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1 PROGRAMA PROTEGER Prevenir LER-DORT Estratégia de Ação Sindical na Prevenção de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - LER - DORT Trabalho Seguro e Saudável

Prevenir LER-DORT - simec.com.br · anos de luta ela saúde do trabalhador 1 P R O G R A M A PROTEGER Prevenir LER-DORT ... numero casos de LER-DORT (não reconhecido) que vinha ocorrendo

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    PROTEGER Prevenir LER-DORT

    Estratgia de Ao Sindical na Preveno de Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - LER - DORT

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    Metalrgicos 2018 Trabalho Seguro e Saudvel

    Programa "Proteger" 30 anos de luta pela sade do

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    Prevenir LER-DORTEstratgia de Ao Sindical na Preveno de Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - LER - DORT

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    Elaborado por: Zuher Handar

    Medico do Trabalho, Consultor em Sade do Trabalhador

    Documento baseado do Mtodo ERGOPAR, que um procedimento de ergonomia participativa para preveno de transtornos msculos esquelticos de origem laboral, cujos autores so, Rafael Gadea, Mara Jos Sevilla, Ana M. Garca, editado pelo Instituto Sindical de Trabajo, Ambiente y Salud (ISTAS) da Confederacin Sindical de Comisiones Obreras CCOO. Traduzido e adaptado s realidades brasileiras. Aguardando autorizao final para utilizao completa do mtodo, considerando o financiamento de organismos pblicos da Espanha.

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    Programa Proteger .........................................................................................................................................................................4

    Introduo .............................................................................................................................................................................................7

    As LER-DORT e a preveno dos riscos ergonmicos ...........................................................................................................9

    Efeitos relacionados ao posto de trabalho improvisado e ao modelo rgido de gesto .........................................10

    Preveno ............................................................................................................................................................................................11

    A preveno na legislao .............................................................................................................................................................12

    Participar para PROTEGER ............................................................................................................................................................. 13

    O que consiste o mtodo do programa? ................................................................................................................................... 13

    Apresentao do Programa ..........................................................................................................................................................16

    Exemplo de componentes do GRUPO PROTEGER na empresa (permanentes ou eventuais) .................................18

    Tarefa do GRUPO PROTEGER NA EMPRESA ..............................................................................................................................19

    Situaes de Riscos Ergonmicos .............................................................................................................................................. 20

    Preparao para a distribuio do questionrio ................................................................................................................... 28

    Distribuio e preenchimento do questionrio ..................................................................................................................... 29

    Registro e anlise dos questionrios ........................................................................................................................................ 29

    Preparao de o Grupo PROTEGER para anlise de causas .............................................................................................. 30

    Anlise de causas ............................................................................................................................................................................ 30

    Informao Complementar Entrevista ou Observao in loco ......................................................................................31

    O processo da entrevista para identificar as causas .......................................................................................................... 32

    Preparao para antes da entrevista ....................................................................................................................................... 32

    Processo de observao das causas no local de trabalho ................................................................................................ 32

    Preparar as tarefas ......................................................................................................................................................................... 32

    Aes subsequentes ....................................................................................................................................................................... 33

    Crculos de preveno .................................................................................................................................................................... 33

    Organizao de crculos de preveno .................................................................................................................................... 34

    Desenvolvimento de crculos de preveno ........................................................................................................................... 34

    Seguimento e Acompanhamento do Programa .................................................................................................................... 35

    Dependendo das situaes existentes, ele usar: ............................................................................................................... 36

    Avaliar a eficcia e os efeitos das medidas preventivas implementadas: ................................................................... 36

    A continuidade do programa na empresa pode ser considerada para: ..........................................................................37

    ANEXOS .............................................................................................................................................................................................. 39

    ANEXO 1 - Modelo de Questionrio de Danos e Riscos ......................................................................................................40

    Anexo 2 - FORMULARIO DE ANLISE DAS CAUSAS ............................................................................................................... 52

    Anexo 3 - Formulrio de Entrevista de Causas ..................................................................................................................... 54

    Anexo 4 - Formulrio de Observao de Causas .................................................................................................................. 58

    Anexo 4 A - Situaes de Riscos Ergonmicos .....................................................................................................................61

    Anexo 5 - Crculos de Preveno - Guia para desenvolver o circulo de preven .................................................... 62

    Anexo 6 Panejamento das medidas ...................................................................................................................................... 65

    Anexo 7 - Entrevista de Avaliao ............................................................................................................................................ 66

    INDICE

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    Programa Proteger

    30 anos de luta pela sade do trabalhador

    So trs dcadas, que o Sindicato dos Metalrgicos de Curitiba criou o seu Departamento de Sade dos Trabalhadores e luta pela Sade dos Trabalhadores e Trabalhadoras e, desde 1988 desenvolve sua ao focada na preveno dos agravos e danos que os riscos, as condies dos ambientes e a organizao do trabalho precrios trazem para a sade dos trabalhadores. Vivenciamos a evoluo histrica da metamorfose do mundo de trabalho com suas mudanas significativas nos modos de produzir que refletiu no modo de viver e de adoecer das pessoas que vivem do trabalho. Os novos paradigmas de olhares da sade dos trabalhadores priorizando os agentes ocupacionais especficos foram se modificando e, hoje necessrio analisar e refletir em como identificar a interveno, de maneira mais consciente e eficaz, nos determinantes da relao sade-trabalho-doena.

    O Sindicato dos Metalrgicos reconhece a necessidade, de cada vez mais, desenvolvermos uma atuao voltada para a ateno integral da sade dos trabalhadores e trabalhadoras, intervindo nos processos, ambientes e organizao do trabalho, tornando o local onde se trabalha e o seu entorno, um ambiente sem risco, saudvel, digno e decente.

    A historia da sade do trabalhador no sindicato dos metalrgicos de Curitiba marcada pela luta em transformar os ambientes de trabalho precrios que em diferentes pocas traziam diferentes tipos de adoecimentos aos trabalhadores. Na dcada de 80 e 90, esta luta associava a identificao dos casos de doenas que, a partir do atendimento sade destes trabalhadores e de resgatar a sua dignidade e os seus direitos sociais, garantia posteriormente o reconhecimento das autoridades publicas da necessidade intervir nos ambientes que continuavam a causar os efeitos da exposio continua aos fatores de risco presentes nos ambientes de trabalho. Foi assim com a exposio ao chumbo de trabalhadores das fbricas de bateria, que, alm do atendimento medico para tratamento da intoxicao dos trabalhadores, a luta do sindicato fez com que o INSS comeasse a reconhecer que esta doena era uma doena ocupacional reconhecida em legislao. Esta luta dos sindicatos fez com que os trabalhadores reconhecessem a importncia de se aliarem ao sindicato e lutarem por melhores condies de seu trabalho e realizarem a primeira greve por melhores condies de trabalho o que resultou em muitos acordos mediados pelo Ministrio do Trabalho e Emprego em que as empresas comearam e investir na melhoria das condies e dos ambientes de trabalho. Esta foi uma poca em que a ao sindical, a capacitao dos trabalhadores e dos CIPEIROS trouxe benefcios para dentro dos ambientes de trabalho. A ao sindical fez tambm com que o poder pblico agisse com mais rigor neste tipo de problema. Isto resolveu o problema? No. No resolveu totalmente, mas melhorou. Entretanto muitas das empresas mudaram de lugar, se esconderam e algumas delas ainda continuam a trabalhar com chumbo de maneira irresponsvel. Entretanto, os trabalhadores e sindicato esto alerta para esta situaes, pois a preveno e a luta no para. Ela continua.

    Da mesma forma ainda na dcada de 80 e 90 outras doenas apareciam devido ao tipo que trabalho que ainda persistia naquele momento e que expunham os trabalhadores a outros riscos tradicionais como o rudo e os leos de corte. Reconhecer que tinha rudo e reconhecer o tipo de leo e que problemas eles traziam para sade dos trabalhadores, onde eles estavam ocorrendo e como mudar isto fez com que muitas situaes precrias nas empresas fossem alteradas e procurassem deixar os ambientes mais saudveis ou ento eliminassem os processos. Isto foi alcanado por ser uma prioridade da ao sindical onde o principio da capacitao e da preparao dos dirigentes e dos CIPEIROS era importante para desenvolver uma estratgia de ao que tinha como meta: conhecer para intervir.

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    No final da dcada de 80 e inicio de 90, comeava a ter reflexo no setor metalrgico a transformao que vinha ocorrendo com a globalizao e a reestruturao produtiva e, com isto novos modelos de gesto e a maneira de trabalhar comeou a ser mudada. Inicia a introduo de novas tecnologias com novos modelos de organizao de trabalho que privilegiava o aumento da produtividade e o lucro excessivo, trazendo assim consigo a propagao de novos tipos de riscos e consequentemente novos tipos de doenas que antes no se identificava nos trabalhadores metalrgicos. Inicia a transformao do perfil de morbimortalidade dos trabalhadores, mas continua a existir a doenas tradicionais, pois coexistiam os dois tipos de riscos, os antigos e os novos, ou ainda os novssimos que estavam por vir.

