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Press Review page - ClipQuick...2013, a indústria ama-o. "Neste mo-mento, como se costuma dizer em Hollywood, deixavam-no realizar a lista telefónica", porque apostariam que, mesmo

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  • Hollywood está encantadacom Ben Afíleck

    Argo tem osingredientesque a Academiaprefere: umdrama da vida realcom contornospolíticos ma nontroppo, um clímaxtenso, um finalfeliz

    Esteve no topo, foi ao fundo e agora está no topo outra vez. E uma históriade reinvenção - e Hollywood adora isso. O seu Argo vai ser esta madrugadao melhor filme em Los Angeles?

    Joana Amaral Cardoso

    Esgueirando-se

    entre as bar-bas de Lincoln e os tiros deDjango, o efeito Bin Laden ea doença de Amor, Argo er-gueu-se num crescendo comoum dos favoritos ao Oscar de

    Melhor Filme. A terceira longa-me-tragem de Ben Affleck é o título deque se fala, o projecto que todos osoutros galardoaram nesta temporadade prémios. O que fará a Academiadas Artes e Ciências Cinematográficascom Ben Affleck?

    Para já, uma coisa é certa: Affle-ck está em boa companhia. Hojenas cadeiras do Dolby Theater, em

  • Ele foi ao topo e depois ao fundo e agoranovamente ao topo. Teve a experiência completado que esta vida em Hollywood pode oferecer.Matt DamonActorLos Angeles, nem ele, nem QuentinTarantino (Django Libertado), nemKathryn Bigelow (OOh3O: A HoraNegra), cujos filmes foram nomea-dos, ouvirão o seu nome na lista doscandidatos a Melhor Realizador. Mashá um punhado de meses não se es-peraria sequer que o nome de Benfosse comparável ao de Tarantinoou Bigelow na lista de nomeaçõesda 85. a edição dos maiores prémiosda indústria.

    Com 32 anos de carreira, o actorque começou em pequenos papéis eanúncios mas partilhou um Oscar deMelhor Argumento aos 25 anos comMatt Damon, em 1998, mergulhounuma série de papéis medíocres emfilmes sofríveis ou de papéis simpáti-cos em filmes menores. Quinze anosdepois do seu primeiro e único Os-car, Affleck é um contender. E umasurpresa.

    Kenneth Turan, crítico do Los An-geles Times, acredita que o facto denão ter sido nomeado para MelhorRealizador por Argo, título nomea-do para melhor filme, foi o melhorcenário para Affleck. Porque não teressa nomeação "o ajudou junto daAcademia". Por causa dessa narra-tiva, diz o crítico americano ao PÚ-

    BLICO, Argo fez uma campanha emcrescendo na temporada de prémios(o melhor filme dos Bafta, prémiosda indústria britânica, o melhor dra-ma e realizador nos Golden Globes,o melhor realizador, argumentoadaptado, elenco e produção paraas respectivas guildas). "Argo é comoa infantaria de Napoleão, tem levadotudo à frente e é um favorito. Se tives-se sido nomeado, isso mudava todaa dinâmica [do crescendo]-"

    Na semana passada, a crítica e aimprensa desdobraram o seu rolde previsões. Na Associated Press,no Guardian ou na EntertainmentWeekly, Argo está na frente. O favo-ritismo numérico (12 nomeações)pertence ao filme de Spielberg

    sobre o 16.° Presidente dos EUA,Lincoln. O Zeitgeist, criado pelasvitórias sucessivas nas cerimóniasde prémios até agora, a Argo. Umfilme sobre a crise dos reféns ame-ricanos em Teerão em 1979 e a so-lução verídica da sua extracção doIrão através de uma falsa produçãode ficção científica hollywoodesca.É um filme sobre o cinema comoferramenta. Não tem a pungênciade Amor, a pujança de Django oua política de OOh3o, mas tem osingredientes que os votantes da Aca-demia que jogam pelo seguro pre-ferem: um drama da vida real comcontornos políticos ma non troppo,um clímax tenso, um final feliz.

    Do colapso à reinvençãoAffleck, classificado pela HollywoodRepórter como "um dos maiores re-alizadores da sua geração", encolheos ombros, ainda não se considera"um verdadeiro realizador", emborasaiba que é esse o seu maior papel nocinema, e está feliz com sete nome-ações do seu filme para os Óscares.O amigo Matt Damon resume: "Elefoi ao topo e depois ao fundo e agoranovamente ao topo. Teve a experi-ência completa do que esta vida emHollywood pode oferecer."

