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PRÓ-REITORIA DE ENSINO 2014

COLETÂNEA

FORMAÇÃO SOCIOCULTURA E ÉTICA

Ensino Presencial (1º SEMESTRE)

Ensino a Distância (MÓDULO 52)

Organizadoras

Cristina Herold Constantino

Débora Azevedo Malentachi

Colaboradoras

Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano

Aline Ferrari

Direção Geral

Pró-Reitor Valdecir Antônio Simão

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SUMÁRIO

Considerações Iniciais...................................................................................................... 04

Da leitura para a escrita....................................................................................................... 05

Textos Selecionados.......................................................................................................... 13

Ética e economia na era da globalização............................................................................. 13

Manifesto ‘Ética Global para a economia’............................................................................ 17

Economia sem Ética............................................................................................................. 18

2014 terá desemprego e mais desigualdade....................................................................... 20

“A taxa Selic é o veneno da economia”................................................................................ 22

“O Brasil está se saindo muito bem”.................................................................................... 26

Mentiras propagadas pelo pensamento econômico dominante........................................... 28

Economia no país cresce em menor ritmo........................................................................... 31

PIB fecha 2013 com alta de 2,3%........................................................................................ 34

Brasil terá crescimento em 2014 semelhante ao de 2013................................................... 37

A economia brasileira pode ficar mais 5 anos sem rumo..................................................... 38

Para o Brasil crescer, é preciso focar na produtividade!...................................................... 40

Países da América Latina criarão mercado comum para impulsionar economias.............. 41

A importância do capital intelectual dos negócios no século XXI........................................ 42

Copa trará avanço ‘zero’ ao PIB do Brasil........................................................................... 43

Economia doméstica: está sobrando mês no fim do salário?.............................................. 44

Percentual de famílias com dívidas aumenta....................................................................... 45

Executivos dos EUA ganham 331 vezes mais do que um empregado médio..................... 47

Com boicotes na Europa e EUA, Israel busca aproximação com América Latina............... 50

IDH 2014.............................................................................................................................. 53

Estudo mostra economia e meio ambiente em rota de colisão............................................ 57

Livros.................................................................................................................................... 59

Filmes................................................................................................................................... 62

Música.................................................................................................................................. 66

Frases.................................................................................................................................. 67

Charges................................................................................................................................ 68

Considerações Finais........................................................................................................ 71

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Considerações Iniciais

Prezado(a) aluno(a), como você deve ter constatado no decorrer das Coletâneas e, também,

acompanhado nas videoaulas, todos os eixos da Formação Sociocultural e Ética reúnem

conteúdos essenciais para a compreensão do mundo como um todo, fundamentais para a

construção do conhecimento e, por isso, indispensáveis para a nossa formação humana. Ética e

Economia é apenas mais um desses eixos.

Quando falamos no assunto “Economia”, é quase inevitável não pensar em números e,

consequentemente, em gráficos e tabelas. Você tem por hábito a leitura desses gêneros textuais?

Já parou para analisar por que, normalmente, gráficos e tabelas despertam a resistência de

muitos leitores? Sabemos que tanto um quanto o outro não são produzidos apenas quando o

assunto diz respeito ao universo da economia, mas é muito usado neste setor. Os números

sintetizam muitas informações. Poucos números dizem muito a respeito de tantas coisas. Talvez

seja este o fato que explica tal resistência. É preciso olhar para os números, relacioná-los com os

fatos, analisá-los dentro do contexto, para compreender o que dizem, qual a denúncia ou crítica

que sugerem, quais as possíveis previsões a partir deles...

Entretanto, a economia não se resume em números e, por isso, ainda que importantes, e ainda

que façam parte deste material, a leitura de gráficos e tabelas não constitui a prioridade desta

Coletânea. Propomos a leitura além dos números, daquilo que não se pode mensurar

concretamente, a começar pela relação entre ética e economia. A ética do desinteresse e do

interesse comum... Como estão os valores de justiça e da solidariedade nas estradas de uma

sociedade onde parece sobressair mais a ambição em enriquecer cofres particulares que a

preocupação em garantir o básico na despensa do próximo? E a economia doméstica, como vai?

Quantos reclamam que falta dinheiro no fim do mês e, mesmo assim, assumem mais dívidas?

Como sobrevivem as relações familiares em circunstâncias assim? E a Copa que se aproxima? O

que ela nos deixará como legado? Quais os efeitos desse megaevento e dos gastos investidos

nele sobre a sociedade brasileira? Enquanto o país respira a Copa, como está o oxigênio da

educação, um dos itens altamente relevantes para a medição do IDH - Índice de Desenvolvimento

Humano? Também olhamos para a economia internacional e procuramos entender o isolamento

de Israel com relação aos países que constituíam seu círculo tradicional de negócios, de parceiros

econômicos. Por quais razões Israel procura estreitar laços com a América Latina?

Este material responde parte dessas perguntas. Algumas delas, apenas você, prezado leitor,

poderá respondê-las. É a sua opinião, o seu argumento e a sua palavra que complementam o

conteúdo que apresentamos aqui. E o mais importante que encontrar respostas nos textos, é

permitir que esses textos provoquem em você novos questionamentos. A origem do conhecimento

está na pergunta e, conforme consta em um dos textos selecionados, “a mais poderosa moeda

desse século se chama conhecimento”. Nesse sentido, esperamos que no decorrer desta leitura

você possa se sentir uma pessoa mais rica!

Uma ótima leitura e um excelente aprendizado!

Organizadoras

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Da leitura para a escrita

Além de todas as considerações e reflexões feitas acerca da leitura, nas coletâneas anteriores,

podemos pensá-la, também, como matéria-prima e constituição de modelos para a

escrita. Ou seja, a leitura e a produção de textos estão

intrinsecamente relacionadas. Para ser um bom

escritor, é preciso, primeiro, ser um bom

leitor! Todavia, ser um bom leitor não é requisito único

e suficiente para se produzir textos de qualidade, pois

esse processo requer outras habilidades específicas e,

também, depende das concepções que temos a respeito da escrita.

Da mesma forma que, nas Coletâneas anteriores, estendemos a você o convite para se

autoavaliar enquanto leitor, a partir deste momento é igualmente importante que você também se

autoavalie enquanto produtor de textos.

Quais as suas principais dificuldades na produção escrita?

Que tipos de textos você produz? Com que frequência?

Como você se considera enquanto produtor de textos?

Escrita: concepções e reflexões

Para que o prato fique atraente aos olhos e saboroso ao

paladar, não podemos prepará-lo de qualquer maneira.

Precisamos seguir a receita. Porém, não existe receita para

tudo o que almejamos fazer com perfeição. Sem contar que,

normalmente, quando desejamos a perfeição somos

tentados a buscar o caminho mais fácil... E quando não há

caminho fácil, vencem a desistência ou a evasão... Para se

tornar um produtor de textos habilidoso, por exemplo, não

existem receitas mágicas, e nem caminhos fáceis. Existem

esclarecimentos teóricos fundamentais e, principalmente, a

necessidade da prática – com determinação! Este é o principal

caminho...

Nesta seção da Coletânea, abordaremos as concepções de

escrita. A concepção que você tem a respeito da escrita

influencia a sua postura frente às atividades de produção textual.

Em seguida, daremos ênfase especial a alguns textos literários

que sugerem reflexões importantes a respeito do ato de escrever

enquanto processo. Neste percurso, esperamos que você se

identifique com os autores, de modo a compreender os percalços

da escrita e, assim, conhecer-se um pouco mais enquanto

produtor de textos.

Tudo aponta para a necessidade de

aprendermos a escrever a partir

daquilo que nós lemos. É este o

truque a ser explicado. (Frank Smith)

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Talvez, algum dia, você já tenha dito ou escutado este

desabafo: “Não adianta, a escrita não é para mim, não

gosto de escrever, é complicado demais...”. Diante de

uma folha de papel em branco, as palavras parecem

escapar. Dizem alguns que “pensar dói” e essa

sensação de dor no intelecto parece sobrevir, em

especial, nos momentos de produção textual. Parece

que temos que aprender a lidar e a conviver com esse

tipo de desafio. E que bom que a escrita nos desafia,

não é mesmo? Há algo melhor que os desafios da vida

para nos fazer crescer?

Existem três concepções de escrita, e temos certeza que você vai gostar de conhecê-las. Para explicá-las, usamos como referenciais teóricos Geraldi (Portos de passagem. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997) e Fiad & Mayrink-Sabinson (A escrita como trabalho. In: MARTINS M. H. (Org.). Questões de linguagem. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1994, p. 54-63). Muitos acreditam que a escrita é privilégio para poucos. Trata-se da escrita como dom ou

inspiração. O que essa concepção significa? Que a escrita é

privilégio apenas para um grupo seleto de pessoas e que, sem

dom ou inspiração, é impossível que ocorra uma boa produção.

Apenas quem tem o dom da escrita pode se tornar escritor

profissional. Apenas o aluno que tem esse dom consegue

produzir textos de qualidade. A partir dessa concepção, a

possibilidade de reescrita é descartada, já que, uma vez fruto

de um dom e da inspiração, o texto deve conservar as ideias

em sua gênese, como vieram para o papel. Os que acreditam

nessa concepção e apresentam dificuldades em redigir bons

textos tendem a se acomodar, achando que o mais certo a

fazer é se conformar com tais dificuldades, como se fossem insuperáveis.

“Não tenho o dom da escrita...” Você já pensou dessa forma? Se essa ideia já passou pela sua

cabeça, olhe para os grandes escritores e pesquise seus depoimentos. Quantos deles escreveram

e publicaram livros sem nenhum esforço? Quantos deles se declaram divinamente agraciados

pelo dom da escrita? Será que é dom, ou será que é prazer, gosto, paixão e determinação pela

escrita que faz com que esses autores sejam bons?

Outra concepção é a de escrita como consequência. Esta também requer a inspiração e ocorre

apenas para cumprir determinadas tarefas, geralmente acadêmicas, obrigatórias ou impostas: um

relato produzido após uma palestra ou filme; um texto de opinião após a discussão de uma

temática; um resumo, para registrar as principais ideias de um livro etc. Todos os que passam

pela vida escolar produzem textos mediante circunstâncias que lhes obrigam a isso. Nesse

sentido, a escrita não cumpre a sua função social, apenas sua função avaliativa. Por extensão,

escrever apenas sob tais circunstâncias estreita o contato e a relação dos sujeitos com a

produção de textos e, consequentemente, não contribui para o pleno desenvolvimento de suas

habilidades de escrita.

Finalmente, a concepção de escrita como trabalho. Parafraseando Thomas Edison, que nos fala

sobre talento, e Albert Einstein, que nos fala sobre genialidade, lembramos: “A escrita é 10%

inspiração, e 90% transpiração!” Encontramos tantos alunos frustrados em razão de suas

Qualquer um de nós, senhor de um

assunto, é, em princípio, capaz de

escrever sobre ele. Não há um jeito

especial para a redação, ao contrário do

que muita gente pensa. Há apenas uma

falta de preparação inicial, que o esforço e

a prática vencem. (Mattoso Câmara Jr.)

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dificuldades na escrita, e tantos que recorrem ao plágio justamente porque não se consideram

capazes de, eles mesmos, produzirem textos de

qualidade.

Prezado(a) aluno(a), conceber a escrita como trabalho é

fundamental para que você desenvolva as habilidades

necessárias para a produção de bons textos. A partir dessa concepção, você compreenderá que

todos os textos devem passar pelo processo de reescritas. E isso requer muita dedicação,

determinação e empenho. Nesse sentido, Graciliano Ramos cria uma metáfora perfeita para

ilustrar a escrita segundo essa concepção. Veja:

Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer. (http://www.paralerepensar.com.br/graciliano.htm)

Para pensar... A partir do texto acima, qual a metáfora que simboliza a pessoa que se dedica ao ofício da escrita? Cada procedimento executado pelas lavadeiras de Alagoas sugere cada uma das etapas pelas quais a construção da escrita deve passar. Quais são essas etapas? O que mais você acrescentaria ao texto de Graciliano para ilustrar o processo da escrita como trabalho? Escritores são lavadeiras. É esta a metáfora criada por Graciliano Ramos para ilustrar o esforço e a insistência que o ofício da escrita exige. Podemos equiparar o ofício da escrita, também, com o trabalho da aranha. Assim como a aranha tece pacientemente sua teia, escritores profissionais e produtores de textos esporádicos tecem pacientemente suas palavras dentro das frases, as frases dentro dos parágrafos. Com muito esforço, as lavadeiras deixam as roupas branquinhas. Com muita sutileza, a aranha prepara sua armadilha. A construção da escrita requer esforço e sutilezas... Há ainda outro texto perfeito para ampliar a ideia de escrita enquanto trabalho. Leia o poema de João Cabral de Melo Neto e procure analisar a relação que o poeta faz entre o ato de escrever e o de “catar feijão”.

Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

O que é escrito sem esforço é lido sem

prazer. (Samuel Johnson)

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Ora, nesse catar feijão, entra um risco: o de entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quanto ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a com o risco.

(Obra Completa, Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1999)

Na concepção de escrita como trabalho, as reescritas são fundamentais e, nesse processo de

“catar” e lapidar palavras, selecionando dentre tantas as que melhor expressam nossas ideias, é

preciso que o autor (locutor) se coloque no lugar do leitor (interlocutor) para quem o texto está

sendo escrito. Mais ainda, é essencial que o autor se coloque como o outro de si mesmo em

cada uma das etapas que constituem a produção textual.

Como assim?!

Sempre que produzir algum tipo de texto, seja qual for o

gênero, não tire seus olhos do foco – o outro, isto é, o leitor

ou interlocutor para quem você escreve – e, ao mesmo tempo, olhe para sua escrita como se você

fosse outra pessoa – o outro de si mesmo: autor crítico, muito atencioso, determinado a analisar

cada um dos detalhes que compõem seu próprio texto e disposto a reescrevê-lo quantas vezes se

fizer necessário.

Ao se colocar como o outro de si mesmo na escrita, você será capaz, por exemplo, de preencher

lacunas, isto é, partes do texto em que as ideias ainda não estão suficientemente claras,

lapidadas, trabalhadas. Caso suas ideias não sejam objetos de sua reflexão mais apurada, elas

podem ser facilmente contestadas pelo leitor. Ao detectar lacunas, você estará antecipando

possíveis problemas de compreensão ou contestação por parte dos possíveis leitores. Sua tarefa,

então, será reescrever seu texto quantas vezes necessárias para evitar problemas. Para isso, terá

que analisar e pontuar quais aspectos ou ações de reescrita seu texto requer para se tornar

compreensível, atraente, desejável, convincente. Ações como, por exemplo, eliminar, acrescentar,

complementar, alterar, sintetizar, aprofundar ou esgotar um pouco mais o assunto tratado em seu

texto, etc.

Como o outro de si mesmo, você será capaz de

observar o que está faltando ou sobrando em seu texto.

Terá olho clínico para perceber redundâncias ou

ambiguidades, de modo a tomar as decisões

necessárias para eliminar ocorrências dessa natureza.

Terá condições para reescrever suas ideias e seus

argumentos, expressando-os de modo mais criativo,

mais convincente e menos previsível. Como revisor de

O outro é a medida: é para o outro que se

produz o texto [...] O outro insere-se já na

produção, como condição necessária para

que o texto exista. É porque se sabe do outro

que um texto acabado não é fechado em si

mesmo. (Bakthin)

O melhor amigo do escritor é a lata de

lixo. (Isaac Singer)

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seu próprio texto, você também poderá perceber a necessidade de deslocar parágrafos,

acrescentar ou excluir conteúdo, mudar o título, tornando-o mais convidativo, enriquecer a

introdução, tornando-a mais atraente aos olhos do leitor, alterar a conclusão, atribuindo-lhe mais

qualidade.

Por fim, quando você não enxergar mais nada em seu texto que requer mudanças, apresente-o a

um revisor profissional da língua portuguesa. Ele poderá detectar o que seus olhos deixaram

passar (e em razão de alguns vícios da linguagem, isso de fato ocorre). Porém, se isso não for

possível, tenha certeza de que o outro de si mesmo já fez um bom trabalho.

Como síntese e comprovação do que discutimos até aqui a respeito da escrita enquanto trabalho,

propomos a leitura de mais dois textos. Abaixo, observe, prezado(a) aluno(a), as etapas da

produção textual e relacione-as ao ofício das lavadeiras, apresentado anteriormente no texto de

Graciliano Ramos, e também, ao ato de “Catar feijão”, conforme o poema de João Cabral de Melo

Neto.

Escrever é reescrever

Por Nilson Souza

Qualquer pessoa pode redigir desde que tente para valer. O difícil é reler até nada mais ter para

cortar ou acrescentar. A mensagem deve permanecer clara.

Primeiro, é preciso saber que o universo reservou um lugar certo para cada palavra e só ali ela faz sentido. Como disse Voltaire, uma palavra posta fora do lugar estraga o pensamento mais bonito. Mas ninguém nasce com esta clarividência. Um texto se constrói, às vezes lentamente, muitas vezes penosamente, raras vezes facilmente. Depende do esforço do construtor. E de sua persistência para refazer a obra quando ela desabar, seja por insuficiência de alicerce cultural, seja por causa de desvios temáticos ou de implosões gramaticais. Qualquer pessoa consegue escrever, desde que tente para valer. Talento natural existe e ajuda, mas não é tudo. Uma boa maneira de começar é selecionar o que se tem a dizer e para quem. A partir daí, da forma mais simples e direta possível, narra-se o fato. Com as palavras que vierem à cabeça. Até que se esgotem. Depois, sim, começa a tarefa mais trabalhosa: reler uma, duas, tantas vezes quantas forem necessárias. E ir retirando, sem autocomiseração, tudo o que parecer duvidoso, exagerado, sem graça nem sentido. Se não sobrar nada, começa-se de novo. Se sobrar muito, talvez seja melhor fazer outra leitura. Quanto não houver mais nada para acrescentar ou tirar, e a mensagem principal permanecer clara, o texto está pronto.

Parece simples, mas dói um bocado. Só que não tem outro jeito.

Para pensar... Com relação à sua visão ou concepção acerca da escrita, algo mudou em você a partir do estudo proposto neste material? Você tem vivenciado a escrita como trabalho?

De modo natural e sem rebuscamentos ou enfeites linguísticos desnecessários, o autor do texto a

seguir sugere outras reflexões pontuais acerca da escrita enquanto trabalho, apontando aspectos

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relacionados a esse exercício, ao mesmo tempo, desafiador e gratificante. E como todo texto é

uma obra inacabada, sujeito a reescritas e complementos, pedimos que, ao concluir esta leitura,

você complemente as palavras do outro com as suas próprias...

