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FUNDAÇÃO PEDRO LEOPOLDO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO Daiana Ransan Martins PROCESSO DE DECISÃO E EMPREENDEDORISMO: Um Estudo com Empreendedores da Região Oeste de Santa Catarina Pedro Leopoldo MG 2013

PROCESSO DE DECISÃO E EMPREENDEDORISMO: Um Estudo

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    FUNDAO PEDRO LEOPOLDO

    MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAO

    Daiana Ransan Martins

    PROCESSO DE DECISO E EMPREENDEDORISMO:

    Um Estudo com Empreendedores da Regio Oeste de

    Santa Catarina

    Pedro Leopoldo MG

    2013

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    DAIANA RANSAN MARTINS

    PROCESSO DE DECISO E EMPREENDEDORISMO:

    Um Estudo com Empreendedores da Regio Oeste de

    Santa Catarina

    Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administrao, da Fundao Pedro Leopoldo, como requisito parcial para a obteno do grau de Mestre em Administrao.

    rea de concentrao: Gesto da Inovao e Competitividade Linha de Pesquisa: Estratgia e organizao Orientadora: Profa. Dra. Ester Eliane Jeunon.

    Pedro Leopoldo MG

    Fundao Pedro Leopoldo

    2013

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    AOS QUE PASSAM PELA NOSSA VIDA...

    Cada um que passa em nossa vida passa sozinho...

    Porque cada pessoa nica para ns e nenhuma substitui a

    outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas

    no vai s. H os que levam muito, mas no h os que no

    levam nada. H os que deixam muito, mas no h os que no

    deixam nada.

    Esta a mais bela realidade da vida... A prova tremenda de

    que cada um importante e que ningum se aproxima do outro

    por acaso.

    Saint Exuperi

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    AGRADECIMENTOS

    A minha orientadora Profa. Dra. Ester Eliane Jeunon, pelos ensinamentos, carinho e

    o tempo compartilhado durante o desenvolvimento desse trabalho.

    Agradeo a Deus pela vida e pelos dons do discernimento, da fala, do pensamento,

    pois sei que atravs desses dons levarei a todos a Justia dos Homens e os

    ensinamentos do maior mestre que o mundo tem.

    Dedico est vitria ao meu marido Eduardo Toledo Martins, aos meus filhos Enzo

    Rafael, Fernanda e Alice Eduarda e filhos do corao Mateus e Anna Luiza que,

    mesmo nos momentos mais difceis de suas vidas, nunca desacreditaram que tudo

    poderia se resolver e no mediram esforos para me ajudar a chegar ao final dessa

    jornada.

    Ao meu pai Alcides Ransan (in memoria) que esteve comigo durante boa parte desta

    caminhada, pela ajuda pelo carinho e pelo apoio.

    A minha me Olga Dal Molin Ransan e meus irmos pela ajuda constante, pela

    oportunidade e ateno que me destinaram .

    Aos professores pela persistncia e pelos ensinamentos.

    Aos meus colegas e amigos que conquistei ao longo do caminho. Em especial a

    minha amiga do corao Karin Mesacasa.

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    RESUMO

    O objetivo desta dissertao foi analisar de que forma se configurou o processo de tomada de deciso de trs empreendedores para a abertura do seu negcio. Para o alcance de tal objetivo a metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva de natureza qualitativa. Foi realizado um estudo de caso comparativo de empreendedores dos segmentos de prestao de servio, varejo e indstria, estabelecidos na regio oeste do estado de Santa Catarina. Com relao ao perfil de processo decisrio o empreendedor do ramo de servio enquadrou-se no modelo desestruturado, que consiste em um modelo entendido como dinmico e com interferncias. O empreendedor do ramo de varejo no modelo da lata de lixo sendo este um modelo em que o gestor no procura analisar e escolher alternativas, tomando a deciso sem muitas informaes. E o empreendedor da industria no modelo racional objetivo que consiste em uma viso panoramica das alternativas para a tomada da deciso. Observou-se que os motivos para a abertura do empreendimento foram a observao de mercado, a busca de alternativas e a necessidade. No que concerne busca de informaes os resultados apontaram para pesquisa de mercado e plano de negcios. Quanto aos fatores influenciadores que foram compostos por economico, social e de mercado. Ao se tratar de que forma foi analisada a viabilidade constatou-se que dois dos empreendedores utilizaram o plano de negcios e o outro um planejamento informal. Concluiu-se que os empreendedores da prestao de servio e da indstria tomaram a deciso de forma mais consciente, em especial o empreendedor da indstria. No caso do empreendedor do varejo, este correu um certo risco quando tomada a deciso sem um planejamento formal.

    Palavras-chave: Empreendedorismo. Processo de Tomada de Deciso. Empreendedor.

  • 6

    ABSTRACT

    The aim of this thesis was to analyze how you have configured your decision making process three entrepreneurs for opening your business. To reach this goal the methodology used was descriptive qualitative. We conducted a comparative case study of entrepreneurs of the segments of service, retail and industry, established in the western state of Santa Catarina. Regarding the profile of the entrepreneur's decision-making branch of service framed on the model unstructured, consisting of a model understood as dynamic and interference. The entrepreneur in the retail model of the garbage which is a model in which the manager does not seek to analyze and choose alternatives, taking the decision without much information. And the entrepreneur industry in rational goal model that consists of a panoramic view of the alternatives for making the decision. It was observed that the reasons for the opening of the project were the observation of the market, the search for alternatives and the need. Regarding the information search results pointed to market research and business plan. As for the influencing factors that were composed of economic, social and market. When it comes to how we analyzed the viability was found that two of the entrepreneurs used the business plan and other planning informal. It was concluded that entrepreneurs of service delivery and industry have decided to more consciously, especially entrepreneurial industry. In the case of the retail entrepreneur, this incurs a certain risk when making the decision without a formal planning.

    Keywords: Entrepreneurship. Process of Decision Making. Enterprising.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    Figuras

    Figura 1: O processo decisrio: Modelo de Simon.............................................. 29

    Figura 2: Cinco fases do processo de tomar decises........................................ 30

    Figura 3: Empreendedor A...................................................................................

    Figura 4: Empreendedor B...................................................................................

    Figuro 5: Empreendedor C...................................................................................

    59

    59

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    Quadros

    Quadro 1: Empreendedorismo: principais linhas de pensamento.................... Quadro 2: Estrutura de um Plano de Negcios proposta por Dornelas........... Quadro 3: Nveis de deciso e tipos de problema............................................ Quadro 4: Modelos de tomada de deciso....................................................... Quadro 5: Processo decisrio racional............................................................. Quadro 6: Caractersticas do tomador de decises perante o risco................. Quadro 7: Grupos de Informaes................................................................... Quadro 8: Referncias e objetivos.................................................................. Quadro 9: Inspiradores..................................................................................... Quadro 10: Evento de disparo............................................................................ Quadro 11: Formao......................................................................................... Quadro 12: Vislumbrar ideias............................................................................. Quadro 13: Avaliao de oportunidade.............................................................. Quadro 14: Tipo de planejamento...................................................................... Quadro 15: Experincias anteriores................................................................... Quadro 16: Scios.............................................................................................. Quadro 17: Fatores influenciadores................................................................... Quadro 18: Processo de escolha e alternativas e influenciadores..................... Quadro 19: Eliminao de alternativas............................................................... Quadro 20: Consequncias da tomada de deciso............................................ Quadro 21: Avaliao de alternativas ao empreendimento................................ Quadro 22: Critrio de escolha para tomada de deciso................................... Quadro 23: Processo de reanalise para retoma de deciso.............................. Quadro 24: Acompanhamento de erros no processo decisrio......................... Quadro 25: Interferncia no processo de deciso.............................................. Quadro 26: Racionalidade no processo decisrio.............................................. Quadro 27: Resumo dos objetivos especficos..................................................

    18 26 31 32 35 42 43 50 56 57 60 61 62 63 63 64 65 66 67 68 69 69 70 71 72 73 73

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AMOSC Associao dos Municpios do Oeste de Santa Catarina

    CD Compact Disc

    GEM Global Entrepreneuship Monitor

    IEL Instituto Euvaldo Lodi

    SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas

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    SUMRIO1

    1 INTRODUO (Contextualizao)..................................................................

    1.1 Problematizao............................................................................................

    1.2 Objetivos........................................................................................................

    1.2.1 Objetivo Geral............................................................................................

    1.2.2 Objetivos Especficos................................................................................

    1.3 Justificativa.....................................................................................................

    11

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    15

    15

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    2 REFERENCIAL TERICO .............................................................................. 16

    2.1 Empreendedorismo........................................................................................ 16

    2.1.1 Empreendedor............................................................................................ 20

    2.2 Plano de Negcios......................................................................................... 23

    2.3 Processo de Tomada de Deciso.................................................................. 26

    2.3.1 Modelos de Tomada de Deciso................................................................. 32

    2.3.1.1 Modelo Racional....................................................................................... 33

    2.3.1.2 Modelo de Racionalidade Limitada.......................................................... 36

    2.3.1.3 Modelo Incrementalista............................................................................

    2.3.1.4 Modelo Desestruturado............................................................................

    2.3.1.5 Modelo da Lata do Lixo............................................................................

    2.3.2 As Caractersticas e Informaes na Tomada de Deciso.........................

    37

    39

    40

    41

    3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS......................................................... 46

    3.1 Caracterizao da Pesquisa.......................................................................... 46

    3.2 Unidade de Observao................................................................................ 48

    3.3 Procedimentos para Coleta de dados........................................................... 48

    3.4 Procedimentos para Anlise dos dados........................................................ 49

    1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortogrficas aprovadas pelo Acordo

    Ortogrfico assinado entre os pases que integram a Comunidade de Pases de Lngua Portuguesa (CPLP), em vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a ABNT NBR 14724 de 17.04.2011.

  • 10

    4. APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS...............................

    4.1 Empreendedores A, B e C.............................................................................

    4.2 Apresentao das Entrevistas.......................................................................

    4.2.1 Perfil dos Empreendedores.........................................................................

    4.2.2 Processo de Tomada de Deciso...............................................................

    4.3 Discusso dos Resultados.............................................................................

    5. CONSIDERAES FINAIS.............................................................................

    REFERNCIAS....................................................................................................

