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PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA (OU DA ULTIMA RATIO OU DA SUBSIDIARIEDADE) O Direito Penal só deve se preocupar com a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em sociedade. Só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. Somente quando se verificar que as demais áreas do Direito se revelam incapazes de proteger devidamente os bens mais importantes para a sociedade, o Direito Penal deve intervir (caráter subsidiário de proteção aos bens jurídicos).

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•  PRINCÍPIO  DA  INTERVENÇÃO  MÍNIMA  (OU  DA  ULTIMA  RATIO  OU  DA  SUBSIDIARIEDADE)  

•  O  Direito  Penal  só  deve  se  preocupar  com  a  proteção  dos  bens  jurídicos  mais  importantes  e  necessários  à  vida  em  sociedade.  Só  deve  intervir  nos  casos  de  ataques  muito  graves  aos  bens  jurídicos  mais  importantes.  

•  Somente  quando  se  verificar  que  as  demais  áreas  do  Direito  se  revelam  incapazes  de  proteger  devidamente  os  bens  mais  importantes  para  a  sociedade,  o  Direito  Penal  deve  intervir  (caráter  subsidiário  de  proteção  aos  bens  jurídicos).  

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•  PRINCÍPIO  DA  LESIVIDADE  (OFENSIVIDADE)  •  Apenas  as  condutas  que  afetem  gravemente  direitos  de  terceiros  merecem  sofrer  a  incidência  da  Lei  Penal.  O  princípio  da  Lesividade  apresenta  quatro  proibições:  

•  a)  Proíbe-­‐se  a  incriminação  de  uma  aZtude  interna  (ninguém  pode  ser  punido  por  pensamentos  e  senZmentos);  

•  b)  Proíbe-­‐se  a  incriminação  de  conduta  que  não  exceda  o  âmbito  do  próprio  autor  (autolesão  -­‐  tentaZva  de  suicídio;  atos  preparatórios;  crime  impossível).  

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•  c)  Proíbe-­‐se  a  incriminação  de  simples  estados  ou  condições  existenciais  (punir  o  agente  pelo  que  ele  é  -­‐  direito  penal  do  autor  -­‐,  não  por  aquilo  que  fez  -­‐  direito  penal  do  fato);  

•  d)  Proíbe-­‐se  a  incriminação  de  condutas  desviadas  que  não  afetem  qualquer  bem  jurídico  de  terceiro  (moralmente  reprováveis  mas  que  não  afetam  bem  jurídico  de  terceiro;  o  movimento  de  secularização  fez  separação  entre  Direito  e  Moral).  

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•  PRINCÍPIO  DA  ADEQUAÇÃO  SOCIAL  •  A  adequação  social  desZna-­‐se  precipuamente  ao  legislador,  orientando-­‐o  na  escolha  de  condutas  a  serem  proibidas  ou  impostas,  bem  como  na  revogação  de  Zpos  penais.  (ex.:  adultério  –  revogado  pela  lei  11.106/2005).        

•  Serve  também  como  um  princípio  interpretaZvo  da  norma  penal,  de  acordo  com  a  ordem  social  historicamente  condicionada.    

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•  PRINCÍPIO  DA  FRAGMENTARIEDADE  •  De  toda  a  gama  de  condutas  proibidas  e  bens  protegidos  pelo  ordenamento  jurídico,  o  Direito  Penal  só  se  ocupa  de  uma  pequena  parte.  

•  O  seu  caráter  fragmentário  é  a  consequência  da  adoção  dos  princípios  da  intervenção  mínima,  da  lesividade  e  da  adequação  social.    

•  Somente  uma  pequena  parte  do  ordenamento  jurídico  que  sofrerá  a  incidência  do  Direito  Penal.  

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•  PRINCÍPIO  DA  INSIGNIFICÂNCIA  (BAGATELA)  •  Há  Zpicidade  material  quando  ocorre  um  critério  material  de  seleção  do  bem  jurídico  a  ser  protegido,  ou  seja,  quando  a  conduta  é  ofensiva  a  bens  de  relevo  para  o  Direito  Penal.  Não  se  concebe  a  existência  de  uma  conduta  kpica  que  não  afete  um  bem  jurídico,  já  que  os  Zpos  penais  não  passam  de  manifestações  de  tutela  jurídica  destes  bens.    