Antes de tudo, digo que escrevo porque gosto, não escrevo para nenhum leitor em particular, escrevo para mim, ou seja, escrevo aquilo que eu gostaria de ler, tendo sido escrito por alguém. O que escrevo, nunca será uma obra acabada, de tempos em tempos, vou aprimorando aquilo que escrevi reescrevendo o texto ou mudando aqui e ali. Nosso vernáculo, por sinal, é muito difícil, e é óbvio que escrevo muitas palavras erradas, até sem perceber, mas tão logo percebo, são imediatamente substituídas pelas palavras corretas. Entendo que é errando que se aprende a não errar. Além do mais, escrever, para mim, é igual a plantar alguma semente, que no seu devido tempo, trará seus frutos mais doces e suculentos. Então, do mesmo jeito que ocorre numa plantação, há a necessidade de preparar bem a terra; carpindo, jogando calcário e adubo, espalhando as sementes, regando o tempo todo, observando o crescimento, arrancando o broto que não serve para dar fruto e, quando os frutos aparecem, de cada planta são retirados para que fique limpa e dê muito mais frutos ainda. Quando escrevo, não premedito nada, posto que estou sempre lendo e estudando dentro do possível, todas as ciências, bem como, outras leituras corriqueiras com o firme propósito de ir ao encontro de alguma descontração, ademais, sou um observador por natureza das questões que envolvem principalmente as relações humanas no contexto tricotômico; corpo, alma e espírito. Por isso, o que escrevo normalmente é fruto dos meus estudos, das minhas descontrações, das minhas experiências de vida, das minhas aspirações, das minhas inspirações. Mas é óbvio que mesmo eu não escrevendo para algum leitor ou leitora em particular, fico feliz ao descobrir que alguém tenha gostado e ou vibrado com aquilo que escrevi. Fico feliz porque pude levar algo compreensivo a alguém, ou seja, houve uma linha de comunicação que de certa maneira atingiu seu alvo com sucesso. No entanto, você poderá perguntar-me – E como você lida com as críticas em relação ao que escreve? Respondo – Eu acredito que ninguém consegue agradar a todos, e uma vez que temos a necessidade de escrever, precisamos também estar abertos a tudo o que vier pela frente, principalmente em relação às críticas, que sendo elas as piores, ainda assim, posso entender que, pelo menos, pude impactar alguém com o que escrevo, e por mais que tais críticas sejam dirigidas a mim de forma negativa, as recebo positivamente, visto que as analiso aproveitando o que for relevante, observando a fonte, sendo a fonte das críticas condizente com a realidade daquilo que escrevo, e portadora de conhecimento necessário para a devida refutação, sem problemas. Hoje em dia, as massas vão sempre para o mesmo rumo e todos nós podemos notar se alguém escreve algo diferente, por ser diferente. Somente pessoas diferentes da maioria é que conseguem entender e absorver o que foi escrito, tirando boas lições e ao mesmo tempo aprendendo com o fim de buscarem o desenvolvimento pessoal. Na atualidade, se você não concordar com o rumo para onde caminha a humanidade, pronto, você não passa de um patinho feio insignificante. Para mim, é bom porque gosto de estar perto das pessoas insignificantes, elas têm mais vida e não ficam temerosas com isso ou com aquilo que poderão dizer delas, afinal, elas não têm nada a perder; nem pompas, nem status, nem tapinhas nas costas. Escrever é um meio de motivação, de exercitar os neurônios, de voar mais alto, de rir das situações, de exclamar, de contradizer os dirigentes loucos desta vida, de criar poesia, de nos levar aos sentimentos mais íntimos, de nos fazer sentir o exalar do perfume de uma flor, de externar o contentamento descontente, de proclamar a fé, a esperança e o amor, de ir ao encontro do conhecimento do infinito, sabendo que lá, nunca se chegará. Escrever é o meio pelo qual aplaudimos os grandes feitos da humanidade e pelas mesmas vias repudiamos as ações ditatoriais dos déspotas que assolam a vida e a liberdade de todos os povos e nações. Finalmente, escrever, para mim, é o mesmo que derramar um aromático perfume no ar, e também, nos corações daqueles e daquelas que conseguem apreciar o encanto, e toda a beleza existente na ponta dos dedos, pressionados contra as teclas do teclado de um computador, utilizados pela mente e pelo coração de um destro escritor ou de uma destra escritora.

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Sem dúvida, os desafios e as dificuldades de construção da escrita são reais e fazem parte do

processo. Assim como são igualmente reais as sementes que plantamos e os frutos que colhemos

a partir dela. Outro detalhe a ser lembrado é a sensação de solidão muitas vezes comum nesse

processo. Principalmente, quando o texto a ser produzido demanda bastante tempo, às vezes

anos, para ser concluído. Livros, dissertações de mestrado e teses de doutorado, por exemplo.

Todavia, qualquer pedra pelo caminho pode ser usada para o crescimento de quem quer que

seja... Basta que este alguém seja, de fato, movido pela

determinação...

Por fim, além das habilidades de escrita que essa prática

nos proporciona, quanto mais escrevemos, mais

conhecimentos adquirimos, produzimos e partilhamos. E,

talvez o mais importante, quanto mais textos

produzimos, mais forçamos e exercitamos o nosso intelecto a organizar

nossas ideias, de modo que passamos a compreender melhor a nós mesmos, nossos valores,

nossas opiniões, nossos conceitos, tudo aquilo que compõe nossa capacidade de autoria e as

singularidades de nossas idiossincrasias...

E você? O que pensa sobre a escrita?

Registre suas reflexões, produza um novo texto a partir das ideias inspiradoras acima. Redija em

uma folha qualquer, ou no computador, em um lugar de sua preferência, o que a escrita significa

para você? O que você sente quando escreve? Expresse o sentido que o ato de escrever tem

exercido sobre você.

Se quiser, envie seu texto para nós. Teremos o maior prazer de ler seu material, conhecer um

pouco sobre você a partir dele e, quem sabe, seu texto seja selecionado para

postagem na Sala Virtual de Aprendizagem da Formação Sociocultural e

Ética?

DICAS DE LEITURA

Há muitos outros aspectos importantes e intrínsecos ao processo de produção textual e, por isso, incentivamos que você pesquise mais a respeito. Para começar, indicamos o livro É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro, das autoras Yara Liberato e Lúcia Fulgêncio, Editora Contexto. É uma obra de fácil compreensão, com explicações didáticas e dicas úteis para se produzir textos com clareza. (http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=2060186)

A partir do momento que começamos a

passar para o papel o que pensamos, é

que principiamos a organizar nossas

ideias.

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Também indicamos Ler, pensar e escrever, de Gabriel Perissé, Editora Saraiva. A obra reúne os três pilares responsáveis pela formação e expressão crítica do conhecimento. Vale a pena conferir! (http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3663364/ler-pensar-e-escrever-5-edicao)

Já conferimos alguns dos conteúdos publicados no blog de Gabriel Perissé e aprovamos! Vale a pena conferir!

http://ler-pensar-e-escrever.blogspot.com.br/p/apresentacao-do-livro.html

A seguir, fiquem com os textos selecionados, especialmente, para esta Coletânea!

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Textos Selecionados

Em se tratando de Ética e Economia, cabe falarmos sobre sabedoria. Será que se

perderá com o tempo? Foi substituída por algum outro atributo na era da globalização?

Este primeiro texto é uma proposta de retomada a “antigos” conceitos que nos levam à

reflexão acerca de uma possível relação entre ética e economia, quem sabe! Será

possível, ainda, o espaço à reflexão, à valoração da alma, à contemplação da vida... da

essência da vida? Enfim, Ética e Economia podem caminhar juntas? Leia e reflita você

também!

Ética e economia na era da globalização Edir Martins Moreira

Ainda hoje vale a definição de ciência de Aristóteles, formulada na sua obra Organon, como conhecimento certo pelas causas. Para saber algo em profundidade é preciso relacionar conceitos, saber as causas, o porquê das coisas. Este é um dos grandes dilemas do nosso

século, impulsionado pelo rápido e fácil acesso a fontes de informação. Podemos obter instantaneamente milhões de informações, mas corremos o perigo de tornarmo-nos incapazes de processá-las de um modo orgânico, integrado, coerente, através da relação causa-efeito que caracteriza o conhecimento científico. Entretanto, não é esse o desafio mais grave que enfrentamos. “Onde está a

sabedoria que perdemos no conhecimento?”

A ciência ofuscou a procura da verdadeira sabedoria, da sabedoria cultivada na Grécia antiga pelos filósofos que buscavam saber coisas essenciais, as primeiras causas, os primeiros princípios, a origem de todas as coisas e, mais importante ainda, o sentido da vida e da existência. A essa tarefa Sócrates dedicou a sua vida. É Platão quem colocou na boca de Sócrates as seguintes palavras: “Outra coisa não faço senão andar por aí persuadindo-vos, moços e velhos, a não cuidar tão aferradamente do corpo e das riquezas, como de melhorar o

mais possível a alma, dizendo-vos que dos haveres não vem a virtude para os homens, mas da virtude vêm os haveres e todos os outros bens particulares e públicos”[1].

Assistimos perplexos a um distanciamento cada vez maior entre educação e formação. Crianças e adolescentes recebem oceanos de informações prontas, desconexas, e muitas vezes fúteis, que são incapazes de processar e integrar em um projeto de crescimento em conhecimento e

sabedoria. A informação não é formação. O simples acúmulo de informações, onde o raciocínio não tem lugar e a reflexão ética não encontra espaço, está longe de contribuir para forjar a personalidade e nortear a vida.

As considerações precedentes são apenas um exemplo para ilustrar a questão da globalização, mas um exemplo significativo do paradoxo da evolução das comunicações em relação aos ideais da cultura humana. Por isso, para uma reflexão mais clara, propomos as definições dos conceitos-chave do tema em destaque:

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Ética

A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso

ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra, está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz. Provavelmente, o estudo da ética tenha se iniciado com filósofos gregos há 25 séculos. Hoje em dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da filosofia e inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao seu estudo. Sociólogos, psicólogos, biólogos, teólogos entre outros profissionais.

Ao iniciar um trabalho que envolve a ética como objeto de estudo, consideramos importante, como ponto de partida, estudar o conceito de ética, estabelecendo seu campo de aplicação numa

pequena abordagem. A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Ideias sobre o bem e o

mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade.

A ética seria então uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. A ética é “em

geral, a ciência da conduta”[2]. Em outras palavras, podemos ampliar a definição afirmando

que a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano.

Economia

Trata-se de uma ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. O termo economia vem do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei) ou também gerir, administrar: daí “regras da casa” ou “administração da casa”[3].

Uma das definições que captura muito da ciência econômica moderna é a de Lionel Robbins em

um ensaio de 1932: “a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos”[4].

Estando ausentes a escassez dos recursos e a possibilidade de fazer usos alternativos desses recursos, não haverá problema econômico. A disciplina assim definida envolve, portanto, o estudo das escolhas uma vez que são afetadas por incentivos e recursos.

Um dos usos da economia é explicar como as economias ou como os sistemas econômicos funcionam e quais são as relações entre agentes econômicos na sociedade em geral. Métodos de análise econômica têm sido cada vez mais aplicados em campos de estudo que envolvem pessoas que tomam decisões em um contexto social, como crime, educação, família, saúde, direito, política, religião, instituições sociais, guerra, etc.

Globalização

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Globalização é um termo utilizado para tudo e, por essa razão, pode chegar a não significar nada. É necessário, portanto, começar procurando definir bem o significado do termo. Globalização é um processo, e um processo que ocorre no tempo. A origem etimológica lembra globo. Seria um processo de integração global do planeta Terra. Caso descobrissem outros seres no sistema solar, os habitantes poderiam pensar em um processo de “solarização”, ou integração solar, por exemplo. Independentemente da questão de existir ou não vida em outros planetas, o exemplo é útil para compreender o significado da globalização e o papel essencial dos meios de comunicação nesse processo. Sem comunicação não há o que partilhar, o que “globalizar”.

A comunicação exige um instrumento para transmitir a linguagem, seja por meio de sinais de fumaça, luminosos, autofalantes, rádio, televisão, celular ou internet. Duas barreiras, portanto, limitam a comunicação: uma linguagem comum, que permita a compreensão; e um instrumento que permita e facilite a comunicação. A diferença de línguas é um obstáculo para a comunicação e, indiretamente, para a globalização. A outra barreira é tecnológica.

O homem primitivo não era globalizado porque não se integrava, e não se integrava porque não se comunicava. Por isso uma língua universal permite a integração. É o papel que o inglês está desempenhando no mundo hodierno. Estamos sendo invadidos pelo inglês (pet shop, freezer, notebook etc). É um fato inquestionável, independentemente do que cada um pense a respeito, do que o Congresso Nacional legisle. Como o “pégaso” da mitologia grega, a língua inglesa tem sido o “cavalo” da globalização e a internet as suas “asas”. A tecnologia avança a passos largos e as barreiras das distâncias diminuem a uma insuspeitada velocidade. A revolução nas comunicações promove a globalização e representa um avanço para a integração mundial.

Por conseguinte, a globalização é um processo que se inicia com a comunicação. O advento da globalização traz inúmeras vantagens, porém apresenta sofismas e desafios. A análise desse processo exige reflexão. A comunicação é a ponta do iceberg. A comunicação favorece o relacionamento econômico, o diálogo político e tem um papel importante também cultural e em termos de valores. Para ir ao âmago da globalização é preciso analisar não só a comunicação, mas também a economia, a política e os valores. Está lançado o desafio[5].

Fortalecimento da ética no mundo globalizado?

Num mundo que passa por profundas mudanças de paradigmas e em uma sociedade que necessita com urgência inserir no seu dia-a-dia novas práticas relativas a essas mudanças, especialmente no âmbito do planejamento da produção e das formas de consumo, o uso descontrolado da natureza gerou uma grave crise que vem colocando em risco a própria humanidade. A posição do homem na natureza tornou-se dual ao longo da história da civilização. Ao mesmo tempo em que é parte integrante do meio ambiente, e dele dependente, também o homem passou a nele interferir de modo a conquistar cada vez mais condições para aumentar sua qualidade de vida, passando assim a transformar a natureza, degradá-la e fabricar a ilusão de que é independente da mesma.

Assim, toda crise traz em si, de forma dialética, a sua própria solução. Na medida em que se entende melhor as causas e consequências do mau uso dos recursos, do desrespeito à vida, se compreende que o homem é, ao mesmo tempo, o causador e um dos mais prejudicados pelo desequilíbrio por ele gerado, também, de certa forma, vão sendo descobertas as soluções para os impasses. Todo o planeta é sujeito a uma crise, o que afeta a vida de cada pessoa, de uma maneira ou de outra, já que todos os fenômenos e seres estão interligados em um imenso sistema de suporte que garante a vida do homem. A compreensão dessa premissa é a base de todas as mudanças que começam a acontecer. As ciências começam a se reestruturar para lidar com os novos cenários forjados[6].

Nesse novo cenário, surgem novos campos do saber, e até novas profissões. E as profissões já estruturadas percebem a necessidade de adequar seu arcabouço analítico às novas condições, aplicando novos conhecimentos aos já estabelecidos.

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Num esforço de síntese, a globalização é definida por Giannetti como a conjunção de três forças muito poderosas: a terceira revolução tecnológica (tecnologias ligadas à busca, processamento, difusão e transmissão de informações; inteligência artificial; engenharia genética), a formação de áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados, e a crescente interligação e interdependência dos mercados físicos e financeiros em escala planetária. Percebe-se por que o fenômeno da globalização representou e representa uma efetiva mudança de paradigma[7].

A tentativa de criar áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados, tais como a União Europeia, o Nafta ou o Mercosul, constitui-se em iniciativas, pela primeira vez em mais de quinhentos anos, que supõem que interesses supranacionais se sobrepõem aos interesses particulares.

Graças a essas três forças poderosas que configuram a globalização, percebe-se uma mudança na percepção de dois fatores básicos que fazem parte da nossa vida, o tempo e o espaço. A primeira sensação que se tem é a de que houve uma aceleração do tempo e uma integração do

espaço. Em outras palavras, tempo e espaço deixaram de ser obstáculos no mundo globalizado. É o que Marshall McLuhan chamou de aldeia global.

Na verdade, essa primeira sensação esconde um enorme paradoxo, já que principalmente

quem vive em grandes metrópoles sabe que estamos ainda muito longe de viver numa sociedade em que o tempo e o espaço deixaram de ser obstáculos. A rigor, o que se percebe nessas localidades é exatamente o oposto, pois é

crescente (e não decrescente) a quantidade de pessoas que se queixa cada vez mais que tem menos tempo de fazer tudo aquilo que gostaria ou deveria fazer.

O sobe e desce da importância dos fatores (dos valores)

Com essa verdadeira mudança de paradigma, alguns fatores ganham importância no mundo globalizado, ao mesmo tempo em que outros, simultânea e quase simetricamente, têm sua

importância reduzida. Nesse sentido, ganham importância no mundo globalizado: a

estabilidade e a previsibilidade macroeconômicas; o investimento em capital humano, entendido não apenas no seu componente cognitivo, necessário para interagir com as novas tecnologias,

mas também no que diz respeito à ética e à confiabilidade interpessoal. Por outro lado, perdem importância no mundo globalizado: a noção de Estado nacional soberano; a mão-de-obra

barata e os recursos naturais abundantes como fatores de competitividade e atração de investimento direto estrangeiro; e a autossuficiência econômica como objetivo nacional[8].

A revolução nas comunicações promove a globalização e representa um avanço para a integração mundial. Apresenta, entretanto, como contrapartida, desafios e riscos. A mídia passa a ser detentora da opinião, pois manipula os telespectadores e forja, de acordo com os seus interesses,

a opinião popular. Quando o acesso à informação se torna um fim e não um meio, a pessoa se empobrece em aquisição tanto de conhecimento e ciência, que só é

possível adquirir pelo estudo, quanto na procura e conquista da sabedoria, que é um saber em profundidade, essencial, alcançado pela reflexão e muito distante do simples acúmulo de dados (informações). Vai-se percebendo sempre mais uma inversão dos valores essenciais, o homem torna-se mero objeto de produção e de consumo.

[1] PLATÃO. Defesa de Sócrates, p. 15.

[2] ABBAGNANO, Nicola. Diccionario de filosofia, 1992, p. 360.

[3] HARPER, Douglas. Economy Online Etymology Dictionary – Economy. Disponível in: http://www.etymonline.com/index.php?term. Página visitada em 11/02/10.

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[4] ROBBINS, Lionel. An Essay on the Nature and Significance of Economic Science. London: Macmillan and Co., Limited, [s.d.].

[5] RODRÍGUEZ RAMOS, José Maria. Globalização e comunicação. Disponível in: http://www.cieep.org.br/index.php?page=artigossemana&codigo=292. Publicado em 15 de março de 2006. Acessado em 03/02/10.

[6] CHACON, Suely Salgueiro. Crise e oportunidade: para compreender o papel do economista diante dos novos paradigmas. http://www.cofecon.org.br. Acessado em 05/06/10.

[7] GIANNETTI, Eduardo. Globalização, transição econômica e infra-estrutura no Brasil. Texto preparado para o Seminário “Competitividade na infra-estrutura para o Século XXI”, promovido pelo Instituto de Engenharia, São Paulo, realizado em 24/09/96.

[8] MACHADO, Luiz. Ética e globalização. Disponível in: http://www.cofecon.org.br. Publicado em 19 de junho de 2006. Acessado em 03/02/10.

Disponível em: http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/10/08/etica-e-economia-na-era-da-globalizacao/ Acesso em: 29 abr 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.

De olhos bem abertos para o presente e em direção ao futuro da humanidade, cumpre

apresentarmos outra possibilidade de reflexão sobre a Ética e a Economia, agora

relacionada ao Manifesto ‘Ética global para a economia’, o qual propõe dois princípios

basilares que apontam para mais humanização e respeito em todos os níveis e sentidos.

Em que medida este texto é um manifesto para a minha e a sua vida? Não há como não

ser!

Manifesto ‘Ética global para a economia’ Anselmo Borges

[...] Foi precisamente por iniciativa da Fundação Welthos e em ligação com a “Declaração para uma Ética Mundial”, do Parlamento das Religiões Mundiais, em Chicago, em 1993, que, no quadro de uma economia ecológico-social de mercado, surgiu o Manifesto “Global Economic Ethic”, assinado por figuras relevantes da Política, das Igrejas, das Universidades, da Banca, e tornado público em 2009, em Nova Iorque e em Basileia.

