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previdencia social revista 02sa.previdencia.gov.br/site/arquivos/office/3_120606-123036-146.pdf · público e privado. O ministro destaca ainda que ... economia anual de R$ 20 bilhões

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    Artigo A jornalista e professora da PUC-RJ Suely Caldas mostra que a Funpresp o primeiro passo para conter o dficit de R$ 60 bilhes por ano do governo com a previdncia dos servidores pblicos.

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    SUMRIO

    Funpresp Com a aprovao da Fundao de Previ-dncia Complementar do Servidor Pblico Federal, o governo busca equilibrar as contas do setor.

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    Regimes Prprios Cerca de 2 mil municpios j adotaram o sistema para garantir a previdncia e o futuro de seus servidores. As cidades de So Jos dos Campos (SP) e Doutor Severiano (RN) so exemplos de boa gesto dos fundos, com alta rentabilidade nas aplicaes e patrimnios invejveis.

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    Artigo O secretrio de Polticas de Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social, Jaime Mariz, ressalta a importncia da aprovao da Funpresp pelo Congresso para as contas pblicas.

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    O secretrio de Polticas de Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social, Jaime Mariz, ressalta a importncia da aprovao da Funpresp pelo Congresso para

    Plano de Expanso Objetivo instalar novas agncias da Previdncia Social em mais de 500 municpios brasileiros, para facilitar o atendimento aos segurados em regies isoladas. Presidenta Dilma Rousseff destaca a abertura de novas unidades principalmente na regio Norte do Pas.

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    Conselho de Recursos rgo recursal da Previdncia Social analisou mais de quatro milhes de processos administrativos em dez anos. S em 2011 foram 500 mil processos.

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    Notas Presidenta Dilma Rousseff destaca a eficincia do sistema de gesto da Previdncia Social.

    | 52Artigo O especialista em gesto governamental Alexandre Zioli Fernandes faz uma anlise financeira das aposentadorias de trabalhadores de baixa renda.

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    Previdncia Mais gil A nomeao de novos servidores concursados vai reforar as equipes de atendimento das agncias do INSS.

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    Fiscalizao Combate s fraudes na Previdncia intensificado em todo o Pas, revela Dilmar Pregardier, da Assessoria de Pesquisas Estratgicas e de Gerenciamento de Riscos.

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    Educao Previdenciria Equipes orientam ndios e comunidades quilombolas sobre direitos.

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    Plano Estratgico Meta do ministrio ampliar a cobertura previdenciria dos trabalhadores brasileiros para 77% at o ano de 2015.

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    Entrevista - Manuel Dantas Presidente do Conselho de Recursos fala sobre a implantao do E-Recursos como uma ferramenta para a modernizao do processo de recursos de benefcios da Previdncia Social.

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    A sano pela presidenta Dilma Rousseff do projeto que cria a Fundao de Previdncia Complementar do Servidor Pblico Federal (Funpresp), com a formao de trs fundos para os servidores do Executivo, do Legislativo e do Judicirio, inaugura uma nova fase na admi-nistrao pblica. Alm de garantir os direitos dos servidores j na ativa e definir meios para que os novos funcionrios pblicos mante-nham os seus ganhos na ocasio da aposenta-doria, a nova lei evita um estrangulamento da Previdncia Social no futuro e mantm a auste-ridade com as contas pblicas, contendo o d-ficit crescente do sistema, que chegou a R$ 60 bilhes no ano passado.

    A aprovao do projeto no Senado ocorreu de forma tranquila, em votao simblica na ses-so de 28 de maro, aps passar pela Cmara no ms anterior, aps vrias discusses com os sin-dicatos de servidores pblicos, universidades, entidades representativas da sociedade civil e negociaes com o Congresso Nacional. O go-verno trabalhou unido para acelerar a tramita-o da matria junto ao Congresso Nacional, de-vido suspenso das nomeaes dos servidores concursados, para que sejam enquadrados no novo sistema de Previdncia. A previso de que o novo fundo de previdncia seja implan-tado at outubro.

    Matria prioritria do governo, o projeto tra-mitou em regime de urgncia no Senado e foi apreciado simultaneamente em trs co-misses: Assuntos Econmicos, Constituio e Justia e Assuntos Sociais. O relator do pro-jeto em todas as comisses do Senado, Jos Pimentel (PT-CE), afirmou que o novo regime de previdncia importante porque trata to-dos os trabalhadores de forma igualitria os

    da iniciativa privada, os do servio pblico e os autnomos tero as mesmas regras de aposentadoria.

    O principal objetivo do Governo com a medi-da deter o dficit do sistema previdencirio dos servidores federais hoje crescente e no mdio prazo garantir a sua reduo. S no ano 2011, o regime de previdncia do funcionalis-mo federal acumulou um dficit oramentrio de R$ 60 bilhes para custear a aposentadoria de 960 mil servidores. O ndice de crescimento de 10% ao ano. O valor superior ao dficit provocado para custear os 29 milhes de bene-fcios do regime geral, operado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e que no ano passado chegou a R$ 36 bilhes.

    Segundo o ministro da Previdncia Social, Garibaldi Alves Filho, que participou ativamente da costura poltica na Cmara e no Senado para a aprovao da Funpresp, incluindo debates e audincias pblicas e se reunindo com lderes partidrios, a nova legislao assegura o equi-lbrio do sistema previdencirio da Unio no mdio e no longo prazo e garante tratamento isonmico entre os trabalhadores dos setores pblico e privado. O ministro destaca ainda que a medida recompe a capacidade do Governo para investimentos em reas essenciais reto-mada do crescimento econmico do Pas.

    Segundo dados do Ministrio da Fazenda, a par-tir de 2040 o novo modelo ir representar uma economia anual de R$ 20 bilhes ao oramento da Unio. De acordo com o ministro Garibaldi, a aprovao da proposta, mais do que um projeto de governo, representa a vitria de um projeto de Estado para o Pas, voltado para o bem-estar das futuras geraes.

    FUNPRESP

    Fundo vai equilibrar as contas da Previdncia

    Fundo dos servidores federais ser o maior da Amrica Latina. Fundao deve estar em funcionamento em outubro deste ano

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    A partir de agora a aposentadoria dos servi-dores pblicos que ingressarem no quadro da Unio ser limitada ao teto do Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) hoje fi-xado em R$ 3.916,20 como acontece com os trabalhadores da iniciativa privada. Para os servidores que ganham acima desse va-lor, a complementao das aposentadorias ser realizada por meio dos trs fundos de penso que esto sendo criados para os trs poderes: a Funpresp-Exe, a Funpresp-Leg e a Funpresp-Jud. A expectativa que as trs entidades j estejam em funcionamento em outubro deste ano.

    OpoOs servidores que j fazem parte do quadro da Unio no sero atingidos, mas podero optar por ingressar no novo regime em um prazo de 24 meses. Nesse caso, aqueles que optarem fa-ro jus a um benefcio especial proporcional,

    baseado nas contribuies j recolhidas ao re-gime de previdncia da Unio. A instituio do novo sistema vlida apenas para os servidores da Unio, j que estados, Distrito Federal e mu-nicpios possuem iniciativa privativa de lei com relao matria.

    Para comear a funcionar, o fundo do Executivo ter um aporte inicial do Governo de R$ 50 mi-lhes, enquanto as entidades do Legislativo e do Judicirio contaro cada uma com o capital inicial de R$ 25 milhes.

    A previso que a Funpresp torne-se, nos prxi-mos anos, o maior fundo de penso da Amrica Latina, tanto em nmero de participantes como em volume de recursos. A aposta que a Funpresp supere a Previ, o fundo de previdncia complementar dos funcionrios do Banco do Brasil, hoje o 24 do mundo, com um patrim-nio de R$ 160 bilhes e 140 mil participantes. Atualmente, o quadro da Unio formado por 1,1 milho de servidores em atividade.

    A votao da Funpresp no Senado foi tranquila, mostrando a sua importncia para a administrao pblica

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    Para o secretrio de Polticas de Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social, Jaime Mariz, a criao da Funpresp repre-senta estmulo formao de poupana interna no Pas e garante transparncia, controle e pre-visibilidade dos gastos pblicos.

    De acordo com o secretrio, a criao da Funpresp, alm de garantir o padro de vida dos futuros servidores na aposentadoria, permite a liberao de recursos por parte do governo fe-deral que poder investir em reas que con-sidere prioritrias e tambm eleva a avalia-o dos investidores nacionais e internacionais com relao ao cenrio econmico brasileiro. Conforme aponta Mariz, os fundos de penso so excelentes investidores no mundo inteiro porque so investidores de longo prazo. O se-cretrio destaca a capacidade de investimento

    em obras de infraestrutura como rodovias, por-tos e aeroportos, que tambm apresentam ma-turao de longo prazo.

    Segundo Mariz, o atual regime insustentvel, j que seriam necessrios quatro servidores trabalhando para financiar um na inativida-de. Atualmente, essa relao de 1,17 por um. Segundo dados do Ministrio do Planejamento, nos prximos cinco anos 40% do quadro atual da Unio adquire condies para se aposentar.

    Expanso Para o secretrio, a instituio da Funpresp representa uma ampla oportunidade para a expanso do sistema. O que o Brasil est im-plantando hoje j realizado pelas principais

    FUNPRESP

    Entenda como sero as contribuies

    At hoje, os servidores pblicos federais que recebiam acima do teto do RGPS, atu-almente R$ 3.916,20, contribuam para a Previdncia Social com 11% sobre o total da sua remunerao. De acordo com o novo modelo, o servidor contribui com 11% at o limite do regime geral, garantindo desse modo os valores das aposentadorias at o teto da Previdncia Social.

    Para os servidores com remuneraes supe-riores a esse total, haver a opo de aderir Funpresp, que ser responsvel pelo pa-gamento da complementao das aposen-tadorias. O novo regime prev contribuio paritria para o servidor e para a Unio at o limite de 8,5% no que excede o teto do RGPS. O Governo chegou alquota de 8,5% utilizando como referncia os percentuais mantidos pelos fundos das estatais, que em geral chegam a 8%.

    Essa contribuio deixa de ser revertida para o oramento da Unio como acon-tece hoje para ser destinada Funpresp, que, sem fins lucrativos, ter como objetivo fundamental realizar o pagamento desses

    Investimentos e qualidade de vida

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    FUNPRESP

    benefcios. So essas duas contribuies para a Previdncia Social e para o fundo de penso que sero responsveis pe-las aposentadorias e penses dos futuros servidores.

    Em comparao ao regime em vigor, a maior parte dos servidores caso mantenham contribuies semelhantes s atuais em mesmo perodo de contribuio alcana-r aposentadorias superiores do que as ga-rantidas atualmente. De acordo com o novo modelo, quanto maior o tempo de contri-buio, maior o valor da aposentadoria.

    As fundaes vo oferecer planos de be-nefcios na forma de contribuio definida

    (CD). Sero criados ainda dois fundos de ris-co internos para os quais todos contribuem. So os fundos que garantiro proteo pre-videnciria em casos de invalidez ou morte e o chamado fundo de longevidade, que garantir benefcio por tempo indetermina-do aos servidores independentemente de quantos anos vivam.

