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Prisão cautelar e procedimentos:a síndrome de Jano
São Paulo, 18 de agosto 2007
Presunção de inocência: origens históricas
• Postulado fundamental da reforma do sistema repressivo no século XVIII
• Art 9º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789)
• Relações centradas nas concepções da “defesa social”
• Período pós-guerra: proliferação dos documentos internacionais de direitos humanos
Presunção de inocência: regime jurídico brasileiro
• Art. 5º, LVII, CF: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”
• Presunção de inocência ou da não culpabilidade?• Art. 8.2 da Convenção Americana de Direitos Humanos –
presunção da inocência enquanto não comprovada legalmente a culpa
Presunção de inocência: projeções
A) Político liberdade do acusado versus interesse coletivo à repressão penal.
B) Social tratamento social
C) Processual Significado probatório
Tratamento processual
Presunção de inocência: significado probatório
• Regra de julgamento: in dubio pro reo
• Ônus probatório: órgão acusador
• Inconstitucionalidade dos dispositivos que invertam o ônus da prova
Presunção de inocência e prisão cautelar
• Medida cautelar: antecipação dos efeitos do provimento
• Prisão processual – instrumento que assegura o resultado do processo
Fumus boni iuris – prova da existência do crime e indícios de autoria
Periculum in mora – perigo de insatisfação
Presunção de inocência: prisão em flagrante
• Sistema de autodefesa da sociedade• Ato formal – auto de prisão em flagrante
• Comunicação imediata à autoridade judiciária competente (art. 5º, LXII, CF)
Art. 306, CPP (Lei 11.449/07)•Comunicação em 24:00 horas
•Cópia à Defensoria Pública
Presunção de inocência: prisão em flagrante
1- Apreciação da legalidade (relaxamento)1.1 – tipicidade penal1.2 – tipicidade processual (art. 302, CPP)1.3 – formalidades (arts. 304 a 307, CPP)
2 – Apreciação da necessidade (lib. Provisória)
(exame da cautelaridade – Art. 5º, LXVI, CF)
Auto de flagrante Juiz
Presunção de inocência: prisão em flagrante
Equívocos legislativos
• Art. 2º, II, Lei 8.072/90 Lei 11.464/2007
• Art. 7º, Lei 9.034/95
• Art. 21, Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)
Presunção de inocência: prisão em flagrante
Recurso Especial 768.235/BA (STJ)1. A prisão provisória é medida cautelar extrema e excepcional, que implica sacrifício à liberdade individual, razão pela qual pressupõe, em face do princípio constitucional da inocência presumida, a demonstração de elementos objetivos, indicativos dos motivos concretos autorizadores da constrição. 2. Mesmo para os crimes em que há vedação expressa à liberdade provisória, como é o caso do Estatuto do Desarmamento, da Lei dos Crimes Hediondos e a das Organizações Criminosas, a teor da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, remanesce a necessidade de fundamentação concreta para o indeferimento do pedido, prestigiando-se, assim, a regra constitucional da liberdade em contraposição ao cárcere cautelar, quando não houver demonstrada a necessidade da segregação.
Presunção de inocência: prisão temporária (Lei 7.960/89)
Fumus boni iuris – Art. 1º, III, - Rol taxativo
Periculum in mora – Art. 1º, I - imprescindibilidade para as investigações
Art. 1º, II - ausência de residência fixa ou falta de elementos para identificação
Presunção de inocência: prisão preventiva (art. 311/316, CPP)
Fumus boni iuris – prova da existência do crime e indícios de autoria
Periculum in mora – garantia da ordem pública, ordem econômica, por conveniência da instrução ou para assegurar a aplicação da lei penal
Presunção de inocência: prisão preventiva (“ordem pública”)
“ ... conceito que não pode ser corretamente delimitado e que enseja a prevalência do interresse da repressão, em detrimento dos direitos e garantias do acusado”
(Antonio Magalhães Gomus Filho. Prisão cautelar e o princípio da presunção de inocência)
Presunção de inocência: prisão preventiva – HC 87.343-0/SP - STF
PRISÃO PREVENTIVA. Medida cautelar. Natureza instrumental. Sacrifício da liberdade individual. Excepcionalidade. Necessidade de se ater às hipóteses legais. Sentido do art. 312 do CPP. Medida extrema que implica sacrifício à liberdade individual, a prisão preventiva deve ordenar-se com redobrada cautela, à vista, sobretudo, da sua função meramente instrumental, enquanto tende a garantir a eficácia de eventual provimento definitivo de caráter condenatório, bem como perante a garantia constitucional da proibição de juízo precário de culpabilidade, devendo fundar-se em razões objetivas e concretas, capazes de corresponder às hipóteses legais (fattispecie abstratas) que a autorizem.
AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Decreto fundado na gravidade do delito, a título de garantia da ordem pública. Inadmissibilidade. Razão que não autoriza a prisão cautelar. Constrangimento ilegal caracterizado. Precedentes. É ilegal o decreto de prisão preventiva que, a título de necessidade de garantir a ordem pública, se funda na gravidade do delito.
Presunção de Inocência: Prisão Preventiva – HC 89.501/60 (STF)
O estado de comoção social e de eventual indignação popular, motivado pela repercussão da prática da infração penal, não pode justificar, só por si, a decretação da prisão cautelar do suposto autor do comportamento delituoso, sob pena de completa e grave aniquilação do postulado fundamental da liberdade. O clamor público - precisamente por não constituir causa legal de justificação da prisão processual (CPP, art. 312) - não se qualifica como fator de legitimação da privação cautelar da liberdade do indiciado ou do réu, não sendo lícito pretender-se, nessa matéria, por incabível, a aplicação analógica do que se contém no art. 323, V, do CPP, que concerne, exclusivamente, ao tema da fiança criminal. - A acusação penal por crime hediondo não justifica, só por si, a privação cautelar da liberdade do indiciado ou do réu.
