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Principios biblicos

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  • Copyright2010 porJoo Falco Sobrinho

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    A. D. Santos Editora

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    [email protected]

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    SOBRINHO, Joo Falco.

    PRINCPIOS BBLICOS DO DZIMO CRISTO Um novo enfoque

    de uma prtica antiga Joo Falco Sobrinho / Curitiba: A.D. SANTOS

    EDITORA, 2010. 120 pginas.

    ISBN 978.85.7459-210-7

    1. Estudos Bblicos 2. Interpretao Bblica

    3. Comentrios Bblicos

    CDD 220

    1 Edio: Abril / 2010 3000 exemplares.

    Proibida a reproduo total ou parcial,

    por quaisquer meios a no ser em citaes breves,

    com indicao da fonte.

    Edio e Distribuio:

    Capa:

    Igor BragaFoto:

    Website: WWW.SXC.HU

    Cdigo de imagem:

    743892_75346708

    User Name: Florant

    Fotografo: Lorant Fulop

    Cidade: Lutita Romnia

    Projeto grfico e editorao:

    Manoel Menezes

    Impresso e acabamento:

    Grfica Nova Letra

  • DEDICADO

    memria, saudade, ao reconhecimentode

    Oscar D. Martin Jr.

    Amigo, mestre inesquecvelna compreenso e ensino

    da Mordomia Crist.

    i.

  • ii.

  • PREFCIO

    Finalmente vemos realizado um sonho acalentado h muitosanos. Apesar de existirem vrias publicaes sobre o assunto enfo-cado, no entanto, nada to completo e promissor como o que agora apresentado.

    O Pr. Joo Falco Sobrinho considerado uma das maioresautoridades quando o assunto Mordomia. So vrias dcadas pre-gando, escrevendo, fazendo seminrios e ensinando em instituiesteolgicas.

    Enquanto muitos apregoam que o dzimo no bblico e que,inclusive, foi abolido por Jesus, somos confrontados com a veracidadedos ensinamentos bblicos e com a certeza de que, uma vez colocadosem prtica podero impactar e transformar nossas vidas.

    O que o diferencia das outras publicaes a abrangncia doestudo.

    O assunto dzimo. So 13 captulos que tratam dos seguintestemas: A Graa da Fidelidade, santidade de vida, prioridade dos valo-res espirituais, comunho, esperana, amor, liberdade, gratido e lou-vor, unidade da famlia, integridade, maturidade, a vontade de Deuse sabedoria e poder. Com a sabedoria que vem de anos de estudo econhecimento da Palavra de Deus um convite para retornarmos auma vida de santidade, de dedicao e, principalmente a experimen-tarmos a boa, perfeita e agradvel vontade do Pai Celeste.

    O povo cristo, bem como as instituies de ensino tem emmos, o mais completo compndio sobre dzimo e suas implicaesdoutrinrias.

    Indicado para edificao pessoal, escola bblica, instituies deensino; como material para sermes e discipulado.

    Pr. Adelson Damasceno Santos

    Editor

    iii.

  • iv.

  • SUMRIO

    Introduo 1

    1. A Graa da Fidelidade 9

    2. Santidade da vida 17

    3. Prioridade dos valores espirituais 25

    4. Comunho 33

    5. Esperana 41

    6. Amor 49

    7. Liberdade 57

    8. Gratido e Louvor 65

    9. Unidade da Famlia 73

    10. Integridade 81

    11. Maturidade 89

    12. A Vontade de Deus 97

    13. Sabedoria e Poder 105

    v.

  • vi.

  • INTRODUO

    o dzimo uma forma de contribuio crist? Teria passadopara a Igreja essa prtica do judasmo? Sabemos que os judeus, desdeAbrao (Gn 14.20) e Jac (Gn 28.22) ofereciam seus dzimos a Jeov.A lei mosaica regulamentou o dzimo como uma contribuio quevisava manter o culto e o sacerdcio. Os cultos sustentados pelos dzi-mos conservavam na alma do povo judeu a promessa da vinda doMessias. A vinda do Ungido era, sem dvida, a grande esperana queos judeus celebravam em seus rituais. Cada filho de Israel trazia comooferta ao Senhor o dzimo dos seus cereais, do seu gado e das suas ove-lhas. De cada dez cordeiros que nasciam no rebanho, um era esco-lhido e levado para ser oferecido. O cordeiro sacrificado comoholocausto pelo pecado (Lv 14.13), era uma celebrao de esperanana vinda do Cordeiro de Deus como profetizado por Isaas, que have-ria de tomar sobre si a culpa dos nossos pecados e as nossas dores:Como um cordeiro que levado para o matadouro e como a ovelha muda

