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Revista Enfermagem Digital Cuidade e Promoção da Saúde 2 (1) Janeiro/Junho 2017http://www.redcps.com.br / e-mail: [email protected]

Prevalência de sintomas de dores osteomusculares em uma equipe multiprofissionalPrevalence of symptoms of musculoskeletal pain in a multidisciplinary team

ResumoObjetivo: Investigar a prevalência dos sintomas osteomusculares, por região do corpo e os fatores internos/externos contribuintes. Metodos: Estudo descritivo, com abordagem quantitativa. Participaram 42 funcionários do centro de monitoramento eletrônico de reeducandos, na cidade do Recife-PE. A coleta de dados ocorreu entre junho e agosto de 2013. Utilizou-se um questionário como instrumento de coleta. Resultados: Estudo composto na maioria pelo sexo feminino (54,76%), casados (59,52%), com curso de especialização lato-sensu (73,80%) e renda mensal familiar média de R$ 6.604,00. 69,04% referem algum tipo de dor e/ou desconforto muscular, 28,57% apresentavam sintomas em 5 ou mais segmentos corporais. A parte superior das costas (18,91%) foi o segmento mais atingido. Conclusão: A inserção de ginástica laboral e/ou exercícios físicos, pausas para descanso e um mobiliário ergonômico é uma forma de promoção da saúde e prevenção de doenças ocupacionais.

Palavras-chave: Transtornos traumáticos cumulativos; Doenças profissionais; Saúde do trabalhador; Saúde pública.

Abstract

Objective: To investigate the prevalence of musculoskeletal symptoms by region of the body and internal/external contributing factors. Methods: Descriptive study with a quantitative approach. 42 employees participated in the electronic monitoring of reeducation center in the city of Recife-PE. Data collection took place between June and August 2013. We used a questionnaire as collection instrument. Results: Study comprised mostly by females (54.76 %), married (59.52%), with course of broad-sensu specialization (73.80%) and average household monthly income of R$ 6,604.00. 69.04% reported some kind of pain and/or muscle discomfort, 28.57% had symptoms for 5 or more body segments. The upper back (18.91%) was the most affected segment. Conclusion: The inclusion of gymnastics and/or physical exercise, rest breaks and ergonomic furniture is a form of health promotion and prevention of occupational diseases.

Keywords: Cumulative trauma disorders; Occupational diseases; Occupational health; Public health.

ResumenObjetivo: Investigar la prevalencia de síntomas musculoesqueléticos por región del cuerpo y los factores que contribuyen internos/externos. Métodos: Estudio descriptivo, con abordaje cuantitativo. Participaron 42 empleados de la vigilancia electrónica del centro de reeducación en la ciudad de Recife-PE. La recolección de datos se llevó a cabo entre junio y agosto de 2013. Se utilizó un cuestionario como instrumento de recolección. Resultados: Estudio compuesto en su mayoría por mujeres (54.76 %), casados (59,52%), con el curso de especialización de amplio sensu (73,80%) y el promedio de ingreso familiar mensual de R$ 6,604.00. 69.04% reportado algún tipo de dolor y / o molestias musculares, 28.57% tienen síntomas durante 5 o más segmentos del cuerpo. La parte posterior superior (18,91%) fue el segmento más afectado. Conclusión: La inclusión de la gimnasia y / o el ejercicio físico, las pausas de descanso y mobiliario ergonómico es una forma de promoción de la salud y prevención de las enfermedades profesionales.

Palabras-clave: Transtornos de traumas acumulados; Enfermedades profesionales; Salud laboral; Salud pública.

ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE

AutoresGrizielle Sandrine de Araujo Rocha 1

Jael Maria de Aquino 1

Rebeca Coelho de Moura Angelim 1

Fernanda da Mata Vasconcelos Silva 1

Taciana Mirella Batista dos Santos 1

1Universidade de Pernambuco

Data de submissão: 21/06/2015.Data de aprovação: 10/09/2015.

Correspondência para:Grizielle Sandrine de Araujo Rocha.Universidade de Pernambuco.Rua Arnóbio Marques, 310, Santo Amaro, 50100130, Recife - PEE-mail: [email protected]

La prevalencia de síntomas de dolor musculoesquelético en un equipo multidisciplinario

DOI: 10.5935/2446-5682.20170003

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Rev. Enf. 2017 Jan-Jun; 2(1):11-16Rocha GSA, Aquino JM, Angelim RCM, Silva FMV, Santos TMB

Prevalência de sintomas de dores osteomusculares

INTRODUÇÃO

O trabalho é uma atividade especificamente humana, e deter-mina as relações do homem com a natureza, com outros homens e com a sociedade. É um processo de produção e reprodução do homem social e representa um dos principais fatores de qualidade de vida, tendo grande importância social e psicológica1,2.

