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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Gestão Pública Trabalho de Conclusão de Curso Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Gestão Pública Trabalho de Conclusão de Curso A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA COMO INSTRUMENTO DE PREVENÇÃO E COMBATE A ERROS, FRAUDES E CORRUPÇÕES AUTORA: Avani Almeida de Souza ORIENTADOR: Prof. MSc. Marco Antônio Nunes Bastos Brasília - DF 2014

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em ... · Pretende-se mostrar ainda, que a auditoria, sob qualquer modelo, depende da necessidade de se manter um sistema de

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Lato Sensu em Gestão Pública

Trabalho de Conclusão de Curso

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Gestão Pública

Trabalho de Conclusão de Curso

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA COMO INSTRUMENTO DE PREVENÇÃO E COMBATE A ERROS,

FRAUDES E CORRUPÇÕES

AUTORA: Avani Almeida de Souza ORIENTADOR: Prof. MSc. Marco Antônio Nunes Bastos

Brasília - DF

2014

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo geral relatar a importância da auditoria

interna como instrumento de prevenção e combate a erros, fraudes e à corrupção no âmbito

das organizações. Tem como objetivos específicos: Mencionar os objetivos da Auditoria

interna e sua função dentro das organizações; Apontar a relevância deste procedimento no

auxílio a administração, também, na identificação de erros, fraudes e combate à corrupção;

Apresentar os conceitos e características de controle interno e Relatar o utilização da

Auditoria Interna pela empresa Correios.

A metodologia adotada é de natureza bibliográfica, tomando por base as obras de

autores que abordam o tema, visitas a web sites, monografias, teses e outras fontes, a fim de

proporcionar maior conhecimento sobre os instrumentos utilizados pela auditoria interna na

detecção e prevenção de fraudes e de corrupções.

Destaca-se a relevância do atual estudo, haja vista que entrou em vigor no Brasil a

Lei 12.846/2013, chamada de Lei Anticorrupção. A citada lei estabelece responsabilidade

civil e administrativa a pessoas jurídicas por atos cometidos contra a administração pública

nacional e estrangeira, especialmente os relacionados a práticas corruptas.

Com a nova lei em vigor, torna-se ainda mais importante a adoção de programas

corporativos de conformidade. As empresas terão que criar ou aperfeiçoar mecanismos para

evitar a ocorrência de atos contra a administração pública e privada e, caso ocorram, será

importante que possuam programas efetivos de compliance que possam ser utilizados para

atenuar as penalidades a que estarão sujeitas.

Pretende-se mostrar ainda, que a auditoria, sob qualquer modelo, depende da

necessidade de se manter um sistema de gestão de controle interno e da execução da auditoria

de forma eficaz. A auditoria visa conseguir elementos que exprimam a verdade e que

permitam analisar se os diferentes registros previstos foram efetuados em consonância com os

princípios Contábeis e de Controle, geralmente, aceitos. O controle interno, em instituições

governamentais representa os vários procedimentos, rotinas e mecanismos, cuja função é

proteger o patrimônio público representado pelos ativos da organização.

Palavras-Chave: Auditoria Interna, controle interno, erros, fraudes, corrupção.

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ABSTRACT

This work has as main objective to report the importance of internal audit as a tool to

prevent and combat the errors, fraud and corruption within the organizations. Its specific

objectives are: Mention the goals of internal audit and its function within organizations;

Pointing the relevance of this procedure to help the administration also in identifying errors,

fraud and anti-corruption; Present the concepts and internal control features and report the use

of Internal Audit by Post company.

The methodology adopted is a bibliographic nature, based on the works of authors

who address the subject, visits to web sites, monographs, theses and other sources in order to

provide greater knowledge of the instruments used for internal auditing in the detection and

prevention fraud and corruption.

Highlights the relevance of the present study, considering that entered into force in

Brazil Law 12,846 / 2013, called Anti-Corruption Law. The aforementioned law establishes

civil and administrative liability to legal persons for acts committed against national and

foreign government, especially those related to corrupt practices.

With the new law in place, it becomes even more important to adopt corporate

compliance programs. Companies will have to create or improve mechanisms to prevent the

occurrence of acts against public and private administration, and if so, it is important that have

effective compliance programs that can be used to mitigate the penalties to which they are

subject.

It is intended to show also that the audit in any model depends on the need to

maintain an internal control management system and performing the audit effectively. The

audit aims to achieve elements expressing the truth and for analyzing the different records

provided were performed in accordance with generally accepted accounting principles and

control generally accepted. The internal control in government institutions represents the

various procedures, routines and mechanisms whose function is to protect the public property

represented by the organization's assets.

Keywords: Internal Audit, Internal Control, errors, Fraud, Corruption

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1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem a finalidade de avaliar a importância da auditoria interna na

prevenção e combate a erros, fraudes e à corrupção, haja vista que a auditoria como um

instrumento de controle interno tem auxiliado cada vez mais a administração no combate a

fraudes e identificação de erros.

Em todo o mundo, a ocorrência de fraudes tem se mostrado um grande problema

tanto em organizações públicas quanto em empresas privadas, e tem demandado maiores

atenção e cuidado por parte dos governos, dos gestores e dos órgãos responsáveis pelos

controles interno e externo, especialmente dos auditores internos, que tem um papel de

extrema importância tanto na prevenção quanto no combate a essas fraudes.

A ocorrência de fraudes tem se apresentado como um problema mundial, atingindo

empresas públicas e privadas, demandando uma atenção especial das autoridades públicas, de

executivos e gestores, e dos órgãos de controles internos e externos, particularmente dos

auditores internos. Os casos de fraudes evidenciados pela Polícia Federal, divulgados pela

mídia, envolvendo funcionários de empresas públicas e privadas, vêm crescendo nos últimos

anos, preocupando os gestores dessas empresas. Toda e qualquer organização está sujeita a ser

vítima de erros e fraudes. Por isso é necessário que as organizações tratem a fraude e os erros

como um risco que faz, ou pode, a qualquer momento, fazer parte do seu negócio.

