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07/11/2019 Número: 0801154-29.2019.8.14.0021 Classe: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Órgão julgador: Vara Única de Igarapé-Açú Última distribuição : 04/11/2019 Valor da causa: R$ 474.044,53 Assuntos: Afastamento do Cargo Segredo de justiça? SIM Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM TJPA PJe - Processo Judicial Eletrônico Partes Procurador/Terceiro vinculado MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA (AUTOR) RONALDO LOPES DE OLIVEIRA (RÉU) WENYSON SANTOS ALMEIDA (RÉU) PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-AÇU (RÉU) PARA MINISTERIO PUBLICO (FISCAL DA LEI) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 13791 854 07/11/2019 21:54 Decisão Decisão 13791 856 07/11/2019 21:54 Documento de Comprovação Documento de Comprovação

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07/11/2019

Número: 0801154-29.2019.8.14.0021

Classe: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Órgão julgador: Vara Única de Igarapé-Açú

Última distribuição : 04/11/2019

Valor da causa: R$ 474.044,53

Assuntos: Afastamento do Cargo

Segredo de justiça? SIM

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

TJPAPJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA (AUTOR)

RONALDO LOPES DE OLIVEIRA (RÉU)

WENYSON SANTOS ALMEIDA (RÉU)

PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-AÇU (RÉU)

PARA MINISTERIO PUBLICO (FISCAL DA LEI)

Documentos

Id. Data daAssinatura

Documento Tipo

13791854

07/11/2019 21:54 Decisão Decisão

13791856

07/11/2019 21:54 Documento de Comprovação Documento de Comprovação

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ

COMARCA DE IGARAPÉ-AÇU

 

 

Número: 0801154-29.2019.8.14.0021

Classe: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Órgão julgador: Vara Única de Igarapé-Açú

Última distribuição: 04/11/2019

Valor da causa: R$ 474.044,53

Assuntos: Afastamento do Cargo

Segredo de justiça? SIM

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

TJPA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA (AUTOR)

RONALDO LOPES DE OLIVEIRA (RÉU)

WENYSON SANTOS ALMEIDA (RÉU)

PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-AÇU (RÉU)

PARA MINISTERIO PUBLICO (FISCAL DA LEI)

 

Decisão:

 

Num. 13791854 - Pág. 1Assinado eletronicamente por: CRISTIANO MAGALHAES GOMES - 07/11/2019 21:54:34http://pje.tjpa.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=19110721535422600000013253350Número do documento: 19110721535422600000013253350

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Trata-se de AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA COM OBRIGAÇÃO DEADMINISTRATIVA

FAZER E NÃO FAZER, REFERENTE AO REPASSE DOS VALORES DESCONTADOS A formulada pelo Ministério Público EstadualTÍTULO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO

através da Dra. Marcela Christine Ferreira de Melo em face da PREFEITURA MUNICIPAL DEIGARAPÉ-AÇU, Exmo. Sr. RONALDO LOPES DE OLIVEIRA, Prefeito Municipal de Igarapé-açue WENYSON SANTOS ALMEIDA, atualmente Secretário Municipal de Finanças.

 

Alega a Promotora de Justiça, instaurou Inquérito Civil 02/2019 (SIMP 000462-160/2019),tendo por objeto investigar irregularidades e ilegalidades cometidas no município, dentre elas o nãorepasse, pela Prefeitura Municipal (por meio de seu gestor e secretário de finanças) dos valoresretidos em folha de pagamento dos servidores públicos municipais, para adimplir empréstimosconsignados mediante Convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Igarapé-açu e asinstituições bancárias.

 

A denúncia da ilegalidade acima citada foi realizada em 02 de outubro de 2018, por ocasiãode uma audiência extrajudicial ocorrida na sede do Ministério Público nesta Comarca, entre aPromotoria de Justiça de Igarapé-açu, Conselho do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento daEducação Básica (FUNDEB) e representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Públicado Pará (SINTEPP), cuja ata consta em anexo (Doc. 01).

 

Os representantes do Conselho do FUNDEB e SINTEPP relataram, na reunião, que nãoestaria havendo o repasse dos valores dos empréstimos consignados dos funcionários municipais àsinstituições bancárias, com a consequente apropriação indébita desses recursos que são descontadosdiretamente em folha pela Prefeitura Municipal, conforme consta em contracheques de algunsservidores em anexo (Doc. 02).

 

Alegaram ainda, segundo a Promotora de Justiça, Dra. Marcela Christine Ferreira de Melo,que esta situação poderia causar sérios prejuízos aos servidores que poderiam ser incluídos comoinadimplentes nos cadastros SERASA e SPC, e terem seus nomes negativados.

 

Em razão desse fato, e outras ilegalidades praticadas pelos réus, foi realizada uma reunião naCâmara Municipal, em 18 de outubro de 2018 (conforme ata em anexo, Doc. 03), com a presença doPrefeito Municipal RONALDO LOPES DE OLIVEIRA, vice-prefeito, alguns dos secretários domunicípio, dentre eles o Secretário de Finanças (ora réu neste processo), representantes do PoderLegislativo, do SINTEPP, e do Ministério Público.

 

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Neste ato, foram corroboradas as denúncias de apropriação dos valores dos empréstimosconsignados pela Prefeitura Municipal, nas pessoas do Prefeito e Secretário de Finanças,responsáveis por fazerem o repasse ao Banco do Brasil. Entretanto, o réu RONALDO LOPESinformou em sua fala, com relação aos consignados, que receberam a notificação de débito com oBanco do Brasil, e que já haviam sanado a dívida (Doc. 03), entretanto, sem apresentar qualquerdocumento ou prova da veracidade de sua alegação.

 

No dia seguinte, a Prefeitura Municipal apresentou ao MP, nota explicativa (Doc. 04), dosfatos que foram levantados na reunião do dia anterior, informando que remeteriam cópias dospagamentos e quitação dos consignados junto ao Banco do Brasil. Entretanto, até a presente data doajuizamento desta ação, não apresentaram tal documento ao Ministério Público.

 

Em 12 de agosto de 2019, o SINTEPP apresentou representação escrita e formal (Doc. 05),indicando as várias ilegalidades praticadas pelos réus, dentre elas, reiterou a ausência de repasse dosvalores descontados dos empréstimos consignados, retidos diretamente pela Prefeitura doscontracheques dos servidores municipais, e que deveriam estar sendo religiosamente pagos àsinstituições bancárias, declarando que havia débitos não somente no BANCO DO BRASIL, mastambém nos bancos BANPARÁ e BRADESCO. Esta representação deu ensejo à instauração doInquérito Civil já citado, em 03 de setembro de 2019.

 

No âmbito do procedimento ministerial foram requisitadas informações ao Gerente do Bancodo Brasil (Doc. 06), acerca dos débitos oriundos do empréstimo consignado, bem como foidesignado o seu comparecimento pessoal à Promotoria de Justiça para prestar informações.