    O governo negociou ainda a criao de um fundo especial para as mulheres, servido-res que atuem como professores do ensino bsico e que exeram profisses de risco, como policiais federais, rodovirios federais e mdicos que trabalhem em regies de fronteira e que se aposentam com perodo menor de contribuio.

    economias globais. assim que o mundo inteiro aposenta seus servidores. Dos 12 maiores fun-dos de penso do mundo, 11 so de servidores pblicos, destaca Mariz.

    Atualmente, os fundos de penso brasi-leiros possuem um patrimnio superior a R$ 580 bilhes cerca de 14 % do PIB (Produto

    Interno Bruto) e beneficiam 2,8 milhes de pessoas, o que representa menos de 3% da Populao Economicamente Ativa (PEA) do Pas. Em contrapartida, os sistemas fechados de previdncia complementar estadunidense, ingls, holands e canadense, por exemplo, atingem mais de 50% das populaes econo-micamente ativas.

    COMPARATIVO ENTRE O REGIME ATUAL E A FUNPRESPSimulao comparativa entre um servidor que entra no servio pblico com R$ 10.000,00 e entra no Regime Atual

    e outro que entra com os mesmos R$ 10.000,00 e ingressa pela Funpresp.

    Tempo de Contribuio

    SRB

    BENEFCIO REGIME ATUAL BENEFCIO REGIME - FUNPRESP

    Benefcio Total: A IRRF

    Benefcio Lquido: D

    Benefcio RPPS

    Benefcio CDBenefcio Total: B

    IRRF (se regime

    regressivo)

    Benefcio Lquido: C

    35,00 12.302,41 11.379,93 - 2.372,95 9.006,98 3.916,20 7.738,10 11.654,30 - 1.054,44 10.599,86

    40,00 12.687,72 11.722,85 - 2.467,25 9.255,60 3.916,20 10.546,34 14.462,54 - 1.335,26 13.127,28

    45,00 13.086,82 12.078,05 - 2.564,93 9.513,12 3.916,20 14.177,37 18.093,57 - 1.698,37 16.395,20

    Com 35 anos de contribuio, sendo 11% do participante (mesma contribuio de hoje) e 8,5% da Unio, o benefcio lquido no Regime Atual de R$ 9.006,98 e na Funpresp, com premissas consideradas hoje conservadoras, R$ 10.599,86. Note o efeito da tributao nos dois regimes na coluna IRRF. Pelo regime ainda em vigor o servidor tem um desconto de 27,5% de Imposto de Renda. J os que recebem a complementao das aposentadorias pagam 10 % Receita, desde 2004, em virtude de lei que disciplinou a matria. Cabe destacar que se aumentarmos o tempo de contribuio, as aposentadorias crescero ainda mais.A coluna SRB se refere ao salrio final do servidor na ativa.

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    Para o ministro Garibaldi Alves, muito da re-sistncia formada proposta de instituio do regime de previdncia complementar para os servidores federais foi resultado do desconhecimento da populao com relao segurana do sistema de previdncia com-plementar brasileiro, hoje considerado refe-rncia internacional.

    Segundo o ministro, nos ltimos 12 anos o Brasil conseguiu redesenhar o seu sistema complementar de previdncia a partir de uma legislao atualizada fundamentada nas Leis Complementares 108 especfica para os fun-dos patrocinados por rgos governamentais e 109, aplicada a todas as entidades de previ-dncia complementar, ambas de 2001.

    De acordo com o ministro, desde a primei-ra reforma da Previdncia em 1998 que j previa a instituio do regime de previdncia

    complementar para os servidores o Governo vem trabalhando para aperfeioar o sistema.

    Hoje essa gesto dividida entre trs r-gos independentes: o Conselho Nacional de Previdncia Complementar (CNPC), respons-vel pela regulao do regime; a Secretaria de Polticas de Previdncia Complementar (SPPC) do Ministrio da Previdncia, que trata da pro-posio de polticas compatveis com o de-senvolvimento econmico e social do Pas; e a Superintendncia Nacional de Previdncia Complementar (Previc), que fiscaliza as opera-es e investimentos realizados pelos fundos.

    Para Garibaldi, essa estrutura garante melhor go-vernana, j que quem fiscaliza no edita as nor-mas. O ministro destaca a segurana que o governo possui de que as aposentadorias sero honradas, j que hoje o sistema bem gerido, bem regulado e com participao democrtica dos integrantes.

    FUNPRESP

    O lder do governo, Eduardo Braga, cumprimenta o ministro Garibaldi Filho pela aprovao da Funpresp

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    Sistema brasileiro referncia internacional

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    Aposentado da Previ elogia fundos de pensoMorador do Lago Norte, uma das regies mais nobres de Braslia, Dimas Castro, 59 anos, apo-sentado do Banco do Brasil. Funcionrio da insti-tuio desde 1976, Dimas recebe hoje o comple-mento de sua aposentadoria por meio do Plano de Benefcios 1, da Caixa de Previdncia dos Funcionrios do Banco do Brasil(Previ). A Previ, hoje o maior fundo de penso latino-americano, foi criada em 1904, antes mesmo da Previdncia oficial brasileira, instituda em 1923.

    Funcionrio do Banco do Brasil por 30 anos, Dimas lembra como aderiu Previ: Naquela poca, quase todo mundo entrava para o fun-do na hora da posse, mas a gente nem tinha conscincia do que aquilo representava. Eu me lembro de que diziam que era uma boa opo para fazer emprstimos. Dimas no tem dvidas da boa escolha que fez: As con-tribuies que eu fiz para o fundo garanti-ram a tranquilidade que eu e a minha famlia

    temos hoje, eu no conheo quem esteja in-satisfeito com a Previ, afirma.

    Entre os benefcios disponveis aos partici-pantes de fundos de penso esto facilidades como a contratao de emprstimos simplifi-cados e financiamentos inclusive imobilirios a juros bem menores do que os praticados pelo mercado e incentivos fiscais como a tabe-la regressiva de Imposto de Renda.

    Nesse caso, a lgica simples: quanto mais tempo o participante mantiver seus recursos no fundo de penso, menor incidncia de imposto de renda haver sobre eles. Para prazos superio-res a dez anos o participante deixar de pagar at 27,5% de Imposto de Renda para recolher 10% quando for receber os benefcios. Durante a fase de contribuio no h incidncia de Imposto de Renda sobre os rendimentos.

    Alm disso, ao contrrio de instituies finan-ceiras como bancos e seguradoras, os fundos de penso como a Funpresp que est sendo criada no tm fins lucrativos, o que garante maior rentabilidade aos participantes e baixas taxas de administrao.

    FUNPRESP

    Como ser a gesto da FunprespAssim como todos os fundos do Pas, a Funpresp ser gerida por um Conselho Deliberativo, que um rgo colegiado responsvel pela definio das diretrizes administrativas e das polticas de investimentos para aplicao do patrimnio dos fundos. Esse Conselho a instncia mxima de deciso da entidade. A estrutura conta ainda com um Conselho Fiscal, rgo interno de controle, e com uma Diretoria Executiva, responsvel pela administrao financeira e patrimonial da entidade.

    Os servidores vo poder participar ativamente da gesto das fundaes, j que 50% dos conselhos de-liberativos e fiscais sero eleitos diretamente por eles. A outra metade ser indicada pela Presidncia da Repblica no caso da Funpresp-Exe, por ato conjunto das presidncias do Senado Federal e da Cmara dos Deputados para a Funpresp-Leg, e pela presidncia do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da Funpresp-Jud. Os membros das diretorias executivas sero nomeados pelos conselhos deliberativos.

    As fundaes tero personalidade jurdica de direito privado, mas com natureza pblica, sendo obri-gadas a realizar licitaes para efetuar processos de compras e aquisio de servios, realizar concur-sos pblicos para contratao de pessoal, alm de garantir transparncia de seus atos.

  • O Ministrio da Previdncia Social publicou uma cartilha, distribuda aos servidores pblicos e parlamentares e autoridades em geral, com o objetivo de esclarecer dvidas e divulgar os princi-pais pontos do projeto de criao da Funpresp. Confira abaixo os principais tpicos da publicao:

    O que a Funpresp?Com base nos melhores modelos existentes hoje, apresentamos a Funpresp, a ser criada pelo Projeto de Lei n 1.992/2007.

    Esse projeto prev a limitao das aposentadorias dos servidores pblicos federais at o teto do Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) hoje fixado em R$ 3.916,20. Para os servi-dores que ganham acima desse valor, a complementao das aposentadorias ser realizada por meio da criao da Fundao de Previdncia Complementar do Servidor Pblico Federal (Funpresp), que capitalizar os recursos responsveis pelo pagamento das aposentadorias acima do teto.

    A aprovao da Funpresp representa a expanso da poupana interna brasileira e o aumento de investimentos em obras de infraestrutura no Pas. possvel que nas prximas dcadas o fun-do dos servidores federais torne-se a maior entidade fechada de previdncia complementar da Amrica Latina, tanto em nmero de participantes quanto em volume de recursos.

    Qual o intuito da criao de um fundo de penso como a Fundao de Previdncia Complementar do Servidor Pblico Federal Funpresp?A criao da Funpresp uma iniciativa que, com fundamento na Constituio Federal, pretende dar tratamento isonmico aos trabalhadores da iniciativa privada e do servio pblico, com justi-a social e igualdade de oportunidades de acesso aos benefcios oferecidos pelos regimes pbli-cos de previdncia, permitindo ao servidor pblico as mesmas possibilidades de contratao de uma renda adicional pelo regime de previdncia complementar.

    Alm disso, a proposta vem ao encontro da necessidade de expanso da poupana interna e dos mecanismos de financiamento de investimento no Pas, pois os fundos de penso funcio-nam como investidores institucionais, ou seja, alocam recursos significativos em projetos de longo prazo.

    Qual o objetivo dessa fundao?Proporcionar a possibilidade de contratao de uma renda adicional, permitindo, dessa for-ma, sem prejuzo aos servidores, um tratamento igualitrio para os trabalhadores e segurados

    FUNPRESP

    Cartilha esclarece

    principais pontos

    do projeto

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  • FUNPRESP

    dos diferentes regimes previdencirios pblicos, quais sejam: Regime Geral de Previdncia Social (destinado aos trabalhadores em geral e administrado pelo INSS) e Regimes Prprios de Previdncia Social (destinado aos servidores pblicos).

    Na contratao dessa renda, o servidor e a Unio iro contribuir para a formao de reservas fi-nanceiras que iro possibilitar o pagamento futuro dessa renda quando cumpridas as condies do contrato.

    Por que importante ter uma fundao assim no Pas?Com sistemas de previdncia pblicos autossustentveis, eficientes e equnimes, a sociedade brasileira conquistaria, ao longo das geraes, um nvel elevado de desenvolvimento humano e social, com justia e igualdade social por meio da reduo das desigualdades e da discriminao, e que so, por sua vez, os objetivos fundamentais da Repblica.

    Como ser a participao do Estado depois dessa nova entidade?O Estado passar a garantir o pagamento da aposentadoria do servidor at o teto do RGPS, da mesma forma que ocorre com o trabalhador da iniciativa privada.

    Aquele servidor que tiver remunerao em valor superior ao teto e quiser fazer jus a um benefcio adicional poder filiar-se, facultativamente, Funpresp e fazer suas contribuies com direito contrapartida paritria do Governo.