Embora, também seja composto por contradições, sendo ao mesmo tempo, um espaço de criação e de repetição; es-paço de exercício da vontade e ação pelo constrangimento de outrem; trabalho para si e trabalho demandado do outro, executado por sujeitos e coletivos que portam necessidades diferentes. Trabalhar é resultado da interação de elementos distintos, os quais determinam tanto a sua realização como sentido, quanto como alienação para seus agentes, sendo realizado por múltiplos atores e interesses diversos1.

A problemática da saúde do trabalhador, no Brasil, emer-giu a partir da década de 80, buscando a compreensão das relações entre trabalho e o processo de adoecimento, que refletem a atenção à saúde prestada, exercício de uma abor-dagem multidisciplinar e intersetorial, além das reivindicações trabalhistas, com denúncias às políticas públicas e ao sistema de saúde e, ainda, a questão das epidemias, tanto de doen-ças clássicas (intoxicação por chumbo, mercúrio, benzeno e silicose), como “as novas doenças relacionadas ao trabalho”, como as lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT)3.

A dor relacionada ao trabalho é descrita desde a antigui-dade, pelos escribas, que executavam movimentos contínuos, e desses movimentos surgiam afecções dolorosas, e a partir daí, com a Revolução Industrial, só houve um desequilíbrio ainda maior, pois as exigências das tarefas eram maiores que as capacidades funcionais individuais. Atualmente, os casos de LER/DORT atingem várias categorias profissionais4.

A ainda muito alta prevalência de LER/DORT atualmente, deve-se às transformações do trabalho e das empresas, carac-terizadas pelo aumento das exigências por metas e produtivi-dade, desencadeada pelo aumento da competitividade, sem levar em conta os limites físicos e psicossociais dos trabalhado-res, que por sua vez têm que se adequar às grandes jornadas de trabalho, à intensificação do trabalho, entre outros5.

A ocorrência de LER/DORT num grande número de pesso-as, em vários países no mundo, muitos inclusive tendo vivido uma epidemia, como a Inglaterra, o Japão, os Estados Unidos, a Austrália e o Brasil, despertou uma mudança nos modos de ver as doenças ocupacionais, de modo que estas fossem legalmente reconhecidas3.

No Brasil, as primeiras descrições de LER/DORT, que eram chamadas de tenossinovites ocupacionais, foram feitas XII Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho em 1973. A partir da década de 80, vários documentos ofi-ciais foram sendo elaborados, no sentido de fazer com que as doenças ocupacionais fossem entendidas, divulgadas e reconhecidas como doenças do trabalho3.

Atualmente a Previdência Social, em estudo sobre os bene-fícios por incapacidade, observou que as entidades nosológicas referentes às LER/DORT, foram associadas a aproximadamente 200 ramos econômicos, e, em 2004, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n.º 777/04, que tornou de notificação compulsória vários agravos à saúde relacionados ao trabalho, incluindo a LER/DORT, e apesar de todos os avanços, continu-am a atingir grande parte dos trabalhadores, que sofrem seus danos físicos e psicológicos6.

A sociedade está vivenciando uma das revoluções mais importante desse século chamada Revolução Eletrônica da Informação Computacional. Os computadores estão assu-mindo funções de arquivamento e recuperação de dados e informações, processamento e comunicação, funções essas que eram, até pouco tempo, executadas por pessoas que agora estão experimentando alterações significativas no contexto do seu trabalho, com remanejamento de recursos humanos7.

Os movimentos repetitivos realizados quando em uso dos computadores podem oferecer riscos à saúde dos trabalha-dores, especialmente as LER/DORT, que acometem o sistema osteomuscular, com vários sintomas como dor local, perda da força nas mãos, sensação de frio e calor, entre outros, e surgem insidiosamente e se não existir política de prevenção a agravos de saúde, ou modificação dos hábitos, bem como das condições de trabalho, podem agravar-se, podendo o trabalhador perder sua capacidade laboral.

Diante do exposto, este estudo tem por objetivos investigar a prevalência dos sintomas osteomusculares, por região do corpo e os fatores internos/externos contribuintes.