    Neste momento a luta do sindicato dos metalrgicos comea a ser em atender ao grande numero de casos de homens e mulheres que apresentavam queixas de dor em membros superiores devido ao acumulo de movimentos respetivos que vinham fazendo em suas linhas de montagem e pela intensidade do trabalho. A direo sindical entendeu que naquele momento, alm de atender os casos, precisava ter uma politica preventiva para que no ocorresse novos casos, alm do que, tinhamos uma outra luta pela frente quanto ao reconhecimento que aqueles casos de doenas (tendinites e tenossinovites) eram relacionados ao trabalho. Tinhamos outra barreira por derrubar: a resistncia do INSS em no reconhecer os casos como LER-DORT. Esta luta sindical teve inicio na dcada de 90 e no terminamos ainda, sempre tivemos avanos, mas como o trabalho esta se transformando e esta transformao muito rpida e, se inclui novos processos de gesto e organizao de trabalho para atender a maior produo, devemos estar atentos para novos agravos que podero vir acontecer na sade dos trabalhadores. As melhoras nos ambientes de trabalho s acontecem e aconteceram quando lutamos e participamos na sua implantao, mas no por isto vamos deixar de permanecer vigilantes, pois eles podem mudar de uma hora para outra devida a vrias causas ou situaes.

    Vejam que a luta sindical no mexeu somente com a melhoria do ambiente de trabalho, mas com uma politica nacional no INSS, pois foi a partir da luta do Sindicato dos Metalrgicos de Curitiba que as LER-DORT comearam a ser reconhecidas no setor e no setor eletroeletrnico. Esta foi uma vitria reconhecida nacionalmente.

    Posteriormente, a ao sindical priorizou aes de preveno de acidentes graves e fatais, combate ao assedio moral, proteo de mquinas e no inicio do ano 2000, a luta do sindicato focado, novamente, no grande numero casos de LER-DORT (no reconhecido) que vinha ocorrendo no setor automotivo o que desencadeou uma interveno do governo do estado em criar um grupo tarefa para analisar todos os casos que estavam com queixas e que no tinha sido estabelecido o nexo de doena do trabalho.

    Alm de garantir os direitos dos trabalhadores uma ao como esta gerou uma maior preocupao das empresas, pois tambm gerou uma ao fiscal mais persistente no setor.

    Portanto, a ao sindical no dia a dia dentro das fbricas com a participao do CIPEIRO e do trabalhador do posto de trabalho onde ocorre o problema, juntamente com o dirigente sindical fundamental para encontrarmos as causas e propormos solues, mesmo que a principio possa parecer que a soluo seja invivel, mas com a ajuda de outros atores e at mesmo com a boa vontade da empresa poderemos achar solues que resolva o problema.

    O PROGRAMA PROTEGER nasce desta historia, nasce do amadurecimento destas 3 dcadas da prtica e do aprendizado de cada um de ns, pois, buscou conhecer um pouco mais sobre proteger e cuidar, to necessrio nestes dias. A misso desta nova etapa de trabalho do Sindicato na rea se Sade do Trabalhador Promover o Cuidado Integral da Sade do Trabalhador, pois tem claro que esta proteo e este cuidado necessrio verdadeiro, pois reconhece que a existncia destes metalrgicos e metalrgicas, tem importncia como seres humanos para o SMC, enquanto um ator social e eticamente responsvel.

    O PROGRAMA PROTEGER fundamenta-se no cuidado como preocupao com o que pode vir acontecer se no conhecermos ou nos anteciparmos aos riscos conhecidos ou mesmos aos que ainda no conhecemos e, portanto, dado a esta crescente degradao do meio ambiente e da sade, devemos atuar no cuidado como principio de

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    precauo e de preveno. Todo cuidado pouco, dada a acelerao das novas tecnologias de explorao e a transformao dos bens e servios naturais, portanto, precauo e preveno devem ser usadas como expresses e prticas de proteo e do cuidado

    O principio da Precauo cuidado. Leva-se em considerao no somente o risco iminente, mas os riscos futuros ainda desconhecidos que a cincia ainda no nos assegure que no v acontecer danos. Como exemplo o uso no cuidadoso da nanotecnologia ou o uso de transgnicos. Neste caso previne-se por no saber quais as consequncias que podero vir no futuro. No h uma garantia segura.

    No caso do principio da preveno sabe-se j as consequncias previamente e, portanto, pode-se prevenir antecipadamente os seus efeitos.

    Para o PROGRAMA PROTEGER, seguindo a definio de Leonardo Boff, o cuidado significa desvelo, solicitude, diligencia, zelo, ateno, bom trato e a atitude de promover o cuidado desencadeia um sentimento de preocupao, de proteo, inquietao e sentido de responsabilidade. Esta a misso do Sindicato dos Metalrgicos de Curitiba para com a sade dos trabalhadores e trabalhadoras.

    Proteger e Cuidar da Sade dos Trabalhadores no um sonho!

    No uma utopia!

    uma obrigao, um compromisso tico!

    Perseverana! Como estamos fazendo h mais de 30 anos!

    necessrio e imperativo que promovemos a transformao do trabalho para promovermos a sade! Isto somente vai acontecer se compreendermos como o trabalho interfere no nosso modo de viver e adoecer!

    Se para muitos, isto pode parecer um sonho, ou uma utopia, temos uma mensagem para todos:

    No abandone jamais a esperana, no abandone jamais o sonho e no abandone jamais a utopia.

    O Futuro de tudo passa por a!

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    ESTRATGIA DE AO SINDICAL NA PREVENO DE DISTRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO DORT

    Introduo

    Os distrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) so o problema de sade de origem laboral mais frequente entre trabalhadores e trabalhadoras.

    A tendncia de algumas doenas relacionadas ao trabalho nas ultimas dcadas tem sinalizado um continuo aumento estatstico e, dentre elas encontramos os Distrbios Osteomusculares e as Leses por Esforos Repetitivos, patologias que tem nas mltiplas causas as situaes e condies de trabalho e os fatores de riscos especialmente relacionados na dinmica da organizao do trabalho.

    Nas ltimas dcadas os mtodos de organizao do trabalho foram introduzidos na maioria das empresas com base na chamada produo lean (Lean Production ou Lean manufacturing) que tem os seus objetivos focados no desperdcio zero e zero defeitos. O objetivo do desperdcio zero deve ser alcanado com a eliminao progressiva das ineficincias organizacionais da empresa em um nvel geral e, especificamente, no desempenho do trabalho, eliminando as chamadas aes sem valor agregado (NVAA). Esses mtodos organizacionais causam um aumento significativo da saturao do tempo, intensificao do desempenho do trabalho, especialmente para os membros superiores.

    Os estudos em diversas partes do mundo tm confirmado que a extenso deste novo modelo de gesto de produo enxuta (lean production), modelo japons da Toyota, apresentam tendncias preocupantes no comprometimento das condies de trabalho em relao a dimenses ergonmicas, como tempo, intensidade, comprometimento psicofsico e saturao do tempo. Esta metodologia de gerenciamento que visa minimizar ou zerar o desperdcio frequentemente usado no setor metalrgico e principalmente no setor automotivo.

    O esquema de ao usado para reduzir as aes sem valor agregado causa um aumento significativo no nmero de operaes a serem realizadas com os braos e, consequentemente, tambm aumenta o valor da frequncia de aes por minuto; o principal fator de risco de doenas nos membros superiores. Por conseguinte, existe uma clara incompatibilidade entre o aumento da produtividade do trabalho, se entendido apenas como um aumento da velocidade dos ritmos de trabalho, e a preveno de distrbios msculo-esquelticos nos membros superiores. Portanto, no uma tendncia casual nas empresas realizar avaliaes de risco em que o fator de risco aoes / min frequency no avaliado corretamente.

    A adoo desses modelos organizacionais, portanto, causa uma forte deteriorao, tanto fsica como mentalmente, das condies de trabalho.

    O que no passado descreviam-se as LER como doenas exclusivas de outras categorias, atualmente as LER-DORT esto presentes em diversas atividades profissionais e, observa-se que os distrbios musculoesquelticos so a patologia dominante no setor metalrgico.

    Hoje, mais do que nunca, utilizamos a ergonomia como um instrumento de preveno das LER-DORT, aps a introduo do taylorismo, desenvolveu mtodos que permitem uma boa compreenso dos mecanismos de trabalho que causam leses musculoesquelticas e capaz de identificar medidas a serem aplicadas postos de trabalho para evitar a sua ocorrncia e, portanto, este conhecimento pode ser usado para evitar alguns efeitos fsicos do trabalho repetitivo.

    Atualmente, um quarto dos trabalhadores se queixa de dor muscular, e quase na mesma proporo declaram sofrer dores nas costas, incluindo uma srie de patologias diretamente associadas com carga fsica excessiva, em grande parte devido a muitos postos de trabalho exceder as capacidades dos trabalhadores, levando ao

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    aparecimento da fadiga fsica, desconforto ou dor, como consequncias imediatas das exigncias do trabalho.

    No entanto, muitas dessas doenas e cuja origem o trabalho no so reconhecidas como tais, sendo disfarado de doenas comuns, o que implica que esses tipos de condies so derivados para o Sistema de Sade Pblica para tratamento posterior como problemas de sade comum.