    Quais so as alteraes nas atuais regras de aposentadoria dos servidores pblicos no Regime Prprio de Previdncia Social?Os servidores que entrarem nos quadros do servio pblico aps o incio de funcionamento do plano de benefcios administrado pela Funpresp, e aderirem ao plano, tero sua aposentadoria paga pela Unio at o teto do RGPS hoje de R$ 3.916,20 e adicionalmente o benefcio contra-tado decorrente da sua filiao ao plano administrado pela Funpresp. Para isso, contribuiro para financiar o Regime Prprio, nos mesmos percentuais vigentes, mas com base de clculo tambm limitada a R$ 3.916,20.

    E se o servidor quiser auferir benefcio adicional acima desse teto?O servidor poder aderir a um plano de contribuio definida, com alquota de contribuio de sua livre escolha, que contar com aporte da Unio equivalente ao aporte do participante at o limite de 8,5% do que exceder o teto do RGPS.

    Alm da contribuio normal, o participante que quiser melhorar o valor do seu benefcio futuro tambm poder contribuir facultativamente nesse caso, sem a contrapartida da Unio.

    Obs.: OS SERVIDORES PBLICOS J EM EXERCCIO NA DATA DA CRIAO DA FUNPRESP PODERO PERMANECER NO ATUAL REGIME OU OPTAR PELO NOVO MODELO AT 24 MESES APS O INCIO DE FUNCIONAMENTO DO PLANO DE BENEFCIOS. Dessa forma, faro jus a um benefcio especial proporcional baseado nas contribuies recolhidas ao regime de previdn-cia da Unio.

    A Funpresp obedecer a quais preceitos?Alm das disposies das Leis Complementares n 108 e n 109/2001, deve:

    (i) atender legislao relativa s licitaes e contratos administrativos; (ii) realizar concurso p-blico para contratao de pessoal; (iii) conferir publicidade de seus demonstrativos atuariais, de investimentos e contbeis; iv) observar os princpios que regem a administrao pblica, espe-cialmente os da eficincia e da economicidade.

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  • Como ser a estrutura de governana da Funpresp?Ser constituda de conselho deliberativo, conselho fiscal e diretoria executiva, compostas de re-presentantes das patrocinadoras (entes da Unio) e de servidores pblicos titulares de cargo efe-tivo eleitos pelos seus pares, de forma a assegurar a representao paritria entre patrocinadores e participantes no conselho deliberativo e no conselho fiscal. A diretoria executiva ser indicada pelo conselho deliberativo.

    Como os benefcios programados de aposentadorias e penses sero cobertos ou financiados?Por meio do plano de benefcios na modalidade contribuio definida, que adota o regime financeiro de capitalizao, ou seja, as suas contribuies e as do patrocinador sero inves-tidas, e o seu resultado constituir o patrimnio do servidor, permitindo a ele planejar o montante de seu benefcio de acordo com o tempo e o nvel financeiro da contribuio. Esse modelo confere ao participante maior transparncia de sua reserva previdencial ao longo de sua formao.

    Como os benefcios de risco decorrentes de morte ou invalidez sero cobertos ou financiados?Ser criado um fundo financeiro especfico, formado com parte da soma de contribuies da Unio e dos servidores. Esses recursos sero reservados para fazer frente aos casos fortuitos de morte e invalidez, porventura ocorridos durante a fase de formao de sua reserva, garantindo segurana aos servidores e sua famlia.

    O problema da previdncia social hojeComo o atual regime financeiro da previdncia dos servidores pblicos? de repartio simples, ou seja, no h formao de poupana. Toda a contribuio dos servido-res ativos e da Unio destinada ao pagamento dos inativos e pensionistas, ou seja, a gerao atual de servidores paga os benefcios dos aposentados. Esse modelo depende de uma relao de quatro servidores ativos para cada inativo para se manter equilibrado. Na Unio, essa relao est em 1,17 (cerca de 1,1 milho de ativos para 950 mil inativos).

    Como a diviso da contribuio nesse regime?A contribuio do servidor est limitada a 11% do total de sua remunerao, enquanto a Unio contribui com 22%.

    Quem responsvel pela cobertura do dficit gerado pelo regime atual?A sociedade, por meio da Unio, responsvel. Em 2011, o dficit, que tem crescido ano a ano, estava em R$ 60 bilhes. O valor necessrio para a sua cobertura se aproxima do oramento anual do Ministrio da Educao.

    O Projeto de Lei n 1992/2007Como o regime previdencirio dos servidores pblicos comeou a ser reformulado?Com as Emendas Constitucionais n 41 de 2003 e n 47 de 2005, o Estado Brasileiro deu incio aos ajustes do Regime Prprio de Previdncia dos Servidores. O Projeto de Lei PL n 1992, de 2007, que institui o regime de previdncia complementar, d sequncia ao que j havia sido aprovado pelo Congresso, agora de forma mais clara e tcnica.

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    Qual seu objetivo?Dar tratamento isonmico aos trabalhadores da iniciativa privada e do servio pblico, com justia social e igualdade de oportunidades de acesso aos benefcios oferecidos pelos regimes pblicos de previdncia; permitir a esses ltimos as mesmas possibilidades de contratao de uma renda adicional pelo regime de previdncia complementar; e reduzir a despesa pblica no mdio e no longo prazo, pois, segundo dados do IPEA, o atual regime deficitrio e tem uma necessidade de financiamento de 1,4% do PIB (2010), que tem ficado a cargo de toda a sociedade por meio da arrecadao de tributos pelo Estado.

    O que ele prev?A implantao do Regime de Previdncia Complementar para o servidor pblico nos moldes dos fundos de penso j existentes. Ser criada uma fundao, uma entidade fechada de previdncia complementar restrita ao servidor pblico federal, sem fins lucrativos, com personalidade jurdi-ca de direito privado, seguindo preceitos de natureza pblica. O plano de benefcios ser na mo-dalidade de contribuio definida CD, que garantir ao servidor um benefcio correspondente sua capacidade de poupana.

    Quais so seus principais pontos? Aplicao do teto do Regime Geral (R$ 3.916,20) aos futuros servidores titulares de cargo efetivo

    da Unio.

    Administrao da previdncia complementar do servidor por uma entidade fechada de previ-dncia complementar. Esse fundo de penso, de direito privado, adotar preceitos de natureza pblica.

    Plano de benefcio na modalidade de contribuio definida para garantia dos benefcios progra-mados, aposentadoria e penso.

    Previso de benefcios por invalidez e morte.

    Gesto compartilhada de servidores e representantes da sociedade indicados pelos patrocinadores.

    Contribuio paritria de at 8,5% da Unio e dos servidores.

    Aplicao dos princpios das Leis complementares n 108 e 109 de 2001.

    Quais foram os avanos alcanados pelo PL 1992 at agora? A comprovao por vrias simulaes tcnicas de que, com 7,5%[1] de contribuio da Unio e os 11% do servidor, aps 35 anos de contribuio, ser assegurado um benefcio, no mnimo, igual ao do regime atual. Hoje, dos benefcios pagos pelo Regime Prprio, h contribuio de 11% sobre o que exceder ao limite (R$ 3.916,20), alm da incidncia de tributos. Caso o servidor permanea no servio pblico por um tempo maior, o benefcio pode ter um ganho significativo.

    A garantia do benefcio previdencirio por tempo indeterminado, para que o servidor p-blico mais longevo possa ter a continuidade da renda. Esse benefcio ser assegurado por meio da formao de um fundo de sobrevivncia especfico, que garantir que o benefcio no seja extinto quando a pessoa atingir idade avanada e superior s expectativas nor-mais de sobrevivncia.

    A garantia da criao de trs entidades de previdncia complementar: a primeira destinada ao Poder Executivo, a segunda ao Poder Legislativo e Tribunal de Contas da Unio e a terceira

    15

  • FUNPRESP

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    destinada ao Poder Judicirio, preservando-se a autonomia e a independncia entre os Poderes da Repblica.

    O fim da obrigatoriedade de terceirizao da gesto dos recursos garantidores dos planos de previdncia do servidor, que passa a ser uma deciso dos gestores da entidade, a exemplo do que j ocorre nos fundos de penso, tais como a Previ/ BB, Funcef e Petrus.

    Garantia de que as pessoas que possuem critrios diferenciados para aposentadoria tero seus direitos preservados.

    Qual o entendimento do Ministrio da Previdncia sobre o PL 1992?Representa um importante avano para o Sistema Previdencirio Brasileiro que permite o trata-mento social equnime, sem discriminao e justo, com impacto importante para a sociedade e para as futuras contas pblicas brasileiras, na medida em que ir:

    Tratar de forma isonmica os trabalhadores brasileiros da iniciativa privada e do servio pblico.

    Aplicar princpios iguais a todos, universalidade de cobertura, uniformidade, equivalncia dos benefcios pagos e distributividade na prestao dos benefcios.

    Desonerar, no mdio e no longo prazo, o caixa do Tesouro Nacional com aposentadorias acima do teto do RGPS.

    Desatrelar os reajustes salariais dos servidores ativos dos servidores que sero assistidos pelo novo regime.

    Liberar mais recursos para fins sociais, como, por exemplo, sade e educao.

    Por que ele vantajoso para a Unio?Haver um custo de transio do RPPS para um regime de previdncia complementar dos servi-dores pblicos, uma vez que a Unio deixa de receber os 11% da parcela que excede o teto e pas-sa a contribuir para o plano de previdncia do servidor at o limite de 7,5%[1]. Porm, esse novo percentual de contribuio apresenta-se inferior aos 22% praticados contabilmente no modelo atual, fora a necessidade constante de cobertura de dficit.

    Quais so os argumentos favorveis ao PL 1992?a. desejvel sociedade a maior equidade entre benefcios previdencirios de trabalhadores

    do setor pblico e do setor privado.

    b. uma soluo para estancar a crescente necessidade de aporte nas contas previdencirias do servidor pblico. De 1995 a 2011, as despesas com as aposentadorias dos funcionrios pblicos saltaram de R$ 15,2 bilhes para R$ 85,6 bilhes. O aumento dos gastos com aposen-tados e pensionistas do setor pblico nos ltimos anos decorreu principalmente do aumento expressivo do valor de seus benefcios (o aumento do nmero de beneficirios respondeu por apenas 16% da variao total, sendo os restantes 84% explicados pela variao do valor dos benefcios).

    c. As diferenciaes entre as condies de trabalho dos servidores pblicos e dos trabalhadores privados devem ser resolvidas na poltica de pessoal, e no no desenho da aposentadoria pe-los fundamentos da previdncia que envolvem a proteo do trabalhador contra os eventos de doena, invalidez, morte e idade avanada, que impedem que ele exera o seu ofcio e sustente a si e a sua famlia.

  • FUNPRESP

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    d. O regime de previdncia dos servi-dores no traz incremento capaci-dade de poupana interna do pas.

    e. Combina elementos das duas mo-dalidades de planos: repartio com benefcio definido e capitali-zao com contribuio definida.

    f. Permite maior flexibilidade na po-ltica salarial dos servidores, uma vez que deixa de transferir os ga-nhos remuneratrios de servidores ativos para inativos, que passaro a ter reajustes das aposentadorias de acordo com a rentabilidade das aplicaes do fundo de penso.

    g. Limita o risco atuarial ao limite do teto do RGPS, pois o benefcio ga-rantido pelos planos seria na mo-dalidade de contribuio definida, que tem baixo risco para o Estado.

    h. Limita o debate previdencirio s reformas necessrias no RGPS, pois deixam de existir regimes previ-dencirios distintos entre servido-res e trabalhadores da iniciativa privada.