    52

    52

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    55

    60

    73

    77

    80

    APNDICE Roteiro de Entrevista....................................................................

    ANEXO................................................................................................................

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    87

  • 11

    1 INTRODUO (Contextualizao)

    O processo de tomada de deciso constante na vida do empreendedor, seja para

    implementao de uma nova atividade ou para resolver problemas do dia a dia

    empresarial. Nas organizaes as decises podem ser distribudas entre

    programadas e no programadas, ou seja, as que so planejadas e que ocorrem

    com frequncia e as que ocorrem em momentos nicos. Decidir converter

    informaes em aes; a deciso uma ao tomada com base na apreciao das

    informaes (Oliveira, 2004).

    Ser empreendedor no uma tarefa muito fcil, pois exige fora de vontade,

    persistncia, comprometimento, inovao entre outras e, principalmente paixo pelo

    que faz. Tendo em vista que o tema empreendedorismo vem sendo um tema muito

    discutido e tambm muito estimulado nos ltimos anos, acredita-se hoje que o

    empreendedor seja o motor da economia, um agente de mudanas (DOLABELA,

    1999). Schumpeter (1911) j argumentava em sua obra teoria do desenvolvimento

    econmico que os empreendedores so a fora motriz do crescimento econmico,

    pois introduzem no mercado inovaes que torna obsoletos os produtos e as

    tecnologias existentes.

    Para abordar esse tema foi proposto realizar um estudo no oeste de Santa Catarina

    com empreendedores que implantaro seus empreendimentos. Para essa finalidade

    foi proposto como objetivo geral analisar de que forma se configurou o processo de

    tomada de deciso de trs empreendedores para a abertura do seu negcio.

    Para embasar essa dissertao, foi utilizada uma pesquisa descritiva, de abordagem

    quantitativa, para avaliar o potencial empreendedor, e qualitativa no intudo de

    compreender o processo de tomada de deciso. O meio utilizado foi o estudo de

    caso comparativo entre trs empreendedores, um inserido no ramo de prestao de

    servios, o segundo no varejista e o terceiro no ramo industrial.

    Este trabalho est estruturado em 5 partes. Na primeira, introduo, apresentaram-

    se os principais propsitos e razes do estudo, identificando o escopo do trabalho,

  • 12

    sua contextualizao, problematizao, seus objetivos e a justificativa da

    dissertao.

    Na segunda realizou-se a reviso bibliogrfica relacionada ao tema da dissertao,

    de modo a formar uma estrutura terica conceitual que serve de base para a

    pesquisa de campo. Este captulo est subdivido em duas sees. Na primeira,

    caracteriza-se o estudo do empreendedorismo, o perfil empreendedor, o plano de

    negcios. Na segunda, aborda-se o processo de tomada de deciso os modelos de

    deciso propostos por Simon, (1970) racional, e da racionalidade limitada; Lindblom

    e Quim (1959) incrementalista; Mintzberg (1995) desestruturado; e Cohen, March e

    Olsen (1976) modelo da lata de lixo, o perfil do tomador de deciso e as informaes

    para a tomada de decises nos negcios.

    A terceira descreve a metodologia utilizada ao se proceder caracterizao da

    pesquisa: quanto ao tipo a pesquisa de carter descritiva quanto a sua natureza

    qualitativa, quanto ao mtodo estudo de caso comparativo a unidade de observao

    composta por trs empreendedores da regio oeste de Santa Catarina quanto a

    coleta dos dados foi realizada atravs da entrevista e quanto a analise dos dados,

    os dados transcritos e colocados nas categorias de anlise de contedo.

    No quarto captulo foi apresentado o perfil de potencial empreendedor, e como se

    configurou o processo de tomada de deciso, pelos trs empreendedores. Foi

    apresentado em qual modelo de tomada de deciso se enquadra cada um.

    No quinto captulo so apresentadas as consideraes sobre o estudo e sugestes

    para pesquisas futuras.

    1.1 Problematizao

    O Brasil um dos pases mais empreendedores do mundo, sendo apontado como o

    stimo no ranking mundial, de acordo com o ltimo levantamento da Global

    Entrepreneuship Monitor (GEM) realizado em 2010. Essa pesquisa foi organizada

    por meio da taxa de atividade empreendedora, que no Brasil foi de 17,5%, a mesma

  • 13

    definida com a percentagem da fora de trabalho que, ou est iniciando suas

    atividades, ou dono de negcio iniciado a menos de quarenta e dois meses.

    A pesquisa ainda apontou que existem 15,3 milhes de empreendedores no Brasil e

    que para cada empreendedor por necessidade havia 2,1 que empreenderam por

    oportunidade. Entre estes 43% buscam maior independncia e liberdade na vida

    profissional; 35,2% visavam o aumento da renda pessoal; 18,5% buscavam

    manuteno de sua renda pessoal, enquanto 3,3% assinalaram outros motivos.

    O empreendedorismo quanto ao gnero distribui-se da seguinte forma: as mulheres

    representam 49,3% e os homens 50,7% quanto aos setores s mulheres destacam-

    se mais no comrcio varejista com 33%, na atividade de alojamento e alimentao

    com 20%, residncia de empregados com 16%. Outro fator a ser destacado que

    22% dos empreendedores so pessoas na faixa etria entre 25 a 34 anos, de 18 a

    24 anos so 17,4% de 35 a 44 anos so 16,7% de 45 a 54 anos so 16,1% e de 55

    a 64 anos correspondem a 9,5%, como pode ser observado 56,9% dos

    empreendedores esto na faixa etria de at 35 anos de idade (GEM, 2010).

    Quanto ao tipo de atividade, 29% esto no setor de comrcio varejista, 14% na

    indstria de transformao, 11% em alojamento e alimentao, 9% em outras

    atividades e servios coletivos, 9% em atividades imobilirias e alugueis 6% na

    construo, 5% em transporte e armazenagem, 4% em venda e manuteno de

    veculos, 4% em residncia com empregados e 9% em outras atividades (GEM,

    2010).

    O empreendedorismo encontra-se em constante alta no estado de Santa Catarina,

    especialmente na regio em estudo, o que pode ser observado pela caracterizao

    econmica do estado de Santa Catarina, que divide-se nos seguintes plos: eletro

    metal mecnico (Norte), madeireiro (Planalto e Serra), txtil (Vale do Itaja), mineral

    (Sul), tecnolgico (Capital), turstico (praticamente todo o estado), e agroindustrial

    (Oeste). Quanto ao plo agroindustrial este envolve mais de 3,7 mil indstrias, que

    empregam 100 mil pessoas, concentrando a maior parte de produo de alimentos

    do Estado. Esse plo responde por 38,3% das exportaes catarinense chegando

  • 14

    ao um montante de aproximadamente US$ 1 bilho anuais em carnes de frango e

    sunos (site do Estado de Santa Catarina).

    A regio Oeste est composta pelos municpios de e guas de Chapec, guas

    Frias, Caxambu do Sul, Chapec, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Formosa do Sul,

    Guatambu, Irati, Jardinpolis, Nova Erechim, Nova Itaberaba, Pinhalzinho, Planalto

    Alegre, Quilombo, So Carlos, Santiago do Sul, Serra Alta, Sul Brasil e Unio do

    Oeste. Conjuntamente, estes municpios abrangem uma rea territorial de 2.955 km2

    (AMOSC, 2006).

    O plo oeste de Santa Catarina no diverge dos demais plos brasileiros quanto

    competitividade e busca de espao no mercado nacional e global. O ambiente

    competitivo e a globalizao esto exigindo cada vez mais decises fundamentadas

    no maior nmero de informaes possveis. Estas informaes, tanto do ambiente

    interno como no externo da empresa, so essenciais para sua implementao e

    estruturao, exigindo algumas competncias do empreendedor.

    A busca por informaes seria uma dessas competncias, tendo uma finalidade

    essencial quanto ao processo decisrio, pois mune o empreendedor com

    informaes diversificadas, permitindo uma viso mais abrangente com os entes

    envolvidos no processo.

    Para os empreendedores, as decises delimitam as aes. Quando tomadas

    consciente ou inconscientemente, podem gerar boas ou ms consequncias, as

    decises representam uma das principais ferramentas para lidar com oportunidades,

    desafios e incertezas presentes no dia-a-dia. O empreendedor que toma decises

    inteligentes gera enorme valor para as organizaes. Hammond, Keeney e Raiffa

    (2004, p. 18) destacam que saber tomar decises uma capacidade fundamental

    na vida.

    A tomada de deciso uma prtica frequente na administrao, especialmente na

    implementao de um negcio este fator motivou a realizao desse trabalho, ou

    seja, entender quais os fatores que influenciam no processo de tomada de deciso

    de um empreendimento, para tanto foi proposta a seguinte questo norteadora: De

  • 15

    que forma se configurou o processo de tomada de deciso de trs

    empreendedores para a abertura de seu negcio?

    1.2 Objetivos

    Foram definidos os objetivos geral e especficos para a dissertao, conforme

    segue:

    1.2.1 Objetivo geral

    Analisar de que forma se configurou o processo de tomada de deciso de trs

    empreendedores para a abertura do seu negcio.

    1.2.2 Objetivos especficos

    a) Identificar o perfil dos empreendedores quanto tomada de deciso

    b) Identificar os motivos para a abertura do empreendimento;

    c) Identificar como se deu a busca de informaes;

    d) Estudar quais os fatores influenciadores para a tomada de deciso;

    e) Identificar de que forma foi analisado a viabilidade do negcio;

    1.3 Justificativa

    As informaes so essenciais para o processo decisrio; entretanto, saber quais

    so as adequadas e onde busc-las to importante. O excesso ou a falta delas

    pode apresentar uma viso distorcida da realidade, comprometendo o resultado

    final.

    O estudo da tomada de deciso torna-se relevante no mbito da implementao de

    um empreendimento. Realiz-lo importante para a sociedade, pois por meio dele

  • 16

    podero ser identificadas as influncias que o empreendedor sofre na hora da

    tomada de deciso. Para as empresas, o estudo traz informaes que podero

    auxiliar na maneira de analisar a melhor forma de decidir e avaliar as oportunidades.

    Quanto academia este estudo trar auxlio no intuito de fornecer informaes para

    o entendimento de quais fontes e motivos interferem no processo decisrio de um

    empreendedor nos setores de Prestao de Servio, Comrcio e Industria, e quais

    os aspectos so fatores imprescindveis para essa deciso.

