Upload
sergiorabassa
View
220
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
1/72
i
FACULDADES COC
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
BACHARELADO EM ADMINISTRAO
ANLISE DO PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARAFRANQUIA: UM ESTUDO DE CASO NA ICE BY NICE
Bruna Corteletti Erler
Gabriela Perticarrari Punhague
Orientador: Joo Paulo L. de Oliveira
RIBEIRO PRETO
2010
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
2/72
ii
BRUNA CORTELETTI ERLER
GABRIELA PERTICARRARI PUNHAGUE
ANLISE DO PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA:UM ESTUDO DE CASO NA ICE BY NICE
Trabalho de concluso de curso apresentado s
Faculdades COC de Ribeiro Preto, como
parte dos requisitos para obteno do grau de
Bacharel em Administrao de Empresas.
Orientador: Joo Paulo L. de Oliveira
RIBEIRO PRETO
2010
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
3/72
iii
E69a Erler, Bruna Corteletti.Anlise do processo de transio de parceria para franquia: um
estudo de caso na Ice By Nice. Bruna Corteletti Erler. - RibeiroPreto, 2010.
56 f.il.
Autores: Gabriela Perticarrari Punhague.Orientador: Prof. Joo Paulo L. de Oliveira.Monografia (Trabalho de Concluso de Curso) - Faculdades
COC, como exigncia para obteno do grau de Bacharel em
Administrao de Empresas.
1. Franquia. 2. Estratgia de Expanso. I. Ttulo. II. Oliveira,Joo Paulo L. de.
CDD 658
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
4/72
iv
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
Aluno: Bruna Corteletti ErlerCdigo: 5479
Aluno: Gabriela Perticarrari Punhague
Cdigo: 5508
Curso: Administrao de Empresas
Semestre/Ano: 2/2010
Tema: Anlise do Processo de Transio de Parceria para Franquia: Um estudo de Caso na
Ice by Nice
Objetivos pretendidos: Estudo do processo de criao de franquia numa empresa que operano setor alimentcio com um acordo de parceria.
_____/_____/________ __________________________________
Joo Paulo L. de Oliveira
Orientador
_____/_____/________ __________________________________
Bruna Corteletti ErlerAluno
_____/_____/________ __________________________________
Gabriela Perticarrari PunhagueAluno
_____/_____/________ __________________________________
Joo Paulo L. de OliveiraCoordenador
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
5/72
v
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
FORMULRIO DE AVALIAO FATCC
Tema do trabalho: Anlise do Processo de Transio de Parceria para Franquia: Um estudo
de Caso na Ice by Nice
Data da apresentao: _____/______/______
Horrio: ____________
Local: _________________________________
Comisso Julgadora:
1) Professor Orientador: _____________________________________________________
2) Professor da rea: ________________________________________________________
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
6/72
vi
Folha de pontuao
Fatores de Avaliao Pontuao (0.0 a 2.0)
1. Atualidade e relevncia do tema proposto.2. Linguagem tcnica utilizada em relao ao tema e aos
objetivos, e competncia lingstica.
3. Aspectos metodolgicos e formais da editorao do trabalhoescrito - seqncia lgica e coerncia interna.
4. Reviso Bibliogrfica realizada em relao ao temapesquisado.
5. Apresentao oral segurana e coerncia em relao aotrabalho escrito.
Mdia: ____________ (_______________________________________________________)
Assinaturas dos membros da Comisso Julgadora:
1) _____/_____/______ ____________________________________________________
2) _____/_____/______ ____________________________________________________
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
7/72
VII
nossa famlia,
pelo crdito e apoio.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
8/72
VIII
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradecemos ao nosso orientador, professor, coordenador e amigo, Joo Paulo
L. de Oliveira pela oportunidade nica de sermos suas orientandas, pelos valiosos conselhos,
ajuda, confiana e pacincia. Obrigada por ser essa pessoa especial!
s Faculdades COC e a todos os professores que contriburam cada um em sua rea, para que
ns tivssemos uma formao multidisciplinar.
todos os nossos colegas de sala, que nos ajudaram e nos acompanharam esses quatro anos,
e principalmente, nesses ltimos semestres, pela pacincia e colaborao, quando a tenso eadrenalina estavam muito altos.
Aos nossos familiares por nos apoiar sempre e ter tanta pacincia, principalmente nesses
ltimos anos.
Ice by Nice e aos entrevistados que se dispuseram a colaborar com esse trabalho de forma
to atenciosa.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
9/72
IX
Estratgia a arte ou cincia de saber
identificar e empregar meios disponveis paraatingir determinados fins, apesar de a eles se
oporem obstculos e ou antagonismos
conhecidos.
Sun Tzu
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
10/72
X
RESUMO
Ofranchising tem sido a escolha de muitos brasileiros que desejam ter o seu prprio negcio e no possuemexperincia no mercado. A opo de abrir uma franquia se d pela diminuio dos riscos, por comercializar umproduto/servio j aceito e testado pelo mercado. Em contrapartida, muitas empresas optam por tornar-se umarede franqueadora com a expectativa de um crescimento mais rpido. Com a criao da Lei 8.955 em 1994,surgiu a regulamentao a ser seguida pelas redes, o que padronizou os contratos e operaes. Este estudo seprope a analisar o processo de transio de parceria pra franquia da Ice by Nice, empresa que atua no setoralimentcio, mais especificamente na produo e comercializao de sorvetes. A empresa selecionada para oestudo de caso conta com ajuda de parceiros para a venda desses sovertes (atua como forma de parceria), e estcaminhando para se tornar uma franquia. Devido a isso foi realizado um estudo que possibilitasse identificar aspossveis resistncias dos parceiros nessa transio junto com a viso positiva do criador da marca. Alm decomparar os pontos de vista do futuro franqueador e dos futuros franqueados, com suas vantagens edesvantagens. Dessa forma, este estudo foi desenvolvido para entender como funciona o sistema de franquias etodas as suas particularidades, como: a evoluo do sistema, as vantagens e desvantagens para ambos osparticipantes, os aspectos jurdicos e as taxas existentes. Para atingir os objetivos propostos, buscou-se umreferencial terico sobre o modelo de franquia, optou-se pela realizao de um estudo de caso exploratrio dotipo qualitativo, utilizando-se como ferramenta entrevistas em profundidade. Os resultados sugerem que oprocesso de transio de parceria para franquia se dar de forma gradativa, diminuindo ao mximo a resistncia
dos parceiros, e com isso um prazo de adaptao para os parceiros que j trabalham com a marca. Percebeu-seainda que algumas providncias sero necessrias para acompanhar a expanso do negcio, diminuindo assim asdificuldades de controle existentes numa rede maior. Constatou-se que com o estudo de reposicionamento damarca pelo qual a empresa esta passando seu objetivo de tornar-se uma rede franqueadora ser atingido numperodo de tempo no muito longo, seguindo uma alta padronizao, baseada na COF (Circular de Oferta deFranquia) estabelecida, com o acompanhamento contnuo de consultores da sede em seus franqueados,disponibilizando todo o apoio necessrio. E ainda fortalecida com um novo mix de produtos mais abrangente etambm com uma ofensiva estrutura de marketing (melhorando a questo da divulgao e propaganda dosprodutos).
Palavras chave: Franquia; Parceria; Estratgia de Expanso.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
11/72
XI
ABSTRACT Franchising has been the choice of many Brazilians who want to run their own business and have no experiencein the market. The option of opening a franchise is reducing the risk by marketing a product / service alreadytested and accepted by the market. In contrast, many companies choose to become a franchisor network with the
expectation of faster growth. With the creation of Law 8,955 in 1994, came the rules to be followed by thenetworks, which standardized the agreements and transactions. This study aims to analyze the Ice by Nicestransition from partnership to franchise.Ice by Nice is a company operating in the food industry, specifically inthe production and marketing of ice cream. And it counts on partners helping to sale these ice creams (it acts as aform of partnership), and it is in progress to become a franchise. Due to the law, they carried out a study thatmay identify the possible partners resistance in this transition with a positive vision of the brands creator;besides comparing the future franchisors and future franchisees point of view, with its advantages anddisadvantages. Thus, this study was designed to understand the franchises system and all its peculiarities, suchas: the systems evolution, the advantages and disadvantages to both participants, legal aspects and the existingrates. To achieve the goals proposed, they sought a theoretical framework about the franchise model, and optedfor conducting an exploratory case study of qualitative type, using as a tool many interviews. The results suggestthat the transition from partnership to franchise will occur gradually, reducing the maximum of the partnersresistance, and thus an adaptation period to the partners already working with the brand. There were also somesteps that are required to follow the business expansion, thereby reducing the existing difficulties of control in alarger network. It was noticed that with the Ice by Nice srepositioningstudy whereby the company has beenpassed, Its goal to become a franchisor network, will be attained over a not too long period of time. Following astandard, based on the Franchises Offer Circularestablished, setting with continuous monitoring headquartersconsultants in their franchisees, providing all the support necessary; and further, has been strengthened with anew broader product mix and also with an offensive marketing structure (improving the publishing andmarketing of the products).