 

Em 05 de setembro de 2019 o Banco do Brasil respondeu às requisições do MinistérioPúblico, por meio dos ofícios CENOP SJ n. 2019/40960143 e GER005/2019 (Doc. 07), sendo esteúltimo inclusive com os valores devidos e repassados mês a mês, informando que:

 

1) A Prefeitura Municipal possuía um débito de R$ 474.044,53 (quatrocentos esetenta e quatro mil e quarenta e quatro reais e cinquenta e três centavos), à época,relativo ao Convênio de Empréstimo Consignado que possui com o Banco do Brasil(Cópia do Convênio, Doc.08);

 

2) Que o referido Convênio encontra-se suspenso para novas contrataçõesdevido ao atraso no repasse desde o dia 10/10/2018.

 

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Há de se ressaltar, através de documentos, que os repasses começaram a não ser realizadosdurante a gestão dos réus RONALDO LOPES e Secretário de Finanças, e ainda, no que respeita aesta segunda informação fornecida pelo Banco, que no dia 18/10/2018 o próprio réu, conforme já foirelatado, declarou falsamente durante reunião na Câmara Municipal, na presença de várias entidadese instituições, inclusive do Ministério Público, que os valores devidos ao Banco do Brasil à título deempréstimos consignados haviam sido quitados, e que inclusive faria prova apresentandodocumentos (Doc. 03 e Doc. 04).

 

Consta no Convênio realizado entre o Banco do Brasil e a Prefeitura Municipal (Doc. 08),que tem por objeto a operacionalização da concessão de empréstimos consignados em folha e nocontracheque dos servidores públicos municipais, dentre as várias obrigações da Prefeitura, o deverde efetuar os descontos em folha de pagamento dos empréstimos autorizados, e REPASSAR osvalores ao Banco, mediante crédito na Conta do Convênio, descrita no mesmo (cláusula terceira,alínea “g” do Convênio); obrigação esta que não vem sendo cumprida pela atual gestão municipalnas pessoas de seu Prefeito e Secretário de Finanças.

 

Como penalidades, pelo não repasse dos empréstimos, o Convênio prevê sanção grave aosfuncionários públicos, tal como a rescisão do Convênio e suspensão da concessão de novosempréstimos aos empregados e servidores, que nada tem a ver com isso, e efetuaram o pagamento desuas obrigações religiosamente.

 

Além disso, na sua cláusula sétima (Doc. 08), o Convênio prevê autorização expressa daPrefeitura Municipal para que o Banco do Brasil, efetue o débito existente na conta do Fundo deParticipação Municipal (FPM), das importâncias devidas por seus servidores, que forem consignadase não repassadas à conta vinculada descrita no convênio.

 

Desta forma, a atitude ímproba dos réus RONALDO LOPES e WENYSON em não efetuaros repasses, causa de imediato, danos ao erário, já que o débito oriundo dos empréstimosconsignados que foram indevidamente apropriados pelos réus, será descontado dos recursos que aPrefeitura possui para arcar com as áreas de Educação, Saúde, Segurança, Meio Ambiente, etc, doFPM, conforme previsão convenial, o que onera toda a população que pagará com seus recursos peloilícito praticado pelos réus.

 

Demonstra-se, assim, segundo a Promotora de Justiça, Dra. Marcela Christine Ferreira deMelo, não somente por esta demanda, mas pelos diversos outros processos de improbidadeadministrativa graves, que em especial o réu RONALDO LOPES DE OLIVEIRA responde nestacidade, que o mesmo vem dilapidando o patrimônio público, causando prejuízos ao erário embenefício próprio ou de terceiro, e que, além disso, não respeita os princípios basilares da

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Administração Pública, o que ensejou a presente ação, pleiteando-se a CONDENAÇÃO dos réuspelos atos ímprobos praticados e os seus imediatos afastamentos, já que demonstram serextremamente nocivos à condução da res publica.

 

Esclarece a Promotora de Justiça, Dra. Marcela Christine Ferreira de Melo, É imperiosoreconhecer que as condutas do atual Prefeito RONALDO LOPES DE OLIVEIRA, como chefe depoder executivo, e do Secretário de Finanças WENYSON SANTOS ALMEIDA, constituem atos deimprobidade administrativa que causam prejuízo ao erário, pois acarretaram um dano ao erário novalor de R$ 474.044,53 (quatrocentos e setenta e quatro mil e quarenta e quatro reais e cinquenta etrês centavos), por ação ou omissão, dolosa ou culposa, que ensejou perda patrimonial, desvio,apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres do Município e seus servidorespúblico municipais, nos termos do art. 10, caput, da Lei nº 8.429/92, bem como ainda a incidênciados incisos VI, X, XVII e XX deste mesmo artigo.

 

A lesão praticada é de grande monta, ainda mais para um município do porte de Igarapé-açu,e conforme se asseverou, o erário do município há de pagar pelos atos ímprobos praticados pelosréus, inclusive com o desconto direto destes valores devidos no Fundo de Participação dosMunicípios (FPM), conforme já asseverado, por cláusula constante no Convênio de EmpréstimosConsignados, o que afeta toda a Sociedade local.

 

 Diz ainda a Promotora de Justiça, que, segundo ata de reunião na Câmara Municipal, comdeclarações prestadas pelo próprio Prefeito, este prestou afirmação falsa de que não havia débitosdos empréstimos consignados, afirmando que estavam todos quitados, o que contradiz osdocumentos remetidos pelo Banco do Brasil a esta Promotoria de Justiça.

 

Assevera ainda a inicial que é de se ressaltar ainda mais o dolo demonstrado na conduta dosréus, quando mesmo em outubro de 2018, sabendo da ilicitude de seus atos, apontados peloSINTEPP e demais instituições presentes na reunião, os réus continuaram a praticá-lo, já que, peloque consta na documentação remetida pelo Banco do Brasil, os mesmos deixaram de repassarvalores retidos dos servidores, após outubro de 2018, e durante o corrente ano de 2019,demonstrando o desrespeito e a falta de probidade com a Administração, as Instituições e a própriaJustiça.

 

Diz ainda a inicial, sobre a possibilidade de afastamento do gestor, que tal providênciajustifica-se, como vem sendo largamente decidido pelo Judiciário, em outros casos de ações por atosde improbidade administrativa, inclusive neste município, em que o réu RONALDO LOPES, comochefe do executivo deste município e o Secretário de Finanças, estando em contato direto com amáquina burocrática da Administração Municipal, bem como, por serem o superiores hierárquicos detodos os outros servidores, poderão corromper as provas eventualmente latentes que poderão vir ao

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processo, poderão ameaçar testemunhas com remoção, demissão etc., ou poderão, ainda,utilizando-se do poder de seus cargos, forjar ou engendrar contraprovas que venham a elidir o objetoda presente ação.