    Ben Affleck, nascido na Califórniae vizinho de Matt Damon em Boston,era o homem bem parecido de ¦»

    28 anos que, em 2000, fumava du-rante uma entrevista com o New YorkTimes antes da estreia da comédia

    romântica Bounce - Um Acaso comSentido. Tinha falhado em castingse feito Perseguindo Amy, Os Malucosdo Centro - Mallrats, de Kevin Smi-th, ou Juventude Inconsciente - Dazedand Confused, de Richard Linklater,títulos que fazem a iconografia doabandono existencial da geraçãodos anos 1990. Só a partir de 0 BomRebelde, de Gus van Sant, apareceuno radar da imprensa - e das revistascor-de-rosa.

    Damon, cuja carreira foi marcada

    por melhores escolhas do que a doamigo, confirmava que O Bom Rebel-de "mudou a forma como Hollywoodolhava para Ben". "Subitamente, eleé o deus de bronze em Armaggedon(Michael Bay, 1998) que voou para oespaço e explodiu um asteróide. Foihilariante."

    O segredo do sucesso seria o ar deali american boy, o galã que passariaa década entre a acção (Pago para Es-quecer, PearlHarbor), os erros cras-sos (Duro Amor - Gigli) e os franchisescoxos (um fraco Demolidor, um JackRyan susceptível de esquecimento).Qualquer um destes filmes, sobre-tudo Demolidor, Gigli e os "os doisbate-estacas de Michael Bay" - Ar-maggedon e PearlHarbor -, como es-crevia o Guardian, foram "o colapsooficial de Ben Affleck como estrela".Na última década, no entanto, houveLigações Perigosas (2009) ou a suainterpretação do Super-Homem te-levisivo George Reeves em Hollywoo-dland (2006).

    "Teve que viver a sua carreira empúblico e as suas falhas, as suas es-colhas - e não foram todas más - e arelação com Jennifer Lopez criaramnos media uma história [negativa]...,mas teve a capacidade de se reinven-tar", diz Turan ao telefone a partir deLos Angeles. E não há nada de queLA goste mais do que "uma históriade regresso e de reinvenção; a indús-tria está encantada com ele". Affleck,com Lopez, aliás, "Bennifer" - aglu-tinação tablóide dos seus primeiros

  • nomes -, causou na imprensa umareacção adversa que quase assassi-nou a sua carreira, com uma ajuda doprotagonismo do casal em Gigli e novideoclip àejennyfrom the block.

    Em 2003, a sua primeira capada Vanity Fair foi a propósito doromance, mas já dizia que queriafocar-se na realização. Exactamen-te dez anos (e três filmes com asua assinatura) depois, está outravez na capa da Vanity Fair e é um"na cama com". Ele, Emma Stonee Bradley Cooper entre lençóis, es-trelas do Hollywood Issue da revista,o novo Ben Affleck realizador, pres-tigiado, aquele-que-não-foi-nomea-do.

    Na sua crítica, Kenneth Turan inse-ria Argo na "melhor tradição clássicado cinema", arriscando compararAffleck a Clint Eastwood. Porquê?"Tem a ver com o tipo de filmes quefaz. Clint realiza filmes clássicos deHollywood e esses são também osfilmes de Ben Affleck. Ele não está afazer filmes como Terrence Malick.Faz clássicos de entretenimento co-mo Hollywood costumava produzir",diz Turan.

    Agora, em plena corrida ao Oscar

    2013, a indústria ama-o. "Neste mo-mento, como se costuma dizer emHollywood, deixavam-no realizar alista telefónica", porque apostariamque, mesmo com o pior dos guiões,ele faria um bom filme. Mas ainda lhefalta a aclamação de uma certa críti-

    ca, a do cinema autoral, do cineasta- Charlotte Garson, dos Cahiers dv

    Cinema, dizia em Novembro na rádioFrance Culture que "o filme agarra,ainda que o clímax dramático e o seufim sejam lassos, cheios de clichés".Nada de rasgados elogios, nem deequiparações aos mestres.

    São apenas três filmes, enfrentauma concorrência experiente e é al-guém que admite que cometeu er-ros, que é um realizador inseguro eque considera que o meio o vê hoje"como alguém em Hollywood quetrabalha". O que é muito melhor doque "o actor blockbuster e depois oactor-desastre", como resumiu aoNew York Times em Janeiro.

    Na sua criticaKenneth TuranInseria Argo na"melhor tradiçãoclássica do cinema",comparandoAffleck a Eastwood."Clint realizafilmes clássicosde Hollywood eesses são tambémos filmes de BenAffleck."

