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Página 1 de 58 Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO Unidade Auditada: SECRET. DE FOMENTO E INCENTIVO A CULTURA/MINC Município - UF: Brasília - DF Relatório nº: 201318053 UCI Executora: SFC/DRCULT - Coordenação-Geral de Auditoria da Área de Cultura RELATÓRIO DE AUDITORIA Senhor Coordenador-Geral, Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201318053, apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de gestão, ocorridos na supra referida, no período de 01/11/2013 a 31/01/2014, no que atine ao cumprimento de determinadas exigências normativas para aprovação de projetos, no âmbito do Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC, assim como aos parâmetros de análise das propostas, em suas etapas, as quais estão sujeitas. Em caráter mais específico, preliminarmente focou-se dois projetos objetos de denúncia e, a partir dos desdobramentos da análise, outros que mostraram pertinência temática foram incorporados, além de ampliação de abordagem para avaliar os métodos e critérios na avaliação de propostas suscetíveis ao incentivo fiscal. I ESCOPO DO TRABALHO Trata-se de atendimento à solicitação formulada pela Ministra de Estado da Cultura, por meio do Aviso nº 147/GM-MinC, de 5/12/2013, ao Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União acerca de designação de equipe de auditoria para apurar os fatos diretamente relacionados a notícias veiculadas na mídia sobre aprovação, por parte do Ministério da Cultura (MinC), de captação de recursos, via Lei Rouanet, de dois projetos culturais de turnês de concertos do Maestro João Carlos Martins sem o conhecimento do

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

Unidade Auditada: SECRET. DE FOMENTO E INCENTIVO A

CULTURA/MINC Município - UF: Brasília - DF

Relatório nº: 201318053

UCI Executora: SFC/DRCULT - Coordenação-Geral de Auditoria da Área de Cultura

RELATÓRIO DE AUDITORIA

Senhor Coordenador-Geral,

Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201318053, apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de gestão, ocorridos na supra referida, no período de 01/11/2013 a 31/01/2014, no que atine ao cumprimento de determinadas exigências normativas para aprovação de projetos, no âmbito do Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC, assim como aos parâmetros de análise das propostas, em suas etapas, as quais estão sujeitas.

Em caráter mais específico, preliminarmente focou-se dois projetos objetos de denúncia e, a partir dos desdobramentos da análise, outros que mostraram pertinência temática foram incorporados, além de ampliação de abordagem para avaliar os métodos e critérios na avaliação de propostas suscetíveis ao incentivo fiscal.

I – ESCOPO DO TRABALHO

Trata-se de atendimento à solicitação formulada pela Ministra de Estado da Cultura, por meio do Aviso nº 147/GM-MinC, de 5/12/2013, ao Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União acerca de designação de equipe de auditoria para apurar os fatos diretamente relacionados a notícias veiculadas na mídia sobre aprovação, por parte do Ministério da Cultura (MinC), de captação de recursos, via Lei Rouanet, de dois projetos culturais de turnês de concertos do Maestro João Carlos Martins sem o conhecimento do

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renomado músico, o qual declarou, inclusive desconhecer a iniciativa, bem como a entidade responsável pela apresentação das propostas, a Rannavi Projetos Culturais Ltda. (CNPJ 02.975.503/0001-08).

Sobre isso, no dia 28/11/2013 foi publicada matéria no jornal Folha de São Paulo intitulada “Maestro tem projeto aprovado pela Lei Rouanet sem saber”. De acordo com a reportagem, “o Ministério da Cultura aprovou dois projetos de turnês de concertos do maestro João Carlos Martins dos quais o músico nem sequer tinha conhecimento. Ele soube das propostas após ter sido procurado pelo jornal “O Globo”, que noticiou a aprovação.”

Trata-se dos projetos culturais de número Pronac 137630 (“Orquestra Filarmônica de São Paulo em turnê” e 137775 (“Maestro Joao Carlos Martins in Concert”) da entidade proponente Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – Me (CNPJ 02.975.503/0001-08) financiados através do mecanismo mecenato, nos quais os recursos monetários destinados à execução dos projetos são oriundos de renúncia fiscal.

O artista, por meio dos Ofícios nº 01/2013 e 02/2013, solicitou à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, no dia 26/11/2013, o cancelamento dos projetos culturais de Pronac 137775 e 137630.

Com vistas à apuração dos fatos, foi realizada ação de controle com foco nos atos e fatos administrativos que levaram a aprovação dos projetos da Rannavi Projetos Culturais Ltda (CNPJ 02.975.503/0001-08) pelo Ministério da Cultura, com valores que alcançaram quase R$35 milhões, uma vez que os projetos culturais da entidade proponente em comento não tiveram captação de recursos e, portanto, não tiveram execução e, consequentemente, respectivas prestações de contas.

Assim, os trabalhos tiveram como escopo: a avaliação da sistemática de aprovação dos projetos, a análise da fundamentação dos pareceres técnicos contratados pelo MinC e demais atos de aprovação dos projetos pelo Ministério, verificação da capacidade técnica e operacional de exercício de atividades culturais da referida entidade denunciada. Ademais, em razão da especificidade do fato denunciado, avaliou-se a sistemática adotada pelo MinC para conferir a capacidade técnica e operacional das proponentes que pleiteiam benefício de incentivo da Lei Rouanet.

Cumpre assinalar que a limitação de transparência no controle dos gastos do mecanismo de incentivo pelo Ministério da Cultura, no que se refere especificamente à ausência de registros sistematizados e informatizados da execução de projetos, constituiu-se fator limitador de aprofundamento das análises nesta ação de controle, uma vez que, devido ao grande volume de projetos aprovados e limitação de dados, não foi possível verificar se a proponente e pessoas vinculadas também atuariam ou teriam atuado em outros projetos culturais beneficiados pela Lei Rouanet.

Sobre as normas aplicáveis aos casos em apreço, os regulamentos de operacionalização do PRONAC são determinados pelo Ministério da Cultura por meio de Instruções Normativas. A Instrução Normativa nº 1/2012/MinC, que estabelece procedimentos para apresentação, recebimento, análise, aprovação, execução, acompanhamento e prestação de contas de propostas culturais, relativos ao mecanismo de Incentivos Fiscais do Programa Nacional de Apoio à Cultura – PRONAC, e dá outras providências, foi editada no dia 9/2/2012 e permaneceu em vigor até ser revogada pela Instrução Normativa nº 1/2013/MinC, no dia 24/6/2013.

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Para o atendimento à aplicação do normativo vigente ao período em que se constituiu fato administrativo, foram levantadas as datas de aprovação dos projetos culturais da proponente Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – me. Assim, para os projetos culturais de número Pronac 132410 e 131532, que foram aprovados antes de 24/6/2013, foi considerado o regramento estabelecido pela Instrução Normativa nº 1/2012/MinC e os projetos de Pronac 137630 e 137775, aprovados após 24/6/2013, utilizou-se a Instrução Normativa nº 1/2013/MinC.

Para os projetos culturais de número Pronac 132410 e 131532, que foram aprovados antes de 24/6/2013, será aplicado o regramento estabelecido pela Instrução Normativa nº 1/2012/MinC e os projetos de Pronac 137630 e 137775, aprovados após 24/6/2013, serão regidos pela Instrução Normativa nº 1/2013/MinC.

Como resultado desta ação de controle, de forma que se proceda às devidas responsabilizações nas esferas administrativas e judiciais, conforme o supracitado Aviso nº 147/GM-MinC, foram apuradas as seguintes constatações:

• Admissão de propostas e aprovação de projetos culturais de proponente que não comprovou, previamente, a atuação na área cultural, nos termos previstos no §3º, do artigo 4º da Instrução Normativa nº 1/2012/MinC, e § 3º do artigo 8º da Instrução Normativa nº 1/2013/MinC, de 24/6/2013.

• Admissão de propostas culturais de proponentes que não comprovaram autorização de direitos relativos a autor e conexos, nos termos dos arts. 10 e 11, da Instrução Normativa n° 1/2013/MinC.

• Aprovação de projeto cujo parecer técnico não fundamenta os critérios de decisão pela aprovação.

• Aprovação de projetos culturais sem análise técnica suficiente do orçamento físico financeiro.

• Aprovação de projetos sem detalhamento dos custos de captação. • Aprovação de projetos na ausência de parecer técnico fundamentado da Comissão

Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC. • Sistemática de admissão e aprovação de projeto sem a comprovação da capacidade

técnica-operacional suficiente à execução do objeto dada a criação recente de empresa proponente.

• Ausência de previsão, por parte de Instrução Normativa reguladora, de documentos ou evidências que devem ser apresentadas para comprovar a capacidade técnica-operacional dos proponentes.

Tais apontamentos estão detalhados e fundamentados neste Relatório, com as respectivas recomendações de aprimoramento dos controles internos e de apuração das responsabilizações cabíveis.

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II – RESULTADO DOS EXAMES

1 CONTROLES DA GESTÃO

1.1 Relatório de Acompanhamento Permanente da Gestão da Unidade

1.1.1 Relatório de Acompanhamento Permanente da Gestão da Unidade

1.1.1.1 INFORMAÇÃO

Projetos culturais da entidade RANNAVI PROJETO E MARKETING CULTURAL LTDA - ME.

Fato:

De acordo com o Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic) do Ministério da Cultura, a entidade RANNAVI PROJETO E MARKETING CULTURAL LTDA – ME figura como proponente de quatro projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura para exposição de artes, música popular e música instrumental, em que foram solicitados recursos no montante de R$45.058.051,41, sendo aprovado o total de R$34.949.572,98, não tendo ainda ocorrido a efetiva captação de recursos.

Situação dos projetos culturais da proponente RANNAVI PROJETO E MARKETING CULTURAL LTDA – ME:

Nr. Projeto

Nome do Projeto Data

Situação Situação

Data Aprovação

Vl. Solicitado Vl. Aprovado Vl.

Captado

131410 SALVADOR DALI em SÃO PAULO , RIO DE JANEIRO e BRASILIA

29/11/2013 E72 - Execução Suspensa de Forma Cautelar

14/03/2013 6.077.110,00 5.180.260,00 -

131532

FESTIVAL COM MUSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA

09/12/2013 E72 - Execução Suspensa de Forma Cautelar 11/04/2013 4.959.000,00 4.449.600,00 -

137630 ORQUESTRA FILARMONICA DE SÃO PAULO EM TURNÊ

03/12/2013 D31 - Aprovação suspensa 07/11/2013 8.673.040,00 5.362.420,00 -

137775 MAESTRO JOAO CARLOS MARTINS IN CONCERT

03/12/2013 D31 - Aprovação suspensa 07/11/2013 25.348.901,41 19.957.292,98 -

Total 45.058.051,41 34.949.572,98 -

Detalhamento da situação dos projetos culturais da proponente RANNAVI PROJETO E MARKETING CULTURAL LTDA – ME:

Nr Projeto Nome do Projeto Situação Providência Tomada

131410 SALVADOR DALI em SÃO PAULO , RIO DE JANEIRO e BRASILIA

29/11/2013

Ofício n. 4289/2013-CGAAV/DIC/SEFIC/MinC, no qual solicita-se ao proponente o encaminhamento da declaração de autorização dos titulares dos direitos autorais das obras do artista Salvador Dali, para continuidade da execução do projeto.

131532 FESTIVAL COM MUSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA

09/12/2013

Ofício n. 4328/2013-COAIF/CGAAV/DIC/SEFIC/MinC, no qual solicita-se ao proponente o encaminhamento da declaração de anuência dos artistas participantes, para continuidade da execução do projeto.

137630 ORQUESTRA FILARMONICA DE SÃO PAULO EM TURNÊ

03/12/2013

Anexado Ofício nº 0176/2013-CGAPI/DIC/SEFIC/MinC, datado de 03/12/2013, solicitando esclarecimentos ao proponente quanto ao Ofício nº 02/2013, anexado no SALIC aos 27/11/2013, encaminhado pelo Sr. João Carlos Martins.

137775 MAESTRO JOAO CARLOS 03/12/2013 Anexado Ofício nº 0175/2013-CGAPI/DIC/SEFIC/MinC,

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Nr Projeto Nome do Projeto Situação Providência Tomada MARTINS IN CONCERT datado de 03/12/2013, solicitando esclarecimentos ao

proponente quanto ao Ofício nº 01/2013, anexado no SALIC aos 27/11/2013, encaminhado pelo Sr. João Carlos Martins.

Síntese do objeto dos projetos culturais da proponente RANNAVI PROJETO E MARKETING CULTURAL LTDA – ME:

Nr Projeto Nome do Projeto Síntese do Projeto

131410

SALVADOR DALI em SÃO PAULO , RIO DE JANEIRO e BRASILIA

Dali, um show com a maior coleção privada de obras do aclamado mestre surrealista Salvador Dali A exposição, que apresenta mais de 130 obras de Dali, é a maior exposição de Dali já mostrado no Brasil. O espetáculo explora as obras de Dali, que era conhecido não só por seu estilo icônico, mas também a sua personalidade extravagante. A exposição será realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

131532

FESTIVAL COM MUSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA

Seis apresentações com musica instrumental brasileira e convidados especiais. As duas primeiras apresentações se realizarão nos dias 22 e 23 de julho de 2013 em São Paulo. Duas em Araraquara e as duas últimas em Maceió, datas ainda a definir.

137630

ORQUESTRA FILARMONICA DE SÃO PAULO EM TURNÊ

Apresentação de espetáculos musicais da Orquestra Filarmônica de São Paulo, acompanhada por músicos convidados. Com arranjos e sob a regência do Maestro Solielson Goethe e João Carlos Martins. Serão apresentadas composições de grandes mestres da música brasileira em diferentes épocas. O projeto contará e divulgará ao público, de forma gratuita, um pouco da história da música instrumental brasileira, junto a música popular.

137775 MAESTRO JOAO CARLOS MARTINS IN CONCERT

O projeto “IN CONCERT" visa uma turnê de 17 apresentações nas Cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Curitiba e Fortaleza, sendo 04 em São Paulo, 03 em Brasília e 02 nas outras cidades, regendo a Orquestra Bachiana Filarmônica o Maestro João Carlos Martins, convidando orquestras e maestros locais de cada cidade para participarem das apresentações.

O quadro a seguir foi elaborado a partir de consulta realizada no dia 19/11/2013 no sistema SalicWeb dos projetos da proponente RANNAVI PROJETO E MARKETING CULTURAL LTDA – ME., portanto, antes da publicação da supracitada reportagem jornalística, apresentado a situação de seus projetos culturais:

Nr Projeto

Nome do Projeto Data Situação Situação Data

Aprovação

131410 SALVADOR DALI em SÃO PAULO , RIO DE JANEIRO e BRASILIA

29/08/2013 E10 - Autorizada a captação total dos recursos

14/03/2013

131532 FESTIVAL COM MUSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA

03/09/2013 E10 - Autorizada a captação total dos recursos

11/04/2013

137630 ORQUESTRA FILARMONICA DE SÃO PAULO EM TURNÊ

18/11/2013 B11 - Encaminhado para análise técnica 07/11/2013

137775 MAESTRO JOAO CARLOS MARTINS IN CONCERT

07/11/2013 D03 - Projeto aprovado - aguardando análise documental

07/11/2013

Antes da manifestação apresentada pelo Maestro João Carlos Martins do desconhecimento dos projetos culturais da proponente RANNAVI PROJETO E MARKETING CULTURAL LTDA – ME, o Ministério da Cultura já havia aprovado quatros projetos culturais apresentados pela entidade proponente e autorizado a captação total de recursos para dois deles. ##/Fato:##

1.1.1.2 CONSTATAÇÃO

Admissão de propostas e aprovação de projetos culturais de proponente que não comprovou, previamente, a atuação na área cultural, nos termos previstos no §3º, do artigo 4º da Instrução Normativa nº 1/2012/MinC, e § 3º do artigo 8º da Instrução Normativa nº 1/2013/MinC, de 24/6/2013.

Fato:

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O § 3º do artigo 4º da Instrução Normativa nº 1/2012/MinC, de 9/2/2012, estabelece:

“Art. 4º As propostas culturais serão apresentadas pelo Salic, disponível no portal do MinC na internet, juntamente com a documentação correspondente, em meio eletrônico.

(...)

§ 3º No caso de pessoa jurídica, a inscrição será feita por seu representante legal e a comprovação da finalidade cultural do proponente dar-se-á por meio das informações contidas nos atos constitutivos, no contrato social, no estatuto, na ata ou em instrumento congênere e de elementos materiais comprobatórios de sua atuação na área cultural nos últimos 2 (dois) anos.(grifo nosso)”

Na mesma linha, segundo o § 3º do artigo 8º da Instrução Normativa nº 1/2013/MinC, de 24/6/2013:

“Art. 8º As propostas culturais serão apresentadas pelo Salic, disponível no portal do MinC na internet, juntamente com a documentação correspondente, em meio eletrônico.

§ 3º No caso de pessoa jurídica, a inscrição será feita por seu representante legal e a comprovação da finalidade cultural do proponente dar-se-á por meio das informações contidas nos atos constitutivos, no contrato social, no estatuto, na ata ou em instrumento congênere e de elementos materiais comprobatórios de sua atuação na área cultural nos últimos dois anos.”

Isso posto, tomando-se por base caso particularizado, a entidade Rannavi Projeto Cultural e Marketing Ltda, na apresentação das propostas culturais que vieram a ser transformadas nos projetos de Pronac 131410, 131532, 137630 e 137775, anexou ao sistema Salic a mesma comprovação documental para todos os projetos citados, no campo “Relatório de atividades culturais da entidade/empresa proponente”. Fundamental ressaltar o montante obtido aprovado de R$ 34.949.572,98 para os projetos da proponente em comento. Segue a descrição registrada da atuação da proponente via sistema que faz a gestão do PRONAC (Salic):

“Rannavi Projeto Cultural e Marketing Ltda., CNPJ 02.975.503/0001-08, com inicio de atividade em 29/01/1999 relata abaixo alguns projetos realizados:

Em 2012 - Participação na produção do evento no Rio de Janeiro – Centro de Convenções; stand da CAIO INDUSCAR;

Em 2011 - produção da Apresentação da Orquestra Filarmônica de São Paulo e Jazz Big Band no Teatro Municipal de Botucatu; - produção do evento Na Caio Induscar com a apresentação da Jazz Big Band; - produção da Festa da Amizade da Câmara da Argentina, realizada no Memorial da América Latina;

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Em 2010 - Participação na produção das apresentações do Ballé Pina Bausch, realizadas em São Paulo no Teatro Alfa; - Produção da Festa de Aniversário da Cidade de Iperó, com 05 dias consecutivos de festa; - Participação na montagem da produção do Jantar em Iperó, na Fazenda Ipanema para 500 convidados; - Produção na Festa da Família da FEMSA, em São Paulo no Play Center para 15.000 funcionários; em Belo Horizonte para 4.000 funcionários e em Campo Grande para 3.000 funcionários, com a apresentação da Orquestra Filarmônica de São Paulo em todos os eventos; - Produção do evento no Museu da Mineração em Belo Horizonte, aniversário da empresa MMX, grupo EBX;

Em 2009 - Participação na produção do Grupo A FILLETA, que se apresentaram em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; - Participação na produção da exposição VICK MUNIZ realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba;

Em 2008 - Participação na produção da exposição YOKO ONO, realizada em São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil; - Produção da performance de YOKO ONO no Theatro Municipal de São Paulo; - Participação na produção das apresentações do Ballé Pina Bausch, realizadas em São Paulo no Teatro Alfa;

Em 2007 - Participação da produção do evento em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa com o Grupo KODÔ, que se apresentaram em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. - Participação na exposição TROPICÁLIA no Rio de Janeiro.

