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Princípios de Instrumentação Biomédica Amplificadores Operacionais

Princípios de Instrumentação Biomédica Amplificadores ... · 4 Amplificador operacional ideal 4.1 Introdução Em instrumentação os sinais oriundos de sensores, transdutores

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Princípios de Instrumentação Biomédica

Amplificadores Operacionais

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Índice

4 Amplificador operacional ideal.......................................................................................................................3

4.1 Introdução....................................................................................................................................................3

4.2 Símbolo e Modelo.......................................................................................................................................4

4.3 Configurações realimentadas mais comuns........................................................................................7

4.3.1 Amplificador inversor.......................................................................................................................7

4.3.2 Amplificador não-inversor:...........................................................................................................10

4.3.3 Amplificador somador....................................................................................................................12

4.3.4 Amplificador subtrator...................................................................................................................12

4.3.5 Amplificador de instrumentação.................................................................................................15

4.4 Considerações práticas...........................................................................................................................18

4.5 Exercícios...................................................................................................................................................19

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4 Amplificador operacional ideal

4.1 Introdução

Em instrumentação os sinais oriundos de sensores, transdutores ou de biopotenciais

costumam ser muito baixos. Isto os torna incompatíveis com os circuitos tradicionalmente

utilizados para ler estes sinais em um computador. Por esta razão costuma ser necessário

amplificá-los antes que eles sejam processados. Amplificar nada mais é do que multiplicar o sinal

por uma constante. Quando a constante é maior do que 1 ela é chamada de ganho, e quando ela é

menor do que 1 é chamada de atenuação. Também é muito comum interligar dispositivos para

produzir um novo instrumento de medida ou sistema de medição, neste caso os níveis de tensão e

corrente aceitos pelos diferentes dispositivos devem ser garantidos. Para isto os sinais

normalmente precisam ser amplificados, atenuados ou somados a alguma constante. Estes ajustes

corrigem ganhos e offsets e estes circuitos podem ser projetados facilmente por qualquer pessoa.

Neste capítulo estudaremos formas de amplificar, atenuar e somar sinais de forma eletrônica e

veremos quando e onde devemos utilizar estas ferramentas. O elemento básico para tais

procedimentos será o “amplificador operacional” (AO).

A origem do termo “operacional” vem dos antigos computadores analógicos, onde estes

amplificadores eram utilizados como elemento para a realização de operações matemáticas. O

nome “amplificador operacional” foi usado pela primeira vez em uma publicação de 1947, feita por

John Ragazzini, o qual descrevia as propriedades de circuitos capazes de amplificar a diferença

entre dois sinais analógicos. O artigo, que teve como base trabalhos anteriores, realizados entre

1943 e 1944, considerava as condições de realimentação linear e não-linear. Hoje em dia o AO é o

circuito integrado analógico mais utilizado.

Por ter sido projetado para ser versátil e funcionar em circuitos com realimentação

negativa este amplificador é construído com ganhos extremamente elevados. Tão elevados que na

maioria das vezes vamos considerar que seu ganho é infinito. O erro desta suposição é, na maioria

das vezes, desprezível. A figura a seguir mostra um diagrama com realimentação negativa. O

ganho do amplificador operacional está representado por Ad(S), Vi é o sinal de entrada e Vo o

sinal de saída. Uma malha de realimentação negativa é formada pelo bloco β(S). Em circuitos

práticos a realimentação é feita por resistores e capacitores. O conjunto completo forma um novo

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amplificador com características e nomes próprios que vão depender da rede de realimentação,

como veremos mais adiante.

Ad(S)

b(S)

VoVi+ _

Considerando que cada bloco representa um ganho então

V O S =Ad S ⋅V iS – V O S ⋅S

e

V OS

V iS =AV S =

Ad S

1Ad S ⋅S .

Se o ganho Ad(S) (ganho diferencial ou ganho de malha aberta) for muito elevado, como no

caso do AO, o ganho da malha de realimentação, (S), é responsável pelo ganho do amplificador

realimentado.

V OS

V iS =

1

Observa-se que, mesmo com o ganho infinito do AO a sua saída é finita e o ganho do

circuito realimentado também. Isto será fundamental para o equacionamento de circuitos

envolvendo AO.