Keywords: Franchise; Partnership; Expansion Strategy.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
12/72
XII
SUMRIO
LISTA DE QUADROS ................................................................................................... XIIILISTA DE TABELAS .................................................................................................... XIVLISTA DE ILUSTRAES .............................................................................................XVLISTA DE GRFICOS .................................................................................................. XVI1. Introduo ........................................................................................................................ 1
1.1 Justificativa................................................................................................................. 21.2 Objetivos ..................................................................................................................... 3
1.2.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 31.2.2 Objetivos Especficos ........................................................................................... 3
2. Referencial Terico .......................................................................................................... 42.1. Definio do sistema de Franquias ........................................................................... 42.2. Histrico e desenvolvimento mundial do sistema de Franquias .............................. 72.3. O sistema de Franquias no Brasil ........................................................................... 102.4. Relao entre Franqueador e Franqueado ............................................................. 152.5. Aspectos Jurdicos do sistema de Franquias .......................................................... 212.6. Franchising no Setor Alimentcio ........................................................................... 26
3. Metodologia .................................................................................................................... 284. Anlise dos Resultados ................................................................................................... 345. Concluses ...................................................................................................................... 39
5.1. Sugestes para Trabalhos Futuros ......................................................................... 41
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
13/72
XIII
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Evoluo do Sistema Breve Resumo....................................................................9
Quadro 2 Vantagens e Desvantagens para o franqueador......................................................16
Quadro 3 Vantagens e Desvantagens para o franqueado.......................................................17Quadro 4 Comparao entre concepes bsicas de pesquisa...............................................29
Quadro 5 Pesquisa Qualitativa versus Pesquisa Quantitativa................................................30
Quadro 6 Situaes Relevantes para Diferentes Mtodos de Pesquisa.................................30
Quadro 7 Procedimentos Metodolgicos de Pesquisa...........................................................31
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
14/72
XIV
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Ranking Mundial 2008............................................................................................10
Tabela 2 Desempenho do Franchising Brasileiro 2009 X 2008.........................................14
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
15/72
XV
LISTA DE ILUSTRAES
Ilustrao 1 Caractersticas do Sistema de Franquias..............................................................7
Ilustrao 2 Ciclo de Vida do Franqueado............................................................................19
Ilustrao 3 Entenda os Royalties..........................................................................................26
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
16/72
XVI
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Faturamento do Setor de Franchising (valor em bilhes de R$)...........................13
Grfico 2 Evoluo do Nmero de Redes.............................................................................13
Grfico 3 Evoluo do Nmero de Unidades........................................................................14
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
17/72
1
1. Introduo
O franchising vem sendo citado como um tema de negcios em evidncia no Brasil
desde alguns anos atrs. Isso se d devido grande facilidade de abertura de empresas no pase tambm, devido s vrias transformaes econmicas, polticas e sociais que tm afetado o
destino das empresas, fazendo com que estas tenham que se adaptar e tornarem-se
competitivas de acordo com a mudana do cenrio. Conseqentemente h um significativo
crescimento desse tipo de empreendimento, j que o sistema de franquias tem dado retornos
mais rpidos e mais seguros para seus franqueados.
Grande parte da populao brasileira tem a expectativa de abrir um negcio prprio e
assim conquistar sua independncia profissional e financeira. Sendo assim, existem duasopes bsicas: a abertura de um negcio prprio (correndo maiores riscos devido
inexperincia) ou a associao a um sistema de franquias, onde o franqueado possui maior
chance de sucesso devido a assistncia de seus franqueadores, juntamente com o know-how de
uma marca que j deu certo.
A franquia tambm um sistema muito utilizado por ser uma opo de estratgia de
expanso rpida com baixos custos para o negcio, j que o cenrio atual passa por grandes
transformaes e movimentaes, e as empresas precisam se adaptar e se tornaremcompetitivas para no perder lugar no mercado.
Definio de Franchising pela Lei n. 8.955/94:
Franquia empresarial o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado odireito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuio exclusiva ousemi-exclusiva de produtos ou servios e, eventualmente, tambm ao direito de uso
de tecnologia de implantao e administrao de negcio ou sistema operacionaldesenvolvido ou detido pelo franqueador, mediante remunerao direta ou indireta,sem que, no entanto, fique caracterizado vnculo empregatcio.
Segundo Mauro (2006), franchising um sistema onde atuam duas figuras, o
franqueador e o franqueado. Dessa forma, existem dois pontos de vista diferentes. Para o
franqueador, o possuidor de marca conceituada e know-how, o franchising um canal de
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
18/72
2
distribuio de seus produtos/servios, e cede aos franqueados, possuidores de capital, o
direito de distribuio destes produtos/servios. Portanto para os franqueados, o franchising
gera a possibilidade de abertura de um negcio seguindo os padres de operao e
distribuio exclusiva de seus produtos/servios.
Algumas empresas utilizam o sistema de parceria como forma de associao a
parceiros como o caso da Ice by Nice, aqui estudada. Atualmente a empresa opera com 12
parceiros espalhados pelo estado de So Paulo, especificamente em Araraquara, Bebedouro,
Guaruj, Jaboticabal, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeiro Preto, Rio Claro, So Carlos e
So Jos do Rio Preto.
O sistema de parceria funciona da seguinte forma: a Ice by Nice possui sua fbrica e
sede em Jaboticabal, onde produz o sorvete que distribudo para todos os parceiros, sob o
contrato de revenda exclusiva. Estes por sua vez, pagam uma taxa inicial no momento de
aquisio da parceria, referente aos treinamentos iniciais e suporte de marketing, e no existe
a cobrana de royalties.
A Ice by Nice est iniciando o processo de transio para franquia, dessa forma, este
fator pode gerar resistncia nos parceiros durante este processo de transformao, visto que a
padronizao das lojas e dos procedimentos sero maiores e surgiro novas taxas a serem
cobradas, como os royalties e o fundo de marketing. Portanto, existe tambm o lado positivo
para esses futuros franqueados, que seria o apoio dos consultores tanto no momento de
abertura do negcio e periodicamente durante toda a vida da empresa, com o intuito da
diminuio dos riscos para os franqueados.
1.1 Justificativa
A preocupao deste estudo reside no fato de que a organizao aqui analisada passa
por uma fase de transio de parceria para franquia. Existe a importncia em aprofundar as
pesquisas sobre este processo de transio j que sero necessrias algumas mudanas, como
a diminuio da flexibilidade existente at o momento devido necessidade de padronizao
por tornar-se uma rede mais profissionalizada. O relacionamento franqueador-franqueado de
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
19/72
3
grande importncia j que o fracasso de muitos empreendimentos tem ocorrido quando
existem diferentes opinies e expectativas entre as duas partes.
Dessa forma este estudo ser realizado para entender como funciona o sistema de
franquias e todas as suas particularidades, como: a evoluo do sistema, as vantagens e
desvantagens para ambos os participantes, os aspectos jurdicos e as taxas existentes.
O problema de pesquisa deste estudo : como estruturado o processo de criao de
franquia numa empresa que opera no setor alimentcio com um acordo de parceria?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
A pesquisa tem como objetivo o estudo do processo de criao de franquia numa
empresa que opera no setor alimentcio com um acordo de parceria.
1.2.2 Objetivos Especficos
- Identificar quais so as principais dificuldades da empresa em se tornar uma franquia;
- Examinar os benefcios e as dificuldades tanto do ponto de vista do franqueador quanto dos
franqueados no processo de criao de franquia da empresa analisada.
O trabalho est estruturado da seguinte forma:
O captulo 1 trata da introduo, apresentando a problemtica de pesquisa e seus objetivos; o
captulo 2 apresenta uma reviso terica onde foram trabalhados os principais autores como:Pl, Maricato, Mauro, Las Casas e Leite; o captulo 3 trata da metodologia e mtodo de
pesquisa realizado no trabalho; o captulo 4 apresenta a anlise dos resultados encontrados na
pesquisa da problemtica; e o captulo 5 contm as concluses sobre o trabalho.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
20/72
4
2. Referencial Terico
2.1. Definio do sistema de Franquias
O franchising uma estratgia para comercializao e distribuio de produtos e
servios onde existem dois principais atuantes, o franqueador e o franqueado. Entre os dois
participantes precisa existir uma relao ganha-ganha, que visa facilitar as vendas (LAS
CASAS, 2004). O franqueador cede todo seu conhecimento, know-how de mercado, marca j
conceituada e o direito de distribuio exclusiva de seus produtos e servios para o
franqueado, que em contrapartida despende capital financeiro, por meio do pagamento de
taxas e royalties (PL, 2001).
Por ter duas figuras participantes diferentes, o sistema de franquias (franchising) tem
uma definio para cada ponto de vista. Do ponto de vista do franqueador (empresa que se
prope a implantar uma rede de distribuio de seus produtos e servios) o sistema definido
como um canal de distribuio em que existe uma aproximao maior entre os participantes.
E do ponto de vista do franqueado (pessoa fsica ou jurdica que se dispe a abrir uma unidade
de distribuio seguindo os padres pr-estabelecidos) o franchising uma maneira de
estabelecer um negcio, onde o mais importante sua anlise de risco e o retorno (MAURO,
1999).
Maricato (2006) apresenta de forma sucinta uma definio para o termofranchising:
O franchising ou sistema de franquias, uma criao inteligente que permite ocontrole e a expanso rpida da produo ou comercializao de produtos ouservios consagrados pelo mercado, dispensando o uso de capital prpriosignificativo da empresa franqueadora e com riscos reduzidos para o novoempreendedor``.
Ao longo dos anos muitas modificaes foram feitas durante o processo de expanso
do sistema de franquias. Dessa forma, para fins didticos, o sistema foi dividido em geraes,
com o intuito de identificar a evoluo contnua do sistema e os constantes aperfeioamentos.
Considerando que de certa forma nunca houve um salto ou linha divisria entre uma gerao e
outra (MARICATO, 2006). Essa evoluo trata do crescente suporte, apoio e garantias
oferecidos pela empresa franqueadora aos franqueados.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
21/72
5
Para Pl (2001), o modelo de franquias convencionalmente dividido em geraes,
ressaltando que no significa que haja superioridade entre elas:
Na primeira gerao dada a concesso de uso da marca do franqueador para o
franqueado, porm o suporte operacional aos franqueados pequeno e a prestao de servios
rede franqueada escassa, como exemplo temos a Kodak.
Na segunda gerao foi reconhecida a necessidade de maior apoio e assistncia
operacional aos franqueados. Neste sistema de franquia o valor das taxas de promoo e dos
royalties embutido no preo dos produtos, que so obrigatoriamente comprados do
franqueador. Um exemplo desse sistema no Brasil O Boticrio.
A terceira gerao identificada por um modelo onde o franqueador alm da produodas mercadorias tambm desenvolve a operao do negcio e fornece todo suporte e
assistncia aos franqueados, tanto durante a fase de implantao quanto posteriormente,
fazendo um contnuo acompanhamento. O autor cita como exemplo desse sistema a pizzaria
Mister Pizza.
