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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS Processo TCM nº 08416-12 Exercício Financeiro de 2011 Prefeitura Municipal de PONTO NOVO Gestor: Antônio Marcos Alves da Silva Relator Cons. Paolo Marconi PARECER PRÉVIO Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de PONTO NOVO, relativas ao exercício financeiro de 2011. O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes: DA PRESTAÇÃO DE CONTAS Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Ponto Novo, exercício financeiro de 2011, de responsabilidade do Sr. Antônio Marcos Alves da Silva, encaminhada mediante ofício do Presidente do Poder Legislativo e autuada sob o nº 08416/12, cuja entrada neste Tribunal se deu no prazo legal, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual, c/c os arts. 54, Parágrafo Único, e 55, da Lei Complementar nº 06/91. As contas da Prefeitura Municipal de Ponto Novo foram encaminhadas à Câmara Municipal através do Ofício s/nº /2012, de 31 de março de 2012, em cumprimento ao quando disposto no art. 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05. Consta às fls. 03 da pasta da prestação de contas da Câmara Municipal o Edital nº 01/2012, de 01 de abril de 2012, demonstrando que as contas foram colocadas em disponibilidade pública, atendendo portanto o que determinam o parágrafo 3º, do art. 31, da CRFB, o parágrafo 1º, do art. 63 da Constituição Estadual e os arts. 53 e 54, da Lei Complementar n.º 06/91. 1

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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTASProcesso TCM nº 08416-12Exercício Financeiro de 2011Prefeitura Municipal de PONTO NOVO Gestor: Antônio Marcos Alves da SilvaRelator Cons. Paolo Marconi

PARECER PRÉVIO

Opina pela rejeição, porque irregulares, das contas da Prefeitura Municipal de PONTO NOVO, relativas ao exercício financeiro de 2011.

O TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no artigo 75, da Constituição Federal, art. 91, inciso I, da Constituição Estadual e art. 1º, inciso I da Lei Complementar nº 06/91, e levando em consideração, ainda, as colocações seguintes:

DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

Este processo refere-se à prestação de contas da Prefeitura Municipal de Ponto Novo, exercício financeiro de 2011, de responsabilidade do Sr. Antônio Marcos Alves da Silva, encaminhada mediante ofício do Presidente do Poder Legislativo e autuada sob o nº 08416/12, cuja entrada neste Tribunal se deu no prazo legal, com informação de que a documentação foi enviada à Câmara para fins de disponibilidade pública, nos termos do art. 95, § 2º, da Constituição Estadual, c/c os arts. 54, Parágrafo Único, e 55, da Lei Complementar nº 06/91.

As contas da Prefeitura Municipal de Ponto Novo foram encaminhadas à Câmara Municipal através do Ofício s/nº /2012, de 31 de março de 2012, em cumprimento ao quando disposto no art. 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Consta às fls. 03 da pasta da prestação de contas da Câmara Municipal o Edital nº 01/2012, de 01 de abril de 2012, demonstrando que as contas foram colocadas em disponibilidade pública, atendendo portanto o que determinam o parágrafo 3º, do art. 31, da CRFB, o parágrafo 1º, do art. 63 da Constituição Estadual e os arts. 53 e 54, da Lei Complementar n.º 06/91. 1

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O processo foi instruído com o Relatório Anual de fls. 570 a 636, expedido com base nos Relatórios Mensais Complementados, elaborados pela Inspetoria Regional e submetido à análise das Unidades da Coordenadoria de Controle Externo, que emitiram o Pronunciamento Técnico de fls. 651 a 679.

Distribuído por sorteio para esta Relatoria, determinou-se a conversão do processo em diligência externa, com notificação ao Gestor através do Edital nº 157/12, publicado no Diário Oficial do Estado, de 21/09/12, tendo ele se manifestado intempestivamente, nos termos do processo nº 14554/12, anexado às fls. 687 a 714.

Dos Exercícios Anteriores

A prestação de contas do exercício financeiro de 2010, de responsabilidade dos Srs. Anderson Luiz Silva (01/01 a 20/05/2010) e Antônio Marcos Alves da Silva (21/05 a 31/12/2010) foi rejeitada, mediante Parecer Prévio nº 176/12, com aplicação de multas de R$ 7.000,00 e R$ 3.000,00, respectivamente, cujos recolhimentos ainda não foram efetuados pelos Gestores.

DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

O alicerce e ponto de partida para qualquer Gestão é o processo de planejamento. A ação planejada na Administração Pública tem como premissa a execução de planos previamente traçados, orientados pelos anseios e necessidades da população, reduzindo assim os riscos e otimizando os recursos do Município.

A Constituição de 1988, em seu art. 165, caput, reforça as atribuições do planejamento e de execução dos gastos públicos, preconizando através de lei de iniciativa do Poder Executivo, a elaboração do Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA, os quais passarão a ser objeto de efetivo acompanhamento da gestão, servindo de subsídios para tomadas de decisões e de avaliações periódicas.

Plano Plurianual - PPA

O PPA, contemplado na Carta Magna, no art. 165, inciso I, é o planejamento estratégico das ações governamentais. Com duração de quatro anos, nele serão estabelecidas de forma regionalizada, 2

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levando-se em consideração as particularidades e os potenciais de cada Município, a proposição de programas e ações, para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para os programas de duração continuada.

A Lei Municipal nº 201, de 11 de dezembro de 2009, aprovou o Plano Plurianual – PPA, para o período de 2010 a 2012.

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO

A Lei nº 203, de 30 de junho de 2010, aprovou as Diretrizes Orçamentárias – LDO do Município, para o exercício de 2011.

Integra o projeto da LDO, o anexo de Metas Fiscais, em que são estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultado nominal e primário e montante da dívida pública, além da evolução do patrimônio líquido, em cumprimento ao art. 4º §§ 1º e 2º da LRF, bem como o anexo de Risco Fiscal, que demonstra os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem, como determina o § 3º, do art. 4º da Lei nº 101/00.

Consta nos autos a comprovação da publicação do PPA e da LDO, em cumprimento ao art. 48, da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Lei Orçamentária Anual – LOA

A Lei Orçamentária Anual estabelece limites de despesas, em função da receita estimada para o exercício financeiro a que se referir, obedecendo os princípios da unidade, universalidade e anuidade.

A Lei Orçamentária nº 208/10, de 30 de dezembro de 2010, aprovou o orçamento do Município, fixando-o em R$ 22.733.235,00, sendo R$ 17.457.265,82 relativo ao Orçamento Fiscal e R$ 5.275.969,18 para Seguridade Social, com o respectivo comprovante de sua publicação.

