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--

Arq. & Adm. Rio de Janeiro v.7 n.1 P. 1 4 0

i' JY

jadabr. 1979

adminisiraç5o

v. 7 n. 1. abril 1979 Revista quadrimestral de divulgação da Associação dos Arquivistas Brasileiros

Conselho Editorial Eloísa Helena Riani Marques .Helena Corrêa Machado José Lázaro de Souza Rosa José Pedro Pinto Esposei Maria de Ia E. de Espana lglesias Maria Luiza S. Dannernann

Diretoria Técnica Marilena Leite Paes

Redatora-Chefe Eloísa Helena Riani Marques

Secretária Maria Amélia Gomes Leite

Produção Revisão Ignez de Jesus Felipe

Artes-Finais Hairno S. Martins

Composição Compósita L tda.

Impressão Gráfica Portinho Cavalcanti L tda.

ASSOCI AÇAO DOS ARQUIVISTAS BRASI LEI ROS

Diretoria 1977-79

Presidente: Marilena Leite Paes Vice-presidente: Elyanna de Niemeyer

l? Secretária: EloiSa Helena Riani

2? Secretária: Eliana Balbina Flora

I ? Tesoureira: Norma Viegas de Barros 2? Tesoureira: Aurora Ferraz Frazão

Mesquita

Marques

Sales

Conselho De1 iberativo

Astréa de Moraes e Castro Gilda Nunes Pinto Helena Corrêa Machado Janine Resnikoff Diamante José Pedro Pinto Espose1 Maria Luiza S. Dannemann Maura Esândola Quinhões Myrthes da Silva Ferreira Raul do Rego Lima

Suplentes

Celita Pereira Gondin Maria Amélia Porto Migueis Martha Maria Gonçalves

Conselho Fiscal

Deusdedit Leandro de Oliveira Fernando Salinas José Lima de Carvalho

Suplentes

Jaime Antunes da Silva Mílton Machado

Arquivo 81 Administração v.1- n. 0- 1972-

Rio de Janeiro, Associação dos Arquivistas Brasileiros.

V. ilust. 28cm quadrimestral.

Publicação oficial da Associação dos Arquivistas Brasileiros.

1. Arquivos - Periódicos. 2. Administração - Periódicos. I. Associação dos Arquivistas Brasileiros.

CDD 025.171

Este periódico está registrado na SCDP-SR/GB do DPF, sob o n. 397/D. 20.493/46

sumário editorial 3

resenha bibliográfica 4 estudos arquivos, memória da humanidade 5 meu arquivo particular 8 inutilizacão racional de documentos 7 7

entrevista projeto memória do teatro brasileiro 74

informe 77

várias arquivos na velha rorna 23 relatório duchein sobre os arquivos no brasil 28 terminologia arquiv ística 30

relatório e prestação de contas da aab 32

crônica a memória nacional em microfilme 39

Correspondência para Arquivo & Administração Praia de Botafogo, 186 sala 8-21 7 22.253 - Rio de Janeiro, RJ Tel.: 246-6637

Prsos de assinaturas Sócios da AAB distribuição gratuita Não sócios Cr$ 60.00 Exemplar avulso ou atrasado Cr$ 25.00

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos respectivos autores e não expressam necessariamente o pensamento da Associação dos Arquivistas Brasileiros ou dos redatores de Arquivo & Administração. Permitida a reprodução de artigos ciescie que seja observada a ética autoral que determina a indicação da fonte.

Distribuição: AAB Desejamos permuta Desearnos permuta Nous desirons échange We are interest in exchange

ISSN O1 00-2244

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itorial

Coincidentemente com o momento nacional, a A A B vive t a m M m instantes de transição entre o término do man- dato de uma diretoria e o começo de uma nova e promissora gestão.

chegado, pois, o tempo do balan- ço geral das realizações do passado, e da projeção para o futuro das nossas esperanças numa Associação cada vez mais atuante e, sobretudo, fiel aos seus objetivos estatutários.

Dentre as realizações da AAB, ocor- ridas no biênio 1977-1 979, merece destaque especial, pelas suas inúmeras implicações, a regulamentação das pro- fissões de arquivista e técnico de arqui- vo, obtida após um longo, di f íc i l e dedicado trabalho de equipe, iniciado ainda durante a gestão de José Pedro Pinto Esposei e intensificado a part ir do f inal de 1977.

Esta importante conquista, com res- paldo legal, que tirou arquivistas e técnicos de arquivo de uma deprimen- te marginalização profisional, lamen- tável e intencionalmente vem sendo ignorada por algumas autoridades que, para atender a interesses políticos, nomeiam para cargos de direção de Arquivos Públicos e departamentos de documentação profissionais de outras áreas, infringindo a legislação vigente que regula o exercício tanto da profis- são de arquivista, como a de bibliote- cário.

Ao lado do grande elenco de ale- grias que reunimos nestes dois Últimos anos, esta é, sem dúvida, uma das raras frustrações que enfrentamos com in- dignação inconformada, uma vez que todos os protestos encaminhados pela .AAB restaram inúteis.

E m contrapartida, é de justiçaregis- trar que autoridades como a Secretária Municipal de Administração do Rio de Janeiro, preocupada com o f iel cum- primento das leis, vêm designando para exercer cargos ou funções com atribui- ções específicas de Arquivo e Do- cumentação profissionais legalmente habilitados.

Ao êxi to alcançado com a regula- mentação da profissão, somam-se ou- tras iniciativas que merecem destaque tais como a promoção de seis cursos de al to nível, abordando diversos as- pectos da Arquivolog ia ; palestras prof e- ridas por especialistas nacionais e es-

\

trangeiros, entre os quais podemos mencionar os Profs. Morris Rieger, Rolf Nagel e Michel Duchein; realiza- ção do Seminário sobre Análise Curri- cular e Conteúdo Programático de Cursos de Arquivo; participação em congressos e seminários sobre do- cumentação; entendimentos com auto- ridades, visando dotar, dentro em bre- ve, se não o País, pelo menos o Estado do Rio de Janeiro, dos cursos profis- sionalizantes de arquivo, em nível de 20 grau, para formar jovens técnicos de arquivo, nos termos da legislação vigente; obtenção de credenciamento junto ao Conselho Federal de Mão-de- Obra, para gozar dos benefícios estabe- lecidos nas Leis nP 6.546, de 4-7-78 e n9 6.297, de 1512-75; prestação de assistência técnica a várias i nstitu icões públicas e particulares; preparo da programação das Semanas Interna- cionais de Arquivo e do 40 Congresso Brasileiro de Arquivologia, a ser reali- zado de 14 a 19 de outubro próximo.

Finalizando, queremos consignar nossos melhores agradecimentos aos companheiros que integraram a equipe responsável pelos destinos da AAB, no período de 1977 a 1979, e que tenho a honra de aqui nomear: Elyanna de Niemeyer Mesquita, Vice-presidente; Eloísa Helena Riani Marques, I? Secre- tária e Redatora-Chefe de Arquivo & Administração; Eliana Balbina Flora Sales, 2? Secretária; Wilma Schaeffer Corrêa, I? Tesoureira, posteriormente substituída por Norma Viegas de Bar- ros, em virtude de sua transferência para Brasília; Aurora Ferraz Frazão, 2? Tesoureira; Regina Alves Vieira, Dire- tora do Departamento de Cursos; Auta Rojas Barreto, Diretora do Departa- ' mento Cultural; Almir Machado, nosso dinâmico contador e Maria Wilma Mar- ques Soares, sempre gentil e prestimo- sa auxiliar da Secretaria.

Referência especial deve ser feita aos membros dos Conselhos Deliberati- vo e Fiscal, que apoiaram e acompa- nharam com entusiasmo nossa atua- ção, bem como ao grupo de especialis- tas em editoração que, contagiados pelo idealismo característico dos que mil i tam na AAB, tomaram a si o encargo de reformular nossa revista, publicação oficial da entidade.

Agradecemos ainda o apoio cons- tante e amigo recebido do Diretor do Arquivo Nacional, Raul do Rego Lima, e demais funcionários daquele órgão, bem como a colaboração de Luiz Felipe Guahyba Nepomuceno, Diretor de nosso Núcleo Regional em Brasília, substituído, a pedido, a partir de 21-1-79, por Astréa de Moraes e Cas- tro, fundadora daquele Núcleo, sempre disposta a dar o melhor de si para a Associação; agradecemos também a participação dos demais diretores de núcleos regionais da AAB, quais sejam: Maria das Graças Navegantes (Belém); Darcila de Ia Canal Castelan .(Santa Maria); José Sebastião Wittea, (São Paulo) e Fernando Achiamé (Espírito Santo).

Longa é a relação de amigos a quem devemos agradecimentos. Muitos há que, embora não expressamente cita- dos aqui, serão sempre lembrados com carinho e gratidão.

Concluindo, é nos0 honroso dever destacar os nomes de José Pedro Pinto Esposel, Helena Corrêa Machado e, muito especialmente, Lourdes da Cos- ta e Souza que nos assistiram em todos os momentos decisivos com a sua presença amiga e sua experiência.

A nova diretoria, eleita para o biênio de 1979-1981, sob a presidência de Regina Alves Vieira, figura das mais expressivas do panorama arquivístico nacional, secundada por Rômulo Brügger Roland, Vice-presidente; Ma- ria Amélia Gomes Leite, 10- Secretá- rio, Almir Vancini Veras, 2? Secretá- rio; Nestor Manoel da Silva Filho, I? Tesoureiro e Aurora Ferraz Frazão, 2? Tesoureiro, desejamos nossos melhores votos de sucessos em suas iniciativas, e nos colocamos i disposição para, na medida de nossas possibilidades, ajudar a AAB a atingir seus objetivos, princi- palmente aqueles relacionados a pro- gramas que, por falta de tempo hábil não puderam ser efetivados em nossa gestão, tais como a criação de cursos profissionalizantes para formação de técnicos de 20 grau, restabelecimento da carreira de arquivista no Serviço Público Federal e a criação dos Conse- lhos Federal e Regionais de Arquivolo- gia.

Marilena Leite Paes

3 Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 1: 3, jadabr. 1979.

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1. Publicações recebidas

ARQUIVO DO ESTADO. Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia, SP. Folheto explicativo. São Paulo, 1978.9 p.

THE AMERICAN ARCHIVIST, Chica- go, EUA. 41(4) out. 1978.

DER ARCHIVAR, mitteilungsblatt f Ü r ' . deutsches archivwesen. 26(4) nov.

1973. 27(1) fev.(2) maio(3) ju1.1974. 28(1) fev.(2) maio(3) ju1.(4) nov. 1975. 29(1) fev.(2) maio(3) juL(4) nov. 1976. 30(1) fev.(2) maio(3) ju1.(4) nov. 1977. 31(4) nov. 1978.

BOLETIM BIBLIOGRAFICO, SESC, RJ. (18/19) dez. 1977/jun. 1978( 20) dez. 1978.

BOLETIN DE LA ASOCIACION AR- CHIVISTICA ARGENTINA, B. Aires. 8(15) ago. 1978.

BOLETIN INTERAMERICANO DE ARCHI VOS, Córdoba, Argentina. 3, 1976.

RAL DE LA NACION, B. Aires. 6(6) 1977.

VASCONCELLOS, Ignacio A c c i o I i de. Memoria estatistica da provin- cia do Espiíito Santo escrita no anno de 1828. Transcrição do rna-

' nuscrito original realizada por Fer- nando Achiamé. Vitória, Arquivo Público, 1978. l v . (Colecão Mario Aristides Freire, 1 ).

REVISTADELARCHIVO G E N E-

2. Sumários

Boletin de Ia Asociacion Archivistica Argentina, B. Aires. 8(15) ago. 1978:

Editorial - Balance al término de um nuevo mandato

ECOS de1 Primer Congreso Nacional de A rc h ivos

Reportaje al Sr. Director de1 Archivo General de Ia Nacion, Dr. César A. Garcia Belsunce Reformas introducidas al Estatuto de Ia Asociacion Archivistica Argentina Descripción y Clasificación Archivis- tica Las actividades archivisticas cobran inusitado impulso Que sabemos de microfilmación Lexicografia archivistica Bibliografia general

Boletin Interamericano de Archivos, Córdoba, Argentina. (3) 1976.

VI I I Congreso Internacional de Archi- vos La administración de documentos co- mo función archivistica, por Arte1 Ricks Los Archivos provisionales: idea e ins- trumento, por Guy Dubosp El evalúo de 10s documentos contem- poráneos, por A ke Kromnow Progreso en Ia ciencia de administra- ción de archivos, por A. P. Kurantov Las consecuencias archivisticas de 10s documentos legibles por máquina, por Lionel Bell Mejoras técnicas en i a conservación y reprografia de documentos de archivo, por Carmen Crespo La cresciente clientela archivistica en el período de Ia posguerra mundial 1 1 , por Ivan Borsa La liberalízación de1 acceso y de1 USO,

por S. N. Prasad El progreso en Ia tecnologia y Ia expansión de1 âccew, por Heinz BO- berach Expansión y evolución mundiales de 10s archivos, por s. O. sowoolu La utilidad especial de 10s archivos en 10s países en desarrollo, por G. Cangah Esfuerzos de asistencia archivistica para el mundo en desarrollo, por Atire- li0 Tanodi

El Comité de Archivos de1 Instituto Panamericano de Geografia e Historia, por Bernard Weilbrenner Guia de 10s archivos de Chile, por Juan Eyzaguirre E. Notlcias de Espana, por Vicenta Cor- tés Alonso Bibliografia archivistica, 197(11975 Bibliografia archivistica de1 Peru, por César Gutiérrez Mufíoz

Revista de1 Archivo General de La Nación, Buenos Aires. 6(6) 1977.

\

Art ícu I os: Archivos; función y exigencias. Vi- centa Cortés Alonso Aspectos teóricos y jurídicos de Ia reconstitución de 10s patrimonios ar- chivísticos nacionales. César A. Garcia Belsunce Los artlculos de esta edición. Noticia sobre sus autores

Notas:

La Decimoséptima Conferencia Inter- nacional de Ia Mesa Redonda de 10s Arc h ivos 1. El Informe general redactado por Christian Gut, secretario de1 orga- nismo 2. La participación de1 Archivo Gene- ral de i a Nación. Crónica de Ias se- siones

Suplemento: Prirner Congreso Nacional de Archivos de Ia República Argentina Sumário interno

Bibliografia: Los libros, Ias revistas

Cronica Aspectos de um afio de labor archivis- tica

Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ):4, jan./abr. 1979. 4

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. - I , . . . Y

* Extraído de O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, 66) :10-15, maio/l978. ** Diretorgeral dos Arquivos da França e membro do Comitê Executivo do Conselho Internacional de Arquivos. Foi diretor de estudos da Ecole Pratique des Hautes Etudes, de Paris, posteriormente professor de História Econômica Medieval na Sorbonne, cujo instituto de História dirigiu de 1971 a 1975.

Resumo A importância dos arquivos, quer para a administração, quer para a história econômica, poi ítica, social, psicológica e religiosa da humanidade é colocada em destaque. Paralelamente sáo focalizados os principais problemas decorrentes da evolução dos arquivos, desde o seu surgimento na mais remota Antigüidade até os tempos modernos, tais como a organização dos acervos documentais, as falhas decorrentes da ação do fogo e da negligência do homem, as vantagens e desvantagens da microfilmagem, o perigo da fragilidade de novos suportes (fotografias, fotocópias, xerografia, cópias carbono, fitas magnéticas etc.), o uso crescente de computadores nas administrações do mundo contemporâneo e, finalmente, o interesse cada vez maior dos pesquisadores e historiadores em basear seus relatos nas fontes arquivadas.

Antes mesmo de serem a matéria-pri- ma com que se escreve a história, os arquivos foram o arsenal da adminis- tração e o reflexo da história 2 medida que se esta se faz.

Desde a mais remota Antigüida- de os arquivos públicos constituem a memória do Estado, enquanto cada in- divíduo, por s i mesmo, organiza seus arquivos particulares, como memória de sua própria atividade ou da de sua família. A função dos arquivos é con- servar a lembrança das ações de um dia, para que sirva de base às ações dos dias subseqüentes. Os suportes dos arquivos variaram,

como variaram os objetos. Através das civilizações e das técnicas; sucederam- se a tabuleta de cera, a tabuleta de ar- gila seca, a concha, o pedaço de vidro, o papiro, o papel e o próprio mármo- re. Desta forma, chegaram até nós, pa- ra formar uma história que os adminis- tradores de outrora mal poderiam ima- ginar, a correspondência dos reis do Oriente Próximo, o cadastro do Impé- rio Romano, a estrutura do patrimônio da Igreja de Roma, de Guilherme, o Conquistador, etc. . .

O traço comum a todos esses do- cumentos, além do fato de procederem

da vida ativa e não de terem sido abso- lutamente concebidos para servir aos futuros historiadores, é sua retatiwa perenidade. Uma tabuleta ou um pèda- ço de mármore não se gastam com a leitura, e mesmo o frágil papiro, qye sofre com as manipulações e comia ação da luz, não é afetado em nava quando percorrido com o olhar. Esses documentos apresentam outra caracte-

I As formas da tradição se diversificai

ram. Existe o original, seguido de per- to pela cópia feita ao mesmo fempo a fim de proporcionar igual eficiência administrativa. Existe a cópia feita pe- 10 próprio autor da ata com a, finali- dade-de conservar as decisões tomadas e as informações fornecidas: é,o regis- tro, ou "rolo", graças ao qual nossos arquivos guardam, desde a Idade Mé- dia, toda a atividade das grandes ad- ministrações. Basta examinar os rolos da chancelaria britânica, os registros dos Papas e os do Trésor des Chartes da França para constatar quanto pode servir 2 história das sociedades huma- nas a memorização sistemática dos atos de governo e de gestão adminis- trativa.

A medida que os grupos humanos organizados sentiram a necessidade de conservar seus arquivos, sentiram tam- bém a necessidade de organizá-los. Na verdade os arquivos são a referência privilegiada de qualquer decisão basea- da em precedentes, o que significa que são a base de toda administração con- suetudinária e de toda jurisdição que não conte com o respaldo de um corpo jurídico.

Entre os meios empregados para a organização de arquivos está o inven- tário sob todas as suas formas - alfa- bética, cronológica, topográfica, metó- dica - que pode reunir documentos conservados para tornar sua busca mais fácil e rápida. Já na Antigüidade este meio era conhecido, mas só na Idade

rísjica comum: a unicidade. I

I

I

5 Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 1: 5-7, jan./abr. 1979.

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Média, principalmente a partir do sé- culo XI I I , multiplicaram-se osseususos e aplicações.

Esses arquivos tradicionais têm suas falhas. A primeira é a vulnerabilidade dos documentos a todos os agentes de destruição, principalmente o fogo, ter- ror das cidades antigas. No decorrer dos séculos os incêndios destruíram documentos cuja falta os historiadores ainda hoje lamentam, ao tentar advi- nhar, com grande dificuldade, os dados que deveriam conter.

Outro flagelo de que padecem os ar- quivos desde que os homens os consul- tam é, para usar um eufemismo, a de- saparição de documentos. A par de ca- sos relativamente raros de roubos in- discutíveis, 'muitas desaparições se de- vem unicamente 2 negligência dos ho- mens, que esquecem de recolocar no lugar devido os documentos consulta- dos em seu trabalho quotidiano. Se os arquivos tivessem sido menos Úteis, seriam mais ricos.

