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Problemas de Mecânica e Ondas – MEAer 2015
Série 10
P 10.1.
Um comboio rápido de passageiros, viaja inicialmente a uma velocidade de 240 km/h,
quando é forçado a realizar uma travagem até uma velocidade de 60 km/h para evitar
colidir com um comboio de mercadorias que se desloca na mesma linha. Se a
travagem demorar 20 segundos, qual a força de inércia sentida por um passageiro de
massa igual a 80 kg (especifique o sentido da força de inércia)?
P 10.2.
Um passageiro de um comboio que se desloca a uma velocidade uniforme deixa cair
uma moeda da janela quando o comboio atravessa uma ponte sobre um rio. Escreva
as equações da posição da moeda em função do tempo, 𝑥 𝑡 , 𝑧(𝑡) e a respectiva
trajectória 𝑧(𝑥) quando observada:
a) Pelo passageiro do comboio.
b) Por um pescador que se encontra em repouso na margem do rio.
(considere 𝑥/𝑥’ a direcção horizontal, correspondente ao tabuleiro da ponte (e ao
comboio) e 𝑧 a direcção vertical).
P 10.3.
Verifique, utilizando a transformação de Galileu, que a distância entre dois pontos
quaisquer do espaço não depende do referencial de inércia em que a posição destes
pontos é descrita.
P 10.4. (“Introdução à Física”, J. Dias de Deus et al.)
Um passageiro num elevador deixa cair uma moeda.
a) Se no instante em que esta adquire uma velocidade de 1 m/s em relação ao
passageiro se partirem os cabos do elevador, qual o movimento posterior da
moeda em relação e este? E que tipo de movimento tem a moeda em relação a
uma pessoa que está à espera do elevador no 1.º andar?
b) Se este passageiro tivesse suspenso na mão um pêndulo a oscilar, no instante
em que os cabos se partem, qual passaria a ser a frequência das oscilações?
Com que tipo de movimento fica o pêndulo?
P 10.5. (“Introdução à Física”, J. Dias de Deus et al.)
Um dinamómetro suporta, sem se partir, no máximo, uma massa de 220 g. Fixa-se o
dinamómetro ao tecto de um elevador...
a) Se se quiser suspender uma massa superior a 220 g no dinamómetro sem que
este se parta, deve fazer-se subir ou descer o elevador?
b) Qual a maior massa que o dinamómetro pode suportar, numa subida com uma
aceleração dez vezes mais pequena que a aceleração da gravidade?
c) Como varia a frequência das oscilações da massa suspensa no dinamómetro
quando o elevador é acelerado para subir e quando é acelerado para descer?
P 10.6. (“Introdução à Física”, J. Dias de Deus et al.)
Numa base espacial encontra-se estacionada uma nave espacial com 20 m de
comprimento. A nave parte para uma viagem e quando atinge a velocidade de cruzeiro
é medida a partir da base obtendo-se um valor de 10 m de comprimento.
a) Com que velocidade se desloca a nave em relação à base espacial?
b) Qual o comprimento da nave para os tripulantes que nela se encontram?
P 10.7. (“Introdução à Física”, J. Dias de Deus et al.)
Qual a contracção do diâmetro da Terra para um astronauta que se encontre em
repouso relativamente ao Sol? (considere a Terra como um referencial de inércia num
pequeno intervalo de tempo).
Dados: Distância média Terra-Sol: 1,496×1011 m; Raio da Terra: 6,378×106 m.
P 10.8.
A vida média de um muão (partícula µ) é aproximadamente igual a 2,2×10-6 s.
a) Calcule o tempo médio de vida desta partícula no referencial do laboratório se
esta deslocar à velocidade de 0,99c.
b) Qual o espaço percorrido em média pela partícula a esta velocidade no
referencial do laboratório até decair?
c) Do “ponto de vista” da partícula qual a distância percorrida pelo laboratório?
d) Verifique que o resultado da alínea c) corresponde ao espaço percorrido na
vida média da partícula no seu referencial próprio.
P 10.9. (“Introdução à Física”, J. Dias de Deus et al.)
As partículas de alta energia são observadas no laboratório pela respectiva trajectória
registada pelos detectores. Uma partícula movendo-se à velocidade de 0,995c produz
um rasto de 1,25 mm. Qual o tempo de vida da partícula no seu referencial próprio?
P 10.10. (“Introdução à Física”, J. Dias de Deus et al.)
Um neutrão livre tem um período de semivida de 11,0 minutos (só no núcleo, com
outros neutrões e protões é que o neutrão é mais estável) no seu referencial próprio,
desintegrando-se num protão, num electrão e num neutrino (desintegração β–).