MÉTODOS

Estudo de natureza descritiva e exploratória, transversal, com abordagem quantitativa, realizado num centro de monitora-mento eletrônico de reeducandos, na cidade do Recife-PE. A amostra foi composta por 42 funcionários, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, são critérios de inclusão: funcionários da equipe multidisciplinar do centro de moni-toramento eletrônico de reeducandos, que concordem em participar espontaneamente desta pesquisa, são critérios de exclusão: serão excluídos da pesquisa todos os indivíduos que se encontrarem de férias, licença médica e aqueles que não preencham o instrumento de coleta de dados.

A coleta de dados ocorreu entre junho e agosto de 2013 e o instrumento utilizado foi um questionário autoaplicável, a primeira parte com variáveis sociodemográficas, história funcional e ocupacional, para a identificação dos sintomas osteomusculares, utilizou-se o Questionário Nórdico de Sin-tomas Osteomusculares criado por Kuorinka et al.

Os dados foram quantificados e analisados utilizando-se o aplicativo Microsoft Excel 2013 e apresentados através de tabelas e gráficos.

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Rev. Enf. 2017 Jan-Jun; 2(1):11-16

Inclusão da PCD no mercado de trabalho

Prevalência de sintomas de dores osteomusculares

Para o desenvolvimento desta pesquisa foram respeitadas as normas e diretrizes para a realização de pesquisas envol-vendo seres humanos, contidas na Resolução nº 196/1996 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) na época do estudo, atualizada pela Resolução 466/2012. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Otávio de Freitas/SES, sob o número de parecer: 414.436.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 42 trabalhadores de ambos os sexos, sendo que algumas variáveis apresentaram o n amostral diferente, devido à perda de determinadas questões pela não respostas pelos participantes da pesquisa para alguns intens.

De acordo com a análise das características sociodemográfi-cas e econômicas da amostra, conforme a Tabela 1 verificou-se que a maior incidência de servidores é do sexo feminino 23 (54,76%). Em relação à idade, 23 (53,65%) pertencem à faixa etária de 20 a 39 anos, seguidos da faixa etária de 40 a 49 anos, que representa 10 (23,80%) servidores e por fim, os maiores de 50 anos que representam 19,04% dos entrevistados, sendo 40,07 anos (dp=8,29) a média de idade dos mesmos.

Quanto à habitação, 40 (95,23%) dos entrevistados residem com alguém, seja com a família ou amigos, numa média de 2,38 pessoas (dp=1,27); 25 (59,52%) declaram estar casados e 26 (61,90%) pos-suem filhos, que moram ou não com eles. A renda mensal familiar dos servidores compreendeu os valores entre R$ 2.100,00 a R$ 25.000,00, sendo 13 (30,95%) de R$ 2.000,00 a R$ 4.999,00, segui-dos de 16 (38,09%) servidores com renda entre R$ 5.000,00 e R$ 7.999,00, outros 6 (14,28%) renda entre R$ 8.000,00 e R$ 10.999,00 e por fim outros 5 (11,90%) com renda familiar mensal maior que R$ 11.000,00; sendo de R$ 6.604,00 (dp=4.406,00) a média da renda familiar dos servidores. Com relação à escolaridade, 31 (73,80%) dos servidores tem curso de pós-graduação completo ou incompleto e 11 (26,19%) tem curso superior completo.

Em relação às informações profissionais percebe-se que há uma grande variação do tempo em que exerce a função, indo de 2 meses a 20 anos, onde o maior grupo, composto por 26 (61,90%) servidores, encontram-se na faixa de tempo entre 2 meses a 2 anos, sendo de 5,47 anos a média que exerce a função.

Do total da amostra que participou da pesquisa, 29 (69,04%) afirma ser este seu único vínculo empregatício, e os outros 13 (30,95%) servidores, afirmam ter outro vínculo, que variam de 6 a 40 horas semanais, sendo de 21,23 horas a média da carga horária semanal dos que dizem ter um segundo vínculo.

Todos os 42 (100%) funcionários afirmam nunca ter tido algum acidente de trabalho. Sobre os funcionários que neces-sitaram se afastar por motivo de doença, que são 14 (33,33%), nenhum preencheu Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), nem considera que teve alguma doença relacionada ao trabalho, mesmo tendo se afastado por sinais e sintomas que poderiam ser investigados pelo médico do trabalho, como es-tresse, tendinite nos membros superiores e lombalgia, tendo permanecido em média 23,78 dias afastados.

