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PREVENÇÃO A PERDAS E CONTROLE DE ESTOQUES EM UMA EMPRESA DE BEBIDAS NO RIO DE JANEIRO Bernardo Bandeira Ribeiro Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha Rio de Janeiro Abril de 2016

prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

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PREVENÇÃO A PERDAS E CONTROLE DE ESTOQUES

EM UMA EMPRESA DE BEBIDAS NO RIO DE JANEIRO

Bernardo Bandeira Ribeiro

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia de Produção da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Rio de Janeiro

Abril de 2016

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PREVENÇÃO A PERDAS E CONTROLE DE ESTOQUES

EM UMA EMPRESA DE BEBIDAS NO RIO DE JANEIRO

Bernardo Bandeira Ribeiro

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Maria Alice Ferruccio da Rocha, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Edison Renato Pereira da Silva, D. Sc.

________________________________________________

Eliandro Peres, SSMBB

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

ABRIL de 2016

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Ribeiro, Bernardo Bandeira

Prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de bebidas no Rio de Janeiro/ Bernardo Bandeira Ribeiro – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016.

IV, XLV p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de

Engenharia de Produção, 2016. Referências Bibliográficas: p. 45 1. Estoque. 2. Perda. 3. Controle. 4. Roubo I. Da

Roda, Maria Alice Ferruccio II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. III. Prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de bebidas no Rio de Janeiro.

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Aos meus pais e minha irmã, pelo apoio incondicional,

Á minha turma da UFRJ, sem eles a faculdade não teria sido a mesma,

Ao meu avô, quem sempre torceu por esse momento.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Prevenção a perdas e controle de estoques

em uma empresa de bebidas no Rio de Janeiro

Bernardo Bandeira Ribeiro

Abril/2016

Orientador: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Curso: Engenharia de Produção

O presente projeto de graduação tem como objetivo o estudo de caso da gestão de estoques de uma grande companhia de bebidas brasileira com viés de prevenção de perdas e controle de seus ativos físicos. O estudo restringiu-se a unidades no estado do Rio de Janeiro por este ser o local de maior incidência da chamada diferença de estoques. O caso extratifica dados e utiliza ferramentas estatísticas para em cima dos pontos mais críticos propor ações de melhoria e controle efetivo da Companhia.

Palavras-chave:

1. Estoque 2. Controle 3. Perda 4. Roubo 5. PDCA 6. Inventário

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Industrial Engineer.

Loss prevention and Stock Control in a Beverage Company in Rio de Janeiro

Bernardo Bandeira Ribeiro

Abril/2016

Advisor: Maria Alice Ferruccio da Rocha

Course: Industrial Engineering

Abstract

The objective of the following undergraduate project is the case study of the stock

management from a big beverage Brazilian company with focus on its loss prevention

and stock control of it assets. The case study is restricted to the warehouses located at

the state of Rio de Janeiro due to the fact that it is the place with higher stock

difference on its inventory.

The case uses data and statistical tools to light up the critical points and suggest

improvements and better control for such company.

Keywords:

1. Stock 2. Control 3. Loss 4. Stealing 5. PDCA 6. Inventory

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 1

MOTIVAÇÃO 1 METODOLOGIA 2

1. DEFINIÇÃO 4

3.1 CONCILIAÇÃO DIÁRIA 6 3.2 INVENTÁRIO MENSAL 6 3.2.1 CLIENTES 8 3.2.2 FORNECEDORES 9 3.2.3 INPUTS E OUTPUTS 9 3.3 ESCOPO DO LOCAL 10

2. MEDIÇÕES 11

2.1. DEFININDO UM OBJETIVO 21 4.2 BENCHMARK 23

3. ANÁLISE 24

5.1 SKUS 27 5.2 SAZONALIDADE TEMPORAL 30 5.3 ARÉAS DE RISCO 31 5.4 O CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO 33 5.5 BLITZ DE CARREGAMENTO 34

4. MELHORIA 36

4.1. TRUCK SCAN 36

5. CONTROLE 43

6. CONCLUSÃO 44

7. BIBLIOGRAPHY 45

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1

INTRODUÇÃO

Motivação

A Engenharia de Produção na Escola Politécnica da Universidade Federal do

Rio de Janeiro (POLI/UFRJ) é uma formação que visa permitir que seus formados

estejam aptos a trabalhar no mercado de forma a planejar, implementar, avaliar e

controlar sistemas de produção ou sistemas de suporte a este.

O engenheiro de produção deve buscar constantemente aproximar-se da

operação, e fazer com que todas as partes envolvidas no sistema sejam consideradas

em suas decisões e mapeamentos de processos.

O tema deste Projeto de Graduação aproxima-se da proposta do curso, onde

se busca agrupar diversos conhecimentos adquiridos nas análises e soluções

propostas e posteriormente implementadas e controladas. O projeto ocorre em uma

grande empresa de bebidas brasileira, presente em todos os estados e é considerada

uma companhia verticalizada, uma vez que controla o processo desde a produção de

suas bebidas em fábricas próprias até a entrega em pontos-de-venda (PDV) por todo o

país. O foco do projeto, no entanto, são os Centros de Distribuição Direta (CDD) do

Estado do Rio de Janeiro.

A companhia é fortemente conhecida por seu perfil agressivo e de

implementação de cultura de processos, padrões, qualidade e controle de orçamento.

Dito isto, mostra-se, portanto, a importância que o prejuízo acaba por ter dentro desta,

uma vez que é fruto de uma possível quebra de processos e que acarreta em perdas

financeiras.

As fontes de informações foram disponibilizadas, assim como o acesso a

diversos níveis da operação, o que incluiu desde operadores de empilhadeiras até

diretores. Algumas restrições foram impostas sobre os valores financeiros investidos

nas soluções de melhorias, restrigindo, portanto análise de pay-back ou demais

viabilidades econômicas e retornos de investimento.

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A empresa conta atualmente com 111 centros de distribuição próprios e cerca

de 30 revendedores terceiros, que apesar de terem sua gestão pautada pela

companhia, possuem um proprietário terceiro remunerado em cima de suas vendas, e

essa dimensão deixa evidente a possibilidade de implantação e estudo ainda

disponível nas demais unidades. A falta de acuracidade de dados do estoque acarreta

em uma redução do nível de serviço e aumenta os custos relacionados à atividade

logística (BASINGER, 2006).

O estudo foi sugerido pelos diretores corporativos de Logística e Financeiro,

uma vez que conforme processo a ser demonstrado à frente, tais áreas são as

principais donas dos processos de armazém e orçamento. O prejuízo da companhia

em termos gerais é computado em uma série de classificações como prejuízo com

quebras, prejuízo com sinistros na rua, prejuízo por erro de programação, prejuízo

com qualidade, ou então, o foco do estudo, prejuízo com diferença de estoque. Essas

diversas variáveis têm pesos distintos dentro do pacote, e segundo uma média dos

últimos dois anos, a variável Diferença de estoque é inferior apenas a de Sinistros.