    OS MAIORES FUNDOS GLOBAISAbaixo a lista com os 12 maiores fundos de penso do mundo e a classificao dos brasileiros

    1- Government Pension Investment Japo

    2 - Government Pension Fund Global Noruega

    3 - ABP Holanda

    4 - California Public Employees EUA

    5 - National Pension Coreia do Sul

    6 - Federal Retirement Thrift EUA

    7 - California State Teachers EUA

    8 - New York State Common EUA

    9 - Local Government Officials Japo

    10 - Florida State Board EUA

    11 - General Motors EUA

    12 - New York City Retirement EUA

    (...)

    24 - Previ (BB) Brasil

    (...)

    98 - Petros (Petrobras) Brasil

    (...)

    116 - Funcef (Caixa) Brasil

    Conselho Deliberativo6 membros paritrios

    Eleitos Indicados

    Conselho Fiscal4 membros paritrios

    Eleitos Indicados

    Diretoria Executivaat 4 membros

    Indicados pelo Conselho Deliberativo

    A GESTO DA FUNPRESP

  • 18

    ARTIGO

    A aprovao pelo Congresso Nacional do Projeto de Lei da Cmara n 02/2012, instituindo o regime de previdncia complementar para os servidores p-blicos da Unio e autorizando a criao da Fundao de Previdncia Complementar do Servidor Pblico Federal - Funpresp, tem capital importncia para o fu-turo das contas pblicas brasileiras e d continuidade Reforma da Previdncia no Servio Pblico prevista na Emenda Constitucional n 20, de 1998, e na Emenda Constitucional n. 41, de 2003.

    O projeto segue a diretriz do Governo Federal de con-ferir um tratamento igualitrio para os trabalhadores e segurados dos diferentes regimes previdencirios pblicos, quais sejam: Regime Geral de Previdncia Social- RGPS, destinado aos trabalhadores em ge-ral e administrado pelo INSS, e Regimes Prprios de Previdncia Social - RPPS, destinado ao servidor pbli-co titular de cargo efetivo. Tal convergncia visa asse-gurar que os sistemas de previdncia pblicos sejam equnimes, eficientes e auto-sustentveis ao longo das geraes. O Brasil comea assim a transio para uma previdncia pblica nica, que garanta isonomia previ-denciria entre servidores pblicos e trabalhadores da iniciativa privada.

    O atual regime financeiro da previdncia dos ser-vidores pblicos exauriu-se. Trata-se de um regime de repartio simples baseado na existncia de um compromisso entre geraes, na qual a contribui-o dos servidores ativos destinada integralmen-te ao pagamento dos inativos e pensionistas. Este modelo, para se manter equilibrado, depende de uma relao de pelo menos quatro servidores ati-vos para cada inativo, porm, na Unio, esta relao

    est em 1,17, cerca de 1, 1 milho de ativos para 950 mil inativos. Some-se a isso o fato de que esse mo-delo tambm no estimula a formao de poupan-a interna.

    Segundo estudos, o atual regime previdencirio da Unio apresenta uma necessidade de financiamen-to de aproximadamente 1,4% do PIB, em 2011, in-cluindo-se os militares. Este dficit financiado por toda a sociedade, medida que o Estado equaliza o resultado com a arrecadao de tributos. Em 2011, houve necessidade de aportes da Unio na ordem de R$ 54,5 bilhes, valor que tem crescido taxa de 10% a.a. Trata-se de um gasto maior que o oramento anual do Ministrio da Educao e bem superior aos recursos classificados como Gastos com Investimento em 2011.

    O objetivo desta lei implantar o Regime de Previdncia Complementar para o servidor pblico nos moldes dos fundos de penso j existentes, tais como: a Previ, patrocinada pelo Banco do Brasil, a Petros, patrocinada pela Petrobrs, a Funcef, patro-cinada pela Caixa, a Fundao Cesp, patrocinada por empresas de energia eltrica de So Paulo, e a Valia, patrocinada pela Companhia Vale do Rio Doce. Ser criada uma entidade fechada de previdncia comple-mentar de acesso restrito ao servidor pblico federal, sem fins lucrativos, estruturada na forma de funda-o, com personalidade jurdica de direito privado, seguindo, no entanto, preceitos de natureza pblica. O plano de benefcios oferecido ser na modalidade de contribuio definida CD , garantindo ao servi-dor um benefcio correspondente a sua capacidade de poupana.

    A importncia da Funpresp

    Jaime Mariz, Secretrio de Polticas de Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social

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    O servidor que entrar nos quadros do servio pbli-co aps o incio de funcionamento do novo sistema ter garantida sua aposentadoria at o teto do RGPS, hoje equivalente a R$ 3.916,20. Se quiser auferir be-nefcio previdencirio acima deste limite, o servidor poder filiar-se, facultativamente, Funpresp. A al-quota de contribuio do servidor ser de sua livre escolha e ainda contar com um aporte paritrio da Unio at o limite de 8,5% do valor que exceder o citado teto. Alm da contribuio normal, o partici-pante que quiser melhorar o valor do seu benefcio futuro poder fazer outras contribuies sem a con-trapartida da Unio.

    Os servidores pblicos j em exerccio na data da cria-o da Funpresp podero permanecer no atual regi-me ou podero optar pela adeso ao novo regime, at 24 meses aps a criao da entidade fechada, fazendo jus a um benefcio especial proporcional, baseado nas contribuies recolhidas ao regime de previdncia da Unio. Assim os antigos servidores que fizerem opo pelo novo regime recebero seus futuros benefcios previdencirios de trs formas: (i) o benefcio previ-dencirio do Regime Prprio de Previdncia da Unio, cujo valor corresponder at ao valor do teto do RGPS; (ii) um benefcio especial, a ttulo de incentivo e com-pensao, a ser pago de forma concomitante ao be-nefcio pago pelo Regime Prprio; e (iii) um benefcio previdencirio a ser pago pelo regime de previdncia complementar, derivado da acumulao de recursos pelo servidor.

    A Funpresp obedecer aos preceitos das Leis Complementares n 108 e n 109, ambas de 2001, que disciplinam o atual sistema de previdncia com-plementar. A entidade funcionar sob a forma de fundao de natureza pblica com personalidade jurdica de direito privado. A natureza pblica con-sistir na necessidade de: (i) atender legislao relativa s licitaes e contratos administrativos; (ii) realizar concurso pblico para contratao de pesso-al; e (iii) conferir publicidade de seus demonstrativos atuariais, de investimentos e contbeis. Alm disso, a nova fundao dever observar os princpios que regem a administrao pblica, especialmente os da eficincia e da economicidade.

    A lei prev a criao de trs fundaes, entidades de previdncia complementar, uma destinada ao Poder Executivo, outra aos servidores do Poder Legislativo e Tribunal de Contas da Unio, e uma terceira fundao destinada ao Poder Judicirio e Ministrio Pblico da Unio. O objetivo preservar a autonomia e indepen-dncia entre os Poderes da Repblica.

    A estrutura de governana de cada Funpresp ser composta por conselho deliberativo, conselho fiscal e diretoria executiva. Est assegurada a representa-o paritria entre patrocinadores e participantes no conselho deliberativo e no conselho fiscal.

    Os benefcios programados de aposentadorias e pen-ses sero garantidos por plano de benefcios na mo-dalidade contribuio definida, que adotam o regime financeiro de capitalizao individual, ou seja, o ser-vidor poder planejar o montante de seu benefcio de acordo com o tempo e o nvel financeiro da con-tribuio. Este modelo confere ao participante maior transparncia de sua reserva previdencial ao longo de sua formao.

    De acordo com as simulaes atuariais realizadas, se o servidor mantiver o seu nvel de contribuio em 11% e a Unio fizer a contrapartida com 8,5%, aps 35 anos de contribuio, ser assegurado um benef-cio, no mnimo, igual ao pago pelo regime atual, que equivale a 80% da remunerao. O benefcio pode at dobrar se o servidor permanecer no servio pblico por um tempo maior.

    Para a cobertura dos benefcios de risco ser consti-tudo um fundo financeiro especfico, formado por contribuies da Unio e dos servidores, garantindo segurana aos servidores e sua famlia. Esses recursos sero destinados para fazer frente s aposentadorias especiais e aos casos de morte, invalidez, e sobrevi-vncia. Este fundo garante o pagamento de um be-nefcio previdencirio por tempo indeterminado, as-segurando que mesmo aquele servidor mais longevo no fique desprotegido em idade avanada.

    Certamente haver um custo de transio do modelo atual para um regime de previdncia complementar.

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    No modelo em vigor, a contribuio do ser-vidor est limitada a 11% do total de sua re-munerao, enquanto a Unio contribui com 22% sobre o mesmo total e ainda respon-svel pela cobertura de eventual dficit. A partir da Funpresp, a Unio deixar de rece-ber do servidor os 11% da parcela acima do teto do RGPS e passar a contribuir at o limi-te de 8,5% para o plano de previdncia com-plementar, mesmo assim inferior aos 22% hoje praticados. Existe a previso de o dficit ir se ampliando at 0,11 % do PIB em 2030, quando comear uma curva descendente chegando a uma economia de 0,39% do PIB, em 2070.

    Segundo projees, a Funpresp, em pouco tempo, ser um dos maiores fundos de pen-so da Amrica Latina no quesito patrim-nio e nmero de participantes. Essa uma realidade internacional, pois 11 dos 12 dos maiores fundos de penso do mundo so mantidos por servidores pblicos. A criao de uma entidade dessa envergadura tambm vem ao encontro da necessidade de expan-so da poupana interna e dos mecanismos de financiamento de investimento no pas. Os fundos de penso so investidores institu-cionais e naturalmente alocam recursos signi-ficativos em projetos de longo prazo, o que favorece o crescimento do pas.

    Em suma, a proposta est alinhada com as melhores prticas previdencirias adotadas por pases desenvolvidos e que prezam pela responsabilidade fiscal. O projeto aprovado pelo Congresso Nacional preserva a prote-o previdenciria dos servidores, propor-ciona uma melhor distribuio de renda e um tratamento igualitrio entre os traba-lhadores dos setores pblico e privado. A aprovao do regime de previdncia com-plementar para o servidor pblico um im-portante avano para estabilizar as futuras contas pblicas brasileiras medida que de-sonera, no mdio e longo prazos, o Tesouro Nacional com aposentadorias acima do teto do RGPS, liberando os recursos para fins so-ciais como sade e educao.

    ARTIGO

    ARTIGO

    Com a ajuda da oposio e em votao simb-lica, o Senado aprovou, no dia 28 de maro, a criao do Fundo de Previdncia Complementar do Servidor Pblico Federal (Funpresp), que a presidenta Dilma Rousseff tem o maior interesse em sancionar o quanto antes. Agora, quem in-gressar no servio pblico federal ter sua apo-sentadoria garantida at o limite de R$ 3,9 mil (o teto do INSS). Acima disso, ter de contribuir com uma quantia mensal para a Funpresp, ao longo de 30 anos.

    A contribuio do governo para o fundo foi fixa-da em 8,5% do salrio, mas a do funcionrio ser de livre escolha: quanto maior, mais elevado ser o valor de sua aposentadoria. um bom negcio para o servidor, como h mais de 30 anos o para funcionrios de estatais que tm fundo de pen-so. Se ele escolher contribuir com uma alquota igual do governo, de 8,5%, poder se aposentar com o mesmo salrio que recebe na vida ativa.

