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Processo Administrativo Previdenciário TEORIA E PRÁTICA Incluindo Modelos de Requerimentos e Recursos Administrativos

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Processo Administrativo Previdenciário

Teoria e PráTica

Incluindo Modelos de Requerimentos e Recursos Administrativos

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THEODORO VICENTE AGOSTINHOMestre em Direito Previdenciário — PUC/SP.Especialista em Direito Previdenciário — EPD/SP.Conselheiro do CARF — Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.Professor e Coordenador da Pós em Direito Previdenciário do Damásio Educacional.Professor e Coordenador da Pós em Regime Próprio do Damásio Educacional.Professor em Direito Previdenciário junto a área de Concursos Públicos do Damásio Educacional.Professor e Coordenador do IBEP — Instituto Brasileiro de Estudos Previdenciários.Professor e Coordenador da área Previdenciária da LEX Cursos Jurídicos.Professor em Direito Previdenciário no MBA em Gestão Atuarial e Financeira da FIPECAFI/USP.Professor em Direito Previdenciário no curso de Gestão de Entidades Fechadas de Previdência Complementar — Fundos de Pensão da FIPECAFI/USP.Conferencista e Parecerista da ABIPEM — Associação Brasileira de Instituições de Previdência Estaduais e Municipais.Conferencista e Parecerista da APEPREM — Associação Paulista de Entidades de Previdência do Estado e dos Municípios.Autor e coautor em obras sobre Direito Previdenciário.Coordenador de Revistas especializadas em Direito Previdenciário.Advogado e Consultor Jurídico.

MICHEL OLIVEIRA GOUVEIAAdvogado Especialista em Direito Previdenciário.Pós Graduado em Direito Previdenciário pela Faculdade Legale.Pós Graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Faculdade Legale.Pós Graduado em Direito Civil e Processo Civil pela EPD.

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THEODORO VICENTE AGOSTINHO

MICHEL OLIVEIRA GOUVEIA

Processo Administrativo Previdenciário

Teoria e PráTica

Incluindo modelos de Requerimentos e Recursos Administrativos

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EDITORA LTDA.

© Todos os direitos reservados

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-001São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.br

Novembro, 2015

versão impressa — LTr 5383.3 — ISBN 978-85-361-8645-0 versão digital — LTr 8834.1 — ISBN 978-85-361-8655-9

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Agostinho, Theodoro Vicente

Processo administrativo previdenciário : teoria e prática : incluindo modelos de requerimentos e recursos administrativos / Theodoro Vicente Agostinho, Michel Oliveira Gouveia. — São Paulo : LTr, 2015.

Bibliografia.

1. Direito previdenciário — Brasil 2. Processo administrativo — Brasil I. Gouveia, Michel Oliveira. II. Título.

15-09644 CDU-34:368.4:35.077.3 (81)

Índices para catálogo sistemático:

1. Brasil : Processo administrativo previdenciário :Direito 34:368.4:35.077.3(81)

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Agradeço ao Michel, por ter aceitado o desafio de escrevermos em conjunto esta obra. Como sempre digo, a única forma de materializar aquilo que se defende, em nossa área, é eternizando-a por meio da escrita. Aos meus queridos (as) alunos (as) de todo o Brasil, muitíssimo obrigado pelo carinho e confiança. Vamos em frente! Abraços, Theodoro.

Agradeço a Deus por permitir-me estudar, conhecer amigos e por ter colocado em minha vida, pessoas especiais. Agradeço meus familiares,

minha companheira e parceira a Dra. Cindy Fernandes, que incentivou-me a escrever, também, registro meus agradecimentos ao

professor e amigo Theodoro Agostinho, que, confiou no meu trabalho e lançou-me o desafio para escrever esse livro em parceria. Aos leitores,

recebam de coração nossa contribuição para advocacia previdenciária. Vamos em frente!”.