Metodologia

Para realizar cada uma das etapas da metodologia definida, o DMAIC, foram

necessárias uma série de análises com uso de ferramentas como Minitab e excel. As

palavras define, measure, analyze, improve e control foram traduzidas do inglês da

sigla e pretendem guiar o trabalho nas demais seções. Na teoria das rotinas

organizacionais, DMAIC é uma metarotina: uma rotina para alterar rotinas

estabelecidas ou para desenvolver novas rotinas (Schroeder, 2008)

O DMAIC é proveniente da metodologia Six Sigma, que foi criada no inicio dos

anos 80 na Motorola, grande empresa de aparelhos celulares que em conjunto com

pesquisadores da Universidade do Arizona começaram a buscar um modelo que

reduzisse as falhas e quebras, melhorando a qualidade dos produtos e satisfação final

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do consumidor. Alguns anos mais tarde, o professor Dr. Mikael Harry, da mesma

universidade, implementou na General Eletrics (GE) essa segunda fase do Six Sigma,

com a metodologia DMAIC, analisando previamente os dados antes de imergir de

forma absoluta no problema.

A primeira fase, traduzida como “definir” tem por escopo entender o problema

em seu contexto, e a partir dai poder definir o escopo de trabalho. Em seguida, em

“medir”, tentamos através dos dados mensurar o tamanho do problema. Na terceira

fase busca-se entrar nas análises, ai sim explicando os maiores impactos, onde serão

necessários os maiores esforços e melhorias. Na quarta etapa, através de todas as

conclusões anteriores, são propostas melhorias direcionadas, uma vez que já

entende-se onde devem ser canalizados os esforços. E por último, complementando

novamente a ideia central para um Engenheiro de Produção busca-se controlar as

ações obtidas para efeitos de uma implementação sustentável e de longo prazo.

Conforme pretende mostrar, as ações sugeridas geram um gasto inerente em

algumas soluções, e portanto foi determinado um orçamento máximo definido pela

diretoria Financeira, disponibilizado em troca de ganhos na redução de prejuízos.

A diferença de estoque é uma perda inerente em muitas companhias de bem

de consumos, no entanto, o aumento dessa, em um momento em que processos

estavam sendo reforçados passava a preocupar a companhia.

Page 11: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

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1. DEFINIÇÃO

A letra D da metodologia DMAIC refere-se a palavra em inglês, define, que quer

definir. Nessa fase é o momento em que situa-se no problema e através de histórico

ou outros dados tenta-se garantir que a anomalia é de fato um problema complexo que

necessita das demais fases para seu desenvolvimento. Neste capítulo pretende-se

validar que a diferença de estoque ocorreu, que aumentou por um descontrole no

processo, e por isso deve ser analisada a fundo.

Figura 1: Representatividade da diferença de estoque no prejuízo das unidades do Rio de Janeiro –

Fonte: Autor

A diferença de estoque é uma variável computada no orçamento e livros contábeis

da companhia que além das perdas financeiras diretas, representadas pelos valores

baixados, também pode ser considerada sob o ponto de vista das perdas não

tangíveis como o tempo em que uma linha de produção foi utilizada para produzir

aquele montante de produtos que nunca chegou ao seu destino final da forma correta.

De acordo com (CORREA, 2011), estoque são acúmulos de recursos materiais

entre fases específicas de processos. No caso do estudo, poderemos considerar as

bebidas em espera no armazém como um recurso que está a espera de seu destino

final, a venda no ponto de venda.

Conforme mencionado anteriormente, a diferença de estoque é parte do prejuízo

total da companhia, e entre os anos de 2010 e 2013 essa linha era de baixa

Stock Diff Losses

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representatividade nos valores absolutos do prejuízo do Rio de Janeiro. A partir do ano

de 2013 os valores passam a ser mais representativos de forma absoluta.

No mapeamento geral do processo de abastecimento de um estoque, os produtos

devem entrar fisicamente e contabilmente principalmente a partir de um movimento de

puxada ou empurrada da fábrica. A puxada ou empurrada é o envio de produtos da

fábrica para abastecer o estoque, os nomes diferenciam quem foi o solicitante desse

envio, quando a unidade quem solicita, chama-se puxada, quando a fábrica envia sem

prévio alinhamento, chama-se empurrada. Dessa forma, ao entrar pela portaria do

centro de distribuição direta, deveriam passar a constar nos estoques tais movimentos,

e as saídas apenas ocorreriam quando vendidos para pontos de venda, após o que

carregamento e emissão de nota fiscal para computar a saída física e contabilmente.

No entanto, o processo conta com algumas variações adicionais que tornam esse

fluxo um pouco mais complexo. Além de devoluções de mercadorias, existem

transferências, quebras, comodatos, e erros de sistema, e por isso os valores acabam

por mostrar divergências. Apesar de todas essas particularidades, entende-se que

estas devem ser controladas utilizando os métodos determinados, e ai então, toda a

diferença que sobrar seria os valores a compor a variável diferença de estoque.

A diferença de estoque é reconhecida em alguns processos pré-estabelecidos

pela Companhia, e quando confirmada é computada no sistema. A empresa conta

com um sistema de padronização de processos chamado Distribution Process

Optimization (DPO). Tal sistema contém uma série de processos e padrões para que

os diversos tipos de prejuízo possam ser identificados e computados da forma correta.

Para os casos de diferença de estoque há a descrição de dois processos que são

os principais meios de se identificar as divergências. São eles a conciliação diária e o

inventário mensal.

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1.1 Conciliação Diária

O processo conhecido como conciliação diária consiste em um conferente do time

da logística passando diariamente pelo estoque e contabilizando em um palmtop as

quantidades observadas de cada tipo de produto ali presente. Ao fim dessa contagem

rápida, tal aferição é cruzada no sistema com os valores contábeis apresentados no

sistema de forma a identificar as divergências.

O processo apresenta divergências constantes de pequenas quantidades, uma

vez que o estoque não está congelado, e muitas vezes o contábil pode já contar com

valores de produtos puxados da fábrica e ainda não incorporados ao estoque ou

produtos devolvidos do mercado não contabilizados no estoque, ou mesmo

carregamentos de entregas ainda não computados.

A conciliação diária funciona como uma prévia da diferença de estoque,

entretanto, caso um mesmo produto apresente uma diferença constante em quatro

dias de uma mesma semana, o setor responsável pelo controle de estoque tem

autorização para computar tal perda e portanto eliminá-la do contábil nas sextas-feiras.

1.2 Inventário Mensal

O inventário mensal é o principal input da diferença de estoque e é um dos

principais processos em que Logística e Financeiro tem de sinergia. Anualmente todas

as unidades recebem um calendário com dois possíveis domingos em cada mês do

ano em que estão autorizados a realizar seus inventários. Toda unidade é obrigada a

realizar um inventário por mês, e por isso, as duas possíveis datas únicas para todo o

Brasil, de forma a obrigar a operação a parar nesses dias e ter seus estoques

congelados.

O congelamento do estoque é um dos principais itens a ser seguidos para a boa

realização do inventário, dessa forma-se garante-se que todas as entregas deverão

ser feitas até o sábado no máximo, as puxadas da fábrica só são permitidas até a

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sexta-feira anterior, e processos como trocas por inversão, transferências de produtos

entre unidades ou comodatos de ativos são travados na quarta-feira que precede o

inventário. Tais medidas são essenciais e constam no padrão de realização de

inventários, de forma que toda a companhia tem que cumprir para que ajude em um

saldo contábil limpo dos Produtos Acabados (PA) e uma carta de saldo verdadeira

para os Ativos de Giro (AG) e equipamentos como refrigeradores e chopeiras.

