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Avaliações: Questionário - escrita + oral (10 pontos): 30/11 Prova final (40 pontos): 07/12 1ª prova - escrita + oral (20 pontos): 07/10 Trabalhos em dupla (10 pontos) Prova escrita (20 pontos): 08/11 Unidade 1: Discussões introdutórias Breve revisão: Processo de conhecimento: - Procedimento único: comum - Objetivo: acertamento e satisfação Direito Processual Civil IV Página de 1 37 Direito Processual Civil IV Faculdade de Direito da UFMG Professora: Juliana Cordeiro de Faria Ana Clara Pereira Oliveira 2016/2º - Diurno

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Avaliações:• Questionário - escrita + oral (10 pontos): 30/11• Prova final (40 pontos): 07/12• 1ª prova - escrita + oral (20 pontos): 07/10 • Trabalhos em dupla (10 pontos)• Prova escrita (20 pontos): 08/11

Unidade 1: Discussões introdutórias• Breve revisão:

• Processo de conhecimento: - Procedimento único: comum- Objetivo: acertamento e satisfação

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Direito Processual Civil IV Faculdade de Direito da UFMG

Professora: Juliana Cordeiro de FariaAna Clara Pereira Oliveira

2016/2º - Diurno

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• Sentença: - Parâmetros: quando há obrigação de pagar quantia em dinheiro, é preciso

definir os seguintes parâmetros:a. An debeatur: reconhecimento do dever de pagar, existência de uma dívida/

título a ser pago;b. Quantum debeatur: é a quantia certa devida, expressando a obrigação em

números. Pode ser deixado para definição em momento posterior, na chamada fase intermediária de liquidação (ver site "cálculo exato").

- Classificação: a. Líquida: já traz o valor certo ou depende apenas de cálculos aritméticos;b. Ilíquida: sentença que não fixa o valor da condenação. Nessa hipótese, após

prolatada sentença, deve ser feita a liquidação;c. Híbrida: é aquela que é dotada de uma parcela líquida e outra ilíquida. Um

exemplo interessante seria a sentença condenatória a qual condena o réu a pagar, por danos materiais, 10 mil reais, e por danos morais, 5 mil reais. Ademais, a referida sentença estabelece condenação em lucros cessantes já que o taxista usava seu carro para trabalhar e tirar seu sustento. Assim, os lucros cessantes seriam a quantia equivalente à qual o taxista ficou privado pelo tempo de conserto do veículo. No entanto, nos autos, não há dados suficientes para aferir o valor certo da indenização. O juiz estabelece determinados parâmetros que servirão de base para a liquidação futura, conforme tabela abaixo.

Após o trânsito da sentença híbrida deve ser requerido o cumprimento da parcela líquida e, no que diz respeito à parte ilíquida (no caso, os lucros cessantes), deverá ocorrer a passagem pela fase da liquidação. Para evitar o tumulto dos autos, devem ser criados autos suplementares. Assim, o mais recomendado é que a liquidação seja feita nos próprios autos, isso pois o restante das informações e documentos contidos no processo serão necessários para que seja apurado o valor. Em apenso deverá feito o pedido de cumprimento da sentença em sua parcela líquida

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Unidade 2: Liquidação de sentença • Diploma normativo: Art. 509 ao 512• Pressuposto: sentença ilíquida. Isso, pois, se a sentença é líquida já é possível dar

início à execução, não pressupondo a fase de liquidação. Ademais, a sentença deve ser condenatória, a medida que sentenças declaratórias, via de regra, não precisam de passar pela fase de cumprimento de sentença. Porém, há uma exceção que será vista adiante.

• Título executivo: nessa hipótese o título se formará pelo somatório da sentença (1ª fase) + decisão (liquidação).

• Artigo 509, § 4º: "Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.". Sendo assim, nessa fase, só é possível aplicar mecanismos interpretativos ao texto contido no dispositivo. Porém, caso ocorra algum erro grave que persistiu até tal fase será necessário ajuizar ação rescisória com intuito de desconstituir a coisa julgada material, o que é impossível na própria fase de liquidação.

• Graus de iliquidez da sentença: a sentença ilíquida terá graus de iliquidez, que determinarão o procedimento a ser adotado. Atenção ao fato de que, se o procedimento adotado for equivocado, o título será nulo.- Procedimento comum (artigos): ocorre quando o grau de iliquidez é máximo,

ou seja, quando para a quantificação é necessária a apuração de fatos novos (discussão e prova). Nesse caso, será seguido o procedimento comum, com nova oportunidade de exercício do contraditório, mas ao invés da citação, será feita intimação. O objeto da lide, porém, será reduzido, pois a fase de liquidação visa a complementar o título já existente.

- Arbitramento: se não houver fato novo, será feito arbitramento. Nessa modalidade o juiz irá em busca de elementos para arbitrar/definir o valor devido à luz desses parâmetros.

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CPC/15: Art. 509. "Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: (...)

II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. (...)".

CPC/15: Art. 509. " (...) I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; (...)".

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- Procedimentos:

• O momento de executar a sentença merece grande atenção no que diz respeito ao prazo prescricional. A título de exemplo, em uma ação, de acordo com o direito material em questão, será de 3 anos o prazo prescricional, considerando a interrupção do prazo prescricional da citação até o último ato do processo de conhecimento. Atenção ao fato de que, com a nova concepção de processo sincrético, não terminará a relação jurídico processual na sentença, o que gera uma discussão acerca de qual seria o momento de reinício da contagem do prazo. - Sistemática do Código de 73: Para compreender tal questão, essencial

retornar ao sistema adotado pelo antigo código. No âmbito do CPC/73 se formaram as seguintes correntes acerca da contagem do prazo:

A) Corrente 1: se a sentença transitou em julgado, automaticamente já está fluindo o prazo de 15 dias para cumprimento. O requerimento só deveria ser feito após comprovado o inadimplemento. Essa corrente objetivava maior eficiência e efetividade do cumprimento;

B) Corrente 2: deve ser feita, pelo menos, a intimação do retorno dos autos, quando deveria ser iniciada a contagem do prazo de 15 dias para o cumprimento voluntário;

C) Corrente 3: é necessário o requerimento do credor, sendo intimado então o devedor e, a partir de então, iniciaria-se o prazo de 15 dias.

- Sistemática do NCPC: O atual código abarcou a 3ª corrente, em seu artigo 523. Sendo assim, o credor está autorizado a efetuar o requerimento a partir do trânsito em julgado. Dessa forma, será esse o último ato, reiniciando a contagem do prazo prescricional interrompida pela citação. De acordo com o NCPC, após o trânsito em julgado, deverá ser realizada a certificação nos autos do trânsito. A parte então será intimada para requerer o que lhe é de direito (a intimação não é obrigatória, podendo ou não ocorrer, sem prejuízo da contagem do prazo). Após, deve ser feito o requerimento pelo exequente, a intimação das partes e após, o prazo de 15 dias para o pagamento.

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Arbitramento Procedimento comum

Requerimento Requerimento

Intimação Intimação

Provas (pareceres, dados, laudos e documentos). Se forem insuficientes, pode ser solicitada perícia.

Contestação (prazo de 15 dias)

Decisão interlocutória (desafia agravo de instrumento)

Saneador

Provas

Decisão (desafia agravo de instrumento)

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• Procedimento:

→ Cumprimento provisório:- Caução: no que diz respeito à exigência da caução, em análise ao artigo 521 , 1

CPC/15, percebe-se que uma das dispensas previstas é no que concerne ao crédito de natureza alimentar. Um exemplo de crédito alimentar é o honorário de advogados, assim, ele não necessitará de caução para levantar tais valores. Outro ponto interessante que passou a compor o novo código é o inciso IV, de não exigência de caução quando a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em conformidade com súmula do STF ou do STJ, ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos, demonstrando clara valorização dos precedentes. Atenção ao parágrafo único do artigo 521, NCPC, que mantém a necessidade de caução mesmo nessas hipóteses, caso haja risco de grave dano ou impossibilidade de reparação.

- Multa: Com relação à cobrança de multa de 10% no cumprimento provisório, entende o novo código que é possível, e que pagá-la não é comportamento incompatível com a vontade de recorrer, segundo o art. 520 , parágrafo 2º e 3º. 2

CPC/15: Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que: 1

I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; II - o credor demonstrar situação de necessidade; III - pender o agravo fundado nos incisos II e III do art. 1.042; IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos. Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação.