 

Tem-se aí providência cautelar, destinada a resguardar a instrução processual de atos pormeio dos quais os agentes públicos requeridos, que a exemplo do que foi narrado, em que o PrefeitoMunicipal negou falsamente em reunião na Câmara Municipal, qualquer débito para com o Banco doBrasil referente ao empréstimo consignado, na presença de seu Secretário de Finanças, que podendocorrigir a falsidade da informação, não o fez; e ainda em outros processos que tramitam nestaComarca, referidos anteriormente, em que, em especial, o réu RONALDO LOPES, demonstra quenão possui nenhum espírito colaborativo com a Justiça, mas omite, negligencia e até falseiainformações, prejudicando de forma considerável a instrução dos processos.

 

Cumpre acentuar que a injustificada resistência dos réus ao exercício das atividades própriasaos órgãos de fiscalização, não é exclusividade desta Comarca, mas recentemente recebemos pedidode auxílio do Ministério Público Federal, para obter diversas informações que vem sendo sonegadaspelo Prefeito Municipal em procedimento que tramita junto àquela instituição (Doc. 10). Tal condutatem-se revelado especialmente danosa, uma vez que a não apresentação ou a apresentação adestempo da documentação exigida inviabiliza que seja fiscalizada a veracidade dos fatos.

 

Além do presente processo e do processo acima citado, diz a Promotora de Justiça que orequerido RONALDO LOPES, Prefeito Municipal, ainda responde por mais 3 (três) ações porprática de atos de improbidade administrativa (Proc. nº 0801150-89.2019.814.0021; nº0801120-54.2019.814.0021; e nº 0800403-76.2018.814.0021), ou seja, responde no total a 5 (cinco)processos por ato de improbidade o que denota de forma inconteste sua incapacidade ética e técnicade gerir o município e a coisa pública. Isto também fica patente com as imensas dívidas adquiridascom prestadores de serviços e fornecedores, como no débito de R$ 2.502.495,05 (dois milhões,quinhentos e dois mil quatrocentos e noventa e cinco reais e cinco centavos), que a Prefeitura possuisomente com a CELPA (Doc. 09), inclusive podendo haver interrupção de energia de prédiospúblicos, a qualquer momento.

 

Segundo a Dra. Marcela Christine Ferreira de Melo “A Sociedade de Igarapé-açu estáamargando, um de seus piores períodos, pois em razão desta crise da gestão pública causada peloréu RONALDO LOPES e seu secretariado, a economia da cidade também encontra-se paralisada,o comércio e outras atividades amargam estes dias difíceis, de modo que com a manutenção doréu no cargo, há a presunção de que, acarretará ainda mais e novos danos ao Ente Público e àsociedade já tão debilitada”.

 

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Por fim, para resguardo do erário público, evitando novas lesões e prejuízos causados peloréu, bem como o ressarcimento integral do dano preceituado na Constituição Federal e na Lei nº8.429/92, esta, em seu art. 7º, determina a INDISPONIBILIDADE DE BENS DOSRESPONSÁVEIS pela lesão ao patrimônio público, nos seguintes termos:

 

Art. 7o Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ouensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável peloinquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens doindiciado.

 

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairásobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimopatrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

 

Neste sentido também vem se posicionando nossa jurisprudência, de forma a garantir ointegral ressarcimento do dano, aplicando a indisponibilidade como regra, inclusive em casos em quesequer há prova de que os réus estejam dilapidando o patrimônio, de modo que muito mais sejustifica no caso em tela, cuja prova de dilapidação é evidente em desfavor dos réus RONALDOLOPES e WENYSON ALMEIDA.

 

Ao final, requereu o Ministério Público:

 

- Que seja concedido o afastamento liminar (inaudita altera pars) do atual Prefeito Municipal de Igarapé-açu RONALDO LOPES DE OLIVEIRA e Secretário Municipal de FinançasWENYSON DOS SANTOS ALMEIDA, na forma do art. 20, parágrafo único da Lei 8.429/92, nostermos expostos e fundamentados no item “4” desta petição;

 

- Que seja concedida a tutela de urgência liminarmente, inaudita altera pars, impondo aindisponibilidade dos bens, nos termos do art. 7º da Lei nº 8.429/92, do atual Prefeito Municipal deIgarapé-açu RONALDO LOPES DE OLIVEIRA e Secretário Municipal de Finanças WENYSONDOS SANTOS ALMEIDA, com o bloqueio de contas via BACENJUD e demais bens que constemno nome dos requeridos, conforme justificativa no item “4” da petição, até o alcance da quantia dalesão causada de R$ 474.044,53 (quatrocentos e setenta e quatro mil e quarenta e quatro reais ecinquenta e três centavos), até o presente momento;

 

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- Que seja concedida a tutela de urgência liminarmente, inaudita altera pars, consistente emdeterminar à Prefeitura de Igarapé-açu, por meio de seu gestor, que imediatamente, faça os repassesaos bancos devidos referentes aos recursos retidos dos salários dos servidores públicos à título deempréstimos consignados, regularizando a situação do município e dos servidores. Requer que ocumprimento de tal obrigação seja comprovado em juízo, no prazo de 30 dias, por meio dedocumentos;

 

- Que na hipótese de descumprimento ou mora da medida imposta no item anterior, sejafixada multa diária à Prefeitura de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais);

 

- Que sejam remetidos ofícios aos Bancos do Brasil, BANPARÁ e Bradesco, para queinformem, com documentação pertinente, qual o montante total da dívida atualizada da Prefeitura deIgarapé-açu, para com estas instituições, referente à empréstimos consignados, com a discriminaçãode quais os valores e meses em que constam débitos;

 

- A estabilização dos efeitos das tutelas de urgência pleiteadas, nos termos do art. 304 doCódigo de Processo Civil;

 

- Que após os demais trâmites processuais, e não incidindo o art.304 do CPC, que sejafinalmente, no mérito, julgada procedente a pretensão deduzida na presente ação, tornando-sedefinitiva a tutela antecipada e, consequentemente, CONDENANDO os réus: Prefeito Municipal deIgarapé-açu RONALDO LOPES DE OLIVEIRA e Secretário Municipal de Finanças WENYSONDOS SANTOS ALMEIDA a todos os pedidos elencados, com os danos correlatos pela prática deATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, com fundamento nos arts. 10 e 11, da Lei nº8.429/92, com a consequente aplicação das sanções do art. 12, II e III, da Lei 8.429/92;

 

- Com relação à sanção de ressarcimento ao erário, requer a condenação solidária dos réusRONALDO LOPES DE OLIVEIRA e WENYSON DOS SANTOS ALMEIDA, nos termos dosartigos 275 c/c 942, caput, 2ª parte, do Código Civil c/c artigo 5º da Lei 8.429/92, no valor a serliquidado, acrescido de juros de mora e correção monetária desde a data do ilícito;

 

- Uma vez julgados procedentes os pedidos, seja comunicado ao Conselho Nacional deJustiça (CNJ) para inclusão do nome dos ímprobos no Cadastro Nacional de Condenados porImprobidade Administrativa;

 

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- A dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos pelo autor, desde logo,em face do previsto no artigo 18 da Lei nº 7.347/85;

 

- Ainda, que sejam os requeridos condenados ao pagamento das custas e despesasprocessuais e demais consectários decorrentes da sucumbência, devendo estes valores ser destinadosao Fundo de Reaparelhamento do Ministério Público do Estado do Pará, nos termos do art. 3º, II daLei 5.832/94, cujo depósito deverá ser efetuado no Banco do Estado do Pará (BANPARÁ), agencia026, conta corrente n. 180.170-8;

 

- Protesta e requer, desde já, provar os fatos retro narrados, por todos os meios de provaadmitidos em Direito.