Em 2006 - 2005 - Participação na produção do evento em Comemoração ao Ano do Brasil na França, realizado em vários espaços. - Produção da exposição DINOS NA OCA, realizada no Parque do Ibirapuera – São Paulo;

De 2000 a 2004 Realizou parte da produção cenográfica da mega exposição: Brasil 500 Anos Artes Visuais, no Parque do Ibirapuera – São Paulo (OCA); desmembrada posteriormente em módulos que itinerou para o Rio de Janeiro (Espaço Cultural dos Correios), Brasília, e São Luis do Maranhão (Convento das Mercês). Exposição Tate Gallery na OCA –São Paulo; Exposição da Rússia na OCA – São Paulo;

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Exposição Os Guerreiros de XIA’n na OCA – São Paulo; Exposição Fashion Passion, na OCA – São Paulo;”

A análise desses documentos, conforme dispostos no Salic, permite concluir que o Relatório de Atividades Culturais da entidade proponente relacionou simples listagem das atividades desenvolvidas na área cultural, sem apresentar elementos materiais comprobatórios de sua atuação na área cultural, ou seja, vinculação direta entra as atividades descritas com a atuação da proponente, conforme estabelecido pelas instruções normativas anteriormente destacadas. Não foram identificados elementos materiais comprobatórios de atuação cultural pela entidade proponente nos processos analisados.

Sob a perspectiva do ato administrativo, a proposta cultural e os requisitos comprobatórios ora tratados dizem respeito à etapa de admissão, ou seja, o MinC somente dará seguimento às propostas culturais, transformando-as em projetos, quando contiverem o conjunto de documentos requeridos pela Instrução Normativa vigente.

Entre os documentos, o Relatório das Ações de natureza cultural realizadas pela instituição e, no caso de a instituição ter menos de dois anos de constituição, a versão atualizada do currículo ou portfólio, comprovando as atividades culturais de seus dirigentes. Todavia, conforme assinalado anteriormente, tanto a Instrução Normativa nº 1/2012 e 1/2013, exigem, até mesmo como estratégia de minimizar riscos na utilização do mecanismo de incentivo a projetos, elementos materiais comprobatórios de atuação na área cultural.

Sob o enfoque fiscalizatório, procedeu-se ao aprofundamento das informações relativas à proponente em comento, além de inspeção in loco, no intuito de legitimar e reafirmar as lacunas evidenciadas.

De acordo com o Cadastro de Pessoa Física (CPF) da Receita Federal do Brasil, os cidadãos de CPF xxx.349.848-xx, xxx.392.568-xx e xxx.918.428-xx residem no mesmo endereço, qual seja, Rua José Neves, 50 – Bloco Paranoá, CEP 04.650-140, São Paulo/SP, mesmo endereço da empresa Rannavi Projeto e Marketing Cultural ltda – ME. Tem-se, portanto, que a empresa proponente seria sediada em prédio residencial.

Consulta realizada na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) indica que a empresa Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – Me não possuiu empregados no período compreendido entre 01/2001 e 07/2013.

Também já foi abordada a condição dos sócios da entidade proponente: segundo consulta, realizada na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), não exerceram atividades com vínculo empregatício próprio da área cultural desde o exercício de 2001 (atuaram como contínuo, vendedor, supervisor de almoxarifado, dentre outros).

Da exposição da estrutura da entidade proponente, qual seja: funcionamento em endereço similar à residência dos seus sócios; ausência de quadro de empregados e com sócios que não comprovaram, efetivamente, experiência na área cultural, e considerando que não foram apresentados documentos materiais comprobatórios das atividades culturais exercidas pela proponente Rannavi, não resta comprovado capacidade técnica operacional suficiente para executar projetos culturais no montante aprovado de R$34.949.572,98.

Ante essas informações preliminares, esta Controladoria realizou atividade de inspeção na sede proponente, no período de 15/1/2014 a 17/1/2014, objetivando o

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levantamento de informações a respeito da empresa, uma vez que ainda não houve execução financeira de projetos culturais pela proponente que obteve aprovação de projeto apta a captar recursos via mecenato.

Como resultado, averiguou-se que a empresa Rannavi Projeto e Marketing Cultural não está instalada em endereço declarado em seu CNPJ. Por meio de visita in loco, verificou-se que o endereço em questão diz respeito a apartamento residencial como fica evidenciado pelas imagens abaixo:

A pessoa que responsável pela área da portaria, que se identificou como o porteiro chefe do prédio, informou trabalhar no local há aproximadamente dois anos. Questionado a respeito dos nomes das pessoas relacionadas no sistema CNPJ como integrantes dos quadros de sócios ou ex-sócia da empresa, informou desconhecê-las. Acrescentou, também, ter o mesmo desconhecimento sobre a empresa Rannavi Projeto e Marketing, e que, também, não se lembrava de ter recebido, na portaria, nenhuma correspondência com este destinatário.

Por meio de contato telefônico com o sócio responsável, obtido por meio do sistema CPF, foi informado que a empresa funciona na residência dos sócios, em uma chácara na zona rural de Vargem Grande Paulista, região metropolitana de São Paulo. Visita in loco confirmou a informação, como demonstram as imagens a seguir:

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Não há atendimento ao público no local, por se tratar de residência, e não foram fornecidos documentos que confirmassem o exercício de atividades culturais. Em entrevista com o sócio responsável pela empresa, além de pessoa que, eventualmente, pudesse vir a trabalhar para a proponente, foi informado que executaram trabalhos na área cultural, porém nunca formalizaram contratos de trabalho referentes a estes serviços. Com relação à empresa Rannavi, informaram que a entidade não executou nenhum serviço antes da aprovação deste projeto. Desse modo, não foram apresentadas evidências do funcionamento efetivo da empresa a equipe de fiscalização.

Com relação ao Pronac 137630 (“ORQUESTRA FILARMÔNICA DE SÃO PAULO EM TURNÊ” e 137775 (“MAESTRO JOÃO CARLOS MARTINS IN CONCERT), os gestores da empresa informaram que não fizeram contato com o maestro João Carlos Martins por ocasião da elaboração e aprovação do Projeto. Informaram, ainda, que solicitaram o cancelamento do projeto.

Evidencia-se o vultoso montante autorizado para captação, superior a R$ 19 milhões, para 17 apresentações. Ainda, há o fato de que foi utilizado o nome do maestro João Carlos Martins, sem mesmo haver sua ciência, e posterior anuência, para que o projeto fosse aprovado pelo Ministério da Cultura, demonstrando, aparentemente, inadequação dos controles internos da unidade no que tange ao critério de aprovação de captação para projetos culturais.

Ainda, decorrente da atividade de fiscalização, o sócio responsável da empresa proponente, informou, em entrevista, que solicitou o cancelamento dos projetos elaborados pela entidade junto ao Ministério da Cultura. Em consulta ao sistema Salic – Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura, foram verificadas as seguintes situações referentes aos projetos relacionados ao CNPJ desta empresa:

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Nome do Projeto Situação Salvador Dali em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília Execução suspensa de forma cautelar Festival com Música Instrumental Brasileira Execução suspensa de forma cautelar Orquestra Filarmônica de São Paulo em Turnê Arquivado - solicitação de desistência do proponente Maestro João Carlos Martins in Concert Projeto arquivado - não atendimento a diligência técnica

Desse modo, a situação apresentada pelo sistema do Ministério da Cultura não confirma a declaração do proponente em três projetos, dos quatro cadastrados em nome da Rannavi.

Constatou-se que informação prestada pelo gestor da proponente estaria em desacordo com carta enviada ao MinC. A Rannavi apresentou a equipe de fiscalização carta enviada ao Ministério da Cultura no dia 30/11/2013, na qual prestou esclarecimentos com relação ao projeto PRONAC 137775. Consta dessa carta o seguinte trecho: “Após reunião com um de nossos patrocinadores, o mesmo sugeriu que fizéssemos projetos com apresentações do Maestro João Carlos Martins”. Porém, questionado na entrevista, o sócio responsável da empresa Rannavi informou que desconhecia os nomes dos possíveis patrocinadores para este projeto. Acrescentou o fato de que a empresa “Connection Live”, razão social V.F. Eventos Projetos Culturais e Editora Ltda – EPP, CNPJ nº. 17.512.597/0001-56, que realizou os contatos com os eventuais patrocinadores.

Com relação à empresa citada, “Connection Live”, razão social V.F. Eventos Projetos Culturais e Editora Ltda. – EPP, CNPJ nº. 17.512.597/0001-56, verificou-se que foi instituída em 05/12/2012, não sendo identificados projetos culturais cadastrados no Salic vinculados a ela, além de nenhum dos sócios serem proponentes pessoa física. Quanto às empresas vinculadas aos sócios, também, não foram encontrados projetos culturais cadastrados no Salic.

Cabe aqui considerar uma peculiaridade no tocante aos controles internos da Unidade, quando da gestão do Pronac, com relação à deficiência na transparência e nos mecanismos de acompanhamento. O sistema SALIC, usado na gestão do referido Programa, não permite, em contramão ao sistema de acompanhamento de convênios, SICONV, o lançamento da execução das despesas de forma tempestiva, não ensejando, por conseguinte, avaliar a frequência de prestação de serviços, pelas empresas contratadas, em outros projetos. Essa deficiência juntamente com as medidas corretivas já foram apontadas conforme registros do Relatório de Auditoria nº 201305607, que, todavia, ainda não foram plenamente implementadas pela Unidade, conforme informações constantes do Plano de Providências Permanente

A comprovação do exercício de atividades culturais pode refletir, de acordo com o que se compreende da norma vigente, indicativo da capacidade técnica da proponente em operacionalizar os projetos aprovados. Sobre isso, cabe ainda acrescentar que, segundo consulta realizada no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal do Brasil, o CNPJ 02.975.503/0001-08 foi criado no dia 29/1/1999 e pertence à entidade Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – Me, sediada no Município de São Paulo/SP, que tem a seguinte composição societária: CNPJ CPF Qualificação Entrada Exclusão 02.975.503/0001-08 xxx.349.848-xx RESPONSAVEL - - 02.975.503/0001-08 xxx.349.848-xx SOCIO-ADMINISTRADOR 29/01/1999 - 02.975.503/0001-08 xxx.392.568-xx SOCIO-ADMINISTRADOR 22/11/2011 - 02.975.503/0001-08 xxx.918.428-xx SOCIO 29/01/1999 22/11/2011

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Anexo ao sistema Salic, para os projetos culturais de Pronac 131410, 131532, 137630 e 137775 encontra-se documento intitulado de “Documento da 1ª Alteração Contratual da empresa Rannavi Projeto e Marketing Cultural LTDA.”, de 15/5/2011:

“CPF xxx.349.848-xx, brasileiro, casado, maior, administrador de empresas (...) e CPF xxx.918.428-xx, brasileira, divorciada, maior, do lar, (...) Únicos sócios componentes da sociedade empresária limitada denominada LAMEIRO AUTOPEÇAS LTDA – ME, sediada na Avenida Cupecê, 1291 – Jardim Prudência – CEP 04365-000, com seu contrato social, inscrita no CNPJ 02.975.503/0001-08, NIRE nº 35.2.155.2454-2 de 20.01.1999, resolvem alterar e consolidar o Contrato Social, nos termos das deliberações a seguir cardinalmente enunciadas.

I – Alteração da Razão Social Os sócios resolvem alterar a razão social para RANNAVI PROJETO E MARKENTING CULTURAL LTDA. (...)

III – Alteração do Quadro Societário É admitido na sociedade o CPF xxx.392.568-xx, (...) Retira-se da sociedade o CPF xxx.918.428-xx (...)

A empresa cadastrada, originalmente no CNPJ 02.975.503/0001-08, tinha como atividade o comércio de peças automotivas, sendo feita alteração na sua razão social para Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – ME apenas no dia 15/5/2011, data em que supostamente teria iniciado suas atividades na área cultural.

Constata-se, portanto, a não veracidade das informações contidas no Relatório de atividades culturais da entidade/empresa proponente supracitada, que indica que iniciou suas atividades no ano de 1999, relatando produção de atividades culturais a partir do ano 2000.

Ademais, a entidade proponente, na data da aprovação de seu primeiro projeto cultural pela Lei Rouanet, contava com menos de dois anos de efetiva existência e exercício de atividades culturais, que, como relatado anteriormente, não foram materialmente comprovadas, conforme norma a seguir transcrita:

In n˚ 1/2012:

Art. 7º No momento do cadastramento da proposta cultural, no campo correspondente do Salic, serão anexados os seguintes documentos em meio digital e prestadas as seguintes informações, relativas ao proponente e à sua proposta:

(...)

b) no caso de a instituição ter menos de dois anos de constituição, anexar, no Salic, a versão atualizada do currículo ou portfólio, comprovando as atividades culturais de seus dirigentes;

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Sobre isso, anexos ao sistema Salic, para os projetos culturais de Pronac 131410, 131532, 137630 e 137775 encontram-se os currículos dos CPF xxx.392.568-xx e xxx.349.848-xx, reproduzidos conforme a seguir:

Currículo do CPF xxx.392.568-xx (documento anexo ao sistema SALIC intitulado “Currículo do proponente comprovando as atividades culturais realizadas”):

Sócio da empresa Rannavi Projeto Cultural e Marketing Ltda., CNPJ 02.975.503/0001-08, com inicio de atividade em 29/01/1999 relata abaixo participação da produção de projetos realizados:

2012 – Participação na produção do evento no Rio de Janeiro – Centro de Convenções; estande da empresa CAIO INDUSCAR (setembro); apresentação de Jorge Aragão e Orquestra Bachiana. Contratado pela empresa CRB Projeto Cultural e Editora Ltda.

Em 2011 – Participação na produção da Apresentação da Orquestra Filarmônica de São Paulo e Jazz Big Band no Teatro Municipal de Botucatu; produção do evento, festa de confraternização em dezembro, na empresa Caio Induscar com a apresentação da Jazz Big Band e Bee Gees Cover. Contratado pela Associação dos Artistas de Santos; – Participação na produção da Festa da Amizade da Câmara da Argentina, realizada no Memorial da América Latina (dezembro). Contratado pela empresa CRB Projeto Cultural e Editora Ltda.

Em 2010 – Participação na produção da Festa de Aniversário da Cidade de Iperó, com 05 dias consecutivos de festa (de 17 a 21 de março); contratado pela Prefeitura Municipal de Iperó. – Participação na montagem da produção do Jantar em Iperó, na Fazenda Ipanema para 500 convidados (13 de março); contratado pela Prefeitura Municipal de Iperó. – Participação da produção na Festa da Família da FEMSA, contratado pela Associação Orquestra Filarmônica de São Paulo: - no Play Center para 15.000 funcionários; em 28 de novembro; com a apresentação da Orquestra Filarmônica de São Paulo e Jorge Aragão como convidado especial; - em Belo Horizonte para 4.000 funcionários; em 05 de dezembro; com a apresentação da Jazz Big Band e Fundo de Quintal; - em Campo Grande para 3.000 funcionários, em 05 de dezembro, com a apresentação da Orquestra Filarmônica de São Paulo e Grupo Revelação como convidado especial.

Currículo do CPF xxx.349.848-xx (documento anexo ao sistema salic intitulado “Currículo

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do proponente comprovando as atividades culturais realizadas”):

Empresário Cultural da empresa Rannavi Projeto Cultural e Marketing Ltda., CNPJ 02.975.503/0001-08, com inicio de atividade em 29/01/1999 relata abaixo alguns projetos coordenados e realizados:

2012 - Produção do evento no Rio de Janeiro – Centro de Convenções; stand da CAIO INDUSCAR;

Em 2011 - Apresentação da Orquestra Filarmônica de São Paulo e Jazz Big Band no Teatro Municipal de Botucatu; produção do evento Na Caio Induscar com a apresentação da Jazz Big Band; produção da Festa da Amizade da Câmara da Argentina, realizada no Memorial da América Latina;

Em 2010 - Participação na produção as apresentações do Ballé Pina Bausch, realizadas em São Paulo no Teatro Alfa; Produção da Festa de Aniversário da Cidade de Iperó, com 05 dias consecutivos de festa; Participação na montagem da produção do Jantar em Iperó, na Fazenda Ipanema para 500 convidados; Produção na Festa da Família da FEMSA., em São Paulo no Play Center para 15.000 funcionários; em Belo Horizonte para 4.000 funcionários e em Campo Grande para 3.000 funcionários, com a apresentação da Orquestra Filarmônica de São Paulo em todos os eventos; Produção do evento no Museu da Mineração em Belo Horizonte, aniversário da empresa MMX, grupo EBX;

Em 2009 - Participação na produção do Grupo A FILLETA, que se apresentaram em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; Participação na produção da exposição VICK MUNIZ realizada em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba;

Em 2008 - Participação na produção da exposição YOKO ONO, realizada em São Paulo, no Centro Cultural Banco do Brasil; Produção da performance de YOKO ONO no Theatro Municipal de São Paulo; Participação na produção as apresentações do Ballé Pina Bausch, realizadas em São Paulo no Teatro Alfa;

Em 2007 - Participação da produção do evento em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa com o Grupo KODÔ, que se apresentaram em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador; Participação na exposição TROPICÁLIA no Rio de Janeiro.

Em 2006 – 2005 - Participação na produção do evento em Comemoração ao Ano do Brasil na França, realizado em vários espaços; Produção da exposição DINOS NA OCA, realizada no Parque do Ibirapuera – São Paulo;

De 2.000 a 2004 - Realizou parte da produção cenográfica da mega exposição: Brasil 500 Anos Artes Visuais, no Parque do Ibirapuera –

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São Paulo (OCA); desmembrada posteriormente em módulos que itinerou para o Rio de Janeiro (Espaço Cultural dos Correios), Brasília, e São Luis do Maranhão (Convento das Mercês); Exposição Tate Gallery na OCA –São Paulo; Exposição da Rússia na OCA – São Paulo; Exposição Os Guerreiros de XIA’n na OCA – São Paulo; Exposição Fashion Passion, na OCA – São Paulo;

Ainda, quanto aos currículos, verifica-se que foram apenas listados eventos que, aparentemente, contaram com a participação dos sócios da Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – ME sem que houvesse sido apresentado qualquer elemento material comprobatório do exercício da atividade cultural relacionada nos currículos, conforme se entende que é exigido pelas Instruções Normativas consideradas nesta análise.

Em razão dessa ausência de comprovação quando da etapa de admissão de propostas, procedeu-se ao levantamento de informações sobre a existência de experiência empregatícia ou atividades no segmento cultural quanto aos componentes do quadro societário da Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – ME:

Atividades exercidas pelo CPF xxx.349.848-xx, entre 2001 e 2012, segundo informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE):

CNPJ Empresa Admissão Desligamento Atividade

48.244.768/0001-37 NAC AGRICOLA E CONSTRUCOES LTDA.