Michel

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Sumário

PREFÁCIO — Wagner Balera ................................................................................. 11

APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 13

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15

1. DIREITO ADMINISTRATIVO ...................................................................... 171.1 Conceito ............................................................................................. 171.2 Princípios Administrativos Constitucionais .................................... 181.3 Princípio da Legalidade .................................................................... 181.4 Princípio da Impessoalidade ............................................................ 191.5 Princípio da Moralidade ................................................................... 191.6 Princípio da Publicidade .................................................................. 191.7 Princípio da Eficiência ...................................................................... 19

2. PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO ................................ 202.1 Conceito ............................................................................................. 202.2 Legislação correlata .......................................................................... 212.3 Princípios do processo administrativo previdenciário .................... 212.4 Princípio da Legalidade .................................................................... 222.5 Princípio do Contraditório ................................................................ 232.6 Princípio da Ampla defesa ................................................................ 232.7 Princípio da Moralidade ................................................................... 232.8 Princípio da Finalidade .................................................................... 232.9 Princípio da Motivação ..................................................................... 242.10 Princípio da Gratuidade ................................................................... 252.11 Princípio da Oficialidade .................................................................. 252.12 Princípio da Segurança jurídica ....................................................... 272.13 Publicidade ........................................................................................ 27

3. INÍCIO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO ........... 283.1 Legitimados ....................................................................................... 303.2 Instrução Normativa n. 77/2015, como norte para atuação ........... 313.3 Fase inicial ........................................................................................ 323.4 Da Procuração ................................................................................... 33

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3.5 Impedimento e suspeição dos envolvidos no processo administrativo 343.6 Formalização do processo administrativo previdenciário ............... 353.7 Tipos de requerimentos administrativos ......................................... 37

3.7.1 Requerimento para retificação de dados do CNIS ......... 383.7.2 Requerimento para aposentadoria por invalidez ........... 393.7.3 Requerimento para aposentadoria por idade ................. 403.7.4 Requerimento para aposentadoria por idade rural ....... 413.7.5 Requerimento para aposentadoria por tempo de contri-

buição ............................................................................... 413.7.6 Requerimento para aposentadoria por tempo de contri-

buição do professor .......................................................... 423.7.7 Requerimento para aposentadoria especial ................... 443.7.8 Requerimento para auxílio-doença ................................. 513.7.9 Requerimento para auxílio-acidente .............................. 543.7.10 Requerimento para salário maternidade ....................... 553.7.11 Requerimento para pensão por morte ............................ 563.7.12 Requerimento para auxílio-reclusão .............................. 583.7.13 Requerimento para habilitação e reabilitação profis-

sional ................................................................................ 593.7.14 Requerimento de serviço social ....................................... 613.7.15 Requerimento de exame médico pericial ........................ 613.7.16 Requerimento para revisão de benefício ........................ 623.7.17 Requerimento de vista e/ou cópias do processo adminis-

trativo ............................................................................... 633.7.18 Requerimento para reconhecimento da sentença traba-

lhista ................................................................................ 643.8 Do protocolo dos requerimentos administrativos ........................... 653.9 Forma de apresentação dos documentos ......................................... 673.10 Comunicação dos atos administrativos ........................................... 68

4. FASE INSTRUTÓRIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDEN-CIÁRIO............................................................................................................ 704.1 As cartas de exigências..................................................................... 714.2 Instrução do processo administrativo .............................................. 724.3 Instrução probatória ......................................................................... 73

4.3.1 CNIS ................................................................................. 734.3.2 CTPS ................................................................................ 744.3.3 Documentos ligados ao contrato de trabalho ................. 744.3.4 Ação Trabalhista.............................................................. 76

4.4 Pareceres ........................................................................................... 774.5 Laudos Técnicos ................................................................................ 784.6 Prova Emprestada ............................................................................ 784.7 Documentos de outros processos de benefícios ............................... 784.8 Documentação em poder de terceiros .............................................. 794.9 Pesquisa Externa .............................................................................. 794.10 Justificação Administrativa ............................................................. 80

5. FASE DECISÓRIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDEN-CIÁRIO ........................................................................................................... 86

6. RECURSOS ADMINISTRATIVOS ................................................................ 89

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7. RECURSO ORDINÁRIO ................................................................................ 93

8. RECURSO ESPECIAL ................................................................................... 95

9. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO .................................................................. 97

10. ERRO MATERIAL ......................................................................................... 100

11. REVISÃO DE OFÍCIO ................................................................................... 101

12. RECLAMAÇÃO AO CONSELHO PLENO .................................................... 105

13. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA ............................................... 107