Tabela 1 - Perfil da amostra dos servidores do centro de monito-ramento eletrônico de reeducandos de acordo com as variáveis sociodemográficas e econômicas. Recife, 2013

Variáveis Frequência total % Média

Desvio padrão

(dp)Sexo Feminino 23 54,76Masculino 19 45,23Idade 40,07 8,2920 – 39 23 54,7640 – 49 10 23,80> 50 08 19,04Perdas 01 2,38Habitação 2,38 1,27Moram sós ou com até 01 pessoa 11 26,19

Moram com 02 até 03 pessoas 23 54,76

Moram com 04 pes-soas ou mais 08 19,04

Estado civil 17 40,47Solteiro 25 59,52Casado 16 38,09FilhosNão possuiPossui 26 61,90 6.604,00 4.406,00Renda mensal fa-miliar 13 30,95

De R$ 2.000,00 a R$ 4.999,00 16 38,09

De R$ 5.000,00 a R$ 7.999,00 06 14,28

De R$ 8.000,00 a R$ 10.999,00 05 11,90

> de R$ 11.000,00 02 4,76Perdas 11 26,19Escolaridade 31 73,80Ensino superior com-pletoPós-graduação com-pleta ou incompleta

Fonte: dados da pesquisa.

Em relação às condições de trabalho percebe-se que 36 (85,71%) dos funcionários consideram seu ambiente de traba-lho ruidoso. As fontes de ruídos citadas foram: ruídos internos (conversas, aparelhos de telefone e dispositivos eletrônicos) (91,66%) e ruídos externos (trânsito) (2,77%).

A iluminação foi considerada boa ou ótima por 34 (80,95%) dos servidores e a temperatura boa ou ótima por 28 (66,66%) profissionais.

Quanto às posturas assumidas durante a realização das ati-vidades, 35 servidores (83,33%) trabalham sentados e apenas 7 (16,66%) podiam alternar a postura (trabalhar de pé). Trinta e uma pessoas (73,80%) afirmaram que variam a posição durante a jornada de trabalho. Como todos trabalham exclusivamente ou boa parte do tempo sentados, 28 (66,66%) acham sua cadeira

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Prevalência de sintomas de dores osteomusculares

Tabela 2 - Informações profissionais dos servidores do centro de monitoramento eletrônico de reeducandos, incluindo informações sobre doenças e acidentes de trabalho. Recife, 2013

Fonte: dados da pesquisa.

Variáveis Frequência total

% Média

Tempo que exerce a função 5,47 anos

De 2 meses a 2 anos 26 61,90

De 2,1 a 10 anos 04 9,52

De 10 a 20 anos 11 26,19

Perdas 01 2,38

Outro vínculo empregatício 29 69,04

Não possui 13 30,95

Possui

Carga horária semanal dos que possuem

um segundo vínculo empre-gatício

De 6 a 19 horas semanais 04 30,76

De 20 a 40 horas semanais 09 69,23

Sofreu algum acidente de tra-balho?

0 0

Sim 42 100

Não

Sofreu alguma doença que necessitou

de afastamento do trabalho?

Sim 14 33,33

Não 28 66,66

Tempo de afastamento por motivo de doença

23,78

De 2 a 14 dias 06 42,85

De 15 a 30 dias 06 42,85

De 31 a 90 dias 02 14,28

Em caso de doença ou aciden-te, chegou a preencher a CAT?

Sim 0 0

Não 14 100

Tabela 3 - Prevalência de LER/DORT em diferentes localizações corporais dos servidores do centro de monitoramento eletrônico de reeducandos. Recife, 2013Localização corporal N %

Pescoço 17 15,31

Ombros 16 14,41

Parte superior das costas 21 18,91

Cotovelos 04 3,60

Punhos/Mãos 15 13,51

Parte inferior das costas 17 15,31

Quadril/Coxas 05 4,50

Joelhos 09 8,10

Tornozelos/Pés 07 6,30Fonte: dados da pesquisa.

desconfortável, 34 (80,95%) usam cadeiras não permitem o ajuste da altura do assento, 28 (66,66%) utilizam cadeiras cujo assento não permite uma boa posição das pernas e 27 (64,28%) acham que o encosto não serve de apoio para as costas.

Vinte e seis profissionais (61,90%), afirmaram que seus braços não ficam confortáveis enquanto trabalham e 23 (54,76%) referiram que seus instrumentos de trabalho não estavam em posição que permitiam manuseios sem esticar os braços ou curvar o tronco.

Por fim, 30 (71,42%) profissionais, consideram que seu corpo, pescoço e ombros ficam em posição desconfortável enquanto trabalham.

