5
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR “PRES. TANCREDO DE ALMEIDA NEVESTITULOS DE CRÉDITO VITOR HUGO DE ASSUNÇÃO DO AMARAL 5° Período - Direito Noturno PRESCRIÇÃO DA AÇÃO MONITÓRIA – TÍTULOS DE CRÉDITO A ação monitória, conforme disposto no art. 1.102-A do Código de Processo Civil, tem por objetivo o pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel, baseada em prova escrita sem eficácia de título executivo. Conforme aduz o artigo 585 inciso I do diploma processual civil, a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque, são títulos executivos extrajudiciais, e se emitidos com observância ao disposto nos arts. 1° e 2° do capítulo I do decreto n° 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra), serão a perfeita descrição de título de crédito. Cada um dos institutos citados tem seu devido prazo de vencimento, e até que tal ocorra, podem ser executados judicialmente sem a necessidade do processo de cognição, dentro de suas respectivas exigências, caso haja o inadimplemento. Desta forma, é possível inferir o motivo de a ação monitória ser meio eficaz para o recebimento da obrigação constante do título, caso este esteja vencido, uma vez que se vencido, tais

Prescrição da Ação Monitória

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Prescrição da Ação Monitória

INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR “PRES. TANCREDO DE ALMEIDA NEVES”

TITULOS DE CRÉDITO

VITOR HUGO DE ASSUNÇÃO DO AMARAL 5° Período - Direito Noturno

PRESCRIÇÃO DA AÇÃO MONITÓRIA – TÍTULOS DE CRÉDITO

A ação monitória, conforme disposto no art. 1.102-A do Código de Processo

Civil, tem por objetivo o pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou

de determinado bem móvel, baseada em prova escrita sem eficácia de título executivo.

Conforme aduz o artigo 585 inciso I do diploma processual civil, a letra de

câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque, são títulos executivos

extrajudiciais, e se emitidos com observância ao disposto nos arts. 1° e 2° do capítulo I

do decreto n° 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra), serão a perfeita descrição de título

de crédito.

Cada um dos institutos citados tem seu devido prazo de vencimento, e até que

tal ocorra, podem ser executados judicialmente sem a necessidade do processo de

cognição, dentro de suas respectivas exigências, caso haja o inadimplemento.

Desta forma, é possível inferir o motivo de a ação monitória ser meio eficaz para

o recebimento da obrigação constante do título, caso este esteja vencido, uma vez que

se vencido, tais cártulas não terão eficácia de título executivo, e saliente-se que são

provas escritas.

Entretanto, qual seria o prazo prescricional da ação monitória que vise o

pagamento do exigível inscrito no título?

Uma vez recebida à petição inicial constando a pretensão do recebimento e

estando esta apta, o juiz deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou

de entrega da coisa no prazo de quinze dias, podendo o réu da ação monitória oferecer

embargos que suspenderão a eficácia do mandado inicial, e caso não haja os

embargos o mandado inicial se converterá em título executivo judicial.

Page 2: Prescrição da Ação Monitória

Desta forma podemos notar que o objetivo da ação monitória é constituir a partir

de, por exemplo, um título executivo extrajudicial sem eficácia, um novo título

executivo, que possibilite realizar a pretensão que lhe for inerente.

Para que possamos, entretanto, vislumbrar o correto prazo prescricional, mister

se faz descobrir a natureza da pretensão deduzida do título vencido, para sua

respectiva efetivação.

Neste sentido surgem quatro correntes acerca do aludido.

A primeira propõe considerar-se a pretensão exercida, como uma pretensão

pura e simples de direito pessoal, ao que lhe seria aplicada a regra do art. 205 do

Código Civil, qual seja, dez anos.

A segunda corrente considera que a pretensão ali encartada, como sendo uma

vedação a locupletamento ilícito, com prazo prescricional disposto no art. 206 §3°

inciso IV do mesmo codex, e que, portanto, prescreveria em três anos.

Uma terceira vertente preconiza que a pretensão que melhor se enquadra ao

caso, seria a disposta no art. 206 §3° inciso VIII, qual seja, a pretensão para haver o

pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de

lei especial.

E uma derradeira, que aduz que deve ser considerado incidente a regra do art.

206 §5° inciso I do CC, prazo de cinco anos para pretensão de cobrança de dívidas

líquidas constantes de instrumento público ou particular.

No que tange ao proposto pela última corrente, aqueles que se opõem a tal idéia

defendem que a dívida líquida que seria constante do título de crédito, deflui de uma

obrigação de natureza cambial, e estando o mesmo vencido, a obrigação cambial

nesse caso, já haveria se extinguido, motivo pelo qual a regra não mais se aplicaria.

Defendendo ainda que este instituto se presta a demandas que sejam baseadas em

contratos ou instrumento sem força executiva, ou atingido pela prescrição, e neste

último caso, não inclui-se o que era anteriormente título de crédito.

Com relação ao disposto no §3° inciso VIII do mesmo artigo, apesar da

literalidade indicar que seria o prazo mais apto ao requerido, defendem os de

posicionamento diverso, que a pretensão ali constante é pretensão executiva do título,

Page 3: Prescrição da Ação Monitória

deduzindo ainda que, mesmo que vencido o título de crédito, ele ainda é executável,

sendo assim a ação monitória não se prestaria a tal feito, por falta do interesse de agir.

Existem os que acreditam que o prazo mais adequado seria o do inciso V do

mesmo parágrafo, uma vez que vencido o título a obrigação ali constante seria

inexistente, e com a decorrência deste inciso, o que estaria em voga não seria a

obrigação decorrente do título, mas sim a prova de que existiu uma obrigação, que no

caso deve ser ressarcida, tendo em vista a regra que permeia o diploma civilista do

naemien laedere (não causar dano), e também impossibilitando o enriquecimento sem

causa.

Esclarecem ainda que diante desta situação, incorreria a regra do art. 884 do

CC, verbis, aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será

obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores

monetários.

Reforçando ainda mais sua tese, salienta tal corrente, que anterior ao advento

do processo monitório, a ação que era movida para haver valores decorrentes de

títulos de créditos prescritos era usualmente denominada “ação de locupletamento

indevido”.

Desta forma ainda afirmam que a correta interpretação dos institutos seria a

seguinte: existe a pretensão executiva do título que se inicia com o vencimento deste e

que tem prazo prescricional de três anos, conforme 206 §3° inciso VIII do CC,

possibilidade ainda de execução do mesmo. Prescrito o título (impossibilidade de sua

execução) extingue-se a obrigação cambiária, surgindo, não obstante, a vedação ao

locupletamento ilícito, atendendo então ao disposto nos artigos 206 §3° inciso IV c/c

884 ambos do CC, justificando-se, portanto, o uso do processo monitório para

satisfazer a pretensão, visão esta que nos parece mais plausível.