14. DISPOSIÇÕES GERAIS AOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS ............. 10914.1 Prazos ................................................................................................ 10914.2 Legitimidade ..................................................................................... 11014.3 Relativização da Intempestividade .................................................. 11114.4 Desnecessidade de preparo .............................................................. 11314.5 Tutela Acauteladora ......................................................................... 11314.6 Desistência ........................................................................................ 11514.7 Efeitos dos Recursos ......................................................................... 11614.8 Ajuizamento de ação com o mesmo objeto do Recurso Adminis-

trativo ................................................................................................ 11614.9 Sustentação Oral .............................................................................. 11814.10 Outras Disposições relativas aos Recursos ..................................... 118

15. DO CUMPRIMENTO DAS DECISÕES ........................................................ 120

16. TELAS DO SISTEMA PLENUS .................................................................... 122

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 125

PARTE ESPECIAL — Modelos ............................................................................... 127

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Prefácio

A visão pragmática que, cada vez mais, ganha corpo na vida e nos estudos do direito faz com que o exame dos distintos aspectos do processo se imponha como algo imperioso.

E, dentre os estudos processuais que adquirem maior interesse, na atua-lidade, convém mencionar o relativo ao tema do contencioso administrativo previdenciário.

Como se sabe, todo esse modelo passa por profundas transformações e ainda não é isento de problemas, notadamente o da perniciosa influência que o Poder Executivo ainda pode exercer sobre as decisões do setor.

De fato, uma medida urgente que se impõe é a da redefinição da mecânica de condução e recondução dos integrantes da jurisdição administrativa, inclusive com maior participação dos atores sociais interessados.

A grande oportunidade para que se fortaleça um espaço paralelo de solução de problemas, que retire processos da órbita do Poder Judiciário, cujas estruturas, todos o sabem, não mais dão conta de prestar, com celeridade, as tarefas que lhe cabem, por vocação e missão constitucional.

A jurisdição administrativa ganha corpo e expressão e está a exigir que a advocacia especializada conheça, com profundidade, as peculiaridades e itine-rários que a informam.

A questão prática, para além da pragmática, é de ser compreendida por todos. O processo administrativo previdenciário, desde sempre, foi caracterizado por essa praticidade que deve, cada vez mais, ser reforçada.

Os autores souberam captar, com argúcia, as distintas vertentes da dinâmica processual administrativa.

Com riqueza de detalhes são demonstrados os ângulos distintos da proble-mática processual.

Sobre examinarem os aspectos teóricos, com cuidadosa análise da princi-piologia que informa o tema, descem desde esse elevado patamar para o estudo das questões inerentes a cada procedimento, com as respectiva fases.

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Não escapam detalhes que acabam conduzindo o leitor, como que pela mão, pelos distintos escaninhos da via jurisdicional administrativa, inclusive cuidando de forrar o procedimento dos necessários suportes probatórios.

A análise percuciente de certos aspectos da relação de trabalho dá aca-bamento ao estudo e permite que o leitor tenha entre mãos um compêndio de toda a matéria, suficiente para que se ponha a campo na defesa dos interesses daqueles que lhe cabe patrocinar.

Os dois autores têm pautado sua militância profissional na esfera pre-videnciária por um intenso movimento em prol da elevação da qualidade dos trabalhos que são levados à apreciação da linha jurisdicional administrativa.

Com essa atividade, prestam verdadeiro serviço público e possibilitam que os beneficiários tenham apreciados os respectivos pleitos sem quaisquer entraves ou escolhos de índole burocrática que poderiam empanar o desiderato principal da Previdência: promover o bem-estar social.

Faço votos no sentido de que que prossigam nessa senda e que sua militância lhes permita proporcionar, além deste trabalho, outras tantas contribuições ao aperfeiçoamento crescente da advocacia previdenciária.