•  A  afetação  do  bem  jurídico  pode  se  manifestar  sob  as  formas  de  dano  (ou  lesão)  e  de  perigo  (ameaça  de  lesão).    

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•  De  acordo  com  a  jurisprudência  dos  Tribunais  Superiores,  o  princípio  da  insignificância  requer  a  presença  de  quatro  requisitos  (vetores)  para  ser  considerado  na  Zpificação  penal:    

•  1º  -­‐  a  mínima  ofensividade  da  conduta  do  agente;    

•  2º  -­‐  a  inexistência  de  periculosidade  social  da  ação;    

•  3º  -­‐  o  reduzidíssimo  grau  de  reprovabilidade  do  comportamento;      

•  4º  -­‐  a  inexpressividade  da  lesão  jurídica  provocada.  

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•  PRINCÍPIO  DA  LEGALIDADE    •  (RESERVA  LEGAL  E  ANTERIORIDADE  ArZgo  5º,  XXXIX,  CRFB    e  ArZgo  1º  do  CP).  

•  Desdobramentos  do  Princípio  da  Legalidade:  •  Tipicidade  -­‐  somente  a  práZca  de  conduta  prevista  em  lei  pode  caracterizar-­‐se  como  infração  penal.  

•  Anterioridade  -­‐  a  lei  penal  deve  estar  em  vigor  antes  de  o  crime  ser  praZcado.  

•  TaxaZvidade  -­‐  a  lei  penal  deve  ser  certa,  não  se  admiZndo  descrições  vagas  e  imprecisas  da  conduta  proibida.      

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•  Lei  Penal  em  Branco  (primariamente  remeZda).  

•  Conceito  -­‐  é  aquela  em  que  a  descrição  da  conduta  punível  se  mostra  incompleta  ou  lacunosa,  necessitando  de  outro  ato  normaZvo  para  sua  integração  ou  complementação  .  

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•  Para  não  haver  ofensa  à  absoluta  reserva  de  lei  exigida  pelo  princípio  da  legalidade  e  incorrer  em  inconsZtucionalidade,  a  lei  penal  em  branco  deve  prever  o  núcleo  essencial  da  conduta.  

•  Além  disso,  a  previsão  imperaZva  deve  fixar  com  transparência  os  precisos  limites  de  sua  integração  por  outro  disposiZvo  legal,  pois  o  caráter  deliZvo  da  conduta  só  pode  ser  delimitado  pelo  poder  competente.  

•  ex.:  ArZgo  1º,  p.  único  e  art.  66  da  lei  11343/2006.  

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•  Classificação:    •  HETEROGÊNEAS  (EM  SENTIDO  ESTRITO)  ou  PRÓPRIAS  -­‐  o  complemento  é  oriundo  de  fonte  NORMATIVA  diversa  daquela  que  a  editou.  

•  EX.:  decreto,  regulamento,  portaria,  etc  

•  HOMOGÊNEAS  (EM  SENTIDO  AMPLO)  ou  IMPRÓPRIAS  -­‐  o  complemento  é  oriundo  da  mesma  fonte  de  produção  normaZva.    

•  Lei  complementa  lei.  

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•  As  normas  penais  em  branco  HOMOGÊNEAS  se  dividem  em:  

•  HOMOVITELINAS  o  complemento  é  oriundo  da  mesma  instância  legislaZva,  ou  seja,  estão  na  mesma  estrutura  normaZva.  

•  Ex.:  arZgo  304,  CP  (documento);  arZgo  312,  CP  (funcionário)  

•  HETEROVITELINAS  o  complemento  é  emanado  de  outra  instância/estrutura  normaZva.  

•  Ex.:  arZgo  178,  CP  (warrant  -­‐  Decreto  1.102/1903);  art.  236,  CP  (art.  1521  do  CC).  