Muitas organizações ainda não tratam a fraude como um risco inerente ao seu

negócio, ocasionando a falta de cuidados necessários por parte de seus gestores em manter ou

implementar uma adequada estrutura em seus controles internos.

A cada ano vem aumentando o número de casos de fraudes em processos licitatórios e

contratos, assim como a prática de corrupções dentro das empresas públicas e privadas,

praticadas por empregados em acordos maliciosos com prestadores de serviços e

representantes das empresas contratadas. Geralmente essas fraudes acontecem depois que os

empregados ganham a confiança e o respeito dos colegas e identificam controles fracos e

oportunidades para explorar o negócio. Este cenário fez com que as organizações

percebessem a necessidade de buscar mecanismos para coibir essas práticas e de aprimorar os

mecanismos de controles internos de combate a essas fraudes.

Destaca-se a relevância do atual estudo, haja vista que entrou em vigor no Brasil a Lei

12.846/2013, chamada de Lei Anticorrupção. A citada lei estabelece responsabilidade civil e

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administrativa a pessoas jurídicas por atos cometidos contra a administração pública nacional

e estrangeira, especialmente os relacionados a práticas corruptas.

Com a nova lei em vigor, torna-se ainda mais importante a adoção de programas

corporativos de conformidade. As empresas terão que criar ou aperfeiçoar mecanismos para

evitar a ocorrência de atos contra a administração pública e privada e, caso ocorram, será

importante que possuam programas efetivos de compliance que possam ser utilizados para

atenuar as penalidades a que estarão sujeitas.

1.1 Problema

Entende-se que todo cenário propício à corrupção também se torna propício a

fraudes. Logo, as empresas sejam elas públicas ou privadas menos auditadas também são

aquelas com o maior número de fraudes.

Verifica-se, então, a carência de auditores para a realização desses trabalhos, mesmo

nas organizações que detém quadro de auditores em número suficiente identifica-se a pouca

formação e preparo desses profissionais para a realização dos trabalhos voltados para a

identificação de fraudes.

Diante do exposto, pretende-se demonstrar que, a partir do reconhecimento da

auditoria interna como uma das partes mais relevantes dos controles internos, esta poderá

contribuir mais efetivamente na proteção dos ativos da organização agindo proativamente, por

meio da utilização de ferramentas apropriadas e tempestivas.

A pergunta central que norteará este trabalho é:

a) Quais os procedimentos mais adequados, que podem ser utilizados pela auditoria interna para prevenir a ocorrência de fraudes e a corrupção nas organizações auditadas?

O presente trabalho procurou responder ao problema apresentado, por meio de

aprofundamento e revisão de literatura sobre itens relacionados ao tema.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo é reservado à fundamentação teórica do trabalho. Nele, buscou-se fazer

uma revisão preliminar da literatura disponível acerca do tema abordado, apresentar os

conceitos e fundamentos básicos da auditoria interna, analisando o embasamento conceitual

em uma visão sistêmica, contribuindo para cumprir a missão da organização como um todo.

A seguir, relata-se a origem do controle interno e da auditoria interna, numa visão mundial e

no Brasil. Paralelamente a este contexto, apresentam-se as principais diferenças entre

auditoria interna e externa, a importância e o objetivo da auditoria interna para as

organizações públicas e empresas privadas.

Pretende-se apresentar também os conceitos de erros, fraudes e de corrupção, além

disso, expor uma visão e perspectivas para o futuro da auditoria interna.

2.1 Controle Interno

A palavra controle vem do francês contre-rôle, que era um registro realizado em

confronto com os documentos originais, com o objetivo de conferir a fidedignidade dos

dados.

De acordo com o AICPA (American Institute of Certified Public Accountantes),

controle interno é o plano da empresa e todos os métodos e medidas coordenados,

direcionados a determinada organização com a finalidade de proteger seus bens, verificar a

exatidão e a fidelidade de seus dados contábeis, impulsionar a eficiência e incentivar a

obediência às diretrizes administrativas estipuladas.

Complementando esse conceito, o COSO (Committee of Sponsoring Organizations

of the Treadway Commission) afirma que o controle interno é um processo executado pelo

Conselho de Administração e por outros membros da organização com a finalidade de

oferecer um grau de confiança aceitável na concretização dos objetivos relacionados à

eficiência e à eficácia dos recursos, à confiabilidade da informação financeira e ao

cumprimento das leis e normas determinadas.

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Dentro do controle interno, tem-se a auditoria interna, que existe para, dentre outras

funções, examinar a eficiência e a eficácia do controle patrimonial inserido com a finalidade

de proclamar uma opinião acerca de certa informação.

2.2 Auditoria: Origem no Mundo e no Brasil

O surgimento da auditoria é impreciso. Não há datas nem locais exatos que

estabeleçam quando e onde surgiu a auditoria. Sabe-se que no início no século XIV foi criado

o cargo de Auditor do Tesouro da Inglaterra, durante o reinado de Eduardo II.

Magalhães (2001) diz que a auditoria teve origem com o aparecimento das grandes

empresas, surgindo então a necessidade de criar credibilidade nos registros contábeis, na

tributação do imposto de renda na Inglaterra, de empresas formadas por capitais de muitas

pessoas e grandes companhias inglesas de comércio e navegação.

Em uma visão mais moderna, Attie (1998) afirma que surgimento da auditoria está

relacionado à necessidade de confirmação por parte dos investidores e proprietários quanto à

realidade econômico-financeira visível no patrimônio das empresas e, principalmente, em

virtude do aparecimento de grandes empresas multinacionais e simultâneo desenvolvimento

econômico que propiciou participação acionária na formação do capital de muitas empresas.