4.2 Símbolo e Modelo

Os símbolos mais comumente utilizados para representar um AO estão na figura a seguir.

A versão mais comum é aquela sem alimentação, mas não devemos esquecer que todo

amplificador operacional precisa de duas fontes de alimentação como mostrado no símbolo

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completo. Uma fonte de alimentação é positiva e a outra costuma ser negativa (o segundo

terminal de cada fonte é ligado ao terra1).

O modelo do AO ideal é apresentado na próxima figura. Observe que a impedância de

entrada do amplificador é infinita (impedância entre cada entrada e o terra) e a impedância de

saída (impedância entre a saída e o terra) é zero. A diferença de potencial entre as duas entradas

controla a tensão na saída do amplificador. Esta diferença de potencial é multiplicada pelo ganho

diferencial ou de malha aberta.

Quando se fala em impedância de entrada e saída de um amplificador estamos

implicitamente calculando a impedância do equivalente Thevenin das entradas ou da saída. Vale

lembrar que o Thevenin é calculado para cada par de fios, ou seja, de cada entrada para o terra ou

da saída para o terra.

Se o ganho diferencial, Ad, é infinito, e o AO está ligado com realimentação negativa, então

v+=v− , pois, como explicado anteriormente, em uma malha de realimentação negativa, onde o

ganho direto tende a infinito, apresenta saída finita e dependente do ganho de realimentação. Esta

relação é válida enquanto o AO estiver trabalhando na região linear (sem a saturação que ocorre

próxima das tensões de alimentação). Em outras palavras, se considerarmos o ganho Ad infinito

(condição ideal) a diferença de potencial entre as entradas obrigatoriamente será nula (condição

ideal) para que a saída seja finita ( vo=A⋅(v+−v -) ).

1 O terra é o ponto do circuito a partir do qual são medidas as diferenças de potencial para as entradas e saídas do

AO. Neste ponto também são ligadas as duas fontes de alimentação. O terra é a referência para medidas de tensão.

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Outras características muito importantes de um amplificador operacional ideal são

apresentadas na tabela a seguir.

Característica Símbolo Valor Notas

Ganho diferencial ou

Ganho de malha aberta

Ad

Ao

ganho para a diferença de tensão entre asduas entradas

Ganho de modo comum Acm 0ganho para tensão comum as duas

entradas

Rejeição de modo comum CMRR atenuação do sinal comum as duas

entradas

Impedâncias diferencial Rid impedância entre as duas entradas

Impedância de modo comum Ricm impedância de cada entrada para o terra

Impedância de saída Ro 0 Impedância de saída

Slew-rate SR velocidade com que a saída pode variar

Settling time ST 0 tempo de estabilização

Largura de banda BW faixa de frequência

Corrente polarização Ib 0 corrente de cada entrada

Corrente de offset Ios 0desigualdade entre as correntes de

entrada

Tensão de offset Vos 0diferença de tensão na entrada, necessária

para que a saída seja nula quando asentradas forem nulas

Ruído elétrico VN e IN 0 ruído adicionado ao sinal de saída

Fase 0 entre a entrada e a saída

As características ideais de um AO nunca são alcançadas na prática, mas os erros

decorrentes de assumirmos estes valores ideais é pequeno. Desta forma é comum utilizarmos estas

características para simplificar a análise de circuitos com AO, como será mostrado nas seções

subsequentes.

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4.3 Configurações realimentadas mais comuns

4.3.1 Amplificador inversor

A próxima figura mostra o circuito básico de um amplificador inversor com AO.

Considerando que o ganho Ad do AO não é infinito e sabendo que

vo=Ad⋅(v+−v-) e v+=0

então

vo

Ad=−v- .

Equacionando o nó da entrada v- ,

v-−v iR1

+v-−voR2

=0 ,

temos que

v-=

vi⋅R2+vo⋅R1

R1+ R2

,

logo

−vo

Ad=

v i⋅R2+vo⋅R1

R1+R2

, e

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vo

v i

=−R2

R1+R1+R2

Ad

.

Se Ad tende a infinito (AO ideal), então

vo

v i

=−R2

R1

.

