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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
PREVENÇÃO DE PROBLEMAS COLIBACILARES NO INÍCIO DA FASE DE
TERMINAÇÃO EM SUÍNOS MEDIANTE A VACINAÇÃO COM COLIDEX-C®
Lívia Mendonça Pascoal
Orientador: Prof. Dr. Romão da Cunha Nunes
GOIÂNIA
2012
ii
LIVIA MENDONÇA PASCOAL
PREVENÇÃO DE PROBLEMAS COLIBACILARES NO INÍCIO DA FASE DE
TERMINAÇÃO EM SUÍNOS MEDIANTE A VACINAÇÃO COM COLIDEX-C®
Área de Concentração:
Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos
Orientador:
Prof. Dr. Romão da Cunha Nunes– UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Jurij Sobestiansky – UFG
Profa. Dra. Moema Pacheco Matos Chediak – UFG
GOIÂNIA
2012
Tese apresentada para obtenção do
grau de Doutor em Ciência Animal junto
à Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás
iii
Dedico este aos meus pais,
João e Irací, e à minha irmã
Aline, pelo amor, carinho e
incentivo. Essenciais na minha
vida.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sempre iluminar meu caminho.
Ao meu querido amigo e orientador, Prof. Jurij Sobestiansky, pela amizade, pelos
ensinamentos, pela confiança e apoio durante todos os anos de convívio. Uma
honra tê-lo como orientador.
Aos professores da banca de qualificação, Romão, Moema, Ana Paula e Sabrina.
Obrigada pelas correções que fizeram este trabalho mais claro e objetivo.
À Coordenação de Pós-Graduação em Ciência Animal da EVZ/UFG, por permitir
o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo, pela preocupação e pelo apoio sempre
recebido.
Ao secretário da pós-graduação, Gerson Luiz Barros, por sempre ter me atendido
com atenção e presteza.
À UFG, especialmente ao Departamento de Medicina Preventiva. Agradeço à
todos os funcionários pelo carinho de sempre.
Ao professor, Marcos Café, pelo apoio e amizade.
À querida amiga Sabrina, por aceitar o convite para ser memória da minha banca
e por realizar este trabalho de maneira tão eficiente. E à querida Marina, por
sempre ter as palavras corretas para cada momento e por aceitar o convite para a
banca de defesa.
À Prof. Drª. Luciana Batalha, pela preocupação, carinho e pelas conversas que
sempre enriqueceram meus dias.
Ao CNPq, pela bolsa de doutorado e à CAPES, pela bolsa de doutorado
sanduíche.
À querida amiga, Sara, por estar sempre por perto, e por todas as soluções que já
encontrou para meus problemas.
À querida amiga Cybelly, pelo carinho e palavras de incentivos.
Aos meus pais, João e Irací, pelo amor, pelo apoio incondicional, por serem
exemplos de vida e força. À minha irmã, Aline, pelo amor, pela torcida, pela
preocupação e auxílio sempre recebido. Agradeço à vocês e à Deus pela família
linda e especial que tenho.
v
À Espanha, por me proporcionar um grande crescimento profissional e pessoal.
À Universidade de Murcia, por me receber para o doutorado sanduíche.
Ao Professor e amigo, Antonio Muñoz, por sempre acreditar em mim e oferecer
soluções aos problemas enfrentados durante da minha estadia na Espanha.
Ao meu querido amigo, Professor Guillermo Ramis, pelo apoio, pela supervisão
durante a realização deste trabalho, pela amizade e ótimos momentos vividos.
Ao Professor Francisco Pallarés, pela supervisão, pelos esclarecimentos e
ensinamentos.
Ao amigo e também supervisor, Juan José Quereda, pela amizade, pelos
ensinamentos desde o primeiro dia que cheguei no departamento, correções e
pelos emails sempre cheio de palavras de incentivo.
Ao querido amigo, Juanma, por fazer das horas passadas no frigorifico, horas de
fácil e divertido trabalho, pela contribuição inestimável para a realização deste
trabalho e pela amizade de todos os dias.
À querida amiga, Juani, pela amizade, companheirismo, por nunca medir esforços
para me ajudar e por alegrar meus dias com seu jeito especial de ser.
Aos queridos amigos, Obdulio, Aida e Lidiane, por toda ajuda e colaboração
durante a execução deste trabalho.
À querida amiga, Laura, pelo carinho e preocupação sempre dispensados.
Ao meu querido, Diego, pelo amor e amizade. Por ser exemplo de paixão e
dedicação ao trabalho. Por estar sempre ao meu lado ensinando-me, apoiando-
me, fazendo os meus dias mais bonitos e alegres, e suportando-me nas horas de
aflição.
A todos vosostros, gracias por tantas horas de alegría y sonrisas compartidas las
cuales siempre sirvieron para animar a mi corazón y suavizar los momentos
difíciles. Estaréis siempre en mi corazón.
Meus sinceros agradecimentos.
vi
LISTA DE ABREVIATURAS
AMPc - adenosina monofosfato cíclico
C. 10-20 - grupo de animais não vacinados ou controles
C. 10-30 - grupo de animais não vacinados ou controles
C. 20-30 - grupo de animais não vacinados ou controles
CES - complexo entérico suíno
DNA - ácido desoxirribonucléico
DP - diarrea pós-desmame
ELISA - enzyme-linked immunosorbent assay
ETEC - cepas E. coli enterotoxigênicas
ETEEC - cepas E. coli enterotoxêmicas
GMPc - guanosina monofosfato cíclico
Hly - hemolisina
IFN-α - interferon alfa
IFN-γ- interferon gama
IgA - imunoglobulina A
IL - interleucina
LPS - lipopolisacarideos
LREC - Laboratório de Referência de E. coli.
LT - enterotoxina termolábil
PCR - reação em cadeia da polimerase
PCV2 - circovírus suíno tipo 2
SPF - specific pathogen free (libre de patógenos específicos)
ST - enterotoxina termoestável
TGF-β - fator de crescimento transformante beta
TNF-α - fator de necrose tumoral alfa
V. 10-20 - grupo de animais vacinados aos dias 10 e 20 de vida
V. 10-30 - grupo de animais vacinados aos dias 10 e 30 de vida
V. 20-30 - grupo de animais vacinados aos dias 20 e 30 de vida
VT - verotoxina
vii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ……………………………………….. 1
CAPÍTULO 2 – EFEITO DA VACINAÇÃO CONTRA Escherichia coli EM LEITÕES
SOBRE O DESMPENHO NAS FASES DE CRECHE E
CRESCIMENTO/TERMINAÇÃO ......................................................................... 23
CAPÍTULO 3 – DETECÇÃO DE PATÓGENOS DO COMPLEXO ENTÉRICO
SUÍNO E ASPECTOS DA RESPOSTA IMUNE EM SUÍNOS VACINADOS
CONTRA Escherichia coli .................................................................................... 41
CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 79
viii
RESUMO
A diarreia pós-desmame causada por cepas patogênicas de Escherichia coli leva a perdas produtivas e econômicas no mundo inteiro. O controle dessa enfermidade ainda não está bem estabelecido. A importância da colibacilose não se limita às perdas que causa, já que a adesão e produção de toxinas por cepas patogênicas de E. coli podem criar condições favoráveis para que outros agentes patogênicos, como Lawsonia intracellularis, Brachyspyra hyodisenteriae, Salmonella spp e Circovírus suíno tipo 2 exerçam suas ações. Por outro lado, a produção de citocinas é crucial para o recrutamento e ativação de células do sistema imune e desenvolvimento de uma resposta imunitária eficiente. O desenvolvimento de uma vacina, Colidex® (Farcovet, Espanha), registrada para o uso parenteral diretamente nos leitões levou à realização deste trabalho. O objetivo foi determinar o efeito de três diferentes protocolos de vacinação de leitões contra E. coli usando a referida vacina. Foram avaliados parâmetros produtivos nas fases de creche e crescimento/terminação, assim como a interação entre E. coli e outros agentes patogênicos do complexo entérico suíno. Também foram avaliados alguns pontos da resposta imune como, expressão gênica de citocinas e produção de IgA em intestino de leitões vacinados frente E. coli. Foram utilizados 8.299 leitões, divididos em seis grupos dependendo do protocolo de vacinação, a saber: leitões vacinados e revacinados aos 10 e 20 dias de vida (V10–20), vacinados e revacinados aos 10 e 30 dias de vida (V10-30), e vacinados e revacinados aos 20 e 30 dias de vida (V20-30). Para cada grupo vacinado, deixou-se um grupo contemporâneo sem vacinar para servir de controle (C10-20, C10-30 e C20-30). De acordo com os resultados deste estudo, o uso de Colidex® para a prevenção da diarreia pós-desmame em leitões produziu importantes melhorias sanitárias, produtivas e econômicas, sendo o melhor protocolo de vacinação a primeira vacinação aos 10 de idade e a revacinação aos 20 dias de idade. Uma vez que o melhor protocolo vacinal foi o V10-20, realizou-se, deste grupo vacinado e de seu controle, PCR em tempo real para detecção de E. coli, Lawsonia intracellularis, Brachyspyra hyodisenteriae, Salmonella spp e Circovírus suíno tipo 2, estudo histopatológico e diagnóstico imunoistoquímico para IgA e PCV2. Também foi realizado PCR em tempo real para a quantificação da expressão gênica das citocinas IFN-γ, IFN-α, TNF-α, TGF-β, IL-10, IL-12 p35 e IL-12 p40. Os animais vacinados apresentaram maior infiltrado linfoplasmocitário, maior número de células produtoras de IgA, enquanto os animais do grupo controle apresentaram mais animais positivos para E. coli e L. intracelullaris e maior ocorrência de doenças entéricas. Estes achados sugerem que o infiltrado celular mais exacerbado juntamente com o maior de células produtoras de IgA poderiam ser devido a vacinação, que estaria atuando para a melhoria da defesa intestinal frente a E. coli como foi evidenciado nos resultados encontrados. Esta vacina parenteral mostrou ser uma nova estratégia no controle da doença. Palavras-chaves: citocinas, colibacilose, diarreia pós-desmame, E. coli, índice de conversão, vacina parenteral.
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
As preocupações a respeito das enfermidades suínas mudaram muito
nos últimos anos. Antes, as doenças respiratórias constituíam o principal
problema de produtores e veterinários, mas atualmente tais enfermidades estão
cada vez melhor controladas. Por outro lado, as doenças gastroentéricas são hoje
a principal fonte de perdas na suinocultura. De fato, atualmente enfrentamos o
Complexo Entérico Suíno (CES) no qual estão envolvidos diversos patógenos
víricos, bacterianos e parasitários que interagem entre si, agravando a
apresentação clínica e patológica das doenças clássicas. Entre os patógenos
bacterianos, ressalta-se Escherichia coli, Lawsonia intracellularis e Brachyspyra
hyodisenteria, e entre os víricos, o circovírus suíno (PCV2) (RAMIS et al., 2011).
As enfermidades produzidas por E. coli sempre representaram um
desafio para a produção suína, especialmente com a intensificação da
suinocultura nas últimas décadas. A apresentação clássica dessa enfermidade se
centrava na fase de lactação e creche (FAIRBROTHER et al., 2005; BLANCO et
al., 2006), devido às transmissões verticais da porca para o leitão e à
contaminação ambiental presente nas instalações (MORÉS & MORENO, 2007).
Entretanto, nos últimos anos, tem-se observado no campo que a expressão
clínica dessas diarreias colibacilares passaram a ocorrer em um período
aproximado de seis semanas após a entrada na fase de terminação,
aproximadamente 12-18 semanas de idade (STEGE et al., 2000; RAMIS et al.,
2011). Essa mudança na expressão clínica da colibacilose, possivelmente deve-
se a fatores como a intensificação na prevenção contra o patógeno na fase de
maternidade e creche, o estresse do transporte à terminação, a mistura de lotes,
a mudança na alimentação, a qualidade da água, entre outros (FAIRBROTHER et
al., 2005) .
Até agora, a via clássica de prevenção das diarreias colibacilares
centrava-se na imunização das porcas, com o objetivo de reduzir a pressão de
infecção à que são submetidos os leitões na maternidade (MOON & BUNN,
1993). Além disso, realiza-se prevenção a base de antibióticos e elementos
adstringentes adicionados a ração, como o óxido de zinco durante a fase de
creche (JENSEN-WAERN et al., 1998; MOLIST et al., 2011). Possivelmente, o
2
êxito desses programas é outro fator que fez com que a patogenia da doença
tenha alterado, passando a ocorrer no início da fase de terminação.
Atualmente, o aparecimento das diarreias colibacilares no início da fase
de terminação requer como solução o uso de antibióticos, administrados via água
de bebida ou ração e a utilização de elementos preventivos como o óxido de zinco
(RAMIS et al., 2011). Entretanto, o uso de antibióticos e de óxido de zinco podem
gerar problemas de caráter ético. O uso massivo de antibióticos gera
preocupação no consumidor que cada vez mais rejeita o uso de antibióticos na
produção animal. Nos últimos anos, constatou-se na União Europeia (UE) a
tendência cada vez maior em reduzir ou eliminar o uso de antibióticos na
produção suína, o que é uma das causas do agravamento atual das enfermidades
nesta espécie (BARTON, 2000; HØJBERG et al., 2005).
O uso de óxido de zinco planteia problemas ambientais já que se
acumula nos dejetos dos animais e pode chegar a se converter em um
contaminante ambiental (CRISTANI et al., 1997). Em 2004, seu uso esteve
proibido de forma transitória, mas posteriormente, criou-se uma moratória por
reconhecimento mútuo com países da UE em que seu uso foi permitido.
Entretanto, a tendência da legislação europeia é eliminar este tipo de elemento da
produção animal, levando à perda de uma das armas para a prevenção e controle
da colibacilose em suínos.
Além disso, como as estratégias de controle atuais contra a E. coli
concentram-se nas primeiras idades do leitão. A presença da bactéria em idades
posteriores pode produzir o agravamento de outros patógenos participantes no
CES, tais como os agentes da Disenteria suína e da Enterite proliferativa suína. O
aparecimento destes agentes produz um incremento nos custos de produção e
requer o uso de antibióticos em altas doses durante um período prolongado de
tempo (RAMIS et al., 2011).
Outras soluções propostas aos suinocultores são o uso de probióticos
e prebióticos e o uso de imunoglobulinas, obtidas em embrião de frango e
administradas via oral. Porém, até o momento, estas soluções são caras e
eficazes somente de forma parcial (VONDRUSKOVA et al., 2010). Então, a
substituição das soluções atuais por uma prevenção vacinal permitiria superar tais
problemas e ao mesmo tempo incidiria em questões como o bem estar animal
3
(melhoria da qualidade sanitária e portanto da qualidade de vida dos animais),
melhoria dos parâmetros produtivos e da rentabilidade do processo do processo
de produção de suínos (RAMIS et al., 2011).
1.1 Complexo Entérico Suíno
Nos últimos dez anos, ocorreu o agravamento e o aumento da
prevalência das enfermidades entéricas, sobretudo nas fases de creche e
crescimento/ terminação (PALLARÉS et al., 2006). Fatores como o aumento da
densidade animal nas granjas de produção ou a falta de vacinas eficazes contra a
maioria dos patógenos entéricos, além da proibição de antibióticos promotores de
crescimento, propiciaram uma mudança na expressão clínica de doenças, como a
disenteria suína, a enterite proliferativa suína e a colibacilose. Atualmente, estas e
outras doenças entéricas suínas são difíceis de serem diagnosticadas de forma
individual, já que são frequentes as infecções conjuntas por vários patógenos
entéricos. Por isso, alguns autores preferem usar o termo CES para referir-se ao
conjunto de patógenos que interagem provocando enfermidades digestivas
(RAMIS et al., 2011) .
1.2 Importância da colibacilose no Complexo Entérico Suíno
A colibacilose é uma importante causa de diarreia em leitões recém-
nascidos e recém-desmamados, sendo considerada como responsável por
perdas significativas em granjas de todo o mundo (FAIRBROTHER et al., 2005;
BLANCO et al., 2006). A colibacilose pós-desmame é de grande importância
econômica, em função das perdas por mortalidade (que podem atingir 10%), pelo
surgimento de muitos refugos e pelos gastos com medicamentos no seu controle
(MORES & MORENO, 2007).
O aparecimento clínico de diarreias colibacilares em suínos alterou sua
patogenia, convertendo-se em um problema cada vez mais frequente no início do
período de terminação (STEGE et al., 2000; RAMIS et al., 2011). Algumas das
4
razões que explicam essas mudanças, assim como suas consequências estão
resumidas no Quadro 1.