Programação Financeira

Consta nos autos a Programação Financeira e o cronograma mensal de desembolso, sendo este o instrumento instituído pelo art. 8º da LRF que possibilita ao Gestor traçar um programa de utilização dos créditos orçamentários aprovados no exercício, bem

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como efetivar uma análise comparativa entre o previsto na LOA e a sua realização mensal, compatibilizando a execução das despesas, com as receitas arrecadadas no período, aprovado pelo Decreto nº 04/11, apresentado na defesa.

O artigo 4º autorizou a abertura de créditos suplementares nos limites e com recursos abaixo indicados:

a) 100% decorrentes de Superávit Financeiro;

b) 100% decorrentes do excesso de arrecadação;

c) 100% decorrentes da anulação parcial ou total de dotações;

DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

Créditos Adicionais Suplementares

Devidamente autorizados na Lei Orçamentária Anual, foram abertos através de Decretos do Poder Executivo, créditos adicionais suplementares de R$ 9.723.373,74, sendo R$ 9.723.373,74 com recursos provenientes de anulação de dotações e R$ 1.391.697,30 por excesso de arrecadação, contabilizados em igual valor.

Conforme Balanço Orçamentário, o excesso de arrecadação do exercício foi de R$ 2.503.139,57, uma vez que a previsão da receita foi de R$ 22.733.235,00 e a arrecadação, R$ 25.236.374,57.

Quadro de Detalhamento da Despesa – QDD

O quadro de detalhamento de despesa é elaborado no início do exercício, discriminando os elementos de despesas pelos projetos/atividades, de cada órgão da estrutura administrativa municipal.

As alterações no detalhamento de despesa servem para dar maior dinamismo na execução orçamentária, em virtude que não há necessidade de autorização legislativa para que sejam promovidas, pois tais lançamentos não podem alterar os valores das dotações do grupo de despesa em cada Projeto/Atividade.

O Quadro de Detalhamento de despesa foi alterado no decurso do exercício financeiro por meio de decretos no total de R$ 936.699,88, devidamente contabilizado no demonstrativo de despesa, respeitando os valores dos respectivos grupos de

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despesa em cada Projeto/Atividade, em conformidade com a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Município.

DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A 13ª Inspetoria Regional de Controle Externo exerceu a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Município, notificando mensalmente o Gestor sobre as falhas e irregularidades detectadas no exame da documentação mensal. As ocorrências não sanadas ou não satisfatoriamente esclarecidas, devidamente consolidadas no incluso Relatório Anual de fls.570 a 636, são:

• ausência de publicação resumida de instrumento de contrato na imprensa oficial (proc. nº 045/2011, 74/2011); o registro de preços não foi precedido de ampla pesquisa de mercado (proc. nº 34/2011, 40/2011, 041/2011); não foi apresentado decreto ou outro ato regulamentando o Sistema de Registro de Preços (proc. nº 37/2011, 40/2011, 42/2011).

DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS - LEI nº 4.320/64

Os Demonstrativos Contábeis foram assinados pela Contabilista, Sr Marilu Pólvora Santos, devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade, sob o número 030161/O-0, sendo afixado o selo de Declaração de Habilitação Profissional – DHP, em cumprimento ao disposto na Resolução n° 871/00, do Conselho Federal de Contabilidade.

Análise dos Balancetes Mensais

Inicialmente cabe registrar que os saldos das rubricas do balanço patrimonial do exercício anterior, apresentaram inconsistências ao serem transportados para o Demonstrativo de Contas do Razão – DCR referente ao mês de janeiro/11.

Da mesma forma, foram transportados com divergência os saldos das contas patrimoniais do DCR de dezembro/10 para o balanço patrimonial do exercício. Acrescente-se ainda que as receitas e as despesas extraorçamentárias contabilizadas no balancete de despesa de dezembro também apresentaram divergências com os valores escriturados no balanço financeiro.

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Estas divergências impactam a variação patrimonial do Município, e comprometem a confiabilidade dos dados, desrespeitando os princípios contábeis da continuidade, oportunidade e competência, estabelecidos nos artigos 5º, 6º e 9º da Resolução CFC nº 750/93, devendo a administração ao elaborar as próximas peças contábeis ter um maior zelo no que diz respeito à escrituração contábil, a fim de garantir maior grau de segurança na situação patrimonial ao final do exercício.

Adverte-se a Administração para que mantenha sempre atualizados os demonstrativos mensais, em obediência ao princípio contábil da oportunidade, possibilitando assim, um monitoramento pela IRCE da real situação patrimonial da entidade.

Na defesa o Gestor apresentou um novo balancete contábil deste mês, que não foi acatado por esta Relatoria tendo em vista que os demonstrativos contábeis após disponibilidade pública não podem ser alterados. Os eventuais ajustes, caso necessário, devem ser feitos nas contas subsequentes, acompanhados das devidas notas explicativas.

Confronto com as Contas da Câmara e Descentralizadas

Conforme Pronunciamento Técnico o Demonstrativo de Despesa da Prefeitura do mês de dezembro consignou a movimentação orçamentária e extraorçamentária do Legislativo Municipal, em obediência ao art. 2º da Resolução TCM nº 1.060/05.

De igual forma, foram apresentados os Demonstrativos Contábeis e Anexos exigidos pela Lei nº 4.320/64 de forma consolidada com as Prestações de Contas das entidades descentralizadas, em cumprimento ao art. 50, III, da LRF.

Balanço Orçamentário

O confronto das receitas e despesas previstas com a realizada, conforme previsto no art. 102 da Lei nº 4.320/64, demonstra no quadro abaixo o resultado orçamentário do exercício.

RECEITA DESPESAPrevista 22.733.235,00 Fixada 24.124.932,30Realizada 25.236.374,57 Realizada 24.124.932,30

Receita Orçamentária 6

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De acordo com o Balanço Orçamentário, a arrecadação foi de R$ 25.236.374,57, superior em 11,01% à sua previsão. As receitas correntes, destinadas a cobrir as atividades governamentais, alcançaram R$ 3.073.562,26, não ocorrendo receitas de capital.

As despesas fixadas no orçamento foram majoradas em R$ 1.391.697,30, passando para R$ 24.124.932,30. Em comparação com o valor originalmente previsto, não houve economia orçamentária, vez que foram gastos R$ 24.124.932,30, ante uma fixação de R$ 22.733.235,00. Assim, as despesas efetivamente executadas ultrapassaram 6,12% do valor autorizado.