 

É um breve relatório.

Decido.

 

TRATA-SE DE AÇÃO QUE VISA CONDENAÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADEADMINISTRATIVA EM FACE DO PREFEITO MUNICIPAL DE IGARAPÉ-AÇU E DOSECRETÁRIO MUNICIPAL DE FINANÇAS, ALÉM DE OUTRAS MEDIDAS EMDESFAVOR DO MUNICÍPIO.

 

Passo a analisar as medidas cautelares requeridas na inicial pelo Ministério Público.

 

Primeiramente, faz-se necessário proceder-se à análise acerca da necessidade de aplicação,sem o contraditório prévio, das medidas cautelares requeridas pelo Ministério Público.

 

Tais medidas devem ser aplicadas quando forem necessárias para resguardar a instruçãoprocessual e a possibilidade de ressarcimento aos cofres públicos, diante de provas suficientes deprática de atos de improbidade administrativa causadoras de dano ao erário.

 

Por óbvio, as medidas liminares concedidas , por serem de naturezainaudita altera parsinvasiva, principalmente pelo fato de não serem aplicadas sob crivo do contraditório real – e sim docontraditório diferido –, deverão ser deferidas quando no caso concreto existirem provas iniciais

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suficientes para embasar a medida de urgência, de forma a resguardar a instrução processual e apossibilidade de ressarcimento dos cofres públicos, evitando-se que o transcurso do tempo propicie acorrosão de direitos (DINAMARCO, Cândido Rangel. O regime Jurídico da Medidas Urgentes. InNova era do processo civil. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 65).

 

Assim, medidas desse jaez devem ser utilizadas com o fim único de resguardar o objetivocentral da ação de improbidade administrativa, isso é, salvaguardar a moralidade administrativa e aintegridade do erário.

 

É certo dizer que o procedimento referente às condutas de improbidade administrativa, emum modo prático, não se mostra efetivo quando se trata de ressarcimento do dano causado peloagente público, bem como de sua responsabilização. Isso porque a Lei nº 8.429/92, em seu artigo 17,§ 7º, prevê uma fase inicial de admissibilidade da ação de improbidade, determinando a notificaçãodos requeridos para apresentação de manifestação preliminar, a qual deverá conter documentos ejustificações a respeito dos atos de improbidade.

 

Por isso, visando assegurar a reparação do dano ao erário ou restituir bens e valores havidosilicitamente é possível a decretação de medidas cautelares sem o contraditório prévio.

 

Assim, as medidas cautelares em sede de ação de improbidade não necessariamente exigema realização do contraditório prévio (art. 17, § 7º, da Lei nº 8.429/92) para serem deferidas.

 

Caso existam fortes indícios dos atos de improbidade, isto é, início de prova material de taisatos, medida cautelar que assegure o ressarcimento ao erário, bem como a cessação de danos aopatrimônio público, sem a oitiva dos requeridos envolvidos nos atos de improbidade, mostra-secomo providência imperativa.

 

Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, conforme julgado abaixo:

 

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDIDA CAUTELAR. INDISPONIBILIDADEE SEQÜESTRO DE BENS. REQUERIMENTO NA INICIAL DA AÇÃO PRINCIPAL.DEFERIMENTO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS ANTES DANOTIFICAÇÃO PRÉVIA. POSSIBILIDADE. ARTS. 7º E 16 DA LEI 8.429/92. 1. Élicita a concessão de liminar inaudita altera pars (art. 804 do CPC) em sede de

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medida cautelar preparatória ou incidental, antes do recebimento da Ação CivilPública, para a decretação de indisponibilidade (art. 7º, da Lei 8429/92) e deseqüestro de bens, incluído o bloqueio de ativos do agente público ou de terceirobeneficiado pelo ato de improbidade (art. 16 da Lei 8.429/92), porquanto medidasassecuratórias do resultado útil da tutela jurisdicional, qual seja, reparação do danoao erário ou de restituição de bens e valores havidos ilicitamente por ato de

Precedentes do REsp 821.720/DF">STJ: REsp 821.720/DF, DJimprobidade.30.11.2007; REsp 206222/SP, DJ 13.02.2006 e REsp 293797/AC, DJ 11.06.2001. 2.Os arts 7º e 16, §§ 1º e 2º, da Lei 8.429/92, que tratam da indisponibilidade e doseqüestro de bens, dispõem: Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão aopatrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridadeadministrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para aindisponibilidade dos bens do indiciado. Parágrafo único. A indisponibilidade a quese refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integralressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante doenriquecimento ilícito. Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, acomissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para querequeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do agente outerceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e825 do Código de Processo Civil. § 2º Quando for o caso, o pedido incluirá ainvestigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicaçõesfinanceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados

." 3. Recurso Especial desprovido (STJ - REsp: 880427 MGinternacionais2006/0185508-2, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 04/11/2008, T1 -PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/12/2008)

 

Dessa forma, verifico a necessidade da concessão das medidas cautelares, inaudita alterapars, com a reavaliação da referida decisão, após a realização do contraditório, com a apresentaçãodas manifestações dos requeridos.

 

Passo, portanto, a analisar as medidas de urgência requeridas:

 

O art. 20, parágrafo único, da Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa)estabelece que “a autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamentodo agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quandoa medida se fizer necessária à instrução processual”.

 

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Primeiramente, vislumbro concretamente a interferência na prova, qual seja, a não prestaçãode informações e documentos aos Órgãos de controle (Ministério Público, Câmara de Vereadores,Conselhos de Contas e Sindicatos de Trabalhadores).

 

Dessa omissão resulta a impossibilidade de constatação do montante efetivo de dívida a serapurada pela prefeitura em face do recolhimento e não pagamento dos valores referentes aosempréstimos consignados dos servidores.

 

Como discorre a Promotora de Justiça em sua peça inicial, é evidente que o Prefeito e oSecretário estão colocando dificuldade na obtenção de provas não só para o presente processo, masem outros tantos. Tal fato já foi asseverado em outros autos, conforme se verifica:

 

Processo Número: 0801120-54.2019.8.14.0021

Classe: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Órgão julgador: Vara Única de Igarapé-Açú

Última distribuição: 21/10/2019

Valor da causa: R$ 100.000,00

Assuntos: ASSISTÊNCIA SOCIAL

Segredo de justiça? SIM

Justiça gratuita? SIM

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

Partes Procurador/Terceiro vinculado

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA (AUTOR)

MUNICIPIO DE IGARAPE-ACU (RÉU)

RONALDO LOPES DE OLIVEIRA (RÉU)

ELLEN DO SOCORRO RABELO QUEIROZ ALMEIDA (RÉU)

 

Decisão:

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[...]