Presunção de Inocência: Prisão Preventiva – HC 88.443/BA (STF)
A prisão preventiva para garantia da ordem pública está satisfatoriamente justificada na periculosidade do paciente,manifestada no fato de que o mesmo é contumaz na prática de crimes da espécie, conforme confessado por ele próprio no seguinte trecho de seu interrogatório: “que o interrogando conhece o S. Marco Antônio Ferreira Alves há mais ou menos três anos; que o conheceu na Penitenciária na qual cumpria pena de seis anos por assalto”. (fl.53). Daí que, ao contrário do alegado, a prisão cautelar não resulta de considerações abstratas da Juíza que a decretou. A afirmação judicial de que solto voltará a delinqüir, pondo em risco a sociedade, não se situa no campo da presunção.
Presunção de Inocência: Prisão Preventiva – RHC 89.972/GO (STF)
Tais circunstâncias vêm demonstrar que a ordem pública está ameaçada com a liberdade do indiciado, não só porque a sociedade local clama por justiça, como também, porque sendo propenso a práticas delitivas, uma vez solto, sentirá estimulado a se embrenhar ainda mais no mundo do crime. A ordem pública, em cujo contexto se insere a credibilidade à Justiça e às instituições, se viu afrontada com a atitude do indiciado, e por isso, precisa ser restabelecida com sua prisão cautelar.
Presunção de Inocência: Prisão Preventiva – RHC 86.864/SP(“Conveniência da instrução”)
No caso, o paciente tem residência certa no distrito da culpa; não há notícia de que haja procrastinado o julgamento; tem profissão certa, é diretor de empresa em São Paulo. E, convém enfatizar, apresentou-se à prisão imediatamente após a decretação desta. Mais: os diálogos que foram monitorados revelam conversa do paciente com outro co-réu e não com testemunha. Dir-se-á que isso seria irrelevante, porque teria havido tentativa de aliciamento em detrimento do interesse da Justiça. Mas a esse argumento poderia ser oposto este outro, que diz com o direito de defesa: o direito de os co-réus estabelecerem estratégia de defesa. Deixemos de lado, entretanto, essa controvérsia. O que é certo é que o co-réu já foi ouvido pela Justiça. Ao que parece, as testemunhas de acusação já foram ouvidas. A prisão do paciente, a esta altura, constitui violência inaceitável, irreparável, no caso de resultar o paciente absolvido.
• Prisão decorrente de pronúncia (art. 408, § 1º e 2º, CPP)
• Prisão decorrente de sentença condenatória recorrível (art. 393, I e art. 594, CPP)
Presunção de Inocência: Prisões Automáticas
• Inserção de aspectos subjetivos relacionados com a personalidade do acusado
Presunção de Inocência: HC 10118/MS (STJ)
À luz da nova ordem constitucional, que consagra no capítulo das garantias individuais o princípio da presunção de inocência (CF, 5º, LVII), a faculdade de recorrer em liberdade objetivando a reforma de sentença penal condenatória é a regra, somente impondo-se o recolhimento provisório do réu à prisão nas hipóteses que enseja a prisão preventiva, na forma inscrita no art. 312, do CPP. A regra do art. 594 do CPP deve hoje ser concebida de forma branda em razão do aludido princípio constitucional...
Presunção de Inocência: Prisões Automáticas
1. Se o réu respondeu em liberdade o processo, somente deverá ser preso por ocasião da pronúncia ou da sentença condenatória recorrível, se surgir motivo que justifique a decretação da prisão preventiva nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, não bastando a mera existência de antecedentes criminais.
2. A decretação destas prisões não podem servir de obstáculo para o recebimento e o processamento dos recursos cabíveis, sob pena de violação da garantia do duplo grau de jurisdição
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006): Procedimento
Prisão em flagrante
• Tipicidade processual (art. 302,CPP)• Retardo na atuação policial (art. 53,II) – identificação de outros integrantes• Comunicação imediata (art. 50, caput) – 24 horas (art. 306, § 1º, CPP)• Prazo para conclusão: 30 dias (art.51); 90 dias (solto)
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006): Procedimento
Inquérito PolicialAutos de CPIPeças de Informação
Ministério Público (10 dias)
Arquivamento art.28, CPP(art. 54, I)Requisitar diligências(art. 54, II)Oferecer denúncia (5 testemunhas)(art. 54, III)
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006): Procedimento
Denúncia Notificação do Réu Dez Dias
a)Defesa Prévia (art.55, §1º)
b)Nomeação de defensor (art. 55, § 3º)
Defesa Prévia
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006): Procedimento
Recurso em sentido estrito (art. 581, I, CPP)
a) Rejeição da denúncia (art. 43,CPP)
b) Recebimento (art.56)
• data para audiência (30 dias)• Citação• requisição dos laudos • afastamento cautelar das atividades
Audiência de
instrução, debates e
julgamento
Lei de Drogas (Lei 11.343/2006): Procedimento
1.Interrogatório (arts. 185/196, CPP e art. 57,§ único)
2. Inquirição de testemunhas (arts. 202/225, CPP e art. 57caput)
3. Debates (art. 57, caput)
4. Sentença – imediata / 10 dias (art. 58 caput e 59)
Obrigado