Wagner Balera

Professor Titular da Faculdade de Direito e Coordenador do Núcleo de Direito Previdenciário do Programa de Estudos Pós-Graduados

em Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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APreSentAção

Quando pensamos na confecção do livro: processo administrativo previ-denciário — teoria e prática, colocamos como principal objetivo, propiciar aos advogados, juízes, servidores, dentre outros apreciadores e atuantes do direito previdenciário, que necessitem atuar, julgar, estudar esta disciplina/matéria, as orientações mínimas para uma correta condução dos trabalhos. Somos realistas em dizer que a presente obra não tem qualquer pretensão em esgotar a matéria, mas sim, fornecer subsídios indispensáveis para que o processo administrativo previdenciário atinja a sua finalidade, qual seja a garantia do amplo direito de defesa e do contraditório, assim como o devido processo legal, almejando obviamente, a concessão do melhor benefício ao segurado(a).

As orientações ora formuladas decorrem da necessidade de integração e atualização das disposições contidas na nova Instrução Normativa n. 77 de 2015 que regem o Processo Administrativo Previdenciário, buscando discorrer de forma integral aos atuais princípios vigentes, bem como a evolução juris-prudencial e sua importância frente aos julgados de vanguarda que estamos acompanhando a respeito do tema. Buscou-se na redação a utilização de lingua-gem acessível à compreensão dos conceitos empregados, sem contudo fugir da indispensável técnica jurídica na abordagem da matéria. Ainda sob o critério da praticidade, a obra traz alguns modelos de requerimentos mais utilizados ao longo do processo administrativo e compila jurisprudências acerca de diversos temas.

Finalmente, o aprimoramento será feito mediante novas edições, à medida que questões relevantes surjam, sem prejuízo da objetividade e praticidade a que se destina, assim como pelas importantes observações que vocês leitores nos trarão. Estamos extremamente felizes, pois materializamos neste livro, a atuação diária na Advocacia Previdenciária, bem como as aulas ministradas em salas de aula.

É de suma importância aos operadores do direito que forem militar na seara previdenciária no âmbito administrativo, que conheçam integralmente a Instrução Normativa 77 de 2015, a Lei Federal n. 9.784/99 e o regimento interno do Conselho de Recursos da Previdência Social, aprovado pela portaria MPS n. 548/2011.

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Ademais, se faz necessário o conhecimento das Leis ns. 8.212/91, 8.742/93, 10.666/03 e do Decreto n. 3.048/99, bem como o Decreto n. 6.932/09.

Um, dos muitos pontos positivos da atuação administrativa é o resultado. Os valores atrasados são pagos no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pelo proce-dimento de pagamento alternativo, conhecido como PAB. Não existe precatório, tampouco RPV (requisição de pequeno valor).

Antes de navegarmos no estudo proposto, consignamos uma dica: nos reque-rimentos administrativos, sobretudo nos recursos administrativos, fundamentem suas razões no Decreto n. 3.048/99.

Ademais, como prevê o inciso I do parágrafo único do art. 2º da Lei Federal n. 9.784/99, combinado com o inciso II do art. 659 da IN n. 77/2015, nos Processos Administrativos Previdenciários, deverão ser observados a Lei e o Direito e uma das fontes de Direito é a Jurisprudência, portanto usem.

Os Autores

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introdução

O Direito Previdenciário Brasileiro vem passando por diversas alterações legis-lativas, sobretudo pelas constantes mudanças no entendimento jurisprudencial.

Essas mudanças de entendimento nas Cortes Superiores fazem com que cada vez mais, passemos a criticar a “Justiça” brasileira, mormente pelo fato de usurparem Direitos Sociais. Não podemos deixar de louvar algumas, poucas é verdade, decisões inovadoras neste sentido.

Em razão da insegurança jurídica promovida pelo judiciário, nos últimos anos, ressurgiu a ideia da tentativa de resolução dos conflitos envolvendo os segurados/empresas(1) e o INSS perante o Conselho de Recursos da Previdência Social, uma vez que este tem a prerrogativa de fazer o controle jurisdicional das decisões da Autarquia Previdenciária.

A princípio, os mais desavisados se perguntavam: para que recorrer admi-nistrativamente das decisões do INSS se será ele mesmo que irá julgar, uma vez que ele é um órgão do Ministério da Previdência Social?

De fato, é isso mesmo, o INSS é um órgão ligado ao Ministério da Previdência Social, tão ligado que o Ministério, por intermédio do Conselho de Recursos, faz o controle jurisdicional de suas decisões, esse controle é feito quando é interposto o Recurso Administrativo.