Considere um feixe de neutrões produzido numa das muitas reacções de fusão
nuclear que ocorrem no Sol.
a) Quanto tempo deve decorrer no referencial próprio dos neutrões para que o
seu número se reduza a 1% do número inicial? (lembre-se da lei do declínio
radioactivo: 𝑁 = 𝑁!𝑒!!" e comece por relacionar o período de semivida com a
constante λ)
b) Suponha que os neutrões se deslocam a uma velocidade média de 106 m/s (na
realidade a velocidade é menor) e considere que a distância Terra-Sol é de
1,49×1011 m. Quanto tempo demoraria um neutrão a chegar à Terra para um
observador da Terra?
c) A partir dos resultados de a) e de b), diga se há perigo de os neutrões solares
atingirem a Terra. (lembre-se que só pode comparar grandezas medidas no
mesmo referencial!)
P 10.11.
Mostre que a expressão correspondente à dilatação do tempo
𝑡 =𝑡!
1 − 𝑉!
𝑐!
pode ser obtida a partir da transformação de Lorentz, tomando como referência dois
acontecimentos A’1 e A’2 num referencial S’ (que se desloca com velocidade V
relativamente ao referencial S do laboratório) correspondentes respectivamente à
marcação de dois tempos t’1=0 e t’2=t’ (≠0) de um mesmo relógio colocado na origem
do referencial S’ (x’1=0 e x’2=0).
P 10.12.
Mostre que a expressão correspondente à contracção do espaço
ℓ𝓁 = ℓ𝓁! 1 −𝑉!
𝑐!
pode ser obtida a partir da transformação de Lorentz, tomando como referência dois
acontecimentos A’1 e A’2 num referencial S’ (que se desloca com velocidade V
relativamente ao referencial S do laboratório) correspondentes respectivamente à
marcação de duas posições 𝑥′! e 𝑥′! = ′ (≠ 0) de uma mesma régua na origem do
tempo no referencial S’ (𝑡′! = 0 e 𝑡′! = 0).
(Nota: lembre-se que a posição 𝑥! do referencial S, obtida a partir de 𝑥′! e 𝑡′!,
corresponde à posição da régua no instante 𝑡! em S (𝑡! ≠ 0) e portanto precisa de
subtrair 𝑣 ∙ 𝑡! − 𝑡! a 𝑥! − 𝑥! para obter o valor da régua no referencial S.
P 10.13.
Mostre que o intervalo entre dois acontecimentos A e B,
∆𝑠 = ∆𝜏 ! − ∆𝑥! + ∆𝑦! + ∆𝑧!
com ∆𝜏 = 𝑐𝑡! − 𝑐𝑡! , ∆𝑥 = 𝑥! − 𝑥! , ∆𝑦 = 𝑦! − 𝑦! , ∆z = z! − z! , se mantém invariante
numa transformação de Lorentz.
P 10.14.
Em relatividade restrita o lagrangeano de uma partícula que se desloque com uma
velocidade v é dado pela expressão:
ℒ = −mc! 1 − !!
!! .
a) Mostre que no limite clássico, isto é, para velocidades muito menores que c
este Lagrangeano, é compatível com a expressão clássica para uma partícula
livre (nota: utilize a aproximação 1 − x ≅ 1 − !!x , para x ≪ 1).
b) Atendendo às expressões, obtidas anteriormente, para a energia e para o
momento linear de uma partícula a partir das simetrias por invariância no tempo
e translação no espaço:
𝐸 = !ℒ!!!
∙ 𝑣!! − ℒ ; 𝑝! =!ℒ!!! ; 𝑖 = 𝑥, 𝑦, 𝑧 ,
deduza as conhecidas expressões para o momento linear e para a energia de
uma partícula em relatividade restrita:
𝐸 = !!!
!!!!
!!
; 𝑝 = !!
!!!!
!!
c) Mostre que a expressão da energia obtida na alínea anterior apresenta, para
baixos valores de 𝑣/𝑐, um termo correspondente à energia cinética clássica
para além do termo 𝐸 = 𝑚𝑐! associado à massa da partícula. (nota: utilize a
aproximação !!!!
≅ 1 + !!𝑥 , para 𝑥 ≪ 1).
d) Definindo o quadri-vector energia-momento com componentes 𝐸/𝑐 (associada
à componente temporal), e (𝑝! , 𝑝! , 𝑝!) (associadas à componente espacial) que
se transforma numa mudança de referencial de segundo a transformação de
Lorentz, mostre que a quantidade
𝐸! = 𝑚𝑐! = 𝐸! − 𝑝!𝑐!
é invariante para qualquer mudança de variáveis entre dois referenciais de
inércia.
P 10.15.
Um núcleo de átomo de hélio é constituído por dois protões e dois neutrões, sendo as
massas do protão e do neutrão 𝑚! ≅ 𝑚! = 1,67×10!!" kg e a massa do núcleo de
átomo de hélio 𝑚!" = 6,64×10!!" kg. Calcule a energia libertada numa reacção
nuclear de fusão (no Sol por exemplo) quando dois protões se ligam a dois neutrões
originando um núcleo de hélio.