A Despesa Realizada em 2010 e 2011 comportou-se conforme tabela abaixo:

Despesas 2010 2011 Variação(%)

Despesas Correntes 19.339.939,87 22.730.057,51 17,53

Pessoal e Encargos 10.126.236,58 12.235.000,62 20,82

Juros e Encargos da dívida 0,00 340,00 -

Outras despesas correntes 9.213.703,29 10.494.716,89 13,90

Despesas de Capital 1.591.920,86 1.394.874,79 -12,38Total 20.931.860,73 24.124.932,30

Para as despesas com manutenção e o funcionamento dos serviços públicos, classificadas como Despesas Correntes, as despesas com pessoal e encargos contabilizadas, tiveram um incremento de 20,82% em relação ao exercício de 2010, representando em 2011 53,83% do total das despesas realizadas no exercício.

Resultado da Execução Orçamentária

Em relação ao exercício de 2010, verifica-se que a receita cresceu 22,33% e a despesa 15,25%. A execução orçamentária deficitária de R$ 302.164,86 do exercício anterior passou a superavitária no exercício sob exame, em R$ 1.111.442,27, conforme quadro abaixo:

Descrição 2010 (R$) 2011 (R$) %Receita 20.629.695,87 25.236.374,57 22,33

Despesa 20.931.860,73 24.124.932,30 15,25

Resultado (302.164,86) 1.111.442,27

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Balanço Financeiro

Esta peça contábil tem o objetivo de evidenciar o fluxo financeiro ocorrido na entidade, ilustrando a receita e despesa compreendidas na execução orçamentária, bem como os recebimentos e pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que são transferidos para o exercício seguinte.

O resultado do Balanço Financeiro foi o seguinte:

RECEITA (R$) DESPESA (R$)Orçamentária 25.236.374,57 Orçamentária 24.124.932,30Extra orçamentária 2.340.494,82 Extra orçamentária 2.269.776,29

Saldo exerc. Anterior 3.307.667,87 Saldo exerc. Seguinte 4.489.828,67

Total 30.884.537,26 Total 30.884.537,26

Do total de R$ 30.884.537,26 de ingressos, R$ 25.236.374,57 são orçamentários, R$ 2.340.494,82 de origem extraorçamentária e R$ 3.307.667,87 oriundos do exercício anterior.

Conforme demonstrado no Balanço Financeiro, houve incorporação no Anexo 13 - Balanço Financeiro, das Receitas e Despesas Extraorçamentárias da Câmara Municipal, em cumprimento ao art. 2º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Balanço Patrimonial

Apresenta o estado patrimonial da Entidade ao final do exercício, através de seus investimentos e de sua origem, representando os bens, direitos e obrigações. Conjugado com a Demonstração das Variações Patrimoniais evidencia as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, indicando o resultado do exercício.

A situação patrimonial ao final do exercício sob análise está demonstrada abaixo:

ATIVO PASSIVO

FinanceiroDisponível 4.489.828,67

Financeiro 1.846.289,18Realizável 128.445,07

Permanente 15.546.154,84Permanente 5.167.102,20

Ativo Real Liq. 13.151.037,20

Total Ativo 20.164.428,58 Total Passivo 20.164.428,58

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O Balanço Patrimonial apresentou um resultado de Ativo Real Líquido de R$ 13.151.037,20 , em face do Ativo Real Líquido do exercício de 2010, de R$ 7.242.056,08, adicionado do superávit patrimonial do exercício sob exame, de R$ 5.866.941,12.

Ativo Disponibilidade de recursos

Conforme Balanço Patrimonial, as disponibilidades financeiras do Município ao final do exercício alcançaram o montante de R$ 4.489.828,67, valor este 35,74% superior ao apresentado no exercício anterior.

Foram apresentados na defesa os originais dos extratos bancários de dezembro/11 e janeiro/12.

Ativo Realizável

Este grupo do ativo evidenciou diversas contas totalizando R$ 128.445,07, que representam valores relevantes pendentes para ingressar no Tesouro Municipal. Reincidentemente perduram do exercício de 2010 as contas demonstradas a seguir, evidenciando que não foram adotadas medidas eficazes para as suas regularizações.

Realizável 2010 2011Antecipação a terceiros 4.000,00 4.000,00APLB 9.499,35 9.499,35Devolução Duodécimo CM 7,59 7,59Contribuição Sindical FMS 813,12 813,12IRRF CM 239,24 239,24ISS CM 125,00 125,00

Questionado sobre a origem desses direitos, bem como as medidas que estão sendo adotadas para a sua regularização, o Gestor informou que essa situação está sendo regularizada no exercício de 2012, mediante medidas administrativas, inclusive a instauração de processos administrativos, mas não apresentou nenhum documento comprobatório, ficando ele advertido de sorte a evitar que a pendência perdure nas contas subsequentes, mesmo porque a responsabilidade das contas de 2010 também foi deste Gestor.

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Ativo Permanente

Adverte-se a Administração para que observe a Resolução CFC nº 1.136/08 e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC T 16.9, apropriando a depreciação dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Inicia-se a Depreciação com a colocação do uso do bem, e deve ser obrigatoriamente reconhecida pela Entidade, adotando o método que seja compatível com a vida útil econômica do ativo.

Passivo

No grupo do Passivo, integrante também do Balanço Patrimonial, estão registradas as dívidas de curto e longo prazos do Município, a seguir representada:

PASSIVO VALORPassivo Financeiro 1.846.289,18Passivo Permanente 5.167.102,20Total do Passivo Real 7.013.391,38

Passivo Financeiro

Foram identificadas no Passivo Financeiro obrigações a pagar perante o INSS de R$ 571.836,58 (“INSS Executivo” - R$ 113.490,65, “INSS IPPN” - R$ 65.211,92 e “INSS FMS” - R$ 393.134,01), oriundas de retenções de servidores, representando um aumento de 24,92% em relação ao exercício de 2010, quando o saldo era de R$ 457.776,86.

Reitera-se a determinação para que o Gestor promova ações efetivas para os recolhimentos devidos, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos contribuintes, podem caracterizar ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000.

Além disso, evidencia-se no Passivo Financeiro as contas ISS e IRRF com saldos totais de R$ 42.146,26 e R$ 207.680,80, respectivamente. Esses valores constituem receitas orçamentárias do município, conforme disposto nos arts. 156, inciso III (ISS) e

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158, inciso I (IRRF) da Constituição Federal, não podendo ser considerados como obrigações da Prefeitura.

É salutar mencionar que o repasse tempestivo para o Município de suas receitas tem impacto direto no valor mínimo a ser aplicado na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde, em face do aumento nas receitas tributárias, beneficiando assim a população.

