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i PROGRAMA EQ-ANP Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Natural Ácido Acético: Tecnologias e Análise de Mercado Raíssa Rosa Baião Projeto de Final de Curso Orientadores Carlos Augusto G. Perlingeiro, D.Sc. Maria José de O. C. Guimarães, D.Sc. Março de 2015

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PROGRAMA EQ-ANP

Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria

do Petróleo e Gás Natural

Ácido Acético: Tecnologias e Análise de

Mercado

Raíssa Rosa Baião

Projeto de Final de Curso

Orientadores

Carlos Augusto G. Perlingeiro, D.Sc.

Maria José de O. C. Guimarães, D.Sc.

Março de 2015

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ÁCIDO ACÉTICO: TECNOLOGIAS E ANÁLISE DE

MERCADO

Raíssa Rosa Baião

Projeto de Final de Curso submetido ao Corpo Docente do Programa Escola de

Química/Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis –

Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria de Petróleo e Gás Natural, como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenharia Química com

ênfase na área de Petróleo e Gás Natural – Petroquímica.

Aprovado por:

________________________________________

Montserrat Motas Carbonell, D.Sc. (PETROBRAS)

________________________________________

Peter Rudolf Seidl, Ph.D (EQ/UFRJ)

________________________________________

Igor Rossi Batista, Engenheiro Químico (UFF)

Orientado por:

________________________________________

Carlos Augusto G. Perlingeiro, D.Sc.

________________________________________

Maria José O. C. Guimarães, D.Sc.

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Março de 2015

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Baião, Raíssa Rosa.

Ácido Acético: Tecnologias e Análise de Mercado/Raíssa Rosa Baião. Rio de

Janeiro: UFRJ/EQ, 2015.

xi, p. 52; il. (Projeto Final) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de

Química, 2015. Orientadores: Carlos Augusto G. Perlingeiro e Maria José O. C.

Guimarães.

1. Análise de Mercado. 2. Ácido Acético. 3. Carbonilação do metanol. 4. Projeto

Final. (Graduação – UFRJ/EQ). 5. Carlos Augusto G. Perlingeiro e Maria José O. C.

Guimarães. I. Ácido Acético: Tecnologias e Análise de Mercado.

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AGRADECIMENTOS

À minha família. Ao meu pai, por todo o apoio e por sempre acreditar em mim. À

minha irmã, por dividir comigo os momentos difíceis e os felizes. À Tia Luci e ao Vô

José, por me receberem em sua casa, me ajudando a chegar até aqui.

Aos professores. Ao Perlingeiro e à Maria José pela orientação e paciência. À Mônica

por estar sempre solicita e por me ajudar quando precisei.

Aos meus amigos de curso, Julia Liberal, Júlia Vieira, Carol, Pedro, Flávia, Amanda,

Elisa, Ju, Bernardo, Junior, Klein, Moura, Caio, Bia, Felipe e todos os outros. Obrigada

por todos os momentos felizes e por toda a ajuda que vocês me deram durante o curso.

A presença de vocês fui fundamental, sem vocês a faculdade teria sido muito mais

difícil.

Às minhas amigas de vida, Erica, Samara, Francielly e Luísa.

Ao meu namorado. Obrigada por estar presente quando eu mais preciso.

Ao apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo – ANP – e da Financiadora de

Estudos e Projetos – FINEP – por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP

para o Setor de Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT, em particular ao PRH 13, da Escola

de Química - Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás

Natural.

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Resumo do Projeto Final apresentado à Escola de Química como parte dos requisitos

necessários para obtenção do grau de Engenheira Química com ênfase na área de

Petróleo e Gás Natural – Petroquímica.

ÁCIDO ACÉTICO: TECNOLOGIAS E ANÁLISE DE MERCADO

Raíssa Rosa Baião

Março, 2015

Orientadores: Prof. Carlos Augusto G. Perlingeiro, D.Sc.

Prof. Maria José O. C. Guimarães, D.Sc.

O ácido acético é um importante intermediário químico, sendo utilizado

principalmente na produção de ácido tereftálico purificado (PTA), precursor do

polímero poli(tereftalato de etileno) (PET) e do monômero de acetato de vinila (VAM),

utilizado em sua maioria para a produção de poli(acetato de vinila) (PVA). O seu

consumo cresce a cada ano tanto em escala nacional quanto interacional.

A produção brasileira de ácido acético não supre a demanda nacional, e a

capacidade instalada está estagnada há muitos anos. A análise de mercado da produção

de ácido acético demonstrou que este produto é bastante promissor no que diz respeito

ao cenário econômico e industrial brasileiro, confirmando a importância desse ácido

tanto no cenário mundial como nacional.

Existem diversas rotas de produção do ácido acético, entre elas: oxidação direta

de hidrocarbonetos saturados, oxidação do etileno, oxidação do etano, fermentação de

carboidratos, carbonilação do metanol, oxidação do acetaldeído, pirólise da biomassa e

a partir do gás de síntese. A rota mais utilizada mundialmente é a carbonilação do

metanol, e a mais aplicado no Brasil é a oxidação do acetaldeído.

A rota de carbonilação do metanol conta com os processos BASF, Monsanto,

Cativa e Acetica, que foram estudados com maior profundidade. Cada uma destas

tecnologias usa um catalisador diferente e isso confere características singulares a cada

uma delas. A oxidação do acetaldeído também foi analisada por ser a mais empregada

no Brasil.

O estudo de mercado e das tecnologias de produção de ácido acético mostrou

que para uma possível nova unidade de produção em 2025, a capacidade instalada seria

de, no mínimo, 136.000 toneladas anuais e a rota utilizada seria a carbonilação do

metanol.

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Abstract of a Final Project presented to Escola de Química/UFRJ as partial fulfillment

of the requirements for the degree of Chemical Engineering with emphasis on

Petroleum and Natural Gas – Petrochemical.

ACETIC ACID: TECHNOLOGIES AND MARKET ANALYSIS

Raíssa Rosa Baião

March, 2015

Supervisors: Prof. Carlos Augusto G. Perlingeiro, D.Sc.

Prof. Maria José O. C. Guimarães, D.Sc.

Acetic acid is an important chemical intermediate. Its main uses are in the

production of purified terephtalic acid (PTA), used for the polyethylene terephthalate

(PET) production, and vinyl acetate monomer (VAM), used mainly for the polyvinyl

acetate (PVA) production. The demand grows every year nationally and worldwide

Brazilian production does not supply the national demand and the production

capacity is stagnant for many years. The market analysis showed that acetic acid is quite

promising in the brazilian economic and industrial scenario, what confirms the

importance of this acid in Brazil and worldwide.

There are many production routes for acetic acid, including direct oxidation of

saturated hydrocarbons, ethylene oxidation, carbohydrate fermentation, methanol

carbonylation, acetaldehyde oxidation, biomass pyrolysis, and by synthesis gas. Among

these routes, the one most used worldwide is methanol carbonylation, and the most

popular in Brazil is acetaldehyde oxidation.

Methanol carbonylation route counts with the processes BASF, Monsanto,

Cativa and Acetica, which were studied in more details. Each one of these technologies

uses a different catalyst, and this fact gives them singular characteristics. Acetaldehyde

oxidation was also analysed more deeply, because it is the most used in Brazil.

The study of acetic acid production market and technologies has shown that, by

2015, a new unit would have a production capacity of, at least, 136.000 tons per year

and the route would be the methanol carbonylation.

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ÍNDICE

Capítulo I – Introdução e Objetivos ................................................................................. 1

I.1 – Motivação ................................................................................................................. 1

I.2 – Objetivos .................................................................................................................. 2

I.3 – Estrutura do Trabalho ............................................................................................... 2

Capítulo II – Mercado Internacional e Nacional .............................................................. 4

II.1 – Mercado Internacional ............................................................................................ 4

II.1.1 – Análise da Demanda......................................................................................... 4

II.1.1.1 – Aplicações ................................................................................................. 4

II.1.1.2 – Principais Regiões Consumidoras ............................................................. 5

II.1.1.3 – Crescimento da Demanda .......................................................................... 6

II.1.2 – Análise da Oferta .............................................................................................. 7

II.1.2.1 – Empresas Fabricantes ................................................................................ 7

II.1.2.2 – Oferta por Região ...................................................................................... 8

II.2 – Mercado Nacional ................................................................................................... 8

II.2.1 – Análise da Oferta .............................................................................................. 9

II.2.1.1 – Principais Empresas ................................................................................... 9

II.2.1.2 – Capacidade Instalada e Produção ............................................................ 12

II.2.1.3 – Preços e Competição na Indústria ........................................................... 13

II.2.2 – Análise da Demanda....................................................................................... 15

II.2.2.1 – Projeções .................................................................................................. 16

II.2.3 – Capacidade da planta a ser instalada .............................................................. 17

Capítulo III – Rotas de Produção do Ácido Acético ...................................................... 18

III.1 – Oxidação Direta de Hidrocarbonetos Saturados .................................................. 18

III.2 – Oxidação do Etileno ............................................................................................ 18

III.3 – Oxidação do Etano............................................................................................... 19

III.4 – Fermentação de Carboidratos .............................................................................. 20

III.5 – Carbonilação do Metanol..................................................................................... 20

III.6 – Oxidação do Acetaldeído..................................................................................... 22

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III.7 – Pirólise de Biomassa ............................................................................................ 23

III.8 – A partir do Gás de Síntese ................................................................................... 25

Capítulo IV – Tecnologias de Produção de Ácido Acético ............................................ 26

IV.1 – Oxidação do Acetaldeído .................................................................................... 26

IV.2 – Carbonilação do Metanol – Processo BASF ....................................................... 29

IV.3 – Carbonilação do Metanol – Processo Monsanto ................................................. 32

IV.4 – Carbonilação do Metanol – Processo Cativa ....................................................... 36

IV.5 – Carbonilação do Metanol – Processo Acetica ..................................................... 42

IV.6 – Comparação entre as Tecnologias ....................................................................... 44

Capítulo V – Considerações Finais ................................................................................ 47

Capítulo VI – Sugestões ................................................................................................. 49

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 50

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura II.1. Consumo Global de Ácido Acético por Aplicação em 2013. ....................... 5

Figura II.2. Consumo Global de Ácido Acético por Região em 2013. ............................ 6

Figura II.3. Produção Global de Ácido Acético por Região em 2013.............................. 8

Figura II.4. Processo de Obtenção dos Produtos da Cloroetil ........................................ 11

Figura II.5. Evolução dos Preços - Comércio Exterior................................................... 14

Figura II.6. Importação e Exportação de Ácido Acético ................................................15

Figura II.7. Projeções das Importações .......................................................................... 16

Figura IV.1. Fluxograma Típico da Oxidação do Acetaldeído. ..................................... 29

Figura IV.2. Mecanismo de Reação Proposto para o Processo BASF. .......................... 30

Figura IV.3. Fluxograma Típico do Processo BASF ..................................................... 31

Figura IV.4. Mecanismo de Reação Proposto para o Processo Monsanto ..................... 33

Figura IV.5. Mecanismo Proposto para a Reação de Shift ............................................. 34

Figura IV.6. Fluxograma Típico do Processo Monsanto. .............................................. 35

Figura IV.7. Mecanismo Proposto para o Processo Cativa ............................................ 37

Figura IV.8.Comparação da Taxa de Carbonilação versus Concentração de Água para

Catalisador de Ródio e Irídio com Promotor de Rutênio. .............................................. 40

Figura IV.9. Fluxograma Típico do Processo Cativa ..................................................... 41

Figura IV.10. Imobilização do Ródio. ............................................................................ 42

Figura IV.11. Reator de Ascensão Gasosa ..................................................................... 43

Figura IV.12. Fluxograma Típico do Processo Acetica. ................................................ 44

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela II.1. Derivados e Usos do Ácido Acético ............................................................. 5

Tabela II.2. Evolução do Consumo Aparente (CA) ....................................................... 13

Tabela II.3. Importação e Exportação de Ácido Acético ............................................... 14

Tabela III.1. Distribuição mássica típica, expressa em miligramas do composto por

grama de biomassa, de alguns componentes presentes no bio-óleo proveniente da casca

de eucalipto e da madeira a várias temperaturas. ........................................................... 24

Tabela IV.1. Efeito de Diferentes Promotores na Taxa de Carbonilaçãoa ..................... 39

Tabela IV.2. Taxa de Carbonilação e Formação de Subprodutos por Catálise de Irídio e

Irídio/Rutênioa ................................................................................................................ 40

Tabela IV.3. Tabela Comparativa entre as Tecnologias de Produção de Ácido Acético 45

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ÍNDICE DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABIQUIM – Associação Brasileira da Industria Química

BP – British Petroleum

CFD – Fluidodinâmica Computacional (Computational Fluid Dynamics)

CSTR – Reator de mistura ideal (Continuous stirred-tank reactor)

DME – Dimetil éter

MCA – ácido monocloroacético

MMSA – Methanol Market Services Asia

OFL – Oxidação em Fase Líquida

PET – Poli(tereftalato de etileno)

PTA – Ácido tereftálico purificado

PVA – Poli(acetato de vinila)

VAM – Monômero de acetato de vinila

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Capítulo I – Introdução e Objetivos

I.1 – Motivação

O ácido acético, de fórmula CH3COOH, é um ácido orgânico, líquido claro e

incolor. Possui odor pungente de vinagre e é encontrado geralmente em soluções

diluídas. É solúvel em água, etanol, acetona e benzeno, porém insolúvel em disulfeto de

carbono. É miscível com glicerina, éter, clorofórmio e tetracloreto de carbono

(OSWALDO CRUZ, 2003).

O ácido acético é mais conhecido na forma de vinagre, cuja produção já é

conhecida por mais de 5.000 anos. A concentração de ácido acético no vinagre varia de

4 a 6 % e ele é obtido pela fermentação do vinho (EMBRAPA, 2006).

Industrialmente, os maiores usos do ácido acético são na produção de PET,

PVA, ésteres de acetato e anidrido acético. O poli(tereftalato de etileno) (PET) é um

importante polímero utilizado na fabricação de garrafas e embalagens. O PVA

(poli(acetato de vinila)) é empregado na indústria de tintas, adesivos e revestimentos. E

o anidrido acético é aplicado, também, na indústria de tintas, assim como nas áreas

farmacêutica e têxtil. Além disso, o ácido acético também é utilizado como solvente e

na produção de fertilizantes.