A partir do século XVII, principal- mente, os historiadores ocidentais sen- tiram necessidade de basear seu relato dos acontecimentos e sua análise das estruturas do passado no exame das fontes arquivadas. Para o arquivista, o documento passava a apresentar inte- resse histórico, a par de seu valor como título jurídico, justificação e prece- dente. Não só se conservavam os arqui- vos como se constituíam coleções de documentos históricos, formadas por originais e cópias. As bibliotecas dos grandes mecenas eram enriquecidas com essas coleções factícias, compos- tas de peças de arquivo mais ou menos subtraídas de seus fundos originais. Os eruditos vasculhavam a Europa em busca de textos inéditos, tirando inú- meras cópias, para seu próprio uso e para o de 'seus amigos. Estas cópias, geralmente obtidas antes das grandes destruições causadas por incêndios ou pela fúria de conseguir documentos, são o único meio de que dispomos pa- ra conhecer alguns textos essenciais.

O despertar do interesse histórico transtornou por completo as normas do ofício de arquivjsta, cujas funções principais, até então orientadas para utilidade imediata da administração, adquiriram o sentido de servir ao his- toriador tanto quanto ao mundo con- temporãneo. Esta preocupação histó- rica chegou mesmo, já no século XIX, a determinar um reforço de priorida-

des, e o arquivista - geralmente um erudito - dava preferência ao serviço do historiador, deixando em segundo plano a administração contemporânea. Não é de espantar que esse século, o XIX, cuja história é uma das mais difí- ceis de escrever justamente por ter ha- vido pouca preocupação com os futu- ros historiadores, seja o século em que se desenvolveram as teorias positivis- tas da história. O interesse era coloca- do no passado, e esquecia-se que o pre- sente de então também viria no futuro a ser passado.

Foi no século XIX que a maioria dos países criou as grandes coleções de inventários, as grandes séries de publi- cações exaustivas e os fichários deta- lhados que ajudaram a história a pro- gredir.

A medida que os arquivos adqui- riam sua dimensão científica e cultural, afirmava-se e se tornava mais nítido o direito dos cidadãos a um patrimônio arquivístico comum. Isto significava novas obrigações para os serviços de arquivos, obrigações que deram origem às do serviço público atual: comunicar, auxiliar a pesquisa, aconselhar. A pes- quisa universitária, que então se desen- volvia, atulhava as salas de leitura dos depósitos de arquivo com um público desinteressado mas ávido, que encarava o direito de acesso aos arquivos como uma forma do direito à verdade.

No século XX, os problemas da massa foram introduzidos na arquivís- tica. O aumento, sensível na maioria dos países, dos campos onde se multi- plicavam as intervenções do Estado, é um dos primeiros fatores do aumento quantitativo dos arquivos. Há apenas um século, inúmeras questões podiam ser resolvidas sem que fosse preciso sair da esfera privada. Atualmente, a' simples construção de uma casa ou a execução de uma peça musical, impli- ca, de um modo ou de outro, a presen- ça do Estado; o Estado autoriza, proí- be, regulamenta, auxilia, cobra taxas. Isto significa que os arquivos públicos refletem as atividades de uma coletivi- dade, e ao mesmotempo, que os arqui- vistas, a fim de fornecerem esclareci- mentos complementares, preocupam- se hoje, mais do que no passado, em salvaguardar arquivos particulares, se- jam eles de simples indivíduos ou de estadistas, sejam os de um pequeno co-. merciante ou de uma empresa multi- nacional.

Outro fator que transtorna os dados da arquivística é, naturalmente, o pro- gresso da tecnologia documental. Em um século, evoluiu-se da pena à esfe- rográfica, do copista A máquina de es- crever elétrica e daí às máquinas mul- ticopiadoras, 2 fotocópia e à xerogra- fia. O documento único, antes regra, tornou-se exceção.

A primeira conseqüência desta mul- tiplicação dos arquivos é que ninguém mais pode administrar sozinho a massa de documentos, que mesmo sem serem utilizados todos os dias, apresentam in- teresse suficiente para não serem des- trufdos. Daí a necessidade de que pes- soal especializado - documentalistas ou arquivistas - tome a seu cargo o destino desses arquivos "vivos".

i! o arquivo intermediário ("pré-ar- quivamento") que transfere para o do- mínio da arquivística o que até então pertencia 4 administração do órgão. O arquivo intermediário não é apenas o simples fato de amontoar arquivos ain- da não examinados, mas uma verdadei- ra administração de documentação ainda útil e que já começa a ser objeto de cobiça dos pesquisadores.

A massa de documentos leva pois, muito mais do que no passado, à siste- matização da prática da triagem. Mas a eliminação deve ser muito bem estu- dada, para que se evite o risco de eli- minar documentos que possam vir a ser úteis algum dia.

Pode-se fazer uma escolha por amostragem: no plano do tempo, se- leciona-se um ano em cada cinco ou dez; no plano do espaço, a escolha tem de ser cuidadosa, a fim de que as re- giões cuja documentação se deseja con- servar sejam capazes de oferecer uma amostragem diversificada, que reflita diferentes situações humanas e econô- micas. E há também a amostragem te- mática, que permitirá ao historiador do futuro ter uma visão do tempo atual em toda a sua complexidade.

Para todas essas dificuldades deriva- das da grande massa de documentos e do custo de sua conservação, o micro- filme pretende oferecer uma solução definitiva. E com efeito, quando se pensa no preço do metro de filme vir- gem, fica-se maravilhado de ver conti- do numa simples caixinha o mesmo material que ocupa metros e metros quadrados de um depósito de constru- ção bastante cara. Mas quando se pen- sa no trabalho necessário para preparar

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Arq. & Adrn., Rio de Janeiro. 7 (1): 5-7, jan./abr. 1979. 6

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os documentos a fim de serem micro- filmados, quando se calcula os salários exigidos para a operação propriamente dita - sem esquecer os custos do ma- terial de microfilmagem - chega-se à conclusão de que microfilmar fundos de arquivos para conservá-los num pe- queno volume custa duas vezes mais do que construir um edifício especial- mente para guardar fundos de arqui- vos.

Esta constatação, que transfere para o início do século XXI o momento em que talvez a microfilmagem de substi- tuição esteja ao alcance dos arquivistas, vem acrescida de outro inconveniente igualmente grave: por eliminar muitos elementos de análise e de peritagem, o microfilme ainda não é reconhecido na maioria dos países nem como títu- lo nem como prova judicial.

Isto não impede de modo algum que o microfilme ofereça aos arqui- vistas de nosso século infinitos recur- sos derivados de seu pequeno volume. Na verdade, ele é hoje o instrumento insubstituível para todos os documen- tos que se encontram em locais dis- tantes.

A grande mudança das técnicas de documentação acrescentou 6s preocu- pações dos arquivistas uma ameaça já um tanto esquecida desde os tempos do papiro: a da fragilidade, para não dizer do efêmero, dos novos suportes de documentos. Dentro de um ou de cinco séculos, que restará de nossas fo- tografias que amarelecem, de nossas fotocópias que desbotam, de nossas cópias xerox ou de papel carbono? Dentro de trinta anos, que restará de nossas fitas magnéticas cujo material se estraga um pouco a cada consulta e cuja magnetização vai desaparecendo por si só?

Mais grave ainda é o problema advin- do do uso de computadores nas diver- sas administrações do mundo contem- porâneo. As memórias que se conser- vam - mesmo que os arquivistas pas- sem a contar com um número maior de meios para regenerá-las e para com- bater a degradação natural - serão compatíveis, daqui a um século, com as máquinas que então governarão o mundo? Que se fará se estas memórias se tornarem mudas?

Além disso, pode não ser suficiente adotar para a conservação destas me mórias os mesmos princípios que re- gem o arquivamento de papéis. O pa-

\

pel conserva a marca dos sucessivos es- tágios da redação. Um registro, um Ii- vro de contabilidade, um dossiê indivi- dual guardam as várias etapas dos tra- balhos de um tribunal, das contas de uma empresa, de uma carreira ou de uma vida. O computador, a cada mo- mento enriquecido dos novos dados com que é alimentado, se empobrece ao mesmo tempo, quando estes novos dados anulam dados antigos que ele já continha. Se não tomarmos cuidado, o historiador encontrará na memória conservada o resultado final e não um processo que teve sua duração notem- PO.

De qualquer forma, o aumento da curiosidade científica modificou, nos Últimos cinqüenta anos, as condições da conservação e da organização dos arquivos. O arquivista de 1914 sabia, de modo geral, o que lhe seria pedido dentro de alguns anos: era precisamen- te o que lhe pediam alguns anos antes. Os arquivos - fonte tradicional da his- tória institucional e política, da mono- grafia local, da biografia e até da ge- nealogia - transformaram-se no campo de explorações dos pesquisadores que se interessam pelo homem dos tempos passadosem toda a variedade de seu comportamento. Recorrese aos mes- mos arquivos para reconstituir a histó- ria econômica e social, a história da psicologia coletiva e da sociologia reli- giosa de épocas passadas. A história dos preços e das técnicas, a da higiene e a das formas de religiosidade estão misturadas a temas de interesse que pesquisadores consultam nos arquivos.

Mas ao mesmo tempo que o histo- riador se volta para um passado ainda próximo, o cidadão vela por seu direi- to à privacidade de sua vida particular e familiar. Este é outro problema des- conhecido dos arquivistas do século passado. Outras contradições vêm jun- tar-se 6 deontologia milenar do arqui- vista: abrir com grande liberalidade os fundos de arquivos mais recentes, per- mitir a análise científica de nosso tem-: po, dar a conhecer os procedimentos de uma administração que tem o de- ver de prestar contas de seus atos, e ao mesmo tempo proteger cada indi- víduo de curiosidades indelicadas e de pressões pessoais.

Uma coisa são os direitos humanos, outra coisa os direitos de cada pessoa. O desmembramento dos grandes impé- rios, a partir da Idade Média e mais

precisamente nos dois últimos séculos, obrigou muitos povos a procurarem em arquivos estrangeiros os documen- tos necessários à reconstituição de al- gumas partes ou mesmo da totalidade de sua história. Daí uma série de rei- vindicações bastante compreensíveis mas infelizmente muito difíceis de atender. A estrutura dos arquivos não reflete necessariamente as estruturas territoriais resultantes do desmembra- mento do Império Otomano, do Impé- rio Austro-Húngaro, dos impérios colo- niais ou das zonas de ocupação militar. O microfilme, que parece oferecer a melhor solução no que concerne às ciências, apresenta o duplo inconveni- ente de não resolver nenhum dos pro- blemas básicos e de ser, como vimos, de custo muito elevado. O assunto vem sendo estudado pela Unesco, pelo Con- selho Internacional de Arquivos e pela Mesa-Redonda Internacional de Ar- quivos.

Assim, depois de três milênios de história dos arquivos, chegamos a um paradoxo. Os arquivos, reflexo e teste- munho das dificuldades com que se d e frontaram os homens de todos os tem- pos, tornaram-se, por sua vez, um ele- mento da política nacional e interna- cional de cada país.' No momento em que os Estados modernos definem através de leis o direito aplicável a seus próprios arquivos e determinam, medi- ante negociações, o direito que dese- jam ter sobre arquivos que não Ihes pertencem, abrem uma nova página na história da memória humana.

Abstract The importance of archives for administration and for the study of history, be it economic, political, social, pçychological or religious is stressed. The many problems raised b y the development of archives, from their origins to the present day - the organization of records, the losses caused by fire or by man's carelessness, the advantages and disadvantages of microfilms, the fragility of new supporting materials (such as photographs, photocopies, electronic copies, carbon copies, magnetic tapes etc.), the ever increasing use of the computer, and the growing trend shown by researchers to base their reports on recorded material.

* A preocupação dos chefes de Estados em desenvolvimento é a mesma dos reis medievais, e demonstra a continuidade da busca do melhor meio de governar e administrar.

7 Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ) : 5-7, jan./abr. 1979.

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**Qual de n6s não é perseguido pelo inauietante sentimento de passagem sutil . - dos anos, sem que tenha conseguido pôr a existência na devida ordem?" 1. Introdução; 2. O esquema do arquivo;

3. Meu arquivo particular; 4. Observações; 5. Conclusão.

Arnold Bennett

Resumo

O autor deste artigo é-homem de vida intensa. Dirige várias companhias, participa de diversos empreendimentos. Precisa, pois, ter sua documentação organizada. Nesse intuito, e para manter em ordem seus documentos particulares, elaborou um método racional.

1. Introdução

No desenrolar de nossas vidas, inúme ros são os documentos, as lembranças, os valores que precisam ser guardados com cuidado. Também não ficarei surpreso se o leitor for como tanta gente, que quando precisa de um documento, exclama: "Preciso pro- curar nos meus papéis! Vou ver se acho.. ."

E u fazia o mesmo. Eu também precisava rebuscar os meus "guarda- dos" em desordem, toda vez que me faltava uma carta, uma certidão ou uma fotografia antiga. E refleti, então, sobre os minutos preciosos que se escoavam irremediavelmente em bus- cas morosas, por vezes inúteis. Que perda de tempo! E que desprater, ao ver o tempo malbaratado 2 procura de qualquer papel que "devia estar ali" e, surpreendentemente, "ali" não estava.

Resolvi organizar meu arquivo par- ticular e evitar, assim, a perda de tempo e de energias. De todos os processos que me pareceram conve nientes escolhi um, baseado na classifi- cação decimal.

Começou pequeno e deficiente, mas de de Organiza- evidenciou desde logo a sua utilidade.

Hoje tenho-o mais completo, e plena- mente em dia. "Marcha" sozinho. Não

ção efrodutividade, são pauio, 25 (293/94): 39-42, mio/jun. 1956.

requer tempo; ao contrário, salva do desperdkio horas valiosíssimas. Pou- pa-me.

Se por acaso surge no escritório um fiscal para examinar licenças e tribu- tos, em poucos segundos posso exibi- 10s. Ao necessitar rever uma escritura, ou a licença do automóvel, ou um velho exame médico, um recibo, con- trato ou manuscrito, não preciso re- buscar gavetas ou escaninhos. Num instante, o arquivo me coloca nas mãos o papel desejado.

Se, numa tarde mais calma, quero evocar épocas vividas, meu f ie l arquivo me propprciona um desfile de velhos amigos, guia-me pelas cartas queridas, orienta-me pelos itinerários do passa- do, reavivando cores já meio diluídas pelo tempo, animando a paisagem da memória com a realidade e a viva fidelidade dos documentos.

E assim como um "frégoli" diabóli- co, em poucos segundos.. .

Mas não é apenas a vantagem do tempo, que sai lucrando o organizador. Há outra, de valor maior: a de ordenar os pensamentos, os processos mentais, e, daí, a própria existência. O homem organizado pensa mais claro. E conci- so. Sintetiza, em fórmulas nítidas, as coisas intrincadas. E m um livro esplên- dido, Le mémorial de Foch, em que Raymond Recouly analisa OS processos de trabalho do grande marechal de França, anotei esta interessante obser- vação: "I1 est pareii i un homme qui, ayant i debroussailler un champ, s'installerait d'un bond au plus fort, au plus épais du maquis puis, 2 grands coups de serpe, débarra seralt 2 droit et 2 gauche les racines e t les branches qui le gênent. Pour Foch, I'essentiel Seul compte;*l'accessoire, le détail sont de nulle importante'!.

A organização de nossos papéis impõe uma metodização mental, uma disciplinação inevitável de raciocínios. Processa-se, assim, dentro de nosso

-Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 i: 8-10, jan.labr. 1979. 8

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espírito, aos poucos, uma insensível reeducação. As coisas enredadas sim- plificam-se. Esquematizam-se, dissol- vem-se as confusões. Separam-se os galhos dos troncos, a folhagem dos ramos, para usar a vigorosa idéia do brilhante escritor francês.

Eis outras razões que ajudaram a anular minha relutância.em exumar da intimidade meu arquivo pessoal. Trago deste modo, minha experiência modes- ta. Velho preceito diz que "o exemplo deve comecar pelos de casa". Foi o que procurei fazer. Antes de organizar as coisas alheias comecei por organizar as minhas. E aqui apresento, caro leitor, meu depoimento e minha con- tr i bu ição.

Se alguém a aproveitar, tanto quan- to eu a aproveito, dou-me por conten- te. E por que não há de utilizá-la você próprio? Professores e estudantes, ho- mens e mulheres, milionários ou prole- tários, intelectuais ou comerciantes - quem não tem papéis para pôr em ordem, quem não tem uma vida ponti- lhada de acontecimentos, para registrar ou documentar?

2. O esquema do arquivo

Para seguir um critério de exposição prefiro mostrar o que fiz, visando minha própria vida, embora com modi- ficações, exemplos ilustrativos e omis- são dos elementos identificadores. Ca- da um amoldará o sistema ao seu meio de vida, a sua profissão, as suas conve- niências. Mas observemos antes, o qua- dro básico do meu arquivo:

O esquema resultou do seguinte raciocínio:

1. Pertenço a uma família (antepas- sados, pais, parentes), a qual estou ligado e de-quem possuo elementos que desejo e preciso guardar.

2. De minha vida (infância, juven- tude, maturidade) há muita coisa a conservar, desde as recordações escola- res e acadêmicas às notas de viagem, desde as lembranças preciosas aos do- cumentos que se relacionam direta- mente comigo.

3. Embora seja odioso sentir e con- fessá-lo, sou como todo mundo: não posso viver sem dinheiro. Preciso assim registrar (e contabilizar) o que tenho, o que devo, o que me devem, minhas responsabilidades, etc.

--

4. Possuo bens, valores, negócios, um mundo de papéis com eles rela- cionaaos, que precisam estar em or- dem, prontos para consulta ou utiliza- cão.

5. Tive negócios, hoje encerrados, cujos documentos não posso dispersar ou perder. 6. Adotei uma profissão, que sigo

devotadamente. São inúmeros os ele- mentos que me prendem a ela, e que necessito preservar e utilizar freqüente- mente.

7. Leio, estudo e escrevo. Toda minha vida intelectual me proporcio- na, continuamente, elementos para anotação e arquivo.

8. Tenho amigos e muitos. Tudo o que Ihes diz respeito me interessa. Freqüento clubes, de cuja vida partici- po. Por outro lado, procuro correspon- der ao dever de colaborar para o bem-estar da coletividade: tomei ou tomo parte em certas campanhas de

>,l.interesse público, freqüento entidades . que lutam pelo progresso do nosso

País, que clamam por homens de boa vontade e espírito patriótico. Quantos elementos surgem nessas atividades exigindo classificação?

9. Finalmente, tudo o que diz res- peito ao Brasil ocupa em primeiro plano os meus pensamentos. Meu país é meu culto. Sua organização política, seus defeitos congênitos, sua raça, sua economia, seus valores inumeráveis, seu destino - tudo o que se relaciona com ele me interessa, acende uma atenção absorvente, irreprimível, quase fanática. Por outro lado, pude por vezes intervir, aqui ou ali, na sua organização pública. Tenho elementos de estudo e documentos a arquivar, a proteger carinhosamente.

São esses, assim divididos sintetica- mente, os dados essenciais de minha vida que solicitam arquivamento.