07/05/2001 11/12/2006 CBO: 4102-05 - Supervisor de Almoxarifado

61.069.050/0001-10 CONSTRUTORA GOMES LOURENCO S/A

03/12/2007 14/02/2011 CBO: 4102-05 - Supervisor de Almoxarifado

07.087.809/0001-41 YN MODA LTDA - EPP 02/04/2012 28/08/2012 CBO: 3542-05 - Comprador

03.802.330/0001-99 CONSTRUDAHER CONSTRUCOES LTDA

03/09/2012 01/12/2012 CBO: 9102-05 - Supervisor da manutenção e reparação de veículos leves

Atividades exercidas pelo CPF xxx.392.568-xx, entre 2007 e 2010, segundo informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE):

CNPJ Empresa Admissão Desligamento Atividade

43.654.813/0001-08 CLAM CENTRO LIVRE DE APRENDIZAGEM MUSICAL LTDA - EPP

01/06/2003 - CBO: 2523-05 - Secretaria Executivo

02.521.510/0001-30 MCL ADMINISTRACAO DE RECURSOS HUMANOS LTDA.

05/09/2008 01/06/2010 CBO: 4122-05 - Contínuo

Atividades exercidas pelo CPF xxx.918.428-xx, entre 2004 e 2012, segundo informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE):

CNPJ Empresa Admissão Desligamento Atividade

01.966.058/0001-57 WIN ASSESSORIA EM TELECOMUNICACOES LTDA - EPP

01/09/2004 09/09/2011 CBO: 5211-10 - Vendedor de comércio varejista

06.319.817/0001-03 PERROTTA COMERCIO DE EQUIPAMENTOS ELETRONICOS LTDA - ME

12/09/2012 - CBO: 2531-20 - Analista de negócios

Dos resultados das consultas, verifica-se que nenhum dos membros do quadro

societário da Rannavi teve vínculo empregatício relacionado com atividades da área cultural.

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Da mesma forma que no Relatório de atividades culturais da entidade/empresa proponente, verifica-se a impropriedade das informações contidas nos currículos dos sócios da empresa proponente, que indica que a entidade proponente iniciou suas atividades no ano de 1999, demonstrando que a empresa, cadastrada originalmente no CNPJ 02.975.503/0001-08, tinha como atividade o comércio de peças automotivas, sendo feita alteração na sua razão social para Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda – ME apenas no dia 15/5/2011, data em que, de maneira não comprovada, iniciou suas atividades na área cultural.

Convém mencionar que o Documento da 1ª Alteração Contratual da empresa Rannavi Projeto e Marketing Cultural LTDA., o qual evidencia o pouco período de existência da proponente, está anexado ao Salic, portanto, requisito de análise antes da admissão das propostas e, consequentemente, da aprovação dos projetos culturais em análise.

Portanto, as constatações decorrentes de inspeção in loco de equipe de auditoria e das informações acima analisadas, entende-se que não houve a comprovação do exercício de atividades culturais e, ainda, o comprometimento do quesito capacidade técnica da proponente para a dimensão do projeto, considerando como parâmetro os valores financeiros envolvidos. ##/Fato:##

Causa:

Imperícia do agente competente, quando da análise da proposta e sua respectiva confrontação com as exigências normativas, no tocante à aferição da capacidade técnica-operacional do proponente para execução do projeto apresentado.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Ofício nº 011/2014/GAB/SEFIC/MINC, de 5/2/2014, a SEFIC apresentou a seguinte manifestação:

“Os elementos comprobatórios de atuação na área cultural do proponente em referência foram juntados ao Relatório de Atividades por meio de imagens e folder. No entanto, reconhecemos que tais elementos não possuem materialidade para atestar que a empresa realmente participou dos eventos listados prestando serviços na área de produção cultural.

Diante do exposto, informamos que o Ministério da Cultura trabalha na implementação da solução definitiva a fim de evitar novos equívocos, qual seja, a criação de ferramenta a ser inserida no referido sistema, na qual os técnicos validem e justifiquem, se necessário, cada documento e informação definidas no art. II da Instrução Normativa n° 1/2013.

Entendemos que assim as propostas serão analisadas com maior criteriosidade, conforme assinalado nesta Auditoria, especialmente aquelas que não possuam finalidade cultural materialmente comprovada.

Considerando que a alteração contratual da entidade proponente contava com menos de dois anos quando do envio da primeira proposta ao MinC, foi solicitada a apresentação dos currículos dos dirigentes da "Rannavi Projeto Cultural Ltda.". conforme disciplinado na Instrução Normativa vigente nesta data.

"(.. .)

b) currículo ou portfólio, com destaque para as atividades na área cultural;

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OBS.: Currículo do proponente, relatando as produções realizadas anteriormente. com datas. nomes dos participantes. local de realização. matéria em jornais (ou fotos. cartazes. etc. (grifo nosso) •

(...)."

Informamos que os currículos apresentados são analisados considerando-se a boa-fé dos dirigentes, tendo em vista que a legitimidade dos documentos encaminhados é atestada pelo proponente na "Declaração de Responsabilidade" constante na lN n˚ 1/2013: "Por fim, ATESTO serem fidedignas as informações prestadas no preenchimento dos formulários, bem como de outras documentações juntadas ao longo da tramitação do projeto. “. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno:

Diante do exposto pela Unidade e em consonância com os apontamentos da equipe de auditoria, reafirma-se a importância da comprovação da capacidade técnica no momento da admissão de propostas e destaca-se que apenas a apresentação de listagem de atividades por parte do proponente não é suficiente como elementos materiais comprobatórios no que tange à eficiência do gasto público.

Registra-se que, de acordo com o normativo (a Instrução Normativa nº 1/2012/MinC) houve falha na admissão das propostas mencionadas no presente relatório, conforme o texto do §3º, do artigo 4º:

“Art. 4º As propostas culturais serão apresentadas pelo Salic, disponível no portal do MinC na internet, juntamente com a documentação correspondente, em meio eletrônico.

(...)

§ 3º No caso de pessoa jurídica, a inscrição será feita por seu representante legal e a comprovação da finalidade cultural do proponente dar-se-á por meio das informações contidas nos atos constitutivos, no contrato social, no estatuto, na ata ou em instrumento congênere e de elementos materiais comprobatórios de sua atuação na área cultural nos últimos 2 (dois) anos.(grifo nosso)”

Cumpre destacar que a Unidade mencionou, como aprimoramento, a criação de ferramenta de controle. No entanto, de acordo com a Secretaria, estaria ainda em fase de implementação. Verifica-se, portanto, que há iniciativa de aprimorar os controles e o reconhecimento de falha por parte da Unidade representam um quadro positivo para futuras análises de projetos, mas não exaurem a situação dos projetos de Pronac 131410, 131532, 137630 e 137775, que no momento encontram-se nas seguintes situações:

Nr Projeto

Data da Situação Situação

131410 04/02/2014 E64 - Projeto arquivado - captação/execução encerradas 131532 10/12/2013 E72 - Execução Suspensa de Forma Cautelar 137630 27/12/2013 A13 - Arquivado - solicitação de desistência do proponente 137775 02/01/2014 A42 - Projeto arquivado - não atendimento à diligência técnica

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A manifestação da Unidade aduz, ainda, a necessidade de aprimoramento dos controles e entendimento da norma que editou para operacionalizar o PRONAC. Isso porque mesmo nos casos de apresentação de currículos para entidades que não se enquadram na regra geral de tempo mínimo de funcionamento, as atividades listadas pelos dirigentes devem ser comprovadas, ou seja, a vinculação entre o proponente, os dirigentes e as atividades deve ser evidenciada.

A Administração deve buscar a eficiência no gasto público e, para tanto, é necessário que haja controle no que se refere à concessão de recursos oriundos do Erário. Para dar cumprimento aos princípios constitucionais, faz-se necessário que as análises por parte do ente público sejam mais criteriosas do que mera consideração de boa-fé dos proponentes.

Ademais, a alteração contratual tratada nesta constatação esteve ao alcance de conhecimento da Unidade, pois esta equipe de auditoria localizou-a no sistema Salic.

Portanto, a prestação de declaração de responsabilidade não afasta a necessidade de comprovação. A comprovação ocorre no âmbito da etapa de admissão com vistas a minimizar os riscos na execução dos recursos públicos e de fortalecer a eficiência e eficácia da política, uma vez que pretende afastar outros interesses que não o desenvolvimento de atividades culturais.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendação 01:

Apurar os fato e a responsabilidades pela admissão de proposta cultural que não contava com os elementos materiais comprobatórios de atuação na área cultural dos sócios, em razão de previsão contida no §3º, do art. 4º, da Instrução Normativa nº 1/2013.

Recomendação 02:

Adotar os procedimentos para inabilitação da proponente, considerando a ampla defesa e o contraditório, conforme as prescrições dos arts. 78 e 99 da Instrução Normativa nº 1/2013, em razão da não veracidade das informações contidas no Relatório de Atividades que subsidiou a aprovação de projetos de interesse da proponente.

Recomendação 03:

Com base no art. 38, da Lei 8.313/98, e art. 13, da Instrução Normativa Conjunta MinC/MF nº 1, de 13.6.1995, adotar procedimentos administrativos, com vistas a aplicação das penalidades previstas nos citados instrumentos, em caso de comprovada fraude, dolo, simulação relacionados com os projetos de incentivo, respeitando o contraditório e a ampla defesa, em razão da não veracidade das informações contidas no Relatório de Atividades Culturais que subsidiou a aprovação de projetos de interesse da proponente.

Recomendação 04:

Regulamentar definição de quais são os elementos que podem ser admitidos como comprovação material do efetivo exercício de atividade cultural, conforme previsto nos §3º, do art. 4º, da Instrução Normativa nº 1/2013, especialmente no caso das proponentes com menos de dois anos de funcionamento.

Recomendação 05

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Quando da regulamentação dos elementos que podem ser admitidos como comprovação material do efetivo exercício de atividade cultural, avaliar a possiblidade de considerar entre os quesitos o histórico da proponente na execução de projetos beneficiados pelos mecanismos do PRONAC.

1.1.1.3 CONSTATAÇÃO

Admissão de propostas culturais de proponentes que não comprovaram autorização de direitos relativos a autor e conexos, nos termos dos arts. 10 e 11, da Instrução Normativa n° 1/2013/MinC.

Fato:

O Inciso III do art. 10 da Instrução Normativa n° 01/2013/MinC, de 24/6/2013, estabelece que são obrigações do proponente:

" III - cumprir a Lei n° 9.610. de 19 de fevereiro de 1998. e obter a autorização de que trata o art. 20 do Código Civil, caso necessária, responsabilizando-se civil e criminalmente por qualquer violação de direitos de imagem, de autor e conexos, assegurado o direito de regresso do Estado por eventuais demandas judiciais propostas em seu desfavor;"

Em relação à citação à Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências, tem-se:

(...)

Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:

I - a reprodução parcial ou integral; II - a edição; III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; IV - a tradução para qualquer idioma; V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra; VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:

a) representação, recitação ou declamação; b) execução musical; c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d) radiodifusão sonora ou televisiva;

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e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva; f) sonorização ambiental; g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; h) emprego de satélites artificiais; i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados; j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;

IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero; X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas.

A IN n˚1/2013, dispõe, também, que na fase de apresentação das propostas o proponente deve apresentar declaração de que obterá a autorização dos titulares dos direitos autorais, conexos e de imagem em relação aos acervos, às obras e imagens de terceiros como condição para utilizá-los no projeto e anuência do autor para a montagem do espetáculo teatral objeto da proposta.

“IN n˚ 1/2013:

Art. 11. No momento do cadastramento da proposta cultural, no campo correspondente do Salic, serão anexados os seguintes documentos em meio digital e prestadas as seguintes informações, relativas ao proponente e à sua proposta:

(...)

IV – informações relacionadas a qualquer proposta cultural:

f) declaração de que obterá a autorização dos titulares dos direitos autorais, conexos e de imagem em relação aos acervos, às obras e imagens de terceiros como condição para utilizá-los no projeto;

(...)

V – informações relacionadas a propostas nas áreas de artes cênicas e música, para espetáculos, shows ou gravação de CD, DVD e mídias congêneres:

(...)

b) sinopse ou roteiro do espetáculo de circo, da peça teatral, do espetáculo de dança ou de performance de outra natureza;

c) anuência do autor para a montagem do espetáculo teatral objeto da proposta;”

Apesar de o Projeto 137775 – Maestro João Carlos Martins In Concert não tratar de espetáculo teatral, a anuência do artista também se faz necessária, pois as propostas

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apresentadas devem ser exequíveis e não há como prever o interesse do artista em participar de um projeto sem que este tenha conhecimento da elaboração do mesmo.

Seguindo nessa mesma esteira, estende-se o entendimento para o Projeto 137630 – Orquestra Filarmônica de São Paulo em Turnê, que também não apresentou anuência da Orquestra, quando da apresentação da proposta, e mesmo assim teve sua análise deferida, e adquirindo o status de projeto.

Resta destacar que esses dois projetos totalizam R$25.319.712,98 e que, sem a anuência dos protagonistas dos espetáculos, objetos das propostas, torna-se inviável a mensuração dos valores, tendo em vista que artistas renomados e grupos artísticos dependem de contato para disponibilização de valor do cachê e exigências específicas para suas apresentações. Acentua essa incerteza a impossibilidade de elaboração da sinopse ou roteiro do espetáculo sem o consentimento do artista.

Por fim, é importante mencionar que a apresentação de propostas que contam com a participação de artistas renomados torna-se chamativa e pode configurar em obtenção de vantagem na análise do Ministério em detrimento de outras propostas que não dispõe dos referidos astros, mas que seriam exequíveis e de importante repercussão artística no âmbito cultural. Portanto, torna-se de suma importância o cumprimento da Lei n° 9.610/98 e verificação por parte do MinC da anuência e declaração de autorização dos artistas, conforme IN n˚ 1/2013.

Além disso, o regramento de obtenção de anuência “a posteriori” concorre para intensificar o risco de inconformidades como a apontada no Pronac nº 137775 – Maestro João Carlos Martins In Concert, na qual o referido maestro não reconheceu o projeto. Se a proposta já deve ser detalhada e conter objeto específico, é importante que, quando se tratar de apresentações artísticas e que envolvam interesses, além de atuação de pessoas, como parte do objeto do projeto, a proposta conte, também, com a anuência dos artistas que serão protagonistas do projeto como parte da admissão.

A equipe de auditoria realizou, mediante amostragem, a análise de diversos projetos que envolvem um ou mais artistas em particular, desde shows, espetáculos, gravação de CD/DVD, reprodução de peça teatral, edição de livros, e outros. Como resultado, constatou-se que a sistemática de admissão e aprovação de projetos não compreende a verificação da anuência do artista participante do projeto.

Em grande parte dos casos analisados, o dirigente da organização proponente não apresenta vínculo com o artista responsável técnico pelo projeto em questão. Além disso, não são apresentadas quaisquer evidências de uma possível vinculação, não sendo possível afirmar que o artista possui ciência de que há projeto envolvendo seu nome, muitos, aliás, com respectiva autorização para captação.

O único caso encontrado diz respeito a uma peça, escrita e produzida autora, cuja anuência está anexada ao PRONAC autorizando o dirigente da organização proponente a realizar a captação pela Lei de Incentivo Fiscal para produção de sua peça. Esse documento foi anexado como “Autorização do proprietário ou detentor de direitos ou cessão dos direitos autorais.”

Faz-se necessário exigência nesse sentido para todos os projetos que envolvam artistas ou responsáveis técnicos que não façam parte da direção da empresa proponente. A ausência

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de documento que vincule o artista ao proponente impossibilita o parecerista de confirmar a capacidade do proponente de executar o projeto proposto, já que em última instância caberá ao artista ou ao detentor dos direitos de distribuição a decisão sobre a execução do projeto. ##/Fato:##

Causa:

Fragilidade de Normativo, como instrumento disciplinador de procedimentos para apresentação, recebimento, análise, de propostas culturais, relativos ao mecanismo de incentivos fiscais do Pronac, pela ausência de previsão da anuência de artistas aos projetos aos quais estão inseridos, como item vinculado da etapa de admissão de propostas. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Ofício nº 011/2014/GAB/SEFIC/MINC, de 5/2/2014, a Unidade Auditada apresentou a seguinte manifestação:

“No que se refere aos Direitos do Autor e Conexos, no momento da análise inicial dos projetos, este Ministério trabalha conforme disciplina a normativa, tendo em vista a sua função de estabelecer os procedimentos necessários para a utilização do PRONAC. Sendo assim, a Instrução Normativa n˚ 1/2013 dispõe que o proponente deverá:

"III - cumprir a Lei na 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, e obter a autorização de que trata o art. 20 do Código Civil, caso necessária, responsabi1izando-se civil criminalmente por qualquer violação de direitos de imagem. de autor e conexos,assegurado o direito de regresso do Estado por eventuais demandas judiciais propostas em seu desfávor." (inciso III, art. lO, IN n˚ 01/2013)

"ANEXO-lN° 01/2013

DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE

OBTER E APRESENTAR AO MINC antes do início da execução do projeto, declaração de autorização dos titulares dos direitos autorais, conexos e de imagem em relação aos acervos, às obras e imagens de terceiros como condição para utilizá-losno projeto. "

Depreende-se que não há obrigatoriedade da apresentação de anuência do artista com o projeto, mas somente da declaração em consonância com a "Declaração de Responsabilidade". constante no Anexo da Instrução Normativa n° 1/2013, E ainda, que cabe ao proponente a responsabilidade por qualquer violação aos direitos de imagem, de autor e conexos.

No entanto, diante do apontamento levantado nesta Auditoria, entendemos que a anuência deverá ser cobrada na fase de admissibilidade de propostas, quando se tratar de projetos que citem determinada personalidade nos termos do Capítulo" do Código Civil - Lei I 0.406/02, considerando que em caso de desistência, a realização do projeto ficará comprometida. Para tanto, no intuito de legitimar tal exigência, encaminharemos a seguinte proposta de Súmula à Comissão Nacional de Incentivo à Cultura - CNlC:

Quando do envio de propostas ao Ministério da Cultura cujo objeto esteja centrado em determinada personalidade, deverá ser anexada no SALIC carta de anuência como condição indispensável para o

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prosseguimento da análise."

Por meio do Despacho nº 29/2014-CGAPI/DIC/SEFIC/MinC, de 21/2/2014, a Unidade Auditada apresentou a seguinte manifestação:

“O Ministério da Cultura, com vistas a garantir o Direito da Personalidade, previsto no Capítulo II do Código Civil (Lei 10.406/02), estabeleceu, em fevereiro de 2014, que os proponentes que centrarem seus projetos em personalidades citadas (cantores, atores, fotógrafos, escritores, músicos, artistas, entre outras), bem como necessárias e insubstituíveis para a realização do projeto, deverão apresentar – como documento obrigatório – a carta de anuência das mesmas, sendo condição indispensável ao prosseguimento da análise da proposta cultural.

Tal procedimento foi adotado primeiramente nos projetos dessa situação pautados para a primeira Reunião da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC do ano. Foram retirados de pauta e diligenciados, no intuito de que os proponentes encaminhassem ao Ministério da Cultura as anuências das personalidades envolvidas nos projetos.

Informamos que a cobrança da anuência do (s) autor (es) aos projetos de montagem de espetáculo teatral já se verifica, conforme alínea “c” do inciso V do art. 11 da citada Instrução Normativa:

(...)