  • Os Óscares estão este ano virados para "dentro"para uma América em crise e convulsão

    Jorge Mourinha

    Daniel Day-Lewis, o favorito na categoria de melhor actor: Lincoln

    Lincoln,

    de Steven Spielberg,tem o maior número de no-meações, 12, na 85a edição dosÓscares de Hollywood, esteano apresentados pelo come-diante Seth MacFarlane e com

    início às 17h00 de Los Angeles (umada manhã de Lisboa, com transmissãodirecta pela TVI). Daniel Day-Lewis,no papel do Presidente americanoque aboliu a escravatura, parte favo-rito para o prémio de melhor actor,concorrendo com Bradley Cooper(Guia para Um Final Feliz), DenzelWashington (Decisão de Risco), HughJackman (Os Miseráveis) e JoaquinPhoenix (O Mentor). Na categoria demelhor actriz, a vantagem vai para aveterana francesa Emmanuelle Rivaem Amor de Michael Haneke (favorito

    para melhor filme estrangeiro), com-petindo com Jennifer Lawrence (Guiapara Um Final Feliz), Jessica Chastain(OOh3OAHora Negra), Naomi Watts(O Impossível) e Quvenzhané Wallis(Bestas do Sul Selvagem).

    A lista de nomeações 2013 pareceprosseguir na celebração do cinema"de prestígio" produzido na "meçado cinema" - onde se poderia inte-grar igualmente A Vida de Pi, de AngLee, o segundo filme mais nomeado,com 11 citações. Mas, este ano, está

    particularmente virada para "den-tro" - para uma América em crise econvulsão. Entre os nomeados, fala-se de escravatura (Lincoln, ou Djan-go Libertado, de Quentin Tarantino,com cinco nomeações); de "guerracontra o terrorismo" (00h30 A Ho-

    ra Negra de Kathryn Bigelow, cinco

    nomeações); da crise dos reféns doIrão (Argo, de Ben Affleck, seis nome-ações); dos desapossados do furacãoKatrina (Bestas do Sul Selvagem, deBenh Zeitlin, quatro nomeações)...

    Ironicamente, muitos destes fil-mes sobre a América não receberamdinheiro dos estúdios que gastaramfortunas para os colocar na corridaaos prémios. Oito dos nove nome-ados para melhor filme trazem ologotipo de um dos "seis grandes"(Columbia-Sony, Disney, Fox, Para-mount, Universal e Warner), mas nãocontaram com o seu financiamento;apenas Argo é uma produção intei-

    ramente suportada por um deles. Aaposta das majors em concentrar oseu investimento em fitas de grande

  • orçamento que garantam bilheteiramundial, num momento em que omercado global já representa doisterços das receitas de Hollywood,acaba por forçar os filmes de "meioda tabela" - de onde saem muitas ve-zes os principais nomeados aos Ósca-res - a procurarem outros meios definanciamento, através de pré-vendase de investimento estrangeiro. MasHollywood teima em não aprendera lição: enquanto apostas de granderisco e grande orçamento, como Jo-hn Cárter ou Batalha Naval, morremrapidamente nas bilheteiras, êxitosmais modestos mas também mais emconta, como Lincoln ou Argo, aca-bam por dar os lucros que tanta falta

    fazem, mas continuam a ser quaseimpossíveis de financiar.

    Lincoln não existiria sem a vonta-de de Spielberg - nem sem a injec-ção de capital indiano que garantiua sobrevivência da produtora Dre-amworks. A Vida de Pi, que estevedurante anos em lume brando, foico-financiado pela China, e o musi-cal Os Miseráveis (oito nomeações) éuma produção essencialmente britâ-nica (à imagem de Arma Karenina eOO7Skyfall, líderes das nomeaçõesnas categorias técnicas).

    E não basta a ironia de a Américase mostrar relutante em financiaros filmes que depois ergue comoexemplo do melhor da sua produ-

    ção; mais irónico ainda (mas poucosurpreendente) é os votantes da Aca-demia terem preferido obras maisconsensuais como Lincoln, Argo eBestas do Sul Selvagem a filmes mais

    provocadores como OOh3OAHoraNegra e Django Libertado, que falha-ram as nomeações nas categoriasde melhor realização, ou O Mentor,nomeado apenas nas categorias de

    representação. Mas é também dis-to que falamos quando falamos deÓscares: reflectem o contexto daprodução que recompensam e domomento em que são atribuídos.Logo à noite poderemos tirar todasas conclusões.

  • Dror Moreh fezum documentáriopara salvar Israel

    Em The Gatekeepers, nomeado para um Oscar, seis ex-chefesde um serviço secreto de segurança revelam as tácticas edilemas como guardiões da ocupação. "A falta de estratégiadeixa o Estado judaico à beira do abismo", dizem

    Margarida Santos Lopes

  • uma metralhadora queShaul vai disparan-

    do, de rajada, as palavrasque, de início, parecia sus-

    "Escute, neste precisomomento em que falamos,

    estão duas patrulhas do Exércitoem Hebron, na Cisjordânia, em ope-rações que designamos por 'deixarque eles [palestinianos] sintam anossa presença'. Os soldados an-dam pelas ruas, entram em qual-quer casa, ao acaso, acordam a fa-mília, se estiver a dormir, separamos homens das mulheres, revistamo lugar sem dar qualquer explica-ção e, à saída, lançam granadas,disparam para o ar e prosseguema missão, para incutir o medo e osentimento de perseguição; é sem-pre assim, 24 horas por dia, setedias por semana, desde a Intifadade 2000, com o único objectivo deprolongar a ocupação."