No dia do inventário mensal, uma série de duplas são convocadas de diversas

áreas da companhia. As duplas devem ser formadas por um Auditor e por um Auxiliar.

Essa divisão visa garantir uma contagem confiável e o correto registro no palm-top dos

produtos contados. O Auditor é em geral um membro do departamento financeiro da

Unidade, e o Auxiliar um membro da logística que não seja conferente ou do controle.

Dessa forma, o funcionário que trabalha com a logística diariamente auxilia na

identificação dos produtos e seus códigos, assim como a organização do armazém,

enquanto o do financeiro garante a correta contagem do estoque.

Toda a área do armazém é dividida em endereços de contagem, e cada dupla

recebe uma certa quantidade de endereços para realizar a contagem, e uma outra

quantidade referente a uma recontagem. Assim, todo o estoque é contado no mínimo

por duas duplas diferentes e os números são confrontados.

Ao final do primeiro ciclo, as contagens são descarregadas em sistema, e todo

produto com divergência é recontado por uma terceira dupla, e possivelmente por uma

quarta dupla quando essa terceira aferição não confere com nenhum dos dois valores

iniciais. No caso de uma divergência constante nas quatro contagens, torna-se

responsabilidade do Gerente Financeiro (GF) e do Gerente de Operações e

Distribuição (GOD) realizar uma quinta auditoria e o número por eles registrado será o

final do físico.

De posse de todas as contagens físicas, o Gerente Financeiro, como dono do

processo de inventário e dos ativos da Companhia tem como obrigação realizar o

download dos relatórios contábeis, e ao fazer upload destes no sistema,

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automaticamente são apontadas as divergências em termos de quantidade e de

valores absolutos. Esses números representam o prejuízo a ser registrado nos livros

contábeis, e portanto, tratam-se de valores a preço de custo de puxada, ou seja, o

custo de produção somado ao valor incidente de impostos após saída da fábrica, mas

sem margens de custo e custos indiretos associados a este ainda.

De forma geral, após esse último confronto seria o resultado real, no entanto, em

muitos casos existem justificativas a serem feitas, que referem-se a problemas que

não puderam ser tratados a tempo ou exceções aos padrões que tenham ocorridos.

Nesse momento, o controle da Unidade já apresenta mapeamentos prévios ao gerente

financeiro como sinistros de caminhões que ainda não saíram do saldo contábil,

puxadas realizadas fora do padrão, ou transferências entre Unidades aprovadas em

caráter de exceção.

Ao fim do processo, o gerente financeiro e o gerente de operações e distribuição

contabilizam as perdas reais e realiza as baixas das diferenças e submete tais

números para ciência e aprovação da Especialista de Prevenção à Perdas (EPP) do

Gerente Regional Financeiro (GRF) e do Gerente Regional de Operações (GRO).

No processo de inventário podemos identificar uma cadeia de valor e quais os

principais fornecedores e clientes destes a partir dos processos realizados.

1.2.1 Clientes

Os principais clientes no processo são: o time de vendas, o controle e o

financeiro. O departamento de vendas tem necessidade de ver uma real imagem do

estoque no sistema e suas quantidades para saber o quanto tem disponível para suas

vendas e ações. O controle por ser parte de seu processo diário e por ter que garantir

o estoque de acordo com o contábil e para ter a visibilidade da real necessidade de

produtos a ser puxada. É essencial que estejam com o estoque refletindo o contábil

para uma correta apuração pelo setor financeiro, que aparece como um terceiro cliente

crucial.

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O departamento financeiro aparece como cliente, uma vez que é o dono não

apenas dos ativos da empresa, mas também, do orçamento e dos livros contábeis.

Como empresa de capital aberto, a Companhia tem como obrigação prestar contas e

explicar o prejuízo obtido anualmente, e esse controle torna-se importante.

1.2.2 Fornecedores

Como principal fornecedor do processo de inventário aparece as fábricas e

transportadores terceiros utilizados. Esses são os grandes responsáveis pelo

abastecimento correto do estoque quando disparada a necessidade de puxada. No

entanto, é possível mapear as portarias e o time de conferentes de Unidades como

partes fornecedoras crítica nesse processo.

As portarias tem em seu escopo fazer uma conferência visual do caminhão que

entra com os produtos ali presentes, e os conferentes que fazem uma verificação mais

apurada e chamada de cega, sem a nota fiscal antes de dar input no sistema.

Qualquer problema ali notado deve ser prontamente dirigido à fábrica para tratamento,

e caso contrário a carreta deve ser devolvida.

1.2.3 Inputs e Outputs

Para que os processos ocorram da forma correta, também são necessários alguns

inputs e outputs. Dentre eles pode-se listar sistemas como o SAP da Oracle, a relação

de produtos da companhia, fornecida através de sistema interno chamado Promax e

as necessidades de vendas listadas a partir de um Acordo de Nível de Serviço (ANS)

criticado semanalmente pelos gerentes de vendas.

Como outputs podem ser identificados os valores computados no orçamento

contábil da Companhia, o real valor de estoque presente no armazém, e os eventuais

problemas que estão ocorrendo dentro deste que estavam sem visibilidade adequada.

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1.3 Escopo do Local

O presente estudo tem como objetivo o foco nos Centros de Distribuição Direta

localizados no estado do Rio de Janeiro. A empresa conta com 11 CDDs, cada um

responsável por entregar em uma área geográfica pré-definida em seu entorno. De

acordo com o tamanho da unidade tal base de pontos de vendas pode ser muito

superior a outras, e por isso as unidades são classificadas entre pequenas, médias e

grandes. e estes são: CDD Jacarepaguá, CDD São Cristóvão, CDD Niterói, CDD Nova

Iguaçu, CDD Pavuna, CDD Campos, CDD Itaperuna, CDD Nova Friburgo, CDD

Petrópolis, CDD Volta Redonda e CDD Campo Grande.

Para o presente estudo, a Unidade de Campo Grande não será considerada por

estar localizada dentro de uma fábrica, e portanto, seu estoque trata-se do estoque

fabril. Adicionalmente, tal unidade é a responsável pelas entregas aos clientes de

Auto-Serviço (AS), os supermercados de médio e grande porte, e por isso o volume

movimentado é todo controlado diretamente pela fábrica adjacente.

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2. MEDIÇÕES

Para entender a dimensão do problema da gestão de perdas de ativos, o primeiro

passo foi mensurar os valores que se tinha histórico mensalmente para as

contabilizações de prejuízo em geral e de diferença de estoque nos CDDs do Rio de

Janeiro. Por ser uma Companhia de bebidas, uma série de valores é calculado com

base no volume. Por efeito de escala, o volume é medido em hectolitros que

representam 100 litros. Abaixo, dois gráficos mostram a evolução do valor perdido por

hectolitro em prejuízo em geral, e não apenas na diferença de estoque.

