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MAIO DE 2021 | ANO LXIX | Nº 05 PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL REVISTA 125 anos Grupo Educacional Bom Jesus 45 anos Universidade São Francisco 80 anos Paróquia São Francisco de Assis 75 anos Paróquia do Sagrado Coração de Jesus 125 anos Presença franciscana em Petrópolis 70 anos Presença franciscana em Bauru 66 anos Paróquia Santo Antônio Jubileus

Presença franciscana em Bauru Paróquia do Sagrado Coração

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Page 1: Presença franciscana em Bauru Paróquia do Sagrado Coração

MAIO DE 2021 | ANO LXIX | Nº 05PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL

R E V I S T A

125 anosGrupo Educacional Bom Jesus

45 anosUniversidade São Francisco

80 anosParóquia São Francisco de Assis

75 anosParóquia do Sagrado Coração de Jesus

125 anos Presença franciscana em Petrópolis

70 anos Presença franciscana em Bauru

66 anosParóquia Santo Antônio

Jubileus

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254 | COMUNICAÇÕES | MAIO | 2021 MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 255

FRATERNIDADES FRATERNIDADES

á oitenta anos, a Vila Clementino não tinha a fama que hoje a coloca no topo da lista entre as regiões mais buscadas para se morar. Ficava na periferia de São Paulo, em meio a

mato e riachos, como o antigo córrego Ito-roró, que foi canalizado para receber a fa-mosa avenida Rubem Berta (avenida 23 de maio), inaugurada em 25 de janeiro de 1969. Nessa vila, distante do centro da capital,

um grande empreendimento foi inaugura-do em 1940: o Hospital São Paulo. Às suas atividades se juntou a assistência espiritual dos frades do Convento São Francisco, da região central da cidade. Eles vinham, como conta a história, diariamente de bonde ou de ônibus para atender aos doentes do novo hospital.

Essa assistência dos frades começou a mudar quando, por decisão de Dom José

Gaspar da Fonseca e Silva, foi criada a Paró-quia de São Francisco de Assis, tendo como limites a Rua Sena Madureira, Napoleão de Barros, Luís Góis, Indianópolis, França Pinto e Tangará. O terreno escolhido ficava na Rua Borges Lagoa. Um prédio particular da Famí-lia Cruz foi transformado em igreja provisó-ria, inaugurada no dia 29 de junho de 1941, exatamente na Solenidade de São Pedro e São Paulo.

seu lugar.Graças à doação de uma casa com três

salas pelo sr. Abílio de Araújo Vieira, os fra-des puderam organizar as atividades paro-quiais. A Residência Franciscana foi, então, oficialmente erigida no dia 24 de agosto de 1942, sendo Frei Honório Nacke o primeiro guardião. “Convento simples, sem móveis nem cozinha, início alegre e cheio de es-perança”, como registrou o livro-tombo da Paróquia. O diretor da Escola Paulista de Me-dicina, Dr. Guimarães Filho, ofereceu nesse dia aos frades o almoço e o jantar. Em 1942, Frei Honório ganhou a companhia do seu confrade Frei Efrém Morosek para ajudar na assistência aos doentes do Hospital São Paulo e também na portaria do convento.

“A história de nossa Paróquia, como tudo que é incipiente, vai evoluindo aos poucos. Cremos que ao celebrar estes 80 anos, muito mais do que visitar um passado, precisamos, sim, olhar com gratidão para os confrades que nos antecederam ao longo

de tantas décadas, mas olhar com um ca-rinho e gratidão muito especiais a todos os paroquianos e paroquianas que ajudaram a construir a rica e bela história desta comu-nidade”, avalia o pároco atual, Frei Valdecir Schwambach.

Segundo ele, neste tempo de pandemia, as celebrações por esta data foram transfe-ridas para outubro, junto com as festivida-des do Padroeiro. “Cremos e esperamos que até lá estaremos vivendo um momento mais tranquilo nesta pandemia que mudou o rit-mo de vida das pessoas e das instituições. Achamos por bem não celebrar agora, mas fazer uma grande festa nas festividades de São Francisco de Assis”, adianta o pároco.

Frei Valdecir, lembra, contudo, que esse momento é oportuno para uma reflexão: “Julgamos ser bastante procedente a ne-cessidade de nos perguntarmos, ao celebrar um aniversário de tamanho significado, qual a nossa vocação enquanto paróquia para os próximos anos?”

‘hospital de campanha’, pois há necessida-de de se curar as feridas, muitas delas es-tão ocultas. Lembra o Pontífice que oferecer misericórdia é sinônimo de curar feridas”, refletiu Frei Valdecir.

Segundo ele, o Papa Francisco diz que a paróquia não é uma “estrutura caduca”, precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da co-munidade. “É presença eclesial no território, âmbito para escuta da Palavra, para o cres-cimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade, a adoração e a celebração. Atra-vés de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário”, diz, ao citar a “Evangelium Gaudium, 28”.

Frei Valdecir conta que a comunidade

Paróquia São Francisco de Assis faz 80 anos e reforça sua “vocação hospitalar”

O primeiro pároco, Frei Afonso Junges, ficou ape-nas três meses e uma do-ença o obrigou a retornar para o Convento São Fran-cisco. O auxiliar, Frei Ho-nório Nacke, que também era capelão do Hospital São Paulo e professor de Ética Profissional, Psicologia e Religião da Escola de Enfer-magem e da Escola Paulis-ta de Medicina, assumiu no

O pároco recordou que a assembleia paroquial, realizada no final de 2019, cunhou uma expressão bastante apropriada e que, de certa forma, exprime muito bem ao que sempre se propôs à Paróquia São Francisco: ser uma paró-quia com “vocação hos-pitalar”. “Em 2014, o Papa Francisco lembrava que a Igreja deve ser como um

H

S U M Á R I O

PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASILRua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SPwww.franciscanos.org.br [email protected]

“VOCAÇÃO HOSPITALAR” DA PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS EM 80 ANOS 254

MENSAGEM DOMINISTRO PROVINCIAL

231 “Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”, de Frei César Külkamp

FORMAÇÃO PERMANENTE

233 “A religião como moldura - a dificuldade do diálogo intra-eclesial”, artigo de Frei Volney Berkenbrock

236 Artigo: “Atos dos Apóstolos”, de Frei Luiz Iakovacz

SAV

237 Live vocacional: Bate-papo, momento de oração e de reflexão

FORMAÇÃO E ESTUDOS

238 Primeira experiência no Eremitério Frei Egídio]

239 Postulantes vão a Aparecida pedir pelo fim da pandemia

FRATERNIDADES

240 Bauru: 66 anos da Paróquia e 70 anos da presença franciscana

242 Estátua de Frei Galvão é abençoada após restauro

245 Poema: “Mãe, pedaço do céu e mistério sagrado”, de Frei João Francisco

246 D. Odilo institui Comissão para as comemorações do centenário de D. Paulo Evaristo

247 Frei Medella: “Mães, obrigado pelo empenho, pelo carinho, pela devoção de vocês”

248 SÉRIE NOSSOS FRADES: Entrevista com Frei Toni Michels

254 “Vocação hospitalar” da Paróquia São Francisco de Assis em 80 anos

260 Celebração do Ano Jubilar recorda os primeiros 25 anos da Igreja do Sagrado

262 Crônica de Frei Almir “Prisão domiciliar sem tornozeleiras”

263 “Ribeirão Grande - Vi, vivi, vivenciei” chega ao 8º volume

EVANGELIZAÇÃO

264 “Que sejamos exemplares no cuidado”, pede Frei César aos Guardiães e Coordenadores da Província

266 Leigos e frades em e como Fraternidade na Missão da Educação

270 Universidade São Francisco abre as comemorações dos 45 anos

272 Grupo Educacional Bom Jesus completa 125 anos de história

274 Uclaf se reiventa e realiza a 26ª Assembleia on-line

288 Mensagem do Papa é tema do encontro formativo da Frente de Comunicação

DEFINITÓRIO PROVINCIAL

290 Reunião de 26 a 29 de abril

FALECIMENTOS

296 “Irmã Morte” leva Irmã Francisca Letícia aos 37 anos

297 Frei Aloísio Hellmann

OFM

298 Ordem cria a Fraternidade Franciscana Internacional pela Paz em Nagasaki

299 AGENDA299 Papa institui o Ministério de Catequista

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MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 231

MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL

Caros confrades, irmãs e irmãos, leitores de Comunicações, Paz e Bem!

Orações do terço, ladainhas e celebrações especiais com a coroação de Nossa Senhora, fazem parte da devoção de nosso povo e cos-tumam ser realizadas, nas famílias e comunida-des de fé, no mundo inteiro ao longo deste Mês Mariano. Entre as tantas imagens que procuram mostrar a ternura de Deus em Maria, a que a re-trata com o Menino em seus braços manifesta de forma especial a sua presença a olhar para nós com profundidade e amor.

Na solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, no dia 1o de janeiro de 2019, diante da imagem Salus Populi Romani (Protetora do povo romano), o ícone bizantino da Virgem com o Menino Jesus da Basílica Santa Maria Maior, em Roma, o Papa Francisco convidava a deixar-se olhar por estes olhos, e, sobretudo, dizia ele, “nos momentos de necessidade, quando nos en-contramos enredados pelos nós mais intricados da vida. Quando nos olha, Ela não vê pecadores, mas filhos. Os olhos da Cheia de Graça espelham a beleza de Deus, refletem sobre nós o paraíso. Os olhos de Nossa Senhora sabem iluminar toda

Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei

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232 | COMUNICAÇÕES | MAIO| 2021

MENSAGEM

a escuridão, reacendem por todo o lado a esperança. O seu olhar, voltado para nós, diz: Queridos filhos, coragem! Estou aqui. Eu, a vossa mãe”. Por isso, ele nos convidava a deixarmo-nos olhar e continuou insistindo nesta mediação, “deixemo-nos abraçar, deixemo-nos tomar pela mão... por Ela”.

Para o Papa, esta não é uma postura de passivi-dade, mas que leva a um encontro transformador, pois a Mãe que gerou o Senhor nos gera para o Se-nhor, para a maravilha da fé. A Igreja precisa renovar a sua vocação de ser casa do Deus vivo, como Maria o foi ao acolhê-Lo maravilhada em seu ventre. E O gerou para o mundo. “Nossa Senhora introduz na Igreja a atmosfera de casa, de uma casa habitada por Deus”. Nesta casa experimentamos a ternura que nos leva a cuidar uns dos outros, a nos amar-mos como irmãos, filhos da mesma mãe. Daí nasce a Igreja Ternura, uma Igreja que abraça as situações concretas e está presente onde há necessidade. E apresenta-as todas ao Senhor.

A mãe nunca quer ser o centro. Mas, ela é capaz de unir, acolher, restaurar e curar. A partir desta di-mensão, evocamos também a figura das nossas mães, expressão deste mesmo cuidado, daquela que guia pelo bom caminho e que reflete o amor de Deus.

No Brasil temos a consagrada canção Romaria, de Renato Teixeira, que retrata o homem simples nas difí-ceis agruras da vida, mas que cai aos pés de Maria para mostrar o seu olhar: “Como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar, meu olhar, meu olhar...”

A canção, com a sensibilidade própria do nosso povo, convida-nos a retribuirmos este olhar miseri-cordioso da Mãe com o nosso olhar aflito, sofrido, mas confiante. Olhar que se entrega e se deixa renovar pelo amor misericordioso a nós voltado.

Esta edição de Comunicações traz muito do reflexo destes olhos amorosos através das ações evangeliza-doras de nossa Província. Algumas destas atividades, em presenças jubilares, convidam a todos para a grati-dão por tanto bem realizado, mas também a se renovar o compromisso de serviço nos mais diferentes âmbitos

de nossas presenças fraternas e de nossas Frentes de Evangelização.

Nesta edição temos também um relato mais exten-so da XXVI Assembleia da UCLAF – União de Conferên-cias Franciscanas da América Latina. E a temática foi Mariana: “Fazei tudo o que ele vos disser! É agora!” (Jo, 2,5). E o objetivo maior foi o de atualizar os desafios ao carisma franciscano com atenção aos sinais dos tem-pos. Não bastam as mudanças novidadeiras, é preciso deixar-se transformar pessoal e comunitariamente. A Ordem passa por uma diminuição acentuada de voca-ções. Somos forçados a deixar estruturas físicas, mas precisamos vencer também as mentais. Na provocação do Ministro Geral, Frei Michael Perry, isto nos obriga a respondermos com uma flexibilidade colaborativa e com a generosidade missionária. Precisamos crescer, enquanto Ordem, como uma fraternidade definida pelo espírito de minoridade. Um texto final está em produ-ção e será partilhado com os confrades. Ele nos ajudará também na preparação para o Capítulo Geral, em julho, e para o Capítulo de nossa Província, em novembro.

E, assim, prosseguimos na partilha de nossas vidas e da nossa missão. Renovemos nossa esperança e nos-sa confiança diante do olhar amoroso da Mãe Imacu-lada! A ela apresentemos o número sempre crescente das vítimas da atual pandemia. A ela apresentemos a vida e a saúde de cada irmão e de todos aqueles e aque-las que participam da vida nesta casa habitada pelo Se-nhor. Ele escolheu vir a nós por Maria e quer continuar sendo gerado na fecundidade de nossa consagração e de nossa missão.

“À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas neces-sidades; mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!”

Fraterno abraço e que o Senhor vos dê a paz!

FREI CÉSAR KÜLKAMP, OFMMINISTRO PROVINCIAL

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MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 233

FORMAÇÃO PERMANENTE

a Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos (de 16 a 23 de maio), o Instituto Teológico Franciscano quis ecoar o tema da Campanha da Fraternidade 2021 (“Fraterni-

dade e Diálogo: compromisso de amor”) e refletir sobre as tensões e dificuldades que apareceram durante a CF-2021. Para isto, o ITF promoveu uma live-debate com a participação do professor Marcos Habib (de Teresópolis), teólogo protestante, reve-rendo Daniel Rangel, da paróquia anglicana de Todos os Santos (de Niterói), Frei Vitório Mazzuco Filho e Frei Volney J. Berkenbrock, sob a moderação de Frei Ivo Müller, diretor do Instituto.

A mim coube no evento refletir sobre a dificuldade no diálogo intra-eclesial que apareceu na CF-2021, ou seja, as tensões ocorridas no campo católico, com diver-sos posicionamentos de grupos contrários à Campanha e seu tema, quando não até atitudes de boicote à mesma. O Vigário Pro-vincial, Frei Gustavo Medella, solicitou que eu pudesse compartilhar aqui as reflexões desenvolvidas no evento e é o passo a fazer.

O tema da Campanha da Fraternidade 2021 foi “Fraternidade e Diálogo: compro-misso de amor”. Em sequência a muitas ou-tras edições que já foram desta forma, este ano a CF foi organizada de maneira ecumê-

nica, tendo à frente o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). O tema não estava, entretanto, focado no diálogo ecumênico, mas sim na importância do diálogo na so-ciedade brasileira, apontando uma questão crucial e trágica em nossa sociedade: o fato de estarmos vivendo um tempo de polari-zações, de falta de tolerância, de discrimi-nações, de impulsionamentos de ódio, de crescimento da violência verbal e física, de fundamentalismo religioso e político...

O texto-base da Campanha da Fraterni-dade apontava para muitos elementos que sinalizam para a necessidade urgente de di-álogo no Brasil: o racismo que está ganhando terreno, o ódio alimentado especialmente nas redes sociais contra parcelas desprivilegia-das da população (entre eles especialmente quilombolas, indígenas), o recrudescimen-to de políticas que geram crescimento da pobreza em múltiplos aspectos (moradia, educação, saúde, desemprego), aumento da violência contra mulheres, negros, popula-ção LGBTQI+, o uso de fake news como ins-trumento de manipulação social e política, a destruição acelerada do meio-ambiente, etc. O texto observa que também na área religiosa houve um aumento significativo de violência e discriminação, especialmente contra as tradições religiosas de matriz africana.

Enfim, tudo parecia correr como de pra-xe nas Campanhas da Fraternidade: apre-sentação de uma realidade frente à qual os cristãos são chamados a analisar, a dis-cernir a partir da palavra de Deus e a ações concretas que contribuam para uma socie-dade mais fraterna. Mas... não foi assim. Logo que a Campanha da Fraternidade-2021 foi lançada, alguns grupos vieram a público

para combatê-la com acusações de que ela representava um perigo para o cristianismo católico, por que estaria eivada de graves erros, que estaria promovendo isto e aquilo (principalmente em questões de costumes e moral), que era herege e assim por dian-te. Estes grupos falavam em nome da moral correta, da verdadeira doutrina e – sobretu-do – se diziam os legítimos representantes da tradição Católica.

Estas manifestações geraram muitas discussões, a grande imprensa se interessou pela controvérsia e – provavelmente – esta foi uma das Campanhas da Fraternidade de maior repercussão nos últimos anos. Embora tenha sido em parte uma repercussão nega-tiva, mas não deixa de ser interessante esta repercussão, pois ampliou o debate e trouxe a público com clareza a existência de uma certa realidade extremista dentro do campo católico, utilizando-se também de redes so-ciais para divulgação de posições anti-CF e fazendo uso de mecanismos que podem ser caracterizados como fake news.

Não pretendo fazer aqui uma análise da Campanha da Fraternidade em si, embora não deixe de ser controverso o fato de que certos grupos se negaram a participar de uma CF, cujo tema era justamente o diálogo. Só este fato, já mostrou que o tema deste ano era acertado: a problematização do diálogo.

A questão que quero abordar aqui é o problema do diálogo intra-eclesial (ou da falta dele) que apareceu nesta campanha. Tivemos alguns elementos para os quais quero chamar a atenção e depois fazer um pequeno exercício de análise (não tenho a pretensão nem de ter a razão, nem de abor-dar todos os elementos envolvidos)

A DIFICULDADE DO DIÁLOGO INTRA-ECLESIALA religião como moldura

ECOS DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2021 NA SEMANA DE ORAÇÕES PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

N

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FORMAÇÃO PERMANENTE

1. Elementos envolvidosa) O tema da Campanha da Fraternidade

não ter sido aceito por grupos dentro do Catolicismo. Esta questão não é nova. Tivemos em outras ocasiões reações pa-recidas. Quando as campanhas trataram da temática da discriminação contra os afrodescendentes e a questão dos direi-tos dos presidiários também encontra-ram resistências.

b) Em nome do Catolicismo: diversos gru-pos que vieram a público para criticar e atacar a campanha deste ano, o faziam pretensamente “em nome do Catolicis-mo”, da defesa de uma Igreja Católica da qual eles eram pretensamente os legíti-mos porta-vozes (embora não tivessem nenhuma evidência para isto).

c) Membros da hierarquia (lembro de terem sido dois bispos, pelo menos) se posicio-nado publicamente contra a Campanha da Fraternidade-2021

d) Em nome da verdadeira tradição! Uma argumentação explícita ou velada nestes grupos anti-CF foi a de que estariam to-mando estas posições para salvaguardar a “verdadeira tradição católica”, que es-taria em perigo.

2. Exercício de AnáliseComo entender esta situação ocorrida?

O que proponho aqui não é uma explicação do que ocorreu, mas apenas um exercício de análise. Este não tem a pretensão de ser uma análise exaustiva, nem de ser a única forma de análise e nem mesmo de ser a me-lhor. São apenas elementos para a reflexão. E o faço em quatro pontos, que devem ser vistos de maneira conjugada:a) O elemento cultural. Nas últimas décadas,

senão no último século, uma mudança cultural importante foi a do lugar e impor-tância da individualidade e de sua liberda-de de escolhas. A cada qual é dada – em princípio – a liberdade de escolher sobre temas como religião, relacionamentos, costumes e moralidade. Há muitos grupos

de pessoas para os quais, entretanto esta situação de liberdade de escolha é um verdadeiro caos: poder escolher sobre posicionamentos religiosos, de costumes, de moral, etc. tem levado a desorientação. Para estes, é necessário manter “instân-cias de verdade”. Eles sentem-se órfãos de instâncias que direcionem e digam o que é verdade e o que não é, o que deve ser seguido e o que deve ser evitado. E, então, há grupos e especialmente movimentos religiosos que se apresentam claramente

como “portadores da verdade”, “guardi-ões da verdadeira tradição”, “baluartes da catolicidade”. Diante de temas abordados pelo texto da Campanha da Fraternidade, especialmente aqueles que tocaram em elementos de costumes e da sexualidade, de fraturas socioculturais e de direitos de minorias e a respeito dos quais há o sen-timento de “orfandade de instância de verdade”, entraram em cena movimentos e grupos que se autointitulam “instâncias de verdade”.

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FORMAÇÃO PERMANENTE

gênero”, a respeito da qual a Bíblia seria totalmente contra – dando a ela um ar re-ligioso – embora na Bíblia não haja nada a respeito. E dentro desta moldura se escon-dem preconceitos contra formas de com-preensão da sexualidade e seu exercício, comportamentos homofóbicos, etc.; d) Os “cidadãos de bem”. Este é um outro exem-plo de moldura religiosa utilizada para dar suporte a conteúdos como uma cultura da violência, cultura de morte, cultura de uso de armas, etc.; mas tudo pendurado na moldura “cidadãos de bem”; e) Conforme a compreensão da Bíblia ou do direito ca-tólico. Esta outra moldura comum: afirmar que tal “está na Bíblia” ou “está no direito canônico” (ou coisa semelhante). Ora, a Bíblia é muito ampla e com afirmações múltiplas. E dali se escolhe alguma pas-sagem utilizada então para discriminação e exclusão de pessoas (ou grupos). Usa--se a moldura de algum versículo bíblico, para nele se pendurar outros conteúdos. Ou então o uso de alguma afirmação do direito canônico ou de alguma outra ins-tância eclesial, para esconder na verdade posições que não representam o espírito do todo. É uma espécie de “direito eclesial a la carte”: escolhe-se algum elemento [a moldura] e a partir dele se justifica certas tomadas de posição como se o elemento escolhido representasse o todo da Bíblia ou do direito.

Esta foi – para mim – a mistura que ocor-reu em torno da Campanha da Fraternidade 2021, e fez de seu tema algo explosivo. Por que ser contra “Fraternidade e Diálogo”? Justamente porque dialogar é que era o perigo, pois o diálogo iria mostrar os conte-údos de certas posições, iria fazer aparecer claramente que certas posições eram ape-nas molduras suportando outros conteúdos e interesses.

19 de maio de 2021

Frei Volney J. Berkenbrock

b) O elemento cultural eclesial. Nas dinâ-micas culturais em curso, há grupos que não concordam com as mudanças que ocorrem dentro da Igreja Católica. Isto é um processo já antigo: o advento da mo-dernidade criou muitas tensões culturais que repercutiram dentro da Igreja Católi-ca. Esta fez um longo processo de assi-milação de mudanças e deslocamento de posição frente a seus posicionamentos anteriores. O Concílio Vaticano II é aqui um marco deste novo posicionamento. As mudanças assumidas pelo Vaticano II (cito especialmente a pluralidade de caminhos de salvação, o apoio ao diálogo ecumênico, a compreensão de que as ou-tras religiões são caminhos de verdade, etc.) ainda não se assentaram plenamen-te dentro do Catolicismo como um todo. Há forças sociais, políticas, eclesiais agindo ainda numa direção anticonciliar.

c) O elemento hierárquico do Papado. Os papas João Paulo II e em parte Bento XVI, por conta de experiências diferentes, acabaram sendo mais condescendentes com movimentos de resistência e de certa forma revisionistas frente ao Va-ticano II. Estas posições não são apenas teológicas, morais e eclesiológicas. Há, sobretudo posições que dizem respeito à compreensão social, política e econô-mica. Grupos de interesse nestes três níveis estão envolvidos fortemente nesta resistência velada ao Concílio Vaticano II. Estes grupos de interesse apareciam em público vez por outra. Mas começaram a tomar um posicionamento mais combati-vo, principalmente quando o papado pas-sa a ser exercido por Francisco, que não é apenas filho do Vaticano II, mas que dese-ja que a Igreja Católica dê passos à frente em questões sociais, políticas, morais, eclesiais, etc. Estes grupos se apresen-tam então “em nome da verdadeira Igreja Católica” (espalhando inclusive teorias de conspiração, especialmente contra Bento XVI e em torno de sua renúncia).

d) A religião como moldura. Esta é uma ca-tegoria de análise que penso se aplicar bastante bem a esta situação de falta de diálogo intra-eclesial: o aparecimento muito forte de um fenômeno que chamo de “religião como moldura”. Dentro de uma situação de tensões e mudanças culturais, que afetam fortemente as re-ligiões (e aqui me refiro à Igreja católica de modo especial), o jargão “religião” passa a ser capturado e usado não mais como conteúdo proposto, mas como moldura na qual se quer pendurar outros projetos. Explicando: como se usa uma moldura para pendurar e segurar uma pintura (que é um conteúdo), passa-se a usar a moldura “religião” para carre-gar ou suportar outros conteúdos, ou dizendo mais claramente, outros projetos políticos, sociais, eclesiais (em nome da religião). Exemplos típicos do uso da “re-ligião como moldura”: (a) Em defesa da família. Em nome de uma moldura, cha-mada então de “família”, que precisa ser defendida pela religião e que estaria pre-tensamente em perigo, escondem-se na verdade conteúdos de uma compreensão patriarcal de família, de obediência da esposa ao marido, de preconceito frente a novos modelos familiares, etc. A mol-dura “Em defesa da família” é usada para que nela se pendurem outros interesses ou outros conteúdos. Mas esta moldura é apresentada como algo religioso; b) Em defesa da vida. Este é um outro exem-plo típico da aplicação de uma moldura, pretensamente religiosa, usada especial-mente contra o empoderamento feminino, contra o direito das mulheres decidirem as questões que a elas dizem respeito, contra uma cultura onde a violência frente às mu-lheres é entendida como compreensível e até justificável, etc.; c) Contra a ideologia de gênero. Novamente, cria-se uma mol-dura, até meio fantasiosa, de que há um perigo gravíssimo rondando a sociedade e que é posto numa moldura “ideologia de

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as celebrações dominicais, leem-se três leituras bíblicas, das quais a pri-meira é sempre extraída do AT. No Tempo Pascal, porém, tanto nos dias de semana como nos domingos, pro-

clama-se Atos dos Apóstolos. Com isso, a Igreja enfatiza o valor deste livro na vida pessoal e co-munitária. Uma leitura atenta nos faz descobrir curiosidades que nos estimulam à sua leitura e compreensão da mesma. Por exemplo: Por que este nome? Como explicar o vertiginoso cres-cimento do cristianismo? Onde surgiu o termo ‘cristão’?

Há um consenso entre os estudiosos bíbli-cos que, incialmente, Atos e o terceiro Evange-lho eram uma única obra. A separação aconte-ceu em meados do Século II e, com isso, havia a necessidade de dar-lhe um nome. O apologista Tertuliano (160–220) o chamou de “Memorando de Lucas”, o Cânon Muratori de “Atos de todos os Apóstolos” e outros mais. O que prevaleceu foi o nome dado pelo teólogo grego Santo Irineu (130–202), “Atos dos Apóstolos”, porque narra a história da “Era Apostólica Cristã Primitiva”. O curioso é que os gregos, para imortalizar seus heróis, descreviam suas façanhas em livros chamados “Atos”, tais como “Atos de Aníbal”, “Atos de Alexandre” e outros.

O mais curioso dos “Atos dos Apóstolos” é que os protagonistas são, apenas, dois: Pedro e Paulo. João é lembrado, junto com Pedro, na ida ao Templo (3,1; 4,13.19) e na Samaria (8,14). Cita, também, o martírio de Tiago (12,2). Os demais aparecem como grupo na escolha dos Sete Diáconos (6,2) e na Assembleia de Jerusa-lém (15,2.4.6). O que teria acontecido com os outros apóstolos? Segundo a tradição católica, todos partiram em missão e, nela, foram mar-tirizados.

Por outro lado, o hagiógrafo mostra um grande número de missionários e missionárias: o eloquente e versado nas Escrituras, Apolo (18,24); o generoso Barnabé (4,36-37), líder de Antioquia (13,1) e companheiro de Paulo (13,2.7), além de outros nomes como João Mar-cos, Silas, Silvano, Timóteo, Tito. No capítulo 16 da carta aos Romanos, Paulo cita 23 nomes, dos quais nove são mulheres. Portanto, uma equipe numerosa que, somada aos Apóstolos, missionam e solucionam conflitos, como o da assistência às viúvas gregas (6,1-7), a circun-cisão (15,1-29), a composição das equipes mis-sionárias (15,36-40).

Tudo isto fez com que, no final do Século I, o cristianismo estivesse presente em todo o Império Romano. Começou com 3 mil em Pentecostes (2,41.47), depois 5 mil (4,4) e, por fim, uma “multidão de homens e mulhe-res” (5,14; 6,7; 16,5). Porém, o responsável fundante é o Espírito Santo. Aliás, os primei-ros cristãos diziam que Atos dos Apóstolos era o “Evangelho do Espírito Santo”. Vejamos alguns textos:

No dia de Pentecostes, os 120 que estavam no Cenáculo, ficaram “cheios do Espírito Santo e começaram a falar várias línguas” (2,4). Dian-te do Sinédrio, Pedro “cheio do Espírito Santo” responsabilizou-o pela morte de Jesus, mas “Deus o ressuscitou e disso somos testemu-nhas” (4,8-13). A morte de Ananias e Safira foi causada pela “mentira ao Espírito Santo” (5,3). Estêvão, ao ser apedrejado, estava “cheio do Espírito Santo” (7,55). Pedro e João impunham as mãos aos que foram batizados por Felipe e eles “recebiam o Espírito Santo” (8,17). Foi o Espírito Santo que inspirou a comunidade de Antioquia para que Paulo e Barnabé fossem às missões (13,2). Foi por insistência do Espírito Santo que Paulo, atravessando a Macedônia, abriu as portas para evangelizar a Europa. Ele não queria (16,1-10).

Em Cesareia, Pedro batizou os primeiros pagãos, sem a circuncisão. Ao ser questionado pela comunidade de Jerusalém, respondeu que os batizou porque o “Espirito Santo desceu so-bre eles como a nós no princípio... Quem sou eu

para me opor a Deus”?! (11,14.17). Isto significa que houve um Pentecostes sobre cristãos e outro sobre pagãos (capítulos 2, 10 e 11).

É espantoso ver que o Espírito Santo age 55 vezes nos mais diversos contextos e situ-ações.

A palavra “cristão” ocorre três vezes no NT, sendo que duas delas em Atos. O curioso é que foi fora de Jerusalém. “Foi em Antioquia que os seguidores de Jesus, pela primeira vez, receberam o nome de cristãos” (11,26). Após a pregação de Paulo diante do rei Agripa, este lhe diz: “... por pouco não me convences a tornar--me cristão” (26,28). Por fim, em 1Pd 4,16: “Se sofreres como cristão, não te envergonhes, antes glorifiques a Deus por tal nome”.

Antes disso, eram conhecidos como “se-guidores do Caminho” (9,2; 22,4) e, por duas vezes – e isto é curioso – tidos como “seita”. Diante do governador Felix, Paulo é acusado de ser o “cabeça da sediosa seita dos nazarenos” (24,5). Os judeus que moravam em Roma, tam-bém tiveram esta mesma informação (28,22).

O final de Atos dos Apóstolos narra que, por dois anos, Paulo permaneceu num apo-sento alugado, recebendo a todos que iam ter com ele, e lhes ensinava tudo o que se referia ao Reino e a Cristo. Fazia-o com “plena liber-dade, sem proibição” (28,30-31). Isto deixa o leitor em suspense e a perguntar-se: segun-do a tradição católica, Paulo foi martirizado. Quando isto aconteceu? Outra pergunta: Foi evangelizar a Espanha, conforme era seu de-sejo (Rm 15,24.28)? Por fim, por que o hagi-ógrafo terminou nesse suspense? Teria, por acaso, sido preso e morto sem poder concluir o livro? Ou, nas entrelinhas, quer nos deixar um desafio, para que o capítulo 29 continu-asse sendo escrito pela caminhada histórica da Igreja de ontem, de hoje e de amanhã? Se assim for, fica pergunta: este capítulo estará em sintonia com os outros vinte e oito? Pelo sim ou pelo não, a resposta nos impele a co-nhecermos melhor os Atos dos Apóstolos e da caminhada da Igreja.

Frei Luiz Iakovacz

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Atos dos ApóstolosARTIGO

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virtual foi necessário devido ao crescimento da pandemia e reuniu, no estúdio da TV Web Frei Galvão, o reitor e animador vocacional da Província, Frei Diego Melo, e os postulantes Marcos Antônio de Morais Junior e Samuel Cavalcanti do Amaral, que animou o encontro com sua voz e violão.

Frei Diego lembrou que em Guaratinguetá está o Seminário Frei Galvão, a casa de for-mação para a etapa do Postulantado da Pro-víncia. Um pouco do dia a dia dos postulantes foi mostrado em vídeo. Participaram ainda desta Live Frei Leandro Costa e Frei Ruan Feli-pe Sguissardi, diretamente de Concórdia, em Santa Catarina. Eles fazem o trabalho voca-cional visitando as Fraternidades da Província neste ano.

“Ambos estamos na missão no Oeste Catarinense, mais precisamente na cidade de Concórdia (SC), em missão da animação vocacional”, adiantou Frei Leandro. Frei Ruan leu uma passagem da Regra Não Bulada de São Francisco: “Se alguém, querendo, por inspira-ção divina, receber esta vida, vier aos nossos frades, seja benignamente recebido por eles”.

“Então, é com esta motivação de São Francisco que nós queremos estender esse convite a você jovem, que está participando

desta live vocacional”, convidou Frei Leandro.Este encontro aconteceu na véspera do

4º Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor e o Dia Mundial de Oração pelas Vo-cações Presbiterais e Religiosas. “É com alegria que hoje estamos reunidos, de modo virtual, mas com o nosso coração em festa. Domingo do Bom Pastor, domingo de Oração Mundial pelas Vocações. E não poderíamos deixar esta data tão significativa passar em branco”, disse Frei Diego.

O Evangelho do Bom Pastor serviu de base para a reflexão. “Falar de vocação sig-nifica falar de uma resposta a um convite, a um chamado desse Pastor, que dá a vida por cada um de nós e que nos convida também a fazermos o mesmo”, lembrou Frei Diego, pedindo para cantar “Tu és, Senhor, o meu pastor por isso nada, nada, me faltará”.

O frade explicou que foram programadas neste ano quatro Lives vocacionais e que os encontros serão em todo o território da Pro-víncia, ficando marcado o próximo para o dia 26 de junho no Convento São Boaventura, em Campo Largo (PR), onde estão os frades pro-fessos temporários do tempo da Filosofia.