 

Primeiramente, vislumbro concretamente a interferência na prova, qual seja, anão prestação de informações e documentos aos Órgãos de controle (MinistérioPúblico e Conselho do Fundeb).

 

Dessa omissão resulta a impossibilidade de constatação do montante efetivo dedívida a ser apurada pela prefeitura em face do não pagamento de servidorestemporários com salário em atraso.

 

Verifico que, mesmo impondo resistência a fiscalizações, ferindo de morte osprincípios da moralidade e publicidade dos atos administrativos, o Ministério Públicoconseguiu demonstrar, como dito, superficialmente, que o ente estatal possuía recursossuficientes para honrar com os salários dos servidores e mesmo assim, não o fez,causando desespero por parte dos trabalhadores da educação que chegaram a fazeruma coleta de alimentos na praça central da cidade, passeatas e greve (art. 374 doCPC).

 

Segundo comprovação da inicial, a própria secretária de educação não soubeinformar o número exato de servidores em sua Secretaria, provavelmente por nãoseguir a norma legal de contratação, qual seja através de concurso público oumediante contratação temporária em que se seguem os ditames legais. O que se nota éque, aparentemente, alguns servidores estão sendo contratados verbalmente(depoimento de Maria Heloiza Rodrigues da Silva - Num. 13427356) econsequentemente demitidos da mesma forma, inclusive há depoimento de que umservidor teria sido demitido, com o encaminhamento do distrato via aplicativo deWhatsapp (Jailson Ribeiro da Silva – Doc. Num. 13427349).

 

 

 

Processo Número: 0801150-89.2019.8.14.0021

Classe: AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Órgão julgador: Vara Única de Igarapé-Açú

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Última distribuição: 30/10/2019

Valor da causa: R$ 100.000,00

Assuntos: Servidores Ativos

Segredo de justiça? SIM

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

TJPA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA (AUTOR)

RONALDO LOPES DE OLIVEIRA (RÉU)

MUNICIPIO DE IGARAPE-ACU (RÉU)

PARA MINISTERIO PUBLICO (FISCAL DA LEI)

 

Decisão:

 

[...]

 

Primeiramente, vislumbro concretamente a interferência na prova, qual seja, anão prestação de informações e documentos aos Órgãos de controle (MinistérioPúblico e Conselho do Fundeb).

 

Dessa omissão resulta a impossibilidade de constatação do montante efetivo dedívida a ser apurada pela prefeitura em face do recolhimento e não pagamento dosvalores referentes à verbas previdenciárias dos servidores municipais, em especial daeducação.

 

Num. 13791854 - Pág. 14Assinado eletronicamente por: CRISTIANO MAGALHAES GOMES - 07/11/2019 21:54:34http://pje.tjpa.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=19110721535422600000013253350Número do documento: 19110721535422600000013253350

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Verifico que, mesmo impondo resistência a fiscalizações, ferindo de morte osprincípios da moralidade e publicidade dos atos administrativos, o Ministério Públicoconseguiu demonstrar, como dito, superficialmente, através de documentos fornecidospelo conselho fiscalizador e pelo Sindicado dos servidores, que apresentaram adocumentação de vários servidores, que o ente estatal faz o desconto dostrabalhadores mas não fez o devido repasse, prejudicando assim, imediatamente osservidores que já requereram a aposentadoria, os que já tiveram o benefício negado eos que não conseguirão preencher os requisitos legais, por falta de comprovação dotempo de contribuição já que esta não vem sendo realizada.

 

Segundo comprovação da inicial, o Requerido, teria assumido publicamenteque os repasses não estão ocorrendo. No entanto, os descontos sim, este não cessaramum único mês. Portanto, como discorrido pela Promotora de Justiça, se os valoresestão sendo descontados e não estão sendo repassado, o que é que se esta fazendo comessa verba? No mínimo um, suposto, desvio de finalidade caracterizador, em tese, deato de improbidade previsto no art. 11 da Lei nº 8.429/92.

 

 

Observando que tal situação também foi reconhecida, em fase inicial, pela DesembargadoraNADJA NARA COBRA MEDA, que em sede de liminar discorreu:

 

 

Processo Número: 0809272-57.2019.8.14.0000

Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO

Órgão julgador colegiado: 2ª Turma de Direito Público

Órgão julgador: Desembargadora NADJA NARA COBRA MEDA

Última distribuição : 29/10/2019

Valor da causa: R$ 0,00

Processo referência: 0801120-54.2019.8.14.0021

Assuntos: Afastamento do Cargo

Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? NÃO

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Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

TJPA - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

RONALDO LOPES DE OLIVEIRA (AGRAVANTE)

EGIDIO MACHADO SALES FILHO (ADVOGADO)

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA (AGRAVADO)

 

Decisão:

 

[...]

 

No caso em tela, verifico que o próprio agravante reconhece que não prestou asinformações requisitadas pelo Órgão Ministerial, justificando apenas, não caber oafastamento cautelar pelo descumprimento de uma obrigação de fazer.

 

Logo, restou caracterizada a omissão indevida e a dificultação para apuraçãodos fatos e de supostos atos de improbidade administrativa imputados ao agravante.

 

Neste sentido, a conduta omissiva do Chefe do Poder Executivo, que se omite naprestação de informações requisitadas pelo Ministério Público, revela-se violadorados princípios constitucionais orientadores da Administração Pública, devendo sereficazmente reprimida.

 

Na medida em que deixa de prestar as informações requisitadas, acabainviabilizando o trabalho fiscalizatório do Parquet, possuindo nocividade suficientepara deixar de ser mera irregularidade e ingressar na órbita da imoralidadeadministrativa, ante a violação do inc. XXXIII do art. 5º e caput do art. 37, ambos daCF/88.

 

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Assim, no que diz respeito ao afastamento do cargo de Prefeito Municipal,entendo que há elementos concretos a evidenciar que a sua permanência no cargorepresentaria risco efetivo à instrução processual, uma vez que restou completamentedemonstrado que o agravante encontra-se obstaculizando a investida do agravado ¬no cumprimento do seu múnus ¬ de apurar os supostos fatos de improbidadeadministrativa e de produzir as provas dos fatos alegados, sendo necessária amantença da medida cautelar de afastamento.

 

Ademais, verifico que o Juízo de forma prudente e louvável, determinou aapresentação em juízo, de um plano de pagamento de todos os servidores municipaisefetivos e temporários, bem como, proibiu ainda, a contratação de novos servidorestemporários, até que seja providenciado o pagamento de todos os salários atrasadosdo município.

 

 

Ocorre que, no presente feito as alegações do Ministério Público, sendo públicas e notórias(art. 374, I do CPC), são seríssimas e inacreditáveis. Os requeridos teriam ido à Câmara Municipalde Igarapé-açu, sede do órgão fiscalizador do Poder Executivo, na presença de Vereadores, ou seja,os fiscalizadores do dinheiro público municipal e representantes do povo, na presença do MinistérioPúblico, fiscal da Lei, representantes do SINTEPP e outros, para fazer afirmação falsa de que haviasanado as pendências dos empréstimos consignados junto ao Banco do Brasil, quando em verdadenunca o havia feito. Tal fato, se comprovado, é um afronta aos órgãos constituídos deste município.