No Brasil, a primeira evidência palpável da prática de auditoria ocorreu com o

Decreto nº 2935, de 16 de junho de 1862, que aprovava a reorganização da Companhia de

Navegação por vapor Bahiana – Anonyama. Tanto o empreendimento em si quanto seus

estatutos deveriam ser aprovados por lei. Tal decreto, em seu capítulo XVII, denominado

“Dos Auditores”, dispunha que os auditores seriam designados pela primeira assembleia

ordinária de cada ano e que ficariam com a responsabilidade de analisar as contas da

companhia. Contudo, não há registros acerca do trabalho executado por esses auditores.

(Ricardino e Carvalho, 2004).

O primeiro parecer de Auditoria expedido no País foi o Balanço da São Paulo

Tramway Light & Power Co., referente ao período de junho de 1899 e dezembro de 1902,

autenticado pelos auditores canadenses Clarkson & Cross, atual Ernest Young.

Conforme Magalhães (2000), a Mc-Auliffe Davis Bell & Co foi a primeira empresa

de auditoria instalada no Brasil, no ano de 1909. Atualmente a empresa recebe o nome de

Arthur Andersen S.C. A segunda empresa a estabelecer-se no País foi a Price Waterhouse.

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Caminhando décadas à frente, Hoog e Carlin (2008) afirmam que os registros oficiais

de auditoria no Brasil datam do ano de 1972, quando o Banco Central do Brasil elaborou

normas oficiais de auditoria para o setor de mercado financeiro. A prática da auditoria

também se tornou obrigatória para a Bolsa de Valores, por meio da Lei nº 6.385/1976, logo

depois de regulamentada a Lei nº 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas). Entretanto, o

que se percebe é que, na prática, o mercado, de forma geral, emprega a auditoria como forma

de validação de resultados, quando essa deveria ser tida como uma ferramenta de gestão de

risco no âmbito das empresas.

2.3.Tipos de Auditoria

A auditoria foi classificada, na forma intervencionista, de duas maneiras: Auditoria

Externa e Auditoria Interna.

2.3.1 Auditoria Externa

A auditoria externa é o exame de todos os lançamentos contábeis onde o auditor se

certifica, se esses dados refletem adequadamente a real situação financeira e patrimonial da

empresa, se estas estão de acordo com as normas contábeis dando o seu parecer em relação a

eles.

Attiê (1992), classifica a auditoria em Externa ou Independente e Interna.

Uma das características que distingue a auditoria externa é justamente o grau de

independência que o auditor pode, e deve, manter em relação à empresa auditada.

A auditoria externa é realizada por profissional sem vinculo com o quadro da

empresa, a realização do trabalho ocorre de forma independente, onde o auditor se preocupa

com a confiabilidade dos registros.

A existência da auditoria externa não elimina a necessidade da auditoria interna ou

vice-versa. Cada uma delas dispõe de sua função e de diferentes objetivos.

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A auditoria externa vê a auditoria interna como um fortalecimento do controle

interno e uma redução na extensão dos seus trabalhos, desde que esta seja atuante,

independente e possua pessoal qualificado.

2.3.2 Auditoria Interna

A auditoria interna, por meio de suas atividades de trabalho, funciona, para a

administração, como uma forma de identificação de que todos os procedimentos internos e

políticas estabelecidos pela organização, bem como os sistemas contábeis e de controle

interno, estão sendo de fato obedecidos e que as transações feitas estão, contabilmente

falando, de acordo com os critérios determinados. (Attie, 1992)

Attie (1992) afirma ainda que a auditoria interna é uma ferramenta de trabalho

utilizada como meio de assessoramento à administração. As organizações, segundo o autor,

fazem uso da auditoria interna para saber se todos os procedimentos internos e políticos estão

sendo postos em prática conforme a maneira foram anteriormente estabelecidos.

Já Goreth (1992) afirma que auditoria interna é uma atividade que avalia, de forma

independente e em parceria com gestores e especialistas, a eficiência e a eficácia dos sistemas

de controle de toda a organização, agindo de forma proativa e preservando a obediência às

políticas definidas pela empresa, procurando acrescentar melhorias, propiciando subsídios aos

donos das empresas, no caso de instituições privadas, e aos gestores de modo geral, para a

tomada de decisões, tendo em vista a necessidade de que a missão da organização seja

cumprida.

2.4 Características e Funções da Auditoria Interna

Uhl e Fernandes (1981) consideram que a auditoria possui as seguintes

características, que a tornam, por sinal, eficiente e atuante:

a) Independência: significa que, para que os resultados da auditoria interna sejam positivos, é essencial que exista uma segregação entre a auditoria interna e os

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demais departamentos da organização, podendo essa se dirigir diretamente à alta administração, contando com total liberdade de investigação, de seleção de suas atividades e de execução, o que faz com que a atuação dos auditores internos ocorra de forma altamente independente. É fundamental ressaltar que a atividade de auditoria interna é completamente profissional e seu principal objetivo é fazer julgamentos profissionais, logo há a necessidade do mais alto grau de imparcialidade, objetividade e integridade. b) Pessoal qualificado: obviamente que, para que seja eficiente e eficaz, como qualquer outra atividade, é essencial que a auditoria interna disponha de pessoas competentes, com os conhecimentos necessários de contabilidade e das áreas de auditoria, e esse pessoal deve ser aproveitado adequadamente ao desenvolver suas tarefas, conforme os objetivos que foram estabelecidos, tendo em vista as dificuldades e os problemas encontrados no decorrer do desenvolvimento dos trabalhos. Os conhecimentos do auditor envolvem todas as áreas da organização, mas envolvem, especialmente, matérias contábeis, econômicas, financeiras, administrativas e de controle.