A pedido de Frei Diego, os postulantes Marcos, de Agudos (SP), e Samuel, de Niló-

interesse pelas coisas de Deus. Você pode ser também um canal, um animador ou animado-ra vocacional e questionar esse jovem: ‘quem sabe o seu caminho não seja a vida religiosa franciscana’? Seja um animador vocacional”, pediu Frei Diego.

Frei Diego também destacou a carta do Papa Francisco escrita para este 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações e mos-trou um vídeo da Casa Acolhedora de Bra-gança Paulista, onde estão os frades idosos e enfermos da Província. “Fidelidade tem a ver com perseverança, persistência, com dedicação. Esses dois jovens estão no se-gundo ano do Seminário. Eu estou um pou-quinho mais. Mas tem muita gente, muitos frades, que doaram e gastaram suas vidas pelo reino de Deus”, frisou o reitor do Santu-ário Frei Galvão.

“A gente quer dizer, com esse vídeo, que vale a pena ser franciscano. A gente quer dizer que vale a pena seguir o sonho e se colocar a serviço, que vale a pena se-guir esse Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas e que, por isso, também a gente gasta a vida por essa causa do Reino”, disse, agradecendo a todos que partici-param desta Live.

Live Vocacional: Bate-papo, momento de oração e de reflexão

Opolis (RJ), falaram de suas vocações e do processo vocacional.

Depois o frade falou diretamente para os jovens em processo de discerni-mento: “Não protele muito. Quem sabe seja hoje o dia de responder com alegria. Ou quem sabe você, que está nos acompanhando, conhe-ça alguém na sua comuni-dade que demonstra esse

Serviço de Ani-mação Vocacional (SAV) da Provín-cia da Imaculada Conceição fez

neste ano o primeiro encon-tro vocacional através de uma live, transmitida dire-tamente do Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá, que desde o dia 11 deste mês tem a assistência dos frades da Província. Este momento

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e 19 a 23 de abril, nós, frades e novi-ços, pudemos subir a montanha para fazermos nossa primeira experiência no Eremitério Frei Egídio. Lá, onde “apenas alguns metros nos sepa-

ram de Deus”, buscamos no silêncio e na contemplação encontrarmos o Senhor. Para isso, desde o primeiro instante, orientados pelo nosso mestre Frei Rodrigo, fomos con-vidados a nos emudecermos para escutar o Cristo e, com Ele, meditarmos sobre nossa vida e vocação, buscando doar-nos pela Igreja e por Cristo: perdermos a vida por uma causa que valha a pena e que nos dê sentido. Assim, junto do Senhor, buscamos refletir não apenas quem somos, mas para quem somos.

Auxiliados pelo Seráfico Pai, que nos deixou a Regra para os Eremitérios, busca-mos nas “funções” de Marta e Maria viver e assimilar as dimensões do cuidar e deixar

ser cuidado, do apostolado e da contempla-ção. Mais que um retiro, vivemos um forte momento de questionamento e reflexões, deixando-nos provocar pela Palavra de Deus a cada liturgia, buscando nela a força e a inspiração para o dia. Parando nossas atividades rotineiras durante a semana, o Eremitério proporcionou para nós uma inte-riorização para vermos onde o Senhor está indo, conduzindo-nos, e, às vezes, pergun-tarmos-nos: Senhor, aonde vais? E Ele nos responde que está retornando ao ponto de partida do primeiro amor.

Reencontrar o primeiro amor é colo-car em prática o que nos diz Frei Egídio: “Se queres bem ouvir, faze-te surdo; se queres bem falar, faze-te mudo; se queres bom caminho, fica parado e caminha com a mente; se queres bem trabalhar, corta as mãos e trabalha com o coração; se queres bem viver, mortifica-te a ti mesmo”. Mais

que um corpo disposto e pronto para o ca-minho, procuramos preencher nossa alma com os frutos das sementes do Verbo co-lhidos no silêncio, minoridade, fraternida-de e contemplação. Assim damos sentido ao cuidado, estreitamos a fraternidade e nos damos conta de que o silêncio não é sentirmos falta de palavras ou a ausência de conversas, mas é uma forma de per-cebermos o que falta em nós. O silêncio é habitado por Deus. Isso fica mais evidente quando subimos as trilhas rumo às grutas para as meditações.

Assim, durante essa semana, vivemos fraternalmente o cuidado com os confra-des, encontrando-nos com o Senhor e pro-porcionando esse encontro aos outros. Na solidão com Cristo ao nosso lado, como um amigo que também tem um coração de car-ne, lançamos as redes e preenchemo-nos de Deus para continuarmos a empreender o caminho vocacional, doando nossas vidas a Ele que é o Tudo em todos, como itinerantes que, em meio à criação, buscamos contem-plá-Lo na humilde forma que vem a nós sob as aparências de pão e vinho.

Noviços

Primeira experiência no Eremitério Frei Egídio

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FORMAÇÃO E ESTUDOS

tendendo ao convite que o Papa Francisco fez a todo o mundo, no dia 6 de maio, o grupo dos pos-tulantes, Frei João Francisco da Silva, que é guardião do Seminá-

rio Franciscano Frei Galvão, e Frei Roberto Ishara, do Santuário Frei Galvão, foram até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Apa-recida, que representou o Brasil na jornada mundial de oração pelo fim da pandemia, para rezar o terço nessa intenção e também nas intenções dos jovens.

O terço teve a transmissão das principais redes sociais do Santuário Nacional e também

contou com a cobertura dos principais meios de comunicação da Santa Sé para o mundo in-teiro. A cada mistério gozoso foi refletida uma intenção específica pela juventude.

No primeiro mistério pediu-se por todas as vocacionadas e vocacionados que foram exortados a serem instrumentos de amor, acolhimento e a serem generosos com os mais necessitados através de seu sim. Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, exortou para que cada vocacionado(a) dê seu sim corajoso, seja o 5º Evangelho e pe-diu que o Espírito Santo possa gerar Jesus em cada um, cristificando a todos.

No segundo mistério fomos convidados a refletir sobre a ação dos jovens nas pasto-rais e movimentos como leigos, diáconos e presbíteros, no trabalho de suporte e auxílio aos que estão sofrendo com as consequên-cias dos efeitos da pandemia.

No terceiro mistério foi a vez de refletir sobre as dificuldades enfrentadas pelas ju-ventudes durante a pandemia, em especial no que tange à falta de emprego, à defa-sagem na educação, à falta de suporte na saúde e prevenção da Covid-19, ao déficit habitacional e às diversas faltas de oportu-nidades e, consequentemente, dos sonhos interrompidos.

No quarto mistério foi proposta a refle-xão sobre as famílias, especialmente as fa-mílias formadas por casais jovens que, mes-mo num contexto pandêmico, não deixaram de buscar a Deus e apresentar ao Senhor seus filhos, por intermédio do sacramento do batismo.

No quinto mistério as intenções foram direcionadas a todos os jovens que durante essa pandemia perderam entes queridos, como pais, avós, tios, amigos, entre tantos, e por todas as almas que foram ao encon-tro do Senhor para que tenham o repouso eterno.

Ao final da celebração, Dom Orlando Bran-des rezou a oração do Papa Francisco para o fim da pandemia e para o mundo pós-pan-dêmico. Para todos que participaram, seja presencialmente ou mesmo virtualmente, foi um momento de profunda espiritualidade que renovou o nosso apelo a Deus para que acabe o quanto antes essa pandemia e que todos pos-sam ser vacinados logo. Paz e Bem!

Samuel Cavalcanti do AmaralPOSTULANTE

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Postulantes vão a Aparecida pedir pelo fim da pandemia

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FRATERNIDADES

Paróquia Santo Antônio de Bauru (SP) celebrou, no mês de abril, duas datas festivas: os 66 anos da criação da Pa-róquia e os 70 anos da presença fran-ciscana em Bauru e Agudos, região

centro-oeste do Estado de São Paulo. Estas datas históricas foram lembradas durante o mês por testemunhos, em videoconferên-cia, de frades que passaram pela Paróquia e pela Missa de Ação de Graças, no dia 21 de abril, presidida pela atual Fraternidade

Franciscana: Frei Ademir Sanquetti (páro-co), Frei André Becker (vigário da casa) e Frei Ricardo Backes (vigário paroquial).

Na homilia, Frei Ademir fez um resgate da história, recordando que a pedra funda-mental da Capela Santo Antônio foi lançada em 12 de setembro de 1937 pelo Pe. João Van de Hubst e, no dia 24 de março de 1940, num domingo de Páscoa, o bispo diocesano Dom Luiz de Sant’Ana inaugurou a Capela. Os franciscanos chegaram em 1951 para

continuar o trabalho pastoral feito pelos padres missionários do Sagrado Coração de Jesus da Paróquia São Benedito, na Vila Falcão. “Com a criação da Paróquia no dia 19 de março de 1955, desmembrada das paróquias de São Benedito da Vila Falcão e de Nossa Senhora Aparecida, Dom Henrique Golland Trindade deu posse ao primeiro pá-roco, Frei Elias Hueppe, no dia 21 de abril de 1955”, contou Frei Ademir.

Nós estamos aqui, como comunidade

Bauru: 66 anos da Paróquia e70 anos da presença franciscana

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FRATERNIDADES

franciscana, celebrando 70 anos. É uma alegria muito grande fazer parte dessa história. Nesta celebração, colocamos diante de Deus essa vivência, esse amor, essa união de vidas e pedimos perdão pe-las falhas, porque somos humanos”, disse, agradecendo aos paro-quianos, fiéis devotos de Santo Antônio, aos benfeitores, pastorais, movimentos e equipes da Paróquia durante esta caminhada.

O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, disse que a presen-ça dos Frades Menores na Paróquia Santo Antônio “é presença viva na caminhada e na ação da Igreja local de Bauru à qual que-remos agradecer”. Em nome de toda a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, Frei César agradeceu às gerações de frades e à Fraternidade local “que gastaram suas vidas nesta missão”.

“E um agradecimento especial ao querido povo de Bauru, que sempre nos acolheu e compartilha até hoje da nossa vida e da nossa missão. E, ao agradecermos, somos também impulsiona-dos a olhar para frente, a acolher o chamado de Deus, que nos convida a instaurar o seu reino de amor entre nós. Que os nossos corações, nossas vidas, nessa bela celebração, sejam tocados por esta inspiração pela vida e pela missão de Jesus”, pediu o Ministro Provincial.

Dom Rubens Sevilha, OCD, revelou sua alegria por essas fes-tividades. “A presença dos Frades Menores Franciscanos, aqui na nossa Diocese de Bauru, é significativa e cheia de bons frutos. Queremos agradecer a Deus por todo o bem realizado pela Ordem Franciscana aqui na Diocese de Bauru nesses 70 anos, de modo particular às nossas Paróquias a eles confiadas, de Agudos e aqui de Bauru. Que Deus recompense a todos os frades, padres e leigos que trabalharam nesses anos na Paróquia e aos franciscanos que já estão na eternidade e que receberam a recompensa eterna”, disse. “E que possamos continuar a nossa caminhada”, acrescen-tou, pedindo que os franciscanos continuem contribuindo com o seu carisma de fraternidade, de simplicidade, de amor a Deus e aos irmãos na construção do Reino de Deus. “Que Deus abençoe a Ordem Franciscana e a Paróquia Santo Antônio de Bauru e a toda a nossa santa Igreja”, completou D. Rubens, nomeado pelo Papa Francisco bispo de Bauru. Ele tomou posse no dia 20 de maio de 2018, na Solenidade de Pentecostes.

Dom Caetano Ferrari destacou o carisma franciscano nesse tempo. “Os frades vieram para Bauru e Agudos com o propósito de construir o Seminário Santo Antônio, em Agudos, por onde pas-saram muitos frades. Foi ali que conclui o segundo grau em 1964, o mesmo ano da criação da Diocese de Bauru”, recordou Dom Caetano, dizendo que festejar essas datas era motivo de “muita alegria porque sou franciscano”. Como bispo de Bauru, exerceu o seu ministério pastoral até 28 de março de 2018, quando a Santa Sé aceitou seu pedido de renúncia e tornou-se Bispo emérito.

A NOVA IGREJANo dia 12 de Junho de 1968 foi realizada a última Missa na

igreja antiga e, na Festa de Santo Antônio, no dia 13 de junho do mesmo ano, foi celebrada a primeira Missa na nova igreja. Na semana seguinte começou a demolição da igreja antiga.

Segundo o arquiteto e urbanista Rafael Giácomo Pupim, na “Revista da USP”, o projeto para a Igreja Matriz Santo Antônio (data do projeto de 1964, publicado na ‘Revista Acrópole’ nº 302, jan. 1964) é de autoria do português radicado no Brasil Fernando Ferreira de Pinho, que residiu em Bauru e tem muitas obras na cidade. “Esta obra atesta o uso lógico e econômico da estrutura. Uma sucessão de pórticos regulares elevava a caixa retangular do solo, um volume sóbrio e equilibrado”, diz Pu-pim. Segundo o autor do artigo, a fachadas laterais possuíam “brises” (elementos que protegem o interior de um ambiente da incidência da luz solar) que corriam em sentido longitudinal e filtravam a luz que invadia o recinto sagrado. “Ao final da escadaria principal encontrava-se, à frente

do edifício, um largo, que poderia acolher cerimônias ao ar livre”, dizia o projeto.

Durante todo esse período muito se fez em benefício da paróquia; pequenas comunidades foram nascendo; a evange-lização foi sendo revigorada; novas pastorais e movimentos foram se estruturando e manifestando seu vigor; a formação, a oração e o trabalho social caminharam juntas; a Paróquia foi mostrando a força que tem na unidade da fé e na diversidade de dons e carismas.

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FRATERNIDADES

domingo (25/04) do Bom Pastor e Dia Mundial de Oração pelas Vocações foi de festa no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). Frei Hans Stapel, OFM, fundador da Fazenda da Espe-rança, presidiu a Celebração Eucarís-

tica, às 9h30, concelebrada pelo Reitor do Santuário, Frei Diego Melo. Esta Missa termi-nou com a bênção da estátua de Frei Galvão, que foi restaurada graças à generosidade dos devotos de Frei Galvão que abraçaram a campanha de arrecadação de fundos no segundo semestre do ano passado.

Esse momento teve também o plantio de 60 mudas de flores no entorno da estátua, feito pelas crianças presentes no santuário.

Na sua homilia, Frei Hans lamentou o

Estátua de Frei Galvão é abençoada após restauro

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FRATERNIDADES

momento que vivemos com a pandemia e o número reduzido de pessoas no interior da igreja. Para ele, esse vírus é uma opor-tunidade para nos tornarmos sensíveis às necessidades dos outros. “É tempo de viver o que Jesus colocou no coração de cada um. Fomos feitos para amar”, ensinou. “Para en-trar no céu, não basta participar da Missa. É preciso amar”, insistiu.

Citou o exemplo de Santo Frei Galvão no seguimento de Cristo. “Ele estava sempre do lado dos necessitados. Ele visitava os doentes e inventou até a pílula. Como é bom viver na cidade onde nasceu um santo. Se Deus quiser vamos ter um novo Santuário para Frei Galvão”, pediu.

Segundo o frade desta Província e mis-sionário que veio da Alemanha, Frei Hans lembrou que este tempo é também uma oportunidade para perdoar. “Vamos pedir a Frei Galvão para nos ajudar a dizer: não tenho medo de perdoar; não tenho medo de ajudar o outro; não tenho medo de amar. Importante nos prepararmos para entrar no céu”, observou.

Frei Hans lembrou que há semanas, os seus confrades assumiram este Santuário e têm a missão de construir o novo Santuário. “Mas eu como os meus confrades fizemos o voto de pobreza. E se depender dos frades

não vamos conseguir construir o Santuário. Mas, com a ajuda de vocês, vamos conse-guir”, pediu.

Segundo Frei Hans, este ano foi muito especial na Fazenda pelo acolhimento de 3 mil jovens. Mas ele falou que a pandemia também dificulta para sair da Fazenda e vi-sitar as paróquias para vender os produtos.

Para Frei Diego, a primeira palavra que tinha era de gratidão pela presença de Frei Hans no Santuário. “Sabemos que ele so-nhou muito com a presença franciscana neste santuário. E se aqui chegamos como franciscanos, nessa mesma espiritualidade que move este Santuário e a Fazenda, temos como grande objetivo rezar com vocês”, disse, informando que foi criada no Santu-

ário a “Missa do Trabalhador”, às 7 horas. “É uma oportunidade de começar o dia com a Eucaristia”, contou.

Frei Diego também falou da campanha que o Santuário faz para pintar a igreja. “Mas como pedir essa ajuda neste momento de pandemia, quando tantas pessoas estão passando necessidade. Nós, franciscanos, vamos trabalhar sempre na lógica que o Papa Francisco pede: vamos crescer ma-terialmente, mas não vamos esquecer dos pobres”, explicou, contando que o Almoço Solidário, no último domingo, vendeu 838 quentinhas, das quais 538 foram doadas para os pobres. “Com esse olhar para Deus e para os pobres, vamos construir esse san-tuário”, acredita o Reitor.

A “peregrinação” da Estátua de Frei Galvão

Em 1999, o então pároco da Paróquia de Santo Antônio, Pe. Jalmir Carlos Herédia, enco-mendou ao artista Irineu Migliorinip uma está-tua de Frei Galvão. O referido artista aceitou a encomenda e esculpiu a estátua do santo com 8 metros de altura, 2,5m de diâmetro, pesando 1,6 toneladas. O trabalho do artista foi pago pela Paróquia Santo Antônio, com dinheiro an-gariado pelos fiéis católicos, entre os quais, os membros da Irmandade de Frei Galvão.

Em princípio, a imagem seria colocada no “Morro dos Passarinhos” (próximo à Rodoviária de Guaratinguetá), porém, como o local é de pro-priedade particular, não houve um acerto para

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FRATERNIDADES

O Santuário de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, em Guaratinguetá - SP, promoverá no próximo dia 5 de junho, o plantio de árvores no terreno de cerca de 20.000 m², quando terão início as obras do novo Santuário dedi-cado ao primeiro santo brasileiro.

Esse momento simbólico reunirá os frades franciscanos, responsáveis pelo Santuário; os diretores da ONG SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani e Olavo Garrido; o Arcebispo Emérito de Aparecida, Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, o atual Arcebispo, Dom Orlando Brandes e demais auto-ridades religiosas, civis e ambientais.

A cerimônia iniciará com missa às 9h, seguida de Caminhada Ecológica até o terreno do novo Santuário, onde será realizado o plantio de árvores, marcando, assim, o Dia Mundial do Meio Ambiente e o início das obras. Os frades e a comunidade local querem, com esta primeira iniciativa, estar em sintonia com a proposta da Encíclica do Papa Francisco, Laudato Si’, e o carisma de

São Francisco de Assis, que no ano de 1979 foi proclamado Padroeiro da Eco-logia. “Trata-se do compromisso com o maior e mais belo Santuário existente, a Terra, nossa Casa Comum”, destaca o reitor do Santuário, Frei Diego Atalino de Melo, OFM.

Dom Raymundo Damasceno Assis, grande idealizador do novo Santuário, virá de Brasília exclusivamente para presidir a Missa que firmará o con-vênio com a SOS Mata Atlântica, bem como participar das demais cerimô-nias de início das obras.

A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG criada em 1986, cuja missão é defender a Mata Atlântica do Brasil, conservando os patrimônios naturais e históricos, buscando um desenvolvi-mento sustentável que possa preser-var a fauna e flora. Com ela, o Santuá-rio firmará convênio para restauração e preservação permanente (APP).

As cerimônias serão realizadas respeitando todas as normas sanitá-rias de prevenção a Covid-19.

Pedra fundamental do novo Santuário de Frei Galvão será um pacto com a ecologia

que a imagem ali permanecesse. Em seguida, a imagem foi colocada no largo da Praça da Ma-triz de Santo Antônio e lá ficou por oito meses.

A primeira transferência da imagem de Frei Galvão ocorreu do Largo da Matriz para o Seminário Frei Galvão, no bairro de São Bento. Dali, ela foi transferida para o trevo de acesso a Guaratinguetá, na Rodovia Pre-sidente Dutra, com o intuito de dar maior visibilidade às pessoas que passam pela Rodovia. Todavia, este local, com o passar do tempo, mostrou-se inadequado, dado o volume de trânsito e a falta de espaço para a parada de veículos e/ou ônibus de pere-grinos que desejassem venerar a imagem do Santo. Até mesmo para os pedestres, o risco de acidentes era grande.

Com a notícia da visita do Papa Francis-co ao Rio de Janeiro para a JMJ e sua pas-sagem por Aparecida, o então Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno As-sis pediu à Sua Santidade que abençoasse a imagem. Ele fez a solicitação ao Santo Padre e foi atendido. No entanto, como o Papa não podia ir ao local onde se encontrava a ima-gem, a solução foi levá-la até o Seminário Bom Jesus, local onde sua Santidade almo-çaria e faria um breve descanso.

Antes, porém, Dom Damasceno solici-tou autorização para a retirada da imagem à Prefeitura Municipal de Guaratingue-tá, que, por meio do Decreto N. 7.754, de 03/07/2013, concedeu a autorização, bem como, sua permanência no Seminário Bom Jesus até a sua transferência para o Santu-ário Arquidiocesano de Frei Galvão. As des-pesas decorrentes do transporte foram de responsabilidade da Arquidiocese. Feito o traslado para o Seminário Bom Jesus, a es-tátua de Frei Galvão foi colocada nos jardins do Seminário à espera da visita e bênção de Sua Santidade. E assim, no dia 24/07/2013, no Seminário Bom Jesus, a imagem foi aben-çoada pelo Papa Francisco e lá permaneceu até o dia 25 de outubro do mesmo ano, quando então foi transferida definitivamen-te para o Santuário Frei Galvão.

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FRATERNIDADES

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FRATERNIDADES

m decreto assinado, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropo-litano de São Paulo, instituiu a “Co-missão do Centenário do nascimento do Cardeal Paulo Evaristo Arns, OFM”,

que irá “preparar e coordenar a comemora-ção de tão significativa efeméride pela Ar-quidiocese de São Paulo, longamente servi-da por Dom Paulo”, segundo consta em um dos trechos do decreto.

Caberá à comissão elaborar um pro-grama de iniciativas colaborativas para comemorar o centenário de Dom Paulo, a ser aberto em 14 de setembro deste ano, quando ele completaria 100 anos de vida. As atividades poderão ser programadas ao longo de todo o ano centenário. O plano de comemorações deverá ser apresentado à Cúria Metropolitana até 15 de junho de 2021.

Pela Província da Imaculada Concei-ção, o confrade de Dom Paulo e ex-Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanböemmel, fará parte da Comissão, com Dom Eduardo Vieira dos Santos, Pe. Tarcísio Mesquita, Pe. Luiz Eduardo Baronto, Pe. José Rodolpho Peraz-zolo, Pe. Antonio Manzatto, Pe. Antonio Apa-recido Pereira, Pe. José Bizon e Pe. Michelino Roberto.

Em 1966, Frei Paulo Arns foi ordenado Bispo Auxiliar da Arquidiocese por São Paulo VI, que em 1970 o nomeou como 5º Arcebis-po Metropolitano de São Paulo, função que começou a exercer em 1º de novembro de 1970 e permaneceu até 1998, quando renun-ciou por motivo de idade. Em 1973, tornou--se cardeal por intermédio do Papa.

Em seu episcopado como Arcebispo, criou 43 paróquias, incentivou e apoiou o surgimento de mais de 2 mil comunidades de base nas periferias da metrópole paulis-

tana, particularmente nas atuais dioceses sufragâneas de São Miguel, Osasco, Campo Limpo e Santo Amaro, além das Regiões Episcopais Belém e Brasilândia.

D. Odilo institui Comissão para as comemorações do centenário de D. Paulo Evaristo

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FRATERNIDADES

Amor e gratidão foram as palavras centrais da homilia de Frei Gusta-vo Medella, Vigário Provincial da Província da Imaculada, no Dia das Mães e sexto Domingo da Páscoa

(9/11), durante a Celebração Eucarística, às 9 horas, na Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, em São Paulo.

Para o celebrante, a referência materna é fundamental para a nossa saúde, psíquica e física, no decorrer de nossa vida. “Às vezes, a criança perde a mãe quando pequena mas elege uma outra figura materna. Por isso, é muito triste, é muito desconsolador saber que há tantas crianças que já nascem ou dão seus primeiros passos sem essa referência tão clara nas instituições e orfanatos e até, às vezes, vagando pelas ruas por conta de uma série de mazelas sociais e econômicas, que vão se juntando e constroem histórias tão tristes, em desfavor de tantos filhos e filhas de Deus, como cada um de nós, porque Deus não faz acepção de pessoas”, lamentou.

Para o frade, uma comunidade que se diz cristã, também precisa ter esse compromisso do cuidado com a vida, e de fazer todo o possí-vel de oferecer a cada um, a cada uma, inde-pendente da classe social, do credo religioso, o ambiente de paz, de justiça, de satisfação das necessidades mais básicas. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Aquele que diz que ama a Deus e não ama seu irmão não fala a ver-dade. É um mentiroso. Porque quem se sente acolhido, amparado, aninhado no colo materno de Deus, que não nos deixa nada faltar, tam-bém percebe o seu compromisso para com o outro”, exortou Frei Medella.

O frade pediu a bênção de Deus a todas as mães e reservou uma palavra carinhosa para as mães que, por ventura, tenham vivido a dura experiência de perder um filho para a violência,

para a doença ou para a pandemia. “O coração apertado dessas mães também encontra em Deus o consolo de que tanto precisam. E a todas as mães, sem exceção: mães biológicas e mães do coração. As mães adotivas, as tias e avós que trabalharam e atuaram como mães, muito, muito obrigado. Obrigado pelo empenho, pelo carinho, pela devoção de vocês. Cada mulher que exerce a sua maternidade com o espírito de responsabilidade, de compromisso, de amor, torna o mundo inteiro um lugar melhor para se viver. Deus abençoe todas as mães e que nós não nos iludamos, mas busquemos sempre o nosso descanso, a nossa paz, a nossa alegria completa, conforme diz Jesus no Evangelho, no coração de Deus. Permanecei no meu amor”, completou.

Nas intenções da Santa Missa, todas as mães foram lembradas, e Frei Medella falou especialmente das mães que estão sofren-do a perda de seus filhos pela pandemia e as que estão hospitalizadas, como a sua mãe, Célia Regina, que está se recuperando bem. Ele também rezou para a mãe de Frei Marcelo Tadeu da Silva Cardoso, um jovem frade de 33 anos, que está intubado há três semanas.

No final da celebração, Frei Medella disse que se fossem outros tempos, ele teria cha-mado todas mães junto dele no altar para dar a bênção final, mas chamou uma mãe, Flávia, com seus quatro filhos, para representar essa homenagem a todas as mães.

Frei Medella: “Mães, obrigado pelo empenho, pelo carinho, pela devoção de vocês”

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FRATERNIDADES

Comunicações - Fale um pouco de sua vida e sua família?

Frei Toni - Sou catarinense, descendente de alemães, nascido em Forquilhinha, o se-gundo mais velho de 7 irmãos: 4 homens e 3 mulheres. Quando eu ainda era bebê, meus pais mudaram para a localidade de Rio Cedro Médio, no município de Nova Veneza. Éramos pequenos agricultores. A terra era pouca e o meu pai bastante doente. Ou seja, uma famí-lia marcada pela pobreza. Quando descobri que existia, já estava trabalhando. Não havia

vacinas na época e passamos por tudo que é peste. No domingo íamos no terço na Vila e, quando havia oportunidade, não perdíamos a missa. Em casa também se rezava. Espe-cialmente marcante era a forma de se ce-lebrar o Natal com presépio, árvore de natal e presentes, tudo obra do “Menino Jesus”. E muitos cantos natalinos. Em 1964 mudamos de novo para Forquilhinha. Hoje, a família de meus pais, acrescida de genros, noras, netos e bisnetos, é bem grande e muito unida. O en-contro é aquela festa!

Comunicações - Como se deu seu discer-nimento vocacional? Por que a escolha pela Ordem Seráfica?

Frei Toni - Quando criança, dizia que que-ria ser padre. Não sei o porquê. Certamente influência de alguém. Pelos 13 anos, partici-pando de uma novidade que tinha surgido, a novena de Natal, a ideia voltou. Certo dia, os padres Servos de Maria, que têm um semi-nário em Turvo, município vizinho, passaram no colégio onde estudava. Foram de sala em sala, perguntando o que cada um queria ser

SÉRIE NOSSOS FRADES

Frei Antônio Michels

“Onde estaríamos sem um Papa Francisco a nos recordar o caminho do Evangelho?”

coordenador da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento da Província Franciscana da Imaculada Con-ceição, Frei Antônio Michels, chamado simplesmente de Frei Toni, é o entrevista-

do desta série “Nossos Frades” e fala sobre te-mas da vida religiosa, do carisma franciscano, da Igreja, da pandemia e especialmente da Frente que coordena.

“O que não deveria faltar na paróquia ou santuário entregue ao nosso cuidado pastoral é que nós, frades, sejamos frades com os traços próprios da espiritualidade franciscana. Quando é assim, a paróquia ou santuário, com todas as suas forças vivas, ganha traços franciscanos que enriquecem a Igreja local”, avalia o frade, que in-gressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de janeiro de 1977, professou solenemente em 1º de agosto de 1981 e foi ordenado presbítero em 6 de agosto de 1983.

Acompanhe a entrevista a Moacir Beggo

O

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FRATERNIDADES

na vida. Escrevi na folha que deram: “padre”. Eles, então, entraram em contato, querendo me levar para o seminário. Só não fui porque não tive como comprar o enxoval. Me lembro que na ocasião minha mãe comentou: “Se você quer mesmo ser padre, devia ser um franciscano”. Eu nem sabia o que era isso. Os frades da Paróquia de Forquilhinha foram alertados de que estavam “pescando na la-goa deles” e resolveram começar a reunir os vocacionados. O pároco era Frei Cuniberto Hornig, auxiliado por Frei Adalberto Gatchak. O conterrâneo Frei Paulo Back, em férias do trabalho no seminário de Agudos, animou--me, orientou e ingressei naquele seminário em 1971. Frei Cuniberto ajudou com os cus-teios e praticamente me adotou, sabe-se lá por que, como aquele que seria o seu “subs-tituto”. Me acompanhou de alguma forma até que veio a falecer. Só no seminário é que conheci São Francisco e por ele me apaixonei. Fato marcante para isso foi um retiro sobre a vida de São Francisco que Frei Agostinho Salvador Piccolo pregou. Falei isso para ele poucos anos antes dele falecer. Ficamos am-bos emocionados. Ingressei no seminário nos tempos mais sombrios da ditadura militar. Um irmão de minha mãe foi preso e torturado. Outro conterrâneo foi morto. Então, eu tinha comigo que fazia parte da formação também se preparar para suportar tortura.

Comunicações - Como Frei Toni se autode-fine?

Frei Toni - Roceiro, trabalhador manual, artesão, ao mesmo tempo tímido e atrevido, sensível, apreciador de arte, frade menor sonhador e comprometido com os pobres, presbítero inquieto com os retrocessos na Igreja e no país.

Comunicações - Poderia fazer um histórico de sua formação e vida religiosa e dos luga-res onde já trabalhou?

Frei Toni - Tem que resumir bastante, são muitos anos. Além da formação mínima em filosofia e teologia, exigida pela Igreja para

o ministério presbiteral, não passei por outro curso a não ser o Master em Evangelização que foi oferecido pelo ITF. Mas sempre gostei de ler e acompanhar as reflexões teológico--pastorais, sobretudo em torno da pessoa de Jesus, do Espírito Santo e da missão evange-lizadora da Igreja.

Da forma de vida de Francisco procurei encarnar especialmente a vida de pobreza e o “trabalhar com as mãos”. Sempre meti as mãos na terra, recuperando-a e produzindo alimentos de modo orgânico. Desenvolvi al-guma habilidade com madeira e, onde passei, sempre fui da filosofia do “faça você mesmo”. Como autodidata e inspirado no trabalho de

Pantanal. Mas fui transferido para Itaboraí, RJ, como capelão da Colônia de Hansenianos, onde já estivera nos estágios de final de se-mana nos tempos de frade estudante. Foram três anos sozinho e depois mais três anos com Frei Alexandre Magno. Foi um tempo bom em que vivemos uma pobreza radical, a convivência solidária, serviço aos últimos e a fundação e acompanhamento de uma pequena rede de comunidades que extra-polava os limites geográficos da Colônia. Em visita a nós, o então ministro provincial Frei Estêvão Ottenbreit manifestou a esperança de que nossa forma de vida pudesse ser o embrião de “um novo modo de ser frade”,

COMO SÃO DIFÍCEIS AS MUDANÇAS NA IGREJA. NÃO SE MUDA CONTINUANDO SIMPLESMENTE A FAZER O QUE SEMPRE SE FEZ. POR EXEMPLO, CONTINUANDO A FORMAR OS PASTORES NOS CADUCOS SEMINÁRIOS, COM TEOLOGIAS FEITAS PARA DEIXAR TUDO COMO ESTÁ.

Frei José Rochinski, fui também aprendendo alguma coisa em entalhe em madeira. Sem-pre pensando que o objetivo é evangelizar.

Quando estava para ser ordenado, não me identificando com as opções da Província, me propus, junto com o colega de turma Fer-nando Cunha, ser missionário itinerante na Diocese de Bacabal. Mas o primeiro campo de missão para o qual fui enviado foi Dourados, MS. Em paróquia de centro, mas acabei me envolvendo com a Vila Índio, dos pobres e, em âmbito maior, com a juventude e com os sem--terra. Quis atender o pedido de acompanhar os acampados que, depois de luta aguerrida, seriam assentados lá para a proximidade do

embora não concordasse que vivêssemos tão sem garantias materiais. Foi então que surgiu a ideia de se fundar uma “fraternidade inseri-da nos meios populares”, composta também de frades estudantes, o que veio a se concre-tizar em 1992, em Imbariê.

Éramos três professos solenes e três frades estudantes de Teologia. Prestáva-mos serviço gratuito à Diocese, sobretudo às paróquias da região: formação, missões, celebrações. A opção era viver do trabalho manual. O que pintasse. Todos os serviços domésticos também eram feitos por nós. Nossos veículos eram bicicletas. Imbariê era área pastoral de Parada Angélica, mas pouco

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FRATERNIDADES

depois foi elevada a Paróquia. O pároco não ficou nem um ano. O vigário geral da Diocese pediu então que assumíssemos provisoria-mente o serviço pastoral da paróquia. O provi-sório durou seis anos. Atendíamos a paróquia sem deixar a forma de vida que levávamos, e a paróquia carecia de quase tudo no que se refere às estruturas materiais. Era uma vida dura. Mas nunca experimentei uma proxi-midade fraterna com o povo e com as irmãs catequistas franciscanas - que lá estavam já antes de nós - como lá em Imbariê. Neste ínterim, o Congresso Capitular me consultou para ir a Angola. Topei na hora. Mas quando disseram que a Fraternidade de Imbariê seria

Definidor e transferido para o Convento das Graças, em Guaratinguetá, acumulando tam-bém a função de Secretário de Evangelização da Província. Dentro ainda daquele triênio fui enviado para compor de novo a fraternidade no leprosário de Venda das Pedras. Por pouco tempo, pois nossa presença lá foi encerrada. Fui então parar na grande paróquia de Cam-pos Elíseos, por 5 anos. Lá, como em todos os lugares por onde passei, me dediquei muito à formação dos leigos. Fosse juntar tudo que já escrevi de subsídio de formação daria livros bem grossos. Sempre primei também em minha atividade apostólica pelo canto. Muito da espiritualidade, da compreensão de Igreja

das Paróquias e Santuários: “O que sobretu-do não pode faltar numa paróquia ou santuá-rio franciscano”?