QUADRO 1: Causas e consequências da mudança da expressão clínica da
colibacilose suína
CAUSAS CONSEQUÊNCIAS
Fatores que influenciam
diretamente no
aparecimento de
problemas colibacilares
Maior esforço na prevenção
de patógenos na fase de
creche
Estresse do transporte a fase
de crescimento/terminação
Mistura de animais de
diferentes leitegadas
Mudança de alimentação
Maior uso de
antibióticos
Piora dos parâmetros
produtivos
Perda do bem estar
animal
Perdas econômicas
Fatores gerais que
influenciam no
aparecimento do
complexo entérico suíno
Aumento generalizado da
densidade animal
Falta de vacinas eficazes
frente a patógenos entéricos
Proibição dos antibióticos
promotores de crescimento
A importância desta doença não se limita às perdas produtivas e
econômicas que por si só ocasiona. Também, a adesão e produção de toxinas
por cepas patogênicas de E. coli podem criar condições favoráveis para que
outros patógenos digestivos, implicados no CES, possam exercer sua ação
(FAIRBROTHER et al., 2005).
O incremento dos processos diarreicos associados a E. coli tem sido
relacionados à fatores como o aparecimento de cepas altamente virulentas,
mudanças no manejo dos suínos e maior resistência bacteriana aos antibióticos
rotineiramente utilizados, fazendo-se necessário o desenvolvimento de novas
formas de prevenção deste patógeno (FAIRBROTHER et al., 2005).
5
1.3 Importância de outros patógenos do Complexo Entérico Suíno
1.3.1 Lawsonia intracellularis
A ileíte ou enteropatia proliferativa é uma importante enfermidade que
afeta a espécie suína, produzida pela Lawsonia intracellularis e que se caracteriza
pelo espessamento da mucosa intestinal causada pela proliferação de enterócitos
infectados pelo agente (MCORIST et al., 1993; LAWSON & GEBHART, 2000;
GUEDES, 2007). Atualmente, é considerada uma enfermidade de caráter
universal, cuja importância tem aumentado muito desde o ano 1999, coincidindo
com a proibição dos antibióticos promotores de crescimento (GUEDES, 2007).
Esta doença provoca grandes perdas econômicas devido a diarreia
que ocasiona a diminuição do consumo e, consequentemente, a redução de
ganho de peso dos animais e/ou mortalidade (até 6%) próximo à idade de abate
(JACOBSON et al., 2010). Os suínos de terminação com aproximadamente 40 kg
de peso vivo são os mais afetados (PALLARÉS et al., 2006). Esta doença já foi
relatada em todos os países de expressiva produção suinícola, reforçando a
importância da enfermidade, pois as lesões intestinais resultam em má absorção
dos nutrientes, influenciando negativamente o ganho de peso diário, a conversão
alimentar e a redução no ganho de carne (GUEDES, 2007).
1.3.2 Brachyspira hyodisenteriae
A Disenteria Suína é uma enfermidade bacteriana cujo agente
etiológico é a Brachyspira hyodisenteriae. Sua capacidade de persistir em fezes e
a existência de vetores biológicos permitem que esta bactéria permaneça nas
granjas por longos períodos de tempo. A bactéria coloniza o intestino grosso do
provocando severa colite mucohemorrágica (HAMPSON et al., 2006; PALLARÉS
et al., 2006). A morbidade pode chegar a 90%, com média de 30-40%. A
mortalidade varia de 5 a 15%, podendo chegar a 30% dependendo da eficácia no
6
tratamento. Os animais afetados são suínos de terminação, os quais apresentam
um atraso no crescimento (0,374 kg de perda diária) e aumento do índice de
conversão (0,350k g) e, consequentemente, importantes perdas econômicas,
tanto diretas como indiretas (HANS, 2001; GUEDES & BARCELLOS, 2007). A
presença desta enfermidade na granja exige gastos com controle elevados e que
pesam durante anos no rendimento econômico. Entre os custos diretos e
indiretos, a disenteria suína origina um aumento no custo de produção que pode
chegar a superar 20% (CARVAJAL et al., 2006).
1.3.3 Salmonela sp.
A salmonelose atinge, principalmente, suínos desmamados com até
três a quatro meses de idade (KICH, 2007). Esta enfermidade apresenta duas
formas diferentes segundo a espécie de salmonella infectante. A forma
septicêmica é causadas por Salmonella cholerasuis e a forma entérica é
causadas por Salmonella entérica sorovar Typhimurium e S. entérica sorovar
Enteritidis, principalmente. A forma septicêmica geralmente cursa com a morte do
animal. Já a forma entérica, é mais comum e causa diarreia amarelada e fétida.
O hábitat natural da Salmonellla sp. é o trato intestinal de pessoas e
animais. A salmonelose destaca-se por ser, ao mesmo tempo, um problema
sanitário econômico nas criações de suínos e, também um problema de saúde
pública, sendo considerada uma das principais zoonoses de origem alimentar
(MCEWEN & FEDORKA-CRAY, 2002; TAELE, 2002).
Em registros americanos, os dados de morbidade e mortalidade são
muito variáveis, revelando que a participação da Salmonella nos quadros clínicos
entéricos é menor que em septicêmicos (9% e 58%). No Brasil, embora as
informações não estejam disponíveis, aparentemente o problema clínico é menor
do que em outros países. O número de leitões que adoecem num rebanho é
variável, em geral, abaixo de 15%. A mortalidade, nesses casos, fica entre 4-6%.
Os leitões que sobrevivem tendem a refugar e a mortalidade, nesses casos, Varia
de 20- 40% (KICH, 2007). Em alguns casos, as perdas econômicas podem ser
muito importantes (PALLARÉS et al., 2006). A infecção pelo agente pode
7
aumentar o custo de produção, devido, principalmente, a redução no ganho de
peso e conversão alimentar, aumento no uso de antibióticos e aumento na
mortalidade (GORTON et al., 1996).
1.4 Diarreias pós-desmame por Escherichia Coli
1.4.1 Etiologia
As espécies de E. coli são classificadas dentro da família
Enterobacteriaceae. Muitos desses microrganismos são habitantes normais do
trato gastrointestinal, enquanto outros são responsáveis por uma ampla variedade
de enfermidades em suínos, entre estas a diarreia pós-desmame (GOSWAMI et
al., 2008). A E. coli é considerada uma das causas mais importantes desta
enfermidade em leitões (HAMPSON, 1994; VU KHAC et al., 2006). A diarreia
pós-desmame é causada por cepas de E. coli possuidoras de fatores de
virulência que lhe permitem colonizar as vilosidades intestinais e produzir uma ou
várias enterotoxinas (WILSON & FRANCIS, 1986; MOON & BUNN, 1993).
A patogenicidade de uma cepa de E. coli está determinada pelos
fatores de virulência que posui. Com base nesses fatores de virulência, as cepas
de E. coli agrupam-se em patotipos. Os principais patotipos implicados na
colibacilose pós-desmame são as cepas E. coli enterotoxigênicas (ETEC),
associadas à diarreia pós-desmame; e as cepas E. coli enterotoxêmicas
(ETEEC), associadas à doença do edema (GYLES, 1994; FRANCIS, 2002;
FRYDENDAHL, 2002).
As cepas isoladas com mais frequência nos processos de diarreia pós-
desmame pertencem a um reduzido grupo de serogrupos (GARABAL et al., 1996)
que combinam antígenos O (LPS), K (capsular) e/ou F (fimbrial) (HOLLAND,
1990) além de serem normalmente hemolíticos (SMITH & LINGGOOD, 1971).
8
1.4.2 Epidemiologia
Os leitões geralmente adquirem a infecção por cepas patogênicas de
E. coli na maternidade, veiculando o patógeno à creche e
crescimento/terminação, onde se produz uma transmissão horizontal. Uma vez
produzida a infecção, o hábitat primário da E. coli é o trato gastrointestinal
(BERTSCHINGER & GYLES, 1994). A proliferação bacteriana ocorre
principalmente no intestino delgado, mas também pode ser isolada no ceco e
cólon (WADA et al., 1996). E. coli é um microrganismo contagioso, demonstrado
pelo fato de que se pode encontrar a mesma cepa em muitos animais enfermos,
inclusive entre animais de lotes distintos. A eliminação fecal é a principal via de
disseminação de E. coli no meio ambiente, promovendo a contaminação do piso,
água e alimento. O contato direto entre os animais de uma mesma baia, também
possibilita a disseminação da enfermidade (MORES & MORENO, 2007).
A morbidade da enfermidade é muito variável entre granjas afetadas
(MORES & MORENO, 2007), podendo aparecer e desaparecer de forma
repentina (BERTSCHINGER & FAIRBROTHER, 1999), sendo frequente o
reaparecimento do processo (KURTZ et al., 1969). A mortalidade da diarreia pós-
desmame tende a ser baixa (MORES & MORENO, 2007). As diarreias pós-
desmame (DP) associadas a E. coli são observadas tipicamente no período
compreendido entre final do desmame e ao longo da creche, porém nos últimos
anos diversos fatores (Quadro 1) fizeram com que fosse possível o aparecimento
desta enfermidade entre as quatro e seis primeiras semanas da fase de
crescimento/terminação (RAMIS et al., 2011). Trabalhos como o de KAUFMANN
et al. (2006), no qual se observou uma grande prevalência de cepas virulentas de
E. coli em amostras fecais obtidas em frigorífico, demonstra que cepas
patogênicas podem persistir ao longo de todo o ciclo produtivo.
As medidas higiênico-sanitárias impostas na lactação e desmame são
pontos-chaves para o controle da enfermidade (MORES & MORENO, 2007).
9
1.4.3 Patogenia
A E. coli pode persistir no intestino do animal sem causar doença ou
proliferar e causar sintomatologia e eliminação de bactérias coliformes via fecal.
Para que existam sinais clínicos nas infecções por E. coli é necessário o contato
da E. coli com a mucosa do hospedeiro, a fixação à mucosa e resistência às
forças de arrasto, a aquisição dos nutrientes necessários para a proliferação, taxa
de crescimento suficientemente elevada para manter ou aumentar a população e
resistência aos mecanismos de defesa do hospedeiro (FELDER et al., 2000).
Os principais atributos que conferem às cepas ETEC sua capacidade
patogênica são: a habilidade para colonizar o intestino e a capacidade de produzir
toxinas que estimulam a excreção de eletrólitos e água do intestino delgado. A
efetividade com que a E. coli realiza ambos processos de forma conjunta,
depende dos fatores de virulência que a cepa implicada na infecção possui
(GAASTRA & DE GRAAF, 1982).
a) Fatores de virulência
Os fatores de virulência são caracteres bacterianos implicados na
patogenicidade do microorganismo. Esses fatores interferem nas funções do
hospedeiro e permitem o crescimento do agente patogênico.
As cepas patogênicas de E. coli caracterizam-se pela produção de uma
ampla gama de fatores de virulência (Quadro 2) que podem ser agrupados em
fimbrias e toxinas. Uma cepa patogênica dispõe normalmente de um grupo
completo de uma ou várias toxinas e fimbrias.
As fimbrias ou pili são apêndices extracelulares altamente específicos ao
hospedeiro que permitem a bactéria colonizar a superfície epitelial do intestino
delgado (BLANCO et al., 1997; GARABAL et al., 1997; NAGY et al., 1999). A F4 e
a F18 são as fimbrias mais frequentes na diarreia pós-desmame associadas a E.
coli em todo o mundo (FAIRBROTHER et al., 2005; HUR et al., 2011).
10
QUADRO 2 - Fatores de virulência e sorotipos mais frequentes em ETEC suínas.
SEROGRUPOS, FIMBRIAS E ENTEROTOXINAS ISOLADAS COM MAIOR
FREQUÊNCIA EM ETEC
Serogrupos O8, O64, O138, O139, O141, O147, O149,
O157.
BLANCO et al. (1997);
FRYDENDAHL (2002);
NOAMAMI et al. (2003)
Fimbrias F4 (K88), F5 (K99), F6 (987P), F18, F41 OJENIYI et al. (1994)
Enterotoxinas
LT*
STa STb*
GYLES (1992); OJENIYI
et al (1994)
LT: enterotoxina termolábil; STa STb: enterotoxina termoestável.
As cepas F4+ causam diarreia e morte em neonatos e nos primeiros dias
pós-desmame (VERDONCK et al., 2004). As cepas F18+ estão amplamente
distribuídas e são as principais responsáveis pela ocorrência da doença a partir
dos cinco dias pós-desmame e em animais no início da terminação (SVENDSEN
et al., 1974; BERTSCHINGER & FAIRBROTHER, 1999; VERDONCK et al.,
2003; CHENG et al., 2005). O aparecimento mais tardio da doença por cepas
F18+ explica-se porque o receptor para F18 não é expresso por leitões neonatos
(NAGY et al., 1999; BROWN et al., 2007b). Os leitões só expressam receptores
para F5 e F6 nos primeiros dias de vida (BROWN et al., 2007a).
As toxinas produzidas por ETEC são enterotoxinas excretadas no
lúmen intestinal. Como observado no Quadro 2 existem dois tipos principais: a
toxina LT, sensível ao calor e a toxina ST, resistente ao calor. A toxina LT ativa a
adenilatociclase dos enterócitos, o que incrementa a produção de AMPc e
portanto, incrementa a secreção de íons Cl-, Na+ e HCO3-. Esses fenômenos
explicam a diarreia por hipersecreção, sinal clínico primário da diarreia pós-
desmame. A capacidade imunogênica desta toxina faz com que seja um
componente importante nas vacinas. Existem dois tipos de toxina ST, a STa e
STb, que dão lugar ao aparecimento de diarreias ao estimular a produção de
GMP cíclico, via guanilatociclase, o que inibe o cotransporte de Na/Cl no intestino
e conduz à menor absorção intestinal de eletrólitos e água. As toxinas ST estão
11
implicadas principalmente nas diarreias neonatais reduzindo seu efeito conforme
aumenta a idade do animal (BROWN et al., 2007b).
A doença do edema é produzida por cepas ETEEC possuidoras de F18
e capazes de produzir outro tipo de toxina, a Shiga Toxina, também chamada
verotoxina, capaz de chegar ao sistema circulatório onde produz um dano
vascular, responsável pelo edema generalizado característico (BERTSCHINGER
& FAIRBROTHER, 1999; BROWN et al., 2007b).
Algumas cepas de E. coli têm a capacidade de produzir tanto
enterotoxinas como verotoxinas dando lugar a um quadro clínico de diarreia e
edemas (BLANCO et al., 1997; NOAMANI et al., 2003) embora não seja frequente
animais afetados pela doença do edema apresentarem diarreia (BROWN et al.,
2007b).
1.4.4 Alterações clinicopatológicas
a) Processos agudos
Os animais que morrem em consequência de diarreia pós-desmame
associada a E. coli apresentam, em geral, boa condição corporal, ainda que com
sinais de desidratação como olhos fundos e cianose. É frequente ver o intestino
delgado dilatado, edematoso e hiperêmico com conteúdo que pode variar entre
aquoso e mucoso. No intestino grosso são encontradas apenas lesões, em raras
ocasiões há conteúdo aquoso-mucoso e ligeira congestão. Às vezes observam-se
as fezes com coloração amarelada. Em muitos casos as veias do estômago estão
congestas (BERTSCHINGER & FAIRBROTHER, 1999; BROWN et al., 2007b).
Quanto às lesões microscópicas, a diarreia por cepas ETEC manisfesta-se
por discretos sinais de inflamação, sendo que a mucosa e o epitélio aparecem
intactos ou com alterações mínimas (BERTSCHINGER & FAIRBROTHER, 1999;
BROWN et al., 2007b; GOSWAMI et al., 2008). É muito característico nos animais
mortos pela enfermidade, observar bactérias aderidas à superfície do íleo (WADA
et al., 1996). Alguns autores descreveram um incremento do número de
neutrófilos na lâmina própria e atrofia das vilosidades (VIJTIUK et al ., 1995).
