente 27 de morte; Ballez na sua historiadaReforma protestante na Suüsa Oriental diz que na guerra dos paisanos sóem menos de tres» mezes morreram 100,000. Que desproporção entre 27 e100,000!! A inquisição não teria salvado muitos destes 100.000 ? Não foraella melhor que esta guerra ? »

Bem sei que o antigo judas tinha seus inconvenientes.Um homem que quizesse pregar uma pirraça a outro,

tomar um desforço, ou simplesmente rir á custa delle,fazia um judas, punha-lhe as feições da victima, ecollocava-lh'o de noite á porta.De manhã, dava o original com os olhos na copia, eo povo com os olhos em ambos, vinha a policia, e tudo

| entrava nos seus eixos.No dia seguinte, domingo de Páscoa, o autor da idéa,

sem romper o incógnito, vestia a casaca e ia jantar coma victima.

Isto foi bom acabar, dirão. Póde ser; creio que foi.

Como amanhã é domingo terão os leitores tempo desobra para meditar neste argumento da Tribuna. \

Entre 27 e a 100,000 a desproporção é realmentegrande, mas é cá do ponto de vista dos vivos. Para osque morreram, e a opinião dos mortos deve valer algumacousa, tanto faz morrer queimado como espingardeado.Minto : o primeiro meio será mais piedoso (visto que ainquisição tinha horror ao sangue e por isso queimavaa gente) mas o segundo é incontestavelmente pre-ferivel. a \

Mas se pega o argumento do meu collega cearense;,não ha cousa nenhuma que não seja peor que a inqut-sição. O cholera morbus, a febre amarella, por exemplo,uma explosão de vapor, o terremoto de Lisboa, umabernarda eleitoral, uma dissolução de câmara, tudo issoé peor que inquisição. \

De mim, digo que entre morrer assim ou mõrrerãSAsado, prefiro viver crú, até que alguma doença me levedeste mundo para outro melhor.

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SEMANA ILLÜSTKADA. 4307

<?Quando lá chegar tratarei de saber se é verdade a no-

vidade que me dá o collega cearense." Era preciso, diz elle, conforme a medicina, cortar e

queimar os membros gangrenados para salvar os sãos.,,E acrescenta:

« Deus nãj abandona os homens perdidos a si sús; jjüe-lhes semprediante dos olhos um modelo e um guia para imitar e seguir. A inquisiçãosahida da igreja e ajudada pelo estado formou este modelo e esta guia. i>

Acho isto uma grande inconsequencia do CreadorPara cortar os membros podres não havia necessidadede pôr diante dos homens a inquisição, " um modelo eum guia „ bastava matar os hereges de morte naturalEra mais rápido. Torquemada teria ficado obscuro, e ocollega pouparia a tinta com que escreveo o seu artigo

VPela centésima vez pergunto: Que pensará o Crea-

dor destas suas creaturas ?

4Isto tudo me trouxe para bem longe dos judas e da

sua decadência.Mas quando tudo acaba, os judas, as barracas do

Telles, os foliões, e tanta cousa mais que eram feiçõescaracteristicas de nossa terra, não é natural que euacabe aqui o meo artigo ?

Da. Semana.

Os bonds.

CAETA AO GOVERNO.

Desculpe Vm. se metto o bedelho onde não sou chamado.

Quinta-feira Banta, dia de peixe por disciplina e dechuva por casualidade, li uma correspondeucia do Sr.C. B. Grreenough, no Jornal do Commercio, explicando

! a razão de não ter estações capazes em Botafogo e narua Q-onçalves Dias, para os seus bonds.

Nessa correspondência o Sr. C. B. Greenough, depoisde dizer que não obteve licença para levantar as esta-ções alludidas, revelia o facto de ter requerido ao go-verno licença para dar com os seus trilhos uma voltapela rua Uruguayana, e estar o requerimento empecadona câmara municipal ha 7 mezes.

Sim, ha sete mezes! Um, dous, tres, quatro, cinco,seis, sete mezes, isto é, ha 210 dias tem lá a câmara umrequerimento para informar, por ordem do governo, enão deu ainda copia de si.

Esta câmara tem o titulo de illustrissima, e nem se-quer faz jús ao positivo deste superlativo gracioso.Uma companhia estabelece na cidade do Eio de Ja-neiro um serviço de carros, superior a todos os outrosque temos tido ; pede algumas concessões, em favor dopovo, e a câmara municipal, mandatária do povo, nãodiz se a cousa é boa ou má, se ha perigo ou não ; limi-ta-se a guardar o papel na algibeira e fallar de outracousa.