    Em face desse cenrio, ento, urgentemente necessrio estabelecer e por em pratica estratgias sindicais eficazes para proteger a sade dos trabalhadores, pois precisamos resolver o crescente problema das DORT no local de trabalho. Precisamos suprir o desconhecimento que ainda existe entre trabalhadores e trabalhadoras em relao s doenas relacionadas ao trabalho, e de modo especial sobre as DORT cuja origem o trabalho. necessrio definirmos e colocarmos em pratica estratgias sindicais para tornar transparentes as doenas que acometem os trabalhadores e no deixar que permaneam escondidas como doenas comuns. Precisamos exigir que as doenas do trabalho sejam comunicadas como tal, que as Comunicaes de Acidentes de Trabalho CAT sejam emitidas sejam emitidas, que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados. Portanto, o Departamento de Sade do Trabalhador do Sindicato dos Metalrgicos de Curitiba elaborou este guia sindical que destina aos delegados de fbricas, dirigentes sindicais, CIPEIROS e demais trabalhadores orientando-os na aplicao do programa PROTEGER: Prevenir LER-DORT que pretende contribuir para que possamos conhecer o que vem acontecendo com a sade dos trabalhadores e das trabalhadoras. O Programa PROTEGER parte do principio que o saber do trabalhador a estratgia mais importante na preveno dos riscos nos ambientes de trabalho e, para isto, devemos identificar o problema, conhecer as suas causas e como conhecimentos do trabalhador propor e fazer acontecer a soluo.

    APRESENTAO O PROTEGER: Prevenir, LER-DORT, uma estratgia de ao sindical que viaja para dentro das fbricas para ver,

    observar e identificar as condies de vida e de trabalho das pessoas, que durante oito horas por dia, trabalham em posturas inadequadas ou realizam movimentos repetitivos e incessantes como braos ou mos para produzir ou montar peas. Tem por prioridade a participao do trabalhador em todas as etapas do processo de preveno, desde a identificao at a interveno e soluo.

    O principal objetivo do PROTEGER: Prevenir LER-DORT, portanto, descobrir quais so as causas fundamentais dessas doenas e qual a relao delas com os mtodos de organizao do trabalho aplicados nas empresas e intervir nestas causas .

    Em vrios pases a ergonomia participativa tem sido uma estratgia para a preveno de distrbios msculo-esquelticas relacionadas s condies de trabalho. Existem vrios motivos que justificam o interesse desta proposta. Primeiro, aborda uma das categorias de leses relacionadas ao trabalho que mais frequentemente afetam a sade e o bem-estar dos trabalhadores.

    Em segundo lugar, baseada fundamentalmente na participao das pessoas diretamente afetadas pela exposio ao risco ou pelas mudanas ou medidas preventivas a serem implementadas ao longo do processo de interveno. Esta participao efetiva atravs da caracterizao dos riscos e danos sade existente, por meio das propostas de medidas corretivas adaptadas a cada situao e pela avaliao e acompanhamento destas medidas.

    Em terceiro lugar, a ergonomia participativa permite identificar e resolver muitos problemas com os prprios recursos da empresa, favorecendo a integrao da atividade preventiva.1

    1 ERGOPAR, Un procedimiento de ergonoma participative para la prevencin de trastornos musculoesquelticos de origen laboral. Gadea, Rafael; Sevilla, Mara Jos;. Garca, Ana M. Instituto Sindical de Trabajo, Ambiente y Salud (ISTAS). CCOO. ESPANHA, 2011.

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    AS LER-DORT E A PREVENO DOS RISCOS ERGONMICOS

    O que so as LER-DORT?As Leses por esforos repetitivos e as Doenas Msculos Esquelticas Relacionadas ao trabalho so um

    conjunto de leses inflamatrias ou degenerativas dos msculos, tendes, nervos, articulaes, causadas ou agravadas principalmente pelo trabalho e por efeitos do ambiente em que ele se desenvolve.

    A maioria das LER-DORT so distrbios cumulativos resultantes da exposio repetida a cargas mais ou menos pesadas durante um perodo prolongado de tempo. No entanto, tambm pode ser devido a trauma agudo, como fraturas, em um acidente.

    As afeces musculoesquelticas ocorrem onde o ambiente e as condies de trabalho contribuem para o seu aparecimento e que pioram por causa dessas mesmas condies. No sculo XX e mesmo antes, o trabalho manual e o uso da fora foi fundamental na grande maioria dos setores produtivos causando muitas doenas e acidentes nos ambientes de trabalho. Acreditamos que atualmente ele j no seja to importante como foi, h muitos processos automatizados que, alm de precisar de menos trabalho, tambm exigem menos esforo fsico. No entanto, estudos, pesquisas, estatsticas e relatos dos trabalhadores indicam que os trabalhos de hoje exigem deles exercer esforos considerveis para desempenhar suas tarefas, j que devem:

    Trabalhar rpido.

    Atender vrias tarefas ao mesmo tempo.

    Aplicar demandas fsicas importantes.

    Tem muito pouco espao para trabalhar confortavelmente.

    Ter que alcanar ferramentas ou objetos de trabalho que esto muito altos ou muito baixos, ou que o foram esticar muito o brao.

    Ter iluminao inadequada para o trabalho que eles fazem (escasso, excessivo, com reflexos irritantes, etc.).

    Trabalhar em superfcies instveis ou irregulares, etc.

    Portanto, as condies de trabalho que podem levar ao aparecimento das LER-DORT incluem movimentos repetitivos, aplicao de foras, principalmente com as mos, levantamento e transporte de pesos, posturas inadequadas e stress, relacionado s condies psicossociais onde o trabalho acontece.

    O aparecimento das afeces est ligado exposio dos trabalhadores a esses riscos e sua magnitude depende da intensidade, frequncia e durao da exposio e da capacidade individual de lidar com as exigncias do trabalho. A etiologia e a fisiopatologia das diferentes doenas so multifatoriais, devido interao entre os diferentes fatores citados (KILBOM, 1994).Sabe-se, igualmente, que os fatores de risco fsicos podem ser atenuados quando ocorre diminuio da amplitude, da frequncia e da durao da exposio que contribui para reduzir a incidncia e a gravidade da doena (VIIKARI-JUNTURA et SILVERSTEIN, 1999). Os distrbios no resultam de leses sbitas, nem sistmicas. Os traumatismos de fraca intensidade e repetidos durante longos perodos sobre as estruturas musculoesquelticas normais, ou alteradas por um processo pr-existente, so responsveis pela evoluo dos distrbios.2

    Eles aparecem lentamente e aparentemente inofensivos at se tornarem crnicos e Isso produz danos 2 Assuno, Ada vila. Leses por esforos repetitivos: guia para profissionais de sade./ Ada vila Assuno, Lailah Vasconcelos Oliveira Vilela. - - Piracicaba-SP: Centro de Referncia em Sade do Trabalhador - CEREST, 2009.

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    permanentes. Os principais sintomas so a DOR associada a inflamao, perda de fora e limitao funcional da parte do corpo afetada, dificultando ou impedindo a realizao de alguns movimentos. As leses musculoesquelticas mais frequentes so: tendinite, tenossinovite, epicondilite, lumbago, mialgias, hrnias de disco, cervicalgias, sndrome do tnel carpo.3

    Os sinais e sintomas podem estar presentes em outros eventos clnicos e sem relao com o trabalho. Os sinais clnicos no so especficos. Em geral, a dor associada de maneira mais ou menos pronunciada a um desconforto no curso da atividade profissional, com piora ao final da jornada e nos picos de produo e melhora nos perodos de repouso ou frias.

    Diversas Agencias Internacionais reconhecem que os distrbios msculo-esquelticos de relacionados ao trabalho tem sido uma das patologias mais prevalentes no contexto das doenas relacionadas ao trabalho, entretanto, o diagnostico do risco destas leses, em particular os critrios de identificao dos fatores de risco, de analise e quantificao dos risco, apresentam algumas lacunas e, com frequncia, no so consensuais ( Bernard, 1997: Dvereux, 1999, Spielholz et. Al., 2001)4 .

    Efeitos relacionados ao posto de trabalho improvisado e ao modelo rgido de gesto (de acordo com Ada Assunao in Leses por Esforos Repetitivos LER)

    3 Manual de Trastornos Musculoesquelticos. Secretaria de Salud Laboral CC.OO. Castilla y Len.4 Leses Musculoesquelticas e Trabalho., Alguns mtodos de Avaliao do risco. Serranheira, Florentino; Souza Uva, Antonio; Lopes M. Ftima. Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho. Caderno Avulso. 05. Lisboa, Janeiro 2008

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    Preveno

    Prevenir eliminar as causas de algum evento antes que ele acontea. Assim, prevenir Leses por Esforos Repetitivos ou Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) significa eliminar ou neutralizar os eventos ou condies que levam ao seu aparecimento. importante pontuar essa definio porque, em alguns locais de trabalho, a gerncia e at mesmo os trabalhadores, acreditam que a preveno est relacionada ao tratamento e diagnstico das afeces. Esses so processos muito importantes para garantir a sade e o bem estar dos trabalhadores e o diagnostico precoce das afeces pode ser importante para evitar o aparecimento de novos casos ou agravamento dos j existentes, mas no so sinnimo de preveno. A empresa pode ter um bom programa mdico de acompanhamento dos afetados por LER/DORT, mas no ter um programa de preveno eficiente.

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    Se prevenir eliminar ou neutralizar as causas do problema, temos que investigar quais so as causas ou condies de trabalho que esto associadas ao aparecimento das LER/DORT. Tendo especificado quais so essas causas, podemos ento partir para sua eliminao ou neutralizao.5

    Portanto, as aes sobre os riscos ergonmicos que produzem as DORT devem ser uma prioridade em todas as empresas.