12
b) Processos crônicos
A atrofia ou encurtamento das vilosidades intestinais é um achado
histopatológico frequente nos animais domésticos, e pode ser o resultado de um
amplo número de causas, entre estas se incluem agentes víricos, bacterianos e
parasitários, causas alimentares e idiopáticas (BROWN et al., 2007a). Na lesão
microscópica ainda pode obsevar-se proliferação das criptas (VIJTIUK et al.,
1995). Essas alterações revelam perda significativa da superfície intestinal,
gerando má absorção e diarreia. Na lâmina própria normalmente aparece um
infiltrado celular que desaparece em poucos dias, quando cessa a infecção. Em
processos mais prolongados observa-se um infiltrado de linfócitos e células
plasmáticas. A infecção por E. coli foi relacionada por diversos autores, tanto com
atrofia das vilosidades intestinais como ao aumento do infiltrado celular (COX et
al., 1988; VIJTIUK et al., 1995; OPAPEJU et al., 2009).
1.4.5 Diagnóstico
O diagnóstico da diarreia pós-desmame em suínos é complexa pelas
múltiplas etiologias capazes de dar uma sintomatologia similar, além de
possibilidade de infecções conjuntas (BERTSCHINGER & FAIRBROTHER, 1999).
O aparecimento de diarreia nos primeiros dias pós-desmame, com marcante
desidratação podem ajudar no diagnóstico, porém a confirmação de diarreia pós-
desmame associada a E. coli requer provas laboratoriais, como técnicas de
cultivo bacteriano, ELISA ou imunofluorescência indireta e PCR (FRANCIS, 1983;
MULLANEY et al., 1991; BLANCO et al., 1992; BLANCO et al., 2004).
1.4.6 Vacinação contra a colibacilose
13
As superfícies mucosas são as vias de entrada mais frequentes para
qualquer antígeno potencialmente patogênico do meio ambiente, dessa forma o
sistema imunológico concentra grande quantidade de anticorpos IgA nas mucosas
do organismo (NEUTRA et al., 1987). A IgA é capaz de se unir aos receptores de
vírus ou bactérias inibindo total ou parcialmente a entrada no organismo. A união
das fímbrias F4 e F18 aos receptores F4 e F18 dos enterócitos é um passo
essencial na patogênese da E. coli, de maneira que os leitões que não expressam
estes receptores são resistentes à cepas F4+ e F18+ (RUTTER et al., 1975;
FRYDENDAHL et al., 2003). Ao contrário, animais com receptores F4/F18 na
superfície dos enterócitos serão susceptíveis, pois uma resposta imune na qual
há produção de anticorpos que impeçam a união das fímbrias ao receptor,
poderia reduzir ou inclusive impossibilitar a colonização bacteriana. Por essa
razão diversos autores dedicaram suas pesquisas à criação de vacinas contra os
antígenos das fímbrias F4 e F18 (BIANCHI et al., 1996; VAN DEN BROECK et al.,
1999; FELDER et al., 2000; VERDONCK et al., 2004; VERDONCK et al., 2007;
MELKEBEEK et al., 2007a; MELKEBEEK et al.; 2007b; TIELS et al., 2008)
(Quadro 3).
A vacinação de porcas contra a E. coli mostra-se como um método
econômico e muito eficaz na prevenção de processos colibacilares nas primeiras
etapas da vida dos leitões. A imunidade adquirida pelo colostro protege os leitões
no início do período neonatal, período em que ocorrem a maioria das mortes por
ETEC, porém a imunidade que a porca concede aos leitões é pouco duradoura,
ficando os animais expostos à enfermidade durante o final da fase de creche e o
início do crescimento/terminação (MOON & BUNN, 1993). Com a finalidade de
proporcionar aos leitões uma imunidade mais duradoura, foram realizadas várias
pesquisas para a produção de vacinas de aplicação direta em leitões, porém os
resultados são pouco satisfatórios (Quadro 3).
Nos trabalhos expostos no Quadro 3 observa-se que: 1. A via de
administração da vacina é principalmente oral para conseguir imunidade ativa nas
mucosas; 2. A imunidade adquirida, nos trabalhos com melhores resultados,
reduz a gravidade do processo, mas não evita a infecção; 3. As vacinas de DNA
podem potenciar a resposta imune sem interferir com anticorpos maternais (BOT
& BONA, 2002).
14
Os objetivos de vacinar os animais contra a E. coli são: reduzir as perdas
ocasionadas pela diarreia pós-desmame e reduzir a necessidade de tratamentos
profiláticos e terapêuticos (BERTSCHINGER & GYLES, 1994; FAIRBROTHER et
al., 2005). Além disso, a vacinação de suínos pode servir como referência em
estudos de vacinação humana, por ser o leitão desmamado, o único modelo
natural para estudos de imunidade contra a infecção por cepas ETEC no homem
(FELDER et al., 2000).
QUADRO 3 - Vacinas testadas em leitões para imunizar leitões contra ETEC.
VACINA UTILIZADA VIA DE
ADMINISTRAÇÃO EFETIVIDADE AUTOR
Cepas E. coli F4+
inativadas con
formaldeído
Intramuscular Não efetiva BIANCHI et al.
(1996)
Fímbria F18
encapsulada em
microesferas de
poly(lactide-co-
glycolide)
Oral Não efetiva FELDER et al.
(2000)
Fímbria F18 purificada
veiculada adyuvante
mucoso
Oral e nasal Não efetiva VERDONCK et
al. (2007)
Conjugação de FedF e
de fimbria F4 Oral
Redução da excreção
de E. Coli F18 em
animais infectados
TIELS et al.
(2008)
Administração de
fímbria F4 purificada Oral
Estimulação do
sistema imune da
mucosa: produção de
IgA e IgG
VAN DEN
BROECK et al.
(1999)
Subunidad FaeG
recombinante de
Fímbria F4
Oral
Produção de Ac
sistémicos e na
mucosa contra F4.
Redução da excreção
de E. Coli F4
VERDONCK et
al. (2004)
Vacina ADN para
subunidade FaeG de Intradérmica
Produção de Ac
sistémicos IgG
MELKEBEEK et
al. (2007a)
15
F4. sistémicos. Ligeira
redução da excreção
de E.Coli F4
MELKEBEEK et
al. (2007b)
Diante do exposto, o lançamento no mercado de uma vacina contra a
E. coli - Clostridium - COLIDEX® registrada para uso direto em leitões leva a
necessidade de uma pesquisa, com o objetivo de determinar a eficácia desta
vacina para a prevenção de problemas colibacilares em leitões nas fases de
creche e crescimento/terminação, avaliar a ocorrência de agentes envolvidos no
complexo entérico suíno e alguns aspectos da resposta imune intestinal.
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23
CAPÍTULO 2 – EFEITO DA VACINAÇÃO CONTRA Escherichia coli EM
LEITÕES SOBRE O DESMPENHO NAS FASES DE CRECHE E
CRESCIMENTO/TERMINAÇÃO
EFFECT OF VACCINATION OF PIGLETS AGAINST Escherichia coli ON
NURSEY AND FINISHING PRODUCTION PERFORMANCE
RESUMO
O controle da diarreia pós-desmame causada pela Escherichia coli ainda não está bem estabelecido. O desenvolvimento da vacina Colidex® (Farcovet, Espanha), registrada para uso parenteral direto em leitões levou a realização deste trabalho, com o objetivo de determinar o efeito de três diferentes protocolos de vacinação de leitões contra a E. coli, avaliando parâmetros clínicos na creche, assim como parâmetros produtivos e econômicos nas fases de crescimento/terminação. Foi utilizado um total de 8.299 leitões, divididos em seis grupos e vacinados aos 10 e 20 dias de idade (V10-20), aos 10 e 30 dias de idade (V10-30) e aos 20 e 30 dias de idade (V20-30), cada grupo tinha um grupo controle contemporâneo. De acordo com os resultados deste estudo, o uso de Colidex® para a prevenção da diarreia pós-desmame em leitões produziu importantes melhorias sanitárias, produtivas e econômicas, sendo o melhor protocolo de vacinação a primeira vacinação aos 10 dias de idade e a revacinação aos 20 dias de idade. Desta forma conclui-se que esta vacina parenteral é uma nova estratégia de controle para as enfermidades entéricas associadas a este patógeno. Palavras-chave: Colibacilose, diarreia pós-desmame, índice de conversão,
ganho médio diário, vacina parenteral. ABSTRACT
The control of post-weaning diarrhea caused by Escherichia coli is not well established. Colidex® (Farcovet, Spain), is a new vaccine registered for parenteral use in piglets. This study aims to determine the effect of three different protocols of vaccination of piglets against E. coli using Colidex®, evaluating clinical parameters in the nursery, as well as economic and productive parameters during growing and finishing. 8,299 pigs were divided into six groups and three of them were vaccinated at 10 and 20 days of age (V10-20), 10 and 30 days of age (V10-30) and at 20 and 30 days of age (V20-30). Each group had a contemporaneous control group (C10-20, C10-30, C20-30). The use of Colidex® for the prevention of post-weaning diarrhea in piglets improves health, productive and economical parameters. The best protocol was vaccination at 10 days of age and revaccination 10 days after. This provides a new parenteral vaccination control strategy for enteric diseases associated with E. coli.
24
Keywords: Average daily gain, colibacillosis, feed conversion, post-weaning
diarrhea, parenteral vaccine.
25
1 INTRODUÇÃO
A Escherichia coli é uma bactéria colonizadora habitual do trato
gastrointestinal dos animais, entretanto algumas cepas podem ser responsáveis
por uma ampla variedade de enfermidades em suínos, como diarreia em fases
distintas da produção e a doença do edema (MARTINS et al., 2000;
FAIRBROTHER, 2006).
Entre essas enfermidades a diarreia pós-desmame é considerada uma
importante causa de diminuição do ganho de peso ou morte de leitões
desmamados em todo o mundo (FAIRBROTHER et al., 2005). Esta enfermidade
é causada por cepas de E. coli que possuem fatores de virulência que
determinam a colonização das vilosidades intestinais e a produção de
enterotoxinas (WILSON & FRANCIS, 1986; MOON & BUNN, 1993). A importância
da colibacilose não se limita às perdas produtivas e econômicas que por si só
ocasiona (FAIRBROTHER et al., 2005), mas também pela adesão e produção de
enterotoxinas por cepas patógenas de E. coli, que podem criar condições
favoráveis para que outros microrganismos entéricos exerçam sua ação
patogênica (WHITNEY et al., 2006).
Nos últimos dez anos, verificou-se um agravamento do quadro clínico e
aumento da prevalência das enfermidades entéricas associadas a E. coli em
suínos, especialmente durante as fases de creche e crescimento/terminação. Fato
que tem gerado importantes perdas no rendimento produtivo e um incremento no
custo de produção final (PALLARÉS et al., 2006). As modificações na forma de
apresentação da colibacilose poderiam estar associadas a fatores como a intensa
prevenção na fase de maternidade, o aparecimento de cepas altamente
virulentas, mudanças no manejo dos suínos e maior resistência bacteriana aos
antibióticos (FAIRBROTHER et al., 2005).
O protocolo clássico de prevenção contra a E. coli baseia-se na
vacinação das reprodutoras. Na literatura científica descreve-se a eficiência da
vacinação parenteral da porca para prevenir a diarreia neonatal produzida por E.
coli. RIISING et al. (2005) concluíram que a vacinação das porcas protegeu de
maneira significativa os leitões, reduzindo a mortalidade e a diarreia grave. Este
protocolo tem sido considerado satisfatório para controlar a colibacilose durante a
26
fase de lactação, entretanto alteraram a patogenia da enfermidade, atrasando-a
até as fases de creche e crescimento/terminação. Durante essas últimas fases, a
imunidade passiva induzida pela vacinação das porcas já não é efetiva e a
vacinação dos leitões poderia ser uma solução para a prevenção desta
enfermidade neste período (BIANCHI et al., 1996).
Alguns autores trabalharam com adjuvantes associados à vacina oral
em leitões desmamados na tentativa de melhorar a resposta imune contra a E.
coli. BOZIC et al. (2003) descreveram que o uso de levamisol como adjuvante
potencializou o efeito de uma vacina composta por cepa não enterotoxigênica de
E. coli, quando comparado com o grupo controle que não recebeu levamisol.
Porém, quanto ao uso de vacinas parenterais em leitões MOON & BUNN (1993) e
BIANCHI et al. (1996) relatam que o uso de fimbrias F4ac purificada ou o conjunto
de células bacterianas que expressem o antígeno F4ac não induziu a imunidade
protetora contra o desafio bacteriano.
Recentemente, foi desenvolvida uma vacina, Colidex® (Farcovet,
Espanha), que está registrada para o uso parenteral diretamente nos leitões. Esta
vacina está indicada para a prevenção da diarreia pós-desmame causada por
diversos sorotipos de E. coli enterotoxigênicos. Esta vacina foi desenvolvida
contra antígenos e toxóides, de maneira que está direcionada a todas as
combinações possíveis de mecanismos de patogênese de E. coli. Assim o
objetivo do presente estudo foi determinar o efeito de três protocolos diferentes de
vacinação de leitões contra a E. coli usando Colidex®, avaliando parâmetros
clínicos na creche, assim como parâmetros produtivos e econômicos nas fases de
crescimento/terminação.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O comitê de bem-estar animal da Universidade de Murcia examinou e
aprovou todos os protocolos experimentais. Os animais foram criados em
condições que cumpriam em todo momento a legislação espanhola com respeito
à normatização de granjas de suínos (Real decreto - R. D. 324/2000, de 3 de
março, que estabelece normas básicas de ordenação das granjas de suínos) e
27
quanto às normas de bem-estar (R. D. 1135/2002, de 31 de outubro, relativo às
normas mínimas para a proteção de suínos; transposição literal da Diretiva
2001/88/CE, de 23 de outubro de 2001, relativa às normas mínimas para proteção
de suínos).
2.1 Granja e animais
Foi utilizado um total de 8299 leitões de cruzamento comercial de
Duroc x (Landrace x Large White). Os animais procediam de porcas que haviam
sido vacinadas com Colidex® aos 80 dias de gestação nas duas gestações
prévias. Foram formados grupos distintos, de acordo com o protocolo de
vacinação: leitões vacinados e revacinados aos 10 e 20 dias de vida (V10–20),
vacinados e revacinados aos 10 e 30 dias de vida (V10-30) e vacinados e
revacinados aos 20 e 30 dias de vida (V20-30). Para cada grupo vacinado, havia
um grupo contemporâneo sem vacinar para servir de controle em cada protocolo
experimental (C10-20, C10-30 e C20-30). No Quadro 1 encontra-se detalhado os
grupos experimentais e as datas em que se realizaram as provas.
QUADRO 1 - Grupos experimentais da prova COLIDEX-C® em múltiplas fases, Murcia,
2012.
Grupo Protocolo Nº suínos Data de entrada
creche
Data entrada
crescimento/terminação
Vacinado V10-20 1893 Outubro 2008 Dezembro 2008
Controle C10-20 1869 Novembro 2008 Janeiro 2009
Vacinado V10-30 1200 Janeiro 2009 Março 2009
Controle C10-30 1200 Fevereiro 2009 Abril 2009
Vacinado V20-30 851 Março 2009 Maio 2009
Controle C20-30 1286 Abril 2009 Junho 2009
Os animais foram castrados cirurgicamente dentro da primeira semana
de vida, de acordo com o R.D. 1135/2004 que estabelece as medidas de proteção
mínimas para suínos.
Os animais permaneceram durante o período experimental sem
medicação rotineira contra patógenos entéricos.
28
Todos os grupos experimentais foram criados sob as mesmas
condições ambientais e de manejo, usando a mesma ração para cada fase e nas
mesmas granjas. O sistema produtivo onde se desenvolveu o experimento é um
sistema de produção em sítios. A maternidade, a creche e a terminação estão em
três localizações geográficas distintas, situadas todas na província de Toledo
(Espanha).
Na fase de creche, os animais foram criados em três galpões com 1000
animais em cada, estando divididas em três módulos cada uma. O tamanho das
baias era de 2,7 m2, onde se alojavam 12 leitões. Cada baia estava dotada com
bebedouro tipo chupeta com concha metálica com água a disposição, e com um
comedouro tipo funil metálico com três espaços de comedouro. Foi fornecida
ração farelada à vontade.
Na fase de crescimento/terminação, foram utilizadas 11 galpões com
600 animais cada, com uma superfície livre de 8,4 m2 onde foram alojados 12
animais. Cada baia estava dotada com bebedouros tipo chupeta com concha de
concreto com água à disposição e um comedouro tipo funil de concreto com dois
espaços de comedouro. Foi fornecida ração granulada à vontade.
As instalações foram manejadas mediante o sistema todos dentro -
todos fora, por sala na creche e por edifício no crescimento/terminação.