    Para o Pas, os brasileiros e o governo tambm um bom negcio: os R$ 60 bilhes de dficit da previdncia pblica que hoje pagam aposen-tadorias caras de servidores ricos podero ser direcionados para aliviar o drama da populao que precisa de sade, educao, saneamento, habitao, segurana. Mas isso s vai ocorrer em futuro bem distante, entre 2040 e 2050. At l o dficit vai at crescer e s a partir de 2030 inicia a trajetria de queda. Isso porque a despesa do governo ser duplicada: continuar pagando os benefcios dos atuais inativos e dos que se apo-sentarem nos prximos 30 anos e ainda vai ali-mentar o caixa da Funpresp com 8,5% do salrio de cada novo funcionrio.

    Bem-vinda a Funpresp

  • 21

    ARTIGO

    Ento por que mudar? As futuras geraes agrade-cem. Mesmo de efeito gradativo e de longo prazo, a Funpresp abre caminho para distribuir verba pblica com maior justia social, j que o crnico e crescente rombo da previdncia pblica - dobrou, de R$ 29,5 bilhes para R$ 60 bilhes, nos ltimos dez anos - se transformou numa perversa forma de concentrao de renda no Pas. Mesmo que o alvio s comece a ser sen-tido por volta de 2030 e o dficit, eliminado em 2050, fundamental estancar a sangria, resolver estrutural-mente o problema.

    Seria possvel antecipar esses prazos, se o projeto en-viado ao Congresso trouxesse regras de incentivo para os atuais servidores migrarem para a Funpresp. Como ocorreu com fundos de penso de estatais quando mudaram seus planos de benefcio definido para con-tribuio definida. Mas, como o interesse eleitoral sem-pre prevalece no governo do PT, a opo foi no criar polmica com o funcionalismo.

    Essa no a nica falha do projeto. H outra, de respon-sabilidade da Cmara dos Deputados, que modificou o texto original, tirando a gesto financeira da Funpresp de instituies profissionais e especializadas, transfe-rindo-as para diretores, em geral eleitos por sindicatos ou indicados por partidos polticos. Essa mistura j re-sultou em muitos negcios fracassados e enormes pre-juzos para o patrimnio dos fundos de penso de es-tatais. No mundo inteiro, e tambm no Brasil, empresas estatais e privadas que criaram esses fundos entregam a gesto a profissionais especializados e concentram a ao dos diretores em fiscalizar e cobrar resultados lucrativos. Mas o olho grande dos polticos j mira a Funpresp antes mesmo de ser constitudo. Em Braslia, partidos e sindicatos j se engalfinham disputando in-dicaes de filiados para a diretoria.

    Os novos servidores que entregaro seu dinheiro para o fundo que fiquem de olhos bem abertos.

    Hoje s 2,2 milhes de brasileiros (de empresas esta-tais e algumas privadas) tm aposentadoria comple-mentada por fundos de penso. A Funpresp promete engordar a estatstica. E seria um bom caminho para equilibrar suas contas se governos estaduais e grandes prefeituras tambm criassem fundos que os liberassem do compromisso de gastar boa parte do oramento com o pagamento de aposentadorias. Sobraria mais dinheiro para educao, sade, saneamento, seguran-a e governadores e prefeitos ajudariam a construir um Brasil melhor para as prximas geraes.

    Suely CaldasJornalista e professora da PUC-Rio

    Dficit chega a

    R$ 60bilhespor ano

    Este o montante que o governo federal gastou em 2011 para

    custear a previdncia dos servidores da administrao

    pblica federal. Valor dobrou em dez anos - era R$ 29,5 bilhes

    Publicado no jornal O Estado de S.Paulo no dia 01.04.2012

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    Cinco milhes de servidores pblicos da ativa, dois milhes de aposentados e 645 mil pen-sionistas em todo o Pas dependem atualmen-te dos Regimes Prprios de Previdncia Social (RPPS), criados pelos municpios brasileiros, para ter um futuro tranquilo. Hoje, 1.957 mu-nicpios j adotaram o sistema, com o objetivo de garantir a proteo previdenciria aos seus servidores pblicos. Eles esto presentes nas esferas municipal, estadual e federal e abran-gem os trs poderes: Legislativo, Executivo e Judicirio.

    Juntos, os regimes prprios possuem atualmen-te um patrimnio de mais de R$ 156 bilhes, com investimentos de R$ 54 bilhes no merca-do financeiro, ajudando a fortalecer a economia brasileira. A tendncia de que esse volume au-mente ainda mais nos prximos anos, diante da adeso cada vez maior dos municpios ao siste-ma e da gesto responsvel dos fundos.

    Para o secretrio de Polticas de Previdncia Social do Ministrio da Previdncia Social, Leonardo Rolim, o setor atravessa uma fase de

    REGIMES PRPRIOS

    Municpios investem na proteo de servidores

    Atualmente 1.957 administraes j adotaram o sistema, com o objetivo de garantir a proteo previdenciria aos seus servidores pblicos. Mostramos aqui dois exemplos de boa gesto: So Jos dos Campos (SP) e Doutor Severiano (RN)

    Servidores que trabalham para tornar o regime prprio de So Jos dos Campos referncia nacional

    Caro

    l Tom

    ba/P

    MSJ

    C

  • 23

    mudanas, entre um passado difcil e um futu-ro desafiador O RPPS no passado foi sinnimo de m gesto, de m aplicao dos recursos. Isso inclusive, em alguns municpios, criou uma imagem muito negativa para o RPPS, ningum queria ouvir falar, ressalta Rolim.

    Mas, para ele, isso era uma realidade anterior Lei 9.717, de 1998, que estruturou os RPPS no Brasil Posteriormente, a partir de 2004, o Ministrio da Previdncia Social tambm pas-sou a ter uma atuao mais forte na fiscalizao, com a criao do Certificado de Regularidade Previdenciria, aponta.

    Essa maior profissionalizao e gesto respon-svel dos recursos por parte dos municpios tm garantido a credibilidade do sistema e a tran-qilidade dos participantes dos RPPS, tanto os servidores que esto na ativa quanto os que j

    se beneficiam do sistema. Tanto nos municpios de grande porte quanto nos pequenos.

    Esta edio da Previdncia Social traz dois exemplos de boa gesto dos regimes prprios: um grande municpio, So Jos dos Campos, lo-calizado na regio do Vale do Paraba, no estado de So Paulo, e o pequeno Doutor Severiano, no agreste do Rio Grande do Norte. Enquanto no primeiro o RPPS conta com a participao de 10.937 servidores do Executivo e do Legislativo municipal e um patrimnio de R$ 1,4 bilho, no segundo h a participao de 251 servido-res efetivos da ativa e 13 aposentados, com um patrimnio de R$ 2,8 milhes. Em comum, os dois se destacam por uma administrao sli-da e competente dos recursos arrecadados, um modelo de gesto em regime pblico de pre-vidncia municipal, servindo de exemplo para outros municpios.

    Prdio onde funciona o Instituto de Previdncia do Servidor Municipal de So Jos dos Campos

    Caro

    l Tom

    ba/P

    MSJ

    C

  • 24

    REGIMES PRPRIOS

    IncentivoAo mesmo tempo em que acompanha a ges-to dos RPPS existentes e auxilia na busca pelo equilbrio financeiro, o Ministrio da Previdncia Social vem incentivando a criao de mais RPPS. Para o secretrio Leonardo Rolim, a grande im-portncia na criao de novos regimes que de um lado isso vai trazer maior sade financeira para os municpios.

    Os municpios hoje esto com um comprome-timento muito grande das suas receitas com a Previdncia, no por acaso as dvidas municipais com o Regime Geral de Previdncia Social tm crescido muito nos ltimos anos, afirma Rolim.

    De outro lado, novos RPPS criam uma capitaliza-o que gera aumento de poupana pblica. Isso algo importante para o Pas. O modelo brasileiro de crescimen-to econmico com distribuio de renda tem sido um exemplo a nvel mundial, mas ao mesmo tempo, para garantir a sustenta-bilidade futura deste modelo, preciso, segundo o secretrio, atacar um dos problemas que o Brasil ainda tem: o envelheci-mento da populao.

    O risco previdencirio, com o envelhecimento da populao, no para agora, mas daqui a duas trs dcadas vamos ter alguns problemas, com o aumento das despesas da Previdncia, ressalta. O sistema de capitalizao dos RPPS garante um sistema equilibrado sem dficit no futuro. Contribui hoje, acumula esse recurso e paga no futuro sem gerar necessidade de finan-ciamento, sem gerar problemas de sustentabili-dade da Previdncia, completa o secretrio.

    Tamanho no documentoMunicpios de qualquer tamanho podem ter um regime prprio de previdncia. O que deve variar a estrutura da gesto dos recursos. Um municpio pequeno no precisa criar uma

    autarquia, pode criar apenas um fundo e utilizar uma equipe pequena para gerir esses recursos, dentro da prpria secretaria de recursos huma-nos, como uma diviso, uma estrutura enxuta, para evitar gastos com a administrao.

    Ns temos exemplos de vrios pequenos mu-nicpios que tm um RPPS que modelo a nvel nacional. Um exemplo no Estado do Rio Grande do Norte o municpio de Doutor Severiano, que bem pequeno mas avaliado como sendo o melhor RPPS do Estado, afirma o secretrio Leonardo Rolim.

    Em Doutor Severiano a Previdncia vai muito bem. So 251 servidores efetivos na ativa (fo-lha mensal de R$ 250 mil em mdia, o que gera uma contribuio mensal mdia de R$ 55 mil); e 13 aposentados (folha mensal de R$ 14 mil em mdia). Com uma estrutura simples, o RPPS do

    municpio j possui um patri-mnio de R$ 2,8 milhes.

    Para os pequenos municpios o MPS vem estimulando tam-bm a criao de consrcios de gesto. No consrcio, peque-nos municpios se renem para ter uma gesto nica, cada um permanece com seu fundo prprio, ou seja, no se mistu-

    ra o dinheiro de um municpio com o do outro. Com isso possvel ter uma estrutura profissio-nal maior, para dar apoio a todos estes munic-pios, dividindo os custos entre eles.

    J um municpio grande, com um patrimnio maior, vai precisar de uma estrutura de gesto maior. Ser necessria uma estrutura voltada para a legislao, outra para a rea jurdica, uma voltada rea de aplicao de recursos e ainda uma para o atendimento.

    Para os servidores, ter um regime prprio tam-bm uma grande vantagem. Isso porque no RPPS no h incidncia do fator previdencirio. Assim, ele poder ter um benefcio maior. Vale destacar que o teto remuneratrio do regime prprio de R$ 27.600, bem superior ao do regime geral, hoje em R$ 3.916. Outra vantagem poder acompa-nhar de perto a gesto da sua previdncia. Um futuro com recursos garantidos.

    Com uma estrutura

    simples, o RPPS de

    Doutor Severiano

    tem patrimnio alto

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    REGIMES PRPRIOS

    SO JOS DOS CAMPOS

    Um exemplo de boa gestoA regio de So Jos dos Campos (SP) conheci-da pelo forte setor industrial e por ser um centro de pesquisa e desenvolvimento tecnolgico. Na cidade est situado um dos parques tecnolgi-cos de maior destaque no Pas. Mas o que faz do municpio um destaque da Previdncia o fato de que a cidade considerada atualmente um modelo de gesto em regime pblico de previ-dncia municipal.