Na quarta gerao, as franquias so mais evoludas e se destaca pela qualidade e
quantidade dos servios prestados pelo franqueador. Existe um conselho realizado pelos
franqueados em que eles participam ativamente das decises estratgicas da empresa. Ofranqueador cuida de todos os detalhes e entrega tudo pronto aos franqueados, mediante a
contrato. O Yzigi, escola de lnguas, um exemplo desse tipo de franquia.
A franquia de quinta gerao tem as mesmas caractersticas que a franquia de quarta
gerao, porm ainda existe a garantia de recompra da unidade franqueada pelo franqueador.
Essa garantia de recompra pode ser formal (as regras e valores encontram-se no contrato de
franquia) ou informal (o compromisso no se encontra no contrato, mas normalmente o
acordo realizado).
Segundo Maricato (2006), a franquia de quarta gerao, tambm conhecida como
franquia formatada ou inteligente, era considerada o supremo aperfeioamento possvel do
sistema de franquias, porm com a constante evoluo torna-se necessrio tambm o contnuo
aperfeioamento do sistema, surgindo a franquia de quinta gerao onde cada vez mais
franqueadores e franqueados tomaram conscincia da necessidade do entrosamento de ambos.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
22/72
6
De acordo com Leite (1991), os principais tipos de franquia so: franquia de produto,
franquia de distribuio, franquia de servios, franquia industrial e franquia mestre (master
franchise):
A franquia de produto identificada com a produo e/ou comercializao de bens,
que geralmente so produzidos pelo franqueador, mas tambm existem outros casos em que a
produo feita por terceiros licenciados que so supervisionados para assim manter o
controle de qualidade para garantir o padro da marca.
J a franquia de distribuio referente venda de mercadorias. Estas so fabricadas
pelos fornecedores terceirizados escolhidos pelo franqueador, uma vez que, este tem um
sistema central de compras com centrais de distribuio espalhadas. Caso falte produtos dos
fornecedores os franqueados podero comprar o Product Mix (composto de produto
fornecidos ou lista de produtos disponveis) de outros.
Na franquia de servios podemos citar como exemplo a marca dos hotis Hilton, no
qual a qualidade de prestao de servios a chave para o sucesso. Como outro exemplo
podemos citar as lojas-oficinas da SAB Servios Autorizados Brastemp onde so realizados
as prestaes de servios, manutenes, reposies e concertos.
Em uma franquia industrial cedida pelo franqueador a engenharia bsica e detalhadado processo de produo sem entregar o grande trick of the trade (truque do negcio), existe a
transferncia de know-why (saber por que), ou seja, as tcnicas de engenharia de produo e
de processo, adequando assim o padro da fbrica. passado tambm o know-how (saber
como) de distribuio e comercializao dos produtos aos franqueados. Essa modalidade de
franquia pode ser vista como os engarrafadores de Coca-Cola, seguindo o padro desde o
arranjo fsico das instalaes industriais, equipamentos e processos. Mas o ''concentrado''
(matria-prima bsica) do refrigerante no passado para no quebrar o segredo industrial. S
sendo passado o Know-why de fabricao das garrafas, a mistura do refrigerante e o
engarrafamento.
Uma modalidade mais nova de franquia que vem sendo muito utilizada no Brasil a
franquia mestre (master franchise) utilizada para expanso internacional da marca. Onde
passa o direito a uma empresa local de subfranquear a marca em outro pas. Formando uma
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
23/72
7
linha de franquias passando desde o franqueador original para franqueador-mestre regional do
territrio at o franqueado local, este fabrica e/ou vende e chega ao consumidor final.
O contrato de franquia que formaliza a relao entre franqueador e franqueado
resumidamente apresentado na Ilustrao 1, abaixo:
Ilustrao 1: Caractersticas dos Sistemas de FranquiaFonte: Vance (2010)
2.2. Histrico e desenvolvimento mundial do sistema de Franquias
Vrias transformaes ocorreram durante sculos para que chegssemos ao conceito
moderno do que o sistema de franquias (franchising). Retornando Idade Mdia, podemos
comparar o modelo com o que ocorria no feudalismo, onde as cidades francas (cidades livres)
tinham o direito de no pagar impostos Igreja por terem obtido o direito de livre circulao
de pessoas, bens e servios, era esse o antigo conceito de Franquia, (LEITE, 1991).
Outra comparao pode ser feita com a prpria Igreja Catlica ao conceito que
conhecemos hoje de canais de distribuio exclusivos. Segundo Mauro (2006), a Igreja possui
bilhes de seguidores dos mesmos padres de sua origem inicial; a Bblia como o manual
mais antigo do mundo, com as prticas a serem adotadas por seus seguidores ``; a cobrana
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
24/72
8
do dzimo (10%), o royalty mais antigo do mundo; possui o logotipo mais reconhecido, a
cruz; e o intenso treinamento de seus franqueados (os padres).
Considera-se que o sistema de franquias como canal de distribuio surgiu por meio
da empresa de mquinas de costura, Singer Sewing Machine Company, nos EUA aps a
Guerra Civil. O sistema desenvolveu-se de forma natural, como solues tomadas por
empresrios de acordo com suas necessidades para resoluo dos problemas encontrados em
seus negcios, (MDIC, 2005). No caso da empresa Singer, existia a necessidade de divulgar
seu produto, que era uma novidade na poca, e assim atingiu seu objetivo com o
estabelecimento de uma rede de revendedores exclusivos, (MAURO, 1999 e 2006).
Porm, o boom dofranchising aconteceu nos EUA com o trmino da Segunda GuerraMundial. Com o retorno dos soldados, mesmo que sem experincia, mas com recursos
disponveis e tambm com a falta de empregos, gerou-se uma onda de empreendedorismo e
abertura de negcios prprios, (GARCIA, 2007). Com isso o franchising evoluiu no s no
nmero de adeptos como tambm no aprimoramento do conceito, para franquias de negcio,
(MAURO, 1999).
O Quadro 1 apresenta um breve resumo da evoluo do sistema de franquias.
Dcada Acontecimentos
50Surgiram as redes de McDonalds, Burger King, KFC, Dunkin Donuts.
Grande exploso nos EUA.
60Conflitos e Leis.
Algum movimento no Brasil (Yzigi, CCAA e poucas outras).
70Internacionalizao dos EUA para fora.
Mais movimento no Brasil (Ellus, gua de Cheiro, Boticrio, entre outras).
80
Globalizao.
Surge a ABF.
Franchising explode`` no Brasil.
90
Efeito da globalizao cada vez mais forte no mundo dos negcios.
As franquias de servios comeam a se destacar no Brasil.
Franqueados mais exigentes, buscando por mais informaes e por
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
25/72
9
conhecer melhor o franqueador.
O efeito da internet nos negcios e no relacionamento entre franqueado e
franqueador cada vez maior.
Ascenso e crise no sistema de franquias no Brasil.
Aprovao no congresso da Lei 8.955.
2000
Em
diante
Mais consistncia, franqueados e franqueadores melhor preparados.
Tendncia: crescimento mais lento e mais saudvel.
Maior profissionalizao do sistema.
Quadro 1: Evoluo do Sistema Breve ResumoFonte: MDIC (Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior)
Segundo Paiva [s.d.] alguns marcos importantes no sistema do franchising so: 1898,
com o incio da distribuio de veculos pela General Motors; 1899, iniciou-se a franquia de
industrializao de distribuio de refrigerantes com a Coca-Cola; 1930 companhias de
petrleo iniciaram a distribuio de seus produtos (postos de gasolina); 1954 iniciou-se o
franchising do maior fenmeno mundial no setor de restaurantes, o McDonalds, (Garcia,
2007). Este ltimo foi o grande marco histrico para o desenvolvimento do formato mais
moderno de franquias, Business Format Franchising, em San Bernardino Califrnia, onde
Ray Kroc, simples vendedor de equipamentos para preparo de milk shakes adquiriu o direito
de comercializar franquias Mc Donalds em todo territrio dos Estados Unidos.
Com o sistema de franquias o desenvolvimento do negcio se d por meio da
progresso geomtrica, como pode-se ver com as redes americanas, que h alguns anos
conquistaram milhares de franqueados e muitas continuam abrindo quatro ou cinco parceiras
por dia, e no por ano (MARICATO, 2006).
O Brasil encontra-se em quinto lugar no Ranking Mundial de 2008, estando atrsapenas dos EUA, China, Coria do Sul e ndia. O pas apresenta taxas de crescimento mais
elevadas no setor de franquias do que as do PIB (ABF, 2009).
A afirmao citada acima pode ser visualizada na Tabela 1abaixo:
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
26/72
10
Tabela 1: Ranking Mundial 2008Fonte: ABF (2009)
2.3. O sistema de Franquias no Brasil
Na primeira metade do sculo XX chegaram ao Brasil os postos Shell e Esso, onde
geralmente eram de uma empresa local, mas usavam a marca, o combustvel e produtos
vindos das empresas multinacionais do setor de petrleo. Chegaram ao pas as lojas Singer
(empresa produtora de mquinas de costura); algumas produtoras e engarrafadoras de bebidas;
e de forma mais adaptada ao sistema atual de franquias, o Yzigi, O Boticrio e a Localiza.
No ano de 1966 comearam a surgir os shoppings centers e como conseqncia a expanso
das franquias de vesturio mais sofisticadas, fotografias e do ramo de alimentao
multiplicaram-se (MARICATO, 2006).
Aps um perodo de oscilaes econmicas enfrentadas no Brasil durante a dcada de
1980 o franchising comeou a apresentar maior viabilidade financeira em 1986, com aimplantao do Plano Cruzado, quando as taxas de juros diminuram consideravelmente e
assim, muitos investidores adquiriram a estabilidade necessria para a abertura de novos
empreendimentos (MAURO, 2006). Porm em 1944 houve o boom dofranchising no Brasil,
com a implantao e sucesso do Plano Real quando se estabilizou a inflao no pas e o
franchising veio a se consolidar de forma considervel (PL, 2001).