Uma vez alcançado o peso comercial, os suínos foram abatidos no
Frigorífico Incarlopsa (Tarancón, Cuenca, Espanha) segundo os métodos
rotineiros estabelecidos pela legislação.
2.2 Vacina
A vacina utilizada, COLIDEX-C® (Farco Veterinaria, S.A., España), é
composta de uma suspensão de sete cepas de E. coli, inativadas com formol e
com calor, assegurando-se a presença, na mistura final, dos antígenos fimbriais
K88 (F4), K99 (F5), K41 (F41), K18 (F18) e P987 (F6), assim como dos toxóides
da toxina termolábil (LT), termoestável (STa), verotoxina (VT) e hemolisina (Hly),
combinada com toxóide de Clostridium perfringens Tipo C. Cada dose de 2 ml
contém 2x109 microrganismos de cada uma das cepas bacterianas inativadas
29
com calor, 1,5x109 microrganismos de cada uma das cepas inativadas com formol
e 300 UI de toxóide ß de C. perfringens.
Os animais incluídos nos grupos vacinados foram vacinados e
revacinados mediante injeção intramuscular cervical. Sendo a dose de 0,5 ml de
COLIDEX-C® para primeira vacinação e 1 ml para revacinação. Os animais dos
grupos controle receberam uma injeção com o mesmo volume de solução salina
fisiológica como placebo.
2.3 Coleta de dados clínicos e de desempenho
O estudo clínico e produtivo foi realizado tanto durante o período de
creche quanto durante a fase de crescimento/terminação, nos seis grupos
experimentais (V10-20, C10-20, V10-30, C10-30, V20-30, C20-30). Durante a
creche foram registrados para cada grupo experimental, a mortalidade, os surtos
de enfermidades entéricas e respiratórias, a morbidade em cada surto de
enfermidade, as medicações coletivas realizadas, assim como os animais que
não alcançaram o peso necessário para a saída para a terminação ao mesmo
tempo que seus contemporâneos.
Foi considerado como um surto de enfermidade entérica aquele em
que a sintomatologia generalizada foi diarreia, qualquer que fosse a suposta
causa, que afetasse mais de 20% dos leitões e requeresse medicação coletiva.
Foi considerado como um surto de enfermidade respiratória aquele em que a
sintomatologia predominante foi tosse, espirro e dispneia, independentemente da
causa, que afetasse mais de 20% dos animais e requeresse uma medicação
coletiva.
Todos os animais que morreram na creche foram necropsiados para
estabelecer um diagnóstico presuntivo. Sendo classificadas em “causa
respiratória”, nos casos de lesões compatíveis com um processo inflamatório no
pulmão; “causa entérica”, quando as lesões eram compatíveis com um processo
inflamatório gastroentéricos; e “refugos” para os animais com perda de condição
corporal que indicasse um processo patológico prolongado, independente da
causa.
30
Durante a fase de crescimento/terminação foram registrados os dados
de mortalidade, peso dos leitões ao início do crescimento/terminação, quantidade
de ração consumida durante crescimento/terminação, custo de medicações, peso
ao abate, duração da fase de crescimento/terminação e os animais não
comercializados ao final da terminação, assim como os custos diretos e indiretos.
Com estes dados foram calculados o ganho médio diário (GMD), o índice de
conversão alimentar (IC), e o custo por cada Kg ganho durante a terminação por
leitão (CKR).
2.4 Análise estatística
Os resultados foram analisados com o programa estatístico SPSS
versão 15.0 (SPSS Inc., Estados Unidos).
Para as comparações dos dados clínicos e produtivos, foi utilizado
como referência o desvio padrão, pois não foi possível realizar replicados ao se
usar amostras muito numerosas. Para isso, foram recompilados os dados
produtivos obtidos para o mesmo tipo de animal na mesma granja de creche e
crescimento/terminação durante os 12 meses precedentes ao estudo e foram
calculadas as estatísticas básicas. As diferenças maiores que o desvio padrão
obtido foram consideradas significativas.
3 RESULTADOS
3.1 Fase de creche
As fases de creche tiveram uma duração média de 44±2 dias, sem
diferenças significativas entre protocolos vacinais nem entre os grupos vacinados
e controles dentro de cada protocolo. Os dados referentes à mortalidade e causas
de mortalidade estão relacionados na Tabela 1.
31
TABELA 1 - Mortalidade total de leitões nos grupos vacinados e controle na fase de
creche, Murcia, 2012.
Protocolo Grupo Leitões
(nº) Mortes
(nº) Mortalidade
(%) ∆Mortalidade
(%)
V10-20 vacinado 1893 29 1,53 -2,11
C10-20 controle 1869 68 3,64
V10-30 vacinado 1200 35 2,92 -0,08
C10-30 controle 1200 36 3,00
V20-30 vacinado 851 24 2,82 +1,65
C20-30 controle 1286 14 1,17
Nos grupos V10-20 e V10-30 ocorreu menor mortalidade comparada
aos grupos controles. No caso do grupo V20-30, a mortalidade do grupo vacinado
superou a mortalidade do grupo controle.
FIGURA 1 – Mortalidade de leitões classificadas por causas nos grupos vacinados e
controles na fase de creche.
* Porcentagem calculada sobre o total de mortes
Com respeito ao percentual de mortes, foi observado que nenhum dos
grupos vacinados teve mortalidade registrada por causas entéricas no resultado
das necropsias realizadas durante a creche. Entretanto, os grupos controle C10-
20 e C10-30 apresentaram mortalidade por causas entéricas, representando
11,76% e 5,56% sobre o total de mortes, respectivamente. Observaram-se
diferenças no percentual de refugos mortos sobre o total de mortes ao comparar
0
10
20
30
40
50
60
70
80
V10-20 C10-20 V10-30 C10-30 V20-30 C20-30
0
11,76
0 5,56
0 0
10,34
0
8,57
0 0 0
24,14
38,24 42,86
55,56
75
42,86
% d
e m
ort
es
Protocolo vacinal
Entéricas
Respiratórias
Refugos
32
os grupos V10-20 e C10-20 (24,14% e 38,24%) e ao comparar os grupos V20-30
e C20-30 (75% e 42,86%).
Os surtos de enfermidades entéricas e respiratórias com a morbidade
estimada aparecem na Tabela 2 e Tabela 3, respectivamente.
TABELA 2 – Surtos e morbidade por causa entérica e dias de medicação em cada surto
detectado durante o experimento nos grupos vacinados e controle na fase
de creche, Murcia, 2012.
Protocolo Surtos entéricos
(nº) Morb 1
(%) Morb 2
(%) Dias medicados
V10-20 0 0 0 0
C10-20 2 30 25 10
V10-30 0 0 0 0
C10-30 1 35 0 5
V20-30 0 0 0 0
C20-30 0 0 0 0
Os animais do grupo C10-20 e C10-30 mostraram sinais de
enfermidade entérica que afetava mais de 20% da população, enquanto que nos
demais grupos não se observaram sinais generalizados que requeressem
medicação coletiva.
TABELA 3 – Surtos e morbidade por causa respiratória e dias de medicação em cada
surto detectado durante o experimento nos grupos vacinados e controle na
fase de creche, Murcia, 2012.
Protocolo Surtos
respiratórios (nº)
Morb 1 (%)
Morb 2 (%)
Morb 3 (%)
Morb 4 (%)
Morb 5 (%)
Dias medicados
V10-20 4 50 35 60 60 0 14
C10-20 5 40 60 50 60 40 23
V10-30 3 60 30 40 0 0 14
C10-30 0 0 0 0 0 0 0
V20-30 1 50 0 0 0 0 10
C20-30 0 0 0 0 0 0 15
33
Com respeito aos surtos de enfermidades respiratórias, os grupos V10-
20 e C10-20 foram os que maior número de surtos apresentaram, seguidos do
grupo C10-30.
As principais diferenças na fase de creche foram entre o lote V10-20 e
seu controle, observou-se menor mortalidade (- 2,11%), ausência de surtos de
enfermidades entérica enquanto o grupo controle apresentou dois surtos e menor
número de mortes classificadas como refugos (enfermidades crônicas) (-14,10%).
Todos estes benefícios produziram uma diferença no custo do leitão de R$ 1,15
nas condições de mercado analisadas.
3.2 Fase de crescimento/terminação
Utilizando o desvio padrão dos parâmetros produtivos de 2008-2010,
encontrou-se diferença significativa no índice de conversão alimentar comparando
V10-20 e C10-20 (0,168 Kg corresponde a -5,58%). O ganho médio diário foi
maior nos animais vacinados, porém a diferença não superou o desvio padrão
utilizado para comparação (0,014 kg contra SD = 0,059kg), portanto não foi
significativo. Para os demais parâmetros avaliados não se encontrou diferença
significativa entres os protocolos de vacinação testados.
Analisando o protocolo V10-30, houve diferença estatística significativa
no peso médio ao abate (- 4,82%), mortalidade (-17,62%), dias permanência total
em crescimento /terminação (-15 dias), dias médios de permanência crescimento
/terminação (-17 dias) e em refugos (+2,62%) em comparação ao controle C10-
30. Para os demais parâmetros avaliados não houve diferença estatística
significativa.
O protocolo V20-30 apresentou diferença significativa somente em
peso médio ao abate (- 5,85%) e refugos (-2,27%) em comparação com seu
controle C20-30.
Nos grupos V10-20 e C10-20, a mortalidade (- 18,65%), o índice de
conversão alimentar (- 5,58%) e animais não comercializáveis (-14,6%)
apresentaram grande diferença estatística, o que produziu a redução do custo do
34
quilo ganho (-2,06%). Todas as melhorias apresentadas pelo grupo V10-20 gerou
uma economia de R$ 4,60 por suíno terminado, comparado ao grupo C10-20.
Os resultados obtidos para cada grupo aparecem na Tabela 4.
TABELA 4 – Desempenho dos animais em crescimento/terminação para cada grupo
experimental, Murcia, 2012. PROTOCOLO PME PMA IC KR GMD CMC CKR MORTES DPT DPM REFUGOS
V10-20 21,0 108,1 2,845 87,1 ,740 3,10 2,41 6,67 136 118 5,36
C10-20 20,2 107,55 3,013 87,35 ,726 2,76 2,45 8,2 134 121 6,28
V10-30 22,1 102,55 2,848 80,45 ,660 4,06 2,48 8,51 135 118 4,39
C10-30 23,2 107,78 2,887 84,58 ,630 3,08 2,39 10,33 150 135 1,77
V20-30 20,7 106,56 3,032 85,86 ,630 5,21 2,50 7,92 146 136 1,90
C20-30 24,1 113,18 2,915 89,08 ,650 4,43 2,50 7,08 150 137 4,17
PME: peso médio de entrada a crescimento/terminação (Kg); PMA: peso médio abate (Kg), IC: índice de
conversão alimentar (Kg/Kg), KR: quilos ganhos em crescimento /terminação (Kg), GMD: ganho médio diário
(Kg), CMC: custo com medicações por leitão (R$), CKR: custo quilo ganho crescimento /terminação (R$),
DPT: dias permanência total em crescimento /terminação, DPM: dias médios de permanência crescimento
/terminação, REFUGOS: percentual de animais não comercializados no final crescimento /terminação.
TABELA 5 – Média e desvio padrão dos parâmetros produtivos na fase de
crescimento/terminação nos anos de 2008-2010 na mesma granja,
Murcia, 2012. PME PMA IC KR GMD CMC CKR MORTES DET DEM REFUGOS
Media 21,54 111,35 3,02 89,81 0,69 1,55 7,49 127,42 127,42 2,50
SD 2,29 4,52 0,156 4,43 0,059 0,678 1,71 7,74 7,74 1,53
PME: peso médio de entrada a crescimento/terminação (Kg); PMA: peso médio abate (Kg), IC: índice de
conversão alimentar (Kg/Kg), KR: quilos ganhos em crescimento /terminação (Kg), GMD: ganho médio diário
(Kg), CMC: custo com medicações por leitão (R$), CKR: custo quilo ganho crescimento /terminação (R$),
DPT: dias permanência total em crescimento /terminação, DPM: dias médios de permanência crescimento
/terminação, REFUGOS: percentual de animais não comercializados no final crescimento /terminação.
4 DISCUSSÃO
Em suínos, a E. coli é de grande importância econômica, em função
das perdas por mortalidade, por afetar alguns parâmetros produtivos como o
índice de conversão alimentar e ganho médio diário, pelo surgimento de muitos
refugos e pelos gastos com medicamentos no seu controle (MORÉS & MORENO,
2007; TREVISI et al., 2009). Em outras espécies como as aves, este efeito
negativo da E. coli também foi observado por BORATTO et al. (2004), que
35
relataram que as aves inoculadas com E. coli apresentaram significativamente
menor consumo de ração, menor ganho de peso e pior conversão alimentar que
aves não inoculadas.
Os grupos de animais utilizados neste estudo do tipo caso-controle
foram homogêneos, evitando fatores que pudessem provocar diferenças entre
grupos. Cabe destacar que não houve diferenças significativas no peso de
entrada à fase de crescimento/terminação o que poderia haver influenciado
parâmetros como o índice de conversão, o peso ao sacrifício ou a duração da
fase de crescimento/terminação. O que indicaria que as diferenças nos
parâmetros observados foram devido à vacina.
Este é o primeiro trabalho sobre vacinação parenteral em suínos frente
E. coli realizado em condições de campo. A vacinação direta dos leitões com
Colidex® permitiu avaliar os parâmetros clínicos, produtivos e econômicos dos
animais que participaram do experimento, comparando três protocolos vacinais
diferentes.
Não existe muita literatura disponível sobre o uso de vacinas contra a
E. coli em leitões desmamados. Sendo este o primeiro trabalho científico relatado
com Colidex® depois de seu registro para uso em leitões na Espanha. A maioria
dos trabalhos publicados com vacinas contra a E. coli são estudos experimentais
que utilizam um número reduzido de animais (BIANCHI et al., 1996; FELDER et
al., 2001; VERDONCK et al., 2007), situação diferente das condições encontradas
nas granjas de produção. Além disso, nesses estudos, os animais foram
vacinados, desafiados e abatidos poucos dias ou semanas após o desafio, sem
que houvesse tempo suficiente para avaliar índices produtivos. No presente
estudo foi realizado um estudo caso-controle em condições de campo, o que em
muitos aspectos dificulta a comparação com os resultados obtidos de forma
experimental.
A mortalidade, na fase de creche, observada no presente estudo,
independente do grupo (vacinado ou controle) e do protocolo, não superou 3,64%.
Este dado está de acordo com o citado por MORES & MORENO (2007) que
afirmam que a mortalidade é muito variável em função dos fatores de risco
encontrados na granja, entretanto geralmente, são menores de 10%. Porém, o
fato dos animais vacinados, independente do protocolo de vacinação, não
36
apresentarem mortalidade por causas entéricas e não apresentarem surtos
entéricos quando comparados com os grupos controle, sugere a proteção efetiva
da vacina nos animais vacinados.
Os resultados do presente estudo, diferem do estudo prévio de
BIANCHI et al. (1996) que também trabalharam com vacina intramuscular, no
entanto, utilizaram cepas de E. coli F4+ inativadas com formaldeído, em leitões
criados em condições de isolamento e desafiados com E. coli, 14 dias após a
vacinação, e concluíram que a vacina não foi efetiva ante o desafio com E. coli.
Da mesma maneira, difere de FELDER et al. (2001) e VERDONCK et al. (2007)
que trabalharam com vacinas elaboradas com fimbrias F18 e de aplicação oral e
oral/nasal respectivamente, não obtendo tampouco resultados positivos.
O índice de conversão está diretamente relacionado com a eficiência
do uso da ração consumida, sendo desejável que cada unidade de carne
produzida requeira a mínima quantidade de ração ingerida. Igualmente é
desejável um ganho médio diário elevado, o que diminui os ciclos produtivos. O
índice de conversão alimentar junto com o ganho médio diário são os caracteres
biológicos de maior significado econômico na fase de terminação. No presente
estudo, os animais do grupo V10-20 apresentaram menor índice de conversão
alimentar em comparação ao seu grupo controle. Quanto ao ganho médio diário
encontrado no presente trabalho, este foi maior nos animais V10-20, porém não
houve diferença significativa. Em outras experiências, em que se estudou
procedimentos de prevenção, foi constatado que leitões recém-desmamados e
desafiados com cepas de E. coli K99, mostraram significativamente menor GMD,
menor consumo médio de alimento diário e menor IC que animais tratados com
plasma seco e colistina (TORRALLARDONA et al., 2003).