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•  LEI  PENAL  INCOMPLETA  (secundariamente  remeZda  ou  em  branco  às  avessas  ou  ao  revés  ou  inverZda),  também  chamada  de  lei  penal  estruturalmente  incompleta  ou  lei  penal  imperfeita,  pois  prevê  somente  a  preceito  incriminador,  remetendo  o  preceito  secundário  (sanção  penal)  a  outro  disposiZvo  da  própria  lei  ou  em  diferente  texto  legal.  

•  ex.:  genocídio  -­‐  lei  2889/56.    •  ex.:  art.  304,  CP  –  É,  ao  mesmo  tempo,  lei  penal  em  branco  e  lei  incompleta.  

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•  TEMPO  DO  CRIME    •  TEORIA  DA  ATIVIDADE  -­‐  considera-­‐se  comeZdo  o  crime  no  momento  da  ação  ou  omissão,  aplicando-­‐se  ao  fato  a  lei  vigorante  neste  tempo  -­‐  tempus  regit  actum  (adotada  no  arZgo  4º,  CP).  

•  Art.  4º  -­‐  Considera-­‐se  praZcado  o  crime  no  momento  da  ação  ou  omissão,  ainda  que  outro  seja  o  momento  do  resultado.  

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•  Regras  do  Direito  Penal  no  conflito  de  leis  no  tempo:  

•  Art.  5º,  XL,  CR  -­‐  a  lei  penal  não  retroagirá,  salvo  para  beneficiar  o  réu;    

•  Art.  2º,  CP  -­‐  Ninguém  pode  ser  punido  por  fato  que  lei  posterior  deixa  de  considerar  crime,  cessando  em  virtude  dela  a  execução  e  os  efeitos  penais  da  sentença  condenatória.      

•  Parágrafo  único  -­‐  A  lei  posterior,  que  de  qualquer  modo  favorecer  o  agente,  aplica-­‐se  aos  fatos  anteriores,  ainda  que  decididos  por  sentença  condenatória  transitada  em  julgado.  

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•  Aboli9o  criminis  -­‐  descriminalização  de  condutas  (ArZgo  2º,  caput,  CP)  –  retroage  para    exZnguir  a  punibilidade.    (arZgo  107,  III  do  CP).  

•  Nova9o  Legis  incriminadora  -­‐  lei  nova  que  torna  penalmente  ilícita  conduta  que  antes  era  permiZda  não  retroage,  em  função  da  anterioridade  da  lei  penal.  

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•  Súmula  513  STJ:  

•  A  aboli9o  criminis  temporária  prevista  na  Lei  n.  10.826/2003  aplica-­‐se  ao  crime  de  posse  de  arma  de  fogo  de  uso  permiZdo  com  numeração,  marca  ou  qualquer  outro  sinal  de  idenZficação  raspado,  suprimido  ou  adulterado,  PRATICADO  SOMENTE  ATÉ  23/10/2005.  

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•  Jurisprudência  do  STJ  

•  A  Lei  n.º  10.826/03,  nos  art.  30  e  art.  32,  determinou  que  os  possuidores  e  proprietários  de  armas  de  fogo  não  registradas  deveriam,  sob  pena  de  responsabilidade  penal,  no  prazo  de  180  (cento  e  oitenta)  dias  após  a  publicação  da  Lei,  SOLICITAR  O  SEU  REGISTRO  apresentando  nota  fiscal  de  compra  ou  a  comprovação  da  origem  lícita  da  posse  OU  ENTREGÁ-­‐LAS  À  POLÍCIA  FEDERAL.    

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•  Entre  23/12/2003  e  23/10/2005,  prazo  idenZficado  como  VACATIO  LEGIS  INDIRETA  pela  doutrina,  a  simples  conduta  de  possuir  arma  de  fogo  e  munições,  DE  USO  PERMITIDO  (ART.  12)  OU  DE  USO  RESTRITO  (ART.16),  não  seria  crime.  

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•  A  vacaZo  legis  indireta  tem  aplicação,  tão  somente,  para  os  delitos  de  POSSE  de  arma  de  fogo  ou  munição,  mas  não  incide  no  tocante  à  conduta  do  agente  que  for  surpreendido  PORTANDO  tais  artefatos,  o  qual  incorre  nas  sanções  do  art.  14  do  Estatuto  do  Desarmamento.    