    Para prevenir as LER/DORT, que so doenas que tem relao com as condies do trabalho necessrio mudar o trabalho. Isto , modificar as condies de trabalho que podem potencialmente causar a doena. Para isto podemos lanar mo da ERGONOMIA que a cincia que lida com o estudo das caractersticas dos trabalhadores para adaptar as condies de trabalho a essas caractersticas.

    O objetivo da ergonomia investigar aspectos do trabalho que possam estar em conflito com as condies psicofisiolgicas do trabalhador. Portanto, procura adaptar os produtos, tarefas, ferramentas, espaos de trabalho, mobilirio e o prprio meio ambiente em geral s capacidades e necessidades das pessoas, e com isto poder contribuir para melhorar a eficincia dos trabalhadores, a sua segurana e promover a sua sade e bem estar. Para isso, a ergonomia se utiliza de tcnicas de anlise do trabalho e de conhecimentos advindos de vrias outras cincias, detalhando aquelas condies de trabalho que no esto em conformidade com o funcionamento fisiolgico e psicolgico dos seres humanos. Um dos princpios da ergonomia que nenhum trabalho exatamente igual a outro. Cada situao de trabalho, ou posto de trabalho, possui caractersticas nicas que devem ser analisadas para uma compreenso real da relao entre as condies de trabalho e a sade e bem estar dos trabalhadores.

    Um elevado numero de doenas e acidentes no trabalho so decorrentes da ausncia de medidas ergonmicas apropriadas. Infelizmente a maior ateno tem sido dada investigao e alta tecnologia de aes prticas nos locais de trabalho da maioria das pessoas. Atualmente, a aplicao de princpios ergonmicos alcanou somente um numero limitado de postos, a despeito de seu grande potencial para melhorar as condies de trabalho e mesmo a produtividade. 6

    Portanto, a preveno das leses msculos esquelticas relacionadas ao trabalho baseia-se, entre outras, em metodologias de vigilncias das situaes de trabalho (envolvendo os trabalhadores expostos a fatores de riscos a LER-DORT) e da sade destes trabalhadores, que devem ser eficazes. A abordagem das situaes de trabalho deve ser baseada na metodologia da analise do trabalho. com base nessa estrutura de ao que possvel evidenciar as relaes entre os condicionantes da situao de trabalho, a atividade realmente desempenhada e os efeitos adversos, quer para o trabalhador, quer para o sistema produtivo. Nesse processo identificam-se os fatores de risco, assim, como atravs da aplicao de mtodos de avaliao do risco, se definem as situaes de risco que devem ser controladas, na perspectiva de limitar (ou anular) os efeitos adversos que lhe esto associados.7

    A preveno na legislao

    A maneira de abordar a preveno de riscos por carga fsica, no entanto, no est definida clara e explicitamente nos regulamentos que, estabelecem os princpios, direitos e deveres que orientam a ao preventiva. Nenhum texto legal prescreve de forma detalhada como a preveno do risco ergonmico e das DORT deve ser abordada. Isto depende da avaliao de risco de cada posto de trabalho de cada diferente empresa.

    5 Maciel, Regina Heloisa. Caderno de Sade do Trabalhador. Preveno da LER/DORT:o que a ergonomia pode oferecer6 Pinagoda, Chandra. Ergonomic checkpoints. Practical and easy-to-implement solutions for improving safety, health and working conditions. Organizao Internacional do Trabalho, Genebra. Traduzido e reproduzido para portugus sob permisso. Fundacentro.7 Leses Musculoesquelticas e Trabalho., Alguns mtodos de Avaliao do risco. Serranheira, Florentino; Souza Uva, Antonio; Lopes M. Ftima. Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho. Caderno Avulso. 05. Lisboa, Janeiro 2008 pag.10.

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    O Ministrio do Trabalho e Emprego elaborou o Manual de aplicao da NR 17 que tem por objetivo de esclarecer o significado dos conceitos expressos na norma, caracterizando o que se espera em cada enunciado e definindo os principais aspectos a serem considerados na elaborao de uma Anlise Ergonmica do Trabalho, ressaltando que a realizao desta anlise tem como objetivo principal a modificao das situaes de trabalho.

    Refora a necessidade da participao dos trabalhadores no processo de elaborao da Anlise Ergonmica do Trabalho e na definio e implantao da efetiva adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores. Esclarece que o documento no se prope a fornecer solues para todas as diferentes condies de trabalho existentes, mas caracteriza a legislao em vigor e a Ergonomia como um importante instrumento para garantir a segurana e a sade dos trabalhadores, bem como a produtividade das empresas.8

    Participar para PROTEGER

    O objetivo final desta proposta a melhoria continua das condies de trabalho que pode ou no ocorrer por intermdio de um acordo entre a empresa e os trabalhadores, no mbito do Sindicato, Comisso de Fbrica e/ou da CIPA, sobre as necessidades de interveno preventiva. A proposta de um programa como o PROTEGER: Prevenir LER-DORT, que emprega a estratgia da participao dos trabalhadores na prtica ergonmica no nada novo: durante anos, foram aplicados com sucesso em diversos setores produtivos e em empresas de diferentes pases.

    O PROGRAMA

    O que consiste o mtodo do programa?

    Todos sabemos que pode no ser possvel traar um programa de preveno de LER/DORT totalmente especificado, com critrios ou valores mximos e mnimos de cada condio de trabalho que levaria eliminao do problema, entretanto, possvel descrever quais os passos necessrios e condies mnimas para uma efetiva preveno. Por outro lado, sabemos tambm que no fcil desenvolver uma proposta desta no interior da empresa, principalmente, quando esta no concordar ou no tiver vontade politica para que isto ocorra. Nesta etapa tem importncia o papel do sindicato e da unio e fora dos trabalhadores de lutarem por sua sade.

    Vrios organismos de diversos pases e de diversos sindicatos da Europa tem apresentado modelos de guia para que os programas de preveno tenham sucesso na pratica sindical.

    Um dos exemplos uma agencia federal dos Estados Unidos, o NIOSHI Instituto Nacional de Segurana e Sade Ocupacional que descreve 7 elementos par ao bom desenvolvimento de um programa, de tal forma que permite que sejam adaptados de

    acordo com as caractersticas e situaes que se apresentam em nossos locais:

    1. Investigao de indicadores de problemas de LER/DORT nos locais de trabalho, tais como queixas frequentes de dores por parte dos trabalhadores, trabalhos que exigem movimentos repetitivos ou aplicao de foras.

    Este passo pode ser importante para iniciarmos o nosso conhecimento do que vem ocorrendo e onde esta ocorrendo os problemas que, muitas vezes, so camuflados, por serem notificados pela empresa, ou ainda no informados pelo trabalhador por receio de represlias.

    8 Manual de aplicao da Norma Regulamentadora n 17. 2 ed. Braslia : MTE, SIT, 2002. Pag.5

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    2. Comprometimento da gerncia e direo com a preveno e com a participao dos trabalhadores para a soluo dos problemas.

    Como dissemos, este um ponto de grande importncia para que ocorra realmente uma programa de preveno. Vontade politica da empresa. Acordo para que possamos desenvolver o programa em parceria, caso contraria novas estratgias devem ser identificadas para o seu desenvolvimento, at mesmo com novos parceiros externos.

    3. Capacitao dos trabalhadores, incluindo a gerncia, sobre a LER/DORT e principalmente sobre os processos e organizao de trabalho e os princpios de ergonomia, para que possam avaliar os riscos potenciais dos seus locais de trabalho.

    Neste passo fundamental que os trabalhadores de postos de trabalho identificados como problemas, CIPEIROS, Comisso de fbrica, dirigentes sindicais possam receber capacitao sobre ergonomia e medidas de preveno das causas das LER-DORT na sua empresa. Lembrar que os problemas e suas causas so diferentes em cada empresa e at mesmo em diferentes setores de uma mesma empresa.

    4. Coleta de dados, atravs da anlise das atividades dos postos de trabalho, para identificar as condies de trabalho problemticas, incluindo a anlise de estatsticas mdicas da ocorrncia de queixas de dores ou de LER-DORT.

    Esta etapa tem uma importncia significativa na preveno, pois aqui deveremos estar preparados e capacitados para aplicar questionrios de diagnostico, entrevistas e observao de postos de trabalho, se necessrio, para identificar os problemas e as causas destes problemas. Para isto devermos capacitar o Grupo de Trabalho, os dirigentes sindicais, a comisso de fabrica, os CIPEIROS e ter a disposio especialistas para apoiar o processo.

    5. Investigao de controles efetivos para neutralizao dos riscos de leses por esforos repetitivos e avaliao e acompanhamento da implantao dos mesmos.

    A participao dos trabalhadores em todas as etapas fundamental e para isto tambm devero estar preparados para acompanhar e monitorar a implementao e o resultado da eficcia das medidas, que tambm podero ser avaliadas por meio de novos questionrios ou entrevistas ou ainda observao in loco, dando um tempo para o trabalhador possa avaliar se as medidas trouxeram algum resultado satisfatrio para o seu posto de trabalho

    6. Desenvolvimento de um sistema efetivo de comunicao, enfatizando a importncia da deteco e tratamento precoce das afeces para evitar o agravamento das afeces e a incapacidade para o trabalho.