Em relação à prevalência de LER/DORT na amostra, 29 funcionários (69,04%) apresentaram no ano anterior ao preen-chimento do questionário algum tipo de dor e/ou desconforto que acreditaram estar relacionados ao trabalho, já que tinham sintomas durante e/ou após as atividades.

Vinte e oito (66,66%) funcionários preencheram critérios definidos para casos de LER/DORT, visto que apresentavam sintomas nos últimos doze meses, o que representa uma croni-cidade dos sintomas, em pelo menos uma localização corporal, assim distribuídos: 4 (14,28%) apresentavam LER/DORT em um segmento corporal; 4 (14,28%) em dois segmentos, 5 (17,85%) em três segmentos, 7 (25,00%) em quatro segmentos e 8 (28,57%) em cinco segmentos ou mais, nas nove localizações pesquisadas.

A localização corporal mais frequente em prevalência de LER/DORT foi a parte superior das costas (18,91%), seguidas de parte inferior das costas e pescoço (ambos com 15,31%), e ombros (14,41%).

Das pessoas que afirmaram sentir dor e/ou desconforto, apenas 5 (17,24%) referem fazer exercícios físicos regularmen-te (três ou mais vezes por semana, por30 minutos ou mais), ao passo que, os que não referem dor e/ou desconforto, 8 (61,53%) afirmam fazerem exercícios físicos regulares. Do total dos servidores que afirmam sentir dor e/ou desconforto, 21 (72,41%) são do sexo feminino.

DISCUSSÃO

Quanto às limitações do estudo descritivo e transversal, estas dizem respeito à possibilidade de erros de classificação, como por exemplo, os dados da exposição atual podem não re-presentar a exposição passada; a associação entre exposição e doença quando identificada se refere à época da realização do estudo e pode não ser a mesma do aparecimento da doença.

Uma questão acerca do instrumento de coleta de dados, que apesar de ser um questionário autoaplicável e a autora encontrar-se à disposição para sanar dúvidas, muitas pessoas podem tê-las tido e não terem respondido adequadamente.

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Inclusão da PCD no mercado de trabalho

Prevalência de sintomas de dores osteomusculares

Outra questão refere-se ao fato de a queixa de saúde ter sido obtida apenas através da morbidade referida, não tendo sido realizado exame clínico nos trabalhadores que preencheram critérios para LER/DORT, sendo assim, os resultados deste estudo não podem ser interpretados ou discutidos como diagnósticos de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.

A morbidade referida depende da percepção que o sujeito tem sobre as suas alterações de saúde, que pode variar nos diferentes segmentos sociais, pois, sofre forte influência dos aspectos socioculturais8.

Avaliando o perfil dos profissionais estudados, percebe-se que a maioria é do sexo feminino, corroborando com outros estudos2,4,9,10, que afirmam que as mulheres eram a maioria das pessoas ocupadas no setor e têm diferenças hormonais dos homens, bem como sobrecarga com os serviços domésti-cos; têm em média 40,07 anos, são pós-graduados, tem uma renda familiar mensal de R$ 6.604,00, são casados e tem filhos e coabitam com, em média, 2,38 pessoas.

Quanto às características profissionais, exercem a função no local estudado há, em média, 5,47 anos, não possuem outro vínculo empregatício, afirmam nunca terem sofrido acidente de trabalho e a maioria também não apresentou afastamentos do trabalho por motivo de doença, bem como, nenhum nunca preencheu um Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), o que pode ser entendido como um desconhecimento sobre este documento e a necessidade de informação ao trabalhador, afirmado por outros estudos11,12.

Em relação às condições de trabalho, a maior parte considera a iluminação e a temperatura boa ou ótima, e a temperatura con-fortável, mas afirmaram que o ambiente é ruidoso, especialmente pelas conversas no local. Grande parte trabalha, exclusivamente, sentado e refere que varia a posição durante a jornada de trabalho.

Sobre a mobília, consideram suas cadeiras desconfortáveis, usam cadeiras que não permitem o ajuste da altura do assen-to, cujo assento não permite uma boa posição das pernas e acham que o encosto não serve de apoio para as costas. Afir-mam ainda, que seus braços não ficam confortáveis enquanto trabalham e referiram que seus instrumentos de trabalho não estavam em posição que permitiam manuseios sem esticar os braços ou curvar o tronco. A maioria considera que seu corpo, pescoço e ombros ficam em posição desconfortável enquanto trabalham, corroborando com outros estudos onde a falta de ergonomia do mobiliário adoece os trabalhadores13-15.