0,1

3

0,1

1

0,1

6

0,2

1

0,1

9

0,0

9

0,1

3

0,0

8

0,1

5

0,0

4

0,0

5

0,1

0

-0,0

1

0,1

0 0,4

1

0,2

7

0,2

6

-0,0

5

0,2

7

-0,2

0

0,7

3

0,5

3

0,2

7

0,1

1

0,2

7

0,3

5

0,9

7

0,6

2

0,8

3

0,8

7

-0,0

8 0

,48

1

,80

0

,23

-0

,10

1

,21

-0

,24

2

,15

2,5

8

1,5

0

-0,5

2

0,4

1

0,9

3

0,0

1

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3 Diferença de Estoque ($)/hl

1,6

2

0,3

2 1

,19

0

,24

2

,38

0

,72

1

,05

0

,30

0

,64

1

,16

0

,85

1

,01

-0

,75

1

,86

0

,99

0

,89 1,3

0

1,3

5

1,6

6

1,4

6

1,6

8 2,3

3

0,3

2

0,4

8

2,4

7

1,8

4

4,0

9

1,7

0

2,1

5

1,6

8

2,1

3

1,6

1

1,4

1

3,7

5

0,3

7

4,5

2 5

,52

5

,38

2

,25

2

,42

2

,71

2

,05

-0

,22

1

,93

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7 Prejuízo($)/hl

Figura 2: Valores de prejuízo por HL no Rio de Janeiro – Fonte: Autor

Figura 3: Valor perdidos em Diferença de Estoque por hl no Rio de Janeiro – Fonte: Autor

Page 19: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

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No entanto, apesar de os gráficos já evidenciarem um aumento real entre os

valores absolutos do pacote e da variável diferença de estoque, buscou-se entender

estatisticamente que o peso da diferença de estoque dentro do pacote prejuízo

manteve-se constante ou mudou ao longo do tempo. Tal análise é importante, pois

apenas assim poderíamos validar a afirmação inicial de um aumento expressivo na

diferença de estoque.

O peso da variável indicaria também que nenhum outro tipo de prejuízo estaria

sendo alocado de forma errada. Por problemas internos, e principalmente erros de

processos, era possível que quebras não estivessem sendo mapeadas, ou devoluções

não estivessem sendo realizadas para fábrica pelo processo correto, e dessa forma,

muitas coisas estariam entrando nas diferenças mapeadas nos inventários mensais.

Com ajuda do software Minitab, foi possível fazer a análise através de um

gráfico de controle do pacote prejuízo, da diferença de estoque e um peso de um em

relação ao outro. A análise dessa carta de controle implica na utilização de

observações individuais com amplitudes móveis. A escolha dessa ferramenta deu-se

pois é impossível agrupar as observações em subgrupos, uma vez que trata-se de um

processo contínuo e de ciclo longo, que é repetido mensalmente, mas em que os anos

não podem ser considerados subgrupos no geral.

A amplitude móvel acaba sendo uma alternativa viável ao cálculo do desvio

padrão, e no uso com a carta de controle permite a visualização clara de uma média

do processo assim como limites superiores e inferiores de controle. As observações

utilizadas datam de Janeiro de 2010 até Agosto de 2015.

Page 20: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

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Apesar de alguns poucos pontos fora do padrão, pode-se afirmar com as

análises acima que o peso da diferença de estoque em valores absolutos sobre o

pacote prejuízo não apresentou variações ao longo do período de análise, que

engloba desde Janeiro de 2010 até Agosto de 2015. Tal afirmação embasa a ideia de

que durante esse período não houve variação nos processos que possam ter alocado

em diferença de estoque despesas que seriam de outros pacotes.

A partir daí pode-se entender que o período da análise de dados tem uma série

de observações nas quais ainda não fica evidente onde os valores de fato mudam de

Figura 4: Carta de Controle do pacote Prejuízo (Jan 2010 - Ago 2015) - Fonte: Autor

Figura 5: Carta de Controle da diferença de estoque (Jan 20120 - Ago 2015) - Fonte: Autor

Figura 6: Carta de Controle do peso da Dif de Estoque no prejuízo (Jan 2010 - Ago 2015) Fonte: Autor

Page 21: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

14

patamar. Ao fazer uma plotagem dos valores de prejuízo mensais em cada um dos 5

anos que se tem dados, podemos ver que os anos de 2010 a 2012 sugerem uma carta

de controle com limites inferior e superior muito próximos, algo muito similar ao que

seria o ideal no processo de forma geral. Porém, o ano de 2013 começa a ter os

limites alterados.

Assim, podemos inferir que há uma mudança de patamar no ano de 2013, mas

ainda não é claro o momento que os limites são alterados. As anomalias que ocorrem

no consolidado dos anos são causadas por algum fator, mas não pode-se dizer que é

algo pontual em determinado período do ano. As anomalias não respeitam um ciclo ou

um calendário, e por isso sugere-se que a análise da periodicidade seja feita em cima

do tempo total transcorrido.

Figura 7: Carta de controle anual da diferença de estoque - Fonte: Autor

Page 22: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

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No gráfico abaixo, pode-se ver a carta de controle do período como um todo, e

as mudanças de patamar que de fato ocorrem. Para comprovar, estatisticamente, as

mudanças, realizou-se um teste de anomalias na base. O teste de anomalias consiste

em identificar períodos em que exista uma mudança de patamar. Através dos dados

fornecidos, o software detecta momentos em que pontos passam a ser outliers

constantes, ou seja, saiam do padrão vigente anteriormente, seja através de sua

média, ou de seus limites inferiores e superiores.

Quando aplicado ao histórico de diferença de estoque em valores financeiros,

podemos ver que entre Janeiro de 2010 e Agosto de 2015 vemos três patamares

distintos. No primeiro, entre Janeiro de 2010 e Abril de 2013, os limites e a média

estão controlados. No entanto, a partir de Maio de 2013 a média altera-se e por isso

pode ser considerado um segundo momento que perdura até Setembro de 2014. Em

um terceiro momento, além da média, há uma alteração significativa no limite superior,

fazendo com que entre Outubro de 2014 e Agosto de 2015 possa ser visto como um

terceiro período crítico.

Page 23: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

16

Diante desses dados extraídos do teste de anomalias, buscou-se reforçar a

hipótese de que existia de fato uma diferença considerável no patamar dos períodos

descritos. Para isso, ainda com uso do MINITAB utilizou-se uma ANOVA. O teste em

inglês significa Analysis of Variance, traduzido para análise da variância. Nele, já de

posse das informações relativas a cada um dos períodos, pretende-se que o programa

avalie e quantifique as alterações que ocorreram nos períodos sugeridos.

Group 1: 1- 42 Jan 2010 – Apr 2013

Group 2: 43- 57 May 2013 – Sep 2014

Group 3: 58- 65 Oct 2014 – Sep 2015

Test Results for MR Chart of St Diff TEST 1. One point more than 3,00 standard deviations from center line. Test Failed at points: 58; 60; 61; 62; 65 TEST 2. 9 points in a row on same side of center line. Test Failed at points: 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32; 33; 34; 35; 36; 37; 38; 39; 40; 41; 42; 43

Figura 8: Teste de anomalias com MINITAB da diferença de estoque (Jan 2010 - Ago 2015) Fonte: Autor

Page 24: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

17

Conforme o resumo abaixo, extraído do teste realizado em Minitab, o programa

garante que existem diferenças, em especial, mostra-se que o período 1 é distinto dos

outros dois em todas as formas. Foram consideradas análises de ANOVA com a

média e desvio padrão, conforme sugerido no teste de anomalias. Abaixo também, um

teste de ANOVA entre os três períodos considerados.