    perante os seus tosquiadores, ele no abriu a sua boca (Is 53.7). Essa pro-fecia se cumpriu em Jesus, que foi apontado pelo profeta Joo comoO Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Pode-mos afirmar que os dzimos ofertados, em ltima instncia, eram dzi-mos para o Messias que havia de vir. Era a misso do povo de Israel sero canal para a vinda do Redentor ao mundo (Gn 12.3).

    Com a vinda do reino messinico, os sacrifcios de animais e oprprio sacerdcio foram abolidos, o que ficou explcito no momentoem que o vu do templo se rasgou de alto abaixo ao ser Jesus morto nacruz. O sacrifcio de Jesus foi nico, suficiente, eterno e universal(Hb 9.14).

    1.

  • Jesus se refere ao dzimo em uma clara aluso s ddivas que osfariseus praticavam, censurando-os por faz-lo sem as condies pr-vias indispensveis da f comprovada na justia e na misericrdia(Mt 23.23). Outra aluso de Jesus ao dzimo est na reprovao daatitude dos fariseus na parbola do fariseu e o publicano. O fariseudesvirtua a finalidade dos seus dzimos, oraes e jejuns, tomandoessas prticas como um motivo de soberba e de desprezo para com opublicano que est em p, l atrs contrito e cabisbaixo (Lc 18.11-13). Na discusso sobre sua misso, Jesus se declarou maior do que otemplo (Mt 12.6), portanto, maior do que o santurio que continhao altar e os dzimos. Porm, o dzimo, no foi abolido, mas redimensio-nado em seu significado e ampliado.

    A contribuio na Igreja crist no contabilizada pelo valorde dez por cento, mas pela generosidade que tudo pe sobre o altar.No Novo Testamento, no mencionado o dzimo, 10% da renda decada cristo, para o sustento da Igreja. O entendimento sobre o quan-tum da contribuio do Novo Testamento est exemplificado emAtos 4.32: Da multido dos que criam era um s o corao e uma s aalma, e ningum dizia que coisa alguma das que possua era sua prpria,

    mas todas as coisas lhes eram comuns. 100% dos coraes e 100% dosbens no altar! Totalidade de entrega! O Pastor presbiteriano JlioAndrade Ferreira diz, com pleno acerto: A graa da generosidade omeu dzimo! o dzimo cristo.1 O dzimo da lei, to rigorosa e atexageradamente praticado pelos escribas e fariseus, era 10% das ren-das como oferta a Deus. O dzimo cristo vai alm dos 10% e abrangea totalidade da renda e dos bens. Tudo o que eu entrego com amorpara o sustento da Igreja de Deus, o meu dzimo. Eu apenasdevolvo para Deus o que a Deus pertence. Mas tudo o que eu con-

    2.

    1 Este livro tambm poder ser usado para o estudo de um trimestre pela escola bblica, por umadeterminada organizao interna da Igreja ou pela prpria Igreja nos seus cultos doutrinrios.Adicionamos a cada captulo uma srie de textos bblicos que devero ser atentamente lidos paramaior fundamentao bblica da matria. Os textos bblicos sugeridos para cada captulopodero ser usados como leituras dirias.

  • servo em meu poder para o sustento da minha famlia, tambm per-tence a Deus porque eu perteno a Deus. Consideramos, por isso, odzimo de 10% como um referencial inicial da contribuio crist.O mnimo a que devem ser acrescentadas as ofertas para misses,para a ao social, para fins especficos visando o progresso do Reinode Deus.

    Em 2 Corntios 8.5 temos uma grfica ilustrao do que acontribuio crist. Paulo afirma que os crentes da Macednia nofizeram apenas uma generosa oferta, mas primeiramente a si mesmos sederam ao Senhor e a ns, pela vontade do Senhor, como estudaremos nocaptulo 10. Quem j se deu por inteiro ao Senhor, no vai ficarfazendo clculos percentuais para dar uma contribuio financeira.D pela graa, com amor, com generosidade porque a contribuiocrist oferecida ao Messias que j veio ao mundo demonstrar con-cretamente a graa de Deus.

