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Privilégios e isenções dos Principais indígenas nas Vilas pombalinas em Pernambuco e capitanias anexas * Fátima Martins Lopes Universidade Federal do Rio Grande do Norte Com as novas determinações do chamado Diretório dos Índios, entre 1758 e 1762, antigas Missões Jesuíticas do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco foram elevadas à condição de Vila, sob coordenação do Governador General Luís Diogo Lobo da Silva, de Pernambuco. Nelas, os Principais indígenas de diversas etnias foram considerados parceiros estratégicos para condução dos demais indígenas à condição de vassalos civilizados e cordatos. Como parte dessa estratégia, foram oferecidos privilégios econômicos, políticos e sociais, assim como isenções da prestação de trabalho para os chamados Principais, destacadamente àqueles que melhor serviam aos interesses da colonização e que foram indicados para liderarem as Ordenanças e participarem das novas Câmaras estabelecidas. Este trabalho pretende demonstrar as formas pelas quais estas determinações legais foram implantadas na região delimitada e as respostas indígenas a elas, seja na forma de conflitos internos aos grupos indígenas vilados, seja nos conflitos com a população colonial circundante. O objetivo é estudar as estratégias de dominação, através das promessas de recompensas, honrarias e mercês, e a concomitante desarticulação das lideranças tradicionais, que acabava por limitar o potencial de resistência indígena, facilitando o processo de transformação cultural desejado pela colonização. Palavras-chave: Vilas Pombalinas; Principais Indígenas; Século XVIII; América Portuguesa. * Esta comunicação insere-se no Painel Nobreza indígena na América portuguesa – séculos XVII e XVIII.

Privilégios e isenções dos Principais indígenas nas Vilas ... · Missões Jesuíticas do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco foram elevadas à condição

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Privilégios e isenções dos Principais indígenas nas Vilas

pombalinas em Pernambuco e capitanias anexas*

Fátima Martins Lopes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Com as novas determinações do chamado Diretório dos Índios, entre 1758 e 1762, antigas

Missões Jesuíticas do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco foram

elevadas à condição de Vila, sob coordenação do Governador General Luís Diogo Lobo da

Silva, de Pernambuco. Nelas, os Principais indígenas de diversas etnias foram considerados

parceiros estratégicos para condução dos demais indígenas à condição de vassalos civilizados e

cordatos. Como parte dessa estratégia, foram oferecidos privilégios econômicos, políticos e

sociais, assim como isenções da prestação de trabalho para os chamados Principais,

destacadamente àqueles que melhor serviam aos interesses da colonização e que foram

indicados para liderarem as Ordenanças e participarem das novas Câmaras estabelecidas. Este

trabalho pretende demonstrar as formas pelas quais estas determinações legais foram

implantadas na região delimitada e as respostas indígenas a elas, seja na forma de conflitos

internos aos grupos indígenas vilados, seja nos conflitos com a população colonial circundante.

O objetivo é estudar as estratégias de dominação, através das promessas de recompensas,

honrarias e mercês, e a concomitante desarticulação das lideranças tradicionais, que acabava por

limitar o potencial de resistência indígena, facilitando o processo de transformação cultural

desejado pela colonização.

Palavras-chave: Vilas Pombalinas; Principais Indígenas; Século XVIII; América

Portuguesa.

                                                            * Esta comunicação insere-se no Painel Nobreza indígena na América portuguesa – séculos XVII e XVIII.