    Este trabalho pretende trazer informaes relevantes para o mercado, pois trata de

    estudar os fatores mais importantes para a tomada de deciso dos empreendedores,

    levando em conta o que d mais e melhores resultados para a abertura de novos

    negcios.

  • 17

    2 REFERENCIAL TERICO

    Neste captulo ser realizada a contextualizao da temtica estudada, e para

    responder a problemtica de pesquisa no que diz respeito teoria sobre

    empreendedorismo e processo de tomada de deciso.

    2.1 Empreendedorismo

    O termo empreendedorismo (entrepreneur), segundo Hisrich e Peters (2004) teve

    sua origem na Frana e quer dizer aquele que assume riscos e comea algo novo.

    No incio do sculo XVI foi utilizado para designar homens envolvidos na

    coordenao de operaes militares. Por volta de 1700, o termo comeou a ser

    utilizado naquele pas para as pessoas que se associavam a proprietrios de terras

    e trabalhadores assalariados.

    Dornelas (2005) faz um resgate histrico e identifica que a primeira definio de

    empreendedorismo, creditada a Marco Polo, considera empreendedor aquele que

    assume os riscos de forma ativa, fsica e emocional. Na idade mdia, o termo

    empreendedor foi utilizado para descrever tanto um participante quanto um

    administrador de grandes projetos de produo. Em tais projetos esse indivduo no

    corria riscos: simplesmente administrava o projeto usando os recursos fornecidos,

    geralmente, pelo governo do pas. Um tpico empreendedor da Idade Mdia era o

    clrigo a pessoa encarregada de obras arquitetnicas, como castelos e

    fortificaes, prdios pblicos, abadias e catedrais.

    J no sculo XVII, de acordo com Hisrich e Peters (2004) ocorrem os primeiros

    indcios de relao entre assumir riscos e empreendedorismo, o empreendedor

    estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum servio ou

    fornecer produtos. Richard Cantillon, escritor e economista do sculo XVII,

    considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo, tendo

    sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos) do

    capitalista (aquele que fornecia o capital).

  • 18

    Para Dornelas (2001) a essncia do empreendedorismo est na percepo e no

    aproveitamento das novas oportunidades no mbito dos negcios tradicionais,

    constantemente criando novos produtos, novos mtodos de produo e novos

    mercados, sobrepondo aos antigos mtodos menos eficientes e mais caros.

    Timmons (1994, p. 36) acredita que: O Empreendedorismo uma revoluo

    silenciosa, que ser para o sculo 21 mais do que a revoluo industrial foi para o

    sculo 20. Ao comparar esta evoluo com a revoluo industrial, a grande

    responsvel por radicais mudanas no sculo 20, o autor demonstra-o grau de

    importncia para a sociedade do tema empreendedorismo.

    A gnese do pensamento sobre empreendedorismo registra trs vises sobre a

    expanso do fenmeno: a escola dos economistas, a dos behavioristas

    (comportamentalistas) e a dos precursores da teoria dos traos de personalidade,

    conforme o QUADRO 1.

    QUADRO 1 Empreendedorismo: principais linhas de pensamento

    A viso dos economistas

    Existe concordncia entre os pesquisadores do Empreendedorismo de que os pioneiros no assunto teriam sido os autores Cantillon (1755) e Jean-Baptiste Say (1803; 1815; 1816). Para Cantillon o empreendedor (entrepreneur) era aquele que adquiria a matria-prima por um determinado preo e a revendia por um preo incerto. Ele entendia que, se o empreendedor obtivesse lucro alm do esperado, isso ocorrera porque ele teria inovado (Fillion, 1999). Desde o sculo xviii, o autor j associava o empreendedor ao risco, inovao e ao lucro, ou seja, ele era visto como pessoa que busca aproveitar novas oportunidades, vislumbrando o lucro e exercendo suas aes diante de certos riscos. Diversos economistas, mais tarde, associaram, de um modo mais contundente, o empreendedorismo a inovao e procuram esclarecer e influncia do empreendedorismo sobre o desenvolvimento econmico.

    A viso dos Behavioristas

    Na dcada de 1950, os americanos observaram o crescimento do imprio sovitico, o que incentivou David C McClelland a buscar informaes a respeito da ascenso e declnio das civilizaes. Os behavioristas (comportamentalistas) foram assim incentivados a traar um perfil da personalidade do empreendedor (Filion, 1999). O trabalho desenvolvido por McClelland (1971) focalizava os gerentes de grandes empresas, mas no interligava claramente a necessidade de auto-realizao com a deciso de iniciar um empreendimento e o sucesso desta possvel ligao (Filion, 1999).

    A escola dos traos de personalidade

    Ainda que a pesquisa no tenha sido capaz de delimitar o conjunto de empreendedores e atribuir-lhe caractersticas certas, tem propiciado uma serie de linhas mestras para futuros empreendedores, auxiliando-os na busca por aperfeioar aspectos especficos para obterem sucesso (Filion, 1999a). Dado o sucesso limitado e as dificuldades metodolgicas inerentes a abordagem dos traos, uma orientao comportamental ou de processos tem recebido recentemente grande ateno.

    Fonte: Filion (1999)

  • 19

    Swendberg (2000 apud Chiavenato 2008, p. 7) afirma que uma das ideias mais

    marcantes e significativas sobre o empreendedorismo, dentro das cincias sociais,

    foi traada pelo trabalho de Max Weber. Para o autor, a viso de Weber sobre

    empreendedorismo identificada com a Teoria do Carisma, e de acordo com essa

    interpretao, sua principal contribuio ter encontrado em sua anlise um tipo

    especial de ser humano, que faz pessoas o seguirem simplesmente pela virtude de

    sua personalidade extraordinria.

    O movimento do empreendedorismo, principalmente a partir da dcada de 1990, foi

    muito difundida no Brasil, recebendo uma ateno especial por parte das instituies

    governamentais, das organizaes de classe, das escolas e universidades

    (DORNELAS, 2001). O empreendedorismo, enquanto conceito faz parte da

    experincia humana desde a criao do homem, mas apenas nos ltimos dois

    sculos passou a ser estudado de maneira formal, e somente h 50 anos passou a

    ser objeto de interesse cientfico significativo (FALCONE, 2005).

    Lumpkin e Dess (1996) afirmam que o empreendedorismo tem se tornado um termo

    abstrato associado a algum indivduo ou grupo que desenvolve novas combinaes

    em suas organizaes j existentes, envolvendo trs dimenses do processo

    empreendedor: o risco, a inovao e a pr-atividade no desenvolvimento de uma

    nova e independente unidade de negcio, que pode ser associado, ao processo

    corporativo.

    Para Dornelas (2008), o empreendedorismo tem como foco principal fatores como a

    identificao e anlise de oportunidades; busca por inovao; preparao e

    utilizao de um plano de negcios; e como gerenciar e fazer a empresa crescer.

    Em relao aos motivos para se abrir um negcio, Tachizawa (2007) prope os

    seguintes motivos: identificar uma oportunidade de negcios; ter experincia

    anterior; estar desempregado; dispor de capital; estar insatisfeito no emprego; ter

    sido demitido e recebido indenizao entre, outras razes. O autor ainda afirma que

    tanto empresrios atuantes como no atuantes apontam como a identificao de

    uma oportunidade de negcio o motivo crucial para a abertura ou entrada em um

    novo empreendimento.

  • 20

    2.1.1 Empreendedor

    H vrias definies para o termo empreendedor, propostas principalmente por

    pesquisadores de diferentes campos que utilizam princpios de suas prprias reas

    de interesse para a construo de seus conceitos. Segue Dornelas (2008) afirmando

    que existe a concepo do empreendedor nato, ou seja, aquele que j nasce com as

    caractersticas necessrias para ser um empreendedor de sucesso. Por outro lado,

    alguns indivduos so empreendedores frutos do meio em que vivem, moldados a

    todo o momento pela sociedade. Sua formao empreendedora ocorre pela

    influncia familiar e por formao educacional.

    Segue o autor explicando que empreendedor aquele que detecta uma

    oportunidade e cria um negcio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos

    calculados. Em qualquer definio de empreendedorismo, o autor menciona que se

    encontram, pelo menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor: algum

    com iniciativa para empreender e paixo pelo que faz; utiliza os recursos disponveis

    transformando de forma criativa o ambiente em que vive e assume riscos calculados.

    Afirma o autor que Schumpeter foi o primeiro terico a observar e destacar a

    importncia do empreendedor na economia, afirmando ser este o motor da

    economia capitalista. Pela viso schumpeteriana o empreendedorismo e inovao

    atuam em simbiose. O empreendedor promove a destruio criativa, um processo

    que introduz o novo e gera desenvolvimento e riqueza para uma nao, sendo um

    impulso fundamental que aciona e mantm em marcha o motor da economia

    capitalista, criando novos produtos, novos modos de produo, novos mercados.

    Segundo Filion (1991), a ao empreendedora se caracteriza em todas as suas

    etapas, ou seja, desde a criao de algo novo, mediante a identificao de uma

    oportunidade, dedicao e persistncia na atividade que se prope a fazer para

    alcanar os objetivos pretendidos, e ousadia para assumir os riscos.

    Dolabela (1999, p. 29) cita trs exemplos do que seja um empreendedor so eles:

  • 21

    1- Indivduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela; 2- Pessoa que compra uma empresa e introduz inovaes, assumindo riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir, seja na forme de fazer propaganda dos seus produtos e/ou servios, agregando novos valores; 3- Empregado que introduz inovaes em uma organizao, provocando o surgimento de valores adicionais.

    Drucker (1987) afirma que o empreendedor busca a mudana criando algo novo,

    sendo inovador e transformando valores. Consegue ainda viver com as incertezas e

    riscos que um negcio comporta. Ademais, o empreendedor sabe aproveitar as

    oportunidades que no so necessariamente vistas pelas outras pessoas.

    O empreendedor evolui por meio de um processo constante de tentativas e erros.

    Seu avano acontece a partir das descobertas que faz, as quais podem se referir a

    uma infinidade de elementos. Ele tem alto nvel de energia e criativo, demonstra

    imaginao e perseverana, e dotado de sensibilidade para os negcios. Esses

    elementos, combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma simples e

    mal estruturada ideia em algo concreto e bem sucedido no mercado. Desta forma,

    conquista a capacidade de colocar o destino a seu favor, com a certeza de fazer a

    diferena no mundo (HISRICH; PETERS, 2004).