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
27/72
11
Em 15 de dezembro de 1994, foi promulgada a Lei 8.955, disciplinando os contratos
de franquia empresarial. Dessa forma atitudes oportunistas que aconteciam antes da criao da
lei passaram a ser punidas chegando at a impossibilitar o funcionamento da franquia quando
no obedecidas. A lei garantiu alguns direitos dos franqueados e obrigaes dos
franqueadores (ANEXO A).
Outro acontecimento fortaleceu ainda mais o sistema de franquias no Brasil no ano de
1987, com a criao da ABF (Associao Brasileira de Franchising), entidade sem fins
lucrativos que tem como misso divulgar, defender e promover o desenvolvimento tcnico e
institucional deste novo sistema de negcios (franchising). Dessa forma a ABF presta apoio
aos associados, promove simpsios, cursos, palestras e assim, ficou muito mais fcil o acesso
a informaes e atualidades no que diz respeito ao sistema de franquias (ABF, 2010).
Pl (2001) explica que o franchising estabeleceu-se no pas como uma das mais
importantes alternativas de se fazer negcio, pois conseguiu atingir o objetivo dos
empreendedores de expandir seu negcio rapidamente sem despender grandes investimentos e
tambm realizando o sonho de muitos brasileiros que almejam ter um negcio prprio com
menores riscos.
Maricato (2006) acrescenta que diversas pesquisas feitas no Brasil mostram que decada dois brasileiros, um deseja ter seu prprio negcio. Dessa forma, o sistema de franquias
se torna ideal quando esses empreendedores so inexperientes, pois evitam os maiores riscos
de montarem um empreendimento independente, tendo que conquistar mercado, desenvolver
marca e competir com outras marcas existentes e mais consagradas no mercado e em contra
partida existe um pequeno empresrio que deseja expandir, porm dispe de pouco ou
nenhum capital, essa a principal idia dofranchising.
No ano 2000 foi realizado um Censo do Franchising``, encomendado pela ABF(Associao Brasileira de Franchising) Interscience (renomado Instituto de Pesquisas do
Brasil), onde foi constatado no quadrinio de 1995-1999, que enquanto diversos setores da
economia estavam em retrao o franchising apresentou um crescimento do faturamento em
dlares no quadrinio de 1995-1999 na ordem de 19%: de 63,2 bilhes em 1995 subiu para
75,2 bilhes em 1999 (ABF, 2000).
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
28/72
12
Os principais casos de sucesso do sistema de franquias no Brasil foram: O Boticrio,
rede de perfumaria e cosmticos; o Yzigi, escola de lnguas; o Habibs, lanchonetes; A Casa
do Po de Queijo (MAURO, 1999).
O crescimento do sistema de franquias no Brasil se deu juntamente com a expanso
dos shoppings centers no pas, aproveitando-se da grande circulao de pessoas, o fcil acesso
e a preferncia das redes de se instalarem nas praas de alimentao dos shoppings, sendo que
algumas redes so dependentes da localizao em shoppings para sua expanso e
funcionamento (MARICATO, 2006).
Em estudo realizado pela ABF em parceria com o Provar - Programa de
Administrao de Varejo, da Fundao Instituto de Administrao (FIA) e Felisoni
Consultores revela que o sistema de franquias continua forte no mercado brasileiro, e a
expectativa de crescimento para o terceiro trimestre deste ano de 6,1%, ante 4,1% do
segundo trimestre deste mesmo ano (ABF, 2010).
Fica claro que o franchising continua em evidncia no pas sendo um sistema muito
utilizado e considerado um bom negcio do ponto de vista de empreendedores quando
comparado com a abertura de um negcio prprio, conforme levantamento realizado pelo
SEBRAE/SP onde mostra que a taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas situadas
no estado de So Paulo de 46% nos trs primeiros anos (SEBRAE, 2010). Em contrapartida,
essa mesma taxa em empresas que operam no setor de franquias de 5% ABF (2010, apud
SEBRAE, 2010).
Dados apresentados pela ABF confirmam o constante crescimento do sistema de
franquias no Brasil, no perodo entre 2001 e 2009, como podemos observar nos grficos
abaixo:
O Grfico 1 apresenta o crescimento anual do faturamento de franchising entre o anode 2001 a 2009, ocorrendo um aumento percentual de 152,48%.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
29/72
13
Grfico 1: Faturamento do Setor de Franchising (valor em bilhes de R$)Fonte: ABF (Associao Brasileira do Franchising)
O Grfico 2 apresenta a evoluo do nmero de redes no perodo de 2001 2009 no
qual ocorre uma variao percentual positiva de 173,83.
Grfico 2: Evoluo do Nmero de RedesFonte: ABF (Associao Brasileira do Franchising)
O Grfico 3 mostra um aumento de 56,83% no nmero de unidades,como podemos
observar abaixo:
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
30/72
14
Grfico 3: Evoluo do Nmero de Unidades
Fonte: ABF (Associao Brasileira do Franchising)
De acordo com a avaliao da ABF, os grandes responsveis pelo crescimento do setor
de franquias so: o considervel aumento das redes e unidades franqueadas em conjunto com
o aumento do poder de consumo das classes B e C. O desempenho dos setores de franquia
evidenciado na Tabela 2 abaixo:
Tabela 2: Desempenho do Franchising Brasileiro 2009 X 2008Fonte: Guia Oficial ABF 2010
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
31/72
15
Pode-se visualizar que o segmento de Acessrios Pessoais e Calados foi o que mais
cresceu em faturamento de 2008 para 2009, com um aumento de 41,2% de um ano para o
outro, este setor se mantm como primeiro colocado em trs anos consecutivos. O setor de
Vesturio fica em segundo lugar, com um crescimento de 37,5% do faturamento em relao a
2008. E em terceiro lugar est o setor de Informtica e Eletrnicos, com crescimento de
28,9% de 2008 para 2009. O setor de Hotelaria e Turismo se destacou em 2009 em relao ao
nmero de redes franqueadoras, com um crescimento de 33,2%, seguido do setor de
Acessrios Pessoais e Calados, com 30,7% e do setor de Veculos, com aumento no nmero
de redes em 25,9%. Dados do estudo acrescentam ainda que a expanso internacional do setor
tambm cresceu em 2009, contando com 65 redes nacionais operando fora do pas em 2009
(GUIA OFICIAL DO FRANCHISING, 2010)
Segundo Mauro (1999), o sucesso do franchising no Brasil no se deu devido aos
mesmos motivos que nos EUA, que eram classe mdia forte, crescimento da economia e
estabilidade poltica. Portanto os motivos do sucesso no pas provavelmente se deram devido
ao arcaico sistema de distribuio em muitos setores; ansiedade de independncia financeira
por parte da populao empreendedora; e o sucesso dos investimentos em bens reais, como
imveis, aes, dlar.
Outros fatores favorveis expanso do sistema de franquias no Brasil so citados porMaricato (2006), como: a vasta extenso territorial do pas; o desemprego crnico, que
estimula o empreendedorismo; classe mdia vorazmente consumidora, entre outros.
2.4. Relao entre Franqueador e Franqueado
Devido a todos os casos de sucesso internacionais e no Brasil, o termo franchising s
vezes tido como sinnimo de sucesso imediato, porm muitas vezes acaba surpreendendo
por no atingir essas expectativas (PL, 2001).
Na viso de Mauro (1999) existem trs fatores de maior importncia para o sucesso do
sistema defranchising:
- a qualidade do negcio e do sistema (franqueador);
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
32/72
16
- a qualidade da operao local (franqueado);
- e a qualidade do ponto comercial.
O sistema de franquias trs pontos positivos e negativos para os dois participantes,
franqueador e franqueado. Garcia (2007) apresenta em tpicos no Quadro 2 abaixo as
vantagens e desvantagens para o franqueador:
Franqueador
Vantagens Desvantagens
Rapidez de expanso;
Imagem corporativa;
Desenvolvimento de uma rede;
Aumento da rentabilidade com reduo de custos;
Maior participao no mercado;
Maior cobertura geogrfica;
Melhor publicidade;
Maior vantagem competitiva;
Descentralizao;
Economia de escala.
Perda parcial do controle
Maior custo de superviso
Maiores custos de formatao
Perda de sigilo
Autonomia parcial
Planejamento para expanso
Cuidados na seleo
Perda da padronizao
Quadro 2:Vantagens e Desvantagens para o FranqueadorFonte: Garcia 2007
O franqueador pode ser beneficiado no sistema de franquias investindo pouco em
relao expanso que o seu negcio pode atingir em pouco tempo com a participao do
trabalho, fora de vontade e capital do franqueado. Outra vantagem que o franqueador no
tem a necessidade de dirigir diretamente vrias lojas, podendo apenas dar o suporte necessrio
ao parceiro, sendo que a responsabilidade desse novo negcio do franqueado. Nas franquias
de ltima gerao (franquia formatada) os franqueadores tambm levam vantagem j os
franqueados podem influenciar nas decises estratgicas, auxiliando e opinando sobre os
rumos que a rede deve tomar, e trabalhando dessa forma a marca fortalecida cada vez mais.
Com a admisso de novos franqueados o franqueador receber taxas, royalties, recursos para
o marketing, agregando ao produto melhor qualidade (MARICATO, 2006).
De acordo com Mauro (1999), a rpida e intensiva penetrao de mercado uma das
vantagens mais espetaculares do franchising, dessa forma torna-se necessria uma boa
estrutura para esse crescimento sem perder o controle sobre o negcio. relatada tambm
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
33/72
17
como vantagem a facilidade na expanso internacional e a ocupao de pontos comerciais
estratgicos como em shoppings centers. E como desvantagem para o franqueador, o autor
observa a diminuio no controle da rede de distribuio comparando-se a uma rede prpria, e
maior limitao nos canais alternativos de distribuio pois a concorrncia no pode acontecer
de forma conflituosa entre os parceiros.