Bem sei que a tarefa em que a câmara anda para pre-parar a cidade de modo que o cholera morbus de As-sumpção e a febre amarella de Buenos-Ayres, não en-contrem obstáculo na sua próxima visita á nossa capital;bém sei que essa tarefa lhe hade tomar tempo ; mas em-fim a câmara janta e dorme, e entre a pêra e o queijo,e antes de apagar a vella podia dar a informação queVm. lhe pediu.

Guardar sete mezes um papel urgente; calar a boca,em vez de dizer rapidamente :

E' bom.Ou:

E' máo.Isto, desculpe-me a illustrissima, é querer imitar a

Vm. quando deixou arrastar a questão ingleza, atéque o ministro Christie nos pregou a peça de aprezarnavios fóra da barra.

Perdoe a minha fraqueza ; este systema de papelladaque nos rege, este ir e vir de informações, tarde e a máshoras, ha de ser fatal á nossa prosperidade.

Eu não sei o que seria de nós se viesse a faltar papelno mundo. Não se daya mais um passo e morríamosde fome. Chegava um navio ao porto, o consignatarioia á alfândega:

Senhor, dizia elle, o povo tem fome; mande-medesembarcar a carne, secca que está a bordo.

Que é dos papeis ?Mas, senhor, não ha papel....Nesse caso, não posso despachar. Papel, senhor,

papel! Comprehendo um governo sem liberdade, seníordem e até sem homens ; mas um governo sem papelsó a republica de Platão, e essa, sabe o senhor, que éuma chimera. k

Tal ó o systema do papel.Se ao menos a câmara municipal, convencida destes

principios, gastasse • um ou dous quadernós em dara informação que Vm. lhe pedio.... Mas não: temcomsigo o requerimento, e lá o terão mais tempo agora,porque, neste clima suave e temperado, não basta acartar a autoridade; é indispensável soflrer e não tugir.

Eeleve-me Vm. este desabafo, e creia quer sou :

Devmce.

Criado e admirador

Moleque.

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Z.f />___&_-. III v'^\ \ f^Z Zm

Juca das Moças durante a toilette. Jucá das Moças na porta do Moutinho.

^~- • - :~- '^w--^g^*^^fcw«m«6a-i^.^_«-fg- -

Qvaoíio as «lhas delia' quenam vestír-se™ modaC°/de «^mSÍI a, ~ Ent3»° Sr' pelintra t*uando te dei oa 3 conJ°s »<» P^cipio^tf-irem*, fasendas ou peío menos cores), pegou ellaiip dous?«! anno^^ào

me prometteste nunca mais fazer dividas Tiiíos velhos, e fe- delies novos. — E- verdade meu tio, jurei" e cumpri a minha promessa;nao nz mais divida nova, mas não paguei as velhas.'

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i.^i í1 -.11 - \p^'~ ^ -* ' XfX~*-~"^ : " ',.

Influencia physica e moral produzida pe|í» leitura de certos jornaes da Çôrte.

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4310 SEMANA ILLUSTRADA.

Sabbado d'Alleluia.

Pedi ao meu amável Nhonhô um cantinho neste numero da Semana e vi deferida a minha petição.

Não posso deixar, no dia de hoje, de dar alguns avisosque me parecem, senão necessários, pelo menos vantajo-sos e dignos de attençao.

Saibam pois todos quantos o presente edital viremque eu e os meus companheiros, distribuídos em maltas,nos achamos promptos para executar no dia de hoje umplano, combinado em sessões secretas, a bem da numa-nidade *• especialmente da povoaçâo do Rio de Janeiro.

Este plano não é nada menos do que tomar vingançados seguintes personagens, que durante este anão fize-ram-nos encher o corpo de raiva" e bilis até os dentes.

A policia, consultada sobre o facto, prometteu nãosomente deixar-nos obrar livremente como até ajudar-nos em o nosso plano de reformar os costumes e perse-guir todos aquelles que tem adquerido inauferiveis di-reitos a serem perseguidos pela publica execração.

Devem pois abster-se cuidadosamente de apparecerI em publico, até pasBar a crise, os seguintes:

A edilidade que prometteu mundos e fundos paraser eleita, e consente de braços cruzados que nos afun-demos em um abysmo de peste.

Os fiscaes da dita e seus respectivos guardas, réos deconniveacia com todos os que tem contribuído paraeste estado.