Com efeito, os previdenciaristas (procuradores e advogados), vendo que as decisões administrativas de 1ª instância recursal (Junta de Recursos) e 2ª instância recursal (Câmara de Julgamento), ambas do Conselho de Recursos da Previdência Social, representavam decisões de proteção ao segurado, refor-mando, por vezes, integralmente as decisões do INSS, viram que era arriscado tentar resolver o litígio no judiciário, porquanto da mudança de entendimentos lá esposados, e passaram a optar pelos Recursos Administrativos, logrando, em muitos casos, êxito na busca do benefício do segurado.

(1) Matérias envolvendo contribuições são julgadas pelo CARF — Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.

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Diante deste novo cenário, as lides previdenciárias, por vezes são mais vantajosas aos segurados (as) se resolvidas na seara administrativa, dentro do Conselho de Recursos da Previdência Social(2) do que no Judiciário, eis que não logrando êxito na esfera administrativa, o segurado(a)/empresa poderá optar pelo ajuizamento da medida que entender cabível no Poder Judiciário, contudo, não sendo possível no sentido contrário.

(2) O Conselho de Recursos da Previdência Social — CRPS é um órgão colegiado, integrante da estrutura do Ministério da Previdência Social, que funciona como um tribunal administrativo e tem por função básica mediar os litígios entre segurados e o INSS, conforme dispuser a legislação, e a Previdência Social.

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direito AdminiStrAtivo

1.1 CONCEITO

Maria Sylvia Zanella Di Pietro conceitua o Direito Administrativo como ramo do Direito Público “que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exercer e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.(1)

Para Hely Lopes Meirelles, o Direito Administrativo Brasileiro, “sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.(2)

Assim temos que o Direito Administrativo é o ramo do Direito que cuida das relações jurídicas entre a Administração Pública, seja Federal, Estadual, Municipal, suas Autarquias, Fundações e o Administrado, neste caso os cidadãos e as empresas.

A Constituição Federal, no art. 37, transcreve que “a administração pública direita e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência” (...).

(1) Direito administrativo. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 47.(2) Direito administrativo brasileiro. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 38.

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Por derradeiro, o Instituto Nacional do Seguro Social, faz parte da Ad-ministração Pública da União, razão pela qual deve obediência aos princípios constitucionais, a seguir delineados.

1.2 PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS CONSTITUCIONAIS

Como visto, o art. 37 da Magna Carta de 1988 enumera os princípios que regem a Administração Pública.

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, “princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fun-damental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tônica que lhe dá sentido harmônico.”(3)

Conclui o Autor administrativista que “violar um princípio é muito mais grave do que violar uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comando. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o esca-lão do princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais.”(4)

Portanto, temos que conhecer os princípios constitucionais, eis que são de suma importância para o deslinde de uma lide administrativa, haja vista o fato de estarem positivados na Constituição Federal.

Os princípios constitucionais são conhecidos como LIMPE: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Passamos ao breve estudo de cada um deles.

1.3 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Leciona Diogenes Gasparini: “o princípio da legalidade significa estar a Administração Pública, em toda a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de seu autor.”(5)

A Lei n. 8.029/1990 criou o Instituto Nacional do Seguro Social, dispondo no seu art. 17 que o Instituto é uma autarquia federal.

Assim sendo, o INSS, como os demais órgãos da Administração, só pode fazer o que é previsto na Lei, sob pena de seus atos serem invalidados e o agente que os praticou ser responsabilizado, inclusive cível e criminalmente.

(3) Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 53.(4) Op. cit..(5) Direito Administrativo. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 7.

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1.4 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

O princípio da impessoalidade está ligado à relação existente entre a administração pública e os administrados (cidadãos e empresas).

A impessoalidade é imposta para que a Administração Pública não pratique seus atos em prol de uma pessoa ou empresa.

A Administração não pode se voltar de forma discricionária. Sua atividade deve ser destinada para todos os cidadãos, sem prevalecer um em detrimento do outro. “É o que impõe ao Poder Público este princípio. Com ele quer-se quebrar o velho costume do atendimento do administrado em razão de seu prestígio ou porque a ele o agente público deve alguma obrigação.”(6)

1.5 PRINCÍPIO DA MORALIDADE

Este princípio ressalta que é dever da Administração Pública agir no estrito comando constitucional.