Quanto às funções da auditoria, Attie (1992) afirma que a auditoria interna moderna

possui cinco funções básicas, quais sejam:

a) avaliação de políticas: abrangendo todas as diretrizes, normas, metas, orçamentos e objetivos da organização; b) avaliação da organização: englobando a própria estrutura, grau de delegações, controle interno e, para a consecução das metas, dos orçamentos e dos objetivos; c) avaliação dos registros e informações: é necessário que os demonstrativos contábeis, financeiros e relatórios administrativos e de gestão estejam adequados e constantemente apresentados aos responsáveis e/ou interessados; d) testes de auditoria: em níveis e quantidades que sejam o bastante para garantir a exatidão, adequação, desempenho, eficiência e completabilidade tanto das diretrizes e planos como das operações e transações; e) assessoramento: simplificação dos procedimentos e, dessa forma, otimização de custos. Melhoria na execução e aumento da eficiência das áreas.

2.5 Modalidades de Auditoria Interna

De acordo com Lawrence (1973), dentro da evolução normal de suas atividades, tem

sido demandado que o departamento de auditoria interna se estruture de forma a subdividir

suas atribuições, criando áreas especificas de atuação, as chamadas auditorias de

especialização, sendo elas:

a) Auditoria Contábil: tem como objetivo garantir a veracidade das demonstrações financeiras da organização, por meio da análise dos procedimentos e controles contábeis, de acordo com princípios contábeis geralmente aceitos.

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b) Auditoria Operacional: atividade que visa a melhorar a eficiência dos sistemas operacionais, bem como minimizar custos, por meio da análise do cumprimento dos objetivos estabelecidos pela direção da organização e verificação dos controles e procedimentos aplicados, ou ainda é aquela que tem por fim específico a melhoria das operações que estão sendo verificadas. c) Auditoria Fiscal: essa modalidade se propõe a verificar se os controles internos são eficientes para garantir um bom relacionamento entre o fisco e o contribuinte, procurando estabelecer o procedimento ideal na aplicação da legislação fiscal. d) Auditoria Gestional: a auditoria gestional atua de forma que o fator sistêmico admita importância preponderante, ficando a avaliação focada nos resultados obtidos em cada sistema. Nessa linha de atuação, a ação da auditoria de gestão tem como enfoque principal as análises acerca de fatores como custo/benefício e processo decisório dos gestores. e) Auditoria de Sistemas: conhecida como “auditoria através de computador”, sua sistemática vem sendo dirigida para avaliar a intensidade do controle interno contido no sistema de processamento eletrônico de dados, conferir o grau de segurança quanto a completabilidade, confidencialidade e registro dos dados processados, bem como garantir a integridade física dos equipamentos. f) Auditoria Analítica: versa sobre a revisão detalhada dos sistemas contábeis e operacionais, por meio da descrição narrativa, ou utilizando a técnica do fluxograma. O objetivo principal da auditoria analítica é avaliar a fidedignidade do sistema contábil, que pode ser de duas formas: analisando todos os documentos ou registros por ele produzidos; avaliando a estrutura e projeto do próprio sistema contábil. g) Auditoria Administrativa: objetiva investigar, observar, analisar e verificar a capacidade e eficiência administrativa dos dirigentes em nível de gerente, chefe de departamento, encarregado de setor, responsável por serviço, enfim todo aquele que por força de obrigações e responsabilidades funcionais deve dar fiel cumprimento às normas emanadas da alta administração. h) Outras Auditorias: são todos os demais tipos de auditorias, que visam a atender as particularidades das organizações, como por exemplo, auditoria técnica, onde existam grandes obras; auditoria da qualidade industrial, onde haja necessidade de avaliar o conjunto geral das atividades, a fim de preservar o sistema de qualidade, impedindo a degradação desta.

2.6 Missão da Auditoria Interna

Conforme Goreth (1992), a missão da auditoria interna é auxiliar a administração,

por meio de exames adequados e eficazes dos controles internos da entidade, averiguando a

integridade e confiabilidade dos sistemas, examinando a observância das políticas, metas,

planos, procedimentos, leis, normas e regulamentos. Tem como missão também garantir a

eficiência, eficácia e economicidade do desempenho e utilização dos recursos, salvaguarda e

análise da exatidão dos ativos e passivos, objetivos, planos e meios de execução estabelecidos

com compatibilidade das operações e programas assessorar a ação de todos os níveis da

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administração e de sua equipe de trabalho, contribuindo de forma efetiva para o desempenho

de suas atribuições e responsabilidades, visando cumprir a missão da entidade; agregar valor

aos produtos oferecidos pela entidade; comprovar aos acionistas o grau de confiabilidade do

gerenciamento e condução do negócio por parte dos responsáveis pela entidade.

A prática da atividade de auditoria interna deve auxiliar o gestor na criação de uma

estratégia interna que possibilite posicionar melhor a organização no ambiente externo,

visando à identificação de erros e desvios, revisão do controle interno por parte do auditor,

exame e avaliação do planejamento, sistema de organização e de gerenciamento das

atividades, confrontamento do que foi realizado com o planejamento pelo gestor, levando a

um maior controle de sua área de trabalho e, consequentemente, a uma melhoria contínua da

organização como um todo.

2.7 A Importância da Auditoria Interna

Na visão de Goreth (1992) a auditoria interna mostra, de fato, sua importância se,

como parte integrante do sistema global de controle, auxiliar a alta administração através de

informações que possibilitem uma visão do que está ocorrendo na organização e emita

recomendações, por meio dos auditores, objetivando a correção de eventuais desvios ou a

mudança da ação organizacional, quando for necessária, nos momentos oportunos.