    Os empreendedores apresentam elevada necessidade de realizao pessoal em

    relao s pessoas da populao em geral, esto dispostos a assumir riscos ao

    incio do negcio, demonstram motivao e possuem autoconfiana para enfrentar

    os desafios (DEGEN, 2009).

    Dornelas (2001) pontua que o empreendedor de sucesso possui caractersticas

    extras, alm dos atributos do administrador, algumas caractersticas pessoais que

    somadas as caractersticas sociolgicas e ambientais permitem o nascimento de

    uma nova empresa, ou seja, de uma ideia surge uma inovao. Estes

    empreendedores de sucesso so visionrios, refletem como ser seu negcio e sua

    vida e tm habilidades para sonhar. Sabem tomar decises na hora certa,

    programam rapidamente seus negcios e identificam oportunidades na ordem

    presente. Hisrich; Peters; Shepherd (2004) afirmam que muitos empreendedores

    tiveram pais tambm empreendedores, isso demonstra que a influncia familiar faz

    parte da deciso e conhecimento do empreendedor.

  • 22

    Para Dolabela (1999) o empreendedor, alm de desenvolver uma viso, deve

    convencer as pessoas ao seu redor (scios, colaboradores e investidores) de que

    sua viso poder levar a todos para uma situao melhor no futuro; deve ter energia,

    perseverana e paixo para desenvolver algo a partir do nada e continuar em frente,

    ultrapassando as dificuldades e as armadilhas existentes.

    Os empreendedores so pessoas diferenciadas, que possuem motivao singular, apaixonados pelo que fazem, no se contentam em ser mais uma na multido, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado (DORNELAS, 2008, p. 19).

    O empreendedor vive no futuro, nunca no passado, e raras vezes no presente. Sua

    maior felicidade sentir-se livre para construir imagens de conjecturas e hipteses.

    No mundo dos negcios, o empreendedor o grande estrategista, o inovador,

    aquele que desenvolve mtodos para penetrar em mercados j existentes ou criar

    novos (GERBER, 2011).

    O empreendedor nossa personalidade criativa sempre satisfeito em lidar com o

    desconhecido, de olho no futuro, transformando possibilidades em probabilidades,

    fazendo o caos resultar em harmonia. Toda personalidade fortemente

    empreendedora sente uma necessidade extraordinria de mandar. J que vive no

    mundo imaginrio do futuro, precisa controlar pessoas e fatos do presente, para

    concentrar-se em seus sonhos (GERBER, 2011, p. 23).

    Timmons (1994) reafirma este conceito dizendo que o fator primordial para algum

    ser empreendedor sua capacidade de empreender. Os comportamentos

    necessrios so: a) responder de forma proativa a desafios e aprender com os

    erros; b) ter iniciativa; e, c) ter perseverana e determinao.

    Seguindo este contexto, Timmons (1994) defende que o empreendedor tem como

    caracterstica bsica o esprito criativo e pesquisador, atravs do qual mantm

    constante busca por novos caminhos e novas solues, sempre amparada na

    identificao das necessidades das pessoas. Dolabela (1999) afirma que o

    empreendedor um fenmeno regional, ou seja, existem cidades, regies, pases,

    alguns mais ou menos empreendedores do que outros.

  • 23

    Novas pesquisas sobre o perfil empreendedor so constantemente propostas, visto

    que eles diferem em suas habilidades, busca de oportunidades, motivao,

    educao, envolvimento social, competncias sociais e orientao de tempo e risco.

    So vrias as caractersticas que fazem parte do perfil de um empreendedor:

    criatividade, inovao, comprometimento, dinamismo, determinao, entre outras

    (DORNELAS, 2008).

    Importa ressaltar, nesse ponto, que este risco assumido pelo empreendedor ser

    feito dentro de parmetros pr-estabelecidos no plano de negcios do

    empreendimento (Chiavenato,2008). Nesse sentido, o plano de negcios ser um

    dos primeiros atos a ser praticado pelo empreendedor e dever abranger todos os

    aspectos no novo negcio. Dever conter os custos e despesas, o objetivo e as

    metas a serem alcanadas. Abranger ainda o potencial de crescimento e o campo

    de atuao do futuro empreendimento. Maiores detalhes sobre este tema ser

    tratado no prximo tpico (HISRICH e PETERS, 2004).

    2.2 Plano de Negcios

    Para Hisrich e Peters (2004, p. 210), o plano de negcios um documento

    preparado pelo empreendedor em que so descritos todos os elementos externos e

    internos relevantes para o incio de um empreendimento. com frequncia, uma

    integrao de planos funcionais como os de marketing, finanas, produo e

    recursos humanos. Nesse mesmo sentido, Cecconello e Ajzental (2008) explicam

    que o plano de negcios necessrio para diversas situaes, seja para ampliar

    uma linha de montagem, verificar a viabilidade de se atender um novo mercado, seja

    para averiguar a viabilidade de um novo negcios.

    Hisrich e Peters (2004) fazem um paralelo comparando o plano de negcio com um

    mapa de estradas. Explica que existem vrias rotas possveis, cada uma exigindo

    planejamento de tempo e custos diferentes. Como o empreendedor, o viajante

    dever tomar algumas decises importantes e reunir informaes antes de preparar

  • 24

    o plano. O plano de negcios dever ser preparado pelo empreendedor aps

    consultar vrias fontes, tais como advogados, contadores, consultores de marketing

    e engenheiros. Todos os dados devero ser compilados em um documento nico

    para serem apresentados a todos os interessados no negcio, desde funcionrios

    at clientes e, principalmente, futuros investidores.

    Um dos elementos iniciais e importantes que o empreendedor precisa saber sobre

    o potencial de mercado para o produto ou servio. Esse mercado dever ser definido

    e descrito no plano de negcios. Aps, isso para avaliar o potencial de mercado, o

    empreendedor dever pensar em associaes comerciais, relatrios do governo,

    internet e estudos publicados. Em alguns casos, essas informaes estaro

    prontamente disponveis (GERBER, 2011).

    O autor frisa que as informaes sobre operaes, e a relevncia de um estudo de

    exequibilidade das operaes de fabricao depende da natureza do negcio. A

    maior parte das informaes necessrias pode ser obtida atravs de contato direto

    com a fonte apropriada. O empreendedor dever utilizar informaes sobre

    localizao da empresa, operaes de fabricao dos produtos, matrias-primas,

    equipamentos da indstria, habilidades dos funcionrios, despesas gerais, e etc.

    O plano de negcios finaliza com as informaes financeiras, o empreendedor deve

    ter uma avaliao completa da rentabilidade do empreendimento. A avaliao dir

    aos investidores em potencial se o negcio ser lucrativo, quanto dinheiro ser

    necessrio para iniciar o negcio e fazer frente s necessidades financeiras de curto

    prazo e como esse dinheiro ser obtido.

    Tradicionalmente, existem reas de informaes financeiras que sero necessrias

    para verificar a viabilidade do novo empreendimento: a) vendas esperadas e

    clculos de despesas para pelo menos os trs primeiros anos; b) clculos de fluxo

    de caixa para os trs primeiros anos; c) clculos de balanos patrimoniais atuais e

    balanos patrimoniais pro forma para os trs primeiros anos (HISRICH e PETERS,

    2004).

    Segundo Hisrich; Peters; Shepherd (2004. p. 210) plano de negcios : "[...] uma

  • 25

    integrao de planos funcionais como os de marketing, finanas, produo e

    recursos humanos". Para Dornelas (2008) o plano de negcio um documento

    utilizado para descrever um empreendimento e o modelo de negcio da empresa e

    envolve aprendizagem e autoconhecimento.

    Todo plano de negcios deve ser elaborado e utilizado seguindo algumas regras bsicas, mas que no so estticas e permitem ao empreendedor utilizar sua criatividade ou o bom senso, enfatizando um ou outro aspecto que mais interessa ao pblico-alvo do plano de negcios em questo. No caso das empresas que j se encontram em funcionamento, ele deve mostrar no apenas onde a empresa quer chegar, mas tambm onde a empresa est no momento, apresentando os valores de seus atuais indicadores de desempenho (DORNELAS, 2008. p. 83).

    Ainda segundo Dornelas (2008), o plano de negcios no pode ser focado somente

    no aspecto financeiro, e sim em todos os indicadores de mercado, pois so todos

    esses fatores que mostram se a empresa ira ter um bom retorno financeiro em longo

    prazo. Cecconello (2008) comenta que o Plano de negcio tem enorme importncia

    para o sucesso do empreendimento, sendo necessrio nas mais diversas situaes:

    seja para ampliar uma linha de montagem, verificar a viabilidade de um novo

    mercado ou negcio, entre outras.

    Dornelas (2008) apresenta uma estrutura de plano de negcios, definida a seguir, no

    QUADRO 2:

  • 26

    QUADRO 2 - Estrutura de um Plano de Negcios proposta por Dornelas

    Componente Descrio

    Capa

    A capa uma parte importante do plano, pois a primeira visualizao do leitor, portanto deve ser feita de maneira limpa e com informaes necessrias.

    Sumrio

    O sumario deve conter o titulo de cada seo do plano e a pagina e onde se encontra e os assuntos relacionados, para facilitar a leitura do plano.

    Sumrio executivo

    Principal diviso (seo) do plano deve espertar o interesse pela continuao ou no da leitura, precisa estar direciona ao publico do plano de negocio.

    Analise estratgica

    Nessa seo so definidos os rumos da empresa, sua viso e misso, as potencialidades e ameaas externas, suas forcas e fraquezas, seus objetivos e metas de negocio.

    Descrio da empresa

    Deve apresentar histrico e informaes da empresa como: Produtos e servios.

    Plano de recursos humanos

    Descreve a forma de gesto de pessoas e processos de Rh, como gesto de renumerao, treinamento, recrutamento e seleo.

    Analise de mercado Descreve como o mercado est segmentado, as oportunidades a ameaas, caracterstica do cliente, analise da concorrncia.

    Estratgias de marketing

    Deve mostrar como a empresa pretende vender seus produtos ou servios no mercado, como conquistar e aumentar seus consumidores.