No Brasil, um fator importante que impulsiona a demanda por ácido acético é o

setor de fertilizantes. O consumo de fertilizantes no Brasil cresce a cada ano e a sua

produção está limitada devido à dependência das importações. Atualmente têm-se

investido fortemente na produção de fertilizantes a fim de que as importações

diminuam, e este quadro faz com que a demanda por ácido acético também aumente.

(INÁCIO, 2013).

Os polímeros estão amplamente presentes no cotidiano da humanidade. Eles são

utilizados para diversos fins e em variadas áreas. O ácido acético, como já foi

mencionado, é matéria-prima para o PET, um polímero commodity de grande demanda

mercadológica. Aliado a este fato, o ácido acético gera outros intermediários químicos

para diversos segmentos industriais, e grande parte da demanda nacional é suprida por

importações.

Enquanto a capacidade instalada de produção de ácido acético internacional

aumenta, a capacidade nacional está estagnada. Portanto, é de grande relevância realizar

um estudo mercadológico e de viabilidade técnica da produção de ácido acético visando

à implantação de uma unidade produtora de modo a minimizar os gastos com a

importação deste produto.

O ácido acético possui, principalmente, as seguintes rotas de produção por via

química: oxidação de hidrocarbonetos saturados, oxidação dos n-butenos, carbonilação

do metanol, oxidação do acetaldeído e a partir do eteno, entre outras. Mundialmente, a

rota de produção mais utilizada é a carbonilação do metanol.

No Brasil, toda a produção de ácido acético utiliza etanol como matéria-prima, o

etanol é convertido a acetaldeído e este é oxidado a ácido acético. A produção de ácido

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acético nacional foi sendo substituída pela importação, em função dos elevados custos

de produção devido à alta de preços do etanol, e preços no mercado internacional bem

mais competitivos (via rota de carbonilação do metanol) (PUC-RIO, 2014).

A preocupação cada vez maior com as emissões de origem fóssil afeta também a

produção do ácido acético. Neste sentido, rotas “verdes” e que sejam comercialmente

vantajosas estão sendo estudadas com maior profundidade e devem ser levadas em

conta para o futuro da produção de ácido acético.

I.2 – Objetivos

Este trabalho visa a dar um panorama acerca da produção mundial e,

principalmente, nacional de ácido acético. Para isso, foi realizada uma análise de

mercado a fim de se avaliar a possibilidade de implantação de uma unidade de produção

de ácido acético no Brasil. Além disso, as principais rotas e tecnologias disponíveis para

produção do ácido acético foram estudadas, selecionando a mais promissora.

A fim de se atingir os objetivos propostos, é abordado no trabalho:

Os mercados nacional e internacional de ácido acético. São avaliadas a oferta e a

demanda nos âmbitos nacional e internacional, e a expectativa de crescimento do

consumo é demonstrada;

As projeções para o consumo futuro de ácido acético no Brasil até 2025 e

determinação da capacidade instalada para a implantação de uma possível

unidade de produção;

As rotas de produção do ácido acético mais relevantes;

Detalhamento das tecnologias mais importantes de produção de ácido acético

(oxidação do acetaldeído e carbonilação do metanol) e comparação entre estas

tecnologias, mostrando a mais vantajosa tecnicamente;

As considerações finais acerca do cenário mundial e nacional de ácido acético, e

das suas tecnologias de produção.

I.3 – Estrutura do Trabalho

Abaixo é apresentada a estrutura do presente trabalho:

Capítulo I: a relevância e os objetivos do trabalho são apresentados,

introduzindo o tema;

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Capítulo II: as principais características dos mercados nacional e internacional

são mostradas. Também são exibidas as projeções do consumo aparente no

Brasil;

Capítulo III: as rotas de produção do ácido acético são apresentadas;

Capítulo IV: as tecnologias da carbonilação do metanol e da oxidação do

acetaldeído são explicadas com maiores detalhes e comparadas tecnicamente;

Capítulo V: são dadas as considerações finais acerca do tema;

Capítulo VI: são dadas sugestões para o aprimoramento do trabalho e para

estudos futuros;

Referências Bibliográficas.

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Capítulo II – Mercado Internacional e Nacional

II.1 – Mercado Internacional

II.1.1 – Análise da Demanda

II.1.1.1 – Aplicações

As aplicações de ácido acético incluem monômero de acetato de vinila (VAM),

precursor do PVA, ácido tereftálico purificado (PTA), precursor do PET, ésteres de

acetato e anidrido acético, entre outros. A produção de VAM foi o segmento que mais

consumiu ácido acético em 2013, contabilizando 32% do seu consumo global. O

consumo de ácido acético para este fim gerou uma receita de 1.990,2 milhões de dólares

também neste ano, impulsionado principalmente pela demanda por VAM na indústria

de adesivos e selantes. VAM é uma matéria-prima na produção de adesivos a base de

água, que são responsáveis por aproximadamente 54% do mercado global de adesivos e

selantes, e a crescente demanda na Ásia deve impulsionar a demanda mundial por ácido

acético (GRAND VIEW RESEACH, 2014).

Outra aplicação chave do ácido acético é o PTA, que contabilizou 3.009.200

toneladas do consumo de ácido acético em 2013. PTA é um precursor na fabricação de

PET, que é extensivamente utilizado nas indústrias de embalagem e construção. A

urbanização de países no sul da Ásia levou a uma demanda massiva por PET como um

material de embalagens, o que, espera-se, aumentará a demanda por PTA e,

consequentemente, por ácido acético (GRAND VIEW RESEACH, 2014).

O consumo de ácido acético para a produção de ésteres de acetato equivaleu, em

2013, a cerca da metade do volume utilizado para o PTA, como pode ser observado na

Figura II-1 (GRAND VIEW RESEACH, 2014). Ésteres de acetato são utilizados

principalmente como solventes para tintas e revestimentos. O volume de ácido acético

utilizado para a produção de anidrido acético soma uma porção menor do total global

consumido. O anidrido acético é utilizado principalmente para produção de acetato de

celulose. O restante do ácido acético é consumido para outros propósitos, como ácido

monocloroacético (MCA), farmacêuticos e outros (IHS CHEMICAL, 2013).

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Figura II.1. Consumo Global de Ácido Acético por Aplicação em 2013.

Na Tabela II.1 podem ser observados os principais derivados do ácido acético e

os seus respectivos usos finais.

Tabela II.1. Derivados e Usos do Ácido Acético

Derivados Primários Derivados Secundários Derivados Terciários Aplicações Finais

Acetato de Vinila Poli(acetato de vinila) Poli(álcool vinílico) Tintas, adesivos, papéis, têxteis

Poli(etileno acetato de vinila) (EVA) Filmes

Anidrido Acético Acetato de Celulose Filtros de cigarro, fibras de acetato,

paracetamol/aspririna, preservativos

Ácido Tereftálico Poliésteres (poli(tereftalato de etileno)) Fibras, filmes, garrafas plásticas

Ésteres de Acetato Tintas automotivas e de impressão

Derivados e Usos do Ácido Acético

II.1.1.2 – Principais Regiões Consumidoras

A China foi o maior mercado regional para o ácido acético em 2013, com um

consumo acima de 3.898.500 toneladas. O forte crescimento industrial no país levou a

uma grande demanda em segmentos como o de automóveis e o de construção. A China

tem o maior e mais rápido crescimento do mundo na indústria automotiva, o que resulta

em uma demanda aumentada por adesivos e selantes. Esse fato, aliado a mão de obra e

matérias-primas baratas, faz com que a demanda por ácido acético também seja grande,

uma vez que, como já mencionado, o ácido acético é um precursor do VAM, matéria-

prima de adesivos e selantes.

O restante da Ásia foi o segundo maior consumidor de ácido acético em 2013,

devido à crescente demanda em países como Índia e Japão. A América do Norte e a

Fonte: GRAND VIEW RESEACH, 2014.

Fonte: METHANOL MARKET SERVICES ASIA - MMSA, 2015.

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Europa, juntas, contabilizaram 30% do consumo global, também em 2013 (GRAND

VIEW RESEARCH, 2014).

A Figura II-2 mostra a distribuição do consumo de ácido acético por região em

2013.

Figura II.2. Consumo Global de Ácido Acético por Região em 2013.

II.1.1.3 – Crescimento da Demanda

É esperado que a demanda por PET alcance aproximadamente 25.000.000 de

toneladas em 2020, crescendo a uma taxa anual acima de 4% de 2014 a 2020.

Aumentando-se a demanda por PET, aumenta-se, consequentemente, a demanda por

ácido acético.

A produção de ácido acético é a segunda maior aplicação do metanol, precedida

por formaldeído. Os preços do metanol têm flutuado devido ao cenário de oferta e

demanda no mercado global de gás natural. Isso levou a uma incerteza nos preços do

ácido acético, o que pode dificultar o crescimento do mercado.

A demanda global por ácido acético foi de 10.449.100 toneladas em 2013 e

espera-se que ela cresça a uma taxa anual de 5,1% de 2014 a 2020. A receita do

mercado está prevista para atingir 12.191,2 milhões de dólares em 2020, crescendo a

uma taxa estimada de 9,2% de 2014 a 2020.

Com o aumento da pressão regulatória para o uso de produtos de origem

“verde”, espera-se que a demanda por ácido acético seja restringida. América do Norte e

Europa devem ter um crescimento lento, com uma taxa de crescimento anual de 4% e

3,3%, respectivamente, de 2014 a 2020 (GRAND VIEW RESEARCH, 2014).

O crescimento do mercado de ácido acético continuará sendo impulsionado pelo

mercado chinês. A taxa de crescimento do consumo chinês (7% ao ano) é bastante

Fonte: MMSA, 2015.

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maior quando comparada à taxa média global (4-5% ao ano) (IHS CHEMICALS,

2013).

II.1.2 – Análise da Oferta

II.1.2.1 – Empresas Fabricantes

Os principais produtores de ácido acético são Celanese Corporation, British

Petroleum, Jiangsu Sopo e Eastman Chemicals. Essas empresas, juntas, contabilizaram

mais de 65% da produção mundial de ácido acético em 2013. Outros fabricantes

importantes incluem Yancon Cathay Chemical, LyondellBasell, SABIC, DuPont,

BASF, Petrochina, Sasol, Sinopec e Mitsubishi Chemicals (GRAND VIEW

RESEARCH, 2014).

Abaixo será dada uma breve explicação acerca das empresas produtoras de ácido

acético no cenário global:

Celanese Corporation

Celanese é uma companhia global de tecnologia e materiais especiais que produz

uma grande variedade de produtos. Foi fundada em 1918 e possui sua base em Dallas,

Texas. Suas operações se encontram na América do Norte, na Europa e na Ásia.

A empresa divide seus produtos em seis segmentos diferentes: materiais de

engenharia, derivados de celulose, intermediários químicos, ingredientes alimentícios,

polímeros de EVA e polímeros em emulsão (CELANESE, 2015).

British Petroleum

A British Petroleum (BP) é uma empresa que está envolvida em quase todos os

segmentos da cadeia produtiva do petróleo. Seu segmento upstream é responsável pelas

atividades de exploração de óleo e gás natural. O segmento dowstream entrega

produtos, focando em combustíveis, lubrificantes e petroquímicos. Ela foi fundada em

1908 e está sediada em Londres (BP, 2015).

Jiangsu Sopo

É uma empresa chinesa fundada em 1958. Atualmente a Sopo possui uma

capacidade de produção de 1.400.000 toneladas anuais de ácido acético e de 540.000

t/ano de metanol, entre outros produtos. Sua capacidade de produção de ácido acético é

a maior na Ásia e a terceira maior no mundo (SOPO, 2015).

Eastman Chemicals

A Eastman é uma empresa global de especialidades químicas, que produz uma

ampla gama de materiais avançados, aditivos e produtos funcionais, especialidades

químicas e fibras. A empresa, que possui filial no Brasil, foi fundada em 1920 e possui

sede em Kingsport, Tennessee (EASTMAN, 2015).

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II.1.2.2 – Oferta por Região

A Figura II.3 mostra a divisão do fornecimento de ácido acético por região.

Pode-se observar que as regiões que mais o consomem são também as que mais o

produzem. A Ásia, por exemplo, consumiu, em 2013, 62% da demanda mundial e

produziu 67%. Outro ponto importante que se pode notar é a contribuição praticamente

nula da América do Sul na produção mundial, onde o Brasil se encontra (MMSA,

2015).

Figura II.3. Produção Global de Ácido Acético por Região em 2013.

II.2 – Mercado Nacional

A fim de se estudar a produção nacional de ácido acético, foram analisados

dados desde 2002. Assim, é possível ter uma visão clara do mercado nacional de ácido

acético e averiguar a capacidade instalada, a evolução dos preços e a evolução do

consumo aparente nos anos passados para, então, projetar esses indicadores até o ano de

2025 e se determinar a capacidade da planta de ácido acético a ser instalada.

A demanda de ácido acético no mercado brasileiro não é suprida pela produção

nacional, logo, há uma forte dependência de importação deste produto, como será

mostrado mais adiante. Sendo assim, o estudo e implantação de plantas de ácido acético

é justificável.

Fonte: MMSA, 2015.

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II.2.1 – Análise da Oferta

II.2.1.1 – Principais Empresas

O mercado nacional de ácido acético é bastante concentrado. Desde 2002,

apenas três empresas foram responsáveis por toda a produção brasileira de ácido

acético, o que configura um oligopólio altamente concentrado. Além disso, desde o ano

de início da análise, nenhuma das três empresas aumentou o seu parque tecnológico.

A Rhodia é a empresa que possui a maior capacidade instalada (40.000

toneladas por ano), e é uma empresa de médio porte. A Cloroetil e a Butilamil são

empresas de pequeno porte e apresentam capacidades instaladas de 13.000 e 9.000

toneladas por ano, respectivamente (Associação Brasileira da Indústria Química –

ABIQUIM, 2013).

Uma breve descrição das empresas produtoras de ácido acético no cenário

nacional é encontrada em seguida.