Observe que se o ganho do AO tende a infinito o ganho do amplificador inversor é

determinado apenas pela malha de realimentação. Convém notar, ainda, que a influência do Ad

não infinito é tanto menor quanto menor for o ganho do amplificador inversor. Considerando o

amplificador inversor com ganho ideal N teremos

vo

v i

=−N⋅R

R+R+N⋅R

Ad

=Ad⋅N⋅R

R⋅( Ad+ N+1)=

Ad⋅NAd +N +1

Ganho ideal (N) Ganho do AO (Ad) Ganho real Erro

1 1000000 1 -0,002%

10 1000000 10 -0,011%

100 1000000 99,9 -0,101%

1000 1000000 990,09 -0,991%

100000 1000000 9090,8 -9,09%

100000 100000000 9900,9 -0,990%

Se considerarmos o AO como ideal, o equacionamento do ganho fica muito facilitado pelo

uso de duas considerações:

1. Não há corrente circulando nas entradas do AO e

2. A diferença de potencial entre as entradas do AO é nula.

Assim, equacionando o nó da entrada v-

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v-−v iR1

+v-−voR2

=0 ,

e sabendo que v-=0 , então

vo=−R2

R1

⋅v i .

Além do ganho vale a pena observar as impedâncias de entrada e de saída do amplificador

inversor. Observe que a saída do AO é a saída do circuito, então, da mesma forma que o AO, o

circuito também apresenta impedância de saída nula. Já na entrada, entretanto, existe uma

corrente não nula que flui pela resistência R1.

iR1=v iR1

Esta corrente caracteriza uma impedância de entrada igual a R1 e isto pode fazer com que

tanto um circuito que é ligado na entrada do amplificador quanto o próprio amplificador

interfiram no funcionamento um no outro. A próxima figura, por exemplo, ilustra bem este caso.

O circuito ligado antes do amplificador inversor apresenta resistência de saída Rth1 que está em

série com R1.

Com esta montagem o ganho do amplificador inversor é alterado para

vov i

=−R2R1+Rth1

.

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Observe que a tensão na saída do circuito que está ligado ao inversor também foi alterada.

Quando não estava conectado o circuito apresentava saída v x=Vth1 , agora, conectado ao

amplificador inversor, apresenta

v x=Vth1R2

Rth1+R2.

Como visto, o circuito conectado antes do amplificador inversor altera o funcionamento do

amplificador que, por sua vez, altera o funcionamento do circuito ligado a ele. Isto ocorre porque a

impedância de entrada do amplificador inversor não é infinita e porque a impedância de saída do

circuito que está ligado a ele não é nula. Assim, para que amplificadores de tensão se

comportem como blocos em um diagrama, ou seja, de forma independente, é necessário que eles

tenham impedância de saída nula e impedância de entrada infinita. O projeto que envolve

circuitos com estas características pode considerar cada circuito de forma independente e isto

facilita o projeto, além de torná-lo mais flexível. Uma outra boa razão para adotar esta estratégia

de projeto é que nem sempre dispomos de informações completas sobre a impedância de entrada

ou saída de circuitos ou equipamentos que não foram projetados por nós. Isto significa que,

mesmo com a informação de que a impedância de saída de um circuito é de 50 Ω, nada garante

que isto seja verdade para qualquer corrente de saída ou para qualquer frequência, então a melhor

estratégia e fazer um projeto que não dependa desta resistência.

4.3.2 Amplificador não-inversor:

A figura a seguir mostra o desenho básico de um amplificador não inversor.

Se considerarmos que o ganho do AO não é infinito

v+=v i

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v−=R1

R1 +R2

⋅vo

v+−v−=vo

Ad

v i−R1

R1+R2

⋅vo=vo

Ad

vo

v i

=R1R2⋅Ad

R1R2R1⋅Ad

vo

v i

=R1 + R2

R1+R1+ R2

Ad

Se Ad tende a infinito então

vo

v i

=R1+R2

R1

Supondo que o AO seja ideal, a solução do problema é encontrada fazendo-se a tensão na

entrada negativa igual à tensão na entrada positiva. Equacionando a entrada negativa temos

v i−0

R1+v i−voR2

=0

vo

v i

=R1+R2

R1

( 4.1 )