    Shaul, que foi sargento, justificaas suas palavras, proferidas numaentrevista ao PÚBLICO, por telefo-ne, com o conhecimento de quemcomandou dois pelotões de 20 ho-mens durante 14 meses em Hebron,até compreender que, "terminada atropa, não podia mais suportar umasituação imoral". Por isso, quandoviu The Gatekeepers, documentáriorealizado por Dror Moreh e nomea-do para o Oscar, ficou maravilhado:"Como ex-militar que ajudou a fun-dar a organização Breaking the Si-lence, foi muito bom, para mim, verseis antigos chefes do Shin Bet [ouShabak, Serviço de Segurança Geral]

    quebrarem o silêncio, tal como nósfizemos em Março de 2004."

    Da Alemanha, onde o seu filmeganhou o Prémio Cinema for Pea-ce, no Festival de Berlim, Morehcomeça por nos dizer que foi maisfácil fazer o documentário, que du-ra 97 minutos e custou 1,5 milhõesde dólares, do que escolher as sete

    pessoas que o acompanharão à ce-rimónia onde poderá ganhar hojeuma estatueta dourada.

    Em Los Angeles e também emNova lorque, The Gatekeepers lo-tou salas quando se estreou a 1 deFevereiro; críticos aplaudiram-no;e estrelas de TV, como CristianeAmanpour, da CNN, dedicaram-lhe

    talk-shows em horário nobre."O meu trabalho é como um

    espelho que coloco defronte dosisraelitas para eles verem como aocupação está a corroer a nossa so-ciedade", afirma Dror Moreh, numaconversa telefónica. "Não podemoscontinuar a viver em negação, a ta-par os olhos e os ouvidos. Se estefilme não resultar, então a esperan-ça está perdida, porque os seis ho-mens que expuseram os seus segre-dos e dilemas não são esquerdistasnem pacifistas; pertencem ao ShinBet, que é mais temido do que oExército; são aqueles que, desde aguerra de 1967, foram encarregadosde manter a ocupação, incluindoescolher, por exemplo, quem se-riam os alvos de assassínios selec-tivos, para dar às nossas vidas umsentido de normalidade."

    Como surgiu a ideia de juntarAvraham Shalom (1980-1986), Ya-akov Peri (1988-1994), Carmi Gillon(1994-1996), Ami Ayalon (1996--2000), Avi Dichter (2000-2005)e Yuval Diskin (2005-2011) numaconfissão individual e colectiva?"Foi em 2008, quando rodava umdocumentário sobre o anteriorprimeiro-ministro Ariel Sharon",explica Moreh. "Um dos seus che-fes de gabinete disse-me que Sha-ron ordenou a retirada da Faixa deGaza, em 2005, depois de ler umartigo, no diário YediotAhronot, noqual quatro ex-dirigentes do ShinBet alertavam que a manutençãode colonatos protegidos por umdispositivo militar seria desastro-sa para Israel."

    Ora, se a decisão de "Arik" foiinfluenciada pelo parecer de ho-mens que durante muito tempoforam anónimos e invisíveis - mastambém por um documentário,Testemunhos de Guerra (Fog ofWar, 2003), de Errol Morris, so-bre Robert McNamara, chefe doPentágono durante a presidênciade Kennedy -, Dror Moreh conven-ceu-se de que talvez pudesse agitarigualmente o establishment políticoisraelita.

    Os guardiõesQuem são, afinal, os seis "guardi-ões" do Sherut haßitachon haKlali

    (nome completo, em hebraico, deShabak) que poderão oferecer umOscar ao realizador cuja infância foimarcada pelo filme O Bom, o Mau eo Vilão, de Sérgio Leone e com ClintEastwood, de quem admira DirtyHarry, e que gostava de ter entra-do numa nave espacial em Encon-tros Imediatos do Terceiro Grau, deSpielberg?

    Avraham Shalom, o mais velho,com 85 anos, começou a carreiramilitar no Palmach, grupo ("de re-sistência", para os judeus; "terroris-ta", para as autoridades do Manda-to Britânico na Palestina pré-Israel)que precedeu as actuais Forças deDefesa. De 1959 a 1960, já operacio-nal do Shin Bet, colaborou com aMossad (espionagem externa), paracapturar, na Argentina, Adolf Eich-mann. O cérebro do Holocausto foienforcado em Israel, em 1962, de-pois de condenado à morte por umtribunal civil. Em 1972, Shalom foiencarregado pela primeira-ministraGolda Meir de perseguir tambémos autores do massacre dos atletasisraelitas nos Jogos Olímpicos deMunique, ascendendo a directordo Shabak em 1980.