Rhodia

É uma empresa do grupo Solvay. É líder mundial no desenvolvimento e

produção de especialidades químicas e fornece produtos para mercados diversificados,

como elétrico, automobilístico, aromas e fragrâncias, saúde, cuidados pessoais e

domiciliares, bens de consumo e indústria. Possui 11 unidades globais de negócios

(RHODIA, 2014).

A Rhodia está presente no Brasil desde 1919 e tem, atualmente, unidades

industriais em quatro cidades: Santo André, São Bernardo do Campo, Jacareí e

Paulínia/SP. Além disso, um dos cinco centros mundiais de pesquisa está localizado em

Paulínia.

A Rhodia é dividida em 11 “empresas”, como se segue:

Acetow: responsável pela fabricação de fibra de acetato de celulose,

usada principalmente na produção de filtros de cigarro;

Aroma Performance: produz aroma para a indústria alimentícia e

intermediários utilizados nos mercados de perfumaria, eletrônicos, entre

outros. É líder mundial em difenóis;

Coatis: desenvolve solventes oxigenados, assim como fabrica produtos à

base de fenol e derivados;

Eco Services: regeneração de ácido sulfúrico, focado principalmente na

indústria de refinamento Norte-Americanas;

Plásticos de Engenharia: plásticos de engenharia à base de poliamida de

alto desempenho, desenvolvido para automóveis, eletrônicos & elétricos,

esportes e mercadorias para a indústria de recreação;

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Fibras: localizada no Brasil, produz fibras à base de poliamida usadas em

roupas e lingeries;

Novecare: fornece produtos de alto desempenho para mercados variados,

como de cosméticos, produtos de limpeza, agroquímicos e óleos e para

aplicações industriais;

Poliamida e Intermediários: produz intermediários e polímeros derivados

da poliamida 6.6;

Terras-Raras: fornece formulações à base de terras-raras para catálise

automotiva, luminescência e polimento;

Sílica: produz sílicas de alto desempenho, usada no reforço de polímeros

ou como “portadores” para suplementos dietéticos;

Energy Services: além de desenvolver soluções em cuidados com o

clima, presta serviços à própria Rhodia e a terceiros.

Cloroetil

É uma empresa 100% nacional e opera desde 1982. Tem grande participação no

mercado nacional de solventes acéticos e usa como matéria-prima o álcool da cana-de-

açúcar (CLOROETIL, 2014). Além do ácido acético, produz também acetato de etila,

acetato de isoamila, acetato de butila, acetaldeído e acetyl.

A Figura II.4 mostra, simplificadamente, o processo de obtenção dos produtos

da Cloroetil.

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Figura II.4. Processo de Obtenção de Produtos da Cloroetil

Butilamil

Fundada em 1959, a Butilamil se destaca pela produção orgânica de ácido

acético glacial e acetato de etila. Esses produtos são utilizados nas indústrias de tintas e

vernizes, embalagens, couros, adesivos, têxteis e afins, complementando com a

produção de álcool neutro, distribuído também para indústrias de bebidas e alimentos

(BUTILAMIL, 2014).

Além dos produtos principais citados acima, a empresa também fabrica acetato

de amila, álcool anidro industrial, álcool extra neutro e destilado alcoólico de cana,

álcool isoamílico e solv (mistura do acetato de etila, álcool anidro industrial e em casos

especiais, álcool isopropílico (isopropanol)). Esses produtos são empregados em

Fonte: CLOROETIL, 2014.

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mercados diversificados, como a indústria de tintas e vernizes, cosméticos, bebidas

finas, farmacêutica, entre outras.

II.2.1.2 – Capacidade Instalada e Produção

Durante todo o período analisado, as três empresas fabricantes de ácido acético

se mantiveram consolidadas. Houve apenas uma pequena modificação na capacidade

instalada, em 2003 a capacidade instalada da Cloroetil passou de 14.000 para 13.000

ton/ano. Desde então, todas as empresas mantiveram seus parques tecnológicos e a

capacidade instalada total não aumentou. As três empresas participantes no cenário

nacional somam uma capacidade instalada de 62.000 toneladas anuais.

Desde 2002, a produção, como um todo, cresceu ano a ano, apresentando apenas

leves quedas durante o período, como é possível observar na Tabela II.2, adaptada de

dados do Anuário da Indústria Química Brasileira da ABIQUIM. A partir do ano de

2009, informações sobre a produção não estão mais disponíveis.

Ainda de acordo com essa tabela, pode-se notar que o maior destino da

produção brasileira é para o próprio consumo interno, visto que a quantidade de ácido

acético exportada é pequena quando comparada com a quantidade produzida. No ano de

2008, por exemplo, percebe-se que menos de 10% da produção nacional é exportada.

Esse cenário é justificável uma vez que toda a demanda interna não pode ser suprida

por tal produção, já que o consumo aparente em todos os anos é maior que a quantidade

produzida internamente.

O percentual de utilização das plantas produtoras de ácido acético não

ultrapassou 88,6% no período analisado. Entretanto, mesmo se as unidades de produção

trabalhassem com 100% da sua capacidade instalada, a demanda nacional não seria

suprida apenas por esta produção, sendo necessário importar. Logo, é justificável a

implantação de uma nova unidade produtora de ácido acético no Brasil. A demanda e

suas projeções serão analisadas nos próximos tópicos.

Apesar de a produção nacional ter aumentado, como um todo, de 2002 a 2008, e

da capacidade instalada existente, em 2011 a produção brasileira foi praticamente nula,

e este cenário se estende até hoje. Rhodia e Cloroetil consomem ácido acético

importado na sua totalidade, enquanto que a Butilamil adquire o acetato de etila para

comercialização, sem haver produção. A produção de ácido acético no Brasil foi sendo

substituída pela importação, em função dos elevados custos de produção devido à alta

de preços do etanol, e preços no mercado internacional bem mais competitivos (via rota

de carbonilação do metanol) (PUC-RIO, 2014).

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Tabela II.2. Evolução do Consumo Aparente (CA)

Ano Produção (t/ano) Exportação (t/ano) Importação (t/ano) CA (t/ano) % de Utilização

2002 13.422,5 322,6 113.683,3 126.783,2 21,3

2003 31.177,5 872,0 95.798,4 126.103,9 50,3

2004 50.526,6 984,0 117.868,6 167.411,2 81,5

2005 54.926,0 1.675,0 108.165,9 161.416,9 88,6

2006 38.385,3 1.285,9 127.080,3 164.179,7 61,9

2007 52.905,0 5.009,4 104.065,3 151.960,9 85,3

2008 52.793,7 5.564,7 87.267,8 134.496,8 85,2

II.2.1.3 – Preços e Competição na Indústria

Pode-se observar pela Figura II.1 e pela Tabela II.3 que a produção nacional de

ácido acético não é competitiva com o mercado externo, uma vez que os preços são

maiores em todos os anos analisados. Observa-se, também, que nos últimos dois anos,

2013 e 2014, o preço FOB (US$/t) para a exportação aumentou drasticamente, piorando

ainda mais a competição com o produto externo.

Em 2001, apenas a Cloroetil e a Butilamil produziam ácido acético no Brasil,

totalizando uma capacidade instalada de 23.000 toneladas anuais (ABIQUIM, 2002).

Em 2002, com a entrada da Rhodia-Poliamida no mercado brasileiro de ácido acético, a

capacidade instalada passa a ser 63.000 t/ano e em 2003 a produção quase triplica

quando comparada ao ano anterior. A partir da entrada da Rhodia no mercado nota-se

que a diferença entre os preços diminui, tornando o produto nacional um pouco mais

competitivo. Esse fato também pode ser observado na Tabela II.2. De 2002 para 2003,

por exemplo, o volume exportado também quase triplicou (ABIQUIM, 2003). No

entanto, esta exportação é irrisória quando comparada ao volume importado.

Além disso, observa-se uma queda geral dos preços em 2009. Isso se deve,

provavelmente, à crise econômica internacional, que reduziu a demanda pelo produto

mundialmente.

A produção de ácido acético ainda tem um longo caminho a percorrer até suprir

a demanda nacional e, eventualmente, ser exportado. O ácido acético era produzido no

Brasil por uma tecnologia inferior àquela mais utilizada mundialmente, como será

demonstrado mais a frente, o que diminui sua vantagem competitiva no mercado

internacional. Esse fato, aliado à ausência de excedentes, já que a demanda não é

suprida pela produção nacional, desfavorece as exportações.

Como pode ser observado na Tabela II.3, os valores de US$FOB/t dos anos

2013 e 2014 foram muito elevados. Isso ocorreu pois a quantidade exportada foi muito

pequena, uma vez que a produção brasileira é praticamente nula e os preços nãos são

competitivos com o mercado internacional.

Fonte: ABIQUIM, 2003 – 2008.

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Figura II.5. Evolução dos Preços - Comércio Exterior

Tabela II.3. Importação e Exportação de Ácido Acético

t US$1000 FOB US$ FOB/t t US$1000 FOB US$ FOB/t

2002 113.683,3 29.475,5 259,3 322,6 212,3 658,1

2003 95.798,4 29.366,1 306,5 872,0 459,8 527,3

2004 117.868,6 41.518,9 352,2 984,0 524,1 532,6

2005 108.165,9 45.241,5 418,3 1.675,0 1.035,6 618,3

2006 127.080,3 60.125,2 473,1 1.285,9 1.002,9 779,9

2007 104.065,3 56.357,4 541,6 5.009,4 3.986,4 795,8

2008 87.267,8 52.632,6 603,1 5.564,7 5.192,5 933,1

2009 96.554,2 36.416,8 377,2 2.160,1 1.555,1 719,9

2010 121.011,7 50.378,3 416,3 936,8 646,6 690,2

2011 125.039,3 56.191,2 449,4 482,5 388,6 805,4

2012 126.022,2 53.012,8 420,7 341,7 250,6 733,4

2013 135.314,6 61.320,0 453,2 93,4 494,1 5.290,1

2014 137.374,3 69.218,5 503,9 1,7 86,3 50.764,7

AnoImportação Exportação

Na Figura II.6, é possível observar a grande diferença entre as importações e as

exportações no Brasil. Como a produção nacional é bastante pequena, as importações

correspondem quase que à totalidade do consumo interno brasileiro.

Fontes: ABIQUIM, 2003 – 2013 e ALICE WEB, 2015.

Obs.: Os valores de US$ FOB/t dos anos 2013 e 2014 não foram colocados no gráfico para

melhorar a visualização. Estes valores podem ser vistos na Tabela II.3.

Fonte: ABIQUIM, 2003 – 2013.

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Figura II.6. Importação e Exportação de Ácido Acético

II.2.2 – Análise da Demanda

Dados mais recentes divulgados pela ABIQUIM, do ano de 2008, mostram que

98,8% do ácido acético no Brasil tem como fim os processos químicos, 0,9% vão para a

indústria têxtil, 0,2% para o setor alimentício e 0,1% para a produção de tintas e

vernizes.

Nota-se pela Tabela II.2 a grande dependência nacional em relação às

importações. Em todos os anos do período analisado que se tem dados disponíveis

(2002 – 2008), a produção foi irrisória quando comparada ao consumo aparente. No ano

de 2005, por exemplo, em que a produção brasileira foi a maior, as importações

somaram 67% da demanda, o que demostra a forte necessidade de se importar o ácido

acético.

A média anual de demanda, calculada para o período de 2002 a 2008 devido a

indisponibilidade de informações mais atualizadas, foi de 176.680,95 t/ano. Neste

mesmo período, a média da produção nacional foi de 42.019,51 t/ano, da importação foi

136.906, 23 t/ano e da exportação foi de 2.244,80 t/ano.

Como já foi possível observar, a produção nacional de ácido acético não supre

sequer metade da demanda, sendo assim, os gastos com importações são muito grandes.

Em 2013, por exemplo, foram exportados apenas 494.085 US$ FOB, enquanto a

importação foi de 61.320.003 US$ FOB (ALICE WEB, 2014), como pode-se ver na

Tabela II.3.

Fontes: ABIQUIM, 2003 – 2013 e ALICE WEB, 2015.

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II.2.2.1 – Projeções

Inicialmente, pensou-se em fazer projeções para o consumo aparente até o ano

de 2025. No entanto, as informações de produção somente estão disponíveis até o ano

de 2008. Estes dados não representariam, então, a situação atual, visto que o mercado é

muito dinâmico. Além disso, o consumo aparente até 2008 apresentou um

comportamento bastante instável, o que dificultaria as projeções.

Sabe-se que, em 2011, a produção brasileira de ácido acético foi praticamente

nula e que este cenário se mantém até hoje. Sendo assim, a importação é o principal

fator que influencia o consumo nacional de ácido acético. As projeções foram feitas,

então, para as importações.

O período tomado como base para as extrapolações foi de 2010 a 2014. Apesar

de não se ter informações disponíveis sobre a produção no ano de 2010, ele foi

considerado pois apresenta um comportamento semelhante ao dos anos seguintes. Sabe-

se que o período considerado para as projeções é curto e para uma análise mais

completa a quantidade de dados deveria ser maior. No entanto, devido à mutabilidade

do mercado, este intervalo de tempo é o que melhor representa o cenário atual.

As projeções, que podem ser observadas na Figura II.7, mostram qual será a

importação de ácido acético no ano de 2025. A partir desta informação, será possível

determinar a capacidade instalada para uma possível nova planta de ácido acético a ser

inaugurada, de forma que esta planta elimine a necessidade de importações.

A fim de realizar as projeções das importações em 2025, utilizaram-se as

funções tendência e crescimento no EXCEL. Estas funções retornam valores de uma

tendência linear e de um crescimento exponencial, respectivamente.

Figura II.7. Projeções das Importações

Fonte: Elaboração Própria.

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II.2.3 – Capacidade da planta a ser instalada

De acordo com as projeções, a importação brasileira no ano de 2025 será de

184.853,1 toneladas e de 198.474,6 toneladas para as projeções linear e exponencial,

respectivamente. Logo, a fim de que se supram as importações, a nova unidade de

produção de ácido acético de ter uma capacidade instalada de, no mínimo, 198.474.6

toneladas por ano em 2025.

A Petrobras, no entanto, planeja implantar, no Complexo Gás-Químico de

Linhares, ES, uma planta para a produção de 200.000 toneladas anuais de ácido acético,

a fim de suprir a crescente demanda brasileira no setor de fertilizantes (PETROBRAS,

2011). Inicialmente as operações eram previstas para o início de 2015. Com essa

capacidade instalada o Brasil alcançaria a autossuficiência em ácido acético. Sendo

assim, a logo prazo não é justificável a implantação de uma nova unidade de produção

de ácido acético.