    Em So Jos dos Campos os quatro pilares pro-postos pelo Ministrio da Previdncia Social esto sendo cumpridas com muito rigor. Para o secret-rio de Polticas de Previdncia Social do Ministrio da Previdncia Social, Leonardo Rolim, a cidade um grande exemplo de sucesso devido ao foco na gesto. So Jos dos Campos uma cidade grande, mas nem de longe a maior cidade do Pas. No entanto, a cidade que tem hoje o maior patrimnio em RPPS. O que chama ateno que o regime no novo e, mesmo naquele perodo em que no havia um controle to bom quanto o atual, o municpio sempre teve uma boa gesto. um modelo, tanto em gesto financeira, como em gesto de pessoas, destaca Rolim.

    A reportagem da Previdncia Social foi at o mu-nicpio para conferir esses predicativos. O superin-tendente do Instituto de Previdncia do Servidor Municipal de So Jos dos Campos (IPSM), Oilze dos Santos, d o tom da boa gesto: ele no acredita em frmulas mgicas, mas sim em uma gesto responsvel. Na gesto do RPPS no h muito que se inventar. Para ter uma previdncia saudvel para os servidores e para o municpio, o segredo que temos aplicado aqui fazer o dever de casa. Isso envolve agir com responsabilidade

    diante das arrecadaes e cumprir as orientaes do Ministrio, aponta Santos.

    O IPSM, apesar de ser atualmente um exemplo de gesto, possui uma equipe enxuta para adminis-trar o sistema de previdncia do municpio. O ins-tituto conta com uma equipe de dez servidores e o apoio de alguns estagirios. Apesar de peque-na, a equipe atua de forma integrada e tem um foco especial no desenvolvimento das atividades e no cumprimento de metas. O IPSM tem apenas duas diretorias: Financeira e Benefcios e dispo-nibiliza aos segurados, alm das convencionais aposentadorias e penses, uma gama extensa de benefcios, como auxlio-doena, salrio-mater-nidade e at mesmo auxlio-funeral.

    Apesar de contar com uma equipe pequena, a massa segurada da cidade grande. So aproxi-madamente 8 mil servidores na ativa e 3 mil inati-vos entre servidores do Executivo e do Legislativo municipal, totalizando 10.937 participantes. No final de 2011 o patrimnio do municpio chegou a R$ 1,4 bilho. A evoluo do patrimnio indica os acertos nas aplicaes financeiras feitas pelo instituto. No ano 2000, por exemplo, o patrimnio era de apenas R$ 173 milhes.

    Investimentos concentradosO diretor financeiro, Iwao Kikko, afirma que o IPSM fez a opo por investir apenas nos maiores bancos do Pas. Atualmente so seis instituies bancrias (Banco do Brasil, Ita, Caixa Econmica, Bradesco, Santander e HSBC) de primeira linha no mercado. A opo resultado da preocupa-o com a segurana dos investimento. Por uma questo de garantia e segurana ns implemen-tamos uma resoluo determinando que s ira-mos realizar aplicaes nestes bancos. Isso consta da nossa poltica de investimentos, informa Kikko.

    No instituto 96% dos recursos esto aplicados em renda fixa. o feijo com arroz. Ns quere-mos fazer as coisas da forma mais simples pos-svel, sempre seguindo o princpio da segurana do dinheiro dos segurados, em segundo lugar a rentabilidade e os demais valores que as re-solues do MPS exigem da gente: solvncia,

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    REGIMES PRPRIOS

    transparncia e liquidez, declara o diretor financeiro.

    O secretrio do MPS, Leonardo Rolim, avalia positivamente as escolhas financeiras do ins-tituto. As aplicaes que eles tm so todas adequadas, dentro das orientaes que o Ministrio faz, ressalta.

    Para o prefeito do municpio, Eduardo Cury, o carter conservador das aplicaes deve ser preservado em So Jos dos Campos. O nosso instituto tem uma grande tradio de ser conservador e ns achamos que tem que ser assim mesmo. Os gestores no esto l para ganhar mrito por terem arriscado bem na bolsa ou no e sim para garantir melhor o futuro dos nossos servidores. Por isso, mesmo na poca de turbulncia dos regimes prprios de previdncia, o nosso instituto sobreviveu muito bem, destaca Cury.

    O prefeito Eduardo Cury destaca a boa gesto do IPSM, que exemplo

    Um grande diferencial do regime prprio de previdncia de So Jos dos Campos a existncia e o funcionamento ativo dos conselhos. No Instituto de Previdncia do Servidor Municipal so dois: o Conselho Administrativo e o Conselho Fiscal. O Fiscal composto por servidores da ativa indicados pela prefeitura: o presidente, que contador, e dois membros. Eles discutem a cada dois meses as aplicaes, notas e compras e principalmente focado na contabilidade.

    No IPSM existe ainda um comit de inves-timentos, formado pelo superintendente, Oilze Santos, pelo diretor financeiro, Iawo Kiko, e pela diretora de benefcios, Maria Helena Diniz. A este comit competem analisar as possibilidades de investimentos e deliberar sobre as aplicaes financeiras do instituto.

    Para o superintendente, esta previso regi-mental torna mais segura a tomada de deci-so independente das possveis mudanas nos cargos O fato de ningum poder deci-dir sozinho em que instituies do mercado financeiro aplicar os recursos dos segura-dos traz uma proteo a mais para os servi-dores e tambm para ns gestores, aponta Oilze Santos.

    O Conselho Administrativo, principal instn-cia dentro do IPSM, envolve representaes dos servidores, da prefeitura e de entidades representativas do funcionalismo pblico e dos aposentados. So 13 membros que

    Participao ativa dos servidores

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    REGIMES PRPRIOS

    se renem mensalmente. Alm de fiscalizar as atividades do IPSM, o conselho decide tam-bm sobre aplicaes, mudanas estatutrias e quaisquer aes que impactem no oramento do instituto.

    Muitas vezes deixamos de comprar determi-nado bem ou realizar determinada operao porque o conselho no concordava, eles so crticos. Acredito que este carter democrtico seja muito saudvel para a gesto. O Conselho Administrativo deve sempre ser ouvido e parti-cipar ativamente da vida do instituto, destaca o superintendente.

    O secretrio de Polticas de Previdncia Social, Leonardo Rolim, acredita que a ati-vidade do conselho diz muito sobre o RPPS. Quanto mais ativo o conselho, quanto mais ele conhece da previdncia e o servidor par-ticipa dele, mais garantias ns temos de que est sendo feita uma boa gesto. Sabemos que os recursos esto sendo bem aplicados e que os pagamentos futuros estaro garanti-dos, aponta Rolim.

    Para o superintendente do IPSM, Oilze Santos, outro diferencial que faz a gesto do RPPS de So Jos dos Campos funcionar to bem o apoio da administrao municipal. difcil fa-zer com que o regime funcione sem o apoio da prefeitura. Aqui em nosso municpio ns temos uma gesto responsvel, que apoia as decises do instituto e tem uma postura responsvel com relao ao repasse dos recursos arrecada-dos, destaca.

    O prefeito da cidade endossa o discurso. Confio bastante na gesto do instituto. Os servidores que trabalham l so muito com-prometidos e profissionais. A equipe tem uma cultura muito forte de tomar conta do dinheiro pblico, de defender os recursos dos servidores, s vezes eles impem sacrifcios a si mesmos para preservar esses recursos, aponta Cury.

    Acordo entre geraesO sistema de previdncia tem por princpio a solidariedade entre as geraes. Uma ge-rao trabalha e contribui enquanto a outra colhe os frutos do seu perodo laborativo. Para manter o equilbrio nesta relao, Oilze dos Santos, superintendente do Instituto de Previdncia do Servidor Municipal de So Jos dos Campos, acredita que fundamental contar com o apoio do gestor municipal. Aqui no nosso municpio, a prefeitura se mostra permanentemente atenta vida institucional do seu RPPS, promovendo, sempre que neces-srio, as adequaes para a preservao do equilbrio entre o que se arrecada e o que se gasta, enfatiza Oilze Santos, mostrando que esse equilbrio fundamental para a credi-bilidade do fundo e a renda futura dos seus participantes.

    Recentemente a prefeitura enviou Cmara Municipal o projeto de lei do novo plano de custeio do RPPS, que j foi convertido em lei. Com as novas regras foi introduzido o sistema de segregao de massa, com dois grupos de segurados. O Grupo I conta com aqueles que ingressaram no quadro funcional at 31 de de-zembro de 2011 e o Grupo II admite os ingres-sos a partir de 1 de janeiro de 2012.

    Com a nova lei a situao entre receitas e despesas ficar equilibrada de forma cons-tante, porque toda vez que o valor do repasse da contribuio previdenciria for insuficien-te para honrar o pagamento dos benefcios de uma forma geral, a prefeitura repassa a di-ferena ao instituto, explica Oilze dos Santos. A poltica de segregao de massa funda-mental para manter o equilbrio financeiro e atuarial dos Regimes Prprios de Previdncia Social. O Ministrio da Previdncia j deter-mina a segregao a todos os entes com re-gime prprio.

  • Garantia de velhice tranquilaA sade fi nanceira do RPPS fundamental, j que preserva e fortalece o pacto entre as ge-raes. Cleonice Maia e Ldia Cavalcante que o digam. As duas so servidoras da Prefeitura de So Jos dos Campos e consideram a previdn-cia como algo fundamental em suas vidas.

    Cleonice ingressou no servio pblico com ape-nas 15 anos, em 1979, graas a um apelo de sua me ao prefeito da poca Ns viemos de uma localidade chamada So Francisco Xavier, onde trabalhvamos na roa. Apesar de considerar este lugar um mundo encantado da minha infncia, l no havia muito estudo. Minha me queria que os fi lhos estudassem e tivessem melhores condi-es de trabalho, com segurana, conta Cleonice.

    Para ela, a previdncia fundamental Eu fi co muito tranquila em saber que, depois de todas as difi culdades que enfrentamos na vida, eu te-nho hoje a proteo previdenciria, uma velhice segura, e se algo me acontecer meus fi lhos tam-bm estaro protegidos, ressalta.

    Ldia tambm comeou a trabalhar cedo na prefeitura. Com apenas 17 anos ela ingressou no servio pblico, como estagiria do curso de economia. Apaixonada pelo servio pblico, de l para c fez carreira na Secretaria de Fazenda do municpio e se aposentou como servidora da Secretaria de Sade, onde foi convidada para

    ocupar um cargo. A pessoa que no conhece o servio pblico tem uma imagem totalmente distorcida e no imagina o quanto gratifi can-te, afi rma Ldia.

    Aposentada desde 1998, Ldia nem imagina sua vida sem a segurana que as contribuies pre-videncirias lhe garantiram A previdncia para mim uma segurana, uma garantia de que o trabalhador no vai fi car deriva no momento em que mais precisa, que a velhice. de fato um alento, completa.

    HomenagensA preparao para a aposentadoria fundamen-tal para encarar este momento de forma positiva, como uma nova fase da vida, cheia de possibili-dades. Em So Jos dos Campos, como em outros RPPS, existe um programa de acompanhamento que envolve um trabalho de pr-aposentadoria e cerimnia solene para os recm-aposentados. O evento conta com a participao do instituto e da prefeitura do municpio.