•  A  posse  de  arma  de  fogo  com  a  NUMERAÇÃO  RASPADA  e  munições,  mesmo  que  de  uso  permiZdo,  é  EQUIPARADA  À  POSSE  DE  ARMA  DE  FOGO  DE  USO  RESTRITO,  para  fins  de  reconhecimento  da  aboliZo  criminis  temporária.  

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•  A  conduta  imputada  ao  réu  em  11/03/2009  equivale  ao  porte  de  arma  de  fogo  de  uso  restrito,  e,  por  consectário,  deve  ser  considerada  kpica,  pois  o  período  de  entrega  e  regularização  de  tais  armamentos  se  iniciou  em  23/12/2003  e  foi  encerrado  em  23/10/2005,  já  que  AS  ULTERIORES  PRORROGAÇÕES  ABRANGERAM  SOMENTE  OS  POSSUIDORES  DE  ARMA  DE  FOGO  E  MUNIÇÃO  DE  USO  PERMITIDO.  Ordem  denegada.  

•  (HC  219.900/MG,  Rel.  Ministro  GILSON  DIPP,  QUINTA  TURMA,  DJe  14/08/2012)  

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•  ABOLITIO  CRIMINIS  TEMPORÁRIA    •  A  Lei  n.  10.826/2003,  com  a  alteração  da  Medida  Provisória  n.  174,  de  18  de  março  de  2004  (converZda  na  Lei  n.  10.884,  de  17-­‐06-­‐2004),  concedeu  prazo  de  cento  e  oitenta  dias  após  a  publicação  do  respecZvo  regulamento,  para  que  todos  os  possuidores  e  proprietários  de  armas  não  registradas  procedessem  aos  respecZvos  registros,  apresentando  Nota  Fiscal  de  compra  ou  comprovação  da  origem  lícita.    

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•  Antes  do  decurso  do  referido  lapso  temporal,  não  se  pode  falar  na  existência  do  crime  de  posse  ilegal  dessas  armas,  presumindo-­‐se  a  boa-­‐fé,  ou  seja,  a  ausência  de  dolo  daqueles  que  as  possuam.    

•  Assim,  tanto  o  art.  12  como  o  art.  16  do  Estatuto  Zveram  sua  vigência  condicionada  ao  encerramento  do  mencionado  prazo.    

•  Há,  portanto,  um  período  intermediário,  em  que  tais  condutas  não  são  alcançadas  nem  pela  Lei  n.  9.437/97,  nem  pela  nova  legislação.    

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•  Tal  período  começa  em  23  de  dezembro  de  2003,  data  da  entrada  em  vigor  da  maior  parte  da  Lei  n.  10.826/2003,  incluindo  o  seu  art.  23,  que  determinou  a  revogação  expressa  da  anZga  Lei  de  Arma  de  Fogo,  e  se  encerra  com  o  término  do  prazo  de  cento  e  oitenta  dias  da  publicação  de  seu  Regulamento.    

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•  Nesse  interregno,  nas  palavras  de  FERNANDO  CAPEZ,    “a  posse  ilegal  das  armas  de  fogo  de  uso  permiZdo  e  restrito  não  são  incriminadas  nem  pela  revogada  Lei  n.  9.437/97,  nem  pelos  arts.  12  e  16  da  nova  Lei.  É  um  paradisíaco  período  de  aZpicidade."  (in  Estatuto  do  Desarmamento.  Comentários  à  Lei  10.826/03,  Ed.  Saraiva,  3ª  edição,  p.  73/74.)  

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•  ABOLITIO  CRIMINIS  TEMPORÁRIA  RETROAGE?  •  DE  ACORDO  COM  O  STJ,  SIM!  