One-way ANOVA: Diferença de Estoque x Período Source DF SS MS F P Período 2 2,42040E+12 1,21020E+12 10,70 0,000 Error 65 7,35026E+12 1,13081E+11 Total 67 9,77066E+12 S = 336275 R-Sq = 24,77% R-Sq(adj) = 22,46% Individual 95% CIs For Mean Based on Pooled StDev Level N Mean StDev -+---------+---------+---------+-------- 1 42 76943 58085 (----*----) 2 15 362823 308858 (--------*--------) 3 11 557802 766578 (---------*---------) -+---------+---------+---------+-------- 0 200000 400000 600000 Pooled StDev = 336275

Individual 95% CIs For Mean Based on

Pooled StDev

Level --+---------+---------+---------+-------

Stock Difference (--------*--------)

Stock Difference_1 (---------*---------)

Stock Difference_2 (-----*----)

--+---------+---------+---------+-------

0 200000 400000 600000

Pooled StDev = 341046

Figura 9: Testes ANOVA de Dif. de Estoque x Período - Fonte: Autor

Page 25: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

18

Paralelo a isso surgiu o questionamento se as medições não estariam

enviesadas, uma vez que os valores encontravam-se em valores financeiros absolutos

e nos períodos de aumento de volume produzido seria evidente e lógico uma maior

perda. Propôs-se portanto, analisar o comportamento em termos percentuais de

hectolitros perdidos frente aos hectolitros vendidos em comparação aos valores

financeiros absolutos no prejuízo representado. Para essa análise, chamada de 2-

sample t, consideram-se os desvios-padrão das duas amostras. Para isso, considera-

se uma hipótese chamada de nula que é a que tenta-se rejeitar. Dessa forma, para o

caso proposto foi definido as hipóteses:

H : Não existem diferenças significativas nos desvio-padrão entre as amostras

H Existem diferenças significativas nos desvio-padrão das amostras

Figura 10: Rep. gráfica de ANOVA de Dif. de Estoque nos períodos - Fonte: Autor

Page 26: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

19

O teste conclui então que olhando no aspecto dos desvio padrão, apesar do

aumento de volume, o desvio padrão dos valores absolutos financeiros não difere

significantemente do desvio padrão dos valores percentuais de hectolitros perdidos por

hectolitros vendidos.

Para o prosseguimento do estudo resolveu-se verificar qual variável melhor

explicava o prejuízo. Para isso, foram necessários dados de hectolitros perdidos por

diferença de estoque apenas e os números de hectolitros perdidos baixados em

prejuízo como um todo. Através de uma análise de correlação tentou-se ver de qual

forma o prejuízo era melhor explicado:

i) Prejuízo financeiro como uma função da diferença de estoque financeira

Prejuízo Financeiro Total = Constante + Prejuízo por diferença de estoque

Figura 11: Teste de 2 Desvio Padrao entre o % Hl Perdido e Dif de Estoque - Fonte: Autor

Page 27: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

20

ii) Percentual de hectolitros perdido de prejuízo em relação aos hectolitros

vendidos como uma função do percentual de hectolitros perdidos por

diferença de estoque em relação aos hectolitros vendidos

As análises de correlação trazem como produto principal o indicador r², que tem

como principal função mostrar o grau de explicação de uma variável em relação a

outra. Dessa forma, quanto maior o valor do r², mais forte a explicação que um tem

sobre o outro. Para tal análise utilizou-se os dados dos dois períodos críticos

mencionados anteriormente.

Figura 12: Teste de Correlação Período 2 Fonte: Autor

Apesar dos baixos valores de correlação entre as variáveis, fica evidente que o

percentual é a maneira que melhor explica a o prejuízo como um todo. É importante

ressaltar que tais valores ficam baixas pois a análise considera uma procura por

($) r² = 0,059 (%) r² = 0,18

hl Prejuízo/hl vendido (%) = Constante + hl Diferença de Estoque/hl vendido (%)

($) r² = 0,016 (%) r² = 0,101

Figura 13: Teste de Correlação Período 3 Fonte: Autor

Page 28: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

21

equação de apenas uma variável, ou seja, apenas a diferença de estoque

influenciando o prejuízo. Quando o pacote é aberto entre suas demais linhas, é

possível notar que dentro do pacote, a diferença de estoque tem um peso de 26%. O

maior impacto no Rio de Janeiro são os sinistros de carga e que portanto seria a

variável com maior correlação com o valor total do pacote.

Figura 14: Peso das variáveis no Pacote Prejuízo Fonte: Autor

2.1 Definindo um objetivo

A partir das medições acima descritas e do histórico dos dados é possível

entender qual um nível sob controle que deveria ser o ideal, e portanto o objetivo do

projeto. Historicamente, nos momentos de maior controle, no ano de 2010, foi possível

observar meses em que os hectolitros perdidos representavam apenas 0,8% do

volume vendido. Assim, definiu-se que o limite superior de controle (LSL) desejado

34,64%

26,14%

0,001%

16,01%

13,04% 10,17%

Page 29: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

22

seria portanto esse valor. Uma vez que trata-se de uma perda, o limite inferior de

controle estipulado é de 0%. Ao analisar os dados podem ser vistos valores inferiores

em alguns poucos meses, vale ressaltar que isso ocorre em casos quando os

inventários apontam uma sobra no físico, caracterizando uma incorporação de

estoque.

A incorporação de estoque por sua vez só ocorre após uma diferença de

estoque, visto que para encontrar produtos para serem incorporados, em algum

momento passado foi identificada a falta destes que levou a uma baixa contábil.

A partir dessa definição de limites inferiores e superiores, é possível definir a

chamada capabilidade do processo. A capabilidade é a medida que especifica limites

de tolerância para um certo processo e indica o quanto desse processo encontra-se

dentro de tais especificações e qual montante está fora e precisa ser ajustada. Para o

caso da diferença de estoque observou-se que mais de 64% das amostras dos

períodos críticos encontram-se fora dos limites desejados.

Figura 15: Capabilidade do Processo em função do % de hl perdidos - Fonte: Autor

Page 30: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

23

2.2 Benchmark

Para entender ainda mais a realidade do mercado em relação a seu controle de

estoque, buscou-se verificar em outras empresas suas particularidades em relação a

inventários.

i. LIGHT

A companhia realiza inventários de estoques em seus operadores

logísticos a cada trimestre. A auditoria é feita por membros internos, e

como ponto forte está o fato de ter um sistema de estoque único em todas

as unidades

ii. Coca-Cola

Inventário realizado por auditoria externa em apenas uma data anual. A

portaria, assim como no caso em estudo, aparece como um fator crucial

para evitar perdas do produto que tem como característica sua alta

liquidez.

iii. L`Oreal

Inventário interno nos subdistribuidor uma vez ao ano. No entanto,

diariamente realiza operações semelhantes a conciliações diárias em que

buscam encontram problemas em algumas ruas específicas do armzém.

iv. Novartis

Uma das principais fabricantes de remédios, tem como principal

semelhança o tamanho reduzido de seus produtos que podem ser levados

dentro da roupa sem maiores dificuldades. Inventários são feitos por

auditores externos, e diariamente há uma verificação pessoal em cada um

dos seus funcionários.