Deve o Gestor regularizar essas pendências de forma a evitar a reiterada reincidência das irregularidades verificadas.

Passivo Permanente

A análise da Dívida Fundada do Município demonstra que R$ 5.167.102,20 correspondem às dívidas com o INSS, PASEP, EMBASA, COELBA e IPPN. Em relação ao exercício de 2010 houve um decréscimo de 4,32% em 2011.

Não foram apresentados documentos comprobatórios da Dívida Fundada Interna com o INSS, PASEP, COELBA e IPPN, em descumprimento ao item 39, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Dívida Ativa

No exercício sob exame a cobrança da Dívida Ativa Tributária foi de R$ 29.788,00, que representa 16,51% do saldo da Dívida Ativa Tributária no exercício de 2010, que foi de R$ 180.426,83. Houve inscrição de R$ 50.097,76, resultando ao final do exercício um saldo de R$ 200.736,59.

Dívida Ativa Não Tributária

Quanto à Dívida Ativa não Tributária, o saldo do exercício de 2010 foi de R$ 14.826,60. Em 2011 não houve cobrança nem inscrição da referida dívida.

Reitera-se também o alerta contido no exercício anterior e não observado pelo Gestor, que o Manual da Dívida Ativa, instituído pela Portaria n° 467 da Secretaria do Tesouro Nacional, indica que os créditos inscritos em dívida ativa são objeto de atualização monetária, juros e multas, previstos em contratos ou em normativos legais, que são incorporados ao valor original inscrito. A atualização monetária deve ser lançada no mínimo mensalmente, de acordo 11

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com índice ou forma de cálculo pactuada ou legalmente incidente. Contudo não foi identificado qualquer lançamento contábil na Demonstração das Variações Patrimoniais que demonstre que esse procedimento está sendo adotado pela Administração Pública Municipal.

Determina-se ao Gestor que faça a correção ou atualização do saldo da Dívida Ativa na Demonstração das Variações Patrimoniais – Variação Ativa – Independente da Execução Orçamentária, conforme disposto na Portaria STN nº 564, de 27/12/2004.

Dívida Consolidada Líquida

O Pronunciamento Técnico indica que a Dívida Consolidada Líquida do Município obedeceu ao limite de 1,2 vezes da Receita Corrente Líquida, em cumprimento ao disposto no art. 3º, inciso II, da Resolução nº 40, de 20.12.2001, do Senado Federal.

Precatórios Judiciais

O Balanço Patrimonial registra a existência de Precatórios de R$ 26.357,42, tendo sido apresentada na defesa a relação dos beneficiários, demonstrando a ordem cronológica e os valores respectivos, em cumprimento do quanto disposto no art. 30, § 7º e art. 10, da Lei Complementar nº 101/00 (LRF), assim como na Resolução TCM nº 1060/05, art. 9º, item 39.

Vale observar que o art. 100 da Constituição Federal dispõe que:

“Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentenças judiciais, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.”

Restos a Pagar

A Entidade dispôs de recursos suficientes para quitar seus compromissos assumidos, pois as disponibilidades financeiras no final do exercício foram de R$ 4.618.273,74, e em contrapartida as dívidas de curto prazo, especificamente as consignações/retenções, Restos a Pagar de exercícios anteriores e despesas de exercícios anteriores, totalizaram R$ 2.254.003,79.

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Alerta-se a Administração quanto ao cumprimento do art. 42 da Lei Complementar 101 – LRF, no último ano de mandato.

Ressalte-se que no exame da prestação de contas anual referentes ao último ano de mandato, para fins da verificação do cumprimento do art. 42 da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, a disponibilidade financeira será apurada levando em consideração diversos aspectos, devendo o Gestor a observar a sistemática adotada pela Coordenadoria de Controle Externo, conforme Pronunciamento Técnico - item 4.7, amparada na Instrução Cameral nº 05/11 deste Tribunal.Deve o Gestor também cumprir o disposto na Resolução TCM 1060/05, art. 9º, itens 19 e 29, quanto à apresentação das relações analíticas dos elementos que compõem o Passivo Financeiro visando atender a todas as suas exigências, inclusive as que se referem aos Restos a Pagar, indicando ainda, as fontes de recursos, possibilitando, assim, verificar-se a vinculação da disponibilidade com a respectiva despesa.

Despesas de Exercícios Anteriores

No exercício financeiro de 2011 foram pagas Despesas de Exercícios Anteriores – DEA, de R$ 92.234,21, observando-se que o Orçamento não foi comprometido em mais de 10% com estas despesas, mantendo o equilíbrio fiscal do Município e a programação estabelecida para o exercício.

Ressalte-se que as Despesas de Exercícios Anteriores só podem ocorrer nos casos previstos no art. 37, da Lei Federal nº 4.320/64, conforme abaixo transcrito:

“As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida sempre que possível a ordem cronológica.”

Demonstração Das Variações Patrimoniais

A Demonstração das Variações Patrimoniais registra Variações Ativas de R$ 30.123.352,26 e Passivas de R$ 24.256.411,14,

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causando um Resultado Patrimonial de R$ 5.866.941,12 – Superávit.

Inventário

O Inventário Patrimonial de fls. 184/255, demonstra a alocação dos bens e os números dos respectivos tombamentos e está acompanhado da Certidão atestando que todos os bens do município estão registrados no Livro de Tombo, cumprindo o quanto estabelecido no art. 9º, item 18, da Resolução TCM nº 1060/05.

DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Educação - artigo 212 da Constituição Federal

O Município não cumpriu o determinado no art. 212 da Constituição Federal, aplicando em educação R$ 9.650.972,18, correspondentes a 23,99% da receita resultante de impostos, de acordo com o Pronunciamento Técnico e dos exames efetuados pela Inspetoria Regional de Controle Externo, na documentação de despesa apresentada, aí incluídos os “Restos a Pagar”, quando o mínimo exigido é de 25%, registrando-se inclusive reincidência em relação ao exercício de 2010.

Na defesa o Gestor contestou os cálculos efetuados pela CCE, alegando que foram glosadas pela IRCE despesas de R$ 487.061,16 realizadas pela OSCIP denominada CECOSAP – Centro Comunitário Social Alto Paraíso, objeto de prestação de contas em separado, que segundo ele teriam sido executadas com a remuneração e aperfeiçoamento dos profissionais de educação.

Esta Relatoria solicitou então o exame dessa documentação à 1ª CCE, bem como pronunciamento sobre a regularidade dos repasses efetuados a essa entidade em 2011, no montante de R$ 1.775.211,41, que segundo o Pronunciamento Técnico a prestação de contas desses repasses já se encontravam neste Tribunal para exame e julgamento, sendo que, segundo o SIGA, o montante repassado foi de R$ 2.297.427,54.