•  Com  base  no  art.  5.º,  inciso  XL,  da  ConsZtuição  Federal  e  no  art.  2.º,  do  Código  Penal,  a  aboliZo  criminis  temporária  deve  retroagir  para  beneficiar  o  réu  apenado  pelo  crime  de  posse  de  arma  de  fogo  seja  de  uso  permiZdo  ou  restrito,  com  ou  sem  numeração  suprimida,  perpetrado  na  vigência  da  Lei  n.º  9.437/97.  Precedentes.  

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•  No  caso  dos  autos,  é  akpica  a  conduta  atribuída  ao  Paciente,  uma  vez  que  a  busca  efetuada  em  sua  residência  ocorreu  em  08/04/1997,  ou  seja,  antes  do  período  de  abrangência  para  o  referido  armamento,  qual  seja,  de  23  de  dezembro  de  2003  a  23  de  outubro  de  2005,  moZvo  pelo  qual  se  encontra  abarcada  pela  EXCEPCIONAL  VACATIO  LEGIS  INDIRETA  prevista  nos  arts.  30  e  32  da  Lei  n.º  10.826/03.    

•  (HC  164.321/SP,  QUINTA  TURMA,  DJe  28/06/2012)  

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•  Segundo  o  STF,  NÃO  RETROAGE!    •  A  Lei  sobre  prazo  para  registro  de  armas  é  inaplicável  a  fatos  fora  de  sua  vigência.  

•  “Lei  excepcional  temporária  não  tem  retroaZvidade.  Tem  ultra-­‐aZvidade  em  face  da  regra  do  arZgo  3º  do  Código  Penal”.  RE  768494  

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•  A  ultra-­‐aZvidade  gravosa  •  Art.  3º  -­‐  A  lei  excepcional  ou  temporária,  embora  decorrido  o  período  de  sua  duração  ou  cessadas  as  circunstâncias  que  a  determinaram,  aplica-­‐se  ao  fato  praZcado  durante  sua  vigência.  

•  Lei  temporária  é  aquela  que  tem  um  período  prefixado  de  duração.  Delimita  de  antemão  o  lapso  temporal  em  que  estará  em  vigor.    

•  Lei  excepcional  é  aquela  que  tem  vigência  enquanto  persisZrem  determinadas  circunstâncias  excepcionais.    

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•  IrretroaZvidade  da  Lei  mais  gravosa    •  Se  a  lei  posterior  é  mais  gravosa  -­‐  lex  gravior    ou  nova9o  legis  in  pejus  -­‐    não  retroagirá.    

•  Súmula  471  do  STJ  •  Os  condenados  por  crimes  hediondos  ou  assemelhados  comeZdos  antes  da  vigência  da  Lei  11.464/2007  sujeitam-­‐se  ao  disposto  no  art.  112  da  Lei  7.210/1984  (Lei  de  Execução  Penal)  para  a  progressão  de  regime  prisional.  

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•  RetroaZvidade  da  lei  mais  benéfica  -­‐  lex  miDor  ou  nova9o  legis  in  mellius  

•  De  acordo  com  o  arZgo  5º,  XL  CRFB,  "a  lei  penal  não  retroagirá,  salvo  para  beneficiar  o  réu."  

•  SÚMULA  501  STJ  -­‐  É  cabível  a  aplicação  retroaZva  da  Lei  n.  11.343/2006,  desde  que  o  resultado  da  incidência  das  suas  disposições,  na  íntegra,  seja  mais  favorável  ao  réu  do  que  o  advindo  da  aplicação  da  Lei  n.  6.368/1976,  sendo  vedada  a  combinação  de  leis..  

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•  COMBINAÇÃO  DE  LEIS    •  O  entendimento  pacífico  do  STJ  e  do  STF  é  no  senZdo  de  que  não  cabe  a  combinação  de  leis,  pois  o  juiz  estaria  criando  uma  terceira  lei  (tex  terZa),  extrapolando  sua  competência  e  atuando  como  legislador,  criando  Zpos  penais  híbridos.    

•  Há,  porém,  parcela  da  doutrina  que  sustenta  a  possibilidade  de  combinação  de  leis  em  favor  do  agente,  a  fim  de  fazer-­‐se  melhor  distribuição  da  jusZça  no  caso  concreto,  atendendo  aos  princípios  consZtucionais  da  ultra-­‐aZvidade  e  retroaZvidade  da  lei  mais  benéfica.  