Mais uma vez, aqui, o ganho do amplificador, quando Ad tende a infinito, é igual aquele

calculado considerando que as duas entradas do AO tem o mesmo valor. Podemos notar, também,

que nesta configuração o menor ganho é o unitário, que pode ser obtido se R1=∞ (circuito

aberto) ou R2=0 (curto circuito). Neste caso o circuito do amplificador não inversor é chamado

de buffer. O buffer possui ganho unitário e, assim como o amplificador não inversor, pode ser

utilizado para “isolar” estágios amplificadores. Isolar, aqui, é usado para indicar que os circuitos

anterior ou posterior não afetam nem são afetados pelo amplificador. Isto se deve novamente aos

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equivalentes Thevenin. No caso do amplificador não inversor a impedância de saída é zero (o que

é ótimo), e a impedância de entrada é infinita (o que também é ótimo).

4.3.3 Amplificador somador

A figura a seguir mostra a topologia do amplificador somador inversor básico.

Como podemos observar este amplificador apresenta várias fontes de entrada e, portanto,

pode ser equacionado utilizando o princípio da superposição de fontes. Aqui também levamos em

conta que o AO possui características ideais de funcionamento, assim, a saída será dada pela

equação

vo=−R4⋅( v1

R1

+v2

R2

+v3

R3)se R1=R2=R3=R, então

vo=−R4

R⋅(v1+v2+v3)

Observe que, assim como o amplificador inversor, o amplificador somador não possui

impedância de entrada infinita. As resistências R1, R2 e R3 correspondem respectivamente as

impedâncias das entradas 1, 2 e 3.

4.3.4 Amplificador subtrator

A figura a seguir mostra a topologia do amplificador subtrator básico.

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O cálculo da tensão de saída pode ser feito facilmente por superposição, uma vez que

existem duas fontes atuando sobre o circuito. Quando v2 é zero a entrada v1 é aplicada a um

amplificador inversor. Quando v1 é zero a entrada v2 passa por um divisor de tensão e é aplicada a

um amplificador não inversor.

vo=−v1

R2

R1

+v2

R2

R1+ R2

⋅R1+R2

R1

vo=R2R1

⋅(v2−v1)

O amplificador subtrator amplifica a diferença entre duas tensões. Idealmente aquilo que

as duas tensões têm em comum não é amplificado. Na prática isto não acontece, pois as duas

resistências R1 e as duas resistências R2 não são idênticas e assim cada entrada é amplificada de

forma um pouco diferente. A próxima figura mostra um amplificador subtrator com quatro

resistências diferentes, uma fonte comum as duas entradas e outras duas fontes produzindo uma

tensão diferencial igual a v2 – v1.

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Este amplificador pode ser estudado por superposição.

a) para a entrada vcm e v2

vo=(vCM +v2)⋅R4

R3+R4

⋅R2+R1

R1

;

b) para a entrada formada por vcm e v1

vo=−R2

R1

⋅(vCM +v1) ;

c) somando as duas equações, e após algum algebrismo

vo=[R1⋅R4−R2⋅R3

R1⋅( R3+ R4) ]⋅vCM−R2

R1

⋅v1+R4

R3

⋅1+ R2/ R1

1+ R4/ R3

⋅v2 .

Observe que as entradas v1 e v2 são amplificadas de forma diferente e que só há uma

forma de cancelar a tensão de modo comum, fazendo

R2

R1

=R3

R4

neste caso particular

vo=R2

R1

⋅(v2−v1) .

Observe que a influência de vcm é nula se a razão entre as resistências R2 e R1 for

exatamente igual à razão entre as resistências R3 e R4. Como isso não acontece é possível dividir

o ganho do amplificador em dois ganhos distintos, o ganho diferencial (Ad) e o ganho de modo

comum (Acm). Desta forma, o subtrator é classificado quanto a sua habilidade de amplificar a

diferença entre os sinais aplicados a suas entradas, e rejeitar a parcela de sinal comum as duas

entradas.