Os autos retornaram a este Gabinete com o incluso Parecer de fls. 717/718, subscrito pelo Analista de Controle Externo André Rodrigues, cujas conclusões são as seguintes:

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“Informamos que durante o exercício, a 13ª IRCE glosou as mencionadas despesas, referentes aos valores repassados à OSCIP, por não ter apresentado a devida prestação de contas.

Na resposta a diligência, o Gestor apresentou processos de pagamento referentes aos repasses efetuados à OSCIP, custeados com recursos do FUNDEB 40% (Pasta tipo A-Z 03/05, docs. 10, 11, 12 e 13). Os processos de pagamento encontram-se acompanhados de folhas de pagamento de pessoal. Entretanto, essas folhas são meras relações demonstrativas dos pagamentos efetuados. Inexiste qualquer outro documento que comprove o efetivo pagamento aos funcionários da OSCIP (como, por exemplo, os comprovantes de depósito bancário nas contas dos funcionários, devidamente acompanhados dos respectivos contracheques). Também não constam os comprovantes de recolhimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e tributárias, incidentes sobre as mencionadas folhas de pagamento.

No despacho de fls. 715, o eminente Relator também determinou a realização do exame da prestação de contas da OSCIP em tela, que foi protocolada neste Tribunal de Contas sob os números 12.359/12 e 12.360/12. Examinamos esses processos (seguem, em anexo, cópias das respectivas análises) e verificamos que os documentos apresentados não atendem ao quanto disposto no art. 3º, II, da Resolução TCM nº 1269/08, porquanto desacompanhados do original dos comprovantes de despesa, nota fiscal ou recibo, constando apenas simples relações de pagamento, em cópia, da mão de obra aportada pela CECOSAP. Ademais, não há evidência do recolhimento das obrigações previdenciárias, trabalhistas e tributárias. Não consta da prestação de contas o detalhamento da remuneração paga a dirigentes e consultores, nos termos do prescrito no inciso VII do citado dispositivo. Não foram encaminhados os demonstrativos contábeis exigidos pelo inciso VI, art. 3º da Resolução TCM nº 1.269/08. Tampouco foi encaminhada a lei municipal autorizadora da celebração do termo de parceria, exigida pelo inciso VI, art. 2º da mencionada Resolução. O Controle Interno do Município não emitiu parecer sobre a regularidade da prestação de contas da OSCIP, desatendendo, assim, o § 2º, do art. 1º da Resolução TCM nº 1.269/08. Por fim, os pareceres da auditoria independente, exigidos pelo inciso VIII, art. 3º da Resolução supracitada, foram elaborados em dissonância com as Normas de Auditoria Interna Independente – NBC T 11. Seguem em anexo cópias das análises relativas aos Processos TCM nº 12.359/12 e nº 12.360/12.

Portanto, diante do exposto nos parágrafos anteriores, afirmamos que não há como acolher as despesas decorrentes do termo de parceria em apreço, para efeito de aplicação na manutenção e desenvolvimento do ensino – art. 212 da CF.

Assim, sugerimos pela manutenção da glosa das despesas relativas à OSCIP, e pela permanência do índice constitucional de Educação registrado no Pronunciamento Técnico referente às contas anuais da Prefeitura, exercício financeiro de 2011.

Em 06/12/2012”.

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Esta Relatoria concorda integralmente com o pronunciamento retro, que passa a fazer parte integrante deste decisório, ratificando-se o descumprimento do art. 212 da Constituição Federal.Fundeb – Lei Federal nº 11.494/07

O Município cumpriu o art. 22 da Lei Federal n.º 11.494/07, que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação - FUNDEB, aplicando 65,61% dos recursos, correspondentes a R$ 6.070.973,43, na remuneração de profissionais em efetivo exercício do magistério, quando o mínimo exigido é de 60%. Conforme informação da Secretaria do Tesouro Nacional, a receita do Município proveniente do FUNDEB foi de R$ 9.214.713,28.

Consta nos autos o Parecer do Conselho Municipal do FUNDEB, observando ao art. 31 da Resolução TCM n° 1.276/08.

Despesas do FUNDEB – art. 13 § único da Resolução TCM nº 1.276/08

Conforme Pronunciamento Técnico foi observado o limite de 5% para aplicação dos recursos do FUNDEB no primeiro trimestre do exercício subsequente àquele em que se deu o crédito, mediante abertura de crédito adicional, nos moldes do art. 13, § único da Resolução TCM nº 1.276/08, restando a ser aplicado o percentual de 2,73% pelo Município.

Glosa deste exercício

Foram glosadas pela Inspetoria Regional despesas de R$ 434.506,67, por caracterizarem desvio de finalidade do FUNDEB.

Deve o Gestor fazer retornar este valor à conta corrente do FUNDEB, em 06 (seis) parcelas iguais e sucessivas, com recursos municipais, a contar do trânsito em julgado deste decisório, com remessa da comprovação a esta Corte de Contas, sob pena de responsabilidade.

Débitos pendentes do FUNDEB

Conforme registros constantes dos arquivos desta Corte de Contas, encontram-se pendentes de recolhimento as glosas a seguir discriminadas:

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Processo Responsável (eis) Natureza Valor R$ Parecer Exercício 08734-09 JOSÉ VENÂNCIO

SOBRINHOFUNDEB R$ 21.964,05 124/09 2008

09641-10 ANDERSON LUZ SILVA FUNDEB R$ 13.479,68 773/10 2009

08149-11 ANDERSON LUZ DA SILVA e ANTONIO M. ALVES DA SILVA

FUNDEB R$ 97.330,42 176/12 2010

Na defesa o Gestor alegou que as glosas serão restituídas parceladamente, em virtude das sérias dificuldades financeiras que atravessa o Município, tendo ele informado que os comprovantes respectivos serão apresentados ao Tribunal até o final de 2012.Determina-se a imediata restituição de R$ 132.774,15 à conta do FUNDEB, com remessa de sua comprovação a esta Corte de Contas.

Fica o Gestor advertido que a reincidência no desvio de finalidade na aplicação dos recursos do FUNDEB ou o não cumprimento da determinação dos estornos, conforme acima consignado, poderá comprometer o mérito de suas contas futuras.