Portanto, a cobrança da carta de anuência já é realizada para os projetos de todas as áreas de gestão da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura – SEFIC e da Secretaria do Audiovisual – Sav, respectivamente: artes cênicas, artes visuais, humanidades, patrimônio cultural, musica e audiovisual. Com vistas a legitimar e aprimorar essa sistemática, tal discussão será encaminhada à CNIC para implementação de Súmula Administrativa sobre a matéria.“

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno:

O fato é que, de acordo com o Art. 29 da Lei n˚ 9.610/98, depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra conforme previstos nos incisos de I a X. Dessa forma, a sistemática de admissão e aprovação de projetos pelo mecanismo de incentivo em que se dispensa posicionamento prévio do autor mostra-se incoerente, pois, sem o quesito do art. 29 citado, a aprovação do projeto, sem autorização do autor, seria, na prática, de caráter precário.

Outra questão é que se mostra como deficiência técnica que compromete, em parte, a operacionalização do mecanismo. Isso porque o projeto é avaliado e aprovado, inclusive em termos de análise financeira e adequação de custos, sem se saber qual será o posicionamento do autor que atuará com o projeto.

Dessa forma, entende-se como comprometida a análise técnica do projeto que opinou pela aprovação e validação dos custos do projeto sem a anuência do artista, uma vez que houve elementos de despesas aprovados sem a efetiva mensuração, pois não há como estabelecer os custos relativos às apresentações de artistas inseridos nos projetos da proponente em questão sem que os mesmos não teriam previamente ofertado seus serviços.

Ademais, os ritos e atos administrativos para admissão, análise técnica e aprovação demandam a utilização de capacidade operacional do MinC que possui determinado custo, ou

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seja, despende-se tempo e recursos para um projeto tecnicamente incompleto e que possui o risco de não vir a se realizar.

As regras que o MinC estipulou na Instrução Normativa vigente para operacionalizar o mecanismo de incentivo sob a questão de anuência do autor também favorecem desvios e inoperâncias, pois a proponente pode vir a contratar artista diverso do programado na proposta, o que, dependendo do projeto, pode vir a alterar a sua natureza original e, ainda, o regramento não disciplina os casos em que o artista não concorde com o projeto que já tenha recurso captado, como o caso em tela.

No que se refere à captação, a situação se agrava, pois aos patrocinadores ou doadores foi apresentado o benefício da renúncia com condição do artista do projeto aprovado. Neste caso, o patrocinador ou afim poderia vir a reclamar o patrocínio em casos de alterações ocasionadas por desconfiguração do projeto original em razão de não concordância do artista. Tal situação expõe o Estado a possíveis reclamações, por se tratar de incentivo de recursos públicos.

Conclui-se, portanto, que a norma elaborada pelo MinC não se apresenta razoável, pois certifica a qualidade técnica de um projeto cultural, fato este que o autoriza a se apresentar ao mercado como apto a receber patrocínio, sem que o artista ou grupo de artistas previstos conheçam o projeto.

Reafirma-se, então, que o regramento de obtenção de anuência “a posteriori” concorre para propiciar irregularidades tal qual a apontada no Pronac nº 137775 – Maestro João Carlos Martins In Concert, e que a proposta de súmula apresentada à CNIC representa iniciativa positiva para futuras análises de propostas, mas não exaurem a problemática apresentada nos projetos citados neste relatório.

Por fim, ressalta-se o indicativo da Unidade em adotar, a partir de fevereiro de 2014, a medida de exigir a anuência do artista dos proponentes cujos projetos sejam centrados em personalidades citadas (cantores, atores, fotógrafos, escritores, músicos, artistas, entre outros), muito embora não tenha sido evidenciado se houve alteração dos normativos.

Recomendação 01:

Regulamentar previsão de que a anuência de artistas aos projetos em que estão inseridos deva fazer parte da etapa de admissão de propostas culturais, bem como indicando que, em caso de não apresentação de anuência, a proposta será rejeitada.

Recomendação 02:

Para os projetos atualmente em andamento, ou seja, aprovados ou em execução, e que envolvam um ou mais artistas em particular, pelo menos do segmento de música, adotar medidas, no âmbito das competências da Secretaria para o acompanhamento e monitoramento dos projetos de incentivo, em que os proponentes sejam diligenciados a informar se possuem anuência dos artistas previstos nos projetos.

1.1.1.4 CONSTATAÇÃO

Aprovação de projeto cujo parecer técnico não fundamenta os critérios de decisão pela aprovação.

Fato:

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Primeiramente, cita-se que os projetos culturais de Pronac n˚ 137630 e 137775 são regidos pelo art. 40 da IN n˚ 1/2013, conforme a seguir:

Art. 40. O parecer técnico, a ser elaborado de acordo com os procedimentos descritos na Portaria MinC nº 83, de 8 de setembro de 2011, e homologado pelo titular da unidade competente para a análise do projeto cultural, ou por quem este delegar, abordará, no mínimo, os seguintes quesitos:

I – aferição da capacidade técnica do proponente para execução do projeto apresentado; II – suficiência das informações prestadas; III – atendimento dos objetivos descritos no art. 3º da Lei nº 8.313, de 1991; IV – enquadramento nas finalidades descritas no art. 1º da Lei nº 8.313, de 1991, ou no art. 1º do Decreto nº 5.761, de 2006; V – adequação entre o objeto a ser executado e os produtos resultantes, mediante indicadores para avaliação final do projeto; VI – adequação das estratégias de ação aos objetivos, assinalando-se, claramente, no parecer, se as etapas previstas são necessárias ou suficientes à sua realização e se são compatíveis com os prazos e custos previstos; VII – adequação do projeto de medidas de acessibilidade e democratização de acesso ao público às características do projeto cultural; VIII – enquadramento do projeto nos segmentos culturais correspondentes às faixas de renúncia estabelecidas no art. 18 e no art. 26 da Lei 8.313, de 1991, conforme Classificação do Ministério da Cultura; IX – repercussão local, regional, nacional e internacional do projeto, conforme o caso; X – impactos e desdobramentos positivos ou negativos do projeto, seja no âmbito cultural, ambiental, econômico, social ou outro considerado relevante; XI – contribuição para o desenvolvimento da área ou segmento cultural em que se insere o projeto cultural analisado; XII – compatibilidade dos custos previstos com os preços praticados no mercado regional da produção, destacando-se o que se mostrar inadequado, com a justificação dos cortes efetuados, quando for o caso; XIII – relação custo/benefício do projeto no âmbito cultural, incluindo o impacto da utilização do mecanismo de incentivo fiscal na redução do preço final de produtos ou serviços culturais com público pagante, podendo a análise técnica propor redução nos preços solicitados; XIV – atendimento aos critérios e limites de custos estabelecidos pelo Ministério da Cultura; e

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XV – quando se tratar de projetos que prevejam chamamento público, será examinada a impessoalidade dos editais.

Com vistas a propiciar melhor entendimento dos fatos, transcrevem-se, a seguir, os pareceres técnicos emitidos para os projetos mencionados bem como o posicionamento da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC, seguidos da analise desta equipe de auditoria.

Nr Projeto Nome do Projeto

137630 ORQUESTRA FILARMONICA DE SÃO PAULO EM TURNÊ

“Parecer Técnico:

Apresentação musical: A proposta tem como objetivo a realização de 8 apresentações musicais da Orquestra Filarmônica de São Paulo, acompanhada por orquestras e músicos convidados e sob a regência de João Carlos Martins e Solielson Goethe. As apresentações serão realizadas nas Cidades de São Paulo (4 apresentações), Paulínea, Américo Brasiliense e Taubaté (SP) e Manaus (AM), no repertório estarão peças eruditas e populares. Há previsão de receita de 300.000,00 reais com ingressos a 20,00 e 10,00 reais e público total de 26.000 pessoas. O projeto tem duração prevista de 7 meses e será realizado na Cidade de São Paulo (SP) a partir do final de 2013. O projeto atende o inciso VI do art. 30 da IN.1/13. Ao contrário do indicado pelo proponente, o projeto não pode ser vinculado à música erudita, nem à música instrumental e, portanto, não pode ser enquadrado no artigo 18 da Lei 8.313, como podemos observar nos itens ETAPA DE TRABALHO: "2. Cachê para cantores convidados" e RESPOSTA À DILIGÊNCIA: " Informar a ficha técnica para os eventos: Quantos cantores: 03 para Cada apresentação, como por exemplo: Danilo Caymi; Maria Rita, Ivan Lins". Em atendimento ao artigo 40 da instrução normativa de 24/06/13, informamos que: I. O proponente (Rannavi Projeto e Marketing Cultural Ltda.) tem capacidade técnico-financeira para executar o projeto e apresenta em seu resumo de atividades diversas ações na área da cultura. II. O projeto foi diligenciado em 16 e 17/09, com respostas em 17 e 18/09/2013, respectivamente, sendo que as informações apresentadas foram suficientes para emissão do parecer. III. O projeto atende o inciso II - alínea C do Artigo 3o. da Lei 8.313. IV.O projeto contribui para o alcance de vários objetivos apresentados no artigo 1o. da Lei 8.313, como por exemplo (e não somente) os itens I, II e VIII. V. Há adequação entre o objeto a ser executado e os produtos resultantes. VI. A estratégia de ação a ser adotada está coerente sendo que as etapas propostas no cronograma são necessárias e suficientes para sua realização e compatíveis com prazos e custos. VII. O projeto está adequado às medidas de acessibilidade e democratização e atende os incisos I, II, III e IV do artigo 27 do Decreto 5.761/2006. VIII. O projeto terá enquadramento no Art. 26 da lei 8.313, pois não pode ser vinculado à música erudita ou à música instrumental, conforme

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justificativa elencada acima. IX. O projeto terá repercussão regional, com a realização de uma série de apresentações da Orquestra Filarmônica de São Paulo, com a presença de um consagrado músico (João Carlos Martins) e cantores convidados como Ivan Lins, Maria Rita e Danilo Caymmi, oferecendo ao público uma oportunidade de lazer e enriquecimento cultural. X. O projeto pode apresentar impactos positivos no desenvolvimento cultural da região abrangida e no desenvolvimento humano dos participantes das atividades. XI. O projeto pode apresentar contribuição para o desenvolvimento do segmento cultural em que se insere. XII. Há compatibilidade de custos com os preços praticados no mercado. As incompatibilidades estão indicadas na planilha de custos. XIII. A relação custo benefício se apresenta coerente. O mecanismo de incentivo fiscal permitirá a realização do projeto com preços módicos na venda de ingressos (20,00 e 15,00), democratizando o acesso às informações culturais. XIV. O projeto atende os critérios e limites estabelecidos e as situações onde os limites foram excedidos, estão alteradas e justificadas na planilha de custos. XV. Não há chamamento público. Não se aplica. Observação 1. Para prestação de contas o proponente deverá apresentar o material de mídia e divulgação constando a informação de gratuidade em atendimento ao artigo 25 da IN.1/13. Observação 2: Informamos ao proponente que para a prestação de contas deverão constar os recibos de recolhimento de INSS no valor sugerido para a aprovação em conformidade com a lei. Observação 3: A sugestão de aprovação para passagens aéreas é exclusivamente para a classe econômica. Na prestação de contas será observado o nome impresso nos bilhetes aéreos e comparados com a ficha técnica. Vedada a utilização do item para acompanhantes, patrocinadores, jornalistas, formadores de opinião e/ou similares. Ressaltamos que a análise técnica deteve-se nas informações disponibilizadas no projeto sendo as mesmas de inteira responsabilidade do proponente.

Parecer da CNIC:

Acompanho o parecer técnico consolidado.”

Nr Projeto Nome do Projeto 137775 MAESTRO JOAO CARLOS MARTINS IN CONCERT

“Parecer Técnico:

O projeto em questão pretende realizar uma turnê de 17 apresentações da Orquestra Bachiana Filarmônica, com regência do maestro João Carlos Martins, convidando orquestras e maestros locais de cada uma das seguintes cidades: serão 04 concertos em São Paulo/SP, 03 em Brasília/DF e 02 concertos no Rio de Janeiro/RJ, Porto Alegre/SC, Salvador/BA, Curitiba/PR e Fortaleza/CE, respectivamente. Sugerimos o enquadramento do projeto no Artigo 18, tendo em vista que se trata de apresentações de música erudita, com a Orquestra Bachiana Filarmônica e outras orquestras

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convidadas, que serão definidas durante a execução do projeto. Em resposta à diligência, o proponente informou que serão contratados cantores eruditos, tais como: Aline Lobão (soprano); Flávia Drumond (soprano); Hendrigo Del Freitas (tenor); Iara Villaça (Soprano); Leo Mendonza (tenor) e Lucas Lopes (tenor), entre outros. Lembramos ao proponente que é de sua responsabilidade o fiel cumprimento do projeto de acordo com o enquadramento recebido, e que na prestação de contas o mesmo deverá ser comprovado através do material de mídia e divulgação. Como medidas de acessibilidade, o proponente informou que haverá, nos locais de realização das apresentações previstas, rampas de acessos e monitores que auxiliarão o público em questão. Tendo em vista as medidas de democratização de acesso ao público em geral o proponente informou, em resposta à diligência, que dos 31.000 ingressos produzidos, 10.000 serão distribuídos gratuitamente para estudantes de escolas públicas, universidades públicas e órgãos públicos que apoiarão o evento, como prefeituras e secretarias. Além disso, será permitida a captação de imagens das apresentações e autorizada sua veiculação por redes públicas de televisão. O projeto será realizado em São Paulo/SP, Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ, Porto Alegre/SC, Salvador/BA, Curitiba/PR e Fortaleza/CE, durante o ano de 2014. Plano de Distribuição de Produtos de Projeto Cultural – Apresentação Musical. O proponente especificou a produção de 31.000 ingressos, sendo que 10.000 unidades serão distribuídas gratuitamente para os beneficiários; 700 unidades para divulgação e 300 unidades para o patrocinador. O Preço Unitário é de R$30,00 para venda normal de 12.000 ingressos e de R$10,00 para venda promocional de 8.000 ingressos. A receita total prevista será de R$440.000,00. O projeto adere à legislação vigente, assim como atende aos Incisos do Art. 40 da referida Instrução Normativa nº 1 de 2013, tais como: Quesito I – Informamos que o proponente apresenta capacidade técnico-financeira para a execução do projeto em questão conforme demonstrado em seu relatório de atividades culturais. Quesito II – As informações prestadas para o cumprimento do objeto são pertinentes para a execução do objeto. O projeto foi diligenciado em 01/10/2013, sendo que a respectiva diligência foi respondida em 01/10/2013. Mediante as respostas apresentadas, atestamos a suficiência das informações apresentadas para o cumprimento do objeto em questão. Quesito III – O projeto atende aos objetivos descritos no art. 3º da Lei nº 8.313, de 1991, sendo enquadrado no Inciso II, Alínea C. Quesito IV – Enquadrado nos objetivos e fins da Lei nº 8.313/91, atendendo o Art. 1º e seus Incisos, e no Decreto nº 5.761/06 conforme enquadramento recebido nos campos específicos. Quesito V – O objeto proposto está adequado ao produto resultante, tendo como indicador para avaliação final do projeto, a fidelidade das informações prestadas pelo proponente conforme exigências da I.N Nº 1/2013, o público previsto para o acesso ao produto resultante e o plano de divulgação.

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Quesito VI – As estratégias de ação estão adequadas aos objetivos propostos e os prazos e custos previstos para a realização do objeto são suficientes e necessários para a realização do mesmo. Quesito VII – Atende as devidas medidas de acessibilidade com ações adequadas aos portadores de necessidades especiais. A democratização de acesso é atendida conforme o disposto nos incisos I e III do Art. 27 do Decreto 5761/06. Conforme consta nas medidas de democratização de acesso ao público em geral e na resposta à diligência, dos 31.000 ingressos produzidos, 10.000 serão distribuídos gratuitamente para estudantes de escolas públicas, universidades públicas e órgãos públicos que apoiarão o evento, como prefeituras e secretarias. Além disso, será permitida a captação de imagens das apresentações e autorizada sua veiculação por redes públicas de televisão. Quesito VIII – O projeto foi enquadrado no art. 18 da Lei 8.313, de 1991, tendo em vista que se trata de música erudita. Quesito IX – Apresenta repercussão nacional para o projeto, visto que será realizado em São Paulo/SP, Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ, Porto Alegre/SC, Salvador/BA, Curitiba/PR e Fortaleza/CE. Quesito X – Apresenta impactos positivos para a sociedade e, tendo em vista as medidas de redução de impacto ambiental, consta no texto do projeto que haverá instalação de caçambas de lixo e banheiros públicos nos locais dos eventos. Quesito XI – Apresenta contribuição para o desenvolvimento da área em que se refere, na medida em que propõe realizar 17 apresentações de Orquestra Filarmônica. Quesito XII – As etapas previstas são necessárias e suficientes à sua realização e são compatíveis com os prazos e custos previstos, sendo que esses estão de acordo com os valores de mercado, conforme reza o Decreto 5761/06 em seu Art. 6º, § 3o. Quesito XIII – O produto possui o valor sugerido de R$19.957.293,00 e público previsto de 31.000 pessoas, apresentando um valor aproximado de R$643,00 por pessoa. A relação custo/benefício está compatível com a natureza do objeto proposto, na medida em que prevê realizar 17 apresentações de Orquestra Filarmônica. Sugerimos que a realização dos concertos seja em locais com maior capacidade de público, visando o aumento de alcance do projeto. Quesito XIV – Atende aos critérios e limites de custos estabelecidos pelo MinC. Quesito XV – Não se aplica. O proponente deverá cumprir o Art. 29 da IN nº 1/2013 - as propostas culturais relativas à circulação de espetáculos e exposições deverão prever a contratação de profissionais ou empresas prestadoras de serviços locais ou regionais na proporção de, no mínimo, 20% (vinte por cento) do custo relativo à contratação de mão de obra ou serviços necessários à produção na respectiva localidade. A comprovação do cumprimento da obrigação prevista deverá ocorrer na prestação de contas. Para a prestação de contas o proponente deverá apresentar o material de mídia e divulgação, constando a informação de preços acessíveis, em atendimento ao Inciso I do artigo 27 do Decreto 5761/06. O cumprimento dos incisos II e III, do artigo 27 do Decreto

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5761/2006 também deverão ser comprovados. Ressaltamos que a análise técnica deteve-se nas informações disponibilizadas no projeto sendo as mesmas de inteira responsabilidade do proponente.

Parecer da CNIC:

Acompanho o parecer técnico.”

Tendo como base os dados apresentados acima, destacam-se as seguintes contradições entre as informações prestadas nas propostas, as exigências da IN n˚ 1/2013 e os pareceres emitidos:

Item I da IN n˚ 1/2013 “Aferição da capacidade técnica do proponente para execução do projeto apresentado”: os pareceres informam que o proponente apresentou-se tecnicamente capaz conforme demonstrado em seu relatório de atividades culturais, apresentando em seu resumo de atividades diversas ações na área da cultura. No entanto, já foi demonstrado em registros anteriores que o proponente não apresentou comprovação, com elementos probatórios materiais, de ter realizado tais atividades e ainda foram apresentadas informações contraditórias no que diz respeito ao período de inicio da prática de atividades culturais da empresa proponente.

Item II da IN n˚ 1/2013 “Suficiência das informações prestadas”: Apesar de os pareceristas terem considerado as informações prestadas suficientes e pertinentes à execução dos projetos, evidenciou-se, conforme as constatações disponibilizadas neste Relatório, a insuficiência das informações prestadas pelo proponente, especialmente no que diz respeito a elementos materiais comprobatórios.