Outros autores concluíram que depois do desafio com E. coli
enterotoxigênica, em geral, os leitões podem mostrar um crescimento reduzido,
porém também demonstraram que o uso de alguns elementos protetores podem
atuar reduzindo o impacto da infecção sobre os parâmetros produtivos. Este fato
foi observado quando se utilizou triptofano para tentar diminuir o impacto da E.
coli sobre leitões (TREVISI et al., 2009). MORES & MORENO (2007) afirmam que
existe uma redução na taxa de ganho de peso dos leitões ainda que a diarreia
seja transitória. Estas experiências aportam evidências de que a infecção por E.
37
coli potencialmente altera os parâmetros de crescimento e eficiência, e que o uso
de elementos protetores podem evitar ou diminuir o impacto da E. coli sobre os
animais, como observado no presente estudo.
YAN et al. (2009) comparando características de produção entre suínos
com e sem receptor F4 encontraram que os animais com receptor F4ab, F4ac ou
com ambos mostraram maior ganho médio diário, maior peso de carcaça e maior
comprimento de carcaça que suínos que não tinham estes receptores. Os autores
atribuíram estes resultados ao fato de que a microbiota intestinal normal
(lactobacilos e bifidobactérias) poderia reconhecer e unir-se a estes receptores
para exercer uma barreira contra a aderência e colonização de bactérias
patógenas e ao mesmo tempo promoveriam a digestão e absorção dos alimentos
(MENG et al., 1998). De maneira similar, uma redução na carga de E. coli
derivada de um procedimento imunoprofilático como o estudado, deveria deixar
disponíveis maior número de receptores para a flora saprófita, cumprindo o
paradigma anteriormente esboçado.
Os grupos V10-20 apresentou menor número de animais refugos que
seu controle, porém estes e C10-20 apresentaram maior número de refugos na
fase de crescimento/terminação quando comparados com os outros protocolos de
vacinação. Este resultado, provavelmente, deve-se ao fato de as fases de
crescimento/terminação dos grupos V10-20 e C10-20 terem sido realizados no
inverno, o que poderia produzir um incremento no número de refugos por outras
causas como as enfermidades respiratórias ou as multissistêmicas víricas (RAMIS
et al., 2011).
Para analisar adequadamente os dados deve-se considerar que os
experimentos foram realizados em lotes sucessivos durante ano de 2009, o que
poderia gerar variações estacionais entre grupos. Entretanto, cada grupo
vacinado teve um grupo controle contemporâneo, que permitiu realizar as
comparações desejadas. Também, deve-se considerar as diferenças estacionais
que podem ocorrer entre protocolos, por isso as comparações só são possíveis
entre os grupos vacinados e seus controles.
A diferença que há no índice de conversão comparando o lote V10-20
e seu controle é maior em relação os demais protocolos. Porém, estes grupos
foram criados no inverno, o que poderia justificar este índice conversão alimentar
38
maior, já que em algumas partes da Espanha há uma forte correlação entre a
temperatura ambiental e este parâmetro (R2=0,9147, p<0,001), sendo os meses
de inverno os que apresentam um maior índice de conversão da ração pelo
consumo de energia nos mecanismos de termorregulação (NIENABER et al.,
1989).
O lote V10-20 foi o que menor índice de conversão obteve (2,845 Kg)
junto com o lote V10-30 (2,848 kg), porém o primeiro foi realizado em inverno
(dezembro-fevereiro), o segundo foi realizado na primavera. Por outro lado, o
desvio padrão do índice de conversão para a população estudada é de 0,156 kg,
por isso a diferença entre os lotes V10-20 e C10-20 (0,168 kg) é significativa.
Entretanto, esta diferença não foi observada de forma constante nos demais
grupos, o que novamente sugere que o protocolo de vacinação mais adequado é
aos 10 e 20 dias de vida.
Na fase de crescimento/terminação, a redução de 2%, observada no
grupo V10-20 comparado ao C10-20, no custo de produção por quilo ganho
significa uma economia de R$ 4,64 por cada animal produzido. Somando estes
benefícios com os benefícios obtidos durante a creche, há uma economia de R$
5,80 por cada animal terminado, o que cobre o custo da vacina e deixa um
benefício marginal elevado para o produtor.
De acordo com os resultados deste estudo, a vacinação de leitões aos
10 dias e a revacinação aos 20 dias de idade, via intramuscular, demonstrou ser
eficiente para melhorar o desempenho e o custo de produção em um sistema de
produção em sítios com histórico de problemas causados por E. coli.
5 CONCLUSÕES
Nas condições do presente estudo, o uso de Colidex® para a
prevenção da diarreia pós-desmame em leitões produziu importante melhorias
sanitárias, produtivas e econômicas em leitões nas fases de creche e
crescimento/terminação, sendo o melhor protocolo de vacinação, a primeira
vacinação aos 10 dias de idade e a revacinação aos 20 dias de idade.
39
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41
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42
CAPÍTULO 3 – DETECÇÃO DE PATÓGENOS DO COMPLEXO ENTÉRICO
SUÍNO E ASPECTOS DA RESPOSTA IMUNE EM SUÍNOS VACINADOS
CONTRA Escherichia coli
DETECTION OF PATHOGENS PORCINE ENTERIC COMPLEX AND
ASPECTS OF THE IMMUNE RESPONSE IN PIGS VACCINATED
AGAINST Escherichia coli
RESUMO
A adesão e produção de toxinas por cepas de E. coli patogênicas pode favorecer a criação de condições para que outros agentes gastrointestinais patogênicos exerção sua ação. Atualmente, a suinocultura enfrenta o Complexo Entérico Suíno (CES) no qual estão envolvidos diversos patógenos víricos, bacterianos e parasitários que interagem entre si, entre os quais, cabe ressaltar alguns como Escherichia coli, Lawsonia intracellularis, Brachyspyra hyodisenteria e circovírus suíno (PCV2). Por outro lado, a produção de citocinas é crucial para o recrutamento e ativação de células do sistema imune e desenvolvimento da resposta imunitária. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a interação entre E. coli e outros agentes patogênicos envolvidos no complexo entérico suíno, e avaliar alguns pontos da resposta imune como, expressão gênica de citocinas e produção de IgA em intestino de leitões vacinados contra E. coli. De um total de 3762 leitões de cruzamento comercial, 1893 foram vacinados e 1869 não vacinados. Os animais foram abatidos, no final da terminação, e foram colhidas amostras de intestino de 40 destes animais que foram conservadas congeladas e em formol 10%. Foi realizado diagnóstico para E. coli, Lawsonia intracellularis, Brachyspyra hyodisenteriae, Salmonella spp e PCV2 mediante PCR em tempo real. As amostras de intestino foram avaliadas microscopicamente, sendo pontuadas de 0 a 3 de acordo com o infiltrado inflamatório e foram realizadas imunoistoquimica para IgA e PCV2. A expressão gênica de IFN-γ, IFN-α, TNF-α, TGF-β, IL-10, IL-12 p35 e IL-12 p40 foram avaliadas por PCR em tempo real. O grupo não vacinado apresentou mais E. coli LT, E. coli 987p e Lawsonia Intracellularis (p<0.001, p=0.013, and p<0.001 respectivamente). O grupo vacinado apresentou maior expressão gênica de citocinas IFN-α, TNF-α, TGF-β e IL-12 p35 (p=0.001, p=0.005, p<0.001 e p=0.05, respectivamente). O infiltrado inflamatório foi maior no grupo vacinado (p=0.035). Palavras-chave: citocinas, colibacilose, intestino, leitões, vacinação.
ABSTRACT The adhesion and production of toxins by pathogenic strains of Escherichia coli can create conditions for other pathogens such as Lawsonia intracellularis,
43
Brachyspyra hyodisenteriae and Porcine circovirus type 2. Moreover, the production of cytokines is crucial to the recruitment and activation of immune cells and development of the immune response. Our objectives were to evaluate the intereção between E. coli and other pathogenic agent involved in the porcine enteric complex, and to evaluate some aspects of the immune response such as cytokine gene expression and production of IgA in the intestine of piglets vaccinated against E. coli. Were used in total 3762 pigs crosses commercial, 1893 vaccinated and 1869 unvaccinated. Finally the pigs were slaughtered and frozen and formaline fixed intestine samples obtained. Diagnosis of E. coli, Lawsonia intracellularis, Brachyspyra hyodisenteriae, Salmonella spp and PCV2 was also made by quantitative-PCR. The intestinal samples were histopathological evaluated scoring from 0 to 3 the inflammatory infiltrate and were performed immunohistochemistry for IgA y PCV2. mRNA was isolated from frozen samples (n=20 for vaccinated group, n=18 for unvaccinated group). IFN-γ, IFN-α, TNF-α, TGF-β, IL-10, IL-12 p35 and IL-12 p40 gene expression was assessed by q-PCR. E. coli LT, E. coli 987p and Lawsonia Intracellularis genome copy number were higher in the group unvaccinated group (p<0.001, p=0.013, and p<0.001 respectively). The vaccinated group evidence higher gene expression for IFN-α, TNF-α, TGF-β and IL-12 p35 (p=0.001, p=0.005, p<0.001 and p=0.05, respectively) when comparing with the unvaccinated group. It was recorded a higher infiltrate degree for vaccinated group (p=0.035). Keywords: colibacillosis, cytokines, intestine, piglets, vaccination.
1 INTRODUÇÃO
A Escherichia coli é responsável pela diarreia pós-desmame em
suínos, também chamada de colibacilose pós-desmame. É uma importante causa
de mortes de leitões nesta fase do ciclo produtivo e ocorre em todo o mundo. A
infecção entérica por E. coli manifesta-se normalmente nas primeiras semanas
após o desmame, afetando os resultados da produção e muitas vezes afetando o
ganho de peso do animais (FAIRBROTHER et al., 2005) sendo responsável por
perdas significativas em grande escala em todo o mundo (BLANCO et al., 2006).
A importância da colibacilose não se limita às perdas produtivas e
econômicas. A adesão e produção de toxinas por cepas de E. coli patogênicas
podem favorecer a criação de condições para que outros agentes
gastrointestinais patogênicos exerçam sua ação (FAIRBROTHER et al., 2005). De
fato, hoje na suinocultura, enfrenta-se o Complexo Entérico Suíno no qual estão
envolvidos diversos patógenos víricos, bacterianos e parasitários que interagem
entre si, agravando a apresentação clínica e patológica das enfermidades
44
clássicas (RAMIS et al. 2011). Entre esses patógenos bacterianos cabe destacar
alguns como Escherichia coli, Lawsonia intracellularis ou Brachyspyra
hyodisenteriae e entre os víricos, o circovírus suíno (PCV2).
Até o momento, o controle da colibacilose tem se concentrado na
vacinação das porcas, oferecendo aos leitões imunidade passiva através dos
anticorpos maternos. Porém, durante as fases de creche e
crescimento/terminação a imunidade passiva induzida pela vacinação das mães
não é efetiva e a vacinação dos leitões poderia ser uma forma de prevenção
desta enfermidade neste período (BIANCHI et al., 1996).
Por outro lado, as células epiteliais intestinais (CEI) foram
recentemente, reconhecidas como importantes reguladores do sistema imune
intestinal (DEVRIENDT et al., 2010). Estas células atuam como “vigilantes” do
sistema imune (ECKMANN et al., 1995) sendo fundamentais para a ativação da
imunidade inata e, posteriormente, para a indução da resposta imune adquirida
(SANSONETTI, 2004). As CEI podem sinalizar o início das respostas imunes por
meio da produção de citocinas que são cruciais para o recrutamento e ativação de
neutrófilos, macrófagos, células T e B e células dendríticas (PIÉ et al., 2004;
DEVRIENDT et al., 2010). A maioria das citocinas é derivada de linfócitos e
macrófagos, porém também são produzidas por outras células como as CEI (PIÉ
et al., 2004) e são o principal meio de comunicação intracelular ante uma invasão
microbiana. A resposta imune em mucosas, como no epitélio intestinal,
caracteriza-se pela produção de imunoglobulinas (Ig) A, que representam uma
primeira linha de defesa contra a colonização de patógenos bacterianos e virais. A
IgA tem um papel importante na reposta imune intestinal, já que está mais
presente nas secreções mucosas do que as outras classes de imunoglobulinas. A
maioria dessas IgA´s são produzidas localmente por células plasmáticas IgA+ na
lâmina própria (VAERMAN & HEREMANS, 1970), sendo essa produção de IgA
influenciada pela secreção citocinas (MACPHERSON et al., 2008).
Com os objetivos de avaliar a interação entre E. coli e outros agentes
patogênicos envolvidos no complexo entérico suíno e avaliar alguns aspectos da
resposta imune como, a expressão gênica de citocinas e produção de IgA em
intestino de leitões vacinados contra E. coli desenvolveu-se o presente trabalho.
45
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O comitê de bem-estar animal da Universidade de Murcia examinou e
aprovou todos os protocolos experimentais. Os animais foram criados em
condições que cumpriam em todo momento a legislação espanhola com respeito
à normatização de granjas de suínos (Real decreto - R. D. 324/2000, de 3 de
março, que estabelece normas básicas de ordenação das granjas de suínos) e
quanto às normas de bem-estar (R. D. 1135/2002, de 31 de outubro, relativo às
normas mínimas para a proteção de suínos; transposição literal da Diretiva
2001/88/CE, de 23 de outubro de 2001, relativa às normas mínimas para proteção
de suínos).
2.1 Animais
De um total de 3762 leitões de cruzamento comercial, sendo 1893
vacinados e 1869 não vacinados (grupo controle), colheram-se amostras
intestinais de 40 animais escolhidos aleatoriamente. Todos os animais nasceram
de fêmeas vacinadas no mínimo duas vezes com Colidex-C®. A fase de creche foi
de outubro/2008 a janeiro/2009, com duração de três meses. A fase de
crescimento/terminação durou quatro meses e os animais foram abatidos em
maio/2009. O sistema de produção era em sítios, sendo que a maternidade, a
creche e crescimento/terminação estavam na mesma área geográfica, localizados
na província de Toledo - Espanha. Ambos os grupos foram criados nas mesmas
condições de alimentação (à vontade) e manejo. Todas as etapas da produção
foram desenvolvidas seguindo o princípio do sistema todos dentro - todos fora. Os
animais permaneceram durante o período experimental sem medicação rotineira
contra patógenos entéricos.
Após atingirem o peso comercial, os leitões foram abatidos no
frigorífico Incarlopsa (Tarancón, Cuenca, Espanha) de acordo com os métodos de
rotina estabelecidos pela legislação local. As amostras foram colhidas no próprio
frigorífico.
46
2.2 Isolamento de E. coli
Foram colhidas amostras de cinco animais de cada grupo
experimental, escolhidos aleatoriamente. Realizou-se uma pequena incisão com
bisturi no jejuno, pela qual se introduziu um swab, realizando uma ligeira pressão
sobre a mucosa. As amostras foram acondicionadas em meio CARY-BLAIR
AGAR GEL (COPAN Diagnostics, Inc. Itália) e refrigeradas para o transporte ao
Laboratório de Referência em E. coli (LREC), Departamento de Microbiologia e
Parasitologia, Faculdade de Veterinária, Universidade de Santiago de
Compostela, Lugo, Espanha. No LREC as colônias de E. coli foram cultivadas
overnight em caldo Luria-Bertani a 37⁰C com ligeira agitação. Posteriormente,
realizou-se a determinação dos sorogrupos, sendo os antígenos O determinados
pela técnica de microaglutinação (GUINEÉ et al.,1981, adaptado por BLANCO et
al., 1992) usando antisoros O disponíveis. A detecção dos fatores de virulência
(toxinas LT, STa, STb, VT1 e VT2 e das fímbrias F4, F5, F6, F18, F41) foi
realizado mediante PCR utilizando os oligonucleotídeos descritos no Quadro 1.
QUADRO 1 - Oligonucleotídeos utilizados para detecção de fatores de virulência
de E. coli.
