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A Comissão Nacional de aHomologação de Trofeus(C.N.H.T.) adota atualmente asNormas e Instruções Gerais eParticulares dos Sistemas deMedição definidas pelo ConselhoInternacional da Caça e da
Cq|pßrvação da Fauna (C.1.C.) -N^ do art.° I o das Normas paraa medição e homologação detrofeus de caça maior da CNHT.
Entre
as nossas espécies de
carnívoros autóctones (Tabela
1.) apenas três estão incluídas
entre aquelas cujos trofeus são
medalháveis pelas normas da
CIC. Trata-se do lobo, do gato-bravo e do
lince, curiosamente as três espécies com
maior estatuto de conservação entre os
mamíferos, e cuja caça está atualmente
proibida, ainda que a análise de
potenciais trofeus dependa de terem sido
"comprovadamente obtidos antes da
entrada em vigor da legislação que
proibiu a sua caça".
DE PEÇA MAIORPARA MENORTanto quanto sabemos, a análise dos
trofeus de raposa nunca terá sido
considerada desde a criação da
Comissão Nacional de Homologação de
Trofeus de Caça Maior (CNHKM) em
1 983. Pelo menos nenhuma das versões
recentes do cadastro nacional (C.N.H.T.,
2006, 2008 e 2010), organizado pela
C.N.H.T., menciona trofeus de raposa.
Desconhecendo as razões na origem
dessa decisão, a nosso ver estranha, pois
na época em que a CNHTCM foi criada a
raposa era considerada espécie de caça
grossa/maior. Só mais tarde, com a
publicação do Decreto-Lei n.° 311/87, de
1 0 de Agosto, a raposa foi "despromovi-
da", passando a ser incluída entre as
espécies de caça menor.
TROFEUSDE CARNÍVOROSOs trofeus dos carnívoros suscetíveis de
serem analisados são, de acordo com o
regulamento da C.1.C., o crânio (Caixa 1)
e a pele (Caixa 2) mas, em Portugal, e a
julgar pelo texto disponibilizado pela
C.N.H.T. nas páginas da internet do Clube
Português de Morteiros (CPM), apenas o
crânio será considerado e apreciado
enquanto trofeu.
Existem outros sistemas de medição de
trofeus de caça, entre os quais são de
destacar o sistema Rowland Ward, o
sistema do Boone and Crockett Club e o
sistema do Safarí Clube Internacional
(SCI). O primeiro cobre todas as espécies
mas raramente é usado senão para as
espécies cinegéticas africanas e o
segundo utiliza-se exclusivamente para
as espécies da América do Norte. 0
sistema do SCI merece um destaque
particular porque cobre todas as
espécies cinegéticas do mundo, e porque
tem, desde 2010, o Lusitânia Chapterem
Portugal. 0 SCI não discrimina as
espécies a que se pode aplicar e, embora
na versão do Livro de Recordes do SCI
disponível na internet não constem
trofeus de raposa (apenas faz referência
a uma fotografia, que não se consegue
visualizar), não nos parece que esta
esteja excluída; apenas não terão sido
submetidos trofeus para análise.
A RAPOSACOMO TROFEURecentemente (2009) a Junta da
Andaluzia, aqui na nossa vizinha
Espanha, determinou que a raposa
passasse a fazer parte da lista de
espécies para as quais se admitem os
trofeus à análise da comissão de
homologação respetiva. Trata-se contudo
de um exemplo único em Espanha, ao
que sabemos.
Temos que reconhecer o fato de que a
raposa não goza, no nosso país, do ®
mesmo estatuto de outras espécies. É
maioritariamente desprezada e apenas
abatida, em ato de caça, porque uma
larga maioria dos caçadores a vêem
apenas, injustamente (Caixa 3), como um
mero (de)predador das outras espécies
cinegéticas. A raposa é mesmo uma das
poucas espécies cujo abate tem sido
autorizado fora do período venatório, sob
a figura técnica de correção de densida-
des das espécies cinegéticas.
Embora se conheçam alguns números de
abates anuais de raposas, essas
informações, oficiais não parecemminimamente realistas, nem quanto ao
número de abates que neles constam
Figura 1. Percentagem de crânios de raposas caçadas em Portugal na época venatória
2010-11, e distribuição pelas três categorias medalháveis de acordo com os critérios
adotados.
Figura 2. Fotografias dos crânios do macho (em cima) e da fêmea (em baixo) de raposa que maior pontuação obtiveram na época venatória de
2010-11 (1° e 10° lugar, respetivamente; tabela 3) (a barra branca corresponde a 1 cm).
nem no que se refere à distribuição dos
abates. E embora não pareça ser o caso,
pelo menos atualmente, ao ser assim
depreciada (tanto pelos caçadores, pelos
gestores das zonas de caça como pelas
autoridades) é impossível negar o risco
que a espécie corre de poder vir a atingir
níveis populacionais tão baixos que
coloquem em risco a sua sobrevivência.