CPC/15: Art. 520. (...) § 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório 2

de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa. § 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto. (...)Direito Processual Civil IV Página � de �5 37

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Unidade 3: Cumprimento Definitivo • Pressuposto: decisão condenatória (título judicial) não mais impugnável por

recurso. A palavra decisão é utilizada pois abarca não apenas a sentença de mérito, mas também a decisão interlocutória de mérito. Isso, pois, ambas geram coisa julgada material. - Qualidades da coisa julgada material: imutabilidade e indiscutibilidade. A

coisa julgada material pode ser entendida como limitação do cumprimento de sentença. Isso porque o título judicial limita a ação da parte e do juiz, assim como a petição é limitadora da ação do juiz na fase de cognição. O artigo 525, NCPC demonstra a limitação do que se pode arguir como matéria de defesa na fase de cumprimento. Nota-se que são respeitados os limites do acertamento feito na fase anterior. Nesse ponto, destaca-se o disposto no inciso VII, que versa sobre causas modificativas ou extintivas da obrigação, mas atenção ao detalhe de que apenas podem ser arguidos aqueles fatos que são supervenientes, ou seja, posteriores à sentença, e não preexistentes, pois os últimos já terão sofrido o efeito da preclusão, não havendo espaço para discussão no âmbito do cumprimento de sentença, devendo ser usada, nessa hipótese, a via da ação rescisória.

- Efeitos da coisa julgada material: → Efeito negativo: pressuposto processual que pode conduzir à extinção de uma ação já julgada (identidade de elemento das ações - tríplice identidade);→ Efeito positivo: limitação ao debate. O juiz não pode modificar o conteúdo declaratório já presente no título. Não leva à extinção do processo, mas levanta barreiras para a nova decisão.

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CPC/15: Art. 525: "(...) § 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. (...)".

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Unidade 4: Ação rescisória • Competência: originária do tribunal no qual se operou a última decisão a

respeito da questão que a parte deseja desconstituir, ou seja, que apreciou o tema ou julgou o mérito discutido. Se o trânsito se deu na primeira instância, ocorrerá o salto para a segunda instância. No caso de vício de competência, o autor será chamado para corrigir a petição inicial.

• Finalidade: em linhas gerais, a ação rescisória se comporta, assim como os recursos, como outra via de impugnação de decisões de mérito (coisa julgada material). A finalidade foi ampliada, no CPC/15 com relação ao espectro do antigo CPC, quando ela se prestava apenas a impugnar coisa julgada material formada por sentença de mérito. Essa ampliação ocorreu pela dilatação do rol de decisões rescindíveis no novo diploma, que será tratada abaixo. Desse modo, a finalidade precípua dessa ação será a desconsideração da decisão rescindenda, que poderá ocorrer com rejulgamento ou sem rejulgamento.

• Decisões rescindíveis(1) Sentença de mérito;(2) Decisão interlocutória de mérito;(3) Decisão terminativa: existem casos específicos nos quais a sentença

terminativa ganha "força de coisa julgada" por impedir a propositura de nova demanda (art. 486, § 1º) ou impedir admissibilidade do recurso correspondente. O NCPC inovou em seu art. 966 § 2º, o qual autoriza o uso da rescisória para atacar decisões que incorram nessas situações. Um exemplo comum desse caso ocorre quando a primeira sentença terminativa reconhece ilegitimidade ativa da parte, necessitando então a parte da rescisória para novamente poder ajuizar a ação.

• Impacto sobre cumprimento de sentença: pelo exposto no art. 969, CPC/15, ajuizada a ação rescisória, ela não gera nenhum impacto sobre o cumprimento de sentença, devendo este continuar como definitivo. Para que haja a suspensão da tramitação do cumprimento de sentença deverá ser requerida uma tutela provisória para garantir a utilidade da própria ação rescisória. O requerimento será feito na petição inicial da ação rescisória quando o risco de dano já existir no momento do ajuizamento ou por simples petição, quando o risco surge após o ajuizamento da ação rescisória.

• Pressupostos (art. 968, CPC/15): - Decisão transitada em julgado: poderá ser de mérito (sentença ou decisão

interlocutória) ou processual, no caso de decisões processuais, elas devem ser terminativas obstando o ajuizamento de ação idêntica ou de admissibilidade de recurso (art. 966, parágrafo 2º);

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CPC/15: Art. 969: "A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória. "

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- Depósito de 5% do valor da causa: esse depósito será convertido em multa se o julgamento da rescisória for pela improcedência ou pela inadmissibilidade de forma unânime. Assim, tal multa será revertida em favor do réu na rescisória. O CPC/15 estabeleceu teto máximo de mil salários mínimos para esse depósito.

• Valor da causa: deverá ser indicado na petição inicial da rescisória, e deverá corresponder ao valor econômico que se deseja auferir com a desconstituição da coisa julgada, quando o valor de execução já foi liquidado. Quando ainda não há valor determinado para execução no processo de conhecimento, será correspondente ao valor da causa da ação originária corrigida monetariamente.

• Prazo (art. 975, NCPC):

- Termo inicial: trânsito em julgado da última decisão do processo. A exceção se dá com relação à intempestividade do recurso, quando o trânsito em julgado é antecipado. Assim, terá essa decisão cunho meramente declaratório e a interposição de recurso não irá obstar a formação da coisa julgada, pois o ato intempestivo é como se não houvesse sido praticado. Assim, será considerada a última decisão a de mérito, não se alongando o prazo da rescisória, como ocorre no caso de outros motivos, como deserção, por exemplo.

- Exemplo: a sentença de mérito transitou em julgado em 10/08/2012. O prazo terminará no dia 10/08/2014, podendo ser postergado o prazo decadencial ao próximo dia útil no caso dessa data ser feriado, por exemplo.

- Relativização da coisa julgada e o prazo da rescisória: o que ocorre se passa o prazo da rescisória mas é identificada irregularidade? Para aqueles que são mais "presos" à defesa da segurança jurídica, nada poderá ser feito, por mais grave que seja o defeito. No entanto, há uma corrente, inclusive defendida pela professora, de relativização da coisa julgada. Essa corrente visa a garantir uma tutela mais efetiva ao direito material da parte, buscando a justiça no caso concreto a despeito da segurança jurídica. Assim, os adeptos da corrente restritiva acreditam que o único vício transrescisório é a citação não efetuada, que macula toda a relação, fora isso, nada mais. Lado outro, os adeptos da corrente ampliativa desejam que praticamente todas as matérias sejam consideradas transrescisórias. Na visão da professora, é essencial buscar um meio termo ente as duas correntes. O NCPC demonstrou sua preferência à segurança jurídica, criando limitações aos vícios transrescisórios.

- Situações polêmicas: ➢ Intempestividade: sobre a matéria da intempestividade e a sua

caracterização como vicio rescisório ou transrescisório, formaram-se duas correntes, as quais sejam:

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CPC/15: Art. 975: "O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. "

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(1) Corrente do vício rescisório: para essa corrente, a intempestividade passou a ser vicio rescisório, sobe a lógica de que o indivíduo teve a oportunidade de alegar o vicio durante o processo e pelo prazo de dois anos da rescisória. Assim, inverteria o código o risco, prestigiando a formação da coisa julgada e da segurança jurídica. Essa corrente seria mais consoante com o determinado pelo NCPC e irá gerar maior responsabilidade para os advogados, já que os danos eventualmente gerados (ex.: perda de uma chance) serão discutidos entre o cliente e seu advogado.

(2) Corrente do vício transrescisório: tal corrente alega que se houve vício a respeito do qual o juiz decidiu de ofício, sem possibilidade da parte exercer o contraditório pleno, e descumprindo o disposto pelo artigo 10 do NCPC, isso transformaria o vício da 3

intempestividade em vicio transrescisório. A professora não concorda com a tese defendida por essa corrente.

➢ Pagamento anterior: na hipótese de ter havido o pagamento anterior de uma dívida, encontrando a parte o recibo apenas após o prazo da ação rescisória, o que poderá ser feito? Apesar de passado o prazo da rescisória, haverá possibilidade de correção da situação, pelo mecanismo do ajuizamento de ação de enriquecimento sem causa (locupletamento ilícito) após o pagamento pela parte vencida, devendo ser ser respeitado o prazo de 3 anos após esse pagamento. Atenção ao fato de que não há discussão sobre ser ou não o vício transrescisório, mas se utiliza outro meio, que não a rescisória, para rediscutir a questão.