    O programa de comunicao deve ser desenvolvido dentro da empresa dando cincia a todos os trabalhadores do andamento do projeto, mas tambm criando canais de oportunidade de comunicao dos trabalhadores com o Grupo de Trabalho onde podero apresentar suas sugestes e contribuies, assim como ter canais de orientaes de como ter um acesso fcil para diagnostico e tratamento precoce das LER-DORT.

    7. Planejamento de novos postos de trabalho ou novas funes, operaes e processos de tal maneira a evitar condies de trabalho que coloquem os trabalhadores em risco.

    Nesta etapa fundamental a participao dos representantes dos trabalhadores onde dever ser discutido e analisado na tica da NR9 a antecipao dos riscos, qual seja, identificar o que o novo processo ou a nova linha poder trazer de comprometimento para a sade dos trabalhadores se no for aplicado os princpios ergonmicos de preveno adequadamente.

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    CARACTERSTICAS GERAIS DA INTERVENO

    Objetivos

    O objetivo final do PROTEGER: Prevenir LER-DORT prevenir o risco de LER-DORT nos trabalhadores. Para isso, no desenvolvimento do programa segue sistematicamente uma srie de etapas que deve finalizar com a implementao de medidas preventivas efetivas que, atuando em equipamentos de trabalho, instalaes, ferramentas e/ou a organizao do trabalho e das tarefas, resolvero os problemas ergonmicos identificados.

    PRIMEIRA ETAPA: PREPARANDO A INTERVENO

    As ferramentas e processos descritos no PROTEGER, tomados por base do projeto ERGOPAR/ISTAS, foram projetados como procedimentos simplificados para identificar problemas, encontrar suas causa e procurar as melhores solues. Em alguns casos, pode ser necessrio recorrer consultoria especializada e ao uso de metodologias mais complexas.

    De acordo com avaliao ergonmica do posto de trabalho que, conforme a NR 17, deve contar com a participao do trabalhador, muitos problemas ergonmicos podem ser identificados e resolvidos sem a necessidade de complicados protocolos tcnicos.

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    Por onde devemos comear?Apresentao do Programa

    Para o desenvolvimento do programa devemos definir o gestor que ser a pessoa que prestar o apoio e ser, portanto o facilitador do desenvolvimento do programa em todas as suas fases e, estar disponvel no sindicato para prestar este apoio de assessoramento necessrio para a introduo do programa.

    Aes Prvias1. Participao dos Trabalhadores

    a. Realizar uma reunio com a CIPA os delegados e dirigentes sindicais para apresentar o programa, seus fundamentos, objetivos e caractersticas gerais com o objetivo de conseguir a sua aprovao e adeso de todos no seu desenvolvimento

    A participao dos trabalhadores condio essencial como principio, requisito essencial para a aceitao do programa e, portanto, tambm para sua implementao. Incorporar a participao dos trabalhadores e seus representantes legais nos processos de identificao de fatores de risco, suas causas de exposio e na elaborao de propostas de medidas preventivas uma alternativa real maneira tradicional de fazer preveno em empresas , Sem esquecer que a participao uma obrigao legal.

    O mtodo de trabalho deste programa baseia-se na convico de que os trabalhadores so os que melhor conhecem o seu posto de trabalho. Eles tm a informao e a experincia necessrias para abordar problemas na perspectiva da atividade real no trabalho. por isso que a sua participao nas diferentes fases do processo de identificao, anlise, proposta e implementao de solues considerada essencial para a eficcia da ao preventiva sobre os riscos ergonmicos. Do mesmo modo, a participao do dirigente sindical e do CIPEIRO considerada condio de sucesso da experincia participativa.

    Quanto mais ampla e mais generalizada for esta participao, maior ser a oportunidade para o sucesso do programa. Refora-se a participao dos trabalhadores, considerando que so prprios trabalhadores que identificam as exposies e danos ergonmicos (atravs do questionrio e entrevistas), que prope as solues necessrias e aes preventivas (nos crculos de preveno) e aqueles que avaliam a eficcia das medidas implementadas (atravs de entrevistas).

    O programa tambm deve prever mecanismos de comunicao permanente do Grupo PROTEGER com os trabalhadores e vice-versa. Todas essas estratgias participativas so de fato a essncia do programa, e sua garantia essencial para o bom desenvolvimento do mesmo.

    2. Buscar o Acordo com a empresa e a criao do Grupo PROTEGER na Empresaa. Realizar reunio com a empresa para apresentar o programa, seus fundamentos, objetivos e

    caractersticas gerais e propor um acordo para realizar o programa em conjunto. Nesta reunio poder se planejar os passos seguintes e principalmente a redao dos termos de acordo para aplicao do mtodo do programa a sua gesto na empresa e definio do Grupo PROTEGER na empresa.

    Uma condio importante para a aplicao do Projeto PROTEGER em uma empresa o acordo entre os atores sociais do mesmo no mbito do Sindicato ou da Comisso de Fabrica . Para isso, os gestores da empresa e os representantes dos trabalhadores devem conhecer perfeitamente os objetivos e caractersticas gerais do programa.

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    Um programa que se desenvolve no principio do dilogo social por intermedio de um acordo bipartite, necessita ter regras explicitas, pois quanto mais explicitas forem, maior garantia de que sejam respeitadas pelos atores e que se consiga xito nas suas aes.

    importante que se verifique periodicamente durante o desenvolvimento do programa o cumprimento das condies acordadas, tais como:

    Compromisso firme e claro da direo da empresa e dos representantes dos trabalhadores

    Importante na fase previa do programa

    Vontade por parte da empresa de considerar adequadamente e implementar pontualmente as intervenes e mudanas propostas como resultado do processo

    Integrao do programa com a gesto preventiva da empresa

    No deve ser um elemento isolado do conjunto da organizao e do planeamento preventivo da empresa

    Participao no programa de pessoas adequadas

    Importante envolver pessoas chaves nas fases relevantes do processo que disponha de conhecimentos adequados dos problemas e que ajuda a encontrar e implementar as solues mais corretas s necessidades e possibilidades reais da empresa

    Um plano efetivo de comunicao

    As pessoas relevantes da empresa devem ser conhecedoras dos objetivos e alcance do programa

    Tomada de deciso O procedimento e a eficcia da tomada de deciso depender da vontade poltica da administrao da empresa, da capacidade e competncias do grupo de trabalho (Grupo PROTEGER) e das oportunidades de consenso e negociao entre as diferentes partes. A dinmica da CIPA ou da COMISSO BIPARTITE DE SADE na empresa ser decisiva em relao a tudo isso, especialmente no momento de estabelecer o acordo para a aplicao de o Programa PROTEGER: Prevenir LER-DORT na empresa, para decidir o escopo da interveno, concordar com a implementao de medidas preventivas propostas e sempre que necessrio resolver situaes de conflitos que possam surgir durante todo o processo.

    3. Criao do Grupo PROTEGER na empresa

    O mtodo de trabalho que implica a estratgia do desenvolvimento da analise ergonmica participativa tem por principio a constituio, por acordo, de uma grupo de trabalho bipartite, que garante a participao dos diferentes atores sociais na empresa para resolver os problemas que afetam a sade dos trabalhadores e trabalhadoras. Este grupo dever ter necessariamente a participao de trabalhadores dos setores envolvidos, cipeiros, delegados ou diretores sindicais, gerentes, tcnicos de servios de preveno, gesto intermediria, entre outros. A participao organizada atravs da constituio de um grupo de trabalho, o chamado Grupo PROTEGER. Deve ter autonomia suficiente para planejar e implementar cada fase do programa no que diz respeito aos aspectos metodolgicos e tcnicos.\

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    Este grupo ter uma capacitao bsica prvia para estar habilitado para recolher as informaes necessrias para uma anlise e compreenso adequadas das condies de trabalho, que so a origem da exposio aos riscos.

    Portanto, o objetivo final deste processo a promoo das mudanas na empresa para reduzir o risco de LER-DORT nos trabalhadores. Desta forma, o diagnstico dos problemas (riscos e danos de origem ergonmica) e suas causas (condies de trabalho) leva proposta de solues (medidas preventivas) e sua implementao. Fazer mudanas no local de trabalho parte integrante do programa de interveno.

    A composio do Grupo poder variar em funo das caractersticas da empresa, como tamanho, complexidade da organizao de trabalho, recursos humanos disponveis ou ainda as peculiaridades dos riscos ergonmicos presentes. O grupo poder ampliar-se de forma circunstancial incorporando outras pessoas e ter treinamento bsico para desenvolver sua atividade e funes subsequentes

    Sugere-se que o Grupo PROTEGER na empresa seja um grupo bastante pequeno, com entre quatro e oito pessoas (o limite de oito pessoas nunca deve ser excedido) e cujos membros permanentes devem cobrir os seguintes perfis:

    Capacidade de interlocuo com a direo da empresa

    Capacidade de interlocuo com os trabalhadores

    Conhecimento tcnico em preveno de riscos ocupacionais e /ou ergonomia.

    Conhecimento do mbito da interveno (postos, tarefas, organizao de trabalho, requisitos de produo, etc.).

    Conhecimento do PROJETO PROTEGER

    Exemplo de componentes do GRUPO PROTEGER na empresa (permanentes ou eventuais)

    Delegados sindicais (se na empresa tiver, sua participao considerada necessria)

    Outros representantes de trabalhadores ( dirigentes sindicais, CIPEIROS)

    Trabalhadores (de preferncia com experincia prolongada) na empresa, que ocuparam ou conheceram os

    diferentes postos de trabalho no campo da interveno e que sejam aceitos e respeitados por seus companheiros)

    Trabalhadores com responsabilidades organizacionais ou de produo (chefes de seo, gerentes, encarregados

    ou gerentes de equipe com conhecimento especializado de operaes, etc.)