    Num mandato marcado por extre-ma violência na Cisjordânia, judeusextremistas cometeram atentadosbombistas que mutilaram os pre-sidentes palestinianos das câma-ras de Ramallah e Nablus, Shalomconseguiu capturar uma célula clan-destina e, assim, abortar um planoque visava a explosão da Cúpula doRochedo, em Jerusalém - o que, se-gundo Moreh, poderia ter desenca-deado uma nova guerra do mundoárabe-muçulmano contra Israel.

    Em 1986, Shalom foi constrangidoa demitir-se depois de uma comis-são oficial de inquérito o ter respon-sabilizado pela execução sumáriade dois de quatro palestinianos,que tinham desviado um autocar-ro para obter a libertação de 500prisioneiros. Após a operação deresgate dos reféns, fotos da duplade sequestradores sobreviventes fo-ram publicadas por vários jornaisque desafiaram a censura mostran-do-os algemados e escoltados poragentes armados. Conduzidos aodeserto, os capturados foram es-

  • pancados e abatidos a tiro - acçãoque o ministro da Defesa de então,Moshe Arens, qualificou de "abso-luta necessidade". Yitzhak Shamire Shimon Peres, chefes do Governoe da diplomacia, respectivamente,apoiaram Shalom (a ordem terá vin-do, aliás, do gabinete do primeiro-ministro). A opinião pública exigiu,porém, que o chefe da Shabak fosseafastado.

    Em 1988, na sequência do "casoKav 300" (o número do autocar-ro sequestrado), Yaakov Peri foichamado por Shamir a resolver aprimeira grande crise no Shin Bet,do qual já fazia parte desde 1966.Hoje, aos 49 anos, este ladies'manque tocava trompete na Orques- ->tra Voz de Israel", segundo Moreh,prepara-se para entrar no Knessete no Governo, depois de o seu par-tido centrista, Yesh Atid, lideradopor Yair Lapid, ter sido o segundomais votado nas eleições de Janeiroúltimo.

    O maior desafio de Peri foi a Inti-fada de 1987, uma revolta popularespontânea contra a ocupação queeclodiu em Gaza, quando ele era di-rector adjunto do Shabak. Foi tam-bém uma surpresa, constatou DrorMoreh, já que de nada lhe valera "avasta rede de informadores e cola-boracionistas" que havia montadoquando era "responsável pelo sec-tor árabe". Para travar a "guerra das

    pedras", Peri mandou assassinar,em Tunes, o ideólogo da subleva-ção e "número dois" da OLP, AbuJihad. Hoje, essa "medida táctica"é reconhecida como "erro estraté-gico" - eliminados os nacionalistaspragmáticos, ganharam peso os is-lamistas radicais. Apesar de tudo,na sequência dos Acordos de Oslode 1992, que levaram ao reconhe-cimento da organização de YasserArafat, Peri ajudou Yitzhak Rabin,sucessor de Shamir, a negociar comos palestinianos.

    Não se sabe ainda qual a pastaministerial de que Peri será titular,no próximo Governo de BenjaminNetanyahu, mas Moreh espera queo antigo "guardião" "se mantenhafiel" ao que lhe disse: "Várias vezesdesde 1967 senti que devíamos che-

    gar a um acordo e fugir dali [dos ter-

    ritórios ocupados], mas não cabe aochefe de uma agência [de seguran-ça] convencer o primeiro-ministro[a fazer a paz]."

    Foi Peri quem escolheu o seu su-cessor: Carmi Gillon, que apenasdirigiu o Shin Bet durante dois dosseus 63 anos (1994-96). Emboraoriundo de uma família de magis-trados (o avô foi o único juiz judeuno Supremo Tribunal do MandatoBritânico na Palestina), Dror Morehadmite que Gillon fosse "o menospreparado". O fracasso que ditouo fim da sua chefia foi o assassíniode Rabin, a 4 de Novembro de 1995,por um activista da extrema-direi-ta. Não terá sido fácil, observou orealizador, ter de espiar "colonosjudeus idealistas, com treino mili-tar e apoio de políticos influentes",mas pior foi terem sido ignoradosos seus avisos de que Rabin corriaperigo.

    Shimon Peres, que herdou a ca-deira do "primeiro mártir da paz",recusou inicialmente a demissão deGillon, oferecendo-lhe a oportuni-dade de se "redimir". Em 5 de Ja-neiro de 2006, Yahya Ayyash, o "en-genheiro bombista" do movimentoislâmico Hamas, foi decapitado emGaza, quando atendeu uma chama-da num telemóvel armadilhado. Nodia seguinte, Gillon saiu de cena, eo Shin Bet ficou orgulhoso do seu"sucesso". Só que, em Fevereiro eMarço, começou um ciclo sangrentode represálias: quatro atentados sui-cidas mataram mais de 60 civis isra-elitas. Peres, que esperava ganharas eleições nesse ano, foi derrotado

    por Netanyahu.Em The Gatekeepers, onde Moreh

    usou, assumidamente, tecnologiasde computação para criar "uma re-alidade virtual e uma linguagem ci-nemática, porque não há provas das

    operações de um serviço secreto",Gillon descreve como lugar hedion-do um centro de interrogatório emJerusalém, onde "qualquer pessoanormal que ali entre confessarávoluntariamente ter crucificado Je-sus, só para sair de lá". Faz tambémum acto de contrição: "Estamos atornar insuportáveis as vidas demilhões [de palestinianos], a pro-longar o sofrimento humano, e isso

    mata-me!"