    Plano financeiro

    Deve apresentar os nmeros do negcio como investimento inicial necessrio, e projees financeiras dos resultados como: fluxo de caixa, Payback, custos fixos e variveis, demonstrao dos resultados.

    Anexo Apresenta documentos e informaes adicionais relevantes para o entendimento do plano de negocio

    Fonte: adaptado de Dornelas (2008).

    O Plano de Negcios, como pode ser visto por essa proposta composto por vrias

    sees que se relacionam e permitem um entendimento global do negcio de forma

    escrita e em poucas pginas.

    2.3 Processo de Tomada de Deciso

    A tomada de deciso fundamental, seja em nvel organizacional, ou em nvel

    pessoal, pesquisadores tericos e empricos e administradores se esforam para

    aperfeioar sua compreenso sobre o processo de tomada de decises. Este

    processo acontece em vrias circunstncias, independente da idade ou posio

    social do individuo, sendo que tais decises so tomadas diariamente nas mais

    variadas aes do dia a dia. Nesta seo ser discutido esse processo.

  • 27

    A tomada de deciso nas organizaes vai exigir cada vez mais trabalhos em equipe

    e maior participao das pessoas. O trabalho em equipe coloca em evidncia os

    procedimentos de dilogo baseados na ideia de que, em uma organizao, a

    comunicao deve ser estimulada visando ao estabelecimento de um pensamento

    comum (ANGELONI, 2003).

    A deciso de modo genrico, possui dois objetos: a ao do momento e a descrio

    de um futuro (SIMON, 1965, p. 54). A ao no momento seleciona o estado de

    coisas futuras e orienta o comportamento rumo alternativa escolhida. A descrio

    de um estado futuro pode remeter a uma escolha correta ou errada a cerca da

    escolha.

    Simon (1965) segue comentando que as decises so tomadas sob diversas

    condies, sob condies de certeza, condies de incerteza e condies de risco.

    As decises programadas normalmente oferecem um grau de risco menor do que as

    decises no-programadas. Em se tratando das decises tomadas sob certeza, o

    decisor tem conhecimento das consequncias ou resultados de todas as

    alternativas, sendo assim, pode escolher a melhor dentre as alternativas propostas.

    Stephen e Coulter (1996, p. 126), enfatizam que:

    A situao ideal para a tomada de decises a de certeza, ou seja, o administrador pode tomar decises precisas, pois o resultado de cada alternativa conhecido. Com relao s decises tomadas sob condies de incertezas, os resultados so desconhecidos e gerados sob probabilidades, onde o decisor tem pouco ou nenhum conhecimento das informaes que formam as alternativas. Na tomada de deciso com risco, todas as alternativas tm um resultado especfico e so projetadas sob probabilidades conhecidas. O tomador de deciso conhece todas as alternativas e sabe que o risco inevitvel.

    Antes a teoria da deciso tratava sobre a deciso tomada por indivduos, sem levar

    em conta que papel eles ocupam no mercado. Seu carter era mais prescritivo do

    que descritivo, adotava uma postura fundamentada na anlise matemtica e no

    raciocnio lgico e em alguns casos no bom senso destilado. Aps alguns anos foi

    percebida a necessidade de uma anlise descritiva para entender como, e em que

    condies as pessoas tomam decises racionais (ETZIONI, 1976).

  • 28

    As decises so algo mais que simples proposies factuais. Para ser mais preciso, elas so descries de um futuro estado de coisas, podendo essa descrio ser verdadeira ou falsa, num sentido emprico. Por outro lado, elas possuem, tambm, uma qualidade imperativa, pois selecionam um estado de coisas futuro em detrimento de outro e orientam o comportamento rumo alternativa escolhida (SIMON, 1965 p.54).

    Numa organizao a todo o momento uma deciso precisa ser tomada e, para tanto,

    precisa-se de mais informaes para tom-la. Isso acontece geralmente quando se

    est diante de um problema que apresenta mais de uma alternativa de soluo,

    mesmo quando, para solucion-lo, h uma nica opo a seguir, pode se ter a

    alternativa de adotar ou no essa opo. Todo este processo de escolher o caminho

    mais adequado tambm conhecido como tomada de deciso (REZENDE 2002).

    Para Katz e Kahn (1970), a tomada de deciso pode surgir por trs dimenses: a) o

    nvel de generalidade ou abstrao da deciso; b) a quantidade de espao

    organizacional externo e interno afetado pela deciso; c) a extenso de tempo para

    o qual a deciso vigorar.

    Katz e Kahn (1970, p. 313) citam Dewey para descrever os quatro estgios no

    processo de soluo de problemas, sendo eles:

    1 - Presses imediatas sobre quem toma deciso; 2 - A anlise do tipo de problema e suas dimenses bsicas; 3 - A procura de solues alternativas; 4 - As consideraes das consequncias das solues alternativas, inclusive a antecipao de vrios tipos de conflitos ps-decisrios e a escolha final.

    Esses quatro estgios citados pelos autores podem ser afetados pela natureza do

    problema, pelo contexto organizacional, pelo grau de limites cognitivos dos seres

    humanos e pelas caractersticas bsicas da personalidade de quem toma a deciso.

    Essa linha de pensamento defendida por Thomaz (2000), que salienta em sua

    obra que no processo de tomada de decises deve ser levado em considerao

    tanto os elementos prprios do problema e das aes, quanto os elementos que

    dependem dos valores e caractersticas do decisor. Para Simon (1965) a deciso

    compreende trs fases: descobrir quando deve ser tomada; identificar os possveis

    cursos de ao e escolher um deles.

  • 29

    Quanto s etapas Simon (1965) descreve o processo de tomada de deciso

    conforme apresentado na FIG. 1.

    FIGURA 1 - O Processo decisrio: modelo de Simon

    Fonte: Proposto a partir de Simon (1965).

    Na etapa da inteligncia ou investigao ocorre a explorao do ambiente onde os

    dados so trabalhados em busca de problemas e oportunidades. Na etapa de

    concepo, ou desenho, ocorre a criao o desenvolvimento e a anlise dos

    possveis cursos de ao. Na etapa de escolha ocorre a seleo de uma alternativa

    de ao e na etapa de reviso ocorre a avaliao de decises passadas. Deve - se

    considerar que entre qualquer uma das etapas o decisor pode voltar para a etapa

    anterior visando elaborar melhor a alternativa na busca de uma soluo que melhor

    satisfaa seus objetivos.

    Segundo Freitas et al. (1997, p. 52):

    As variveis mais importantes que interferem no processo de tomada de decises so: os objetivos da organizao, os critrios de racionalidade e de eficacidade, as informaes (a falta ou excesso, situao de incerteza, complexidade e contedo), raciocnio, valores, crenas, recursos, etc.

    A deciso pede que um indivduo ou grupo escolha uma alternativa entre as

    existentes, podendo ser simples ou complexas, como no caso de uma deciso de

    investimentos, sendo que a mesma poder influenciar as subsequentes (PIDD,

    1998).

    A deciso um processo que pode demorar instantes ou at mesmo anos; carrega

    consigo jogos de poderes e fortemente influenciada pelo tomador da deciso e

    seus aspectos pessoais (GARVIN e ROBERTO, 2001, apud MORENO, 2006). O

    Reviso

    Escolha

    Concepo

    Inteligncia

  • 30

    processo de deciso quando realizado por mais pessoas tende a ser mais assertivo,

    conforme Angeloni (2003, p.22) tende a resultados mais qualificados, aumentando o

    conhecimento da situao de deciso, amenizando, pela agregao de informaes

    e conhecimentos, as distores da viso individualista.

    O processo de deciso no vem simplesmente no intuito de resolver problemas, ele

    tambm abordado no sentido de aproveitar oportunidades, conforme aponta

    Maximiano (2007). O autor prope uma abordagem em cinco fases para esse

    processo, conforme FIG. 2:

    FIGURA 2: Cinco fases do processo de tomada decises

    Fonte:MAXIMIANO, 2007

    O processo apresentado acima inicia-se na identificao do problema ou

    O processo inicia pela identificao de determinada problematizao; aps

    realizado um diagnstico para avaliar a intensidade do problema, e, na sequncia,

    so avaliadas as alternativas para solucion-lo. Aps essa seleo tomada a

    deciso e em seguida avaliados os resultados, que podero apontar para uma nova

    deciso ou pelo trmino desse processo.

    Quanto classificao de problemas sob o ponto de vista do processo decisrio

    podem ser caracterizados em trs categorias: estruturados, semi-estruturados e no-

    estruturados (GOMES; GOMES; ALMEIDA, 2002). O problema tambm pode ser

    classificado por nvel de deciso em: estratgico, ttico e operacional. Os nveis de

    deciso e os problemas podem estar sobrepostos, entretanto a responsabilidade

    pela deciso ser de grupos distintos de deciso.

    Problema Diagnstico

    Alternativas

    Decises Avaliao

    Concepo de alternativas: processo criativo

    Diagnstico: busca de entendimentos

    Frustao, Ansiedade, dvida,

    curiosidade

    Escolha, julgamento e avaliao de alternativas

    Fonte: Maximiano (2007, pg 135)

  • 31

    A escolha pela a utilizao de um modelo de deciso depende de sua finalidade,

    possibilidade de tempo e custo e da complexidade do problema (SHIMIZU, 2001).

    No QUADRO 3 ser apresentado um resumo dos nveis de deciso e tipo de

    problemas que podem surgir na organizao.

    QUADRO 3 - Nveis de deciso e tipos de problema

    NVEL DE DECISO

    OPERACIONAL

    TTICO

    ESTRATGICO

    Estruturados

    Caractersticas

    Bem definido, repetitivo

    Processo definido, resultado varivel

    Objetivo bem definido, alternativas a serem escolhidas

    Durao - Frequncia

    Dias / um ms Meses / um ano Um a cinco anos

    Decisor Chefe de seo Gerente Diretoria

    Exemplos

    Contabilidade / folha de pagamento

    Anlise de oramento, previso a curto prazo

    Investimentos, logstica

    Complexidade Nenhuma Baixa Mdia

    Semi-estruturados

    Caractersticas Bem definido, rotina variada

    Definido em nveis diferentes

    Novos servios, planejamentos

    Durao - Frequncia

    Dias / semana Meses a um ano Anos

    Decisor Chefe de seo Gerente / diretoria Diretoria

    Exemplos

    Programao da produo, controle de estoque

    Financiamentos, prmios, preparar PCP ou oramento

    Nova filial, fuso / aquisio

    Complexidade Baixa Media Alta

    No-estruturados

    Caractersticas Rotina sujeita a imprevistos

    No rotineiras Novos empreendimentos

    Durao - Frequncia

    Dias / por perodo Caso a caso Anos

    Decisor Chefe de seo, gerente

    Gerente / diretor Diretoria, acionistas

    Exemplos

    Capa de revista, layout de jornal, compra de software

    Contrataes, demisses, negociaes, compra de equipamentos

    Novo produto, planejamento de P&D, nova tecnologia

    Complexidade Mdia Alta Muito alta

    Fonte: MELO; ITO 2006.