Como dito anteriormente, o sistema apresenta dois lados com vantagens e
desvantagens para ambas as partes, dessa forma Garcia (2007) acrescenta as vantagens e
desvantagens para o franqueado apresentadas no Quadro 3 abaixo:
Franqueado
Vantagens Desvantagens
Know-how adquiridoMaior oportunidade de sucesso
Plano de negcios
Maior vantagem competitiva
Informaes sobre instalao
Economia de escalas
Maior crdito
Aumento de rentabilidade com reduo dos custos
Retorno mais rpido do investimento
Pertence a uma corporaoPesquisa e desenvolvimento do franqueador
Independncia jurdica
Autonomia parcialMaiores controles
Risco de desistncia
Taxas de franquia
Cuidados para seleo
Localizao forada
Restries na cesso do sistema
Risco associado ao desempenho do franqueador
Quadro 3:Vantagens e Desvantagens para o FranqueadoFonte: Garcia 2007
Maricato (2006) prope como vantagens para o franqueado o crdito oferecido a eles
no mercado juntamente com a consagrada marca adquirida, alm de frmulas de atendimentoe treinamento oferecido aos funcionrios. Outra vantagem o auxlio recebido tambm na
escolha do ponto comercial. O franqueador certamente ajudar e passar todas as informaes
necessrias para que o novo negcio d certo, pois o sucesso do franqueado significa tambm
o seu sucesso j que o fechamento de lojas poder transmitir para o consumidor que a marca e
o produto no so de qualidade. Os servios de consultoria como nutricionistas, chefs,
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
34/72
18
engenheiros, contadores e advogados muitas vezes oferecidos por algumas redes possuem um
custo menor do que contratando de forma independente.
Pela viso de Arajo [s.d.] os franqueados so muito dependentes da performance de
seus franqueadores j que qualquer falha que ocorra no funcionamento da rede em geral,
sendo ela no produto, na campanha publicitria ou qualquer outra, ir atingi-lo de forma
negativa. Outra desvantagem para franqueados a limitao imposta pelos contratos de
franquia que estabelecem a obrigao de serem comercializados apenas os produtos
fornecidos pelo franqueado ou por fornecedores licenciados.
O insucesso na utilizao do franchising pode ocorrer devido a vrios motivos.
Maricato (2006) explica que o primeiro ponto de ateno em relao ao produto ou servio
que ser franqueado. Eles precisam ter condies de serem produzidos ou comercializados de
forma sistemtica e com pouca complexidade. Outro motivo a falta de cuidado do
franqueador no momento da escolha de seus franqueados. Mesmo quando se trata de um bom
produto, o franqueador deve estar atento aos detalhes para que seus franqueados tenham as
qualidades necessrias para produzi-los e comercializ-los.
Segundo Pl (2001), o sucesso em um sistema de franquias ocorre quando os padres
estabelecidos pela rede so mantidos em todas as filiais, como a qualidade do atendimento e
servio, o design do estabelecimento, as regras de funcionamento, entre outros. O autor
acrescenta como forma de manter o controle da rede, a utilizao de um checklistdetalhado
com todos os itens e procedimentos a serem seguidos. O checklist uma boa ferramenta a ser
utilizada na interferncia dos franqueadores na operao de seus franqueados sem que haja
qualquer tipo de desentendimento entre as partes, j que os itens a serem cobrados estaro
previamente estabelecidos.
Las Casas (2004) compara esse relacionamento entre franqueador e franqueado como
uma unio estvel que no pode dar errado devido aos elevados prejuzos financeiros
causados em um rompimento de contrato. Dessa forma os franqueadores devem ter a
preocupao com o sucesso de seus franqueados, j que o insucesso de qualquer um deles
poder gerar m impresso de sua marca no mercado.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
35/72
19
A Figura 1 abaixo, retirada da Folha Online, relata o ciclo de vida do franqueado de
maneira ilustrativa, explicando as fases pelas quais os franqueados passam at chegarem ao
momento de amadurecimento em relao rede:
Ilustrao 2: Ciclo de Vida do FranqueadoFonte: Folha de So Paulo 2010
O relacionamento entre franqueador e franqueado pode ser visto sob dois ngulos emrelao perspectiva de responsabilidades e obrigaes. O primeiro ponto a relao baseada
no contrato formal, onde so estabelecidas entre as partes suas obrigaes e
responsabilidades. E o segundo ponto o interesse mtuo pelo crescimento e fortalecimento
da marca. Com esses dois pontos bem definidos a rede pode enfrentar a concorrncia no
mercado, os desafios dirios dentro de suas operaes bsicas, e assim os sucessos e fracassos
(ABF, 2010).
Ao decidir pela compra de uma franquia muitas vezes o franqueado leva emconsiderao a experincia de um negcio que j deu certo, juntamente com a vantagem de
assistncia contnua do franqueador. Por outro lado o franqueador investiu tempo, esforo e
dinheiro para desenvolver um sistema com padres de qualidade estabelecidos para serem
seguidos, porm o franqueado muitas vezes resiste s imposies exigidas por querer ser seu
prprio patro. Essa tenso pode resultar numa atmosfera positiva de interao entre as partes
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
36/72
20
porm se no chegarem a um consenso pode resultar num conflito onde nenhum dos
participantes atingir seus objetivos (TOLEDO E PROENA, 2005).
Segundo Sherman (1993 apud Toledo e Proena, 2005) os principais pontos de
conflito e disputa entre franqueador e franqueados, normalmente so:
- Recrutamento e Seleo do franqueado: um ponto de grande importncia para anlise do
perfil dos candidatos em relao s expectativas da rede.
- Seleo de ponto comercial e direitos territoriais: o franqueador auxilia no processo de
escolha do ponto comercial devido a vital importncia desse aspecto para o negcio, dessa
forma, desenvolvem critrios bem definidos para auxiliar nessa escolha. necessrio garantir
tambm uma delimitao do territrio para que no haja saturao de nenhuma das franquias.
- Pagamento de royalties e fornecimento de informaes: o pagamento dessas taxas e a
prestao de contas devem ser efetuados de forma justa, caso contrrio, o rompimento do
contrato pode ser realizado por justa causa.
- Administrao do fundo de propaganda: esse fundo existe para que seja aplicado em aes
promocionais, portanto alguns franqueadores acabam utilizando-o para outros fins quando
passam por algumas dificuldades financeiras. Outro ponto crtico em relao propaganda ainsatisfao dos franqueados quanto a abrangncia dessas campanhas para seus pontos
comerciais.
- Superviso e suporte: os conflitos acontecem quando o franqueador no presta os servios
de assessoria necessrios ao franqueado.
- Controle de qualidade: os servios e produtos comercializados pelos franqueados devem
seguir os padres estabelecidos pela rede, garantindo assim a uniformidade das operaes
realizadas. A responsabilidade em certificar esse padro de qualidade do franqueador, caso
contrrio prejudicar outros franqueados que alegaro a falta de cuidado com a reputao da
marca por parte do franqueador.
- Tratamento desigual: o tratamento de todos os franqueados deve acontecer de maneira
uniforme evitando assim o ressentimento dos outros franqueados desprovidos de privilgios.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
37/72
21
- Crescimento rpido: os franqueadores no podem focar-se somente no nmero de vendas e
no lucro e esquecer a qualidade de seu produto e a satisfao dos franqueados, pois dessa
forma o sistema de franchising poder ser condenado ao fracasso no longo prazo.
Maricato (2006) relata tambm alguns exemplos de conflitos entre franqueador e
franqueado. Duas acusaes feitas pelo franqueado so: o descumprimento contratual dos
franqueadores e a falta de comprometimento da franquia. H casos em que o
franqueador promete muito e no consegue cumprir, ou cumpre s no comeo deixando
depois de algum tempo o franqueado inseguro. Acontecem casos tambm em que o
franqueadojulga a escolha do ponto comercial feita pelo franqueador, outras vezes questiona
o alto valor das taxas exigidas, ou que o fundo de marketing no esta favorecendo seu
negcio. Em contrapartida os conflitos podem acontecer devido ao descumprimento do
contrato pelo franqueado: ignorando o padro de qualidade, atrasando pagamentos, ocultando
o faturamento real e fazendo alteraes na rede. E ainda existem situaes em que nenhuma
das partes so responsveis pelos conflitos, e sim fatores externos.
2.5. Aspectos Jurdicos do sistema de Franquias
A legislao especfica sobre o franchising surgiu no Brasil no fim de 1994 com apromulgao da Lei n 8.955, estabelecendo providncias em relao ao sistema alm de
introduzir a elaborao da Circular de Oferta de Franquia, dessa forma trouxe maior disciplina
e seriedade ao sistema. O franchising passou a ser identificado como Franquia Empresarial
(MAURO, 1999).
necessrio que os futuros franqueados realizem um estudo aprofundado sobre o
negcio para conhecer o funcionamento do franchising e acompanhar sua evoluo, para
assim minimizar os riscos a serem enfrentados. Pesquisas feitas pelo SEBRAE (2000) citamalguns aspectos a serem considerados pelos futuros franqueados para se escolher bem uma
franquia, como: custo de instalao da franquia; gastos com estoque, marketing e treinamento;
custo de manuteno; caixa necessrio; cobrana de taxas; faturamento mensal estimado;
prazo de retorno do investimento; alm da solicitao da circular de oferta de franquias e o
conhecimento da Lei do Franchising.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
38/72
22
Segundo Mauro (2007), existem algumas fases e etapas de seleo dos candidatos a
franqueados para que se assine o contrato de franquia. Dessa forma, necessrio desenvolver
diferentes instrumentos para cada uma dessas fases. Esses instrumentos so: a circular de
oferta de franquia que permite ao candidato conhecer em profundidade a empresa
franqueadora e seus scios; o termo de confidencialidade ( recomendada a assinatura deste
termo pelo franqueado j que so apresentadas informaes importantes sobre a empresa e o
negcio); o pr-contrato, que regula todas as providncias anteriores efetiva implantao da
franquia; e o contrato de franquia que define o prazo e todas as condies para a explorao
da franquia.