• Formação progressiva da coisa julgada e a discussão doutrinária no sistema brasileiro: a formação progressiva da coisa julgada ocorre quando algumas questões vão passando em julgado progressivamente, por meio de diferentes decisões que vão se dando ao longo da marcha processual. Ex.: na petição inicial a parte discute as questões X e Y. Na sentença, o juiz julga X e Y. Em apelação, a parte decide discutir novamente Y. Assim, X transita em julgado ainda na primeira instância, em 02/10/2013, enquanto Y, após julgamento da apelação, transita apenas em 22/08/2016. Segundo o art. 975 (NCPC), o prazo da rescisória somente conta a partir da última decisão do processo. Assim, na súmula 401 do STJ foi definido que a coisa julgada se forma apenas quando 4

ocorre a última decisão do processo, não havendo a formação progressiva da coisa julgada. Um dos argumentos, de ordem política, é de que se fosse aceita a formação progressiva, poderiam subsistir ações rescisórias concomitantes, o que

Art. 10, NCPC. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha 3

dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Súmula Nº 401, STJ - O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último 4

pronunciamento judicialDireito Processual Civil IV Página � de �9 37

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seria caótico. Não obstante, a doutrina discorda desse entendimento, alegando que a coisa julgada se forma sim por capítulos, de forma progressiva. A discussão ganhou força no âmbito do RE 666.589/2014, no qual o STF foi contra o entendimento do que STJ, alegando que ofenderia a garantia constitucional à coisa julgada, pois alongaria demasiadamente sua formação. Essa questão não é pacificada, pois mesmo tendo o artigo 975 do CPC/15 aparentemente encampado a tese do STJ, é forte a inclinação à tese contrária. Ademais, seria contrário à própria sistemática do novo CPC, inclusive no que diz respeito às possibilidades de decisões parciais de mérito e ações rescisórias por capítulo (art. 966, §3º). Segundo a professora, não é necessário declarar a inconstitucionalidade do art. 975, havendo a possibilidade de interpretação hermenêutica diversa do próprio dispositivo, a qual seja, que o prazo irá se iniciar após o trânsito em julgado da decisão relativa ao capítulo que se deseja rescindir.

• Hipóteses de cabimento (art. 966): o artigo 966 traz o rol taxativo das hipóteses de cabimento da rescisória.I. se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou

corrupção do juiz: não é necessária prévia condenação judicial ou administrativa para cabimento dessa hipótese, sendo aberta a fase instrutória para comprovar os fatos alegados. Esse vício é processual, não sendo possível o rejulgamento, mas ocorrendo o retorno à instância anterior. Serão desfeitos todos os atos a partir do momento em que o juiz corrupto começou a atuar no processo e será retomada a marcha processual. Nesse ponto, há possibilidade de argumentar que o ato judicial deverá respeitar ao disposto na constituição, e as hipóteses do inciso demonstram desrespeito flagrante à norma constitucional e, por isso, poderá ser considerado transrescisório, dependo do caso correto;

II. for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente: há discussão acerca da possibilidade da incompetência ser vício transrescisório. Existem diferentes correntes sobre o tema, uma delas acredita que, não obstante a matriz, o vicio será rescisório. Outra corrente, por sua vez, acredita que, conforme a matriz que fixa o critério de competência, o vicio será rescisório ou transrescisório. Assim, por exemplo, se a matriz do vício for constitucional, seria transrescisório o vício. Seguindo a lógica do primeiro inciso, o pressuposto processual contamina o todo, não havendo rejulgamento mas o retrocesso da marcha processual;

III. resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei: inicialmente, essencial apontar que tal inciso trata de duas hipóteses distintas, sendo que a primeira hipótese é a de dolo ou coação quando é vítima um dos sujeitos processuais. Já a segunda hipóteses ocorre quando há conluio ou simulação das partes para que ambas se beneficiem em detrimento da lei. Nesse sentido, na primeira situação, demonstrado que

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o dolo ou a coação foram determinantes para a decisão, haverá interesse para o rejulgamento. Porém, não sendo determinante, não caberá ação rescisória;

IV. ofender a coisa julgada: quando há conflito entre coisas julgadas, a última decisão subsiste até o momento que for desconstituída por uma ação rescisória. Não será pedido o rejulgamento, isso porque o mérito da pretensão não poderá ser rejulgado, visto que, a própria ação anterior deveria ser extinta por sentença terminativa, justamente pela preexistência de uma coisa julgada.

V. violar manifestamente norma jurídica: o novo código trouxe mudança significativa nesse ponto, alterando o inciso, que antes dizia "violar literal disposição de lei", dando interpretação mais restrita. Nesse sentido, exalta-se que a nova acepção é mais ampla, incluindo inclusive os precedentes, os quais são alçados ao status de norma jurídica vinculante. No âmbito do antigo código, para o caso, aplicava-se a súmula 343 do STF, porém, com a 5

mudança no inciso V, a maior parte da doutrina defende que não mais subsiste a aplicação da súmula 343, porém, ainda há grande discussão. O STJ, por sua vez, parece adotar a postura de continuar com a aplicação da súmula, considerando serem as palavras "manifesto" e "literal" sinônimas. No que diz respeito à cumulação do pedido de rejulgamento, ela irá variar de acordo com a norma que foi violada. Porém, há uma regra geral que pode ser mencionada, vejamos: (1) Plano material: se a norma violada for do plano material, haverá rejulgamento. Uma exceção se dá no caso de valoração e ônus da prova, que por mais que sejam processuais, ensejarão o rejulgamento e (2) Plano processual: porém, se for do plano processual, haverá nulidade do processo e retomada da marcha processual, sem rejulgamento.

VI. for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória: Nesse caso, a falsidade da prova pode ser reconhecida criminalmente ou poderá ser provada no âmbito da AR, na fase instrutória. Ressalta-se que somente haverá interesse se a prova falsa foi a única a formar a convicção do julgador. Por óbvio, é necessário cumular o pedido de rejulgamento, sem se utilizar a prova falsa.

VII. obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável: modificou-se o sistema anterior, no qual o documento novo era apenas aquele obtido após a sentença. No novo código, será documento novo o adquirido após o trânsito. Nesse ponto, essencial citar o art. 975, §2º, o qual estabelece que, na hipótese desse inciso,

Súmula Nº 343 (STF) - Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver 5

baseado em texto legal de interpretação controvertida nos Tribunais. Direito Processual Civil IV Página � de �11 37

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o termo inicial do prazo será a descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. Além disso, deverá ser o documento apto, por si só, a alterar o resultado do julgamento. Novamente, será cumulado pedido de rejulgamento. Atenção, não há fase instrutória.

VIII. for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos: a questão de fato precisa ser verificável pelo exame dos autos por si só (não há instrução probatória) e que não haja debate e decisão sobre o tal fato, porém se houver somente discussão e não decisão, há cabimento. Na prática é muito raro, e deverá ser cumulado rejulgamento.

• Procedimento:

→ Petição inicial: - Em geral, aplica-se o disposto para toda e qualquer petição inicial, acrescida a

obrigação de depositar 5% do valor da causa.- Deve ser pedido o julgamento procedente com a finalidade de desconstituir a

decisão. A causa de pedir irá identificar se será suficiente apenas a desconstituição ou se também se fará necessário o rejulgamento, havendo cumulação de pedidos. Assim, no caso de necessária a cumulação, não sendo esta pedida, se tal defeito for identificado pelo relator antes da resposta do réu, poderá ser solicitada a emenda. Porém, caso não identificado o defeito, será extinta a ação rescisória sem julgamento do mérito.

- Todos os fundamentos que ensejam a desconstituição da decisão a qual se deseja desconstituir devem ser trazidos na petição inicial, sob pena de preclusão.

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Unidade 5: Coisa Julgada Inconstitucional • Controle de constitucionalidade:(1) Recurso: na pendência da relação jurídica processual, o recurso extraordinário

é um dos mecanismos para realizar o controle de constitucionalidade. Porém, deve-se atentar ao requisito do prequestionamento, devendo a matéria ser debatida nas instâncias ordinárias antes de ser alçada ao STF. O pronunciamento prévio pode se dar pela via do controle difuso e concentrado, vejamos:

→ Controle concentrado: via de regra, o efeito será erga omnes e ex tunc (retroativo), sendo a lei nula desde sua origem caso declarada inconstitucional. Porém, há possibilidade de modulação de efeitos, tornando-o ex nunc. Isso ocorre pela análise do caso concreto, sendo realizado juízo de conveniência de caráter político, sopesando qual das situações geraria maior mal social, autorizar a retroatividade ou não. → Controle difuso: já no controle difuso, os efeitos serão inter partes e ex tunc. Ele é realizado, muitas vezes, pelo mecanismo do recurso ou do mandado de segurança, entre outros. No caso de ser utilizada a via do recurso extraordinário, há o requisito da repercussão geral, cuja decisão a respeito irá gerar precedente vinculativo e eficácia erga omnes. Isso vai de encontro à ideia do efeito inter partes, anteriormente mencionado, sendo que o novo sistema traz todo esse novo sistema de precedente vinculativo. Tais precedentes deverão ser aplicados em todos os processos que abordem o mesmo tema. Porém, para aplicar o novo precedente formado a casos que ainda não estão na justiça, é necessário a judicialização, o que é criticado pela professora, pela sua incompatibilidade com o sistema atual, de resolução dos conflitos por meios alternativos.

(2) Encerramento da fase cognitiva: 2.a) Pronunciamento prévio do STF: há uma corrente que considera este um requisito para que o controle de constitucionalidade seja efetuado. Porém, essa corrente é minoritária, pelo seu extremo apego à coisa julgada.2.b) Ausência do pronunciamento prévio do STF: a maior parcela da doutrina defende que mesmo não havendo pronunciamento prévio do STF é possível realizar o controle de constitucionalidade. Desse modo, basta ofensa direta e manifesta à CF/88.