A Eugenia Publica, senhora de grande reputação,mas que está hoje desacreditada pela sua indolência

Todos os autores de pamphletos politicos, que emseus actos se tem collocado em antagonismo com o quetem dito e escripto, verdadeiros judas, tem direito aomenos á uma vaia.

Os emprezarios da limpeza publica e irrigação dacidade é bem que se acautelem, pois a cidade está sujae continua secca.

Os ratos da Alfândega, que comem o milho e deixamo farellõ, saibam que estão preparadas ratoeiras paracaçal-os.

• Os meninos, que fazem barulho nos dias de exame narua do Parto, saibam que mandou-se apromptar umaporção de bolos para obsequial-os.

Os empregados públicos, que enchem de pernas a ruado Ouvidor, e visitam as confeitarias em busca de pas-teis em hora de serviço, contem com os respectivosdescontos, e notas no livro negro.

A directoria dos bonda de Botafogo, se continuar apersistir na idéa de não subir ás Águas Férreas, saibaque o Beija Flor está disposto a levar toda a famíliapara aquella linha.

A mesma, se continuar a consentir enchente nas pia-taformas dos bonds, se verá condemnada a uma va-zante permanente do interior.

Aos conductores e cocheiros, que maltratam os pas-; sageiros, wm repique na freguezia dos queixos, além dasI mais penas em que incorrerem.

A' directoria dos bonds de S. Christovão, para quefaça andar mais depressa os cairos ao passarem juntoao canal, e ao matadouro, sob pena de serem os cochei-ros obrigados a banharem-se no canal, e os conductoreBa tres dias de residência no matadouro.

A todos os empregados públicos que estão em con-tacto com o publico, especialmente os da recebedoria domunicípio, recommenda-se toda a urbanidade (porqueneste século não póde haver mais empregados com orei na barriga), sob pena de serem enforcados.

Aos calceteiros para não demorarem por mezes ostrabalhos de endireitar as ruas atravancadas pelos ca-naes do ex fumo dare lucem, e em caso contrario, severem enterrados nos mesmos buracos existentes emquasi todas as ruas da cidade. O Moleque

O álbum de Belzebuth.

Quem não conhece Belzebuth ?Rapaz amável, de uma educação mais ou menos es-

merada, espirituoso, até á quinta essência, faltandoumas poucas de línguas, e escriptor de umas poucas debrochuras.

Nâo é preciso grande atilamento para advinhal-oentre osnrêjouis, que infestam os nossos salões de nulli-dades; sempre vestido á ultima moda, esconde, por en-tre dous tufos de bem frisados cabellos, as pontas, queo caracterisam, e, dentro de uma envernisada botinaMelliès, o pé de unha rachada, que ninguém percebe.Os seus invejosos (e são tantos!) notam-lhe um pe-queno enchimento por baixo das abas da casaca, mastodos ignoram que seja isso o accrescimo da espinhadorsal. #

E' um gosto vel-o, ora faceto e galanteador n'umgrupo de encantadoras moças, cada qual mais fascina-da por esse fogo todo especial que lhe sahe dos olhos,ora erudito e loquaz na roda dos politicos, que, entreum sorvete e uma chicara de chocolate, decidem ex-cathedra dos destinos do paiz.

Todos o apetecem, todos o querem em sua casa;mas também elle não se faz esperar.

Annunciado sempre por um perfume exquisito, queninguém póde definir, entrega o chapéo e o sobretudoao creado, que o comprimenta no patamar da escada, épenetra em todos os salões mais concorridos e em todosos bouãoirs mais reservados. \

Aquelles que lhe apertam a mão e que o abraçam^com effusões de júbilo, não querem saber donde ellévem e para onde vai ; o que desejam é ter a honra dépossuil-o no numero dos convidados mais Íntimos. \

Se tocam uma valsa, é elle o par fixo da dona dácasa, a n'um girar vertiginoso, magnetisa essa cabeçaôca, que o chama bonito na intimidade das amigas, 6faz baixar uma imperceptível nuvem de enxofre entreella e o amphitryão. ,,.,..,.,.,-=~.«^.~~

Se estendem um tapete verde nas mesas das ante-

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SEMANA ILLUSTRADA. 4311

salas, é elle o primeiro que se senta ao lado do chefe dafamília, e, em meia dúzia de mãos de voltarete, ganha-lhe, petit àpetit, o futuro dos filhos e o socego daabastança.