Itens X e XI da IN n˚ 1/2013 “Impactos e desdobramentos positivos ou negativos do projeto, seja no âmbito cultural, ambiental, econômico, social ou outro considerado relevante” e “Contribuição para o desenvolvimento da área ou segmento cultural em que se insere o projeto cultural analisado”: Para o parecer do projeto n˚ 137630, o parecerista apenas informa que o projeto “pode” apresentar impactos positivos e “pode” contribuir para o desenvolvimento, no entanto não explicita como seriam os impactos nem cita de que forma poderia contribuir. No que se refere ao parecer do projeto n˚ 137775, o parecerista indica a instalação de caçambas de lixo e banheiros públicos nos locais dos eventos como impactos positivos, no entanto entende-se que tais são medidas sanitárias mínimas, além de medidas operacionais inerentes do projeto/evento. Quanto à contribuição para o desenvolvimento cultural, a justificativa apresentada no parecer é a realização das 17 apresentações sem descrever de que forma isso acarretaria no real desenvolvimento do segmento cultural.

Itens XII e XIII da IN n˚ 1/2013 “compatibilidade dos custos previstos com os preços praticados no mercado regional da produção, destacando-se o que se mostrar inadequado, com a justificação dos cortes efetuados, quando for o caso” e “relação custo/benefício do projeto no âmbito cultural, incluindo o impacto da utilização do mecanismo de incentivo fiscal na redução do preço final de produtos ou serviços culturais com público pagante, podendo a análise técnica propor redução nos preços solicitados”: O parecer do projeto n˚ 137775 não fundamenta como concluiu que o orçamento apresentado pela proponente seria compatível com o mercado. Não há planilhas ou estimativas que comprovem e fundamentem a conclusão do parecerista. Ressalta-se, ainda nesse escopo, que as rubricas das despesas não possuem detalhamento que forneçam análise de seus valores com

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os praticados pelo mercado.

Em razão das deficiências dos pareceres citados, destacamos o texto do § 1º do art. 40 da IN n˚ 1/2013:

§ 1º O parecer técnico será redigido de forma clara, concisa, tecnicamente coerente, devendo manifestar-se quanto à adequação das fases, dos preços a serem praticados e dos orçamentos do projeto, de acordo com as políticas do MinC, e será conclusivo, com recomendação de aprovação total, parcial ou indeferimento,

devidamente fundamentada. (grifo nosso)

Por sua vez, as análises dos projetos culturais de Pronac n˚ 131532 e 131410 são regidas pelo art. 36 da IN n˚ 1/2012, conforme a seguir:

Art. 36. O parecer técnico, a ser homologado pelo dirigente da unidade responsável pela análise do projeto cultural, abordará, no mínimo, os seguintes quesitos:

I - aferição da capacidade técnico-financeira do proponente para execução do projeto apresentado; II - suficiência das informações prestadas; III - enquadramento do projeto nos objetivos e fins da Lei nº 8.313, de 1991, e no Decreto nº 5.761, de 2006; IV - adequação entre o objeto a ser executado e os produtos resultantes, mediante indicadores para avaliação final do projeto; V - adequação das estratégias de ação aos objetivos, assinalando-se, claramente, no parecer, se as etapas previstas são necessárias ou suficientes à sua realização e se são compatíveis com os prazos e custos previstos; VI - adequação do projeto de medidas de acessibilidade e democratização de acesso ao público às características do projeto cultural. VII - contribuição para o alcance dos objetivos descritos no art. 1º da Lei 8.313, de 1991; VIII - repercussão local, regional, nacional e internacional do projeto, conforme o caso; IX - impactos e desdobramentos positivos ou negativos do projeto, seja no âmbito cultural, ambiental, econômico, social ou outro considerado relevante; X - contribuição para o desenvolvimento da área ou segmento cultural em que se insere o projeto cultural analisado; XI - compatibilidade dos custos previstos com os preços praticados no mercado regional da produção, destacando-se o que se mostrar inadequado, com a justificação dos cortes efetuados, quando for o caso; XII - relação custo/benefício do projeto no âmbito cultural, incluindo o impacto da utilização do mecanismo de incentivo fiscal na redução do preço final de produtos ou serviços culturais com público pagante, podendo a análise técnica propor redução nos preços solicitados;

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XIII - atendimento aos critérios e limites de custos estabelecidos pelo Ministério da Cultura; e XIV - quando se tratar de projetos que prevejam chamamento público, será examinada a impessoalidade dos editais.”

A seguir, transcrevem-se os pareceres técnicos emitidos para os projetos mencionados, bem como o posicionamento da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC, seguidos da analise do Controle Interno:

Nr Projeto Nome do Projeto 131410 SALVADOR DALI em SÃO PAULO , RIO DE JANEIRO e BRASILIA

“Parecer Técnico:

Esta proposta pretende realizar três exposições com 130 obras do artista plástico Salvador Dalí. A mostra se realizará em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech nasceu em 11 de maio de 1904, na cidade espanhola de Figueres, na Catalunha. Foi um dos mais importantes pintores e escultores surrealistas da Espanha. Morreu na cidade de Figueres, em 23 de janeiro de 1989. Seu trabalho chama atenção pela combinação de imagens bizarras, oníricas e pela excelência plástica. O objetivo deste projeto é colocar os visitantes da mostra em contato com formas de pensar e habitar o mundo para além dos consensos que o organizam. Promoverá o encontro entre diferentes públicos e a arte, estabelecerá um diálogo significativo, que terá como ponto de partida as experiências do artista. Contribuirá para a formação de pessoas mais criticas, encorajadas a ler e refletir sobre arte. O projeto cenográfico caberá a Felipe Tassara e a curadoria será de Marcelo Dantas. Local de realização: São Paulo (SP), Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ). Não há comercialização do Produto. Duração total de doze meses durante de 2013 a 2014. O projeto atende ao Art. 36 da IN nº 1, de 2012. I– Informamos que o proponente apresenta capacidade técnico-financeira para a execução do projeto. II – As informações prestadas para o cumprimento do objeto são pertinentes para a execução do objeto. III e VII- Enquadramento do projeto nos objetivos e fins da Lei nº 8.313, de 1991, atendendo ao Art.1º e seus incisos e no Decreto nº 5.761, de 2006. O projeto foi enquadrado na Alínea "d" do Art 18, Lei 8.313/91, em razão de se tratar de proposta de produção e montagem de Exposição de Artes, conforme apresentado. IV – O objeto proposto está adequado ao produto resultante tendo como indicadores para avaliação final do projeto, a fidelidade das informações prestadas pelo proponente conforme exigências da IN Nº 01/2012. V – Os prazos e custos previstos para a realização do objeto são suficientes e necessários para a realização em si. VI - Atende as devidas medidas de acessibilidade com local adequado a portadores de necessidades especiais. VIII – Apresenta repercussão local, regional e internacional visto que propõe a realização três exposições com 130 obras do artista plástico Salvador Dalí. A mostra se

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realizará em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O objetivo deste projeto é colocar os visitantes da mostra em contato com formas de pensar e habitar o mundo para além dos consensos que o organizam. O projeto cenográfico caberá a Felipe Tassara e a curadoria será de Marcelo Dantas. IX – Economicamente positivo pois poderá gerar emprego e aperfeiçoamento dos envolvidos no processo. X – Apresenta contribuição para o desenvolvimento da área em que se refere, na medida em que promoverá o encontro entre diferentes públicos e a arte, estabelecerá um diálogo significativo, que terá como ponto de partida as experiências do artista Salvador Dalí. Contribuirá para a formação de pessoas mais criticas, encorajadas a ler e refletir sobre arte. XI – As etapas previstas são necessárias a sua realização e são compatíveis com os prazos e custos previstos, esses estão de acordo com valores de mercado, conforme reza o Decreto 5761/06 em seu Art. 27, salvo alguns itens reajustados na planilha de custos. XII – O projeto possui valor solicitado de R$ 6.077.110,00 . A relação custo/benefício está compatível a natureza do objeto proposto na medida em que se apresenta. XIII – Atende aos critérios de custos estabelecidos pelo MinC. XIV – Não se aplica. PRESTAÇÃO DE CONTAS: Recomendamos ao proponente que para prestação de contas, deverá constar documento comprobatório da distribuição gratuita do produto cultural a beneficiários, que atendam às condições do MINC. OBS: O proponente deverá seguir o manual de uso das marcas do PRONAC em todas as peças de divulgação. NOTA: Ressaltamos que a analise técnica deteve-se nas informações disponibilizadas no projeto, sendo as mesmas de inteira responsabilidade do proponente.

Parecer da CNIC:

Aprovado, conforme parecer técnico.”

Nr Projeto Nome do Projeto

131532 FESTIVAL COM MUSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA

“Parecer Técnico:

Realização de seis apresentações de musica brasileira, sendo duas em São Paulo - SP, duas em Araraquara - SP e as duas últimas em Maceió - AL. Haverá comercialização de ingressos a preços populares. Período de execução previsto: junho a dezembro de 2013. ENQUADRAMENTO: O projeto não está sendo enquadrado no Art. 18 por não se tratar exclusivamente de música instrumental, considerando a participação, além da Orquestra Filarmônica de São Paulo e do Maestro Solielson Goethe, dos artistas populares especificados na resposta do proponente à diligência, quais sejam. Banda Eva, Luan Santana, Jorge e Matheus, Daniel, Gustavo Lima, Leonardo, Fernando e Sorocaba. PARECER TÉCNICO: O parecer técnico é favorável, considerando os seguintes itens: I) Trata-se de proponente pessoa jurídica de direito privado, com fins lucrativos, em

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atividade desde 1999, conforme CNPJ, tendo atividades culturais em sue objetivos sociais, sendo este o segundo projeto submetido ao MinC através da Lei Rouanet, ambos ainda em processo de análise, com total de R$ 11.036.110,00, para aprovação. O relatório de atividades culturais confirma a experiência do proponente em projetos culturais. Com base nas informações disponibilizadas, consideramos que o proponente demonstra possuir capacidade técnico-financeira para a execução do projeto. II) As informações fornecidas pelo proponente são adequadas para o entendimento do projeto e a consequente realização da análise técnica. O proponente foi diligenciado em 07/03/2013 e em 17/03/2013, para esclarecimentos adicionais, tendo encaminhado resposta em 14/03/2013 e em 26/03/2013, respectivamente. III) O projeto se enquadra nos objetivos e fins da Lei nº 8.313, de 1991, e no Decreto nº 5.761, de 2006; IV) Consideramos adequada a relação entre o objeto e os produtos culturais resultantes do projeto, que fornecem subsídios suficientes quanto às metas a serem atingidas quando de sua realização. V) As etapas previstas para a realização do projeto estão claramente descritas, sendo necessárias e suficientes à realização do projeto, estando compatíveis com os prazos e custos previstos, demonstrando a adequação das estratégias de ação aos objetivos do projeto. VI) Consta do projeto que os espaços onde serão realizadas as apresentações, estão aptos a receber os portadores de necessidades especiais, como rampas de acesso e corrimão. Será implantado nos dias dos eventos, um sistema de monitoria para facilitar o acesso ao local do evento. Os ingressos serão comercializados a preços populares, de R$ 20,00 o preço normal e R$10,00 o preço promocional, com receita total prevista de R$130.000,00. Serão distribuídos 8.000 ingressos gratuitos para escolas públicas, escolas de música e idosos. Entendemos, dessa forma, que o projeto atende aos requerimentos de Acessibilidade e de Democratização de Acesso conforme estabelecido na I. N. nº 1 de 09/02/2012. VII) O projeto contribui para o alcance dos objetivos preconizados no Art. 1º da Lei 8.313 de 23/12/1991. VIII) O projeto terá repercussão a nível regional. IX) A realização do projeto terá impactos e desdobramentos positivos nos âmbitos cultural e social. X) O projeto contribui para o desenvolvimento da área /segmento cultural na qual se insere. XI) A menos de algumas alterações sugeridas na planilha, o orçamento apresentado é compatível com os preços praticados no mercado regional da produção. XII) O custo previsto para o projeto é adequado aos objetivos culturais a serem alcançados, sendo a utilização do mecanismo de incentivo fiscal fundamental para a sua realização. XIII) Os custos apresentados se enquadram dentro dos limites estabelecidos pelo Ministério da Cultura. XIV) Não se aplica ao presente projeto o disposto no quesito XIV do Art. 36 da I. N. Nº 1 de 09/02/2012. OBSERVAÇÕES ADICIONAIS: 1 - Enfatizamos que é obrigação do proponente a

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observância integral ao disposto no parágrafo 3º do Art. 18 da Lei 8.313/91 quanto às atividades realizadas no projeto, sendo de sua total responsabilidade todo e qualquer desvio ao disposto nesse texto legal. 2 - O proponente deverá apresentar na prestação de contas do projeto uma cópia das publicações na mídia impressa, evidenciando o atendimento ao descrito no item Democratização de Acesso. Essas informações deverão também constar do material de divulgação dos eventos (cartazes, folders, etc.) a ser também apresentado na prestação de contas. Além disso, o proponente deverá também apresentar na prestação de contas do projeto a documentação de aceite das entidades contempladas com a distribuição gratuita dos ingressos, conforme estabelecido no Item Democratização de Acesso. 3 - Informamos que, para a prestação de contas, o proponente deverá apresentar registro fotográfico e clipping impresso, comprovando as atividades culturais executadas. 4 - É obrigação do proponente a obtenção de todas as autorizações dos órgãos competentes para a realização das atividades do projeto, sendo essa condição fundamental para a realização de tais eventos. 5 - Com relação ao material de divulgação do projeto, o proponente deverá cumprir o determinado pelo Art. 6º, incisos III e § 1º do inciso VI da I.N. nº 01 de 09/02/2012. 6 - O proponente executará a atividade de Produtor Executivo, com remuneração total de R$48.000,00, conforme readequação sugerida na planilha orçamentária, dentro do limite previsto no Art. 20 da I. N. nº 1 de 09/02/2012. 7 – Em sua resposta à diligência, o proponente esclarece que os locais de realização das apresentações ainda não foram definidos e que as apresentações serão ao ar livre. O proponente se compromete a encaminhar ofício ao MinC informando os locais, assim que os mesmos estejam definidos. 8 - A liberação do item passagens aéreas é unicamente para a aquisição de bilhetes em classe econômica, devendo o proponente apresentar na prestação de contas do projeto a devida comprovação, incluindo cópia do bilhete utilizado com a identificação do(s) beneficiário(s), especificando a correspondente participação no projeto. Vedada a utilização do item para acompanhantes, patrocinadores, jornalistas, formadores de opinião e / ou similares. 9 - A liberação do item Hospedagem considera acomodação em apartamento do tipo standard e é unicamente para utilização no caso de artistas e equipe técnica do projeto, quando fora do local de residência dos mesmos. O proponente deverá apresentar, na prestação de contas do projeto, a devida comprovação, com a identificação do(s) beneficiário(s), especificando a correspondente participação no projeto. Vedada a utilização do item para acompanhantes, patrocinadores, jornalistas, formadores de opinião e / ou similares. NOTA: Ressaltamos que a análise técnica deteve-se nas informações disponibilizadas no projeto, sendo as mesmas de inteira responsabilidade do proponente.

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Parecer da CNIC:

Aprovar comforme parecer técnico no ART. 26. Reunião da CNIC - 216ª Parecer emitido em 30/10/2013 Em atendimento ao despacho constante à fl. 42 de 18/10/2013, para análise do pedido de Recurso relativo ao reenquadramento do projeto no ART. 18 da Lei 8.313/91, fl. 41. Para tanto informamos ainda que o processo chegou à FUNARTE em 22/10/2012 para análise técnica: Histórico do Projeto: (*) 1º Parecer Técnico: valor total aprovado R$4.449.600,00 (fl.09); Valor captado conforme: R$0,00. Publicação no D.O.U. fl. 40 em 04/09/2013. Conforme fl. 41, o proponente solicita recurso de reenquadramento do projeto para o Art. 18. No momento do primeiro parecer, o parecerista que analisou o projeto o enquadrou no Art. 26, uma vez que além da Orquestra Filarmônica de São Paulo e do Maestro Solielson Goethe, haverá a participação de artistas populares, especificados em resposta à diligência, sendo eles: Banda Eva, Luan Santana, Jorge e Matheus, Daniel, entre outros. Em recurso, o proponente informa que os artistas convidados cantarão suas músicas, junto a Orquestra citada, adaptando-as à música instrumental erudita. Para tanto, informamos ao proponente que tais cantores são não utilizam suas vozes de forma erudita, à saber como os cantos corais ou como os líricos em Óperas diversas, independente do repertório. "(...) Segundo o Dicionário Grove de Música, música erudita é música que é fruto da erudição e não das práticas folclóricas e populares. O termo é aplicado a toda uma variedade de músicas de diferentes culturas, e que é usado para indicar qualquer música que não pertença às tradições folclóricas ou populares. (...) Oposto aos termos música popular, música folclórica ou música oriental, o termo "música clássica" abrange uma série de estilos musicais, desde intricadas técnicas composicionais (como a fuga) até simples entretenimento (operetas)" (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_cl%C3%A1ssica). Porém, os cantores mencionados, conhecidamente não utilizam a forma cantada erudita. Após a análise técnica, consideramos que recurso e as justificativas apresentadas pelo proponente não são plausíveis. CONCLUSÃO: Mediante ao acima exposto, o parecer é pelo indeferimento do pleito. NOTA: Ressaltamos que a análise técnica deteve-se nas informações disponibilizadas no projeto sendo as mesmas de inteira responsabilidade do proponente. Decisão da 216° reunião da CNIC " Acompanho o parecer técnico, mantendo o enquadramento do projeto no art. 26, indeferindo portanto, o pleito do proponente."

Tendo como base as informações acima transcritas, destacam-se as seguintes contradições entre as informações assinaladas, as exigências da IN n˚ 1/2012 e os pareceres emitidos para os projetos n˚ 131410 e 131532:

Item I da IN n˚ 1/2012 “Aferição da capacidade técnico-financeira do proponente para execução do projeto apresentado”: O Parecer do projeto n˚ 131410 se eximiu de

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apresentar qualquer justificativa e apenas afirmou que a proponente possui capacidade técnico-financeira. Por sua vez, o parecer do projeto n˚ 131532 justificou a capacidade técnica financeira da proponente com base no relatório de atividades culturais que, aparentemente, teria como escopo confirmar a experiência do proponente em projetos culturais. No entanto, conforme já tratado neste expediente, constatou-se a não veracidade das informações prestadas e, destaca-se que tal constatação estava ao alcance da análise de admissibilidade, pois os documentos constam nos anexos do Salic.

Item II da IN n˚ 1/2012 “Suficiência das informações prestadas”: Tendo em vista as constatações disponibilizadas neste expediente, evidencia-se a insuficiência das informações prestadas pelo proponente, especialmente no que diz respeito a elementos comprobatórios.

Item V da IN n˚ 1/2012 “Adequação das estratégias de ação aos objetivos, assinalando-se, claramente, no parecer, se as etapas previstas são necessárias ou suficientes à sua realização e se são compatíveis com os prazos e custos previstos”: No que tange à análise de adequação das estratégias de ação aos objetivos, os dois pareceres são genéricos ao aprovar e concordar sem citar nenhuma etapa prevista e nem apresentar dados de compatibilidade dos prazos e custos.