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(3) Observação - no direito tributário:No âmbito do direito tributário, forma-se um título extrajudicial (CDA) após o processo tributário administrativo, no qual há debate e possibilidade de exercer o contraditório. Assim, o que pode ocorrer é a parte "vencida" entrar com embargos à execução (ação de conhecimento) que alegue inconstitucionalidade da norma aplicada no caso concreto.

Unidade 6: Precedentes • Histórico:

- Civil law X common law: no civil law, diferentemente do common law, não tem tradição em usar os precedentes como fonte primária. No nosso ordenamento, o precedente não costuma ser usado com força vinculante, mas sim, com o fim de formar o convencimento do julgador, reforçando a tese defendida utilizando um argumento de autoridade;

- Declínio do positivismo jurídico: com o declínio do positivismo jurídico, passou-se a introduzir no ordenamento a ideia de que a lei se "preocupa menos" em estabelecer padrões únicos e indicativos objetivos para determinadas situações, tendendo a ser mais subjetivas;

- Busca por maior segurança jurídica;- Alterações legislativas que deram maior força aos precedentes: lei 9.756/98

(permissão do julgamento monocrático pelo relator com base em precedentes), lei 10.352/01, lei 11.277/06 e emenda 45/04.

- NCPC: adota a tendência de valorização dos precedentes, sendo inclusive ampliada a sua força vinculativa.

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• Institutos básicos: - Precedente: decisão judicial cujo elemento normativo pode ser utilizado como

diretriz para julgamento posterior de casos análogos. Assim, não poderá ser aplicado em casos completamente distintos. Ademais, entende-se que a reiteração de precedentes e julgados leva à formação da jurisprudência e a reiteração da jurisprudência poderá inspirar, eventualmente, a criação de uma súmula;

- Ratio decidendi (holding): fundamentos jurídicos que sustentam a decisão, a opção hermenêutica adotada em sentença, sem a qual a decisão não teria sido proferida como foi. É considerada o cerne da decisão, desconsiderando outros elementos acessórios.

- Obiter dictum (dictum, obter dicta): argumento jurídico, consideração, comentário exposto apenas de passagem na motivação da decisão, que se convola em juízo normativo acessório, provisório, secundário, impressão ou qualquer outro elemento jurídico-hermenêutico que não tem influência relevante e substancial para a decisão, diferentemente da ratio decidendi.

- Distinguishing/distinguish: método de confronto pelo qual se verifica se o caso em julgamento pode ou não ser considerado análogo ao paradigma. Nesse ponto, interessa a verificação da analogia do paradigma, podendo ela ocorrer (ou não) quanto aos fatos essenciais ou quanto à algum detalhe do caso;

- Hard case: questão enfrentada pela primeira vez, para a qual não se aplicam precedentes;

- Overruling: técnica de superação integral do precedente. Se divide em:a. Difuso: cada recurso que chega ao tribunal poderá causar modificação

da jurisprudência, de forma fundamentada;b. Concentrado: art. 3º da lei 11.417/06 e art. 986 do CPC/15.

• O precedente no ordenamento jurídico brasileiro:- Quais são os precedentes existentes?

A) Precedentes vinculativos: o art. 927 do NCPC, indica quais são os precedentes que devem ser observados no nosso sistema. São eles: (a)

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dec isões do STF em dec isão de contro le concentrado de constitucionalidade; (b) os enunciados de súmula vinculante (deve ser aplicada por todo o judiciário e também pela seara administrativa); (c) os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; (d) os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; (e) a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. Sendo assim, havendo uma tese e estando o juiz a ela vinculado, ele poderá dar a improcedência liminar, visando a celeridade e a duração razoável do processo. Ademais, o juiz poderá também conceder a tutela de evidência, com base no precedente firmado no tribunal, inclusive sem ouvir a parte contrária. No plano recursal, também é conferido aos relatores o poder de negar seguimento ao recurso, bem como julgar monocraticamente em conformidade com os precedentes. Atenção ao fato de que o juiz poderá deixar de aplicar até mesmo o precedente vinculativo, fazendo uso das técnicas de argumentação overruling ou distinghish. As partes, por sua vez, poderão também questionar as decisões baseadas em precedentes vinculativos, adotando também tais técnicas,

B) Precedentes não vinculativos: conforme tabela acima.• Fundamentação (art. 489, §1º, V e art. 966, §5º): necessária para adotar um

precedente, explicando o porquê do precedente se amoldar ao caso ou de não poder ser aplicado.

• Similitude fática (art. 926, §2º): para aplicação do precedente pretendido, há necessidade de identificação da similitude fática.

• Técnica de formação dos precedentes: não é qualquer decisão que irá adquirir força de precedente, mas apenas aquelas que se formaram como produto de um procedimento específico e integra a técnica de formação de precedentes. Ademais, ressalta-se que as teses estão sempre vinculadas a um caso concreto, e nunca serão gerais e abstratas, sob pena de intervir na atividade legisladora e fugir de seu objeto. Quando são tratados os meios para fixação das teses, tem-se que uma grande novidade do NCPC é a valorização das decisões da 2ª instância, além das decisões dos Tribunais Superiores, que já eram prestigiadas. Nota-se que essa mudança se deu por diversos motivos, entre eles, a necessidade de firmar teses de forma mais célere, já que as decisões dos tribunais superiores demoram bastante para serem proferidas.

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(1) IAC (incidente de assunção de competência) - art. 947, NCPC:- Julgamento de:

a) Recurso;b) Reexame necessário: toda sentença contra a Fazenda Pública não

passa em julgado senão após o reexame necessário, ainda que não haja recurso, respeitados os limites do artigo 496, parágrafo 3º (CPC/15). Se a sentença for ilíquida, há divergência doutrinária. Uma corrente defende que a sentença deverá passar pelo reexame necessário, independentemente dos limites do 496, §3º. Lado outro, há também o entendimento de que, mesmo sendo sentença ilíquida, o reexame, ou não, continuará dependendo do disposto no §3º do 496.

c) Processo de competência originária.- Requisitos para cabimento:

a) Envolver relevante questão de direito; b) Repercussão social;c) Sem repercussão em múltiplos processos;d) Prevenção ou composição de divergência entre câmaras e turmas

(§4º ): uniformização de jurisprudência.6

- Legitimidade: relator, de ofício, ou parte/MP/defensoria pública (mediante requerimento);

- Eficiência das decisões (§3º ): vinculará todos os juízes e órgãos que 7

integram aquele tribunal.- Procedimento:

(2) IRDR (art. 966/987):- Cabimento: questão de direito, risco à isonomia e múltiplos processos

(repetitividade). Ressalta-se que a repetitividade não é definida de forma quantitativa pelo Código, o que fez surgir diversas doutrinas apontando a quantidade necessária para caracterizar a demanda como repetitiva. A professora indica que a melhor conduta será analisar o potencial viral daquele conflito.

- Efeito da decisão: processos pendentes e futuros em toda a jurisdição territorial do tribunal. Por isso, há a preocupação procedimental, visando a

NCPC. Art. 947 (...) § 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja 6

conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal.

NCPC. Art. 947 (...) § 3º O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, 7

exceto se houver revisão de teseDireito Processual Civil IV Página � de �17 37

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garantir o contraditório à todos aqueles que serão impactados pela tese que irá se firmar pelo IRDR.

- IRDR X Processo coletivo: são dois institutos completamente distintos. Uma das distinções mais relevantes é que no IRDR a parte poderá ter a iniciativa por si só, enquanto no processo coletivo é necessária a presença de um substituto processual (MP, DP ou outro ente público legitimado) para que seja exercida a pretensão. Ademais, o processo coletivo visa a tutela individual do direito coletivo, sendo o direito em questão difuso e indivisível. No IRDR, por sua vez, é possível identificar os conflitos que, apesar de serem similares, são individualizáveis.

- IRDR preventivo: o IRDR preventivo se formaria pela seleção de uma causa na primeira instância (antes da sentença). Há discussão doutrinária acerca de seu cabimento, sendo que uma corrente entende pela sua impossibilidade, e outra o admite.

- Procedimento:

* Observações: → Da decisão que inadmite o IRDR não há recurso→ O IRDR não cabe para tutela provisória, tendo em vista que, na maioria das vezes, ela se refere à matéria de fato e não de direito, o que é exigido no procedimento do IRDR. Além disso, abriria a possibilidade de ser firmada tese antes de instaurado o contraditório, o que é bastante perigoso no sistema.