Frei Toni - As paróquias e santuários aos quais servimos são muito diversos. Não são nossos, são das Igrejas locais, cada qual com suas virtudes e carências. O que não deveria faltar na paróquia ou santuário entregue ao nosso cuidado pastoral é que nós, frades, sejamos frades com os traços próprios da espiritualidade franciscana. Quando é assim, a paróquia ou santuário, com todas as suas forças vivas, ganha traços franciscanos que enriquecem a Igreja local. Creio que nas di-retrizes da Província para a presença nas paróquias, santuários e centros de acolhi-mento, no item “como queremos estar” ali, se diz bem o que deveria caracterizar nossa presença.

Comunicações - Quais seriam as ‘outras formas de apostolado mais próprias da nos-sa Ordem’? Essa pergunta que faço a você foi feita por Frei Estêvão Ottembreit durante uma palestra no ano passado, quando disse que a presença franciscana nas paróquias, também nos territórios de missão, é campeã.

Frei Toni - Me parece claro que os Frades Menores, diferentemente de algumas outras ordens, não temos um tipo de apostolado es-pecífico. Somos pau para toda obra. O frade menor pode ser um trabalhador manual ou um cientista, um leigo ou alguém que assume ministério ordenado na Igreja. O que é mais próprio dos Frades Menores é onde deveriam estar com os pés, isto é, no mundo dos po-bres, e o modo de ali estar: em fraternidade, como menores, em espírito de oração etc. Os impasses em que a Ordem se encontra, a meu ver, decorrem muito mais da carência de identidade carismática do que de forma de apostolado. Ou seja, é questão de formação inicial e permanente. A formação falha no forjar o frade profético para o hoje. Parece--me que a própria hermenêutica que se faz de Francisco deixa a desejar no traduzir para hoje o que seja viver o espírito que animava

FRANCISCO É UM PROFETA QUE, COM GESTOS E PALAVRAS, LEVANTA QUESTÕES IMPORTANTES NÃO SÓ PARA OS CATÓLICOS, MAS PARA TODA A HUMANIDADE. TUDO, ENTÃO, ESTÁ SE ENCAMINHANDO BEM NA IGREJA? CLARO QUE NÃO. MAS O QUE ME PERGUNTO É: ONDE ESTARÍAMOS SEM UM PAPA FRANCISCO A NOS RECORDAR O CAMINHO DO EVANGELHO?

fechada, não pude concordar. No ano 2000, embora eu não me julgasse

a pessoa indicada, fui transferido para Petró-polis como Mestre do tempo da Teologia. Era para concretizar a opção feita em Capítulo de que todos os frades estudantes no tempo da Teologia vivessem em pequenas fraternida-des. Havia opiniões e mesmo ações contra o projeto. Fiz o que pude. Quatro anos depois estava novamente consultado para ir para a África, mas acabei transferido, pela segunda vez, para Imbariê, agora já paróquia assumi-da pela Província, numa situação conflituosa que lá se tinha criado.

Uma meia dúzia de anos depois fui eleito

e da missão passam pelo canto. Então não é coisa que se deva deixar solta.

O último Congresso Capitular me enviou para Mangueirinha, PR, pela primeira vez no sul da Província. Por um ano apenas pois aquela paróquia foi entregue, embora o Ca-pítulo tivesse se pronunciado de forma dife-rente. Dos sonhos interrompidos, o que mais senti foi abandonar o início de um trabalho com os índios kaingan. Vim parar, então, na Rocinha. Foi chegar e começar a pandemia. Feliz por estar aqui.

Comunicações - Comente esta questão que foi colocada em um dos encontros da Frente

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FRATERNIDADES

o “pobrezinho”. Parafraseando Paulo VI na Evangelii Nuntiandi, diria que aplicamos um verniz de franciscanismo que não chega “a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as li-nhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida”. Por isso parece que podemos viver as opções de Francisco conti-nuando na casa de Pedro Bernardoni.

Comunicações - A seu ver, a Província dá passos no sentido de encontrar novas for-mas de presença?

Frei Toni - Responder sobre isto me faz lembrar alguns episódios. Sou um dos mais de 30 frades da Província da Imaculada que propuseram ao Capítulo de 1988 uma mu-dança de rumo da Fraternidade Provincial, na direção do que a vida religiosa na América Latina na época chamava de inserção nos meios populares. Havia propostas bem con-cretas, também para a formação inicial. Nos-sa derrota foi acachapante. Nossa Província se caracterizou por um vírus de grandeza e a opção que historicamente venceu foi pelas coisas grandes. Umas entraram em crise, ou-tras ainda vão entrar.

Mais recentemente, em consonância com o discurso do “redimensionamento”, apresentei ao Regional Baixada e Serra e foi ao Capítulo uma proposta que nasceu de um grande anseio que tenho de cuidar da Mãe Terra. A proposta era uma fraternida-de cuja missão fosse o cuidado da criação. Havia até uma indicação concreta: cuidar do Rio Paraíba, que corta boa parte do terri-tório onde nossa Província se faz presente. A fraternidade percorreria o Rio, dialogando com a população, com as autoridades, com as comunidades eclesiais, conscientizando, motivando ações concretas. A proposta foi rejeitada antes mesmo que sua apresenta-ção fosse concluída: “Não temos pernas pra isso!” Mas o “para onde queremos ir” é que deveria ser a locomotiva a puxar o trem do redimensionamento, não é?

Estamos a entregar paróquias. Porque o número de frades está diminuindo, mas também porque o projeto é reforçar outras frentes já existentes. É bom para a saúde carismática da Província deixar paróquias? Depende para onde vamos. Vejo que a paró-quia, com todos os “riscos e tentações” que corremos ao nelas estar, pela proximidade com as casas do povo e por suas demandas, ainda fazem bem à vida espiritual dos frades. Neste sentido, devíamos dar graças a Deus por ainda estarmos em tantas paróquias. Nos isolarmos dentro de conventos ou virarmos administradores, executivos de empresas de educação, de comunicação ou de ONGs nos

de nos formarmos para a dimensão laical de nossa forma de vida.

Comunicações - A instituição paroquial, com sua configuração e longa história, tem suportado o impacto de profundas mudan-ças sociais e culturais que ocorreram nas últimas décadas?

Frei Toni - Suportou, mas está na UTI. Diz o Papa Francisco na Evangelii Gaudium que “a Paróquia não é uma estrutura caduca” por-que ela tem uma plasticidade e pode adquirir formas diferentes, buscando a estrutura ade-quada para evangelizar a realidade específi-ca em que está inserida. Mas há, sim, muita

faria mais frades, com atração para genuínas vocações a frade menor? Não vejo que a prá-tica demonstre isso.

Comunicações - Comente a frase do De-finidor Geral, Frei Valmir Ramos, em artigo nestas Comunicações: “A Igreja precisa con-tinuar o seu processo de ‘aggiornamento’ (São João XXIII) com confiança e audácia, os religiosos e nossa Ordem serem reconheci-dos pelo que somos e não pelo que fazemos”.

Frei Toni - Refere-se ao anseio da Ordem por deixar de ser considerada pelo direito canônico como ordem clerical. Seria bom mu-dar? Sem dúvida. Mas não é o que nos impede

caduquice nas paróquias e dioceses. E até deploráveis voltas atrás de passos importan-tes que tinham sido dados nos anos 70 e 80 na implantação da eclesiologia do Vaticano II. Quando estudantes de Teologia achávamos que devíamos avançar para além do Concílio, que não chegou a superar o clericalismo. Mas depois fomos obrigados a voltar para as trin-cheiras do Vaticano II para defendê-lo.

Como o Papa Francisco também reco-nhece, a renovação das paróquias ainda não deu os frutos esperados. Diria eu que os vinhos novos da renovação são sistematica-mente envelhecidos para não estourarem os odres velhos. A paróquia é apenas um

NOS ISOLARMOS DENTRO DE CONVENTOS OU VIRARMOS ADMINISTRADORES, EXECUTIVOS DE EMPRESAS DE EDUCAÇÃO, DE COMUNICAÇÃO OU DE ONGS NOS FARIA MAIS FRADES, COM ATRAÇÃO PARA GENUÍNAS VOCAÇÕES A FRADE MENOR? NÃO VEJO QUE A PRÁTICA DEMONSTRE ISSO

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dos elementos da forma da Igreja se confi-gurar para exercer a missão. E esta forma de a Igreja se configurar, que não muda des-de a Idade Média, infantiliza os leigos e não favorece a sinodalidade e a colegialidade. Nós que temos a graça de saber que Deus é comunhão de pessoas, não podíamos nos caracterizar por um modo monárquico de coordenação. Como encontrar a vacina para o que o Papa Francisco tem chamado de “doença do clericalismo”, que resiste e até se reinventa? Desde Aparecida fala-se de “conversão pastoral”, de “não deixar as coisas como são”, de um rosto de Igreja de-cididamente voltado para a missão. Com o

pedem para ser clericalizados, pois é mais cômodo! E isto é um pecado num duplo sen-tido”?

Frei Toni - Papa acerta na mosca. É isto mesmo o que acontece. Grande parte dos fiéis católicos prefere um presbítero que os infantilize. Afagam o padre e são por ele afa-gados, e parece que está tudo bem. Mas julgo importante dizer que uma cumplicidade boa pode também acontecer: leigos que tiveram a graça de conhecer a eclesiologia do Vatica-no II, de Medellín e de Puebla e se tornaram adultos na fé, ajudam o presbítero a com-preender o seu ministério numa Igreja toda ela ministerial; e o presbítero imbuído desta

crescimento das transmissões digitais das celebrações. Como vê tudo isso?

Frei Toni - Sou bem pouco capacitado para o uso das novas mídias. São, sem dúvi-da, instrumentos preciosos que podem ser usados para a evangelização. Mais que isso, são um mundo ao qual a Igreja precisa se adaptar e onde deve testemunhar o Evange-lho. Como em tudo, sempre há que se fazer discernimento. Junto com o instrumento vem também uma ideologia. E de nada adianta o melhor dos instrumentos se não tivermos testemunho a dar.

A transmissão digital de celebrações cer-tamente deve ter o seu lugar, sobretudo para quem não pode estar presencialmente pre-sente, ou em situações como a da pandemia. Vejo pessoas acompanhando missa na TV não como um programa de televisão, mas como verdadeiro acontecimento salvífico. Mas penso que quem usa desses meios deveria vencer a tentação de ganhar um público para si e sempre remeter a participação numa co-munidade concreta. Sem falar do pastoreio paralelo que é feito, às vezes com uma visão alienante de cristianismo, causando um pre-juízo à evangelização. Na prática experimento que, para quem transmite, fica o desafio de vivenciar o acontecimento salvífico e não fazer um espetáculo a ser transmitido. Se bem que desafio semelhante enfrentamos também nas liturgias presenciais.

Comunicações - Que lições, quando a pan-demia terminar, ficam para a Igreja?

Frei Toni - Muitas. Destaco apenas uma. Aconteceram manifestações de padres e leigos contra as restrições às missas com presença de fiéis, argumentando que se tra-ta de “atividade essencial”, que a Igreja está aceitando passivamente que lhe impeçam de exercer sua missão. Penso que a pandemia escancarou como somos uma Igreja centrada no templo, na liturgia. Exagerando e genera-lizando um pouco, um clero sacerdotalizado não sabe o que fazer se não tem liturgia para presidir. E o povo católico não sabe o que fa-

FRATERNIDADES

PENSO QUE A PANDEMIA ESCANCAROU COMO SOMOS UMA IGREJA CENTRADA NO TEMPLO, NA LITURGIA. EXAGERANDO E GENERALIZANDO UM POUCO, UM CLERO SACERDOTALIZADO NÃO SABE O QUE FAZER SE NÃO TEM LITURGIA PARA PRESIDIR.

Papa Francisco esta consciência chegou no centro da instituição, mas boa parte da Igre-ja está noutra, num cisma silencioso ou até declarado. Como são difíceis as mudanças na Igreja. Não se muda continuando sim-plesmente a fazer o que sempre se fez. Por exemplo, continuando a formar os pastores nos caducos seminários, com teologias fei-tas para deixar tudo como está.

Comunicações - O que acha da avaliação do Papa sobre clericalismo: “É um dos males da Igreja. Mas é um mal ‘cúmplice’, porque aos sacerdotes agrada a tentação de clericali-zar os leigos, mas tantos leigos, de joelhos,

eclesiologia baseada nos fundamentos da fé, e que não se deixa contaminar pelos encan-tos do clericalismo, colabora para que surja um laicato adulto e uma pastoral baseada em todo o Povo de Deus. Nesta necessária con-versão eclesiológica, penso que o presbítero tem um papel decisivo pois ele e os leigos sa-bem que o ordenado tem o poder. Cabe a ele, portanto, pela postura e modo de coordenar, convencer os leigos de que de fato são ver-dadeiros cidadãos da vida e missão da Igreja.

Comunicações - Uma das características do nosso tempo é a presença avassaladora das novas mídias. Agora na pandemia houve um

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FRATERNIDADES

zer se não tem preceito religioso para cum-prir. É como se Deus fosse servido apenas no templo e não no cotidiano da vida. A liturgia tem sim seu lugar imprescindível na vida e missão da Igreja, e não posso ser acusado de não amar a liturgia. Mas o contexto da pandemia fez aparecer como carecemos de presença mais significativa no campo do mi-nistério da Palavra e da ação social e política. Isso a pandemia não impediu, ao contrário, até criou oportunidades. Se a Igreja não tiver uma presença significativa na sociedade, será que amanhã ainda teremos gente em nossas liturgias?

Comunicações - Como você vê o crescimen-to de grupos tradicionalistas na Igreja e de movimentos ultradireitistas na sociedade?

Frei Toni - Alguém escreveu que o crimi-noso desastre político no qual nos metemos no Brasil revelou “o Bolsonaro que há em nós”. Coisa semelhante se poderia dizer da resistência de setores reacionários da Igreja ao ministério do Papa Francisco. Mas vou dei-xar a análise do fenômeno para pessoas mais gabaritadas. Só digo algo da minha experiên-cia: há decisões do coração que são anterio-res a qualquer argumentação ou mesmo aos dados crus da realidade, contra os quais, se diz, não deveria haver argumento. Há deci-sões do coração claramente anti-evangélicas e tão obstinadas que constituem um “pecado contra o Espírito Santo”. É tempo perdido ar-gumentar. Aí só mesmo um ato de libertação, um exorcismo.

Comunicações - Como a Igreja pode se or-ganizar a partir das CEBs?

Frei Toni - Parece que é preciso dizer minimamente o que se entende por CEBs. É o modelo de Igreja de Medellín e Puebla, a Igreja acontecendo na base, em pequenas comunidades, onde os leigos se tornam adultos na fé e assumem diferentes minis-térios, uma Igreja que leva a sério a dimen-são sócio-política da fé, a opção pelos po-bres, uma Igreja que produz lideranças para

a sociedade e é fermento de transformação social. Este modelo de Igreja foi perseguido pelos inimigos externos e internos. Tinha limitações? Sim, no meio do trigo sempre cresce também o joio. Mas lançou-se um cli-ma de suspeita sobre as CEBs, a meu ver, so-bretudo pelo que tinha de mais fiel a Jesus e que foi visto como um perigo pelos donos do mundo, pelas alianças da Igreja com a clas-se dominante e pelo clericalismo. As CEBs ficaram estigmatizadas, assim como a Te-ologia da Libertação. Tem muita gente hoje na Igreja, também muito religioso e padre novo, que não sabe direito o que são CEBs, mas que tem a convicção de tratar-se de

nas comunidades eclesiais missionárias”, coordenadas por leigos, “com proeminência de mulheres”. Mas parece que se perdeu o “timing” e o clero que surgiu nesta volta ao clericalismo não é talhado para estas coisas. É preciso começar de novo a fazer trabalho de base, reunir as pessoas, especialmente os pobres, em torno da Palavra, ligar fé e vida, engajar-se em ações de transformação da realidade... Como organizar a Igreja em rede a partir das pequenas comunidades? Até eu já escrevi um livrinho com propostas neste sentido. Penso que pode haver modelos dife-rentes, o que importa é o espírito, que só tem lugar numa verdadeira conversão eclesial.

PENSO QUE QUEM USA DESSES MEIOS (TRANSMISSÕES VIA WEB) DEVERIA VENCER A TENTAÇÃO DE GANHAR UM PÚBLICO PARA SI E SEMPRE REMETER A PARTICIPAÇÃO NUMA COMUNIDADE CONCRETA.

coisa do diabo. Vivi esta história. Optou-se por um neoconservadorismo católico: tele-visão, movimentos espiritualistas, padres superstars. Neste modelo, os leigos são pla-teia, que gostam do leitinho que é oferecido e querem mais, mas não se tornam missio-nários, testemunhas do Evangelho na socie-dade. Foi um grande tiro no pé. O resultado está aí: uma Igreja que tem pouco a dizer e que se torna socialmente insignificante. E como faz falta no atual momento do Brasil um posicionamento profético da Igreja.

Nas atuais Diretrizes da CNBB, num mea culpa não sei se admitido, os bispos volta-ram a apostar no que chamam de “peque-

Comunicações - Como você avalia o Pontifi-cado do Papa Francisco?

Frei Toni - Um milagre do Espírito. Vol-ta ao essencial: o seguimento de Jesus. Retomada do Concílio Vaticano II: a proje-ção de uma Igreja Povo de Deus, serva do mundo, que existe para evangelizar. Ele é um profeta que, com gestos e palavras, levanta questões importantes não só para os católicos, mas para toda a huma-nidade. Tudo, então, está se encaminhan-do bem na Igreja? Claro que não. Mas o que me pergunto é: Onde estaríamos sem um Papa Francisco a nos recordar o cami-nho do Evangelho?

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FRATERNIDADES

á oitenta anos, a Vila Clementino não tinha a fama que hoje a coloca no topo da lista entre as regiões mais buscadas para se morar. Ficava na periferia de São Paulo, em meio a mato e riachos, como o

antigo córrego Itororó, que foi canalizado para receber a famosa avenida Rubem Berta (aveni-da 23 de maio), inaugurada em 25 de janeiro de 1969. Nessa vila, distante do centro da capital, um grande empreendimento foi inaugurado em 1940: o Hospital São Paulo. Às suas atividades

se juntou a assistência espiritual dos frades do Convento São Francisco, da região central da cidade. Eles vinham, como conta a história, dia-riamente de bonde ou de ônibus para atender aos doentes do novo hospital.

Essa assistência dos frades começou a mudar quando, por decisão de Dom José Gaspar da Fonseca e Silva, foi criada a Paróquia de São Francisco de Assis, tendo como limites a Rua Sena Madureira, Napoleão de Barros, Luís Góis, Indianópolis, França Pinto e Tangará. O terreno

escolhido ficava na Rua Borges Lagoa. Um pré-dio particular da Família Cruz foi transformado em igreja provisória, inaugurada no dia 29 de ju-nho de 1941, exatamente na Solenidade de São Pedro e São Paulo.

O primeiro pároco, Frei Afonso Junges, ficou apenas três meses e uma doença o obrigou a retornar para o Convento São Francisco. O au-xiliar, Frei Honório Nacke, que também era ca-pelão do Hospital São Paulo e professor de Ética Profissional, Psicologia e Religião da Escola de

Paróquia São Francisco de Assis faz 80 anos e reforça sua “vocação hospitalar”

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FRATERNIDADES

sem móveis nem cozinha, início alegre e cheio de esperança”, como registrou o livro-tombo da Paróquia. O diretor da Escola Paulista de Medicina, Dr. Guimarães Filho, ofereceu nesse dia aos frades o almoço e o jantar. Em 1942, Frei Honório ganhou a companhia do seu confrade Frei Efrém Morosek para ajudar na assistência aos doentes do Hospital São Paulo e também na portaria do convento.

“A história de nossa Paróquia, como tudo que é incipiente, vai evoluindo aos poucos. Cremos que ao celebrar estes 80 anos, muito mais do que visitar um passado, precisamos, sim, olhar com gratidão para os confrades que

nos antecederam ao longo de tantas décadas, mas olhar com um carinho e gratidão muito especiais a todos os paroquianos e paroquianas que ajudaram a construir a rica e bela história desta comunidade”, avalia o pároco atual, Frei Valdecir Schwambach.

Segundo ele, neste tempo de pandemia, as celebrações por esta data foram transfe-ridas para outubro, junto com as festividades do Padroeiro. “Cremos e esperamos que até lá estaremos vivendo um momento mais tranqui-lo nesta pandemia que mudou o ritmo de vida das pessoas e das instituições. Achamos por

para os próximos anos?”O pároco recordou que a assembleia paro-

quial, realizada no final de 2019, cunhou uma expressão bastante apropriada e que, de certa forma, exprime muito bem ao que sempre se propôs à Paróquia São Francisco: ser uma pa-róquia com “vocação hospitalar”. “Em 2014, o Papa Francisco lembrava que a Igreja deve ser como um ‘hospital de campanha’, pois há ne-cessidade de se curar as feridas, muitas delas estão ocultas. Lembra o Pontífice que oferecer misericórdia é sinônimo de curar feridas”, refle-tiu Frei Valdecir.

Segundo ele, o Papa Francisco diz que a pa-róquia não é uma “estrutura caduca”, precisa-mente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que re-querem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da comunidade. “É presença ecle-sial no território, âmbito para escuta da Palavra, para o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade, a adoração e a celebração.

Enfermagem e da Escola Pau-lista de Medicina, assumiu no seu lugar.

Graças à doação de uma casa com três salas pelo sr. Abílio de Araújo Vieira, os fra-des puderam organizar as atividades paroquiais. A Resi-dência Franciscana foi, então, oficialmente erigida no dia 24 de agosto de 1942, sendo Frei Honório Nacke o primeiro guardião. “Convento simples,

bem não celebrar agora, mas fazer uma grande festa nas festividades de São Francisco de Assis”, adianta o pároco.

Frei Valdecir, lembra, contudo, que esse momento é oportuno para uma refle-xão: “Julgamos ser bastante procedente a necessidade de nos perguntarmos, ao cele-brar um aniversário de tama-nho significado, qual a nossa vocação enquanto paróquia

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FRATERNIDADES

Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de co-munidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário”, diz, ao citar a “Evangelium Gaudium, 28”.

Frei Valdecir conta que a comunidade acolhe pessoas vindas de diversas partes da cidade de São Paulo, mas também, pela proximida-de dos hospitais, está aberta a pessoas de diferentes lugares do Brasil. “Temos aí uma grande adequação àquilo que requer a cultura urbana, com seus desafios à evangelização: uma paróquia que não fique deli-mitada por questões geográficas e territoriais, pois sabemos que na grande cidade, a territorialidade nem sempre serve como parâmetro de referência para a participação. Cada vez mais participamos por adesão, uma espécie de identificação”, avalia o pároco.

“Que a celebração dos 80 anos nos ajude a percorrermos um ca-minho de fé, de encontro e adesão à mensagem pregada pelo Cristo”, celebra o frade!

O EXTERNATO E A CONSTRUÇÃO DA MATRIZCoube ao Frei Honório, em 1942, fundar o Externato São Francisco

de Assis, em uma construção adaptada e cedida pelo paroquiano Abílio Araujo Vieira, “em ato de bondade e de convicção religiosa”, que tam-bém cedeu a casa paroquial.

O Externato São Francisco de Assis funcionou quase por 40 anos, ministrando o primário e o jardim de infância para as crian-ças do bairro.

No pouco tempo que Frei Afonso esteve à frente da Paróquia, criou a Pia União das Filhas de Maria e o Apostolado da Oração, bem

O paroquiano Luiz Fernando Ribeiro mora no Campo Belo, mas adotou a Paróquia São Francisco quando estava hospedado no bairro e conheceu a igreja. Além do trabalho pastoral da comunicação, ajuda na pastoral com a população de rua.

Quando “encontrei”, pela primeira vez, a Paróquia São Francisco espre-mida entre os prédios do bairro, quase escondida mesmo, tive uma surpresa. Nunca a tinha visto. Entrando, senti meu primeiro impacto. Uma igreja imponen-te, espaçosa, pé direito altíssimo, quase majestosa. Andando pelas capelas late-rais comecei a perceber a simplicidade

quase espartana da Igreja. No altar, qua-se ao nível da assembleia, uma enorme mesa em madeira, minimalista, com apenas 2 velas, mais nada.

Mas foi aqui na São Francisco que encontrei algo que há muito procurava, sem saber: comunhão de vida. Descobri aqui, ou melhor, percebi aqui que a fé é algo a ser nutrido diariamente. É um hábi-to que deve ser frequente e permanente. Mas a fé, sem comunhão, não vale muito. Tenho aprendido aqui a comungar com os outros, buscando diálogo, entendimento e a repartir humildemente. Orgulho-me de pertencer a uma comunidade que busca ser verdadeiramente fraterna, atenta aos mais humildes, que não se deixa seduzir pelo material, que encoraja o respeito pela natureza, tudo isto imbuído da com-preensão da humanidade de Deus.

Comunhão de vida

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FRATERNIDADES

Janeiro, oferecida pelo Sr. José Augusto Mattos. Também se colocou o altar de mármore, ofere-cido pelo Sr. Manoel Carvalho.

Para a festa do Padroeiro, no dia 6 de outu-bro foi feita a bênção solene e entronização da imagem de São Francisco de Assis, que tem 3 metros de altura (com a Cruz, 4,30 m). A ima-gem foi feita no Liceu de Artes e Ofícios e doada

A paroquiana Regina Oyamaguchi é pura alegria na comunidade. Não há quem não a conheça e nutra por ela carinho. Re-gina reside no bairro do Jaguaré, 18 quilô-metros distantes da Paróquia.

Minha história com a Paróquia São Francisco de Assis começa há mais de 25 anos, quando necessitei de uma orientação espiritual e fui acolhida com muito carinho pelo Frei Anacleto Gaspski. Percebendo minha vontade de integrar-me à comuni-dade, fui apresentada à Rita, que coorde-nava um grupo de oração e ao grupo de jovens, que já assumia a missa das 11h30. A ligação com os jovens seguramente teve seu início nesse momento. O amor trans-bordou meu coração de uma forma tão plena, que me entreguei de corpo e alma ao

trabalho voluntário e logo fui trabalhar com os jovens na catequese de Crisma. Depois disso, passei por outras pastorais: Liturgia, Comunicação e, mais recentemente, Dízimo (sem nunca abandonar o espírito jovem!). Minha devoção a São Francisco de Assis

se deve, principalmente, à Claudete da OFS. Ela, pacientemente, foi me nutrindo com livros, textos e músicas sobre São Francisco. Hoje continuo a frequentar a missa das 11h30 e tenho ainda ao meu lado dois daqueles jovens que me acolheram e muitos outros que chegaram depois. Vez ou outra, jovens que fizeram a Crisma ou participaram do grupo de jovens, retor-nam para nos visitar, sabendo que lá es-taremos para os receber. Se a memória falha ao recordar os nomes, o coração nunca apaga os rostos, os momentos, as histórias vividas e as preces elevadas. Nesta Paróquia encontrei acolhimento e aprendi a acolher; aprendi o valor da entrega, da amizade e do amor. Aqui en-contrei uma família e entendi o sentido de pertença!

Encontrei acolhimento e aprendi a acolher

como conseguiu muitas doações para a capela. “Pelo seu trabalho piedoso obteve por doação da família Nogueira de Sá o sino da Igreja. Por uma subscrição entre seus paroquianos foram adquiri-dos 24 bancos para a Matriz. Por doações espontâneas foram in-troduzidas na Igreja as seguintes imagens: São Francisco de Assis, Santo Antônio de Pádua e Nossa Senhora de Fátima”, como consta do livro-tombo.

A Igreja que, durante muitos anos se destacava no bairro por suas torres, teve como construtor Frei Felisberto Imhorst. Ele deu a bênção da pedra fundamental da nova Igreja Matriz no dia 5 de junho de 1949, na Festa do Espírito Santo. Esteve presente nesse dia, marcado por uma chuva torrencial, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Cardeal Arce-bispo de São Paulo.

Apontado na Província como o “Pe. Construtor”, a Frei Felisberto se deve a construção de várias igrejas e conventos. Nascido Carlos Frederico Imhorst, em Mo-ers, na Alemanha, aos 16 de agosto de 1894, veio ao Brasil em 1910, já como aluno, rece-bendo o hábito franciscano e o nome de Frei Felisberto em 1916. Foi ordenado presbítero

em 17 de dezembro de 1921, em Pe-trópolis (RJ).

No dia 1º de março de 1951 come-çaram os trabalhos de construção, com a conclusão da primeira torre somente em maio de 1957. Essa etapa teve a bênção da cruz (de 2,60 metros de altura) que foi amarrada e levada ao cume da torre. Já no mês seguinte, para a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, foi benzida a imagem desta antiga devoção franciscana, esculpida em madeira (2 metros de altura) pelo artista Joaquim de Souza, do Rio de

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pelo Sr. Mario Aguiar de Abreu. Um mês depois, no dia 2 de novembro, mesmo inacabada, a nova Matriz foi abençoada e inaugurada oficial-mente por Dom Paulo Rolim Loureiro, em visita pastoral à Paróquia.

A segunda torre, contudo, foi concluída no dia 9 de março de 1958. Nesse ano, alguns alta-res foram inaugurados, com a imagem de Santo Antônio, no dia de sua festa, 13 de junho. Ela foi trazida de Portugal, feita pelo escultor Tedim, e ofertada pelo Sr. Julio Eça e Sra. Também este casal ofereceu, em 15 de agosto de 1959, a imagem de Nossa Senhora de Fátima, também vinda de Portugal.

Neste ano, em 30 de novembro, foi sole-nemente inaugurado o altar dos 26 mártires japoneses de Nagasaki. A missa e a bênção do altar foram feitas por Frei Bonifácio Dux, OFM,

missionário da Colônia Japonesa. A partir desta data começam as missas em japonês.

Em 1960 foram encomendados, na “Fun-dição Artística Paulistana”, três sinos e foram comprados os motores. No dia 18 de junho de

1961 houve a bênção dos sinos, sendo o maior, dedicado a São Francisco, o segundo a Nossa Senhora de Fátima, e o terceiro a Santo Antônio.

No mês de agosto seguinte, foi realizada a bênção da imagem de São Benedito, esculpida

A paroquiana Wilma Deléo Pessoa, ca-sada com Valdevir F. Pessoa, reside mais perto da Paróquia do Santíssimo, na rua Tutóia, mas sua proximidade e identifica-ção com o carisma franciscano a trouxe, há 40 anos, para a Paróquia São Francisco de Assis na Vila Clementino. Segundo ela, conheceu o carisma franciscano quando fez o curso de noivos com os Frades Capu-chinhos da Paróquia da Imaculada Concei-ção, na avenida Brigadeiro, e continuou por um tempo no grupo de casais. Seus filhos - José Fabrício e Maria Beatriz - frequenta-ram esta igreja até se casarem. Voltaram à Vila para batizar os netos de Wilma.

“Eu sempre me identifiquei com a proposta franciscana e com os trabalhos pastorais desta Paróquia. Fui bastante atuante na catequese, primeiro com a for-mação para a Primeira Eucaristia, depois para a Crisma. Hoje, estou na pastoral do Dízimo, na pastoral da Liturgia, onde atuo muito na Missa das 11h30 aos domingos, e no grupo do bazar. Qualquer coisa que precisar, pode me chamar que eu vou. Não

sei explicar, mas há uma relação de afeto com a comunidade, com os frades, com os Santos franciscanos: São Francisco, Santo Antônio e Santa Clara. Acho que tem a ver com a espiritualidade franciscana, onde a fraternidade é a base do carisma. Isso faz com que sejamos próximos desses santos e das causas ligadas a eles. Por exemplo, São Francisco protetor dos animais; Santo Antônio protetor das famílias.

Quando vim para cá, o bairro era outro. Não havia esses prédios. Nós tínhamos uma visão de comunidade muito boa. Nós tínha-

mos um Salão Paroquial em outro formato. As festas juninas e a de São Francisco eram muito boas, mas totalmente diferentes de hoje porque a cidade vivia outro perfil. Aqui era um bairro de residências que depois foi se verticalizando como outros. Mudou-se o perfil do bairro, do morador, que agora fica restrito aos apartamentos e menos com-prometido com a sua comunidade. O perfil do paroquiano também mudou e hoje os devotos vêm de todos os cantos do país. Os hospitais neste bairro e região atraem uma população volátil, seja de doentes ou acompanhantes. Por exemplo, muitas pes-soas que frequentam a Paróquia são estu-dantes. Vêm fazer mestrado, doutorado na Unifesp e residência em outros hospitais. Esse movimento temporário não existia antigamente.

Quando vou a Santos, frequento outra igreja, mas sinto que falta algo. Acho que é afeto que os freis demonstram com a co-munidade, o que gera a sensação de aco-lhimento e de pertença à Paróquia. É ele, o afeto, que nutre o carinho dos paroquianos pela sua Casa de Oração.

Afeto franciscano

A nova imagem de São Francisco no jardim lateral da igreja.

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FRATERNIDADES

em madeira e oferecida pelo Sr. Sant’Ana. No último mês deste ano foram dadas por encer-radas as obras da Matriz.

Antes, no dia 17 de maio de 1960 saiu o alvará para a construção da Casa Paroquial. Com dois pisos, ele ficou pronta em dezembro de 1962. Frei Felisberto continuou morando na casinha antiga e só se mudou para a casa nova na Páscoa de 1964.

PARÓQUIA E SEDE PROVINCIALA Casa Paroquial foi demolida em 2002 para

a construção de um empreendimento imobiliá-rio de 26 andares, que cedeu parte dos andares térreos para a estrutura paroquial e residência dos frades. Mais tarde passou a abrigar a Sede Provincial da Província da Imaculada Conceição do Brasil, uma entidade franciscana de 345 anos. Depois de 58 anos funcionando no Con-vento São Francisco, no Centro de São Paulo, o Capítulo Provincial de 2003 aprovou por unani-midade a transferência para a Vila Clementino. Em 2004, o Governo Provincial se mudou para a rua Borges Lagoa.