Maricato (2006) apresenta abaixo uma lista de documentos e contratos usados para
1normatizar as atividades no sistema de franquias, e ressalta que so os mais usados porm
nem todos so obrigatrios:
- circular de oferta de franquia (COF);
- carta de intenes, pr-contrato e contrato preliminar;
- termo de confidencialidade e de no-concorrncia;
- contrato de franquia (contrato de admisso rede);
- contrato de marketing cooperado;
- contrato e estatuto da associao dos franqueados;
- cdigo de tica e responsabilidade social;
- ficha inicial de informaes do candidato;
- relatrio final sobre o candidato;
- ficha de procedimentos e avaliao da consultoria de campo;
- manuais de implantao e operao.
O autor acrescenta que as promessas e acordos feitos entre as duas partes, mesmo sem
qualquer contrato escrito podem gerar direito de indenizao, j que o novo Cdigo Civildefende que ningum tem o direito de prometer e criar expectativas em outras pessoas e
depois no cumprir com o combinado sem nenhum motivo justo. Com a apresentao da COF
ao franqueado, e aps a realizao dos treinamentos d-se a assinatura da carta de intenes
ou de um pr-contrato, onde a partir da o franqueador assume a responsabilidade de treinar os
franqueados e fornecer todo apoio com as informaes necessrias. O pagamento de taxas ao
franqueador s ocorrem dez dias aps a entrega da COF ao franqueado.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
39/72
23
Sobre o termo de confidencialidade e de no-concorrncia o autor relata que desde o
primeiro contato entre franqueador e franqueado muitas informaes secretasso transferidas
ao franqueado, de maneira que o franqueador pode exigir que sejam confidenciais e notransmitidas nem usadas em qualquer ocasio que seja, e a assinatura do termo de
confidencialidade pode ser exigida mesmo antes da entrega da COF. Sobre o termo de no
concorrncia, o autor afirma que o franqueado fica proibido abrir qualquer negcio
independente que comercialize produtos semelhantes ao da rede enquanto durar o contrato, e
at dois ou trs anos aps o trmino desse contrato.
A ABF (2010) coloca uma definio clara e completa sobre o contrato utilizado nofranchising:
O contrato formal, pea jurdica, de importncia inequvoca, deve ser tratado comoregulador de relaes de longo prazo. Precisa ter amplitude e abrangncia emrelao a obrigaes e responsabilidades. Supe detalhamento de operaes,questes de territorialidade, utilizao da marca e produtos, instncias decisrias ede representao no sistema, questes de entrada e sada da rede, balizadores dedesempenho, suporte e orientao, entre outras. Corporifica o funcionamento dosistema e lhe d forma.``
Cada contrato de franquia trs sua individualidade referente operao e a relao
especfica de cada empresa, porm algumas clusulas so sempre necessrias e obrigatrias
para caracterizar esse tipo de contrato. Para Mauro (1999) os itens listados abaixo so
obrigatrios num contrato de franquia:
- concesso de franquia e uso da marca;
- prazo e condies de renovao contratual;
- delimitao do territrio;
- direitos e obrigaes do franqueado;
- programas de treinamento;- servios prestados pelo franqueador;
- fornecimento de produtos e equipamentos;
- publicidade e marketing;
- controle de qualidade;
- taxas e verbas a serem pagas pelo franqueado;
- instrumentos de fiscalizao e controle;
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
40/72
24
- cesso de direitos e sua transferncia;
- modificaes no sistema;
- cancelamento ou resciso contratual, entre outras.
O contrato de franquia (cesso do direito de uso da marca) pode ser definido como
consensual, bilateral, oneroso e de prestaes continuadas. Porm, por conter duas atividades
diferentes (prestao de servios e parte comercial) pode ser definido tambm como
contrato hbrido e atpico``. Mesmo sendo um contrato que se d de forma consensual entre
as partes, deve obedecer a legislao em vigor e os princpios de direito. Esse tipo de contrato
pode ser definido tambm como de adeso, pois so contratos j preparados pelos
franqueadores com todas as clusulas definidas. Algumas dessas clusulas podem ser
adaptadas de acordo com o franqueado (MARICATO, 2006).
A COF (Circular de Oferta de Franquia) que foi instituda no art. 3 da Lei n.
8.955/94, apresenta as regras do jogo`` para os possveis franqueados. uma importante
ferramenta no planejamento organizacional, econmico e comercial em um sistema de
franquias. A COF funciona como um manual de vendas da franquia que permite ao possvel
futuro franqueado conhecer as informaes mais importantes sobre a empresa franqueadora.
Sendo assim, deve ser entregue em linguagem clara e acessvel para que a compreenso de
seus termos acontea por todos os candidatos a franqueados (GARCIA, 2007).
Devido irresponsabilidade de muitos franqueadores, interessados somente em
conquistar novos franqueados a COF surgiu de forma muito burocrtica e com itens difceis
de serem cumpridos com exatido. Como os franqueados estavam sendo prejudicados por
essas atitudes negligentes, muitos deles indo falncia e inclusive prejudicando fornecedores
e trabalhadores, alguns franqueadores srios se juntaram para apoiar a implantao da Lei n
8.955/94 mesmo com seu rigor burocrtico. Um exemplo dessa rigorosa exigncia a
estipulao na COF do tempo necessrio de retorno do investimento dos franqueados, como
forma de amenizar essa responsabilidade os franqueadores colocam possibilidades de retorno
em diferentes situaes: se a franquia tiver muito sucesso o retorno se dar em um ano; com
um sucesso mdio, em dois anos; caso no obtenha sucesso nenhum, o retorno no ocorrer
(MARICATO, 2006).
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
41/72
25
Segundo Mauro (1999), a remunerao do franqueador advm do fornecimento de
know-how, licena para uso de marcas, e contnuo acompanhamento e assessoria. Essa
remunerao depende do tipo de franquia escolhido para desenvolver seu negcio, portanto a
remunerao bsica pode vir do fornecimento de produtos e servios.
Alguns autores Arajo, [s.d.]; Mauro, (2007); Maricato (2006) definem as principais
taxas normalmente cobradas dos franqueados listadas abaixo:
- Taxa de Franquia (Taxa Inicial): a taxa cobrada do franqueador ao franqueado para o
ingresso do franqueado em um determinado sistema de franquia (ARAJO, [s.d.]).
Geralmente a mais alta e paga de uma vez no momento da assinatura do contrato principal.
Algumas franquias, com o objetivo de captar mais franqueados, ganhando em quantidade,
deixam de cobrar essa taxa (MARICATO, 2006). Esto inclusos nessa taxa o treinamento
realizado com os franqueados e seus empregados e as despesas referentes ao
acompanhamento durante a implantao. Os valores normalmente cobrados no mercado
chegam no mximo a R$ 50.000, na maioria das vezes na faixa de R$ 10.000 a R$ 20.000
(MAURO, 2007).
- Taxa de Royalties: pode ser chamada tambm de taxa de administrao ou taxa de
remunerao da franquia. Essa taxa tem a finalidade de cobrir os custos de acompanhamento
contnuo do franqueado e para o aprimoramento do negcio em geral e seu valor varia de 3%
a 10% (MAURO, 2007). Esse valor pago periodicamente pela continuidade da utilizao do
sistema de franquia. Normalmente so calculados com base em certo percentual sobre o
faturamento bruto mensal de cada franquia (ARAJO, [s.d.]). Geralmente os royalties so
cobrados mensalmente, porm algumas franquias cobram semanalmente e nada impede que o
pagamento dessa taxa ocorra por outros perodos previamente estipulados. Algumas redes
optam por cobrar uma alta taxa de franquia e reduzidas taxas de royalties ou o contrrio
(MARICATO, 2006).
- Taxa de Propaganda/Marketing Cooperado: taxa paga periodicamente para a formao de
um fundo financeiro com o objetivo de divulgao da marca, produtos e conceitos, atravs de
propaganda, publicidade e outros meios de divulgao (Arajo, [s.d.]). Essa taxa de grande
importncia j que um dos segredos nas redes de franquia a explorao do marketing
compartilhado entre todas as unidades. H situaes excepcionais em que surge a necessidade
de novas campanhas grandes, por exemplo quando ocorre algum noticirio alarmante em
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
42/72
26
relao ao produto comercializado pela rede, dessa forma todas as unidades colaboram
(MARICATO, 2006). O valor pago por essa taxa pode variar de acordo com a necessidade
que o tipo do negcio exige, e normalmente variam de 0% a 8% (MAURO, 2006).
A Ilustrao 3, retirada da Folha Online, explica como ocorre a cobrana dos royalties
pelas redes franqueadoras:
Ilustrao 3: Entenda osRoyaltiesFonte: Folha de So Paulo 2010
Segundo Mauro (1999), as taxas de franquia e os royalties recebidos pelos
franqueadores de seus franqueados so receitas extras que devem ser reinvestidas no negcio
para o aprimoramento de seus produtos/servios.
2.6. Franchising no Setor Alimentcio
Maricato (2006) explica o grande nmero de franquias no setor alimentcio desde osurgimento dos shoppings centers no pas j que muitas redes e principalmente as defast food
utilizam as praas de alimentao para se instalarem. Com a rpida expanso dos shoppings
por todo pas essas redes puderam atingir um pblico variado por todo territrio.
Em estudo realizado pela ABF em parceria com o Provar (Programa de Administrao
de Varejo) da Fundao Instituto de Administrao (FIA) no segundo trimestre de 2010 sobre
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
43/72
27
o desempenho do setor de franquias, foram avaliadas 54 redes. Do total da amostra de redes
participantes 33% so do segmento de alimentao, mantendo a tendncia de pesquisas
anteriores onde o setor de alimentao foi o que teve maior participao. Ainda foi relatado
que o ramo de alimentao tem o maior nmero de lojas, representando 28% do total de lojas,
e h a expectativa de um aumento em 5,2% das unidades franqueadas (ABF, 2010).