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•  LEI  INTERMEDIÁRIA  (SUCESSÃO  DE  LEIS)  •  EXTRA-­‐ATIVIDADE  DA  LEI  MAIS  BENÉFICA  

•  Se  depois  de  praZcado  um  fato,  houver  sucessão  de  mais  de  uma  lei,  e  a  lei  mais  benéfica  situar-­‐se  no  período  intermediário,  essa  terá  aplicação  com  retroaZvidade,  por  ser  mais  benéfica  e  terá  ultra-­‐aZvidade  perante  a  lei  posterior  (mais  gravosa,  que  não  poderá  retroagir).  

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•  LUGAR  DO  DELITO    •  TEORIA  PURA  DA  UBIQUIDADE  (ou  mista  ou  unitária)  

•  Art.  6º  -­‐  Considera-­‐se  praZcado  o  crime  no  lugar  em  que  ocorreu  a  ação  ou  omissão,  no  todo  ou  em  parte,  bem  como  onde  se  produziu  ou  deveria  produzir-­‐se  o  resultado.  

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•  O  legislador  brasileiro  acolheu  a  TEORIA  DA  UBIQUIDADE,  que  amplia  a  noção  de  lugar  do  crime  para  incluir  tanto  aquele  no  qual  se  verifica  a  conduta  do  agente,  como  aquele  no  qual  se  verifica  o  resultado  naturalísZco  (nos  crimes  em  que  é  exigido)  ou  ainda  do  bem  jurídico  violado.    

•  Evita-­‐se  o  inconveniente  do  conflito  negaZvo  de  jurisdição.    

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•  A  ampliação  pode  ocasionar  o  inconveniente  do  duplo  julgamento  (no  Brasil  e  no  estrangeiro),  que  pode  ser  resolvido  pela  regra  do  arZgo  8º,  CP  (ne  bis  in  idem).    

•  Art.  8º  -­‐  A  pena  cumprida  no  estrangeiro  atenua  a  pena  imposta  no  Brasil  pelo  mesmo  crime,  quando  diversas,  ou  nela  é  computada,  quando  idênZcas.  

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•  PRINCÍPIO  DA  TERRITORIALIDADE  (ART.  5º,  CP)  

•   Art.  5º  -­‐  Aplica-­‐se  a  lei  brasileira,  sem  prejuízo  de  convenções,  tratados  e  regras  de  direito  internacional,  ao  crime  comeZdo  no  território  nacional.    

•  Fundamento  -­‐  Soberania  de  Estado  -­‐  plenitude  (totalidade  de  competências  sobre  questões  da  vida  social;  autonomia  (rejeição  de  influências  externas);  e  exclusividade  (monopólio  do  poder  nos  limites  do  território).  

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•  TERRITÓRIO  NACIONAL  •  No  senZdo  jurídico,  território  é  o  âmbito  espacial  sujeito  ao  poder  soberano  do  Estado.  

•  EfeZvo  ou  real  -­‐  super�cie  terrestre  (solo  e  subsolo),  as  águas  territoriais  (fluviais,  lacustres  e  maríZmas)  e  o  espaço  aéreo  correspondente  (o  Brasil  adota  a  teoria  da  soberania  sobre  a  Coluna  atmosférica).    

•  obs.:  mar  territorial  -­‐  12  milhas    (zona  econômica  -­‐  200  milhas).  

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•  TERRITÓRIO  POR  EXTENSÃO  OU  FLUTUANTE    -­‐  embarcações  e  aeronaves  (art.  5º,  §  1º,  CP).  

•  ART.  5º,  §  1º  -­‐  Para  os  efeitos  penais,  consideram-­‐se  como  extensão  do  território  nacional  as  embarcações  e  aeronaves  brasileiras,  de  natureza  pública  ou  a  serviço  do  governo  brasileiro  onde  quer  que  se  encontrem,  bem  como  as  aeronaves  e  as  embarcações  brasileiras,  mercantes  ou  de  propriedade  privada,  que  se  achem,  respecZvamente,  no  espaço  aéreo  correspondente  ou  em  alto-­‐mar.  