Page 31: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

24

3. ANÁLISE

A fase de análises busca aprofundar o problema relacionado e entrar em uma

estratificação dos dados de forma mais profunda. Nesse momento, já avaliado o

tamanho do problema e o escopo dele, com todos os seus limitantes, inicia-se uma

investigação mais a fundo de alguns possíveis influenciadores das diferenças de

estoque que foram apresentadas e seu aumento nos últimos anos.

Para essa fase foram usadas três ferramentas iniciais que auxiliaram na

priorização: Ishikawa, Matriz de Causa e Efeito e Mapeamento do Processo. Em

conjunto, as três ferramentas acabam servindo como direcionador dos esforços das

análises.

A primeira ferramenta é o mapeamento do processo, a partir dos processos

principais identificados anteriormente, o inventário e a conciliação diária, foi feito um

mapeamento de processo que bustos identificar macro processos e seus produtos

principais. Com tais produtos foi possível avaliar o impacto desses em algumas saídas

do processo que são fundamentais para o bom desempenho e redução da diferença

de estoque.

Por último, após as priorizações feitas com opiniões de diversas áreas, realiza-se

um brainstorming em que uma série de colaboradores da companhia que lidam

diretamente com tais processos opinem levantando suposições que podem impactar o

resultado da diferença de estoque.

O mapeamento de processo foi fornecido pela própria companhia e através dele

vê-se o passo-a-passo e os responsáveis em diversos momentos e suas áreas de

trabalho dentro da organização.

Page 32: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

25

Figura 16: Mapeamento da Conciação Diária - Fonte: Fornecido pela empresa

O mapeamento acima demonstrado e os processos vistos in loco permitiram a

divisão do dia-a-dia da empresa em alguns macro-processos que podem afetar o fluxo

de entrada e saída de veículos com cargas. Esses pontos de atenção, portanto foram

colocados na chamada Matriz de Causa e Efeito (C&E). A partir de então foi reunido

um grupo de uma série de colaboradores envolvidos no processo, desde conferentes e

ajudantes de armazém até gerentes de logística e foram dados graus de prioridade e

Figura17: Mapeamento do Inventário Mensal - Fonte: Fornecido pela empresa

Page 33: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

26

criticidade para cada um desses em relação ao impacto que tem em um processo que

afeta a diferença de estoque. Com os maiores pesos foi possível ver locais onde

deveriam ser direcionados esforços. Nos pesos totais das notas entende-se que a

correta impressão das notas fiscais e cintas de carregamento, a checagem na portaria

principal e o correto registro de informações nas blitz de carregamento são os com

maiores pesos e, portanto, influenciam para mudar o cenário de prejuízo segundo a

audiência presente.

Figura 18: Matriz de Causa e Efeito dos macro processos - Fonte: Autor

O Ishikawa, ou espinha de peixe, como é mais conhecido é uma ferramenta

japonesa que busca auxiliar na identificação de possíveis causas para o problema

apresentado. No caso em questão, o problema apresentado foi colocado como “Por

Importance to

Customer10 5 8

Pro

cess

Ou

tpu

t

Co

rrec

t

Load

ing

Zero

Sto

ck

Dif

fere

nce

Ava

ilab

ility

of

Pro

du

cts

Macro Process

9 2 7 156

10 6 10 210

9 2 6 148

10 7 2 151

1 8 3 74

7 7 5 145

5 9 10 175

1 6 1 48

2 10 8 134

5 9 10 175

9 9 1 143

7 10 10 200

7 8 5 150

6 9 6 153

880 510 672

TOTA

L

Allocation of products on the warehouse

Printing the correct loading invoice

Select the correct products from the invoice

Checking the load before it goes to the trucks

Setting up correct parameter for blitz

Loading

Blitz

Inventory

Main Gate

TOTAL

Count all the coming stock

Make sure to register the differences

Make sure to input the correct values into system

Make sure Blitz is done

Inputing the correct results of Blitz into system

Analyzing the differences

Counting stock

Inputing the correct results of inventory into system

Analyzing the differences

Process Input

Page 34: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

27

que a diferença de estoque aumento tanto recentemente?”. A partir desse

questionamentos, alguns pontos foram levados em consideração.

3.1 SKUs

Uma das principais causas diz a respeito da quantidade de SKUs. Pelo tamanho

da companhia, pode-se imaginar que sua gama de produtos seja muito grande, e por

isso, os armazéns ficam de uma forma ou outra muito atarefados. É preciso entender,

no entanto, que alguns produtos podem ser mais visados para furto, algumas

embalagens ou ainda a localização deles no armazém.

Para as análises de produtos foram estratificados dados das principais marcas e

das principais embalagens. A ferramenta que inicialmente ajuda a ver os maiores

impactos visualmente é o box-plot. Com ele, é possível identificar o maior e o menor

valor encontrado nas amostras, a média e ainda a concentração entre os percentis.

Figura 3: Diagrama de Ishikawa - Fonte: Autor

Page 35: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

28

Figura 21: Box Plot por marca - Fonte: Autor

Figura22: Box plot por família - Fonte: Autor

Figura 20: Box Plot por embalagem - Fonte: Autor

Page 36: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

29

Com os box-plot acima podemos inferir que a marca AP tem forte relevância e

a embalagem lata 473ml é de grande índice de furtos ou problemas de contabilização.

No entanto, embalagens do tipo retornável, as tradicionais garrafas de vidro que são

reenchidas a cada compra, também estão tendo uma série de problemas.

Em alguns casos aparece um sinal de asterisco fora da representação gráfica.

Nesses casos verifica-se que houve um ponto específico chamado de outlier, ou o

ponto fora da curva. É crucial entender essas particularidades, mas diferenciando essa

forma, a análise não fica comprometida por fatores isolados.

Para validar as hipóteses optou-se por um teste de correlação, tendo r² como um

forte indicador de correlação, e o p-valor, que mostra o grau de probabilidade de se

obter um indicador que explique de fato a variação do prejuízo. Novamente sugere-se

uma hipótese nula a qual queremos rejeitar. Aqui a hipótese foi de que a AP não teria

significância sobre os resultados obtidos, e isso foi comprovado como falso.

SKU R² P-value

AP 98,1% 0,000

BC 74,7% 0,006

GUARANA 52,8% 0,041

SKOL 43,4% 0,076

CHOPP 4,2% 0,628

Figura 23: Teste de correlação entre os produtos e o prejuizo – Fonte: Autor

Page 37: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

30

3.2 Sazonalidade temporal

A sazonalidade da diferença de estoque foi levada em consideração. Daqui

pretende-se entender se em algum mês específico os valores destoam dos demais, e

se é possível comprovar algum movimento estranho dos sistemas ou tendências. O

teste de correlação no entanto mostrou um valor de correlação baixo, o que indica que

apesar de alguns meses estarem de fato ruins, o fator mês não é um bom explicador

.para a diferença.