Comprei inicialmente 100 pastas de 35 x 26cm (e depois mais 100, de outra cor, para as subdivisões), nume rei-as de um a 100 e coloquei-as numa gaveta, passando-as posteriormente pa- ra um arquivo de aço. Nessas pastas, sempre dispostas em ordem numérica, são arquivados os documentos, de acordo com o assunto. Organizei d e pois a "chave" da organização, calcada no esquema. Fica sempre numa pasta, junto as demais. Ei-Ia, a seguir. Como já lembrei anteriormente, cada um a adaptará ao seu caso. O que vai repro-

duzido aqui é apenas como modelo, ou melhor, como sugestão. As indicações entre parênteses são explicativas, e não têm outra funcão a não ser a de facilitar o melhor entendimento por parte dos leitores.

3. Meu arquivo particular (Chave)

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.

1 o. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19.

20.

21.

22. 23. 24.

25. 26. 27. 28. 29.

30.

31. 32. 33. 34.

35. 36. 37. 38. 39.

40.

41.

Famflia Eu Finanças pessoais Atividades econômicas (atuais) Atividades econômicas (passadas) Atividade Profissional Atividade int e1 ect ua I Atividade Social Atividade Política

Famflia - Genealogia Antepassados Meus pais Meus irmãos Minha mulher Família de minha mulher Meus filhos Acordos - Combinações Correspondência Memórias - Fotografias

X (eu) - Dados slminha vida - Referências públicas Documentos pessoais ( Identida- de, certificados militares, etc.) Exames médicos Até. . . (fim do curso ginasial) Até 193.. . (f im da escola supe- rior) De 193.. . a 19. . . (outra etapa) Arquivo íntimo Viagens Seguros pessoais - Testamento Memórias - Fotografias - Diário

Finanças pessoais - Posição - Balanços Bancos e banqueiros - clc A receber A pagar Responsabilidades assumidas - Finanças, etc. Contratos de locação Compras - Recibos Impostos e Taxas Cauções Escrituras, contratos e documen- tos

. .

Atividades econômicas (atuais) - Inventário geral Mandatos outorgados e recebidos

9 Arq. 81 Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ):8-10, jan./abr. 1979.

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42. Bens - Apólices - Ações Valores 420. Títulos públicos 421. Banco x - Ações 422. Companhia Y - Debêntures 423. Obras de arte 424. Coleção de moedas 425. Jóias 426. Biblioteca 427. Direitos autorais 428. Móveis e semoventes 429. AutqmÓvel 43. Imbeis 430. Rua A - São Paulo 431. Rua B -São Paulo 432. Rua C -São Paulo 433. Terras - São Carlos 434. Apto. - Rio (condomínio) 435. Créditos hipotecários 44. Companhia A 45. Companhia B 46. Companhia C 47. Questões 48. Publicações, comunicados à praça 49. Idéias, estudos e projetos

50. Atividades econômicas (passadas) 51. Companhia X (1926-1932) 52. Companhia Y (1930-1 940) 53. Companhia Z (1932-1940) 54. Fazenda A (1927-19411 55. Operações de bolsa (1926-1941) 56. Imóveis 57. E m p r é s t i m o h i p o t e cá r i o

58. Penhor mercantil (1 939) 59. Fazenda B (1 929-1934)

60. Atividades profissionais - Plano

61. Clientes 62. Causas encerradas 63. Causas em marcha 64. Causas em estudo 65. Minha experiência 66. Documentos sob m/guarda 67. Colegas 68. Entidades profissionais (sindica-

tos, associações, congressos, etc.) 69. Memórias - Fotografias

70. Atividades intelectuais - Planos 71. Cursos - Convites p/colaborar -

D istinçóes 72. Conferências proferidas (por

mim) 73. Livros, estudos e artigos publica-

dos 730.A 731. B 732. C 733. D 734. E 735. F

( 1930-1934)

de aperfeiçoamento

74. A publicar 75. Idéias minhas e de outros -

Polêmicas 76. .Problemas espirituais 77. Fichário 78. Biblioteca (Registro de livros,

79. Memórias - Fotografias classificação)

80. Atividades Sociais - Idéias e pro- jetos

81. Amigos e conhecidos - Datas 82. Relacões 83. Clubes 84. Associações 85. Comissões 86. Campanhas 87. Correspondência geral 88. "Os que me fizeram bem" 89. Memórias - Fotografias

90. Atividades políticas - Idéias e

91. Organizacão nacional 92. Estudos brasileiros 93. Estudos paulistas 94. Problemas fundamentais 95. 96. 97. Políticos 98. Correspondência pol ítica 99. Memórias - Fotografias

4. Observacães

projetos

Insisto em lembrar que, se reproduz0 o esquema do meu arquivo, é com o intuito de melhor esclarecer o leitor sobre um sistema que dá excelentes resultados, criados sem requintes de técnica, mas. com bom senso. Cada um deve, entretanto, organizar a "chave" do seu arquivo, de acordo com a sua profissão, seus interesses ou fatores predominantes em sua vida. De dois em dois anos terá provavelmente o tra- balho, sempre interessante, de revisar a "chave" e o próprio arquivo, para cor- rigir erros e deficiências.

Não há o que possa ficar 5 margem, sem classificação, desde que se adote o processo aqui recomendado.

Se o leitor pertence a cinco ou mais clubes, por exemplo, e se o número que Ihes corresponde é 83, deve subdi- vidi-lo, iniciando uma série de 831 a 839. E assim para todos os casos. Uma pessoa afeicoada a esportes poderia, em vez de criar dois radicais para a atividade econômica, destinar-lhe ape . nas um, dedicando o outro 2 atividade

esportiva. Um amante da música ou das artes plásticas poderia restringir a parte relativa a qualquer outra ativida- de e reservar um radical ao assunto de sua predileção, com a discriminação que melhor lhe conviesse.

O mesmo fará um colecionador de selos ou moedas, um cientista, um floricultor ou um filósofo, de acordo com OS seus hobbies ou suas ocupações prediletas.

5. Conclusão

O que visa o sistema descrito, é permi- tir que se classifique tudo o que nos diz respeito, ou à vida dos nossos, dentro de um critério racional, de modo a se encontrar rapidamente o que se quer, sem quebrar a cabeça ou fustigar a memória. Os cérebros sobre- carregados pela vida exausta de hoje nada lucram nas buscas infrutíferas, em que a mente é consultada com angústia, sem dar sinais de si, mesmo porque ela raramente ajuda.

Organize o seu arquivo nos moldes expostos ou em semelhantes. Se al- guém lhe pedir sua biografia - como o fizeram a Mr. Pulham, na novela de John P. Marquand - você a terá diante de si em poucos minutos, palpitante e documentada, permitindo-lhe evocar, num instante, sua vida, suas emoções e seus feitos.

Há em toda existência um romance feérico, mais ou menos intenso segun- do a emotividade ou a imaginação de quem o recorda. Eis o meio de o ter mais presente, mais atual, sem impor suplícios 5 memória quando se parte "à Ia recherche du temps perdu. . ."

Mas não nos esqueçamos dos outros méritos do sistema. Principalmente o da disciplina que insensivelmente nos impõe, com suave inflexibilidade, esse arquivo claro e bem ordenado, a convi- dar-nos permanentemente a pôr em ordem nossa documentação, e, através dela, nossa vida.

Resumé d'auteur '

L'auteur de ce texte po&de une vie publi- que très mouvementée. II dirige plusieurs entreprises, tout en participant i de multi- ples projets comrnerciaux. I 1 a besoih, donc, d'avoir sa documentation organiee. Dans ce but il a crée une méthode rationnelle de classement des documents, adapte A ses besoins.

I'

Arq.& Adm.,Riode Janeiro.7 (1):8-l0,jan ./abr. 1979. 10

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-1

estudos

inutilização racional de documentos

eloísa helena riani marques *

1. Introdução; 2. Incineradores; 3. Reciclagem de papéis usados; 3.1 Ihdices de reciclagem de consumo de papéis usados; 4. Administração de documentos; 5. lnutilização de documentos; 5.1 Procedimentos de algumas instituiçues; 6. ConcluMo; 7. Referências bibliogtS ficas.

* Coordenadora dos Arquivos Setoriais da Fundação Getuiio Vargas.

Resumo

O reaproveitamento de papéis usados tem sido uma constante' nos países desenvolvidos. Os problemas relacionados com a inutilização racional de documentos são aqui abordados, com ênfase para a preservação dos recursos naturais e conseqüente equilíbrio ecolbgico.

7. Introdução

A reciclagem de papéis vem sendo, atualmente, muito difundida em todos os pafses, já que a utilização de papéis usados e de aparas proporciona algu- mas vantagens, tais como: economia energética - 70% em comparação com papel fabricado exclusivamente com matérias-primas virgens (celulose); con- semação de recursos florestais - cada tonelada de papel produzido com pa- péis velhos ou aparas significa a não- derrubada de 60 árvores de eucalipto com seis anos de idade, contribuindo para a msiiutenção de fonte geradora de oxigênio; redução da poluição am- biental - reciclando os papéis velhos, evita-se sua queima, que provoca polui- ção atmosférica pela fumaça e por detritos que saem dos incineradores nas grandes cidades.

Essa poluição agrava-se ainda mais, devido aos seguintes fatores: os incine- radores estão concentrados em áreas de al ta densidade populacional, afetan- do grande número de pessoas; devido ii proximidade dos prédios em relação ao ponto de emissão, OS poluentes atin- gem a populacão em concentrações muito altas; os incineradores não são operados continuamente, estando suas emissões concentradas num período de 1-2 horas, provocando altos picos nos níveis da poluição; a queima é comu- mente efetuada entre 6 e 10 horas, período em que as condições atmosfé- ricas são mais favoráveis i acumulação dos poluentes; os incineradores estão concentrados em certas áreas da cida- de, onde sua contribuição para o pro- blema local da poluição do ar é pro- porcionalmente muito maior.

Para exemplo da influência dos incineradores nos problemas de polui- ção do ar dessas áreas de alta densida- de populacional, um "Estudo de Emis- são" foi realizado em Copacabana, área totalmente residencial, com gran- de comércio varejista e sem indústrias. Como ilustra a figura, cerca de 93% das partículas e aproximadamente 22% dos poluentes orgânicos, originam-se da operação dos incineradores.

3. Reciclagem de papéis usados 2. Incineradores

Os incineradores são' uma fonte de poluição do ar bastante conhecida. Projeto inadequado do incinerador, assim como operação e manutenção deficientes, provocam grande emissão de partfculas, gases orgânicos etc., que se dispersam na atmosfera, provocando severo efeito local. Em áreas com altas concentrações de incineradores eles se tornam uma das maiores fontes de poluição do ar.

A reciclagem de papéis usados, com a tecnologia desenvolvida nos Últimos 20 anos, permite fabricar até mesmo pa- péis brancos, por meio de destintamen- to de papéis impressos (livros, revistas, jornais, documentos etc.).

Há governos que incentivam a reci- clagem por meio de regulamentação que torne obrigatório que papéis adquiridos pelas entidades governa- mentais possuam comprovadamente uma porcentagem mínima de papéis

11 Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ): 11-13, jan./abr. 1979.

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Estimativa das emissões de poluentes atmosféricos e m Copacabana

EMISSZ\O D E PARTI'CULAS EMISSÃO DE GASES ORGBNICOS POR FONTE

Fonte: SCHE IBLE, Michael H. Poluição atmosférica provocada pela incineração domiciliar no RiOdeJaneiro. RJ, Inst.Eng.San.,1973.

reciclados, variável de acordo c o m o t i po de papel, podendo chegar até 100% para certos fins de embalagens.

No Brasil, o Programa Nacional de Papel e Celulose (PNPC) recomendou "estimular o desenvolvimento do setor de aparas e papéis usados, destinados 2 reciclagem". As aparas são vendidas a aparistas ou diretamente às fábricas, enfardadas ou ensacadas, separadas por tipo, qualidade etc. e atingem segundo estes critérios preços hoje que variam entre Cr$ 2,30 e Cr$ 2,80 O quilo. Para papéis burocráticos criou-se entre compradores de papéis a expressão "arquivos brancos" e estes atingem a cotação na venda de 5 Cr$ 4,OOm o quilo.

Com todo o esforço de gmernos e entidades fi lantrópicas - com a e x c e lente campanha desenvolvida nos Esta- dos Unidos pelos escoteiros durante a crise de papel no perfodo 1973-74,

que difundiu entre o povo norte-ameri- cano o espír i to da reciclagem como atenuante para os efeitos da crise e ajudou a promover a conservação das florestas - o mundo conseguiu melho- rar o índice de reciclagem de 242% em 1963 para 29,1% em 1974, corres- pondendo a um índice de consumo de 23,0% e m 1963 para 24,3% e m 1974.

3.1 Índices de reciclagem d e consumo de papéis usados

Para o Brasil, infelizmente, não há controle estatístico da coleta de papéis usados (índice de reciclagem) n e m tampouco do índice de seu consumo em relação ao consumo to ta l de f ibras para o fabrico de papel e papelão.

Estimativa feita pela Papirus Indús- t r ia de Papel S.A., maior fábrica do Brasil, que opera baseada no reaprovei- tamento de papéis usados, indica os seguintes índices no per íodo 1969-74:

Índices d e reciclagem no Brasil

C o n s u m de papel Papéis usados re- Índice de e papelão e m 1 .OOM ciclados e m 1 .OOM reciciagem (%I Ano

1969 1.159 253 21,8 1970 1.341 298 22,2 1971 1.513 325 21.5 1972 1.670 235 14,l 1973 1.974 507 25,7 1974 2.387 61 O 25.6

Arq. & Adrn.,*Rio de Janeiro, 7 (1) : 1 1-1 3, jan./abr. 1979. 1 2

Considerantio o índ ice de recicla- gem méd io mundia l e m 1974 como 28%. con fo rme dado of ic ia l publ icado pela F A O (Organização para Al imenta- cão e Agricultura das Nações Unidas), o Brasil está ainda abaixo da média mundial. Realmente, nosso País t e m características muito desfavoráveis pe- la extensão ter r i tor ia l e carência de meios de transporte, o que afeta de certa fo rma a recuperação dos papéis usados nas regiões mais distantes dos grandes centros de consumo, e princi- palmente pela falta de conscientização da maioria de nossos administradores que, infelizmente, ainda, não estão atentos, para os problemas ecológicos e de esgotamento dos recursos naturais de matéria-prima.

E m termos de fontes de coleta de papéis usados, a distr ibuição segundo os 15 países maiores consumidores de matéria-prima para fabricação de papel e papelão, con fo rme nos i n f o r m a a FAO, é a seguinte: cerca de dois quintos procedem de fontes indus- triais; dois quintos são provenientes de escritórios e casas comerciais; um quin- to é coletado de domicí l ios e outras fontes.

Praticamente todo o papel ve lho ou aparas gerados nas indústrias já são reciclados.

Sabe-se ent retanto que, de um t o t a l de 50% de papéis recuperáveis, o mun- do todo está reciclando apenas 23% desperdiçando, portanto, 27% do to ta l de matéria-prima fibrosa reciclávei.

0 Brasil poderá ampliar o índice de reciclagem de papel se, c o m o foi fe i t o nos EUA, for inst i tufda legislação obri- gando sua reciclagem e m artigos consu- midos pelas entidades governamentais.

Há várias fábricas dotadas d e ' m o - dernas instalações de destintagem d e papéis velhos, sendo pioneira a Cia. Santista d e Papel, e m Cubatão, São Paulo, que usa a massa para fabricar papéis de impressão e d e escrever; há ainda a fábrica da COPA - Companhia d e Papéis S.A., em Cruzeiro, São Paulo - e a CIPEC - Cia. d e Papéis E Carto- ,nagem, e m Mendes, R i o d e Janeiro - que apl icam a massa destintada na fabricação d e papéis da l inha higiênico, toalhas d e papel e guardanapos. Todas essas instalacões foram feitas com equipamento fabricado no País, 5 base d e know-how alemão. I

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4. Administracão de documentos

Existe nos pafses desenvolvidos uma preocupação constante sobre o destino dos documentos produzidos e sua con- servação.

JeanJacques Valette, com siia "teo- ria das três idades dos documentos" subdivide o arquivo em três fases distintas, que se completam, a saber:

Arquivo corrente: documentos em curso ou co nsu Itados f reqü ent ement e, conservados ora nos próprios escritórios ou repartições que os constituem, ora em dependências próximas de fácil acesso.

Arquivo intermediário: documentos que perderam sua atualidade, mas cujos serviços podem ainda ser solicita- dos, seja para tratar de assuntos idênti- cos, seja para retomar um problema novamente focalizado. Eles não têm necessidade de ser conservados nas proximidades dos escritórios.

Arquivo permanente: onde os do- cumentos de inegável valor histórico e documental são conservados. Segundo Morris Rieger (Presidente do Comitê de Desenvolvimento de Arquivos, do Conselho Internacional de Arquivos), em estatística levada a efeito nos EUA, somente de 2 a 5% dos documentos produzidos por uma administração atingem este estágio.

Modernamente conceitua-se arqui- vos correntes como administração de documentos, isto porque a racionaliza- ção tornou-se necessária desde o mo- mento em que o documento é elabora- do. Isto visa uma não-proliferação de- sordenada, simplificando assim o acúmulo de grande massa documental produzida por nossa máquina adminis- trativa. Em síntese: o arquivo sofre diretamente os reflexos daquela admi- nistração, se boa ou má.

! 5. lnutilização de documentos

Há várias formas para se proceder i inutilização de documentos:

Processo manual - quando o volu- me de documentos confidenciais não comporta a aquisição de uma máquina fragmentadora. Sendo os documentos de caráter ostensivo, isto é, aqueles cujo teor não comprometem as admi- nistrações e são de conhecimento ge- ral, não vemos necessidade de se proce

!

der i sua descaracterização e por isso podem ser vendidos ou doados em sua forma original.

Fragmentação - processo pelo qual se fragmenta os documentos por meio de máquinas próprias. Após a fragmen- tação os papéis, geralmente, são colo- cados em máquinas de enfardar, cujos fardos, em forma de cubos, medem aproximadamente 80cm x 80cm. O material assim apresentado alcança maior preço no mercado.

Masseração - transformação em pasta do papel descarregado em gran- des recipientes de ácido; posteriormen- . t e esta pasta é utilizada na produção de papel-moeda.

Incineração - processo que consiste na queima indiscriminada dos papéis usados. Se houver um mínimo de consciência ecológica e preocupação com a matéria-prima para fabrico de papel, este processo é inteiramente desaconselhável conforme exposto an- teriormente.

5.1 Procedimentos de algumas insti- tu icões

Centrais Elétricas de Furnas

Utilizam máquinas fragmentadoras; fa- zem licitação entre firmas comprado- ras de papéis, vendendo assim os do- cumentos destituídos de qualquer ca- racterfstica que os possa identificar.

Até 1975, incineravam os documen- tos. A partir de 1976, foi desativado o incinerador em razão das restrições que se fazem hoje a este processo. Foram adquiridos equipamentos de fragmentação e compactação (máquina enfardadeira) do papel a ser vendido.

Banco Central do Brasil

I Utiliza o processo de fragmentação; posteriormente é fe i ta licitação para venda do papel.