A Paróquia foi recebendo melhoramentos

no correr dos anos. Possui amplo salão, onde são feitos bazares beneficentes e conta com um serviço de prestação de apoio social, aju-dando os paroquianos carentes.

A última restauração da Igreja São Fran-cisco de Assis, na Vila Clementino, foi realiza-da para festejar os 70 anos de sua fundação pelo então pároco Frei Djalmo Fuck. No dia 24 de junho de 2011, solenidade do Nascimento de São João Batista, o bispo auxiliar de São Paulo, da região episcopal do Ipiranga, Dom Tomé Ferreira da Silva, presidiu a Missa de Ação de Graças pela conclusão das obras da igreja. Esta reforma tirou o sono de Frei Djalmo. No meio da obra, ele se viu diante da necessidade de ampliar a reforma com a troca total dos telhados, já que estavam to-dos comprometidos. Não havia dinheiro para tanto e toda a campanha feita visava uma reforma de custo inicial de R$ 350 mil. Mas aí o povo deu uma demonstração de genero-sidade, partilha e comprometimento com a Paróquia e o resultado foi alcançado.

FONTE: INFORMAÇÕES DO LIVRO TOMBO DE IGREJA SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Maria Thereza Vita Roso Medeiros é organista:

Existem momentos que ficam na nossa memória. Quando viemos morar aqui na Vila foi um descortinar de anos em que pude encontrar as pessoas que, pela mesma fé, me conduziram a um amadurecimento espiritual marcante. Saí de uma fé de tradição para uma fé mais consciente e madura. Quem abriu essas portas para mim foi Frei João Bosco com toda a sua capacidade de transmitir o verdadeiro sentido da vida. Foi aqui que eu realizei um grande sonho de participar da santa Missa com a música. E consegui

com Frei Silvio conhecer melhor a música litúrgica. Toquei em diferentes horários, porém a minha dedicação maior tem sido

nas celebrações no Hospital São Paulo onde, através da Pastoral da Saúde, leva-mos a mensagem de Jesus que é a paz e a salvação.

Minha devoção a Frei Galvão pude de-monstrar nas celebrações mensais nas pri-meiras sextas-feiras do mês em que faze-mos memória ao coração de Jesus e a Santo Frei Galvão. Devo muito aos franciscanos, cuja opção maior é a fraternidade. Nesta Paróquia celebrei minhas bodas de ouro, foram batizadas as minhas netas e recente-mente o batizado de meus dois bisnetos. Mi-nha eterna gratidão aos frades de hoje e aos que por aqui passaram pelo acolhimento e também pelas amizades que foram feitas.

Eterna gratidão

As estrofes do “Cântico do Sol” estão nos belíssimos vitrais da Igreja São Francisco de Assis.

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FRATERNIDADES

ue possamos também fazer par-te da construção espiritual que é a Igreja de Deus. Que possamos acreditar, com coragem e perse-verança, na fé e assim realizar a obra de Deus em nossas vidas,

em nossas famílias e na vida da Igreja”. Foi com essa motivação que o pároco da Paró-quia do Sagrado Coração de Jesus de Petró-polis (RJ), Frei Jorge Paulo Schiavini, presidiu a Celebração Eucarística das 18 horas do dia 7/05, em memória dos primeiros 25 anos da Igreja do Sagrado Coração de Jesus e dos 125 anos dos franciscanos na Cidade Imperial. As irmãs do Amparo animaram a celebração que foi transmitida pelo Facebook e YouTube da Paróquia.

Desde fevereiro de 2021, os frades do Convento e da Paróquia do Sagrado estão celebrando o Ano Jubilar. Toda 1ª sexta-feira do mês, as celebrações que já eram em hon-ra ao Padroeiro, o Sagrado Coração de Jesus, ganharam um destaque especial e nesta sexta-feira não foi diferente. No comentá-rio inicial, a catequista Mônica Jochem deu a tônica da celebração apresentando as

motivações e intenções para a celebração. “Trazemos presente hoje a história de nos-sa Paróquia que tem como sede a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, construída em 1874, por grande dedicação e esforço dos colonos alemães que vieram para construir a cidade de Petrópolis e para construir uma vida melhor para suas famílias nesta cida-de. Trazemos presente todos que ajudaram a construir esse templo e os que continuam a conservá-lo material e espiritualmente”.

OS PRIMEIROS 25 ANOS DA IGREJA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E A CHEGADA DOS FRANCISCANOS

Na homilia, Frei Jorge recorreu aos livros de história da Paróquia para fazer sua reflexão. Segundo ele, ao se olhar para o início, encon-tram-se muitos registros da construção de uma Igreja que não é somente material, mas também espiritual. “Na construção de uma Igreja, se realiza a construção de laços de fé, a construção de uma história de vida com Deus e a partir de Deus e se realiza o que nós ouvimos no Evangelho: uma Igreja viva construída na ‘fé em Jesus Cristo e de seu amor incondicional

por todos nós’. Aquele amor que é capaz de entregar a própria vida”, frisou.

O pároco explicou que um grande nú-mero de colonos alemães chegou em 29 de junho de 1845, para construir a cidade de Petrópolis. Segundo ele, esses colonizadores precisavam de um sacerdote que soubesse falar a língua alemã e, com isso, desse uma assistência espiritual mais adequada. Foi por isso que Padre Theodoro Esch veio da Bahia para Petrópolis. Logo no início, fundou uma escola de crianças e uma sociedade de coro para os homens. “Com a chegada do Pe. Esch cresceu a ideia da construção de uma igreja própria, ainda mais porque descobriram que o contrato de imigração prometia a cessão de um terreno para a construção de um templo”, disse, acrescentando: “Depois de muitas ne-gociações com a Câmara Municipal e com o apoio do Imperador, decidiu-se ceder para a construção da igreja o terreno que dava de frente com a escola do Pe. Esch, ocupado até então pelo Cemitério Municipal”, contou.

Frei Jorge certificou que, para a cons-trução da Igreja do Sagrado, houve muitas doações de famílias dos colonos alemães, autoridades, fazendeiros e muitas pesso-as de boa vontade. Segundo ele, Pe. Esch motivou as pessoas escrevendo cartas em português, em alemão, enviando para muitos lugares. O presidente da celebração leu um trecho da carta, que assim diz: “Os alemães católicos residentes na cidade de Petrópolis, tendo obtido pela generosidade de Sua Majestade o Imperador e pela bene-volência da atual Câmara Municipal desta cidade o terreno do antigo cemitério para construir-se ali uma capela, um edifício para uma escola e outro para a residência do respectivo pároco alemão, tem resolvido abrir uma subscrição em favor da realização

Celebração do Ano Jubilar recorda os primeiros 25 anos da Igreja do Sagrado

“Q

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desse projeto, e vem com a presente carta se dirigir a todos os que dotados de bens de fortuna e de generosidade de sentimentos quiserem contribuir com o seu óbolo para essa obra humanitária e religiosa”.

O presidente da celebração ressaltou que a Igreja do Sagrado foi construída muito ra-pidamente, com um pouco mais de um ano. Foi inaugurada no dia 8 de setembro de 1874. Com a saída de Pe. Esch, ficou comprometido o serviço religioso na Igreja do Sagrado. Nes-te tempo, um padre alemão de fora, e mais adiante outros padres que já tinham outras atribuições, conduziram os serviços da Igreja. Foi então que o Monsenhor João B. Guidi, pos-teriormente, assumiu o cuidado pastoral da Igreja do Sagrado com intenso cuidado na ce-lebração dos sacramentos, catequese e visita aos enfermos. Este dirigiu-se aos franciscanos alemães que chegaram ao Brasil, para assu-mirem a Igreja do Sagrado, o que aconteceu somente em 1895.

Com a chegada dos franciscanos, em 16 de janeiro de 1896, a Igreja foi ampliada e re-formada, chegando aos poucos às dimensões atuais. “Destaco o generoso apoio da Ordem Franciscana Secular, que desde o início cola-borou nas reformas e ampliações da Igreja”, frisou.

CENTRO DE IRRADIAÇÃO DO CARISMA FRANCISCANO

Para o pároco, a Igreja do Sagrado se tor-nou um centro de irradiação de religiosidade,

com as muitas atividades religiosas que eram desenvolvidas. “Isso aconteceu porque já havia um espírito profundamente religioso nos habitantes de Petrópolis. Na Igreja do Sagrado celebrava-se um grande número de missas, confissões e outras atividades. A partir do Sagrado, os franciscanos davam atendimento religioso ao Hospital Santa Te-resa. Também cuidavam do Santuário Santo Antônio, no Alto da Serra, da Capela de Nossa Senhora Auxiliadora, no Bingen, da Escola do Amparo e a da então capela de Cascatinha e, esporadicamente, de outras igrejas de Pe-trópolis. Na Baixada Fluminense atendiam à Igreja do Pilar, Inhomerim e Mauá. Também tinham presença em Raiz da Serra”, apontou.

Segundo o guardião, desde o início os franciscanos cultivaram a devoção a San-to Antônio, com bênção própria no final da missa de terça-feira e com outros horários exclusivos para a celebração da bênção. “Na época, os fiéis lucravam indulgência plená-ria, com a participação na celebração da bênção de Santo Antônio”, informou.

Frei Jorge apresentou algumas curio-sidade das associações que floresceram

à sombra da Igreja do Sagrado. “A Ordem III de São Francisco foi fundada em 1896 e, em 1924, já contava com 400 membros. O Apostolado da Oração, fundado em 1898, chegou a ter 600 membros em 1924. A Con-gregação Mariana, que foi fundada em 1915, acumulou 144 congregados em 1924”, disse. “A escola para crianças pobres, que foi um dos objetivos desde a construção da Igreja, permaneceu fechada por alguns anos e com a chegada dos franciscanos foi reaberta. Foi preparado um local apropriado em 1897, pelos franciscanos, já admitindo 171 alunos no andar térreo do antigo convento”, acres-centou.

“Que possamos também fazer parte da construção espiritual que é a Igreja de Deus, animados pelo próprio Jesus Cristo e alimentados pela presença do Espírito Santo que está em nós e presente na comunidade reunida. Que possamos, a exemplo dos pri-meiros que aqui chegaram, cultivar a cora-gem, a perseverança na fé e assim realizar a obra de Deus em nossas vidas, em nossas famílias e na vida da Igreja”, concluiu.

A celebração teve continuidade com as preces e a liturgia eucarística. No final, Frei Jorge agradeceu a presença de todos e rezou pelas famílias enlutadas. A próxima celebração do Ano Jubilar será no dia 19 de maio, às 18 horas, data da instalação da Igreja do Sagrado.

Frei Augusto Luiz Gabriel

Igreja Primitiva A matriz hojeInterior da Igreja em 1903

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FRATERNIDADES

osso direito constitucional de ir e vir foi cancelado. Ao menos temporaria-mente, espero eu. Sem termos co-metido delitos suscetíveis de reclu-são, estamos presos. Verdade que se

trata de prisão domiciliar sem tornozeleiras. Prisão light? Nem tanto assim. Infringindo as regras e os protocolos, o pavor toma con-ta de nós e o fantasma das UTIs, dos galões de oxigênio, dos cemitérios improvisados nos invadem. Melhor ficar em casa. Uma pri-são domiciliar! No final das contas...

Muitos dos planos que andamos fazen-do foram cancelados ou adiados não sei para quando. Cancelamento, adiamento, desistência, live, virtual, máscaras, respi-radores, vacina, cloroquina, óbito, velório são palavras que passaram a fazer parte de nosso vocabulário de todos os dias. São palavras que as crianças que aprendem a ler passaram a ouvir e a escrever.

O que efetivamente se passa nos cô-

modos de nossas casas e nos recantos de nossos corações?

Pode acontecer que a presença dos pais, em casa, com os filhos tenha propi-ciado e dado ocasião a uns e outros de se olharem, se escutarem, tomarem juntos o café da manhã, sem pressa, de “curtir” a casa, de ler, de descansar (com moderação, não se deixando contaminar com o vírus da preguicite aguda), de remexer a terra, quando se tem quintal. O mesmo diria de religiosos e religiosas de vida ativa que, de repente, escutaram melhor os sons do amor de Deus. Não cuidam apenas para que as coisas “funcionem” bem, mas sejam mar-cadas com a presença do Alto e não apenas com sucessos humanos e vantagens até para sua Congregação. Uma vida carismá-tica e não “funcional”. Talvez todos esteja-mos compreendendo que o que conta é que sejamos presenças mais densas de uns com os outros.

O contrário também pode acontecer. Aquele casamento já não ia lá das pernas. O casal estava dando um tempo. Meses dentro de casa, poucas saídas, casa grande ou casa pequena, gente remediada e gente paupérrima, há momentos em que eles têm vontade de gritar, de sair, de respirar, de ver outros rostos e outras paisagens diferentes da cozinha, do gato, dos enervamentos, de uma rotina terrível, levantar, comer, dormir, levar o lixo para baixo, escutar as mesmas histórias, suportar silêncios torturantes. Nesse tempo também parece que certas fe-ridas do passado, que se tinha por curadas, ainda precisam novamente de curativos. Casos mais graves: espancamento, femini-cídios, “masculinicídios”. Coisas do tempo da pandemia. Pessoas se entediam mortal-mente. Alguns se matam.

Perturbações, incômodos passageiros ou definitivos. Tinha-se marcado a dada do casamento, igreja, local da festa, lista de con-vidados. Resolve-se adiar tudo. Pensava-se realizar a cerimônia um bom tempo depois. As vacinas não chegaram. No presente mo-mento desistiram de tudo. A lista dos convi-dados para uma eventual nova data diminui-ria em ao menos vinte por cento. Uns foram ceifados. Outros juram de pés juntos que por nada desse mundo sairão de suas tocas.

Portas do comércio abaixadas e os por-tões das fábricas fechados. Farmácias pros-perando. Floristas faturando por coroas de despedida. Dívidas, sonhos abortados, gen-te desempregada vivendo da caridade, mer-cadoria perdendo a validade, empréstimos feitos em casa, corte de tudo o que não seja necessário, tempo das vacas magras. Será preciso vender isso ou aquilo. A solução é levar uma vida mais modesta e é hora de apertar o cinto por um tempo. Racionamen-

CRÔNICA DO FREI ALMIR

Prisão domiciliar sem tornozeleiras

N

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FRATERNIDADES

to, como no tempo da guerra. Muitos não chegam a viver na miséria. Descobriram, no entanto, que a gente pode viver sem muitas coisas. Chega-se a descobrir o encanto de levar uma existência simples, sem muita maquiagem. E por incrível que pareça, dor-me-se até melhor. Aprende-se que a lição da sobriedade liberta.

Os pais idosos, morando perto ou longe, cuidados com eles ao vivo ou por telefone. Precisam ser vacinados, ver cardiologista, precisam ter roupas limpas, casa limpa, co-mida decente. O pai não pode inventar de sair e de ir à praça conversar com os amigos

sobre os jogos de futebol da temporada. E aqueles gatos que dão trabalho.

O que mais faz sofrer nos cômodos das casas é contemplar leitos que não serão mais usados, armários que precisam ser esvaziados. O homem, esposo e pai, joga-se numa poltrona, chora de mansinho. Perdeu a mulher e o filho mais novo universitário. Armários com roupas e sapatos, vestidos e pulôveres, livros e toda a quinquilharia ele-trônica, bonés e camisetas., tênis e sapa-tê-nis. Será preciso ânimo para recomeçar.

Há aqueles que no silêncio das casas, com ajuda de viagens ao fundo de si mes-

mos, reencontraram seu mistério pessoal. Ouviram apelos novos ao lerem uma página de Lucas ou um salmo que parecia tão gas-to. Aprenderam a rezar sem muitas frases, suspiros, pontos de exclamação, ponto e ponto e vírgula. Reencontraram sua verda-de. O Espírito chegou e encontrou a porta entreaberta. Provavelmente, quando che-gar o tempo das festas e danças, dos sorri-sos e dos abraços, essas pessoas se senti-rão mais leves, menos melindrosas e cheias de dengos e serão boas como Deus é bom.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

A queda das Torres Gêmeas de Nova York, a Guerra de Bush, a abertura do Grande Jubi-leu Santo, o pentacampeonato de futebol do Brasil, o histórico encontro de Assis, o cen-tenário de sua mãe, a canonização de Madre Paulina, a invasão da Basílica de Belém, a eleição de Lula, o sétimo ano na Cúria Geral (trabalhou ali de 1996 a 2003, onde fundou o Departamento de Comunicação e Informação da Ordem) e a sua primeira visita à Missão de Angola. Grandes temas e momentos da his-tória que aconteceram em apenas três anos: 2001, 2002 e alguns meses de 2003. Eles

fazem parte do oitavo volume de “Ribeirão Grande - Vi, vivi, vivenciei”, as notas autobio-gráficas de Frei Clarêncio Neotti.

Neste trecho, ele dá uma ideia do mo-mento histórico que vivia Angola: “Considero privilégio ter visitado, em abril de 2002, du-rante duas semanas, Angola. O país acabava de assinar mais um tratado de paz. Sentados na sacristia do Mosteiro das Clarissas em Luanda, à espera do início da Missa, per-guntei ao Cardeal Alexandre do Nascimento, angolano de nascimento e então arcebispo de Luanda, se acreditava na paz, depois de 30 anos de guerra civil. Ele foi claro: ‘Desta vez, acredito, porque fomos nós que fizemos a paz. Nas outras vezes foram os explorado-res do nosso petróleo e do nosso ouro que a fizeram. Era um tratado interesseiro. Agora é pacto fraterno. Será paz duradoura’. E foi. Ainda encontrei Luanda imunda e Malanje se-midestruída, com marcas de balas em todas as paredes que sobraram em pé. Mas a espe-rança brilhava por todo o país como a luz do sol. E a luz do sol tem a força da fecundidade, da restauração, do futuro verdejante e prós-pero. Quod dii bene vertant! (Que os deuses tornem isso realidade!)”.

“Ribeirão Grande - Vi, vivi, vivenciei” chega ao 8º volume

Um dos momentos marcantes deste livro é o centenário da mãe de Frei Cla-rêncio em 2002. “Presentes cinco gera-ções e a plenitude das bênçãos de uma família feliz. Realização clara do Salmo 128: Mamãe como videira carregada no centro da família, cercada de rebentos de oliveira. As duas figuras caem bem, porque a videira lembra a parte divina encarnada na humana, e a oliveira lem-bra a parte humana assimilada pela divi-na”, escreveu o frade.

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nualmente, a Província da Imaculada Conceição realiza o Encontro de Guar-diães e Coordenadores das Fraterni-dades. O evento tem como principal missão promover a animação da vida

das fraternidades. De acordo com o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, em sua fala de abertura do encontro, no dia 27 de abril, “A fraternidade é o local onde acontece a vida real da Ordem dos Frades Menores”. A espe-rança dos frades era fazer deste evento um momento presencial e fraternal, mas, como no ano passado, não foi possível devido à pandemia e, por este motivo, o encontro mais uma vez ocorreu na forma virtual.

Além dos guardiães e coordenadores dos Regionais do Brasil e de Angola, participa-ram desta reunião, que foi até 28 de abril, os seis Definidores, o Moderador da Formação Permanente, Frei Fidêncio Vamboemmel; o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella; e o Ministro Provincial, Frei César. Os frades, por meio de videoconferência, encontraram-se das 9h30 às 11h30 neste primeiro dia, marca-do predominantemente pela formação. Com a assessoria de Frei Fidêncio, os participan-

tes se detiveram sobre o documento “Manual para os Guardiães”, do Secretariado Geral para a Formação e os Estudos.

No Ano dedicado a São José, o Hino ao Pa-droeiro da Igreja abriu a Oração inicial. A refle-xão do Papa Francisco na Missa de inaugura-ção de seu Pontificado, na Solenidade de São José, em 2013, foi escolhida pelos frades para este momento: “Como vive José a sua voca-ção de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projeto d’Ele que ao seu. José é ‘guardião’, porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sen-sível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as de-cisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!”.

O Papa lembra que a vocação de guar-dião não diz respeito apenas a nós, cristãos,

mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Gênesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respei-to por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos.

O Papa pede para os cristãos serem guar-diões dos dons de Deus e também se cuidar. “Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o or-gulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura”, ensinou Francisco.

FREI CÉSAR DESTACA A DIMENSÃO DO CUIDADO

Frei César, referindo-se ao “Manual para Guardiães”, destacou quem em muitos casos, o guardião tem se reduzido a um administra-dor da economia da casa ou das individuali-dades dos confrades, com seus projetos e iniciativas muito pessoais. “Hoje queremos ver um pouco mais destas competências diversas e tentar chegar ao como envolver a fraternidade e o regional numa visão do todo, mais ampla em relação à fraternidade, sua animação e sua missão evangelizadora. Mais ampla também em relação à vida e missão da Província e da Ordem, com as respostas locais que podemos dar”, sugeriu.

Para o Ministro Provincial, as restrições sanitárias mexeram muito com os calendá-rios, mas também trouxeram desafios para a vivência fraterna e para a missão evangeliza-dora. “Vimos tantas pessoas, também nossos frades, adoeceram por conta do coronavírus, mas também certa ansiedade com tudo isso. Por outro lado, vimos que as fraternidades

Frei César: “Que sejamos exemplares no cuidado”

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GUARDIÃES E COORDENADORES DA PROVÍNCIA

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EVANGELIZAÇÃO

transformaram estes desafios em oportuni-dades: crescimento na vida fraterna, na cele-bração dos capítulos, na vida de oração, com mais tempo de recolhimento, de estudo e nos retiros mensais e anuais celebrados como fraternidade. “A Evangelização também houve muita criatividade, de forma sóbria, para cul-tivar a proximidade dos que compartilham a nossa missão e do povo em geral. A Palavra, os Sacramentos, a reflexão, a catequese, as au-las nos colégios e universidades, encontraram caminhos novos e boas adaptações. E isto em todas as nossas frentes”, constatou, frisando a bonita resposta da Tenda Franciscana, no Rio de Janeiro e aqui em São Paulo, de forma adaptada, como também em tantos lugares de nossas presenças, neste tempo difícil de crescimento da pobreza, da miséria e da fome.

“Nesta dimensão do cuidado, é importan-te que os frades se cuidem e cuidemos tam-bém dos nossos formandos, colaboradores, membros das nossas frentes de evangeliza-ção, assistidos de nossos trabalhos sociais. Que sejamos exemplares no cuidado dos mais vulneráveis e atendamos ao apelo para evitar aglomerações e exposições desnecessárias”, pediu Frei César.

Ele, contudo, alertou: “É importante que não caiamos no risco da autorreferencialidade, cuidando apenas de nós mesmos, fechados em nossos isolamentos. Precisamos estar atentos ao que seria uma vida pós-pandemia ou de pandemia prolongada. A gente pode cair na tentação de não mais se abrir, de viver certa fobia em relação às realidades externas, en-trando numa letargia que poderá certamente

afetar nossa saúde psíquica, espiritual, voca-cional e de fé. Isto leva ao questionamento do nosso significado para o mundo e traz conse-quências na resposta vocacional. Mesmo nesta situação de cuidado e restrições, precisamos nos perguntar que respostas podemos dar, que atenção e que serviço podemos prestar às pessoas, especialmente aos mais vulneráveis. O ganho certamente será para nós e nossa vo-cação”, exortou.

Frei César falou ainda do desafio vocacio-nal na Província. Lembrou que na Província vive-se uma realidade de números muito bai-xos, ameaçando a continuidade do projeto de cada casa de formação. Essa realidade não é só da Província, como explicou, mas mundial e vai ser abordada no Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores em julho. “Seria triste se a gente tivesse que deixar lugares e projetos, não porque não acredite neles, mas porque não temos candidatos”, ressaltou, pedindo o envolvimento de todas as fraternidades na animação vocacional: “Então, peço que cada fraternidade contemple este desafio em seu projeto fraterno”.

Frei César ainda falou sobre o redimen-sionamento na Província, com a entrega de 10 presenças e a abertura de duas novas presenças: o Santuário Frei Galvão e a Fra-ternidade de Itatiba. Ele concluiu chamando a atenção para o Capítulo Provincial em novem-bro: “O Capítulo deve ser um momento forte para nos encontrarmos, nos escutarmos e juntos fazermos um discernimento para um bom recomeço em nossa vida e missão. A temática é sugestiva neste sentido: ‘Fraterni-

dade contemplativa em missão: nossa regra é o Evangelho e nosso claustro é o mundo’ e, com o lema extraído da Exortação Fratelli Tut-ti: ‘Juntos se constroem os sonhos’”, lembrou o Ministro Provincial.

“É importante que o Capítulo aponte as prioridades e que estas sejam indicadores efetivos do caminho da Província”, orientou Frei César, desejando que este encontro seja um “momento de proveito para nossa forma-ção permanente, para melhor exercermos nossa tarefa de animação e cuidados e tam-bém uma forma de cultivo de mais proximi-dade entre nós”.

O “TAREFA” DO GUARDIÃO Na sua apresentação, Frei Fidêncio lem-

brou que termo “guardião” aparece 5 vezes nos Escritos de S. Francisco (CtMin; CtOr; Test). “Na Carta a toda Ordem, guardião aparece entre os três nomes que designam a ‘hierarquia’ inicial da Ordem: Ministro, Custódio e Guardião”, disse, explicando que os termos sinônimos indicam “tarefa” e não “cargo”. O guardião é a “responsabilidade de um frade à frente de um grupo”. E também: tema da obediência; recorrer a ele; guardar o escrito a eles enviado (Ct); usar de misericór-dia com os frades.

O Moderador da Formação Permanente, abordou o tema na área espiritual, jurídica, fraterna, formativa/animação, econômica, administrativa e evangelizadora. “O guardião está disponível para servir e devolver o servi-ço quando solicitado. Ele acolhe de coração o serviço e não para “suportar” o cargo numa obediência passiva”. No final, deixou a per-gunta para reflexão: Que desafios se desta-cam em relação a estas áreas e que poderiam ser encaminhados à Comissão Preparatória em vista do Capítulo Provincial? As conclu-sões foram apresentadas no dia 28/07, em uma breve partilha dos estudos em grupo, quando também foram dados os encami-nhamentos dos assuntos econômicos e um tempo para avisos e demais comunicados importantes.

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Paz e Bem! O primeiro Encontro Ampliado on-line da Frente de Evan-gelização da Educação de 2021 ocorreu em 5 de maio último, das 14h às 16h15, preparado com zelo, sentimento fraterno e alegria pela seguinte equipe de apoio e de animação: Eros Neto, Renato A. Pezenti, Marcelo B. Favaro, Rose de Mello V. L. dos Santos, Frei Gustavo W. Medella, Frei Ivo Müller, Frei Thiago A. Hayakawa e por mim, Frei Claudino Gilz. 

Quatro foram os objetivos delineados para este Encontro Ampliado: 1. Refletir sobre o tema: “Leigos e Frades em e como Fraternida-

de na missão da educação”. 2. Fazer memória da Fraternidade Franciscana que se constituiu

a partir da inspiração que mobilizava São Francisco e seus pri-meiros seguidores.

3. Identificar a Fraternidade como um estilo de trabalho e convi-vência a serviço da missão franciscana na educação.

4. Compreender a Fraternidade como ponto de partida na forma-ção das atuais gerações a partir da música (canto/coral).

O referido Encontro teve início com uma oração preparada pela equi-pe de Pastoral da Universidade São Francisco e foi conduzida por Rosa Maria dos Santos. Na referida oração, invocou para que o Espírito Santo Paráclito iluminasse a todos os participantes, para que Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula intercedesse em nosso favor na missão de construir valores na educação e para que São Francisco nos ajudasse a reconstruir o que no ser humano está em ruínas. “E suplico a Deus para que Ele, que é Onipotente, Trino e Uno, abençoe a todos aqueles que en-

Leigos e Frades em e como Fraternidade na missão da Educação

(Encontro Ampliado on-line da Frente de Evangelização da Educação)

“A verdadeira educação faz-nos amar a vida e abre-nos para a plenitude da vida! [...] Educa-se para conhecer muitas coisas, ou seja, muitos conteúdos importantes, para ter

determinados hábitos e até para assumir os valores. E isto é muito importante.” 1

(Papa Francisco)

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sinam, aprendem, guardam, recordam e praticam essas coisas” (São Francisco – Regra Não-Bulada).

Logo após a oração inicial, preparada pela equipe de Pastoral da Universidade São Francisco, os participantes foram lembrados dos quatro objetivos delineados para este Encontro Ampliado.

O Ministro Provincial Frei César Külkamp deu boas-vindas aos participantes do Encontro, agradeceu à equipe de apoio e de animação pela boa programação que propuseram. Mencionou também que, “enquanto Província, temos um Plano de Evangeli-zação, o qual contempla uma das dimensões da vida franciscana que é a Fraternidade. A Fraternidade não pensada apenas dos Frades, mas num sentido alargado e ampliado. Uma Fraternida-de que se quer construir como sonho de mundo. Na missão que assumimos como Frades e como Franciscanos, a Fraternidade desponta ainda mais importante do ponto de vista de uma mis-são compartilhada com os leigos, inclusive no mundo da edu-cação. Trata-se de uma caminhada já em curso há tantos anos numa colaboração tão viva de tantos colaboradores, professo-res, gestores, entre outros. Queremos que a nossa presença na educação se constitua cada vez mais num projeto de evangeli-zação. Evangelização compreendida não só como uma confissão de fé ou pregação, mas também como vivência e testemunho de valores inspirados no Evangelho. Eis a importância do tema que hoje irá se discutir, especialmente levando-se em conta a

aspiração de se ir ampliando um espírito de rede entre as nossas instituições de ensino. Espero, nesse sentido, que o Encontro de hoje possa contribuir para um amplo discernimento em relação à nossa identidade e da nossa missão na educação”.

Nas suas considerações iniciais, o Vigário Provincial e Secre-tário para a Evangelização Frei Gustavo W. Medella realçou dois aspectos: 1.º) “o grande empenho de nós, Frades, neste encontro é de ouvir e escutar as reflexões que os leigos irão fazer e nos apresentar durante este Encontro Ampliado. Uma escuta ativa e interessada. Uma escuta de quem se deixa interpelar por aquilo que nos é apresentado”; 2.º) “após reler hoje pela manhã o que consta no Plano de Evangelização em relação à Frente da Educação sobre as grandes perdas de mais de 400 mil pessoas falecidas de-vido à pandemia ainda em curso, pude perceber o quanto nós que estamos imbuídos da missão de educar nos deparamos com desa-fios imperiosos e constantes, até mesmo mais numerosos que em outros tempos. Recorro, neste sentido, ao Papa Francisco quando diz que educar é ‘transmitir conhecimentos, modos de fazer as coisas, ensinar valores e encantar para determinados hábitos de vida. Enquanto educadores, queremos buscar uma maneira de vi-ver e difundir duas pilastras centrais daquilo que pauta a nossa missão: os ensinamentos de Jesus Cristo e os valores franciscanos em um constante empenho de revitalização da ética e de resgate das virtudes humanas. Empenho este em prol de uma formação integral que alcança a cabeça e o coração, ou seja, um pensar, um sentir e um fazer que se deixam guiar pelos ensinamentos de Je-sus Cristo e pelos valores franciscanos. Em sintonia também com a caminhada de Província que estamos vivendo, consta o nosso compromisso com a Animação Vocacional entre os educandos e suas famílias. Um desafio interessante para a nossa força leiga das nossas instituições de ensino a nos ajudar a pensar nossas atividades sob a perspectiva da Animação Vocacional, tanto para as vocações da vida consagrada como da vida matrimonial e pro-

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fissional. Por exemplo, quem teria um perfil de ser um Frade me-nor?... Nessa perspectiva de uma caminhada em comunhão com os leigos, penso que o elemento da Animação Vocacional poderia ser uma excelente provocação para o presente Encontro.”.

Em seguida, Renato Adriano Pezenti (USF) procurou ajudar os participantes do Encontro Ampliado sobre a Fraternidade Francis-cana que se constituiu a partir da inspiração que mobilizava São Francisco e seus primeiros seguidores. Realçou principalmente

a Fraternidade como resposta ao mundo medieval permeado por grandes crises, tensões, lutas de classe, ascensão dos lei-gos, progresso da economia monetária, polarizações (o rei e o mendigo, o monge e o jogral, o burguês e o comerciante, o cavaleiro e o lavrador, o intelectual e o analfabeto e a legião dos esquecidos, tais como o mercenário, o artesão e os oradores, a mulher), entre outros aspectos. a Fraternidade como resposta ante um apelo do Evangelho que nasce de uma interpelação da realidade: todos vós sois irmãos (Mt 23, 8). a Fraternidade como uma resposta franciscana para o futu-ro da humanidade, ou seja, não haverá “abertura para o outro mediante o fechamento em si mesmo, mas pelo esvaziamento e pelo desprendimento de si, o que só é possível palmilhando o caminho da cortesia, da beleza e da alegria.

Eros Pacheco Neto (FAE), trouxe excelentes considerações da Fraternidade como um estilo de trabalho e convivência à serviço da missão franciscana na educação. Baseou-se, principalmente, na sua trajetória, em um primeiro momento, como aluno de uma instituição de ensino franciscana, em seguida como estagiário, como funcioná-rio e, atualmente, também como pai de alunos. Realçou o quanto foi preponderante na sua trajetória a acolhida, a humildade para apren-der a servir, a acolher, a dar conta das responsabilidades, o teste-munho de amor à missão de uma instituição de ensino franciscana por parte de determinados colegas de trabalho, assim como o legado que já presencia acontecendo na formação que seus próprios filhos recebem diariamente dos professores do colégio franciscano onde estudam. “Nesta trajetória como aluno, estagiário, funcionário e pai

de alunos de uma instituição de ensino franciscana pude perceber o quanto é importante liderar pelo exemplo.”.

Com o auxílio de alguns Frades estudantes de Teologia, tais como Frei Augusto, Frei Alan, Frei Jorge, Frei Roger, Frei Felipe, entre outros, a proposta de ajudar os participantes a compreender a Fraternidade como ponto de partida na formação das atuais gerações a partir da música (canto/coral) coube para Rose de Mello V. L. dos Santos (IMCP). Trouxe inicialmente alguns dos mais relevantes aspectos da história do já octogenário Instituto Franciscano dos Meninos Canto-res de Petrópolis, ou seja, suas origens, concertos, apresentações em várias localidades no Brasil, em determinados países, até mesmo para Sumo Pontífices em Roma. Lembrou-nos o quanto “o Canto Co-ral é como a ponta de iceberg. Lá no fundo dele tem muitos aspectos preciosos em termos de formação humana integral, aprendizados em termos de relação interpessoal, de passos em vista de uma auto-nomia madura e consistente, da instauração de um espírito voltado à proatividade, à resiliência, à responsabilidade e à colaboração so-lidária.”. Também em dado momento, Rose de Mello V. L. dos Santos foi feliz ao citar um pensamento de John Rutter: “A música é algo que chega ao âmago da nossa humanidade, ao nosso senso de comuni-dade e às nossas almas... Quando se reúne em grupo, o canto torna--se mais do que simplesmente a soma das partes.”. Ainda frisou que para além dos relatos dos pensadores da atualidade, “temos o lega-do de São Francisco no universo da música, ou seja, também pela música estarmos abertos enquanto Fraternidade a sermos irmãos uns para os outros, ainda mais considerando que temos meninos cantores tanto de famílias de excelente poder aquisitivo como de famílias do programa governamental ‘Bolsa família’.”.