Ninguém lhe sabe o verdadeiro nome; aqui, o cha-mam barão, ali, doutor, mais longe, commendador, e,por toda a parte cavalheiro.

Insinuante ao ponto de ter uma escolhida roda deaffeiçoados, não dá um almoço, não offerece um jantar,não paga uma ceia aquelles que o cercam no grana-monde.

A's vezes digna-se extender a charuteira aos seusadmiradores; porém, dominando o animo destes,a regeitarem a offerta.

Mas esse parvenu deve ter uma casa, alcatifada einobiliada com luxurioso gosto asiático, onde habite eonde vá descansar a ossada.

Contudo, ninguém sabe em que rua é, e ninguémouvjo-o jamais fallar nella.

E' que os que la entrão, nunca mais sahem, e, porconseqüência, não podem trahir esse segredo, que éuma das glorias do nosso ãandy.

O narrador, porém, tem a varinha de condão parapenetrar em todos os escondrijos, e por ísbo não me émuito difficil descerrar essa costeira e mostrar aos lei-tores o aposento do heróe de quem se trata.

Poupo aos leitores o trabalho de descer por um ca-minho invio e escabroso, onde podiam enlontrar princi-pios, que os horrorisassem, e, de um salto, atiro-os nogabinete de trabalho do intimo, a quem conhecem, hamuito tempo.

As paredes são forradas de damasco escarlate, e or-nadas de quadros representando scenas da vida humana.Um juiz qne piza a justiça e saqnea nas estradas ; umfilho que envenena o pai, e arromba-lhe as gavetas ; umpolítico, que vende a pátria e narcotiza o rei ; um ju-mento, fue tapa as orelhas com o gorro de doutor e éapplaudido pela populaça, etc, etc.

Um pequeno divan de velludo negro, salpicado delagrimas de prata, alguns tamboretes cheios de alfi-netes, e a mesa, em que trabalha o dono da locanda.

Sobre essa mesa, na qual entre muitos objectos,dignos de nota, está collocada uma ampulhètas queconta os ministros da humanidade, encontra o visitante

|Um álbum de retratos. São as mulheres, que mais temmerecido attenções do nosso conquistador.

X.

(Continua.)

Sciencia no siberista do Espirito Santo.Belleza nas damas de horror de Atlantide.Virtude nas nymphas aéreos do Alcazar.Cosinha dos parazitas.Rendas de muitos dandys da corte.Ordem na companhia de bonds.Regularidade na partida dos paquetes nacionaes.

Cousas que todos vêem.Um argueiro no olho dos outros.O deleixo da câmara municipal.O dito da dita dos deputados.

Publicações.

O Sr. V. Henrique dos Santos Carvalho publicou asegundsi edição do sen Manual Mercantil ou Encyclo-pedia Elementar do Commercio Brasileiro e mimoseon-nos com um exemplar desta utilissima obra.

Basta para sua recommendação, dizer que a primeiraedição em menos de dous annos se esgotou e que estasegunda foi publicada a pedido geral, e augmentada erectificada com tino e intelligencia.

Felizmente, ainda ha na mocidade brasileira bastantespessoas que estudam e procuram instruir-se, e paratodos esses que se dedicam ao commercio é o livro doSr. Carvalho um verdadeiro thesouro.

A todos que ainda não tiverem conhecimento dessapublicação, recommendamol-a com interesse e estamosconvencidos que hão de reconhecer o eftectivo valordelia.

— Publicou-se um novo jornal, que sahirá tres vezespor semana, intitulado Correo Ibérico, organo de losinteresses portugueses eespanoles en America.

E' por certo mui digno de apreço o apparecimentode um jornal publicado em idioma heepanhol na capitaldo Império do Brasil, e admira-nos somente que hajaoutras nacionalidades, que apezar de avultadamente re-^pre.sentad.is, não possuam um jornal escripto em seuidioma. '

Cousas que se não vé.

Idade da mulher; depois dos 25.Diâmetro da barriga de muitos politicões.Fundo da consciência de muita gente.

Publicou-se o drama em um prólogo e tres actos doSr. Dr. José Tito Nabuco de Araújo Os Filhos da For-tuna que já no tempo da sua representação no theatroS. Luiz foi bem accolhido pelo publico. Actualmentepodem os leitores ainda melhor apreciar as bellezas doestylo e da combinação artistica, que hão de grangearao autor mais um ramo de louros na sua já tão espessacoroa litteraria. í J

Typ. do Imp. Tnst. Artístico — RuaPrifficiro de Março:n.;2f.

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JUDAS.