    Quanto menor a estruturao da deciso relativo ao nvel do problema, maior a

    probabilidade do decisor cometer o erro, principalmente ao se tratar do planejamento

    estratgico da empresa.

  • 32

    2.3.1 Modelos de tomada de deciso

    Para incio dessa seo, sero apresentados os modelos de tomada de deciso, que

    sero sistematizados no QUADRO 4, abaixo, para facilitar a visualizao de suas

    caractersticas. Aps sero detalhadas cada uma delas:

    QUADRO 4 - Modelos de tomada de deciso

    Modelo/Autor Caracterstica Limitaes

    Racional (Simon)

    A racionalidade um fator fundamental para a tomada de deciso;

    Trata a informao objetivamente;

    Evidencia a lgica no processo decisrio;

    Indica que o tomador de deciso no pode envolver-se por otimismo ou pessimismo;

    Analisa as consequncias antes da tomada da deciso;

    O indivduo que toma a

    deciso, por poder passar a

    fazer escolhas que atendam a

    resultados aceitveis e no

    mais a resultados rigorosos.

    Racionalidade Limitada (Simon)

    Organizao vista como uma aliana entre os interesses que a envolvem;

    Informaes e alternativas limitadas;

    Solues escolhidas por estabelecimento de regras;

    Aes limitadas pela reduzida gama de informaes necessrias para o processo decisrio.

    Incrementalista

    (Lindblom e Quim)

    Retrata a necessidade de focalizao das informaes;

    Alternativas decisrias tratadas de maneira flexvel, para atingir o grau almejado;

    Podem acontecer mudanas, entretanto de forma amena;

    Escolha de alternativas aps a confrontao das mesmas;

    Deciso gerada a partir do consenso visando a conformidade entre as partes.

    Por mais amena que seja a mudana o processo pode trazer complicaes.

    Desestruturado

    (Mintzberg)

    Processo decisrio dinmico e com interferncia;

    Modelo aplicvel em nvel de incerteza alto;

    Podem existir constantes mudanas;

    Fases: identificao, deciso e seleo. Aps so geradas rotinas de apoio ao processo decisrio.

    Utilizao da intuio para tomar a deciso, podendo demandar muito tempo.

    Lata de Lixo

    (Cohen, March e Olsen)

    O gestor no procura identificar e analisar o problema para selecionar alternativas;

    Trata do processo decisrio em ambientes altamente imprecisos;

    Viso estratgica global fragmentada.

    Fonte: Organizada pela autora.

    Como pode ser avaliado no quadro anterior, no existe frmula exata para a tomada

    de deciso, o que existe so vrias informaes, cabendo ao responsvel pela

    deciso escolher as que acredita ser corretas e que tenha capacidade de analisar, e

    que por meio delas possa ter argumentos suficientes para sua deciso.

  • 33

    A tomada de deciso tem, segundo Roldan e Miyake (2004), basicamente quatro

    dificuldades: complexidade, incerteza inerente deciso, objetivos mltiplos que se

    inter-relacionam e a possibilidade de diferentes perspectivas levando a diferentes

    concluses de anlise.

    Para Ferreira (2010), quando se conhece a complexidade da tomada de deciso,

    entende-se que em geral os decisores no so maus tomadores de deciso, mas

    na verdade ficam aqum do comportamento objetivamente racional, e o fazem de

    modos especficos e sistemticos. A questo para ele : o que pode ser feito para

    corrigir essas deficincias?

    O modelo de deciso baseado na racionalidade possibilita uma variedade de

    conselhos prescritivos, contudo uma estratgia concreta e complementar para se

    tomar decises estratgicas adquirir experincia e conhecimento tcnico.

    2.3.1.1 Modelo racional

    O modelo racional baseado na teoria microeconmica neoclssica, que considera

    a racionalidade um fator crucial para a tomada de deciso, e trata a informao de

    forma objetiva e evidencia a lgica no processo decisrio: o decisor no pode ser

    influenciado pelo otimismo ou pelo pessimismo (Bernstein, 1997). A teoria da

    racionalidade de Simon (1970) ocupa-se da seleo de alternativas de

    comportamento preferidas de acordo com algum sistema de valores que permite

    avaliar as consequncias desse comportamento (SIMON, 1970, p. 78).

    O comportamento racional do indivduo pode ocorrer de duas formas: subjetiva,

    quando o indivduo, de posse de um planejamento, acredita que esse chegar aos

    objetivos mensurados; e objetiva, em que o comportamento ser considerado

    racional somente quando se alcanar o objetivo mensurado (SIMON, 1970).

    Segue o autor comentando que a racionalidade objetiva sugere que o indivduo

    atuante ajuste seu comportamento a um sistema integrado por meio da viso

  • 34

    panormica das alternativas e comportamento, da considerao de todo o complexo

    de consequncias que adviro de cada escolha e da escolha, tomando o sistema de

    valores como critrio, de uma alternativa entre todas aquelas disponveis.

    O autor ainda frisa que o comportamento real no alcana racionalidade objetiva

    pelo menos em trs aspectos diferentes: a) a racionalidade requer um conhecimento

    completo e antecipado das consequncias resultantes de cada opo; b) a

    imaginao deve suprir a falta de experincia em atribuir-lhes valores; c) a

    racionalidade pressupe uma opo entre todos os possveis comportamentos

    alternativos.

    Segundo Motta (1988, p. 81):

    A deciso sob a perspectiva da racionalidade, no mbito das organizaes, baseada no pressuposto de que o fluxo de produo e anlise de informaes ocorrer num processo seqencial em que os participantes contribuiro eficientemente e desinteressadamente para o melhor desempenho organizacional.

    Ao tratar do processo decisrio necessrio levar em considerao os aspectos da

    racionalidade que o cerceiam. Para Simon (1970 p. 64) uma teoria das decises

    administrativas ter, forosamente, que se preocupar de certa maneira com os

    aspectos racionais da escolha. Na viso de Motta (1988, p. 81) nessa perspectiva

    da racionalidade nas organizaes, a mesma se baseia no pressuposto de que o

    fluxo de produo e anlise de informaes ocorrer num processo sequencial em

    que os participantes contribuiro eficientemente e desinteressadamente para o

    melhor desempenho organizacional. Dessa forma o processo decisrio racional

    poder estar configurado conforme o QUADRO 5.

  • 35

    QUADRO 5 - Processo decisrio Racional.

    Fases

    Descrio

    Deteco do Problema

    Buscado por meio dos sensores que a organizao possui e que possibilitam a tomada de conhecimento das disfunes organizacionais que as levam a caminhos diferentes dos planejados, podendo comprometer a consecuo de suas metas.

    Incio do fluxo de produo do processo decisrio

    Coleta de informaes: a fase do diagnstico, que visa a reunio do maior nmero de dados possveis para a realizao dos planos; Anlise criteriosa de informaes: estabelece uma correlao das informaes coletadas com variveis presentes, visando atribuir-lhes relevncia para serem utilizadas na soluo do problema; Identificao das alternativas: busca realizada por vrios mecanismos como: brainstorming, concursos, consultorias, benchmarking etc. Aps elege-se um critrio de julgamento de alternativas por meio de uma lista de quesitos por pesos e importncia para a organizao; Opo pela melhor alternativa: aps aplicar o critrio de seleo da melhor alternativa, faz-se a efetiva escolha; Consecuo dos objetivos organizacionais: ao implementar a alternativa escolhida, visa-se a consecuo dos objetivos organizacionais no tempo previsto.

    Fonte: proposto pela autora a partir de Simon (1970).

    Neste modelo de tomada de deciso cria-se uma imagem de que o homem raciocina

    como uma calculadora, mas sabe-se que os seres humanos reais no tomam todas

    as decises desta forma. Em vez disso, eles tendem a usar o que o autor chama de

    racionalidade limitada e regras empricas chamadas heursticas, e deixam que as

    tendncias influenciem suas decises (SIMON, 1970).

    Por este motivo, os gestores das organizaes procuram fazer escolhas que podem

    retratar diferentes foras que podem impulsionar o processo de tomada de deciso.

    Segundo Bazerman (2004) os tomadores de deciso deveriam ser capazes de

    definir com perfeio o problema em situao de escolha, a fim de chegar ao melhor

    resultado possvel em um processo decisrio.

    A tomada de deciso uma ao humana e comportamental. Ela envolve a seleo,

    consciente ou inconsciente, de determinadas informaes e aes entre aquelas

    que so fisicamente possveis para o decisor e para aquelas pessoas sobre as quais

    ele exerce influncia e autoridade. Segundo Stephen e Coulter (1996) os decisores

    deveriam usar um processo racional de tomada de deciso, ou seja, fazer escolhas

    consistentes, maximizando o valor dentro de limitaes especficas.

  • 36

    O modelo racional baseia-se na teoria microeconmica neoclssica, em que a

    racionalidade fator fundamental para a tomada de deciso. Trata a informao

    objetivamente e evidencia a lgica no processo decisrio, em que o tomador de

    deciso no pode deixar envolver-se por otimismo ou pessimismo (BERNSTEIN,

    1997).

    Para Baron (1994 apud DACORSO, 2000), as tomadas de deciso de forma racional

    decorrem da utilizao de mtodos que levam o administrador escolha da melhor

    soluo para alcanar os objetivos pretendidos, sem que, necessariamente, deva

    existir ausncia de erros. Apesar da utilizao da racionalidade, o administrador

    poder fazer suas escolhas baseado em crenas que, anteriormente, foram

    concebidas de modo irracional.