    Paranóicos profissionaisUm "outsider chamado a reabilitar oShin Bet", em 1996, Ami Ayalon foi oprimeiro a ser contactado por DrorMoreh para o documentário sobreo qual a New York Magazine anotou:"Sabemos que a Terra Santa é umabalbúrdia pecaminosa, quando pa-ranóicos profissionais com licençapara matar nos aparecem comopacifistas." Foi a Ayalon que Mo-reh pediu os números de telefonedos outros, e "todos se mostraramreceptivos, embora o que colocoumais reservas tenha sido AvrahamShalom".

    As reservas entendem-se, porquefoi Shalom quem mais surpreendeuMoreh. "Ele compara a ocupação is-raelita dos territórios palestinianosà ocupação alemã da Europa - nãoao Holocausto", realça o realizador."É preciso ter em conta que Shalomnasceu em Viena e que, na Kristall-nacht, conduzido pela mãe à escola,foi espancado quase até à morte porcolegas. Ele diz que sentiu na peleo que significa viver sob um regimeracista." Kristallnacht, ou Noite deCristal, designa os pogroms de 9 deNovembro de 1938, na Alemanha ena Áustria sob domínio de Hitler,quando nazis destruíram 267 sina-

    gogas, 7500 lojas e inúmeras casasde judeus. Mais de 90 pessoas fo-

    ram mortas; outras 25 mil a 30 milforam deportadas para campos deconcentração. Historiadores desig-nam este acontecimento como "oprimeiro ensaio para a Shoah".

    No documentário, Shalom é fron-tal: "Na guerra contra o terrorismo

    esqueçam a moralidade." Ou: "Nãohá estratégia, só há táctica." Um li-belo contra os responsáveis políti-cos. Moreh diz que "não podia apa-gar" as palavras de Shalom, ditascom "vergonha, mas também o or-gulho patriótico de quem agiu paradefender e proteger Israel" - por-que "só os judeus podem falar destemodo, e ele sabe do que fala".

    Voltando a Ayalon, 68 anos, foi doExército para o Shabak, tendo sido

    distinguido, em 1969, com a maiselevada condecoração, a Medalha

  • de Valor. Quando foi promovido achefe de Estado-Maior da Marinha,já era um veterano dos comandosnavais de elite, um "herói sem me-do". Em cinco anos como chefe doShin Bet, Ayalon teve de travar uma"guerra implacável contra o terror"sob a liderança de três primeiros-ministros: Shimon Peres, Benjamin

    Netanyahu e Ehud Barak.Contra o general Barak, Ayalon

    concorreu à liderança do PartidoTrabalhista, em 2000. Criticou-oduramente, estilhaçando o mitosobre a cimeira de Camp Davidcom Yasser Arafat e Bill Clinton. Emvez de culpar o líder da OLP porter recusado "a oferta generosa"do "delfim de Rabin" (que previa aanexação da maioria dos colonatosna Cisjordânia), acusou o rival denão se ter preparado. Também ili-bou o líder da OLP de ter planeadoa segunda Intifada, considerando-a "inevitável, devido à frustraçãodos palestinianos". Em 2003, o al-mirante israelita lançou, com o fi-lósofo palestiniano Sari Nusseibeh,ThePeople's Voice: uma (vã) iniciati-va que propunha a devolução dosterritórios ocupados sacrificandoo direito de retorno dos refugiadosde 1948.

    No documentário de Dror Mo-reh, o eloquente Ayalon desabafa."Questionamo-nos cada vez menossobre onde vamos parar [se a ocu-pação continuar]. (...) O meu filho,pára-quedista durante três anos e

    meio, invadiu Hebron duas ou trêsvezes. Será que isto nos fez vito-riosos? Não creio. A tragédia é queganhámos todas as batalhas, masestamos a perder a guerra."

    Avi Dichter, antigo comando daunidade militar Sayeret Matkal, aque pertenceu Barak, foi escolhidopor este para ocupar o lugar de Aya-lon no Shin Bet, em 2000, na alvo-rada da segunda e mais sanguináriaIntifada. Terá sido ele (já envolvidona morte do "engenheiro" Ayyash)quem deu luz verde aos assassíniosde Salah Shehade (2002) e do xequeAhmad Yassin (2004), respectiva-mente, o líder da ala militar e o guiaespiritual do Hamas. Também en-corajou Sharon à retirada unilateral

    de Gaza e à construção do "muro deseparação" na Cisjordânia. No do-cumentário de Moreh, "o camaleãoDichter, tão à-vontade na sociedadeisraelita como na palestiniana", re-conhece que "não se pode fazer apaz pela via militar".