De acordo com alguns autores (Pl, 2001; Mauro, 2006) as redes do setor alimentcio
realizam constantemente inovaes para se manterem competitivas no mercado e tambm
para garantir seus lucros, j que o segmento alimentcio apresenta vrias exigncias de
regulamentaes de funcionamento e tributaes diversas.
Duas lies no campo das franquias de alimentao so ressaltadas por Maricato(2006). aconselhado evitar o mximo possvel trabalhar com produtos que so facilmente
perecveis ou que possam causar qualquer tipo de perigo, pois qualquer envolvimento com a
falta de higiene ou qualquer outro ato ilcito pode ser noticiado pela imprensa e assim
acarretar m impresso da marca pelos consumidores, independente da proximidade do local
onde foi constatado o ocorrido. Tambm aconselhado no permitir a abertura de uma
unidade franqueada em localidades onde o fornecimento da matria-prima e a fiscalizao das
lojas for de difcil acesso.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
44/72
28
3. Metodologia
Este estudo teve como ponto de partida investigar e se aprofundar no conhecimento do
sistema de franquias no Brasil, desde o desenvolvimento at o modelo atual com os contnuos
aperfeioamentos ocorridos, para que assim fossem encontradas as seguintes concluses sobre
o processo de transio de uma empresa que opera com alguns parceiros e tem a inteno de
tornar-se uma rede franqueadora.
Dessa forma, este um estudo exploratrio, do tipo qualitativo por meio do mtodo
estudo de caso, utilizando-se como ferramenta entrevistas em profundidade.
Estudos exploratrios, segundo Malhotra (2006) so adequados em qualquer situao
onde o pesquisador no possui todo o entendimento necessrio para prosseguir com o projeto
de pesquisa. Esse tipo de pesquisa tem como principal objetivo ajudar a compreender a
situao-problema enfrentada pelo pesquisador com o intuito de prover critrios e maior
compreenso.
O autor acrescenta ainda algumas finalidades para qual a pesquisa exploratria pode
ser utilizada:
- formular um problema ou defini-lo com maior preciso;
- identificar cursos alternativos de ao;
- desenvolver hipteses;
- isolar variveis e relaes-chave para exame posterior;
- obter critrios para desenvolver uma abordagem do problema;
- estabelecer prioridades para pesquisas posteriores.
O Quadro 4 faz uma comparao entre as trs concepes bsicas de pesquisa:
Uma comparao entre concepes bsicas de pesquisa
Exploratria Descritiva Causal
Objetivo:Descobrir idias e
percepes
Descrever
caractersticas ou
funes do mercado
Determinar relaes de
causa e efeito
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
45/72
29
Caractersticas:
Flexvel, verstil, muitas
vezes o ponto de partida de
toda concepo de pesquisa
Marcada pela
formulao prvia de
hipteses especficas;
Concepo pr-
planejada e estruturada
Manipulao de uma ou
mais variveis
independentes;
Controle de outras
variveis intermedirias
Mtodos:
Entrevistas com
especialistas, levantamentos-
piloto, dados secundrios e
pesquisa qualitativa
Dados secundrios,
levantamentos, painis,
dados de observao e
outros dados
Experimentos
Quadro 4: Comparao entre concepes bsicas de pesquisaFonte: Malhotra (2006) pgina 100
De forma mais ampla o autor faz outra comparao entre a pesquisa exploratria e a
conclusiva. Onde a pesquisa exploratria define as informaes de forma ampla, utilizando
uma amostra pequena e no-representativa, e o processo de pesquisa adequado mais flexvel
e no-estruturado, enquanto a pesquisa conclusiva normalmente mais formal e estruturada,
utiliza amostras grandes e representativas e normalmente so utilizadas como dados para a
tomada de decises gerenciais.
As pesquisas qualitativas e quantitativas no devem ser consideradas excludentes, e
sim complementares uma outra, quando usadas em conjunto so capazes de fornecer
informaes muito teis e oferecer suporte criao de estratgias de marketing. Neste estudo
foi utilizada a pesquisa qualitativa, que proporciona maior viso e compreenso do contexto
do problema. Pesquisa qualitativa uma metodologia de pesquisa no-estruturada e
exploratria baseada em pequenas amostras que proporcionam percepes e compreenso
do contexto do problema`` (MALHOTRA, 2006).
O Quadro 5 abaixo apresenta uma comparao entre os dois tipos de pesquisa:
Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa
Pesquisa Qualitativa Pesquisa Quantitativa
Objetivo
Alcanar uma compreenso
qualitativa das razes e
motivaes subjacentes
Quantificar os dados e
generalizar os resultados da
amostra para a populao-alvo
AmostraNmero pequeno de casos no-
representativos
Grande nmero de casos
representativos
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
46/72
30
Coleta de dados No-estruturada Estruturada
Anlise de dados No-estatstica Estatstica
ResultadosDesenvolvem uma compreenso
inicial
Recomendam uma linha de ao
final
Quadro 5: Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativaFonte: Malhotra (2006)
Os estudos de caso so comumente usados como mtodo de pesquisa nas disciplinas
de cincias sociais, com o intuito de gerar bons trabalhos a partir da coleta, apresentao e
anlise correta dos dados, e posteriormente a redao de um relatrio com as concluses
encontradas (YIN, 2003).
Segundo Yin (2003), podem existir estudos de caso exploratrios, descritivos e
explanatrios, j que qualquer mtodo de pesquisa pode ser utilizado para as trs finalidades
(exploratria, descritiva e explanatria), o que diferencia os mtodos de pesquisa so trs
condies apresentadas no Quadro 6 abaixo, onde explicada, resumidamente, a relao
dessas trs condies com os cinco principais mtodos de pesquisa:
MtodoForma de questo de
pesquisa
Exige controle dos
eventos
comportamentais?
Enfoca eventos
contemporneos?
Experimento Como, por qu? Sim Sim
Levantamento (survey)Quem, o qu, onde,
quantos, quanto?No Sim
Anlise de arquivosQuem, o qu, onde,
quantos, quanto?No Sim/No
Pesquisa histrica Como, por qu? No No
Estudo de caso Como, por qu? No Sim
Quadro 6: Situaes relevantes para diferentes mtodos de pesquisaFonte: YIN
A definio de estudo de casos feita pelo autor :
O estudo de caso uma investigao emprica que investiga um fenmenocontemporneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmentequando os limites entre o fenmeno e o contexto no so claramente evidentes. Ainvestigao do estudo de caso enfrenta a situao tecnicamente diferenciada em queexistiro muito mais variveis de interesse do que pontos de dados, e, comoresultado conta com mltiplas fontes de evidncia, com os dados precisando
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
47/72
31
convergir de maneira triangular, e como outro resultado beneficia-se dodesenvolvimento anterior das proposies tericas para orientar a coleta e a anlisede dados.`` (YIN, 2006)
O Quadro 7 abaixo apresenta de forma esquematizada as etapas realizadas durante a
pesquisa:
Etapas da Pesquisa Procedimentos
Etapa 1: Pesquisa Bibliogrfica Aprofundar conhecimentos tericos.
Etapa 2: Pesquisa qualitativa de natureza
exploratria
Conhecimento prtico do tema;
Realizao de pr-entrevistas para aprofundamento
de informaes;
Montagem de um roteiro de entrevista.
Etapa 3: Estudo de Caso
Realizao das entrevistas;
Anlise das relaes existentes entre proprietrio
da rede e parceiros;
Anlise do processo de transio de parceria para
franquia.
Quadro 7: Procedimentos metodolgicos de pesquisa
As entrevistas em profundidade so indicadas para a realizao de uma investigao
detalhada do entrevistado, conduzidas uma a uma e de forma levemente estruturada para que apesquisa exploratria ganhe viso e compreenso. So utilizadas na descoberta de
informaes bsicas ou implcitas e proporcionam a percepo das motivaes, crenas,
atitudes e conseqncias percebidas do comportamento (MALHOTRA, 2005).
Para a realizao da pesquisa foram feitas entrevistas com o proprietrio da rede Ice by
Nice e com os dois parceiros que possuem lojas na cidade de Ribeiro Preto. As entrevistas
foram realizadas dentro das lojas de cada um deles e foram abordadas as seguintes questes:
Proprietrio da Marca (futuro franqueador):
- Descreva como hoje a estratgia de parceira com outras empresas. Como so esses
acordos? Quais as obrigaes e deveres de cada parte? Existem metas para os parceiros?
Como eles so avaliados?
- Quais motivos levaram voc a disponibilizar sua marca e seus produtos a outras empresa
(parceiros)?
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
48/72
32
- Quais vantagens voc esperava conseguir com essa estratgia?
- Elas foram atingidas?
- Quais as principais dificuldades/problemas dessa estratgia (Ex: comunicao, ponto de
divergncia, objetivos conflitantes, etc..)?
- Caso ocorram algumas dessas dificuldades, como elas so resolvidas (medidas tomadas)?
- Voc pensa em se tornar um franqueador?
- Descreva como seria essa atuao. Como seriam os acordos? Quais seriam as obrigaes e
deveres de cada parte? Existiriam metas para os parceiros? Como eles seriam avaliados?
- Quais os principais motivos que levaram voc a pensar nessa estratgia?
- Quais seriam os possveis benefcios/vantagens de ser uma rede franqueadora?
- Quais as possveis dificuldades/problemas de ser uma rede franqueadora? Como eles seriam
resolvidos (ex: perda de qualidade, etc..)?- Quais as principais dificuldades nesse processo de transio?
- Qual seriam as diferenas entre a estratgia atual (trabalhar com parceiros) e ser uma rede
franqueadora?
Parceiros (futuros franqueados):
- Descreva como hoje a parceria com empresa proprietria da marca. Como so esses
acordos? Quais as obrigaes e deveres de cada parte? Existem metas para os parceiros?