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(3) Diferenças e semelhanças entre o IAC e o IRDR:

• Litigiosidade repetitiva:- Gestão adequada: microssitema

- Eficácia nacional: para dotar a tese firmada em IRDR de força nacional, deverá ser interposto RESP/RE, que irá então seguir o rito dos tribunais Superiores. Assim, haverá a suspensão nacional, a qual inclusive poderá ser antecipada, ainda no âmbito de entrada do IRDR, por requerimento ao STF/STJ. Dito isso, entende-se que há duas formas, no sistema de demandas repetitivas, para que a decisão ganhe força nacional. São elas:

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a. IRDR: a decisão possuirá, inicialmente, eficácia estadual ou regional. Porém, poderá ter eficácia nacional se houver recurso especial ou extraordinário,.

b. Recurso extraordinário ou recurso especial.- Processo modelo X processo padrão: a. Processo modelo: sobe apenas a tese, sem julgamento do caso concreto pelo

órgão que define a tese. Após, haverá o julgamento do caso concreto no órgão anterior, a partir da tese firmada.

b. Processo padrão (adotado pelo sistema brasileiro): defendido pela maioria da doutrina, nesse procedimento sobe a tese e o caso concreto, sendo julgado o caso pelo mesmo órgão que firmar a tese. Critica-se esse processo no âmbito da legitimidade recursal, visto que se a legitimidade for circunscrita às partes, será conferida a elas poder muito grande, que impactará na esfera jurídica de outros entes. Como o sistema é omisso quanto à legitimidade, surge esse grande problema. Aqueles que não aceitam o IRDR falam sobre sua inconstitucionalidade, o que, segundo a professora é descabido.

c. Sistema híbrido: a professora, porém, acredita que o sistema é híbrido (misto), devendo ser adotado o processo modelo ou padrão dependendo do caso concreto e do momento processual. Os motivos por ela apontados são que há previsão de que mesmo que a parte desista da ação, o sistema terá interesse no desenvolvimento da tese, operando o efeito da desistência entre os sujeitos apenas, mas sendo julgada a tese. Ademais, a interposição do recurso após firmada a tese será de legitimidade de qualquer interessado (terceiro prejudicado), o que também corrobora com a ideia de sistema misto.

- Sistema de seleção:

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- Reclamação (art. 988, NCPC): técnica para preservar a competência e a autoridade das decisões dos Tribunais Superiores e de 2ª instância, visando a eficiência do sistema de precedentes. Sendo acolhida a reclamação, o juiz que descumprir a decisão poderá sofrer um processo administrativo.

Unidade 7: Cumprimento de sentença (continuação) • Títulos executivos judiciais (art. 515, NCPC):

A. Decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa: Nesse ponto, cabe recordar a classificação trinária das sentenças, que as dividem em condenatória, declaratória e constitutiva. É claro que a condenatória tem o condão de gerar um título executivo, porém quanto à declaratória, há discussão e vem sendo disseminado o reconhecimento da eficácia executiva da sentença declaratória. Essa nova interpretação advém da reforma ainda no âmbito do CPC/73, com a reformulação do artigo 475-N (atual 515, I, NCPC). Tal polêmica se materializou na tese 889 de 8

repetitivos no STJ, o qual teve como "ratio decidendi" (fundamento) que a classificação formal não deve ser analisada para fins de exequibilidade, mas sim, seu conteúdo. Assim, para fins de distingish, é necessário discutir o conteúdo da decisão e sua ausência de certeza, afim de afastar a aplicação do entendimento firmado pela tese 889 do STJ.

B. Decisão homologatória de autocomposição judicial;C. Decisão homologatória de autocomposição extrajudicial;D. Formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao

inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal: oponível aos que participaram da sucessão (oponibilidade restrita). Também aplica-se no caso de divórcio, que se faz pelo mesmo procedimento;

E. O crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;

F. A sentença penal condenatória transitada em julgado: previamente, deverá ter passado, no cível, pela liquidação;

G. Sentença arbitral: o artigo 31 da lei de arbitragem (Lei 9.307) traz que a sentença arbitral terá a mesma força da sentença judicial. Assim, sendo a arbitragem técnica de resolução de conflitos, de jurisdição particular, haverá um órgão que irá impor a solução do conflito, tendo esse órgão poder delegado por força de um contrato, o que garante força executiva idêntica à judicial. O juízo competente para o cumprimento de sentença

"A sentença, qualquer que seja sua natureza, de procedência ou improcedência do pedido, constitui título executivo judicial, 8

desde que estabeleça obrigação de pagar quantia, de fazer, não fazer ou entregar coisa, admitida sua prévia liquidação e execução nos próprios autos." Tese 889, STJ.Direito Processual Civil IV Página � de �21 37

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geralmente é definido pelas partes. Silentes as partes nesse aspecto, se aplicam as regras gerais de competência, sendo competente o juízo perante o qual deveria ser proposta a ação se a solução fosse judicializada. Não há necessidade de formalidade, basta cópia da certidão arbitral.

H. Sentença estrangeira homologada pelo STJ: para que a sentença estrangeira seja cumprida no território brasileiro, deverá seguir o procedimento regulado no regimento interno do STJ. O Tribunal não analisará o mérito, mas sim, dois requisitos principais. O primeiro é se a jurisdição competente não é exclusivamente brasileira, o segundo seria se existe ou não ofensa à preceitos constitucionais. Se algum dos requisitos não for respeitado, não haverá execução e a sentença será invalida no país.

• Defesa do executado: deve ser feita pela via da impugnação ao cumprimento de sentença. Nesse ponto, ressaltam-se as características desse tipo de defesa, que deve respeitar o seguinte:a. Não há efeito suspensivo;b. Possibilidade: perigo de dano + relevância dos argumentos.

• Rito:a. Obrigação de fazer/não fazer: o prazo de cumprimento será o definido pela

sentença e, se ela for omissa, deverá o juiz estipular o prazo. Sendo tal obrigação reconhecida em sentença, o cumprimento de sentença não se inicia de ofício, mas dependerá de requerimento da parte, o qual se dá por via de simples petição. O devedor será intimado, visto que corre o cumprimento em meio ao processo de conhecimento (processo sincrético), e a relação é, logicamente, continuativa. Nesse ponto, surge controvérsia acerca de a quem deveria ser direcionada a intimação, se ao advogado ou se ao próprio autor. No âmbito do CPC/73, foi editada a súmula 410 (STJ) 9

que estabelece que deve haver a intimação pessoal do devedor para que esta seja válida. Analisando a ratio que levou à edição dessa súmula é possível extrair o argumento de que a diligência, nesses casos, deverá ser efetuada pela parte de forma pessoal (obrigação de fazer) pelas consequências graves do descumprimento. Desse modo, a intimação pessoal garantiria maior confiabilidade na comunicação à parte. Porém, com a alteração legislativa do NPCP, e a edição do artigo 513, iniciou-se discussão sobre se seria realmente necessária a intimação pessoal. Vejamos:

I. Corrente 1: essa corrente sustenta que, no âmbito do NCPC, a súmula 410 foi superada, pelos fundamentos de que (1) o artigo 513 se encontra nas disposições gerais, aplicando-se a todos os procedimentos; (2) as exceções à regra garantem confiabilidade ao sistema; (3) não há regra específica para as obrigação de fazer e (4) não há diferença quanto à eficácia das sentenças que justifique o afastamento da regra -

Súmula Nº 410 (STJ). A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo 9

descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Direito Processual Civil IV Página � de �22 37

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uniformidade do procedimento (corrente adotada pelo Prof. Humberto Theodoro).

II. Corrente 2: de forma oposta, tal corrente argumenta que não se pode falar em uniformidade procedimental, visto que a hipótese de crime de desobediência não se aplica, por exemplo, nos casos de obrigação de pagar, mas se aplica no caso de obrigação de fazer. Assim, argumenta-se que o procedimento deverá ser diferente, visto que a natureza e essência de cada obrigação é diferente. Outro ponto é que os parágrafos 1º, 4º e 5º do artigo 513 dizem respeito à obrigação de pagar quantia certa e não às demais, e o parágrafo 2º não se aplica a entrega de coisa, já que o prazo fixado na sentença flui automaticamente nesse caso, desnecessária a intimação. Ademais, no caso de tutela específica da obrigação de fazer, há possibilidade, além da astreinte, aplicação de crime de desobediência. Dessa forma, seria incompatível a gravidade da sanção com a intimação do advogado, e não pessoal (corrente adotada pela Profª. Juliana).

Retornando ao procedimento adotado, importante ressaltar novamente o fato de que o juiz poderá adotar meios de execução indireta da obrigação, os quais sejam, a multa e o crime de desobediência, visto que se trata de título judicial e sentença mandamental. A parte autora também poderá pedir a aplicação da astreinte, devendo esse pedido ser feito no requerimento e tendo o termo inicial no esgotamento do prazo assinalado para cumprimento.

b. Obrigação de dar coisa: para esse tipo de obrigação, a sentença deverá fixar prazo máximo para cumprimento, de acordo com o artigo 498 do NCPC. Nesse caso, não sendo cumprida a decisão no prazo estipulado, o credor deverá informar o fato no processo e será expedido mandado de busca e apreensão (coisa móvel) ou imissão na posse (coisa imóvel). Nas hipóteses de obrigação de dar coisa imóvel, quando um possuidor que realizou benfeitorias tem direito de retenção, este se apresenta como um obstáculo ao cumprimento do mandado, e, para se defender, o autor precisará instruir a peça comprovando o pagamento da indenização (art.