    Tcnicos ou engenheiros responsveis de manuteno

    Especialistas em Segurana do trabalho

    Ergonomistas

    Enfermeiros ou mdicos do servio de preveno

    Engenheiros de produo

    Responsvel pelo servio de recursos humanos

    Gerentes de servios de compras / suprimentos

    Responsvel pelo servio de qualidade

    Assessores sindicais

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    Tarefa do GRUPO PROTEGER NA EMPRESA

    Preparao para interveno

    Estabelecer a organizao interna

    Fixar a agenda de trabalho

    Planejar o plano de comunicao

    Interveno

    Aplicar e analisar os resultados dos questionrios de diagnstico e de causas

    Recolher informao adicional: entrevistas, observao in loco e avaliao tcnica

    Organizar os crculos de preveno

    Planejar o seguimentos das aes propostas

    Continuidade do programa Avaliar e planejar a continuidade do programa

    4. Capacitao do Grupo PROTEGER na empresa

    Na fase anterior interveno, o Grupo PROTEGER exigir treinamento bsico para desenvolver sua atividade e funes subsequentes. A Tabela abaixo descreve os contedos gerais, a durao estimada e o perfil mais adequado do treinador para as diferentes sesses deste treinamento bsico.

    o Grupo PROTEGER Perfil do formador

    1. 2. Fundamentos de ergonomia

    participativa 3.

    trabalho

    1 hora Conhecedor

    tutor

    Fundamentos de ergonomia balho LER DORT

    3 horas ergonomia e

    conhecedor da

    empresa

    15 a 20 minutos por posto

    Com conhecimento dos postos de trabalho

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    Para transmitir os contedos de Fundamentos de ergonomia, que podem ser distribudos em mais de uma sesso, ideal que o treinador tenha conhecimento sobre as condies de trabalho na empresa, alm de treinamento em ergonomia. Desta forma, voc j pode adaptar o contedo do treinamento s situaes Real que o Grupo PROTEGER deve abordar no desempenho de suas funes.

    Esta sesso tambm pode ser compartilhada entre pessoas que complementam os perfis apropriados. O objetivo que o Grupo PROTEGER compartilhe terminologia e conceitos bsicos que facilitem a discusso e anlise das informaes coletadas durante os processos de diagnstico (identificao de danos e riscos de origem ergonmica e suas causas), tratamento (proposta de medidas preventivas) e acompanhamento (avaliao da eficcia das medidas implementadas) da interveno.

    Sugere-se trabalhar com a lista de Situaes de risco ergonmico para se familiarizar com as diferentes exposies e tambm para se adaptar esta lista para as circunstncias particulares da empresa.

    Situaes de Riscos Ergonmicos

    Categorias Situaes de Riscos

    Processo e Organizao de Trabalho

    Tempo muito curto ou muito apertado para a concluso da tarefa/ao Distribuio inadequada de tarefas e funes Ritmo de trabalho excessivo Insuficiente autonomia que impede a autorregulao Tarefas muito repetitivas Tarefas excessivamente variadas Interrupes frequentes Regras ou instrues de trabalho inadequadas Uso de equipamentos de proteo individual desconfortveis ou que tornem a tarefa difcil Falta ou escassa pausa de descanso Problemas de comunicao entre departamentos ou trabalhadores dependentes Trabalho em equipe mal coordenado (os companheiros no esto l quando necessrio, diferenas fsicas que descompensam o nvel de esforo, problemas de sincronizao, ritmos diferentes) Relaes ruins entre trabalhadores/superiores e/ou entre trabalhadores Falta de treinamento/informaes especficas para o desenvolvimento da tarefa

    Mquinas e mobilirios

    Espao insuficiente para mquinas e mveis Altura inadequada do plano de trabalho Distncias de alcance (para pegar ferramentas, materiais, etc.) inadequados Distncia visual inadequada (muito prxima, muito longe) Superfcies de suporte inadequadas (sem suporte para um p, braos, mos ...) Obstculos que impedem a viso Localizao inadequada dos controles do equipamento (controles, acionamentos, etc.) Design inadequado de controles de equipamentos Funcionamento inadequado dos equipamentos Vibraes, rudo ou temperatura produzidas pelo equipamento Manuteno e ajustes de equipamentos inadequados

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    Ferramentas (manuais e a motor) teis no trabalho

    Localizao inadequada de ferramentas (distncia, desordem, etc.) Nmero insuficiente de ferramentas Vibraes, rudo ou temperatura produzidas pelas ferramentas. Ferramentas projetadas erroneamente (aderncia, peso, tamanho, etc.) Ferramentas inadequadas para o tipo de tarefa Transporte inapropriado de ferramentas Manuteno e renovao de ferramentas inadequadas

    Materiais e produto

    Falta ou escasso meios mecnicos para fornecimento, transporte, etc. Caractersticas inadequadas de embalagem, material ou produto (escorregadio, sujo, afiado, pesado, aderncia, volume, instabilidade de contedo, etc.) - Localizao inadequada de materiais (distncia, desordem, etc.)

    Entorno do trabalho condies ambientais

    Espao de trabalho insuficiente Solo de caractersticas inadequadas (dureza, irregularidades, encostas, etc.) Existncia de rampas, encostas, escadas Obstculos que impedem a viso Falta de ordem e limpeza Manuteno inadequada de instalaes Rudo ambiental Exposio ao frio, calor, umidade, correntes de ar Iluminao inadequada

    A terceira sesso do treinamento, sobre as condies de trabalho no campo da interveno, pode ser desenvolvida na fase de preparao da interveno ou at mesmo mais tarde, durante a fase de interveno. Alm de um contedo terico, o ideal ser incluir uma visita ao posto de trabalho em avaliao e uma explicao por um trabalhador experiente do processo de trabalho e tarefas dessa posio.

    Encarregados e outros responsveis pelo posto de trabalho podem tambm contribuir com as explicaes necessrias. O objetivo que o Grupo PROTEGER na empresa esteja familiarizado com a organizao e as condies materiais de trabalho e as tarefas nos postos de trabalho que sero objeto da interveno.

    5. Plano de comunicao na empresa

    Para o correto desenvolvimento de um programa de preveno em ergonomia que tem por principio a participao ativa dos trabalhadores e para que se alcancem os objetivos fixados fundamental que se assegure que haja um cuidadoso plano de comunicao que atinja todas as partes envolvidas na empresa.

    Para isto, o Grupo PROTEGER na empresa dever, alm de estabelecer mecanismos e estratgias, dever ter disponvel recursos e previses necessrias para garantir as vias de comunicao adequadas em todos os sentidos.

    Comunicar no consiste somente em emitir informaes sobre os objetivos e progressos do programa, mas tambm, abrir canais que permitam recolher os diferentes pontos de vistas, sensibilidades e opinies ao longo do processor.

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    Deve-se estabelecer um processo formal e uma estratgia para a comunicao contnua com os trabalhadores. Atravs de assembleias informativas, breves entrevistas no local de trabalho ou em lugares comuns, brochuras, boletins internos da empresa, etc. Todas as mudanas e postos de trabalho de trabalho includas no escopo do programa devem ser levadas em considerao. A comunicao deve ser mantida em todas as etapas do programa. Inicialmente, deve ser fornecida uma informao conjunta das caractersticas e propsitos da interveno, para fornecer informaes especficas sobre a situao e o progresso em cada fase.

    Designar responsveis no Grupo PROTEGER na empresa para as sugestes e contribuies dos trabalhadores. Deve ser algum de plena confiana dos trabalhadores e todas as sugestes e contribuies recebidas devem ser consideradas pelo Grupo PROTEGER na empresa e devem recebe uma resposta argumentada.

    Planejar reunies da CIPA e a direo da empresa para se discutir o desenvolvimento do programa em todas as suas fases.

    Planejar reunies com organismos, servios e responsveis que tenham relao com a preveno de riscos na empresa.

    6. Definir o mbito da interveno. Onde iniciar o programa, por quais Postos de trabalho?

    Dependendo das caractersticas e complexidade da empresa, o programa inicialmente pode se concentrar em determinados postos de trabalhos, em uma seo ou departamento de trabalho.

    recomendvel iniciar a interveno em uma rea pequena (por exemplo, uma linha de trabalho ou um nmero limitado de postos) e, em seguida, expandir gradualmente o escopo do programa.

    A identificao da rea de interveno mais apropriada, ou seja, aquela em que mais necessria seria a ao sobre os riscos ergonmicos existentes e pode ser baseada na anlise e discusso de algumas informaes anteriores j existentes na empresa. A escolha da rea de interveno deve ser devidamente justificada no acordo para a aplicao do mtodo.

    A tabela a seguir inclui alguns exemplos das informaes ou circunstncias a serem consideradas para a identificao do espao mais adequado para a implementao do programa inicialmente em uma empresa especfica.

    A experincia disponvel mostra que aconselhvel definir inicialmente uma rea de interveno limitada a 2-3 postos de trabalho.