Banco Nacional de Habitação - BNH

Dois são os processos usados pelo. BNH: masseração - os documentos são vendidos a fábricas de papel; dois de seus funcionários credenciados acompanham os documentos até a fábrica, onde presenciam a operação; fragmentação - eliminam por este processo apenas os documentos sigilo- sos.

Nota: ' Notícias publicadas em O Globo e Jornal do Brasil, de 15.02.78 e 19.02.78, respectivamente, nos infor- mam que a Comlurb, entre outros, oferece a empresas públicas e privadas os serviços de incineração de papéis, desencentivando assim todo um traba- lho de conscientização ecológica e de economia de matéria-prima.

6. Conclusão

O processo de inutilização racional de documentos deve ser escolhido de for- ma integrada, visando principalmente os aspectos ecológicos e de economia de matéria-prima.

Por esta razão somos favoráveis i fragmentação e/ou 3 masseração de documentos (já devidamente analisa- dos e selecionados) por serem estas formas as que atendem aos dois aspec- tos abordados com ênfase no texto.

7. Referências bibliográficas

ALMEIDA NETO, Francisco José de. A incidência da crise do papel na. indústria editorial da América La- tina. Conferência pronunciada no Curso de Promoção do Livro, de 4a 15ago. 1975, FGVICERLAL. 19p. mimeogr.

BENOLIEL, J. T. Azulay; BRAILE, Victória Valli e t alii. Poluição atmosférica no Brasil. Seminário Latino-Americano de Poluição do Ar. Rio de Janeiro, 18 a 22 nov. 1968.

STERN, Arihur C., ed. Air pollution. New York and London, Acade- mic Press, 1962,. v.2.

VALLETE, Jean-Jacques. O papel dos arquivos na administração e na polftica de planificacão nos paf- ses em desenvolvimento. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1973. 63p.

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Resumé d'auteur

La réutilisation des papien usagés, est un facteur de préocupation dans les pays développés. Les probl8mes relatifs d I'inutilisation rationnelle des documents sont ici abordgs en relevant Ia préservation des sources natureiies et le conséquent équilibre écologique.

13. Arq.& Adm., Riode Janeiro,7 (1):11-13,jan./abr.1979.

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para um órgão que se pensava inope- rante. Entretanto, após visitá-lo, a rea- ção foi surpreendente. A resposta veio sob forma de doações e de palavras de incentivo a outros membros da classe para que procedessem da mesma for- ma. A memória do teatro brasileiro transformara-se em realidade. As famí- lias de artistas já falecídos foram as primeiras a se manifestar. Agradecidas, enviaram ao Projeto Memória a do- cumentação de seus entes queridos, vendo nesta atitude a única possibilida- de de preservá-la e torná-la acessível as futuras gerações de artistas e ao povo.

De diversos países recebemos doa- ções e congratulações; tomamos co- nhecimento do grande número de en- cenações de peças brasileiras em palcos estrangeiros, o que representa estímulo

I para prosseguir a tarefa a que nos propusemos.

A memória teatral existe em vários países; o Brasil segue o mesmo cami- nho.

Gostaria, no entanto, de falar de um dos aspectos mais gratificantes de toda a campanha: a participação do público. Muitos escrevem cartas ou telefonam informando sobre suas doa- ções; outros trazem pessoalmente seus embrulhos, cuidadosa e carinhosamen- t e guardados durante vários anos.

Num período de oito meses (de agosto de 1978 até março de 1979) recebemos um total de 184 doações.

Recebemos doações de ta l impor- tância e valor, que bem demonstram o desprendimento das pessoas e o orgu- lho que todos sentem por estarem contribuindo para transforma; a me

I i

Há muito o que fazer na área da Arquivologia. A AAB quer fazer, mas precisa da sua cooperação. Junte-se a nós. Para isso basta preencher uma Proposta de Admis- são ao quadro social e efetuar o pagamento das contribuições estabelecidas:

Mensalidades Anuidade (a partir de 1980) Até dezembro de 1979: - pessoa física - CrS 480,OO. Quan-

- pessoa física - Cr$ 20,OO do paga até 31 de março de cada - pessoajurídica - Cr$ 60,OO exercício, Cr$ 400,OO.

A partir de janeiro de 1980: - pessoa jurídica - CrS 1.200,OO. - pessoa física - Cr$ 40,OO Quando paga até 31 de março de - pessoajurídica - Cr$ 100,OO cada exercício, CrS 1.000,OO.

Nossa única fonte de renda é a contribuição social. Se você j á é sócio e não está , em dia, atualize seu pagamento. A AAB depende de sua participação.

b

mória do teatro brasileiro num fato concreto. Não queremos citar nomes, porém a todas estas pessoas, apresenta- mos o nosso melhor agradecimento, diflcil de expressar em palavras.

O movimento veio comprovar algo que já sabíamos: o amor do povo brasileiro por sua memória e pelo teatro. Que outros setores da cultura brasileira possam se mirar nesse exem- plo e segui-lo, pois um povo sem memória é um povo sem história.

Gostaríamos de finalizar ressaltan- do que o volume de doações foi de ta l ordem que nosso espaço ficou peque- no. O Banco de Peças foi transferido para outro andar, as instalações da Biblioteca precisam ser expandidas e a Divisão de Documentação que, em 1976, possuía oito arquivos e seis armários, teve esse número ampliado, em 1977, para 58 arquivos, duas ma- potecas e um fichário de cadastro. Hoje contamos com 68 arquivos, qua- tro mapotecas, dois fichários de cadas- tro e 10 armários.

Já que a campanha continua, gostaría- mos de saber que tipo de material o SNT recebe e para onde deve ser en- viado?

0 acervo que estamos constituindo inclui cartazes, programas de peças, fotos, revistas especializadas, noticiário da imprensa ou outro tipo de documentação afim, edições (sobretu- do raras ou pouco acessívsis) e textos datilografados de peças de autores brasileiros. A estes itens poderão ser

mente possuam valor documental. Pedimos que o material enviado seja devidamente identificado quanto a da- tas, nomes de pessoas que apareçam em fotos, dados biográfico-profissio- nais de autores de textos, etC.

As doações ou propostas de permu- ta, devem ser encaminhadas ao Serviço Nacional de Teatro, Projeto Memó- ria, Av. Rio Branco, 179, Rio de Janeiro ou i representação do SNT na cidade de São Paulo, Rua Teodoro Bay ma, 94, SP. Quais são os recursos humanos designa- dos para atuar no Projeto Memdria? Este é um dos aspectos que considero da maior importãncia dentro do Proje- to.

Graças ao discernimento do diretor do SNT, Orlando Miranda, e de seus assessores, Carlos Miranda e Sebastião Uchoa Leite, foi contratada para coor- denar e implantar a Divisão de Docu- mentação, equipe constituída de arqui- vistas e estagiários de Arquivologia. O fato vem fazer justiça a este profissio- nal, até aqui relegado a segundo plano, constituindo-se numa vitória para a classe, no momento em que teve sua profissão regulamentada.

A estrutura da organização esteve, portanto, a cargo de arquivistas, que contaram mais tarde, com a coopera- ção de profissionais de outras áreas tais como estagiários de Teatro, Bibliote- conomia e, posteriormente, estagiários de Comunicação na campanha de doa- ções.

Esta união de esforços teve como resultado um trabalho aue muitos con-

acrescentados outros desde que real- sideravam impossível de realizar.

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O Governo do Estado do Pará criou pelo Decreto n? 10.685, de 03-07-78, o Sistema de Informacões Administrati- vas -SINAD, abrangendo os Serviços de Protocolo, Comunicações e Arqui-

A elaboração do projeto contou com a participação da diretoria do Núcleo Regional de Belém, da Associa- ção dos Arquivistas Brasileiros, que teve por missão coordenar o grupo responsável pela realização do traba- lho.

E o seguinte o texto do Decreto:

Decreto n? 10.685 de 03 de julho de 1978

Cria o Sistema de Informações Administrativas - SINAD.

O Governador do Estado do Pará, usando de suas atribuições legais, e, - Considerando a análise procedida

nos Serviços de Protocolo, Comunica- ções e Arquivo da Administração Esta- dual, quando se constatou a deficiên- cia dos mesmos e a inexistência de um suporte de informações que dê subs- tância e celeridade ao processo decisó- rio; - Considerando a incompatibilida-

de dos métodos utilizados no processa- mento da documentação administrati- va em relação ao volume de documen- tos gerados diariamente; - Considerando as dificuldades

existentes para obtenção em tempo hábil de informações estruturadas que permitam o estabelecimento de priori- dade para o desenvolvimento estadual; - Considerando a necessidade de

t racionalização dos métodos adotados para a utilização dos referidos serviços, pela Administração Pública no Estado;

Decreta: Art. l? - Fica criado na Adminis-

tração Piíblica do Estado o Sistema de Informações Administrativas, SI NAD, que abrangerá OS Serviços de Protoco-

vo.

!

lo, Comunicacões e Arquivo e será constitufdo de:

I - Na Secretaria de Estado de Administracão - SEAD, Coordenação Técnica que terá competência para:

a) estabelecer as diretrizes básicas para o funcionamento do referido sis- tema;

b) elaborar a estrutura organizacio- na1 para implantação de Núcleos de Informação de acordo com as parti- cularidades de cada Orgão envolvido;

c) assessorar tecnicamente os Nú- cleos de Informações, dando-lhes o apoio necessário para funcionamento;

d) elaborar normas e padrões de arquivamento a serem utilizados pelos órgãos integrantes do Sistema.

I1 - Nos Orgãos integrantes da Administração Pública Estadual, Nú- cleos de Informação que compreende- rão:

a) Arquivo de Custódia - ao qual será encaminhada a documentação que tenha perdido a caracterfstica de cor- rente.

b) Arquivos Setoriais - nas unida- des em que se fizerem necessários, subordinados administrativamente aos respectivos chefes e tecnicamente i chefia do Núcleo.

Art. 2? - O Arquivo de Custódia destina-se i guarda de documentos textuais, audiovisuais, cartográficos e outros, de valor histórico, jurfdico, patrimonial, técnico e administrativo, que já não sejam objeto de uso fre- qüente.

Art. 39' - Os Arquivos Setoriais terão sob sua responsabilidade o regis- tro, a guarda e a movimentação de documentos de uso corrente.

Art. 4? - Passam a constituir Arquivos Setoriais do Sistema, OS ar- quivos existentes nas diversas unidades administrativas de cada brgão inte- grante do mesmo.

Parágrafo Único - Estes Arquivos Setoriais poderão ser supridos ou fun- didos, e novos Arquivos poderão ser criados, conforme a necessidade, m e

diante orientacão da Coordenacão Téc- nica do Sistema.

Art. 50 - A eliminacão de d o cumentos, bem como o seu recolhi- mento dos Arquivos Setoriais para o Arquivo de Custódia, obedecerão a uma Tabela de Temporalidade, aprova- da pela direção de cada Orgão.

Parágrafo Único - Os casos de recolhimento não previstos na Tabela de Temporalidade serão resolvidos pe- lo chefe do Arquivo de Custódia.

Art. 60 - A Coordenacão Técnica do SINAD baixará instrucões de Or- dem Técnica ao Arquivo de Custódia e aos Arquivos Setoriais para uso dos documentos e providenciará em arti- culação com o Centro de Treinamento do Estado, o treinamento dos servido- res que atuarão no Sistema.

Art. 70 - O chefe do Arquivo de Custódia será designado pela direção de cada Orgão integrante do Sistema.

Art. 80 - Os chefes dos Arquivos Setoriais serão designados pelos dire- tores das respectivas unidades a que pertencerem.

Art. 9? - Fica a Secretaria de Estado de Administracão - SEAD, responsável pela implantação e avalia- ção do projeto de que trata o presente Decreto.

Art. 10 - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revo- gadas as disposições em contrário.

Palácio do Governo do Estado do Pará, 03 de julho de 1978. Aloysio da Costa Chaves Governador do Estado Hélio Antonio Mokarzel Secretário de Estado de Administração

conselho federal de mão-de-obra

Com a finalidade de melhor atender aos objetivos de promoção e valoriza- ção dos trabalhos de arquivo, assim como sua difusão e aperfeiçoamento,: através da realização de cursos e semi-

Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ) : 17-22, jan./abr. 1979. 17

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ciência da informação

Realizou-se no Hotel Glória, de 4 a 9 de março, a 2? Reunião Brasileira de Ciência da Informação.

Promovida pelo IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia) e CNPq (Conselho Nacio- nal de Desenvolvimento Cientffico e Tecnológico) a 2? Reunião congregou profissionais de todas as áreas da Infor- mação.

arfluivo de mpb

Os estudiosos da música popular brasi- leira passaram a contar com mais uma opção para suas pesquisas e estudos: O Arquivo Elizeth Cardoso.

Um acervo de cerca de 3.000 peças reunindo medalhas, placas, troféus, fo- tografias e impressoas da cantora foi inaugurado pela FEMURJ no dia 12 de março nas dependências do MIS (Mu- seu da Imagem e do Som).

O Arquivo Elizeth Cardoso figura agora entre os já famosos arquivos da MPB, como os de Almirante, Jacob do Bandolin e o da Rádio Nacional. Seu projeto é do arquiteto Otávio de Mo- raes e encontra-se localizado no l? andar do MIS.

semana nacional da biblioteca

De 12 a 19 de março foi comemorada a Semana Nacional da Biblioteca. No Rio o acontecimento ficou a cargo da APB-RJ (Associação Profissional dos Bibliotecários do Rio de Janeiro) que promoveu no Museu Nacional de Be- las-Artes um ciclo de palestras. As conferências foram feitas por profissio- nais da área de Documentação, entre os quais citamos Maria de Loudes Claro de Oliveira e José Lázaro de Souza Rosa, professores de Microfii- magem da AAB.

microfilmes atualizáveis Estão sendo lançados sistemas de microfilmes atualizáveis, que possibili- tam a colocação de imagem sobre um filme que já foi processado. Alguns

desses sistemas permitem acrescentar novas informações não podendo, en- tretanto, retirar as que lá estão. Outros há, porém, que permitem não só o acréscimo como a retirada de informa- ções já microfilmadas.

A segurança dos arquivos fica, assim, seriamente comprometida, mes- mo se adotadas as medidas de seguran- ça indicadas no caso.

Diz a nota publicada no Noticiário Micrográfico: "o apagar da imagem só funciona após ser inserida uma chave no equipamento que, em geral, está em poder do chefe responsável pela opera- ção". Tais medidas de segurança nos parecem, contudo, bastante frágeis.

Por outro lado, surgem filmes diazo não duplicáveis que poderão ser utili- zados com êxito nos setores que preci- sam transmitir informações sigilosas.

curso na aab

A AAB promoveu de 2 a 6 de abril o Curso de Organização de Arquivos de Empresas, com o objetivo de oferecer a dirigentes e profissionais da área informações sobre administração de documentos e princfpios e técnicas de organização de arquivos.

O curso foi realizado no auditório do Arquivo Nacional, num total de 35 horas de atividades e contou com o seguinte programa: conceitos, classifi- cação dos arquivos, terminologia, prin- cfpios; o papel do arquivo na empresa moderna; fundamentos de Organização e Métodos; admin_istracão de documen- tos; organização de arquivos; estudos preliminares sobre a estrutura e funcio- namento das instituições a que o arqui- vo irá servir; levantamento e análise da documentação; elaboração de projetos: centralização versus descentralização; coordenação; o arquivo como sistema; escolha do método adequado de arqui- vamento; elaboração de código de as- suntos e manuais de arquivo; recursos humanos, financeiros e equipamentos; implantação e funcionamento dos ar- quivos correntes, protocolos; arquivos intermediários e permanentes; o valor jurídico dos documentos; aplicação da microf ilmagem aos arquivos.

arquivos pessoais

Ana Isabel de Souza Leão Andrade, do Instituto Joaquim Nabuco de Pesqui- sas Sociais, deu início i organização do arquivo de Gilberto Freyre. Para tanto vem recolhendo cartas, fotografias, bilhetes, dedicatórias de livros e outros documentos do escritor.

A iniciativa vem ampliar o campo de pesquisas do IJNPS, já conhecido pelo seu trabalho pioneiro, tanto no Pafs quanto no exterior.

o arquivo e a tradição britânica

A sucessão no trono inglês vem trazen- do sérios problemas ao Arquivista Real, Sir Robin Mackworth. A abdica- ção da Rainha Elizabeth II em favor do príncipe Charles criará uma situa- ção bastante difícil às rfgidas tradições do Reino Unido. Afinal, que tftulo deverá usar a ex-rainha uma vez que o de Rainha-Mãe ainda está na posse de Mary, mulher de George VI.

Para esta e outras intrincadas ques- tões é que o Arquivista Real deverá encontrar resposta nas pesquisas que vem fazendo nos Arquivos da Inglater- ra.

semanas internacionais de arquivo

Foi instalada em Brasília' a Comissão Organizadora das Semanas Internacio- nais de Arquivo, a serem realizadas por sugestão do Conselho Internacional de Arquivos, órgão da Unesco, no pe- rfodo de outubro a dezembro de 1979.

A Comissão, presidida pelo Dire tor-Geral do Arquivo Nacional, Raul Lima, é constituída pelos seguintes membros: Maria.de Loudes da Costa e Souza, 'da Associação dos Arquivistas Brasileiros, Maria Amélia Porto Mi- gueis, representando o Departamento de Assuntos Culturais do MEC, Ana Maria1 B. Murakami, da Fundação Ge- tulio Vargas, Auta Rojas Barreto, do Planalsucar e Josélia do Carmo Tava- res, do Arquivo Nacional.

19 Arq.& Adrn.,RiodeJaneiro,7 (1):17-22,jan./abr.1979.

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O Núcleo Regional da AAB, em Be- Iém, preparou a seguinte programação preliminar como parte das comemora- ções das Semanas, que fará realizar na primeira quinzena de dezembro: pales- tra sobre assunto de importância para a Arquivologia; lançamento de uma publicação sobre a história do Arquivo Público do Pará; exposição de .docu- mentos sobre a História do Pará.

nn8cneos regionais

* Brasília Com a instalação do Arquivo Interme- diário (Divisão de Pré-Arquivo do Ar- quivo NaSional) em Brasília, a implan- tação do Sistema Nacional de Arquivo (Decreto n? 82.308, de 25-9-78), a regulamentacão das profissões de ar- quivista e de técnico de arquivo (Lei n? 6.546, de 4-7-78, e Decreto n? 82.590, de 6-1 1-78), sente-se que a demanda de mão-de-obra especializada cresce.

Diante desta realidade, o Núcleo Regional da AAB, em Brasília, que a partir de 21 de janeiro está sob a direção de Astréa de Moraes e Castro, se propõe a cumprir uma agenda de cursos, no decorrer de 1979, visando atingir os diversos níveis de profissio- nais que atuam na área da arquivística.

Seminário sobre elaboração de Códigos de Assunto, de 13 a 17 de agosto. Conferências sobre Arquivos Brasilei- ros, programadas para o dia I? de outubro, dentro das comemorações da Semana Internacional de Arquivo.

As reservas para o Seminário e Conferências podem ser feitas de 2? a 6? feira, das 14 às 18h30min, no Edifício Miguel Badeja, 50 andar, Se- tor de Diversões Sul, sede do Núcleo da AAB em Brasília. Maiores informa- cões pelo telefone 225-8728.