Há dois princípios que servem de base: o princípio de humanidade – “todo o ser humano, independentemente da idade, sexo, raça, cor da pele, capacidades físicas ou espirituais, língua,

religião, concepção política, origem nacional ou social, tem dignidade inviolável e inalienável”, de tal modo que “também na economia, na política, nas instituições de investigação e industriais, deve ser sempre sujeito de direitos e fim, sempre fim, nunca simples meio, nunca objeto de comercialização ou

industrialização” – e o princípio da reciprocidade: “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”; esta regra de ouro “promove a responsabilidade mútua, a solidariedade, a justiça, a tolerância e o respeito por todas as pessoas envolvidas. Essas atitudes ou virtudes são os pilares fundamentais

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de um ethos global econômico, uma visão fundamental comum do que é legítimo, justo e equitativo”. Os dois princípios expandem-se em valores fundamentais: 1. não violência e respeito pela vida; 2. justiça e solidariedade; 3. honestidade e tolerância; 4. respeito mútuo e companheirismo. Estes valores têm consequências para a economia e os negócios, segundo os 13 artigos do Manifesto, que pode ler-se na recente obra de Küng, Anstäntig wirtschaften. Warum Ökonomie Moral braucht (Economia com decência. Por que é que a economia precisa de moral) e de que se apresenta uma breve síntese. 1. Para respeitar os valores da não violência e do respeito pela vida, devem ser abolidos o trabalho escravo, o trabalho forçado, o trabalho infantil, os castigos corporais e outras violações de normas do direito laboral internacionalmente reconhecidas. Deve-se acabar com as condições laborais e os produtos que danificam a saúde. A relação sustentável com o ambiente é um valor-norma fundamental da atividade económica. 2. Respeitando os valores da justiça e da solidariedade, devem ser abolidas todas as práticas corruptas e desonestas. Finalidade maior de todo o sistema social e econômico, que pretende igualdade de oportunidades, justiça distributiva e solidariedade, é pôr termo à fome e ignorância, à pobreza e desigualdade de oportunidades em todo o mundo. A subsidiariedade e a solidariedade, o empenho privado e público são as duas faces da medalha e concretizam–se, antes de mais, em investimentos privados e públicos no sector econômico, mas também em iniciativas para a criação de instituições que sirvam a formação de todos os segmentos da população e a edificação de um sistema de segurança social, para que todos possam desenvolver-se humanamente e ter uma vida digna. 3. A verdade, a sinceridade e a honestidade são valores essenciais para as relações econômicas e a promoção do bem-estar humano geral e pressupostos para criar confiança nas relações humanas e na concorrência econômica. A cooperação mutuamente vantajosa pressupõe a aceitação de valores e normas comuns e a capacidade de aprender uns com os outros, acolhendo os outros na sua alteridade. São inadmissíveis aquelas ações que não respeitam ou violam os direitos humanos. 4. A estima mútua e o companheirismo entre todos os envolvidos, particularmente entre homens e mulheres, são pressupostos e resultados da cooperação econômica. Baseiam-se no respeito, justiça e sinceridade com todos os parceiros: empresários, trabalhadores, consumidores ou outros interessados. Disponível em: http://filosofiaemalbergaria.blogspot.com.br/2013/02/manifesto-etica-global-para-economia.html Acesso em: 22 abr 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.

No entorno da vida social e econômica, como acabamos de ver nos textos anteriores,

seria possível uma economia sem ética? Possível?! Tudo é possível! As perguntas que

parecem caber neste momento são: quais as consequências da falta de ética? Em que

medida a responsabilidade, transparência e confiança são imprescindíveis em todas as

esferas dos relacionamentos humanos? Reflita!

Economia sem ética Adela Cortina

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A catastrófica crise econômica que vivemos, tão dolorosa para milhões de pessoas com nome e sobrenome, estourou quando o discurso da Responsabilidade Social Empresarial (SER) está frutífero em memórias anuais, índices de empresas responsáveis, pós-graduações e publicações. A pergunta é inevitável: era cosmética ou ética? Maquiagem para ter boa aparência ou vitaminas que fortalecem por dentro?

Há de tudo, é claro, e existem causas de gêneros muitos diferentes. Mas a crise é também uma prova de que boa parte das organizações do mundo econômico e político não assumiram esse discurso, quando, na realidade, ele pertence à própria entranha desses mundos: não vem de fora, mas é seu.

Uma empresa inteligente – diz o discurso – não opta por uma ética do desinteresse, coisa impossível para uma empresa moderna, mas sim do interesse comum. Não

abandona o mundo dos incentivos, da busca do benefício e a viabilidade, mas tenta conseguir seu benefício por meio do benefício compartilhado. Por isso, tenta se converter nessa “empresa cidadã”, que as pessoas veem como coisa sua, porque gera riqueza material, trabalho e valores intangíveis no seu entorno. Aposta pela transparência que vai gerando confiança e forjando a reputação, valores sem os quais é difícil manter a viabilidade. Por isso, a empresa prudente tenta conhecer as aspirações de seus grupos de interesse e responder a elas. Responsabilidade, transparência e confiança são, então, imprescindíveis para alcançar o bem da empresa a médio e longo prazos. Sempre que exista um marco institucional capaz de assegurar razoavelmente que as regras do jogo sejam cumpridas.

Em muitos casos, não funcionou o marco institucional, encarregado de controlar as atuações financeiras, de colocar de sobreaviso os investidores e os consumidores. Os marcos falharam, e por isso o controle é necessário. Mas apesar da convicção leninista de que “a confiança é boa, mas o controle é melhor”, os dois são imprescindíveis. Sem controle, os bancos jogam no risco excessivo, no subprime em um dia e em não emprestar no dia seguinte, os governos avalizam requalificações, os consumidores se endividam além do razoável e chega um tempo em que o trem da atividade econômica dá uma freada brusca. Que parece que, pelo menos em parte, é o que aconteceu conosco. Mas, sem confiança, as transações decaem, o investimento diminui, os empréstimos escasseiam, as empresas fecham, o desemprego aumenta, e o sofrimento cresce.

O discurso da RSE, como José Angel Moreno disse, está, na realidade, desvinculado dos sistemas de governo corporativo? Ele não se incorporou ao núcleo duro de uma grande parte das empresas, quando na realidade lhes é consubstancial?

Talvez o que ocorre é que existam dois tipos de incentivos, os bons e os maus, os que pertencem ao jogo limpo da empresa e os espúrios. Os últimos podem ser úteis em alguma ocasião, mas não podem ser os principais, como o filósofo MacIntyre mostrava com o exemplo de uma criança, cujos pais querem que ela aprenda a jogar xadrez e, como ela não gosta, prometem-lhe doces a cada vez que jogar. O incentivo das balas pode servir para que ela conheça o jogo e se interesse por ele, mas, se com o tempo, ela seguir sem gostar por si mesma, trapaceará quando puder.

Se o diretor de um banco, ao assessorar os clientes, está pensando que o seu salário ou a sua ascensão dependem de que eles invistam em determinados fundos, tentará persuadir-lhes de que é um risco admissível com o qual ganharão consideravelmente. As demais opções são “conservadoras”, adjetivo que já tem um sentido pejorativo. Claro que, diferentemente do xadrez, o diretor também conta com a ambição do cliente. Mas nem aquele que adverte dos riscos

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previsíveis, nem o que concede subprimes são bons profissionais, porque não é esse o sentido de sua profissão e por isso geram desconfiança.

Se globalizarmos a partida de xadrez, ocorrerá que, além das turbulências das quais os economistas falam, houve organizações e pessoas concretas que não creram no valor de sua profissão, que arriscaram aquilo que era seu e aquilo que não era, convencidos de que iriam se dar bem. O pior de tudo é que nesse jogo, algumas vezes, os protagonistas pagam, mas em todas as ocasiões quem pagam são os piores situados. Os que ficaram sem trabalho, os que não puderam pagar a hipoteca, os que tiveram que fechar a sua pequena empresa, os imigrantes que voltaram para os seus países, e acabaram as remessas, principal fonte de ingressos para esses países.

No documento da última cúpula do G-20, os líderes mundiais fazem uma afirmação assombrosa: “Reconhecemos a dimensão humana da crise”. Mas existiu alguma vez uma atividade econômica sem dimensão humana? Não é verdade que a economia deve ajudar a se construir uma boa sociedade e, quando não consegue, fracassa rotundamente, tendo em conta que essa boa sociedade hoje deve ser mundial?

(Ecodebate, 08/05/2009) publicado pelo IHU On-line, 06/05/2009 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2009/05/08/economia-sem-etica-artigo-de-adela-cortina/

Acesso em: 22 abr 2014. Grifos das organizadoras.

Estamos adentrando o mês de maio e, por esse motivo, importa entendermos quais as

perspectivas econômicas para o ano de 2014. Um dos meios para que reflitamos e

compreendamos acerca desta questão é nos atentarmos à proposta do Fórum Econômico

Mundial, organização esta que reúne líderes da economia mundial e que tem por objetivo

analisar e discutir algumas das tendências econômicas que devem marcar este ano.

2014 terá desemprego e mais desigualdade

Fórum Econômico Mundial prevê mais desigualdade e desemprego em 2014

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Veja a seguir as quatro principais tendências para a economia em 2014, compiladas pelo Fórum

Econômico Mundial, organização que reúne líderes da economia mundial Laurent Gillieron/Efe

Altos níveis de desemprego e aumento da desigualdade social são algumas das tendências econômicas que devem marcar o ano de 2014, segundo pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial, organização que reúne líderes da economia mundial.

A pesquisa do Fórum ouviu mais de 1.500 experts nas áreas de negócios, governo, universidades e sociedade civil organizada. O resultado foi resumido em grandes tópicos, comentados por especialistas que compõem a entidade.

Além dos quatro tópicos citados abaixo, outros cinco que não têm ligação direta com a economia também foram levantados pelo Fórum: o aumento das tensões no Oriente Médio e norte da África; intensificação das ameaças virtuais; falta de preocupação com as mudanças climáticas; esvaziamento de lideranças; crescente importância das megacidades; e desinformação online.

1 – Aumento da desigualdade

De acordo com a pesquisa do Fórum Econômico Mundial, a desigualdade de renda é sentida tanto em países emergentes quanto em nações ricas.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a crescente disparidade entre as classes sociais é o maior desafio a ser enfrentado no próximo ano, segundo o relatório. Entre as causas do problema, o Fórum cita a dificuldade de acesso à educação primária e secundária de boa qualidade.

Além disso, nos EUA, os custos da educação superior estão subindo, fazendo com que muitas famílias de classe média não consigam mais pagar pela faculdade dos filhos. De acordo com a presidente do Care USA, Helene Gayle, uma das formas de atacar a desigualdade é se concentrar em disparidades de gênero, de forma a igualar os salários de homens e mulheres, e na capacitação das pessoas, de forma integrada e com impacto de longo prazo.

2 – Continuidade do desemprego estrutural

O relatório registra que, na Europa, o desemprego é a principal questão na qual os governos deveriam prestar atenção para que a crise econômica seja superada.

"Uma geração que inicia sua carreira em completa desesperança está mais vulnerável a políticas populistas. Além disso, vão faltar a ela habilidades essenciais, que são desenvolvidas no início da vida no trabalho. Isso pode minar o futuro da integração europeia, uma vez que os países com as mais altas taxas de desemprego entre os jovens estão na periferia do continente", afirma o relatório.

O relatório conclui que a saída pode estar no incentivo ao empreendedorismo e à inovação. Segundo o Fórum, é responsabilidade das empresas treinar e acolher jovens inexperientes, eventualmente contratando-os ou capacitando-os para o trabalho em outros locais.

3 – Menor confiança na política econômica

A desconfiança com as medidas políticas para retomar o crescimento econômico só tem aumentado nos países mais atingidos pela crise econômica. Se no Brasil 41% das pessoas acreditam que a situação econômica do país é ruim, essa porcentagem chega a 99% na Grécia, e 83% no Reino Unido.

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No Japão, 71% das pessoas avaliam que a economia vai mal, e, nos Estados Unidos, 65%. O pessimismo está ligado à desconfiança com relação às decisões políticas que determinam o rumo da economia nesses países. "Há uma dissociação entre os governos e os governados, entre os bancos e as pessoas que fazem os depósitos", afirma o relatório.

Para John Lipsky, que preside o conselho de sistemas monetários internacionais no Fórum, a melhor resposta para a crise na economia global foi a criação do G20, mas a oportunidade de conciliação foi desperdiçada.

"Esforços de cooperação ainda são a melhor forma de lidar com problemas inter-relacionados, e, se mantivermos esta ideia em mente, para reconstruir os primeiros sucessos do G-20, podemos fazer a diferença", diz Lipsky.

4 – Expansão da classe média na Ásia

As sociedades asiáticas estão se expandindo graças à implantação de importantes reformas, como a adoção da economia de mercado, desenvolvimento de pesquisa científica e tecnologia, cultura do pragmatismo e meritocracia, além de investimento em educação, segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial.

O rápido crescimento populacional e econômico da Ásia já começa a ocasionar uma enorme pressão nas fontes de matéria-prima globais.

O documento afirma que os habitantes desses países precisam ser mais conscientes do que foram os americanos, por exemplo, e usar com mais responsabilidade os recursos naturais para que não se esgotem, segundo o especialista em assuntos relacionados à China do Fórum, Kishore Mahbubani.

Para ele, a expansão global da classe média deve ser incentivada, apesar dos riscos. Se as questões ambientais puderem ser enfrentadas, o desenvolvimento econômico é positivo, uma vez que as sociedades asiáticas estão vivenciando níveis de paz e prosperidade que não são vistos há séculos na região.

Disponível em: http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/12/12/2014-tera-desemprego-e-mais-desigualdade-preve-forum-economico-mundial.htm Acesso em: 29 abr 2014.

O texto que segue trata-se de uma entrevista que tem por objetivo esclarecer alguns

aspectos relacionados à taxa “Selic”. Vilã ou não, importa antes de tudo entender um

pouco melhor do que se trata e como isto pode afetar o Brasil. Vale a pena compreender

alguns aspectos relacionados à economia à luz de um dos mestres em Finanças Públicas

que tem ocupado importantes funções relacionadas à economia no país.

“A taxa Selic é o veneno da economia”

Para Amir Khair, uma taxa Selic aceitável estaria próxima dos índices de inflação. Em termos de cenário econômico brasileiro, isso representaria algo na casa de 5% a 6%. No entanto, a Selic atual é de 11%. Isso “é ministrar um veneno em dose maior. Eu considero a taxa Selic como um veneno da economia”, afirma o mestre em finanças públicas. “Com isso, você atrai dólares do exterior, que vêm para cá, captam dinheiro a custo praticamente zero e aplicam em taxa Selic [...]. Um lucro fantástico! Saem do país 10 bilhões de dólares em rendimento destas aplicações especulativas por ano”, continua ele. “Ao atrair dólares para cá, você faz com que o real fique forte, porque tem muita oferta de dólar. E, ao fazer isso, você acaba fazendo com que o câmbio no Brasil fique completamente fora de lugar. Isso faz com que se tenha um rombo importante nas contas externas, que no ano passado chegou a 82 bilhões de dólares”, completa.

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Nesta entrevista, concedida por telefone à IHU On-Line, Khair demonstra que esta situação provoca, entre outras consequências, a fragilidade das empresas nacionais que pretendem buscar espaço no comércio exterior. Pois, sem preços competitivos, o setor industrial não teria condições de concorrer com os produtos do exterior, ainda que seja beneficiado com desonerações de tributos ou com os empréstimos concedidos pelas agências estatais de fomento.

“Quando você tem no país taxas de juros elevadas, você pune toda a sociedade, à exceção de quem? Dos grandes grupos privados que, tendo saldos disponíveis nas suas operações, aplicam nos títulos do governo e obtêm um lucro forte com isso; e dos bancos, que obtêm recursos a custo praticamente zero e aplicam em títulos do governo também, sem risco nenhum, ganhando lucros fantásticos”, adverte. Ele lembra que não ocorre o mesmo

com os consumidores e com as micro, pequenas e médias empresas, pois estes não têm acesso ao BNDES e, por isso, são obrigados a contratar empréstimos com os altos juros cobrados pelos

bancos — no caso da população, estes juros chegaram a 93% ao ano em janeiro de 2014 para compras com prazo de pagamento de um ano.

Amir Khair é mestre em Finanças Públicas pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, de São Paulo. Foi secretário municipal de Finanças na gestão da prefeita Luiza Erundina na capital paulista (1989-1992). É consultor nas áreas fiscal, orçamentária e tributária.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – A dívida pública é em si um problema (um indicativo de má gestão) ou constitui uma necessidade para a viabilização de investimentos?

Amir Khair – A dívida pública ajuda, claro, o investimento, porque ela é feita quando as receitas provenientes dos tributos não são suficientes para bancar todas as despesas necessárias ao setor público e mais alguns investimentos, quando um dirigente ou um governante quer ampliar a ação do governo para além desses recursos tributários. Mas o governo tem limites para contratar dívida, ele opera dentro dos limites estabelecidos pelo Senado Federal. O governo pode ampliar a sua ação, mas sempre respeitando os limites estabelecidos por resolução do Senado.

IHU On-Line – Então é possível governar sem contrair dívidas no atual modelo político-econômico…

Amir Khair – É possível. A maior parte das prefeituras do país, até prefeituras grandes, não contrai dívidas, não tem dívidas. Pelo contrário, tem até crédito, do ponto de vista do balanço financeiro — elas têm mais aplicações financeiras do que passivos de dívidas. Essa é a tendência na situação das prefeituras do país, coisa pouco divulgada. Com relação aos estados, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm dívidas pesadas em relação às suas próprias receitas públicas. Os outros estados, com exceção talvez de Alagoas, têm um limite muito abaixo do estabelecido pelo Senado, de que as dívidas contratadas não podem exceder valores correspondentes a dois anos de arrecadação. Então esta questão da dívida praticamente não fere nenhum desses estados, salvo aqueles quatro mencionados. O que nos mostra que, no setor público, é possível avançar sem a contratação de dívidas fortes.

A exceção se encontra no governo federal. Embora a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleça um limite para a dívida, até hoje isso nunca foi votado no Congresso Nacional por pressão do próprio Poder Executivo, desde a época de Fernando Henrique Cardoso, passando por Luiz Inácio Lula da Silva e agora pela presidente Dilma Rousseff. É um dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal que não foi regulamentado. Com isso, o governo federal foi ampliando a sua dívida. E essa dívida é muito pesada, porque ela tem uma taxa de juros, arbitrada pelo próprio governo federal, que é extremamente elevada. Consequentemente, esta taxa de juros acaba

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catapultando a dívida, colocando-a em patamares cada vez maiores, e essa questão não é enfrentada pelo governo, nem na época do Lula, nem na época do Fernando Henrique — que, aliás, foi muito pior, porque as taxas eram muito mais elevadas —, nem pelo governo Dilma.

IHU On-Line – Como avalia a meta de obtenção de superávit primário para o pagamento dos juros da dívida?

Amir Khair – A questão do superávit primário é uma questão falsa, é uma questão enganosa para o debate fiscal do país. Falsa porque ela esconde a realidade fiscal, que é muito concentrada na verdadeira causa do déficit fiscal do país, que são as taxas de juros. O Brasil é um país que sempre comprometeu mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) com juros. No mundo inteiro isso gira, no máximo, em 2% — a média de comprometimento com juros é inferior, ficando em 1% do PIB. Ou seja, o Brasil joga fora 5% do seu PIB por decisões do próprio governo de manter elevada a taxa Selic. Essa questão é importante e mostra que a discussão em cima do superávit primário é uma discussão enganosa pelo fato de não considerar o chamado resultado nominal, este sim é o termômetro das finanças públicas por ser o resultado de todas as receitas e todas as despesas. O resultado primário não leva em conta os juros. É como se não existissem juros como despesa. Você tem sempre um déficit nominal, pois os juros superam o resultado primário, que são as receitas menos as despesas, fora a questão dos juros. Tem sempre uma conta de juros da ordem de 5% do PIB — este ano podendo chegar a 6% do PIB. Isso gera um déficit fiscal muito grande.