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Como o ganho de modo comum costuma ser muito baixo podemos usar a chamada

rejeição de modo comum, ou CMRR

CMRR=AdAcm

(em valor absoluto)

CMRR=20⋅log( AdAcm ) (em dB)

Ad=vo

vd

=vo

v2−v1

Acm=vo

v icm

=vo

(v1+v2)

2

4.3.5 Amplificador de instrumentação

Em instrumentação é muito comum a medida de sinais de forma diferencial (diferença

entre dois potenciais), como no caso das medidas em ponte de resistores e biopotenciais. Esta

necessidade faz do amplificador subtrator um ótimo candidato para esta tarefa. Entretanto, este

amplificador não apresenta impedância de entrada infinita o que pode ser um problema na

maioria das aplicações de instrumentação. Para resolver este problema, foi criado o amplificador

de instrumentação (In Amp), apresentado na figura a seguir. Neste circuito um amplificador não

inversor e colocado em cada entrada do amplificador subtrator conferindo a montagem uma

característica de amplificador subtrator com elevada impedância de entrada.

Esta topologia apresenta alta rejeição a tensões de modo comum, ganho elevado, ganho

ajustável apenas com um resistor, impedância de entrada (diferencial e de modo comum) elevada

em ambas as entradas. Nesta configuração o primeiro estágio é responsável pelo ganho e o

segundo estágio é responsável pelo CMRR e para que este valor seja elevado o amplificador de

instrumentação é comercializado em um único integrado.

Circuitos integrados com amplificadores de instrumentação alcançam CMRR maiores do

que 100 dB (CMRR > 105), mas este valor costuma decair com a frequência. Exemplos clássicos de

amplificadores de instrumentação integrado são o AD620, AD8221 da Analog Devices, o INA118 e

o INA103 da Texas Instruments.

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O circuito pode ser resolvido por superposição.

a) supondo v2 aterrada, o potencial na entrada negativa do AO de baixo é zero, logo

vO1=v1⋅R+R3

R, e

vO2=−v1⋅R3

R;

b) supondo v1 aterrada, o potencial na entrada negativa do AO de cima é zero, logo

vO2=v2⋅R+R3

R, e

vO1=−v2⋅R3

R;

Como a saída do segundo estágio já foi calculada anteriormente e vale

vO=R2

R1

⋅(v 2−v1)

então

vO=R2

R1

⋅R+2⋅R3

R⋅(v2−v1)

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vO=R2

R1

⋅(1+2⋅R3

R )⋅(v2−v1)

Uma versão de amplificador de instrumentação com dois AO é apresentada na figura

seguinte. A maior vantagem deste amplificador reside no uso de apenas dois AO mas esta também

é sua maior desvantagem.

Por apresentar caminhos diferentes para os sinais amplificados positiva e negativamente o

sinal sofre diferentes atrasos e deslocamentos de fase nos dois caminhos. Como resultado o CMRR

para sinais alternados é reduzido com relação ao amplificador de instrumentação de três AO.

Assim como no amplificador subtrator tradicional, para que este circuito funcione

apropriadamente é necessário que R1/R2=R4/R3 o que significa que o CMRR também será

dependente do perfeito casamento de valores entre os resistores. Para contornar este problema e o

problema com o baixo CMRR em sinais alternados, este circuito pode ser encontrado integrado e,

neste caso, suas características são ajustadas de fábrica para um desempenho superior. Exemplos

deste circuito integrado são o AD627. O circuito com resistor RG permite o ajuste do ganho com a

mudança de apenas um resistor evitando que o CMRR seja afetado.

vO=v2 – v1⋅1R4

R3

2⋅R4

RG ou vO=v2 – v1⋅1

R4

R3 (sem o resistor RG).

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4.4 Considerações práticas

O amplificador operacional real é bem diferente do ideal. Seu ganho diferencial (Ad) é da

ordem de 105 ou 106 vezes. Os melhores CMRR estão próximos de 100dB. As impedâncias de

entrada diferencial (Rid) e de modo comum (Ricm) são da ordem de alguns MΩ e, como

consequência, as correntes nas entradas do AO (IB) são da ordem de μA ou nA e não são iguais.

Além disto a saída não é zero quando as duas entradas estão aterradas. Isso adiciona um efeito de

offset (Vos) no AO. Para finalizar a impedância de saída (Ro) não é nula. Um modelo mais completo

do AO, levando em conta todas estas características reais, é apresentado na próxima figura. Neste

modelo foram consideradas apenas características estáticas (de corrente contínua). Características

dinâmicas também devem ser consideradas em algumas aplicações. De um modo geral todas estas

características (estáticas e dinâmicas) se tornam importantes em problemas de alto desempenho e

nestes casos vale a pena consultar um especialista (um engenheiro eletrônico).