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•  ART.  5º,  §  2º  -­‐  É  também  aplicável  a  lei  brasileira  aos  crimes  praZcados  a  bordo  de  aeronaves  ou  embarcações  estrangeiras  de  propriedade  privada,  achando-­‐se  aquelas  em  pouso  no  território  nacional  ou  em  voo  no  espaço  aéreo  correspondente,  e  estas  em  porto  ou  mar  territorial  do  Brasil.  

•  A  regra  da  territorialidade  se  aplica  de  forma  TEMPERADA  "sem  prejuízo  de  convenções,  tratados  e  regras  de  direito  internacional".  

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•  PRINCÍPIO  DA  PASSAGEM  INOCENTE    •  O  princípio  da  passagem  inocente  é  insZtuto  jurídico  próprio  do  Direito  Internacional  MaríZmo  e  permite  a  uma  embarcação  de  propriedade  privada,  de  qualquer  nacionalidade,  o  direito  de  atravessar  o  território  de  uma  nação,  com  a  condição  de  não  ameaçar  ou  perturbar  a  paz,  a  boa  ordem  e  a  segurança  do  Estado  costeiro  (arZgo  19,  da  Convenção  das  Nações  Unidas  sobre  o  Direito  do  Mar).    

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•  Assim,  os  navios  estrangeiros  no  mar  territorial  gozam  do  chamado  "direito  de  passagem  inocente"  (definida  como  conknua,  rápida  e  ordeira),  pelo  qual  o  Estado  costeiro  deve  abster-­‐se  de  exercer  jurisdição  civil  ou  penal  sobre  tais  embarcações.  

•  Aplicado  ao  Direito  Penal,  o  princípio  permite  que  crimes  comeZdos  dentro  de  navio  estrangeiro,  de  passagem  pelo  país,  não  sejam  julgados  pela  lei  do  país  em  trânsito,  desde  que  não  afetem  um  bem  jurídico  nacional.    

•  Ex.:  um  argenZno  agride  um  uruguaio  a  bordo  de  um  navio  de  cruzeiro  de  bandeira  grega,  em  mar  territorial  brasileiro.  

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•  IMUNIDADE  DIPLOMÁTICA    •  Convenção  de  Viena  (Dec.  56435/65,  art.  31:  o  agente  diplomáZco  gozará  de  imunidade  de  jurisdição  penal  do  Estado  acreditado.)  

•  É  causa  pessoal  de  exclusão  ou  de  isenção  de  pena.  

•  Imunidade  material  -­‐  inviolabilidade  (pessoal,  família,  residência  e  pertences).    

•  A  pessoa  do  agente  diplomáZco  é  inviolável.  Não  poderá  ser  objeto  de  nenhuma  forma  de  detenção  ou  prisão  (art.  29).  

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•  Imunidade  formal  -­‐  A  imunidade  de  jurisdição  de  um  agente  diplomáZco  no  Estado  acreditado  não  o  isenta  da  jurisdição  do  Estado  acreditante.  

•  O  agente  diplomáZco  não  é  obrigado  a  prestar  depoimento  como  testemunha.  

•  Trata-­‐se  de  Matéria  de  Ordem  Pública  -­‐  deve  ser  declarada  de  o�cio  pelo  juiz.  

•  O  Estado  acreditante  pode  renunciar  à  imunidade  de  jurisdição  dos  seus  agentes  diplomáZcos.  A  renuncia  será  sempre  expressa  (art.  32  da  convenção).  

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•  EXTRATERRITORIALIDADE  (art.  7º,  CP)  •  I  -­‐  Incondicionada  -­‐  INCISO  I  -­‐  aplica-­‐se  a  lei  brasileira  sem  nenhuma  condição  (ainda  que  absolvido  ou  condenado  no  estrangeiro  -­‐  §  1º).    

•  Princípios:  da  defesa  (inciso  I,  alíneas  a,  b,  c)  e  da  universalidade  (inciso  I,  alínea  d).  