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1. Cf. na íntegra o discurso do Papa Francisco aos estudantes e profes-sores das escolas italianas na Praça de São Pedro (Roma – Itália), 10 de maio de 2014. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/frances-co/pt/speeches/2014/may/documents/papa-francesco_20140510_mondo--della-scuola.html>. Acesso em: 28/04/2021.

Frei Ivo Müller (ITF) contribuiu para a motivação e a constitui-ção dos participantes em cinco pequenos grupos, seguido de um breve plenário. Destacou o quanto “a Fraternidade permeia o tra-balho que desenvolvemos nas instituições de ensino da Província aonde atuamos”. Propôs que cada um dos grupos pudesse refletir e trocar ideias a respeito de duas questões:

1.ª) de que modo podemos evidenciar a Fraternidade em nossas ações evangelizadoras na educação?

2.ª) de que modo podemos também despertar novas voca-ções à vida franciscana (consagrada) nas diferentes instituições de ensino da Província?

O plenário trouxe eloquentes ressonâncias das reflexões desen-volvidas por cada um dos cinco grupos.

Everton Drohomeretski (FAE), representando o grupo três, confidenciou que haviam identificado no acolhimen-to, na empatia e no espírito de serviço um dos modos de evidenciar a Fraternidade em nossas ações evangeliza-doras na educação. “Acolhimento oriundo da escuta, em-patia oriunda da disposição de sentir juntos dor/alegria, o espírito de serviço oriundo da inquietação de promo-ver o bem-estar da comunidade” (acadêmica e social). Compartilhou também que um dos meios para despertar novas vocações à vida franciscana (consagrada) nas diferentes instituições de ensino da Província está “no testemunho pelo exemplo de vida”.

Do grupo cinco, Osmar Ponchirolli (FAE) mencionou que o seu grupo foi unânime em pontuar projetos de acolhi-mento, de engajamento, de ajuda solidária (FAE Social), de formação em virtudes que viabilizam algumas das tratativas à vivência da Fraternidade em nossas ações evangelizadoras na educação.

Pelo grupo um, Élcio Douglas Joaquim (FAE) compartilhou o quanto o exemplo é um dos caminhos à construção da Fraternidade. Exemplo de vida, de humildade e serviço que independe do cargo que cada um exerce na instituição.

Jorge Apóstolos Siarcos (Bom Jesus) e Cristiane Ferraz e Silva Suarez (USF) compartilharam as reflexões ocorridas no grupo dois: a Fraternidade como expressão do respei-

to à diversidade, do ensino em prol do humanismo solidá-rio, do exemplo de vida e virtudes em meio às situações cotidianas de trabalho e convivência.

Pelo grupo quatro, Marcelo Vizani (IMCP) lembrou o quanto é possível liderar pelo carisma, pelo amor, pela proximidade e pelo exemplo. Frei Marx Rodrigues dos Reis, da Frente da Solidariedade para com os empobre-cidos e também participante do Encontro Ampliado, nos sensibilizou ao dizer o quanto “o cuidado com o outro é um dos diferenciais da Província, seja no SEFRAS, seja na educação.”.

Já em vias de conclusão do Encontro Ampliado on-line da Frente de Evangelização da Educação, Marcelo Bianchini Favaro (Bom Jesus) nos lembrou da pertinência da Fraternidade na mis-são da educação, dada a contemporaneidade do legado de São Francisco de Assis, ainda mais em um contexto multifacetado e polarizado dos nossos dias. Legado que nos leva a perceber “o quanto nossas instituições de ensino são casas de valores, ajudando nossos alunos a se tornarem melhores como pessoas a cada dia.”. Frei Vitório Mazzuco Filho (USF) agradeceu a todos pela riqueza do Encontro Ampliado e pela presença de cada um dos participantes. Agradeceu também pelo propósito que nos congregou em torno de quatro objetivos inerentes à ampla, ho-lística e totalizante missão franciscana na educação. Em cada uma de nossas instituições de ensino, “nos educamos para vida e para a sociedade. Nós educamos para o conhecimento acadê-mico, para o pluralismo cultural e religioso. Educamos também para as experiências mais amplas de acolhimento de alunos e de colaboradores de diferentes crenças. E aí está o grande dife-rencial de nossa missão: uma missão fraterna, plural e plena de princípios. Nós valemos pelos princípios que temos e testemu-nhamos.”.

Frei Gustavo deixou a todos uma palavra de gratidão e de incen-tivo a todos pela participação no Encontro Ampliado, animando-nos mutuamente na caminhada da Frente de Evangelização da Educação da Província. Além da bênção, Frei César também deixou palavras de agradecimento a todos, fazendo votos de que as reflexões compar-tilhadas durante o Encontro venham convergir para uma caminhada desta Frente de Evangelização da Educação cada vez mais evangéli-ca, franciscana e solidária. Fraternalmente,

Frei Claudino GilzCOORDENADOR DA FRENTE

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Universidade São Francisco (USF) re-alizou, no dia 13 de abril, a abertura oficial das comemorações dos 45 anos da chegada dos Frades francis-canos na cidade de Bragança Pau-

lista. O evento foi realizado no canal oficial da Universidade no Youtube e contou com a presença do Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Bra-sil e Chanceler da USF, Frei César Külkamp; do Diretor Presidente da CNSP-ASF e Vice--Reitor, Frei Thiago Alexandre Hayakawa; do Diretor Vice-presidente, Frei Vitorio Mazzu-co Filho; do Reitor, Frei Gilberto Gonçalves Garcia; do Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão, professor Dilnei Lorenzi; e do Pró--Reitor de Administração e Planejamento, professor Adriel de Moura Cabral.

Acompanharam a transmissão estudan-tes, docentes, funcionários e autoridades lo-cais, como prefeitos dos municípios em que a USF está presente, vereadores e secretários.

Frei Vitorio fez a acolhida e lembrou o pioneirismo franciscano ao assumir uma Universidade particular. “Somente um gran-de ideal pode induzir alguém a envolver-se com a educação. 45 anos da Universidade São Francisco de Assis. Um nome que tem a inspiração em São Francisco de Assis, a quem pedimos a bênção e proteção neste momento, ele que traz para nós vida, filoso-fia, programa, convocação de reconstruir e propor um caminho de um projeto realmen-te educacional: com paixão pela verdade, qualidade científica, formação integral do humano, ensino, pesquisa, inserção na re-alidade local, regional, nacional e também internacional”, disse, convidando o Ministro Provincial para abrir este momento.

Frei César manifestou sua alegria e gratidão por abrir nesta noite as comemo-rações pelos 45 anos da Universidade São Francisco, celebrando ao mesmo tempo 45 anos de chegada dos primeiros francis-

canos a esta região de Bragança Paulista, de Itatiba e mais tarde também a outros lugares de presença, como Campinas, São Paulo, Petrópolis. “Chegaram justamente para esse trabalho na educação. O nosso inspirador e patrono da Universidade é São Francisco de Assis. E por conta dele mesmo estamos na educação”, ressaltou.

“Desde o princípio do movimento francis-cano, São Francisco quis que os seus frades fossem educados para o saber e também usassem dessa importante ferramenta de comunicação dos valores do Evangelho. Por isso pediu a Santo Antônio, membro da Or-dem dos Frades Menores e grande intelectual do século 13, que ele ensinasse também aos frades”, recordou o Ministro Provincial, res-saltando que São Francisco deixou alguns cri-térios neste seu pedido e em outros escritos sobre a educação, ou sobre o aprendizado do saber, destacando que os frades não perdes-sem o espírito de humildade e devoção.

Universidade São Francisco abre as comemorações dos 45 anos

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O Ministro Provincial destacou o com-promisso da USF com o ensino superior brasileiro: “Nessa noite, vamos manifestar nossa gratidão por todos aqueles que fize-ram parte desse percurso para chegarmos ao que somos hoje e queremos também renovar nosso compromisso de promover o saber, as competências necessárias para melhor construção do mundo, mas tam-bém compromisso com as virtudes des-tacadas pela tradição franciscana. Que o saber e a competência sejam construtoras de uma nova humanidade”, afirmou Frei César.

No evento também foi apresentado a comunidade acadêmica a criação de um site exclusivo para as celebrações dos 45 anos da USF. Ao acessar usf.edu.br/45anos, o público poderá revisitar toda a história da Universidade, rever momentos históricos, depoimentos de autoridades locais, ex-alu-nos, docentes e pessoas que fazem parte da trajetória da USF.

Ao longo de todo o ano de 2021 serão rea-lizados eventos celebrativos e também de co-memoração de aniversário de Cursos. A cam-panha desenvolvida para comemorar a data apresenta o mote: “Há 45 anos dando asas

para quem sonha!”, que resgata a trajetória franciscana e os objetivos a serem alcançados.

Desde os tempos coloniais, os francis-canos estão presentes e atuantes no con-texto educacional brasileiro. Esta história secular da pedagogia franciscana chega à USF em 1976, solidificada em mais de 40 cursos abrangendo diversas áreas do co-nhecimento, dialogando diariamente com mais de 1.000 profissionais e de 15 mil alu-nos. São mais de 80 mil profissionais qualifi-cados para atuar em diversas áreas.

O reitor da Universidade, Frei Gilberto, re-lembrou a trajetória dos frades na educação ao longo da história, mas principalmente o le-gado deixado nas universidades de diferentes regiões do mundo. “Quando celebramos mais um quinquênio desta obra chamada Univer-sidade São Francisco, esse grão de areia no tempo, 45 anos de existência, nós trazemos aqui também, a memória dos frades pionei-ros que há 800 anos conduziam a ciência e o pensamento nas primeiras universidades oci-dentais. Pois o que são 45 anos diante de 800 anos de tradição, mas esse não é o sentido maior desta noite. Vamos honrar e agradecer o sentido deste legado e jornada franciscana. Portanto, queremos hoje honrar essa bela

história, honrar uma das grandes missões do início da nossa ordem, a educação”, ressaltou o Reitor.

O encerramento da cerimônia de abertura foi realizado pelo vice-reitor, Frei Thiago, que recordou o projeto educacional das então Fa-culdades Franciscanas, na década de 1970 e também abordou os desafios e objetivos que a USF almeja para o futuro. “Apresentamos hoje a revitalização da proposta pedagógica fundamentada na teoria e na prática profis-sional para a formação de sujeitos conscien-tes. Tal proposta, alcança todos os nossos cursos presenciais e a distância. Investimos no projeto de educação a distância e em 2021 projetamos a abertura de mais 10 polos para ampliar o acesso ao ensino superior. Buscamos concretizar uma política de pesquisa científica inovadora, pautada por critérios de qualidade, através da extensão ampliamos o espaço da sala de aula, por meio de ações constituídas em franco diálogo com a comunidade externa da nossa Universidade São Francisco. Desta forma, vamos aprofundar a inserção da Uni-versidade através de suas unidades, câmpus e polos”, finalizou o presidente da Mantenedora.

Ana Paula Moreira

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EVANGELIZAÇÃO

Grupo Educacional Bom Jesus, marca que engloba o Colégio Bom Jesus, a FAE Centro Universitário e outras cinco em-presas, completou 125 anos no dia 11 de maio. A instituição é reconhecida como

um dos mais tradicionais grupos educacionais do país, com presença no Paraná, em Santa Ca-

tarina, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. O Grupo atende estudantes da educação básica ao ensino superior.

A instituição está vinculada à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Tendo Francisco de Assis como ins-pirador, neste ano o tema da comemoração

pelos 125 anos será “Amar é o caminho para a transformação”. As celebrações de ani-versário estão inspiradas no trecho da Ora-ção de São Francisco de Assis “Onde houver ódio que eu leve o amor”.

“Nossas instituições de ensino são francis-canas porque nos inspiramos em São Francis-

125 anos de história na educaçãoOs colégios Bom Jesus e a FAE Centro Universitário estão presentes em cinco

estados brasileiros, com posicionamento já reconhecido no ramo educacional – e projetos de expansão em andamento. Curitiba (PR) é a cidade-berço do Grupo, sendo que a trajetória para chegar aos 125 anos com tanto sucesso foi longa.

Tudo começou em 1896, quando foi fundada a Escola Popular Alemã Católica. Depois, os frades franciscanos passaram a administrar a unidade, que foi transferi-da para a Rua 24 de Maio, em Curitiba (PR). Outra data marcante foi o ano de 1909, quando nasceu a Paróquia Bom Jesus dos Perdões, localizada na Praça Rui Barbosa. Mais tarde veio a Escola Senhor Bom Jesus, na Rua Alferes Poli, e alguns anos depois, em 1958, começou a ser construída a sede da Rua 24 de Maio – uma das mais tradi-cionais na cidade.

Atualmente, o Grupo abrange sete marcas: Colégio Bom Jesus, FAE Centro Uni-versitário, Editora Bom Jesus, Teatro Bom Jesus, Lace – Language Center, Gráfica Bom Jesus e Valor Brasil – produtos promocionais.

Grupo Educacional Bom Jesus completa 125 anos de história

co de Assis. Então, assim como ele amou e cuidou de todas as formas de vida, queremos também aprender, por meio do seu exemplo, a amar e a cuidar de todas as criaturas. Assim, à medida que cultivamos em nós a atitude de amor por meio de ações concretas de cuidado, respeito, diálogo, humildade e resiliência, contagiamos a to-dos que estão ao nosso redor”, ressalta o presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes.

O diretor-geral do Grupo, Jorge Apóstolos Siarcos, relem-bra a trajetória da instituição, que proporcionou mudanças significativas na vida de muitas

pessoas, sempre superando as expectativas e conquistando a credibilidade em toda a so-ciedade. “São 125 anos participando da trans-formação de muitas gerações e apoiando a formação de crianças, jovens e adultos. Nesse tempo, superamos diversos desafios e tivemos que nos reinventar muitas vezes. Por isso, so-mos muito gratos pela confiança das famílias, dos alunos, dos professores, dos colaborado-res e de toda a sociedade que tem participado da história do Bom Jesus”, afirma.

Juliano Franco Zemuner

O

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EVANGELIZAÇÃO

Caros confrades, colaboradores, alunos e demais participantes da missão do grupo Bom Jesus,

Paz e Bem!’

São Francisco de Assis viveu há mais de 800 anos, mas continua a ser uma viva inspira-ção em nosso tempo. Com um coração apaixo-nado por Jesus Cristo, ele fez do Evangelho uma forma de vida que se tornou luz para o mundo e para a Igreja.

Ele mesmo, ao acolher irmãos para esta experiência fraterna dos valores do Evangelho, fundou a Ordem dos Frades Menores.

Esta fraternidade de homens pobres, sim-ples, humildes e servidores de todos, especial-mente dos mais pobres, espalhou-se por todo o mundo.

Hoje, a Ordem dos Frades Menores possui 110 províncias, as subdivisões regionais para a vivência deste ideal e para o serviço à Evange-lização.

E os franciscanos, como são conhecidos os frades de São Francisco, chegaram também ao Brasil.

Logo no início, eles se dedicaram às mais diferentes necessidades desta terra, principal-mente na evangelização de seus povos originá-rios e dos primeiros colonizadores. Perceberam a carência de ensino para que as pessoas tives-sem acesso à Palavra de Deus.

Hoje, o território brasileiro conta com a pre-sença dos frades menores em todas as suas re-giões, através de nove entidades franciscanas, dedicadas às mais diversas missões espirituais, sociais, culturais e humanitárias.

A segunda mais antiga é a Província Fran-ciscana da Imaculada Conceição do Brasil, com mais de 345 anos. E é a ela que pertence o Gru-po Educacional Bom Jesus.

Os frades desta Província se estabelece-ram no Sudeste e Sul do Brasil. Em sua atuação, também perceberam a carência de educação, ao lado de outras necessidades. Fundaram igre-jas, mas sempre tendo ao lado uma escola.

A Província da Imaculada está hoje presen-te nos estados do ES, RJ, SP, PR e SC. E também está no país de Angola, como uma presença

missionária.São Francisco queria que este ideal fosse

dinâmico, procurando dar respostas em cada tempo e em cada lugar.

Assim, atualmente a nossa Província pos-sui cinco campos prioritários de ação, que são chamados de Frentes de Evangelização, lugares onde podemos dar a nossa contribuição à Igreja e ao mundo:

Frente das Paróquias e Santuários Frente das Missões Frente da Solidariedade para com os empobrecidos

Frente da Comunicação e Frente da Educação.

Nas respostas dadas hoje, sob a inspiração de São Francisco, os frades e um grande núme-

125 anos de dedicação à formação integral e humana de jovens, crianças e adultos.

Presentes em cinco estados, as unidades do Colégio Bom Jesus e os campi da FAE Centro Universitário, para além da excelência de seu ensino, também unem alunos, professores e colaboradores em obras voluntárias de amparo e de acolhimento aos desfavorecidos. E nossos alunos são convidados, desde os anos iniciais, a identificar e cultivar as virtudes humanas ne-cessárias para uma cultura de paz.

Mais de 800 anos depois, os valores fran-ciscanos repercutem até os nossos dias e apai-xonam uma multidão incontável de homens e mulheres.

Em nome da Província Franciscana da Ima-culada Conceição do Brasil, quero parabenizar a todos aqueles e aquelas que se dedicam a levar

MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL

ro de colaboradores e voluntários levam adiante esta missão em comunidades de fé e de espiri-tualidade, mas também em emissoras de Radio e TV, nos canais digitais das novas mídias, em editoras, em projetos sociais de promoção hu-mana e defesa de direitos, especialmente neste tempo difícil da pandemia.

E o trabalho de educação escolar e univer-sitária foi adquirindo novas expressões de ser-viço à formação, à preparação para o mundo de hoje e também para o social.

Entre as iniciativas educacionais, uma que se desenvolveu e cresceu, é hoje o Grupo Edu-cacional Bom Jesus, que neste 2021 completa

adiante esta bela missão franciscana no Grupo Educacional Bom Jesus.

Que os sentimentos de gratidão por esta história centenária continuem como uma bela herança aos nossos alunos, professores, cola-boradores e seus familiares, e sejam também oportunidade de renovação da sensibilidade às necessidades do nosso tempo e de busca de intuições nos valores e virtudes franciscanos.

Paz e Bem!

Frei César Külkamp, ofmMINISTRO PROVINCIAL

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ela primeira vez na história de mais de cinquenta anos da União das Conferências Franciscanas da América Latina (UCLAF), uma Assembleia Geral foi realizada

por meio de videoconferência devido ao agravamento da pandemia de Covid-19 no mundo, especialmente na América Latina. Desta 26ª edição, realizada nos dias 7, 14, 21 e 28 de abril, participaram a Conferên-cias Brasileira e Cone Sul, a Bolivariana e a Guadalupana. O presidente da UCLAF, Frei Nélson Tovar Alarcón, da Província de São Paulo da Colômbia, abriu o primeiro dia ex-plicando que o Ministro Geral participaria do próximo encontro. Saudou e agradeceu

pela participação do Vigário Geral, Frei Ju-lio César Bunader; de Frei Valmir Ramos e Frei Ignacio Ceja, Definidores Gerais para América Latina; e Frei Alonso Morales, Secretário Geral para as Missões e Evan-gelização. Para esta Assembleia, tomou-se a temática da Conferência Latino-america-na de Religiosos (CLAR) de Jo 2,5: “Façam tudo o que Ele vos disser. É agora!”

A Conferência Brasileira e do Cone Sul, presidida por Frei César Külkamp, foi a an-fitriã, já que tinha como sede a cidade de Belo Horizonte (MG) se o evento fosse pre-sencialmente.

Há poucos meses do Capítulo Geral da Ordem, o objetivo do evento é atualizar os

desafios do carisma franciscano e, a partir da reflexão da Ordem e da Igreja, caminhar como Conferência para um compromisso profético no contexto latino-americano, com atenção aos sinais dos tempos, como o Projeto de fraternidades missionárias e itinerantes na Amazônia.

Depois de apresentar cada um dos 21 mi-nistros provinciais e 5 custódios, além dos as-sessores Frei Francisco Morales, Frei Sandro Roberto da Costa, Frei Guido Zegarra e Frei Edgar Santos, o presidente da UCLAF saudou a todos na sua mensagem de abertura e con-vidou o Ministro Provincial, Frei Flavio Chávez García, da Província de São Pedro e São Pablo do México, para conduzir a oração inicial.

UCLAF se reiventa e realiza a 26ª Assembleia on-line

P

EVANGELIZAÇÃO

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Segundo Frei Nélson, assim como Fran-cisco de Assis, os frades são chamados a serem “homens pascuais”, que anunciam com júbilo a Ressurreição do Senhor a to-dos os povos. “Oxalá, os impactos desta pandemia estejam sendo leves com nos-sas entidades, pois temos tido além das perdas econômicas, perdas humanas e interrupções em nossas vivências caris-máticas. E, por isso, nosso encontro busca animar todas as entidades no Amor e na Esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”, animou.

“A esperança - frisou o frade - tem que ser o espírito que nos sustenta dentro des-ta pandemia, por tudo o que ela significa para cada um dos irmãos das fraternida-des, da evangelização que exercemos na missão onde estamos. Esta realidade jus-tifica nossa assembleia e o amor radical de seguir servindo nos Pobres o Senhor como bem-aventurado porque deles é o reino dos céus”.

Segundo ele, sempre foi desejo de to-dos se encontrar fisicamente, prova disso foram as distintas datas programadas para a Assembleia, conservando a esperança que o contato físico facilitaria expressar sentimentos, experiências, convicções, trocar espaços formativos.

Frei Nélson explicou que cada entidade participou da elaboração de um documen-to mostrando os desafios da Ordem em meio à pandemia. Este documento pro-posto pelo Conselho Executivo da UCLAF foi tema de reflexão em uma das sessões nesta Assembleia.

Atualizar os desafios do Carisma Franciscano

“Nosso objetivo é atualizar os desafios do carisma franciscano e, como UCLAF, desde a reflexão da Ordem e da Igreja para um maior compromisso profético que nos exige o contexto latino-americano e os si-nais dos tempos”, disse o presidente. Para conseguir isso, segundo ele, foram traba-

lhados os desafios dentro das propostas colocadas pelo CPO (Conselho Plenário da Ordem) e esta dura pandemia.

Essa reflexão foi feita a partir de al-guns questionamentos propostos: que respostas estamos dando a esta pandemia que estamos atualmente vivendo e que vem afetando nossa forma carismática de vida e nossa missão social e eclesial como Irmãos Menores entre os pobres? Quais são nossos desafios e que propostas de mudanças imaginamos para o futuro?

A UCLAF pediu, através de Frei Ramiro de La Senna, ao Papa uma resposta, que disse: “Para mudar é preciso ‘se descen-trar’, sair do centro e ir às periferias (as físicas e as existenciais)”.

Segundo Frei Nélson, os projetos da Ordem, como a Amazônia, a formação, a reforma dos Estatutos e o projeto de evangelização da Ordem pautaram os fra-des, assim como a missão de despertar “esse espírito profético que está apaga-do”, como nos dizia nosso irmão Herman Schalück, ex-Ministro Geral: ‘É difícil ser profetas com administradores cansados’. Trata-se de um convite a sermos ousa-dos, coerentes para alcançar a presença profética. Por isso, a partir das reflexões que realizamos, espera-se dar nossa con-tribuição latino-americana para o Capítulo Geral que se realizará em Roma em julho de 2021”, explicou.

Só a mudança não basta; temos de ser transformados

O Vigário Geral Frei Julio César Bunader agradeceu pelo convite e explicou que Frei Michael Perry está nos Estados Unidos e que deve participar do próximo encontro. Segundo ele, a Assembleia da UCLAF é um momento oportuno de encontro que tem a Ordem na América Latina. “Os irmãos po-dem atualizar o movimento da Ordem e da Igreja no contexto da América Latina, lendo os sinais dos tempos, os sinais da presen-ça de Deus no povo que caminha na Amé-

rica Latina”, disse o Vigário Geral, apon-tando dois pontos nessa leitura dos sinais dos tempos: “Me parece que o primeiro é a nossa experiência de muitos anos e que temos de fortalecer ao máximo”. Com esse legado da Ordem e do carisma, ele questio-nou: “Não sei se necessitamos fazer mui-tos projetos ou se precisamos ter muitas propostas”.

O segundo ponto está em sintonia com o objetivo apresentado antes por Frei Nel-son. “Sempre vivemos, na América Latina, momentos particulares. Mas agora esta-mos vivendo numa pandemia, que nos aju-dou a parar, a ter um tempo de interioriza-ção, de espiritualidade, que alguns autores falam em silenciar e buscar o simples. Nos demos conta que, com pouco, podemos viver”, acredita.

Vive-se, segundo o frade, um tempo de mudanças. “Esse encontro virtual mostra isso. O virtual entrou na nossa vida como uma mediação de encontro. A mudança, que também é uma categoria, entrou for-temente no contexto atual. Mas eu daria um passo a mais. A mudança não se impro-visa e ela pode ser superficial. Mudamos um hábito, mudamos um papel, mudamos de cor. Segundo alguns teólogos, a mudan-ça não é suficiente. Desse tempo temos que sair transformados. Falam da trans-formação que vem de dentro, do espírito, como obra a Deus”, disse, lembrando o Papa Francisco: “Nesse tempo não neces-sitamos só de realismos, mas também da capacidade de imaginação. E de imagina-ção se fala de fantasia, criatividade, cora-gem de sonhar, interioridade, profundida-de. Creio que sem isso não chegaremos à transformação profunda que vai exigir o pós-Covid”, avaliou Frei Julio.

Sair das estruturas físicas e mentais

O brasileiro Frei Valmir Ramos expres-sou sua alegria por participar do encontro virtualmente. Segundo ele, é importante

EVANGELIZAÇÃO

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o encontro para compartilhar, refletir e também traçar o futuro da vida da Ordem na América Latina como UCLAF, como organização de união. Por isso é muito importante e significativo para nós que temos a fraternidade como base para nossa vida e nosso caris-ma”, disse, lamentando que não foi possível o encontro presencial mar-cado para Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Frei Valmir falou dos compromissos que o Ministro Geral, Frei Michael Perry, tinha na América Latina e acabaram cancelados. “É uma situação muito particular que temos que enfrentar e viver o melhor possível para assim ter cuidado com a vida de nossos irmãos e também as nossas, claro”, disse.

“Por isso, é muito triste ouvir que um irmão se contagiou, que outro irmão morreu porque tinha Covid. Este é um momento também que temos de viver com esperança. Em Jesus Ressuscitado que é luz, força e, ao mesmo tempo, é aquele que nos envia, aquele que nos impulsiona a ir adiante”, animou.

Frei Valmir destacou a importân-cia de unir forças na UCLAF, parti-cularmente, na formação inicial, na formação permanente e na formação dos formadores. “Temos duas coisas importantes: a formação e a identidade do frade menor, que muitas vezes per-demos fazendo o caminho. E também a leitura dos sinais dos tempos, que Frei Julio já mencionou anteriormente. Temos muitas dificuldades para lermos os sinais dos tempos porque às vezes queremos lê-los sem sair de nossas estruturas físicas e mentais», disse, enfatizando que não se conseguirá nada sem a união de forças.

O mexicano Frei Ignacio Ceja dis-se que participava pela quinta vez da Assembleia da UCLAF e destacou que são encontros muito frutíferos, não so-

mente pelos projetos que se aprovam mas também pelo “caminho que se faz de intercâmbio de ideias, de pro-blemas, de soluções, de frustrações, de alegrias, de esperanças”. “Eu creio que é muito importante este encontro, como dizia Frei Nelson na sua intro-dução. Não temos contato físico, mas podemos transmitir inclusive senti-mentos, dialogar em pequenos grupos e tirar o melhor proveito disso. O en-contro virtual pode parecer pouco, mas há que levar em conta que, na elabora-ção de um projeto, é tão importante os processos porque com eles se agregam valores”, disse.

Para ele, é importante também o valor da comunicação fraterna de intercâmbio, desde o reconheci-mento das próprias precariedades, tanto pessoal como de nossas enti-dades. “Portanto compartilhar, não para conjecturar, mas encontrar na experiência do outro um crescimento, mas também na própria experiência, sobretudo na tarefa de animar os irmãos», disse.

Frei Alonso Morales, Secretário Geral para as Missões e Evangeliza-ção, lembrou que as estatísticas da Ordem não são animadoras. “Frei Her-man Schaluck, nos anos 60, dizia que a Ordem era um ‘gigante adormecido’. Creio que se está perdendo o gigante enquanto ele dorme. No Concílio Vati-cano éramos 25 mil frades e hoje somos 10.600. De acordo com um estudo que vai ser apresentado no Capítulo Geral sobre as projeções da Ordem para o ano 2030, seremos 8 mil irmãos na Ordem. Estamos declinando”, informou. Segun-do ele, a América Central e América do Sul serão as regiões mais consistentes. “Temos uma grande responsabilidade como UCLAF”, disse, solidarizando-se com as Provinciais que perderam seus frades para a pandemia.

EVANGELIZAÇÃO Estavam presentes provinciais e custódios de 26 entidades:

Da Conferência do Brasil e Cone Sul (Argentina, Paraguai e Chile) estavam pre-sentes: Frei Ernilio Andrada (Província da Assunção da Santíssima Virgem do Rio da Prata - Argentina e Paraguai): Frei Daniel Alejandro Fleitas Zeni (Província de São Francisco Sola no, Argentina); Frei Isauro Covili (Província Santíssima Trindade, Chile); Frei Edílson Rocha (Custódia São Benedito da Amazônia); Frei Marco Aurélio da Cruz (Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil); Frei Marino Pedro Rhoden (Província São Francisco de Assis); Frei Rogério Viterbo de Sousa (Custódia das Sete Alegrias de Nos-sa Senhora); Frei Antônio Pacheco Ramos (Província Nossa Senhora da Assunção); Frei Hilton Farias de Souza (Província da Santa Cruz); Frei César Külkamp (Província da Ima-culada Conceição do Brasil e presidente da Conferência); Frei João Amilton dos Santos (Província de Santo Antônio do Brasil); Frei Fernando Aparecidos dos Santos (Custódia do Sagrado Coração de Jesus), secretário da Conferência.

Da Conferência Bolivariana (Equador, Ve-nezuela, Colômbia, Peru e Bolívia): Frei Héc-tor Eduardo Lugo Garcia (Província de Santa Fé, da Colômbia); Frei José Arias (Custódia da Imaculada Conceição da Venezuela); Frei Jesús Barahona, (Província de São Francisco de Qui-to); Frei René Bustamante (Província de Santo Antônio da Bolívia); Fr. Nicolas Ojedas Nieves (Província Franciscana dos XII Apóstolos do Peru): Frei Alejandro Wiesse León (Província São Francisco Sola no do Peru).

Da Conferência Guadalupana (México, América Central e Caribe): Frei Joel Cosme (Província do Santo Evangelho do México}; Frei Angel Gabino Gutierrez (Província dos Santos Francisco e Santiago no México); Frei José luis Chaves Vargas (Província São Felipe de Jesus); Frei José Angel Lozano Hernandez (Província Frei Junípero Serra); Frei Santos Perez {Custódia de Santa Maria da Esperança do Caribe); Frei Flavio Chávez García (Província de São Pedro e São Paulo de Michoacán, México), presidente da Con-ferência.

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O segundo dia (14 de abril) da Assembleia da União das Conferências Franciscanas da Améri-ca Latina (UCLAF) foi um dos mais aguardados pela fala do Ministro Geral, Frei Michael Perry.

Acompanhe sua mensagemQueridos irmãos da UCLAF, Frei Nélson pre-

sidente, cada um dos ministros e todos irmãos que pertencem às entidades da UCLAF, vivendo diferentes e certamente diversas expressões de nossa comum identidade franciscana como membros da Ordem dos Frades Menores no contexto da América Latina. A todos vocês, que o Senhor lhes dê paz e bem!

É sempre uma grande alegria encontrar, ouvir e partilhar alguns pensamentos com os irmãos da Ordem, onde quer que estejam, de qualquer forma que procuram criar as condições para uma experiência autêntica de humanidade e uma experiência profunda de Deus, autor e criador de toda a nossa vida.

Ouvi alguns debates que tiveram lugar na semana passada. Quero expressar minha gra-tidão a Frei Júlio, Frei Ignacio, Frei Alonso, Frei Valmir, irmãos da Cúria Geral, e os demais irmãos que compartilharam suas reflexões sobre a situ-ação atual do mundo, um mundo em constante mudança, um mundo que se encontra em uma situação muito difícil por causa da pandemia de Covid-19.

Minha mensagem corre o risco de repetir o que já se compartilhou na semana passada e em todos os outros documentos e momentos de en-contros da Ordem. Porém, devemos repetir a nós mesmos os valores centrais de nossa vocação. Está claro que a pandemia está reescrevendo a história de toda a humanidade humana, a Igreja e também nós na Ordem. Gostaria de recordar nossos queridos irmãos que perderam a vida por causa da Covid-19 (momento de silêncio). E da mesma forma os que estão atualmente en-fermos por causa do vírus, especialmente Frei Manuel que se encontra no hospital em Itaituba (BRA), Hector Lugo e outros irmãos de nossa fa-mília que não estão muito bem neste momento.

Oremos pela conversão da mente e cora-ção de todos aqueles que têm sido eleitos ou nomeados para ocupar postos de liderança em seus respectivos países, presidentes ou outros funcionários de governo, por aqueles que são responsáveis pela saúde e bem-estar de seu povo, funcionários da saúde pública, traba-lhadores médicos, trabalhadores de primeira linha que cuidam, dia a dia, daqueles que estão nos hospitais ou em outras situações de crises sanitárias.

Em sua encíclica mais perspicaz sobre a fraternidade humana e a solidariedade, “Fratelli tutti”, o Papa Francisco nos recorda o seguinte no número 32: “É verdade que uma tragédia global como a pandemia do Covid-19 despertou, por algum tempo, a consciência de sermos uma comunidade mundial que viaja no mesmo barco, onde o mal de um prejudica a todos. Recordamo--nos de que ninguém se salva sozinho, que só é possível salvar-nos juntos. Por isso, «a tempes-tade - dizia eu - desmascara a nossa vulnerabili-dade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábi-

tos e prioridades. ( ... ) Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mas-caramos o nosso “eu” sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, esta (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos».