IHU On-Line – Em 2013, a inflação oficial atingiu a marca de 5,91%. Para conter este avanço, o Copom promoveu o aumento da taxa Selic de 7,25%, em janeiro daquele ano, para 10,5%, em janeiro de 2014. Esta estratégia de aumentar a taxa Selic para conter a inflação ainda é uma opção viável?

Amir Khair – Eu considero que é ministrar um veneno em dose maior. Eu considero a Selic como um veneno da economia. Se fosse qualquer país do mundo, ela estaria da ordem da inflação. Ou seja, por volta de 5%, 6%. Aqui ela é bem acima. Com isso, você atrai dólares do exterior, que vêm para cá, captam dinheiro a custo praticamente zero e aplicam em taxa Selic. Aqui está rendendo 10,5%, e é capaz de ir para 11% agora [como de fato ocorreria em reunião do Copom realizada no início de abril]. Um lucro fantástico! Saem do país 10 bilhões de dólares em rendimento destas aplicações especulativas por ano. Uma média histórica que vem se repetindo.

Com isso, ao atrair dólares para cá, você faz com que o real fique forte, porque tem muita oferta de dólar. E, ao fazer isso, você acaba fazendo com que o câmbio no Brasil fique completamente fora de lugar. Isso faz com que se tenha um rombo importante nas contas externas, que no ano passado chegou a 82 bilhões de dólares. O Brasil está completamente fora no câmbio. Há uma impossibilidade de as empresas sediadas no país concorrerem com os produtos no exterior. Ou seja, você condena o setor industrial do país ao colapso. É cada vez mais uma situação complicada. E não se resolve isso com desonerações, com empréstimos a essas empresas, etc.

Está afastada a possibilidade, até agora, de se ter a taxa Selic no nível internacional, que é aquele que reconhece que é possível controlar a inflação em algumas situações, e que não é possível controlá-la em outras. Não é o caminho artificializar o câmbio, mantendo essa situação que é desastrosa e que abre o rombo das contas internas, que faz com que as reservas internacionais tenham um custo de carregamento extremamente elevado. Assim, você prejudica a indústria e não cresce. Essa solução de usar a Selic para combater a inflação tem funcionado para segurar o país, para criar um rombo nas contas internas e nas contas externas. É um remédio que mata o paciente.

IHU On-Line – Qual é o valor estimado atual para a dívida pública brasileira?

Amir Khair – A dívida é olhada pelo governo como dívida líquida, ou seja, a dívida bruta abatida das reservas internacionais, fundamentalmente. Ela está em torno de 34% do PIB, que é um nível

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razoável. Agora, a dívida bruta, que é a dívida que o país tem sem considerar estes abatimentos, gira em torno de 60% do PIB. Não é um nível elevado, está dentro do limite definido pelo Tratado de Maastricht, que estabeleceu as regulamentações fiscais na União Europeia, principalmente para a zona do euro. Você tem uma dívida bruta que não é elevada. O problema não é o nível da dívida, portanto. O problema é a taxa de juros que onera essa dívida. No mundo todo, essa taxa é muito baixa. No Japão ela é quase zero. Nos Estados Unidos também é baixíssima. Aqui não, ela é muito alta. Então o que mata não é o tamanho da dívida, mas a taxa de juros, que faz com que essa dívida tenda a crescer sempre. Apesar de todo o esforço do setor público em pagar, ele não consegue. Essa dívida está sempre aumentando, por causa da taxa de juros que está completamente fora de lugar há muitos e muitos anos.

IHU On-Line – É possível diferenciar a política econômica da gestão Dilma Rousseff daquela implementada pelos seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso?

Amir Khair – A grande inflexão política ocorreu na área social, fundamentalmente. Foi no governo Lula, quando, por meio de aumentos do salário mínimo bem superiores à inflação, do Bolsa Família e de outros programas de renda, houve uma transferência de recursos bastante forte para a base da pirâmide social. Com isso, a classe média aumentou na ordem de 40 milhões de pessoas. Isso gerou um consumo forte para o país e gerou crescimento econômico. Isso é o que distingue o governo Lula do governo Fernando Henrique e anteriores, que não fizeram programas expressivos e de significado em termos de bombar recursos para a base da pirâmide.

O governo Fernando Henrique apostou no grande capital internacional entrando no país e comprando as estatais, com isso gerando crescimento. Entretanto, o crescimento gerado foi uma vergonha, da ordem de 2% ao ano, um crescimento fraquíssimo. A inflação continuou elevada, o resultado fiscal do governo Fernando Henrique nos oito anos foi de 1,5% de superávit primário e um déficit fiscal superior a 6% do PIB. Foi um fracasso total. Nas contas externas, o país quase faliu duas vezes: em 1999 e em 2002. As reservas eram fraquíssimas. Aquele foi um governo fracassado nos âmbitos interno e externo. Não abriu novos mercados, sempre cortejando os Estados Unidos e a Europa — que se fechavam aos produtos agropecuários brasileiros. Não havia aí, como até hoje é difícil, qualquer tipo de negociação nessas duas frentes.

O governo Dilma, por sua vez, ampliou os programas de transferência de renda — não apenas o salário mínimo, mas também o Bolsa Família, que já teve o valor multiplicado por quatro vezes, e outros programas, como o Brasil sem Miséria, o Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, ela tentou ampliar a área social com sucesso, e nisso há reconhecimento público.

Com relação à política econômica, entretanto, as diferenças são pequenas. A única coisa que vale a pena sublinhar é que o fio condutor da política econômica, seja no governo Fernando Henrique, seja no governo Lula, seja no governo Dilma é apoiado no controle da inflação, através da Selic elevada. Só que, no governo Fernando Henrique, a média da Selic foi da ordem de 25% ao ano. Há alguns ex-presidentes do Banco Central, que hoje são comemorados como ótimos presidentes, que, para mim, foram verdadeiros coveiros do país, como Armínio Fraga, Gustavo Franco e Gustavo Loyola. Eles praticaram taxas Selic extremamente elevadas. E isso fez com que a dívida líquida do país subisse da casa de 30%, no início do governo Fernando Henrique, para 60%, quando entrou o Lula. Além disso, como procuraram manter o câmbio apreciado, geraram rombos expressivos nas contas externas. São pessoas, gestores, de responsabilidade, mas que deixaram um legado muito ruim para o país.

No governo Lula, com Henrique Meirelles na presidência do Banco Central, houve uma redução desse nível, mas a Selic ainda permaneceu muito elevada. Dilma inovaria se conseguisse manter a Selic baixa, como quando chegou ao patamar de 7,25% durante o seu governo ou até mais baixa. Mas a presidente cedeu à pressão do mercado financeiro e, agora, tem deixado a taxa voltar a subir novamente. Essa seria uma característica que poderia diferenciar a política econômica da presidente Dilma da implementada pelos governos anteriores. De nada adianta fazer desonerações se você deixar o setor privado industrial brasileiro exposto a uma

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concorrência empresarial hoje muito mais forte do que na época de Fernando Henrique ou Lula, concorrência esta que trabalha com câmbio favorável às exportações. Nós, no nosso caso, parece que proibimos as exportações para manter este câmbio.

IHU On-Line – Pode-se dizer que a dívida movimenta o capitalismo, já que ela financia os bancos?

Amir Khair – Sim. Quando você tem no país taxas de juros elevadas, você pune toda a sociedade, à exceção de quem? Dos grandes grupos privados que, tendo saldos disponíveis nas suas operações, aplicam nos títulos do governo e obtêm um lucro forte com isso; e dos bancos, que obtêm recursos a custo praticamente zero e aplicam em títulos do governo também, sem risco nenhum, ganhando lucros fantásticos.

Há uma transferência, portanto, de recursos através desse mecanismo de taxas de juros elevadas. Micro, pequenas e médias empresas são obrigadas a captar empréstimos com juros altos dos bancos, porque não têm acesso ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Também a população em geral, que, além de enfrentar dificuldades em termos de distribuição de renda, que ainda é muito desfavorável no Brasil, tem contra si a má distribuição tributária, sendo muito mais onerada com os tributos do que a elite, a parte superior da camada social. Quando a população compra alguma coisa financiada, e este tipo de compra é a mais usual entre as camadas de baixa renda, ela tem de pagar taxas de juros de 90% ao ano — ou 93%, como ocorreu em janeiro para compras com prazo de um ano.

Ou seja, a pessoa compra um bem e acaba pagando dois. Este é o principal freio da economia. E, ao ter que pagar por dois, este outro bem que ela paga em juros vai para o sistema financeiro. Há uma transferência de renda, uma bomba de sucção das pessoas, especialmente das camadas de menor renda média, que demandam crédito pagando taxas absurdas de juros, quando a média internacional nos países emergentes é de 10% ao ano. Aqui é de 93%!

IHU On-Line – Gostaria de adicionar algo?

Amir Khair – Apenas gostaria que o governo acordasse e botasse o motor em funcionamento da economia, que está praticamente andando de lado, crescendo 2% ao ano, mesmo nível de 1980 até 2002, e que é um nível muito insuficiente. Eu espero que a presidente acorde para a necessidade de mudanças na política econômica, que deixem de submeter o país a taxas de juros exorbitantes, seja da Selic, ou seja, simplesmente a demandada pelo setor financeiro para a sociedade.

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/a-taxa-selic-e-o-veneno-da-economia/ Acesso em: 22 abr 2014.

Interessante a leitura! Como ler permite que transitemos a lados extremos com um “piscar

de olhos”. Se de um lado estamos muito mal (conforme indica o texto anterior), por outro

há quem afirme que estamos muito bem! Claro que tudo depende da perspectiva com que

se observa e de quem traça essa perspectiva. O nosso papel aqui é mostrarmos todos os

lados, ou pelo menos algumas possibilidades de análise da economia nacional. Agora, é

com você enquanto leitor valer-se de suas habilidades leitoras de reflexão e análise para

aproveitar ao máximo cada uma das leituras.

“O Brasil está se saindo muito bem” Márcia Pinheiro*

O economista norte-americano e Prêmio Nobel Paul Krugman disse nesta terça-feira 18 que o Brasil não enfrenta tantos problemas hoje em dia.“É importante olhar para trás de vez em quando

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e entender que momento de desastre nós passamos”, disse Krugman ao abrir o evento “Fórum Brasil – Diálogos para o Futuro”, de CartaCapital, em São Paulo. “Enfrentamos o segundo maior

desastre da história. O primeiro foi a Grande Depressão. A crise recente afetou seriamente o Produto Interno Bruto (PIB) das economias desenvolvidas. O crescimento agora persiste lento, após o auge da crise de 2008/2009.”

No evento, Krugman lembrou que a Comissão Europeia considera um crescimento de 1% na região, em vez de 0,5%, o que pode ser visto como a “medida do sucesso agora”. “A catástrofe foi evitada, mas o crescimento dos países avançados é ainda vagaroso”, disse antes de lembrar que a recuperação econômica de hoje é mais lenta quando se compara com a referente à crise de 1929.

Ao analisar a crise posterior em distintas regiões do mundo, o economista contou ter se surpreendido com a profundidade do comprometimento político dos países de moeda única, como a Grécia. No entanto, afirmou, o problema fundamental da política é a resposta comum dos países avançados com a política monetária – não totalmente eficaz, dadas as condições das economias. “A questão é: o que fazer para reanimar a atividade com taxa de juros zero ou negativa? As políticas fiscais poderiam ser usadas para complementar a monetária, mas isso era impossível tanto na Europa, por causa da Alemanha, como nos Estados Unidos, em função da oposição dos republicanos”, lembrou. “Uma política monetária não convencional não foi tão efetiva como se esperava. Há um processo de nos habituarmos com esta situação econômica fraca e reduzirmos nossas expectativas. Estamos em risco de deflação? Talvez.”

Sobre o problema da dívida dos países, Krugman fez o diagnóstico: “A Europa já está na situação japonesa”, afirmou ao se referir ao baixo crescimento com baixa inflação. “Há um jargão para isso: a estagnação secular. Nos EUA, tivemos duas bolhas recentemente: da tecnologia e das hipotecas. No auge dessas bolhas, havia pleno emprego e inflação sob controle.” Ele lembrou ainda que o nível de investimentos está caindo, pois agora o crescimento populacional é mais vagaroso. Além disso, ressaltou, a tecnologia emprega pouco. “Um quadro que também piora o nível de endividamento dos países avançados.”

FED. Durante sua palestra ainda o economista norte-americano apontou que a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, é “dovish” (pacifista, em tradução livre) na questão das taxas de juros. “A taxa real de juros dos títulos de dez anos está 1%, e perto de zero na Europa. Por isso, os retornos estão muito baixos”, observou. “Então, há dinheiro vagando à procura de remunerações mais atraentes. Isso acaba gerando bolhas, como está ocorrendo. O que tende a ser uma preocupação para os mercados emergentes, os chamados Brics (Brasil, Índia, China e África do Sul)”. Segundo Krugman, nestes países o retorno dos investimentos é bom. No Brasil, por exemplo, a taxa de câmbio efetiva sofreu na crise de 2008, mas os investidores voltaram e depois perceberam que as expectativas eram superiores à realidade. “Os mercados se apaixonaram por alguns países em desenvolvimento. Depois, se desapaixonaram, como ocorre sazonalmente. Agora, o momento é do México”, afirmou.

Segundo Krugman, economias emergentes, como a brasileira, têm se mostrado mais resilientes. Com o fim do problema de dívida externa, o Brasil tem menos exposição ao câmbio, tem mais estabilidade, com a inflação sob controle e a política fiscal mais responsável. As corporações brasileiras, por meio de entidades offshore, tomaram muito empréstimo externo no valor de 300 bilhões de dólares, que é menos de 15% do PIB, lembrou, o que também não preocupa. “O Brasil exporta primariamente commodities e vai sofrer com a desaceleração da China. Não estamos falando de catástrofe, mas algo que pode ser manejável.”

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O que preocupa é a China, disse Krugman, “mesmo porque as estatísticas não são totalmente confiáveis”. “Este país não vai crescer às mesmas taxas, os investimentos serão reduzidos”, alertou ao fazer um diagnóstico da China e, consequentemente, do Brasil. “A China precisa mudar a proporção entre investimento e consumo. Já o Brasil está se saindo muito bem”, concluiu.

* Editora da Envolverde, especial para CartaCapital.

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/o-brasil-esta-se-saindo-muito-bem/ Acesso em: 22 abr 2014.

Falando em reflexão e análise, convém atentarmo-nos às distorções da verdade, ao

engodo. O texto que segue – construído em primeira pessoa do singular – permite a mim

e a você aproximarmo-nos ainda mais do autor e do conteúdo ao qual se propõe. Trata-

se, portanto, de um texto de opinião por meio do qual o autor constrói argumentos, a partir

do seu viés, do seu ponto de vista. O desafio é compreender qual o ponto de vista do

autor, a intenção de seus argumentos, e buscar com esta leitura um exercício para a

prática da argumentação e, quem sabe, da contra-argumentação.

Mentiras propagadas pelo pensamento econômico dominante Vicenç Navarro*

Permita-me, senhor leitor, que eu converse com você como se estivéssemos tomando um café, explicando-lhe algumas das maiores mentiras apresentadas diariamente no noticiário econômico. Você deveria ter consciência de que grande parte dos argumentos mostrados pelos maiores meios de informação e persuasão econômicos do país para justificar as políticas públicas ora implementadas são posturas claramente ideológicas, que não se sustentam com base na evidência científica existente. Vou citar algumas das mais importantes, mostrando que

os dados contradizem aquilo que se diz. E também tentarei explicar por que continuam repetindo essas mentiras, apesar de a evidência científica questioná-los, e com que finalidade elas são apresentadas diariamente a você e ao público.

Comecemos por uma das mentiras mais importantes, que é a afirmação de que os cortes de gastos nos serviços públicos do Estado de bem-estar social – tais como saúde, educação, serviços domésticos, habitação social e outros (que estão prejudicando enormemente o bem-estar social e a qualidade de vida das classes populares) – são necessários para que o déficit público não aumente. E você se perguntará: “E por que é tão ruim que o déficit público cresça?”. E os reprodutores do senso comum lhe responderão que o motivo de se reduzir o déficit público é que o crescimento desse déficit determina o crescimento da dívida pública, que é o que o Estado tem que pagar (predominantemente aos bancos, que têm uma quantia em torno de mais da metade da dívida pública na Espanha) por ter pedido emprestado dinheiro dos bancos para cobrir o rombo criado pelo déficit público.

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Reforça-se, assim, que a dívida pública (considerada um peso para as gerações futuras, que terão de pagá-la) não pode continuar crescendo, devendo-se, para isso, reduzi-la diminuindo o déficit público. Isso quer dizer, para eles, cortar, cortar e cortar o Estado de bem-estar até o ponto de acabar com ele, que é o que está acontecendo na Espanha.

Os argumentos utilizados para justificar os cortes não são críveis.

O problema com esta postura é que os dados (que o senso comum oculta ou ignora) mostram exatamente o contrário. Os cortes são enormes (nunca foram tão grades durante a época democrática) e, ainda assim, a dívida pública continua crescendo e crescendo. Veja o que está acontecendo na Espanha, por exemplo, com a saúde pública, um dos serviços públicos mais importantes e mais demandados pela população. O gasto público com saúde enquanto parte do PIB se reduziu em torno de 3,5% no período 2009-2011 (quando deveria ter crescido 7,7% durante esse mesmo período para chegar ao gasto médio dos países de desenvolvimento econômico semelhante ao nosso), e o déficit público diminuiu, passando de 11,1% do PIB em 2009 para 10,6% em 2012. A dívida pública não baixou, mas continuou aumentando, passando de 36% do PIB em 2007 para 86% em 2012. Na verdade, a causa do aumento da dívida pública se deve, em parte, à diminuição dos gastos públicos.

Como isso pode acontecer? - você se perguntará. A resposta é fácil de enxergar. A diminuição do gasto público implica a redução da demanda pública e, com isso, a diminuição do crescimento e da atividade econômica, fazendo com o que o Estado receba menos recursos através de impostos e taxas. Ao receber menos impostos, o Estado de se endivida mais, e a dívida pública continua crescendo. Desnecessário afirmar que o maior ou menor impacto que estimula o gasto público depende do tipo de gasto. Mas os cortes são nos serviços públicos do Estado de bem-estar, que são os que criam mais emprego e que estão entre os que mais estimulam a economia. Permita-me repetir essa explicação devido à sua enorme importância.

Quando o Estado (tanto central como autônomo e local) aumenta o gasto público, aumenta a demanda de produtos e serviços, e com isso, o estímulo econômico. Quando reduz, diminui a demanda e o crescimento econômico, fazendo com que o Estado receba menos fundos. É aquilo que, na terminologia macroeconômica, se conhece como o efeito multiplicador do gasto público. O investimento e o gasto público facilitam a atividade da economia, o que é negado pelos economistas neoliberais (que se promovem, em sua grande maioria, pelos maiores meios de informação e persuasão do país), apesar da enorme evidência atestada pela literatura científica (veja meu livro Neoliberalismo y Estado del Bienestar, editora Ariel Económica, 1997. Em português, Neoliberalismo e Estado de bem-estar).