O princípio da moralidade é o conjunto de regras que determina como deve se pautar a Administração Pública, na relação com seus administrados. A Administração não deve observar apenas a Lei. É seu dever atuar dentro dos padrões da ética e da moral.

1.6 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Esse princípio demanda o dever da Administração Pública, divulgar seus atos, facilitando assim, seu devido controle.

É dever da Administração Pública, dar publicidade dos seus atos, bem como é direito da Sociedade conhecer os atos da Administração Pública.

1.7 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

Na lição de Diogenes Gasparini, temos que “Administração Pública direta e indireta tem a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, além, por certo, de observar outras regras, a exemplo do princípio da legalidade.”(7)

Trocando em miúdos, a Administração deve ser rápida, ágil e eficiente nas relações com os administrados.

(6) Op. cit., p. 9.(7) Op. cit,. p. 22.

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ProceSSo AdminiStrAtivo Previdenciário

2.1 CONCEITO

Difícil missão é conceituar o processo administrativo previdenciário. De todo modo, tentaremos. Dito isto, podemos afirmar que o processo administrativo previdenciário é concatenado em uma série de atos, se iniciando com o requeri-mento administrativo e procedimentos direcionados ao fim almejado, qual seja, que o pedido seja apreciado com respeito aos ditames/princípios legais por nós já destacados. .

Nesta linha de raciocínio, interessante citar o Professor José Antonio Savaris:(8) Como já deixamos transparecer, identificamos o fenômeno processual administrativo no campo previdenciário a partir dos critérios do interesse pre-ponderantemente particular (sem que tal qualificação negue o interesse também social na adequada proteção previdenciária ao indivíduo), que reclama colabo-ração (Benvenuti) por parte do destinatário do ato, qualificada pelo exercício do contraditório (Fazzalari), aproximando-nos decisivamente da compreensão de Odete Medauar. Como consequência disso, reconhece-se o direito do particular ao devido processo legal (e as decorrentes granias processuais constitucionais) desde o requerimento administrativo. Com o indeferimento administrativo deflagra-se uma controvérsia que abre ao particular dois caminhos: a interposição de recurso administrativo ou a invocação da tutela jurisdicional.

(8) SAVARIS, José Antonio. Direito Processual Previdenciário. 5. ed. Curitiba: Alteridade, 2014.

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2.2 LEGISLAÇÃO CORRELATA

O processo administrativo previdenciário é regulamentado pelas Leis ns. 8.213/91 (Lei de benefícios); 8.212/91 (Lei do custeio); 9.784/99 (regula o processo administrativo federal); Decreto n. 3.048/99 (Regulamento da Previdên-cia Social); Instrução Normativa INSS/PRES 77/2015 e Portaria MPS 548/2011 (Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social).

O Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social, no art. 72, dispõe que, havendo omissão e compatibilidade das regras, o CPC poderá ser aplicado de forma subsidiária, confira-se:

Art. 72. Nos casos de omissão deste Regimento, aplicam-se sucessivamente, se houver compatibilidade das regras, as disposições pertinentes da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, que institui o Código de Processo Civil e da Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

Como não há uma regra específica sobre o processo administrativo previ-denciário, mormente pelo fato da Lei de Benefícios não dispor de forma clara sobre todos os aspectos, em razão da hierarquia das normas prevista no art. 59 da Constituição Federal, destacamos que este papel deve ser realizado pela Lei n. 9.784/99, pois é a única que regulamenta o processo administrativo em âmbito federal.

2.3 PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDEN-CIÁRIO

Excetuando-se os princípios constitucionais já estudados, o processo admi-nistrativo previdenciário, é norteado por seus próprios princípios.

Neste compasso, se faz necessário trazer ao conhecimento o disposto no art. 2º da Lei n. 9.784/99:

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

No mesmo sentido, preconiza o art. 659 da IN 77 INSS/PRES, in verbis:

Art. 659. Nos processos administrativos previdenciários serão observados, entre ou-tros, os seguintes preceitos:

I — presunção de boa-fé dos atos praticados pelos interessados;

II — atuação conforme a lei e o Direito;

III — atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes e competências, salvo autorização em lei;