 

Diz o documento de número 13682794, juntado:

 

[...]

Seguindo as falas o Prefeito Ronaldo Lopes, que se sente injustiçado pelaacusações que segundo ele tem sido injustas, passando a palavra para o Secretário deFinanças..., que afirmou estarem cientes das pautas colocadas e que estão tomandoprovidências, mas afirma que a prefeitura teve um corte nas suas rendas o que causouos atrsos nos pagamentos dos servidores efetivos e temporários, que os atrasos nosrepasses do INSS devido irregularidades e deixadas por outras gestões, a respeito dosconsignados afirmou que só receberam notificação do Banco do Brasil e que jásanaram a dívida com o banco e afirmou que sempre atendeu as solicitações doProfessor Adailson (ex-presidente do Conselho do FUNDEB). (sic)

 

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Ocorre que, além das informações da inicial, verifica-se pelos documentos juntados peloBanco do Brasil, que os repasses não estavam em dia como afirmado, mas sim, em atraso, naverdade em determinados casos, com muito atraso, já que existem débitos informados desde maio de2017 até o presente momento. (Doc. n. 13682806 - Pág. 4)

 

Como demonstrado, o Ministério Público apresentou provas documentais de que os valoresestavam sendo retidos pela Prefeitura Municipal, administrada pelo Sr. Prefeito e pelo Sr. Secretário,mas não eram repassados. Tal situação, aliada ao fato do atraso do pagamento dos salários, impedequalquer espécie de crédito por parte dos servidores.

 

Com os salários atrasados e sem crédito, já que, novos empréstimos estariam suspensos,como os servidores, os empresários e o próprio povo consegue sobreviver, se não há dinheirocirculando? Como um pai ou mãe de família consegue dar o mínimo de dignidade aos seus filhos?

 

Aparentemente, apesar de o Prefeito atual tentar imputar novamente a responsabilidadesobre a falta de repasse à administração anterior, vemos que tal fato, como dito, não se mostraverdadeiro, já que a dívida remanesce de 2017, quando a administração já era exercida pelorequerido Sr. Ronaldo Lopes de Oliveira.

Recentemente o Superior Tribunal de Justiça, condenou  o governador do Amapá, WaldezGóes, a seis anos e nove meses de reclusão, em regime semiaberto e à perda do cargo, por de desviarvalores referentes a empréstimos consignados de servidores entre 2009 e 2010, os quais eramdescontados dos salários e utilizados para despesas diversas do governo, em vez de serem repassadosàs instituições financeiras credoras.

 

Diz o Ministro João Otávio Noronha, na APn 814, que:

 

"A questão nesse aspecto merece destaque, pois não se discute o deslocamentode verbas públicas em razão de gestão administrativa, mas o deslocamento de dinheiroparticular em posse do Estado, porquanto se trata de recursos retidos da folha depagamento dos servidores."

 

O ministro destacou que o Estado jamais poderia utilizar-se dos negóciosparticulares dos servidores para o financiamento de programas públicos, já que nãodetinha disponibilidade sobre esses valores.

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"O ponto nodal aqui está em que o governo procedeu aos descontos e não osrepassou. Portanto, se houve a retirada do dinheiro dos servidores, o não repasse aquem de direito significou desvio de dinheiro alheio".

 

Tive a oportunidade de decidir recentemente, em outras ações propostas pelo MinistérioPúblico local, processos envolvendo o não pagamento de salário de servidores e o não repasse deverbas previdenciárias recolhidas. Assim, vemos que, em uma análise superficial, há um descontroleadministrativo relativo à servidores públicos municipais, já que os mesmo não estariam recebendo ossalários, mesmo assim, quando recebem, vem o desconto dos empréstimos que não é repassado aoBanco.

 

Tal fato acarretaria, para o próprio servidor que efetuou o empréstimo e que teve o dinheiroretido, a injustiça de ver seu nome incluído nos cadastros de proteção por dívida já paga,impedindo-os de realizar novos empréstimos e financiamentos, inclusive participação em programassociais. Para os demais servidores os empréstimos estão suspensos, assim, estão impedido deobtenção de crédito mais barato, tendo que buscar outros meios, legais para tanto, geralmente comdespesas bancárias muito mais elevadas.

 

Observa-se, no entanto, que, conforme cláusula contratual apontada pela Promotora deJustiça, o não pagamento de tais valores atinge toda a sociedade, servidores ou não, já que taisdébitos podem ser descontados do Fundo de Participação do Município – FPM, que seria utilizadopara o melhoramento da qualidade de vida local e não o será, pois pode ser destinado ao pagamentode dívidas que a maioria da população nunca pensou em realizar. Além de recolher o dinheiro, nãorepassar para pagamento, a dívida ainda será diluída entre todos os pagadores de impostos.

 

É de extrema importância que nesses autos seja esclarecida a destinação do recolhimento, jáque tal fato pode caracterizar o crime, conforme entendimento do STJ.

 

Informa ainda a Promotora de Justiça, que o município esta com diversas dívidas, dentreelas, um débito de R$ 2.502.495,05 (dois milhões, quinhentos e dois mil quatrocentos e noventa e

, que a Prefeitura possui somente com a CELPA e que, inclusive podecinco reais e cinco centavos)causar a interrupção de energia de prédios públicos a qualquer momento.

 

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O enriquecimento do município em detrimento de seus servidores é evidente. Não recebemseus salários e demais garantias legais, e ainda tem descontadas verbas que não são corretamenteutilizadas, é a demonstração cabal de que algo efetivamente encontra-se em desacordo.

 

Não há justificativa plausível para o inadimplemento, já que os valores, aparentemente estãosendo retirados do salário dos trabalhadores.

 

Por outro lado, é desnecessária a individuação dos beneficiários, porquanto se está diante deum direito individual homogêneo, que consiste naquele direito que pertence a um grupo ou classedeterminável de pessoas e, tem uma origem comum, situação que se amolda ao caso concreto.

 

Dispõe o art. 11 da Lei 8.429/92 que “Constitui ato de improbidade administrativa que atentacontra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres dehonestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: (...)”

 

Fazendo uma análise sistemática da referida Lei, depreende-se que a ImprobidadeAdministrativa ocorre quando o sujeito ativo, investido de função pública, seja ela qual for,temporária ou efetivamente, responsável pelo gerenciamento, destinação e aplicação de valores, bense serviços de natureza pública (art. 1º e 2º da Lei nº 8.429/1992), obtenha os seguintes resultados:

 

1 - enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992), ou seja, atos que importem auferirqualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do cargo, mandato, função, emprego ouatividade.

 

2 - lesão ao erário por ação ou omissão, ainda que não receba direta ou indiretamentequalquer vantagem (artigo 10, Lei nº 8.429/1992).