Outra farsa: gastamos mais do que temos

O mesmo senso comum está dizendo também que a crise se deve ao fato de termos gastado demais, acima de nossas possibilidades. Daí a necessidade de apertar os cintos (que quer dizer cortar, cortar e cortar o gasto público). Via de regra, essa postura é acompanhada da afirmação de que o Estado tem que se comportar como as famílias, ou seja, “em nenhum momento pode gastar mais do que recebe”. O presidente Rajoy e a Sra. Merkel repetiram essa frase milhares de vezes.

Essa frase tem um componente de hipocrisia e outro de mentira. Deixe-me explicar o porquê de cada um deles. Eu não sei como você, leitor, comprou seu carro. Mas eu, como a grande maioria dos espanhóis, comprou o carro a prazo, quer dizer, usando crédito. Todas as famílias se endividaram, e assim funciona o orçamento familiar. Pagamos nossas dívidas conforme entram os recursos que, para a maior parte dos espanhóis, vem do trabalho. E daí surge o problema atual. Não é que as pessoas gastaram além de suas possibilidades, mas foram suas rendas e suas condições de trabalho que pioraram mais e mais, sem que a população fosse responsável por isso. Na verdade, os responsáveis por isso acontecer são os mesmos que estão dizendo que é preciso cortar os serviços públicos do Estado de Bem-estar e também diminuir os salários. E

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agora têm a ousadia (para colocar de maneira amável) de dizer que você e eu somos os culpados porque gastamos mais e mais. Eu não sei você, mas eu garanto que a maioria das famílias não comprou e não acumulou produtos como loucos. Pelo contrário.

A mesma hipocrisia existe no argumento de que o Estado gastou muito. Veja você, leitor, que o Estado espanhol gastou muito – não muito mais –, mas muito menos do que outros países de nível de desenvolvimento econômico semelhante. Antes da crise, o gasto público representava somente 39% do PIB, enquanto a média da UE-15 era de 46% do PIB. Na época, o Estado deveria ter despendido, no mínimo, 66 bilhões de euros a mais no gasto público social para ter gastado o correspondente ao seu nível de riqueza. Não é certo que as famílias ou o Estado tenham gastado mais do que deveriam. Apesar disso, continuarão afirmando que a culpa é da maioria da população, que gastou muito e agora tem que apertar os cintos.

Você também provavelmente escutou que esses sacrifícios (os cortes) precisam ser feitos “para salvar o euro”.

Novamente, esta ladainha de que “estes cortes são necessários para salvar o euro” se reproduz. Contudo, ao contrário daquilo que se anuncia constantemente, o euro nunca esteve em perigo. Não há sequer uma mínima possibilidade de alguns países periféricos (os PIGS, Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) da zona do euro serem expulsos da moeda. Na verdade, um dos problemas entre os muitos que estes países têm é que o euro está excessivamente forte e saudável. Sua cotação esteve sempre acima do dólar e seu poder dificulta a economia dos países periféricos da zona do euro. E outro problema é que o capital financeiro alemão lhes emprestou, com grandes lucros, 700 bilhões de euros, e agora quer que os países periféricos os devolvam. Se algum deles deixar o euro, o sistema bancário alemão pode entrar em colapso. O setor bancário (cuja influência é enorme) não quer nem ouvir falar da saída dos países devedores da zona do euro. Eu lhes garanto que é a última coisa que eles querem.

Essa observação a favor da permanência no euro é certamente óbvia, e não um argumento. Na verdade, acredito que os países PIGS deveriam ameaçar sair do euro. Mas é absurdo o argumento que se utiliza, de que a Espanha deve, ainda mais, reduzir o tempo de visita ao médico para salvar o euro (que é o código para dizer, “salvar os bancos alemães e lhes devolver o dinheiro que emprestaram obtendo lucros enormes”). São essas as falácias constantemente expostas. Eu lhes garanto que são apresentadas sem que sejam comprovadas por nenhuma evidencia. Isso é claro.

A causa dos cortes

E você se perguntará: Por que então fazem esses cortes? A resposta é fácil de encontrar, ainda que raramente seja vista nos grandes meios de comunicação. É o que se costumava chamar de “luta de classes”, mas agora a mídia não utiliza essa expressão por considerá-la “antiquada”, “ideológica”, “demagógica”, ou qualquer outro adjetivo que usam para mostrar a rejeição e desejo de marginalização daqueles que veem a realidade de acordo com um critério diferente, e inclusive oposto, ao daqueles que definem o senso comum do país.

Mas, por mais que queiram ocultar, essa luta existe. É a luta de uma minoria (os proprietários e gestores do capital, quer dizer, da propriedade que gera rendas) contra a maioria da população (que obtém suas rendas a partir de seu trabalho). É aquilo que meu amigo Noam Chomsky chama de guerra de classes – conforme expõe em sua introdução ao livro Hay alternativas. Propuestas para crear empleo y bienestar social en España, de Juan Torres, Alberto Garzón e eu (Em português, Há alternativas. Propostas para criar emprego e bem-estar social na Espanha).

Desnecessário dizer que essa luta de classes variou de acordou com o período em que se vive. Esta que está acontecendo agora é diferente daquela da época de nossos pais e avós. Na verdade, agora está inclusive mais ampla, pois não é somente das minorias que controlam e administram o capital contra a classe trabalhadora (que continua existindo), mas inclui também

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grandes setores das classes médias, formando as chamadas classes populares, conjuntamente com a classe trabalhadora. Essa minoria é fortemente poderosa e controla a maioria dos meios de comunicação, e tem também grande influência sobre a classe política. E esse grupo minoritário deseja que os salários diminuam, que a classe trabalhadora fique aterrorizada (daí a função do desemprego) e que perca os direitos trabalhistas e sociais. E está reduzindo os serviços públicos como parte dessa estratégia para enfraquecer tais direitos. A privatização dos serviços públicos, consequência dos cortes, também é um fator importante por permitir a entrada do grande capital (e muito particularmente do capital financeiro e bancários, e das seguradoras) nesses setores, aumentando seus lucros. Você deve ter lido como, na Espanha, as companhias privadas de seguro de saúde estão se expandindo como nunca haviam conseguido antes.

E muitas das empresas financeiras de alto risco (quer dizer, altamente especulativas) estão atualmente controlando grandes instituições de saúde do país graças às políticas privatizantes e aos cortes feitos pelos governos, que justificam essa medida com toda a farsa (e acredite que não há outra forma de dizer) de que precisam fazer isso para reduzir o déficit público e a dívida pública.

* Vicenç Navarro é catedrático de Políticas Públicas da Universidade Pompeu Fabra e Professor de Políticas Públicas na Johns Hopkins University. Site pessoal www.vnavarro.org

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/mentiras-propagadas-pelo-pensamento-economico-dominante/ Acesso em: 22 abr 2014.

O próximo texto merece, antes de qualquer coisa, uma leitura não verbal. Veja! Mesmo

não sendo economistas de carteirinha, conseguimos vislumbrar momentos marcantes da

economia brasileira a partir da imagem dos seus representantes supremos dos últimos

anos. A proposta, com este texto, é que façamos uso da nossa habilidade de leitura não

linear e consigamos perfazer uma comparação a partir de gráficos acerca do ritmo de

crescimento do país da era Vargas até os nossos dias. Não deixa de ser uma viagem!

Bem-vindo a bordo!

Economia no país cresce em menor ritmo Sílvio Guedes Crespo

Collor, Sarney, Lula, Dilma e FHC

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A economia brasileira medida pelo PIB (produto interno bruto) cresceu 2,3% em 2013, depois de uma expansão de 1% em 2012 e de 2,7% em 2011, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos três primeiros anos da presidente Dilma Rousseff, portanto, o crescimento médio foi de 2%. O número é metade do verificado na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (4%), e ligeiramente inferior ao registrado no período de Fernando Henrique Cardoso (2,3%).

Também está bem abaixo do desempenho do período Itamar Franco (5%), mas muito acima da variação de -1,3% ao ano, verificada nos três anos do ex-presidente Fernando Collor de Mello. O gráfico a seguir mostra qual foi o ritmo de crescimento médio anual do PIB durante o mandato de cada presidente.

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Apenas por curiosidade, calculei a média desde Getúlio Vargas, que chegou ao poder em 1930. Mas naquela época as condições eram tão diferentes que não dá nem para comparar. Além de uma conjuntura nacional e internacional completamente diversa, o ritmo de crescimento da população era muito maior. Portanto, os dados que vão dos anos 1930 a, mais ou menos, 1980 estão aí só a título de curiosidade, mesmo.

Só para não perder a viagem, acrescento que, de 1930 até hoje, a economia brasileira registrou um crescimento acumulado de 5.134%.

Mundo

Em comparação com outros países, o período em que o PIB do Brasil teve o melhor desempenho desde 1990 foi o de Itamar, com um crescimento de 5%, acima da média do mundo, da América Latina e dos países emergentes e pobres.

No gráfico acima, os dados de 2013 são estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), pois muitos países ainda não divulgaram o PIB do ano passado. A economia brasileira cresceu menos do que a do mundo nos governos Collor e FHC, assim como nos três primeiros anos de Dilma. O país só superou ritmo do restante do planeta durante as gestões de Itamar e Lula.

No grupo dos emergentes e pobres há 154 nações que o FMI classifica dessa forma. Na América Latina, foram considerados 32 países, incluindo a região do Caribe. No mundo, incluí os 189 países sobre os quais o FMI tem dados.

Comparações

Com este texto, o blog Achados Econômicos encerra uma série de comparações do desempenho da economia brasileira no período de cada um dos últimos presidentes da República.

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Considerando as séries históricas disponíveis, o período Dilma foi o melhor em termos de emprego e renda.

Quanto à balança comercial (diferença entre exportações e importações), à inflação e ao equilíbrio das contas públicas, a média anual desses indicadores nos anos Dilma foi menos favorável do que na era Lula e mais do que no período FHC.

Em relação à indústria, o ritmo de crescimento no governo Dilma é o menor desde Collor, como ocorreu com o PIB.

Como venho afirmando desde a primeira postagem desta série, a comparação do desempenho de indicadores econômicos não deve ser a única nem a principal maneira de avaliar um presidente, pois a economia é influenciada por diversos fatores que não estão ao alcance do chefe do Poder Executivo. Mesmo assim, esse tipo de comparação é importante porque mostra quais foram os principais desafios macroeconômicos do país durante o mandato de cada um e ajuda a entender por que alguns presidentes se tornaram mais populares do que outros.

Se olharmos, por exemplo, para o período Lula, que encerrou seu segundo mandato sendo aprovado por mais de 80% da população adulta, os indicadores de emprego, renda, PIB, balança comercial, contas públicas e inflação estavam melhores do que o do seu antecessor, FHC. Este, por sua vez, foi nitidamente superior aos que o antecederam em termos de combate à inflação, como todos sabemos, o que explica sua eleição em 1994 e, provavelmente, sua reeleição, em 1998.

Disponível em: http://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2014/02/27/com-dilma-economia-do-pais-cresce-no-menor-ritmo-desde-collor/ Acesso em: 22 abr 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.

Em se tratando de economia é fundamental a informação sobre o PIB na mesma medida

em que é convencional uma comparação. Neste sentido, o texto que segue tem a sua

importância, até porque em meio a constatações, comparações e retrocessos aponta para

projeções, o que também nos interessa.

PIB fecha 2013 com alta de 2,3%

Gráfico mostra terceiro ano de crescimento moderado da economia brasileira

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A economia brasileira fechou 2013 com um crescimento de 2,3%, índice dentro das expectativas

do mercado, que previa expansão em torno de 2,07% a 2,3%. O Produto Interno Bruto (PIB),

soma de todos os bens e serviços produzidos no país totalizou R$ 4,84 trilhões no ano, segundo

dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O

resultado supera a alta de 1% em 2012, mas marca um terceiro ano de crescimento moderado.

No quarto trimestre de 2013, o PIB cresceu 0,7% em relação ao trimestre, resultado que ficou

acima das estimativas dos analistas, que previam desde estabilidade a alta de 0,55%, com

mediana de 0,23%, nessa comparação. Na comparação com o quarto trimestre de 2012, o PIB

apresentou alta de 1,9% no quarto trimestre de 2013.

Pela ótica da oferta, o que puxou a economia brasileira em 2013 foi a agropecuária, com

expansão de 7%. Os serviços cresceram 2% e a indústria fechou o ano com avanço de apenas

1,3%.

Já pelo lado da demanda, os investimentos foram o principal destaque. A formação bruta de

capital fixo teve alta de 6,3% no ano passado, puxada pelo aumento da produção interna de

máquinas e equipamentos. Já o consumo das famílias cresceu 2,3%, o 10º ano consecutivo de

expansão. O comportamento foi favorecido pela elevação da massa salarial e pelo crédito. Por

último, a despesa do consumo da administração pública aumentou 1,9%.

No setor externo, as importações cresceram mais (8,4%) do que as exportações, que tiveram alta

de 2,5%.

Abaixo das expectativas do FMI

Apesar de estar em linha com as projeções do mercado brasileiro, o crescimento de 2,3% do PIB

em 2013 ficou abaixo da estimativa feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a média

mundial, que é de 3%.

Apesar disso, o crescimento da economia brasileira foi um dos mais altos entre os principais

países. O Brasil cresceu menos do que a China (7,7%) e a Coreia do Sul (2,8%), por exemplo,

mas ficou acima de países como Estados Unidos (1,9%), Reino Unido (1,9%), África do Sul

(1,9%), Japão (1,6%), México (1,1%), Alemanha (0,4%), França (0,3%) e Bélgica (0,2%).

Países como a Espanha e a Itália tiveram quedas no Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, de

1,2% e 1,9%, respectivamente. A zona do euro caiu 0,4%.

2014

Para este ano, a última projeção de instituições financeiras para o crescimento da economia,

passou de 1,79% para 1,67%. Para 2015, a projeção para o crescimento do PIB também caiu,

pela segunda semana consecutiva, ao ser ajustada de 2,1% para 2%.

Essas projeções fazem parte da pesquisa semanal do BC em instituições financeiras sobre os

principais indicadores da economia.

Disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/02/27/internas_economia,502573/pib-fecha-2013-com-alta-de-2-3-aponta-ibge.shtml Acesso em: 22 abr 2014. Adaptado.

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Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/02/1418579-economia-brasileira-cresce-23-em-

2013.shtml Acesso em: 03 mai 2014.

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Após uma análise comparativa mais imparcial, apresentamos a seguir a opinião do

presidente do Banco Central acerca do crescimento da economia brasileira em 2014. Em

que medida haverá mudanças em relação a 2013, e em que medida adequações? Como

entender, então, a sucessão de acontecimentos nacionais e medidas governamentais?

Veja você também!

Brasil terá crescimento em 2014 semelhante ao de 2013 Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, presidente do Banco Central avaliou moderação do consumo e aumento dos índices de investimento

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira, 18, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que o crescimento da economia brasileira em 2014 deve seguir ritmo semelhante aos observado em 2013. No último ano, o PIB (produção de bens e serviços) avançou 2,3%.

De acordo com a autoridade monetária, a atividade econômica foi marcada em 2013 por uma alteração na composição das demandas, com aumento dos investimentos e moderação do consumo das famílias.

"Essa mudança contribui para sustentabilidade do crescimento", disse. "O crescimento em 2014 deve permanecer próximo do patamar verificado no ano passado e seguirá sustentado por emprego e ampliação moderada do credito."

Para Tombini, há indicadores que apontam para a melhora da competitividade da indústria, o que representa uma mudança em relação a anos anteriores. Após dois meses de queda, a produção industrial mostra recuperação neste começo de ano.

"Aumentar a produtividade é fundamental para a indústria aproveitar oportunidades no mercado nacional e internacional", completou.

Tombini destacou que há mudanças na composição na demanda e também na oferta agregada, mas ponderou que os ganhos delas decorrentes dependem da confiança das empresas e das famílias.

"Os avanços dos investimentos em logística e infraestrutura tendem a se traduzir em ganhos de produtividade para economia brasileira", disse.

Tombini destacou o programa de leilões concessões de infraestrutura para ampliar investimentos e disse que essas iniciativas visam tornar a economia mais competitiva.

"Ao contrário de economia avançadas, o Brasil precisa avançar em infraestrutura e qualificação de mão-de-obra. Por isso, as oportunidades e o retorno aqui são maiores", avaliou.

Crise internacional e inflação. Tombini entende que o Brasil reage à volatilidade global de forma "clássica e técnica". O comentário faz alusão à subida dos juros básicos (taxa Selic) na economia. Entre abril de 2013 e fevereiro de 2014, mês da última reunião do Comitê de Política Monetária do BC, eles avançaram de 7,25% para 10,75%.

"Estamos apertando a política monetária para garantir que a inflação convirja para a trajetória de metas", afirmou.

O presidente do BC citou o recuo dos preços livres nos últimos meses e a elevação dos preços administrados no período para destacar que está em curso um realinhamento desses preços.

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"Isso ocorreu em um contexto de depreciação cambial que superou 15% nos últimos 12 meses. Essa depreciação é fonte de pressão inflacionária no curto prazo, mas efeitos mais longos podem e devem ser contidos pela política monetária", frisou.

Tombini ainda explicou aos senadores, em referência as reservas internacionais, que o país está usando "colchões" para proteger a economia e suavizar o ajuste de preços relativos e seus impactos na economia real.

"Há normalização das condições monetárias e, consequentemente, realinhamento dos preços dos principais ativos financeiros, o que naturalmente gera aumento da volatilidade em todos os mercados", disse. "Mas isso não deve ser confundido com volatilidade de economias emergentes."

Tombini reafirmou o que fontes do governo vêm dizendo repetidas vezes: "O Brasil está preparado para essa transição (econômica no mundo) e o resultado dela será positivo para economia global", afirmou.

Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,brasil-tera-crescimento-em-2014-semelhante-ao-de-2013-diz-tombini,179845,0.htm Acesso em: 22 abr 2014.

A despeito de qualquer posição político partidária, entendemos que, como cidadãos,

somos obrigados a nos manter informados sobre os rumos do nosso país ou,

minimamente, exercitarmos uma análise crítica em relação às ações do governo atual e

quais as suas possíveis intenções. Até porque, conforme o próprio texto o diz, é bom

estarmos preparados para tudo!

A economia brasileira pode ficar mais 5 anos sem rumo Você está entre os que esperam lógica, clareza e objetividade nas decisões do governo? Após três anos sem saber em que rumo vai seguir a economia, é bom estar preparado. Podem vir mais cinco anos do mesmo jeito

São Paulo - Na sua primeira viagem a Davos, para o grande evento internacional feito anualmente entre chefes de Estado, comandantes das maiores empresas do mundo, prêmios Nobel e daí para cima, a presidente Dilma Rousseff teve mais uma oportunidade de desvendar, para benefício do mundo (e dos brasileiros), o que passa por sua cabeça, neste momento, a respeito da seguinte questão: afinal, ela já chegou ou não, após três anos de governo, a alguma conclusão sobre o que pretende fazer com a economia? E, caso tenha chegado, pretende fazer o quê?

Respostas com um mínimo de clareza e objetividade talvez sejam mais úteis do que se pensa. Sim, o país já cansou de dar atenção ou crédito a qualquer coisa que venha desse pesqueiro.

Mas, na vida como ela é, o fato é que Dilma tem ainda um ano inteiro de mandato pela frente e, possivelmente, mais quatro a partir de 2015 — se o marqueteiro-mor João Santana, o homem mais competente do governo nos últimos anos, acertar de novo a mão na embalagem da candidata, e se o Tesouro Nacional investir na campanha as somas de dinheiro espantosas das quais se fala por aí.