- Espírito Santo Foi criado em Vitória mais um núcleo regional, que está sob a direção de Fernando Antônio de Moraes Achiamé e tem como Secretária e Tesoureira, respectivamente, Maria da Conceição Carreiro fernandes e Lúcia Helena Miranda Corrêa.

A Associação dos Arquivistas Brasilei- ros promoverá, de 14 a 19 de outubro de 1979, no Rio de Janeiro, o 4? Congresso Brasileiro de Arquivo!ogia. O evento visa reunir arquivistas, técni- cos de arquivo, autoridades, especialis- tas e demais interessados na problemá- tica dos arquivos e sua utilização, tema central do conclave.

Foram programados os seguintes cursos: Planejamento e Organização de Arqui- vos (incluindo avaliação de documen- tos), de 23 a 27 de abril, num total de 35 horas de atividades..

Procurando fornecer a dirigentes e profissionais da administração infor- mações atualizadas sobre administra- ção de documentos e princípios e técnicas de organização de arquivos, o curso teve, além das aulas teóricas, sessões especiaisi dedicadas a debates e estudos de caso. A ênfase maior do programa foi avaliação, destinação e elaboração de tabelas de temporali- dade. .

O Microfiime e o Arquivo Moderno, de 7 a 1 1 de maio, também com um total de35 horas-aula.

Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ): 17-22, jan.labr. 1979. 20

A Comissão Organizadora está pro- gramando, além das sessões plenárias, seminários, cursos, reuniões especiais e palestras de atualizacão que versarão sobre temas, como: A utiiização dos arquivos na administração; A utiliza- ção dos arquivos como fonte primária da História; A utilização dos arquivos na ciência e na tecnologia; A utilização popular dos arquivos e sua integração nos centros de informação.

Haverá ainda uma exposição de equipamentos e serviços de arquivos.

. Aqueles que desejarem apresentar trabalhos deverão remetê-los em três vias, acompanhados de resumo de no máximo 20 linhas. Tais trabalhos deve- rão obedecer 2s normas de apresenta- $0 da ABNT e serão recebidos o mais tardar até 31 de agosto de 1979, para fins de inclusão no programa.

São as seguintes as taxas de inscri- cão : Até 31.07.79 - Empresa ou entidade (com direito a indicacão de dois parti- cipantes e recebimento de Diploma de colabor. do Congresso Cr$ 2.500,OO Sócio quite Cr$ 1.000,OO Participante não-sócio Cr$ 1.500,OO Estudante universitário Cr% 500,OO

Após 01.08.79 - Empresa ou entidade (com direito a indicacão de dois parti- cipantes e recebimento de Diploma de

Sócio quite CrS 1.200,OO '

Participante não-sócio Cr$ 1.800.00 Estudante universitário Cr$ 600,OO

Colabor. do Congresso Cr$ 3.000,OO +..6 f

Obs.: As inscrições em seminários ou cursos serão feitas durante a realizacão do Congresso, mediante o pagamento de taxa de Cr$ 200,OO para cada tipo de atitividade, observada a previsão de vagas.

Símbolos do 40 Congresso Brasileiro de Arquivologia

O cartaz e o logotipo do 4? CBA foram criados por Nélson Moraes Mendes, alu- no do 7? semestre do Curso de Comuni- cação Social (Publicidade), da Univer- sidade Federal Fluminense. que conl tou com a orientacão do Professor Carlos Duarte, docente da disciplina Comunicação Visiial I I.

O cartaz foi concebido para dar ao público em geral, informacão conden- sada e instantânea sobe a Arquivolo- gia. Para tanto, fotografoc-se o Decre- to n? 2.116, de 1875, que, sob retí- cula a 60%, veio a ser o fundo da mec- sagem relativa a ó congresso. Exolheu- se, para a impressão, o papel kraft, de

rir a antigüidade do documento.

(

cor parda, com a finalidade de se suge- 1

O logotipo foi constituído median- t e a mera associação de um "4" com um "A". - de Arquivologia, observan- do-se principalmente .as regras de equi- Ilbrio e nitidez.

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serão adotados métodos e técnicas apropriados que estabeleçam normas gerais para o bom funcionamento dos arquivos, e outros específicos que dis- ciplinarão a inutilização dos documen- tos já ultrapassados, atividade realiza- da, até então, isoladamente por alguns órgãos da Administração Fazendária.

Devido 6 carência de pessoal espe cializado no assunto, a Comissão vem contando com o apoio técnico do Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro, para isso especial- mente contratado. Através de estudo, seleção e classificação de documentos dos órgãos fazendários federais em São Paulo - Estado escolhido como projeto pilotodo plano -concluiu-sea primeira fase. Dela resultaram as Tabelas de Temporalidade e Descarte dos Docu- mentos e a Sistemática de Transferên- cia e Inutilização de Documentos, que servirão de base para a elaboração dos atos normativos, até o momento ine- xistentes no âmbito do Ministério da Fazenda.

Entre OS procedimentos adotados para o desenvolvimento do trabalho, além das atividades de rotina, desta- cam-se o "Ciclo de Palestras Sobre Técnicas de Tratamento da Documen- tação Estática do Ministério da Fazen- da", promovido pela Escola de Admi- nistração Fazendária - ESAF, realiza- do no auditório do mesmo Ministério, nos dias 16, 17 e 18 de maio de 1978, e treinamentos realizados, também pe- la ESAF, em Natal e Belo Horizonte. O primeiro teve a finalidade de divul- gar os trabalhos da CEDE, e o segundo procurou conscientizar e esclarecer o pessoal atuante nos arquivos do Minis- tério da Fazenda nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste.

Obedecendo aos mesmos critérios já utilizados, será iniciado brevemente o levantamento dos documentos arquiva- dos nos órgãos centrais da Fazenda, que será executado por nova equipe do Serpro. Durante essa. etapa, será implantada a nova sistemática de trata- mento da documentação de todo o Ministério da Fazenda, que aplicará os atos normativos, baixados, na devida ocasião, por autoridade de direito.

A recente preceituação do Decreto n? 82.308, de 25109i78. instituindo Q. Sistema Nacional de Arquivos - SI- NAR - não implicará na paralização dos trabalhos em execuç,ão. Prossegui-

rão, dentro do planejamento elabora- do, até que da regulamentação do decreto emanem diretrizes para novos procedimentos.

semama de hist6lria O Instituto de História e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista JÚ- li0 de Mesquita Filho (Franca - SP) promoverá, de 18 a 22 de junho, a Primeira Semana de História.

O encontro reunirá historiadores e professores universitários que apresen- tem trabalhos sobre o tema "Fontes da História". Estudantes universitários e: professores de I? e 20 graus licenciados em História também estarão presentes com direito a intervenções nas sessões de trabalho sendo-lhes,entretanto, veta- da a apresentação de comunicações.

A Semana foi programada em co- memoração ao aniversário do Instituto de História e Serviço Social e teve como objetivo a reunião de informa- ções sobre fontes históricas, visando a pós-graduação.

Foram inauguradas no dia 14 de março as novas instalações do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 6 rua Amoroso Lima n0 15, Centro. O novo prédio foi especialmente

idealizado e construfdo para abrigar um acervo que anteriormente se en- contrava precariamente instalado em cima de uma carpintaria 6 entrada da Quinta da Boa Vista.

As obras tiveram início no princí- pio de 1978 e foram concluídas em tempo recorde, sob a responsabilidade dos arquitetos Edson e Edmundo Musa.

Em julho próximo, dos dias 23 a 25, realizar-se-á em Curitiba (PR) o 100 Congresso Brasileiro de Bibliotecono-+ m i a e Documentação promovido pela: Associação Bibliotecária do Paraná. -. . .

Dentro de sua programação está o "3? Seminário sobre Publicações Oficiais Brasileiras", ao qual poderão participar editores e documentalistas. As ativida- des do 10? CBBD desenvolver-se-ão no Teatro Guaíra (Auditório Bento Mu- nhoz do Rocha Netto) e na Universida- de Federal do Paraná.

Do temário já confirmado constam cursos sobre Administração de Biblio- tecas Especializadas, Documentação Jurídica, Administração de Bibliote- cas, Processo de Conservação e Restau- ração de Livros e Documentos, Plane jamento de Sistemas de Informação, Bibliotecas Públicas e Serviços de In- formação para a Comunidade.

O Comitê Executivo da Unesco apro- vou a criação do Jornal Internacional de Arquivos, cujo lançamento está previsto para 1979. O Jornal, órgão oficial do CIA, publicará artigos relati- VOS a todos OS aspectos da Arquivolo- gia e constituir-se-á num veículo para troca de informações, idéias e opiniões sobre temas profissionais e técnicos entre os membros da comunidade ar- quivística internacional e outros espe- cialistas da informação.

A Redação ficará sob a responsabili- dade do National Archives and Servi- ces dos Estados Unidos e a edição estará a cargo da Verlag Dokumenta- tion Saur KG de Munique. Os sócios de categoria A e B do CIA

receberão gratuitamente a publicação. A Redação espera receber textos

para publicação versando sobre qual- quer aspecto da atividade arquivística. Os textos dalilografados em espaço dois devem ser enviados a James E. O'Neill (ND), Deputy Archivist of the United States, National Archives Buil- ding, 8th. St. and Pennsylvania Ave. NW, Washington, DC 20408, USA. Os artigos poderão ser escritos em

inglês, francês, alemão e espanhol e sua publicação será feita em inglês ou francês, de acordo com a preferência do autor. Os resumos serão editados nas quatro I ínguas.

Arq.& Adm.,.Rio de Janeiro,7 (1): 17-22, jan./abr. 1979. 22

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várias

arquivos na velha roma

vicente sobrino porto *

Professor da Universidade Federal Fluminense.

A Universidade Federal Fluminense acaba de instalar seu curso de graduação em Arquivologia, vinculado ao Centro de Estu- dos Gerais, de acordo com projeto elabora- do por Comissão constituída pela Portaria n? 5.139, de 1 de setembro de 1976, do Reitor da UFF.

A aula inaugural foi proferida pelo Prof Vicente Sobrifio Porto, no dia 22 de março p.p., no Palácio do Ingá, em Niterói, e a ela compareceram figuras das mais expressivas da Arquivologia brasileira.

A AA B fez-se representar na pessoa de sua presidente, Prot? Marilena Leite Paes. Publicamos a seguir o texto da palestra que inaugurou o curso.

Um dos maiores oradores sacros da I íngua portuguesa, o Padre Antônio Vieira, num de seus célebres sermões, fez uma assertiva verdadeiramente con- tundente, ou quiçá, contundentemente verdadeira:

"No juízo de Deus, as nossas boas obras defendem-nos, no juizo dos homens o maior inimigo que temos são as nossas boas obras."

A afirmação de Vieira retrata uma realidade punjente e irretorquível; mas, por vezes - embora poucas - ocorrem exceções e, quando aconte- cem, seria injusto não proclamá-las.

O ilustre Prof. José Pinto Esposel, ao chamar-me para proferir esta aula alegou: "quero convidá-lo, em meu nome e em nome do Reitor, pois se a nossa Universidade inicia o Curso de graduação em Arquivologia, isto se deve ao seu trabalho exercido no Con- selho Federal de Educação; não fora o seu esforço, como Conselheiro, junto àquele Colegiado, de 1972 a 1974, talvez não tivéssemos, ainda, o Curso de Arquivologia a nível superior. A chamada Aula Magna deve, portanto, ser sua!"

São passados cinco anos da aprova- ção de meu Parecer sobre o Currículo Mínimo do Curso Superior de Arqui- vo. Ser lembrado, após tanto tempo, por ter realizado alguma coisa que acreditava necessária ao País e, por isso, lutei para consegui-la, sensibili- zou-me enormemente.

Por isso, mesmo não sendo um profissional da área, aceitei o honroso convite e me permiti colocá-lo como um das raras exceções à assertiva do Padre Antônio Vieira e, como aconte- ceu, não posso deixar de proclamá-la!

Agradeço, pois ao Magnífico Reitor Rogério Benevento, e ao digno Prof. José Pinto Esposel o convite que me foi dirigido.

A integração do Curso de Arquivo- logia, dentro do contexto dos cursos de nível superior, foi resultante do trabalho de uma equipe altamente qualificada e, sobretudo, extremamen- te dedicada.

Em 1972, embora conhecedor da importância da manutenção de arqui- vos, com infra-estrutura que possibili- tasse a consulta, o estudo, a pesquisa, a reprodução de documentos, não havia, ainda, conscientizado a necessidade de elevar, a nível universitário, a profissão de arquivista.

Quem me chamou a atenção para o problema foi a Profa Astréa de Moraes e Castro, então chefe do Arquivo Histórico da Câmara dos Oeputados de Brasflia; sobretudo quando, conversan- do sobre arquivfstica, assinalou que a inexistência de cursos superiores de arquivo, no Brasil, era fator responsável por prejuízos insanáveis. Basta mencio- nar -disse ela -o chamado "descarte". quando são destruídos documentos antigos para dar espaço a novos, sem uma análise do interesse que possam ter para a cultura, de um modo geral, e para o conhecimento da história de nosso País.

23 Arq. 81 Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 1: 23-27, jan./abr. 1979.

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Sensibilizado com as palavras da Prof? Astréa, sugeri-lhe, à guisa de orientação, fizesse um ofício dirigido ao Conselho Federal de Educação, propondo a criação da Escola Superior de Arquivo.

No dia 7 de março de 1972, o Conselho iria aprovar o meu Parecer, favorável i proposição da Prof? Astréa de Moraes e Castro.

Lembro-me que, na ocasião, a Prof? Lena Castelo Branco, que é, sem dúvida, a nossa maior autoridade em temas concernentes i história do Brasil Central, e que acaba de publicar um interessantíssimo livro intitulado Ar- raial e coronel - dois estudos de história social, àquela época, também membro do Conselho Federal de Edu- cação, narrou um episódio sobremodo expressivo, sobretudo no momento em que se levantava, pela primeira vez, no Conselho, o problema da criação do Curso Superior de Arquivologia.

-Em certa ocasião - disse Lena Castello Branco - foi dada uma ordem expressa, no sentido de que OS do- cumentos importantes relativos a Goiás Velho fossem trasladados para Goiânia, para serem devidamente ar- quivados. Partiria, então, de Goiânia um grande caminhão fechado, para recolher D material.

Chegando a Goiás Velho, o motoris- t a e seu ajudante entulharam o veículo com o que, para eles, não era senão uma papelada absurda, que seria muito melhor vender por peso, como papel inútil.

Ocorreu que, ao voltarem para Goiânia, no meio do caminho, caiu uma chuva torrenciat e o caminhão atolou. Era muito tarde, não havia ninguém na estrada para ajudar e quanto mais o motorista acionava o motor, mais o caminhão afundava.

Nisto, um dos dois teve uma'idéia luminosa - não se sabe se o motorista ou ajudante: calçar as rodas traseiras do veículo, com aquela papelada velha.

Foi o que fizeram e felizes. embora encharcados, depois de enterrarem, na lama, umas centenas de quilos de papel, conseguiram sair do atoleiro.

Jamais aqueles dois jovens iriam conscientizar o grande prejuízo que deram à cultura do País -acrescentou Lena Castello Branco.

Dois anos mais tarde, no dia 7 de marco de 1974, quando foi aprovado, pelo Conselho Federal de Educação, o Currículo Mínimo do Curso Superior de Arquivo, enviei o respectivo Parecer à Professora Astréa de Moraes P Cas- tro, assinalando: "sem dúvida, você conseguiu transmitir-me o entusiasmo que tem pelo assunto. Foi uma vitória.

muito grande a sua parte na História do Curso de Arquivologia em nível su- perior, em nosso País".

Aos 27 de maio de 1974, com apoio no referido Parecer, foi baixado pelo Conselho Federal de Educação, a Resolução n9 28, fixando os mínimos de duração e conteúdo do Curso Supe- rior de Arquivo.

Estava assim, vencida a batalha. Mas, não só a Professora Astréa de

Moraes e Castro se empenhava pela criação do Curso de Arquivo a nfvel universitário. O Prof. José Pinto Espo- sei, quando Presidente da Associação dos Arquivistas Brasileiros, em edito- rial publicado no Órgão oficial da classe, em 1973, assinalava a sua per- plexidade diante do fato de não terem, ainda, àquela época, as autoridades responsáveis pela educação e ensino do País, se conscientizado da necessidade de ter o Brasil "arquivistas com forma- ção de arquivistas".

"Não compreenderam (as autorida- des) infelizmente - comentava Espose1 - que bibliotecas, museus e arquivos são três ramos distintos de docurnenta- cão, com técnicas e finalidades pró- prias, exigindo, cada um, formação e tratamento especializados."

Realmente, no Brasil, a necessidade do estudo de arquivística já era sentida há bastante tempo. Em 191 1, o Decre to no 9.197, de 9 de fevereiro, insti- tuiu, no Arquivo Nacional, um curso de Diplomática, onde se ensinariam a Paieografia, a Cronologia, a Crítica, Histórica, a Tecnologia Diplomática e Regras de Classificação. O referido: Curso deveria funcionar uma vez por semana e os professores seriam funcio- nários do Arquivo Nacional (9 único do art. 10).

Se tomarmos como ponto de refe rência a data da criação do Arquivo Nacional, 2 de janeiro de 1838, vere mos que o Curso criado pelo Decreto de 191 1, precursor, sem duvida, dos que hoje estão sendo implantados, le varia 73 anos para ser instituído.

Daquela época, até o momento em que se iniciam os Cursos de Arquivolo- gia, estruturados de acordo com as normas fixadas pelo Conselho FedeLal de Educação, a luta continuaria.

Fizemos menção a um Decreto de 191 1, agora aludiremos a um outro, que surgiria 10 anos após, como res- posta ao esforço do grande erudito Alcides Bezerra.

Como assinala José Honório Rodri- gues, na Nota liminar, que inseriu na tradução feita por Manoel Wanderley do livro Manual de arquivos, de auto- ria de T.R. Schellenberg, reconhecido como uma das maiores autoridades norte-americanas no campo da arqui- vística:

"Deve-se a Alcides Bezerra, que dirigiu o Arquivo Nacional de 1922 a 1938, mais como um erudito do que como um arquivista profissional, a idéia de criar um curso técnico de formação e aperfeiçoamento do pes- soal de arquivos. A presteza com que (Alcidez Bezerra) procurou valorizar a realização arquivística profissional, re- veia-se na criação dos cursos técnicos, pelo Decreto n0 15.696, de 2 de agos- to de 1922, destinados a habilitar os candidatos aos cargos de amanuense do Arquivo Nacional e da Biblioteca Nacional e ao de terceiro Oficial do Museu Histórico Nacional".

O referido Decreto de 1922, previa a realização de um curso com a dura- ção de dois anos, onde seriam ministra- das as seguintes matérias: História Lite rária, Paleografia, Epigrafia, História Política e Administrativa do Brasil, Arqueologia e História da Arte, no primeiro ano e no segundo, Bibliogra- fia, Cronologia e Diplomática, Numis- mática e Sigilografia, Iconografia e Cartografia.

O ensino das aludidas matérias fica- ria a cargo de três instituições diferen- tes: o Museu Histórico Nacional, a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacio- nal; e aos alunos que tivessem obtido aprovação em todas as matérias, seriam expedidos certificados pelos três esta- belecimentos referidos (art. 71).