    O Monte do Calvrio cumpre e d significado ao Monte Sinai.A tica do Calvrio d significado tica da lei. Cristo obedeceu ple-namente toda a lei. O dzimo do Novo Testamento realiza a espe-rana do dzimo do Velho Testamento e vai alm, comodemonstrao da graa. O dzimo da lei foi ultrapassado, foi cumpridocom a vinda de Jesus. Hoje vivemos sob a gide da graa.

    Desse modo, quando usamos a expresso dzimo cristo, noestamos pensando no percentual da lei, dez por cento, que o signifi-cado literal da palavra dzimo. Vamos alm da literalidade e entramosna esfera do Esprito. Para ns, dzimo um termo que abrange tudo oque o cristo oferece pela graa de Deus para a glria de Deus naextenso do seu Reino na terra.

    Quando dizemos que tomamos o dzimo literal de dez por centocomo referencial inicial do dzimo cristo, estamos afirmando duascoisas que desejamos fiquem bem claras.

    Primeira: Nenhum cristo pode deixar de oferecer a Deusmenos do que dez por cento das suas rendas. Sua justia tem que

    3.

  • exceder a justia dos escribas e fariseus, que limitavam o dzimo a essepercentual.

    A segunda verdade, luz de Atos 4.32. e 2 Corntios 8.2, quea marca da contribuio crist a generosidade da oferta, no umdeterminado percentual.

    Se voc entende que a contribuio decapercentual dos ricosfariseus no serve como exemplo por ser uma obrigao da lei, siga oexemplo da graa demonstrado pela viva pobre. No dizer de Jesus,ela depositou na arca dos dzimos tudo o que tinha, at o seu sustento.No 10, mas 100%! O contraste que se faz entre a graa e a lei estmais relacionado com as distores da lei criadas pelos fariseus, doque com o que est escrito na lei, nos salmos e nos profetas. O VelhoTestamento tem ricos ensinos sobre a graa. Em Jonas, vemos a graade Deus alcanando um povo gentio (Jn 4.10,11). A salvao pelagraa est expressa em Sofonias 3.17. A Verso Revisada traduz graapor benignidade e misericrdia, palavras que encontramos com oconceito cristo de graa em muitos salmos. Os fariseus deturparam adoutrina da graa e s se preocupavam com o cumprimento da lei.O viver pela graa dispensa o mrito humano e os fariseus, comorepetem os ramos do Cristianismo que ensinam a salvao pelasobras, preferiram confiar em seus prprios merecimentos a confiar nagraa de Deus, pois a graa impe um viver de santidade, que eles noestavam dispostos a seguir. O mau uso que os fariseus fizeram da obri-gao da lei em relao ao dzimo no deve inibir a generosidade doscristos em contribuir para o sustento e a expanso da Igreja.

    A ideia da retribuio de Deus aos fiis pela entrega dos dzimosprovm de uma compreenso amesquinhada de Malaquias 3.10.Deus no promete Maior abastana por causa da entrega dos dzi-mos, mas pela sua graa, como lemos no versculo seguinte: por amorde vs reprovarei o devorador e ele no destruir o fruto da vossa terra

    (V. 11). A abastana vir por causa do amor de Deus, no por causada entrega dos dzimos. O dzimo cristo encarado como graa, nocomo objeto de troca.

    4.

  • Se todos os cristos brasileiros entregassem a Deus 10% dassuas rendas, as igrejas teriam meios para comprar milhares de bbliaspara semear a Palavra de Deus no Brasil, para imprimir milhares delivros, treinar centenas de evangelistas, construir milhares de tem-plos, comprar centenas de horas e espao na mdia para fazer avanara evangelizao do Brasil e do mundo e teriam dinheiro para socorrermilhares de necessitados, dedicar verbas para recuperar milhares dedrogados, enfim, para que a sua presena no Brasil fizesse a diferena,para que o salvos deste pas fossem efetivamente sal da terra e luz domundo. Que dizer ento dos recursos que as igrejas teriam para inves-tir no Reino se os cristos praticassem o dzimo da generosidade?Numa hora de tremendos desafios, lamentamos a omisso da grandemaioria dos cristos evanglicos na prtica da contribuio para aexpanso do Reino de Jesus em nossa Ptria.