Soluções: P. 10.1 200 N (no mesmo sentido do andamento do comboio) (equivalente aprox. a um peso de 20 kgf). P. 10.2. Referencial do comboio S’, referencial da Terra S. a) No referencial do comboio, considerando que o passageiro se encontra na origem do
referencial S’: 𝑧! = 𝑧′! −
!!𝑔𝑡′! = 𝑧! −
!!𝑔𝑡!; 𝑥! = 𝑥′! = 0
A trajectória é uma linha recta paralela ao eixo z’. b) No referencial da Terra (pescador):
𝑧 = 𝑧! −12𝑔𝑡!; 𝑥 = 𝑥! + 𝑉𝑡 = 𝑥!
! + 𝑉𝑡′ = 𝑉𝑡
Logo: 𝑡 = !!; 𝑧 = 𝑧! −
!!𝑔 !
!
!⇒ 𝑧 − 𝑧! = − !
!!!𝑥! (arco de parábola)
P 10.4. a) Movimento uniforme com 𝑣 = 1 𝑚/𝑠 em relação ao passageiro; movimento uniformemente
acelerado em relação à pessoa no 1º andar. b) Não oscila (ω = 0). Movimento circular uniforme. P 10.5. a) Descer. b) 200 g. c) Não varia. P 10.6. a) 0,866c b) 20 m P 10.7. ≅ 6,3 cm P 10.8.
a) 𝑡 = !!
!!!!
!!
= !,!×!"!!
!! !,!! ! = 15,6×10!! s
b) ∆𝑥 = 𝑉𝑡 = 0,99𝑐×15,6×10!! = 4632 m c) ℓ𝓁 = ℓ𝓁! 1 − 0,99 ! = 4632× 1 − 0,99 ! = 653,4 m
d) 𝑡! = ℓ𝓁!
!,!!!= !"#,!
!,!!!= 2,2×10!! s
P 10.9. 0,42 ps (1 ps (picosegundo) = 10-12 s) P 10.10. a) 73 m 05 s b) 41 h 23 m 20 s c) Não.
P 10.14. d) (Indica-se apenas a resolução para esta alínea) Considere-se o quadri-vector energia-momento 𝑝! , 𝑝! , 𝑝!,𝐸/𝑐 , que se transforma de acordo com a transformação de Lorentz:
!px!py!pz!E c
"
#
$$$$$
%
&
'''''
=
γ 0 0 −γβ
0 1 0 00 0 1 0−γβ 0 0 γ
"
#
$$$$$
%
&
'''''
pxpypzE c
"
#
$$$$$
%
&
'''''
Vamos começar por verificar que !!
!!− 𝑝! = 𝑚𝑐!. Usando as expressões para a energia e
momento linear na relatividade restrita,
pi = γmvi E = γmc 2 γ =11−β2
β =vc
E 2
c 2= γ2m2c 2 p2 = pi
2
i∑ = γ2m2 vi
2
i∑ = γ2m2v 2
E 2
c 2− p2 = γ2m2 c 2 −v 2( ) = γ2m2c 2 1− v
2
c 2%
&'
(
)* =m2c 2
Calculemos agora o valor de !!!
!!− 𝑝′!, isto é, a mesma expressão mas num referencial
diferente. Usando a matriz acima temos:
!px = γpx − γβEc
!py = py!pz = pz!Ec= −γβ !px + γ
Ec
E procedendo como anteriormente,
!E 2
c 2= −γβpx + γ
Ec
%
&'
(
)*2
= γ2β2px2 + γ2E 2
c 2−2γ2βpx
Ec= γ2 β2px2 +
E 2
c 2−2βpx
Ec
%
&'
(
)*
!px2 = γpx − γβEc
%
&'
(
)*2
= γ2px2 + γ2β2E 2
c 2−2γ2βpx
Ec= γ2 px2 +β2
E 2
c 2−2βpx
Ec
%
&'
(
)*
!p 2 = !px2 + !py2 + !pz2
Calculando agora o valor da expressão:
!E 2
c 2− !p 2 = γ2 β2px2 +
E 2
c 2− px2 −β2
E 2
c 2%
&'
(
)*− py2 − pz2
= γ2 1−β2( ) E2
c 2− px2
%
&'
(
)*− py2 − pz2
=E 2
c 2− px2 − py2 − pz2 =
E 2
c 2− p2 =m2c 2
onde se utilizou a igualdade 𝛾! 1 − 𝛽! = 1. Verifica-se assim que aquela quantidade é de facto invariante para mudanças de referenciais. P 10.15. A energia associada a dois protões e dois neutrões em repouso é aproximadamente : 𝐸! = 4𝑚!𝑐! = 6,012×10!!"J A energia associada ao átomo de hélio em repouso é: 𝐸! = 𝑚!"𝑐! = 5,976×10!!"J A energia libertada na reacção de fusão é: ∆𝐸 = 𝐸! − 𝐸! = 3,6×10!!"J