Fator de virulência
Sequência de oligonucleótidos (5´→3´) Tamanho do
produto amplificado
Autor
LT-I F: GGCGACAGATTATACCGTGC R: CCGAATTCTGTTATATATGTC
708 BLANCO et al.
(1997)
LT-II F: AGATATAATGATGGATATGTATC
R: TAACCCTCGAAATAAATCTC 300
PENTEADO et al. ( 2002)
STa F: ATTTTTATTTCTGTATTGTCTTT
R: GGATTACAACACAGTTCACAGCAGT 176
PENTEADO et al. ( 2002)
STb F: ATCGCATTTCTTCTTGCATC
R: GGGCGCCAAAGCATGCTCC 175
BLANCO et al. (1997)
VT1 F: CGCTGAATGTCATTCGCTCTGC R: CGTGGTATAGCTACTGTCACC
302 BLANCO et al.
(2004)
VT2 F: CTTCGGTATCCTATTCCCGG
R: CTGCTGTGACAGTGACAAAACGC 516
BLANCO et al. (2004)
47
QUADRO 1 - Oligonucleotídeos utilizados para detecção de fatores de virulência
de E. coli (cont.).
Fator de virulência
Sequência de oligonucleótidos (5´→3´) Tamanho do
produto amplificado
Autor
F4 F: GGTGATTTCAATGGTTCGGTC
R: ATTGCTACGTTCAGCGGAGCGC 773
FRANKLIN et al. (1996)
F5 F: CCAGCGCCCGGCAGTAATGACTGC
R: CCACCATTAGACGGAGCGCGG 278
BLANCO et al. (2006)
F6 F: GCGCCCGCTGAAAACAACACCAGC
R: GTACCGGCCGTAACTCCACCG 467
BLANCO et al. (2006)
F18 F: GGTACTGTTGCACCAAGCGG
R: CGACGCCTTAACCTCCTGCCCC 225
BLANCO et al. (2006)
F41 F: GGCTATGGAAGACTGGAGAGGG
R: GGGGTGACTGAGGTCATCCC 551
BLANCO et al. (2006)
Fonte: Adaptado de BLANCO et al. (2006)
2.3 Determinação da presença de fatores de virulência de E. coli
Foram colhidas amostras de íleo e colón de 25 animais de cada grupo
experimental. As amostras foram transportadas em refrigeração ao Laboratório de
Genética da Faculdade de Veterinária da Universidade de Murcia onde foram
armazenadas a -20⁰C para posterior utilização.
2.3.1 Extração de DNA
As amostras de íleo e cólon de cada animal foram submetidas ao
processo de extração de DNA, empregando-se o kit comercial DanaPure Spin Kit®
(Genedan S.L., Espanha). Os procedimentos para a extração foram realizados de
acordo com as instruções do fabricante, adotando-se o protocolo indicado para a
extração a partir de 25 μg de tecido. Os eluatos obtidos no final das extrações
48
foram armazenados a -20ºC para posteriormente serem utilizados nas reações de
PCR.
2.3.2 Determinação da presença de fatores de virulência de E. coli mediante
PCR em tempo real – ensaio plus/minus.
Realizou-se PCR para os fatores de virulência K88, K99, F41, LT, STa,
F18, 987P. As sequências de oligonucleotídeos utilizados aparecem no Quadro 2.
QUADRO 2 - Oligonucleotídeos utilizados para determinação da presença de
fatores de virulência de E. coli.
Fator de
virulência Sequência de oligonucleótidos (5´→3´)
Tamanho
do produto
amplificado
Autor
K88 F: GGTTCAGTGAAAGTCAATGCATCT
R: CCCCGTCCGCAGAAGTAAC 70
WEST et al.
(2007)
K99 F: GCTATTAGTGGTCATGGCACTGTAG
R: TTTGTTTTCGCTAGGCAGTCATTA 80
WEST et al.
(2007)
F41 F: CTGCTGATTGGACGGAAGGT
R: CCAGTCTTCCATAGCCATTTAACAG 88
WEST et al.
(2007)
LT F: CCGGCAGAGGATGGTTACAG
R: GAATCCAGGGTTCTTCTCTCCAA 73
WEST et al.
(2007)
Sta F: GCAAAATCCGTTTAACTAATCTCAAA
R: ACAGAAATAAAAATTGCCAACATTAGC 91
FRYDENDAHL
et al. (2001)
F18 F: TTGTGCTTCCTTGTCCAATAAAAC
R: CTCCCCCTTGATTAGCAAAACC 82
WEST et al.
(2007)
987P F: CCAAAGTATTCCACTGCAAGCA
R: GCCGTAACTCCACCGTTTGT 72
WEST et al.
(2007)
49
As reações de PCR foram realizados em volume final de 25 μL,
contendo Power SYBR® green Mastermix (Applied Biosystems, Estados Unidos);
Primer forward 10mM; Primer Reverse 10mM e 2μl da amostra de DNA,
completando com água livre de nucleases. A amplificação realizou-se em um
termociclador em tempo real ABI 7300 (Applied Biosystems, Estados Unidos)
programado para um ciclo de 95⁰C durante 10 minutos, seguido de 40 ciclos
repetidos de 95⁰C por 15 segundos (desnaturação) e 62⁰C um minuto (hibridação
e polimerização). A leitura da fluorescência realizou-se ao final da fase de
polimerização de cada ciclo. Como controle positivo foi utilizada uma amostra de
DNA genômico de E.coli sabidamente positiva.
Ao se realizar a PCR com química SYBR-Green, realizou-se um passo
de dissociação final para determinar a temperatura de melting (Tm) do produto
amplificado em cada caso. Confirmou-se a presença do produto amplificado de
tamanho esperado mediante eletroforeses em gel de agarose a 2% em um
sistema de migração CONSORT (Consort, Bélgica). A visualização foi feita em
aparelho transiluminador de UV (Electronic UV Transilluminator, Ultra-Lum), em
ambiente escuro e a documentação fotográfica dos resultados das eletroforeses
foi efetivada em equipamento fotodocumentador de géis (Vilber Lourmat).
2.4 Determinação da presença e quantificação de L. intracellularis, B.
hyodisenteriae , Salmonella spp e PCV2
Utilizando os extraídos de DNA obtidos para determinação dos fatores
de virulência de E. coli, determinou-se a presença de três bactérias incluídas no
CEP (L. intracellularis, B. hyodisenteriae e Salmonella spp) e de PCV2. A técnica
de diagnóstico utilizada foi a PCR em tempo real. A eleição destas bactérias foi
devido a sua importância nos sistemas de produção de suínos. As amostras
utilizadas foram provenientes de íleo e cólon, por serem regiões onde tipicamente
se localizam os agentes pesquisados.
O diagnóstico de PCV2 foi realizado devido à importância desse vírus
nos sistemas de produção de suínos, por haver histórico na granja onde se
realizou o estudo e por ser um vírus que pode cursar com um quadro de enterite.
50
2.4.1 Reações de PCR em tempo real
A sequência de oligonucleotídeos (TIB MOLBIOL Syntheselabor
GMBH, Berlim, Alemanha) utilizados estão no Quadro 3.
QUADRO 3 - Oligonucleotídeos utilizados para detecção de L. intracellularis, B.
hyodisenteriae e PCV2 na PCR em tempo real.
Agente
patógeno Sequência de oligonucleótidos (5´→3´)
Tamanho do
produto
amplificado
(pb)
Autor
L. intracellularis
F: GCGCGCGTAGGTGGTTATAT
R: GCCACCCTCTCCGATACTCA 98
LINDECRONA
et al. (2002)
B. hyodisenteriae F: ATGAAGAAGGCAGCAGACGTTTAT
R:GTAGGAAGAAGAAATCTGACAATGCA 142
AKASE et al.
(2009)
Salmonella spp. F: TTGGTGTTTATGGGGTCGTT
R: GGGCATACCATCCAGAGAAA 298
SUH & SONG
(2005)
PCV2 F: GCTGAACTTTTGAAAGTGAGCGGG
R: TCACACAGTCTCAGTAGATCATCCCA 220
FENAUX et al.
(2004)
As reações de PCR foram realizadas em volume final de 25 μl,
contendo 6μl de água; 12,5μl de FastStart Universal SYBR GREEN Master
(Roche, Suiça); 0,75μl de Primer forward 10mM; 0,75μl de Primer Reverse 10mM
e 5μl de amostra de DNA. A amplificação realizou-se em um termociclador em
tempo real ABI 7300 (Applied Biosystems, Estados Unidos), programado para um
ciclo de 95⁰ C durante 10 minutos, seguido de 40 ciclos, consistindo cada ciclo de
duas etapas, primeiro desnaturação a 95⁰ C durante 15 segundos, hibridação e
polimerização a 62⁰ C durante um minuto. A leitura da fluorescência realizou-se
ao final da fase de polimerização de cada ciclo. Ao se utilizar a química SYBR-
51
GREEN®, no final do procedimento realizou-se uma curva de dissociação para
calcular a temperatura de melting (Tm) do produto de PCR obtido.
Para a curva padrão foram utilizadas diluições 107 cópias/μl, 106
cópias/μl, 105 cópias/μl, 104 cópias/μl, 103 cópias/μl, 102 cópias/μl, 101 cópias/μl
obtidas a partir de uma diluição mãe.
2.5 Imunoistoquímica para PCV2
Foram colhidas 20 amostras de tecido intestinal (íleo e cólon) de cada
grupo experimental, de 3-5 cm de comprimento, abertos longitudinalmente e
fixados com formol tamponado a 10% para realização da técnica
imunoistoquímica (IHQ) para diagnóstico de PCV2.
As amostras de tecido foram processadas em um processador de
tecidos automático Leica TP 1050 (Leica, Alemanha). Após a obtenção do bloco
de parafina, realizou-se cortes seriados de 4 μm de espessura com micrótomo
Leica RM 2155 (Leica, Alemanha).
Depois da obtenção dos cortes, as lâminas foram incubadas em estufa
a 56⁰C durante um período mínimo de 24 horas. Em seguida, os cortes foram
desparafinados, desidratados e incubados em peróxido de hidrogênio a 35% em
metanol por 30 minutos para bloqueio da peroxidase endógena. Para a
recuperação antigênica foi realizado tratamento enzimático com Pronasa à
diluição 1:10 durante 12 minutos. Para o bloqueio das reações inespecíficas, os
cortes foram incubados com soro normal de coelho a 1% em PBS a temperatura
ambiente, durante 30 minutos. Em seguida, os tecidos foram incubados com
anticorpo primário contra a PCV2 (anticorpo monoclonal Anti PCV 36A9 -
Ingenesa, Espanha) utilizando-se diluição 1:200 e mantidos a temperatura de 4º C
durante overnight. Para amplificação das reações, os cortes foram lavados e
incubados com anticorpo secundário biotinilado coelho-anticabra (Polyclonal Goat
Anti-Rabbit Immunoglobulins/Biotinylated, Dako, Dinamarca) utilizando-se diluição
1:200 e mantidos em temperatura ambiente durante 30 minutos. Os cortes foram
lavados e incubados com complexo avidina biotina-peroxidase (VECTASTAIN
Elite ABC Kit – Standard, Vector Laboratories, Califórnia, Estados Unidos) - 30 l
52
de avidina + 30 l de biotina + 1000 μl de PBS - a temperatura ambiente durante
uma hora. A reação foi revelada com solução de diaminobenzidina-peroxidase
(Liquid DAB Substrate Chromogen System®, Dako, Estados Unidos) por 5
minutos. Solução tamponada de PBS (pH 7,4) foi utilizada para os lavados entre
as etapas. Os cortes foram contracorados com hematoxilina de Mayer (Sigma-
Aldrich, Steinheim, Alemanha) durante 2 minutos, desidratados e montados com
Eukitt® (O. Kindler GmgH & Co., Alemanha). O controle negativo foi realizado
para identificar coloração inespecífica, instilando apenas PBS no momento
correspondente ao anticorpo primário. A leitura das lâminas foi realizada em um
microscópio óptico Zeiis Axioskop 40 (Carl Zeiss, Alemanha).
2.6 Avaliação microscópica
Utilizando os mesmos blocos de parafina obtidos para
imunohistoquímica, realizaram-se, igualmente, cortes seriados para o estudo
histológico. Os cortes foram desparafinados, reidratados e corados com
hematoxilina e eosina (HE), posteriormente, foram desidratados e montados com
Eukitt® (O. Kindler GmgH & Co., Alemanha). Os cortes foram analisados às
cegas e sempre pelo mesmo observador, em um microscópio óptico Zeiis
Axioskop 40 (Carl Zeiss, Alemanha).
Foi avaliada a presença de lesões microscópicas em íleo e cólon. O
infiltrado inflamatório foi utilizado como parâmetro para graduar as lesões
intestinais. Com a finalidade de realizar um estudo comparativo entre os animais
vacinados e controles, graduou-se o infiltrado inflamatório em 0 = ausente, 1 =
discreto, 2 = moderado), 3 = acentuado (Quadro 4) (VIJTIUK et al., 1995). As
figuras 1, 2 e 3 mostram a graduação do infiltrado inflamatório consideradas para
determinação do escore.
53
FIGURA 1 – Categoria 1 - Discreto infiltrado inflamatório
FIGURA 2 – Categoria 2 - Moderado infiltrado inflamatório
FIGURA 3 – Categoria 3 - Acentuado infiltrado inflamatório
54
2.7 Imunoistoquímica para detecção de células produtoras de IgA
Das amostras processadas e incluídas no estudo histopatológico e no
diagnóstico de PCV2 foi realizado uma técnica imunohistoquímica para a
avaliação do número de linfócitos B sitentizadores de IgA.
O protocolo seguido foi o mesmo utilizado no íten 2.5, sendo utilizado
anticorpo primário contra IgA (Goat anti-Pig IgA Antibody Affinity Purified, Bethyl
Laboratories, Inc., Estados Unidos) com diluição 1:300 mantido em temperatura
de 37º C durante 1 hora e utilizando-se como anticorpo secundário biotinado
coelho-anticabra (Polyclonal Goat Anti-Rabbit Immunoglobulins/Biotinylated,
Dako, Dinamarca) na diluição 1:200.
Com a finalidade de realizar um estudo comparativo entre os animais
vacinados e controles, as células marcadas na imunohistoquímica foram contadas
em 12 campos de 16.000 μ2 em cada amostra. A contagem celular foi realizada
por meio de uma imagem digital em obejetiva de 40X que foi feita em um
microscópio óptico Zeiis Axioskop 40 (Carl Zeiss, Alemanha).
2.8 Determinação do perfil de expressão gênica de citocinas
Foi determinada a expressão gênica de IFN-γ, IFN-α, TNF-α, TGF-β,
IL-10, IL-12p35, IL12-p40 em amostras de íleo de 20 animais do grupo vacinado e
18 animais do grupo controle. As amostras de íleo foram colhidas com 1 cm e
ultracongeladas imediatamente após a coleta, imergindo-se o tecido em 2-
metilbutano refrigerado em nitrogênio líquido. Em seguida, foram transportadas ao
Laboratório de Genética da Faculdade de Veterinária da Universidade de Murcia
onde foram armazenadas a -80⁰C até o processamento.
2.8.1 Extração de RNA
Para avaliar as citocinas, o mRNA foi isolado a partir de amostras
congeladas usando o kit comercial RNeasy Mini Kit® (Qiagen, EUA), de acordo
55
com as instruções do fabricante. Para remover qualquer DNA genômico presente
nas amostras de RNA extraído, foi usado o kit comercial Turbo DNA Free Kit®
(Ambion, EUA). O cDNA foi obtido usando o kit comercial GenExpression Core
Kit® (Applied Biosystems Inc., EUA). O cDNA obtido foi conservado a - 80°C até o
momento das análises.
2.8.2 PCR quantitativa (q-PCR)
As reações de PCR foram realizadas em um volume final de 25 μl,
contendo 10μM da sequência específica de cada primer, Power SYBR® GREEN
Mastermix (Applied Biosystems), e 2 μL da amostra de DNA, completando com
água livre de nuclease. A amplificação foi realizada em um termociclador a tempo
real ABI Prism® 7300 Sequence Detection System (Applied Biosystems, EUA)
utilizando um protocolo padrão de um ciclo a 95ºC durante 10 minutos, seguido de
50 ciclos de 95ºC durante 20 segundos, 60ºC durante 30 segundos e 72ºC
durante 30 segundos. A leitura da fluorescência foi realizada no final de cada
ciclo. Para a curva padrão, as diluições foram 107 cópias/μl, 106 cópias/μl, 105
cópias/μl, 104 cópias/μl, 103 cópias/μl, 102 cópias/μl, 101 cópias/μl a partir de
uma diluição mãe. A expressão gênica foi calculada em relação a três controles
endógenos (β-actine, cyclophilin and GAPDH) (MARTEN et al., 1994). A eficiência
foi calculada usando dados oferecidos pelo software. O Quadro 5 mostra os
oligonucleotídeos utilizados.