O Decreto determinava, tamMm, que fossem realizadas séries de confe rências sobre H.istória Pátria e Educa- ção Cívica, a cargo de funcionários do Museu ou de outras pessoas para ta l fim convidadas (art 72).

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Agora, uma informação curiosa, apresentada sem quaisquer comentá- rios; a constante do parágrafo I? do art. 73 do Decreto que estamos anali- sando:

"O Diretor terá sempre o direito de exigir que lhe seja apresentada, com a devida antecedência, a conferência es- crita para, depois de a ler, autorizar ou não a sua realizacão".

Isto em 1922! Apesar dos mencionados Decretos

de 1911, 1922 e o de número 15.036 de 14 de maio de 1923, como observa Myrtes da Silva Ferreira, chefe da Seção de Cursos do Arquivo Nacional, em artigo publicado na revista Arquivo &Administração (n? 1, ano 1) :

"somente após a reforma do Regi- mento do Arquivo Nacional, ocorrida em 1958, passaram os cursos ministra- dos pela referida Instituição a funcio- na r regularmente".

Em 1973, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, reconhecendo o alto valor do Curso Permanente de Arqui- vos, criado em decorrência do Decreto de 1922, e organizado em consonância com o Regimento do Arquivo Nacio- nal, aprovado pelo Decreto n? 44.862, de 21 de novembro de 1958, conferiu a esta Instituição mandato universitá- rio, para a realização do referido Curso.

Finalmente, em 1974, como já foi assinalado, pela Resolução n? 28, o Conselho Federal de Educação ao aprovar-lhe o Currículo Mínimo, reco- nheceu ao Curso de Arquivologia o status de curso universitário.

realmente imperdoável o precioso tempo perdido!

A falta de valorização dos Arquivos, de um modo geral, e dos cursos espe cializados para arquivistas, no Brasil, ressalta sobretudo agora, quando boa parte de nossa História nos está sendo contada pelos denominados brasilianis- tas estrangeiros, especialmente norte- americanos, que, habituados 3 consulta dos famosos arquivos de sua terra, ricos também em documentos sobre fatos brasileiros, atiram-se 3 pesquisa, lá e aqui, em quantos arquivos encon- tram, públicos ou privados, para des- vendar-nos mistérios ou apresentar- nos, com estranha lucidez, aspectos quase totalmente desconhecidos de nossa História, não da história de ontem, mas da história de hoje, desde Brasil de Getúlio Vargas e de Castello Branco.

t

A necessidade de arquivarem-se do- cumentos, para contar às gerações pre- sentes e vindouras os fatos que ocor- rem e ocorreram, vem de muito longe e assim os arquivos passam a ser o testemunho direto, deixado pelos ho- mens, ao correr dos tempos, de sua vida pública e privada, de seus sofri- mentos e de suas glórias.

AOS que hoje iniciam o Curso de Arquivologia, gostaria de lembrar a importância do trabalho que, futura- mente, realizarão, lançando um olhar para o passado, indo até os velhos arquivos romanos.

Tito Livio, historiador que nasceu em 59 a.C. e morreu em 17 d.C. no livro VI de sua Histdria romana - obra monumental, justificando a razão pela qual teve de resumir, nos cinco livros precedentes, um período muito extenso da História de Roma, assinala, como primeiro motivo, o fato de serem os acontecimentos tão obscuros, por causa de sua antigüidade - res cum vetustate nimia obscuras e, de- pois, - e é a parte que diretamente nos interessa - pelos raros documentos escritos existentes, documentos que são em verdade, os únicos guardiães fiéis da lembrança dos fatos passados - una custodia fidelis mernoriae rerum gestarum.

No início da civilização romana - como no início das outras civilizações - poder-se-ia paradoxalmente conside- rar que o arquivo não era outra coisa senão a memória do povo.

Evidentemente, a expressão arquivo não está sendo neste momento empre- gada em sentido técnico; pois arquivos, como todos sabem, são o conjunto de documentos recebidos ou constituídos por uma pessoa flsica Ou por uma pessoa jurídica, quer pública ou priva- da, documentos resultantes de suas atividades e conservados tendo-se em vista a sua eventual utilização.

Mas, a memória do povo não era suficiente para manter viva a lembran- ca dos fatos importantes, através dos tempos, e a necessidade iria, então, criar a escrita, o que levaria busca do suporte sobre o qual seria materializa- da a palavra: a pedra, a madeira, o bronze, o marfim; sem falarmos do papiro, do pergaminho e do papel, que são conquistas mais recentes.

Uma vez gravadas as mensawns na pedra, inscritos, com estiletes, textos, na madeira, se importantes, deveriam

ser conservados e o eram, em edifícios públicos e mesmo em residências parti- culares. Na velha Roma, assim, exis- tiam arquivos públicos e arquivos pri- vados, como, também, hoje, nos tem- pos modernos, existem arquivos públi- cos e privados.

Do momento em que os magistra- dos romanos, titulares dos mais altos cargos pol íticos-administrativos, come- caram a exigir que suas propostas, seus atos e decisões passassem a ser inscri- tos, em tábuas de madeira, iriam deter- minar fossem elas guardadas, para o conhecimento dos pósteros, em lugares apropriados.

Tem-se notícia de que, no Aera- rium, situado no Templo de Saturno, conservava-se o tesouro do Estado e arquivavam-se, também, documentos de interesse público.

Segundo Plutarco, o Aerarium se estabelecera por deliberação do cônsul P. Valerio Publicola, logo após a queda da Realeza e, conseqüentemente, insti- tuída a República, em 510 a.C., por- tanto.

Para que se tenha uma idéia da importância do Aerarium, como arqui- vo de documentos oficiais, vale a referência que será fe i ta a seguir:

O Senado, em Roma, durante mui- tos séculos, não foi senão um órgão consultivo, integrado por pessoas expe- rientes e idosas. A palavra senatus vem de senex e senex significa velho.

As resoluções do Senado não ti- nham, 3 época da criação do Aerarium, força de lei; mas algumas delas eram de ta l importância que deveriam ser acata- das, inclusive pelos cônsules que, com a queda da Realeza, substituindo o rei, tornaram-se as maiores autoridades em Roma.

Como o Senado não possuísse o seu próprio arquivo - talvez por que não tivesse uma sede obrigatória, podendo os Senadores reunir-se em qualquer recinto fechado, desde que situado dentro de uma milha de Roma - o magistrado que havia submetido uma questão i apreciação daquele órgão consultivo, sendo ela de interesse pú- blico, ao obter a resposta, uma vez estivesse ela inscrita em madeira, deve- ria ser depositada no Aerarium. para ser preservada. Em alguns casos, a resolução do Senado só poderia ser posta em prática, depois que a mesma estivesse constando de texto escrito e arquivada no Aerarium.

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Com o duplo objetivo de local de depósito do tesouro público e de manutencão de documentos oficiais, permaneceria o Aerarium até o ano 78 a.C., quando seria erigido o Tabula- rium, que se transformaria no arquivo oficial de Roma.

Quem visita hoje a capital da Itália e se dirige i3 parte oriental do Monte Capitólio, vislumbra as ruínas do Ta- bularium, arquivo oficial, construído, sob a supervisão do cônsul Quinto Lutácio Catulo, como consta gravado em um bloco de pedra fixado no aludido edifício. A tradução do texto latino, onde aparecem as abreviaturas de praxe, é a seguinte:

"Quinto Lutácio, filho de Quinto, neto de Quinto, Catulo, cônsul, foi encarregado da construção (do Tabula- rium), de acordo com resolução do Senado, seguida de sua aprovação."

O Tabularium era administrado por questores, eleitos pelo povo reunido nos comitia tributa, que exerceriam as suas funções durante um ano.

Sendo um ano, um período de tempo, por demais exlguo, ocorria que os questores não conseguiam familia- rizar-se com OS serviços do arquivo e acabavam inteiramente nas mãos de seus subordinados, os apparitores, em- pregados públicos subalternos, pagos pelo Estado. Os apparitores embora devessem permanecer no Tabularium, o mesmo tempo que os chefes, perpe tuavam-se nas funções, obtendo ta l prestígio que, ao saírem, indicavam o sucessor e alguns chegavam até a ven- der o emprego.

Os processos e métodos de arquiva- mento não são conhecidos; mas ao que se acredita, pelo menos, os documen- tos eram arquivados obedecendo-se a uma ordem cronológica.

Segundo assinala Ernst Posner, em seu livro Archives in the anciente world, publicado em 1972, no Tabula- rium era permitido o acesso aos do- cumentos, para finalidades de pes- quisa, a pessoas qualificadas e, ainda mais, possibilitava-se, até, fossem feitas cópias de documentos Oficiais, se bem que esta última autorização fosse cui- dadosamente regulada e vigiada.

Mencionamos o Aerarium e o Tabu- larium, como exemplos de arquivos oficiais, em Roma; mas existiam mui- tos outros. Aludiremos a mais alguns, mas sem qualquer preocupação de cronologia.

Os feciais, como assinala Jean Fa- vier, em sua obra intitulada Les Archi- ves, publicada em 1965, em virtude de sua atuacão nas conclusões de tratados de alianca e declarações de guerra, conservavam, no templo de Júpiter, os tablóides, onde estavam consignados os atos diplomáticos. Nessa mesma linha já assinalava Théodore Mom- msen, no primeiro volume de sua magistral obra Le droit publique ro- main, traduzida para o francês por Paul Frédéric Girard, que os tratados internacionais deveriam ser afixados para a sua perpétua memória. Inscritos em peças de cobre, colocavam-se em lugar público ou religioso, tendo sido preferidas, desde cedo, as proximida- des do templo de Júpiter Capitolino.

Isto ocorreria quando os tratados se estabeleciam, baseados em um texto escrito. Mas, nos tempos mais antigos, eram feitos oralmente.

A importãncia da preservação de documentos é de ta l ordem que, ainda hoje, conhecemos o texto do Tratado referente 2 submissão dos Colatinos aos Romanos. Aquela época o Tratado era realizado através de perguntas e respostas e era o Rei de Roma quem fazia as perguntas. A fonte de informa- ção é, ainda, a Historiade Roma de Tito Livio:

O Rei interrogou: - Sois os embaixadores e parlamen-

tares enviados pelo povo colatino, para submeter-vos, v6s mesmos, e o referido povo? - Somos! -Por ventura, o povo colatino é

- E! senhor de si mesmo?

-Submetei-vos, vós mesmos, e o povo colatino, bem como a vossa cidade, as vossas terras, as águas, as fronteiras, os santuários, OS utensllios, todas as coisas divinas e humanas, 2 minha dominacão e a do povo roma- no? - Nos submetemos! - Assim, eu vos recebo!

Os Pontífices, figuras poderosíssi- mas na velha Roma, reuniam-se no Colégio Pontificai, ao qual estavam adstritas um sem número de atribui- ções, que escapavam, inclusive, 2 esfera especificamente religiosa. Basta assina- lar que os Pontífices mantinham cuida- dosamente em segredo fórmulas jurídi- cas e, sigilosamente, guardavam, em seus arquivos, coleções de precedentes,

no campo do Direito, de imenso valor. Tudo isto Ihes proporcionava extraor- dinária força e incrlvel prestígio, pois os cidadãos romanos que tivessem de ingressar na justiça, para defender o que Ihes pertencia, teriam de consultar os Pontffices e de solicitar-lhes assesso- ramento.

Sem dúvida, o direito, em sua for- ma abstrata, poderia ser conhecido pelo povo - pelo menos teoricamente - e, por outro lado, a justiça se administrava publicamente. Mas isso não era suficiente. Como assinala Gi- rard, a prática do direito era desconhe cida e, assim - numa compaaração curiosa - o romano que quisesse apli- car a um caso dado um texto de determinada lei teria tanta dificuldade quanto um homem do povo em utiii- zar, hoje em dia, uma Tábua de Loga- rítimo.

Daí a afirmação de Tito Livio - de que o direito se ocultava no santuário dos pontífices - ius repositum in penetralibus pontificium ( I X, 46,5).

Com o correr dos tempos, o Colégio dos Pontífices perderia o prestígio que tinha, na esfera de aplicação do direi- to, o que ocorreria quando uma com- pilacão de fórmulas jurídicas, conheci- da pelo nome de lus Flavianum foi roubada por Gneo Flávio, escriba de Apio Claúdio, o cego, e comunicada ao povo.

Assim, comecaria a secularização do direito, que outros fatores viriam, de- pois, impulsionar e desenvolver.

Também os imperadores criaram arquivos públicos, mantendo-os em sua própria moradia. Querendo ter 5 sua disposição imediata, documentos rela- tivos a seu governo ou outros que os interessassem pessoalmente, os conser- vavam, no próprio palácio, formando uma espécie de departamento burocrá- tico, scrinia, sob a supervisão do magis- ter officiorum.

Por vezes, entretanto, preferiram guardá-los em lugares que acreditavam mais seguros. Júlio César e Augusto depositaram os seus testamentos no templo de Vesta, deixando-os sob a custódia das virgens vestais.

Como hoje, existiam, também, na velha Roma, documentos sigilosos, que os imperadores mandavam fossem de positados nos arquivos secretos - se- cretarium, situados em algumas das dependências do imperial palácio, no

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sobre os arqunivos;

A AAB acaba de receber um exemplar do relatdrio apresentado por Michel Duchein ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura, da Unesco, da qual é consultor. Duchein esteve em visita ao Brasil com a finalidade de realizar estudos sobre a refor- ma dos arquivos do Estado de são Paulo, a pedido da Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia daquele Estado. A seguir, publicamos alguns trechos deste relatbrio, que é de grande importância para a Arquivologia brasileira.

Associação dos Arquivistas Brasileiros

"Na falta de uma centralização ou de uma coordenação administrativa que abranja a totalidade dos arquivos do Brasil, existe no País, desde 1971, um órgão não-oficial que assume função notável neste campo.

Trata-se da Associação dos Arqui- vistas Brasileiros, que conta atual- mente c o m mais de 2.000 sócios e t e m na presidência a Sra. Marilena Leite Paes, chefe do Arquivo Central da Fundaçao Getu l io Vargas, no R i o de Janeiro.

A A A B reúne arquivistas de todos os setores: Arquivo Nacional, arquivos estaduais, municipais bem como pro- fissionais de arquivos eclesiásticos, bancos, empresas comerciais, indús- trias, fundações, inst i tutos e universi- dades. Assim sendo, ela é a represen- tante de todas as tendências e ativi- dades arquivísticas do País e t e m um papel preponderante na tomada de consciência dos diversos problemas a serem resolvidos no domínio da Arqui- vologia e m todos os níveis.

Sua característica de associação profissional permite-lhe congregar OS

arquivistas que estão ligados a ativi- dades administrativas totalmente inde pendentes umas das outras, favore- cendo, conseqüentemente, a troca de experiências e a divulgação de informa- ções de interesse geral.

A A A B constitui-se assim, num fator 'de equil íbr io indispensável, e m razão da fragmentação e da dispersão, que são os grandes inconvenientes do sistema brasileiro de arquivos.

Sua revista Arquivo & Adrninis- tração é u m a das mais impodantes publicações da América Latina, n a área de arquivos, e contr ibu i de fo rma marcante para atenuar o isolamento e m que se encontram os arquivistas dos diversos setores da atividade no Brasil, b e m como para atualizar seus conhecimentos profissionais no domf- nio técnico e metodológico."

Falando sobre a criação do Sistema Nacional de Arquivo, Michel Duchein d iz ainda sobre a A A B : "A m e u ver, a Associação dos Arquivistas Brasileiros deverá estar estreitamente ligada ao futuro Sistema Nacional de Arquivo pois, devida a diversidade d e seus membros e de sua jurisdição trará uma ajuda preciosa ao A rqu ivo Nacional nesta tarefa de coordenação e de nor- matização a nível nacional".

A o f ina l de seu re la tór io Michel Duchein acrescenta: "Nas cinco cida- des brasileiras que visitei, encontrei uma situação que apresenta traços comuns: ausência d e legislação e de regulamentação para os arquivos, f a t o deplorável para os arquivistas; ausência ou insuficiência de edifícios e d e equi- pamentos técnicos adequados (salvo no Arquivo Público mineiro, e m Belo Horizonte); abundância d e realizações e de experiências interessantes, obras sempre executadas por equipes de es- tudantes, sob a direção d e arquivistas (Arquivo Público mineiro, A rqu ivo do Estado de São Paulo); necessidade d e normas técnicas e arquivísticas a nível nacional, da qual t odos se ressentem, c o m a f inal idade d e evitar a dispersão de esforços; necessidade d e formação profissional homogênea com regula- mentação d e â m b i t o nacional; necessi- dade de um estatuto profissional que assegure aos arquivistas e a seus cola-. boradores saiários compatíveis com a importância d e suas responsabilidades e de-seu papel r y vida do país.

Em toda par te pude constatar u m a consciência profissional, interesse e en- tusiasmo por parte dos arquivistas bra- sileiros, que nos permi tem t e r enormes esperanças no futuro dos arquivos desse grande país.

O calor da acolhida q u e recebi e m todos os lugares e o interesse q u e esse mesmo trabalho despertou nas autor i - dades e mesmo na imprensa (em São Paulo, Brasília e Ni teró i ) mostram q u e a importância dos problemas d e arqui - vo está sendo b e m assimilada e m todos os setores.

A criação de um sistema arquivís- tico nacional se impõe como necessi- dade prioritária. U m a vez assegurada essa base indispensável, o Brasil poderá rapidamente, inspirando-se na expe- riência estrangeira e e m sua própria tradição histórica, assegurar de ma- neira exemplar a conservação e a ut i l i - zação d e seu pat r imônio documental".

Reproduzimos a seguir o anexo I I I do Relatório.

Resumo das normas técnicas básicas para a construção de prédios d e arqui-

c

vos

1. Funções de urn prédio de arquivo Um prédio d e arquivo deve te r cinco funções essenciais: a) recepção, triagem, classificação e descrição dos documentos d e arquivo; b ) conservação física dos documentos, proteção contra os agentes de des- truição e restauração d o s documentos danificados; c) acesso aos documentos para pesqui- sadores e administrações; d) exposições, conferências, atividades educativas e culturais; e) reprodução e microf i lmagem dos documentos.

Para -cada uma dessas funções d e v e rão existir locais apropriados.

2. Localização Um prédio d e arquivo deve ser cons- truído e m terreno protegido contra os seguintes riscos: a) inundações; I

b) deslizamentos d e ter reno e desmo- ronamentos; .c) vizinhanças perigosas - riscos d e explosão OU d e incêndio, objet ivos estratégicos e m caso d e guerra.

A l é m disso, o ter reno d-eve apresen- t a r as características q u e se seguem: a) área suficiente para crescimento fu- turo; b) facil idade d e acesso para caminhões, viaturas e pessoas.

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3. Piano Geral Três partes devem recebe? atenção especial: a) instalações para conservação (depó- sitos ou salas de armazenamento sepa- rados das demais dependências por paredes e portas corta-fogo); b) locais de trabalho de acesso proi- bido ao público (instalações para re- cepção dos recolhimentos, triagem, classificação, elaboração de inven- tários, serviços de encadernação e res- tauração, laboratórios fotográficos, es- critórios para os funcionários, etc.); c) locais de trabalho abertos ao pú- blico (balcão de informações, salas de leitura e consultas, salões para exposi- ções e conferências, refeitório, escri- tórios para o diretor e seus auxiliares).