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Capítulo III – Rotas de Produção do Ácido Acético

III.1 – Oxidação Direta de Hidrocarbonetos Saturados

A oxidação em fase líquida (OFL) de hidrocarbonetos alifáticos já foi praticada

em todo o mundo. No entanto, devido à competição com a carbonilação do metanol, as

plantas reduziram significativamente a produção por OFL. Esta rota de produção muda

dependendo da disponibilidade de matérias-primas, que incluem n-butano e nafta leve.

Nos Estados Unidos e Canadá, a Celanese emprega butano, enquanto a BP, no Reino

Unida, usa nafta leve para produzir o ácido acético (CHEUNG, TANKE e TORRENCE,

2002).

De todas as olefinas e parafinas, o butano recebeu a maior atenção como

matéria-prima da oxidação a ácido acético (Equação III.1). A Celanese iniciou sua

produção de ácido acético em Pampa, Texas, em 1952, baseada na OFL do butano. Por

volta de 1956, plantas comerciais da Union Carbide, AKZO Zout Xhemie, Chemische

Werke Huls e Russian Refinery estavam em operação. Em 1973, 40% da capacidade

total de ácido acético utilizava esta tecnologia. Devido à superioridade econômica do

processo de carbonilação do metanol, pouco dessa capacidade sobrevive atualmente.

C4H10 + O2 → CH3CO2H + HCO2H, outros oxigenados (III.1)

Um processo típico de oxidação do butano usa catálise de cobalto, embora

manganês, cromo, vanádio, bismuto, níquel, titânio e estanho também possam ser

utilizados. A oxidação ocorre a 100-200°C e 1.000-5.000kPa. Há a formação de muitos

subprodutos, como os ácidos fórmico, propiônico, acrílico, entre outros. O processo

pode ocorrer na ausência de catálise, com conversão de 30% de butano (AGREDA,

1993).

O mecanismo contabilizando todos os subprodutos é complexo e não foi

completamente estabelecido. No entanto, sabe-se que a oxidação do butano se dá pelas

etapas de iniciação, oxidação, propagação e decomposição (CHEUNG, TANKE e

TORRENCE, 2002).

III.2 – Oxidação do Etileno

Em geral, os métodos de produção de ácido acético baseados na oxidação direta

do etileno (Equação III.2) utilizam oxigênio do ar combinado com um sal de paládio na

presença de vanádio (por exemplo, pentóxido de vanádio). Processos nas fases líquida e

vapor são conhecidos (AGREDA, 1993).

C2H4 + O2 → CH3COOH (III.2)

Estudos demonstraram que a presença de paládio aumenta a oxidação do etileno

a ácido acético em temperatura em torno de 230°C (SEONE et al., 1980 apud

CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002). Pesquisas feitas pela empresa Showa Denko

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combinaram paládio com heteropoliácidos. A empresa patenteou um catalisador para a

produção de ácido acético a partir de etileno e oxigênio. O catalisador contém paládio,

um heteropoliácido, como ácido silicotungstico, e telurito de potássio ou selenito de

potássio. O processo opera a 150°C e 0,7MPa. Embora água não seja consumida na

reação, a sua presença aumenta a seletividade do ácido acético e é recomendada

(CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002).

III.3 – Oxidação do Etano

Diversos grupos investigaram a conversão de etano a ácido acético (Equação

III.3).

C2H6 + 3/2 O2 → CH3CO2H +H2O (III.3)

A Union Carbide desenvolveu o processo Ethoxene para a produção de etileno a

partir de etano e oxigênio. Os primeiros catalisadores consistiam de molibdênio,

vanádio, óxidos de nióbio e eram bastante seletivos para etileno a temperaturas abaixo

de 300°C. Infelizmente, a conversão de etano era baixa (em torno de 10%), devido à

inibição por produto. Desenvolvimentos adicionais focaram na coprodução de etileno e

ácido acético com um catalisador composto por molibdênio, vanádio, nióbio, cálcio e

antimônio (MANYIK, BROCWELL e KENDALL, 1986 apud CHEUNG, TANKE e

TORRENCE, 2002). A adição de água aumentava a formação do ácido acético. Uma

patente posterior mostrou que a adição de água e um catalisador que promove a

hidratação do etileno aumentavam a seletividade do ácido acético (MCCAIN, KAISER

e O’CONNOR, 1988 apud CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002).

A Rhône-Poulenc patenteou um processo de produção de ácido acético a partir

de etano com óxido de vanádio ou pirofosfato de vanádio suportado em dióxido de

titânio. Pesquisas descobriram que a produção de ácido acético era mais favorecida do

que a de etileno e de óxidos de carbono em temperaturas abaixo de 300°C (TESSIER et

al., 1995 apud CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002). Outros estudos

demonstraram que a adição de molibdênio aumentou a seletividade para ácido acético.

Especula-se que a dessorção do ácido acético da superfície catalítica seja a etapa

controladora da reação (ROY et al., 1996 apud CHEUNG, TANKE e TORRENCE,

2002).

A BP afirma que a adição de rênio a uma mistura de catalisadores de ácidos

metálicos aumenta a seletividade de ácido acético na oxidação de etano e/ou etileno.

Novamente, a água é utilizada para aumentar a seletividade do ácido acético. A

Standard Oil, por sua vez, diz que uma boa seletividade é alcançada com um catalisador

de pirofosfato de vanádio contendo um metal de transição. A Hoechst alega que um

catalisador contendo molibdênio e paládio é efetivo para este caso. Uma seletividade do

ácido acético de 84% foi atingida a 250°C e 7bar com um tempo de residência de 14

segundos.

Embora o etano seja uma matéria-prima barata e altas seletividades tenham sido

alcançadas, é improvável que a oxidação do etano venha a competir com a carbonilação

do metanol em um futuro próximo. A concentração de oxigênio deve ser limitada por

razões de segurança e, portanto, a conversão por passe no reator é limitada. Embora a

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20

adição de oxigênio em etapas seja possível, a inibição pelo produto continua sendo um

problema e limita a conversão do etano (CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002).

III.4 – Fermentação de Carboidratos

O vinagre, que é uma solução aquosa de ácido acético, é produzido desde que a

produção de vinho é conhecida, por volta de 10.000 a.c. Assume-se que o primeiro

vinagre foi resultado de um vinho estragado.

O primeiro processo de fabricação de vinagre é conhecido como “processo

lento”, “método francês” ou “processo Orleans”. O processo envolve a adição parcial,

em barris de madeira, de vinho e vinagre de boa qualidade para acelerar a reação. O

vinho é adicionado uma vez por semana durante quatro semanas. Após cinco semanas, o

vinagre é retirado e substituído por vinho, resultando em um processo lento e contínuo.

Ar é introduzido logo acima da superfície do líquido, onde é formado um tapete

gelatinoso contendo um grande número de bactérias.

No início dos anos 1800, o “processo rápido” ou “processo alemão” foi

desenvolvido, no qual o vinho goteja em um leito de aparas de madeira ou coque. Um

grande volume de ar é aspergido pelo fundo do tanque. Esse processo, que alcança

conversões de 98% em cinco dias, foi usado intensivamente por cerca de um século.

Suas principais vantagens incluem baixo custo, facilidade de controle, obtenção de altas

concentrações de ácido acético, e baixas perdas por evaporação.

Hromatka e Ebner, em 1949, aplicaram a fermentação submersa à oxidação do

etanol em ácido acético. Uma vez que a bactéria Acetobacter é sensível ao nível de

oxigênio na fase gás (a fermentação cessa a O2 < 5%), o processo submerso é

dependente da eficiência de aeração. As vantagens desse processo são: taxas mais altas

de oxidação do álcool (até 30 vezes mais rápidas), menor volume de reator requerido

para uma determinada taxa de produção, melhor eficiência e conversão e facilidade de

operação. A depleção de oxigênio por apenas 30 segundos pode matar a Aerobacter, por

isso necessita-se de uma completa aeração (AGREDA, 1993).

A concentração de ácido acético na solução obtida pela fermentação do vinho é

limitada pois as bactérias não sobrevivem a baixos pH. A produção por bactérias tem

adquirido interesse, uma vez que este é um processo ambientalmente amigável. No

entanto, a concentração e a pureza do ácido acético obtido por este processo ainda

permanecem um desafio (CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002).

III.5 – Carbonilação do Metanol

Em 1913, descobriu-se que o metanol poderia ser carbonilado a ácido acético

(Equação III.4). Esta rota se tornou economicamente viável após 1920, quando o

metanol tornou-se disponível em quantidades comerciais. Outras empresas, incluindo a

Celanese, começaram a trabalhar intensivamente com a reação de carbonilação após

1925.

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CH3OH + CO → CH3COOH (III.4)

Problemas de corrosão, presentes no início, foram solucionados somente no final

dos anos 1950 com o uso de ligas metálicas recentemente desenvolvidas. Em 1960, a

primeira planta pequena foi inaugurada pela BASF. No processo industrial da BASF, o

metanol – sozinho ou misturado com dimetil éter e uma pequena quantidade de água –

reage com CO na presença de CoI2 na fase líquida a 250°C e 680bar.

No processo industrial, cobalto e iodo podem sem recuperados quase

completamente. As seletividades do ácido acético são 90% baseada no metanol e 70%

baseada no CO. Os subprodutos (4kg por 100kg de ácido acético) incluem uma grande

gama de substâncias. CO2 é considerado um coproduto. Após a separação, é obtido

99,8% de ácido acético.

Em 1983, havia duas plantas utilizando o processo BASF: uma no oeste da

Alemanha, com uma capacidade de 50.000 toneladas por ano e uma nos Estados Unidos

com capacidade de 65.000 toneladas anuais.

Por volta da metade dos anos 1960, a Monsanto descobriu que ródio combinado

com iodo era um catalisador consideravelmente mais ativo que o cobalto para a

carbonilação do metanol. Em 1970, a primeira planta entrou em operação na Cidade do

Texas, com uma capacidade de 150.000 toneladas por ano de ácido acético.

Nos anos seguintes, o processo Monsanto foi o preferido para novas plantas de

produção de ácido acético, tanto que, em 1991, cerca de 55% da capacidade mundial de

ácido acético era baseada nesta tecnologia. No Japão, a primeira planta a usar a

tecnologia Monsanto iniciou as operações em 1980 pela Daicel Chemical com uma

capacidade de 150.000 toneladas anuais. No oeste da Europa, a primeira unidade tinha

uma capacidade de 225.000 toneladas por ano e foi implantada pela Rhône Poulenc em

1981.

No processo industrial, metanol e CO reagem continuamente em fase líquida a

150-200°C sob uma pressão de até 30bar para formar ácido acético com seletividades de

99% baseada no metanol e acima de 90% baseada no CO. Os principais subprodutos são

CO2 e H2, que são gerados pela reação de shift. Em uma unidade comercial moderna, o

controle do processo completamente automatizado inclui a produção e regeneração do

sistema catalítico, uma vez que uma baixa perda de ródio é essencial para a

lucratividade do processo (WEISSERMEL e ARPE, 1997).

Celanese e Daicel, posteriormente, aprimoraram o processo Monsanto durante os

anos 1980 pela adição de iodeto de lítio ou sódio como promotores para permitir que a

operação fosse feita em um ambiente com quantidade reduzida de água. A menores

concentrações de água, a formação de subprodutos pela reação de shift é reduzida,

diminuindo, então o consumo de matérias-primas e os custos de separação (YONEDA

et al., 2001).

Os direitos do processo Monsanto foram adquiridos pela BP em 1986. Em 1996,

a BP anunciou um novo processo de carbonilação do metanol, denominado Cativa™,

baseado em catalisador de irídio e promotor de iodeto. O processo Cativa oferece

melhorias significativas quando comparado ao processo convencional baseado em

catalisador de ródio. A estabilidade catalítica é maior, o que permite a operação em

baixas concentrações de água, as taxas de reação são altas, a formação de subprodutos

líquidos é menor e o rendimento com base no monóxido de carbono é maior. Este

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processo foi primeiramente comercializado em novembro de 1995 e foi utilizado para

aumentar em 20% a capacidade produtiva da planta da Steerling Chemicals, no Texas

(SUNLEY e WATSON, 2000). A maioria dos estudos para o processo Cativa foram

realizados a temperatura de 190°C e pressão de 28 bar (SUNLEY e WATSON, 2000;

JONES, 2000).

Inerente ao processo homogêneo de carbonilação do metanol, no entanto, estão

alguns inconvenientes relacionados às limitações de solubilidade do catalisador e à

perda do ródio, que é um metal caro, devido à sua precipitação nas seções de separação.

Neste sentido, a imobilização do complexo de Rh em um suporte foi foco de

investigações. Chiyoda e UOP desenvolveram em conjunto um processo aperfeiçoado

de carbonilação no metanol usando um sistema catalítico heterogêneo de ródio. Este

processo é denominado Acetica (YONEDA et al., 2001).

Em 1999, a Chiyoda construiu uma planta piloto do processo Acetica com uma

capacidade de aproximadamente 10 toneladas anuais. Paralelamente, a empresa

conduziu testes com o reator de “coluna de bolhas” (bubble-column reactor), utilizado

neste processo, juntamente com modelagem em Fluidodinâmica Computacional (CFD -

Computational Fluid Dynamics) para confirmar a estabilidade do sistema do reator.

Como resultado destes projetos de demonstração, a tecnologia foi licenciada pela

primeira vez para uma empresa chinesa em 2003 (MEYERS, 2005; CHIYODA, 2004).

A licença foi concedida à Guizhou Crystal Organic Chemical Group Co para a

construção de uma unidade de produção de ácido acético com capacidade estimada em

36.000 t/ano (CHIYODA, 2004). Recentemente, em 2012, o processo Acetica foi

sublicenciado para o Complexo Gás-Químico de Linhares, ES, para a produção de ácido

acético (CHIYODA, 2013).

As tecnologias de carbonilação do metanol citadas acima serão apresentadas de

forma mais aprofundada no próximo capítulo.

