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Princípio da transparência e a publicidade nas relações de consumo
Gustavo Campolina Silva Elias*
A clareza e exatidão nas informações sobre os produtos e serviços comercializados foram o
escopo para a introdução do Princípio da Transparência no CDC (Código de Defesa do
Consumidor). Consoante se obtém do inciso III, artigo 6º da Lei 8078/90, os fornecedores
estão obrigados a disponibilizar informação adequada e clara sobre produtos e serviços, afim
de que o consumidor possa fazer suas escolhas de forma consciente.
O legislador não se limitou à inclusão do princípio da transparência no texto da lei, incluindo
alguns dispositivos visando regular a publicidade veiculada ao citado princípio. Segundo o
artigo 30, do CDC, a informação ou publicidade veiculada pelo fornecedor, deverá ser
suficientemente precisa, com relação ao produto ou serviço oferecido, obrigando o fornecedor
e passando a integrar o contrato que vier a ser celebrado com o consumidor.
Portanto o cuidado do fornecedor, ao veicular qualquer tipo de publicidade, deve ser
direcionado não apenas para as informações de maneira clara, mas principalmente correta, sob
pena de se vincular a uma proposta que não era aquela pretendida.
A força vinculante da publicidade veiculada completa-se com o disposto no artigo 35 do
CDC, que permite ao consumidor exigir o cumprimento forçado da obrigação ou, à sua
escolha, aceitar outro produto ou serviço equivalente, ou, ainda, rescindir o contrato reavendo
a quantia eventualmente paga, atualizada monetariamente, acrescida de perdas e danos.
Outro dispositivo que remete ao princípio da transparência é o artigo 31, que introduziu
especificamente a exigência de que tanto na embalagem e apresentação do produto, quanto
em tablóides ou publicidade veiculada pelo fornecedor seja cumprido o dever de informação.
O artigo faz menção, ainda, quanto à obrigatoriedade de informação expressa sobre aqueles
produtos que possam apresentar riscos à saúde e segurança dos consumidores.
Quanto à precificação dos produtos foi editada a Lei 10.962/2004, que foi recentemente
regulamentada pelo Decreto 5.903/2006, estabelecendo que os preços devem ser afixados nos
bens expostos diretamente à venda, mediante a divulgação dos preços a vista em caracteres
legíveis, ou se parcelado, consignando-se o valor total que será efetivamente pago, o número
de parcelas, periodicidade e valor das prestações, os juros e encargos incidentes.
A citada legislação ainda regula a utilização do código de barras, exigindo que a relação dos
códigos e seus respectivos preços estejam visualmente unidos, devendo permanecer próximos
aos produtos a que se referem de maneira que sejam facilmente identificados pelos
consumidores. Restou estabelecido, ainda, que deverão ser disponibilizados terminais de
leitura ótica para consulta, em distância não superior a 15 metros de cada produto.
No parágrafo 2º, do artigo 8º, do Decreto 5.903/06 contem dispositivo determinado que nos
casos de bares, restaurantes, casas noturnas e similares, deverá ser afixada, externamente, na
entrada dos estabelecimentos relação dos preços praticados, visando exatamente dar ciência
aos consumidores dos preços ali praticados antes mesmo que estes optem pelo
estabelecimento.
Portanto, da aplicação do princípio da transparência nas relações consumeristas, obtém-se o
cumprimento por parte dos fornecedores do dever de informar e, consequentemente, permite
que os consumidores, cientes a respeito dos produtos e serviços ofertados, possam fazer suas
escolhas de maneira consciente, contribuindo de maneira indireta para a melhoria do mercado
de bens e serviços.
*Gustavo Campolina Silva Elias é advogado do Homero Costa Advogados, bacharelado em
direito pela PUC-MG
Fonte: Última Instância – 6/3/2009