    A contribuio crist no uma questo de contabilidade, nemde disponibilidade, mas uma questo de espiritualidade, de piedadecrist verdadeira. Todos os avivamentos da histria, inclusive o maiorde todos, o de Pentecostes, tiveram como um dos resultados constan-tes, a generosidade em contribuir. O desapego dos bens terrenos proporcional busca dos valores transcendentes. Nossa orao porum verdadeiro, bblico e consequente avivamento espiritual entre oscristos brasileiros porque s assim veremos nossa ptria ganha paraCristo.

    Lembrando o que diz o Dr. Kendall no livro THINTING,minha esperana de convencer o leitor a se tornar um dizimista cristonos termos da definio aqui dada ao dzimo, baseia-se em trs pressu-postos:

    1) Voc nascido de novo.

    2) Como um cristo salvo pela graa de Jesus, voc realmenteest interessado em agradar ao seu Senhor.

    3) Voc cr que a Bblia a Palavra de Deus e deseja que suavida seja governada por ela.

    5.

  • Influenciadas pela herana espiritual da Igreja Catlica, quetem como fontes de receitas o pagamento das cerimnias encomen-dadas, a retribuio financeira pelas graas recebidas ou esperadas,as quermesses e os bazares, muitas igrejas evanglicas, talvez a maio-ria, lana mo de receitas alternativas, que desestimulam a prtica dodzimo cristo. O povo das igrejas no se d conta de que, ao comprarum prato de sopa de lentilhas com a inteno de colaborar no sus-tento dos projetos da Igreja, est, na verdade, vendendo o direito dasua primogenitura espiritual. minha convico que os cristo domais quando do pela graa, por amor, sem receber nenhum alimentoou objeto material em troca e que, com essa ddiva de amor, crescemespiritualmente. Nada contra as cantinas, os almoos e os chs missi-onrios, desde que no desestimulem a generosidade da contribuiovoluntria e sistemtica do dzimo cristo.

    O sustento e a expanso da Igreja devem depender somentedos dzimos e ofertas de amor e no de receitas outras para que, aocontriburem, os cristos cresam espiritualmente por se desapega-rem dos seus bens terrenos. E isso no teoria de gabinete. expe-rincia vivida. Quando assumi o pastorado da Igreja de Iraj, aquelaIgreja estava h mais de 20 anos tentando terminar o seu templodependendo de receitas alternativas. Feijoada, angu baiana, mun-gunz, jantares, tudo era permitido vender para levantar dinheiropara a construo, que se arrastava por mais de duas dcadas! Na pri-meira assemblia que presidi, desafiei a igreja a acabar com todas asreceitas alternativas e a depender da orao e dos dzimos e ofertasdesignadas para a construo. Em apenas dois anos (dois anos!), ina-uguramos o santurio. Refizemos a escadaria frontal, construmostoda a bancada, assentamos o piso em granitina, colocamos as jane-las, fizemos o rebaixamento de teto em gesso, colocamos luminrias,tapetes e cortinas sem fazer dvida alguma, sem falhar um ms sequerna contribuio para a Causa e sem deixar de levantar as ofertas mis-

    6.

  • sionrias. Tudo sem qualquer tipo de receita alm dos dzimos eofertas de amor. E tudo acompanhado com muita orao.

    A mesma experincia tivemos na igreja de Acari. Na Igreja daLiberdade, na Tijuca, na compra da casa ao lado do templo, nareforma e aumento do seu salo de cultos, tambm dispensamos qual-quer receita fora de dzimos e ofertas e vimos a Igreja crescer na suaespiritualidade. Quando voltei ao pastorado da Primeira de Iraj, aIgreja ampliou o santurio e construiu um anexo de trs andares emapenas dois anos, novamente sem fazer da casa do Senhor uma Casade Negcios, mas dependendo somente da orao, de dzimos e ofer-tas dos seus membros, sem deixar de contribuir para a denominao ede levantar as ofertas missionrias. O povo de Deus d mais, commaior alegria, quando d por amor. Faa a experincia e se sur-preenda com os resultados!