Junte a isso a força de seu padroeiro, o ex-presidente Lula — e o resultado é uma concorrente difícil de ser batida em qualquer circunstância, como vêm indicando as pesquisas. Mais cinco anos seguidos de Dilma, então? É um monte de tempo, pensando bem.

Naturalmente, isso se saberá com certeza na hora adequada, mas a presidente daria desde já uma bela ajuda a todo mundo se conseguisse enfim explicar, de forma compreensível, coerente e realista, o que quer. É só isso: o que ela quer? Não tem sido fácil, por mais que se preste atenção

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nas falas de Dilma, descobrir a lógica, a qualidade e a eficácia de suas decisões. Na verdade, a presidente não chega a ter propriamente uma política econômica — tem, no lugar onde deveria haver um projeto, uma mistura de desejos, crenças e opiniões a respeito de como a economia precisaria estar funcionando no Brasil e no mundo.

Não é uma caminhada em linha reta. Seu pensamento vive embaralhado por números inúteis, fé em teorias de fracasso comprovado e uma enorme dificuldade de executar as próprias decisões — nada ou quase nada do que manda fazer é feito, levado a sério ou possível de ser executado na vida prática. Parte disso é causada por algo simples e ao mesmo tempo triste: a falta de ideias e a resistência da presidente a estudar, ou sequer a considerar, qualquer ideia que não combine com as suas.

É curioso: pela lei da oferta e procura, a Presidência da República deveria estar com fome e sede de ideias novas, produto em falta extrema em seu ambiente. Mas acontece o contrário: é um desses casos em que a escassez gera escassez. A questão é agravada, é claro, pela opção da presidente em formar e manter há três anos um dos piores ministérios que o Brasil jamais teve. Não será daí, é óbvio, que sairão as ideias criativas, as transformações e as obras das quais o Brasil tanto precisa.

O lendário comunicador americano David Ogilvy tinha um conselho-chave para todo indivíduo encarregado de administrar alguma coisa: se formarmos uma equipe com pessoas maiores do que nós, seremos uma empresa de gigantes. Dilma faz exatamente o contrário. Por questões de insegurança, cercou-se sempre de gente menor do que ela, jamais admitiu um ministro com capacidade para discutir qualquer de suas decisões e decidiu que a principal virtude de um colaborador é a mediocridade; pessoas assim concordam com tudo e nunca dão trabalho. Em compensação, nunca produzem nada de útil. O resultado é que a presidente formou um ministério de pigmeus.

Mais cinco anos assim? É bom estar preparado para tudo.

Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1058/noticias/da-escassez-a-escassez Acesso em: 29 abr 2014.

Vídeo

Aumento de preços, menos crescimento.

O economista Vítor Wilher fala sobre o intervencionismo do Estado e suas consequências para a economia do país. “Toda essa política de intervenção no organismo econômico gera uma série de esqueletos. Se você mexe no sistema de preços, desorganiza a economia e o mercado percebe isso”, explica, acrescentando que, como resultado, em vez dos preços caírem, eles aumentam e há menos crescimento. Wilher ressalta que a perda de valor de mercado da Petrobrás e da Eletrobrás, por exemplo, é consequência do intervencionismo do Estado. “Colocar agregados políticos nas empresas, sem capacidade técnica de guiá-las, gera distorções. A empresa perde capacidade de planejamento e de realizar investimentos”, afirma.

Assista: http://www.imil.org.br/milleniumtv/aumento-de-preos-menos-crescimento/

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Economia sem produtividade não é economia, pelo menos é o que versa a “A aritmética

do crescimento”, conforme conteúdo do próximo artigo. Entretanto, como chegar ao

crescimento? Quais os impedimentos? Quais práticas de países desenvolvidos deveriam

servir de parâmetro para o crescimento econômico brasileiro? São alguns dos

questionamentos lançados pelo texto para mim e para você!

Para o Brasil crescer, é preciso focar na produtividade! Rodrigo Constantino

Já está virando lugar comum, mas não deixa de ser verdade por isso: somente o aumento de nossa produtividade pode fazer com que a economia brasileira cresça a taxas decentes daqui para a frente. O estímulo à demanda por meio de artifícios estatais se esgotou, e pressiona a inflação sem produzir aumento de riqueza. Os bons economistas já falavam isso antes, e agora, mais do que nunca, está claro que o Brasil precisa focar na produtividade.

Esse foi o tema do artigo “A aritmética do crescimento”, do economista da JGP, Fernando Rocha, no jornal Valor Econômico hoje. Rocha

chama a atenção para a brutal diferença, por exemplo, em nossa infraestrutura vis-à-vis a de países mais desenvolvidos, incluindo os emergentes da Ásia. Os serviços prestados também são mais eficientes, a burocracia é menor, etc.

Enquanto não mudarmos essa realidade, que compõe o famoso “Custo Brasil”, estaremos condenados a um crescimento medíocre com elevada inflação. Rocha conclui:

Se olharmos o que aconteceu em países como a Inglaterra, EUA, Japão ou Coreia do Sul, nos seus respectivos ciclos de crescimento acelerado, veremos que o mesmo fenômeno aconteceu. A conclusão é que não existe crescimento acelerado sem aumento substancial da produtividade. Isso se consegue com educação e treinamento da força de trabalho, melhoria do ambiente de negócios, simplificação da burocracia, redução de impostos e investimentos em infraestrutura. O Banco Mundial tem uma publicação chamada “Doing Business”, em que há uma classificação dos países em quesitos que avaliam a facilidade de se fazer negócios em cada um. O Brasil figura em 116º lugar entre 189 países. Países em desenvolvimento como África do Sul (41º), Peru (42º), México (53º) e Turquia (69º) aparecem em posições bem melhores enquanto países da Ásia se destacam nos primeiros lugares: Cingapura (1º), Hong Kong (2º) e Coreia do Sul (7º). Melhorar a posição nessa lista deveria ser o objetivo número 1 de um governante brasileiro.

Por fim, é importante acrescentar que o Brasil não é mais um país de mão de obra abundante. Passamos por uma importante transformação demográfica, com queda substancial da natalidade. A população brasileira em idade ativa cresce atualmente a uma taxa que se aproxima de 1% ao ano. Por outro lado, o desemprego teve uma redução substancial ao longo dos últimos dez anos, o que garantiu um crescimento da população ocupada bem acima do crescimento da população em idade ativa. Isso não deve acontecer mais. Deste modo, a contribuição do fator trabalho para o crescimento do PIB tende a decrescer bem, do 1,3% ao ano apurado por Bacha e Bonelli (2012) para algo próximo de 0,5% ao ano. É urgente, portanto, a agenda do aumento da produtividade para se avançar mais rapidamente.

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Sabemos o caminho das pedras. Infelizmente, sabemos também que poucos políticos demonstram ter a coragem de um estadista para enfrentar tais desafios e melhorar o ambiente institucional para o empreendedorismo. Sabemos, ainda, que este governo Dilma, ainda favorito para vencer as próximas eleições, não só é incapaz de melhorar o quadro, como agiu com diligência para piorá-lo. Produtividade e PT são duas coisas que, pelo visto, não se misturam…

Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/economia/para-o-brasil-crescer-e-preciso-focar-na-produtividade/ Acesso em: 29 abr 2014

É tempo de união! De comungarmos juntos com os demais países latinos rumo à

independência! Ajustes, troca de experiências, estabelecimento de metas, são algumas

das ações deste grupo, segundo o texto que segue. Convidamos você também a fazer

parte desta leitura, deste processo e, quem sabe, auxiliar na redução das dramáticas

brechas entre ricos, cada vez mais ricos, e os pobres...

Países da América Latina criarão mercado comum para impulsionar economias Mercosul, Unasul, ALBA, Celac e Petrocaribe fazem parte da iniciativa, que pretende incentivar produção sustentável na região

Países da América Latina, que compõem o Mercosul (Mercado Comum do Sul), a Unasul (União das Nações Sulamericanas), a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos Americanos), a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Petrocaribe criarão um mercado comum, na tentativa de impulsionar maior independência econômica para os países membros. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (21/04) pelo ministro do Comércio Venezuelano, Dante Rivas.

Dilma Rousseff (Brasil), Raúl Castro (Cuba) e Nicolás Maduro (Venezuela): como membros da Celac,

países comporão mercado comum

A iniciativa pretende incentivar a produção sustentável na região, fazendo da América Latina um mercado potente e facilitando as importações e exportações. “Vamos desenvolver um mercado Alba-Mercosul-Celac-Petrocaribe-Unasul potente e com grandes desafios positivos. Ajustamos

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mecanismos para consolidar as relações comerciais, nos fortalecendo, levando à prática a visão continental de Simón Bolivar”, disse Rivas. O ministro também ressaltou, durante a reunião, a necessidade de impulsionar a participação da pequena e média indústria, para facilitar a independência produtiva, econômica e comercial da região. “Estamos iniciando uma etapa decisiva e madura, onde as experiências da última década se capitalizaram em todas as nações”, disse. Rivas também afirmou que esse passo é inevitável e que levará a um “destino seguro e feliz para todos”.

Entre as metas do projeto, está a necessidade de diminuir as diferenças entre ricos e pobres. Para Rivas, é preciso “encurtar as dramáticas brechas entre ricos, cada vez mais ricos, e os pobres que surgem formando uma potente classe média trabalhadora”.

Durante a primeira reunião de ministros da Economia, Comércio e Indústria da Celac, realizada em abril deste ano, a Venezuela já havia proposto o desenvolvimento de uma produção sustentável na América Latina, recordou Rivas. Segundo ele, a utilização do poder de compra do Estado será um mecanismo para desenvolver as pequenas e médias indústrias.

Disponível em:

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/34929/paises+da+america+latina+criarao+mercado+comum

+para+impulsionar+economias.shtml Acesso em: 02 mai 2014.

O próximo texto tem um papel fundamental no sentido de nos levar a maior compreensão

acerca da importância do capital intelectual dos negócios deste século. Afinal, fazemos

parte deste capital! Estamos no meio acadêmico porque acreditamos nisso e, se por

ventura não, convém repensarmos. Por quê? Porque os tempos mudaram, como os

nossos pais costumam dizer! E nos perdoem os demais textos e os demais indicativos,

mas o conhecimento é sem dúvida o grande bem que realmente vale ao indivíduo adquirir

e dele usufruir.

A importância do capital intelectual dos negócios no século XXI Lucimara Leandro

Etimologicamente, a palavra negócio é derivada do latim negotium, e quer dizer a negação do otium (lazer; ócio). Para

sintetizar, pode-se dizer que negócio é toda atividade econômica que tenha por objetivo gerar lucro. Lembrando que

lucro é o retorno positivo de um investimento financeiro realizado por um indivíduo ou grupos de indivíduos nos negócios. Partindo

desse princípio, a contabilidade até pouco tempo atrás se preocupava apenas com os bens tangíveis dos negócios e organizações, ou seja, a parte financeira, o capital ou dinheiro, propriamente dito.

No entanto, os tempos mudaram e as grandes mudanças socioeconômicas, fizeram o mercado financeiro crescer cada vez mais. O número de empresas e

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marcas fica cada dia maior, e para que essas empresas possam fazer a diferença e se destacarem no mercado entrando na lista Top of Mind, são necessários diferenciais. Diante do mundo globalizado em que a informação está ao alcance de todos, onde é possível copiar as máquinas, equipamentos e produtos dos concorrentes, fica ainda mais difícil se destacar. Então,

como fazer a diferença e se destacar? Eis que surge uma nova linha de ação para os negócios. O chamado Capital Intelectual.

O capital intelectual surge como uma alternativa para que as organizações possam fazer a diferença. Para Stewart (1998, p.13), “Capital intelectual é a soma dos conhecimentos de todos

em uma empresa o que lhe proporciona vantagem competitiva. Ao contrário dos ativos, com os quais empresários e contadores estão familiarizados – propriedade, fábrica, equipamentos, dinheiro – constituem a matéria intelectual: conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência, que pode ser utilizada para gerar riqueza.”

Partindo dessa citação, é possível observar que o capital intelectual é algo intangível. Está na força de trabalho, no treinamento, “propriedade intelectual”, como cita o próprio Stewart. Ou seja, nos conhecimentos intelectuais inerentes aos indivíduos e que os torna diferentes uns

dos outros. A mais poderosa moeda desse século agora se chama conhecimento. E é justamente esse conhecimento individual que é capaz de fazer a diferença

nos negócios, o capital intelectual. Edvinsson e Malone et al. (1998) apud Antunes (2000, p 78)

definem Capital Intelectual como a parte invisível da empresa onde se encontram o capital

humano (conhecimento, inovação e habilidade dos empregados mais os valores, a cultura e a filosofia da empresa) e o capital estrutural (formado pelos equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes e tudo o mais na capacidade organizacional que apoia a produtividade dos empregados). Mediante os conceitos apresentados é possível dizer que o capital intelectual é formado pelo capital humano (recurso fundamental para agregar valor as organizações) e pelo capital estrutural que incorpora o

conhecimento do indivíduo em ativo para as empresas. Todavia as mudanças causadas pelo capital intelectual podem causar frustração aos profissionais de contabilidade

devido ao desafio de mensurá-lo, justamente por ser algo intangível, mas que tem um valor importantíssimo para os negócios.

O capital intelectual além de fortalecer a importância do homem na sociedade será a oportunidade para as empresas manterem-se atuais, modernas e em status de vanguarda, na Era em que a competitividade nos negócios torna-se cada vez mais

acirrada.

Disponível em: http://www.toptalent.com.br/index.php/2011/03/18/a-importancia-do-capital-intelectual-dos-negocios-no-seculo-xxi/ Acesso em: 29 abr 2014. Grifos das organizadoras.

Falando em bens intangíveis... um break para a copa. Mesmo querendo, não poderíamos

fugir dela. Cumpre-nos, então, buscarmos informações e ponderarmos todas as ações

que a envolvem. Neste momento, propomos uma reflexão ainda que breve. Como?

Onde? Por quê? Parece que a única resposta que podemos responder de pronto é o

onde. Quanto às demais, temos algumas suspeitas e, por este motivo, apresentamos o

texto a seguir. Talvez você apresente outras...

Copa trará avanço ‘zero’ ao PIB do Brasil Gustavo Santos Ferreira

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A Copa de Mundo, maior evento esportivo do planeta, planejada durante sete anos para deixar “grande legado” ao Brasil, trará efeitos “fugazes” à economia – mostra relatório da agência de classificação de risco Moody’s.

Nas contas da instituição, o torneio trará ganho da ordem de R$ 25,2 bilhões ao País. Num primeiro olhar, pode parecer bastante. Mas, pela ótica da produção de bens e serviços (PIB, o Produto Interno Bruto), o impacto é ínfimo.

O PIB consolidado do Brasil no último ano nas Contas Nacionais, em valores correntes, foi de R$ 4,838 trilhões. O volume calculado pela Moody’s representa apenas 0,5% desse montante.

QUEM GANHA

Ainda de acordo com o estudo, os setores de Alimentos e Bebidas, Hospedagem, Locação de carros, Telecomunicações e Publicidade serão os mais beneficiados pela visita de 3,6 milhões de turistas entre junho e julho para o evento. No entanto, os problemas de mobilidade urbana e os dias perdidos de trabalho por causa dos jogos tendem a minimizar ou anular o empurrão no PIB dado por esses segmentos dos Serviços.

Entre as empresas beneficiadas pelo evento, estão, naturalmente, os patrocinadores oficiais, de acordo com o texto assinado por Barbara Mattos, Gersan Zurita e Marianna Waltz. As empreiteiras envolvidas na construção dos estádios também têm a ganhar, bem como as redes de tevê transmissoras das partidas.

Disponível em: http://tribunadaimprensa.com.br/?m=201403 Acesso em: 29 abr 2014.

A economia começa, ou pelo menos deveria começar pela nossa casa. Será mesmo que

o brasileiro ganha pouco? O que acontece com a nossa economia ou falta de economia

doméstica? O texto a seguir é um convite à reflexão acerca da nossa concepção de

gasto, aquisição de bens de consumo, enfim... economia! É impossível não se identificar...

Economia doméstica: está sobrando mês no fim do salário? Será mesmo que falta dinheiro? Gustavo Cerbasi

Depois de anos orientando centenas de famílias sobre o bom

uso do dinheiro, cheguei a uma conclusão: a renda mensal da maioria dos brasileiros é suficiente para manter seu padrão de vida. Mesmo assim, a grande

parte das pessoas das classes B, C e D está endividada.

Curiosamente, o dinheiro que falta na conta não foi verdadeiramente consumido. Em geral, costuma estar parado em algum tipo de estoque do endividado. Se você está entre os que de vez em quando entram no vermelho, faça uma experiência. Estime quantos reais existem parados em produtos na dispensa de sua cozinha. Some esse valor aos reais que estão parados no tanque de combustível de seu carro. Vá até seu guarda-roupa: quantas peças de roupas você

nunca usou? Quanto elas custaram? E o que dizer de livros não lidos, DVDs não assistidos, eletrodomésticos nunca utilizados?

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"Se você quer gastar menos, compre para usar, não para ter."

Temos no Brasil o hábito de comprar para ter, e não para usar. Aprendemos a

estocar nos tempos de inflação, mas a atual inflação não justifica esse comportamento! Se tivéssemos o costume de comprar com mais frequência e em quantidades menores, estaríamos fazendo um favor para nosso bolso, evitando entrar no vermelho, e para o comércio, diminuindo a sazonalidade das vendas.

Outro importante hábito a ser conquistado é dar mais qualidade a nosso consumo. Pensar duas, três, quatro vezes antes de adquirir aquele item dos sonhos. Que tal entrar em um leilão virtual e vender aquela batedeira que você só usou uma vez? Em minha estatística pessoal, os aparatos campeões de ócio costumam ser cafeteiras, enciclopédias, kits para churrasco e as maravilhosas peças de decoração que ganhamos no casamento e que não cabem na cristaleira da sala. Que tal se desfazer dos estoques e dar um fôlego no orçamento, ou então usar o recurso da venda para se presentear com uma viagem?

A regra básica para enriquecer é gastar menos do que se ganha e investir com qualidade a

diferença. Perceba que a regra começa com o verbo gastar. Gaste, portanto, com mais qualidade, para gastar menos.

Disponível em: http://www.efetividade.net/2008/08/economia-domestica-esta-sobrando-mes-no-fim-do-salario.html Acesso em: 21 abr 2014. Grifos das organizadoras.

Na direção do texto anterior, os dados comprovam que o percentual de famílias

endividadas aumentou. Quais os motivos? Baixo salário? Ausência de oportunidade de

emprego? Pouco acesso à informação? Você e eu sabemos que no quesito dívidas não

parece serem estes os problemas. Novamente, cumpre-nos uma leitura, também não

linear, dos fatos. Eis a proposta a seguir.

Percentual de famílias com dívidas aumenta em abril Dos entrevistados, 62,3% relataram ter dívidas, ante 61% em março.Cartão de crédito lidera endividamento; ele foi indicado por 74,8% famílias.

Cristiane Cardoso Do G1 Rio

Percentual de famílias com dívidas aumenta em abril

(Foto: Reprodução / CNC)

O percentual de famílias brasileiras que afirmaram ter dívidas chegou a 62,3% em abril de 2014, apresentando aumento em relação ao mês anterior, 61%. Os dados foram divulgados pela

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Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta terça-feira (29). Os débitos dos brasileiros incluem cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro, seguro e cheque pré-datado.

“O cartão de credito é sempre a dívida mais apontada. Foram 74,8% das famílias com dívidas. Em segundo lugar, vem o carnê, com 16,9%. Em terceiro lugar vem o financiamento de carro com 13,8%. Estes são os principais tipos de dívida apontados pela nossa pesquisa”, explicou a economista da confederação Marianne Hanson.