Já Attiê (1992) afirma que a auditoria interna se mostra importante no momento em

que a administração passa a precisar de alguém que lhes assegure que os controles e as rotinas

de trabalho estão sendo habitualmente cumpridos e que os dados contábeis, de fato, são

dignos de confiança.

2.8 Objetivos de Auditoria Interna

Goreth (1992) afirma que, quando surgiu, a auditoria interna tinha por objetivo ajudar

os gestores nos controles do cumprimento de normas contábeis e rotinas internas. Assim, a

auditoria interna tornou-se uma espécie de controle encarregado de avaliar a eficiência e

eficácia dos demais controles. Essa avaliação deveria ser completa e geral para todas as áreas,

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já que a auditoria interna é órgão da administração e, dessa forma, possui neutralidade e

autonomia em relação a qualquer outro setor.

Segundo Goreth (1992), dentre os objetivos mais significativos da auditoria interna

tem-se os seguintes:

a) Assessorar a administração, por meio da criação de informações para auxílio na tomada de decisão nos seus diversos níveis, voltando-se para o exame e avaliação dos sistemas de controle, bem como da qualidade do desempenho das áreas, concorrendo para o integral atendimento dos objetivos empresariais; b) Assegurar o alcance dos objetivos operacionais e dos negócios e garantir que os meios utilizados foram adequados e eficientes, em relação aos custos envolvidos, prazos estabelecidos e benefícios obtidos; c) Resguardar os ativos quanto a possíveis prejuízos, decorrentes de fraudes ou erros involuntários e garantir a exatidão dos ativos e passivos; d) Certificar, constantemente, a validade e integridade dos dados contábeis que deverão ser utilizados pela gerência para tomada de decisões, observando às políticas, planos, procedimentos, leis; e) Propiciar a eficiência operacional da instituição dentro de normas e rotinas pré-estabelecidas; f) Desenvolver controles que permitam informar à direção os riscos que podem influenciar no resultado da empresa; g) Evidenciar oportunidades a serem exploradas.

Na visão de Attie (1992) a auditoria interna tem como objetivo analisar a integridade

e a fidelidade das informações financeiras e operacionais e os meios utilizados para aferir,

localizar, classificar e comunicares informações; estudar os sistemas estabelecidos, para

assegurar a observância às políticas, planos, leis e regulamentos que tenham, ou possam ter

impacto sobre operações e relatórios, e definir se a organização está em conformidade com as

diretrizes; examinar os meios usados para a proteção dos ativos e, se necessário, comprovar

sua existência real; verificar se os recursos são empregados de maneira eficiente e econômica;

examinar operações e programas e verificar se os resultados são compatíveis com os planos e

se essas operações e esses programas são executados de acordo com o que foi planejado; e

comunicar o resultado do trabalho de auditoria e certificar que foram tomadas as providências

necessárias a respeito de suas descobertas.

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3. AUDITORIA INTERNA NO COMBATE A ERROS, FRAUDES E A CORRUPÇÃO

Cada vez mais a auditoria tem ajudado a administração no combate a fraudes e na

identificação de erros. Essa apuração de erros e fraudes exige uma revisão completa dos

registros contábeis e dos documentos, tendo em vista que muitos são dissimulados na

escrituração e outros não são contabilizados.

Há diversas razões que demonstram a importância da auditoria interna quando o

assunto é o combate a erros e a fraudes, principalmente quando o sistema é abrangido como

um todo, preservando as organizações contra fraudes e corrupções.

3.1 Fraudes: Conceitos e Características

A resolução nº 820/1997 do Conselho Federal de Contabilidade define fraude como

“o ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos,

registros e demonstrações contábeis.”

Gomes (2000) afirma que fraude é um termo genérico e engloba uma diversidade de

significados, levando-se em conta a ingenuidade dos seres humanos, que é usada por uma

pessoa para angariar uma vantagem sobre outra, por falsa apresentação da realidade existente.

Complementando, Martin (2002) destaca que “o termo fraude se refere a um ato

intencional por parte de um ou mais indivíduos da administração”, podendo acarretar na

manipulação ou na alteração de registros ou de documentos e na dilapidação de ativos da

organização. Ainda segundo o autor, a fraude “trata-se de um ato intencional, de uso doloso,

de documentos adulterados e/ou informações por pessoas não autorizadas, objetivando causar

prejuízos financeiros e/ou danos.

3.2 Fraude x Erro

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Conforme o Conselho Federal de Contabilidade, em sua resolução de nº 820/1997,

erro é “o ato não intencional resultante de omissão, desatenção ou má interpretação de fatos

na elaboração de registros e demonstrações contábeis.”

Tanto a fraude quanto o erro decorrem da culpa latu sensu, ou seja, da culpa em

sentido mais amplo. Todavia, enquanto o erro resulta da culpa em sentido estrito, a fraude está

ligada ao dolo, isso é, a pessoa fraudadora sempre age de maneira dolosa para alcançar seus

próprios objetivos. O fraudador age intencionalmente com a finalidade de omitir, manipular

ou adulterar documentos ou transações.

Tanto os erros quanto as fraudes são totalmente passíveis de ocorrer nas operações de

qualquer organização, seja pública ou privada, e, sobretudo no caso das fraudes, estas

precisam ser impedidas sempre que possível. Por isso, a existência de controles internos

nessas organizações ganha cada vez mais força, pois sistemas de controles internos eficientes

e eficazes são grandes inibidores de fraudes.

3.3 Corrupção

A palavra corrupção deriva do latim corruptus que, numa primeira acepção, significa

quebrado em pedaços e numa segunda acepção, apodrecido, pútrido. Por conseguinte, o verbo

corromper significa tornar pútrido, podre. Também pode ser entendida como o uso ilegal, por

parte de agentes públicos ou privados, do poder político ou financeiro, com o objetivo de

transferir renda pública ou privada de maneira criminosa para determinados indivíduos ou

grupos de indivíduos ligados por quaisquer laços de interesse comum — como, por exemplo,

negócios, localidade de moradia, etnia ou de fé religiosa.