 

3 - ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade elealdade às instituições. (artigo 11, Lei nº 8.429/1992).

 

A prática dos atos descritos acima resulta na aplicação das penalidades previstas no art. 12da Lei nº 8.429/92:

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“Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas nalegislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações:

 

I - na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitospolíticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimopatrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscaisou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sóciomajoritário, pelo prazo de dez anos;

 

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valoresacrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública,suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes ovalor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivosfiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qualseja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

 

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da funçãopública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cemvezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público oureceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que porintermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

 

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensãodo dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente”.

 

Posta a legislação aplicável ao caso, deve-se analisar os fatos descritos nos autos.

 

Consta nos autos, documentos que comprovam que os requeridos, na qualidade de Prefeitodo Município Igarapé-açu e Secretário de Finanças, através do ente municipal que representam, qualseja, a Prefeitura Municipal, dificultaram e ainda dificultam a fiscalização da aplicação de recursosprivados, já que se trata de dinheiro de servidores. Realizaram a retenção e não repassaramcorretamente as verbas de empréstimos consignados. Não demonstraram atos tendentes aregularização dos repasses, sendo necessário aos servidores que ingressem com ações individuais.

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O pedido de afastamento de gestor público municipal deve se escorar em duas premissas,uma com previsão legal (artigo 20, parágrafo único, da Lei 8.429/92) e outra de acordo com acasuística judicial, compreendendo o poder geral de cautela do magistrado.

 

Em relação à primeira premissa, de caráter ope legis, prevê o art. 20 da Lei 8.429/92,parágrafo único, que a autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar oafastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo daremuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

 

A medida extrema, que pode e tem alcançado até mesmo em face agentes públicosdetentores de mandatos eletivos, está respaldada no citado dispositivo, sem prejuízo da remuneração,quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

 

Entende a jurisprudência predominante que o afastamento somente é cabível diante deprovas efetivas de que o agente político esteja prejudicando a instrução processual.

 

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE IMPROBIDADEADMINISTRATIVA - PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO -PRELIMINAR DE INSTRUÇÃO DEFICIENTE DO RECURSO - SUPERAÇÃO -PREFEITO MUNICIPAL E PROCURADOR GERAL DO MUNICÍPIO -AFASTAMENTO DO CARGO – INDÍCIOS DE INTERFERÊNCIA NAINSTRUÇÃO DA AÇÃO - INOCORRÊNCIA - ART. 20, PARÁGRAFO ÚNICO,DA LEI N.º 8.429/92 - INTERPRETAÇÃO RESTRITA - INDEFERIMENTO DAPROVIDÊNCIA LIMINAR. 1. Não subsiste a tese de deficiência de instrução dorecurso em decorrência da juntada das peças essenciais por cópia digital, o que, alémde estar legitimado pelo art. 365, inc. VI, do CPC, não teve a autenticidade arguida pelaparte contrária. 2. Em ação civil pública proposta com base na improbidadeadministrativa de Prefeito Municipal e do Procurador Geral do Município, oafastamento destes dos cargos somente é possível mediante a existência de indício ouprova efetiva de que o demandado esteja prejudicando a instrução processual, 'ex vi' doart. 20, parágrafo único, da Lei n.º 8.429/92. (TJ-MG - AI: 10382150003046001 MG,Relator: Edgard Penna Amorim, Data de Julgamento: 10/12/2015, Câmaras Cíveis / 8ªCÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 16/12/2015).

 

AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE IMPROBIDADE PREFEITOMUNICIPAL AGENTE POLÍTICO - AFASTAMENTO CAUTELAR ART. 20 §ÚNICO DA LEI Nº 8.429/1992 - MEDIDA ULTRAEXCEPCIONAL CABÍVEL NO

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PRESENTE CASO. 1 A jurisprudência do Superior de Justiça entende que oafastamento cautelar do agente público de sua função, com fundamento no art. 20, par.único da Lei 8.429/92, é medida excepcional, que somente se justifica quando ocomportamento do agente, no exercício de suas funções, possa comprometer ainstrução do processo. 2. Algumas posturas são facilmente tipificáveis na condutadescrita no art. 20, parágrafo único, da Lei 8.429/1992, tais como a coação detestemunhas e o desvio de documentos. No presente caso, restou vastamentedemonstrada a tentativa de embaraço realizado pelo réu da ação de improbidade,cabível assim seu afastamento. 3 Agravo conhecido e desprovido. (TJ-PA - AI:201330174511 PA, Relator: LEONARDO DE NORONHA TAVARES, Data deJulgamento: 30/06/2014, 1ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA, Data de Publicação:08/07/2014).

 

AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE LIMINAR E DESENTENÇA. GRAVE LESÃOÀ ORDEM PÚBLICA. AFASTAMENTO. PREFEITO.AGRAVO REGIMENTALDESPROVIDO. I - A jurisprudência da Corte Especial e ado c. Supremo Tribunal Federal têm admitido que prefeito afastado do cargo pordecisão judicial pode formular pedido de suspensão de liminar e de sentença alegandograve lesão à ordem pública (v.g. STJ, AgRg na SLS 876/RN,Rel. Min. HumbertoGomes de Barros, DJe de 10/11/2008. STF, SS 444AgR/MT, Tribunal Pleno, Rel. Min.Sydney Sanches, DJ de 4/9/1992, ePet 2.225 AgR/GO, Tribunal Pleno, Rel. p/ acórdãoMin. Sepúlveda Pertence, DJ de 12/4/2002). II - In casu, o requerente, prefeitomunicipal, foi afastado cautelarmente do cargo, mediante decisão do juízo a quo, porinterferir concretamente na instrução processual valendo-se de funcionários domunicípio para esconder provas e ocultar vestígios acerca de supostos atos deimprobidade a ele atribuídos. III - Consoante a jurisprudência deste Tribunal, não seconfigura excessivo o afastamento cautelar de prefeito municipal pelo período de 90dias, ainda que o afastamento do agente público seja anterior à decisão proferida noâmbito desta Corte. Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg na SLS: 1630 PA2012/0161048-1, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento:19/09/2012, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 02/10/2012).

 

De tudo que foi analisado, constato que a permanência do Prefeito Municipal, Sr.RONALDO LOPES DE OLIVEIRA e do Sr. WENYSON SANTOS ALMEIDA, SecretárioMunicipal de Finanças no exercício de suas funções representa fundados riscos para a instruçãoprocessual, ao patrimônio municipal e aos próprios trabalhadores, que em linhas gerais fazem partedo ente municipal.

 

Não obstante seja o exercício do mandato um direito político fundamental, tal direito podeser relativizado se não for exercido em conformidade com a busca pela consecução do interessepúblico, possibilitando o afastamento do agente político democraticamente eleito. O administradornão pode se comportar como dono da coisa pública, mas como mero gestor de bens e interesses

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públicos, indisponíveis à Administração e, obviamente, aos agentes políticos, pertencendo, emverdade, à coletividade, ao povo.