Seguramente nenhum caçador, digno
desse nome, veria essa perspetiva com
bons olhos.
É nesta linha de pensamento que nos
parece que a espécie poderia ganhar ao
dar-se atenção aos seus trofeus,
nomeadamente pelo conhecimento que
traria sobre os efetivos populacionais
(lembre-se que uma grande parte dos
animais abatidos são provavelmente
abandonados no campo, não se lhes
dando valor algum, nem tampouco deles
não se dando conta aos gestionários das
zonas de caça) e da necessidade desse
conhecimento para a gestão das suas
populações e da sua caça.A enorme colaboração que temos tido ®
REFERENCIASBoone and Crockete Club, 2012. Official scoring
system for north american big game trophies,
http://www.boone-crockett.org/index.asp.
Comissão Nacional de Homologação de Trofeus,
2006. Cadastro Nacional até à época 2005/06,13 pp.
Comissão Nacional de Homologação de Trofeus,
2008. Cadastro Nacional até Maio de 2008,
28 pp.
Comissão Nacional de Homologação de Trofeus,
2010. Relatório anula da Comissão Nacional de
Homologação de trofeus (CNHT) Ano de 2010.
Disponível em http://www.clubemonteiros.com/
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Comissão Nacional de Homologação de Trofeus,
2012. Normas para a medição e homologação
de trofeus de caça maior, http://www,clubemon-
teiros.com/index.php?option=com_ content&vie
w=artícle&id=23l<emid=l24.
Freitas, S. & Valente, A., 2011. Hunting zones -
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JHTA, 2012. Memória de actuaciones para Ia
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www.juntadeandalucia.es/medioambiente/por-
tal_web/pcp/instituto_andaluz_de_la_caza_y_
la_pesca_continental/homologacion_trofeos_
caza/memoria_homologacion_2oll.pdf.
Rowland Ward, 2010. Rowland Ward methods
of measurement, http://www.rowlandward.com/content/.
Safari Club International, 2012. Safari Club
International Record Book of Animais, http://www. scif irstf orh u nters .org/.
por parte dos caçadores e dos gestioná-
rios das zonas de caça no estudo da
raposa em curso é um primeiro gesto
nesse sentido, bem reveladora da
disposição dos caçadores em colaborar.
RECOLHADE INFORMAÇÕESA oferta de muitos exemplares de
raposas abatidas em Portugal ofereceu-
-nos a oportunidade de analisarmos os
seus crânios. Como entre as medidas
obtidas se encontravam as que são
utilizadas no processo de apreciação dos
trofeus de Carnívoros, resolvemos fazer
o exercício de determinar quantos
pontos poderiam ser atribuídos a cada
exemplar e, assim, construir uma "tabela
de trofeus" de raposa, baseada nos
valores limites definidos para a atribui-
ção de cada medalha (Tabela 2.).
Na época vénatória de 201 0-1 1
foram-nos oferecidas 66 raposas (39
fêmeas e 27 machos), das quais 6 não
puderam ser utilizadas neste exercício
pois os seus crânios estavam bastante
danificados. Apenas os crânios de 1 8
raposas (30%, Figura 1 .) atingiram
pontuações acima dos 24 pontos,
mínimo para serem consideradas
medalháveis. Desses 18 crânios 4
atingiram a pontuação da categoria Ouro
(Figura 2.), 4 a categoria Prata e os
restantes Bronze (Tabela 3.).
As únicas informações disponíveis sobre
a pontuação dos trofeus de raposa
chegam da Andaluzia (Espanha). De
acordo com o Portal de Ia Caza y Ia
Pesca Continental de Andalucia os
primeiros trofeus referem-se à época de
caça de 201 0-11, durante a qual terão
sido medidos 1 5 trofeus de raposa; os
números são pequenos mas não
podemos esquecer que os trofeus de
raposa são ainda uma novidade na
província. Na lista de trofeus da Andalu-
zia constam 7 medalhas de ouro, 4 de
prata e outras tantas de bronze. A
informação disponível sobre o trofeu que
ocupa o primeiro lugar dessa lista refere
que obteve 25,13 pontos. Assim, e numa
análise comparativa, podemos dizer que
alguns dos trofeus de raposa de Portugal,
a poderem ser considerados, atingiriam
maiores pontuações, o que vem ao
encontro da informação acumulada
sobre as nossas raposas, que eviden-
ciam maior tamanho. @