Devem ainda ser citados nesta l ista os locais de serviço ta is como garagem, instalações de climatização, almoxa- rifado, sanitários, chuveiros, etc.

4. Áreas de arrnazenarnento ou depó- sitos Os depósitos são destinados essencial- mente a abrigar as estantes metálicas e demais móveis onde são preservados os documentos. Não são local de tra: balho. Devem ser inteiramente climati- zados para garantir a conservação da documentação e devem estar separados das outras dependências por paredes e portas corta-fogo.

Para uma utilização mais funcional do espaço, as estantes devem ter uma altura de 2,lO a 2,151~1 ( o máximo deve ser 2,20m). A altura dos tetos será calculada em função da altura das estantes.

Para a proteção contra indêndios recomenda-se que a superfície de cada sala tenha no máximo 200m'. Qual- quer sala que ultrapasse esta superffcie deve ser subdividida. por proteções corta-fogo.

Os conjuntos de estantes (enfilei- radas lado a lado) não devem ultrapas- sar o comprimento de 1 Om.

Os corredores de acesso deixados entre os conjuntos paralelos terão lar- gura de 0,80cm; as passagens para circulação, perpendiculares aos conjun- tos, terão largura de 1,20m.

Obs.: Seguindo as dimensões indi-, cadas, altura das estantes, 2,15m, cor- redores de acesso de 0,80cm, e passa- gens de circulação de 1,20m, uma sala

com superfície de 1,70mZ corresponde a 1.000m lineares de estantes.

Os pisos dos depósitos deverão su- portar um peso de 1.200kg por mz, caso as dimensões sejam as que ante- r iormen t e mencionamos.

As salas de armazenamento ou de- pósitos necessitam de perfeita climati- zação para uma boa conservação do papel e de outros suportes documen- tais. A climatização adequada deve ser: a) umidade relativa do ar de 50% (mínima de 45%, máxima de 55%); b) temperatura média de 18OC (míni- ma de 15OC e máxima de 22OC).

NaS salas onde serão guardadas as fitas magnéticas a temperatura deverá ser mais baixa (1 2OC) e deverão estar ainda protegidas contra o magnetismo ambiental.

Para a proteção contra o sol OS

depósitos devem ter pequenas janelas (no máximo uma décima parte da superfície das fachadas) e serem muni- das de vidros que filtrem os raios u I tra-viol eta.

No entanto, devido aos fatores bactericida e germicida dos raios sola- res não é recomendável a eliminação total de janelas nas salas de armazena- mento.

4.1 Estantes As estantes têm papel preponderante na conservação de documentos. Elas devem, portanto, ser escolhidas com cuidado, levando-se em conta sua so- lidez, comodidade e segurança. a) solidez - estantes metálicas incom- burentes devem ser preferidas às es- tantes de madeira. Para evitar a ferru- gem, o metal (chapas de aço) deve ser tratado por fosfatação e revestido com pintura esmaltada sólida, sem bolhas de ar ou arranhões. As chapas metá- licas devem ser sólidas o bastante para que as prateleiras possam suportar um peso de 100kgIm de extensão; b) comodidade - para permitir o des- locamento das prateleiras modifican- do-lhes a altura, elas deverão ser mon- tadas em suportes móveis que permi- tam o deslocamento de 2 em 2cm. De acordo com as dimensões dos documentos as prateleiras terão uma profundidade de 0,30, 0.35 ou 0,40cm. c) segurança - devemos evitar toda e qualquer estante com arestas agudas

que possam dilacerar os documentos e ainda as estantes frágeis que venham a desabar sob o peso da documentação. As estantes devem ser dispostas em conjuntos paralelos de face dupla, com 10m de comprimento, no máximo, separadas por corredores de acesso. Geralmente os conjuntos são perpendi- culares ao eixo longitudinal das salas de depósito, com corredor de circu- lação ao centro ou dois corredores de circulacão laterais.

4.2 Depósitos especiais Algumas salas de armazenamento, em lugar de serem equipadas com estantes como as que descrevemos anterior- mente, são reservadas para docu- mentos de categoria especial e para tanto, são assim equipadas:

a) depósitos para microfilmes e nega- tivos fotográficos: móveis especiais para microfilme com gavetas conce- bidas para sua guarda;

b) depósitos para plantas e documen- tos de grandes dimensões. Para conser- vação de mapas, plantas e outros docu- mentos de grande porte (cartazes, etc.) utilizamse móveis especiais com ga- vetas (arquivamento horizontal) ou de varetas (arquivamento vertical);

c) depósitos para jornais e gran- des volumes. Os jornais e os volumes encadernadosde grandes dimensões ne- cessitam de estantes com profundidade de 0,40cm e maior solidez devido ao seu peso excepcional;

d) depósitos para documentos audio visuais. Os documentos audiovisuais (filmes) sk conservados em grandes caixas metálicas especiais, para a guar- da das quais as estantes de arquivo podem servir, embora os armários fe- chados sejam mais indicados.

Obs.: Os filmes antigos, cujo supor- t e é o nitrato de celulose, altamente inflamáveis e até explosivos, neces- sitam de proteção especial e devem ser conservados em caixas-fortes especiais. '

e) depósitos para fitas magnéticas. As f i tas magnéticas (de processamento de dados ou f i tas sonoras) são conser- vadas em caixas metálicas especiais. Necessitam de proteção particular con- tra a ação do magnetismo ambiental e contra o calor (1 2 ' ~ no máximo).

29 Arq. & Adm., Rio de Janeiro,7 (1 1: 28-30, jan./abr. 1979.

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5. Ligação entre os andares Deve-se prever um elevador com capa- cidade para 10.000m lineares de docu- mentos (equivalente a 1.700mZ de superfície de depósito).

Carga útil dos depósitos: 500 kg Dimensões das cabines: mínimo de

1.50 m x 0,80 m, para permitir o transporte do pessoal e dos carros carregados.

De acordo com as regras de segu- rança em vigor, além de elevadores deve haver escadas de segurança, isola- das por paredes e portas cortafogo.

6. Locais de trabalho sem acesso para O público Os locais de trabalho não-abertos ao público são: a) locais para recepção dos recolhimen- tos com acesso direto para caminhões situados, portanto, em andar térreo ou no subsolo; b) locais de desinfestação e/ou imuni- zação dos documentos recolhidos, com estufas de óxido de etileno ou outro processo aceito pelos serviços de segu- rança. Deve ser previsto o arejamento e

a liberação de gases tóxicos; c) iocais de triagem e de classificação, bem claros e arejados, próximos dos !ocais de recepção; d) locais para guardar os documentos a serem eliminados após a triagem e (opcionalmente) locais para sua des- truição equipados de máquinas fragmentadoras ou por processos quí- micos; e) laboratório fotográfico. Prever salas para câmara escura, processamento dos filmes (revelação, lavagem, etc.) e para a tiragem de cópias em papel. Prever o abastecimento d'água e arejamento; f) laboratório para restauração e enca- dernação. Prever o abastecimento d'água, arejamento e liberação.de va- pores tóxicos; g) serviço de carpintaria e embalagem; h) escritórios e salas de trabalho para o pessoal técnico e administrativo, de acesso proibido ao público; i) serviço telefônico;

. j) setor de manutenção técnica, clima- tização, etc.;. k) vestiários, sanitários; I) lanchonete, restaurante, salas de re- creação e repouso;

O Comitê de Terminologia Arquivís- tica, criado pela diretoria da AAB em maio de 1977, após concluir o arrola- mento dos termos básicos relacionados com a área dos arquivos, deu início 2 segunda etapa do plano de trabalho a que se propôs realizar, qual seja a difícil tarefa de definir idéias e concei- tuar os termos queas possam repre- sentar com precisão e fidedignidade.

O Comitê, que conta com a partici- pação de Maria Amélia Porto Migueis, Maria de Lourdes Costa e Souza e Marilena Leite Paes, tem por principais objetivos: a) dar prosseguimento aos estudos iniciados pela AAB, em 1972, ampliando e enriquecendo a termino- logia já de certa forma adotada em nosso Pals; b) dar cumprimento ao compromisso assumido com a Asso- ciação Latino-Americana de Arquivos (ALA), durante o Seminário Latino- Americano sobre a Cooperação Regie

na1 para o Desenvolvimento dos Arqui- vos, realizado em Washington, em ou- tubro de 1976, no sentido de estabe- lecer um vocabulário uniforme com vistas à elaboração pelo Conselho In- ternacional de Arquivos (CIA), em contrato com a Unesco, de um glos- sário arquivístico mu1tilingüe.-

Devido 2 importância do assunto, os membros do Comitê de Termino- logia decidiram iniciar, a partir deste número, a divulgação dos termos cuja conceituação já foi detidamente apre- ciada e definida.

Acervo Conjunto de documentos de um ar- quivo.

Acesso Direito de consulta aos documentos de arquivos, exclufdos aqueles para os quais há limitações previstas.

m) garagens; n) almoxarifado (material em esto- que).

Obs.: Esta lista não é limitativa.

7. Locais abertos ao público a) hall de entrada; b) sala de exposições ( 6 possível fa- zê-las no hall de entrada); c) balcão de informações e de con- sultas (nas proximidades do hall de entrada); d) salas de leitura: salas de leitura propriamente ditas, salas de catálogos e inventários, salas especiais para lei- tura de microfilmes, salas para grupos de trabalho, etc.

Obs.: Deve-se prever, próximo às salas de leitura, uma sala de estar e outra para fumantes, que permitam a calma e a conversação. e) locais para conferências, reuniões, serviços educativos, etc.; f) escritório do diretor e dos arquivis- tas, acessíveis ao público, com secre- tarias e salas de espera; g) lanchonete/bar; h) vestiários, sanitários;

Obs.: Esta l ista não é limitativa.

Administração de arquivos Direção, supervisão e coordenação das atividades administrativas e técnicas de uma instituição ou órgão> arquivístico. .. .

Administração de documentos Metodologia de programas para con- trolar a criação, o uso, a normatização, a manutenção, a guarda, a proteção, o ' descarte, ou a preservação de docu- mentos.

Arquivamento Operação que consiste na guarda de documentos em pastas, de pastas e fichas nos seus devidos lugares, nos equipamentos que Ihes forem próprios e de acordo com um sistemãde orde- nação previamente estabelecido.

Arquivista Profissional de arquivo, de nível supe- rior.

Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 : 2830. jan./abr. 1979. 30

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Apresentação

Cumprindo o disposto no art. 18, alínea "e" do § I ? do Estatuto da AAB, a Diretoria eleita para o biênio 1977-79 apresentou ao Conselho Deli- berativo e Conselho Fiscal, relatório de suas atividades referente ao exercício de 1978, bem como a respectiva pres- tação de contas.

Diretoria para o biênio 1977-79

Marilena Leite Paes, Presidente; Elyanna de Niemeyer Mesquita, Vice- Presidente; Eloísa Helena Riani Mar- ques, l ? Secretária; Eliana Balbina Flora Sales, 2? Secretária; Norma Viegas de Barros, l? Tesoureira; Aurora Ferraz Frazão, 2a Tesoureira.

1. Introdução

Durante o exercício de 1978, a Dire- toria da AAB deu prosseguimento ao plano de trabalho elaborado para o biênio 1977-79, que visa, em sua essên- cia, além dos objetivos estatutários, .?I composição de uma estrutura organiza- cional sólida, capaz de atender ao crescimento acelerado da AAB.

Além das atividades específicas descritas adiante, cumpre-nos registrar alguns fatos marcantes e da mais al ta importância para os Arquivos e Arqui- vistas brasileiros ocorridos durante o a no.

- A longa escalada da AAB em busca da regulamentação das profis- sões de Arquivista e Técnico de Ar- quivo, iniciada em 4-9-75, com o Processo n? 320.1 86/75, atingiu plena- mente seu objetivo em 1978.

Além dos contatos freqüentes man- tidos com as autoridades governa- mentais envolvidas na questão, inú- meras etapas foram sendo vencidas, uma a uma, principalmente a partir da Exposição de Motivos n? 10, de março de 1978, do Sr. Ministro do Trabalho .?I Presidência da República, e da Men- sagem no094, de 27 de março de 1978, do Poder Executivo, enca- minhando ao Congresso Nacional o projeto de le i dispondo sobre a regula-

mentação de nossa profissão. Após exame e aprecia60 pelas Comissões de Constituiqão e Justiça, Educação e Cultura, Trabalho e Legislacão Social, o projeto foi finalmente aprovado, com algumas emendas, no dia 9 de junho, pelo plenário da Câmara dos Deputados.

Encaminhado ao Senado Federal, foi igualmente estudado pelas Comis- sões de Constitui60 e Justica, Edu- cação e Cultura, e Legisla60 Social daquela Casa, obtendo, a exemplo do ocorrido na Câmara Federal, pareceres altamente favoráveis. Uma vez apro- vado pelo Senado, o projeto fo i resti- tuído ao Palácio do Planalto onde, a 4 de julho, fo i sancionado pelo Exm? Sr. Presidente da República, transfor- mando-se finalmente na Le i n? 6.546, regulamentada pelo Decreto no 82.590, de 6-1 1-78.

Paralelamente, a Diretoria da AAB, juntamente com a DireGo do Con- selho Federal de Biblioteconomia e com o representante do Ministério do Trabalho, deu prosseguimento aos es- tudos iniciados em 1977 sobre a refor- mutação da Lei n? 4.084/62, que dis- põe sobre a profissão de bibliotecário, alterando, entre outros itens, a desig- nação dos Conselhos Federal e Regio- nais de Biblioteconomia para Conse- lhos Federal e Regionais de Biblioteco- nomia e Arquivologia, mantendo-se, no que se refere aos Arquivistas, todos os dispositívos da Lei no 6.546, de 4-7-78, e do Decreto n? 82.590, de

-Em decorrência da regulamen- tação da profissão, mais especifica- mente da assinatura do Decreto no 82,590, de 6-11-78, que dá compe tência às Delegacias Regionais do Tra- balho para conceder os registros profis- sionais, a Presidente e Secretária Exe- cutiva da AAB mantiveram contatos com a Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, por intermedio do Diretor de sua Divisão de Emprego e Salário, para colher informa6es sobre procedimentos a serem adotados por aquele órgão quanto ao registro dos profissionais de nossa área, bem como oferecer toda a colabora(ião da AAB que julgarem oportuna e necessária.

6-1 1-78.

- Tomando conhecimento dos estudos de novos planos de classifi- cação de cargos que vêm sendo reali- zados pelo Estado e pelo Município do Rio de Janeiro, a AAB dirigiu-se às autoridades competentes no sentido de informar sobre a assinatura da Lei no 6.546, de 4 de julho de 1978, que regulamenta as profissões de arquivista e de técnico de arquivo.

Demonstrando interesse no cumpri- mento da legislação vigente, a Prefei- tura da Cidade do Rio de Janeiro, por intermédio de seu Superintendente de Administração de Pessoal, encaminhou ofício à AAB informando que as observapões por esta emitidas "servirão como subsídios para o novo Plano de Classificação de Cargos do Município". - A AAB vem desenvolvendo uma

campanha de esclarecimento junto .?I classe empresarial sobre as atribuições de arquivista e técnico de arquivo, nos termos da legislação em vigor, reme- tendo correspondência às instituiges que recrutam pessoal para trabalhar em arquivo, utilizando-se de anúncios em jornais da cidade.

-No dia 25 de setembro, foi assi- nado pelo Presidente da República o Decreto n? 82.308, instituindo o Sis- tema Nacional de Arquivo (SINAR), com a finalidade de preservar a docu- mentação histórica do país I

Foi criada também, através do mesmo decreto, a Comissão Nacional de Arquivo, composta pelo Diretor- Geral do Arquivo Nacional e represen- tantes da Associação dos Arquivistas Brasileiros, Secretaria de Planejamento da Presidência da República, DASP, Estado-Maior das Forças Armadas, Ministério da Educação e Cultura e dois membros indicados pelo Arquivo Na cio na I.

Por indicação da Diretoria da AAB, o Ministro da Justiça assinou a Portaria n? 918, de 30 de novembro de 1978, designando a Prof? Maria de Lourdes da Costa e Souza como representante da AAB ria referida Comissão. - Durante o período de l? de

outubro a 15 de dezembro de 1979, o Conselho Internacional de Arquivos (CIA), Órgão filiado 2 UNESCO, pro- moverá Semanas Internacionais de

Arq. i3 Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ): 3238. jan./abr. 1979. 32

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Arquivos a serem realizadas nos di- versos países-membros. A concepção dessas Semanas tem suas raizes na recomendação apresentada pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional no 20 Congresso Brasileiro de Arquivo- logia, realizado em São Paulo, em 1974.

Assim, para elaborar uma progra- mação à altura dos demais países, a AAB e o Arquivo Nacional deram início, em março, aos primeiros enten- dimentos e providências, visando i3 concretização do evento. Durante o mês de novembro foi instalada a Co- misgo Organizadora das Semanas, assim constituída: Presidente, o Diretor-Geral do Arquivo Nacional; Secretária, Josélia do Carmo Tavares, também do Arquivo Nacional; Maria de Lourdes Costa e Souza e Marilena Leite Paes, representando a AAB; Maria Amélia Porto Migueis, represen- tando o Departamento de Assuntos Culturais do MEC; Anita Branda-o Murakami, da Fundação Getulio Vargas e Auta Rojas Barreto. Os Núcleos Regionais da AAB já

estão sendo acionados no sentido de promoverem, cada qual em sua área geográfica de atuação, uma Semana de atividades dedicadas aos arquivos. a saber: - Brasflia - I? quinzena de outu-

b ro - Santa Maria (RS) - I? quinzena

de novembro - São Paulo - 2? quinzena de

novembro - Belém - I a quinzena de de-

zembro

A Sede da AAB promoverá a sua Semana de Arquivo, no Rio de Janeiro, com a realização do 40 Con- gresso Brasileiro de Arquivologia, de 14 a 19 de outubro.

- Conforme o programado, efeti- vou-se, a 1 O de janeiro, a transferência da AAB, das precárias instalações que ocupava na Praça Tiradentes, para a sala B-217, do prédio 186 da Praia de Botafogo, gentilmente cedida pelo Pre- sidente da Fundação Getulio Vargas, Luiz Simões Lopes, sem qualquer ônus financeiro para a Associação. Nesta sala encontra-se instalado o aparelho telefônico 2486637, que vem sendo utilizado pela AAB mediante o paga- mento das despesas decorrentes de seu Uso.

2. Assistência Técnica

2.1 Ministério das Relações Exteriores

Os bons resultados obtidos no desen- volvimento dos trabalhos de Ievanta- mento das fontes primárias da His- tória Diplomática Brasileira na Bacia do Prata, e a elaboração dos instru- mentos de pesquisa do acervo docu- mental do Arquivo Histórico do Itama- rati, realizados em decorrência de con- trato de prestação de serviços assinado com AAB, em 29-4-77, levaram o Ministério das Relações Exteriores a prorrogar esse contrato a fim de dar prosseguimento ao projeto.