Dois fatores explicam a liderança do cartão de crédito, segundo a especialista. “Nós fazemos uma pesquisa direta, então, pedimos para as famílias apontarem mais de um item e ele é sempre lembrado porque o custo dessa dívida é alto, se a pessoa cai no crédito rotativo”, afirmou.

Outra razão é a popularização do cartão de crédito como meio de pagamento e não apenas de financiamento. “O cheque pré-datado vem caindo desde 2010, quando começamos a pesquisa, e o cartão e o carnê vêm aumentando. Ele é um serviço acessível para muitas pessoas”, completou.

De acordo com a especialista, os itens apontados pelas famílias variam de acordo com a faixa de renda. “Quem ganha acima de 10 salários mínimos, além do cartão de crédito, aparece o parcelamento com o carro e a casa vem em terceiro lugar”.

Nível de endividamento (Foto: Reproduçao / CNC)

Inadimplência

A pesquisa apontou que abril apresentou terceira alta na inadimplência entre as famílias. Segundo Hanson, isso se deve aos gastos com impostos como IPTU, IPVA e despesas com material escolar e taxas. Segundo a especialista, no entanto, o cenário é positivo.

“O início do ano tem essa tendência de alta de inadimplência. O primeiro trimestre é muito influenciado por taxas, impostos e gastos. Há ainda reajuste de preços nesse período. Isso acaba impactando o orçamento das famílias. Mas ainda há cenário positivo da inadimplência porque a gente vê uma variação pequena. Além de ter esse fator sazonal, as famílias estão encontrando situações menos favoráveis em relação a renegociação dessas dívidas com o aumento do custo do crédito”, garantiu.

O percentual de famílias que relataram não ter condições de quitar suas contas em atraso recuou de 7,1% para 6,9% na comparação mensal e aumentou na comparação anual. Em abril de 2013

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foram registrados 6,7%. No entanto, o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou pequena alta na comparação mensal, passando de 20,8% para 21,0% do total.

Renda comprometida

Ainda entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas aumentou na comparação anual, passando de 29,9% para 30,9%, e 22,6% delas afirmaram ter mais da meta de sua renda mensal comprometida com pagamento de dívidas.

Disponível em: http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2014/04/percentual-de-familias-com-dividas-aumenta-em-abril-diz-cnc.html Acesso em: 29 abr 2014.

Nem só de igualdade vivem os Estados Unidos. Na verdade, as desigualdades de classes

existentes na América têm sido alvo para inúmeras discussões e opiniões. As

informações provêm de dados numéricos que elucidam ainda mais a análise, juntamente

com algumas ponderações e constatações acerca do que representa ser uma nação

desigual em contraposição ao sentido igualitário de se governar.

Executivos dos EUA ganham 331 vezes mais do que um empregado médio Esse e outro estudo, lançados durante declaração anual de impostos, levantam debate sobre desigualdade de renda

Uma pesquisa feita pela maior federação sindical dos Estados Unidos conclui que, em 2013, os diretores executivos das principais corporações do país ganharam 331 vezes mais do que o trabalhador médio. De acordo com a base de dados 2014 Executive PayWatch da Federação Norte-Americana do Trabalho e do Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), os executivos de 350 empresas do país ganharam, em média, US$ 11,7 milhões no ano passado, e o trabalhador médio recebeu US$ 35,293 mil.

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Annette Bernhardt/cc by 2.0

Cartaz de uma greve de trabalhadores das redes de fast food de Nova York por maiores salários, em julho de 2013

Os mesmos chefes obtiveram, em média, renda 774 vezes maior do que os trabalhadores que receberam o salário mínimo federal de US$ 7,25 por hora, ou pouco mais de US$ 15 mil ao ano, segundo essa base de dados. Outra pesquisa sobre as principais cem corporações norte-americanas, divulgada no dia 13 pelo jornal The New York Times, mostra que a compensação média de um diretor dessas empresas foi ainda maior no ano passado: US$ 13,9 milhões. Esse informe, o Equilar 100 CEO Pay Study, conclui que, em conjunto, esses altos executivos embolsaram US$ 1,5 bilhão em 2013, pouco mais do que no ano anterior. Como nos últimos anos, quem ganhou mais dinheiro foi Lawrence Ellison, diretor-executivo da Oracle: US$ 78,4 milhões. Os dois estudos, divulgados enquanto dezenas de milhões de pessoas apresentam sua declaração anual de impostos, lançam lenha no acalorado debate sobre o aumento da desigualdade de renda no país.

O fenômeno saltou para o primeiro plano com o movimento Ocuppy Wall Street, de 2011. O presidente Barack Obama o descreveu como “o desafio que define nosso tempo”, enquanto se coloca em marcha a campanha pelas eleições de metade de mandato. Obama tentou dar uma resposta aumentando o salário mínimo e estendendo os benefícios por desemprego e o pagamento de horas extras aos trabalhadores federais, entre outras medidas. O fato de Obama mirar a desigualdade e os perigos que ela apresenta lhe deu certo apoio intelectual, e inclusive teológico, nos últimos meses. Em uma revisão de sua tradicional ortodoxia neoliberal, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou no mês passado um estudo sobre os efeitos negativos da desigualdade no crescimento econômico e na estabilidade política. Sua

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diretora-gerente, Christine Lagarde, advertiu que desigualdade gera “uma economia da exclusão” e que ameaça “o precioso tecido que mantém unida nossa sociedade”.

O papa Francisco também se pronunciou reiteradamente sobre os perigos da desigualdade econômica, por exemplo, em uma reunião privada que manteve no mês passado com Obama no Vaticano. O informe Global Risks, do Fórum Econômico Mundial, publicado em janeiro, afirma que a acentuada desigualdade de renda será o maior risco para a estabilidade mundial na próxima década.

Novo estudo

Enquanto isso, um novo estudo do economista francês Thomas Piketty, O Capital no Século 21, que compara a desigualdade de hoje com as do final do século 19, recebe críticas favoráveis em praticamente todas as publicações dominantes. A obra se baseia em dados de dezenas de países do Ocidente que remontam há dois séculos. Piketty argumenta que são necessárias medidas radicais de redistribuição, como um “imposto mundial sobre o capital”, para reverter as atuais tendências para uma desigualdade maior. O autor esteve na semana passada em Washington para falar a especialistas de vários centros de pensamento.

A decisão da Suprema Corte de Justiça, que no começo deste mês ampliou os limites das contribuições que os ricos podem fazer aos partidos políticos e às campanhas eleitorais, faz muitos temerem que a democracia norte-americana esteja no caminho de se converter em uma plutocracia. De todos os países do Ocidente, os Estados Unidos registram a maior disparidade de renda, segundo várias medições. Em seu livro, Piketty mostra que essa desigualdade atual norte-americana excede a que tinha a Europa em 1900.

A diferença de 331 a um entre o que recebem os 350 diretores-executivos e o trabalhador médio é coerente com a brecha salarial característica da ultima década. Esta realidade contrasta drasticamente com a que existia depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em 1950, por exemplo, os salários dos diretores das corporações eram 20 vezes maiores do que os dos trabalhadores. Em 1980, antes que o governo de Ronald Reagan (1981-1989) começasse a implantar suas políticas econômicas da “magia do mercado”, era preciso multiplicar por 42 o salário de um trabalhador para obter o de um alto executivo, segundo Sarah Anderson, veterana observadora das compensações, do Instituto de Estudos Políticos de Washington.

“Não creio que alguém, exceto, talvez, Ellison, possa dizer que os gerentes de hoje são uma forma evoluída do homo sapiens em comparação com seus predecessores de 30 ou 60 anos”, brincou Bart Naylor, promotor de políticas financeiras na organização Public Citizen. “Os que criaram a indústria farmacêutica e a de alta tecnologia eram altos executivos e não drenavam a economia do modo como fazem os executivos de hoje”, apontou à IPS. “A máquina de recompensas para executivos está arruinada”, acrescentou.

"Obsceno" O pior para os sindicalistas é que muitas dessas empresas afirmam que não podem se dar ao luxo de aumentar os salários de seus trabalhadores. “A Pay Watch chama a atenção para o demencial nível de compensações dos diretores-executivos, enquanto os trabalhadores que geram esses lucros corporativos não conseguem receber o suficiente para cobrir seus gastos básicos”, ressaltou o presidente da AFL-CIO, Richard Trumka.

“Considerem que os benefícios por retirada do presidente da Yum Brands, dona da KFC, Taco Bell e Pizza Hut é de mais de US$ 232 milhões, com impostos diferidos. É bastante obsceno para uma corporação que emprega mão de obra barata”, argumentou Anderson. Atualmente, o

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Congresso analisa várias medidas para abordar o assunto, embora a maioria delas conte com a oposição dos republicanos, que são maioria na Câmara de Representantes.

Porém, um projeto tributário apresentado pelo presidente republicano do poderoso Comitê de Meios e Arbítrios dessa casa pode pôr fim a uma clara injustiça, a que exime os executivos de pagarem impostos pelos “honorários por desempenho” que recebem quando cumprem certas metas fixadas pela direção da empresa.

Além disso, a Comissão Nacional de Valores começa a aplicar uma norma pendente há algum tempo, que exigirá das corporações com cotação na bolsa que revelem a renda de seus diretores-executivos, comparados com os de seus empregados de tempo integral, parcial, temporário e periódico, tanto norte-americanos quanto estrangeiros.

Disponível em:

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/35026/executivos+dos+eua+ganham+331+vezes+mais+do+

que+um+empregado+medio+diz+pesquisa.shtml Acesso em: 05 mai 2014.

Há quem diga que vivemos um momento histórico! Esta singularidade tem a ver com a

aproximação entre América Latina e Israel. Obviamente, após alguns desencontros e

desacordos com os Estados Unidos, Israel parece entender que “não pode colocar todos

os seus ovos em uma única cesta”. Entretanto, a que preço? Quanto já não estamos

pagando por isso?

Com boicotes na Europa e EUA, Israel busca aproximação com América Latina Foram criadas câmaras de comércio e indústria, assim como iniciativas na área da indústria médica e farmacêutica

Estava marcada a primeira visita de um primeiro-ministro israelense, em missão oficial, à América Latina. Denominada de “histórica” por Tel Aviv, a missão tinha como objetivo melhorar as relações de cooperação de Israel com os governos de Colômbia, México e Panamá.

A viagem do premiê Benjamin Netanyahu, porém, precisou ser suspensa por questões internas, segundo sua administração. O fato, no entanto, demonstra que o governo israelense está buscando cada vez mais se aproximar de países latino-americanos. E, em muitos desses países, as portas para negócios e acordos de cooperação parecem estar abertas.

A tentativa de adquirir novos parceiros econômicos, políticos e culturais na América Latina acontece após o crescente isolamento de Israel em seus círculos tradicionais. Na Europa e nos Estados Unidos, o movimento de boicote, desinvestimentos e sanções da sociedade civil cresceu nos últimos anos e afetou até mesmo as relações diplomáticas.

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Grupos sionistas se mobilizam contra campanha de BDS

Por exemplo, universidades europeias e norte-americanas cancelaram acordos de intercâmbio e cooperação com centros israelenses, enquanto a União Europeia e diversos governos anunciaram sanções e desinvestimentos de agencias estatais e empresas israelenses envolvidas na ocupação dos territórios palestinos.

"Se Israel continuar a construir assentamentos e as negociações fracassarem, ficará mais e mais isolado, principalmente em decorrência do clima que vigora entre os próprios consumidores e o setor privado. Cada vez que Israel anuncia a construção de mais moradias nos assentamentos, se fortalece a exigência de que os supermercados europeus marquem os produtos dos assentamentos e se ouvem mais vozes pedindo o boicote", afirmou o embaixador da União Europeia em Israel, Lars Faaborg-Andersen, durante entrevista ao principal programa televisivo do país.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, também alertou sobre graves consequências caso não haja avanço nas negociações de paz. Como consequência do crescimento do movimento internacional de BDS e da expansão dos assentamentos israelenses nos territórios palestinos, esses alertas se intensificaram desde 2013, mas, há muitos anos, autoridades e diplomatas já demonstravam preocupação.

“A ocupação permanente e a insistência do governo em continuar investindo em assentamentos são diretamente responsáveis pela erosão da posição internacional de Israel”, conclui um estudo do Molad Center for Renewal of Democracy of Israel, um ‘think thank’ israelense. “Enquanto a política de assentamentos continuar, o risco de Israel se tornar mais isolado irá crescer”, acrescenta o texto.

América Latina

“A lição que aprendemos pelas recentes experiências de negociação com a União Europeia é que Israel não pode colocar todos os seus ovos em uma única cesta”, afirmou o ministro da Economia de Tel Aviv, Naftali Bennet, depois de negociações sobre um pacote de empréstimos de 1,5 bilhões de euros vindos de Bruxelas. A organização europeia liberou o dinheiro sob a condição de

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que nada fosse direcionado para os assentamentos israelenses na Cisjordânia, Jerusalém Ocidental e Colinas de Golã.

Durante as negociações, o presidente israelense, Shimon Peres, estava envolvido em outra iniciativa. Ele havia viajado para o México para se encontrar com autoridades e um grupo de empresários. O ministério chefiado por Bennet também decidiu fechar missões econômicas na Suécia e Finlândia, abrindo-as na China, Índia e Brasil.

Mekorot

A empresa estatal israelense Mekorot estabeleceu, recentemente, contratos com os governos da Bahia, Ceara, Distrito Federal e São Paulo. Com escritório em São Paulo, a companhia ainda

[Propaganda da campanha BIG - Buy Israeli Goods (compre produtos israelenses)]

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procura mais contratos no país e no continente latino-americano, segundo informações da Stop the Wall.

A “Mekorot opera o apartheid da água: o consumo palestino nos territórios palestinos ocupados é de 70 litros diários por pessoa – um número bem abaixo do recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), de 100 litros -, enquanto o consumo de israelense per capta é cerca de 300 litros ou mais. Em algumas comunidades rurais, palestinos vivem com menos de 70 litros diários”, diz um relatório da Stop the Wall direcionado às Nações Unidas.

Ainda, a empresa lucra com a venda de água para palestinos e com a água extraída nos territórios palestinos, pois é a única autorizada a realizar a administração dos recursos hídricos, segundo ordem militar da década de 80.

Em março deste ano, o governo argentino precisou suspender um contrato de 170 milhões de dólares com a Mekorot por conta de mobilizações contrárias ao acordo. Segundo os manifestantes, a empresa iria levar suas políticas discriminatórias para a Argentina.

Tecnologia militar

No entanto, as principais beneficiadas com a economia emergente brasileira têm sido as empresas de segurança israelenses, que encontraram terreno fértil com a recepção da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Foram fechados acordos de cooperação militar e estratégica polícias civis e militares receberam treinamento de forças israelenses. Além disso, as autoridades brasileiras participaram de uma série de eventos e oficinas ministradas por ex-membros das Forças Armadas de Israel que agora, possuem empresas.

“A tecnologia de guerra testada há todos esses anos no povo palestino está sendo exportada para o Brasil e agora, aplicada na repressão de protestos e em nossas periferias”, afirmou a Opera Mundi Soraya Misleh, palestina e ativista do BDS. A Polícia Militar de São Paulo, acrescenta ela, já está usando um óculos com microcâmera acoplada para envio em tempo real de informações.

Entre as empresas militares israelenses que se estabeleceram no Brasil está a Elbit, com sede em Porto Alegre. “Uma dezena de institutos financeiros internacionais, já não investem mais na empresa”, relatou a Opera Mundi a ativista italiana Maren Mantovani, coordenadora de relações internacionais do Stop the Wall, uma das organizações fundadoras do movimento de BDS.

Sinal de que os tempos podem estar mudando foi o “rolezinho” palestino realizado na loja Spicy em shopping de São Paulo por ativistas da causa palestina. Para marcar o Dia da Terra palestina, os manifestantes foram até a loja protestar contra a venda de máquinas da empresa israelense Sodastream, baseada em território palestino ocupado.

Disponível em:

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/34900/com+boicotes+na+europa+e+eua+israel+busca+

aproximacao+com+america+latina.shtml Acesso em: 03 mai 2014.

Não poderíamos deixar de refletir sobre como a nossa saúde e educação determinam o

índice de desenvolvimento humano! Trata-se de uma pesquisa muito abrangente,

realizada com frequência em todo o mundo, para saber quais países têm atingido

melhores resultados, de modo a melhor atender sua população, quais não estão, e quais

continuam na mesmice por anos. Considerando que não se concebe falar em economia

sem analisar as condições de vida de um povo, este texto, sem dúvida, merece a nossa

atenção e análise.

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IDH 2014

Infelizmente, são muitos os aspectos que preocupam e muito o desenvolvimento contínuo no nosso país. Atualmente, podemos ver que as reclamações estão nas ruas, com pessoas que não aguentam mais a real situação do Brasil e partiram para as ruas a procura de melhorias no caos que está à saúde pública, e ainda reivindicando por mudanças na educação, pois essa é a base para a formação de um indivíduo com caráter e senso crítico, que infelizmente está faltando e muito no nosso país.

Conseguimos resgatar em meio ao caos uma questão: como estará, levando em conta essas características e reclamações, o nosso IDH 2014? O Índice de Desenvolvimento Humano é uma pesquisa muito abrangente, realizada com frequência em todo o mundo, para saber quais países estão desenvolvendo a sua população, quais não estão, e quais continuam na mesmice por anos.

Por conta disso que esse artigo foi criado, visando lhe auxiliar com os resultados cabíveis para o IDH 2014.

Como calcular o IDH 2014

Mas afinal, como será calculado o IDH 2014? Assim como nas edições anteriores da pesquisa, o IDH 2014 deverá ser definido a partir de três distintas vertentes que são capazes de notar se aquele país está ou não em desenvolvimento. A primeira questão analisada é a vida longa, ou seja, uma média de quantos anos os cidadãos estão vivendo, considerando é claro as diferenças de sexo, idade, classe econômica e etc. Vida saudável também faz parte desses requisitos, mas o que mais preocupa os brasileiros que já pensam no resultado do IDH 2014 é a questão do acesso à educação e padrão de vida, afinal, esses aspectos são os que derrubam o Brasil quando considerado o IDH.

Últimas notícias

Desde 2011 o Brasil vem mantendo uma mesma média no que diz respeito ao IDH. Na última pesquisa, no ano de 2013, o Brasil ficou em 85º lugar no ranking dos países mais desenvolvidos, o que deixou os brasileiros a desejar, afinal, como um país com a 6ª melhor economia do mundo pode estar tão baixo num ranking de desenvolvimento humano? Uma única resposta seria a falta de investimento na população.

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O Brasil ficou com 0,730 de IDH, o que ainda é considerado elevado, mas levando em consideração que este ficou bem no meio do ranking, poderia estar muito melhor, até porque o país ficou abaixo praticamente de todos os outros países da América do Sul, pois tanto o Chile, quanto a Argentina, Uruguai e Peru estão na nossa frente, enquanto a Colômbia e Equador estão quase nos ultrapassando.

Mais informações IDH 2014

Vale destacar, é claro, quais são os países com maior desenvolvimento humano, o que talvez garanta que estes também estejam na liderança no IDH 2014. O primeiro lugar foi merecidamente dado à Noruega, seguido de países desenvolvidos como a Austrália e os Estados Unidos, que ficou com a terceira posição.

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Pouco podemos saber ainda sobre como ficará o ranking do IDH 2014, sendo que o que nos resta então é continuar acreditando em nosso país, clamando por melhorias nos setores educacionais e de saúde e segurança, principalmente.