    Uma vez que todas as fases de uma primeira interveno foram desenvolvidas, a extenso gradual para mais posta de trabalhos pode ser proposta.

    importante observar tambm que, na primeira interveno, podem surgir propostas de melhorias e mudanas que podem ser aplicadas a postos de trabalhos no inicialmente includos na rea de aplicao do programa.

    No entanto, neste ltimo caso, aconselhvel estabelecer previamente um mecanismo de consulta / participao com os trabalhadores desses postos para facilitar a aceitao das mudanas propostas.

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    Fontes de informao e indicadores teis para definir o mbito de aplicao do PROTEGER: Prevenir LER-DORT na empresa

    Tarefas de trabalho: esforo fsico, postura forada, manipulao de carga, movimentos repetitivos, vibraes, etc

    Acidentes de trabalho: excesso de esforo, mecnico, etc

    Doenas relacionadas ao trabalho por cargas fsicas: DORT- bursites, tendinites, tenossinovites, sndrome do tnel do carpo, etc.

    Incapacidade temporal: doenas e dor no pescoo, nas costas, articulares, na mos, nos punhos, e pernas, etc.

    Informes de avaliao de riscos: riscos ergonmicos por carga fsica relacionadas com a organizao do trabalho

    Informes da vigilncia da sade: doenas e dor no pescoo, nas costas, articulares, na mos, nos punhos, e pernas, etc.

    Percepo dos trabalhadores e seus representantes: tarefas com cargas fsicas, doenas ou dor no pescoo, nas costas, articulaes, braos e pernas, etc.

    Percepo dos servios de sade pblica, dos SESMT e dos Planos de Sade: doenas e dor no pescoo, nas costas, articulares, na mos, nos punhos, e pernas, etc.

    Percepo de ergonomistas e outros tcnicos dos servios de preveno: tarefas com carga fsica e organizao de trabalho

    Novos postos de trabalho: novas tarefas com risco de carga fsica e nova organizao de trabalho, com novos ritmo e intensidade(?)

    Extenso do tempo de trabalho: intensificao da carga fsica

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    SEGUNDA ETAPA: O Processo da Interveno

    A) UM OLHAR INTEGRAL

    1. Uma vez que a primeira etapa do programa foi concluda, iniciaremos agora uma nova etapa denominada de interveno ou correo e ter uma amplitude considerando os resultados obtidos em cada uma das etapas anteriores.

    2. Em resumo, na etapa de interveno, uma srie de estratgias aplicada para o diagnstico dos danos e as exposies a riscos de origem ergonmica existentes no escopo acordado para a interveno e, uma srie de estratgias para o tratamento ou ao preventiva sobre os problemas detectados.

    3. O Grupo PROTEGER atuar como coordenador e promotor das diferentes atividades em todas as etapas, com a orientao do tutor/assessor tcnico do programa na empresa/sindicato e com a participao de trabalhadores e outros atores-chave em diferentes nveis ou diferentes postos de trabalho onde sero aplicadas as estratgias de correo.

    4. O desenvolvimento da interveno pode seguir caminhos muito diferentes em diferentes empresas. Por exemplo, no caso de problemas ergonmicos serem facilmente identificveis e as intervenes a serem implementadas forem de forma simples, pode ser suficiente aplicar o questionrio de risco para propor as intervenes necessrias, realizar o seu seguimento e propor a continuidade ou a ampliao do programa.

    5. No entanto, em outros casos, pode ser necessrio obter informaes adicionais para o correto diagnstico de problemas atravs de entrevistas ou observao dos postos de trabalho.

    6. Em qualquer caso, o primeiro passo necessrio para a interveno o uso de os questionrios com os trabalhadores. Esta primeira ao essencial em um programa onde se tem por principio a participao do trabalhadores. OUVIR os trabalhadores que sofrem os danos e exposies a riscos, e suas percepes a este respeito o ponto de partida inevitvel da interveno (na fase de diagnstico).

    7. Ao mesmo tempo, essa participao tambm essencial na identificao das aes necessrias para eliminar e/ou reduzir os problemas detectados (na fase de tratamento) e, portanto, a participao dos trabalhadores nos crculos de preveno tambm uma condio necessria do mtodo.

    8. Nas figuras abaixo apresentamos a sequncia de fases da interveno indicando as diferentes rotas de acordo com os resultados obtidos em cada fase.

    9. Conforme indicado anteriormente, toda a atividade necessria para desenvolver a interveno planejada, implementada e coordenada pelo Grupo PROTEGER na empresa, com o apoio e o conselho do assessor tcnico do mtodo do sindicato.

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    B) FASE 1: DIAGNSTICO DOS PROBLEMAS

    O objetivo principal da fase de diagnstico identificar danos ou exposies de risco nos trabalhadores e diagnosticar as causas ou motivos para tais situaes. Em outras palavras, responder a perguntas tais como:

    Quais so as condies de trabalho que esto causando desconforto no pescoo dos trabalhadores desta posio?

    Ou por que neste trabalho os trabalhadores devem frequentemente lidar com cargas pesadas com os braos acima dos ombros,

    ou por que esses trabalhadores devem realizar frequentemente tarefas em posturas foradas?

    As respostas a estas perguntas, na fase de tratamento, devem levar a novas questes, tais como:

    Como podemos mudar as tarefas, equipamentos, ferramentas, espaos, ritmos de trabalho, etc., que esto causando esses danos ou situaes de risco para preveni-los ou elimin-los?

    O ponto de partida o questionrio para os trabalhadores. Em muitos casos, o Grupo PROTEGER na empresa poder identificar, a partir dos dados coletados no questionrio, situaes e condies de trabalho que exigem interveno ou melhoria, compilados atravs do programa de anlise do questionrio de danos e risco.

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    Com estes dados ser possvel, na maioria das situaes, passar para a fase de tratamento. Em alguns casos, no entanto, o Grupo PROTEGER pode necessitar de informaes adicionais e recursos para entrevistas e observao de postos de trabalho.

    Excepcionalmente, as condies de trabalho que causam danos e riscos detectados podem permanecer desconhecidas, e uma avaliao tcnica especializada pode ser necessria atravs de instrumentos mais complexos, para os quais o Grupo PROTEGER na empresa pode exigir a colaborao de um tcnico especialista em ergonomia.

    C) FASE 2: A CAMINHO DO TRATAMENTO DE PROBLEMAS

    Uma vez diagnosticados, os problemas devem ser tratados.

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    O primeiro passo a proposta das intervenes ou mudanas necessrias para sua correo, sendo fundamental a participao dos trabalhadores como bons conhecedores dos problemas a serem resolvidos e condies de trabalho nas quais devemos agir. Esta participao organizada atravs de crculos de preveno, nos quais se discutem e concordam sobre as medidas preventivas consideradas mais adequadas para cada caso.

    Em seguida, ser necessrio planejar o acompanhamento das medidas para verificar se foram devidamente implementadas, se so eficazes para resolver os problemas que pretendiam ser abordados e no introduzir novos problemas ou riscos.

    Caso os objetivos desejveis no tenham sido alcanados, ser necessrio organizar novos crculos de preveno.

    No final de todo o processo, o mtodo do Programa PROTEGER: Prevenir LER-DORT pode ser integrado como uma estratgia de preveno sindical permanente na empresa, que chamamos de continuidade do programa.

    Continuidade O foco inicial de interveno na empresa com o PROTEGER: Prevenir LER-DORT geralmente limitado, ento o programa prope continuidade da mesma extenso sucessiva de sua ao em mais postos de trabalho. O procedimento tambm pode ser estabelecido como parte da estratgia para a preveno de riscos ocupacionais da empresa em relao a novos riscos ergonmicos ou com exposies e situaes de risco de outra natureza. Se o mtodo for devidamente implementado e comprovado benefcios uma vez que a interveno inicial concluda, mais fcil para as partes envolvidas aproveitar o conhecimento e experincia adquirida e facilitar a continuidade desta metodologia como um recurso adicional para o gerenciamento da preveno de outros riscos ocupacionais na empresa.

    O mtodo de preveno sindical Programa PROTEGER: Prevenir LER-DORT baseia-se no pressuposto de que o Grupo PROTEGER na empresa e os participantes nas diferentes fases do programa (trabalhadores da empresa e outros componentes especficos do Grupo PROTEGER) possuem conhecimento suficiente para identificar as causas de danos e de riscos ergonmicos e propor solues viveis e, em muitos casos, solues simples para evitar esses problemas. Em suma, para responder a trs perguntas muito claras:

    Quais os danos e exposies de risco que afetam os trabalhadores?

    Por que esses danos e essas exposies de risco ocorrem?

    Como podemos melhorar as condies em que o trabalho feito na empresa para evitar esses danos e esses riscos?

    D) ETAPAS DE APOIO

    Informaes dos Trabalhadores Uso de questionrios

    Objetivo

    Obter informaes diretas dos trabalhadores sobre a presena de danos e doenas msculo-esquelticas, assim como condies no trabalho que possa representar risco ergonmico com o objetivo de identificar as causas dos problemas relatados (condies de trabalho precrias ou que possam ser melhoradas) e propor medidas preventivas ou as mudanas necessrias nos postos de trabalhos correspondentes.

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    Tarefas

    Criar um questionrio e adapt-lo empresa que ser aplicado, tendo como referencia o modelo abaixo proposto que poder ser informatizado e seu acesso poder se on-line pelo site do sindicato.