Itens IX e X da IN n˚ 1/2012 “Impactos e desdobramentos positivos ou negativos do projeto, seja no âmbito cultural, ambiental, econômico, social ou outro considerado relevante” e “Contribuição para o desenvolvimento da área ou segmento cultural em que se insere o projeto cultural analisado”: O parecer do projeto n˚ 131410 indica os empregos gerados como impacto econômico. No entanto, não houve pronunciamento sobre os demais aspectos, como “âmbito cultura e social”. De forma mais genérica e subjetiva o parecer do projeto n˚ 131532 não cita nenhuma ação específica que poderia subsidiar a afirmação de que o projeto terá impactos positivos e contribuirá para o desenvolvimento.

Itens XI e XII da IN n˚ 1/2012 “Compatibilidade dos custos previstos com os preços praticados no mercado regional da produção, destacando-se o que se mostrar inadequado, com a justificação dos cortes efetuados, quando for o caso” e “Relação custo/benefício do projeto no âmbito cultural, incluindo o impacto da utilização do mecanismo de incentivo fiscal na redução do preço final de produtos ou serviços culturais com público pagante, podendo a análise técnica propor redução nos preços solicitados”: Os pareceres não fundamentam como concluíram que o orçamento apresentado pela proponente seria compatível com o mercado. Não há planilhas ou estimativas que comprovem e fundamentem a conclusão do parecerista. Ressalta-se, ainda nesse escopo, que as rubricas das despesas não possuem detalhamento que forneçam análise de seus valores com os praticados pelo mercado.

#/Fato:##

Causa:

Imperícia do agente competente, quando da elaboração de parecer técnico, levando-se como parâmetro os mínimos itens exigidos, descritos em Instrução Normativa, de obrigatória abordagem.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Ofício nº 011/2014/GAB/SEFIC/MINC, de 05/02/2014, a SEFIC apresentou a seguinte manifestação:

“Durante a análise técnica, as planilhas orçamentárias são analisadas pelos peritos

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pareceristas de acordo com os valores de mercado e com base na tabela dos Indicadores dos Preços da Cultura, da Fundação Getúlio Vargas - FGV, publicada em 2012, disponível para consulta da sociedade no site do Ministério da Cultura.

A Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura - SEFIC orienta as unidades de análise a observar de forma criteriosa a confecção dos pareceres a serem emitidos, conforme disposto no art. 40 da Instrução Normativa n° 1/2013. Nesse sentido, antes da inclusão dos projetos na pauta da CNIC, os pareceres técnicos são conferidos por esta Secretaria em termos da abordagem da totalidade dos itens, sendo os projetos restituídos para revisão caso não a contemple.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno:

Entende-se que a aprovação de um projeto cultural assume a natureza de um ato administrativo composto e as instâncias decisórias estão no âmbito da SEFIC. O encaminhamento para análise técnica só ocorre com os projetos que são autorizados pela SEFIC na etapa de admissão e a decisão pela aceitação ou não do parecer também é de competência da Secretaria, quando decide pelo encaminhamento ou não do projeto para avaliação da CNIC.

A natureza da atividade da CNIC é opinativa. A SEFIC que possui delegação de competência para decidir pela aprovação.

Art. 41. O projeto cultural devidamente instruído e com parecer técnico, após anuência do MinC, será encaminhado à CNIC, para análise e parecer na forma de seu regimento interno.

Parágrafo único. O encaminhamento à CNIC independe da recomendação técnica ser de aprovação total, parcial ou de indeferimento, exceto, neste último caso, se a recomendação de indeferimento estiver fundamentada em súmula administrativa da CNIC, aprovada na forma de seu regimento. (grifo nosso)

Alias sobre essa questão, é importante enfatizar a configuração administrativa utilizada para operacionalizar o mecanismo de Incentivo a Projetos, da Lei Rouanet. O sistema foi definido tendo a SEFIC como espécie de autoridade decisória sobre a aprovação e acompanhamento e avaliação da execução. Por sua vez, o papel das vinculadas seria de caráter acessório, em que se posicionam sobre temáticas no âmbito de suas competências e finalidades que porventura estejam sendo tangenciadas nos projetos que pleiteiam o benefício do mecanismo do PRONAC.

Assim, certamente a orientação às unidades vinculadas é relevante. No entanto, é preciso aplicar os mecanismos de controle inerentes às instâncias decisórias da Secretaria, ou seja, questionar o correto e coeso atendimento para a admissão e avaliar a qualidade técnica dos pareceres.

Sobre esse tema, esta Controladoria já havia apontado no Relatório n˚ 201305607, de 26/7/2013, a Constatação 2.2.1.4: “Insuficiência na qualidade dos pareceres técnicos que subsidiaram a aprovação de projetos para captação de recursos mediante o Incentivo Fiscal”, cuja análise resultou na seguinte recomendação:

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“Considerando as competências instituídas pelo art. 22, do Decreto nº 7.743/2012, previamente ao encaminhamento de projeto para opinião da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura e de pronunciamento pela decisão pela aprovação de projetos culturais, avaliar a qualidade dos pareceres técnicos que versam sobre os referidos projetos e, consequentemente, não dar prosseguimento para aprovação de processos cujos pareceres carecem de fundamentação, consoante o art. 36, da Instrução Normativa nº 1/2012 e atualizações, até a retificação da análise.”

Quanto aos custos, questiona-se como se deu a realização dos trabalhos dos peritos, uma vez que nem mesmo a planilha orçamentária possui detalhamento que permita aferição de adequação dos custos.

Com relação ao caso específico em questionamento, qual teria sido, então, considerando a manifestação da Unidade, o parâmetro para ao qual o perito se embasou para estabelecer conclusão sobre o valor dos cachês, inclusive do Maestro, se ele não possuía ciência do projeto que o englobava.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendação 01:

Apurar os fato e as responsabilidades pela produção e aprovação de parecer técnico dos projetos de Pronac 137630, 137775, 131410 e 131532 sem a aferição adequada da capacidade técnica da proponente , adotando, se for o caso, as medidas de ressarcimento ao Erário e as penalidades cabíveis.

1.1.1.5 CONSTATAÇÃO

Aprovação de projetos culturais sem análise técnica suficiente do orçamento físico financeiro.

Fato:

Em análise às Planilhas Orçamentárias dos projetos n˚ 131410, 131532, 137775 e 137630 – propostos pela empresa Rannavi - constataram-se a ausência de detalhamento dos custos, que permita inferir sobre a adequação dos preços propostos pela empresa e os preços praticados pelo mercado; a existência de itens que geram custos desnecessários, por estarem relacionados a atividades inerentes a existência da empresa; e a indicação de custos relacionados a prestação de serviços sem a respectiva comprovação de que os custos estão compatíveis com os valores de mercado.

Ao tratar da ausência de detalhamento dos custos, é importante ressaltar que a Lei Rouanet (Lei n˚ 8.313/1991) estabelece a permissão de renúncias tributárias e que, portanto, os recursos captados para promoverem os projetos analisados pela SEFIC são de origem pública e estes se submetem aos princípios da eficiência e economicidade.

A tabela abaixo resume alguns itens das planilhas que foram aprovadas e que não possuem detalhamento mínimo que permita a comparação dos preços propostos aos preços praticados pelo mercado. A mera indicação do item “Material de escritório”, por exemplo, não faz saber quais itens de escritório (papel, pasta, grampeador, tonner de impressora...) seriam adquiridos com as respectivas quantidades e, então, a análise de custos fica impedida.

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Item Orçamentário Valor Solicitado Valor Sugerido N˚ do projeto Passagens aéreas 151.800,00 110.000,00 131532

Cenografia/material confecção

36.000,00 36.000,00 131532

Materiais e equipamentos para montagem

21.000,00 21.000,00 131532

Aluguel de instrumentos 85.000,00 85.000,00 137775 Material de escritório 12.000,00 12.000,00 137775

Passagens Aéreas 229.590,20 91.000,00 137775 Passagens Aéreas 312.228,00 153.114,00 137775 Passagens Aéreas 165.356,79 165.355,39 137775 Passagens Aéreas 138.180,00 138.180,00 137775 Passagens Aéreas 136.799,60 136.798,20 137775 Passagens Aéreas 178.796,79 178.795,39 13775 Aluguel de ônibus 28.000,00 28.000,00 137630

Material de escritório 16.000,00 8.000,00 137630 Combustível 22.500,00 13.500,00 137630 Combustível 6.000,00 6.000,00 131410

Aluguel de Caminhões 540.000,00 360.000,00 131410 Materiais e equipamentos

para montagem 78.000,00 78.000,00 131410

Os processos n˚ 01400.019765/2013-04 (Projeto n˚ 137775), 01400.019528/2013-35 (Projeto n˚ 1137630), 01400.004208/2013-81 (Projeto n˚ 131410) e 01400.004414/2013-91(Projeto n˚ 131532) não dispõem das diligências, feitas aos proponentes, que questionam os itens e tampouco dos esclarecimentos prestados para justificar a aquisição de itens sem detalhamento.

A ausência de detalhamento dos itens orçamentários afasta a possibilidade de comparação dos itens com os preços de mercado, no entanto, os pareceristas conseguiram aprovar alguns itens e até reajustar alguns valores. Para esta Unidade de Controle não ficou claro e suficiente os parâmetros que foram utilizados na análise realizada.

Como exemplo da impossibilidade de avaliação, cita-se a aprovação de R$ 866.243,00 em passagens aéreas para o Projeto n˚ 137775. A empresa proponente solicitou R$ 1.160.951,40 para a compra das passagens, e o fez sem indicar os trechos nem a quantidade de passageiros. Ocorre que o parecerista entendeu coerente aprovar a quantia e, ainda, conseguiu reajustar alguns valores com a seguinte justificativa: “Adequação aos valores de mercado”, mas não demonstrou de que forma esse cálculo do reajuste ocorreu.

No que se refere à existência de itens que estão relacionados a atividades inerentes a existência da empresa, destaca-se a seguinte tabela, que exemplifica alguns itens que estão na planilha orçamentária para serem custeados com recursos públicos e a respectiva análise do Controle Interno.

Item Orçamentário Valor sugerido Análise do Controle Interno

Assessoria Jurídica (Contratos Inclusive) R$ 20.000,00 Custo de responsabilidade da empresa proponente e não deve ser custeado com recursos públicos.

Contador R$ 12.600,00

Tendo em vista que toda empresa deve contar come este serviço para elaboração dos balanços, diário e etc. No caso, trata-se de custear itens inerentes à existência da proponente.

Secretária (para prestação de contas) R$ 42.000,00 A prestação de contas é de responsabilidade da empresa proponente e não via financiamento estatal.

Elaboração de prestação de contas R$ 15.000,00

A elaboração de prestação de contas é de responsabilidade do proponente e não via financiamento Estatal. Ademais, já há a rubrica "contador".

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No que tange à indicação de custos relacionados à prestação de serviços sem a respectiva comprovação de que os custos estão compatíveis com os valores de mercado, observou-se que não há elementos suficientes, nas planilhas orçamentárias, que esclareçam os parâmetros nos quais se pautou a remuneração indicada, como por exemplo, para recepcionistas, bombeiros, eletricistas e outros.

Por fim, não há comprovação de que as análises de custos tenham sido comparadas com os valores de mercado, por conta da falta de evidências e das imperícias citadas. Conclui-se, portanto, que o MinC aprovou projetos sem ter análise adequada com a exposição da metodologia que instruiu o perito para aprovar ou reajustar valores.

##/Fato:##

Causa:

Imperícia do agente competente, quando da aprovação de planilha orçamentária, levando-se como parâmetro a descrição do orçamento analítico, em Instrução Normativa, a modo de garantir máxima definição e descrição do item de despesa.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Ofício nº 011/2014/GAB/SEFIC/MINC, de 05/02/2014, a SEFIC apresentou a seguinte manifestação:

“Quanto aos apontados levantados neste Registro, informamos que o art. 32 da Instrução Normativa n° 01/2013 vigente não veda a previsão de despesas para itens relacionados às atividades inerentes à existência da empresa.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Dos fatos apontados, houve manifestação restrita ao aspecto de despesas com itens relacionados às atividades inerentes à existência da empresa. Sobre esse tema entende-se que, pelo fato de não estar taxativamente proibido no normativo editado pelo MinC para operacionalizar o apoio a projetos pelo PRONAC, significa que estaria, em tese, apto a ser incorporado como despesa a ser custeada com recursos públicos.

Nesse eixo, adentrado na singularidade de cada item orçamentário, levando-se em conta, por exemplo, a “Elaboração de prestação de contas”, preliminarmente, há a expectativa de que essa elaboração seja de competência da própria proponente, pois é inerente a seu papel de beneficiário dos recursos financeiros. Além do que, como citado, presume-se, através da rubrica “contador” para o projeto, que este abarque em seus registros e serviço de contabilidade, alegados pela Unidade, os itens que subsidiarão a posterior prestação.

Deve-se, ainda, considerar que se trata de pessoa jurídica com fins lucrativos e que terá parte dos produtos culturais resultantes do projeto destinados à comercialização, dessa forma, questiona-se o fato de o poder público arcar, por meio de renúncia de receitas, com despesas de prestação de contas e contadores, que são típicas da pessoa jurídica com relação ao exercício de suas atividades.

No que se referem aos demais aspectos, reitera-se o posicionamento da constatação.

Recomendação 1:

Apurar os fatos e as responsabilidades pela produção e aprovação de parecer técnico

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dos projetos de Pronac 137630, 137775, 131410 e 131532 sem a e da compatibilidade dos custos previstos no projeto, adotando, se for o caso, as medidas de ressarcimento ao Erário e as penalidades cabíveis.

1.1.1.6 CONSTATAÇÃO

Aprovação de projetos sem detalhamento dos custos de captação.

Fato:

Mesmo com a possibilidade de haver remuneração para captação de recursos, conforme IN 01 de 2013- MinC, a liberação do montante não prescinde de detalhamento que o justifique:

Art. 22. As despesas referentes aos serviços de captação de recursos serão detalhadas na planilha de custos, destacadas dos demais itens orçamentários.

Parágrafo único. A captação de recursos será realizada por profissionais contratados para este fim ou pelo próprio proponente, cujo valor será limitado a cem mil reais ou a dez por cento do valor do projeto a captar, o que for menor, respeitada a regra do art. 24.

(...)

Art. 24. O proponente poderá ser remunerado com recursos decorrentes de renúncia fiscal, desde que preste serviço ao projeto, discriminado no orçamento analítico previsto no art. 12 desta Instrução Normativa.

Da análise das planilhas orçamentárias dos projetos n˚ 137775, 137630, 131532 e 131410, constatou-se que o MinC aprovou o valor máximo de captação de recursos para os quatro projetos, sendo que nenhum apresentou detalhamento específico para tal rubrica.

Número do projeto Item Orçamentário Valor solicitado Valor sugerido 137775 Remuneração para captação de recursos 100.000,00 100.000,00 137630 Remuneração para captação de recursos 100.000,00 100.000,00 131532 Remuneração para captação de recursos 100.000,00 100.000,00 131410 Remuneração para captação de recursos 100.000,00 100.000,00

Dessa forma, evidencia-se que o projeto não discriminou as despesas relativas à captação.

##/Fato:##

Causa:

Imperícia do agente competente, quando da análise do custo de captação no orçamento analítico, com fulcro na necessidade de especificação de qualquer elemento necessário para a realização de proposta cultural.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Ofício nº 011/2014/GAB/SEFIC/MINC, de 5/2/2014, a SEFIC apresentou a seguinte manifestação:

“Quando do preenchimento da proposta, o proponente dispõe de campo para justificar cada

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rubrica solicitada na Planilha Orçamentária. Tratando-se de margem discricionária do proponente, o valor proposto é avaliado segundo o orçamento do projeto.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno:

Conforme mencionado no texto desta Constatação, não houve detalhamento dos custos de captação e tão somente a previsão do mesmo e o valor atribuído.

Sendo assim, reitera-se o posicionamento, salientando, ainda, em complementação ao alegado que, assim como para o proponente, existe o campo “Justif.do Parecerista”, o qual se destina à transcrição de análise do perito no tocante às justificativas do deferimento dos valores, além de outros pontos que se fizerem pertinentes dependendo da natureza da despesa.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendação 01:

Elaborar estudo ou metodologia para determinar o limite máximo da planilha orçamentária que pode ser destinada a cobrir custos de captação.

Recomendação 02:

Disciplinar, quando da edição de Instrução Normativa, os meios de comprovação dos itens que vão compor a despesa total com a captação para o projeto, reavaliando, em especial, a rubrica “Remuneração para captação de recursos”.

1.1.1.7 CONSTATAÇÃO

Aprovação de projetos na ausência de parecer técnico fundamentado da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC.

Fato:

A Lei Rouanet instituiu a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC com o fito, dentre outros objetivos, de subsidiar, mediante parecer técnico fundamentado, as decisões do Ministério da Cultura quanto aos incentivos fiscais e ao enquadramento dos programas, projetos e ações culturais nas finalidades e objetivos previstos na Lei 8.313/91.

De acordo com o Regimento Interno da CNIC, aprovado pela Resolução nº 1/2013, compete a CNIC avaliar e emitir parecer sobre os projetos culturais, inclusive sob seus aspectos orçamentários, podendo tanto solicitar informações adicionais, diligenciando o proponente.

Para o cumprimento de seus objetivos, a CNIC possui estrutura organizacional colegiada, com o Plenário, sete grupos técnicos e uma coordenação administrativa. Os grupos técnicos tem função de assessoramento de membros da CNIC.

Comparando-se esses normativos com os trâmites dos projetos em apreço, não se constatou nos processos apreciados os pareceres técnicos fundamentados proferidos pela CNIC. Encontrou-se, apenas, situações, das quais se depreende-se que houve uma decisão individual de membro da CNIC para “acompanhar o parecer técnico consolidado” (Pronacs 137630, 137775 e 131532) e de “aprovado, conforme o parecer técnico”.

Dessa forma, nota-se a não produção de uma apreciação técnica fundamentada,

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conforme assinalado no art. 18, do Regimento Interno da Comissão:

Art. 18 A manifestação do membro relator será consubstanciada em parecer fundamentado, que deverá ser conclusivo pela aprovação, total ou parcial, ou rejeição do projeto cultural, apreciado os seguintes aspectos:

I - enquadramento do projeto em um dos segmentos relacionados no § 3º do art. 18, ou no art. 25, e em pelo menos um dos objetivos descritos no art. 3º da Lei nº 8.313, de 1991; II - exigência de contrapartidas voltadas para a acessibilidade compatíveis com as características do objeto, quando aplicável; III - exigência de contrapartidas voltadas para a democratização do acesso da sociedade aos produtos, bens e serviços resultantes do apoio recebido, quando aplicável; IV - definição das despesas de projetos que podem ser custeadas com o recurso captado com base no incentivo fiscal; V - adequação do orçamento apresentado aos valores de mercado; VI - viabilidade técnica e financeira da execução do projeto apresentado; VII - adequação da proposta ao Plano Anual do Pronac; e VIII - inocorrência de outras vedações legais. II - os recursos que lhe forem encaminhados pelo Ministro de Estado da Cultura; III - pedidos de aprovação ou revisão de súmula administrativa, formulados de acordo com o presente regimento; IV - as propostas de moções e outras manifestações previstas no Capítulo IV do Título II deste Regimento Interno; e V - projetos que, a critério do seu membro relator, mereçam ser levados ao Plenário, ainda que cabível apreciação monocrática.