    A Igreja exerce uma influncia pedaggica muito forte sobre osseus membros. Se a Igreja procura resolver seus problemas pela ora-o, as famlias da Igreja tambm vo encarar suas dificuldades comodesafios orao e passaro a trabalhar mais na dependncia dopoder de Deus do que em seus prprios planos e esforos e obteromaiores vitrias. Lembro-me de certa vez quando a Igreja da Liber-dade estava orando com muito empenho e ajuntando dinheiro deofertas especiais para comprar a propriedade ao lado do templo.O proprietrio se negava a vend-la, por se tratar de uma relquia defamlia, mas Deus agiu e o prprio dono procurou um membro daIgreja para propor a venda. A Igreja conseguiu comprar a casa. Logoem seguida, uma famlia estava em dificuldade para legalizar a escri-tura do apartamento que havia comprado. O vendedor perdera acpia do contrato com a instituio credora. O pai manifestou suapreocupao e uma de suas filhas, de sete anos, olhou bem para ele edisse: Por que ns no oramos sobre isso? Deus no ouviu as oraesda Igreja? Ele vai nos ouvir tambm. A famlia trocou a ansiedadepela confiana em Deus em orao e em poucos dias o problema foi

    7.

  • resolvido. Alm da bno que foi a soluo do problema, aquelamenina e sua irm aprenderam, desde cedo, na prtica, que Deusouve a orao e isso foi uma grande bno em suas vidas. Se a Igreja,porm, confiar em seus prprios esforos, no estar ensinando obje-tivamente as famlias que a compe a buscarem o socorro do Senhorem orao a fim de vencer suas dificuldades e elas no crescero na f.A nica maneira de crescer na f pr a f em prtica!

    Depois de escrever trs livros Teologia da Mordomia Crist,Estou Convosco e Mordomia e Misses, alm de duas revistas Cresci-mento na Graa de Dar (Co-autoria) e Tudo Vosso, achei que tinhaesgotado o assunto. Alguns meses atrs, porm, a liderana da Igrejade Baro da Taquara, da qual sou membro, estava procurando umarevista de mordomia. Fui dormir com essa preocupao na cabea.Dormi e sonhei que estava escrevendo uma revista sobre o dzimocristo. Sonhando, dei o ttulo e esbocei treze captulos. No sonho,achei que a ideia era vlida. Acordei, levantei-me, fui para o compu-tador e coloquei tudo na mquina. A seguir, fui pesquisando e preen-chendo cada dia um pouco de cada captulo. Aqui est, portanto, oresultado de um sonho. Acordado, h muitos anos sonho em ver oscristos brasileiros conscientes de que so mordomos de Deus, consa-grando seus bens para a consolidao e a expanso do Reino de Deusem nossa Ptria. Ao meu encontro veio o meu particular amigo Pas-tor Adelson Damasceno Santos, a quem tive a bno de batizar emAcari e me pediu para escrever um livro sobre o dzimo para publicarpor sua editora. Sonho dele, sonho meu, o leitor tem em suas mosum livro que esperamos o ajude a refletir sobre a bno, a alegria depraticar o dzimo cristo.

    Joo Falco Sobrinho

    8.

  • A GRAA DAFIDELIDADE

    Textos bblicos sugeridos para este estudo

    2 Corntios 9.6-8; Gnesis 14.18-24; Gnesis 28.18-22;Salmos 40.8-12; Habacuque 3.17-19; Salmos 119-89-96; Salmos 34.1-9

    2 Corntios 9.6-8

    A LEI DE PAULO

    Dzimo graa. Deus ama ao que d com alegria, diz o vers-culo 7 do nosso texto. Vamos ler o pargrafo inteiro: Lembrem-se:aquele que semeia pouco, tambm colher pouco, e aquele que semeia com

    fartura, tambm colher fartamente. Cada um contribua conforme deter-

    minou em seu corao, no com pesar ou por obrigao, pois Deus ama

    quem contribui com alegria (NVI). Entendamos a chamada Lei dePaulo: Conforme determinou no seu corao significa no apenaso que determinou plantar, mas o que espera colher. No com usura eegosmo, mas com generosidade. A fartura das bnos espirituaisque deseja colher vo depender do que voc, em seu corao, deter-minou plantar. Quem contribui por amor, tem alegria em dar e porisso amado por Deus, no pelo valor que d, mas pelo amor com qued. Em Glatas 6.8, Paulo declara que Quem semeia na carne, dacarne colher corrupo; mas quem semeia no Esprito, do Esprito colher

    a vida eterna. O que voc vai colher depende do que quer plantar.

    9.

    1.

  • Plante no Esprito pela compreenso espiritual dos bens que voc ofe-rece a Deus e colha bnos de paz, alegria e amor em seu esprito.No encare os seus dzimos como uma plantao na carne, mas comouma semeadura no esprito, para colher, no fartura material, masbnos espirituais.