56
QUADRO 5 - Oligonucleotídeos utilizados para detecção de citocinas mediante
PCR em tempo real.
Citocina Sequência de oligonucleótidos
(5´→3´)
Tamanho do
produto
amplificado
(pb)
Autor
IFN-γ F: TGGTAGCTCTGGGAAACTGAATG
R: GGCTTTGCGCTGGATCTG 78
GUYLAINE et
al. (2008)
IFN-α F: CCCCTGTGCCTGGGAGAT
R:AGGTTTCTGGAGGAAGAGAAGGA 108
MOUE et al.
(2008)
TNF-α F: ACTCGGAACCTCATGGACAG
R: AGGGGTGAGTCAGTGTGACC 68
GABLER et al.
(2008)
TGF-β F: CACGTGGAGCTATACCAGAA
R: TCCGGTGACATCAAAGGACA 101
MOUE et
al.(2008).
IL-10 F: TGAGAACAGCTGCATCCACTTC
R: TCTGGTCCTTCGTTTGAAAGAAA 104
ROYAEE et al.,
2004
IL-12p35 F: AGTTCCAGGCCATGAATGCA
R: TGGCACAGTCTCACTGTTGA 84
MOUE et al.
(2008).
IL12-p40 F: TTTCAGACCCGACGAACTCT
R: CATTGGGGTACCAGTCCAAC 160
KIM et al.
(2010).
2.9 Cálculo da expressão gênica
Cada amostra foi analisada em duplicata cuja média foi analisada e
utilizada para o cálculo da expressão gênica normalizada com o controle
endógeno. O cálculo da expressão gênica foi realizado pelo método ∆Ct,
relativizando genes endógenos e genes de interesse ao de maior expressão,
tomando, portanto a amostra com menor Ct o valor de 1, como descrevem
MESTDAGH et al. (2009).
57
2.10. Análise estatística
Os resultados foram analisados com o programa estatístico SPSS
versão 15.0 (SPSS Inc., Estados Unidos). Foi utilizado ao teste de qui-quadrado
(χ2) nas tabelas de contingência para determinar as relações entre os parâmetros
categóricos estudados, sendo a variável independente o grupo experimental, e as
variáveis dependentes a valoração do infiltrado inflamatório e positividade-
negatividade obtida na PCR em tempo real, utilizando os resíduos tipificados para
determinar as diferenças entre grupos.
Para verificar se o número de cópias de DNA apresentava distribuição
normal aplicou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov.
As diferenças entre grupos relativas de infiltrado inflamatório, ao
número de cópias de L. intracellularis, de PCV2 e de expressão gênica das
distintas citocinas foram analisadas, mediante prova não paramétrica de
comparação de mediana de Kruskal-Wallis entre todos os grupos e teste U de
Mann-Withney para discriminar diferenças entre grupos.
As correlações entre os distintos parâmetros numéricos contínuos
foram analisados mediante a correlação de Rho de Spearman.
Em todos os casos considerou-se diferença estatisticamente
significativa para p<0,05.
3 RESULTADOS
3.1 Isolamento de E. coli
Todos os animais vacinados apresentaram resultado negativo aos
fatores de virulência desta bactéria. No grupo controle, todos os animais foram
positivos. Deste, dois foram positivos a enterotoxina termoestável (Stb). Os
resultados positivos a Stb também foram avaliados em relação à presença de
fimbrias, sendo o resultado negativo. Duas amostras foram positivas para eae.
Uma amostra deste grupo foi positiva para o gene de hemolisina.
58
3.2 Determinação da presença de fatores de virulência de E. coli - PCR –
ensaio plus-minus
Foram encontradas 24 amostras positivas, sendo 17 amostras
pertencentes ao grupo não vacinado e sete amostras pertencentes ao grupo
vacinado (p=0,035) (Tabela 1).
TABELA 1 - Amostras positivas para E.coli mediante PCR em tempo real – ensaio
plus-minus.
Fator de virulência Vacinados Não vacinados Significância
LT 1 9 p<0,001
F41 0 2 NS
Sta 6 2 NS
987p 0 4 p = 0,013
Total 7 17 p = 0,035
Dos animais positivos para E. coli, 11 animais foram positivos para um
fator de virulência. Cinco animais foram positivos para dois fatores de virulência e
um animal foi positivo para três fatores de virulência. Dos animais positivos para
mais de um fator de virulência, cinco pertenciam ao grupo não vacinado (controle)
e um animal pertencia ao grupo vacinado.
3.3 Determinação da presença de outros agentes patogênicos
3.3.1 Detecção de L. intracellularis, B. hyodisenteriae e Salmonella spp. por PCR
em tempo real
Todas as reações de PCR em tempo real tiveram eficiência de
amplificação de 97-100%. Nenhuma amostra foi positiva para B. hyodisenteriae
ou Salmonella. Entretanto, 40% e 100% das amostras de íleo analisadas
procedentes de animais vacinados e não vacinados, respectivamente, foram
positivas para L. intracellularis, sendo a diferença significativa (p<0,001).
59
No cólon foi determinada a presença desta bactéria em 20% do grupo
vacinado, enquanto 70% das amostras procedentes de animais não vacinados
foram positivas, sendo a diferença significativa (p=0,001). Em três animais do
grupo vacinado foi detectado simultaneamente a bactéria em íleo e cólon,
enquanto o mesmo achado foi encontrado em 14 animais do grupo controle.
A densidade bacteriana nas amostras de íleo do grupo vacinado foi de
70±43 cópias de DNA/gr de tecido e em cólon 12,4±6,1 cópias/gr. No grupo
controle, foi obtido valores de 1.447.781±1.193.306 e 3.288,3±27.883,3 cópias/gr
de tecido para íleo e cólon respectivamente. As diferenças entre grupo foram
significativas em ambos tecidos (p<0,001). O erro padrão da média elevado deve-
se à amplitude dos valores (0-2 x 107 em íleo e 0-558735 em cólon).
Por outro lado, analisando os resultados com base nos fatores de
virulência obtidos, independentemente do grupo experimental ao qual pertenciam,
foi observado uma carga de L. intracellularis significativamente maior (p=0,028 e
p=0,033 para íleo e cólon, respectivamente) naquelas amostras que resultaram
positivas para algum fator de virulência de E. coli (2,2 x 106± 2x105 e 52404 ±
46326 cópias/gr de tecido em íleo e cólon, respectivamente) contra às amostras
de animais negativos para fatores de virulência (100920±76688 e 695±515
copias/gr de tecido em íleo e cólon, respectivamente).
Observou-se correlação positiva e alta entre a carga bacteriana
detectada em íleo e a detectada em cólon (r2=0,725, p<0,001).
3.3.2 Detecção de PCV2 por PCR em tempo real
Na detecção de PCV2 mediante a técnica de PCR em tempo real, a
eficiência de amplificação foi de 102%.
Todas as amostras de íleon foram positivas para a presença de
genoma de PCV2, enquanto 75% das amostras de cólon do grupo vacinado e
80% no grupo controle foram positivas. A carga vírica foi de 13,6 x 108±5,6 x 108 e
10,2 x 106± 8,7 x 106 cópias/g de tecido para as amostras de íleo e cólon dos
animais do grupo vacinado e 3,9 x 108± 1,8 x 108 e 5,8 x 106± 2,9 x 106 cópias/g de
tecido para as amostras de íleo e cólon dos animais do grupo controle,
60
respectivamente. Não houve diferenças significativas na carga observada em
nenhum dos dois tecidos comparando animais vacinados com animais controles.
Observou-se correlação significativa entre a carga vírica detectada em íleo e em
cólon (r2= 0,570, p<0,001).
FIGURA 1 – Carga de PCV detectada na PCR em tempo real nos grupos vacinados e
não vacinados em íleo (A) e cólon (B). 3.4. Avaliação microscópica
Observou-se depleção linfóide em placas de Peyer e nódulos linfáticos
em seis leitões, três pertencentes ao grupo vacinado e três ao grupo não
vacinado. Edema na lâmina própria de intestino grosso em 80% dos animais.
Infiltrado de eosinófilos no intestino delgado de todos os animais estudados.
Infiltrado de linfócitos e células plasmáticas no intestino delgado de todos os
animais estudados.
Com relação ao infiltrado linfoplasmocitário, no grupo de animais
vacinados, 55% apresentaram infiltrado celular moderado; 40% dos leitões
apresentaram infiltrado celular acentuado e somente 5% foram classificados como
infiltrado celular discreto. Quanto ao grupo controle, 65% apresentaram moderado
infiltrado celular, mas somente 10% tiveram infiltrado celular acentuado, enquanto
25% foram classificados como infiltrado celular discreto.
Para comparar o grupo vacinado e o grupo não vacinado, foi calculada
Vacinado Vacinado Não vacinado Não vacinado
A B
61
a média das pontuações obtidas por cada grupo. A mediana obtida foi maior no
grupo de animais vacinados (2,35) quando comparado aos animais não vacinados
ou controle (1,85).
O estudo estatístico revelou que a diferença entre ambos grupos
experimentais foi significativa (p = 0,040), sendo registrado maior grau de
infiltrado inflamatório nos animais vacinados.
FIGURA 2 - Média das pontuações obtidas em cada grupo experimental.
Nenhum dos fatores de virulência mostrou uma influência sobre o grau
de infiltrado inflamatório, do mesmo modo que não foi observada relação entre a
carga de L. intracellularis nem de PCV2.
3.5. Imunohistoquímica
3.5.1 Detecção de células produtoras de IgA
Foi registrado maior número de células produtoras de IgA no grupo
vacinado, sendo significativa a diferença com o grupo controle (p<0,01). A
Vacinado Não vacinado Grupo
62
mediana de células produtoras de IgA foi 25,78±0,84 e 10,38±0,41 unidades nos
grupos vacinado e controle, respectivamente (Figura 3).
FIGURA 3 - Mediana ± SEM do número de células produtoras de IgA no grupo vacinado e controle.
FIGURA 4 – Fotomicrografias do intestino delgado de leitões. A: grupo vacinado –expressão acentuada de IgA em linfócitos e células plasmátivas. B: grupo não vacinado contra E. coli - expressão discreta de IgA em linfócitos e células plasmáticas.
3.5.2 Detecção de PCV2
A imunoistoquímica revelou que o vírus PCV2 se encontrava nas
placas de Peyer e nos folículos linfóides e em nenhum caso na mucosa do tecido.
Vacinado Não vacinado Grupo
A B
63
3.7 Expresão de citocinas
A expressão gênica de RNAm de IFN-α, TNF-α, TGF-β e IL 12p35 foi
maior no intestino dos animais vacinados que nos controles (6,53 – 2,88; p=0,001;
5,64 – 1,67; p=0,001; 6,81 – 3,66; p>0,001; 3,70 – 2,80; p= 0,030,
respectivamente) (Figuras 4A – 4D).
Não foi encontrada diferença significativa para a expressão gênica de
IFN-γ, IL-10 e IL-12p40 (p=0,350, p=0,121 e p=0,588) entre os grupos vacinados
e controle.
FIGURA 4 - (A) Expressão gênica de IFN-α. Grupo V10-20 expressou 2,3 vezes mais IFN-α que C10-20. (B) Expressão gênica de TNF-α. Grupo V10-20 expressou 3,4 vezes mais TNF-α que C10-20. (C) Expressão gênica de TGF-β. Grupo V10-20 expressou 1,86 vezes mais TGF-β que C10-20. (D) Expressão gênica de IL12p35. Grupo V10-20 expressou 1,32 vezes mais IL12p35 que C10-20.
Vacinado Não vacinado Grupo Vacinado Grupo Não vacinado
Vacinado Grupo Não vacinado Vacinado Grupo Não vacinado
64
3.7.1 Citocinas e células produtoras de IgA
Foi encontrado correlações positivas entre expressão gênica
normalizada de IFN-α, TNF-α, TGF-β, IL-12 p35 e o número de células produtoras
IgA, respectivamente (r2 = 0,390; p=0,01), (r2 = 0,384; p<0,011), (r2 = 0,500;
p=0,01), (r2 = 0,305; p=0,047).
O número de células produtoras de IgA foi equivalente à quantidade de
infiltrado inflamatório. Portanto, ao se observar altos índices de IgA os valores de
infiltrado inflamatório também apresentavam-se altos, ainda que a diferença não
tenha sido significativa (Figura 5).
FIGURA 5 - Células produtoras de IgA em cada categoria de infiltrado celular.
Analisando o número de células produtoras de IgA em função da
positividade para E. coli, foi encontrada diferença significativa para o fator de
virulência LT (p < 0,03) (Figura 6A). Animais negativos para o agente
apresentaram maior número de células produtoras de IgA.
Categorias de infiltrado celular
65
Para os demais fatores de virulência não foram encontradas diferenças
significativas, mas foi observado uma tendência similar ao encontrado para o fator
de virulência LT, (Figura 6B – 6C), exceto para o fator de virulência STa (Figura
6D).
FIGURA 6 - Células produtoras de IgA em função da positividade para E.coli - (A) fator de virulência LT. (B) fator de virulência F41. (C) fator de virulência p987. (D) fator de virulência STa.
3.7.2 Citocinas e infiltrado inflamatório
Não foi verificada encontrada diferença estatisticamente significativa na
expressão gênica das distintas citocinas em relação àa categoria de infiltrado
66
inflamatório, exceto para TGF-β ao comparar a categoria 2 e 3 de infiltrado
(Figura 7).
FIGURA 7 - Expressão gênica de TGF-β em cada categoria de infiltrado
celular (media±SEM).
3.7.3. Citocinas e fatores de virulência
Ao analisar as citocinas e os fatores de virulência de E. coli, foi
observado que os animais positivos para a fímbria 987P apresentaram uma maior
expresão para IL12 p40 (p=0,02) e uma tendência na expressão de TGF- β
(p=0,055). Para a toxina LT foi observado que a expressão gênica de TGF- β e
TNF-α foi maior nos animais negativos.
3.7.8 Citocinas e PCV2
Utilizando a regressão linear como método de análise foi observada
uma relação entre a carga vírica de PCV2 em íleo e a expressão gênica de IFN-α
Categorias de infiltrado celular
67
e IFN-γ (R=0,458, p=0,002 e R=0,613, p<0,001, respectivamente), sendo maior
nos animais positivos para o vírus.
4 DISCUSSÃO
Os animais do grupo vacinado apresentaram significativamente menos
E. coli, L. intracellularis, mortes por causas entéricas e surtos de enfermidades
entéricas em comparação ao grupo controle.
Como foi observado pelo LREC, nenhum animal do grupo vacinado foi
positivo para E. coli e nos resultados da PCR – ensaio plus/minus 29% das
amostras positivas pertenciam a animais do grupo vacinado.
Paralelamente a isso, os animais vacinados também apresentaram
maior infiltrado linfoplasmocitário, maior número de células produtoras de IgA e
maior expressão gênica de citocinas em comparação aos animais não vacinados.
O aumento destes três parâmetros avaliados pode ser devido à presença de
agentes patogênicos no intestino ou a um efeito da vacinação contra E. coli.
Porém, como foi observado no presente estudo, que os animais vacinados
apresentaram melhores resultados quanto à presença de patógenos e a
ocorrência de problemas entéricos, sugere-se que estes achados, sejam devido a
vacina, que contribuiu para uma melhor defesa na mucosa intestinal frente a E.
coli.
Os resultados do estudo histopatológico mostraram que tanto os leitões
vacinados como os leitões do grupo controle apresentaram infiltrado inflamatório
linfoplasmocitário, sendo este classificado como moderado a acentuado na
maioria dos animais. Entretanto, o grupo vacinado apresentou um maior grau de
infiltrado que o grupo não vacinado (p=0,035). A diferença estatisticamente
significativa entre os grupos poderia ser devido a uma mobilização mais intensa
de linfócitos B à mucosa intestinal dos animais que, uma vez imunizados,
receberam contínuos contatos com antígenos de E. coli presentes no ambiente da
granja. Estes resultados concordam com (VALPOTIC et al., 1994; VIJTIUK et al.,
1995; LACKOVIC et al., 1997; JANJATOVIC et al., 2008) que descreveram o
recrutamento de linfócitos para a mucosa intestinal como resposta a uma
68
imunização com cepas não patogênicas de E. coli. No entanto, em todos estes
estudos a imunização foi realizada via oral e as amostras de intestino foram
colhidas poucos dias após a imunização. Já no presente trabalho, a imunização
foi realizada via parenteral e as amostras foram colhidas ao final da fase de
terminação. Achados semelhantes também foram encontrados por BOZIC et al.