Sobre a prevalência de LER/DORT, considerando ser este um problema de saúde pública mundial, e sendo nos Estados Unidos, a principal causa incapacitante para o trabalho, pro-fissionais de saúde de todo o mundo, tem pressionado para que ocorram mudanças nas políticas de saúde, especialmente às voltadas à saúde do trabalhador, buscando promoção de saúde nos ambientes de trabalho.

Dos problemas de saúde ocupacional, um dos mais pesquisados e trabalhados é a síndrome de LER/DORT, que tornou-se epidemia, além dos Estados Unidos, nos países escandinavos, na Austrália, e no Brasil. A evolução das epidemias nesses países foi variada e muitos ainda problemas significativos, entre os quais o Brasil3.

No presente estudo, percebeu-se, a partir dos relatos dos trabalhadores, uma taxa bem elevada de prevalência para LER/DORT, totalizando 66,66% dos funcionários que apresentavam dor e/ou desconforto no último ano, anterior a participação na pesquisa, em pelo menos um segmento corporal, uma alta prevalência, mas um pouco menor que estudo realizado em Jiquié-BA, com agentes comunitários de saúde, onde 84,8% apresentavam prevalência de dor no último ano4.

A localização corporal mais frequente em prevalência de LER/DORT foi a parte superior das costas (18,91%), seguidas de parte inferior das costas e pescoço (ambos com 15,31%), e ombros (14,41%), de acordo com estudo realizado com desntistas15, porém destoando de estudo com outros grupos profissionais, como as agentes comunitários de saúde4 que referem dor, principalmente, em membros inferiores, talvez pela diferença das atividades que exercem em sua funções.

Verificou-se que, alguns estudos defendidos por alguns au-tores9,16,17, que dita que a combinação de ambiente de trabalho ergonomicamente correto e sadio com prática de alguma atividade física teria grande efeito na prevenção de LER/DORT, pois nos acha-dos do estudo, dos que referiam não sentir dor e/ou desconforto, 61,53% dizem fazer exercícios físicos regularmente (três ou mais vezes por semana, por 30 minutos ou mais), ao passo que, os que referem dor e/ou desconforto, apenas 17,24% afirmam fazer exercícios físicos regularmente, confirmando a teoria, embora ainda comprovada por poucos estudos. Assim como a maioria dos trabalhadores defendem que o mobiliário não oferece conforto, seja para membros superiores ou inferiores, ou seja, não são ergonômicos, deixando os mesmos em posição desconfortável enquanto trabalham, causando dores no corpo, pescoço e ombros. Não realizam ginástica laboral, exercícios físicos, estimulados ou propiciados pela empresa, nem realizam pausas para descanso.

CONCLUSÃO

No geral, os desvios observados na produção, nas empresas ou no setor serviços, trazem consequências para a saúde dos trabalhadores. Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho originam-se, normalmente de atividades que demandam força excessiva com as mãos, repetições de ações, compressão mecânica dos membros superiores e regiões anexas, além de posturas inadequadas e tempo insuficiente para realização do trabalho podendo associar-se a dor, fadiga, queda de desempenho laboral, incapacidade temporária de exercer os movimentos e, consequentemente, evoluir para uma síndrome dolorosa crônica.

Assim, pode-se afirmar que esse grupo de doenças está frequentemente associadas a certas funções executadas, como os da população estudada, onde a maioria, exclusivamente, realiza atividade de risco, como o trabalho ininterrupto em frente ao computador, durante sua jornada de trabalho, muitas vezes excessiva, com posturas inadequadas, repetição de um mesmo padrão de movimento, pouco ou nenhum estímulo para a realização de ginástica laboral ou exercício físico, dentro ou fora do ambiente de trabalho, bem como ausência de pausas para descanso e alongamento muscular.

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Prevalência de sintomas de dores osteomusculares

A falta de um mobiliário ergonômico, que permita ajustes in-dividuais ou conforto, torna o risco de adoecimento ainda maior.

A prática rotineira de ginástica laboral e/ou exercícios físicos regulares, pausas para descanso e aquisição de um mobiliário ergonômico e confortável é uma forma de me-lhorar a qualidade de trabalho, oferecer maior bem-estar ao profissional e promoção de saúde no ambiente de trabalho, mostrando-se uma importante ferramenta no controle e pre-venção dos sintomas decorrentes de LER/DORT.

REFERÊNCIAS

1. Dejours C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 6ª ed. São Paulo: Cortez – Oboré, 2015. 224p.

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