    Bandeira (2006) considera que a racionalidade do processo decisrio nasce

    conforme a escolha do administrador, a partir de alternativas viveis. O processo de

    escolha racional, entretanto, demonstra as limitaes do ser humano que conduz o

    tomador de deciso a no mais fazer escolhas que o levem rigorosidade nos

    resultados, mais a resultados aceitveis, dentro das metas organizacionais.

    2.3.1.2 Modelo da racionalidade limitada

    Em 1978, Simon recebe o prmio Nobel de economia pela publicao da teoria da

    racionalidade limitada, em que se preocupava em considerar a importncia dos

    aspectos cognitivos envolvidos no processo decisrio, pois percebeu os limites da

    racionalidade humana (MELO e ITO, 2006).

    Os autores explicam que a racionalidade do procedimento no uma contradio

    em relao racionalidade limitada e nem uma alternativa a essa. A diferena

    que na racionalidade limitada o foco est na limitao do processamento de

    informaes relevantes para a tomada de deciso em si, enquanto na racionalidade

    do procedimento o foco recai sobre os processos cognitivos pelos quais os agentes

    constroem (e descartam) as alternativas possveis para tomada de decises.

  • 37

    Vale destacar que a racionalidade limitada trata da incapacidade paramtrica dos

    modelos mentais de considerar toda a complexidade do ambiente, enquanto que a

    racionalidade do procedimento trata da forma como os padres subjetivos so

    construdos e como influenciam, a cada problema, as decises dos agentes

    econmicos. A investigao do procedimento de construes de solues racionais

    juntamente como modelos mentais importante porque indicam como se formam as

    percepes, a reao aos estmulos, o padro de construo de solues e as

    condutas individuais dos agentes econmicos e como aprendem (DISE, MARENGO

    e FAGIOLO, 2003; SERI, 2003).

    O modelo da racionalidade limitada, para Aidar (2006), trata da impossibilidade do

    administrador ter acesso a todas as possibilidades de aes de modo a conseguir

    avaliar todas as alternativas. A partir dessa perspectiva a organizao tida como

    uma aliana entre vrios interesses que a envolvem e o processo decisrio advm

    de acordos entre os decisores, conforme suas preferncias.

    2.3.1.3 Modelo incrementalista

    A abordagem incremental questiona os pressupostos da viso racional de deciso.

    Os incrementalistas assumem que valores e polticas so escolhidos

    simultaneamente, em um processo marcado pela interdependncia (GONTIJO;

    MAIA, 2004).

    O modelo incremental demonstra a incoerncia do racionalismo e a necessidade de

    focalizao das informaes. Esse modelo apresenta uma srie de tentativas

    escolhidas por anlises e avaliaes em que as aes so discutidas de maneira

    flexvel at atingir a condio desejada (GIRO; VILLAS BOAS FILHO; SILVA

    JUNIOR, 2006).

    Para Lindblom (1959) o tomador de decises concentrar sua ateno em valores

    marginais, os valores relevantes para sua escolha sero os incrementais e no os

    de formulao geral. J Etizioni (1967) evidencia a dualidade existente entre

    decises de formulao geral ou fundamentais e processos marginais.

  • 38

    Este modelo desenvolvido minimiza a importncia das decises fundamentais e

    supervaloriza as decises de natureza incremental. Afirma ainda o autor que a

    cadeia de incrementos deve ser entendida como uma sucesso de decises

    fundamentais e marginais, onde a deciso anterior base para a posterior e assim

    sucessivamente. Etizioni (1967) afirma que os incrementalistas procuram um mtodo

    capaz de descentralizar e democratizar decises. Tal enfoque permite a

    concordncia e a convivncia de diferentes ideologias em um mesmo grupo social,

    mesmo que existam diferenas de orientao e princpios pode ocorrer consenso na

    validade de propostas concretas especificas.

    Sendo assim, os incrementalistas assumem que a seleo de valores e a anlise

    emprica no se realizam distintamente no tempo e sem influncia mtua. Ao

    contrrio, valores e polticas so escolhidos simultaneamente e num processo

    marcado pela interdependncia (FERREIRA; NEGREIROS, 2008).

    Mas para Lindblom (1959), o tomador de deciso, mesmo de posse de um grupo de

    valores e objetivos amplamente aceitos e hierarquicamente bem definidos,

    concentrar sua ateno em valores marginais. Os valores relevantes para sua

    escolha sero os incrementais e no os de formulao geral, visto que se

    constituiro naqueles atravs dos quais o decisor realizar a diferenciao entre

    duas ou mais alternativas de ao.

    A escolha dos objetivos no independente dos valores e, neste sentido, sua

    implementao estar sujeita a todo tipo de interferncia, posto que cada ator

    envolvido ter sua percepo do problema e de sua soluo. Desta forma, entendeu

    Lindblom (1959) que, nestas circunstncias, os decisores, por fora de sua baixa

    capacidade cognitiva da situao, optam por reduzir drasticamente suas opes, de

    modo a poder fazer comparaes rpidas e fceis e decidir agilmente. Neste

    sentido, como se observa, a anlise incremental se encaixa na abordagem de

    racionalidade limitada.

    Em 1979, Lindblom revisitou este seu modelo, nascendo o Incrementalismo. Neste,

    o prprio incrementalismo seria um continuum, onde de um lado teramos a

  • 39

    abordagem racional pura e, do outro, a incremental. Aqui, os administradores

    selecionam cursos de ao de forma incremental, diferentes daqueles j utilizados, e

    vo corrigindo ou evitando erros atravs de sucessivas mudanas incrementais, que

    podem levar a um curso de ao completamente novo.

    No modelo incrementalista os administradores no se limitam a restringir objetivos e

    avaliar as instabilidades para alcan-los, ao contrrio, passam a selecion-las aps

    confront-las tendendo obter os resultados aspirados. Dessa forma a deciso

    adequada determinada a partir de uma consonncia visando garantir o consenso

    entre os interessados (RASKIN, 2006).

    Entende-se que no processo de tomadas de deciso, as aes diferem das

    anteriormente utilizadas, de forma a corrigir ou evitar erros pelas sucessivas

    mudanas incrementais, levando a organizao a um novo curso de ao. Durante o

    processo, o curso de ao e os objetivos organizacionais podem mudar (PRADOO;

    BANDEIRA, 2006).

    2.3.1.4 Modelo desestruturado

    O modelo desestruturado entendido como dinmico e com interferncias. Nesse

    modelo o administrador tem pouco conhecimento do problema, das alternativas, e

    das possveis solues. Mintzberg (1985) que foi seu propositor, denominou as at

    ento conhecidas decises no programadas de decises estratgicas

    desestruturadas (CORNLIO, 1999).

    Esse modelo mais utilizado em nveis de incerteza alto, pois o processo decisrio

    no linear desenvolvendo-se de forma no previsvel, quando as organizaes

    encontram dificuldades reavaliam as alternativas e voltam atrs at que seja

    possvel tomar a deciso final, fatores esses que o caracterizam como

    desestruturado, devido as constantes mudanas (RASKIN, 2006).

    Mintzberg (1995) apresenta trs fases que compe esse processo decisrio, sendo

    elas: identificao, realiza-se o reconhecimento e o diagnostico da situao;

  • 40

    desenvolvimento, pesquisa-se solues alternativas e de delineamento ou realiza-se

    o projeto da soluo; e, seleo, esta fase pode ser dividida em trs etapas, pr-

    seleo, avaliao, autorizao.

    O autor segue discorrendo que aps essas trs fases da tomada de deciso

    emergem as rotinas que apoiam o processo decisrio, sendo elas: controle, que a

    condutora do processo; comunicao responsvel por fornecer informaes e

    elaborar relatrios; polticas que deixa livre o decisor para procurar solues prprias

    em um ambiente propicio a influenci-lo.

    O modelo desestruturado foi proposto por Mintzberg, que denominou as decises

    no-programadas de decises estratgicas desestruturadas. Segundo esse modelo,

    no incio do processo decisrio, o administrador possui pouco conhecimento do

    problema, das alternativas e das possveis solues. Nesse modelo, o processo

    decisrio caracterizado como dinmico e com interferncias (CORNLIO, 1999).

    2.3.1.5 Modelo da Lata de Lixo

    Nesse modelo o gestor no procura identificar e analisar o problema para escolher

    as alternativas; tambm conhecido como modelo de deciso por omisso. O

    modelo trata do processo decisrio em ambientes altamente ambguos. Segundo

    March e Olsen (1976, citado por ZANELA, 1999), a ambigidade pode aparecer por

    trs maneiras: pelas preferncias problemticas, quando os tomadores de deciso

    podem possuir preferncias inconsistentes e mal definidas; quando as pessoas

    possuem apenas uma leve compreenso dos fins e dos meios; quando os

    tomadores de deciso vm e vo atravs do processo.

    Pode ser percebido, segundo os autores, uma fragmentao da viso estratgica da

    empresa numa serie de escolhas parciais, os subsistemas podem obedecer a

    diferentes calendrios. Entende-se que nesse modelo a deciso ocorre por

    escolhas, procurando por problemas; problemas, procurando por escolhas;

    solues, procurando por problemas para responder; e decisores, procurando por

    alguma coisa para decidir. Dessa forma, as solues so anteriores aos problemas.

  • 41

    Neste contexto pode ser percebido que na lata de lixo esto os problemas

    disponveis, cabendo aos indivduos ir at ela procurar problemas para serem

    resolvidos.

    O modelo da lata de lixo ou deciso por omisso, de Cohen, March e Olsen (1976),

    leva em conta a deciso tomada sem a devida consistncia. O gestor no procura

    identificar e analisar o problema para, ento, delinear as alternativas possveis de

    soluo (DACORSO, 2000).

    Conforme March e Olsen (1976, apud ZANELA, 1999), esse modelo trata do

    processo decisrio em ambientes altamente ambguos, denominados anarquias

    organizadas". Essa ambigidade aparece de trs maneiras:

    preferncias problemticas: os tomadores de deciso, s vezes, possuem

    preferncias inconsistentes e mal definidas, sendo suscetveis a descobrir suas

    metas e entender suas prioridades atravs da ao;

    as pessoas possuem apenas uma leve compreenso dos fins e dos meios. Os

    participantes da organizao ganham conhecimento por tentativa e erro, mas sem

    um claro entendimento de causas subjacentes;

    anarquias organizadas (as organizaes) tm a caracterstica de leve participao.