    Devem ser aplicados aps a identificao e definio dos postos de trabalho que sero avaliados. Para este processo de adaptao ser necessrio:

    1. Identificar e definir os postos trabalhos includos no mbito de ao acordado para o programa. Estes postos devero ser agrupados em funo de sua homogeneidade das tarefas que os trabalhadores desenvolvem da similaridade das condies de trabalho.

    2. Complete a lista de postos de trabalhos na primeira pgina do questionrio.

    3. Inclua o nome e as informaes de contato dos membros do grupo PROTEGER na empresa e os responsveis pela comunicao que consta na ultima pgina do questionrio.

    4. Outras adaptaes podem ser necessrias na primeira pgina do questionrio dependendo das caractersticas de cada empresa (por exemplo, relativo a horas ou durao da jornada). No entanto, no deve ser modificar qualquer outro contedo do questionrio. (ANEXO 1)

    Preparao para a distribuio do questionrio

    o Obtenha informaes sobre o nmero de trabalhadores existentes em cada posto de trabalho.

    o Determine o nmero de questionrios para obter e preparar as cpias necessrias.

    o Execute a campanha de informao correspondente na empresa

    difcil estimar a priori o nmero de questionrios necessrios, uma vez que depender do escopo da execuo do programa, o nmero de trabalhadores em este escopo e a variabilidade de postos de trabalho, turnos e/ou tarefas.

    O Grupo PROTEGER na empresa deve chegar a concluses a este respeito considerando as seguintes recomendaes:

    Devem-se conseguir questionrios dos trabalhadores de todos os postos de trabalhos includos na proposta de ao do programa.

    desejvel obter questionrios de trabalhadores que representem os diferentes grupos e condies de trabalho no mbito de atuao do programa (de acordo com as faixas etrias, sexo, tipo de contrato, turnos, tempo na empresa, tempo no posto de trabalho, etc.).

    Se o nmero de trabalhadores no for excessivo e/ou o Grupo PROTEGER na empresa tiver recursos suficientes (a informao nos questionrios deve ser codificada e analisada, o que leva tempo e trabalho), voc pode contemplar a incluso de todos os trabalhadores no mbito do escopo do programa.

    Deveria ser obtidos pelo menos questionrios de 50% dos trabalhadores que ocupam o mesmo posto de trabalho (este seria o limite inferior do nmero dos questionrios necessrios em cada trabalho).

    No parece necessrio obter mais de 30 questionrios de trabalhadores que ocupam o mesmo posto de trabalho e representam o mesmo grupo de acordo com caractersticas pessoais e condies de

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    trabalho relevantes (isto seria o limite superior do nmero de questionrios necessrios em cada posto de trabalho).

    Mesmo assim, todos os trabalhadores que voluntariamente quiserem completar o questionrio devem ter a oportunidade de faz-lo.

    Distribuio e preenchimento do questionrio

    Recomenda-se que os questionrios sejam distribudos de forma personalizada, em conversas (individuais ou coletivas) com os trabalhadores quando poder inform-lo sobre:

    Os objetivos do questionrio.

    O carter individual e annimo do questionrio (deve ser auto-realizvel, ou seja, cada trabalhador deve responder individualmente as perguntas).

    Os tipos de perguntas e respostas.

    A importncia de responder a todas as perguntas.

    A necessidade de responder em relao s condies dos postos de trabalho atualmente ocupado pelo trabalhador. No caso dos trabalhadores que ocupam mais de um trabalho simultaneamente, pode-se dar a opo de preencher um questionrio para cada cargo (sempre dentro do escopo da interveno) ou preencher um nico questionrio referindo-se s condies em um dos postos que ocupa o trabalhador, sua escolha.

    Em qualquer caso, todas as perguntas no questionrio referem-se a um um nico posto de trabalho, que foi assinalado pelo trabalhador quando iniciou o questionrio.

    Uma vez que o questionrio seja concludo, os trabalhadores iro entreg-lo pessoa designada pelo Grupo PROTEGER na empresa. fundamental estabelecer mecanismos que garantam anonimato na coleta do questionrio.

    O questionrio fornece as informaes necessrias para todo o processo posterior de desenvolvimento da interveno. muito importante certificar-se de que o processo de distribuio e concluso do questionrio cumpre o mximo de garantias de qualidade.

    A experincia disponvel mostra que as conversas informativas com os trabalhadores e preenchimento do questionrio na empresa com a assistncia de um membro do Grupo PROTEGER na empresa da confiana dos trabalhadores, por exemplo, o delegado de sindical ou o CIPEIRO eleito, otimizam a validade e a qualidade das informaes coletadas nos questionrios.

    Registro e anlise dos questionrios

    Sugere-se que a informao coletada nos questionrios seja registrada em um aplicativo do Programa Grupo PROTEGER. Este aplicativo dever conter todas as indicaes necessrias para a gravao correta dos dados.

    A utilizao da informtica poder gerar automaticamente os seguintes documentos:

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    o Relatrio sobre os resultados do questionrio.

    o Boletins informativos para distribuir aos trabalhadores.

    O Relatrio de resultados do questionrio sintetiza os dados coletados do grupo e por postos de trabalhos, destacando os danos e riscos mais frequentes e relevantes de acordo com as respostas dos trabalhadores. Este material essencial para a prxima tarefa de o Grupo Grupo PROTEGER, qual seja, a anlise de causas.

    O boletim informativo so para informar os trabalhadores sobre o principais resultados da pesquisa. Eles fazem parte do plano de comunicao que deve acompanhar o programa em todas as suas fases.

    A existncia de danos e/ou exposio a situaes de risco identificadas no questionrio indicam a existncia de problemas.

    Entretanto, necessrio identificar as causas dos problemas, que devem estar nas condies de trabalho, para propor as mudanas necessrias e as medidas preventivas.

    Por exemplo, uma posio de trabalho em que os trabalhadores tm que elevar frequentemente os braos acima da cabea um problema. A causa pode ser a excessiva altura das prateleiras.

    Ou, por exemplo, a manuteno de posturas foradas por um longo tempo um problema. A causa poderia ser a inadequao do espao de trabalho.

    Preparao de o Grupo PROTEGER para anlise de causas

    A anlise das causas exige que o Grupo PROTEGER conhea bem o trabalho correspondente. Para isso, ser necessrio:

    Que previamente, ou como parte do plano de trabalho de anlise de causas, o Grupo PROTEGER na empresa faa visitas de treinamento no postos de trabalho correspondente, com as explicaes dadas por um trabalhador experiente das atividades, tarefas e caractersticas do posto a ser analisado, e/ou

    Que possa contar com um trabalhador experiente do local trabalho a ser analisado como um membro pontual ou permanente do Grupo PROTEGER na empresa para as sesses de trabalho de anlise de causas e/ou

    Reproduo de vdeos sobre as tarefas e caractersticas dos postos de trabalhos analisados.

    essencial que o Grupo PROTEGER na empresa conhea bem o posto de trabalho para realizar corretamente a anlise das causas a partir do relatrio de resultados do questionrio.

    A visita previa de o Grupo PROTEGER a um posto de trabalho analisado, acompanhado com explicaes relevantes de um trabalhador experiente nessa posio, torna a identificao das causas muito mais fcil.

    An de causas

    Com base no conhecimento prvio das condies do posto ou postos do trabalho analisados, e com as informaes sintetizadas no relatrio de resultados do questionrio, o Grupo PROTEGER poder proceder

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    anlise das causas, digamos, identificar as causas dos problemas detectados com o questionrio, como condies de trabalho precrias, que permitem propor medidas preventivas ou mudanas necessrias no correspondente locais de trabalho com vista a sua melhoria.

    O processo de anlise de causas pode exigir uma ou vrias sesses de trabalho do Grupo PROTEGER na empresa, dependendo da complexidade do posto analisado e dos problemas detectados.

    Para a anlise das causas, poder ser utilizado um formulrio de analise das causas (ANEXO 2) a ser criado pelo grupo de trabalho. Este formulrio dever ser preenchido aps cada trabalho analisado.

    Os riscos identificados no relatrio de resultados so transferidos do questionrio para o formulrio. Em seguida, o grupo ir discutir sobre as tarefas e aes especficas desse trabalho que podem ser relacionadas com cada situao de risco, bem como, sobre e os motivos ou causas que geram a situao de risco (por exemplo, em relao a uma postura de trabalho inadequado, responder precisamente questo; o que e por que, no cumprimento dessa tarefa/ao, o trabalhador deve adotar essa posio), podendo tambm identificar propostas para evitar ou diminuir o risco correspondente.

    O formulrio deve ser minuciosamente apresentado e trabalhado pela equipe a fim de que ele possa ser o instrumento de valia na analise das causas com as propostas de correes e das medidas de preveno.

    O passo mais delicado e importante a identificao das causas. No se deve pensar apenas em causas imediatas ou prximas (por exemplo, plano de trabalho a ser executado), mas tambm em causas distal ou remota (por exemplo, ritmo ou organizao do trabalho).

    As causas dos riscos so caractersticas de trabalho que pode ser eliminado, modificado e/ou melhorado, e ambos a chave para propor as medidas preventivas apropriadas em uma prxima fase. Por outro lado, devemos ter em mente que a mesma situao de risco pode estar relacionada a vrias causas e, que a mesma causa pode estar relacionada a diferentes riscos.

    Uma vez concluda a anlise das causas, conveniente organizar a informao do formulrio de acordo com as tarefas, agrupando os riscos, causas e potenciais propostas preventivas re