Como vocs so avaliados?- Quais motivos levaram voc a optar por utilizar uma marca j existente ao invs de criar
uma marca prpria?
- Quais vantagens voc esperava conseguir com essa parceria?
- Elas foram atingidas?
- Quais as principais dificuldades/problemas dessa parceira (Ex: comunicao, ponto de
divergncia, objetivos conflitantes, etc..)?
- Caso ocorram algumas dessas dificuldades, como elas so resolvidas (medidas tomadas)?
- Caso a empresa proprietria da marca resolva ser uma franqueadora (em vez de parceira),como voc v essa mudana? Voc continuaria com a marca (seria um franqueado)? Por qu?
- Quais motivos voc acha que a empresa proprietria da marca teria para se tornar uma
franqueadora?
- Quais seriam os possveis benefcios/vantagens de ser um franqueado?
- Quais as possveis dificuldades/problemas de ser um franqueado? Como eles seriam
resolvidos?
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
49/72
33
- Quais as principais dificuldades nesse processo de transio?
- Quais seriam as principais diferenas entre ser um parceiro e ser um franqueado?
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
50/72
34
4. Anlise dos Resultados
O estudo de caso foi realizado na Ice by Nice, uma empresa que atua no setor
alimentcio, mais especificamente na produo e comercializao de sorvetes, tem sua sede e
fbrica localizada em Jaboticabal SP. H aproximadamente quinze anos o proprietrio damarca Ice by Nice resolveu expandir seu negcio atravs da ajuda de parceiros. Esses
parceiros abririam suas prprias lojas, revendendo apenas os produtos da Ice by Nice e
utilizando a marca, em contrapartida o dono da marca ganharia com a venda dos sorvetes.
Hoje a empresa conta com doze lojas, sendo duas prprias e dez conduzidas por parceiros,
espalhadas pelo estado de So Paulo, em: Araraquara, Bebedouro, Guaruj, Jaboticabal,
Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeiro Preto, Rio Claro, So Carlos e So Jos do Rio
Preto.
As entrevistas realizadas com o proprietrio da marca e com dois parceiros
proporcionaram entendimentos mais aprofundados sobre o tema de pesquisa deste estudo que
podem ser observados a seguir.
Inicialmente, em relao aos motivos que levaram o proprietrio da marca a
disponibiliz-la a terceiros (parceiros) foi mencionado que ao notar um diferencial
competitivo em relao a forma de apresentao dos produtos (utilizando-se taas), e que na
maioria das vezes essa percepo foi um alerta dos prprios clientes, foi identificada uma
maneira de multiplicar o modelo atravs do sistema de parceria, concedendo a outros
empreendedores a oportunidade de comercializao dos mesmos produtos. A principal
vantagem que se esperava alcanar era de um crescimento mais rpido, o que aconteceu at
certo ponto j que todo o processo era concentrado numa nica pessoa (o proprietrio da
marca).
Em relao a um dos parceiros, a preferncia pela Ice by Nice ao invs de abrir um
negcio prprio se deu pela minimizao de erros por utilizar uma marca j conhecida e
testada no mercado, alm do relacionamento pessoal existente com o proprietrio da marca e
o desejo de tornar-se um empreendedor mesmo sem experincia prtica, j que o know-how
oferecido seria tambm outra vantagem. Foi relatado que com o apoio oferecido pela sede
muitas das dificuldades que poderiam existir foram eliminadas, porm, outras falhas
ocorreram devido imaturidade do negcio. Um exemplo foi o excessivo estoque imposto
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
51/72
35
especificamente para um dos parceiros que abriu o primeiro quiosque da Ice by Nice, baseado
em uma loja de shopping onde a rotatividade de clientes era bem maior, com isso o sorvete
em excesso, taas, embalagens, e outros utenslios no utilizados foram mantidos em estoque
por muito tempo ocupando um espao que poderia ser melhor utilizado, alm do investimento
desnecessrio.
Na opinio de outro parceiro, sua escolha pela Ice by Nice ocorreu devido ao
reconhecimento da marca pela qualidade no mercado e ao produto voltado para a classe mdia
alta.
Do ponto de vista do proprietrio da marca foram detectadas algumas dificuldades na
estratgia de parceria, como: a identificao dos pontos comerciais ideais com foco nopblico-alvo definido, a seleo dos candidatos com perfil empreendedor e a estrutura de
marketing (lanamento e divulgao dos produtos).
Um exemplo de falha na identificao do ponto comercial foi a loja que durou pouco
tempo no Novo Shopping (em Ribeiro Preto) e no deu certo por no atingir o pblico-alvo.
Hoje est sendo estudada a viabilidade de abrir novamente uma loja neste mesmo shopping
devido abertura de uma nova praa de alimentao voltada para um pblico diferenciado.
Em relao dificuldade de seleo dos candidatos foi relatado que no incio muitos dosparceiros tinham apenas capital para investir e um ponto comercial, porm sem nenhum perfil
empreendedor. Hoje em doze lojas pode-se dizer que apenas 50% tem perfil empreendedor. A
falha na estratgia de marketing ocorre devido escassez de recursos vindos dos parceiros, j
que toda publicidade bancada pela fbrica.
As dificuldades citadas acima esto sendo solucionadas gradativamente com toda a
reestruturao pela qual o negcio est passando. As escolhas do ponto comercial e dos
candidatos ideais com perfil empreendedor esto sendo baseadas em estudos realizados porpessoas capacitadas. E toda estrutura de marketing do negcio est sendo revista e definida
novamente para dar apoio ao novo passo que tornar-se uma franquia.
Do ponto de vista dos parceiros as principais dificuldades em relao estratgia de
parceria so a comunicao e a falta de padronizao.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
52/72
36
A comunicao entre sede e parceiros bastante crtica principalmente em relao aos
pedidos de mercadorias que eram realizados por e-mail, acontecendo muitas vezes de no
chegar tudo o que havia sido solicitado e sem nenhuma observao feita, percebendo-se a
falha apenas quando o produto acabava na loja e no existia no estoque para repor. Como no
existe um acompanhamento muito freqente nas lojas dos parceiros, a exigncia em relao
padronizao no muito grande. Dessa forma, um parceiro acaba prejudicando o outro
quando os padres no so seguidos em todas as lojas e os clientes percebem essa diferena.
J existem medidas para minimizar as principais dificuldades expostas acima pelo
parceiro. Em relao ao pedido de mercadorias, foi feita uma ferramenta no site onde todos os
parceiros tm acesso e realizam seus pedidos de forma que a sede identifica esses pedidos
assim que os parceiros o realizam. A questo da padronizao e tambm da comunicao foiamenizada com entrada de uma nova consultora que passou a visitar as lojas com maior
freqncia, trazendo e levando informaes, crticas, cobrando com maior exigncia os
padres estabelecidos.
A inteno do proprietrio da marca fazer toda a reestruturao necessria para
tornar-se uma rede franqueadora. Hoje o negcio ainda opera em forma de parceria, baseado
num contrato de fornecedor (ANEXO B). Porm a expectativa de partir para aes mais
ousadas, atingindo assim um rpido crescimento e conseqentemente a gerao de recursosfinanceiros que permitam a ampliao do negcio. A Circular de Oferta de Franquia (COF)
est sendo desenvolvida por uma empresa terceirizada, com especialidade na rea e tambm
com apoio na parte jurdica, que cadastrar a empresa na ABF (Associao Brasileira do
Franchising). Na COF estaro apresentados todos os direitos e obrigaes de ambas as partes
e os modelos de padro a serem seguidos.
Baseado neste estudo de reposicionamento pelo qual o negcio est passando, a Ice by
Nice toma como referncia algumas outras marcas conceituadas no mercado internacional.Como referncia de qualidade adotada a Hagen-Dazs, marca americana que surgiu em
Nova York em 1961 com o objetivo de criar o melhor sorvete do mundo; como referncia de
diversidade inspirada na Baskin Robbins, da Califrnia; como referncia do glamour
baseada na marcaDiletto, marca italiana de sorvetes artesanais.
7/27/2019 PROCESSO DE TRANSIO DE PARCERIA PARA FRANQUIA
53/72
37
Ficou claro que os parceiros no so contra a estratgia da franquia, eles entendem que
com o crescimento da marca eles tambm crescero conseqentemente. Porm, a preocupao
dos parceiros est em relao cobrana de algumas taxas que no existem hoje (os royalties
e a taxa de propaganda), pois os produtos j tm um preo relativamente elevado, e com o
incio da cobrana dessas taxas os custos sero repassados aos clientes, deixando os produtos
ainda mais caros e talvez acima do valor que os clientes estariam dispostos a pagar.
Outra preocupao colocada por um dos parceiros em relao ao contato direto com
o proprietrio da rede, j que hoje com apenas doze lojas esse relacionamento ainda bastante
freqente, porm com a expanso do negcio com a abertura de muitas outras lojas
provavelmente ocorreria um distanciamento.
Um dos parceiros relatou que acha justa a cobrana da taxa de franquia (paga para
utilizar a marca) devido ao apoio e assistncia dada por profissionais especializados no
momento de abertura da loja, alm do treinamento dos funcionrios. Porm, como hoje
existem apenas 12 lojas para ratear os gastos referentes a propaganda esse valor seria muito
alto, o que muitas vezes no atrairia novos interessados no negcio.
O proprietrio da marca identifica como a principal dificuldade nesse processo de
transio (tornar-se uma rede franqueadora) a criao de um negcio atrativo que atenda umaregio de atuao maior do que a existente hoje, fazendo com que todos os participantes
(franqueados) pensem de certa forma igual, seguindo os padres pr-estabelecidos, o que
bastante difcil j que h uma tendncia muito grande de os parceiros personalizarem seu
negcio com caractersticas pessoais perdendo de certa forma a caracterstica do negcio
inicial.
Do ponto de vista de um parceiro, abrir um negcio que atua como forma de parceria
exige um capital inicial menor do que se fosse abrir uma loja de uma franquia mais conhecidano mercado. Em contrapartida, numa parceria no dado todo o apoio