Frei Júlio, Vigário Geral, nos recordou sema-na passada que, para que a humanidade, a Or-dem e a Igreja possam avançar e responder aos desafios atuais de nosso tempo, é necessário pedir ao verdadeiro Ministro Geral da Ordem, o Espírito Santo de Deus, que nos conceda o dom da imaginação, da criatividade e da coragem, para acolher esses dons e atuar em consciên-cia nos contextos particulares e nos desafios urgentes que se apresentam no contexto da América Latina.

Três desafios urgentes me vêm à mente: 1. Viver como irmãos amados de Deus, capazes

de compartilhar uma autêntica experiência do que significa ser amados por Deus. E ama-dos para amar e cuidar de todos os demais

EVANGELIZAÇÃO

Imaginação, criatividade e coragem

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e do mundo criado e do meio ambiente se realmente somos todos irmãos e irmãs, es-treita e intimamente unidos uns aos outros como membros que se reúnem com a família de Deus, como sustenta o Papa Francisco na “Laudato Si’”. Resta-nos o desafio de de-monstrar , em todas as nossas formas de tratar os outros e no nosso tratamento com o povo de Deus em todos os lugares, a incrível proximidade e compaixão de Deus, que não espera que saiamos em sua busca, porque ele vem a todo momento, em todas as fases da nossa vida e na vida de todos os filhos e filhas de Deus, revelando esta mesma mise-ricórdia e amor.

Devido a esta experiência primordial e deter-minante do amor e misericórdia de Deus em nossas vidas, também devemos estar dis-postos a demonstrar, mediante nossa aber-tura ao povo de Deus nas regiões da UCLAF, a vontade de encontrar as pessoas que ali onde se encontram em seu itinerário humano e de fé. Devemos estar dispostos a abandonar nossos papéis e títulos, abraçar a humani-dade por aquilo que é. Encontrar-nos com os seres humanos em todas as condições e etapas de suas vidas e compartilhar com eles o peso que carregam, os seus sofrimentos, suas confusões e demonstrar sempre a von-tade de não nos permitir nunca julgá-los. Sa-ber demonstrar misericórdia e amor a todos, permitindo assim que outros experimentem o que significa ter vida e ser livres para o amor de Jesus Cristo, assumindo esse tipo de experiência espiritual, esse serviço por parte de nossas gentes nas regiões da UCLAF e em toda a parte do mundo.

2. Uma Ordem de homens que demonstre realmente o que significa ser membros de uma fraternidade definida por um espírito de minoridade. “Fratelli tutti” recorda as nossas vocações, primária ou primordial, de sermos irmãos com e para os outros e com e para todo o universo criado. Um dos maiores desafios que enfrenta a Ordem em nível mundial, mas também na região da UCLAF, é aprender de novo a ser verdadeiros

irmãos entre si, com o povo de Deus e com toda a humanidade. Todavia há demasiados irmãos que se agarram aos títulos e permi-tem que os títulos os criem, os transfor-mem, os subvertam, em lugar de permitir que o espírito de Deus aja nas instituições, subvertam papéis e títulos, transforman-do-nos em autênticos testemunhos pela minoridade evangélica.

A mentalidade clerical, que falaram alguns irmãos da Cúria na semana passada, que exerce um poder tão forte sobre o pensa-mento e a experiência da Igreja e das regiões da UCLAF, também ganhou uma fortaleza nas mentes e corações de alguns irmãos de nos-sa Ordem. Assim, muitos irmãos da região da UCLAF, que abandonaram a Ordem, fizeram sua autonomia e assumiram maior poder não só sobre sua própria vida pessoal, mas também sobre a vida daqueles que a Igreja os havia confiado, nas paróquias, nas escolas e nas obras sociais etc. Porém, há demasia-dos irmãos que não abandonaram a Ordem e que permanecem nas nossas fraternidades e permitem que esta mentalidade clerical cubra suas inseguranças e debilidades, uma mentalidade que se petrifica em pensar e o que podia significar viver num espírito de minoridade, estando sujeitos a toda criatura humana por amor de Deus, como São Fran-cisco de Assis escreveu na Regra não Bulada, n.16. O Papa Francisco faz eco uma vez mais no convite de Jesus Cristo e de São Francisco para que sigamos o caminho da simplicidade da vida e promovamos e fortaleçamos nos-sas fraternidades locais e nossas províncias e custódias com o espírito de autêntica mino-ridade evangélica, humilhando-nos, dispos-tos a abraçar a morte pela justiça e verdade, desafiando aqueles sistemas de opressão, que desumanizam os filhos amados de Deus e lhes roubam a liberdade dos filhos e filhas de Deus.

3. Uma Ordem definida pela flexibilidade da interprovincialidade, colaboração e por es-pírito de generosidade missionária, disposta a compartilhar recursos humanos e outro

tipo para o bem comum. Como indicou Frei Alonso, a Fraternidade mundial da Ordem dos Irmãos Menores está decaindo numerica-mente. Houve crescimento de um número de frades, também há uma diminuição natural da energia em participar da vida e missão da Ordem. Não quero dizer que nossos irmãos maiores estejam menos entusiasmados, menos comprometidos e que trabalhem me-nos que outros irmãos da Ordem. Podemos dizer o contrário. Alguns dos irmãos mais ativos - ativos na vida local e na fraternidade da missão, da fraternidade, ou da província ou custódia -, são aqueles irmãos que são idosos. São eles os que dão um tremendo testemunho aos irmãos mais jovens. E o que significa permanecer fiel à vida evangélica. São os irmãos maiores da Ordem que são mais espontâneos, mais generosos com seu tempo, mais dispostos a empreender um novo ministério ou acompanhar os irmãos mais jovens que estão menos seguros neste início. Como já ocorre, há que reconhecer e acolher a colaboração interprovincial, as inte-rentidades dentro da UCLAF, e desde a UCLAF até a Cúria e a Ordem mundial.

Obrigado a cada dos ministros por sua dis-posição em compartilhar recursos humanos e de outro tipo com os demais membros da UCLAF e com a Fraternidade internacional. À medida que nos tornamos mais pequenos, passando de 10.600 no momento a 8 mil em 2030, e menos de 5 mil em 2040, a necessi-dade de colaborar e compartilhar recursos será cada vez mais necessária. Quisera pedir a cada uma das entidades da UCLAF que revi-sem suas atuais estruturas e compromissos, e para que iniciem ou continuem é necessá-rio o processo de reestruturação. Em muitos casos, isso significará reduzir o número de presenças, paróquias, colégios, etc, atendi-das pelos frades. Isso requererá valor e mui-ta confiança em Deus. Também requererá muitas comunicações com os irmãos e com todos os interessados. A uns quando empre-enderem esforços de revitalização e reestru-turação dentro de suas respectivas entida-

EVANGELIZAÇÃO

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des, peço que expressem um compromisso mais forte com o projeto conjunto no Peru e na região Amazônica. Este projeto não deve ser tratado como um enteado não desejado, mas deve ser abraçado e apoiado com uma grande quantidade de pessoal qualificado e apoio financeiro.

Imaginação, criatividade e coragem são elementos que permitirão fortalecer coleti-vamente a identidade e missão da UCLAF e, como consequência direta, fortalecer a iden-tidade e missão de cada uma das entidades

que são membros da UCLAF. Esses elementos ajudam-nos a criar uma ecologia fraternal e integral para o futuro da Ordem.

Que o espírito de Deus nos abençoe a cada um de vocês e abençoe também o seu trabalho coletivo e de colaboração e solidariedade dentro da UCLAF, e da UCLAF dentro de toda a Ordem e a Igreja. Que Deus abençoe e pro-teja a cada um de vocês e mantenha livres de danos nossos queridos irmãos membros das entidades representadas pela UCLAF. Unamo-nos em oração pelo próximo Capítulo

Geral que se celebrará em Roma e numa Fra-ternidade Capuchinha, o primeiro, quiçá, em toda a história da Ordem. Rezemos também por todos aqueles que estão diretamente desacreditados pela pandemia de Covid-19. E rezemo-nos uns pelos outros. Rezemos para que sejamos sinais do amor e da misericórdia de Deus que habita em meio de nós e que se nega nos abandonar por muito mal que atu-amos, por muito que nós deixamos de sua vontade para a nossa vida e para a vida dos irmãos da Ordem. Paz e todo o bem!

Reencantar a vocaçãoTerminada a apresentação de Frei Micha-

el, os frades interagiram com o Ministro Geral. “Agradecemos nosso irmão Frei Michael que nos recorda que somos irmãos que vivemos numa fraternidade dentro desse espírito de minorida-de. Irmãos com uma missão que nos leva a uma abertura em nossa forma de perceber, entender a interprovincialidade, esse espírito missionário e sermos fiéis a esta vida evangélica como nos recorda com imaginação, criatividade e cora-gem”, disse Frei Nelson.

Frei Joel Cosme: “Diante desta situação da Ordem, temos que ir mais fundo. Temos nos reencantar por nossa vocação, reencantar pela missão que nos foi dada e recuperar a essência de ser franciscano”.

Frei Flavio Chavez: “Temos muito projetos, mas o que nos falta é operacionalidade. A vida com Deus em fraternidade é o aspecto funda-mental que o irmão Ministro colocou em primei-ro lugar antes de qualquer outra coisa. Todos vemos essa necessidade, temos documentos, mas nos falta operacionalidade para crescermos na experiência fraterna de Deus. E outro ponto é referente às estruturas. Me parece que temos de seguir fazendo um discernimento sobre as presenças, para ver quais são um estorvo e quais são uma oportunidade de evangelização”.

Frei Daniel Fleitas agradeceu a presença do Ministro geral e abordou o tema do provincia-lismo. “Minha pergunta é: por que chegamos a

dium, onde o Papa propõe uma visão muito di-ferente da tradição, das presenças tradicionais. Não é possível continuar fazendo aquilo que se fazia em anos atrás. É necessário renovar a mentalidade e neste momento responder: o que significa ser presença e o que qualifica a nossa presença em missionariedade?

Sobre o Projeto Amazônia disse que existe um problema de convicção. É preciso acreditar que este projeto é necessário para a Ordem, para a Igreja, para o mundo, para os cristãos e para outras pessoas. E também para a criação na Amazônia. É uma questão de compromisso. É se convencer que é necessário renovar essa presença. A propósito, falando de tradição, há o risco de se enviar os irmãos para a Amazônia e repetir os mesmos tradicionalismos neste lu-gar. Por isso é essencial aos membros da UCLAF ter uma visão renovada da presença. O que significa para os Irmãos Menores neste tempo da Igreja hoje? É necessário ter uma visão de futuro e não repetir experiências tradicionais do passado.

Frei Valmir lembrou que podemos aprender muito com a Rede Eclesial Pan-Amazônica, que deu impulso ao Sínodo dos Bispos. É um pro-cesso sinodal muito importante. É importante aprender com a Igreja que está aí. Para esta presença é muito importante o compromisso de todas as entidades da UCLAF.

A segunda parte deste dia foi dedicada aos trabalhos em seis grupos.

EVANGELIZAÇÃO

esse ponto? Quais as falências de governo que tivemos nos últimos trinta anos da Ordem? É necessário voltar a animar as províncias. Como a Ordem acompanha as decisões das províncias tomadas em Capítulo? Como as anima? Porque me parece que a autonomia dessas entidades levou a isso”, questionou.

Segundo Frei Michael, é necessário apren-der sempre, “tendo a coragem de passar por outras experiências”.

Para Frei Alonso Morales, há que discernir: “Onde nos chama o Senhor hoje? Por onde o Se-nhor quer que vamos? Precisamos dar uma volta de 180 graus e sair do clericalismo, do centrismo, para ser uma Igreja em saída. O Papa nos incen-tiva a isso”, disse.

Isauro Covili perguntou: “Como ressignificar nossa vida a partir do essencial e dos valores que professamos como frades?”.

Frei Guido Zegarra chamou a atenção para o Projeto Amazônia que é uma grande experi-ência em saída da Ordem e alertou que se pode confundir a interprovincialidade quando uma entidade tentar salvar uma experiência, todavia, tradicional. Queremos salvar a outra instituição para continuar mantendo experiências tradicio-nais e não experiências de novidades missioná-rias. A interprovincialidade é um serviço para outras províncias a um projeto missionário que responde aos sinais do tempo de hoje”.

Segundo Frei Michael, ao falar de tradição, é importante estudar a exortação Evangelii Gau-

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No terceiro dia (21 de abril) da Assem-bleia da União das Conferências Franciscanas da América Latina (UCLAF), três momentos tomaram a atenção dos frades das três conferências: Frei Alonso Morales, o Secre-tário Geral para as Missões e a Evangelização (SGME), falou sobre a missão evangelizadora da Ordem dos Frades Menores; Frei Guido Ze-garra recordou a importância do legado do Conselho Plenário da Bahia para a UCLAF; e Frei Emilio Sánchez Flores deu o seu testemu-nho sobre o Projeto Amazônia.

Segundo Frei Alonso Morales, desde 1992 se pedia que a Ordem tivesse uma “Ratio Evangelizacion” e isso se seguiu repetindo em cada um dos capítulos. “No último Capítu-lo de 2015, voltou-se a pedir esse documento com as linhas diretivas para a evangelização missionária, válidas para toda a Ordem”, explicou Frei Alonso, anunciando esse docu-mento, com o título: “O Reino de Deus está próximo - Orientações para a Evangelização Missionária Franciscana”.

“Ele foi aprovado pelo Definitório Geral, em dezembro do ano passado. E foi uma graça que muitos irmãos puderam participar deste documento”, comemorou o frade, ex-plicando que os secretários das Conferências foram consultados e convidados a elaborar um relatório sobre as realidades existentes (luzes e sombras) e sobre os desafios em re-alizar a missão evangelizadora.

Para Frei Morales, este subsídio procura expor e rever alguns dos princípios impor-tantes e fundamentais das nossas missões evangelizadoras, os desafios e os cenários que a Ordem enfrenta hoje, para guiar e ins-pirar os frades a reivindicarem a novidade da nossa missão evangelizadora franciscana, levando-se em conta as nossas realidades existentes: “O lugar concreto em que cada frade se encontra na sua atividade não deve ser entendido, antes de tudo, como o lugar em que será levada uma mensagem ou um projeto, mas antes como o lugar em que a

missão evangelizadora será vivida. A ativida-de missionária evangelizadora resulta de um estilo de vida evangélica, onde quer que se encontrem os membros da Ordem”.

Ele adiantou que há uma proposta de mudança do nome do Secretariado para Se-cretariado Geral de Evangelização dos Povos. “Para colocar-nos na mesma linha de evange-lização do Papa Francisco”, explicou.

Frei Alonso detalhou as cinco priorida-des que ajudam como fazer para guiar os frades na vida, na formação e nas missões evangelizadoras, todos chamados e en-viados a anunciar o Evangelho em todo o mundo. Estas prioridades continuam sendo “a chave para ler como viver a nossa iden-tidade e compreender as expectativas do mundo” (Sdp 4) e “um estímulo a tornar-nos sinais de esperança e profetas no mundo atual” (SCMF p3) enquanto proclamamos o Reino.

São as seguintes prioridades:1. Espírito de oração e devoção

“A nossa identidade carismática como “fraternidade contemplativa em missão” (cf. CPO 2018, 92-105) nos sustenta como Igreja, povo de Deus que se deixa evangelizar, prati-

cando e anunciado a vida histórica de Jesus na construção do Reino, e nos incita “como peregrinos e forasteiros neste mundo” (RB 6, 2); Test 24), ouvintes atentos da voz do Espí-rito que nos fala e opera através de nós – com muitos sinais e vozes – para discernir a sua pre-sença e a sua ausência nos sinais dos tempos.2. Comunhão fraterna

A fraternidade concreta constitui a base do carisma franciscano que será testemunho visível na evangelização lá onde estão os frades, isto é, será “o seu modo de ser e de estar na Igreja e no mundo” (cf. Enviados para evangelizar em fraternidade e minoridade na paróquia, p. 49).3. Formação e estudos

No artigo 121 das Constituições lemos: “Os ministros provinciais cuidem para que os missionários recebam a formação necessária para melhor satisfazerem as exigências da sua futura tarefa”.

CC.GG. 21 - Urge-nos a formação contí-nua, a atualização permanente. E isso deve ser preocupação de todos, especialmente dos animadores (“superiores”).4. Minoridade

Os frades menores, missionários evan-gelizadores, são testemunhas vivas do Deus

EVANGELIZAÇÃO

Evangelização missionária franciscana

Frei Alonso Morales

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“menor” “que se faz criança, que transita pelas estradas do mundo como peregrino e forasteiro, não tendo onde reclinar a cabeça, que se deixa capturar ou ser pregado na cruz e morrer por amor dos seus irmãos, que se doa a cada dia como alimento de vida” (En-viados para evangelizar em fraternidade e minoridade na paróquia, p. 54).5. Evangelização – Missão

A missão dos franciscanos é integral: enviados a todos os homens e mulheres (a todas as nações, culturas, povos onde quer que se encontrem), inseridos em uma cultu-ra específica (evangelizar na cultura) e inter gentes (cf. Ite, nuntiate).

Frei Alonso explicou que o secretariado está estruturado em dois setores: um para a evangelização e outro para a evangelização missionária” (EEGG 49, 1).

“É tarefa do Secretariado geral para as Missões e a Evangelização, sob a dependência do Ministro geral: apoiar o testemunho da pre-sença franciscana e animar as obras de evan-gelização; cuidar e promover, com meios e ini-ciativas adequadas, a evangelização na Ordem; coordenar e acompanhar as atividades missio-nárias da Ordem e das Províncias; discernir à luz do carisma franciscano e das exigências do nosso tempo, todas as iniciativas de evangeli-zação; promover uma sempre maior colabora-ção entre as Províncias e entre as Conferências dos Ministros provinciais” (SSGG 48).

O evangelho nos desafiaFrei Guido Zegarra, da Província dos Doze

Apóstolos, falou da importância do legado do Conselho Plenário da Bahia, que produziu um documento importante na Ordem: “O Evangelho nos desafia”. “Hoje, como franciscanos, estamos conscientes de que situações históricas, acon-tecimentos políticos e sociais e realidades eco-nômicas, são distintas em toda América Latina e o Caribe. De ontem a hoje, a Igreja latino-ameri-cana mudou. Por isso é válido perguntarmo-nos e responder como franciscanos imersos nesta nossa Igreja: Que nos ficou do Concílio desde o que vivemos em Medellín? Quantos processos eclesiais foram adiante? Quantos se conservam hoje e quantos ficaram truncados?”

Para ele, esse documento marcará um tempo muito significativo na caminhada da UCLAF. “Se trata de um tempo de esperan-ça que aviva o coração da Ordem aqui, para continuar com entusiasmo o caminho até o Reino. Começa um novo período de vida, pre-sença e testemunho franciscano para a Igreja da América Latina”.

Segundo Frei Guido, esse documento “tem que ser recuperado”.

Frei Cuido destacou os principais pontos que este Conselho Plenário fez a todos os irmãos: Se deixem evangelizar por Cristo; Busquem alimento na Escritura, na Eucaris-tia e nas várias formas de oração comum e privada, que darão vida e vitalidade a nossa

evangelização (LG 11: AG 8: SC 10s); Tenham “o espírito do Senhor e sua santa operação” (2 R 10,9), para evangelizar autenticamente; Preguem o Evangelho aos fiéis, e busquem junto com eles caminhos novos e criativos para levar a Boa Nova aos não-crentes e aos cristãos não praticantes de nossas próprias sociedades; e apoiem aos irmãos nossos que, “por divina inspiração”, vão viver e dialogar com o islã e com outras religiões. Enviados como irmãos, deem testemunho de fraternidade, que é a melhor forma de evangelização.

“Menores entre os pobres: nosso segui-mento de Cristo pobre (cf 1R 9, 1) nos levará a viver com os pobres como menores, vivendo com eles a mesma vida, em solidariedade com eles, e sendo, como eles, pequenos, hu-mildes e sem poder. Desta maneira, uma vez que somos evangelizadores, seremos evan-gelizados por eles”, observou por último Frei Guido, destacando o papel de instrumentos de Justiça e Paz: “Ser artífices da paz é par-te vital de nossa vida franciscana e de nossa evangelização do mundo”.

Reviver o dom da vocaçãoO quarto e último dia (28 de abril) da

Assembleia da União das Conferências Fran-ciscanas da América Latina (UCLAF) marcou pela votação das propostas que farão parte do documento final desta Assembleia e que será divulgado no dia 9 de maio pelo Comitê Executivo, formado por Frei Nelson Alarcón, Frei César Külkamp, Frei Flavio Garcia, Frei Daniel Alejandro, e também pela apresenta-ção e aprovação do Projeto “Reviver o Dom da Vocação”.

Frei Diego Melo fez a apresentação deste projeto em atividade pela Conferência Brasi-leira para a UCLAF. Segundo o frade brasileiro, o objetivo é oferecer um período sabático de peregrinação, retiro e estudos através da ge-ografia bíblica nos santuários da Terra Santa (Israel) e da Itália, para os frades que estão próximos dos 25 anos de vida religiosa fran-ciscana ou sacerdotal.

EVANGELIZAÇÃO

Frei Guido Zegarra

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EVANGELIZAÇÃO

Frei Emilio Sánchez Flores, frade me-xicano que faz a experiência missionária na Amazônia, trouxe um histórico do pro-jeto, falou dos desafios e propostas para continuar essa missão na selva.

“Em 800 anos, o espírito de Cristo le-vou os franciscanos a ir pelo mundo todo a viver o Evangelho de maneira simples e com alegria, como o fez o Pobrezinho Francisco. Quando chegou o momento de vir ao Novo Mundo, escolheram os melhores irmãos para dar testemunho. Os missionários chegaram aos grandes povoados, mas seu zelo apostólico os le-vou ao mais profundo da selva. Os irmãos, com sua maneira de viver e de tratar as pessoas, criaram laços de amizade com os nativos”, disse, lembrando que o bio-ma amazônico abarca territórios de nove países (Venezuela, Equador, Bolívia, Bra-sil, Peru, Colômbia, Guiana Francesa e Inglesa e Suriname). “A Amazônia é um espaço enorme para a vida e um território em disputa pelo aproveitamento dos bens e recursos que contem”, alertou.

A evangelização franciscana na

Projeto Amazônia

Amazônia se deu em formas e tempos distintos: Brasil, em 1617 chegaram da Província de Santo Antônio; na Colômbia realizaram as primeiras expedições à sel-va entre 1547-1681; na selva do Equador, os frades incursionaram em 1632; no Peru e Bolívia, os franciscanos entraram na selva no séc XVII; na Venezuela, os fran-ciscanos chegaram no século XVIII. Não há registro de missionários franciscanos nas Guianas como no Suriname.

“Embora a OFM teve presença na sel-va desde o século XVII, nem sempre se conheceu sua significatividade. Os povos indígenas e ribeirinhos recordam quão importante tem sido a presença francis-cana na selva. Nas palavras de um nativo, um franciscano é ‘alguém que nos faz sentir pessoas’. Segundo Frei Emilio, a maioria quer tirar fotos ou busca plantas e comidas exóticas etc.”. Ele recordou o testemunho do canadense Frei Juan Mar-cos Mercier, OFM, que se entregou até o final de sua vida (morreu em 2006) ao povo Kichwa: “Pouco a pouco me seduzia o mundo indígena e minha ânsia de con-quista e evangelização mudaram de nor-

indígenas: “Queremos algo diferente. Não queremos mais sangue, mais lágrimas”.

O Projeto Amazônia, que em sua ori-gem (Capítulo Geral, 2009) era um man-dato da Ordem, em 2017 foi entregue ao cuidado da UCLAF. Desde 2017, o projeto trabalha com a REPAM (Rede Eclesial Pa-namazônica) na defesa dos direitos dos povos originários e de seu território. A nova fraternidade internacional de Re-quena, criada em 2012, por incompatibi-lidade pastoral com o Vicariato, passou a ter sede em Caballo Cocha em 2017. Devido às dificuldades financeiras e fal-ta de frades, estava em discussão nesta assembleia a continuidade desta missão.

Por unanimidade, os frades votaram pela permanência da fraternidade na Amazônia. As Conferências se compro-meteram em enviar mais de um frade para compor esta fraternidade. Também será definido pelo Conselho Executivo a aprovação da proposta de criar a nova fraternidade internacional no território da Custódia de São Benedito da Amazô-nia, no Brasil, para que se possa criar uma rede de fraternidades franciscanas.

te. Fui evangeliza, terminei evangelizado. Fui conquistar, eles me conquistaram”.

“A inculturação do Evan-gelho pode ser uma meta louvável. Mas quando fala-mos de liturgia, sacramen-tos, ministérios e hierarquia inculturada a questão se coloca complexa. Levar ri-tos e mentalidade ocidental à selva não poucas vezes terminamos colonizando-a”, lembrou. Frei Emilio citou o exemplo de um sacerdo-te que levou a imagem de Nossa Senhora das Dores e recebeu como resposta dos

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IntroduçãoDepois da celebração do Conselho Plenário

da Ordem (CPO), no ano de 2018, em Nairóbi, foi pedido a cada Província que respondesse a uma série de perguntas com a finalidade de que as entidades expressassem o modo como estavam vivenciando as prioridades da Ordem e os passos que poderiam ser dados para uma maior fidelidade e radicalidade na vivência de nosso carisma e de nossa vocação de Irmãos Menores.

A UCLAF, aproveitando a ocasião da nossa assembleia, decidiu compartilhar o trabalho fei-to em cada entidade, com o propósito de apre-sentar um olhar e uma contribuição para toda a Ordem, a partir da América Latina, que nos aju-dasse e despertasse o desejo de seguir vivendo o grande sonho de Francisco de Assis, fiéis ao nosso tempo. O texto apresentado recolhe o tra-balho de cada uma das entidades (CPO; Grito dos pobres, presença nas periferias, uma “Igreja em saída”; a ecologia integral; desafios e propostas na pandemia), as realidades e os desafios, assim como as intuições para o futuro.

Nós, Irmãos Menores, queremos fazer eco ao constante convite e convocatória de nosso Papa Francisco em suas mensagens para a América Latina, a união e a esperança — união e esperança enraizadas na atualida-de e na realidade —, e a pandemia mundial pelo coronavírus acontecida em 2020 se im-põe como lugar e espaço de discernimento. A pandemia deixa entrever, entre tantas coi-sas, que se aprofundou e agravou as crises em algumas regiões, mas que ao mesmo tempo pode ser uma grande oportunidade para avan-çar até a construção de uma Pátria Grande, solidária, justa e fraterna.

A pandemia que sacudiu as estruturas do mundo em 2020 parece trazer esta oportuni-dade renovada e a sensação de que, na região da América Latina, a Igreja e a Ordem podem estar novamente diante de uma chance para recuperar, nas obras concretas, o peso que lhes confere o caminho franciscano de solida-

riedade, e o campo da mais ampla caridade, a caridade política.

“Trata-se de avançar para uma ordem so-cial e política, cuja alma seja a caridade social” (Fratelli tutti, 180), como melhor expressão de amor e de proximidade. A Ordem e as exigên-cias da missão evangelizadora em nosso proje-to de vida e serviço como franciscanos nos exi-gem a decisão e a capacidade para encontrar os caminhos eficazes que as façam realmente possíveis. Qualquer empenho nesta linha se converte em um exercício supremo de carida-de, e juntos, a partir da UCLAF, de poder gerar processos sociais de fraternidade, processos sociais de justiça para todos, e de saber gerar vozes que, gritando no deserto, preparam os caminhos do Senhor (Cf. Mc 1,3), pois “o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade, não se alcança de uma vez para sempre; tem de ser conquistado cada dia” (Fratelli tutti, 11).

I. Perspectiva histórica da evangelização na América

Queremos neste ponto apresentar uma perspectiva histórica, no sentido de procurar uma visão da ação humanitária de compromis-so social dos frades com os pobres e margina-lizados nas origens da presença franciscana na América Latina, a partir de algumas caracterís-ticas e manifestações significativas. A tarefa fundamental dos primeiros franciscanos que chegaram à América foi pregar o Evangelho, já que sobre ele versam as instruções que receberam. Mas foi justamente este mesmo “apostolado espiritual” o que os colocou em contato com os problemas de índole social, econômicos e também políticos, tocantes fundamentalmente à justiça e à caridade para com os pobres, os marginalizados e os perse-guidos — e tiveram de enfrentar em cada caso tais situações. De fato, seu trabalho social foi constante e polifacético.

Poderíamos descrever esse trabalho como orientado em duas grandes direções: 1. esfor-ços para modificar, melhorar ou destruir insti-

tuições ou situações existentes; e 2. obras de beneficência e bem-estar para a comunidade.

À primeira categoria pertencem suas lutas contra a escravidão, as guerras de conquista, o trabalho forçado, os abusos dos chamados encomenderos; à segunda, os hospitais, esco-las, “reduções” e fundações de povos, etc. A maneira como se desenvolveu a evangelização franciscana no México influenciou notavel-mente no resto da América. Isso se deveu em grande parte ao fato de que o comissário geral das Índias residiu no México até meados do século XVI, quando esse território foi dividido em dois: um para as Províncias da Nova Espa-nha e outro para as Províncias do Peru. A este comissário residente no México estava sujeita a Província dos XII Apóstolos do Peru, que foi para o sul da América, e a Província do Santo Evangelho foi para o norte.

As escolas para os indígenas foram uma das instituições imitadas no sul da América. Os franciscanos trabalharam também contra as guerras de conquista, lutaram por um bom cuidado dos trabalhadores e índios e tomaram parte no debate de outras questões da política indígena.

II. Identidade carismática da Ordem a partir da América Latina

O CPO de Nairóbi 2018 precisou mais uma vez que a identidade carismática dos Irmãos Menores se descobrisse como uma fraterni-dade contemplativa em missão. Na América Latina, particularmente, a partir do Conselho Plenário da Bahia, o carisma se especifica ou se expressa como uma fraternidade contem-plativa em missão entre os pobres, o que per-mite sinalizar e não esquecer que a inserção, o “estar entre”, é o elemento constitutivo do carisma.

Nosso Ministro Geral, em sua homilia de conclusão do CPO de Nairóbi, ressaltou que “as constantes que perduram do carisma do mun-do em mudança são:1. A relação profunda e permanente com Deus;

EVANGELIZAÇÃO

Contribuições da UCLAF aos desafios contemporâneos

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2. O compromisso com a fraternidade, uma fra-ternidade evangélica;

3. O trabalho com os irmãos pobres e margina-lizados;

4. A busca de uma espiritualidade na itinerân-cia;

5. O desejo de abrir-se à formação permanente e à conversão da mente e do coração”.

E mais adiante diz: “as constantes ou va-lores fundamentais da vida franciscana arti-culados nas 5 prioridades ou valores incluem a integração da justiça, paz e integridade da criação”.

A partir do trabalho feito em cada entida-de, partindo do questionário para o aprofun-damento do CPO, oferecemos uma síntese, partindo de uma perspectiva de caráter mais qualitativo, dos grandes núcleos: Inserção; Da pastoral de conservação à conversão pastoral; As mudanças que vamos realizando na Ordem desde uma atitude “em saída” no meio de um mundo em mudança; Grito dos pobres, presen-ça nas periferias, uma “Igreja em saída”.

1. InserçãoEnquanto projetos de trabalho pastoral ou

social em áreas marginalizadas ou periféricas, quase que a totalidade das Províncias mani-festam tê-las das mais diversas formas. Com todos os setores da população, estes trabalhos se apresentam como ações ou atividades, ou como projetos institucionais ou de colabora-ção, em colaboração com projetos de outras entidades, organizações ou movimentos.

Nestes projetos se integram e participam juntos com os irmãos leigos e leigas particular-mente os jovens, incluídos como forma de vo-luntariado ou de missões. Essas ações ou ativi-dades ou projetos se realizam de forma muito variada, a nível de assistência, de promoção ou de organização.

Na inquietude sobre a vida consagrada se tem o problema do individualismo, o passo de uma pastoral de conservação a uma pastoral de conversão, como presença específica do carisma na Igreja e os desafios de uma “Igreja em saída”.

Quanto ao individualismo, todas as Provín-

cias têm clareza de que o problema é real, e, em geral, se tem consciência de sua manifes-tação e das consequências que representa a todos na vivência do carisma.

Esse problema se acentua mais quando as fraternidades têm como missão específica as paróquias, o que se dá em lugares onde não existe um projeto comum de missão; também, quando as paróquias são administradas uni-camente pelo pároco, ou cada um dos irmãos administra ou lidera uma obra particular.

Quando se tem consciência deste proble-ma, descobre-se que fica afetado o conjunto das dimensões fraternas: a fraternidade, a vida de união com Deus, a vida fraterna em comuni-dade, a economia comum e a missão.

Propõe-se que, para superar este proble-ma, necessitas e de uma verdadeira conversão pessoal e comunitária dos irmãos. Uma das so-luções é a elaboração de um verdadeiro projeto fraterno que explicite também nas fraternida-des o que é comum ao projeto provincial para evitar a excessiva independência na forma e missão dos irmãos.

2. Da pastoral de conservação à conversão pastoral

Constata-se que na maioria das Provín-cias existe uma pastoral intensa e profunda em nível paroquial, educativo (em colégios e universidades), em meios de comunicação e em saúde, havendo Pastoral que se exerce em nível rural e urbano. A pastoral social se carac-teriza por ser mais assistencial, de promoção e organizativa.

Percebe-se uma permanente preocupa-ção por assumir uma pastoral com os pobres, com os setores mais vulneráveis, situação que se vive e se realiza mais plenamente nas fra-ternidades de inserção. Nota-se certa mudan-ça como resposta aos desafios da realidade social com o povo empobrecido, os migrantes, os excluídos. Trabalha-se para que existam tra-balhos com os mais vulneráveis nas paróquias e nas áreas populares.

Hoje há uma abertura para atuação em re-des com os movimentos sociais que têm proje-

tos do cuidado da “casa comum” e da vivência da Laudato Si’.

3. As mudanças que vamos fazendo em atitude de saída no meio deste “mundo em mudança”.

Buscam-se formas de evangelização dis-tintas das tradicionais, que respondam aos desafios, que apresentam os novos movimen-tos eclesiais na missão. Percebe-se uma maior participação dos leigos nas diferentes etapas da vida. Há uma maior preocupação pela dimensão da justiça, pelo respeito e resgate da dignidade humana e pela igualdade de oportunidades.

Do ponto de vista da missão segundo o carisma, mais que sentir unidade na diversi-dade de modelos eclesiais, trabalha-se com a necessidade de dar um novo significado à presença franciscana a partir da identidade do carisma. Há sensibilidade para fazer lei-turas socioteológicas do momento que esta-mos vivendo.

4. Grito dos pobres, presença nas periferias, uma “Igreja em saída”

Como Irmãos Menores, no nosso conti-nente, inseridos em meio ao povo de Deus, atendendo aos novos sinais dos tempos e res-pondendo às condições de um continente com exigências e sinais dos tempos novos e inédi-tos, inspirados pelo exemplo de São Francisco, somos chamados a “trabalhar” de maneira criativa as exigências aí presentes.