Atualmente, novos estudos têm sido realizados a fim de se aumentar a

estabilidade catalítica da carbonilação do metanol ou prevenir a perda do catalisador nas

etapas posteriores do processo. Sais de imidazol, por exemplo, foram utilizados com

sucesso para aumentar a estabilidade do catalisador (LE BERRE et al., 2014). Diversas

patentes acerca do assunto já foram publicadas.

III.6 – Oxidação do Acetaldeído

A obtenção de ácido acético a partir do acetaldeído já foi a rota dominante para a

produção do ácido acético. De 45 a 75% do acetaldeído produzidos chegaram a ser

empregados na produção de ácido acético e do anidrido acético. Devido a razões

econômicas, rotas alterativas para a formação do ácido acético (como a carbonilação do

metanol) também se tornaram importantes. A produção comercial de ácido acético a

partir do acetaldeído começou em 1911 na Alemanha e em 1920 nos Estados Unidos

(AGREDA, 1993).

Os processos convencionais de oxidação do acetaldeído (Equação III.5)

envolvem a oxidação com ar de uma solução de ácido acético contendo de 5 a 15% de

acetaldeído, em presença de acetato de manganês dissolvido a 50–80°C, sob pressão de

8–10atm. Os produtos da reação são destilados e os gases são removidos. A conversão

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do acetaldeído a ácido acético é normalmente superior a 90% e a seletividade é maior

que 94%. Podem ser utilizadas duas variantes deste processo: contínua e descontínua.

CH3CHO + ½ O2 → CH3COOH (III.5)

Os processos mais conhecidos são os da Hoechst, Rhône Poulenc e Melle (que

foi comprada pela Rhône Poulenc) (CENTRO DE PESQUISA E

DESENVOLVIMENO - CEPED, 2006).

A oxidação é geralmente feita com oxigênio. Um exemplo é o processo Hoechst,

que opera continuamente a 50 – 70°C em torres de oxidação feitas de aço inoxidável

utilizando ácido acético como solvente. São necessárias temperaturas de pelo menos

50°C para alcançar uma decomposição adequada do peróxido, um intermediário da

reação, e, então, uma taxa de oxidação suficiente. O calor da reação é removido pela

circulação da mistura por um sistema de resfriamento. Um controle cuidadoso da

temperatura limita a decomposição oxidativa do ácido acético a ácido fórmico, CO2 e

menores quantidades de CO e H2O. A seletividade do ácido acético alcança 95-97%

baseada em acetaldeído.

Como uma alternativa à oxidação do acetaldeído com oxigênio, Rhône

Poulenc/Melle Bezons desenvolveram um processo usando ar como agente oxidante.

Seletividades similares às obtidas com oxigênio puro são alcançadas. No entanto, a

grande quantidade de gases inertes na oxidação a ar é desvantajosa.

Os subprodutos de ambos os processos são muito similares. Além do CO2 e do

ácido fórmico, estão incluídos acetato de metila, metanol, formato de metila e

formaldeído. Eles são separados por destilação (WEISSERMEL e ARPE, 2003).

III.7 – Pirólise de Biomassa

A crescente preocupação com as emissões de origem fóssil levou a um aumento

do interesse por fontes de energia renováveis. Madeira e outras formas de biomassa,

incluindo resíduos agrícolas e florestais, são exemplos de insumos renováveis, que

atualmente estão sendo consideradas como base para a produção de combustíveis

líquidos.

A pirólise é considerada uma rota promissora para atingir o objetivo de

converter a biomassa a combustíveis líquidos. A pirólise consiste em decomposição

térmica na ausência de oxigênio (ou na presença de significativamente menos oxigênio

do que é requerido para a combustão completa). Tentativas iniciais para a obtenção de

óleos úteis a partir da pirólise da biomassa levaram a, predominantemente, produtos de

equilíbrio (por exemplo, produtos da pirólise lenta). Além do produto líquido desejado,

aproximadamente porções iguais de sólidos não reativos (carvão e cinzas) e gases não

condensáveis foram obtidos como subprodutos indesejados. Mais recentemente, no

entanto, foram alcançados rendimentos maiores de líquidos e gases fora do equilíbrio

(incluindo intermediários químicos, petroquímicos e combustíveis) a partir de matéria-

prima carbonácea através da pirólise rápida.

A pirólise rápida se refere, geralmente, a tecnologias que envolvem rápida

transferência de calor para a biomassa, a qual é mantida a uma temperatura

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relativamente alta por um curto período de tempo. A temperatura dos produtos

primários da pirólise é, então, rapidamente diminuída antes que o equilíbrio químico

seja atingido. O rápido esfriamento previne, portanto, que valiosos intermediários da

reação se degradem a produtos finais não reativos e sem valor (KOCAL, 2014). Na

pirólise rápida da biomassa, o principal produto é o bio-óleo, entre 75-80% em massa e

a sua composição varia de acordo com o tipo de biomassa que lhe deu origem. A análise

do bio-óleo proveniente de vários tipos de biomassa permitiu constatar a presença dos

seguintes grupos: ácidos, álcoois, aldeídos, ésteres, cetonas, açúcares e fenóis

(ESTEVES et al., 2014).

Atualmente, têm sido estudados métodos para a produção de ácido acético a

partir de fontes renováveis que sejam mais baratos que as rotas convencionais baseadas

em fontes fósseis. Estes métodos visam a separação e recuperação do ácido acético

como um produto substancial da pirólise da biomassa. 5% em peso, ou mais, do produto

de pirólise pode ser ácido acético, dependendo da biomassa utilizada e das condições de

pirólise. Para uma dada unidade de pirólise de biomassa comercial, o rendimento total

pode significar uma quantidade significativa para uso em aplicações químicas

comerciais (KOCAL, 2014).

Em seu trabalho, Esteves et al. encontraram composições bastante superiores a

5% de ácido acético em dois tipos de biomassa, casca de eucalipto e madeira. A Tabela

III.1 mostra as quantidades encontradas de ácido acético e outros compostos para estas

duas biomassas em diferentes temperaturas de pirólise (ESTEVES et al., 2014).

Tabela III.1. Distribuição mássica típica, expressa em miligramas do composto por grama de

biomassa, de alguns componentes presentes no bio-óleo proveniente da casca de eucalipto e da

madeira a várias temperaturas.

Madeira

300°C 350°C 400°C 450°C 500°C 550°C 580°C 500°C

Ciclopentanona 0,00 0,05 0,05 0,13 0,16 0,12 0,12 0,19

2-Propanona 3,93 7,41 8,34 5,95 6,16 7,25 7,06 18,28

Hidroxiacetaldeído 7,00 8,23 8,21 5,25 2,66 3,71 4,77 45,45

Ácido Acético 13,68 26,14 27,84 19,82 17,73 17,16 17,08 37,50

Furfural 1,28 2,02 2,03 3,05 2,35 1,60 1,59 5,20

Ácido Propanóico 0,62 1,12 1,16 1,17 1,28 1,18 1,17 1,44

Álcool Furfurílico 0,33 0,30 0,34 0,36 0,43 0,45 0,36 0,33

2(5H)-Furanona 0,74 1,16 1,24 1,19 1,09 0,49 0,28 3,94

Guaicol 0,61 1,43 1,85 2,68 2,47 0,59 0,24 1,38

Metil Guaicol 0,16 0,42 0,60 1,17 1,12 0,22 0,06 0,63

CompostoCasca de Eucalipto

Embora a produção de ácido acético a partir de biomassa seja uma rota

promissora, sua aplicação é recente. Estudos mais aprofundados devem ser realizados

para que esta rota venha a ter aplicação industrial.

Fontes: ESTEVES et. al, 2014.

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III.8 – A partir do Gás de Síntese

Normalmente, uma planta de gás de síntese próxima é exigida para providenciar

a alimentação do monóxido de carbono para a planta de produção de ácido acético. A

integração da planta de gás de síntese com a de produção de metanol e a de produção de

ácido acético pode atingir uma redução significativa de custos quando comparada ao

esquema tradicional.

Pensando neste conceito, Haldor Topsoe propôs um processo integrado que

inclui a síntese de metanol (Equação III.6) e dimetil éter (DME) (Equação III.7) em um

primeiro estágio de reação catalítica, seguida da subsequente carbonilação do metanol e

do DME a ácido acético. Embora a pressão exigida na reação de síntese do metanol seja

mais alta que a usada na produção do ácido acético, a combinação da síntese do metanol

com a síntese do DME pode reduzir a pressão no primeiro estágio reacional. O

catalisador do primeiro estágio de reação consiste de uma mistura do catalisador

utilizado na síntese do metanol e do catalisador de desidratação. A reação ocorre a,

aproximadamente, 220°C e 40atm.

CO + 2H2 → CH3OH (III.6)

2CH3OH → CH3OCH3 + H2O (III.7)

Na etapa de síntese do ácido acético, a carbonilação do metanol (Equação III.4)

e do DME (Equação III.8) a ácido aético é catalisada por um complexo de ródio com o

monóxido de carbono sendo fornecido pela unidade de gás de síntese.

CH3OCH3 + 2CO + H2O → 2CH3COOH (III.8)

As condições reacionais da carbonilação são 170-250°C e 25-50atm e taxas

reacionais aceitáveis em fase líquida são obtidas (YONEDDA et al., 2001).

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Capítulo IV – Tecnologias de Produção de Ácido Acético

Neste capítulo, são abordadas as tecnologias de produção do ácido acético para

as duas principais rotas, descritas no capítulo anterior. As rotas abordadas são a

carbonilação do metanol e a oxidação do acetaldeído. Além disso, estas rotas serão

comparadas de forma a se definir qual seria a melhor tecnologia para se utilizar em uma

possível planta a ser instalada.

A carbonilação do metanol foi escolhida pois cerca de 60% da produção mundial

de ácido acético é obtida através desta rota. Já a oxidação do acetaldeído merece melhor

explicação pois é a mais difundida no Brasil (CHAZIN, 2012) e a segunda mais

utilizada no mundo.

A carbonilação do metanol pode ser realizada pelos processos BASF, Monsanto,

Cativa ou Acetica. Os três primeiros utilizam catálise homogênea, com catalisadores a

base de cobalto, ródio e irídio, respectivamente. Já no processo Acetica a catálise é

heterogênea com catalisador a base de ródio.

IV.1 – Oxidação do Acetaldeído

A oxidação do acetaldeído a ácido acético ocorre pelo mecanismo de reação de

radicais livres, que produz ácido peracético como intermediário. As Equações IV.1 a

IV.3 mostram a iniciação e a propagação para a formação deste ácido (CHEUNG,

TANKE e TORRENCE, 2002). O iniciador consiste do um íon metálico, podendo ser

do próprio catalisador, que reage com o acetaldeído gerando o radical (BAWN, HOBIN

e RAPHAEL, 1956)

Iniciação:

(IV.1)

Propagação:

(IV.2)

(IV.3)

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O ácido peracético reage com o acetaldeído para gerar acetaldeído

monoperacetato (Equação IV.4). Ele, por sua vez, se decompõe eficientemente a ácido

acético (Equação IV.5). A migração do grupamento metil leva à formação do

subproduto formato de metila, conforme a Equação IV.6 (ROYER e BEUGELMANS-

VERRIER, 1971 apud CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002)

A etapa de terminação ocorre principalmente por reações bimoleculares de

radicais acetilperóxi via um intermediário tetróxido (Equação IV.7) (CLITON e

KENLEY, 1975 apud CHEUNG, TANKE; TORRENCE, 2002).

(IV.7)

As Equações IV.8 a IV.10 são a fonte da maior parte dos subprodutos dióxido de

carbono, metanol, formaldeído e ácido fórmico.

(IV.8)

(IV.9)

(IV.10)

(IV.6)

(IV.4)

(IV.5)

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A oxidação não catalisada é eficiente enquanto a conversão do acetaldeído é

baixa e existe uma concentração significativa de aldeído no solvente. Isso mantém a

concentração dos radicais acetilperóxi no estado estacionário baixas e a Equação IV.5 é

favorecida em relação as Equações IV.8 a IV.10. Deve-se prestar atenção especial à

reação não catalisada para impedir que a concentração de acetaldeído monoperacetato

atinja níveis explosivos.

A baixas concentrações de oxigênio outra reação de decomposição via radicais

livres se torna importante (Equação IV.11).

(IV.11)

A taxa de descarbonilação aumenta a altas temperaturas. A descarbonilação se

torna significativa quando a quantidade de oxigênio presente é insuficiente para

sequestrar o radical acetila.

Os catalisadores podem desempenhar diversos papéis importantes na oxidação

de aldeídos (COLOMBO, 1982 apud CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002). Eles

decompõem peróxidos, o que diminui os perigos de explosão (Equação IV.12).

Adicionalmente, o manganês também reduz os radicais acetilperóxi diretamente a

ânions peróxi.

(IV.12)

A reação com Mn+2 auxilia na diminuição da concentração dos radicais

acetilperóxi. O Mn+3 formado (Equação IV.13) pode gerar o radical acetila para ser

usado na etapa de propagação, mas ele não contribui com as reações que geram

ineficiência no processo (Equação IV.11).

(IV.13)

O manganês também aumenta consideravelmente a taxa de reação do ácido

peracético e do acetaldeído a ácido acético. A reação na presença de manganês é de

primeira ordem para perácido, aldeído e manganês. Além disso, a decomposição

mostrada na Equação IV.13 reabastece o suprimento de radicais. Este fato é importante

pois a oxidação necessita de um fluxo constante de radicais. Os íons de manganês

aumentam tanto a taxa quanto a eficiência da oxidação (CHEUNG, TANKE;

TORRENCE, 2002).

Processo Industrial

O fluxograma característico de uma unidade de produção de ácido acético via

oxidação do acetaldeído é mostrada na Figura IV.1.

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Figura IV.1. Fluxograma Típico da Oxidação do Acetaldeído.