Disponível em: http://www.tudoemfoco.com.br/idh-2014.html#sthash.NDeZrXjd.dpuf Acesso em: 05 mai

2014. Adaptado.

Entenda os índices

No geral

No Brasil

Disponível em: http://oglobo.globo.com/infograficos/idh/ Acesso em: 05 mai 2014.

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O que esperar de uma economia que se atenta à qualidade de vida, ao conhecimento que

forma, informa e transforma? Gostaríamos de contar com a intercecção entre economia e

meio ambiente. Neste momento, porém, queremos apenas iniciar uma conversa que terá

continuidade na próxima Coletânea. Acompanhe as ideias ou a rota indicada.

Estudo mostra economia e meio ambiente em rota de colisão Rolf Wenkel, da Agência Deutsche Welle

Aumento do abismo entre ricos e pobres, endividamento estatal e prejuízos causados pelas mudanças climáticas indicam que o mundo enfrenta riscos crescentes, alerta relatório do Fórum Econômico Mundial.

O relatório Riscos Globais 2013, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, é resultado de uma pesquisa de opinião que envolveu mais de mil especialistas em economia, política, ciência e sociedade. A maioria deles apontou a grave disparidade econômica como o risco mais provável de se manifestar no decorrer dos próximos dez anos.

As consequências mais graves seriam desencadeadas por uma eventual crise financeira sistêmica. Entre cinco maiores riscos citados tanto pelo impacto como pela probabilidade estão os desequilíbrios fiscais crônicos e a escassez no abastecimento de água.

Duas tormentas

Depois de um ano com eventos climáticos extremos e devastadores – da tempestade tropical Sandy às inundações na China –, o aumento das emissões de gases causadores do efeito estufa é mencionado pelos pesquisados como o terceiro risco global mais provável. Para os especialistas, a consequência mais grave da próxima década será a falta de adaptação às mudanças climáticas – considerada um perigo para o meio ambiente.

“A lista de riscos globais apresenta um sinal de alerta a respeito de nossos principais sistemas”, disse Lee Howell, diretor do Fórum Econômico Mundial e um dos editores do relatório.

“O mundo passa atualmente por duas tormentas”, disse John Drzik, presidente do grupo de consultoria empresarial Oliver Wyman. “Nós vemos uma tormenta ecológica e uma econômica – e as duas estão em rota de colisão. Se nós não investirmos em medidas para prevenir o crescente risco de eventos climáticos graves, o bem-estar global das futuras gerações estará em perigo.”

Perigos interligados

Os riscos socioeconômicos considerados urgentes levaram à redução dos esforços para controlar as mudanças climáticas. Segundo o estudo, a principal causa seria uma percepção distorcida do aquecimento global – mesmo com os eventos climáticos extremos.

No setor de saúde, os editores do relatório alertam para uma falsa sensação de segurança promovida pelos avanços da medicina. “Um dos meios mais efetivos e utilizados para proteger a vida humana – o uso de compostos antibacterianos e antimicrobianos (antibióticos) – pode não ter mais a mesma eficácia no futuro próximo”, diz trecho do estudo.

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Reação digital em cadeia

Em todos os ramos da comunicação – da imprensa à internet – sempre foi difícil antever como a tecnologia vai transformar a sociedade. A democratização do acesso à informação, de modo geral, é considerada positiva.

Contudo, os editores do estudo advertem para consequências desestabilizadoras e imprevisíveis como, por exemplo, as revoltas causadas pelo filme anti-islâmico “Inocência dos Muçulmanos”, postado no YouTube. Ao passo em que a tradicional função de controle da mídia desaparece, aumenta o perigo de reações em cadeia como essas.

Em duas semanas, o relatório Riscos Globais 2013 será discutido no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça – de 23 a 27 de janeiro. Para isso, são esperados novamente influentes economistas, cientistas e políticos – entre eles a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev. Eles planejam discutir possibilidades de fortalecer o sistema econômico contra os riscos globais e, ao mesmo tempo, restringir os impactos das catástrofes ambientais.

Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/estudo-mostra-economia-e-meio-ambiente-em-rota-de-colisao/ Acesso em: 22 abr 2014.

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LIVROS

O Brasil e o Capital no Século XXI Fernando Dantas*

Um fenômeno está varrendo o pensamento econômico contemporâneo. Como há muito tempo não se via, um livro está provocando uma tempestade de debates nos países mais ricos do mundo, especialmente nos Estados Unidos, e as ondas devem chegar em breve a todas as partes do mundo, inclusive ao Brasil.

Trata-se de “O Capital no Século XXI”, do economista francês Thomas Piketty, de 42 anos, que nas últimas semanas vem sendo comparado a Marx, Keynes, Tocqueville, com seu livro de quase 700 páginas na tradução inglesa (incluindo índice, tabelas e ilustrações) alcançando o primeiro lugar de venda da Amazon, e sendo comparado aos grandes clássicos dos fundadores da Economia (inclusive O Capital, de Marx, ao qual o título faz alusão).

O sucesso é tanto que a imprensa americana vem descrevendo a viagem do autor pelos Estados Unidos como um tour de rock star, em que palestras acadêmicas normalmente sonolentas transformam-se em eventos de forte excitamento, com pessoas acumulando-se pelos cantos, lutando para entrar na sala e telões instalados

para os que ficaram de fora.

Parecem ser duas as razões para o sucesso estrondoso de Piketty e seu livro. O primeiro é que o tema central é a desigualdade, que se transformou na grande questão dos países ricos depois da crise global de 2008 e 2009.

O segundo motivo é que Piketty não é mais um filósofo ou intelectual de humanas pouco versado em números tecendo vociferações retóricas ou elucubrações incompreensíveis contra as injustiças e opressões do mundo. Na verdade, o francês é um economista com forte base matemática, que foi professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) entre 1993 e 1995. Além disso, seu livro é em grande medida baseado num trabalho (em equipe) maciço e exaustivo ao longo de 15 anos, de levantamento de bases de dados sobre riqueza e renda em diversos países, em boa parte a partir de fontes tributárias.

Em outras palavras, o autor de “O Capital no Século XXI” não pode ser descartado como alguém “que não sabe fazer contas”, como os economistas mais bem preparados costumam se referir (várias vezes com razão) aos que “contestam o sistema” apenas com argumentos emocionais.

A tese central do livro, a esta altura já bastante conhecida e divulgada, é que o capitalismo tende, sim, a aumentar a desigualdade, porque os rendimentos do capital crescem mais do que o PIB, que é o parâmetro para a tendência de expansão da renda do trabalho. Assim, por mais que os trabalhadores labutem, a sua renda ficará progressivamente defasada em relação à riqueza dos capitalistas, muito dos quais simplesmente herdaram suas fortunas.

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Evidentemente, o livro trata de muitos outros temas, como as super remunerações dos executivos americanos, para as quais Piketty não enxerga fundamento em termos de produção de valor econômico equivalente. Um charme extra do livro são digressões sobre desigualdade e heranças, a partir de fontes literárias como Honoré de Balzac e Jane Austen.

Piketty também busca mostrar como a queda da desigualdade nas economias mais avançadas em meados do século passado foi um acidente de percurso, causado por grande destruição de riqueza no topo da distribuição em função de episódios históricos como a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. A partir dos anos 80, porém, a lógica básica do capitalismo se reinstalou, e a desigualdade voltou a crescer.

Piketty propõe, como solução para o problema por ele indicado, aumento da progressividade dos impostos e uma tributação global sobre a riqueza.

Apesar da aclamação como um livro com fôlego de clássico, o que é reconhecido mesmo pelos que discordam das teses de Piketty, “O Capital no Século XXI” está longe de ter se tornado uma unanimidade. Como seria de esperar, os muitos dados, interpretações e teses do trabalho estão sendo contestados e discutidos acirradamente. Não há dúvida, porém, de que o livro mudou a configuração do debate econômico atual, em cujo centro permanecerá por muito tempo.

Brasil

No Brasil, um país que na verdade reduziu notavelmente a desigualdade de renda ao longo de quase 15 anos, será curioso observar o impacto de O Capital no Século XXI e seus possíveis efeitos na discussão eleitoral.

Um fato que chama a atenção é que a distribuição no Brasil melhorou por razões que não estão no centro dos debates provocados pelo livro de Piketty. Aqui, a queda da desigualdade esteve ligada a aumento da formalização, elevação do salário mínimo, massificação de programas sociais e melhora da educação. Esses ingredientes, porém, não têm fôlego infinito – quando e se o Brasil reduzir o seu nível ainda elevadíssimo de desigualdade para padrões mais normais, nossas armas atuais de distribuição serão menos eficazes, e os mecanismos inerentes ao capitalismo apontados por Piketty podem levar a má distribuição a recrudescer.

No Brasil, apesar de toda a melhora social recente, os muito ricos são ainda pouco tributados na comparação com outros países, como mostra recente levantamento da PricewaterhouseCoopers (PWC) produzido para a BBC Brasil. É um assunto que teria tudo para esquentar o debate eleitoral.

Este é um livro que vai mudar muito a maneira como pensamos a sociedade e o modo como fazemos economia. (Paul Krugman, professor na Universidade de

Princeton e Prêmio Nobel de Economia).

*Fernando Dantas é jornalista da Broadcast (fernando.dantas at estadao.com)

Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/fernando-dantas/o-brasil-e-o-capital-no-seculo-xxi/ Acesso em: 03 mai 2014.

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Riqueza e a vida boa

Lucas Miotto Lopes Nos tempos de crise econômica os meios de informação ficam abarrotados de estudos empíricos, suposições de causas incertas, conjecturas de especialistas e dos que arriscam palpites ao vento a fim de demonstrar sua pseudo-erudição. São, como muitos dizem, tempos de oportunidades, tempos de mudança. Mas oportunidades do quê? Mudanças do quê? Será mesmo que a elaboração de bilionários planos econômicos é a solução última que a economia pode realizar atualmente? Talvez haja uma lacuna, uma parte perdida que poderia direcionar a economia a um fim menos arenoso; e é dessa parte perdida que Amartya Sen nos fala nesse livro: a ética.

Nesse pequeno livro, resultado de algumas conferências proferidas pelo autor em Berkeley no ano de 1986, Sen examina com sua linguagem clara e argumentos bem definidos a dissociação da ética e da economia que empobreceu tanto as análises econômicas quanto a filosofia moral. De fato, Sen defende que o que ocorreu foi uma dissociação e não uma falta de aproximação, pois desde Aristóteles a preocupação com a riqueza e os fins humanos relacionava-se com a pergunta ética

"Como devemos viver?". Dessa forma, o estudo da economia não só estava ligado à busca da riqueza, mas também à busca por objetivos mais básicos que garantiriam a vida boa. Além disso, o autor mostra que filósofos como Stuart Mill e Adam Smith também realizaram estudos econômicos levando em consideração questões éticas.

O principal argumento do autor para sustentar a tese da dissociação entre ética e economia é que a metodologia da economia moderna e, principalmente, da economia contemporânea, ao dar mais ênfase às análises econométricas e assumir como pressuposto o comportamento individual auto-interessado baseado na "escolha racional", deixou de lado toda a complexidade analítica que a ética poderia oferecer ao estudo do comportamento humano real, bem como a contribuição da economia de "bem-estar", a qual se ocupa justamente de questões sociais. Sen também defende que a economia moderna e contemporânea, apesar de desprezar as questões éticas também pode oferecer à filosofia moral e à economia de bem-estar métodos e modelos que facilitariam a compreensão de certos aspectos da sociedade. Em suma, a análise logística da economia moderna combinada com a ética e com a economia de bem-estar poderia gerar benefícios mútuos.

Outro ponto relevante é que nessas análises econômicas os direitos, fundamentais para o funcionamento da economia, bem como para a vida coletiva em si, são vistos meramente como instrumentos para obtenção de eficiência e outros bens, ou utilidades. Não há qualquer valor intrínseco no gozo de direitos, nem mesmo na sua existência.

O autor, ao discorrer sobre alguns pontos, não se aprofunda em seus pormenores, o que faz a obra ter caráter introdutório, fato que pode decepcionar alguns leitores mais avançados. Mas para esses leitores Sen sempre indica boas referências bibliográficas sobre tais pontos. É uma obra imprescindível para os interessados em filosofia e economia, seja pela centralidade dos temas abordados, seja por sua simplicidade, clareza e consistência.

Disponível em: http://criticanarede.com/eticaeeconomia.html Acesso em: 05 mai 2014.

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Filmes

Lições de empreendedorismo de 7 filmes indicados ao Oscar

Especialistas em negócios apontam lições que os empreendedores podem tirar de sete dos nove filmes

indicados ao Oscar 2014

1. Aprenda a gerenciar crises: no filme "Capitão Phillips", o capitão Richard Phillips (Tom Hanks) comanda um navio cargueiro que é atacado por ladrões armados e, mesmo diante de uma situação inesperada, ele planeja um jeito para salvar a si mesmo e a sua tripulação; "assim como no filme, o empresário lida com dificuldades e fatores externos que podem afetar a empresa [...] é preciso ter planejamento e foco para superar tais obstáculos", diz o especialista em neurolinguística e diretor da empresa de treinamentos ITMPro, Sergio Tovanni Leia mais Divulgação/Sony

Na lista de filmes indicados ao Oscar, que será entregue no próximo domingo (2), há produções que merecem atenção dos empreendedores. Em "Capitão Phillips", por exemplo, o capitão do navio (Tom Hanks) precisa lidar com um ataque inesperado de ladrões e planejar um jeito de salvar sua tripulação.

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2. Determine as funções certas para as pessoas certas: em "Trapaça", o casal de malandros Irving Rosenfeld (Christian Bale) e Sydney Prosser (Amy Adams) é recrutado pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper) para desmanchar um esquema da máfia em troca do perdão pelos seus crimes; segundo Tovanni, apesar de os personagens terem uma conduta politicamente incorreta, a grande lição do filme é a formação de uma equipe com as pessoas certas para cada função que, em uma pequena empresa, é essencial para o crescimento Leia mais Divulgação

3. Seja um líder na empresa: "O Lobo de Wall Street" conta a história de Jordan Belfort (Leonardo

DiCaprio), que enriquece enganando investidores no mercado de ações; para Tovanni, a conduta

do personagem é reprovável, mas o carisma e a capacidade de influenciar as pessoas fazem dele

um grande líder Leia mais Divulgação/Paris Filmes

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4. Identifique oportunidades no mercado: em "Clube de Compras Dallas", o caubói Ron Woodroof (Matthew McConaughey) descobre que tem Aids e para prolongar a própria vida, ele questiona a indústria farmacêutica americana e passa a vender remédios e drogas alternativos nos EUA; de acordo com coordenador do curso de administração da Fiap, Cláudio Carvajal, apesar de a atividade ser ilegal, o personagem identificou um problema, descobriu uma solução e encontrou um público consumidor, passos essenciais para a criação de um negócio Leia mais Anne Marie Fox/Focus Features

5. Levante-se após uma queda: na trama "12 Anos de Escravidão", Solomon Northup (Chiwetel

Ejiofor) é sequestrado e vendido como escravo a um fazendeiro (Michael Fassbender) mas,

depois de 12 anos, ele conhece um advogado (Brad Pitt) que consegue libertá-lo; para Carvajal, a

atitude do personagem de enfrentar o fazendeiro e continuar lutando por sua liberdade mesmo

após ser castigados serve de inspiração para o empreendedor Leia mais Divulgação

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6. Use a criatividade para superar obstáculos: no filme "Gravidade", a doutora Ryan Stone

(Sandra Bullock) fica parte da história sozinha no espaço, após sua nave ser atingida por

destroços de um satélite, deixando-a sem comunicação com a Terra e com pouco oxigênio;

segundo o consultor do Sebrae-SP Gustavo Carrer, esta solidão e a falta de recursos acontecem

em vários momentos da pequena empresa, especialmente no início; "o empresário precisa ser

criativo e persistente, assim como a personagem, para alcançar suas metas", declara Leia mais

Divulgação/Warner Bros. Pictures

7. Tenha foco e metas definidas: em "Philomena", a personagem que dá nome ao filme (Judi

Dench) tenta reencontrar o filho dado para adoção após 50 anos e, para isso, conta com a ajuda

de um jornalista (Steve Coogan); para Carrer, a principal lição da trama é a perseverança; assim

como a personagem, o empreendedor precisa traçar um objetivo de vida e não desistir no meio da

jornada Leia mais Divulgação/Paris Filmes

Disponível em: http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2014/02/28/veja-licoes-de-

empreendedorismo-de-7-filmes-indicados-ao-oscar.htm Acesso em: 05 mai 2014.

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Música

Sonho médio

Dead Fish

Amanheceu mais uma vez É hora de acordar para vencer

E Ter o que falar Alguém para mandar, uma vida pra ordenar

Poder acumular e ai então viver Viver e prosperar, mais nada a pensar Me myself and I, e assim permanecer

Credicard e status quo que é tudo que penso ser Ilusão é questionar

O sonho médio vai, vai te conquistar

E todo dia iremos juntos ao shopping pra gastar

Ter e sempre acreditar, princípio meio e fim A hipocrisia vai vencer, vou sorrir pra você

Será uma festa em meio ao caos e as pessoas feias pagarão Pois somos os eleitos, pelo menos achamos ser

Nossa raça é superior, mas vou fingir ser daquela cor

Roberto Campos é o nosso guru E para sempre seremos liberais pra trabalhar, pra viver!

Não me importa se meus filhos não terão educação Eles têm é que Ter dinheiro e visual O sonho médio vai, vai te conquistar

Mentalidade de plástico e uma imagem a zelar

http://www.vagalume.com.br/dead-fish/sonho-medio.html

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Frases

(http://www.amopoesias.com/frases-de-economia.html)

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Charges

http://brasileducom.blogspot.com.br/2012/10/em-defesa-da-civilizacao.html

http://www.alemdeeconomia.com.br/blog/?p%3D11490

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http://muriloprofessor.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html

http://tribunadaimprensa.com.br/?m=201403

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http://laranjanafeijoada.blogspot.com.br/2013/11/charge-banco-e-copa-do-mundo.html

http://www.nanihumor.com/2011/05/162-milhoes-na-miseria-extrema.html

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Considerações Finais

Conforme você acompanhou neste material, não tínhamos a intenção de revelarmos

apenas dados estatísticos e, portanto, limitarmo-nos aos gráficos e tabelas. Na verdade,

intencionamos mostrar a você que falar de economia vai muito além, se quisermos pensar

profundamente na questão...

O que são os índices, os cálculos, as medidas, os projetos, os planos e pacotes se não

houver um princípio ético que norteie qualquer medida econômica. Até porque a

economia sem ética seria o mesmo que um crescimento sem parâmetros, sem rumo. Até

mesmo a produtividade ficaria sem sentido...

Como haveria produtividade sem conhecimento e qual a razão deste senão para

consolidar princípios que norteiem um desenvolvimento econômico humano justo e

igualitário, gerando vida digna e pensamento crítico na população...

Como vimos, o desenvolvimento humano custa caro... Na verdade, é incalculável,

intangível, segundo um dos textos... E, assim, não deve ser passível de banalização.

Deve, portanto, pautar-se “na moeda do século que se chama conhecimento, ou seja, nos

conhecimentos intelectuais inerentes aos indivíduos que os torna diferentes uns dos

outros”.

Deixamos aqui este desafio a você. Que você faça uso do conhecimento, bem como o

produza, focando no crescimento econômico que preza pelo desenvolvimento humano

integral pautado na riqueza do ser, no sucesso de viver dignamente, na realização de

compartilhar com o outro os êxitos que a vida traz.

Sucesso! Até a próxima!