    Se os anteriores cinco antigosmembros do Shabak já não esta-vam no activo, Yuval Diskin aindachefiava a agência quando Moreh oentrevistou duas vezes, no seu es-critório, "indicador do quão alar-mante ele considera a situação".Sobre o "trabalho sujo" que é o re-crutamento de colaboracionistasdisse: "Pegamos numa pessoa quenão gosta de nós e obrigamo-la a fa-zer coisas que ela nunca imaginaraque poderia fazer."

    Evocando Yeshayahu Leibowitz,um dos maiores intelectuais do ju-daísmo, Moreh confrontou Diskincom a avaliação feita, em 1968, peloprofessor que cunhou a controversaexpressão "judeu nazi": a ocupa-ção transformará Israel num Estadopolicial, o que minará a liberdadede expressão e de pensamento, ea democracia. Diskin, que entrouno Shin Bet como operacional em1977 e deixou a direcção em 2011,respondeu: "Subscrevo todas assuas palavras."

    Talvez não seja de estranhar es-ta opinião, tendo em conta que,como "coordenador do distrito deNablus", Diskin, hoje com 57 anos,"conhecia bem a realidade doscampos de refugiados", não ape-nas naquela cidade, mas tambémem Beirute e em Sídon, no Líbano,onde esteve após a invasão israeli-ta em 1982. Tendo participado nasnegociações que conduziram aosAcordos de Oslo de 1992, envolveu-se também directamente em con-tactos com os serviços de segurançapalestinianos, jordanos e egípcios,de 1993 a 1997.

    Em 2000, foi Diskin quem lideroua operação para "destruir as infra-estruturas militares do Hamas" naCisjordânia. Em 2003, durante umalicença sabática, foi conselheiro deMeir Dagan, o então chefe da Mos-sad - ambos críticos da política deNetanyahu em relação ao programanuclear iraniano (ameaça de guer-

    ra), porque "o regime em Teerãonão é irracional". Em 2005, Diskinfoi promovido a director do ShinBet, tendo "aperfeiçoado a doutri-na dos assassínios selectivos de queterá sido o artífice".

    Netanyahu e ObamaLisa Goldman, co-fundadora do+972 Magazine, influente websiteque tem contributos de israelitas epalestinianos, viu The Gatekeeperse entrevistou também Dror Moreh.Quando lhe perguntámos quais ospontos fracos e fortes, respondeupela via privada do Facebook: "Es-te filme é importante e poderoso.O objectivo é atrair a atenção dosisraelitas moderados politicamenteque têm ignorado os danos causa-dos à sua sociedade pela ocupaçãocontínua desde 1967 - e isso é con-seguido com eficácia."Uma das fragilidades, observou, é"não mostrar os palestinianos co-mo indivíduos. São vistos em back-

    ground, em imagens de arquivo apreto e branco, como prisioneirosou jovens que lançam pedras. Umavez que a maioria dos israelitas tempouca ou nenhuma interacção comos palestinianos, essas imagens sãoas mesmas caricaturas que eles vê-em nos media". Por isso, acrescenta,"ao não mostrar como a ocupaçãoafecta os palestinianos e centrando-se no que ela faz à sociedade dosocupantes, o filme não assume umaposição moral sólida".

    Moreh reagiu a esta crítica, dizen-do que não foi seu intuito "fazer umensaio jornalístico", mas mostrar que"o problema de Israel não é apenasde defesa mas político, acima de tu-do." Lisa Goldman disse não esperarque antigos chefes do Shin Bet "expri-missem remorsos pelas suas acções,porque, à semelhança dos agentes daCIA e de outros serviços secretos quetorturam pessoas, a sua tarefa é, por

    definição, cometer más acções paraprotegerem as suas populações". Noentanto, em The Gatekeepers, os ex-directores "questionam a eficiênciadas suas más acções, porque sabem

    que não protegem ninguém a longoprazo - nem sequer a médio". "Umassassínio conduz a um ataque ter-

  • rorista, o que conduz a outro assas-sínio, ou a uma rusga nocturna, ouà prisão e tortura de pessoas que atéserão inocentes. Até quando é quevai continuar, sem estratégia nem so-lução à vista? Essa é a questão que ofilme levanta."