O reator (a) é alimentado com ar ou ar enriquecido com oxigênio. A temperatura

varia, tipicamente, entre 60 a 80°C, com pressões de 0,3 a 1,0MPa. Ao sair do reator, a

mistura reacional circula rapidamente por um trocador de calor externo para remover o

calor de reação. O gás de exaustão é resfriado e, então, na coluna de lavagem de gás (f),

é lavado com produto recirculado (que vai para o reator) e com água (que vai para a

coluna de recuperação do aldeído). Na coluna de lavagem de gás (f) também é

adicionado o iniciador, que depois segue para o reator. O produto que sai do reator é

alimentado na coluna de recuperação do aldeído (b), da qual o aldeído é reciclado. O

restante do efluente desta coluna vai para a coluna de remoção do acetato de metila (c),

onde este componente é retirado. A coluna seguinte é de recuperação do ácido acético

(d), onde a água é removida no topo por destilação azeotrópica e o produto final sai

como vapor em uma corrente lateral. O rendimento é, geralmente, acima de 90% e a

pureza maior que 99% (CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002). Na coluna (e) tem-

se a recuperação do iniciador.

O número de equipamentos utilizado nesse processo é considerado elevado

quando comparado às tecnologias de carbonilação do metanol. Isso ocorre devido à

grande quantidade de subprodutos gerada e consequente necessidade de removê-los, o

que exige um maior número de colunas de separação.

IV.2 – Carbonilação do Metanol – Processo BASF

A química dos processos catalisados por cobalto (BASF), ródio (Monsanto) e

irídio (Cativa) possuem a semelhança de precisarem de um promotor de iodeto, mas as

Fontes: CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002.

a) Reator; b) Coluna de recuperação do acetaldeído; c) Coluna de remoção do acetato de

metila; d) Coluna de obtenção do ácido acético; e) Coluna de recuperação do iniciador; f)

Coluna de lavagem de gás.

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diferenças cinéticas indicam diferentes etapas limitadoras da reação. Nos três processos,

são comuns dois ciclos catalíticos, um que envolve o catalisador de complexo

coordenado e outro que envolve o promotor de iodeto.

O processo BASF catalisado por cobalto usa iodeto de cobalto (II) para geração

in situ de [Co2(CO)8] e ácido iodídrico. Comparado a outros processos de carbonilação

do metanol, são exigidas condições severas para que as taxas reacionais sejam

comercialmente aceitáveis. A taxa de reação depende fortemente tanto da pressão

parcial do monóxido de carbono quanto da concentração de metanol. Os rendimentos de

ácido acético são 90% baseado no metanol e 70% baseado no monóxido de carbono.

Um mecanismo proposto para a reação promovida por iodo é apresentado na Figura

IV.2.

Figura IV.2. Mecanismo de Reação Proposto para o Processo BASF.

A geração do nucleofílico ativo, [Co(CO)4]-, pode ser considerada uma reação de

shift (Equações IV.14 e IV.15), na qual [Co2(CO)8] é o catalisador e o hidrogênio

formado é dissociado do complexo hidrocarbonil.

[Co2(CO)8] + H2O + CO → 2[Co(H)(CO)4] +CO2 (IV.14)

CO + H2O → CO2 + H2 (IV.15)

Subsequentemente, o iodeto de metila formado pelo ácido iodídrico e pelo metanol

sofre ataque nucleofílico pelo ânion [Co(CO)4]-. O iodeto facilita essa reação pois é um

melhor grupo de saída do que o OH-. Forma-se, então, o complexo [CH3Co(CO)4] e em

seguida o [CH3COCo(CO)4], pela reação do [CH3Co(CO)4] com o monóxido de

Fontes: CHEUNG, TANKE; TORRENCE, 2002.

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31

carbono. O iodeto de acetila (CH3COI) é, então, formado pela reação do ácido iodídrico

com o intermediário [CH3COCo(CO)4], regenerando o ânion [Co(CO)4]-. Uma

hidrólise rápida do iodeto de acetila gera ácido acético e ácido iodídrico.

Assume-se que todas as etapas individuais similares envolvidas no mecanismo

ocorrem a taxas menores para o cobalto do que para ródio ou irídio. Isso explica a

necessidade de altas temperaturas no processo BASF. Além disso, altas pressões

parciais de monóxido de carbono são necessárias para estabilizar o complexo

[Co(CO)4]- a altas temperaturas reacionais.

Os subprodutos do processo BASF são CH4, CH3CHO, C2H5OH, CO2,

C2H5COOH, acetatos de alquila e 2-etil-1-butanol. Cerca de 3,5% do metanol reacional

deixam o sistema na forma de CH4, 4,5% como subprodutos líquidos e 2% é perdido na

forma de gases. Perto de 10% da alimentação do CO é convertida a CO2 pela reação de

shift (Equação IV.15) (CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002).

Processo Industrial

O fluxograma característico da produção de ácido acético pelo processo BASF é

mostrado na Figura IV.3.

Figura IV.3. Fluxograma Típico do Processo BASF

Monóxido de carbono, metanol (contendo até 60% de dimetil éter), reciclo do

catalisador, make-up de catalisador e reciclo de iodeto de metila (vindo da coluna de

a) Pré-aquecedor; b) Reator; c) Resfriador; d) Separador de alta pressão; e) Separador de

pressão intermediária; f) Câmara de expansão; g) Câmara de separação; h) Coluna de

remoção de gases; i) Coluna de separação do catalisador; k) Coluna de secagem; l) Coluna de

obtenção do ácido acético; m) Coluna de remoção de resíduos; n) Coluna auxiliar; o) Coluna

de lavagem; p) Coluna de extração.

Fontes: CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002.

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32

lavagem) são enviados para o reator de alta pressão (b), que deve ser feito de aço

inoxidável. Parte do calor de reação é utilizado para pré-aquecer a alimentação e o

restante é dissipado. O produto da reação é resfriado, em (c), e enviado para o separador

de alta pressão (d). Os gases seguem para a coluna de lavagem (o) e o líquido é

expandido até uma pressão de 0,5-1,0MPa no separador de pressão intermediária (e). O

gás liberado no separador de pressão intermediária (e) também é enviado para a coluna

de lavagem (o), já o líquido que sai deste separador vai para a câmara de expansão (f).

O gás saído da câmara segue para a extração (p). Os gases vindos da coluna de extração

e coluna de lavagem são, então, descartados. Tanto as colunas de lavagem quanto de

extração utilizam a alimentação de metanol para recuperar iodeto de metila e outros

compostos voláteis contendo iodo. Essa solução metanólica é retornada para o reator. A

composição do gás descartado no final é, em porcentagem de volume, 65-75% de CO,

15-20% de CO2, 3-5% de CH4 e o restante do CH3OH.

A solução ácida que sai da câmara de expansão (f) contém 45% em peso de

ácido acético, 35% de água e 20% de ésteres, principalmente acetato de metila. O ácido

é purificado em cinco colunas de destilação. A primeira coluna (h) retira o restante do

gás do produto bruto, que é enviado para a coluna de extração (p). O catalisador é,

então, separado como uma solução concentrada de ácido acético pela retirada de

componentes voláteis na coluna de separação do catalisador (i), e esta solução retorna

para o reator. O ácido saído da coluna de separação do catalisador é seco por destilação

azeotrópica na coluna de secagem (k). O produto de topo da coluna de secagem (k)

contém os ácidos acético e fórmico, água e subprodutos que formam azeótropo com a

água. Este produto de topo é um sistema de duas fases que pode ser separado na câmara

de separação (g). Parte da fase orgânica, composta principalmente por ésteres, retorna

para a coluna (k), onde funciona como um agente azeotrópico. O restante da fase

orgânica é enviado para a coluna auxiliar (n), onde os componentes mais pesados são

separados no fundo da coluna, e os ésteres leves do topo são reciclados para o reator.

Voltando à câmara de separação (g), a fase aquosa e a solução de catalisador retornam

para o reator. O produto de fundo da coluna de secagem (k) é levado para a coluna de

obtenção do ácido acético (l), na qual o ácido acético puro é obtido no topo. A corrente

de fundo desta coluna é mandada para a coluna de remoção de resíduos (m). O produto

de topo é mandando de volta para a coluna de secagem (k). A corrente de fundo da

coluna de remoção de resíduos contém cerca de 50% de ácido propiônico, que pode ser

posteriormente recuperado (CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002).

IV.3 – Carbonilação do Metanol – Processo Monsanto

O processo Monsanto de carbonilação do metanol opera a condições brandas

(180-220°C, 30-40atm) e exibe alta seletividade para o ácido acético, de 99% baseada

no metanol e 85% baseada no monóxido de carbono (YONEDA et al., 2001). Este

sistema não é tão sensível ao hidrogênio quanto o processo BASF e, portanto, produtos

de redução como metano e ácido propiônico são comparativamente insignificantes

(CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002). Enquanto a reação pode ser realizada com

uma variedade de complexos de ródio (I) ou ródio (III), nas condições reacionais eles

são quase que invariavelmente convertidos ao catalisador ativo [RhI2(CO)2]-1, mostrado

abaixo. A Figura IV.4 mostra o mecanismo de reação para a carbonilação do metanol

catalisada por ródio.

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Figura IV.4. Mecanismo de Reação Proposto para o Processo Monsanto

O iodeto de metila é formado pela reação do metanol alimentado com o ácido

iodídrico. O iodeto de metila é adicionado oxidativamente ao complexo [RhI2(CO)2]-1

(A) para gerar o complexo (B). Este complexo ródio-metila pode sofrer rapidamente

uma migração do grupamento metila para uma carbolina vizinha (complexo (C)) e

reagir com o monóxido de carbono para gerar o complexo (D). Uma eliminação

redutiva do iodeto de acetila (CH3COI) pode, então, liberar o complexo de ródio

original (A). A hidratação do iodeto de acetila é muito rápida na presença de excesso de

água e resulta na formação do ácido acético e do ácido iodídrico, completando o ciclo.

Estudos cinéticos mostram que a reação é de ordem zero para o monóxido de

carbono e de primeira ordem para o ródio e para o promotor de iodeto sob condições

normais de reação (Equação IV.16). Acredita-se que a etapa limitante da reação seja a

adição oxidativa do iodeto de metila ao ródio no complexo (A) (YONEDA et al., 2001).

Taxa de reação ∝ [catalisador][CH3I] (IV.16)

A taxa de carbonilação é fortemente afetada pelo meio reacional, mas a cinética

global não é afetada pelo solvente, o que sugere que ele não participa da etapa limitante

da reação. A carbonilação do metanol em solventes polares geralmente aumenta a taxa

reacional, especialmente com a adição de solventes próticos. Um solvente ácido

acético/água é o preferido. O promotor é normalmente o iodeto de metila, mas outras

formas de iodo, como ácido iodídrico, podem ser utilizadas sem causar diferenças

marcantes nas taxas reacionais (CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002).

Uma quantidade substancial de água (14 a 15% em peso) é necessária para que

se alcance alta atividade catalítica e que se mantenha uma boa estabilidade do

catalisador. Entretanto, como o ródio também catalisa a reação de shift (Figura IV.5), a

reação paralela que forma CO2 e H2 a partir do CO é afetada significativamente pelas

concentrações de água e ácido iodídrico no meio reacional.

Fontes: YONEDAA et al., 2001.

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Figura IV.5. Mecanismo Proposto para a Reação de Shift

O ácido propiônico é o principal subproduto líquido observado no processo. Ele

é produzido pela carbonilação do etanol, que está presente frequentemente como uma

impureza minoritária na alimentação de metanol. No entanto, outras rotas agem na

produção deste subproduto, uma vez que o ácido propiônico é obtido em maior

quantidade do que poderia ser alcançado apenas pela carbonilação do etanol. O sistema

catalisado por ródio pode gerar acetaldeído, e se propõe que este acetaldeído é reduzido

pelo hidrogênio, gerando etanol, que, consequentemente, gera ácido propiônico. Um

possível precursor para a geração do acetaldeído é a espécie [RhI3(CO)(COCH3)]-,

como demonstrado nas Equação IV. 17.

[RhI3(CO)(COCH3)]- + HI → [RhI4(CO)]− + CH3CHO (IV.17)

[RhI4(CO)]− → RhI3 + I− + CO (IV.18)

A reação desta espécie com ácido iodídrico geraria acetaldeído e [RhI4(CO)]−.

Esta última espécie é bem conhecida no sistema e é tida como a principal causa da perda

do catalisador pela precipitação do triiodeto de ródio (Equação IV.18).

O acetaldeído sofre auto condensação e resulta em butanal e outros aldeídos

superiores. Isso pode levar a reações posteriores, gerando álcoois e ácidos carboxílicos,

o que dificulta o processo de separação (YONEDAA et al., 2001).

No processo Monsanto, devido à alta concentração de água no reator, a

separação da água e do ácido acético é uma grande fonte de consumo de energia e pode

limitar a capacidade de uma planta. Além disso, o excesso de água causa perda no

rendimento do monóxido de carbono devido à reação de shift, e aumenta a formação de

subprodutos, como o ácido propiônico, diminuindo, assim, a qualidade do ácido acético.

Economias consideráveis nos custos operacionais poderiam ser obtidas se a operação

fosse feita a baixas concentrações de água e se existisse um caminho para compensar a

consequente queda na taxa de reação e na estabilidade catalítica causada por essa

diminuição. Como um resultado desta necessidade, a estabilidade do complexo de ródio

a baixa concentração de água foi estudada extensivamente.

Foi identificado inicialmente que iodetos de metais do grupo I, especialmente

iodeto de lítio em combinação com iodeto de metila, eram bons agentes para aumentar a

estabilidade do catalisador de ródio a baixas concentrações de água (4-5% em peso), e

também para diminuir a formação de subprodutos líquidos. Trabalhos posteriores nessa

área revelaram que a adição de uma quantidade substancial de iodetos de metal do

Fontes: YONEDAA et al., 2001.

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35

grupo I (16-20% em peso) também melhoraram a produtividade do reator a

concentrações de água bastante baixas (2% em peso). Essas características permitem

que plantas já existentes ampliem sua capacidade de produção com um custo

incremental baixo (YONEDAA et al., 2001).

Este processo de carbonilação do metanol melhorado, que permite a utilização

de baixas concentrações de água foi proposto pela Celanese e pela Daicel em 1980. Essa

inovação permitiu que a planta Clear Lake da Celanese mais que triplicasse a sua

capacidade, passando de 27.000 toneladas anuais desde o seu início em 1978, para

90.000 toneladas por ano em 1998, com um investimento bastante baixo (CHEUNG,

TANKE e TORRENCE, 2002).

Processo Industrial

O fluxograma característico da produção de ácido acético pelo processo

Monsanto é mostrado na Figura IV.6.