Aplicação Mínima em Ações e Serviços Públicos de Saúde – art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Foi cumprido o art. 77, inciso III, § 1º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, pois as aplicações realizadas em ações e serviços públicos de saúde foram de R$ 1.877.950,11, correspondentes a 15,52% do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, alínea b e § 3º, da Constituição Federal, com a exclusão de 1% (um por cento) do FPM, de que trata a Emenda Constitucional nº 55/07, quando a aplicação mínima exigida é de 15%.

Foi apresentado o Parecer do Conselho Municipal de Saúde, em cumprimento ao art. 13, da Resolução TCM nº 1.277/08.

Transferência de Recursos ao Poder Legislativo – art. 29-A da C.F.

Embora o valor fixado no Orçamento para a Câmara Municipal tenha sido de R$ 1.016.160,00, o valor efetivamente repassado foi

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de R$ 723.086,76, de acordo com os parâmetros estabelecidos no art. 29-A, da Constituição Federal.

SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei Municipal nº 190/08, fixou os subsídios do Prefeito em R$9.150,00, os do Vice-Prefeito em R$ 4.500,00 e os dos Secretários Municipais em R$ 2.500,00, depreendendo-se das informações contidas no Pronunciamento Técnico neste particular que os valores por eles percebidos obedeceram aos parâmetros legais estabelecidos.

CONTROLE INTERNO

O Relatório Anual de Controle Interno do exercício em exame reincidentemente não atende completamente às preconizações do art. 74, incisos I a IV, da Constituição Federal e art. 90, incisos I a IV da Constituição Estadual, uma vez que é omisso na avaliação do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual e a execução dos Programas de Governo, além de não analisar os resultados quanto à economia, eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e operacional da entidade.

Fica o Gestor advertido para o cumprimento da Resolução TCM nº 1.120/05 e legislação pertinente.

DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Pessoal

A despesa realizada com pessoal ao final do exercício de 2011 reincidentemente não obedeceu ao limite de 54% definido pelo art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei Complementar nº 101/00, aplicando R$ 16.288.718,12, correspondentes a 64,54% da Receita Corrente Líquida de R$ 25.236.374,57.

Inicialmente alegou o Gestor que os municípios enfrentaram dificuldades financeiras em virtude da crise mundial que atingiu o país, havendo consequentemente queda dos repasses financeiros nos âmbitos federal e estadual e que nos cálculos procedidos pela IRCE foram incluídas despesas que não deveriam ser computadas, a exemplo de consultorias e assessorias jurídica, contábil, fiscal e tributária, além de sistema de informática e pessoal da área de saúde, a exemplo de médicos, enfermeiros e odontólogos, no total 18

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de R$ 4.416.096,72, “dado a inexistência de cargos criados através da Lei Municipal nº 044, de 11 de abril de 1995.”

Finalizou enfatizando que essas despesas referem-se a contratação de pessoas jurídicas e prestadores de serviços, conforme Relação de Processos Pagos anexados aos autos.

Apesar das justificativas apresentadas, não foi apresentado qualquer documento comprobatório que desse suporte a essas alegações, a exemplo dos processos de pagamento devidamente instruídos, planilhas explicativas e os contratos de prestação de serviço respectivos, tendo ele apresentado apenas a Lei nº 044/95, de 11 de abril de 1995, que instituiu o Plano de Cargos, Carreira e Salário da Prefeitura Municipal de Ponto Novo e a relação dos processos de pagamento que, segundo ele, foram indevidamente considerados como despesa de pessoal.

D E S P E S A C O M P E S S O A L Receita Corrente Líquida R$ 25.236.374,57 Limite máximo – 54% (art. 20 LRF) R$ 13.627.642,27 Limite Prudencial – 95% do limite máximo (art. 22) R$ 12.946.260,16 Limite para alerta – 90% do limite máximo (art. 59) R$ 12.264.878,04 Despesa realizada com pessoal R$ 16.288.718,12 Percentual da Despesa na Receita Corrente Líquida 64,54%

Deve o Gestor eliminar o percentual excedente das despesas com pessoal imediatamente, para que não ultrapasse os limites definidos no art. 20 da Lei Complementar nº 101/00, adotando as medidas inscritas nos incisos I a V do seu art. 22, e as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição, sob pena de responsabilidade.

Despesa total com pessoal – percentual excedente (art. 23 e 66 da LRF)

No exercício de 2009 também foi ultrapassado o limite definido no art. 20, inciso III, alínea “b” da Lei Complementar nº 101/00, aplicando 60,62% em despesa com pessoal. Assim, consoante estabelecem os arts. 23 e 66 da LRF, o Município deveria eliminar o percentual excedente até abril/2011.

Conforme Pronunciamento Técnico, o Município também descumpriu os artigos 23 e 66 da LRF, tendo em vista que a

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despesa com pessoal alcançou em abril de 2011 o total de R$ 12.235.502,72, correspondendo a 54,60% da Receita Corrente Líquida.

O descumprimento a esta norma constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas, nos termos do art. 5º, inciso IV, da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, punível com a sanção pecuniária prevista no § 1º do mesmo artigo, correspondente a 30% de vencimentos anuais do Gestor.

Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal

Publicidade - arts. 6º e 7º, da Resolução nº 1.065/05

Aponta o Pronunciamento Técnico que foi apresentada pelo Gestor a comprovação de publicidade dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e de Gestão Fiscal, correspondentes aos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º bimestres e 1º, 2º e 3º quadrimestres, em cumprimento aos arts. 52 e 55, § 2º, da Lei Complementar nº 101/00 e 6º e 7º, da Resolução TCM nº 1.065/05.

Remessa dos Dados – arts. 1º e 2º, da Resolução nº 1.065/05

O Sistema LRF-net registra o cumprimento do art.1º, da Resolução TCM nº 1.065/05, que institui a obrigatoriedade da remessa a este Tribunal, por meio eletrônico, dos demonstrativos com os dados dos Relatórios de Gestão Fiscal e Resumidos da Execução Orçamentária, de que trata a Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

Audiências Públicas

Foi cumprido o § 4º, do art. 9º, da Lei Complementar nº 101/00, que dispõe que “até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1º, do art. 166, da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais”. Encontra-se às fls. 398/403 as cópias das atas das audiências públicas.

Registre-se que as Atas relativas ao 2º quadrimestre foram realizadas fora do prazo.

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Determina-se ao Gestor o fiel cumprimento da legislação pertinente.

DAS RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL

ROYALTIES - Resolução TCM nº 931/04 e CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE – Resolução TCM nº 1.222/05

Conforme Pronunciamento Técnico o Município recebeu recursos oriundos do Royalties/Fundo Especial e da CIDE no montante de R$ 128.287,99 e R$ 46.963,37, respectivamente, não tendo sido no exercício glosadas despesas desta natureza.