    Em Glatas 5.22, a Escritura diz que a alegria fruto do Esp-rito. Aqui Paulo emprega a palavra xra alegria, que tem a mesmaraiz da palavra xris, graa, a raiz xar, da qual provm tambm aspalavras xarisma, dom, xarismata, dons, xaristou, um verbo que sig-nifica fazer para algum algo que causa alegria e bem estar e tambmxarzomai, outro verbo que significa mostrar favor, dar por bondade.

    Todas essas palavras so derivadas da raiz xar, alegria interior,que reflete a prpria alma do povo grego, no no sentido de euforiacarnal, riso, mas do prazer causado na alma pelas coisas belas e purascomo as artes e a verdade (DTNT). Xris, graa, para os gregos,designa o favor dos deuses ou dos imperadores, que encanta pela suabeleza moral, pois nada espera em troca seno o bem da pessoa favo-recida. A diferena entre o conceito grego de graa e o conceitocristo que os deuses gregos, no entender deles, concediam aos seusadoradores os seus dons como o sol, a chuva, a vida em cada semente,mas no se davam a si mesmos. Na religio crist, servimos a um Deusque, depois de nos dar tudo de que necessitamos, se d a si mesmo napessoa do Filho Unignito para morrer numa cruz a fim de nos conce-der perdo, reconciliao e paz.

    Graa era, para os gregos, o favor dos deuses, mas que noinclua salvao da alma. Para os cristos, a graa de Deus traz vidaeterna, que uma nova e superior qualidade de vida, a salvao dapena dos pecados j cometidos (Rm 6.23), a libertao do poder domal no presente (Rm 6.18) e a certeza de plena justificao perante otribunal da justia de Deus no ltimo dia. Essa alegria interior emcontribuir por amor, com os seus bens para a Causa do Evangelhocomo a prtica crist, tambm diferente das contribuies que os

    10.

    PRINCPIOS BBLICOS DO DZIMO CRISTO

  • judeus ofereciam nos seus altares como obrigao imposta pela lei.Os judeus traziam ao altar os seus cordeiros como sacrifcios, mas nose colocavam no altar. Os cristos, conforme reivindica Paulo, ofere-cem os seus corpos a Deus, como servos da justia, para a santificao(Rm 6.19).

    Dzimo graa. O dzimo que eu entrego, ou devolvo pertencea Deus, uma graa que Deus me concede e o Senhor me concede agraa de entregar parte dos bens que Ele mesmo me d, para o sus-tento e a extenso da sua Igreja. Ofertamos porque ofertar pelagraa, no com o luto de uma perda, nem pelo constrangimento deuma coero, mas com alegria, por amor. algo difcil de entenderpor aqueles que ainda no foram alcanados pela graa da salvao.Tudo o que esta pessoa d aos seus deuses para pagar favores recebi-dos ou a receber. Ela contribui com pesar porque julga estar se desfa-zendo de um bem que considera seu, pessoal, pela fora do deverporque, no confiando na graa, sente a obrigao de dar. Alis, apalavra Obrigao nas religies pags sinnimo de oferenda aosdeuses. Esse conceito de oferta como obrigao foi adotado poralguns ramos do Cristianismo, desfigurando o sentido da ddiva poramor. O indivduo coloca uma esmola ao p da imagem ou no cofre echama esse ato de desobriga. Esse no o conceito cristo de dzimo.Dzimo no desobriga. doao de amor.

    O dzimo graa tambm porque para cada dez, pelo menos,que eu entrego, Deus me d a alegria de desfrutar de noventa para omeu sustento e da minha famlia. Portanto, tudo vem da graa:Tanto os 10% e mais que eu devolvo atravs da agncia do Reino deDeus que a Igreja, quanto os 90% que retenho para desfrutar comminha famlia. Deus no me d apenas o solo, a chuva, o sol, as ener-gias e talentos para trabalhar, a vida que brota de cada semente quelano na terra, mas Ele se d a mim em Cristo pela graa (Gl 1.4).Diferentemente da ideia de graa no Velho Testamento, no NovoTestamento, a graa est vinculada a Cristo, no existe fora de Cristo.

    11.

    1. A GRAA DA FIDELIDADE

  • essa verdade que eu tenho a alegria de demonstrar em cada centavodo dzimo do Senhor que eu devolvo ao Senhor.