Figura IV.6. Fluxograma Típico do Processo Monsanto.

Uma das características principais do processo original Monsanto é a

necessidade de se manter as condições no reator dentro de certos limites para prevenir a

precipitação do catalisador a base de ródio, que é caro, nas seções posteriores da planta.

A fim de se evitar a perda de ródio, a composição no reator é mantida dentro de limites

de concentração de água, acetato de metila, iodeto de metila e ródio. Uma pressão

parcial mínima de monóxido de carbono também é requerida, além das altas

concentrações de água necessárias. Estas restrições impõem um limite na produtividade

da planta e aumentam os custos de produção uma vez que a seção de destilação da

planta tem que remover uma quantidade considerável de água do ácido acético. Altos

a) Reator; b) Tanque de flash; c) Coluna de remoção de leves; d) Coluna de desidratação; e)

Coluna de remoção de pesados.

Fontes: CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002.

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investimentos e custos operacionais também estão incluídos na operação de uma grande

coluna de destilação para remover as impurezas com altos pontos de ebulição, dentre

elas o ácido propiônico. Novamente, a capacidade da coluna limita a produtividade da

planta (SUNLEY e WATSON, 2000).

Monóxido de carbono e metanol são introduzidos continuamente em um reator

de mistura na fase líquida (a), a 150-200°C e 30-60bar (GAUB et al., 1996, HOWARD

et al., 1993 apud CHEUNG, TANKE e TORRENCE, 2002). Os subprodutos não

condensáveis (CO2, H2 e CH4) são descarregados a fim de se controlar a pressão parcial

de monóxido de carbono no reator. Os gases provenientes do reator e das seções de

purificação são enviados para um sistema de recuperação no qual os componentes leves,

incluindo iodetos orgânicos como o iodeto de metila, são extraídos antes que os gases

não condensáveis sejam queimados. Os componentes leves do sistema de recuperação

são reciclados para o reator. O efluente do reator vai para o tanque de flash (b), onde o

catalisador é separado do produto cru como uma corrente de resíduo e retorna ao reator.

O ácido acético, que contém iodeto de metila, acetato de metila e água, é retirado no

topo do tanque de flash (b) e enviado para a coluna de remoção de leves (c). Os

componentes leves (iodeto de metila, acetato de metila e água) são obtidos no topo da

coluna e reciclados para o reator, enquanto o ácido acético, que ainda contém água, é

removido em uma corrente lateral e levado para a coluna de desidratação (d). O ácido

acético aquoso obtido no topo da coluna de desidratação (d) é enviado de volta para o

reator, enquanto o ácido acético seco segue para a coluna de remoção de pesados (e). O

ácido propiônico, que é o principal subproduto líquido do processo, é removido como

uma corrente de resíduo juntamente com outros ácidos carboxílicos pesados. O produto

final de ácido acético é removido como uma corrente lateral da coluna de remoção de

pesados (e), e a corrente de topo é reciclada para a seção de purificação (CHEUNG,

TANKE e TORRENCE, 2002).

O processo de carbonilação do metanol que utiliza uma concentração menor de

água proposto pela Celanese possui diversas vantagens sobre o processo Monsanto

convencional, mas necessita de um processo de separação mais sofisticado. Apesar de

reduzir o consumo de matérias-primas, aumentar a produtividade e diminuir o custo por

unidade de produto, a operação com pouca quantidade de água leva ao aumento do

iodeto residual no produto final. Alta concentração de iodeto no ácido acético leva a

problemas de contaminação do catalisador em alguns processos downstream, como na

fabricação de VAM. Para contornar os problemas associados à alta concentração de

iodeto no produto final, tratamentos por carbono ativo, hidrogenação e extra destilação

foram propostos (YONEDAA et al., 2001).

IV.4 – Carbonilação do Metanol – Processo Cativa

O potencial uso de irídio ao invés de ródio na carbonilação do metanol foi

identificado nos primeiros trabalhos realizados pela Monsanto, entretanto, a taxa de

reação exibida pelo sistema catalisado por ródio foi superior a do irídio. Posteriormente,

foi revelado que um catalisador melhorado de irídio, combinado com um promotor de

metal, como o rutênio, tem atividade mais alta e resulta em teores mais baixos de

produção de impurezas que os sistemas catalisados por irídio relatados anteriormente. A

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produção de ácido acético usando a carbonilação do metanol catalisada por irídio foi

primeiramente comercializada pela BP-Amoco e foi denominada de Processo Cativa.

Embora seja necessário muito irídio para alcançar uma atividade comparável ao

processo catalisado por ródio, este sistema catalítico é capaz de operar a níveis

reduzidos de água (menos de 8% em peso para o processo Cativa versus 14-15% em

peso para o processo Monsanto convencional). Assim, baixa formação de subprodutos e

maior eficiência do monóxido de carbono são atingidas. Até o início dos anos 1990, a

diferença nos preços do ródio (US$ 500/onça) e do irídio (US$ 60/onça) guiava os

esforços para a substituição do ródio pelo irídio (YONEDAA et al., 2001). No dia 21 de

janeiro de 2015, o ródio custava US$ 1180/onça e o irídio, US$ 550/onça, o que ainda

pode justificar o uso de irídio atualmente (INFOMINE, 2015).

Similar ao processo de carbonilação do metanol catalisado por ródio, o

mecanismo de reação do processo catalisado por irídio da BP também é bem

caracterizado. A reação catalisada por irídio segue uma série de caminhos reacionais

parecidos com os do sistema catalisado por ródio, mas envolve uma etapa limitante da

reação diferente. O mecanismo proposto para o processo Cativa pode ser observado na

Figura IV.7.

Figura IV.7. Mecanismo Proposto para o Processo Cativa

A etapa limitante proposta para a reação é a migração do metil para formar o

complexo alcil irídio. Este caminho envolve a eliminação do iodeto e a subsequente

adição do monóxido de carbono. Estudos realizados a 25°C demonstram que a adição

oxidativa do iodeto de metila ao irídio é de 120 a 150 vezes mais rápida do que no caso

do ródio. Entretanto, a migração do grupamento metila no irídio é de 105 a 106 vezes

mais lenta do que no ródio (WATSON, 1997, HOWARD et al, 1993 apud CHEUNG,

Fontes: CHEUNG, TANKE; TORRENCE, 2002.

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TANKE e TORRENCE, 2002). Este mecanismo de reação sugere a taxa de reação

demonstrada na Equação IV.19.

Taxa de reação ∝ [catalisador][CO]/[I-] (IV.19)

A dependência inversa da concentração de iodeto sugere que altas taxas de

reação seriam alcançadas operando-se com baixas concentrações de iodeto. Este fato

também indica que a inclusão de espécies capazes de promover a remoção do iodeto

aceleraria a etapa limitante da reação. Os promotores, que auxiliam na remoção do

iodeto, para este sistema se encaixam em dois grupos distintos:

Complexos simples de iodeto de zinco, cádmio, mercúrio, gálio e índio e

Complexos carbonila-iodeto de tungstênio, rênio, rutênio e ósmio (JONES,

2000).

A expressão da taxa de reação não indica nenhum efeito da água presente no meio,

mas a água tem um efeito significativo na taxa. No sistema catalisado por irídio, a baixa

concentração de água no reator resulta na formação de menor quantidade de

subprodutos, como ácido propiônico, quando comparado com o processo Monsanto, e

não é necessária adição de iodeto de lítio (YONEDA et al., 2001).

Ashtiany, M.T. et.al (2010) estudaram a influência dos promotores e da

concentração de água na taxa de reação. Eles variaram a quantidade e o tipo de

promotor e avaliaram como esta mudança afeta a taxa de carbonilação. Eles puderam

observar que nenhum dos promotores apresentou qualquer atividade detectável na

ausência do catalisador de irídio.

Suas principais conclusões foram:

O uso de um promotor específico acelera a taxa de migração do metil na etapa

limitante e também pode aumentar o rendimento em termos de monóxido de

carbono. Dentre os promotores testados, o rutênio foi o mais efetivo;

A diminuição do teor de água causa um aumento na taxa de reação, até um valor

máximo, em que a concentração de água é 5-6% em peso. A consequente

diminuição da quantidade de água faz com que a taxa de carbonilação também

decaia (ASHTIANY, REZAEE e JAFARI NASR, 2010).

Estudos realizados em batelada por Jones (2010) também mostraram que o rutênio é

o melhor promotor e que a concentração de água ótima está na faixa de 5-6% em peso,

como é possível observar na Tabela IV.1 e na Figura IV.8. A adição do rutênio no

processo também gera gastos, no entanto, seu valor é cerca de vinte vezes menor que o

preço do ródio, o que ainda o torna vantajoso. Em fevereiro de 2015, o preço do ródio

era US$ 1.190/onça e do rutênio de US$ 56/onça (INFOMINE, 2015)

A Tabela IV.1 mostra que, em geral, as maiores taxas de carbonilação ocorrem para

promotores de rutênio ou que contenham este elemento (corridas número 4 e 13, por

exemplo). A Figura IV.8, além de mostrar a faixa ótima de concentração de água para o

processo catalisado por irídio com promotor de rutênio, faz uma comparação com o

processo convencional Monsanto, que utiliza apenas catalisador de ródio. Para o

processo Cativa (Ir/Ru) existe uma concentração de água que maximiza a taxa de

carbonilação, na faixa de 5%, enquanto para o processo Monsanto (Rh), o

comportamento se torna assintótico à medida que a concentração de água aumenta.

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Pode-se observar, também, que as taxas de carbonilação são quase sempre maiores para

o processo catalisado por irídio com promotor de rutênio.

Tabela IV.1. Efeito de Diferentes Promotores na Taxa de Carbonilaçãoa

Além de promoverem a remoção do iodeto, acelerando a etapa limitante da

reação, um outro papel dos promotores parece ser o de prevenir a formação de formas

inativas do catalisador, como [Ir(CO)2I4]− e [Ir(CO)3I3], formadas como intermediários

da reação de shift (JONES, 2000).

No processo Cativa, o uso de promotores e a otimização de parâmetros do

processo permite a produção de ácido acético a altas taxas reacionais e seletividade

maior que 99% baseada no metanol. A formação do CO2 como subproduto também

pode ser minimizada. O processo catalisado por irídio com a utilização de promotores

pode fornecer rendimento global maior que 98% (SUNLEY e WATSON, 2000).

Fontes: JONES, 2000.

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40

Experi-

mento[Ir] (ppm)

[Ru]

(ppm)

Tempera-

tura (°C)

[MeI]

(% peso)

[MeOAc]

(% peso)

[Água]

(% peso)

Pressão

parcial de

CO (bar)

Taxa de

carbonilação

(mol.dm-3.h-1)

Taxa de

formação

de CO2

(%)

Taxa de

formação

de CH4

(%)

Ácido

propiônico

(ppm)

1 1.600 - 190,0 5,3 15,8 7,0 8,1 11,0 1,5 - 530

2 3.240 - 190,6 3,8 15,7 7,1 10,0 17,0 2,5 - 930

3 1.780 2.320 190,0 5,1 15,1 7,2 8,3 17,1 1,6 - 600

4 1.160 1.510 192,6 6,9 14,8 7,1 8,2 17,3 1,15 1,29 430

5 1.180 1.690 192,5 6,8 15,9 4,9 8,2 22,5 0,99 1,07 580

6 1.170 1.720 192,6 6,7 16,4 4,1 8,0 22,5 1,08 1,13 670

7 1.130 1.640 192,5 7,0 16,2 2,8 8,4 19,2 1,42 1,41 950

8 1.130 1.630 192,5 6,9 16,7 2,2 8,4 15,4 1,48 1,38 1150

9 840 2.330 189,0 10,0 21,9 4,6 8,8 19,8 0,63 0,81 360

10 870 2.870 189,0 10,3 22,3 5,7 8,3 19,8 0,67 0,84 290

Figura IV.8. Comparação da Taxa de Carbonilação versus Concentração de Água para Catalisador

de Ródio e Irídio com Promotor de Rutênio.

Sunley e Watson (2000) fizeram estudos em planta piloto para investigar o efeito

da concentração de irídio, ródio, água e da pressão parcial de CO, entre outros fatores,

na taxa de carbonilação. Estes estudos mostraram-se condizentes com os resultados

obtidos para os experimentos em batelada. Os resultados podem ser observados na

Tabela IV.2.

Fontes: JONES, 2000.

Tabela IV.2. Taxa de Carbonilação e Formação de Subprodutos por Catálise de Irídio e Irídio/Rutênioa

aAs taxas de formação de CH4 e CO2 são apresentadas como porcentagens da taxa de

carbonilação.

Fontes: SUNLEY e WATSON , 2000.

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Os principais subprodutos do processo catalisado por irídio também são o

dióxido de carbono e hidrogênio provenientes da reação de shift (CHEUNG, TANKE e

TORRENCE, 2002). Metano também é formado como subproduto e ácido propriônico é

formado em quantidades muito pequenas (SUNLEY e WATSON, 2000).

Processo Industrial

Na Figura IV.9 pode ser visto um fluxograma simplificado para o processo

Cativa. O Fluxograma deste processo é bastante similar ao processo Monsanto, no

entanto, é mais simples. Como o sistema catalítico do processo Cativa permanece

estável em baixas concentrações de água, o sistema de purificação pode ser

reconfigurado para remover completamente uma das colunas de destilação, combinando

a coluna de remoção de leves e a coluna de desidratação.

O reator não requer o agitador tradicional para homogeneizar o seu conteúdo,

pois é homogeneizado pelo efeito de mistura causado pela corrente que entra e sai do

reator, passando pelo resfriador. Um reator secundário após o reator principal e,

posteriormente, um tanque de flash, aumentam a utilização do CO ao aumentar seu

tempo de residência.

Figura IV.9. Fluxograma Típico do Processo Cativa

O funcionamento geral do fluxograma acima é similar ao do processo Monsanto.

a) Reator; b) Reator secundário; c) Tanque de flash; d) Coluna de desidratação; e) Coluna de

remoção de pesados; f) Resfriador.

Fontes: JONES, 2000.