Art. 12 Cabe aos membros citados nos incisos X a XVI do art. 4º apreciar monocraticamente, de acordo com suas respectivas áreas:

I - os projetos que se enquadrem em súmula administrativa da CNIC; II - Os projetos relativos aos respectivos grupos técnicos, desde que não enquadrados nas hipóteses do art. 11.

Esse fato é relevante, pois o relator deve se pronunciar tecnicamente, apresentando sua conclusão fundamentada, que se entende a ser submetida à decisão do Plenário, previamente à Reunião da Comissão. No entanto, a leitura dos processos não se faz possível revelar se tais projetos foram submetidos à apreciação pelo Plenário. ##/Fato:##

Causa:

Inobservância, quando da análise de projeto por relator, no âmbito da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC, de produção de parecer fundamentado, nos moldes descritos pelo Regimento Interno da comissão, a fim de subsidiar a decisão do Plenário. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Ofício nº 011/2014/GAB/SEFIC/MINC, de 5/2/2014, a SEFIC apresentou

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a seguinte manifestação:

“Por fim, esta Secretaria se compromete a encaminhar os apontamentos levantados nesta Auditoria à próxima Reunião da CNIC, a ocorrer entre os dias 11 e 13 de fevereiro de 2014, com vistas ao aperfeiçoamento das análises realizadas tanto pelos peritos pareceristas e unidades de análise, quanto pelos componentes da citada Comissão.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno:

O compromisso assinalado pela Unidade indica um aspecto positivo para futuras análises a serem realizadas. No entanto, não há manifestação sobre as medidas quanto aos casos concretos observados nos Pronacs 137630, 137775 e 131532.

Recomendação 01:

Apurar os fatos e as responsabilidades pela aprovação pela aprovação de projeto sem a produção de parecer técnico fundamentado da CNIC nos termos previstos no art. 18, do Regimento Interno da Comissão.

Recomendação 02:

Regulamentar o funcionamento da CNIC de forma que os projetos não sejam aprovados unicamente com pronunciamento individual de seus integrantes mas, sim, com prevalência de opinião colegiada.

1.1.1.8 CONSTATAÇÃO

Sistemática de admissão e aprovação de projeto sem a comprovação da capacidade técnica-operacional suficiente à execução do objeto dada a criação recente de empresa proponente.

Fato:

A análise visou identificar projetos aprovados cujos proponentes não apresentaram a comprovação da capacidade técnica e operacional necessária à execução do objeto. Para esse propósito, foram selecionados todos os projetos com prazo menor ou igual a 180 dias entre a data de abertura da empresa proponente (dados da Receita Federal) e a data de aprovação do projeto (dados fornecidos pelo MinC).

Para amostragem foi utilizado o critério de materialidade. A amostra contém os 100 projetos com maior valor aprovado, com valores no intervalo de R$412.921,80 a R$5.436.580,00, com média de R$1.259.837,29.

A necessidade de comprovação de capacidade técnica-operacional adequada ao objeto proposto está previsto na Intrução Normativa nº 01, de 24 de Junho de 2013, art.40:

Art. 40. O parecer técnico, a ser elaborado de acordo com os procedimentos descritos na Portaria MinC nº 83, de 8 de setembro de 2011, e homologado pelo titular da unidade competente para a análise do projeto cultural, ou por quem este delegar, abordará, no mínimo, os seguintes quesitos:

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I – aferição da capacidade técnica do proponente para execução do projeto apresentado;

Dado o curto prazo entre a abertura das empresas e a aprovação do projeto, a análise de comprovação de capacidade técnica e operacional foi centrada no currículo profissional dos sócios dirigentes das empresas citadas conforme prevê os artigos 8º e 11º da Instrução Normativa supracitada:

Art. 8º As propostas culturais serão apresentadas pelo Salic, disponível no portal do MinC na internet, juntamente com a documentação correspondente, em meio eletrônico. (...)

§ 3º No caso de pessoa jurídica, a inscrição será feita por seu representante legal e a comprovação da finalidade cultural do proponente dar-se-á por meio das informações contidas nos atos constitutivos, no contrato social, no estatuto, na ata ou em instrumento congênere e de elementos materiais comprobatórios de sua atuação na área cultural nos últimos dois anos.

Art. 11. No momento do cadastramento da proposta cultural, no campo correspondente do Salic, serão anexados os seguintes documentos em meio digital e prestadas as seguintes informações, relativas ao proponente e à sua proposta:

b) no caso de a proponente ter menos de dois anos de constituição ou não possuir ações de natureza cultural realizadas, anexar, no Salic, a versão atualizada do currículo ou portfólio comprovando as atividades culturais de seus dirigentes nos dois últimos anos;

A análise funda-se nos documentos anexados no SALIC, buscando replicar a atuação do parecerista técnico, e baseada na legislação. A legislação solicita que o proponente apresente a “versão atualizada do currículo ou portfólio comprovando as atividades culturais de seus dirigentes nos dois últimos anos”. Em outro artigo, reforça: “comprovação da finalidade cultural do proponente dar-se-á por meio das informações contidas nos atos constitutivos, no contrato social, no estatuto, na ata ou em instrumento congênere e de elementos materiais comprobatórios de sua atuação na área cultural nos últimos dois anos.”

Quando não anexado quaisquer elementos comprobatórios da informação prestada no currículo, a análise foi referenciada na busca de informações públicas divulgadas na Internet que pudessem ratificar a informação prestada pelo proponente.

Somente nos casos em que foi suscitada aparente inconformidade, foram utilizadas informações disponíveis em outras bases de dados, como RAIS e Receita Federal, para complementar as constatações levantadas.

Assim, a abordagem focou-se no fato de a proponente ter apresentado documentação necessária para comprovar a capacidade técnica-operacional suficiente à execução do objeto do projeto, dado seu tempo de criação. Como resultado, verificou-se:

Em valores absolutos

Não Sim Total Geral

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Total Geral 46 54 100

Em percentual

Não Sim Total Geral

Total Geral 46% 54% 100%

Os 100 projetos analisados foram submetidos por 81 empresas. Nesse universo, se destacam os projetos apresentados pela empresa de CNPJ 151.416.28/0001-84, do sócio responsável de CPF xxx.924.881-xx, que teve na amostra 4 projetos aprovados com valor total de R$2.473.526,00. A empresa foi criada em março de 2012 e os projetos aprovados em maio, junho e agosto do mesmo ano. O sócio da empresa proponente não apresentou documentação comprobatória de experiência no setor.

Ponto comum nos projetos analisados, que não conseguiram alcançar tal comprovação, é a falta de elementos para subsidiar e dar robustez às informações prestadas nos currículos dos dirigentes das proponentes. Nota-se apenas transcrição literal, sem uma comprovação material por meio de instrumentos que possam garantir a veracidade das informações ali prestadas.

Outro aspecto observado é a ausência de procuração ou anuência do artista ou grupo atuante no projeto, que comprove a vinculação entre o proponente e o artista. Muitos projetos apresentados são baseados unicamente no trabalho de um ou mais artistas de conhecimento público notório, como a gravação de CD e DVD, apresentação de shows, ou turnê de espetáculos de teatro e dança já conhecidos pelo público.

Sem o documento que vincule o artista ao proponente não é possível ao parecerista confirmar a capacidade do proponente de executar o projeto proposto, já que em última instância caberá ao artista ou ao detentor dos direitos de distribuição a decisão sobre a execução do projeto.

Segue abaixo quadro-resumo com o resultado das análises específicas dos projetos:

Nº PRONAC Constatação 135331 O objeto do projeto é a realização de um Festival Internacional de Música

Instrumental, denominado Brazil Instrumental Festival. A descrição do projeto lembra em muitos aspectos outro projeto realizado desde 2003, em várias cidades, denominado Brasil Instrumental (muda apenas a grafia da palavra “Brasil”). A entidade proponente apresenta currículo do sócio-administrador da empresa (50%) de CPF xxx.040.028-xx, como comprovante de capacidade técnica. O referido alega ter experiência de 2006 a 2011 de sócio e diretor da banda Opção 3, e apresenta imagens de shows, músicas e vídeos realizados pela banda. Não há evidências comprobatórias da atuação do referido sócio como produtor ou diretor do grupo. Não consta registro cadastral de sociedade do CPF xxx.040.028-xx prévio a 2012 em atividades culturais. O CPF xxx.040.028-xx foi sócio de empresa de microinformática em 2009, e atuou como Auxiliar de Escritório, Comprador e Analista Financeiro em diversas empresas de 2003 a 2012, como consta o seu currículo disponível online na rede social LinkedIn. Sua formação é Ciências Contábeis. Assim como CPF xxx.040.028-xx, o outro dirigente CPF xxx.045.518-xx

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Nº PRONAC Constatação não tem experiência na área cultural. Atua na área de tecnologia, sendo inclusive sócio de empresas do ramo.

124634 A entidade proponente apresenta o currículo do dirigente de CPF xxx.910.857-xx. Apesar de experiência de muitos anos na área, os comprovantes apresentados são apenas de suas participações como técnico de luz e som em alguns eventos, nenhum como produtor ou dirigente. No currículo consta ainda a aprovação e captação do PRONAC 1111518, que entrou em execução em Janeiro de 2012. Em consulta ao PRONAC verifica-se que o projeto, um livro de fotografias e textos literários da Mata Atlântica, teve valor aprovado de R$283.535,40, o qual captou integralmente, mas tem o status atual de “Proponente Inabilitado” por Inadimplência. Sendo assim, o proponente não apresentou comprovação técnica necessária para execução de projeto de R$2.385.120,00 envolvendo 18 apresentações musicais em 9 municípios brasileiros, divididos em 8 estados. O Não há comprovação de anuência dos poetas e músicos Jorge Vercillo, Jota Maranhão, Altay Veloso e Paulo César Feital, citados no projeto.

124126 O currículo apresentado afirma que a empresa foi criada em 2009 tendo executado diversos projetos desde então. O contrato social mostra que a empresa foi registrada na junta em 05/03/2012. É apresentado também o currículo do dirigente de CPF xxx.067.347-xx. Neste é citado ampla experiência como atriz, autora, produtora e diretora de televisão, cinema e teatro.

126439 O relatório de atividades culturais apresentado pelo proponente não têm qualquer informação relevante. Menciona brevemente que o dirigente da ME proponente, CPF xxx.934.448-xx, trabalhou na Warner Music em 2006. Em seguida é apresentado um amplo currículo da dupla sertaneja Erick & Leo, sem qualquer menção a vinculação existente entre Willis Bastos, o dirigente, e a dupla sertaneja citada no documento. Não há outras informações no documento. No currículo do proponente é apresentado o currículo do Michel Bastos, cantor, que é a peça principal do projeto apresentado. Não foi possível averiguar o vínculo parentesco entre o cantor Michel Bastos e o dirigente de CPF xxx.934.448-xx. No entanto, é importante ressaltar o que a legislação prevê:

b) no caso de a proponente ter menos de dois anos de constituição ou não possuir ações de natureza cultural realizadas, anexar, no Salic, a versão atualizada do currículo ou portfólio comprovando as atividades culturais de seus dirigentes nos dois últimos anos;

Independente do vínculo de parentesco, a falta de comprovação da experiência da empresa ou do seu dirigente aponta para irregularidade na aprovação do PRONAC.

124971 O currículo do proponente afirma que a empresa teve sua constituição formal em 2012, porém, seus sócios tem ampla vivência na produção de eventos artísticos e culturais. É relatado o agenciamento e vendas de shows, co-produção de CDs e realização de eventos concentrados em 2011 e 2012. Não há documentos

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Nº PRONAC Constatação comprobatórios de nenhuma das experiências relatadas. O projeto prevê a realização de 05 apresentações da Orquestra Sinfônica de Goiânia. Não há no currículo ou qualquer outro documento anexo comprovação da vinculação entre a Orquestra e a empresa, ou da anuência da Orquestra quanto à execução deste projeto.

130088 Na data de aprovação do projeto, 01/02/2013, não havia documento atestando a capacidade técnica do proponente. O documento intitulado “Proposta Educativa” apresenta em linhas gerais a proposta do projeto junto a um resumo do currículo do educador Antônio Maria Reis, coordenador do projeto proposto. O mesmo exerceu o cargo de Secretário Municipal de Educação e Membro do Conselho do Patrimônio Histórico Municipal em Congonhas – MG. No entanto, não é dirigente da empresa proponente. Em 10/11/2013 consta o relatório de atividades culturais da empresa proponente. Nesse há atividades que datam do final de 2012, e 2013, incluindo o projeto a execução do projeto aprovado por esse PRONAC. Não há, portanto, comprovação de experiência nos últimos 2 anos prévios a aprovação do projeto.

1210121 A empresa foi criada em 08/11/2012 e teve o projeto aprovado já em 01/02/2013. No portfólio consta o trabalho com fotos e vídeos para eventos em 2012 e 2013. O currículo de ambos os dirigentes, CPF xxx.273.127-xx e xxx.229.967-xx, relata experiências em fotografia, edição de imagens e vídeos. A síntese do projeto o descreve como realização da montagem do musical Rapsódia, com um total de 68 apresentações, no Rio de Janeiro e em outras cidades. A experiência de 3 meses da empresa e currículo dos dirigentes, que não inclui experiências em produção ou direção de teatro e/ou musicais, não é suficiente para comprovar a capacidade técnica do proponente.

122649 O proponente, CPF xxx.924.881-xx, tem carreira paralela como vendedor como mostra seu currículo disponível online e informações na RAIS. No currículo do proponente afirma que participou de vários projetos culturais, não tendo evidências suficientes para comprovação. No currículo técnico do cantor Lafaiete (objeto do projeto é a produção de CD/DVD) consta o CPF xxx.924.881-xx como coordenador geral.

133835 Não há evidências que atestem capacidade técnica do proponente. O currículo apresentado (sem nome, supõe-se do dirigente de CPF xxx.860.368-xx) aponta participação em diversas peças, sem mencionar o cargo e a função exercidas. O dirigente fez cursos na área de teatro e dublagem.

120953 Conta anuência da autora e diretora da peça autorizando o CPF xxx.100.238-xx a captação de recursos para sua peça. No entanto, o currículo do proponente apresenta atuações da BBR produções em produção executiva e direção de produção desde 2007, tendo a empresa sido fundada em 25/11/2011. Não há outras empresas registradas no nome do dirigente. Não há evidências de experiência anterior.

129569 Empresa criada em 11/06/2012, teve primeiro projeto aprovado em 06/12/2012. A dirigente da entidade proponente apresenta currículo como comprovação de capacidade técnica do proponente. O currículo afirma que a dirigente é produtora cultural formada em

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Nº PRONAC Constatação marketing pela Universidade Metodista de São Paulo (não comprovado – consta curso trancado no censo de 2012). Afirma também que atuou no Ministério da Cultura (não comprovado em busca de base de dados local) e tem ampla experiência em Leis de Incentivo à Cultura. Lista projetos desenvolvidos de 2008 a 2012, pela empresa Lucultural, sem evidência comprobatória. Nesse mesmo período, a dirigente da empresa proponente atuou em oito diferentes empresas com os cargos de Assistente Administrativo, Auxiliar de Escritório e Auxiliar de Protése Dentária.

137328 A entidade proponente apresenta currículo do CPF xxx.040.028-xx, sócio-administrador da empresa (50%), como comprovante de capacidade técnica. O referido alega ter experiência de 2006 a 2011 de sócio e diretor da banda Opção 3, e apresenta imagens de shows, músicas e vídeos realizados pela banda. Não há evidências comprobatórias da atuação de Jonathas como produtor ou diretor do grupo. Não consta registro cadastral de sociedade do CPF xxx.040.028-xx prévio a 2012 em atividades culturais. O CPF xxx.040.028-xx foi sócio de empresa de microinformática em 2009, e atuou como Auxiliar de Escritório, Comprador e Analista Financeiro em diversas empresas de 2003 a 2012, como consta o seu currículo disponível online na rede social LinkedIn. Sua formação é Ciências Contábeis. Assim como CPF xxx.040.028-xx, o outro dirigente de CPF xxx.045.518-xx não tem experiência na área cultural. Atua na área de tecnologia, sendo inclusive sócio de empresas do ramo.

124581 A entidade proponente apresenta o currículo do CPF xxx.910.857-xx. Apesar de experiência de muitos anos na área, os comprovantes apresentados são apenas de suas participações como técnico de luz e som em alguns eventos, nenhum como produtor ou dirigente. No currículo consta ainda a aprovação e captação do PRONAC 1111518, que entrou em execução em Janeiro de 2012. Em consulta ao PRONAC verifica-se que o projeto, um livro de fotografias e textos literários da Mata Atlântica, teve valor aprovado de R$283.535,40, o qual captou integralmente, mas tem o status atual de “Proponente Inabilitado” por Inadimplência. Sendo assim, o proponente não apresentou comprovação técnica necessária para execução de projeto de R$2.385.120,00 envolvendo 18 apresentações musicais em 9 municípios brasileiros, divididos em 8 estados. Não há comprovação de anuência dos poetas e músicos Jorge Vercillo, Jota Maranhão, Altay Veloso e Paulo César Feital, citados no projeto.

122029 e 121843 O proponente, CPF xxx.924.881-xx, tem carreira paralela como vendedor como mostra seu currículo disponível online e informações na RAIS. No currículo do proponente afirma que participou de vários projetos culturais, não tendo evidências suficientes para comprovação. No currículo técnico do cantor Lafaiete (objeto do projeto é a produção de CD/DVD) consta o CPF xxx.924.881-xx como coordenador geral.

138212 Cantor criou empresa para produzir seu CD e financiar sua turnê nacional. Não apresenta comprovantes de que atuou na área de produção de shows ou CD musicais. Cita que foi produtor do festival "Vem dançar o mestiço" sem apresentar documentação comprobatória.

120695 A responsável pela entidade proponente é membro de uma banda. Foi criada empresa para produzir shows da banda. Apresenta currículo da

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Nº PRONAC Constatação responsável com formação acadêmica e listagem de participação em atividades culturais, sem documentação comprobatória

126839 A responsável pela entidade proponente é uma jovem atriz e modelo, apresenta como comprovação de experiência em atividades artísticas reportagem sobre sua participação em telenovelas e participação em eventos de moda. Não apresenta comprovação de experiência em produção e montagem de espetáculos.

128781 Relatório de atividades culturais não apresenta elementos comprobatórios da participação da entidade proponente nas atividades culturais listadas.

127283 Confusão quanto ao real objeto da proposta. Mistura apresentações musicais com futebol. Curriculum do Sócio insuficiente como documento hábil para comprovar capacidade técnica de proponente já que esta tem menos de 2 anos de criação. Relatório de atuação não vincula a proponente aos eventos realizados.

135557 Relatório de atividades culturais insuficiente no sentido de comprovação de capacidade técnica. Não há portfólio de dirigentes exigido para empresa com menos de 02 anos.

126395 Relatório de atividades culturais insuficiente no sentido de comprovação de capacidade técnica. Não há portfólio de dirigentes exigido para empresa com menos de 02 anos.

121581 Curriculum de dirigente sem indícios comprobatórios de capacidade técnica.

131429 O curriculum é uma mera descrição das realizações do proponente/dirigente, sendo que na fase de análise, este deve ser comprovado para atestar a capacidade técnica.

129595 Relatório de atividades culturais insuficiente no sentido de comprovação de capacidade técnica. Não há portfólio de dirigentes exigido para empresa com menos de 02 anos.