    A graa da fidelidade. Fidelidade no uma virtude em simesma, porm, para ser uma virtude, depende do seu objeto. Fideli-dade a quem? Fidelidade a qu? Pergunta Comte Sponville. O que med alegria em ser fiel na devoluo do que de Deus, no a fideli-dade em si mesma, seno o seu objeto, o prprio Deus. Eu no contri-buo com os dzimos do Senhor para uma instituio humana, para umlevita ou sacerdote humano, mas para Deus, para louv-Lo. Agora,convenhamos: Se o meu dzimo entregue para agradar aos homens,deixa de ser um dom espiritual e se torna um exibicionismo carnal,deixa de ser um ato de adorao.

    A quem direciono meu louvor e meus dzimos? Deus amaquem d (a Deus) com alegria. Deus se alegra com a fidelidade dosseus servos porque, para Deus, a maior recompensa da fidelidade aqualidade de ser fiel e essa fidelidade fruto da graa de Deus. O resto circunstncia. O dzimo, ento, no uma questo de contabilidadeou de disponibilidade, mas uma questo de fidelidade que traz ale-gria. Ser ou no ser fiel, eis a questo que envolve todo o ser, no ape-nas o bolso do cristo.

    Alegria dom do Esprito. A alegria um dom do EspritoSanto, como lemos em Glatas 5.22. A nossa alegria completa estem Cristo e sem Ele no h a alegria da alma, alegria interior. Pode athaver alegria carnal, mas essa no a alegria dom do Esprito, quedesce s profundezas da alma, ao inconsciente, que desce ao que mais profundo em nosso ser, alm do que o que podemos entender.Em Efsios 3.20, Paulo declara que Deus poderoso para fazer tudomuito mais abundantemente alm daquilo que pedimos ou pensamos,

    segundo o poder que em ns opera. Note que em Glatas 5.22,23,temos Fruto do Esprito, singular, como uma laranja que um frutonico, mas tem vrios gomos. A alegria um dos nove gomos domesmo fruto do Esprito. Isso significa que no podemos possuir ape-

    12.

    PRINCPIOS BBLICOS DO DZIMO CRISTO

  • nas um aspecto do fruto do Esprito, mas temos que experimentartodos os nove. Esses nove aspectos do fruto do Esprito so interde-correntes. No d para ter alegria sem ter amor, nem d para ter pazsem ter bondade e fidelidade, no possvel ter mansido sem dom-nio prprio, sem amabilidade e pacincia. No so nove dons do Esp-rito. um nico dom com vrios aspectos. O sabor de cada gomo dalaranja igual a todos os outros. No pode haver alegria sem fideli-dade, nem fidelidade sem amor. A mansido outro aspecto impor-tante do fruto do Esprito, que me leva a aceitar democraticamente oque os meus irmos pensam e decidem como sendo a vontade deDeus na aplicao dos dzimos e ofertas que a Igreja recebe. Se perderum dos gomos do Fruto do Esprito, estou perdendo todos os nove.

    Fidelidade viso. Os meus dzimos refletem a minha viso dopropsito do Senhor na salvao do mundo. A graa de Jesus toimensa que alcana at os confins da terra. O cristo que perdeu aalegria da sua fidelidade est confinando sua viso ao universo secu-lar. A Igreja uma instituio divina, origem e finalidade de misses.Os missionrios partem da Igreja para fundar igrejas pelo mundo por-que evangelizar o mundo multiplicar igrejas. Quem no entregaseus dzimos est demonstrando seu desinteresse pelos povos aindano alcanados pela graa da salvao porque a Igreja a que ele per-tence parte do propsito de Deus para a salvao do mundo. No dpara salvar o mundo enfraquecendo a Igreja, ou deixando de lhe dar onecessrio sustento com os dzimos, pois ela a nica agncia qualJesus deu a responsabilidade de proclamar o evangelho.