 

Do princípio da indisponibilidade do interesse público – implícito no ordenamento jurídico –decorre diversos princípio expressos que devem nortear a atividade da Administração, dentre osquais a moralidade, princípio que se buscou tutelar por meio da edição da Lei nº 8.429/92 – Lei deImprobidade Administrativa.

 

Em seu artigo 7º, está determinado:

 

Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ouensejar enriquecimento ilícito caberá a autoridade administrativa responsável peloinquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens doindiciado.

 

No presente caso, vemos que a atitude omissa dos requeridos em não realizar o repasse dosconsignados, pode afetar diretamente vários setores da sociedade, posto que atinja diretamente ofundo de participação do município, por dívidas já quitadas. Com isso o município deixa depreservar o patrimônio já existente e mais, deixa de crescer, já que a verba em sua grande maiorianão tem vinculação de gastos.

 

A omissão dos requerido fulmina o princípio da reserva do possível da administraçãopública.

 

“De acordo com a noção de reserva do possível, a efetividade dos direitossociais a prestações materiais estaria sob a reserva das capacidades financeiras doEstado, uma vez que seriam direitos fundamentais dependentes de prestaçõesfinanciadas pelos cofres públicos”. (SARLET; FIGUEIREDO,2008)

 

Assim, podemos entender que diminuida a capacidade financeira do estado, este estaria legitimado a deixar de efetivar direitos sociais e prestações materiais a seus administrados, trazendosérios prejuízos a vida da sociedade atingida.

 

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Assim, vemos que o prejuízo é evidente, autorizador da medida extrema requerida peloMinistério Público, de forma solidária entre os réus, para que o patrimônio destes e não o dapopulação, sejam garantidores dos prejuízos causados.

 

- Por todo o exposto, o afastamento dos senhores RONALDO LOPES DEDETERMINOOLIVEIRA, Prefeito Municipal e WENYSON SANTOS ALMEIDA, Secretário Municipal deFinanças, sem prejuízo de seus vencimentos, pelo prazo de 180 dias, por ser medida que se impõe.Caso o requerido se encontre afastado de suas funções, o prazo desta determinação só passa a contarde sua efetiva ciência.

 

Para a execução da medida, notifique-se o Vice-Prefeito (ou Prefeito Interino, sendo o caso)e o Presidente da Câmara Municipal, para que sejam adotadas as medidas legais que o caso requer.

 

- Determino o , via Bacenjud, dos Srs. BLOQUEIO DE VALORES E ATIVOS, portador da identidade RG n. 1299200 SSPI/PI, CPFRONALDO LOPES DE OLIVEIRA

504.716.943-04 e , portador do CPF n. 935.486.482-15, no valorWENYSON SANTOS ALMEIDA de R$ 474.044,53 (quatrocentos e setenta e quatro mil e quarenta e quatro reais e cinquentasolidário

e três centavos), visando resguardar possíveis prejuízos do patrimônio público e assegurar areparação legal.

 

- Determino à Prefeitura Municipal, representada pelo Prefeito Municipal Interino, quearrecade e repasse as verbas de empréstimos consignados de queTODOS OS SERVIDORESautorizaram os desconto contratualmente e efetue o pagamento regular, mês a mês, apresentandocomprovante nos autos, em até 10 dias após o depósito, sob pena de multa diária de R$ 100,00 (cemreais) por cada servidor em atraso, até o limite de R$ 10.000,00 por cada servidor, multa estadirecionada apenas ao Município;

 

- Determino à Prefeitura Municipal, representada pelo Prefeito Municipal Interino, queefetue o repasse dos valores já descontados e retidos de empréstimos consignados dos servidores dosanos de 2017, 2018 e 2019, no prazo de 30 (trinta) dias ou que no mesmo período apresente acordode parcelamento de dívida junto aos Bancos locais, possibilitando assim o retorno do crédito deTODOS OS SERVIDORES, sob pena de multa diária de R$ 100,00 (cem reais) por cada servidor ematraso, até o limite de R$ 10.000,00 por cada servidor, multa esta direcionada apenas ao Município;

 

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Determino ainda, que seja oficiado ao Banco do Brasil, BANPARÁ e Bradesco, para queinformem em 10 dias, com documentação pertinente, se há e qual o montante total da dívidaatualizada da Prefeitura de Igarapé-açu, para com estas instituições, referente à empréstimosconsignados, com a discriminação de quais os valores e meses em que constam débitos;

 

- Deixo de aplicar multa diária a Sr. Ronaldo Lopes Oliveira por possíveis descumprimentos,tendo em vista que, afastado de seu cargo, não estará em condições de se omitir às determinaçõesacima delineadas.

 

Deixo de analisar os demais requerimentos do Ministério Público, posto que sejamdecorrentes do próprio rito processual ou consequências da condenação.

 

Nos termos do art. 17, § 7º da Lei nº 8.429/92, determino a notificação dos requeridos, paraoferecerem manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações,dentro do prazo de quinze dias.

 

 

Igarapé-açu, 07 de novembro de 2019.

 

 

Cristiano Magalhães Gomes

Juiz de Direito

 

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07/11/2019 BacenJud 2.0

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quinta-feira, 07/11/2019

Minutas | Protocolamento | Ordens judiciais | Delegações | Não Respostas | Contatos de I. Financeira | RelatóriosGerenciais | Ajuda | Sair

Detalhamento de Ordem Judicial de Bloqueio de Valores

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Dados do bloqueio Situação da Solicitação: Aguardando respostas das Instituições Financeiras

As Instituições Financeiras cumprirão as ordens judiciais disponibilizadas, gerarão oarquivo de resposta e o enviarão ao Bacen Jud 2.0 até às 23h59min do dia útil bancárioseguinte ao do envio do arquivo de remessa. O Bacen Jud 2.0 consolidará asinformações e as disponibilizará ao juízo expedidor da ordem judicial até às 08h00mindo dia útil bancário seguinte ao do recebimento do arquivo de resposta.

Número do Protocolo: 20190012865805 Data/Horário de protocolamento: 07/11/2019 18h11 Número do Processo: 0801154-29.2019.8.14.0021 Tribunal: TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO PARA Vara/Juízo: 51594 - IGARAPE-ACU - VARA UNICA Juiz Solicitante do Bloqueio: Cristiano Magalhaes Gomes Tipo/Natureza da Ação: Ação Cível CPF/CNPJ do Autor/Exeqüente da Ação: Nome do Autor/Exeqüente da Ação: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARA Deseja bloquear conta-salário? Não

Relação dos Réus/ExecutadosRéu/Executado Valor a

BloquearContas e Aplicações Financeiras Atingidas

504.716.943-04 : RONALDOLOPES DE OLIVEIRA

474.044,53 Instituições financeiras com relacionamentos com o CPF/CNPJ nomomento da protocolização.

935.486.482-15 : WENYSONSANTOS ALMEIDA

474.044,53 Instituições financeiras com relacionamentos com o CPF/CNPJ nomomento da protocolização.

Marcar Ordem Como Não Lida Utilizar Dados do Bloqueio para Criar Nova Ordem Voltar

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