1210081 Curriculum de proponente carente de comprovações sobre capacidade técnica. Relatório de atividades focado apenas na dupla sertaneja que será objeto da gravação do DVD

123594 Curriculum de dirigente sem indícios comprobatórios de capacidade técnica.

129207 Informações sem elementos que subsidiem sua comprovação no curriculum do Dirigente.

137842 Curriculum apenas descritivo, sem elementos comprobatórios. 133686 Informações prestadas no Curriculum carecem de elementos

comprobatórios. 128752 Apresenta desenvolvimento de atividades culturais, mas não para projeto

deste montante. 138027 Não comprovou atuação na área cultural. 127862 Não comprova atividades culturais. 129357 Não comprova atividades culturais. O principal sócio, segundo a RAIS

ocupou o cargo de técnico helpdesk na Sociedade Mineira de Cultura, não revelando, assim, desempenho de atividades culturais.

129335 Não comprova atividades culturais. 129062 Não comprova atividades culturais. 124225 Não comprova atividades culturais. 126475 Não comprova atividades culturais. Os registros apontam os sócios como

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Nº PRONAC Constatação vendedor do comércio varejista e editor.

125642 Não comprova efetivamente atuação na área cultural. Os registros da RAIS apontam para o único dono da empresa como vendedor de comercio varejista.

129786 O currículo apresentado parece se tratar de pessoa que não o dirigente. O dirigente figura como gerente publico no municípios de pinhais/PR tendo trabalhando anteriormente como gerente de recursos humanos de empresa de cerâmica.

137767 O endereço da empresa corresponde ao endereço dos sócios, os quais são irmãos, o que compromete a capacidade técnica-financeira ao vulto do projeto.

128105 O portfólio não comprova as atividades culturais de seus dirigentes. 137928 O portfolio não deixa claro a atuação na area cultural ou se realização de

eventos. Na base do CNPJ não consta atividades na área cultural. 136959 Não comprova atividades culturais.

Os resultados encontrados apontam para um alto índice, 46%, de projetos aprovados com proponentes que não comprovaram com suficiência capacidade técnica-operacional para realização do projeto proposto.

##/Fato:##

Causa:

Imperícia do agente competente, quando da análise da proposta e sua respectiva confrontação com as exigências normativas, no tocante à aferição da capacidade técnica-operacional do proponente para execução do projeto apresentado.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Despacho nº 29/2014-CGAPI/DIC/SEFIC/MinC, de 21/2/2014, a Unidade Auditada apresentou a seguinte manifestação:

“Inicialmente, comunicamos que a comprovação da capacidade técnica-operacional do proponente é realizada pela Unidade Vinculada responsável pela análise técnica do projeto. Cabe destacar que tal análise se norteia no art. 40 da Instrução Normativa nº 01/2013:

“art. 40. O parecer técnico, a ser elaborado de acordo com os procedimentos descritos na Portaria MinC nº 83, de 8 de setembro de 2011, e homologado pelo titular da unidade competente para a análise do projeto cultural, ou por quem este delegar, abordará, no mínimo, os seguintes quesitos:

I – aferição da capacidade técnica do proponente para execução do projeto apresentado.

Ressaltamos que o currículo do dirigente e o relatório de atividades são documentos que indicam a atuação na área cultural contendo registros que informam a experiência do dirigente e da entidade em tal área, cabendo à Vinculada estabelecer se o proponente possui capacidade para realizar o projeto. “

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno:

Em resposta à Solicitação de Auditoria emitida por esta unidade, a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura – SEFIC informa que a “a capacidade técnica-operacional do

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proponente é realizada pela Unidade Vinculada responsável pela análise técnica do projeto”.

Conforme assinalado anteriormente neste Relatório, entende-se que a aprovação de um projeto cultural assume a natureza de um ato administrativo composto e as instâncias decisórias estão no âmbito da SEFIC. O encaminhamento para análise técnica só ocorre com os projetos que são autorizados pela SEFIC na etapa de admissão e a decisão pela aceitação ou não do parecer também é de competência da Secretaria, quando decide pelo encaminhamento ou não do projeto para avaliação da CNIC.

Ademais, reiterara-se a configuração administrativa utilizada para operacionalizar o mecanismo de Incentivo a Projetos, da Lei Rouanet. O sistema foi definido tendo a SEFIC como a autoridade decisória sobre a aprovação e acompanhamento e avaliação da execução. Por sua vez, o papel das vinculadas seria de caráter acessório, em que se posicionam sobre temáticas no âmbito de suas competências e finalidades que porventura estejam sendo tangenciadas nos projetos que pleiteiam o benefício do mecanismo do PRONAC.

Dessa forma, é preciso aplicar os mecanismos de controle inerentes às instâncias decisórias da Secretaria, ou seja, questionar o correto e coeso atendimento para a admissão e avaliar a qualidade técnica dos pareceres.

Avançando no assunto, foram identificados 46 casos relatados individualmente na Solicitação de Auditoria 20138053/002 por esta Controladoria. Neste universo há casos em que a informação apresentada pelo proponente é frágil, de difícil comprovação. Há também casos reportados em que nenhuma informação foi prestada, ou o currículo apresentado é insuficiente para comprovar experiência cultural na área objeto do projeto nos termos da Instrução Normativa 01/2013.

A justificativa apresentada pela SEFIC e a proposta de solução abrange apenas os casos em que a informação existe, mas não pode ser atestada. Nos projetos em que a experiência não foi informada, ou é incompatível com o objeto do projeto, é necessário uma análise pormenorizada para identificar as causas da aprovação sem comprovação da capacidade técnica-operacional do proponente.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendação 01:

Apurar os fatos e as responsabilidades pela admissão e aprovação dos projetos sem a comprovação material de atuação na área cultural e da capacidade técnica operacional dos proponentes.

Recomendação 02:

Para os Pronacs listados nesta constatação no quadro-resumo supracitado, exigir que o proponente apresente documentação comprobatória material de realização de atividade cultural prévia ao projeto aprovado e a anuência dos artistas previstos no projeto, nos termos previstos na IN 01/2013.

1.1.1.9 CONSTATAÇÃO

Ausência de previsão, por parte de Instrução Normativa reguladora, de documentos ou evidências que devem ser apresentadas para comprovar a capacidade técnica-operacional dos proponentes.

Fato:

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O estudo dos casos levantados neste documento revela que os normativos do MinC para regulamentar o mecanismo do Incentivo a Projetos Culturais não especificam os documentos/evidências que devem ser apresentados para comprovar atividades culturais dos dirigentes.

A Instrução Normativa vigente prevê:

Art. 8º As propostas culturais serão apresentadas pelo Salic, disponível no portal do MinC na internet, juntamente com a documentação correspondente, em meio eletrônico. (...)

§ 3º No caso de pessoa jurídica, a inscrição será feita por seu representante legal e a comprovação da finalidade cultural do proponente dar-se-á por meio das informações contidas nos atos constitutivos, no contrato social, no estatuto, na ata ou em instrumento congênere e de elementos materiais comprobatórios de sua atuação na área cultural nos últimos dois anos.

Art. 11. No momento do cadastramento da proposta cultural, no campo correspondente do Salic, serão anexados os seguintes documentos em meio digital e prestadas as seguintes informações, relativas ao proponente e à sua proposta:

b) no caso de a proponente ter menos de dois anos de constituição ou não possuir ações de natureza cultural realizadas, anexar, no Salic, a versão atualizada do currículo ou portfólio comprovando as atividades culturais de seus dirigentes nos dois últimos anos;

O artigo 8º menciona que a comprovação da finalidade cultural dar-se-á por meio de elementos materiais comprobatórios da sua atuação na área cultural nos últimos dois anos. No entanto, no artigo 11, que versa sobre a comprovação de capacidade técnico-operacional, não há menção a “elementos materiais comprobatórios”, apenas ao currículo e portfólio do dirigente.

Dessa forma, em diversos projetos analisados, é apresentado o currículo do proponente, sugerindo a participação em projetos na área de cultural relacionado à temática do projeto. Mas além do currículo não há qualquer evidência que ateste a veracidade da informação apresentada. Na maioria dos casos, pesquisas na internet também não foram suficientes para atestar a veracidade da informação apresentada. ##/Fato:##

Causa:

Fragilidade de Normativo, como instrumento disciplinador de procedimentos para apresentação, recebimento, análise, de propostas culturais, relativos ao mecanismo de incentivos fiscais do Pronac, pela ausência de previsão da documentação comprobatória apta a credenciar a capacidade técnica-operacional do proponente. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada:

Por meio do Despacho nº 29/2014-CGAPI/DIC/SEFIC/MinC, de 21/2/2014, a Unidade Auditada apresentou a seguinte manifestação:

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“Como condição necessária para apresentar projetos ao Ministério da Cultura, com vistas a obter os benefícios do mecanismo do Incentivo Fiscal Federal, previsto na Lei Rouanet (Lei 8313/91), o proponente deverá atestar quando do envio de cada proposta, na Declaração de Responsabilidade disponível no sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura - SALIC, que as informações prestadas são fidedignas: “Por fim, ATESTO serem fidedignas as informações prestadas no preenchimento dos formulários, bem como de outras documentações juntadas aos longo da tramitação do projeto.”. Dessa forma, quando da análise dos currículos, portfólios e relatórios de atividades, a análise era realizada partindo-se da prerrogativa de que as informações prestadas pelos dirigentes são legítimas, restando os mesmos sob as penas da Lei.

Solicitaremos, a partir de agora, comprovação material das informações prestadas, relativos aos relatórios de atividades culturais nos últimos dois anos, por intermédio de cópia de contratos, notas fiscais, recibos de pagamentos, material gráfico, diplomas, certificados, entre outros.

Outrossim, informamos que na análise técnica desenvolvida nas Unidades Vinculadas do Ministério da Cultura, o primeiro quesito do Parecer trata da aferição da capacidade técnica do proponente para execução do projeto apresentado, a ser calculada segundo as informações prestadas pelo proponente e a expertise e o conhecimento do mercado cultural por parte do perito da referida coligada, conforme inciso I, do artigo 40 da Instrução Normativa nº 01/2013, já mencionado.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno:

Em resposta à Solicitação de Auditoria emitida por esta unidade, a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura – SEFIC afirma que “na análise técnica desenvolvida nas Unidades Vinculadas do Ministério da Cultura, o primeiro quesito do parecer trata da aferição da capacidade técnica do proponente (...), a ser calculada segundo as informações prestadas (...)”.

Aponta ainda que a análise é realizada partindo da prerrogativa de que as informações prestadas pelo dirigente são fidedignas, considerando que o proponente atesta a veracidade das informações mediante assinatura de Declaração de Responsabilidade. Por último, a SEFIC informa que passará a solicitar a comprovação material das informações prestadas pelo proponente.

Conforme já dito anteriormente, entende-se que, o papel das vinculadas seria de caráter acessório, em que se posicionam sobre temáticas no âmbito de suas competências e finalidades que porventura estejam sendo tangenciadas nos projetos que pleiteiam o benefício do mecanismo do PRONAC e que, dessa forma, é preciso aplicar os mecanismos de controle inerentes às instâncias decisórias da Secretaria, ou seja, questionar o correto e coeso atendimento para a admissão e avaliar a qualidade técnica dos pareceres.

A questão não é apenas inerente a possíveis declarações de fidedignidade, mas inclui a lacuna normativa, pois se exige a comprovação da capacidade técnica-operacional e, no entanto, não há disciplina de como seria operacionalizada a comprovação dessa capacidade no âmbito da análise e aprovação de projetos pelo mecanismo de incentivo a projetos do PRONAC.

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Considerando o caso específico dos projetos da empresa Rannavi e o resultado da avaliação da sistemática de projetos, considera-se essa questão como um ponto crítico e uma insuficiência dos controles internos administrativos, como componente que pode favorecer situações em que proponentes sem capacidade podem ter seus projetos aprovados e beneficiados com renúncia de receitas.

#/AnaliseControleInterno##

Recomendação 01:

Regulamentar os documentos ou evidências que devem constar das propostas ou projetos que pleiteiam o benefício do incentivo a projetos e que são suficientes para comprovar a capacidade técnica-operacional dos proponentes.

III – CONCLUSÃO

Como resultado desta ação de controle, de forma a proceder às responsabilizações cabíveis e medidas de aprimoramento dos controles internos do Ministério, constatou-se:

• Admissão de propostas e aprovação de projetos culturais de proponente que não comprovou, previamente, a atuação na área cultural, nos termos previstos no §3º, do artigo 4º da Instrução Normativa nº 1/2012/MinC, e § 3º do artigo 8º da Instrução Normativa nº 1/2013/MinC, de 24/6/2013.

• Admissão de propostas culturais de proponentes que não comprovaram autorização de direitos relativos a autor e conexos, nos termos dos arts. 10 e 11, da Instrução Normativa n° 1/2013/MinC.

• Aprovação de projeto cujo parecer técnico não fundamenta os critérios de decisão pela aprovação.

• Aprovação de projetos culturais sem análise técnica suficiente do orçamento físico financeiro.

• Aprovação de projetos sem detalhamento dos custos de captação.

• Aprovação de projetos na ausência de parecer técnico fundamentado da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC.

• Sistemática de admissão e aprovação de projeto sem a comprovação da capacidade técnica-operacional suficiente à execução do objeto dada a criação recente de empresa proponente.

• Ausência de previsão, por parte de Instrução Normativa reguladora, de documentos ou evidências que devem ser apresentadas para comprovar a capacidade técnica-operacional dos proponentes.

Para as Constatações verificadas, foram atribuídas as seguintes causas, respectivamente:

• Imperícia do agente competente, quando da análise da proposta e sua respectiva confrontação com as exigências normativas, no tocante à aferição da capacidade técnica-operacional do proponente para execução do projeto apresentado;

• Fragilidade de Normativo, como instrumento disciplinador de procedimentos para apresentação, recebimento, análise, de propostas culturais, relativos ao mecanismo de

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incentivos fiscais do Pronac, pela ausência de previsão da anuência de artistas aos projetos aos quais estão inseridos, como item vinculado da etapa de admissão de propostas;

• Imperícia do agente competente, quando da elaboração de parecer técnico, levando-se como parâmetro os mínimos itens exigidos, descritos em Instrução Normativa, de obrigatória abordagem; imperícia do agente competente, quando da aprovação de planilha orçamentária, levando-se como parâmetro a descrição do orçamento analítico, em Instrução Normativa, a modo de garantir máxima definição e descrição do item de despesa;

• Imperícia do agente competente, quando da análise do custo de captação no orçamento analítico, com fulcro na necessidade de especificação de qualquer elemento necessário para a realização de proposta cultural; inobservância, quando da análise de projeto por relator, no âmbito da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura – CNIC, de produção de parecer fundamentado, nos moldes descritos pelo Regimento Interno da comissão, a fim de subsidiar a decisão do Plenário;

• Imperícia do agente competente, quando da análise da proposta e sua respectiva confrontação com as exigências normativas, no tocante à aferição da capacidade técnica-operacional do proponente para execução do projeto apresentado; e

• Fragilidade de Normativo, como instrumento disciplinador de procedimentos para apresentação, recebimento, análise, de propostas culturais, relativos ao mecanismo de incentivos fiscais do Pronac, pela ausência de previsão da documentação comprobatória apta a credenciar a capacidade técnica-operacional do proponente.

Por fim, foram as seguintes recomendações descritas a modo de elidir as constatações verificadas, respectivamente:

• Apurar os fatos e a responsabilidades pela admissão de proposta cultural que não contava com os elementos materiais comprobatórios de atuação na área cultural dos sócios, em razão de previsão contida no §3º, do art. 4º, da Instrução Normativa nº 1/2013;

• Adotar os procedimentos para inabilitação da proponente, considerando a ampla defesa e o contraditório, conforme as prescrições dos arts. 78 e 99m da Instrução Normativa nº 01/2013, em razão da não veracidade das informações contidas no Relatório de Atividades que subsidiou a aprovação de projetos de interesse da proponente;

• Com base no art. 38, da Lei 8.313/98, e art. 13, da Instrução Normativa Conjunta MinC/MF nº 1, de 13/6/1995, adotar procedimentos administrativos, com vistas a aplicação das penalidades previstas nos citados instrumentos, em caso de comprovada fraude, dolo, simulação relacionados com os projetos de incentivo, respeitando o contraditório e a ampla defesa, em razão da não veracidade das informações contidas no Relatório de Atividades Culturais que subsidiou a aprovação de projetos de interesse da proponente;

• Regulamentar definição de quais são os elementos que podem ser admitidos como comprovação material do efetivo exercício de atividade cultural, conforme previsto

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nos §3º, do art. 4º, da Instrução Normativa nº 1/2013, especialmente no caso das proponentes com menos de dois anos de funcionamento;

• Quando da regulamentação dos elementos que podem ser admitidos como comprovação material do efetivo exercício de atividade cultural, avaliar a possiblidade de considerar entre os quesitos o histórico da proponente na execução de projetos beneficiados pelos mecanismos do PRONAC;

• Regulamentar previsão de que a anuência de artistas aos projetos em que estão inseridos deva fazer parte da etapa de admissão de propostas culturais, bem como indicando que, em caso de não apresentação de anuência, a proposta será rejeitada;

• Para os projetos atualmente em andamento, ou seja, aprovados ou em execução, e que envolvam um ou mais artistas em particular, pelo menos do segmento de música, adotar medidas, no âmbito das competências da Secretaria para o acompanhamento e monitoramento dos projetos de incentivo, em que os proponentes sejam diligenciados a informar se possuem anuência dos artistas previstos nos projetos;

• Apurar os fatos e as responsabilidades pela produção e aprovação de parecer técnico dos projetos de Pronac 137630, 137775, 131410 e 131532 sem a aferição adequada da capacidade técnica da proponente , adotando, se for o caso, as medidas de ressarcimento ao Erário e as penalidades cabíveis;

• Disciplinar, quando da edição de Instrução Normativa, os meios de comprovação dos itens que vão compor a despesa total com a captação para o projeto, reavaliando, em especial, a rubrica “Remuneração para captação de recursos”;

• Elaborar estudo ou metodologia para determinar o limite máximo da planilha orçamentária que pode ser destinada a cobrir custos de captação; Apurar os fatos e as responsabilidades pela aprovação pela aprovação de projeto sem a produção de parecer técnico fundamentado da CNIC nos termos previstos no art. 18, do Regimento Interno da Comissão;

• Regulamentar o funcionamento da CNIC de forma que os projetos não sejam aprovados apenas com base em entendimento individual de seus integrantes;

• Para os Pronacs listados nesta constatação no quadro-resumo supracitado, exigir que o proponente apresente documentação comprobatória material de realização de atividade cultural prévia ao projeto aprovado e a anuência dos artistas previstos no projeto, nos termos previstos na IN 1/2013;

• Apurar os fatos e as responsabilidades pela admissão e aprovação dos projetos sem a comprovação material de atuação na área cultural e da capacidade técnica operacional dos proponentes.

• Regulamentar os documentos ou evidências que devem constar das propostas ou projetos que pleiteiam o benefício do incentivo a projetos e que são suficientes para comprovar a capacidade técnica-operacional dos proponentes.

Enfim, esclarece-se que a possível ausência de assinatura de servidores envolvidos nesta Ação de Controle decorre de impedimentos legais tais como férias, licenças, remoção, entre outros.