Em cada uma das entidades das Confe-rências, existem projetos ou ações de caráter assistencial em favor dos pobres e marginali-zados; também há projetos de desenvolvimen-to humano-social, casas de acolhida e acom-panhamento de imigrantes, etc.

Há irmãos inseridos em bairros pobres e favelas que permitem compartilhar a realidade sensível das pessoas humildes desses lugares, apoiando-as no empenho para melhorar tam-bém as condições sociais mais humanas.

Interpelados a uma renovada opção pelos pobres e pelos excluídos da sociedade, como Igreja e Ordem nos sentimos chamados a ser

EVANGELIZAÇÃO

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uma “Igreja em saída”, comprometida com os mais pobres, e a cuidar da “casa comum”.

II. Nossas presençasPresença de fraternidades inseridas em

lugares socialmente marginalizados, nas pe-riferias, com as seguintes características: de inserção e de serviços de evangelização pas-toral e de serviço social; defesa dos direitos humanos, compromisso pela justiça e pela paz:- Presença entre população que vive de tra-

balho informal, vendedores ambulantes, migrantes indígenas, pessoas da terceira idade, crianças e adolescentes de lugares de extrema pobreza.

- Projetos relacionados ao campo, entre os pequenos agricultores, com programas de fomento da agricultura familiar; acompanha-mento dos movimentos dos trabalhadores sem-terra, em uma pastoral de missão.

- Projetos de desenvolvimento de pastoral indígena: irmãos inseridos entre as famílias indígenas; atenção educativa nas escolas indígenas.

- Monitoramento por frades da situação dos povos afetados pelos impactos da mineração, através de grupos de trabalhos, promoção e participação em foros ecológicos, caminhadas, celebrações religiosas e audiências públicas.

- Presença na Amazônia, cuidado pastoral das comunidades nativas, compartilhando edu-cação, organização, o bem viver e o cuidado da natureza amazônica.

- Luta pela inclusão social das pessoas afe-tadas pela hanseníase, e pela eliminação da hanseníase.

- Consideração especial de Fraternidades inte-robedienciais, inseridas no meio de assenta-mentos humanos marginais.

Centros franciscanos dos direitos humanos:- Programas de promoção, formação e atenção

das mulheres em condições de vulnerabilida-de social e violência doméstica.

- Projetos de “Fé e Política”.- Educação e cidadania de negros, indígenas e

de classes baixas, presentes nas periferias das grandes metrópoles.

- Fortalecimento de empreendimentos produ-tivos com enfoque social, especialmente com as mães de família; formação técnica para o trabalho de jovens da área rural; promoção social de ajuda com microcréditos.

- Formação de crianças e jovens promotores da justiça e da paz. Atenção a pessoas sem moradias, imigrantes e refugiados:

- Casa do migrante;- Centros para favorecer aprendizagem da lín-

gua, regularização de documentos, inserção no mundo do trabalho, etc.

- Articulação e apoio aos migrantes venezue-lanos integrado por líderes do grupo de mi-grantes.

Programas de caridade franciscana estendidos a todo o continente na situação de pandemia da Covid-19:- Distribuição de alimentos através de cestas

básicas a famílias necessitadas.- Refeições para populações em situação de

rua.- Restaurantes para crianças com problemas

de desnutrição.

Programas de saúde:- Programa de atenção a pessoas com enfer-

midades psicológicas e consumo de drogas.- Programa de promoção, prevenção e atenção

em saúde nos centros e policlínicas populares.- Centro de atenção de anciãos.- Casas fraternas, preparadas para receber

pessoas sem recursos econômicos, para fazer tratamentos médicos, localizadas nos grandes centros.

III. Ecologia integralA preocupação pela ecologia integral,

expressa em ações, projetos e planos, se faz persistente de forma cada vez mais visível e sólida na vida cotidiana dos Frades Menores. Buscamos contemplar a formação da ecologia integral como eixo transversal na formação do Irmão Menor a partir das dimensões da

vida interior e pessoal de cada frade. Reali-zamos ações de conscientização de ecologia franciscana na formação permanente e ini-cial, integrando uma sensibilidade ecológica franciscana e um projeto teórico e prático de capacitação para as ações ecológicas.

Também, dentro do plano de formação inicial, já se incluem os conteúdos e as experi-ências de Justiça, Paz e Integridade da Criação, e se valoriza o trabalho com a terra, cultivan-do-a. Tem-se procurado um estilo de vida mais saudável para nossos frades.

Práticas ecológicas que promovam um estilo de vida e opções concretas em distintas dimensões da ecologia têm sido programadas no projeto fraterno de vida e missão.

III. Experiências significativasMovimento de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC)- Cursos de formação enfatizando os valores

do JPIC;- Iniciativas de publicação de subsídios de Fé e

Política;- Implementação de sistema de energia solar;- Cuidado de áreas verdes.

Presença em territórios atingidos pela mine-ração:- Presença evangelizadora em defesa dos terri-

tóriosafetados pela mineração;- Caminhadas ecológicas;- Marcha Franciscana à nascente do Rio São

Francisco.

Ações promovidas pelos irmãos:- Participação em marchas para proteção do

meio ambiente;- Organização da comunidade em torno de hor-

tas caseiras, cultivos verticais e hidroponia (para as pessoas que não têm terra porque vivem na cidade), promovendo a produção de alimentos orgânicos como frutas e verduras.

- Acampamentos Franciscanos, experiência de to-mada de consciência quanto a tudo aquilo que se refere ao cuidado da Criação; geração de promo-tores ecológicos do cuidado da “casa comum”.

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- Realização de ações de conscientização de ecologia franciscana na formação perma-nente e de ações ecológicas substanciais em nossas casas, paróquias e colégios.

- Operacionalização do ecológico nas frater-nidades que têm presença de frades es-tudantes: separação de resíduos, troca de lâmpadas para o tipo LED; uso de produtos ecológicos pessoais e de limpeza; cuidado com a alimentação; adequação dos espaços no interior da casa (plantas e jardins);

- Iniciativas em projetos como energia fotovol-taica, cisternas para recolher água da chuva para as comunidades; reciclagem do lixo; campanhas de plantio de árvores.

Congressos de juventude sobre a Laudato Si’:- Acampamentos franciscanos e reflexões de

final de semana com jovens para que tenham uma experiência de tomada de consciência quanto a tudo que se refere ao cuidado da Criação, comprometendo-se a ser promoto-res ecológicos.

Presença franciscana na Amazônia:- Prevenção e cuidado das populações nativas

e ribeirinhas nos territórios de missão, pro-movendo a dimensão ecológica nos planos pastorais;

- Ações urgentes de apoio para conseguir insu-mos médicos, equipamentos e medicamentos para serem levados aos lugares mais afasta-dos, por causa da pandemia da Covid-19;

- Defesa dos povos indígenas, protegendo o legado e a riqueza de povos ancestrais, re-conhecendo a sabedoria dos povos sobre a biodiversidade;

- Promoção dos direitos e da dignidade das pessoas que vivem no Amazonas, orientando o acesso a defesa jurídica de seus direitos.

IV. Uma reflexão a partir do contexto da pandemia da Covid-19A pandemia nos põe em xeque e coloca

muitas questões que provocam a Socie-dade, a Igreja e a Ordem no fundo de suas opções centrais. Porém, buscamos intensi-

ficar nossa experiência fraterna com uma maior possibilidade de encontro, diálogo e intercâmbio.

De maneira especial em nossos países, junto com a pandemia, vivem-se momentos difíceis de má gestão e desorganização, além da existência de desvalorizações que atingem diretamente o nosso povo. A crise sanitária evi-dencia e agrava as grandes problemáticas, que arrastamos como continente, por exemplo: o desemprego, a fome, o acesso a uma educa-ção de baixo nível em muitos casos, a escassez de um sistema sanitário equipado tanto em insumos como em médicos capacitados nas áreas de maior vulnerabilidade.

Com a Covid-19 ficaram claras muitas de-sigualdades e conflitos sociais. Os sistemas econômicos já não são capazes de manter a igualdade social. Os meios de comunicação social se multiplicam e divulgam muitas in-formações, marcadas por meias verdades e inclusive “fake news”, e as instituições que or-ganizavam a sociedade (Estado, Igreja, Escola, família, etc.) estão cada vez mais em crise.

Diante desse cenário, nossas fraternida-des têm se reinventado em sua missão evan-gelizadora para cuidar da saúde e segurança dos irmãos sem descuidar do nosso compro-misso de estar próximo das pessoas, especial-mente dos mais pobres.

Estes acontecimentos têm servido para nos tirar da “zona de conforto”, uma situação perigosa para nossa vida de Irmãos Menores consagrados ao serviço do Reino. Experimen-tamos que a nova situação provocada pela pandemia mudou toda a nossa vida em seus mais amplos espectros e nos tem desafiado a mudar muitos de nossos hábitos de vida, tanto como a despertar-nos a criatividade para en-contrar as formas de estar entre as pessoas e próximo a todos.

V. IntuiçõesDesafios e propostas de mudanças que imagi-namos para o futuroa. É muito o que se pode modificar no transcur-

so do que se está vivendo. Uma coisa é dar

uma resposta hoje, no caso que se abrirá já a “nova normalidade”, e outra coisa, possi-velmente muito diferente, é pensar com que recursos contaremos quando efetivamente chegar essa “nova normalidade”. Com que recursos sociais, econômicos, espirituais nos encontraremos? Cremos que é o mo-mento de caminhar comprometida e decidi-damente no presente.

b. Abertura de nosso carisma de Irmãos Me-nores em formas que respondam a um novo panorama pós-pandemia, respondendo a um dos desafios mais urgentes: sair de nossa zona de conforto para servir com en-tusiasmo nos lugares de missão e periferia.

c. O tempo presente, queremos vivê-lo como uma oportunidade, como dom, como um tempo novo (kairós); como o tempo e a hora de abandonar a cultura do ego e promover os “ecos”: ecologia, ecossistema, economia solidária, que reduzem o escândalo da indi-ferença e da desigualdade.

d. A pandemia tem nos ajudado a ser mais po-bres e também mais “crentes”, e isto deve ser uma realidade que nos permite reestru-turar nossa forma de vida a partir do nosso cotidiano. Não queremos restaurar a Igreja do passado, saiamos à rua para evangelizar, sem proselitismos, para anunciar com ale-gria a “Boa Notícia” de Jesus às pessoas que se encontram fora da Igreja.

e. Deus nos mostra uma humanidade profun-damente afetada pelos sistemas econômi-cos imperantes em nossa sociedade, por isso o compromisso social deve ser acom-panhado de gestos concretos de assistência imediata, de promoção humana e de forma-ção cristã para olhar esta realidade mais evangelicamente, mais a partir de Jesus, e não a partir de uma particular maneira de entender a realidade oferecida por um movi-mento político e social imperante ou popular do momento.

f. Nós nos perguntamos: Como conseguir organizar nossas comunidades ou grupos, de maneira que se fortaleçam as relações comunitárias, as CEBS e o setores margi-

EVANGELIZAÇÃO

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MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 287

nais, com animação de sua vida eclesial, porém que assumam um compromisso social de base, articuladas também com outras organizações e juntas comunita-riamente?

g. Uma “Ordem em saída”, que vá ao encontro dos mais necessitados para ser presença entre eles, animando-os e compartilhando seus sofrimentos e esperanças. Como? De que maneira? Que meios visualizamos para sair de nossos provincialismos? Pensar com clareza uma vez mais como caminhar na direção da interprovincialidade de nossas presenças.

h. Uma vida fraterna muito mais centrada na pessoa de Jesus Cristo que nos permita evangelicamente poder olhar nossa vida com maior austeridade, estando centrados nas coisas mais essenciais: a vida de oração, a vida fraterna e o encontro gratuito com o outro em atitude de diálogo, de acompanha-mento mútuo, de serviço e de animação.

i. Como formar-nos em uma Ordem e Igreja mais sinodal? Como sair do clericalismo no qual fomos formados e ainda formamos os nossos irmãos?

j. Possivelmente a atenção pastoral paroquial (em paróquias) vai diminuir bastante no futu-ro. Nosso estilo será então mais missionário, priorizando a presença e o trabalho pastoral mais itinerante entre os pobres e migrantes, nos lugares mais necessitados.

k. Não romper a proximidade com os fiéis, nos diferentes apostolados. Continuar com a evangelização em missão pelos lugares de inserção tanto nos assentamentos humanos periféricos, como na presença ativa entre os agricultores e comunidades nativas da Amazônia.

l. Nossas fraternidades necessitam se tornar mais humanas e sensibilizar-se, além de estar preparadas para o acompanhamento emocional e espiritual de nossa gente.

m. A busca de uma vida mais sóbria, mais pró-xima da gente, dos pobres. Uma vida mais em sintonia com o tempo: austera, próxima e dialogante. Testemunhar uma Igreja mais

sensível e humilde, disponível para servir aos outros e não servir a si mesma.

n. Temos que nos animarmos, se for neces-sário, deixar casas que não respondem às necessidades, urgências e situações vitais do mundo de hoje, fortalecendo o trabalho a partir da Fraternidade e não a partir das estruturas.

o. Novas iniciativas criativas de proximidade com os jovens, especialmente proporcio-nando espaços de oração e de compromisso social e político.

p. Ter uma colaboração com o setor de saúde e outras entidades de Estado para poder atender, sobretudo, aos pobres em nossas diferentes comunidades. Manter o cuidado da saúde pessoal e dos demais e continuar com a assistência dos irmãos menos favore-cidos para remédios, moradias e alimentos, tais como os restaurantes populares, a fim de cuidar da qualidade de vida de tantos dos voluntários como dos destinatários das refe-ridas atividades.

q. O desenvolvimento sustentável da vida dig-na de nossas comunidades tão vulneráveis, em relação a direitos vitais como a saúde física e mental, o trabalho, a educação, a moradia, etc., bem como em relação a um entorno ambiental integralmente são, que favoreça melhores condições de vida. Criar ações de solidariedade para e com os que mais sofrem.

r. A partir do serviço de educação em nossos colégios e universidades, ajudar as famílias, ampliando bolsas de estudos aos menos fa-vorecidos.

s. Criar consciência econômica que nos ajude, como Igreja e como povo, a não viver no con-sumismo, mas com sobriedade e medida, com uma cultura de conservação, solidarie-dade e respeito à Criação.

t. A participação ativa do laicato. Nosso projeto de Evangelização para o futuro, que deve-mos reformular, deverá ser feito levando em conta os contextos comunitários que vão se apresentando, e a participação ativa do laicato que tão responsavelmente nos vem

acompanhando nestes momentos. Faz-se necessário contar com sentido de identida-de e pertença, para que os leigos assumam de maneira mais autônoma e propositiva a missão própria que lhe corresponde, desde sua índole secular, na Igreja e na sociedade em que vivem.

u. Que nossas comunidades cresçam, se for-mem e possam debater livremente sobre o compromisso cidadão e a política social, unin-do Evangelho e libertação dos vulneráveis.

v. Estamos presentes nas redes e meios de co-municação social, de uma maneira muito rá-pida; o desafio é não descuidar deste âmbito que se massificou neste tempo. Considerar também a comunicação virtual como novos espaços de animação e encontro. Fortalecer a evangelização nas plataformas digitais. Continuar com a comunicação através do rádio e da internet.

x. Capacitar os irmãos no manejo das redes e meios de comunicação alternativos para manter o contato dos fiéis e das pessoas vulneráveis.

ENCERRAMENTONo encerramento deste encontro, os fra-

des aprovaram por unanimidade: Que o Comitê Executivo da UCLAF dinamize o Projeto Ama-zônia, ratificado na 26ª Assembleia da UCLAF, tendo em conta as respostas das conferências na Assembleia para o futuro do projeto; assu-mir, como dinâmica de formação permanente o projeto “Dom da vocação”, experiência forma-tiva e celebrativa na experiência Assis/Terra Santa, garantindo a participação de irmãos de cada entidade; Encomendar o trabalho de revisão e complementação dos Estatutos da UCLAF a Frei César Külkamp e Frei Daniel Flei-tas, para que com a ajuda jurídica seja redigido e, posteriormente, apresentado ao Comitê, o qual convocará a Assembleia para a aprovação e posterior envio à Cúria Geral; aprovação do Documento conclusivo da UCLAF; e, por fim, o Comitê Executivo zelará para que o acordado nesta assembleia se leve a cabo, dando as di-retrizes para sua aplicação e seguimento.

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EVANGELIZAÇÃO

em e verás’ (Jo 1, 46) - Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. A mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações So-

ciais foi o tema escolhido pela Frente de Evangelização da Comunicação da Província da Imaculada Conceição para o segundo encontro formativo deste ano no dia 11 de maio. De forma remota, esse momento reu-niu os colaboradores e frades dos principais trabalhos desta Frente, que é coordenada por Frei Neuri Reinisch.

Na oração inicial, rendeu-se graças pelo aniversário de 125 anos de fundação do Gru-po Educacional Bom Jesus neste dia; os 125 anos da presença franciscana em Petrópo-lis; a preparação para o Capítulo Provincial e também foram lembrados os frades e colaboradores que faleceram devido à pan-demia e aqueles que se recuperam ou estão se recuperando da doença.

O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, fez a acolhida e lembrou que ainda não se pode fazer encontros pesso-ais, mas tem tido, por outro lado, “a rica oportunidade de nos reunir pelos meios de comunicação”. Frei César saudou a todos e destacou a beleza e a importância da te-mática escolhida para esta reunião. “O Papa nos convoca a fazermos não apenas uma qualidade técnica desses meios, mas pede que a comunicação também se identifique com a própria mensagem a ser anunciada. Então, uma provocação de uma consciência direta com o próprio Cristo e por isso é que nós temos também essa Frente da Evangeli-zação da Comunicação. Essa é a nossa gran-de missão dentro das nossas dimensões de total abertura com o diferente, com quem pensa diferente, com quem acredita dife-rente, isso é muito importante também no nosso trabalho. Desejo que seja um encon-tro produtivo e propositivo, neste ano em

que estamos nos preparando para o Capítu-lo Provincial, e que a reflexão dessa Frente seja uma importante contribuição”, indicou Frei César.

Frei Gustavo Medella, o Vigário Provin-cial e Secretário para a Evangelização da Província, conduziu a reflexão e lembrou que o 55º Dia Mundial das Comunicações So-ciais é celebrado no Domingo da Ascensão do Senhor (16/5). Esse dia foi estabelecido pelo Concílio Vaticano II através do decreto “Inter Mirifica” em 1963.

Para Frei Medella, a comunicação passa por três disposições: ir, ver e encontrar. “Ver e encontrar são ações que estão no núcleo da comunicação, creio que essa seja a ideia central que o Papa Francisco deseja trans-mitir para este dia”, disse.

Segundo o frade, o Papa aponta ao que chama de uma “crise editorial”. “E nós temos percebido isso acompanhando o movimento os meios de comunicação. Há pouco tempo, a

Mensagem do Papa é tema do encontro formativo da Frente de Comunicação

“V

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MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 289

EVANGELIZAÇÃO

“Revista Época” encerrou suas atividades nas versões impressa e on-line. Vemos o enxuga-mento e esvaziamento das redações. Tudo isso leva a uma produção jornalística que pode ser marcada por alguns vícios”, obser-vou Frei Medella.

Essa crise, segundo o Papa, tem levado a um nivelamento em «jornais fotocópia» ou em noticiários de televisão, rádio e websi-tes que são substancialmente iguais, onde os gêneros da entrevista e da reportagem perdem espaço e qualidade ao que o Papa chama de informação pré-fabricada, de “de palácio”, autorreferencial. “Ele fala da falta de interação e empatia e lamenta pelo que permanece um mero espectador externo. Isso faz cair demais a qualidade daquilo que comunica”, lembra Frei Medella.

Segundo ele, o Papa indica que o próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais nin-guém vai: mover-se com desejo de ver.

“E como contrapartida a essa comuni-cação ‘pré-fabricada’, ele faz uma provo-cação dizendo que o bom jornalista, o bom comunicador, tem que gastar as solas do sa-pato. Na prática, isso significa sair às ruas, encontrar as pessoas, significa procurar histórias e ver com os próprios olhos. E ele tem essa frase bastante bonita e ilustrativa: ‘Todo o instrumento só é útil e válido se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede co-nhecimentos que de contrário não circula-riam, se consente encontro que de contrário não teriam lugar’”, enfatizou.

Frei Medella disse que o Papa não nega o valor da tecnologia, mas ele não corrobora com a lógica substitutiva. “Um instrumento, como o celular, facilita ao fazer uma foto, mas é preciso conhecer a história daquela foto e dar vida a ela. O instrumento é um suporte para a nossa vontade de construir junto, ir e ver”. Segundo o Papa, o Evange-lho é cheio dessas experiências, como por exemplo, o testemunho da Samaritana.

“O Papa fala que uma das tarefas prin-

cipais do jornalista é o compromisso com a realidade e aí ele cita alguns requisitos: ca-pacidade de ir aonde ninguém vai; mover-se com desejo de ver; e uma curiosidade, uma abertura, uma paixão”, acrescentou o frade.

Segundo Frei Medella, o Papa dá umas sugestões de pauta para questões que po-deriam ser mais aproveitadas: os dramas da pandemia, como nos têm sido contados?; Como está sendo a ordem de distribuição das vacinas entre os países mais ricos e mais pobres?; E o direito universal à saúde, como tem sido observado e promovido?; e as famílias que rapidamente decaem a uma situação de pobreza?

Outras questões levantadas pelo Papa dizem o que é bom e perigoso na internet.

Oportunidades: Multiplica a capacidade de relato e partilha; Possibilidade de uma in-formação em primeira mão e rápida; Divide a responsabilidade entre todos como quem produz e quem se beneficia dos conteúdos; possibilidade de testemunhar acontecimen-tos importantes que poderiam passar des-percebidos.

Armadilhas ou insídias: Risco de uma comunicação social não verificável; notícias e imagem facilmente manipuláveis; narci-sismo exacerbado; notícias falsas; Exige grande capacidade de discernimento e um maduro senso de responsabilidade.

Frei Medella destacou algumas ideias finais: “Nada substitui o ver pessoalmen-te”; “Algumas coisas só se pode aprender, experimentando-as”; “Na verdade, são se comunica só com as palavras, mas também com os olhos, os tons da voz, o gesto”; “Os discípulos não só ouviam os ensinamentos de Jesus, viam-No falar”; e “A palavra só é eficaz, se se ‘vê’, se te envolve numa expe-riência, num diálogo”.

“O grande comunicador que se chamava Paulo de Tarso ter-se-ia certamente servido do e-mail e das mensagens eletrônicas; mas foram a sua fé, esperança e caridade que impressionaram os contemporâneos que o ouviram pregar e tiveram a sorte de passar

algum tempo com ele, de o ver durante uma assembleia ou numa conversa pessoal”, diz o Papa, reforçando o tema “vem e verás”.

LGPDOutro momento formativo teve a asses-

soria de Frei Alan Leal de Mattos, do núcleo religioso da Fundação Celinauta, de Pato Branco (PR), que falou sobre a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), de 14/8/2018 e que entrou em vigor em 18 de setembro de 2020. Segundo o frade, com a lei, os casos de uso indevido, comercialização e vaza-mento de dados, garantem a privacidade dos brasileiros.

Segundo a nova lei, todas as pessoas fí-sicas e jurídicas que tratem (recolham, uti-lizem, armazenem, manipulem, etc.) dados pessoais de pessoas físicas são obrigadas a se adequarem à LGPD.

Para Frei Alan, a nova lei, no artigo 5º, considera como dado pessoal sensível aqueles relativos à “origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter re-ligioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural”.

Segundo o frade, sendo a convicção reli-giosa um dado sensível, a igreja ou instituição religiosa deve tomar especial cuidado com o tratamento e, principalmente, no comparti-lhamento de informações pessoais.

Frei Volney Berkenbrock, diretor da Edi-tora Vozes, disse que a adequação à nova lei está finalizada na Editora, assim como nas principais entidades como o Grupo Edu-cacional Bom Jesus. Mas para ele, ainda a um trabalho a ser feito especialmente nas Paróquias.

As adequações deverão acontecer até agosto deste ano, quando começarão a ser aplicadas punições e multas previstas pelo decreto.

O próximo encontro da Frente de Comuni-cação está marcado para o dia 21 de junho.

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290 | COMUNICAÇÕES | MAIO | 2021

NOTÍCIAS DA REUNIÃO DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

São Paulo, 26 a 29 de abril de 2021

Definitório Provincial se reuniu entre os dias 26 a 29 de abril,

numa modalidade mista. Frei Paulo Roberto Pereira e Frei João

Mannes participaram remotamente, por videoconferência,

com os demais membros na Sede Provincial. A primeira sessão

ocorreu no dia 26, às 14h30. O Ministro Provincial, Frei César

Külkamp, acolheu e deu as boas-vindas a todos e Frei Paulo Pereira

aproveitou a ocasião para agradecer pelas orações e mensagens de

solidariedade que recebeu no período em que passou por internação

hospitalar devido à Covid 19. Frei Paulo segue com cuidados em casa e

diz se sentir bastante bem. Ao motivar a oração inicial, Frei César pro-

pôs um breve momento de recordação de alguns acontecimentos im-

portantes na caminhada da Província ocorridos desde a última reunião

do Definitório, realizada entre 04 e 06 de fevereiro de 2021, dentre

eles os falecimentos mais recentes de confrades e familiares, as prin-

cipais datas comemorativas da vida da Província e também lembrou

dos nomes dos confrades enfermos. Em seguida, deu prosseguimento

à reunião, pedindo que Frei Daniel Dellandrea fosse o moderador das

sessões. Segue abaixo a síntese dos principais assuntos tratados e

dos encaminhamentos.

1) Encontros Regionais Foram realizados na modalidade on-line, exceto no Regional do

Espírito Santo, que ocorreu presencialmente. Quanto ao Regional

Frei Bruno (Oeste de SC, Planalto Catarinense e Sudoeste do PR), o

encontro, também virtual, tem data marcada para o dia 26 de maio.

Segundo os definidores, os encontros tiveram boa adesão. O tempo

de duração, cerca de 1h30, praticamente foi ocupado pela partilha

das fraternidades. Sugere-se, para o segundo encontro, que seja

realizado em duas sessões na modalidade on-line ou que se faça

presencial onde for possível. Tendo em vista a celebração do Capí-

tulo Provincial, prevista para novembro deste ano, cada Definidor

irá articular com o respectivo coordenador as datas mais favorá-

veis entre o final de agosto e o início de setembro para a realização

dos encontros.

2) Reunião dos Guardiães Ocorreu virtualmente nos dias 27 e 28 de abril, também com a par-

ticipação dos Coordenadores dos Regionais. Depois de uma motiva-

ção inicial do Ministro Provincial acerca da caminhada provincial e

de alguns desafios maiores a serem enfrentados conjuntamente, o

encontro foi dividido basicamente em dois momentos. No primeiro

dia, 27 de abril, uma programação formativa com base no Docu-

mento “Manual para Guardiães”, do Secretariado Geral para a For-

mação e os Estudos. Depois de uma introdução apresentada pelo

Moderador da Formação Permanente, Frei Fidêncio Vanboemmel,

os confrades se reuniram por regionais para a realização de um es-

tudo sobre as diferentes áreas de atuação que fazem parte do ofí-

cio do guardião: espiritual, jurídica, fraterna, formativa/animação,

econômica, administrativa e evangelização. No segundo dia, 28 de

abril, houve a partilha das sínteses elaboradas pelos grupos. As re-

flexões recolhidas neste trabalho serão encaminhadas à Comissão

Preparatória do Capítulo. Em seguida, realizou-se o Capítulo Ordiná-

rio dedicado aos assuntos econômicos, no qual houve a apresenta-

ção das contas do exercício de 2020, o parecer do conselho fiscal

e a aprovação destas mesmas contas. Na avaliação do Definitório,

a reunião foi frutuosa nas reflexões e marcada por um clima de

alegria fraterna. Também se registrou um especial agradecimento

à Equipe do Economato, à Moderação da Formação Permanente,

aos coordenadores de regionais e a cada guardião pelo serviço que

prestam em favor do bem da fraternidade.

3) Formação Permanente Mesmo com a pandemia, foram notados avanços na caminhada da

Formação Permanente. Por outro lado, a preocupação maior é que

as restrições próprias deste momento possam levar alguns con-

frades e fraternidades a uma espécie de fechamento e “letargia”

diante dos desafios que se apresentam à missão, com desinsta-

lação mais difícil para a Missão. Os cuidados internos nas frater-

nidades são essenciais, mas não devem nos levar a um tipo de

O

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definitório provincial//

MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 291

autorreferencialidade que prejudique os valores próprios de nossa

forma de vida. Precisamos de criatividade e ousadia para seguir na

qualificação de nossa vida e missão.

4) Formação inicial O Definitório teve ocasião de se deter sobre alguns apontamentos

apresentados pelo Conselho da Formação Inicial em relação aos

avanços, fragilidades e desafios que se destacam no tempo atual.

A questão da coesão ganha contorno especial no que diz respeito a

duas dimensões: 1) A coesão das equipes nas Casas de Formação –

faz-se necessário um diálogo constante entre os envolvidos neste

âmbito a fim de que não haja sobrecarga sobre a figura do mes-

tre, solidão na tomada de decisões importantes e assertividade

da condução do processo junto aos formandos; 2) A coesão entre

as etapas – esta comunicação é fundamental para que o itinerário

formativo seja marcado pela integração e pela gradualidade que

lhe são próprias. Outro ponto abordado foi relativo ao Serviço de

Animação Vocacional. Mais uma vez faz-se urgente que cada frade

se sinta um promotor vocacional em atividade, que nossas frater-

nidades se aproximem cada vez mais do mundo da juventude e que

não tenhamos medo de apresentar aos jovens um convite explícito

e sincero para que venham conhecer a nossa forma de vida. A que-

da do número de formandos e o esvaziamento de nossas Casas de

Formação devem ser uma preocupação partilhada por todos.

5) EgressosBrasil

05/03 – Sandro Francisco Bedim da Silva (noviço);

10/04 – Roberto Rocha da Silva (3º ano de Rondinha);

13/04 – Raphael de Faria Costa (noviço);

17/04 – Samuel Corrêa Ribeiro (noviço);

29/04 – Felipe Luiz Mendonça (noviço).

Angola

09/03 – Levi Lubaki Joachim Afonso (noviço);

19/04 - Francisco Mulimba Lino Tomás (noviço).

6) Pedido de Retorno – Gleison Olivo Em carta ao Conselho de Formação e ao Definitório, Gleison Olivo, frade

de profissão temporária até o final de 2007, pede retorno à Província. Ele

vinha sendo acompanhado há tempo por Frei César e Frei Diego Atalino

de Melo, da parte do SAV. Na correspondência, apresenta brevemente sua

trajetória na Província, seu percurso profissional bem sucedido na área

da Educação e as motivações que o levam a pedir o retorno. Diante do

histórico apresentado, das motivações sinceras, do acompanhamento

de Frei César e Frei Diego e do voto favorável do Conselho de Formação,

o Definitório aprovou o retorno de Gleison Olivo à Província a partir do

segundo semestre, devendo este seguir um itinerário proposto para a

reintegração. Depois de um breve período de retiro no Postulantado Frei

Galvão, em Guaratinguetá, passará por um período de experiência junto à

Fraternidade Nossa Senhor da Boa Viagem, na Rocinha, RJ. Frei João Fran-

cisco, Secretário para a Formação acompanhará de perto este processo

assim como as outras etapas que se sucederão.

7) Noviço da Província de São Francisco (RS) O Provincial, Frei Marino Rhoden, procurou Frei César pedindo aco-

lhida a um noviço da Província de São Francisco para ano de 2022.

O jovem em questão está concluindo o Postulantado este ano na

cidade de Três Passos, RS. Em espírito de interajuda e colaboração

fraterna, o Definitório acolheu o pedido. Frei César e Frei João Fran-

cisco vão cuidar dos devidos trâmites junto ao Provincial gaúcho.

8) Estágios de Férias (julho e dezembro/janeiro) O Definitório reconhece que os estágios são importantes no pro-

cesso formativo e indica que eles sejam realizados com todas as

medidas de cuidado necessárias a partir da combinação entre as

equipes formativas e as respectivas fraternidades acolhedoras.

9) Encontro dos frades estudantes Está previsto para ocorrer entre os dias 28 e 31 de julho na Frater-

nidade Franciscana São Boaventura, em Campo Largo, PR, com a

participação dos confrades do tempo da Filosofia, da Teologia e do

Ano Missionário. Terá como objetivo aprofundar o tema e o lema do

Capítulo Provincial de 2021, estimulando uma participação ativa e

consciente dos frades estudantes. Ainda há certa indefinição se será

possível a realização deste encontro na modalidade presencial.

10) SAV – visitas às fraternidades Frei Leandro Costa Santos, além de compor a Fraternidade a ser-

viço do Santuário Frei Galvão, também reforça a equipe do Serviço

de Animação Vocacional. Dentro das possibilidades do momento,

tem realizado visita às fraternidades para encaminhar localmente

assuntos relativos ao SAV.

11) Frades em acompanhamento psicológico e espiritual

Os definidores ressaltaram que a mútua ajuda é parte inerente

da vida em fraternidade e que, dada a fragilidade humana, todos

Page 64: Presença franciscana em Bauru Paróquia do Sagrado Coração

//definitório provincial

precisamos em alguns momentos de certo acompanhamento,

inclusive profissional. Sendo assim, estes períodos jamais de-

vem ser compreendidos pelos confrades que por eles passam e

pela fraternidade provincial como motivo de estigmatização ou

de constrangimento. Também foi ressaltado com gratidão e ale-

gria o fato de algumas casas de formação terem se distinguido

como este espaço propício à experiência de revitalização. Outro

lugar onde esta acolhida tem sido realizada é na Fraternidade do

Convento São Francisco, em São Paulo, assim como em outros

lugares. Para garantir um melhor acompanhamento e a concre-

tude de um processo que seja gradual e progressivo, o Definitó-

rio achou por bem nomear como referência para este assunto o

Moderador da Formação Permanente, Frei Fidêncio Vanboemmel.

Sua tarefa será a de acompanhar a caminhada destes confrades,

contando com a colaboração das fraternidades onde eles es-

tejam realizando tal processo. Por outro lado, pede-se a estes

irmãos que busquem periodicamente manter contato e diálogo

com Frei Fidêncio, a fim de que o processo proposto alcance os

objetivos desejados.