2.2 Departamento de Estradas de Ro- dagem do Piaui'

Durante uma semana, o Sr. Francisco Alves Bezerra, Chefe do Serviço de Comunicações do DER do Piauí, re- cebeu orientação da AAB na organi- zação de um código de assuntos a ser adotado nos arquivos daquele Departa- mento.

2.3 Telebrás (Brqdia)

A Sra. Myrtila de Souza, funcionária da Telebrás, estagiou durante uma semana na AAB, recebendo orientação técnica no preparo de uma tabela de temporalidade de documentus e de um código de classificação por assunto a serem implantados naquela empresa pública.

2.4 Diversos

Além dos serviços acima descritos, a AAB prestou assistência elou orien- tação técnica às seguintes instituições e pessoas: Banco Nacional de Desenvol- vimento Econômico (Regina e Célia); Lucia Maria Mendonça, do CEBRACE.

3. Produção Editorial

3.1 Arquivo & Administração

Conforme o programado, e graças à competência, dedicação e esforço da equipe responsável, a revista da AAB foi totalmente reformulada, quer quanto ao seu conteúdo, quer quanto 5 sua forma, e cujos padrões técnico- editoriais têm sido alvo das referências mais elqiosas. Merecem ainda registro

especial dois fatos da maior impor- tância: - a circulação vem se proces- sando com regularidade, sem atrasos representativos, e a distribuição passou a ser comercializada para os não- sócios, visando a redução dos altos custos da publicação, selagem etc. Foi fixado para a assinatura o valor de Cr$ 60.00 e para o número avulso Cr$ 25,OO.

É de justiça apresentar aqui nossos cumprimentos e nossos melhores agra- decimentos a toda a equipe, e de modo especial, a Robson Achiamé Fernan- des, Chefe da Divisão Editorial da Fundação Getulio Vargas, e Coorde- nador Editorial da Revista, juntamente com Eloísa Helena Riani Marques, Redatora-Chefe e I a Secretária da AAB, pelo magnífico trabalho que realizaram.

3.2 Anais do 3? CBA

Concluída a árdua tarefa de preparo e revisão dos textos originais, passou-se às etapas de diagramação e composição tipográfica, estando, no momento, em fase de impressão. Graças i equipe liderada por Helena Corrêa Machado, auxiliada por Maria Amélia Gomes Leite, e assessorada tecnicamente por Robson Achiamé Fernandes, acredita- se- que a circulação dos Anais terá início no l ? semestre de 1979.

A edição dessa obra está sendo realizada com os recursos financeiros concedidos pelo MECIDAC (Convênio firmado em 8-12-77, e aditado em 1 1 -9-78) e com a colaboração da Im- prensa Oficial.

4. Cursos

4.1 Curso de Organização de Arquivos de Plantas ,e Desenhos Técnicos

Com o objetivo de oferecer a profis- sionais de documentação e adminis- tração, arquitetos e engenheiros, infor- maçx3es e conhecimentos fundamentais sobre princcpios e técnicas de organi- zação de arquivos de plantas e de- senhos técnicos, a AAB promoveu, de 28 de maio a 29 de junho, o curso em epígrafe, num total de 35 horas-aula.

Esta foi uma atividade pioneira da AAB, por ter sido o primeiro curso, no gênero, realizado no país e que contou com a participação de 20 alunos, sendo cinco bolsistas, representando as

33 Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 ( 1 1 : 3238,jan.labr. 1979.

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seguintes entidades: Cia. Distritos Industriais do R.J. (CODIN); CIBRASIL S. A. Engenharia e Indús- tria; Dyna Engenharia S.A.; PROMON Engenharia S.A.; Furnas Centrais Elé- tricas S.A.; Enge-Rio Engenharia e Constr. S.A.; Itaipu Binacional; Pontual Associados Arquitetura e Pla- nejamento Ltda.; Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Ja- neiro; Embratur e Fundação Getulio Vargas

As aulas ficaram a cargo dos Profes- sores Maria José Gomes Monteiro e Jo- sé Lázaro de Souza Rosa.

4.2 Curso de Organização de Arquivos de Empresas

A AAB realizou, de 14 a 18 de agosto, o 60 Curso de Organização de Ar- quivos de Empresas, um programa de aperfeiçoamento de alto nível, com o objetivo de oferecer a dirigentes e profissionais de administra@-o de docu mentos, conheci me nto s funda- mentais sobre os princípios e técnicas de organização de arquivos.

As aulas foram ministradas no Arquivo Nacional, R.J., pelos Profs. Jorge Gustavo da Costa, Marilena Leite Paes, Lourdes Costa e Souza, Regina Alves Vieira, José Pedro Esposel, Eloísa Helena Riani Marques e José Lázaro de Souza Rosa, em horário integra 1.

O curso contou com a presença de 46 participantes, sendo sete bolsistas procedentes do Paraguai, Brasília e dos Estados da Bahia, Mato Gorsso, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

Estiveram representadas no curso as seguintes instituições: Estado Maior das Forças Armadas, Secretarias Esta- duais, Prefeituras Municipais, Telebrás, Furnas Centrais Elétricas S.A., Cias. de E I e t r i cidade, Arquivos Estaduais, Empresa de Água e Saneamento, Itaipu Binacional, USIMEC, BNDE, Ministério da Fazenda e Universidade de Mato Grosso. Os bolsistas representaram a Divisão

de PréArquivo, do Arquivo Nacional, recentemente instalada em Brasília, Fundação Getulio Vargas, Prefeitura Municipal de Niterói, Serviço de Docu- mentação do Ministério da Marinha e Universidade de Santa Maria (RS).

4.3 Cursos sobre Automação Aplicada aos Arquivos

A AAB iniciou entendimentos com a Embaixada da França e com o especia- l i s ta francês l. Cloulas, Chefe do Ser- vico de Informática dos Arquivos Na- cionais de França, com o objetivo de trazê-lo ao Brasil, em outubro- novembro de 1979, para ministrar um curso de alto nível sobre a- proble- mática da automação nos arquivos, e debater o assunto com arquivistas, administradores e analistas de sistemas.

4.4 Cursos Profissionalizantes de Z Grau

Dando prosseguimento aos trabalhos iniciados a partir de 1977, a AAB manteve contatos com o Diretor do Arquivo Nacional e Secretaria de Edu- cação do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio de sua Assessoria de Comunicação, no sentido de estudar as possibilidades de, em regime de cola- boração, dotar, dentro do mais breve espaço de tempo possível, se não o país, pelo menos o Estado do Rio dos cursos profissionalizantes de arquivo, em nível de 2? grau, para formar jovens técnicos de arquivos, nos termos estabelecidos no item I11 do art. l? da Lei n? 6.546, de 4-7-78.

Como primeiro passo concreto, a AAB sugeriu ao Diretor do Arquivo Nacional que o seu Departamento de Cursos, com a colaboração da AAB, programasse e assumisse o encargo de realizar os cursos profissionalizantes de arquivo, em nível de 2? grau, ofere- cendo 5 rede escolar pública e privada esta importante contribuição, tendo em vista que, com a transferência do Curso Superior de Arquivologia pata a FEFIERJ, o Departamento de Cursos ,terá disponibilidade para absorver esse novo projeto. A sugestão foi bem acolhida e os estudos prosseguem no sentido de instalar os wrsos em 1979.

Quanto i Secretaria de Educação do Estado do RJ. a Presidente e Secretária Executiva da AAB prepa- raram e entregaram pessoalmente, na Assessoria de Comunicação os subsí- dios disponíveis sobre o assunto. A ' referida Secretaria já contatou com a Chefe do Departamento de Cursos do Arquivo Nacional.

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4.5 Credenciamento junto ao Con- selho Federal de Mão-de-obra

Em virtude da Lei no 6.546, de 4-7-78, que regulamentou as profissões de arquivista e de técnico de arquivo, a AAB acelerou as providências no sen- tido de obter o seu credenciamento junto ao Conselho Federal de Mãode Obra, para oferecer aos interessados os cursos previstos no item V do art. l? da referida legislação, além de pro- gramas de aperfeiçoamento e especia- lização de pessoal, com o benefício dos incentivos fiscais estabelecidos na Lei n? 6.297, de 15-1 2-75, que permite a dedução, no imposto de renda das pessoas jurídicas, do dobro dos gastos realizados com esses programas.

Em novembro, a AAB obteve o credenciamento, sob o n? 71 5.

5. Congressos. Conferências Seminá- rios. Palestras

5.1 Seminário sobre Análise Curricu- lar e Conteúdo Programático de Cursos de Arquivo

A AAB promoveu, de 15 a 17 de fevereiro, no auditório do Arquivo Nacional, o Seminário sobre Análise Curricular e Conteúdo Programático de Cursos de Arquivo, com os se- guintes objetivos: apreciar a validade, importância e significado da inclusão das disciplinas que compõem o currí- culo do Curso Superior de Arquivo- logia, e de alguns cursos de extensão e aperfeiçoamento; estudar e debater a adequação dos programas de cursos de arquivo em nível superior, profissiona- lizante e especiais ou de especialização; poporcionar uma visão global e inte- grada dos cursos de arquivo.

Participaram do encontro 35 pro- fessores e coordenadores de cursos de arquivo, especialmente convidados pela AAB, representando a Univer- sidade de Santa Maria (RS), Univer- sidade de Brasllia, Universidade Fe- deral Fluminense, Universidade deSão Paulo, FEFIERJ, SENAI, Fundação Getulio Vargas, Arquivo Nacional, Departamento de Documentação do. Estado do Rio de Janeiro, Arquivo do Estado de São Paulo.

Foram apresentadas e aprovadas 13 recomendações, que se encontram publicadas no número de abril de Arquiwo & Administração.

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5.2 Convenção Nacional do Micro- filme

Realizou-se no Centro de Convenpões do Hotel Glória, RJ, de 31 de maio a 2 de junho, a 3? Convenção Nacional do Microfilme, tendo como tema o "complexo micrográf ico".

O evento foi promovido pela Asso- ciação Brasileira 'de Microfilme (ABM) em colaboração com a Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal (ABDF), Associação Fãulista dos Bi- bliotecários (APB) e Associação dos Arquivistas Brasileiros (AAB), que se fez representar por Helena Corrêa Machado, José Pedro Esposei e José Lázaro de Souza Rosa.

5.3 Palestra de Michel Duchein

Em 31 de agosto, Michel Duchein, Inspetor-Geral dos Arquivos Nacionais da França, e Sócio honorário da AAB, após visitar a Sede da Associação, proferiu excelente palestra sobre "O papel da Arquivologia na sociedadede hoje", cujo texto se encontra publi- cado, na íntegra, no número de d e zembro de nossa revista.

A palestra, realizada no auditório da Rádio Roquete Pinto, contou com a colaboração do Departamento Geral de Documentação da Secretaria de Estado de Justiça do RJ.

5.4 Conferências Diversas

Face ao crescente interesse das insti- tuições na problemática arquivística, e atendendo a inúmeras solicitapões que são dirigidas 2 AAB, sua Presidente proferiu as seguintes palestras: "O arquivo como órgão de documen- tação", para funcionários da Petrobrás (25 de agosto); "A situap-o dosarqui- vos no Brasil", durante a Semana de História, promovida pelos alunos do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UERJ (I? de setembro); "A regulamentação da profissão", para os alunos do Curso de Arquivologia, da FEFIERJ (4 de setembro).

5.5 40 Congresso Brasileiro de Arqui- vologia

A partir do mês de maio, a Diretoria da AAB desenvolveu intensa atividade com vistas ao 40 CBA, a ser realizado no período de 14 a 19 de outubro de

1979, no Rio de Janeiro. Inicialmente designou a Comissão Organizadora do evento, presidida por José Pedro Pinto Esposei e constituída por Helena Corrêa Machado, Lourdes Costa e Souza, Marilena Leite Paes e Leda de Ticiano Wal ker Naylor.

Desde então, inúmeras providências vêm sendo tomadas, ta is como escolha de local, preparo de material de secre- taria (papéis, cartazes, envelopes, fichas de inscrição etc.), definição do temário, elaboração de minutas de circulares, regimentos, regulamentos, escolha de relatores oficiais, contatos com empresas especializadas em eventos dessa natureza.

A partir de janeiro de 1979 será iniciada a divulgação oficial do 40 CBA.

6. Solenidades. Comemorações

6.1 Dia do Arquivista

A AAB comemorou a 20 de outubro, no Auditório da Fundação Getulio Vargas, o Dia do Arquivista. A ceri- mônia foi presidida pela Vice-Presi- dente, Elyanna de Niemeyer Mesquita, em virtude da ausência da Presidente por motivo de viagem, e teve como expositores Helena Corrêa Machado que discorreu sobre a regulamentação das profissões de arquivista e de técnico de arquivo, Raul Lima, que teceu comentários sobre a recente criação do Sistama Nacional de Ar- quivo e Rolf Nagel, Diretor do Ar- quivo de Dusseldorf, Alemanha, convi- dado especial, fazendo interessante palestra sobre " O ensino arquivístico - base da preparação profissional".

A solenidade compareceram inúme- ros associados e amigos da AAB.

A data fo i também festejada em Brasília, no Auditório do Ministério da Justiça, com a realização do "Painel de Notícias Arqu ivíst ias", d irig ido por Luiz Felippe G. Nepomuceno, diretor do Núcleo da AAB na capital do país, contando com a participação de di- versos profissionais da área.

Em Santa Maria, RS, foram progra- madas visitasaos arquivos de empresas, procurando conscientizá-los da necessi- dade de manterem seus arquivos orga- nizados.

6.2 Colação de Grau da 19 Turma Formada no Curso Superior de Arqui- vologia

Em 10 de novembro, a AAB se fez representar na cerimônia de colação de grau da I? turma formada no Curso Superior de Arquivologia da FEFIERJ.

Na oportunidade a Presidente da Associação dirigiu aos 27 formandos palavras de entusiasmo e de esperanca no futuro profissional desses arqui- vistas, oferecendo a cooperação da AAB para que seus diplomas sejam liberados o mais breve possível pela FEF I E RJ.

Após entendimentos verbais com o Decano daquela Federação, a Presi- dente da AAB dirigiu correspondência ao Presidente do órgão solicitando rápida solução para o problema que vem preocupando os novos profis- sionais.

7. Secretaria .Executiwa

A Secretaria Executiva registrou, em 1978, 158 novos sócios, contra 93 em 1977.

Além dos trabalhos de rotina, po- demos destacar as seguintes atividades: levantamento da documentação exis- tente para conhecer a situação atual do quadro social; elaboração e distri- buição de circular destinada aos asso- ciados com o objetivo de atualizar as contribuições sociais em atraso; pre- paro de programas e coordenação das atividades didáticas e culturais promo- vidas pela AAB; preparo de matéria para divulgação pela imprensa; visitas às instituições que procuram assis- tência técnica da AAB; apoio adminis- trativo à Comissão Organizadora do 40 CBA; e controle da circulação e distri- buia-0 da revista da AAB.

8. Núcleos Regionais

O grupo de trabalho designado, ,em 1977, para estudar e compatibilizar o regulamento dos Núcleos Regionais, em vigor desde dezembro de 1973, às suas necessidades e realidades locais, apresentou 2 Direção da AAB o pro- jeto do novo regulamento, o qual, submetido à Diretoria, foi aprovado em reunião de 13 de setembro, en- trando em vigor 15 dias após a sua a provação.

35 Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 1: 32-38, jan./abr. 1979.

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Aqui está uma boa notícia para os pesquisadores que freqüentam a Bi- blioteca Nacional. Foi microfilmada toda a coleção do Jornal do Commer- cio, de 1827 a 1976 - século e meio de história e vida social do Brasil: sabem lá o que é isto? E tem mais. Muitos outros jornais e revistasde importância considerável para a crônica da vida nacional, como a Aurora Fluminense, de Evaristo da Veiga, a Minewa Brasi- liense. a Gazeta do Rio de Janeiro (1 808-1 822), o recém-falecido e bravo Correio da Manhã, no todo ou em parte, já podem ser consultados em microfilme, enquanto se prepara o mesmo serviço com relação ao Diário do RiodeJaneiro (1821-1878). O País, A Noite, para citar alguns dos periódi- cos mais procurados.

* Extraído do Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8fev. 1979, Caderno B.

Entso aquela penosa mineração em volumes que se esfarinhavam ao toque dos dedos (conseqüência de anos e ânos de manuseio e de condições precaríssimas de conservação, pela eterna falta de recursos orçamentários) cede lugar a uma operação que não suja a roupa nem estraga as páginas tênues do papel atacado pelo tempo. Fica extinto o uso do guarda-pó, que não sei se o R. Magalhães Júnior e o Jota Efegê envergavam no curso de suas pesquisas na B. N., mas que certamente era mais do que recomen- dável em se tratando de conhecer detalhes da Guerra do Paraguai no Jornal do Commercio de 1869. "Perdi minha gravata nova", queixou-me um amigo que lá andou há temposabelhu- dando fofocas e anedotas do Rio Nu, esse espelho da malícia carioca, flo- rescente de 1898 a 1916. Pois agora ele pode voltar 2 curtição daquelas páginas. O Rio Nu está microfilmado - e como é inocente em comparação com o que se imprime ou se exibe hoje por aí ! (Por favor, não extraiam desta observação qualquer traço de cato- nismo; eu adoro os novos tempos, no que eles têm de oposto 6 virtuosa hipocrisia b urguesal,

Ao que parece, este bom serviço se integrará num plano nacional de microf ilmagem de periódicos brasi- leiros, aprovado pelo Departamento de Assuntos Culturais do Ministério da Educa@-o em dezembro Último. Plano que por sua vez se integrará no pro- grama nacional de preservação da do- cumentação de interesse histórico- cultural. O qual, a seu turno, deverá ter em vista os objetivos da política nacional de cultura, dentro do plano setorial da educacão e cultura daquele

Ministério. E muito plano o programa, o que me deixa confuso, mas não custa desejar boa sorte aos homens que se disponham a botá-los em prática. E este começo de microfilmagem na Biblioteca Nacional, sob as vistas de Jannice Montemor, pode servir de bússola para realizações em escala na- cional. O país estava ficando muito sem memória, o que tem reflexos no comportamento social e na direção dos negócios públicos O microf ilme busca remediar este mal.

Aqui me ocorre uma ponderação que submeto aos zeladores da docu- mentação brasileira de qualquer natu- reza. Passar para microfilme a matéria impressa ou manuscrita do passado não deve acarretar desapreço subse- qüente pelo original microfilmado. AO contrário. Cumpre redobrar de cui- dados em seu favor. O objeto vale mais do que sua representação. Vamos zelar mais pelos arquivos, pelas escrituras e jornais da monarquia, vamos defendê- 10s da mão inábil que rasga ou mancha o papel respeitável; da mão e do cupim, da umidade e do calor que os deterioram e consomem. Que a popu- larização do microfilme e da cópia xerográfica não importe em deixar ao abandono, daí por diante, as peças cup teor foi preservado mediante re- produção mecânica. Sem esquecer que esta sofre os mesmos riscos de aniqui- lamento pelo tempo e pela ação dos desavisados. Ganhamos espaço conden- sando em pequenino rolo a massa colossal de papel, mas isso não quer dizer que joguemos pela janela ou condenemos a ruína o que foi consi- derado digno de ser transmitido a outras gerações. Em resumo: viva o documento!

39 Arq. & Adm., Rio de Janeiro, 7 (1 ) : 39, jan./abr. 1979.

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