    Para o prefeito Eduardo Cury, o programa fun-damental. Ns homenageamos o servidor que se aposenta em um coquetel para ele e sua fam-lia, com entrega de um certifi cado. Na cerimnia convidamos o servidor aposentado a continuar participando do cotidiano da administrao p-blica para que a transio se d de forma tran-quila. No seria justo para o servidor que no dia seguinte ele acordasse e sua vida mudasse de forma muito radical, ressalta o administrador.

    REGIMES PRPRIOS

    Cleonice Maia e Ldia Cavalcante conversam sobre o futuro: encontro de duas geraes

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    Oilze dos Santos Filho, superintendente do IPSM de So Jos dos Campos

    Eu me formei em Contabilidade e em Direito e sou ps-graduado em Gesto de Cidades. Entrei na prefeitura em 1969 e atuei em diversas reas no servio pblico. Fui convidado pelo prefeito Eduardo Cury para chefiar o IPSM, onde j tinha sido conselheiro e presidente do conselho duas vezes. Para mim o sucesso do nosso instituto vem da coeso da equipe e do nvel de capacitao, essencial para fazer uma gesto eficaz, focada no servidor e nos resultados previdencirios. Nossa equipe de ponta, altamente capacitada e ns temos todo o suporte para fazer uma boa gesto. A prefeitura tambm nos cobra muito e se preo-cupa com a gesto previdenciria.

    Maria Helena Diniz de Andrade Carvalho, diretora de Benefcios do IPSM

    Entrei no Instituto de Previdncia do Servidor Municipal em 1991 e permaneci at 2003, com uma mudana de gesto municipal. Fui chamada a retornar em 2007. Para mim, o que faz a diferen-a em nosso instituto que a gesto do patrim-nio composta por pessoas de muita responsa-bilidade, tanto na Diretoria de Benefcios quanto nas demais, o natural aqui dar o mximo de si.

    Iwao Kikko, diretor Financeiro do IPSM

    Eu estou neste cargo no IPSM desde 2006. Fui convidado para vir para o instituto para que crias-se regras que garantissem transparncia e segu-rana nos investimentos. E foi o que eu fiz. Hoje ns temos o Comit de Investimento, em que mo-vimentaes financeiras no podem ser decidi-das isoladamente. Alm disso ns registramos as decises do comit em ata, o que garante trans-parncia. No setor financeiro, acho que a qualida-de do trabalho do IPSM fruto do foco nos bons produtos disponveis.

    REGIMES PRPRIOS

    O QUE ELES DISSERAMOs administradores

    do instituto de

    So Jos Campos

    mostram a receita

    do seu sucesso

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    Evoluo para o equilbrio das contasO Ministrio da Previdncia Social divulgou recentemente um artigo abor-dando a evoluo dos regimes prprios. No estudo, o autor, Narlon Gutierre, auditor-fi scal da Receita Federal do Brasil, em exerccio no ministrio, explica a origem do desequilbrio nas contas.

    Gutierre detalha trs perodos histricos: o primeiro; anterior Constituio de 1988, no qual os regimes prprios destinavam-se apenas a determinada parce-la dos servidores. A passagem para a inatividade assegurava a aposentadoria. No havia regras para assegurar o equilbrio das contas. O segundo perodo veio com a Constituio de 1988, que resultou em rpida expanso dos regi-mes prprios. Finalmente, o terceiro perodo, que se desenvolveu a partir da re-forma de 1998 e trouxe novas regras, como a exigncia do carter contributivo do regime e o equilbrio fi nanceiro e atuarial do sistema.

    O autor mostra como essa estabilidade passou a ser vista como poltica pblica e explica que quando esse equilbrio foi estabelecido de forma explcita como princpio constitucional, no fi nal de 1998, a maioria dos RPPS j existia e estava em situao de desequilbrio estrutural crnico.

    Construir o equilbrio no foi apenas uma diretriz inovadora a ser observa-da pelos RPPS que viessem a ser institudos, mas tarefa muito mais complexa, que implica desconstruir modelos e estruturas erroneamente consolidados h anos ou dcadas, afi rma Gutierre.

    O estudo traz, ainda, mecanismos essenciais para se atingir o objetivo de cons-truir regimes de previdncia equilibrados para os servidores pblicos. O autor aborda quatro reas de atuao: equacionamento do dfi cit atuarial passado, regularidade no repasse das contribuies, poltica de investimentos e gesto dos benefcios. Para se atingir estes quatro pilares preciso estar atento ao conceito de gesto.

    Melhoria da gestoO Departamento dos Regimes de Previdncia no Servio Pblico (DRPSP) tem focado sua atuao na melhoria da gesto dos regimes prprios. O departa-mento acredita que as alteraes introduzidas pelas Emendas Constitucionais, promulgadas a partir de 2003, resolvem, no mdio e longo prazos, a questo do passivo previdencirio. Nas emendas foram introduzidos, por exemplo, cri-trios atuariais no clculo do benefi cio previdencirio dos servidores pblicos, at ento inexistentes.

    REGIMES PRPRIOS

    O Ministrio da Previdncia Social divulgou recentemente um artigo abor-dando a evoluo dos regimes prprios. No estudo, o autor, Narlon Gutierre, auditor-fi scal da Receita Federal do Brasil, em exerccio no ministrio, explica a origem do desequilbrio nas contas.

    Gutierre detalha trs perodos histricos: o primeiro; anterior Constituio de 1988, no qual os regimes prprios destinavam-se apenas a determinada parce-la dos servidores. A passagem para a inatividade assegurava a aposentadoria. No havia regras para assegurar o equilbrio das contas. O segundo perodo veio com a Constituio de 1988, que resultou em rpida expanso dos regi-mes prprios. Finalmente, o terceiro perodo, que se desenvolveu a partir da re-forma de 1998 e trouxe novas regras, como a exigncia do carter contributivo do regime e o equilbrio fi nanceiro e atuarial do sistema.

    da pelos RPPS que viessem a ser institudos, mas tarefa muito mais complexa, que implica desconstruir modelos e estruturas erroneamente consolidados h

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    Neste sentido, as aes de superviso, orientao e regulamentao do DRPSP esto orientadas para a capacitao dos gestores previdencirios; exigncia do re-passe integral das contribuies previdencirias; superviso dos clculos atuariais realizados pelos RPPS; utilizao de sistemas gerenciais informatizados que possi-bilitem a melhoria da gesto, como SIPREV-gesto; e aperfeioamento dos crit-rios exigidos para a liberao do Certificado de Regularidade Previdenciria (CRP).

    No ano passado, em razo da Resoluo 3.922/2010, do Conselho Monetrio Nacional, houve evoluo em termos de possibilidade das aplicaes financei-ras dos regimes prprios. Segundo as determinaes do CMN, as aplicaes de-vem buscar segmentos com baixo risco.

    O DRPSP tambm desenvolveu, em 2011, novos formulrios para a superviso dos regimes prprios.

    Por determinao do

    CMN, as aplicaes

    dos fundos devem

    buscar segmentos

    de baixo risco

    Os passos para criao de um regime prprio Ao decidir criar um regime prprio para atender aos servidores pblicos de seu municpio, as prefeituras precisam:

    1. Realizar avaliao atuarial com a finalidade de mensurar o plano de benefcios e estruturar compatvel plano de custeio, com a definio de alquotas, necessidades de outros aportes para a promoo do equilbrio financeiro e atuarial, verificao dos impactos oramentrios e financeiros nas contas do Tesouro e limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, possibilitar a busca de alternativas de financiamento no necessariamente s por alquotas e aportes de outros ativos compatveis com o art. 249 da Constituio Federal;

    2. Enviar um projeto de lei Cmara Municipal criando o regime prprio de previdncia social para o seu municpio. O modelo do projeto de lei est disponvel no site da Previdncia Social, no link: www.previdencia.gov.br

    3. No texto esto contidos os princpios de funcionamento do RPPS, para assegurar os direitos dos segurados e de seus dependentes, garantindo meios de subsistncia nos eventos de invalidez, doena, acidente em servio, idade avanada, recluso e morte;

    4. Criar administrativamente uma Unidade Gestora responsvel exclusiva-mente pelo RPPS - pode ser apenas uma unidade administrativa dentro de uma secretaria, por exemplo, desde que tenha CNPJ prprio, contabilidade conforme plano de contas definido pelo MPS, vinculao do patrimnio a finalidade previdenciria, na linha do que ensina o art. 71 da Lei 4.320/64.

    5. Garantir transparncia e gesto responsvel dos recursos financeiros. Por isso, muito importante a indicao de gestores com perfis, for-mao e conhecimentos adequados, alm da promoo de sua capacitao e qualificao.

    REGIMES PRPRIOS

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    A Previdncia Social desenvolveu um siste-ma para facilitar a gesto das informaes so-bre servidores pblicos ativos, aposentados e pensionistas. Agora, os estados e municpios brasileiros que possuem regime prprio de Previdncia no precisam mais contratar servi-os privados para fazer a gesto dos dados de seus servidores.

    O sistema foi batizado de Sistema dos Regimes Prprios de Previdncia Social (SRPPS) e composto pelo software (Siprev/Gesto), por banco de dados nacional (CNIS/RPPS) e pelos relatrios de gesto chamados de Informes de

    Previdncia. O software Siprev/Gesto pblico e permite coletar as informaes sobre os servi-dores, valid-las e gerar arquivo com dados de cada servidor e seus dependentes. O programa garante economia na taxa de administrao dos dados pelos entes federativos.

    De acordo com o secretrio de Polticas de Previdncia Social do Ministrio da Previdncia Social (MPS), Leonardo Rolim, o sistema um avano e facilita a vida dos municpios. um grande benefcio para os municpios brasileiros, principalmente para os menores, que tinham muita dificuldade em gerir os seus recursos

    REGIMES PRPRIOS

    Software distribudo gratuitamente pelo Ministrio da Previdncia e beneficia principalmente municpios mais carentes

    Sistema facilita gesto

    As prefeituras tm utilizado os recursos disponibilizados pelo ministrio para administrar os seus institutos

    Nic

    olas

    Gom

    es

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    humanos, e geralmente tinham que contratar consultorias que cobravam custos elevados para o seu oramento, afi rmou Rolim.

    O Siprev/Gesto foi criado em plataforma de software livre, inteiramente gratuito e pode ser adquirido por meio da internet. O sistema pos-sibilita ainda a assimilao de novas funcionali-dades a partir das necessidades de cada munic-pio. O Ministrio da Previdncia Social promove, alm do treinamento na modalidade on-line, cursos presenciais para os profi ssionais que iro utilizar o software nos fundos previdencirios.

    Fortaleza (CE) foi a primeira cidade brasileira a realizar o censo previdencirio dos servidores pblicos por meio do Siprev/Gesto. O MPS est acompa-nhando cada passo da implan-tao do sistema. Tcnicos do MPS treinaram servidores da prefeitura de Fortaleza. O mu-nicpio de Macei (AL) tambm tem sido modelo na imple-mentao das ferramentas.

    Alm de atualizarmos o cadas-tro, iremos estreitar o relacio-namento com os nossos servi-dores, afi rmou o secretrio de Administrao de Fortaleza, Vaunik Ribeiro. Para ele, alm de poupar recursos, o Siprev/Gesto ir facilitar o trabalho de recadastramento. A prefei-tura de Fortaleza conta com 35 mil servidores ati-vos e a atualizao do cadastro poder ser feita pelo prprio servidor, em seu local de trabalho.