A corrupção também pode ser definida como um acordo entre os atores dos setores

público e privado, em que os bens coletivos são ilegitimamente convertidos em ganhos

privados.

3.4 A Lei Anticorrupção

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A Lei 12.846/13, a chamada "Nova Lei Anticorrupção", estabeleceu a

responsabilização objetiva da pessoa jurídica, no âmbito administrativo e civil, quando

constatada a prática de atos de corrupção e ilícitos em licitações e em contratos do poder

público federal, estadual ou municipal.

A inovação é que, se tratando de responsabilidade objetiva, não será necessária a

comprovação de dolo ou culpada pessoa jurídica para aplicação das graves sanções previstas

na nova Lei Anticorrupção, ao contrário da necessidade de comprovação quando se pretender

a responsabilização dos dirigentes ou administradores.

A responsabilização da pessoa jurídica não excluirá a responsabilidade individual de

seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural autora, coautora ou partícipe

do ato ilícito.

No tocante às punições, a Nova Lei Anticorrupção prevê pesadas sanções às

condutas ilícitas, não mais se limitando à figura do administrador ou do representante legal. A

lei dispõe de uma série de mecanismos para recuperação do patrimônio público, uma vez que

a maior parte das sanções é de natureza pecuniária, com caráter punitivo indenizatório.

A responsabilidade da pessoa jurídica subsistirá mesmo nos casos de alteração

contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária, havendo solidariedade

entre controladoras, controladas, coligadas e consorciadas.

Assim, seja para evitar que a pessoa jurídica, por intermédio de seus empregados ou

terceiros venha a praticar atos ilegítimos, como os previstos na nova Lei Anticorrupção, seja

para atenuar as consequências na eventualidade da ocorrência de tais atos, o "Compliance" é a

ferramenta eficaz para as duas hipóteses, pois propicia fazer cumprir as normas e

regulamentos, as políticas e diretrizes definidas previamente para o negócio e para as

atividades da pessoa jurídica, e também para prevenir, detectar e tratar desvios ou

inconformidades que possam ocorrer. A lei prevê que a existência desses mecanismos será levada

em conta na aplicação das sanções administrativas.

Outra medida extraordinária será a abertura de canais para denúncia de práticas

duvidosas, a fim de que colaboradores levem à alta administração da pessoa jurídica

conhecimento a respeito de fatos suspeitos, propiciando a apuração da denúncia e, quando o

caso, a adoção de imediatas ações corretivas.

Outra novidade é a possibilidade de a administração pública celebrar acordos de

leniência com as empresas que colaborarem efetivamente nas investigações. Uma vez

celebrado o acordo de leniência, as empresas poderão ficar isentas de certas penas ou tê-las

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reduzidas. O objetivo deste dispositivo é o de estimular a denúncia espontânea pelas

empresas.

3.5 Visão e Perspectivas para o Futuro da Auditoria Interna

Tendo em vista o rápido desdobramento natural das organizações públicas ou

empresas privadas, pela intensidade das mudanças, pela diversidade dos eventos, pelo

desenvolvimento da tecnologia cada vez mais presente, pelas necessidades de suas

organizações, pelas oportunidades que existem e pelo crescimento assegurado dessas

oportunidades no futuro, a auditoria interna encontra-se em constante desafio. Por

consequência, o futuro será, certamente, um tempo de avanço para as auditorias internas.

Por ser controle à disposição da alta administração, a auditoria interna demanda

pessoal especializado, treinado e capacitado para desenvolver sua função com conhecimentos

vasto da instituição e que milita em todos os seus setores. Além disso, exige que o auditor seja

uma pessoa com visão suficiente para, com bom senso, poder medir o que está à sua volta e o

que virá no futuro.

Quanto à figura do auditor interno, é preciso que este seja intelectualmente ativo,

pois, caso contrário, nunca terá ideias criativas. Ele precisa pensar de acordo com a

perspectiva do homem de negócios do futuro. Deve se pôr numa posição na qual enxergue os

problemas de uma maneira mais abrangente. Se o auditor interno falar com absoluto

conhecimento dos fatos, com tato na apresentação das ideias, com habilidade política em

conduzir as questões polêmicas e com senso de persuasão, é certo que alta administração o

apoiará.

De um modo geral, quando se fala no futuro da auditoria interna, fala-se da

libertação dos sistemas tradicionais utilizados ainda hoje. Fala-se da aceleração do uso das

novas tecnologias em prol de um melhor desenvolvimento da atividade de auditoria interna.

Fala-se, por fim, no controle, pela auditoria interna, de novas técnicas, no desenvolvimento e

uso de metodologia mais avançada de análises, na ênfase consideravelmente intensificada de

pesquisas, tanto a nível organizacional com o nível profissional. Dessa forma, ter-se-á no

futuro uma auditoria interna cada vez mais eficiente, e com mais força dentro das

organizações, cumprindo com seu dever de examinar, validar, avaliar, assessorar os gestores

de maneira cada vez mais precisa e eficaz.

18

4. AUDITORIA INTERNA NA EMPRESA CORREIOS E A SUA EFETIVADADE NA PREVENCÃO E

COMBATE A FRAUDES

4.1 Auditoria Interna na ECT

A Administração Central da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está

localizada no SBN – Quadra 01 - Bl. A - Ed. Sede ECT – Brasília - DF - CEP 70002-900,

com vinculação ao Ministério das Comunicações.