    Os tomadores de deciso vm e vo atravs do processo.

    Conforme Prado e Bandeira (2006) entende-se que a deciso ocorre por escolhas,

    procurando por problemas; problemas, procurando por escolhas; solues,

    procurando por problemas para responder; e decisores, procurando por alguma

    coisa para decidir.

    2.3.2 As caractersticas e informaes na tomada de deciso

    Quanto ao tomador de deciso, Souza (2002) cita Steiner Neto quanto a realizao

    de um estudo sobre suas caractersticas no momento do risco, que ser

    apresentado no QUADRO 6, abaixo:

  • 42

    QUADRO 6 - Caractersticas do tomador de decises perante o risco

    Autor Ano Varivel Concluso

    Vroom e Pahl

    1971

    Idade

    Gerentes mais jovens estariam dispostos a correr maiores riscos.

    Vroom e Pahl

    1971

    Funes

    No h diferenas significativas no comportamento perante o risco de gerentes de diferentes categorias funcionais.

    Hambrick e Mason

    1984

    Idade

    Executivos mais jovens estariam mais propensos a estratgias de alto risco.

    Maccrimmon e Wehrung

    1986

    Nvel Hierrquico

    Executivos de posies hierrquicas mais elevadas seriam mais propensos ao risco.

    Maccrimmon e Wehrung

    1986

    Idade

    Gerentes mais idosos seriam mais aversos ao risco, diferentemente dos mais jovens.

    Maccrimmon e Wehrung

    1986

    Educao

    Executivos com ps-graduao estariam mais propensos ao risco do que aqueles que possuem apenas a graduao ou o secundrio completo.

    Maccrimmon e Wehrung

    1986

    Experincia Profissional

    A experincia, medida em anos de trabalho, no permite concluir se h relao com o comportamento de aceitao ou averso ao risco.

    Maccrimmon e Wehrung

    1986

    Experincia Profissional

    Quanto maior a experincia, medida em percentagem do tempo total da carreira gasto numa mesma empresa, maior a averso ao risco.

    Irelandetal

    1987

    Nvel Hierrquico

    O processo de deciso e a incerteza perante o ambiente varia de acordo com o nvel hierrquico

    Fonte: Steiner Neto, 1998. apud Steiner Neto; Predebon; Souza 2002.

    Quando se consideram as decises nas empresas, necessrio verificar alguns

    aspectos que facilitam seu melhor entendimento. O sucesso de uma deciso pode

    depender de um processo de escolha adequado, inclusive quanto a suas fases

    bsicas (OLIVEIRA, 2005, p. 54). Neste contexto, o processo administrativo

    apresenta a tomada de decises como elemento bsico, para um adequado

    processo decisrio, necessrio ter um sistema de informaes eficiente.

    Nas tomadas de deciso empresariais a informao para negcios usada para

    reduo de incertezas, monitorao da concorrncia, identificao de ameaas e

    oportunidades e melhoria da competitividade. Embora essa necessidade sempre se

    fizesse presente, com a globalizao econmica sua importncia passou a ser ainda

    maior (CENDN, 2002).

    A informao um dos principais insumos para a tomada de deciso em organizaes. O conjunto de informaes usadas pelos administradores na reduo de incertezas tem sido chamado de informao para negcios (CENDN, 2002 p. 30).

    Existe, atualmente, uma enorme variedade de fontes de informao sobre o

    ambiente externo das organizaes. Essas fontes abrangem os mais diversos

  • 43

    aspectos do ambiente empresarial e constituem importante recurso de informao

    para os negcios (BARBOSA, 2002).

    Os trabalhos de Cendn, (2002) e Barbosa (2002) abordam uma srie de estudos

    que desencadeiam na analise de tipos de grupos de informaes e suas

    caractersticas conforme observado no QUADRO 7, abaixo:

    QUADRO 7 - Grupos de informaes

    Grupos Caractersticas Cendn (2002)

    Grupos Caractersticas Sutton (1988)

    Informaes Mercadolgicas

    Anlises de fatias de mercado, padres de consumo e gastos de consumidores, estudos de seus comportamento e estilos de vida, pesquisas de opinio, informao sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas de audincia de canais de rdio e televiso.

    Fontes Internas

    Setores de vendas, de pesquisa mercadolgica, de planejamento, de engenharia, de compras, anlise de produtos concorrentes, ex-empregados de concorrentes

    Informaes Financeiras

    Desempenho financeiro de empresas, mercado financeiro e outras informaes para investimento, disponibilidade de assistncia financeira, taxas de cmbio, custo de crdito. Etc

    Contatos Diretos com o

    Setor de Negcios

    Clientes, encontros, demonstraes de vendas, distribuidores, fornecedores, associaes comerciais, consultores, varejistas, empregados dos concorrentes; agncias de publicidade

    Informaes Estatsticas

    Recenseamentos, ndices econmicos ou estatsticas sobre indstrias.

    Informaes Publicadas

    Peridicos do setor, material promocional das empresas, relatrios anuais, relatrios de analistas financeiros, peridicos financeiros, discursos dos gerentes, peridicos de negcios, jornais nacionais e locais, diretrios, publicaes governamentais;

    Informaes sobre Empresas e

    Produtos

    Histrico de uma empresa, diretrios com perfis de empresas e informaes sobre fuses e aquisies.

    Outras Fontes

    Analistas financeiros, bases de dados eletrnicas, bancos de investimento e comerciais, anncios.

    Informaes Jurdicas

    Leis e regulamentao de impostos e taxaes

    Fonte: Adaptado de Cendn,(2002)

    Como pode ser observado no quadro, no existe uma nica fonte ou um nico

    modelo a ser adotado para a utilizao da informao; o mais importante a busca

  • 44

    por variadas fontes de informao para que se encontrem informaes adequadas

    para cada deciso a ser tomada.

    Para a construo dessa base terica foram realizadas discusses sobre

    empreendedorismo, plano de negcios, processo de tomada de deciso e seus

    modelos.

    Concluindo, os principais conceitos a serem utilizados nessa dissertao so

    apresentados na sequncia. Para empreendedorismo ser utilizado o conceito de

    Dornelas (2001): a essncia do empreendedorismo est na percepo e no

    aproveitamento das novas oportunidades no mbito dos negcios tradicionais,

    constantemente criando novos produtos, novos mtodos de produo e novos

    mercados, sobrepondo aos antigos mtodos menos eficientes e mais caros.

    Para empreendedor ser utilizado o conceito de Degen (2009): os empreendedores

    apresentam elevada necessidade de realizao pessoal em relao s pessoas da

    populao em geral, esto dispostos a assumir riscos ao incio do negcio,

    demonstram motivao e possuem autoconfiana para enfrentar os desafios.

    No que concerne deciso, o conceito selecionado foi o de Simon (1965, p.54): A

    deciso, de modo genrico, possui dois objetos: a ao do momento e a descrio

    de um futuro. Na sequncia so apresentados os modelos de deciso, e para eles

    foram escolhidos os seguintes conceitos.

    Quanto teoria da racionalidade foi escolhido o modelo de Simon (1970, p.78):

    ocupa-se da seleo de alternativas de comportamento preferidas de acordo com

    algum sistema de valores que permite avaliar as consequncias desse

    comportamento. Para a racionalidade limitada foi selecionado o conceito de Melo e

    Ito (2006) que consideram a importncia dos aspectos cognitivos envolvidos no

    processo decisrio, pois perceberam os limites da racionalidade humana.

    No modelo Incrementalista, Gontijo e Maia (2004) afirmam que os incrementalistas

    assumem que valores e polticas so escolhidos simultaneamente, em um processo

    marcado pela interdependncia. Quanto ao modelo Desestruturado, Cornlio (1999)

  • 45

    afirma que o mesmo entendido como dinmico e com interferncias. Nesse

    modelo o administrador tem pouco conhecimento do problema, das alternativas, e

    das possveis solues. J para o modelo da Lata de Lixo March e Olsen (1976,

    citado por ZANELA, 1999) afirmam que nesse modelo o gestor no procura

    identificar e analisar o problema para escolher as alternativas, tambm conhecido

    como modelo de deciso por omisso.

  • 46

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Toda e qualquer tarefa a ser realizada necessita de mtodos que conduzem e

    direcionam na busca pelos objetivos determinados. Neste captulo ser abordada a

    metodologia utilizada na pesquisa para a soluo da problemtica proposta.

    3.1 Caracterizao da Pesquisa

    Com relao ao tipo de pesquisa se caracteriza por pesquisa descritiva, sendo

    realizada com o intuito de obter informaes, estudar os fatos, e descrev-los

    efetivamente como acontecem no momento da tomada de deciso de seleo de

    ideia e viabilidade de implantao das empresas.

    A pesquisa descritiva estuda os fatos e fenmenos fsicos e humanos sem que o pesquisador interfira, utilizando tcnica de observao, registro, anlise e correlao de fatos sem manipul-los. uma modalidade utilizada principalmente pelas cincias humanas e sociais (DMITRUK, 2004, p. 73).

    Para Gil (1999, p. 81), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever

    caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de

    relaes entre as variveis. Uma das caractersticas mais significativas est na

    utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados.

    Esse tipo de pesquisa foi escolhido, pois foi realizada uma entrevista com questes

    abertas juntamente a trs empreendedores da regio oeste do estado de Santa

    Catarina, com o intuito de descrever o processo de tomada de deciso para a

    abertura de um empreendimento.

    Com relao a natureza da pesquisa, a mesma pode ser caracterizada como

    qualitativa.

    [...] a pesquisa qualitativa apropriada nos casos de avaliao formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de um programa, ou plano, ou quando o caso da proposio de planos, ou seja, quando se trata de selecionar as metas de um programa e construir uma interveno, mas no adequada para avaliar resultados de programas ou planos (ROESCH, 1999, p. 155).

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    O estudo tem uma abrangncia qualitativa. Segundo Minayo (1995, p. 21-2):

    A pesquisa qualitativa responde a questes muito particulares. Ela se preocupa, nas cincias sociais, com um nvel de realidade que no pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspiraes, crenas, valores e atitudes, o que corresponde a um espao mais profundo das relaes dos processos e dos fenmenos que no podem ser reduzidos operacionalizao de variveis.

    Abordagens qualitativas no se preocupam em es