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IV.5 – Carbonilação do Metanol – Processo Acetica

A fim de se superar as limitações causadas pelo sistema catalítico homogêneo,

como a precipitação de ródio e as limitações de solubilidade do catalisador, a

imobilização do complexo de ródio em um suporte foi objeto de investigação. Diversos

materiais foram testados como possíveis suportes. Carbono ativo, óxidos inorgânicos e

zeólitas foram investigados para uso em fase vapor, mas as taxas de reação para estes

casos foram piores que para o processo homogêneo. Em fase líquida, descobriu-se que a

catálise utilizando resinas de piridina exibia alta tolerância a temperaturas e pressões

elevadas e taxas de reação mais altas que as do processo homogêneo. Além disso, a

empresa Chiyoda introduziu novas resinas de piridina e catalisadores que exibiam alta

atividade, longa vida útil do catalisador e perda de ródio não significativa. Baseado

neste catalisador heterogêneo de ródio, Chiyoda e UOP desenvolveram em conjunto o

processo Acetica.

O catalisador heterogêneo comercializado pelo processo Acetica consiste de um

complexo de ródio imobilizado em uma resina de poli(vinil piridina), que é tolerante a

elevadas temperaturas e pressões. Nas condições reacionais, o ródio é convertido ao seu

ânion cataliticamente ativo, [Rh(CO)2I2]−1. Além disso, os átomos de nitrogênio dos

grupos piridina da resina ficam carregados positivamente após a quaternização com

iodeto de metila. Então, a forte associação iônica entre o nitrogênio da piridina e o

complexo de ródio causa a imobilização (Figura IV.10). A concentração de ródio na

fase sólida é determinada pelo equilíbrio de troca iônica. O equilíbrio favorece

fortemente a fase sólida, então, por causa disso, praticamente todo o ródio na reação é

imobilizado.

Figura IV.10. Imobilização do Ródio.

No processo Acetica, a reação de carbonilação do metanol é conduzida a

temperatura (160-200°C) e pressão (30-60atm) moderadas e baixa concentração de água

sem a presença de aditivos. A estabilidade catalítica foi demonstrada tanto em processo

contínuo quanto batelada. O catalisador continuou ativo por mais de 7.000 horas. Os

rendimentos esperados são maiores que 99% com base no metanol e 92% com base no

CO (YONEDAA et al., 1999, 2001).

Fontes: YONEDAA et al., 2001.

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Com o sistema catalítico heterogêneo, a limitação da solubilidade do catalisador

não governa mais a capacidade do reator, uma vez que a concentração do catalisador

neste caso pode ser bastante maior que a concentração no sistema homogêneo. A

imobilização também reduz significativamente a perda de ródio pois o metal fica

confinado no reator ao invés de circular pela planta, onde a pressão reduzida pode

causar sua precipitação. A baixa concentração de água (3-7% em peso) típica do

processo Acetica resulta na produção reduzida de CO2 e subprodutos hidrogenados pela

reação de shift. Também devido à baixa concentração de água, menos ácido iodídrico

está presente no sistema, e, consequentemente, o meio reacional é menos corrosivo.

Processo Industrial

Enquanto o reator de mistura ideal (CSTR - Continuous stirred-tank reactor) é

utilizado no processo homogêneo convencional, o reator utilizado no processo Acetica é

o “coluna de bolhas” (bubble column), ou reator de ascensão gasosa. Este reator não

possui parte móveis ou vedações e foi projetado para maximizar a performance do

sistema catalítico heterogêneo sem qualquer agitação (Figura IV.11). Metanol e CO são

alimentados no fundo do reator, onde o monóxido de carbono comprimido é distribuído

por um borrifador. Estes dois reagentes, junto com o reciclo, fluem para cima e vão

sendo consumidos no reator.

Figura IV.11. Reator de Ascensão Gasosa

O fluxograma do processo, que é bastante similar ao do processo homogêneo

convencional, é mostrado na Figura IV.11. Em casos no qual o ácido acético será

utilizado para a produção de VAM, uma nova tecnologia de remoção de iodeto está

disponível para reduzir o iodeto no produto final para menos que 3ppb (YONEDAA et

al., 2001).

Fontes: YONEDAA et al., 2001.

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Figura IV.12. Fluxograma Típico do Processo Acetica.

IV.6 – Comparação entre as Tecnologias

Na Tabela IV.3 algumas características das tecnologias citadas neste capítulo

podem ser observadas e comparadas.

A oxidação do acetaldeído, rota mais utilizada no Brasil, praticamente não é

mais utilizada mundialmente. Nos EUA, a produção por esta tecnologia declinou de

42% a 0% em 2001 (CEPED, 2006). Apesar de trabalhar com pressões e temperaturas

moderadas, a oxidação do acetaldeído gera muitos subprodutos, o que dificulta o

processo de separação e purificação do produto. Além disso, o seu rendimento é baixo

quando comparado à rota de produção do ácido acético por carbonilação do metanol.

Partindo para a rota de carbonilação do metanol, os processos BASF, Monsanto,

Cativa e Acetica devem ser comparados. O processo BASF foi o primeiro a ser

desenvolvido e não é competitivo quando comparado com os outros três. Seu

rendimento é relativamente baixo e altas pressões e temperaturas no reator são

requeridas. A grande quantidade de subprodutos formada leva à necessidade de muitas

colunas de destilação para removê-los.

a) Reator; b) Tanque de flash; c) Coluna de desidratação; d) Coluna final; e) Incinerador; f)

Resfriador; g) Absorvedora de alta pressão; h) Absorvedora de baixa pressão.

Fontes: YONEDAA et al., 2001.

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Tabela IV.3. Tabela Comparativa entre as Tecnologias de Produção de Ácido Acético

Oxidação do

AcetaldeídoBASF Monsanto Cativa Acetica

Catalisador Manganês Cobalto Ródio Irídio Ródio

Iniciador Sim Não Não Não Não

Promotor - Iodeto Iodeto Iodeto/Rutênio Iodeto

Temperatura (°C) 60-80 250 150-220 190 160-200

Pressão no reator (bar) 3-10 680 30-60 28 30-60

Rendimento > 90%

90% baseado

em metanol,

70% baseado

em CO

99% baseado

em metanol, >

90% baseado

em CO

> 98% global

> 99%

baseado em

metanol, 92%

baseado em

CO

Subprodutos

CO2, ácido

fórmico,

acetato de

metila,

metanol,

formato de

metila,

formaldeído

CH4,

acetaldeído,

etanol, CO2,

ácido

propanóico,

acetatos de

alquila, 2-etil-1-

butanol

CO2, H2,

ácido

propanóico

ácido propanóico

(ppm), CO2, H2,

CH4

CO2, iodeto

de metila

Colunas de destilação 4 5 3 2 2

Os outros três processos de carbonilação do metanol trabalham a condições

reacionais mais brandas e apresentam rendimentos similares. A grande quantidade de

água presente no processo Monsanto (14-15% em peso) leva à formação de muitos

subprodutos, dificultando a separação e aumentando o número de colunas necessárias.

No que diz respeito ao custo, uma série de fatores leva à uma redução

substancial dos custos. Em particular, o consumo de vapor é reduzido em 30%,

enquanto a utilização de CO aumenta de aproximadamente 85% para mais que 94%.

O processo Cativa também permite a simplificação da planta de produção, o que

reduz o custo de implantação de novas unidades em aproximadamente 30%. O fato de

se retirar uma coluna de destilação, como já foi mencionado anteriormente, também

diminui os custos de purificação. As baixas taxas de produção de ácidos pesados,

comparadas ao processo Monsanto, permite que o tamanho e o custo da coluna final

sejam reduzidos.

Como já foi mencionado, o reator do processo Cativa não necessita de agitação.

A eliminação dessa necessidade leva à redução de custos operacionais e de manutenção.

Além disso, o reator secundário aumenta o percentual de utilização do monóxido de

carbono.

Em resumo, o processo Cativa apresenta diversas vantagens sobre o processo

Monsanto. Estes benefícios incluem:

Sistema catalítico estável;

Fonte: Elaboração Própria.

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Menor dependência da pressão parcial de CO;

O reator pode operar com uma menor taxa de ventilação, que resulta em uma

maior utilização do CO, que pode ainda ser melhorada pela adição de

promotores selecionados. Esse fato remove efetivamente a dependência da taxa

reacional da pressão parcial de CO;

A produção do subproduto ácido propiônico é reduzida, o que diminui os custos

de purificação;

Em geral, incluindo as emissões indiretas de CO2, o processo Cativa libera cerca

de 30% menos CO2 por tonelada de produto do que o processo Monsanto

(JONES, 2000).

O processo Acetica é relativamente recente, teve sua primeira licença de produção

em 2003 (CHIYODA, 2004), e suas características o tornam bastante similar ao

processo Cativa.

Quando comparado ao sistema convencional catalisado por ródio, o processo

Acetica apresenta:

Alta produtividade: diferente do processo homogêneo, a concentração de Rh

não é restrita pela solubilidade do catalisador. No processo Acetica, a

concentração de ródio pode ser aumentada, permitindo altas taxas reacionais;

Poucos problemas mecânicos: o reator “coluna de bolhas” (bubble-column)

não necessita de agitação mecânica, o que significa menores problemas com

vazamentos e manutenção;

Ambiente corrosivo moderado: o sistema catalítico heterogêneo permite o

uso de menos água, reduzindo a concentração de ácido iodídrico, que é o

principal responsável pela corrosão;

Alta pureza do produto e baixa formação de subprodutos: a alta atividade do

catalisador sob uma baixa concentração de água diminui a formação de

subprodutos, resultando em maior pureza do produto;

Fácil manuseio do catalisador: não há necessidade de separar o ródio do

meio líquido (MEYERS, 2005).

O processo Acetica é promissor, mas não compete com o Cativa, ainda não é tão

maduro quanto ele. Mundialmente, o Cativa é aplicado em diversas plantas, enquanto o

Acetica ainda não opera em nenhuma. Apesar de ter tido uma licença concedida em

2003, a planta nunca chegou a operar.

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Capítulo V – Considerações Finais

O ácido acético, como já foi demonstrado, é um importante intermediário

químico e tem aplicações em diversas áreas. Mundialmente, ele é utilizado

principalmente na síntese de monômero de acetato de vinila (VAM) e ácido tereftálico

purificado (PTA), intermediários de polímeros amplamente utilizados. A demanda por

ácido acético apresenta um crescimento mundial, sendo os países asiáticos,

principalmente a China, os principais responsáveis pelo aumento da demanda. A Ásia

também é o maior produtor do ácido acético, seguida da América do Norte.

No âmbito nacional, a análise mercadológica mostrou que também há um

aumento da demanda por ácido acético. No entanto, a produção brasileira é muito

pequena e não supre sequer metade da demanda nacional. Em 2008, por exemplo, a

produção nacional foi de 52.793,7 toneladas, enquanto o consumo aparente foi de

134.496,8 toneladas. Como consequência deste fato, as exportações são irrisórias e não

são competitivas com o mercado internacional. Em 2014, importou-se 137.374,3

toneladas e exportou-se apenas 1,7t. As projeções das importações até o ano de 2025

demonstraram que, neste ano, a importação anual ultrapassará 198.000 toneladas. Sendo

assim, a implantação de uma nova unidade de produção de ácido acético é de suma

importância para que a demanda nacional seja suprida e os gastos com importações

diminuam. Com a possível inauguração da unidade de produção de ácido acético no

Complexo Gás-Químico da Petrobras em Linhares, ES, a demanda interna deverá

suprida, pois a capacidade de produção da planta está estimada em 200.000 toneladas

anuais.

Existem várias rotas de produção do ácido acético. A mais utilizada

mundialmente é a carbonilação do metanol, cujos processos são: BASF, Monsanto,

Cativa e Acetica. No Brasil, a rota mais utilizada é a oxidação do acetaldeído obtido a

partir do etanol da cana-de-açúcar. Em função dos elevados custos de produção devido à

alta de preços do etanol, e preços no mercado internacional bem mais competitivos, a

produção de ácido acético no Brasil foi sendo substituída pela importação.

A produção de ácido acético pela oxidação do acetaldeído e pelo processo BASF

praticamente não é mais utilizada mundialmente. Ambos os processos geram muitos

subprodutos, o que exige um processo de separação complexo. A oxidação do

acetaldeído necessita de quatro colunas de destilação para alcançar a purificação

desejada do produto, e o processo BASF requer cinco. Além disso, seus rendimentos

são baixos quando comparados às outras tecnologias de carbonilação do metanol.

O processo Acetica apresenta características que o tornam bastante competitivo

com os demais processos de carbonilação do metanol, no entanto seu desenvolvimento é

relativamente recente, com primeira licença concedida em 2003. O número de colunas

de destilação na etapa de separação é baixo, a perda de catalisador é reduzida devido à

catálise heterogênea e os rendimentos são altos. Quando comparado ao processo Cativa,

ainda é muito recente e sua tecnologia não está completamente pronta.

Entre os processos Monsanto e Cativa, as diferenças são poucas mas algumas

características demonstram a superioridade do Cativa. Este processo apresenta menor

formação de subprodutos, uma vez que a concentração de água no meio reacional é

menor. Isso influencia na etapa de separação, fazendo com que menos colunas de

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destilação sejam requeridas. Além disso, o processo Cativa libera menos CO2, pois o

consumo de CO é maior, o que configura uma vantagem ambiental. Sendo assim, o

processo Cativa se mostrou o mais promissor para a implantação de uma nova unidade

de produção.

O mercado brasileiro consome cada vez mais ácido acético, mas é dependente

das importações. Além da capacidade instalada de produção ser insuficiente para suprir

a demanda, a tecnologia utilizada (oxidação do acetaldeído) é custosa e não consegue

competir com o mercado internacional. Sendo assim, novas unidades produtivas devem

ser implantadas, utilizando outra rota de produção.

Este estudo preliminar demonstrou que a rota e a tecnologia mais vantajosas

tecnicamente são a carbonilação do metanol e o processo Cativa, respectivamente.

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Capítulo VI – Sugestões

Como sugestões para aprimoramento e continuação deste trabalho, encontram-

se:

Investigação das novas rotas “verdes”;

Realização de um estudo de viabilidade para as rotas de oxidação do

acetaldeído e carbonilação do metanol (processos Cativa e Acetica) a fim

de se determinar a vantagem econômica de um determinado processo

sobre outro;

Aplicar ferramentas de simulação para a tecnologia escolhida.

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