•  II  -­‐  Condicionada  -­‐  INCISO  II  quando  atendidos  certos  requisitos  (§2º)  

•  Princípios  da  universalidade  (inciso  II,  alínea  a),  da  personalidade  (II,  "b"  e  §3º),  da  bandeira  (II,  c)  e  da  defesa  (§  3º).  

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•  Princípio  Real,  de  defesa  ou  da  proteção  de  interesses  (art.  7º,  I,  "a",  "b",  "c",  do  CP):    

•  Aplica-­‐se  a  lei  penal  do  estado  Ztular  do  bem  jurídico  lesado  ou  ameaçado,  onde  quer  que  o  delito  tenha  sido  comeZdo  e  qualquer  que  seja  a  nacionalidade  de  seu  autor.    

•  Princípio  da  universalidade  ou  da  jusZça  mundial  ou  Cosmopolita  (art.  7º,  I,  "d"  e  II,  "a",  CP):  

•  Aplica-­‐se  a  lei  nacional  a  todos  os  fatos  puníveis,  como  postulado  de  comunidade  de  interesses  entre  os  Estados  -­‐  ideal  de  jusZça  penal  universal  

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•  Princípio  da  Nacionalidade  ou  da  personalidade:  •  Aplica-­‐se  a  lei  penal  do  país  de  origem  do  sujeito  aZvo  ou  passivo,  onde  quer  que  ele  se  encontre.    

•  Nacionalidade  AZva  -­‐  lei  da  nacionalidade  do  sujeito  aZvo  (art.  7º,  II,  b,  CP).  

•  Nacionalidade  Passiva  -­‐  lei  da  nacionalidade  do  sujeito  passivo  (art.  7,  §  3º,  CP).  

•  Princípio  da  representação,  da  bandeira  ou  do  pavilhão  (art.  7º,  II,  c,  CP):  

•  Aplica-­‐se  a  lei  do  Estado  em  que  está  registrada  a  aeronave  ou  a  embarcação,  ou  cuja  bandeira  ostenta,  quando  o  delito  ocorre  no  estrangeiro  e  aí  não  é  julgado.    

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•  LEI  DE  CONTRAVENÇÕES  PENAIS  (DL  3688/41)  •  Art.  2°  -­‐  A  lei  brasileira  só  é  aplicável  à  contravenção  praZcada  no  território  nacional.    

•  REGRA:  TERRITORIALIDADE  DA  LCP.  

•  Não  há  extraterritorialidade  da  lei  de  contravenções  penais.  

•  Na  Divergência  entre  o  art.  2º,  LCP  e  o  art.  7º,  CP,  prevalece  a  especialidade  da  primeira.  

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•  EXTRATERRITORIALIDADE  DA  LEI  DE  TORTURA  -­‐  art.  2º  da  Lei  n°  9.455/97:    

•  “O  disposto  nesta  Lei  aplica-­‐se  ainda  quando  o  crime  não  tenha  sido  comeZdo  em  território  nacional,  sendo  a  víZma  brasileira  ou  encontrando-­‐se  o  agente  em  local  sob  jurisdição  brasileira”.    

•  DE  ACORDO  COM  A  DOUTRINA,  a  primeira  parte  (sendo  a  ví9ma  brasileira)  configura  hipótese  de  extraterritorialidade  incondicionada.  

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•  POLÊMICA  QUANTO  à  segunda  parte  (crime  de  tortura  praZcado  no  estrangeiro  encontrando-­‐se  o  agente  em  local  sob  jurisdição  brasileira):  

•  1ª  corrente  é  caso  de  extraterritorialidade  incondicionada  para  alguns  autores  (NUCCI,  GABRIEL  HABIB).    

•  2ª  corrente  é  caso  de  extraterritorialidade  e  condicionada  (CAPEZ,  MARCELO  AZEVEDO),  uma  porque  a  lei  exige  que  o  agente  se  encontre  em  lugar  sob  jurisdição  brasileira  e,  a  duas,  porque  as  convenções  condicionam  a  aplicação  da  lei  à  inocorrência  de  extradição.