Individual 95% CIs For Mean Based on Pooled StDev Level N Mean StDev --------+---------+---------+---------+- Jan 11 107,8 190,7 (-------*-------) Feb 11 196,0 349,0 (-------*-------) Mar 11 422,5 665,5 (------*-------) Apr 11 322,3 526,5 (------*-------) May 11 319,2 497,9 (------*-------) Jun 11 -29,7 73,3 (------*-------) July 11 255,7 410,6 (-------*-------) Aug 11 56,4 154,1 (-------*-------) Sep 11 222,9 358,5 (------*-------) Oct 11 83,1 141,5 (-------*------) Nov 11 231,1 368,8 (-------*------) Dec 11 1010,5 1857,6 (-------*-------) --------+---------+---------+---------+- 0 500 1000 1500

Figura 24: ANOVA dos meses em questão - Fonte: Autor

Figura 24: Box plot por mês - Fonte: Autor

Page 38: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

31

O mês de Dezembro aparece como um box-plot com uma enorme variação, assim

como o mês de janeiro aparece como um com pequenos valores concentrados, e

homogêneos em geral. Em conversas com os colaboradores nota-se que o mês de

dezembro pode ser justificado pelo volume, no entanto, há uma forte incidência de

baixas do resto do ano. Em alguns inventários podem-se justificar diferenças que

conforme os meses transcorrem não são tratadas, e por questões de fechamento

fiscal do ano, nada deve ser carregado para o ano seguinte, realizam-se então uma

série de baixas nesse momento.

No caso do mês de janeiro, visto a criticidade do volume e o nível de

produtividade do armazém, em muitas unidades, principalmente as de tamanho

grande e médio, é autorizado corporativamente o abono do inventário mensal, dessa

forma, os valores que constam na análise são das poucas unidades que acabam

realizando o inventário.

3.3 Aréas de risco

O estado do Rio de Janeiro conta com uma particularidade específica que é a

classificação de risco das áreas onde estão localizadas as unidades. Visto a violência

do estado, e o número de sinistros de caminhões que aumentou consideravelmente

nos últimos 4 anos, uma área específica de gestão de segurança pública foi criada.

Através dos registros de sinistros, ou incidentes se segurança perimetral nas

unidades, definiram-se classificações de risco no Rio de Janeiro que põe as unidades

entre Alto, Médio e Baixo risco.

As unidades de alto risco são: Jacarepaguá, Nova Iguaçu, Pavuna e Niterói.

Classificadas como médio risco estão São Cristóvão e Campos. Para baixo risco

encontramos Nova Friburgo, Petrópolis, Volta Redonda e Itaperuna.

Page 39: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

32

O gráfico indica visualmente que os CDDs de maior risco avaliado são de fato os

com valores absolutos maiores, mas também os que apresentam maiores dispersões.

A área ao redor ser mais vulnerável pode representar risco perimetral, qualquer

problema em muros, cercas, portões ou CFTV podem portanto ter um impacto grande.

A análise de correlação utilizando o r² mostrou uma relação fraca, por isso foi feito

um teste de hipóteses sobre os desvios-padrão das amostras de cada classificação de

risco, e as unidades de alto risco apresentam uma variação do desvio 38% superior

aquelas de médio risco.

Figura 26: Box-plot do % de hl perdidos em relacão ao volume por área de risco - Fonte: Autor

Figura 27: Teste do Desvio Padrão por grau de risco - Fonte: Autor

Page 40: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

33

3.4 O Centro de Distribuição

Nesse caso buscou-se avaliar quais centros poderiam explicar melhor o

prejuízo da Regional como um todo. Quando se considera o centro de distribuição

entende-se então que estamos avaliando também a quantidade de funcionários, o seu

volume entregue e ainda a acuidade de seus processos. Uma vez que todas as

análises seguem os valores percentuais, é interessante reparar se ainda assim as

maiores unidades são as mais representativas ou se aparecem algumas das menores.

Figura 28: Box-plot da diferença de estoque por unidade - Fonte: Autor

Figura 29: Gráfico de linhas da diferença de estoque CDDs G/GG - Fonte: Autor

Figura 30: Gráfico de linhas da diferença de estoque CDDs M/P - Fonte: Autor

Page 41: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

34

Pelos gráficos acima podemos ver que de fato os CDDs de maior tamanho são

os que apresentam os maiores valores percentuais da diferença de estoque em

relação ao volume vendido. O CDD Niterói aparece como aquele com os resultados

mais consistentes ao longo do período analisado e a unidade Petrópolis é aquela que

surpreende, pois apesar de seu tamanho pequeno aparece constantemente com

valores altos nas análises.

DDC R² P-value

DDC NIG 7,9% 0,499

DDC PAV 58,1% 0,028

DDC SC 0,7% 0,841

DDC JPA 86,8% 0,001

Figura 31: Teste de correlação entre as unidades e o prejuízo – Fonte: Autor

Novamente, buscando entender qual a unidade que tem o maior impacto na

diferença de estoque da Regional e por isso melhor ajuda a explicar os altos valores e

consequentemente o aumento, realizou-se um teste de correlação e um teste de

hipóteses novamente. Dessa vez, a unidade Jacarepaguá foi a que teve seu índice r²

maior e teve o menor p-valor, indicando que a hipótese nula foi rejeitada, a de que a

unidade não impactava no resultado regional, ou então os resultados obtidos indicam

um evento raro de acontecer. Porém, novamente o índice de correlação mostra que

não houve raridade e, portanto, a unidade é aquela com maior impacto.

3.5 Blitz de Carregamento

A Blitz de Carregamento é uma das possíveis causas conforme levantado

anteriormente. O processo da Blitz consiste em um sorteio aleatório realizado pelo

sistema que bloqueia a saída de alguns caminhões até que toda a carga montada seja

Page 42: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

35

confrontada com as notas fiscais do caminhão. Se bem realizado, após a blitz e a

correta digitação das inconsistências ajuda a identificar os produtos e equipes mais

problemáticas.

Portanto, se bem realizada, a blitz de carregamento pode auxiliar de forma a

identificar equipes mais problemáticas e produtos mais críticos. Dessa forma, as

diferenças das blitz indicariam os possíveis problemas de serem identificados no dia

do inventário.

Conversando com equipes operacionais, muitos já indicam desde o início que

além de muitos dias sem a realização de blitz, alguns momentos são digitadas

informações inverídicas. Mas quando analisados os valores digitados em 4 meses de

Blitz de carregamento no Rio de Janeiro, fica-se a impressão de que o real valor da

diferença de estoque poderia ser o dobro, visto que muita coisa foi identificada na blitz

antes da saída.