Repasse de Recursos a Entidades Civis - Resolução TCM nº 1.121/05

Conforme Pronunciamento Técnico, a Prefeitura Municipal repassou R$ 1.775.211,41 para as entidades civis abaixo relacionadas, sem constar dos autos as respectivas prestações de contas, bem como a autorização por lei específica, em descumprimento aos arts. 26, da Lei Complementar n.º 101/00 e 4º e 5º, da Resolução TCM nº 1121/05.

Entidades Valor repassado (R$)CECOSAP – Centro Comunitário Social Alto Paraíso 1.109.695,99CECOSAP – Centro Comunitário Social Alto Paraíso 665.515,42Total 1.775.211,41

Foram apresentados na diligência final os documentos constitutivos das prestações de contas das entidades acima, que devem ser retirados deste processo e autuados em separado, com fins à competente Coordenadoria de Controle Externo – CCE, para análise (documento 14, das pastas tipo “a-z” 04/05 e 05/05).

RESOLUÇÃO TCM nº 1.060/05

Demonstrativo dos Resultados Alcançados

O Demonstrativo dos Resultados Alcançados constante dos autos (fls. 394/395) não contemplou a quantidade de ações ajuizadas para cobrança da Dívida Ativa, os resultados alcançados e a evolução do montante de créditos tributários passíveis de cobrança

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administrativa, descumprindo o item 30, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05.

Relatório de Projetos e Atividades

Encontra-se às fls. 405 a 407 o Relatório de Projetos e Atividades da Prefeitura Municipal, concluídos e em conclusão, indicando a participação relativa ao aspecto apenas financeiro, sem incluir o aspecto físico, em desacordo com as diretrizes estabelecidas no item 32, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1.060/05 e parágrafo único, do art. 45, da Lei Complementar nº 101/00.

RESOLUÇÃO TCM nº 1.282/09

Como o Pronunciamento Técnico não faz qualquer registro dos dados informados pelo Ente jurisdicionado no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria - SIGA, e de seus respectivos relatórios, relativos aos gastos do Poder Executivo Municipal com obras e serviços de engenharia, servidores nomeados e contratados, bem como o total de despesa de pessoal confrontado com o valor das receitas no semestre e no período vencido do ano, além dos gastos com noticiário, propaganda ou promoção, no exercício 2010, conforme disposto nos inc. I, II e III, do § 2º, combinado com o § 3º, ambos do art. 6º da Resolução TCM nº 1.282/09, de 22/12/2009, deixa esta Relatoria de se manifestar sobre estas questões, sem prejuízo de exame e julgamento em eventuais questionamentos.

MULTAS E RESSARCIMENTOS PENDENTES

O Sistema de Informações sobre Multas e Ressarcimentos deste Tribunal registra as seguintes pendências, sendo uma multa do Gestor destas contas, ressalvando que ela venceu apenas em 2012:

MULTAS

Processo Multado Cargo Venc. Valor R$ Divida Ativa

Execução Fiscal

08149-11 ANTÔNIO MARCOS ALVES DA SILVA

Prefeito 20/05/2012 R$ 3.000,00 N N

60622-08 JOSÉ VENÂNCIO SOBRINHO

Ex-Prefeito 21/09/2009 R$ 3.000,00 N N

09641-10 ANDERSON LUZ SILVA Prefeito 09/01/2011 R$ 5.000,00 N N

05842-11 JOSÉ VENÂNCIO SOBRIHO ex-Prefeito 28/09/2011 R$ 500,00 N N

60633-11 JAIR VENANCIO DA SILVA Presidente 14/05/2012 R$ 800,00 N N

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da Camara

08149-11 ANDERSON LUZ SILVA Prefeito 20/05/2012 R$ 7.000,00 N N

RESSARCIMENTOS Processo Responsável(eis) Cargo Venc Valor R$ Divida

Ativa Execução

Fiscal

05217-98 RENIVALDO JOSE PORCINO PREFEITO 04/10/1998 R$ 1.265,08 S S

05217-98 JOSE ORLANDO QUIRINO GAMA

VICE-PREFEITO 04/10/1998 R$ 421,70 S S

06656-99 RENIVALDO JOSÉ PORCINO PREFEITO MUNICIPAL

22/11/1999 R$ 1.488,68 S S

06656-99 JOSÉ ORLANDO QUIRINO GAMA

VICE-PREFEITO MUNICIPAL

22/11/1999 R$ 496,23 S S

06656-99 IDERLÂNDIO CARNEIRO MAIA

PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL

22/11/1999 R$ 1.030,17 S S

06656-99 VALDO DOS SANTOS VEREADOR 22/11/1999 R$ 686,78 S S

06656-99 APARECIDA PEREIRA CRUZ VEREADORA 22/11/1999 R$ 686,78 S S

06656-99 MANOEL ROBERTO CAVANCANTE

VEREADOR 22/11/1999 R$ 686,78 S S

06656-99 ADELSON CARNEIRO MAIA VEREADOR 22/11/1999 R$ 686,78 S S

06656-99 JOSÉ GUIRRA DOS SANTOS VEREADOR 22/11/1999 R$ 686,78 S S

06656-99 GODOFREDO DOS SANTOS VEREADOR 22/11/1999 R$ 686,78 S S

06656-99 OSCARITO DA SILVA COSTA VEREADOR 22/11/1999 R$ 686,78 S S

06656-99 MANOEL MAIA SOUZA VEREADOR 22/11/1999 R$ 686,78 S S

07938-00 RENIVALDO JOSÉ PORCINO PREFEITO 16/12/2000 R$ 1.315,30 S S

07938-00 JOSÉ O. QUIRINO GAMA VICE-PREFEITO 16/12/2000 R$ 438,43 S S

07657-08 JOSÉ VENÂNCIO SOBRINHO

PREFEITO MUNICIPAL

14/12/2008 R$ 17.384,85

N N

00854-10 JOSE VENANCIO SOBRINHO

PREFEITO 25/07/2010 R$ 7.805,54 N N

Na defesa o Gestor alegou que instaurou processos administrativos para a cobrança da Dívida Ativa não Tributária, como forma incontestável da atuação do Chefe do Poder Executivo Municipal.