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798, I, d, NCPC), se for o caso. Perceba-se que, nessas situações, ocorrerá a caducidade da alegação do direito de retenção pelas benfeitorias se esta não for feita no momento oportuno. Assim, se o indivíduo não traz essa discussão na fase de conhecimento, não haverá mais espaço para o fazê-lo. Porém, no que diz respeito ao direito de indenização das benfeitorias, é certo que elas ainda poderão ser cobradas mesmo se não alegadas na fase anterior, enquanto não houver prescrição de direito material e em autos próprios. Ressalta-se ainda que, no âmbito da obrigação de dar, há polêmica no que diz respeito à necessidade de requerimento para início da contagem do prazo. Assim, houve formação de duas correntes divergentes, vejamos:→ Corrente 01: O prazo para cumprimento deflui do trânsito em julgado, de forma direta, sem a necessidade de requerimento.

→ Corrente 02: Mesmo após o trânsito é obrigatório o requerimento para intimar o devedor a cumprir a decisão. É apenas após essa intimação que flui o prazo. Após o decurso do prazo, se o devedor cumpriu, extinguir-se-á a obrigação. Não cumprida, porém, será expedido o mandado de busca e apreensão ou imissão na posse, mediante requerimento de expedição desse mandado.

No caso de frustração da busca e apreensão/imissão na posse, existem algumas hipóteses, dependendo da situação em questão: → Bem em poder de terceiro: o mandado terá força contra o terceiro, devendo a busca e apreensão/imissão na posse prosseguir contra ele. Ressalte-se que, para se defender, o terceiro poderá adotar os embargos de terceiros. → Perecimento/desaparecimento: haverá conversão em perdas e danos.

c. Obrigação de pagar quantia certa: só se configurará o descumprimento da sentença após o requerimento e a intimação do devedor. Nesse tipo de obrigação, são três os ritos possíveis, os quais sejam: de alimentos, da fazenda pública e o rito comum.- Estrutura procedimental:a) Fase de postulação: requerimento e defesa.

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b) Fase de expropriação de bens: artigos 824/825 do NCPC. No caso, o Estado interfere no complexo de bens do devedor para satisfazer a sua obrigação de pagar quantia certa, entregando, de tal forma, o bem da vida ao credor. Via de regra, pressupõe penhora. Porém, caso inexistam bens penhoráveis, será frustrada a pretensão em um primeiro momento, mas o NCPC prevê uma ferramenta para tratar a situação, a prescrição intercorrente, a qual será vista em momento posterior. Ademais, falhando a agressão patrimonial, poderá ser investigada eventual fraude ou ser feita desconsideração da pessoa jurídica (direta ou inversa) se for o caso.

- Alimentos (art. 528/533): são aqueles devidos em razão do direito de família. Nessa hipótese o credor poderá optar entre dois ritos, o comum e o da prisão civil, um rito especializado.

a. Prisão: para o requerimento da prisão civil, será feito o requerimento (com relação às três últimas prestações vencidas) e o executado deverá pagar, em três dias, a importância indicada no requerimento. Nesses três dias, o devedor deverá tomar uma das três seguintes posturas: (1) pagar; (2) justificar o não pagamento ou (3) provar que já pagou, se for o caso. Quando há apresentação de justificativa, será aberto o contraditório ao devedor e caberá ao juiz a decisão (decisão interlocutória, cabe agravo de instrumento). Se acolhida a justificativa, não haverá prisão, seguindo o rito comum. Porém, se não acolhida, o decreto de prisão (regime fechado, de 1 a 3 meses) virá na própria decisão. Atenção ao fato de que a pena de prisão não elimina a obrigação de pagar a importância, sendo também penhorados os bens, nessa hipótese. Ressalta-se que, nesse caso, assim como para outras sentenças que criem a obrigação de pagar quantia certa, é possível o protesto da sentença, bem como a inscrição do devedor no SPC.

b. Rito comum (art. 528, § 8º, NCPC):

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- Procedimento comum: quando o objeto da prestação for quantia em dinheiro o NCPC traz um procedimento para que possa ser satisfeita a obrigação e entregue o dinheiro ao credor. Ressalte-se que no caso de inexistência de bens, o CPC/15 regula a matéria no artigo 921. O juiz, constatando a ausência de bens, irá suspender o processo. Passado um ano, inicia-se a prescrição intercorrente, dependendo o prazo da natureza da pretensão original e podendo, inclusive, levar à frustração do credor em seu direito.

→ Enunciado repetitivo n° 536:- Questão submetida a julgamento: discute-se a necessidade de intimação

pessoal do devedor em cumprimento de sentença, antes do que não poderá incidir a multa de 10% sobre o valor da execução.

- Tese firmada: "Na fase de cumprimento de sentença, o devedor deverá ser intimado, na pessoa de seu advogado, mediante publicação na imprensa oficial, para efetuar o pagamento no prazo de 15 (quinze) dias, a partir de quando, caso não o efetue, passará a incidir a multa de 10% (dez por cento) sobre montante da condenação (art. 475-J do CPC)".

- Recurso representativo da controvérsia: REsp n° 1.262.933/RJ- Divergências: REsp 940.274/MS - dentro do STJ surgiram as correntes da

(1) ausência de intimação, iniciando o prazo de forma automática; (2) intimação pessoal e (3) intimação via DJ-e (advogado), sendo a última a tese que vigorou.

- CPC/15: o CPC/15 encampou a tese no art. 513, parágrafos 2º e 4º.- Crítica: incoerência do sistema, na visão da professora.

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Unidade 8: Processo de execução • Títulos executivos extrajudiciais (art. 784, NCPC): quando se tem em mãos

um título extrajudicial já é possível acessar a técnica direta do processo de execução. Porém, não basta que o documento esteja no rol (exemplificativo - ver inciso XII ) do art. 784, mas deverá ser ele certo, líquido e exigível. Assim, é 10

possível dizer que, inicialmente, sendo portador de título executivo extrajudicial, não há interesse para um processo de conhecimento, porém, se ainda restarem dúvidas quanto à certeza, liquidez e/ou exigibilidade será esta a via indicada. Vejamos alguns dos títulos executivos previstos nos incisos:- Certidão de dívida ativa: para esse título, há legislação especial para a

execução pela Fazenda Pública, a Lei 6.830, aplicando-se o CPC subsidiariamente. Ademais, ressalta-se, deverá ser precedido de processo administrativo;

- Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor: se o instrumento for público, basta a assinatura do próprio devedor, dispensada a assinatura das testemunhas. Ex.: venda de automóvel por documento público. No caso de inadimplemento da obrigação de entrega, será possível ter acesso à via executória de forma direta, desnecessário o processo de conhecimento. Porém, se houver argumento plausível do devedor, e subsistir risco do título perder sua certeza, a melhor via é a do processo de conhecimento, devendo ser feita análise dos motivos pelos quais não houve a entrega no bem, no caso. Isso, pois, o exequente terá chance de sucumbir no processo de execução, podendo perder, no mínimo, 10% do valor da coisa, a título de honorários;

- Documento particular assinado por duas testemunhas: nesse caso, ressalta-se, o documento deverá ser assinado pelas testemunhas. Elas deverão ser bem escolhidas no ato da assinatura, uma vez que, no caso de haver um conflito,

CPC/15 Art. 784, XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva10

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elas serão elementos para reconstruir a manifestação (ou não) da vontade. Dessa forma, recomenda-se que as testemunhas sejam qualificadas pelo menos por nome, CPF e carteira de identidade, pois já há entendimento que, a ausência desses elementos pode desqualificar o documento como título executivo extrajudicial;

- Instrumento de transação referendado (assinado) pelo MP, DP, advocacia pública, advogados, conciliadores/mediadores: se tal documento não é homologado pelo juiz, será título extra judicial, porém, caso contrário, sendo homologado, será considerado título executivo judicial e seguirá o rito do cumprimento de sentença, e não do processo de execução. Conclui-se, então, que a autocomposição, no sistema brasileiro, elimina o longo caminho do processo de conhecimento, podendo a parte adotar o cumprimento de sentença ou o processo de execução dependendo do título que tem em mãos.