    Sobre o timing escolhido pelos"guardiões" para darem o seu tes-temunho e as razões por que nãoagiram mais cedo para evitar queIsrael se transformasse no que al-guém classificou "Estado do ShinBet", a jornalista não quis especu-lar. "O filme é um grito aos israeli-tas para despertarem e mudarem arealidade, antes que seja tarde demais", frisa Lisa. Salvaguarda quenão acredita na mudança: "Achoque já se perdeu muito tempo e queas narrativas [de israelitas e pales-tinianos] estão profundamente en-raizadas."

    Yehuda Shaul, um dos co-funda-dores da Breaking the Silence, or-ganização onde veteranos militares

    que serviram na Cisjordânia e Gazadesde a segunda Intifada partilhamas suas experiências, "para demons-trar o poder destrutivo da ocupa-ção", diz-nos que preferiu "só vero lado bom do filme". E refere: "Foipreciso coragem para aqueles seishomens saírem da sombra e dize-rem aos líderes políticos: 'Nós cum-primos a nossa parte, garantindo asegurança, mas vocês falharam, por-que não têm uma estratégia' - istopode ser um ponto de viragem."

    "As acções militares não servempara acabar com a ocupação, e sim

    para a consolidar", acusa Shaul, queestudou num liceu no grande colo-nato de Ma'ale Adumim, na Cisjor-dânia, onde ainda vive uma irmã(que não aprecia o seu activismo), eque agora, aos 30 anos, frequenta aUniversidade Aberta de Jerusalém,para se licenciar em Ciência Políti-ca. "É triste que, em Israel, as pes-

    soas falem mais no filme de DrorMoreh por estar nomeado para umOscar do que pela mensagem quetenta transmitir. Também é triste -e uma ironia amarga - que sßrokenCameras, outro documentário no-meado para um Oscar, esteja a serpromovido como 'sendo israelita',quando se trata de uma história deresistência pacífica em BiFin, po-voação da Cisjordânia cercada porcolonatos. Isto é um sinal de quantoa ocupação está entrincheirada nasociedade." Os realizadores são opalestiniano Emad Burnat e o isra-elita Guy Davidi.

    Yehuda lamenta que The Gatekee-

    pers não tenha influenciado a cam-panha para as eleições de Janeiro,durante a qual "a questão palestinia-na esteve vergonhosamente ausentedo debate político, com excepçãodos partidos árabes de Tzipi Livni,e que o próximo Parlamento sejacomposto por caras novas e velhas"mais interessadas em obrigar osultra-ortodoxos a ir à tropa do quenum acordo de paz".

    Dror Moreh discorda que o seu do-cumentário não tenha tido impacto."As últimas eleições representaramuma mudança substancial. Todas assondagens davam a Netanyahu e àextrema-direita maioria absoluta,mas não foi isso que obtiveram, evão ter de negociar uma coligaçãocom as forças centristas que emergi-ram com mais vigor. 0 nosso proble-ma é que, nem israelitas nem pales-tinianos têm líderes audaciosos parafazerem as concessões necessáriasa um compromisso."

    O realizador aconselha a que oPresidente dos EUA, no segundomandato, e toda a comunidadeinternacional exerçam pressão so-bre ambas as partes - sobre Israel,para retirar 1,5 milhões de colonosda Cisjordânia, sobre a AutoridadePalestiniana, para desistir do direito

    de retorno dos refugiados. "Quantasmais pessoas terão de morrer?"

    Em vésperas da grande festa emHollywood, um dos sonhos de DrorMoreh é exibir o seu documentá-rio para Barack Obama num grandeecrã, na Casa Branca, antes de elevisitar Jerusalém e Ramallah, comojá anunciou. 0 analista israelita Aki-va Eldar acredita que Obama "vaicobrar a factura", exigindo que "Bi-bi" não inviabilize mais a solução dedois Estados.

    Netanyahu, por seu lado, já fez sa-ber que não vai ver The Gatekeepers."O meu problema com Netanyahu énão saber o que ele quer; creio quenem ele sabe", conclui Dror Moreh."Há quatro anos que nenhum israe-lita é vítima de um atentado plane-ado na Cisjordânia, graças à Auto-ridade Palestiniana, do presidente,Mahmoud Abbas, e do primeiro-mi-nistro, Saiam Fayyad. Mas onde es-teve Netanyahu nestes quatro anos?Esteve a expandir colonatos, e osisraelitas iludiram-se que não existeocupação. É um crime!"

  • Um dossonhos deDror Morehé exibir odocumentáriopara BarackObama antesde ele visitarJerusalém eRamallah

    0 meu trabalho écomo um espelhoque coloco defrontedos Israelitas paraeles verem comoa ocupação estáa corroer a nossasociedade.

    Dror MorehRealizador

    Este filme éImportantee poderoso.0 objectivo éatrair a atençãodos Israelitasmoderadospoliticamente, quetêm Ignorado osdanos causados àsua sociedade pelaocupação contínuadesde 1967 -e Issoé conseguido comeficácia.

    Lisa GoldmanCo-fundadora do

    +972 Magazine