9.668

6.560 5.750 5.451

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

-

2.000,00

4.000,00

6.000,00

8.000,00

10.000,00

12.000,00

LATA 473 GARRAFA RET.1000

ML

LATA 355 GARRAFA INTEIRA

Qtd da Dif Est na Blitz

Figura 32: Paretto das Dif de Estoque em Blitz - Fonte: Autor

Figura 33: Quantidade de erros analisados por blitz - Fonte: Empresa

Page 43: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

36

4. MELHORIA

A partir dos dados analisados foi possível entender quais das causas têm de

fato o maior impacto e podem então trazer maiores benefícios quando tratadas sobre

elas. A estratificação dos dados leva a crer que concentrar os esforços iniciais na

unidade de Jacarepaguá pode ser a que trará os melhores ganhos no curto prazo.

Visto que possivelmente os erros estavam na entrada e saída de caminhões, e

conforme os resultados de blitz já estimavam, o ataque nessa frente poderia ser

crucial. Um dos primeiros pontos implementados de imediato foi o cruzamento de

equipes de conferência. No processo antigo, ao emitir as notas a serem carregadas,

um conferente separava os produtos e conferia esses com as notas. Com a ajuda de

uma empilhadeira, o caminhão era carregado e esse mesmo conferente checava

novamente o carregamento.

O processo apresentava possíveis melhorias com o simples cruzamento das

conferências, assim, o conferente que validasse a carga no chão, não seria o mesmo

a validar a carga no caminhão. A principal frente, no entanto foi uma solução

tecnológica buscada através de pesquisas em outras empresas com sistemas de

carregamento semelhantes pelo mundo.

4.1. Truck Scan

Através de pesquisas na internet, encontrou-se o chamado truck-scan, a solução

trata-se de uma tenda com uma série de câmeras e raios infravermelhos que

conseguem cruzar instantaneamente os dados das notas fiscais com o volume

carregado.

Para a implementação entrou-se em contato com o fornecedor para uma

estimativa de custos e para melhor compreensão das adaptações necessárias ao

sistema. A tenda, com medidas de 10 x 10metros conta com 2 câmeras que conferem

em tempo real.

Page 44: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

37

Figura 34: Ilustração do truck-scan - Fonte: Empresa

Assim que o caminhão se aproxima da entrada da tenda, um operador,

localizado em uma cabine digita a placa do carro e o sistema puxa seu mapa, formado

pelas notas fiscais. Então o caminhão ganha liberação para entrada e pára por cerca

de 40 segundos dentro da tenda até que seja conferido e receba o aceite para

prosseguir.

Figura 35: Projeto do interior do truck-scan - Fonte: Empresa

Page 45: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

38

A checagem é feita através das imagens das câmeras e das leituras dos raios

infravermelhos, que transmitem a cubagem total das baías e confrontam com o

sistema. A solução permite, portanto, que todos os caminhões sejam checados antes

da saída, e assim verifica-se todo e qualquer pack excedente que esteja saindo de

forma irregular.

Para implementação foi necessário um investimento inicial para aquisição dos

equipamentos, e para função de operador foi colocado um funcionário próprio que foi

treinado externamente. Como ponto negativo ocorre que além de um espaço físico

grande, há apenas um sentido de checagem, portanto, apenas os caminhões de saída

são verificados, deixando os de puxada proveniente da fábrica vulneráveis.

As três primeiras semanas de implementação foram focadas no ajuste fino do

sistema. A partir da parametrização disponibilizada, uma série de erros apresentava-

se, e quase a totalidade da frota era indicada como divergente. Apesar de feitas todas

as parametrizações de volumetria de cada tipo de embalagem, foi necessário uma

margem de erro aceitável. Para isso, definiu-se empiricamente que até 5% de

dispersão do volume programado era considerado uma medida aceitável.

Page 46: prevenção a perdas e controle de estoques em uma empresa de

39

Figura 35: Fotos do equipamento montado - Fonte: Autor

Conforme imagens abaixo, o sistema aponta no momento as dispersões e ali o

operador pode e deve tomar a decisão pelo retorno do caminhão quando esse está

fora do aceitável. No relatório, além de explicitar a volumetria, um modelo em 2D

indica a parte excedente do caminhão.

Ponto crítico na checagem do truck-scan é a não abertura completa das baías.

Nesses casos, o sistema lê como totalmente carregada, e acaba gerando dispersão

quando não estão totalmente abertas.

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Figura 35: Relatório de anomalias consolidado - Fonte: Empresa

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Reforçando ainda que a implementação estava surtindo efeitos foram

realizados testes de hipóteses do desvio padrão dos erros notados entre a última

semana de outubro de 2015 e a segunda semana de novembro de 2015. Após

implementado, durante cerca de 10 dias o equipamento ficou sob ajustes e

fazendo as adaptações necessárias.

Figura 36: Relatório de verificação - Fonte: Empresa

Figura 36: Imagem da comparação do caminhão com parâmetros - Fonte: Empresa

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O teste deixou claro que a média de problemas detectados caiu de forma

considerável com o passar das semanas. As melhorias foram em parte pelos

ajustes, mas também pela nova cultura que passou a reprimir mais desvios

combinados para venda externa de produtos.

Figura 38: Teste de Desvio Padrão das médias pós melhorias - Fonte: Autor

Figura 37: Carta de controle das médias de anomalias pós melhorias - Fonte: Autor

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5. CONTROLE

A implementação da melhoria tecnológica foi a maior vitória no projeto. No

entanto, sozinha ela não levaria ainda os valores de diferença de estoque aos limites

desejados e estipulados. O projeto do truck-scan foi um piloto implementado em

apenas um site, e consegue reprimir um dos pontos vulneráveis no processo, a saída

errada de produtos para entrega em pontos de venda.

Para combater outra frente, a de entrada errada proveniente da puxada, e ainda

carregamentos problemáticos em outros CDDs, foi feito como medida de controle a

elaboração de um checklist onde foi designado um funcionário exclusivo que revezou

a ida a 4 unidades validando se os processos estavam sendo cumpridos em 4 frentes:

carregamento, conferência na portaria, arrumação do armazém e conferência na

devolução.

O checklist gerou um painel de evolução que foi repassado semanalmente aos

diretores corporativos, e a partir dele foram definidos plano de ação.

Figura 39: Checklist implementado para verificações in loco - Fonte: Empresa

A aderência a matriz passou a ser item importante e de visibilidade para todo o

time corporativo, e visto sua facilidade de implementação foi desdobrada no ano de

2016 para mais 7 operações no Rio de Janeiro.

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6. CONCLUSÃO

Ao final do projeto, foi possível constatar uma melhora nos valores de

diferença de estoque em relação ao ano anterior, especialmente na unidade de

Jacarepaguá. Com o uso de análise estatística foi possível implementar

soluções de alto impacto e curto prazo de forma direcionada e que melhoraram

o resultado consolidado da regional e da unidade em especial.

O projeto alcançou seu objetivo e mostrou que para o caso em questão foi

vantajoso do ponto de vista do investimento realizado. A cultura de processos foi

renovada e os resultados mostraram-se sustentáveis no médio prazo. O

acompanhamento dos processos e a possibilidade de utilização de tecnologias em

outras unidades funcionarão como um catalisador de melhorias para o desempenho

financeiro da companhia e consequente lucro.

Figura 40: Evolução das melhorias de Dif. de Estoque 2014 x 2015 - Fonte: Empresa

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