• Defesa: embargos à execução. Nessa hipótese não há efeito suspensivo.• Ritos:

a. Obrigação de fazer/não fazer: apenas se iniciará com a provocação da parte, via requerimento produzido por meio de petição inicial. Atenção ao fato de que não poderá haver indicação de outras provas a serem produzidas, pois elas se restringirão ao título executivo. O momento para prova será apenas na ação de embargos à execução eventualmente ajuizada, e não na petição inicial. Haverá, posteriormente, a citação do devedor para cumprir a obrigação e ele terá o prazo constante do título para efetuar cumprimento. Caso não haja previsão no título, o juiz deverá assinalar um prazo razoável para aquela prestação. O juiz poderá, inclusive de ofício, estipular multa astreinte, adotando uma das técnicas de execução indireta. Atenção ao fato de que não poderá ser aplicado o crime de desobediência, pois o título não é judicial. Ressalte-se que, muitas vezes, já estará a multa disposta no contrato/título, porém, o juiz não está adstrito a esse valor, podendo entender que está aquém do valor necessário para estimular o pagamento, majorando-a ou mesmo entender que está excessiva. Havendo cumprimento pelo devedor, extingue-se a ação. O problema ocorre quando, decorrido o prazo, não é cumprida a obrigação. Nesse ponto, importante relembrar as noções de obrigações fungíveis e não fungíveis. No caso de infungibilidade, é certo que o credor não tem outra alternativa, diante do inadimplemento, a não ser pedir as perdas e danos, apurando o valor e iniciando o rito da execução por quantia certa. Não obstante, caso seja fungível a obrigação, é possível o cumprimento às expensas do devedor (art. 817, NCPC). Nessa hipótese, não havendo colaboração do devedor para pagar, os valores serão antecipados pelo credor, a obrigação será exercida por outrem e se iniciará o rito de cobrança do credor com relação ao devedor por quantia certa.

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Para a cobrança da astreinte deverá o autor peticionar nos mesmos autos, porém, o ideal é que o juiz ordene autuação em separado para não tumultuar o processo. O requerimento deverá conter a memória de cálculo.

b. Obrigação de dar coisa: com relação ao procedimento, ver esquema abaixo (art. 806/813, NCPC). No caso de haver impossibilidade de entrega, ocorre a conversão em perdas e danos (artigo 809, CPC/15). Atenção, no caso de benfeitorias que ensejem recebimento, pelo possuidor de boa fé, de indenização ou do direito de retenção, o limite para alegação será o prazo para os embargos do devedor. Após, ocorrerá a caducidade do direito de retenção e o direito à indenização deverá ser pleiteado em processo autônomo.

c. Obrigação de pagar quantia certa: nesse tipo de obrigação, são três os ritos possíveis, os quais sejam: alimentos, fazenda pública e comum. Ressalta-se que a estrutura procedimental será a mesma da hipótese de cumprimento de sentença (título judicial) sendo composta pela fase de postulação (requerimento e defesa) e pela fase de expropriação. Porém, existem algumas diferenças pontuais entre o procedimento de cumprimento de sentença e o processo de execução, principalmente no que concerne à fase postulatória, com relação ao requerimento do credor e à defesa do devedor.

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- Alimentos: o procedimento é idêntico ao já explicitado para títulos judiciais, à exceção da exigência da petição inicial e da consequente citação do credor. O procedimento do rito comum está determinado no artigo 913, NCPC, o qual estabelece que deverá ser seguido o rito comum de execução de quantia certa (art. 824 e ss.). Já o rito do pedido de prisão é o seguinte (art. 911/913, CPC/15):

- Procedimento comum: nessa hipótese o credor já poderá indicar na petição inicial os bens à penhora, não necessitando aguardar diligências da parte contrária ou do oficial de justiça. Usualmente, o direito tutela o direito do terceiro adquirente de boa fé, no caso do bem que seria objeto da penhora ser vendido. Por isso há preocupação com a publicidade da execução (art. 828 c/c 799 inciso IX ) mecanismo que dificulta a livre 11

circulação de bens e elide a boa fé do terceiro adquirente, a medida que os registros são públicos, gerando presunção de ma fé do terceiro que adquire o bem sob execução. É importante que essa requisição venha na petição inicial, sendo isso também válido para o cumprimento de sentença (unidade 7).

Atenção: → Nessa hipótese deverá ser produzida petição inicial, devidamente instruída com a memória de cálculo (art. 524, NCPC) correspondente;→ O pagamento integral nos 3 dias faz com que os honorários se reduzam pela metade.

NCPC Art. 799, IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de constrição 11

realizados, para conhecimento de terceirosDireito Processual Civil IV Página � de �30 37

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Unidade 9: Responsabilidade Patrimonial • Artigos 789 e seguintes

• Garantia pessoal X garantia real: se existir contrato de garantia real, deverão ser excutidos primeiro os bens dados em garantia e apenas na insuficiência destes que serão atacados outros bens. No que diz respeito aos contratos de garantia pessoal, se houver benefício de ordem, essa também deverá ser respeitada, dessa forma, apenas se os bens do devedor forem insuficientes serão atacados os bens do fiador. Não obstante, a maioria dos contratos de garantia pessoal não estabelece benefício de ordem, mas sim, a solidariedade. Assim, ambos poderão ser demandados ou um de cada vez, sem preferências. Se o fiador pagar, ocorrerá subrogação.

• Fiador: no caso do cumprimento de sentença, caso o fiador não seja parte na relação cognitiva (processo de conhecimento) ele não poderá ser demandado a partir daquele título judicial. Porém, é possível que o autor faça uso da figura do chamamento ao fiador (intervenção de terceiros), mas isso deve ser feito no momento correto, e não na fase de cumprimento de sentença. O mais sábio a se fazer nesses casos será a citação de ambos, já indicando na petição inicial a existência do fiador.

• Bem de família em alienação fiduciária: há grande discussão a respeito desse tema, se seria possível invocar o bem de família para elidir a agressão ao bem dado em alienação fiduciária. Segundo a professora, há corrente que aceita e outra que não, inclusive nos tribunais superiores. Assim, poderá ser esse o tema de um IAC no futuro, por exemplo.

• Penhora:- Garantia: ato de constrição judicial que faz com que os bens penhorados se

tornem garantia (específica) para a execução do crédito a ser quitado.- Impenhorabilidade: artigo 833 do NCPC. A primeira hipótese para

estabelecimento da impenhorabilidade é ser convencionada por vontade das

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pessoas, podendo ser estabelecido por meio de negócios intervivos ou causa mortis. Interessante também o inciso X, que determina que é impenhorável a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos. Porém questiona-se a compatibilização desse inciso com § 2º do mesmo artigo, o qual aduz que para os incisos IV e X do caput não se aplica às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais. Nesse sentido, formaram-se as seguintes correntes:

1) Só é penhorável a caderneta excedente de 40 salários, enquanto as demais aplicações serão penhoráveis na integralidade;

2) A caderneta tem como parâmetro 40 salários e, por analogia, as demais 50 salários (crítica - fere a isonomia);

3) São penhoráveis a caderneta de poupança e as demais, no teto de 40 salários. Segundo essa corrente, a parte final do parágrafo 2º aplica-se apenas ao inciso IV (alimentos);

4) Há quem defenda ainda que apenas a caderneta será penhorável, enquanto as outras aplicações não.

- Exceções à impenhorabilidade (§2º do art. 833, CPC): pagamento de pensão alimentícia e as importâncias acima de 50 salários mínimos (ver item acima), hipótese na qual será penhorável o excedente. Há quem sustente que, mesmo nessas hipóteses, poderá subsistir a impenhorabilidade se comprovada a necessidade do devedor.

- Formalização: os bens e direitos que necessitam de formalização deverão ser devidamente registrados como condição para prosseguimento da execução, afim de se gerar publicidade e presunção absoluta de fraude no caso de alienação posterior, não admitindo prova em contrário

- Preferência (art. 835): há possibilidade de se constituirem diversas garantias sobre um mesmo bem. No caso da penhora, para verificar quem receberá primeiro, é necessário verificar a anterioridade da penhora. Deve ser verificado no processo qual a data do termo e do auto de penhora, sendo que esta data irá determinar a preferência. Ressalta-se, então, que o que importa não é o registro pois nele opera a eficácia retroativa, ou seja, haverá o retorno à data que foi lavrado o auto ou o termo.

- Depositário: art. 840- Intimação do cônjuge/companheiro: o cônjuge ou companheiro poderá

adotar uma das seguintes condutas (1) embargos do devedor, no caso do devedor assumir como sua também dívida. Nessa hipótese o cônjuge deverá trazer matéria para discutir acerca da origem da dívida e sua natureza, bem como excesso de execução e também outras questões de mérito; (2) embargos de terceiros (art. 647, parágrafo 2º, I do NCPC) no qual o cônjuge não trará questões como o valor da dívida ou qualquer exceção sobre ela, mas objetiva provar que pela dívida não devem responder os bens comuns, defendendo apenas a meação conjugal. Caso os embargos sejam acolhidos, apenas metade

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dos bens penhorados continua garantindo a execução. Sendo a meação excluída da constrição judicial passa a integrar o domínio exclusivo do cônjuge que reivindicou, independente do regime. No caso do imóvel indivisível procedido à alienação judicial, metade do valor será reservado ao cônjuge "alheio à execução".