    Alm do banco de dados com o cadastro de da-dos pessoais e funcionais (carreira, cargo, rgo de lotao, jornada de trabalho, dados previ-dencirios e fi nanceiros) e da emisso de certi-do de tempo de contribuio, o Siprev/Gesto

    possui diversos aplicativos e funcionalidades que iro auxiliar os gestores de regimes prprios de previdncia, como censo previdencirio, fo-lha de pagamento, simulao de benefcios, gesto atuarial e gesto contbil, entre outras funes disponveis.

    ControleOs dados organizados pelo uso do Siprev/Gesto so en-viados para o CNIS/RPPS, um grande banco de dados dos servidores pblicos de todo o Pas. A grande vantagem do CNIS/RPPS evitar fraudes por meio de controle efi caz dessas informaes, inclusive com o cruzamento desse arquivo com o CNIS do Regime Geral e de

    outros Regimes Prprios.

    Essas informaes retornam para o RPPS como relatrios chamados de Informes de Previdncia. Os informes trazem dados que iro auxiliar os gestores municipais na formulao de polticas adequadas. Com a entrada dos regimes prprios na base do CNIS/RPPS, ser possvel reduzir os casos de fraude e de duplicidade de benefcios, alm de resolver problemas relativos a teto re-muneratrio, dentre outros assuntos, destaca o secretrio Leonardo Rolim.

    A grande vantagem

    do CNIS/RPPS

    evitar fraudes,

    por meio do

    controle efi caz das

    informaes

    humanos, e geralmente tinham que contratar consultorias que cobravam custos elevados

    possui diversos aplicativos e funcionalidades

    O Siprev/Gesto foi criado em plataforma de software livre, inteiramente gratuito e pode ser adquirido por meio da internet. O sistema pos-sibilita ainda a assimilao de novas funcionali-dades a partir das necessidades de cada munic-pio. O Ministrio da Previdncia Social promove, possui diversos aplicativos e funcionalidades

    PARA ACESSAR - Qualquer estado

    ou municpio que possua RPPS j

    pode utilizar o Siprev/Gesto. Basta

    acessar o Portal do Software Pblico

    Brasileiro (www.softwarepblico.

    gov.br) por meio da Comunidade

    Siprev, em que se encontram todas as orientaes necessrias

    para a utilizao do sistema.

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    No perodo de estiagem durante os meses de vero os moradores de Oiapoque (AP), no ex-tremo norte do Pas, gastavam cerca de cinco horas, de nibus, para acessar os servios pre-videncirios na Agncia da Previdncia Social (APS) mais prxima, na cidade de Amap (AP), distante 300 quilmetros.

    Para essa populao, chegar quele municpio no inverno perodo em que as chuvas pratica-mente destroem as estradas de terra se torna-va mais complicado ainda: o tempo de desloca-mento aumentava para aproximadamente oito horas. Com a inaugurao da APS de Oiapoque, a necessidade desse tipo de viagem acabou.

    A agncia integra o Plano de Expanso da Rede de Atendimento (PEX), que j beneficiou 147 municpios brasileiros. Essas novas APS j che-garam a cidades de 23 estados: Alagoas, Amap, Amazonas, Bahia, Cear, Gois, Esprito Santo, Maranho, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paran, Paraba, Piau, Rondnia, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe, So

    PLANO DE EXPANSO

    Previdncia mais perto de voc

    Novas agncias facilitam o atendimento do segurado. Previso que sejam instaladas unidades em mais de 500 municpios brasileiros

    A agncia de Porto Grande (AP) facilita o atendimento aos segurados (no alto). Expanso chega aos lugares isolados

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    Paulo e Tocantins. A previso que sejam instala-das unidades em mais 573 municpios brasileiros.

    Com a ampliao, os segurados no precisam mais percorrer longas distncias em busca de atendimento. Eles so atendidos em ambientes confortveis, modernos e seguros. As agncias contam com dispositivos de segurana e tm acesso faci-litado para idosos e pessoas portadoras de necessidades especiais.

    Cidades com mais de 20 mil ha-bitantes onde no h agncia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que disponha de todos os servios foram es-colhidas para receber as novas agncias do Plano de Expanso.

    Estou muito feliz em contar com essa agncia pertinho de casa. Antes, tnhamos, frequen-temente, que se deslocar de carro at Macap para ter acesso Previdncia. Precisvamos gastar nosso dinheiro da aposen-tadoria com o transporte, lembra a aposentada Maria Palheta, de 78 anos, moradora do muni-cpio de Porto Grande, outra APS inaugurada no Amap. Antes da construo da agncia, os segurados precisavam se deslocar mais 100 qui-lmetros, at a capital do estado, para ter acesso aos servios previdencirios.

    EmendasUma ao que alavancou o projeto de constru-o de novas APS nos municpios mais distan-tes foi promovida pelo ministro da Previdncia Social, Garibaldi Alves, junto a deputados e senadores. Ele solicitou aos parlamentares a

    destinao de recursos de emendas individuais para a construo de novas agncias.

    O valor total das emendas destinadas cons-truo de APS, apresentadas por deputados federais e senadores ao Oramento da Unio de 2012, chegou a R$ 59,8 milhes. Esses recur-

    sos, somados contrapartida do Ministrio da Previdncia, devem ser suficientes para a implantao de mais 180 uni-dades de atendimento do INSS neste ano.

    H uma previso de que ns venhamos a ter, at o final de 2014, mais 720 agncias da Previdncia Social. E este ano ns j estamos com cerca de 200 agncias em construo e reformas, destaca o ministro.

    Alm da expanso, toda a rede de atendimento existente est sendo recuperada para se ade-

    quar aos padres de conforto e segurana das novas agncias. Para expandir a rede, esto sen-do investidos R$ 616,5 milhes em todas as re-gies do Pas. Com as obras de recuperao das unidades que j existem, o total de investimento chega a R$ 1,1 bilho.

    AtendimentoPor meio de 1.277 unidades fixas do INSS so realizados, em mdia, quatro milhes de atendimentos presenciais por ms em todo o Brasil. Alm das agncias fixas, existem 178 PREVCidades (instaladas, preferencialmente, em municpios que no possuem APS) e cinco barcos, para aproximar a Previdncia Social de pessoas que moram em locais de difcil acesso.

    As emendas

    destinadas

    pelos deputados

    e senadores

    vo ajudar na

    implantao de 180

    unidades do INSS

    este ano no Pas

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    Presidenta elogia O avano na ampliao da rede de atendimen-to do INSS recebeu elogios da presidenta da Repblica, Dilma Rousseff . No Par, s vezes, uma pessoa tinha que se deslocar at 600 qui-lmetros para ir a um posto da Previdncia, que era o mais prximo. Para resolver esse proble-ma, vamos inaugurar mais 14 agncias no es-tado, adiantou Dilma no programa Caf com a Presidenta, no dia 30 de janeiro. Vamos abrir, at o fi nal deste ano, 182 novas agncias em todo o Pas, acrescentou.

    Na ocasio, a presidenta tambm elogiou a Sala de Monitoramento do INSS, ferramenta que possibilita a gesto dos servios oferecidos aos segurados da Previdncia Social. Por meio da sala, possvel visualizar a situao do atendi-mento em qualquer APS do Brasil.

    Por meio de computadores, ns comeamos a controlar o tempo que a pessoa fi ca na fi la de espera, o tempo que durou o atendimento ou

    se ela saiu com alguma coisa ainda por resol-ver, disse a presidenta. Se temos as informa-es, conseguimos no s acompanhar a solu-o dos problemas como tambm organizar o funcionamento de cada uma das agncias. E, como consequncia, melhorar todo o sistema da Previdncia Social.

    As informaes so dispostas em diversas telas, atualizadas a cada 15 minutos. Entre os indica-dores visualizados esto a quantidade de pes-soas esperando para serem atendidas, o tempo mdio de espera, a durao do atendimento no guich, o nmero de servidores nas unidades e de equipamentos disponveis.

    A presidenta determinou a criao de uma fora-tarefa para discutir a implantao do sistema de monitoramento em outros rgos. Vamos expandir esse sistema de acompa-nhamento para outros setores do governo como a rea da sade, para, principalmente, buscar um atendimento digno nos hospi-tais, nos postos de sade e nas Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, esclareceu. O grupo que integra a fora-tarefa forma-do, principalmente, por representantes do Ministrio da Previdncia Social, Ministrio do Planejamento e Casa Civil.

    Novos canais de comunicaoOs benefi cirios da Previdncia Social tm acesso a novos canais de comunicao, por meio do Portal da Previdncia na internet. Pelo endereo eletrnico www.previdencia.gov.br os segurados e pensionistas podem acessar alm das opes de servio, como consultas ao extrato previdencirio e requerimento do auxlio-doena o blog da Previdncia Social e a Rdio Web.

    A Rdio Web Previdncia Social oferece populao uma programao recheada de boa msica e notcias. J o blog funciona como complemento do site do Ministrio da Previdncia Social. Alm disso, fotos e vdeos podem ser compartilhados na rede social de preferncia dos leitores.

    Alm da rdio e do blog, os benefi cirios podem acessar o Twitter, pelo @Previdencia. Se precisar tirar alguma dvida, o Formspring tambm est disponvel por meio do endereo http://www.formspring.me/previdenciasocial, assim como o telefone da Central 135 e a Ouvidoria, por meio do www.previdencia.gov.br.

    PLANO DE EXPANSO

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    A poltica de melhoria no atendimento aos segurados da Previdncia ser reforada em breve com um contingente expressivo de novos servidores. Atualmente, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conta com mais de 37 mil servidores para realizar as atividades desempenhadas pela autarquia em todo o Pas. Esse nmero ser reforado com a presena de 1.875 novos servidores, aprovados no ltimo concurso realizado pelo instituto. So 1.500 tcnicos do seguro social e 375 mdicos peritos que vo trabalhar principal-mente nas Agncias de Previdncia Social (APS) que esto sendo instaladas em municpios com mais de 20 mil habitantes. Esses novos servidores vo atuar na atividade-fim da instituio, isto , no atendimento direto ao segurado.

    Os aprovados no ltimo concurso vo trabalhar nas novas Agncias de Previdncia Social. Foco a qualidade no atendimento ao cidado

    Novos servidores reforam atendimento

    Para o diretor de Gesto de Pessoas do INSS, Jos Nunes, a chegada dos novos servidores vai oxigenar a fora de trabalho nas novas Agncias de Previdncia Social

    PREVIDNCIA MAIS GIL

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    O jovem Vincius Duarte, de 19 anos, est entre os 1.500 aprovados para o car-go de tcnico do seguro social. Vinicius nasceu em Teresina (PI), mas j est com as malas prontas para vir morar em Braslia (DF) assim que for convoca-do. Aprovado em primeiro lugar para o curso de Geografia no vestibular da Universidade Federal do Piau (UFPI), ele preferiu adiar a graduao por uns tempos e garantir o seu posto de tcnico do seguro social na APS de Padre Bernardo (GO), cidade prxima capital federal.

    Vincius conta que sempre se identificou com a histria da Previdncia Social e por isso optou por participar da seleo. Alm da necessidade de ter um trabalho, escolhi fazer esse concurso porque admiro a misso institucional da Previdncia, conta. O rapaz acrescenta ainda que se sent