A ECT/PR-MA está pautada nos seguintes aspectos:

a) Negócio: Soluções que aproximam; b) Missão: Fornecer soluções acessíveis e confiáveis para conectar pessoas, instituições e negócios, no Brasil e no mundo; c) Visão: Ser uma empresa de classe mundial; Valores: ética, meritocracia, respeito às pessoas, compromisso com o cliente, sustentabilidade.

A auditoria na empresa Correios - ECT é considerada um importante componente de

controle interno na busca da melhor alocação dos recursos, não só atuando para corrigir os

desperdícios, as impropriedades/disfunções, negligências e omissões, mas, principalmente,

antecipando-se a essas ocorrências, buscando garantir os resultados pretendidos e aumentar a

probabilidade de que os objetivos e metas estabelecidos sejam atingidos.

A auditoria interna não é o controle interno da Empresa, mas é parte desse controle.

Como componente do sistema de controles internos da Empresa, a auditoria interna tem por

função avaliar permanentemente esse sistema.

O Manual de Auditoria da ECT (MANAUD), define a auditoria interna como sendo

a atividade de avaliação da adequabilidade dos sistemas de controle internos da Empresa em

relação aos seus objetivos.

Como a ECT faz parte da administração indireta, a auditoria desse Órgão é realizada

por um órgão pertencente à estrutura organizacional da própria Empresa, que está subordinada

ao Conselho de Administração, cuja função é definir os procedimentos a serem observados

por essa Empresa e, de modo específico, pela Auditoria Interna na Administração Central e

seus órgãos regionais, nas atividades de controles internos, de auditoria interna (ordinária e

19

especial), de auto-auditoria, de 20 Auditoria Independente, do Sistema de Controle Interno do

Poder Executivo Federal e do Controle Externo.

A auditoria interna na ECT objetiva também garantir que as recomendações e

determinações do Tribunal de Contas da União (TCU), as recomendações da Controladoria

Geral da União (CGU) e as determinações e recomendações dos Conselhos de Administração

e Fiscal pertinentes sejam cumpridas. E, ainda, procura certificar que os pontos de auditoria

anteriormente relatados foram solucionados.

A aplicação dos procedimentos de auditoria consiste na segunda fase de uma

auditoria, e constitui a execução dos procedimentos definidos no estágio anterior, ou seja, na

fase de planejamento da auditoria.

Tais procedimentos envolvem testes de observância e testes substantivos. Os

primeiros visam à obtenção de uma razoável segurança de que os controles internos

estabelecidos pela administração estejam em efetivo 21 funcionamento, inclusive quanto ao

seu cumprimento pelos empregados da Empresa (MANUAL DE AUDITORIA - MANAUD).

As informações que respaldam os resultados da auditoria interna são chamadas de

evidências, oportunidades de aprimoramento que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes

e úteis, ou seja, que ofereçam subsídios para solidificar as conclusões e recomendações

apresentadas no relatório final.

4.2 Programa de Combate a Fraudes adotado pela Empresa

O Programa de Prevenção a Fraudes (PPF) representa uma resposta proativa da

Empresa à sociedade sobre as medidas preventivas que estão sendo adotadas para preservar e

fortalecer uma marca que comemora 350 anos e que sempre foi sinônimo de confiança e

orgulho dos cidadãos brasileiros.

A implementação do PPF contribui com ações para o fortalecimento do sistema de

controles internos da empresa de modo a sensibilizar todas as áreas sistêmicas da Empresa

para a importância do cumprimento da legislação e das políticas normas e procedimentos

internos sensíveis à ocorrência de fraudes.

Entre as ações que compreendem o Programa, destacam-se:

20

Mapeamento de processos críticos: licitações, contratos, convênios, patrocínios, patrimônio, tecnologia da informação, rede de atendimento e operações, pessoal, contas etc; Identificação de agentes responsáveis pelas etapas sensíveis dos processos críticos; Elaboração de cartilhas para orientação aos gestores, contendo medidas de prevenção, as quais serão amplamente divulgadas em todos os segmentos da empresa; Sensibilização junto aos gestores responsáveis (vice-presidentes, superintendentes executivos, chefes de departamentos e de centrais, diretores regionais, coordenadores regionais) da proposta para fortalecimento dos controles internos da gestão a serem aplicados pelos agentes responsáveis (etapas sensíveis nos processos críticos); Realização de monitoramento nas etapas sensíveis dos processos críticos e avaliação permanente quanto à aplicação dos controles primários da gestão (AUDIT); Monitoramento contínuo e transparente, e realização de auditorias especiais, quando necessário (AUDIT); Treinamentos específicos quanto à Ética, Controles Internos, Corrupção e Fraudes, em parceria com a Universidade dos Correios.

É importante destacar o caráter pedagógico do Programa que propõe ações que

estimulem o ambiente de controle e as boas práticas de gestão que conduzam à transparência.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cenário da corrupção no Brasil e no mundo é grave e os prejuízos causados por ela

são incalculáveis. O Brasil é um país pouco auditado e a prática da cultura da prevenção pelo

controle sistemático ainda é pouco adotado. A auditoria interna é extremamente necessária e

importante para as organizações, tanto públicas quanto privadas. Pois considerando que a

auditoria interna, atuante de modo permanente na organização, é capaz de atingir uma

profundidade muito maior que a auditoria externa, infere-se que no atual cenário de

proliferação de fraudes, a Auditoria Interna assume um papel vital, na detecção e prevenção

de fraudes, desde que apoiada pela alta administração. É fundamental que a auditoria interna

tenha sua independência preservada para atender aos seus objetivos satisfatoriamente.

Como pode se compreender, a Lei 12.846/13, denominada "Nova Lei

Anticorrupção", demandará um alto grau de profissionalismo e experiência por parte daqueles

que atuarem em nome da pessoa jurídica, sejam consultores, advogados, contadores e outros

especialistas, para promover as medidas preventivas e corretivas de forma a evitar a

ocorrência de atos de corrupção e as sanções daí decorrentes.