- Espécies:a) Penhora online (art. 854): substituição do dinheiro (primeiro na ordem de

preferência) por fiança bancária ou seguro garantia (nessa hipótese o valor será o do débito + 30% e haverá remuneração mensal do credor, ao invés do bloqueio de todo o valor). Nessa hipótese o devedor terá 5dias para provar a impenhorabilidade.

b) Penhora de créditos (art. 855/860);c) Penhora de cotas/ações;d) Penhora de empresas, estabelecimentos e de semoventes (art. 862/865);e) Penhora percentual de faturamento de empresa (art. 866).

Unidade 10: Defesa do Executado

• Tipos de defesa:(1) Processo de execução:

a. Embargos à execução: ação de cognição. O prazo para os embargos do devedor está disposto no artigo 915 (NCPC). Haverá prazo de 15 dias, 12

observados os §1º e 2º, iniciados da juntada aos autos do mandado de citação. Em alguns casos, se o mérito for decidido parcialmente, tal

(NCPC) Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na 12

forma do art. 231. (...) § 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. § 2o Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado: I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens; II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4o deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo. Direito Processual Civil IV Página � de �33 37

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decisão poderá ser interlocutória, desafiando agravo. Porém, poderá ser via sentença (via de regra) cabendo apelação. Atenção, pois nesse caso a apelação não terá efeito suspensivo, haja vista o disposto no art. 1012, §1º, III do Código. O NCPC trouxe mais responsabilidade para o devedor, visto que, se comprovado o embargamento desnecessário, poderá ser cobrada multa de 20% e ser feito o agravamento dos honorários advocatícios.

b. Objeção de pré-executividade (Pontes de Miranda): mecanismo processual no qual suscitam-se questões de ordem pública que poderiam ser conhecidas até mesmo de ofício pelo julgador. Sua forma é de uma simples petição. Atenção ao fato de que o ideal é não utilizar esse nome, já que existem decisões no sentido de que esse instituto desapareceu no CPC/15 . Porém, apesar da problemática envolvendo a nomenclatura, o instituto em si não desapareceu, visto que o julgador pode reconhecer esses vicio de ofício, e essa ferramenta seria como um "lembrete". Pode ser apresentado mesmo após passado o prazo da impugnação;

(2) Cumprimento de sentença: a. Impugnação ao cumprimento de sentença: há abreviação nas

possibilidades de discussão, haja vista que ocorre em meio ao processo de conhecimento, então, conclui-se que, teoricamente, o devedor já teve tempo e espaço suficiente para discutir as questões. Todas as decisões em seu âmbito serão interlocutórias (art. 1015, parágrafo único), que desafiam agravo, diferente da sistemática do antigo CPC.

b. Objeção de pré-executividade: vide ponto 1.b, acima.• Regras comuns

(a) Ausência de efeito suspensivo (art. 525, § 6º e 919 do NCPC): não há efeito suspensivo em nenhum dos procedimentos. No CPC/73 havia efeito suspensivo automático, o que gerava um sistema em que os devedores impugnavam mesmo que não tivessem matéria para tanto, apenas para retardar a execução;

(b) Possibilidade de concessão do efeito suspensivo: apesar de não haver efeito suspensivo automático, poderá este ser solicitado, desde que demonstre o devedor o perigo de dano e a relevância da argumentação, devendo ser aberto um tópico "do efeito suspensivo" na impugnação ou nos embargos.

(c) Dispensa a garantia do juízo pela penhora.• Excesso de execução: quando se executa mais do que o devido, o quantum a mais

será considerado sem título. Considerando o princípio "nula a execução se não há título que a ampare" o excesso gera grave nulidade na execução, podendo então a parte arguir mesmo após o prazo dos outros meios de defesa. Atenção ao art. 524,

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§1º do NCPC, que autoriza ao juiz reconhecer de oficio o erro de cálculo e 13

mandar serem feitos novos cálculos. Nessa situação, percebe-se o cabimento da objeção de pré-executividade. É essencial, nessa hipótese, que a parte devedora demonstre qual será o valor que considera devido, pela via de uma memória de cálculo, para que desde já se inicie o pagamento do quantum não controverso, reconhecido pelo devedor.

• Discussão de precedentes (súmulas 517 e 519 do STJ): exposição do monitor Thiago - Redação das súmulas:

a) Súmula 517: São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação do advogado da parte executada. (Súmula 517, CORTE ESPECIAL, julgado em 26/02/2015, DJe 02/03/2015)

b) Súmula 519: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis honorários advocatícios. (Súmula 519, CORTE ESPECIAL, julgado em 26/02/2015, DJe 02/03/2015)

- Questões de direito debatidas: a) Se são devidos honorários advocatícios no procedimento de

cumprimento de sentença - introduzido pela Lei 11.232/2005 - e a partir de quando ocorreria sua incidência.

b) Havendo impugnação ao cumprimento de sentença e sendo ela rejeitada, se haveria fixação de honorários.

- Teses fixadas no julgamento do REsp n. 1.134.186/RS (Temas repetitivos n. 407, 408, 409, 410)→ São cabíveis honorários advocatícios em fase de cumprimento de sentença, haja ou não impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário a que alude o art. 475-J do CPC, que somente se inicia após a intimação do advogado, com a baixa dos autos e a aposição do "cumpra-se" (REsp. n. 940.274/MS);→ Não são cabíveis honorários advocatícios pela rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença.→ Apenas no caso de acolhimento da impugnação, ainda que parcial, serão arbitrados honorários em benefício do executado, com base no art. 20, § 4o, do CPC.

- Dinâmica no CPC/2015: → No art. 513, o CPC/2015 deixou expresso que o devedor será intimado na pessoa do advogado, por meio do Diário de Justiça, além de elencar outras hipóteses no § 2o. Somente se dará por intimação pessoal do

(CPC/15) Art. 524, § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da 13

condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequadaDireito Processual Civil IV Página � de �35 37

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devedor caso tenha transcorrido um ano do trânsito em julgado da decisão. → O art. 523 dispõe que o cumprimento definitivo será iniciado por requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito em 15 dias, sendo que, transcorrido tal prazo, haverá acréscimo de multa de 10% e de honorários, também fixados em 10%. Ainda com relação aos honorários, o CPC foi expresso, em seu art. 85, §1o, em determinar que “são devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.”→ Se for feita análise semelhante à da elaboração da súmula, considerando o cumprimento de sentença como análogo à execução, caberiam honorários havendo ou não impugnação.→ Com relação ao cabimento apenas em caso de acolhimento da impugnação ao cumprimento de sentença, partindo-se do pressuposto de que ela se aproxima mais da objeção de pré-executividade e sendo o CPC silente quanto a isso, o Prof. Humberto entende que se aplica o entendimento do STJ, consubstanciado na Súmula 519.→ Conclusão: houve diferença apenas na quantia a ser arbitrada. Antes o critério utilizado era o do art. 20, § 4o. Hoje haverá fixação de 10%. Haveria, portanto, overruling parcial apenas quanto a isso.

• Formas de expropriação (art. 825, NCPC): a. Alienação (art. 878, CPC/15): poderá ser por iniciativa do particular ou

por leilão eletrônico/presencial. Sendo feito leilão judicial (hasta pública), haverão duas tentativas, a primeira pelo valor da avaliação e a segunda por qualquer preço desde que não seja "vil". O Código, no artigo 891, parágrafo único, entendeu que não se considera vil o preço que alcance o mínimo de 50%. No caso de existirem vícios, deverão ser arguidos ou por simples petição se antes de expedida a carta, ou deverá ser ajuizada ação anulatória, após expedição da carta.

b. Adjudicação (art. 876): consiste no pedido do executado para ficar com o bem penhorado, sendo feito, nesse caso, pelo valor da avaliação. Além do executado serão legitimados o cônjuge, companheiro, descendentes e ascendentes do executado. Ela poderá ser feita a qualquer tempo e, se houver outros interessados legitimados, subsistirá direito de preferência, assegurado no artigo 876, parágrafo 6º do NCPC.

c. Apropriação de frutos e rendimentos de empresa: hipótese de penhora de estabelecimento ou faturamento. Será feito apenas em ultimo caso.

• Executivo fiscal: a lei 6830 regula a execução fiscal, que será feita pelo fisco, via de regra. O caminho a ser seguido segue o mesmo do cumprimento de sentença, porém, para os títulos extrajudiciais deve ser respeitada essa lei (6.830). A professora oferece crítica, pois, segundo ela, é o próprio poder público que cria o título e também que o executa, então, não é justo que o devedor sofra agressão dos seus bens (penhora) antes de poder arguir, já que o próprio CPC/15 já

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modificou essa sistemática. O prazo deste será de 30 dias para os embargos nesse caso.

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