    No desejo que outros contribuam para que eu tenha a alegriade ver realizado o propsito de Deus para a minha Igreja, como noquero esperar que outros contribuam para que eu tenha um lugarlimpo, climatizado e iluminado onde possa adorar ao Senhor. Nodesejo que outros sejam fiis em seus dzimos para que eu tenha umpastor que alimente minha alma pela Palavra de Deus, que me con-forte e encoraje na vida crist. No meu ministrio de 54 anos, conheci

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    1. A GRAA DA FIDELIDADE

  • irmos que perderam a viso da fidelidade ao Senhor. Por discorda-rem deste ou daquele aspecto da administrao da Igreja, ou por amorao dinheiro, deixaram de entregar seus dzimos. As igrejas no deixa-ram de fazer a obra comissionada por Deus. Aqueles irmos queforam prejudicados na sua vida espiritual porque perderam a viso depertencimento ao corpo de Cristo, que a Igreja. Quando se arrepen-deram e voltaram a viver a alegria da fidelidade, eles e suas famliasforam enriquecidos novamente de bnos espirituais.

    Descansar na suficincia da graa. A pior coisa que pode acon-tecer a um cristo sair da esfera da graa, como aconteceu com asigrejas da Galcia, pois a partir da queda da graa, tudo de mal podeacontecer em sua vida. No so nossos dzimos que nos livram do fra-casso econmico, moral ou familiar, mas a graa de Deus da qualdeclaramos depender mediante a nossa fidelidade. Ao devolver aoSenhor os dzimos que lhe pertencem, estou demonstrando minhaconfiana na suficincia da sua graa. Tudo o que Deus j me deu salvao, vida eterna, tudo o que Ele me d santificao do meuviver, dons e talentos, tempo e discernimento, assim como tudo o queme dar livramento no juzo, a glria celestial, tudo pela graa. essa gratido, essa confiana e essa esperana que demonstro diantedo Senhor da minha vida cada vez que vou depositar os dzimos doSenhor no altar da f na Igreja de Jesus da qual sei que sou parte!

    No me conformo em colher pouco. Quero dar muitos frutospara Jesus. Por isso, quero semear muito, quero semear mais, quero iralm do dzimo, para poder obter uma colheita espiritual com fartura,que glorifique o meu Deus. Isso significa: Quanto maior for minhafidelidade, tanto maior ser a suficincia da graa em meu viver.

    Se voc, at aqui ou por algum tempo no tem experimentadoa alegria da fidelidade em devolver os dzimos do Senhor, estdevendo sua prpria pessoa e sua famlia muitas bnos, vitriasespirituais e a demonstrao da alegria de pertencer a uma agncialocal do Reino de Jesus. Voc no deve nada a Deus nem Igreja,

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    PRINCPIOS BBLICOS DO DZIMO CRISTO

  • nem ao mundo perdido. Deve a si as bnos que perdeu. Mas issono motivo para continuar perdendo a alegria da fidelidade.Comece este ms, comece agora e no pare mais de demonstrar suafidelidade ao Senhor. Se tem sido fiel na entrega dos seus dzimos aoSenhor, aleluia! Deus tem ainda muitas e grandes bnos em seusceleiros para voc.

    Nossa fidelidade a Cristo motivada pelo amor: de Cristo porns e o nosso amor a Cristo. No devemos fidelidade a uma institui-o, a um homem, a uma doutrina, a uma tradio, a um juramento.Ns cristos, devemos nossa lealdade a Cristo e demonstramos nossoamor a Cristo por meio da nossa fidelidade em contribuir com nossosdzimos e ofertas para a expanso do seu Reino. O amor para serdemonstrado. O amor represado, que no se expressa, um amormorto. Como podemos manifestar nosso amor a Cristo: Cantando?Sim! Orando? Sim! Pregando? Aleluia! Vivendo a tica de Jesus?Glria a Deus! Todos esses so meios como podemos revelar nossafidelidade a Cristo. Se faltar, porm, a nossa generosidade em contri-buir financeiramente para a Igreja de Jesus, toda a demonstrao danossa fidelidade a Cristo estar comprometida. No estaremosdemonstrando a validade do nosso amor objetivamente, na prtica.Ser um amor platnico, uma fidelidade metafsica, terica, sem basena realidade. Que a sua vida, se voc um cristo, seja marcada poruma profunda fidelidade a Cristo, de corao! Lembre-se, ainda, deque a fidelidade que traz alegria, alegria de ser fiel, no depende decircunstncias favorveis na vida. Quando temos alguma dificuldadeem ser fiis, maior alegria nos traz a nossa fidelidade. Muito alm dasbnos que a nossa fidelidade nos traz nesta vida, resultar para nsem celestial galardo: Bem est servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel,sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor (Mt 25.21).

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    1. A GRAA DA FIDELIDADE

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