(2002) que detectaram a presença de um maior infiltrado linfocitário na mucosa do
íleo e jejuno de animais imunizados em comparação com os controles, porém o
tipo de linfócito não era protetor para E. coli.
Trabalhos prévios demonstram uma rápida proteção de suínos
gnobióticos contra infecção experimental com Salmonella obtida após a infiltração
de leucócitos no intestino, sendo esta infiltração causada pela administração
prévia de uma cepa de Salmonella enterica avirulenta (FOSTER et al., 2003).
Estes autores demonstraram que a infiltração celular no intestino foi compatível
com a proteção frente o desafio com S. enterica. De maneira similar, sugere-se
que o estímulo inicial induzido pela vacina contra E. coli usada no presente
estudo, poderia incrementar o recrutamento de células imunológicas para o
intestino levando a uma melhor saúde intestinal, o que justificaria o infiltrado
acentuado no intestino dos animais vacinados.
Em contraste aos resultados do presente trabalho, BIANCHI et al.
(1996) observaram diminuição na resposta das células B na mucosa intestinal
após administração de uma vacina contra a E. coli, via parenteral. Esta
discordância entre os resultados dos estudos provavelmente deve-se a algumas
diferenças entre metodologias, já que a vacina utilizada por BIANCHI et al. (1996)
foi uma cepa E. coli F4+, enquanto a vacina utilizada no presente estudo está
composta por sete cepas de E. coli. Além disso, BIANCHI et al. (1996)
administraram a vacina aos 29 dias de vida sem revacinação. Os autores que
trabalharam com vacinas orais de E. coli destacaram a importância da realização
da vacinação em animais jovens para maior eficácia da vacina, porque aos 29
dias é muito provável que os leitões já tenham tido contato com a bactéria.
A abundância de linfócitos observada no infiltrado poderia ser um efeito
derivado da vacinação e associa-se ao maior número de células marcadas para
IgA nos animais vacinados.
69
Os resultados obtidos no LREC mostraram uma diferença evidente
entre os animais dos grupos vacinado e controle quanto à presença de fatores de
virulência característicos de cepas patogênicas de E. coli. Os cinco animais
vacinados não apresentaram fatores de virulência de E. coli. Porém os cincos
animais do grupo controle foram positivos para algum fator de virulência. Sendo,
dois animais positivos para a toxina STB, esta toxina é um fator de
patogenicidade importante, porém ao ser negativo para os fatores de adesão sua
capacidade patogênica é pobre. Dois animais foram positivos para o fator eae, ou
seja, possuíam capacidade genética de produzir fatores de virulência, mas ao
serem negativas para os demais fatores de virulência são consideradas
apatogênicas. Um animal apresentava cepa hemolisina positiva, o que a princípio
é um sinal de patogenicidade importante, porém como não possuia outros fatores
de virulência é considerada apatogênica.
Em vários trabalhos encontrou-se a presença de cepas patogênicas de
E. coli em suínos a partir de amostras colhidas em frigorífico (HEUVELINK et al.,
1999; PAIBA, 2000; BONARDI et al., 2003). Apesar das cepas de E. coli
detectadas no LREC serem de patogenicidade pobre, o fato de todos os animais
controles terem sido portadores de algum fator de virulência e nenhum animal
vacinado ter apresentado fatores de virulência deste patógeno, parece indicar que
a vacina frente a E. coli administrada nos leitões, gerou uma proteção imunológica
eficaz.
No presente estudo, detectou-se por PCR em tempo real – ensaio
plus/minus, maior número de amostras positivas para as fímbrias F6 (987P) e
F41, embora para esta última a diferença não tenha sido significativa e todas as
amostras positivas pertenciam a animais do grupo não vacinado. Estas fímbrias
comumente estão relacionadas com diarreias neonatais, porém, podem ser
encontradas em animais de outras idades.
Em nenhuma das amostras foram encontradas cepas com genes para
a produção de fímbrias F4 (K88), F18 e F5 (K99). O que difere do citado por
FAIRBROTHER et al. (2005), que afirmam que cepas de E. coli enterotoxigénica
associada à diarreia pós-desmame geralmente produzem fimbrias F4 (K88) ou
F18. Porém, concorda com BROWN et al. (2007) que relatam que cepas com
fímbria F5 (K99) geralmente são mais comuns em leitões jovens, já que os
70
animais expressam os receptores para esta fimbria nos primeiros dias de vida.
Portanto, a amostragem ao abate, pode não ter permitido a detecção das cepas
produtoras destas fimbrias, devido a idade dos animais.
Detectou-se ainda a presença de cepas com o gene para a síntese de
LT e STa, sendo que para esta última a diferença não foi significativa . No caso da
LT, observou-se diferença importante de frequência ao comparar vacinados e
não vacinados (4% contra 50%, p<0,001). Isto sugere que havia certo grau de
proteção contra a cepas portadoras do gene para LT, mas que este efeito não foi
produzido contra a cepas com o gene para STa. No total, 70% das amostras
positivas detectadas na PCR em tempo real (ensaio plus/minus) pertenciam à
animais do grupo não vacinado, o que também parece indicar uma proteção
imunológica eficaz gerada pela administração da vacina.
Dos animais positivos para L. intracellularis no presente trabalho, foi
detectada esta bactéria em 32% das amostras de íleo, em 56% dos animais em
íleo e cólon simultaneamente e em 12% dos animais somente em cólon. Esses
resultados concordam com os obtidos por JENSEN et al. (2006) que encontraram
31% de animais positivos para L. intracellularis somente em íleo, 66% dos
animais positivos tanto em íleo quanto em cólon e 2% dos animais positivos
somente em cólon. O número de animais positivos, simultaneamente, em íleo e
cólon foi maior no grupo de animais não vacinados e o número de cópias de DNA
por mg de tecido foi estatisticamente superior neste grupo. Estes achados
indicam infecção mais extensa e com maior densidade nos animais controle
comparados com os animais vacinados.
Alguns autores mencionam que não há uma relação direta entre
infecções entéricas com mais de um agente patogênico e maiores prevalências
de L. intracellularis (STEGE et al., 2000). Outros autores descrevem que a
infecção por L. intracellularis não ocorre na ausência de certas bactérias da
microbiota intestinal (MCORIST et al., 1994). Ainda que exista uma discordância
entre os autores sobre a interação de L. intracellularis com a microbiota intestinal,
a maioria deles concorda que mudanças na flora bacteriana intestinal influenciam
na intensidade da infecção de L. intracellularis (MCORIST et al. 1994; MOLBAK et
al., 2008). Portanto, a maior carga de L. intracellularis detectada no grupo
controle, no presente estudo, poderia ser devido a maior proliferação de E. coli
71
neste grupo, o que poderia alterar a flora intestinal, criando condições favoráveis
para a proliferação de L. intracellularis. Deve-se levar em consideração que a
excreção de L. intracellularis é intermitente (RAMIS et al., 2011) porém neste caso
as amostras foram tomadas diretamente de tecido, o que elimina a possibilidade
deste fenômeno. Então a diferença significativa entre os grupos sugere que a
vacina contra E. coli aplicada nos leitões pode ter tido alguma influência na
disseminação ou proliferação de L. intracellularis no grupo vacinado, uma vez que
foi menos detectada neste grupo.
Todas as amostras analisadas foram negativas para Salmonella spp e
B. hyodisenteriae, independentemente do tecido analisado (íleo ou cólon) e do
grupo experimental (V10-20 ou C10-20). Estes resultados estão em concordância
com as prevalências não muito elevadas destes agentes patogênicos na
Espanha. A prevalência descrita de B. hyodisenteriae é de 30-40% em granjas de
produção suína na Espanha (CARVAJAL et al., 2006; HIDALGO et al., 2009).
Igualmente a Salmonella spp. é identificada em 43% das terminações da
península (GARCÍA-FELIZ et al., 2007). De fato, a granja de origem e a
terminação onde se desenvolveu o experimento não tinham histórico de diarreia
hemorrágica nos últimos anos.
Com respeito ao PCV2, 100% das amostras de ambos os grupos foi
positiva mediante PCR, não sendo observadas diferenças entre animais
vacinados e controle quanto à carga vírica detectada. Isto indica que ambos
grupos estiveram submetidos ao mesmo efeito derivado deste vírus. O fato de
que a imunohistoquímica evidenciou que o vírus está nas células do componente
linfóide e não na mucosa do órgão descarta a possibilidade de que este agente
tenha produzido algum efeito patogênico no intestino, já que não há lesões e
infiltrado típicos de PCV2 e o agente não está associado a nenhuma lesão nas
amostras analisadas.
Está bem documentado que os anticorpos IgA atuam como uma
importante primeira linha de defesa contra os patógenos nas mucosas limitando a
aderência ao epitélio com a conseguinte redução das taxas de colonização, como
mencionado por WILLIAMS & GIBBONS (1972) e HUSBAND et al. (1999). Os
dados imunohistoquímicos obtidos de IgA mostram que os animais vacinados
possuíam mais células produtoras de IgA que os controles (p<0,01). Este fato
72
associado ao resultado de que suínos com maior número de células produtoras
de IgA foram negativos para E. coli na técnica de PCR, sugere que a
administração da vacina gerou imunidade contra esta bactéria.
Os animais negativos para E. coli pertencem, na grande maioria, ao
grupo de animais vacinados. Estes dados sugerem que o infiltrado celular
observado, formado basicamente por células plasmáticas, seria um mecanismo
de defesa do intestino desencadeado pela vacinação, o que estaria de acordo
com SLIFKA et al. (1998), que relata que a imunidade humoral intestinal pode ser
dependente de células de defesa.
O aumento de linfócitos e células plasmáticas na mucosa intestinal dos
animais vacinados observado no estudo histopatológico concorda com o aumento
das células produtoras de IgA detectadas por imunoistoquímica.
Paralelamente, foi observado correlações positivas entre os níveis de
RNAm das citocinas (IFN-α, TNF-α, TGF-β, IL-12p35) com a quantidade de
células produtoras de IgA nos animais vacinados. A expressão de IgA nas
mucosas encontra-se sob o controle de citocinas sintetizadas pelos linfócitos TH2
de acordo com HUSBAND et al. (1999).
O TGF-β parece ter um papel destacado favorecendo que os linfócitos
B mudem o isotipo de IgA (LEVAST et al., 2009; TIZARD, 2009; AUSTIN et al.,
2003). No presente estudo, foi encontrado uma correlação positiva entre a
expressão gênica desta citocina e a presença de células produtoras de IgA, sendo
a maior correlação encontrada. Esses achados corroboram o estudo realizado por
EHRHARDT et al. (1992) que observaram que o TGF- β induziu o aumento da
expressão das IgA quando linfócitos de ratos foram estimuladas com
lipopolisacarídeo de E. coli. Achados semelhantes foram encontrados por
RAFFERTY & MONTGOMERY (1995), que observaram aumento significativo dos
níveis de IgA em fragmentos de tecido glandular parotídeo, submandibular ou
sublingual de ratas após serem estimulados com TGF-β, usando para esta
avaliação um sistema de cultivo in vitro.
De maneira semelhante, JACOBSON et al. (2010) investigaram a
expressão de citocinas no intestino de suínos em casos de diarreia a campo
provocados por L. intracellularis e encontraram um aumento de duas vezes ou
mais na expressão de todas as citocinas que investigaram (IL-1b, IL-6, IL-10, IFN-
73
α, IFN-γ, TNF-α, TGF-ß, IL12 p40), tanto nos animais com diarreia como nos
animais usados como controles (sem diarreia). Os autores não consideraram o
aumento consistente e atribuíram este fato, a pobre resposta imune observada na
adenomatosis intestinal suína causada por L. intracellularis em animais jovens.
Por outro lado, atribuíram o aumento de algumas citocinas como o INF-γ a
infecção por Circovírus suíno tipo 2 ou B. hyodysenteriae.
ANDERSON et al. (2011) estudaram a resposta imune no intestino de
suínos infectados experimentalmente com PCV2 e parvovírus suíno, e
constataram que os suínos infectados por PCV2 e PPV mostraram um aumento
significativo na expressão de RNAm de IFN-γ. Do mesmo modo, a expressão
gênica de INF-γ e IFN-α, observada no presente estudo, poderia ser justificada
pela infecção por PCV2.
4 CONCLUSÕES
Os animais positivos para algum fator de virulência de E. coli
apresentaram maior carga de L. intracellularis. A maioria desses animais
pertencia ao grupo não vacinado.
A vacinação e revacinação de leitões contra E. coli pode reduzir a
ocorrência de E. coli. Somado a isso, os animais vacinados apresentaram maior
infiltrado inlfamatório, maior número de células marcadas com IgA e maior
expressão gênica de citocinas indicando uma melhor defesa intestinal contra a E.
coli.
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80
CAPITULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescente aumento da população mundial e a maior demanda de
alimentos para o abastecimento do mercado tem possibilitado o crescimento da
comercialização de animais e de seus produtos. Neste contexto, a suinocultura é
uma atividade de grande importância econômica e social, em diversas regiões do
mundo. A perspectiva atual com que se depara esta atividade no Brasil sinaliza
para um cenário de crescente modernização e profissionalização do segmento
tendo como o objetivo final a produção de uma carne suína de altíssima
qualidade.
Paralelamente à modernização e intensificação da atividade suinícola
houve uma mudança dos problemas sanitários. Dentre estes se destacam as
diarreias em suínos nas fases de recria e terminação que passou a ser um dos
principais problemas a ser enfrentado em função do aumento nas taxas de
mortalidade e morbidade, queda no ganho de peso e do aumento adicional de
despesas relacionadas com doença.
Nos últimos anos a Escherichia coli, um agente comensal do intestino,
tem sido identificada como uma das causas mais frequente de diarreia de origem
bacteriana, nas fases de crescimento e terminação. Também nesta fase, vários
elementos podem interferir na ocorrência e na intensidade da doença dentre os
quais destaca-se o estado imunitário dos leitões.
Atualmente uma das maiores preocupações em relação à diarreia nas
fases de crescimento e terminação é controlar a doença com auxilio da
imunização ativa, uma vez que, existe uma tendência mundial de reduzir ou
proibir o uso de antibióticos na produção animal que nos leva a busca de
alternativas imunoprofiláticas que possam substituir a utilização dos antibióticos.
Dessa forma, testou-se a possibilidade de melhorar a imunidade dos leitões,
através de um programa de vacinação, tendo com base uma vacina comercial
(Colidex®). Foram avaliados comparativamente três protocolos vacinais bem
como a interação da E. coli com outros agentes patogênicos causadores de
problemas entéricos. O experimento foi em uma granja de porte industrial na qual
os animais foram criados em sistema de três sítios e em todas as fases do
experimento não houve alterações no programa de biosseguridade. As variáveis
81
registradas no decorrer da fase experimental permitiram concluir melhorias na
taxa de morbidade, taxa de mortalidade, índice conversão e consequentemente
uma redução no custo de produção, nos animais vacinados.
Considerando os resultados encontrados, pode-se sugerir a
incorporação de um programa de vacinação contra E. coli, utilizando o protocolo
V10-20 no controle da colibacilose pós-desmame. O uso de a vacina permite por
um lado melhorar o rendimento produtivo dos animais e por outro a melhoria da
qualidade do produto final uma vez que influenciou positivamente na área de
bem-estar dos animais, redução do uso de antibióticos utilizados contra
enfermidades entéricas durante as fases de crescimento/terminação, assim como
a redução do uso de outros elementos como o óxido de zinco.
A metodologia aplicada no desenvolvimento deste estudo, que teve
como o objetivo estabelecer à campo os efeitos profiláticos e terapêuticos de uma
vacina para o controle de uma doença específica, pode ser aplicada em outras
regiões.
É importante resaltar que uma vacina representa um recurso para
prevenir a ocorrência de um surto de uma doença. Porém, nem todos os
antígenos são bons imunógenos sendo que tal fato decorre, em especial, de sua
composição. Este fato leva a sugerir que antes de utilizar uma vacina, no controle
de doenças, ela deve ser testada para definir sua capacidade imunogênica. Para
tal, baseado nos resultado obtidos no presente estudo, recomenda-se a utilização
do protocolo utilizado neste experimento em nosso meio.