12) Frei Bruno Gonçalves Cezário – Ano Missionário Com a finalização de seu trabalho de conclusão de curso em Rondi-

nha, Frei Bruno Cezário se coloca à disposição para dar prossegui-

mento à sua experiência de Ano Missionário em outra fraternidade

da Província. A princípio, Frei Bruno será transferido para a Frater-

nidade Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha. Frei Sebastião

Kremer será o seu Mestre. Frei Bruno pede ainda que sua experi-

ência seja estendida até o final de 2022, o que foi aprovado pelo

Definitório.

13) Frei Gabriel Nogueira Alves – transferência Frei Gabriel Nogueira Alves (3º Ano de Rondinha) foi transferido

da Fraternidade São Boaventura, em Rondinha, para a Fraterni-

dade do Convento São Francisco, em São Paulo, de onde segue

fazendo o curso de Filosofia à distância. A razão da transferência

é para que Frei Gabriel possa dar um apoio mais próximo à sua

família. No dia 09 de maio, o confrade sofreu a perda repentina

de seu pai e percebeu a necessidade de se fazer mais presente

junto à sua família. Frei Fidêncio Vanboemmel será o Mestre de

Frei Gabriel.

14) Frentes de Evangelização – revisão das Diretrizes

Tendo em vista o Processo previsto para a Revisão do Plano de

Evangelização no próximo Capítulo Provincial, foi tratado no Conse-

lho de Evangelização o tema também da revisão das Diretrizes de

cada frente, sobre o qual foram feitas as seguintes considerações:

- Quanto às diretrizes, não há necessidade de se mudar com tanta

frequência; - O mais importante seria, nos pós-capítulo, encami-

nhar possíveis alterações em vista das prioridades e estratégias

eleitas na assembleia; Outro ponto de destaque foi a insistência

na necessidade de que cada frente construa o seu plano tático/

operacional a partir do Plano de Evangelização; - Mesmo não ha-

vendo mudanças substanciais no texto das diretrizes, é importante

fazer um trabalho de escuta junto às frentes em vista da Revisão

do Plano; - Outro desafio levantado é o de como fazer com que o

Plano tenha presença efetiva e afetiva na vida e missão dos frades

e fraternidades. O Definitório tomou conhecimento das observa-

ções do conselho e reconhece que, do Plano de Evangelização, as

partes mais dinâmicas e passíveis de alterações mais substanciais

numa revisão seriam as partes III (Apelos da Realidade, da Igreja e

da Ordem) e IV (Prioridades do Sexênio), assim como pensar as Es-

tratégias que decorrem destas prioridades abraçadas e garantem

sua efetividade junto às frentes.

15) Frente das Missões – Equipe de Animação Em vista da melhor articulação desta Frente, atendendo à indi-

cação do Conselho de Evangelização, o Definitório constitui a se-

guinte equipe de animação para trabalhar junto ao animador, Frei

Robson Luiz Scudela: Frei Alexandre Magno Cordeiro da Silva, Frei

Ivo Müller, Frei Leandro Costa Santos e Frei Samuel Ferreira de Lima.

16) Revista Vida Franciscana e contexto da Comunicação Provincial

De acordo com os últimos encaminhamentos, depois de muitos

anos sob os cuidados de Frei Clarêncio Neotti, a Revista VF pas-

sou, a partir de 2020, a ser coordenada por uma equipe, compos-

ta por Frei Gustavo W. Medella (coordenador), Frei Jeâ Paulo An-

drade e Frei Sandro Roberto da Costa. A edição de 2020, embora

esteja de certa forma encaminhada, ainda não foi publicada por

conta de ajustes que se fazem necessários. Com a transferên-

cia de Frei Jeâ para Rondinha como guardião, ecônomo e vice-

-mestre, o Definitório achou por bem dispensá-lo deste encargo

para em vista das exigências de sua nova missão. Diante deste

quadro, o Definitório propõe o reforço da equipe responsável pela

Revista, indicando os confrades Frei Clauzemir Makximovitz, Frei

Edrian Josué Pasini e Frei Régis Guaracy Daher, além do jornalis-

ta Moacir Beggo. Também foi destacada a necessidade de uma

revisão das iniciativas de Comunicação ligadas à Sede Provincial

(site, Comunicações etc.).

292 | COMUNICAÇÕES | MAIO | 2021

Page 65: Presença franciscana em Bauru Paróquia do Sagrado Coração

definitório provincial//

17) Comissão de animação da Evangelização Franciscana

O Definitório indica a criação na Província de uma equipe que pen-

se meios, pessoas e modalidades, privilegiando as plataformas on

line, para produzir conteúdos, oferecer momentos formativos e di-

namizar a dimensão evangelizadora franciscana em nossas frentes

e para o público externo. O curso do Master de Evangelização, que

tradicionalmente vem sendo oferecido pelo ITF, pode também entrar

na dinâmica deste processo. A equipe será formada pelos seguintes

confrades: Frei Thiago Hayakawa (coordenador), Frei Fábio Cesar Go-

mes, Frei Sandro Roberto da Costa e Frei Vitório Mazzuco Filho. Frei

César e Frei Gustavo acompanharão os passos desta iniciativa.

18) Convento Santo Antônio do Largo da Carioca - Comissão

A comissão constituída em vista de pensar a dinamização do Con-

vento em relação à sustentabilidade e à missão evangelizadora se

reuniu no dia 09 de março. Num primeiro momento, toda a fraterni-

dade participou. Num segundo momento, a comissão se debruçou

sobre as questões mais urgentes, dentre elas a da acessibilidade,

incluindo a reforma dos elevadores. Algumas ações foram propos-

tas, além de outros encaminhamentos até uma próxima reunião. O

Definitório segue acompanhando a situação na expectativa de que

esta casa histórica encontre bons caminhos de qualificação de sua

missão evangelizadora e meios de sustentabilidade econômica.

19) Fraternidade Frei Galvão: assunção dos cuidados pastorais, composição da fraternidade e nomeações

No dia 11 de abril foi celebrada a missa de posse da nova fraternida-

de e de assunção por parte da Província dos cuidados pastorais e

administrativos do Santuário Arquidiocesano Frei Galvão, em Gua-

ratinguetá. O contrato firmado entre a Arquidiocese de Aparecida

e a Província tem vigência de 30 anos. O Decreto de Ereção da Fra-

ternidade Frei Galvão será expedido assim que chegar de licença do

Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.

Fraternidade Frei Galvão – Composição e serviços

Frei Diego Atalino de Melo – Guardião, Reitor do Santuário e Ecônomo.

Frei Roberto Ishara – Vigário da Casa e Colaborador do Santuário.

Frei Leandro Costa Santos – Colaborador do Santuário.

20) Frei Marcos Vinícius da Motta Brugger – Licença Em carta de 19 de fevereiro de 2021, o Bispo Diocesano de Blume-

nau, Dom Rafael Biernaski, acolhe Frei Marcos Vinícius Motta Bru-

gger para 01 (um) ano de experiência naquela Diocese mediante

carta de anuência do Ministro Provincial. Diante do pedido de Frei

Marcos Vinícius e da acolhida da parte do Bispo, Frei César Külkamp

concedeu ao confrade a Licença para morar fora da fraternidade

pelo período de 01 (um) ano, a contar a partir do dia 15 de março de

2021.

21) Frei Nilo Agostini Oficialmente ligado à Fraternidade Santo Antônio do Pari, em São

Paulo, até o presente momento, Frei Nilo, atualmente morando em

Itapema, deixa de pertencer a esta Fraternidade e passa a estar

sob obediência direta ao Ministro Provincial.

22) Frades em tratamento temporário na Fraternidade de Bragança Paulista

1) Frei Fabiano Kessin – Depois de longo período de internação em

UTI por conta da Covid 19, após a alta médica Frei Fabiano foi con-

duzido a Bragança Paulista e lá deve permanecer para continuar

seu processo de recuperação.

2) Frei Antônio Otávio Ferreira - Após longo período de internação

no Hospital São Francisco na Providência de Deus, na Tijuca, Rio

de Janeiro (de 10/02 a 15/04), foi levado a Bragança Paulista, SP,

para um cuidado mais intenso e próximo junto àquela fraterni-

dade. Chegou no dia 15 de abril.

3) Frei Marcos Hollmann - Fraturou o fêmur em queda no quarto

no dia 13 de abril. Foi socorrido e levado ao Hospital Beneficên-

cia Portuguesa, em São Paulo, onde passou por cirurgia no dia

15 de abril. Também achou-se por bem que Frei Marcos passe

o período de recuperação em Bragança Paulista. Chegou àquela

fraternidade no dia 22 de abril.

23) Frades missionários com dificuldade de retorno às suas frentes de trabalho

1) Frei Fábio José Gomes – Pertence à Fraternidade Santo Antônio

de Quibala, em Angola. Veio de férias e agora não consegue re-

tornar à Missão por conta do fechamento da fronteira e do can-

celamento dos voos. Permanece a serviço da Fraternidade do

Pari e do SEFRAS até que a situação se resolva.

2) Frei Laerte de Faria dos Santos – Compõe a Fraternidade São

Damião, em Malanje, Angola, onde atua como Secretário para

Evangelização e Pároco em Kangandala. Está ajudando na Paró-

quia de São João de Meriti até que possa retornar a Angola.

3) Frei Jorge Lázaro de Souza - Missionário em Marrocos, impedido

de retornar à missão por conta do fechamento da fronteira, de-

MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 293

Page 66: Presença franciscana em Bauru Paróquia do Sagrado Coração

//definitório provincial

pois de um tempo na Fraternidade do Postulantado Frei Galvão,

em Guaratinguetá, passa um tempo junto a Dom Frei Bernardo

Johannes Bahlmann, na Diocese de Óbidos, PA.

24) FIMDA A dificuldade de trânsito entre Brasil e Angola tem dificultado a

vinda dos estudantes de Filosofia e Teologia para Rondinha e Petró-

polis. Dada a situação, os confrades seguem fazendo o curso à dis-

tância, via internet. Percebe-se, da parte dos estudantes, empenho

e dedicação em aprender, mesmo com todos os limites e dificulda-

des que a distância impõe. Em relação à Economia e Administração,

no segundo semestre, caso seja possível, está prevista a ida de Frei

Robson Luiz Scudela e Frei Estêvão Ottenbreit com o objetivo de,

junto ao economato da Fundação, organizar a situação contábil e

fiscal da entidade e também pensar meios de geração de receitas

para a subsistência.

25) Diretorias das Fundações e da Ação Social Franciscana

1) Fundação Cultural Celinauta, Pato Branco, PR

Diretor: Frei Neuri Francisco Reinisch

Vice-diretor: Frei Roberto Carlos Nunes

Diretor assistente: Frei Alex Sandro Ciarnoscki

Diretor assistente: Frei Gabriel Dias Alves

2) Fundação Frei Rogério, Curitibanos, SC

Diretor: Frei Roberto Carlos Nunes

Vice-diretor: Frei Miguel da Cruz

Diretor assistente: Frei Alex Sandro Ciarnoscki

Diretor assistente: Frei Alan Leal de Mattos

3) Ação Social Franciscana, Pato Branco, PR – Em vista do faleci-

mento de Frei Felipe Gabriel Alves, membro da Diretoria da Ação

Social, o Definitório acolheu a indicação de Frei Alan Leal de Mat-

tos para substituí-lo nesta função.

26) Editora Vozes No ano em que completa seus 120 anos de fundação e diante de

todos os desafios da pandemia e as rápidas mudanças no merca-

do editorial no Brasil e no mundo, a Editora está passando por um

grande processo de revisão interna e externa. O trabalho começou

no ano de 2018, com a elaboração de um Planejamento Estratégico,

realizado pelos confrades envolvidos e os colaboradores mais di-

retos, com a assessoria de uma equipe da FAE Business School, do

Bom Jesus, de Curitiba. Desde o ano passado, a este planejamento

se somou um minucioso trabalho de auditoria realizado também

pela mesma. O resultado deste trabalho foi apresentado ao Defini-

tório e aos Frei Gilberto Gonçalves Garcia, presidente, e Frei Volney

Berkenbrock. Juntamente com eles, a equipe do Economato Provin-

cial dará prosseguimento aos trabalhos e devolverá as indicações

que o Definitório poderá aprovar para a boa gestão do complexo de

serviços prestados pela Editora.

27) Capítulo Geral 2021 Será celebrado em Roma, entre os dias 03 e 18 de julho. Frei César

participará. Em breve será enviada carta aos confrades e frater-

nidades para que todos possamos rezar pelo bom êxito de nosso

Capítulo Geral que, neste ano, tem como tema “Renovemos nossa

missão, abracemos nosso futuro” e, como lema, “Desperta... e Cris-

to te iluminará” (Ef 5,14).

28) Capítulo Provincial 2021 – Comissão Preparatória

A Comissão já foi convocada e deu início aos trabalhos. Duas reuni-

ões já foram realizadas, e a terceira está marcada para os dias 9 e

10 de junho. Frei Antônio Michels foi escolhido como Coordenador

e, como Secretário, Frei Rodrigo da Silva Santos. O trabalho de son-

dagem junto aos frades, fraternidades e outras instâncias sobre

os temas e tarefas do Capítulo já está sendo realizado. Será em

Agudos, SP, entre os dias 03 e 11 de novembro. O tema do Capítulo

Provincial será “Fraternidade contemplativa em Missão: nossa re-

gra é o Evangelho, nosso claustro é o mundo” e, o lema, “Juntos que

se constroem os sonhos” (Fratelli Tutti 8).

29) Visita canônica Diante da dificuldade de se montar um calendário por conta da pan-

demia, o Ministro Provincial tem combinado as visitas diretamente

com os guardiães das Fraternidades. Até agora foram visitadas as

seguintes: Convento São Francisco, SP, Seminário Frei Galvão, Gua-

ratinguetá, SP, Fraternidade São Francisco, Bragança Paulista, SP e

Fraternidade Frei Leão, Itatiba, SP, além das fraternidades de Angola.

30) Assembleia da UCLAF Frei César partilhou sobre sua participação na Assembleia da UCLAF

(Unión de Conferencias LatinoAmericanas Franciscanas), realizada

na modalidade on line em sessões que foram programadas para as

quartas-feitras do mês de abril (07,14,21 e 28). A Província “hospe-

dou” virtualmente o encontro. Teve como tema e inspiração o texto

bíblico das Bodas de Caná, lema também da CLAR: “Façam tudo o que

294 | COMUNICAÇÕES | MAIO | 2021

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definitório provincial//

Ele vos disser. É a hora!” (Jo 2,1). O Objetivo geral foi o de atualizar

os desafios do carisma franciscano e, como UCLAF e a partir da re-

flexão da Ordem e da Igreja, caminhar para um maior compromisso

profético, que nos exige o contexto latino-americano e os sinais dos

tempos. Seguem alguns pontos tratados no encontro: - Apresentação

das realidades das três conferências da América Latina (Guadalupa-

na, Bolivariana e Brasileira com o Cone Sul) e de suas 26 entidades;

- Caminhada de 50 anos da UCLAF; - Desafios para a Vida Consagrada

na América Latina e para a identidade e o carisma franciscanos em

vista do futuro; - A Missão e a Evangelização na Ordem; - Desafios a

partir da atual pandemia global; - Presença na Amazônia e projeto

missionário da Ordem para esta região; - Projeto de Formação Per-

manente na modalidade da experiência “Reviver o dom da vocação”,

praticado pela Conferência Brasileira, para frades que estão em torno

dos 25 anos de Profissão com a possibilidade de trabalho conjunto

entre as conferências; - Preparação ao Capítulo Geral. O Master em

Evangelização, iniciativa tradicionalmente ligada à UCLAF e ao ITF,

foi questionado em vista de sua continuidade, mesmo que em ou-

tra modalidade (formato on line). O documento final, aprovado pelos

participantes, com indicações para a vida e a missão das entidades e

conferências da UCLAF será finalizado e oportunamente divulgado.

31) Comissão do Centenário de Dom Paulo Evaristo Arns

O Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São

Paulo, instituiu a “Comissão do Centenário do nascimento do Cardeal

Paulo Evaristo Arns, OFM”, que irá “preparar e coordenar a comemo-

ração de tão significativa efeméride pela Arquidiocese de São Paulo,

longamente servida por Dom Paulo”, consta em um dos trechos do

decreto. Caberá à comissão elaborar um programa de iniciativas co-

laborativas para comemorar o centenário de Dom Paulo, a ser aberto

em 14 de setembro deste ano, quando ele completaria 100 anos de

vida. As atividades poderão ser programadas ao longo de todo o ano

centenário. O plano de comemorações deverá ser apresentado à Cú-

ria Metropolitana até 15 de junho de 2021. Participa, pela Província, o

ex-Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel.

32) Transferências 1) Frei Leandro Costa Santos – da Fraternidade São Francisco de

Assis, em São Paulo, SP, para a Fraternidade Frei Galvão, em

Guaratingetá, SP, como Colaborador do Santuário Frei Galvão e a

serviço do SAV Provincial.

2) Frei Bruno Gonçalves Cezário – da Fraternidade São Boaventura,

em Rondinha, para a Fraternidade Nossa Senhora da Boa Viagem,

na Rocinha, Rio de Janeiro, RJ, para Ano Missionário.

3) Frei Gabriel Nogueira Alves – da Fraternidade São Boaventura,

em Rondinha, para a Fraternidade São Francisco de Assis, em

São Paulo, como estudante.

33) Nomeações diversas 1) Frei Diego Atalino de Melo – Guardião e Ecônomo da Fraternidade

Frei Galvão e Reitor do Santuário, em Guaratinguetá, SP.

2) Frei Roberto Ishara – Vigário da Casa da Fraternidade Frei Galvão

e colaborador do Santuário, em Guaratinguetá, SP.

3) Frei Leandro Costa Santos – Colaborador do Santuário Frei Gal-

vão, em Guaratinguetá, SP.

4) Frei Evaldo Ludwig – Vigário Paroquial da Paróquia Bom Jesus

dos Perdões, em Curitiba, PR.

5) Frei Sebastião Agostinho Kremer – Mestre de Frei Bruno Gonçal-

ves Cesário.

6) Frei Fidêncio Vanboemmel – Mestre de Frei Gabriel Nogueira Al-

ves.

7) Frei Augusto Luiz Gabriel – Membro do Discretório da Fraternida-

de do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, RJ.

8) Frei Fernando de Araújo Lima – Assistente do Regional Sudeste 2

(RJ/ES) da OFS.

9) Frei Samuel Ferreira de Lima – Assistente da Fraternidade Zilda

Arns, da OFS, em Campo Largo, PR.

10) Frei Gentil de Lima Branco – Assistente das Fraternidades Nos-

sa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores, São Pedro

de Alcântara e São José, em Angelina, SC.

34) Agenda - acréscimos Veja na penúltima página.

Agradecimentos A reunião foi encerrada às 12h35 do dia 29 de abril. Frei César

agradeceu a participação ativa e comprometida do Definitório na

missão de animar a vida da Fraternidade Provincial. Frei Paulo Ro-

berto Pereira reiterou seu agradecimento aos irmãos da Província

e ressaltou a alegria que sente em fazer parte desta família. O en-

cerramento se deu com o pedido de amparo e proteção de Nossa

Senhora, Rainha da Ordem dos Menores, com a recitação piedosa

da oração da Ave Maria.

Frei Gustavo Wayand Medella SECRETÁRIO PROVINCIAL

MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 295

Page 68: Presença franciscana em Bauru Paróquia do Sagrado Coração

296 | COMUNICAÇÕES | MAIO | 2021296 | COMUNICAÇÕES | MAIO | 2021

FALECIMENTOS

“irmã morte” levou, no dia 17 de abril, Irmã Francisca Letícia, concepcionista do Mosteiro Imaculada Conceição e São José da cidade de Piratininga, in-terior de São Paulo. Ela se encontrava

hospitalizada com Covid-19, assim como outra irmã do referido mosteiro. Ao longo dos seus 37 anos, ela passou servindo a Deus como monja. No mosteiro ficou conhecida por sua alegria, sempre partilhando os seus dons. Esteve en-volvida em atividades caritativas, bem como também na acolhida dos jovens franciscanos por ocasião da Caminhada Franciscana da Ju-ventude em Agudos e Bauru no ano de 2016.

Em nota, Irmã Francisca Beatriz, em nome da Madre Inês Maria, do Mosteiro da Imaculada Conceição de São José, comunicou o faleci-mento de Irmã Francisca. “É com muito pesar e dor, mas na esperança da ressurreição, que co-municamos que nossa muito querida e amada Irmã Letícia foi para junto de Deus, por compli-cações causadas pela Covid-19. A irmã Letícia deixa na nossa vida e na vida de todos que a conheceram, um rastro de virtude, de alegria, de generosidade, de total desapego de si, de caridade, de bondade, e tantas outras virtudes que poderiam ser descritas. Uma grande Irmã, que deixará muitas saudades, mas também um lindo testemunho de vida. Vai a esposa para junto do Esposo. Deus lhe pague muito, querida Irmã, por tudo. Intercede por nós, pela nossa Ordem, pela humanidade que sofre, pela nossa Igreja”.

Tão logo as informações de sua morte vieram à tona, as redes sociais já mostraram o quanto ela foi sal da terra e luz do mundo na vida de muitas pessoas. Suas irmãs fizeram seus testemunhos, os jovens franciscanos, bem como frades e presbíteros. Todos, sem exceção, recordaram as virtudes de uma vida dedicada a Deus que iluminou o caminho de muitas pessoas.

certeza, é um lugar lindo ao lado de pessoas incríveis. Cuide de nós, por favor”.

Mariana Cassiano, de Nilópolis (RJ)

“7 de outubro! Era o nosso aniversário. Todos os anos, nesta data, eu recebia uma mensagem carinhosa dessa mulher de Deus que rezou por mim enquanto esteve por aqui. Ela tinha uma alegria contagiante, um coração largo. Quantas vezes eu pude vis-lumbrar a fecundidade da vida religiosa em suas palavras e ações”.Frei Gabriel Dellandrea, de Duque de Caxias (RJ)

“Vai com Deus Irma Francisca Leticia! Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas nas mãos que sa-bem ser generosas! Muito obrigado pelo teu testemunho e alegria em servir a Deus! Nos-sas preces por você e por todas as vítimas desta pandemia! Descanse em paz!”

Frei Alexandre Rohling, de Guaratinguetá (SP)

“Hoje o céu está em festa recebendo essa pessoa incrível. Irmã Letícia era só coração, doação e alegria. Dona de um ca-risma inigualável. Agradeço pela oportuni-dade de tê-la conhecido e aprender contigo, continua intercedendo por nós aí de cima. Infelizmente tão jovem e mais uma vítima da Covid-19. Mas o céu é teu lugar. Descanse em paz. Gratidão”.

Elisa Lima, de Lages (SC)

“Irmã Morte” leva Irmã Francisca Letícia aos 37 anos

A“Seu nome significa Alegria. E da Ale-

gria do Ressuscitado você agora participa plenamente. Não posso negar que esteja surpreso e triste por sua partida tão pre-coce e repentina, mas seu testemunho e todo bem que você semeou me consolam. Descanse em paz, querida Irmã Francisca Letícia!”

Frei Gustavo Medella, São Paulo (SP)

“Ainda está difícil acreditar que essa

irmã tão querida, carismática, alegre e jovial foi vencida por esse vírus da Covid-19. Des-canse em paz, querida Irmã Letícia. Obriga-do por ter feito da sua vida uma antecipação do céu e por ter nos ensinado o verdadeiro valor da oração e da entrega radical a Deus. Minha unidade e orações por todas as irmãs do Mosteiro Concepcionista de Piratininga”.

Frei Diego Melo, de Guaratinguetá (SP)

“Meus sentimentos, solidariedade e co-munhão com todas as Irmãs da Comunida-de. Ficamos sem palavras para descobrir no silêncio a resposta do mistério de Deus! Que Ir. Letícia descanse em paz!”

Frei Fidêncio Vamboemmel, de São Paulo (SP)

“Você me motivou a direcionar a minha vida a Deus e me doar inteiramente ao pro-pósito de sua vida. Desde então, não tem um dia sequer que eu não seja grata por você ter passado na minha vida. Sei que além de mim você fez muitos outros milagres, em outras pessoas sempre com seu olhar fraterno de querer bem. Infelizmente, esse vírus ruim a pegou, mas sua fé e seu brilho nos olhos por fazer o que ama jamais serão esqueci-dos por quem já passou por você. Obrigada por tudo! Aqui continuaremos a caminhada que você tanto nos ensinou e motivou a se-guir. Fique bem aí onde você está que, com

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MAIO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 297

FALECIMENTOS

Frei Aloísio Hellmann 07.12.1938 + 06.05.2021

aleceu no dia 6 de maio, Frei Alo-ísio Bernardo Hellmann, aos 82 anos. O seu estado de saúde ins-pirava cuidados desde o dia 7 de janeiro, quando foi diagnosticado

com Covid-19, mas conseguiu superar a doença e saiu do isolamento no dia 2 de fevereiro.

Na solenidade da Páscoa, no dia 5 de abril, ele caiu no banheiro e fraturou o fêmur. Operado, no dia seguinte, reagiu bem e recebeu alta no dia 7 de abril. Mas, como informou o guardião, Frei Carlos Körber, a “nossa alegria foi curta” porque o seu estado de saúde piorou e ele teve de voltar para a UTI no dia 8 de abril de-vido a complicações respiratórias. No dia 14 de abril, recebeu alta e retornou para o Convento.

Segundo Frei Carlos, no dia 6 acordou sonolento e não queria se alimentar. À tarde, seu estado de saúde se agravou. Chamaram o Samu, mas foi a óbito antes de chegar ao Hospital.

O sepultamento foi realizado no dia 07

de maio, às 10h30, no Jazigo da Província, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo, SP.

O frade menorFrei Aloísio nasceu em Nova Trento,

SC, no dia 7 dezembro de 1938. Era filho do casal Bernardo Hellmann e Amália Guckert Hellmann, foi o 7º de 9 filhos, 6 homens e três mulheres. Dentre as lem-branças mais marcantes da vida em fa-mília, destacava a religiosidade dos pais. “Sempre que havia Missa na capela, o padre parava na nossa casa para almoçar ou jantar. Gostava de ouvir as conversas sobre vida religiosa, sobre assuntos re-ligiosos e sobre vocação”, contou na sua ficha autobiográfica quando ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1961.

Segundo Frei Aloísio, foram o teste-munho e orientação de Frei Deodato que o ajudaram no discernimento vocacional. “Soube que um frei estaria na capela para procurar vocações e lá fui eu, pego nas redes do Senhor”, disse. Como irmão leigo, tinha grande aptidão e habilidade para tra-balhos manuais, especialmente na lavoura, jardinagem e na cozinha. Outro ofício que lhe agradava bastante era o de motorista.

“Na Província, ele ficou muito conhe-cido pela atividade de caminhoneiro, onde prestava serviços às casas de formação e às fraternidades da Província. Era chama-do de o ‘Irmão Caminhoneiro’. Mais tarde, em 1989, prestou esse serviço à Fazenda Esperança, em Guaratinguetá, até que, em 2017, veio a Bragança Paulista para tratamento da saúde. Eu o conheci na Fazenda Esperança, e era uma presença silenciosa, mas muito fraterna junto aos recuperandos e voluntários. Um testemu-nho franciscano silencioso do bom frade

menor”, conta o Ministro Provincial, Frei César Külkamp.

Frei Aloísio tinha um irmão religioso da Ordem dos Frades Capuchinhos, Frei Quirino Hellmann, que presidiu a cele-bração do seu jubileu de 25 anos de vida religiosa franciscana. O guardião em Lu-zerna à época, Frei Carlos José Körber, que recebeu a renovação dos votos, ago-ra foi o guardião que o viu partir para a vida eterna. Deus o acolha em seu Reino de Misericórdia e de Amor.

R.I.P

Da Secretaria Provincial

Dados pessoais, formação e atividades

07/12/1938 – Nascimento em Nova Trento, SC (82 anos) 11/02/1957 – Admissão na Ordem dos Frades Menores em Rodeio, SC (64 anos de Vida Religiosa) 12/02/1958 – Professou na Ordem como terceiro 06/05/1961 – Fez o Noviciado Franciscano em Rodeio, SC 07/05/1962 – Primeira Profissão na 1ª Ordem – Rodeio, SC 07/05/1965 – Profissão Solene

Atividades na Evangelização 30/07/1962 – Agudos, SP 08/08/1965 – Jaborá, SC 09/01/1967 – Luzerna, SC 07/11/1969 – Jaborá, SC 15/01/1971 – Luzerna/Seminário 12/12/1980 – Ituporanga/Seminário 21/01/1989 – Guaratinguetá/Glória 17/04/1994 – Guaratinguetá/Postulantado e Fazenda da Esperança 16/02/2017 – Bragança Paulista, SP (tratamento de saúde)

F

Page 70: Presença franciscana em Bauru Paróquia do Sagrado Coração

Projeto Nagasaki é uma Fra-ternidade Franciscana Interna-cional pela Paz, cujo conceito básico é difundir e promover a paz duradoura na cidade de

Nagasaki e no mundo.Foi pensado pela primeira vez

pelo ex-Ministro Geral José Rodríguez Carballo, quando visitou Nagasaki durante a reunião da Conferência do Leste Asiático (EAC) no Japão em setembro de 2010. Sua curta estadia e experiência no lugar o inspiraram a sonhar com um Fraternidade inter-nacional de irmãos em Nagasaki que seria uma declaração viva de paz e reconciliação. Posteriormente, suge-riu à Província Franciscana do Japão que hospedasse a Fraternidade inter-nacional proposta para esse fim.

Nagasaki foi escolhida para a nova missão da Ordem porque ali, em 1945, foi lançada a bomba atômica, na qual morreram centenas de mi-lhares de pessoas, incluindo crianças inocentes. Este desastre nuclear se-meou grande devastação, profunda dor e ódio.

Além disso, Nagasaki testemu-nhou forte perseguição e martírio nos primeiros séculos (séculos 16 a 19),

onde os cristãos selaram sua fideli-dade a Cristo sacrificando suas vidas, como os 26 mártires do Japão (1597), entre os quais estavam os primeiros missionários franciscanos, São Pedro Batista e companheiros, e todos os que os seguiram depois.

A Província Franciscana dos San-tos Mártires do Japão, depois de anos de profundo discernimento, finalmen-te aceitou acolher a Fraternidade in-ternacional proposta. E para começar com esta nova fraternidade interna-cional, sugeriu-se pedir a colaboração da Conferência do Leste Asiático (EAC), dos Frades Menores. Posteriormen-te, em 2018, dois irmãos, Frei Francis Furusato, frade da Província do Japão, e Frei Antônio Kim, frade da Província da Coréia do Sul, que vivia no Japão, foram oficialmente designados para a nova missão, o Projeto Nagasaki.

Dois irmãos se uniram ao Proje-to Nagasaki em 2020. Frei Berardo Yang, frade da Custódia da China e Frei Alberto Marfil, frade da Província das Filipinas. Os irmãos estão atual-mente inseridos na Fraternidade de Nagasaki. Os outros três irmãos da Fraternidade administram a paróquia e o jardim de infância.

OFM

Ordem cria a Fraternidade Franciscana Internacional pela Paz em Nagasaki

Maio das Mães, das Noivas, flores, Ladainha,A Mãe das Mães é coroada por crianças,A Virgem Mãe de Jesus, Nossa Mãe, Rainha,Traz-nos promessas e sonhamos esperanças.

Mãe traz o estímulo da força e da coragem,A segurança em percorrer a nossa estrada,Mãe sempre está ao nosso lado na viagem,Mãe é presença e profecia de chegada...

Dia primeiro é feriado e consagrado,À Vocação e à Graça do Labor,A esse direito humano e, justo e celebrado!

Pra esse Direito acontecer em plenitude,Maria, a Mãe de Deus, Espelho da Justiça,Carimbará os homens com essa Virtude.

Frei Walter Hugo de Almeida

O

298 | COMUNICAÇÕES | MAIO | 2021

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Agenda 2021 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

AS ALTERAÇÕES E ACRÉSCIMOS ESTÃO DESTACADOS EM VERMELHO.

JUNHO08 Reunião do Conselho de Formação

09 Reuunião do Conselho de Evangelização

09 e 10 Reunião da Comissão Preparatória

14 a 16 Reunião do Definitório Provincial

21 Encontro formativo ampliado da Frente da Comunicação

26 Live Vocacional – Rondinha – Campo Largo (PR) – Tempo da Filosofia

JULHO

03 a 18 Capítulo Geral da Ordem (Roma, Itália)

30 Encontro on-line dos Frades da Frente da Educação.

AGOSTO

21 Live Vocacional - Petrópolis (RJ) - Tempo da Teologia

SETEMBRO

01 Encontro Ampliado on-line de Leigos e Frades da Frente da Educação.

01 Encontro on-line da Frente da Comunicação

27-28 Reunião do Definitório Provincial

OUTUBRO07 a 10 Congresso de Evangelização da CMPByCS (Conferência dos Ministros Provinciais do Brasil e do Cone Sul) - (Casa Sagrada Família – São Paulo)

23 Live Vocacional – Ituporanga (SC) e Rodeio (SC) – Ensino Médio / Aspirantado e Noviciado

NOVEMBRO03 a 11 Capítulo Provincial em Agudos

de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colabo-rar no serviço da catequese”. Além disso, o Pontífice enfatiza a importância de “um encontro autêntico com as gerações mais jovens”, como também “a necessidade de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária da Igreja”.

O ministério laical de catequista também tem “um forte valor vocacional” porque “é um serviço estável prestado à Igreja local” que requer “o devido discernimento por parte do bispo” e um Rito de Instituição especial que a Congregação para o Culto Divino e a Dis-ciplina dos Sacramentos publicará em breve. Ao mesmo tempo - assinala o Pontífice - os catequistas devem ser homens e mulheres

ta”, estabelecendo o item formativo neces-sário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coe-rentes para o serviço e em conformidade com o Motu proprio que poderá também ser rece-bido, “com base no próprio direito particular”, pelas Igrejas Orientais.

Vatican News

Papa institui o Ministério de Catequista“Fidelidade ao passado e res-

ponsabilidade pelo presente” são “as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo”: assim escreve o Papa Francisco no Motu proprio “Antiquum ministerium” - assinado no dia 10 de maio, me-mória litúrgica de São João de Ávila, presbítero e doutor da Igreja - com o qual institui o ministério de ca-tequista. No contexto da evange-lização no mundo contemporâneo e diante da “imposição de uma cultura globalizada”, de fato, “é necessário reconhecer a presença

“de fé profunda e maturidade huma-na”; devem participar ativamente da vida da comunidade cristã; devem ser capazes de “acolhimento, gene-rosidade e uma vida de comunhão fraterna”; devem ser formados do ponto de vista bíblico, teológico, pastoral e pedagógico; devem ter amadurecido a prévia experiência da catequese; devem colaborar fielmente com os presbíteros e diáconos e “ser animados por um verdadeiro entusiasmo apostólico”.

Por fim, o Papa convida as Con-ferências Episcopais a “tornarem realidade o ministério de catequis-

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