Adicionalmente devemos levar em conta que os circuitos eletrônicos, de um modo geral,

trabalham com tensões da ordem de alguns Volts (de 3,3 V até uns 15 V mais ou menos) e que

estas tensões podem ser positivas ou negativas. As potências que os AO conseguem fornecer não

costumam ultrapassar alguns mW e, portanto, as correntes ficam limitadas a mA e, portanto, as

resistências estão na faixa de alguns kΩ (muito baixas elas produzem correntes elevadas, muito

altas elas interferem nas impedâncias de entrada dos AO). O segredo é usar valores que permitam

as aproximações por modelos ideais e que cada circuito possa ser projetado de forma

independente, não afetando ou sendo afetado pelos circuitos do entorno.

Aproveitar toda a faixa de entrada ou saída de um equipamento ou sensor é, em teoria, a

melhor forma de utilizá-lo, mas nem sempre isso é possível ou desejável na prática devido as

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saturações e aos erros de ganho e offset. Por exemplo, um AO comum satura quando sua saída está

a aproximadamente 1 V da tensão de alimentação, então é melhor não fazer o projeto para utilizar

toda a faixa da tensão de alimentação. Se desejamos interligar equipamentos e o projeto é feito

para o máximo aproveitamento das faixas de operação erros nos ganhos ou offsets podem saturar

estes equipamentos. Por outro lado, equipamentos e sensores foram feitos para funcionarem

próximos de seus valores nominais, então, utilizar uma faixa muito pequena do dispositivo não é

recomendado. Use o bom senso, tente usar o máximo possível da faixa de operação, mas sempre

deixe uma folga. Se você tiver que escolher entre ter que trabalhar numa faixa menor do que os

limites ou maior que os limites opte pela faixa menor. O sinal pode não ficar tão bom, mas, com

certeza, você não vai queimar nada nem vai sofrer com saturações. Se tiver que distribuir um sinal

em uma faixa de valores, procure, de um modo geral, distribuir o sinal no centro da faixa.

Algumas vezes, entretanto, é comum ver projetos que aproveitam apenas metade da faixa para

evitar de usar amplificadores somadores. Neste caso você está economizando nos amplificadores e

penalizando a qualidade do sinal. Se isto for aceitável então não há problemas.

Também vale a pena lembrar que quase todos os sinais apresentam valor zero para entrada

zero, então, quando lemos que um sinal pode varia de 10 a 20 mV, por exemplo, provavelmente

esta é uma informação sobre os valores máximos deste sinal e não sobre a faixa de valores. A

resposta correta vai depender do tipo de sinal e você terá que pesquisar. Muitas vezes, também, os

sinais serão simétricos em torno do zero, como no caso do EEG e EMG, mas as informações são

dadas apenas para a faixa positiva de valores. Portanto você deve conhecer o sinal com o qual está

trabalhando. Da mesma forma, se um equipamento diz que sua saída pode variar em uma

determinada faixa de valores, isto não quer dizer que todos os sinais que saírem destes

equipamento ocuparão toda esta faixa. Muito provavelmente os sinais ocuparão apenas parte

desta faixa, mas se for possível ajustar esta amplitude use este recurso a seu favor. A mesma coisa

vale para a entrada de outros dispositivos. Nem sempre você conseguirá produzir sinais que

ocupam toda a faixa de entrada de um conversor AD (dispositivo que converte os sinais

analógicos para sinais digitais), por exemplo.

4.5 Exercícios

A seguir são apresentados atalhos para diferentes fontes de sinais, e conversores AD. Os

próximos exemplos têm como base estes atalhos. Leia os manuais de cada dispositivo para

encontrar nele as informações importantes para cada projeto. De um modo geral estas

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informações são: Faixa, impedâncias de entrada ou saída. Para os projetos devemos pensar no

ganho e no offset necessário para fazer tudo funcionar. Além disto devemos evitar saturações. Use

o bom senso sempre. Os enunciados dos exercícios não estão completamente especificados. A

solução do problema é apenas discutida. Tente resolver o problema sozinho. Simule sua solução.

Célula de carga CMTB200, Acelerômetro ADXL330, Biopotenciais.