A Nova Lei Anticorrupção importou do direito americano o conceito de

compliance, procedimento a ser implantado por pessoas jurídicas para garantir a

conformidade de suas condutas às exigências de determinada jurisdição ou setor.

21

O principal objetivo de um programa de compliance é o planejamento de atividades,

tais como a revisão de políticas internas, código de ética e conduta e gestão de risco, para

obter uma difusão da cultura da integridade no ambiente da empresa.

O artigo 7º, inciso VIII, da Lei Anticorrupção prevê a consideração, no momento da

aplicação das sanções, da “existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade,

auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e

de conduta no âmbito da pessoa jurídica”.

Quanto à prevenção e ao combate de erros e fraudes no âmbito das organizações, a

auditoria interna mostra-se como uma ferramenta de grande importância, tendo em vista que

ela atua de forma permanente na instituição, sendo capaz de atingir uma profundidade e uma

precisão muito maiores que a auditoria externa. Atualmente, neste cenário de grandes

ocorrências de fraudes e erros, a auditoria interna possui um papel essencial na prevenção e

combate a erros e fraudes, devendo, para isso, ter o apoio da alta administração.

A ausência de senso de culpa, proporcionada pela inversão dos valores morais e

éticos, ou de responsabilidade por parte do fraudador é acarretada, dentre outros fatores, pela

sensação de impunidade. A falta de moral e ética ser tornam tão atual, na sociedade moderna

de modo que a gestão de riscos e controles internos não terá eficácia se a alta administração,

gestores e colaboradores não assumirem uma conduta profissional e ética como algo

realmente relevante.

É importante ressaltar que a Nova Lei Anticorrupção incentiva à aplicação efetiva de

códigos de ética/conduta, a adoção de mecanismos e procedimentos internos de integridade,

auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades, ou seja, a adoção de "programas de

compliance". A lei prevê que a existência desses mecanismos será levada em conta na

aplicação das sanções administrativas. Espera-se, assim, que as empresas com programas de

compliance tenham seus esforços reconhecidos e sanções reduzidas.

É essencial que seja feita, frequentemente, uma boa divulgação do trabalho

desenvolvido pela auditoria interna e uma conscientização dos empresários e gestores acerca

da necessidade desse trabalho dentro da organização, mostrando sempre toda a importância

dessa atividade para o bom funcionamento das organizações.

O fato de o auditor interno ter acesso, a qualquer tempo, a todas as áreas da

organização, é algo, sem dúvidas, bastante positivo e proporciona um grande auxílio à alta

administração em sua gestão. É necessário que todas as áreas e todos os processos sejam

auditados, pois somente dessa forma os riscos poderão diminuídos ou, até mesmo, eliminados.

22

Diante do exposto neste estudo, evidencia-se a importância da correta e necessária

implantação das rotinas de controles internos, neste caso, afetos à auditoria interna. Esta pode

ser vista com caráter preventivo e saneador de eventuais dificuldades. A Nova Lei

Anticorrupção consolida a necessidade do Compliance nas organizações.

Destaca-se, ainda, que a Nova Lei Anticorrupção é uma lei que, pelo rigor de suas

disposições, prestígio e poder que reconhece e outorga aos órgãos de controle dos três níveis

da administração pública, possui aptidão jurídica para prevenir e punir a corrupção, as fraudes

nas licitações e os ilícitos em contratos contra o poder público. Nessa perspectiva de combate

à corrupção, lei têm a missão de "reforçar" a proteção jurídica da administração pública frente

aos ataques a que está exposta realizados em benefício ou proveito de pessoas jurídicas (art.

1º).

23

REFERÊNCIAS ATTIE, William. Auditoria interna . São Paulo: Atlas, 1992. ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1998. ATTIE, William. Auditoria. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006. ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011 (obra consultada). Conceito de controle interno. Disponível em < http://www.portaldeauditoria.com.br/auditoria-interna/Conceito-de-Controle-Interno.asp> Acesso em 01 jul 2014. PPF, Programa de prevenção a fraudes – Correios. GOMES, Marcelo Alcides Carvalho. Uma contribuição à prevenção de fraudes contra empresas. Tese de Doutorado em Contabilidade. FEA/USP, São Paulo, 2000. GORETH, Maria Miranda Almeida Paula. Auditoria interna – embasamento conceitual e suporte tecnológico. São Paulo: Atlas, 1992. HOOG, Wilson Alberto Zappa; CARLIN, Everson Luiz Breda. Manual de auditoria contábil das sociedades empresariais: de acordo com o novo Código Civil – Lei 10.406/02. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2008. LAWRENCE, Charles. Métodos de auditoria. São Paulo: Brasiliense, 1973. BRASIL. Lei 12.846, de 1º de agosto de 2013. A Nova Lei Anticorrupção. MAGALHÃES, Antônio de Deus Faria. Auditoria das organizações. São Paulo: Atlas, 2001. MANAUD, Manual de auditoria – Correios.

24

MARTIN, Rodrigo Rodriguez. Implementação de um programa de prevenção a fraudes. São Paulo: l editora, 2002. NCB T 11 – Normas de auditoria independente das demonstrações contábeis. Disponível em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t11.htm>. Acesso em 27 jun. 2014. RICARDINO, Álvaro; CARVALHO, Luiz Nelson Guedes de. Breve retrospectiva do desenvolvimento das atividades de auditoria no Brasil . Revista de Contabilidade & Finanças. São Paulo. n. 35, p. 22-34 maio/agosto/2004. UHL, Franz; FERNANDES, João Teodorico. Auditoria interna . 2. ed. São Paulo: Atlas, 1981.