Registre-se que o Gestor tem por obrigação adotar medidas efetivas de cobrança, inclusive judiciais, das multas e ressarcimentos impostos pelo TCM a agentes políticos municipais, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, já que as decisões dos tribunais de contas, por força da estatuído no artigo 71, § 3º da constituição da república, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

Ressalte-se que em relação às multas, a cobrança tem de ser efetuada antes de vencido o prazo prescricional, “sob pena de violação do dever de eficiência e demais normas que disciplinam a

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responsabilidade fiscal”. A omissão do gestor que der causa à sua prescrição resultará em lavratura de Termo de Ocorrência para ressarcimento do prejuízo causado ao Município. Caso não concretizado, importará em ato de improbidade administrativa, pelo que este TCM formulará Representação junto à Procuradoria Geral da Justiça.

DAS DENÚNCIAS/TERMOS DE OCORRÊNCIA/PROCESSOS

Em Tramitação

Tramitam nesta Corte de Contas as denúncias TCM nºs 60540/10 e63393/12, contra o Sr. Antônio Marques Alves da Silva, Gestor destas contas, ressalvando-se que o presente pronunciamento é emitido sem prejuízo das decisões que posteriormente vierem a ser emitidas por este Tribunal.

VOTO

Em face do exposto, com base no art. 40, inciso III, c/c o art. 43, da Lei Complementar nº 06/91, vota-se pela rejeição porque irregulares das contas da Prefeitura Municipal de Ponto Novo, exercício financeiro de 2011, constantes do presente processo, de responsabilidade do Sr. Antônio Marques Alves da Silva, pelos seguintes motivos:

• reincidência no descumprimento do artigo 212 da Constituição Federal, tendo aplicado em educação apenas 23,99%, quando o mínimo exigido é de 25%;

• reincidência no descumprimento do limite de 54% de despesas com pessoal, definido pelo art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei Complementar nº 101/00, aplicando ao final do exercício de 2011 R$ 16.288.718,12 da Receita Corrente Líquida de R$ 25.236.374,57, correspondentes a 64,54%;

As conclusões consignadas nos Relatórios e Pronunciamentos técnicos submetidos à análise desta Relatoria levam a registrar, ainda, as seguintes ressalvas:

• descumprimento do art. 23 da LRF, em decorrência da não execução de medidas para a redução do montante da despesa total com pessoal, que excedeu ao limite máximo em dezembro de 2009, estabelecido no art. 20 da LRF, tendo em abril de 2011

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as despesas com pessoal totalizado R$ 12.235.502,72, correspondendo a 54,60% da Receita Corrente Líquida de R$ 22.409.840,46;

• descumprimento do limite de 5% para aplicação dos recursos do FUNDEB no primeiro trimestre do exercício subsequente àquele em que se deu o crédito, mediante abertura de crédito adicional, nos moldes do art. 13, § único, da Resolução TCM nº 1.276/08, restando ser aplicado o percentual de 2,73% pelo Município;

• reincidência na falta de repasses das contribuições sociais mensais do INSS;

• despesas de R$ 434.506,67 realizadas indevidamente com recursos do FUNDEB, em desvio de finalidade.

• reincidência no descumprimento de determinação deste Tribunal quanto à não restituição à conta do FUNDEB de R$ 132.774,15, relativos aos exercícios de 2008, 2009 e 2010;

• divergências detectadas nos valores registrados nos balancetes mensais e os Anexos que compõem esta Prestação de Conta, que afetam o resultado da Execução Orçamentária e Patrimonial do exercício, demonstrando descontrole na elaboração das peças contábeis;

• reincidência na omissão na cobrança de multas e ressarcimentos imputados a agentes políticos do Município;

• descumprimento do § 4º, do art. 9º, da Lei Complementar nº 101/00, em face da realização, após o prazo legal, das audiências públicas para avaliar o cumprimento das metas fiscais, em razão da Ata relativa ao 2º quadrimestre ter sido realizada fora do prazo;

• reincidência no Relatório deficiente do Sistema de Controle Interno.

Por esses motivos, aplica-se ao Gestor, com arrimo no art. 71, inciso I, da mesma Lei Complementar, multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

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Subsidiariamente, em razão do descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, em decorrência da falta de execução de medidas para a redução da despesa total com pessoal, que excedeu ao limite máximo estabelecido no art. 20 da LRF, aplica-se ao Gestor multa de R$ 32.940,00 (trinta e dois mil e novecentos e quarenta reais), correspondentes a 30% dos seus vencimentos anuais, com fulcro no art. 5º, inciso IV, §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.028, de 19/10/2000, lavrando-se para tanto a competente Deliberação de Imputação de Débito, nos termos regimentais, quantia esta que deverá ser quitada no prazo e condições estipulados nos seus arts. 72, 74 e 75.

Determinações ao Gestor:

1− Adotar medidas efetivas de cobrança das multas e ressarcimentos relacionados acima, aplicadas a agentes políticos do Município, inclusive dele próprio, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, inclusive com promoção de ação executiva judicial, já que as decisões dos Tribunais de Contas, por força da estatuído no artigo 71, § 3º da Constituição da República, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo.

2− Restituir à conta do FUNDEB, com recursos municipais, o valor de R$ 434.506,67 relativo ao exercício de 2011, em 06 (seis) parcelas iguais e sucessivas, e de R$ 132.774,15, referentes a exercícios anteriores, no prazo de 30 (trinta) dias a contar do trânsito em julgado deste decisório, devendo a CCE acompanhar o cumprimento desta determinação, ficando o Gestor advertido que a reincidência no desvio de finalidade na aplicação dos recursos do FUNDEB ou o não cumprimento da determinação dos estornos, conforme acima consignado, poderá comprometer o mérito de suas contas futuras.

3− Adotar medidas urgentes para os recolhimentos de “INSS Executivo” - R$ 113.490,65, “INSS IPPN” - R$ 65.211,92 e “INSS FMS” - R$ 393.134,01, porquanto deixar de repassar à Previdência Social, no prazo legal, as contribuições recolhidas dos contribuintes, caracteriza ilícito penal tipificado como “apropriação indébita previdenciária”, com as cominações previstas na Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000.

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4− Adotar as medidas previstas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, entre outras, as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição Federal, para que as despesas com pessoal não ultrapassem o limite de 54% da receita Corrente Líquida imposto pelo art. 20 da mesma Lei Complementar, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras;

Determinações à SGE:

• Desentranhar o documento 14, das pastas tipo “a-z” 04/05 e 05/05, referentes às prestações de contas da entidade CECOSAP, e autuados em separado, com fins à competente Coordenadoria de Controle Externo – CCE, para análise.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, em 12 de dezembro de 2012.

Cons. Paulo Maracajá PereiraPresidente

Cons. Paolo Marconi Relator

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste parecer, consulte o Sistema de Acompanhamento de Contas ou o site do TCM na Internet em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

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