Conversor AD USB6008, HyTek iUSBDAQ – U1200816

1) Mostrar um possível circuito para amplificar os sinais da célula de carga CMTB200 de

forma que ela possa ser lida por uma placa iUSBDAQ-U1200816.

A placa iUSBDAQ-U1200816 lê apenas sinais entre 0 e 4,096 V. A célula de carga fornece

apenas sinais positivos (apesar da montagem em ponte permitir variações de sinais positivas e

negativas, esta célula de força é usada apenas para pesar pessoas, então o sinal será sempre

positivo ou sempre negativo, a escolha do projetista). Um ganho pode ser suficiente. Como a fonte

apresenta resistências não nula (ponte) e a medida é diferencial uma boa solução é usar um

amplificador de instrumentação, como na figura a seguir. Se fosse utilizada a placa USB6008 cuja

entrada é simétrica em torno do zero, seria recomendado usar mais um somador ou subtrator para

adequar o offset (mas se a resolução for adequada você pode usar apenas meia faixa) . Na USB6008

é possível escolher a faixa de entrada no modo diferencial e isso pode ser utilizado para melhor

utilização da placa. O ganho é determinado pela sensibilidade do sensor, a fonte de alimentação e

o valor da entrada do conversor AD. Também é uma boa prática deixar recursos para ajustar o

offset gerado indevidamente pela própria fonte (1% da saída nominal). Neste caso talvez seja

interessante dividir o ganho em mais de um estágio para evitar a saturação do AD ou usar uma

faixa de tensão menor do que 5 V no AD (isto evita a saturação do AO mesmo com offset). Como o

valor do offset é desconhecido podemos usar um potenciômetro para ajustar o offset correto no

momento da calibração.

Sempre que somamos ou subtraímos uma tensão devemos ficar atentos para que nenhum

amplificador operacional sature. Se isto ocorrer podemos dividir o ganho em dois ou mais estágios

amplificadores e trabalhar o offset entre os estágios de ganho. Assim, o offset é somado ou

subtraído a um sinal de amplitude menor e não satura o amplificador. Devemos ficar atentos,

entretanto, porque este offset será amplificado no próximo estágio. Isto pode ser um problema se

após o offset o sinal não ficar centrado em zero.

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2) Leia os sinais dos acelerômetros do ADXL300 em uma placa USB6008.

O ADXL300 é alimentado com 3 V, tipicamente, e sua saída varia entre 0,6 e 2,4 V. Além

disto a saída do ADXL300 tem impedância de 32kΩ, com tolerância de 15%. A USB6008 aceita

sinais entre ±10 V (modo não diferencial) então o sinal do ADXL300 tem que ser amplificado e o

offset retirado. Podemos utilizar um amplificador não inversor e um somador ou subtrator para

retirar o offset. Se utilizássemos apenas a placa iUSBDAQ-U1200816 seria necessário apenas um

ganho. O ganho é obtido pela divisão entre a faixa dinâmica do conversor AD e do sinal de saída

do ADXL300. O offset é calculado para colocar o sinal no centro da faixa do AD.

3) Projetar um amplificador para medida de sinais de ECG. O sinal será lido por uma placa

USB6008.

Como a impedância dos eletrodos é grande e desconhecida, e a medida é diferencial é

necessário usar um In Amp, como na próxima figura. Uma vez que as correntes de entrada do In

Amp não são nulas a corrente que sai de uma entrada deveria entrar na outra. Como não há

garantias de que estas correntes sejam iguais e em sentidos contrários então é necessário criar um

nó com um caminho adicional para estes eventuais desequilíbrios. Isto é conseguido com a ligação

do paciente ao terra. Um resistor de 390kΩ foi adicionado por questões de segurança (para

garantir que as correntes passando pelo paciente são baixas). Apesar de não ser um sinal simétrico

o ECG tem amplitudes positivas e negativas então, como a placa USB6008 permite leituras

simétricas com relação ao zero, pode não ser necessário adicionar um offset ao sinal. O ganho do

In Amp depende do maior sinal que se deseja capturar e da faixa de valores escolhido para a

entrada da placa USB6008. No caso da iUSBDAQ-U1200816 precisaríamos adicionar um offset ao

sinal captado.

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