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PROCESSO DIGITAL – APELAÇÕES CÍVEIS Nº 0341228.89.2011.8.09.0123 COMARCA DE PIRACANJUBA 1º APELANTES: FERNANDO DE PAULA DIAS E CÍCERO RODRIGUES PINHEIRO 2º APELANTE: ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DE GOIÁS 3º APELANTE :ROBSON CAVALCANTI DA COSTA 4º APELANTE: RICARDO DE PINA CABRAL APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR: DES. AMARAL WILSON DE OLIVEIRA V O T O Destaco, de início, que incide, na espécie, o regramento previsto no Código de Processo Civil de 1973, eis que o presente recurso fora interposto anteriormente à égide do novo Códex Processual Civil e em face de sentença recebida em cartório ainda na vigência do Código revogado. Consoante o relatório, diante da constatação de uma sequência de fatos que levantaram dúvidas sobre a regularidade do processo licitatório realizado pelo Município de Piracanjuba para o término da obra do "Palácio das Orquídeas”, foi ajuizada a presente Ação Civil Pública, visando apurar a licitude do procedimento, a conduta dos agentes públicos e das empresas participantes do certame. O magistrado de instância singela por entender que inexistiram provas de que os agentes públicos envolvidos no certame (Prefeito - Ricardo de Pina Cabral, Procurador do Município - Robson Cavalcanti da Costa e Comissão de Licitação- Fernando de Paula Dias, Cícero Rodrigues Pinheiro, Miriam Ribeiro Guimarães e Marcilene Maria de Souza) se uniram previamente com o fim de frustrar o processo licitatório, deixou de reconhecer as alegações de simulação de competição e licitação dirigida apresentadas pelo órgão Ministerial de 1º Grau. No entanto, por constatar que houve a frustração da lisura do procedimento licitatório e ofensa ao princípio da legalidade, diante da existência de elementos que violaram o item 2.4.3 c1 do Edital da Tomada de Preços n° 005/201 e o artigo 134 da Lei Orgânica do Município, o juízo a quo JULGOU PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos iniciais, imputando aos réus envolvidos as penas impostas nos artigos 11 e 12, inciso III, da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n° 8.429/92). Da sentença sobrevieram os recursos apelatórios, os quais passo a analisar, sem me ater, Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 16/11/2017 16:48:59 Assinado por AMARAL WILSON DE OLIVEIRA Validação pelo código: 10473567519316035, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/PendenciaPublica

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PROCESSO DIGITAL – APELAÇÕES CÍVEIS Nº 0341228.89.2011.8.09.0123 COMARCA DE PIRACANJUBA 1º APELANTES: FERNANDO DE PAULA DIAS E CÍCERO RODRIGUES PINHEIRO 2º APELANTE: ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DE GOIÁS 3º APELANTE :ROBSON CAVALCANTI DA COSTA 4º APELANTE: RICARDO DE PINA CABRAL APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO RELATOR: DES. AMARAL WILSON DE OLIVEIRA   V O T O   Destaco, de início, que incide, na espécie, o regramento previsto no Código de Processo Civil de1973, eis que o presente recurso fora interposto anteriormente à égide do novo Códex ProcessualCivil e em face de sentença recebida em cartório ainda na vigência do Código revogado.   Consoante o relatório, diante da constatação de uma sequência de fatos que levantaram dúvidassobre a regularidade do processo licitatório realizado pelo Município de Piracanjuba para otérmino da obra do "Palácio das Orquídeas”, foi ajuizada a presente Ação Civil Pública, visandoapurar a licitude do procedimento, a conduta dos agentes públicos e das empresas participantesdo certame.   O magistrado de instância singela por entender que inexistiram provas de que os agentespúblicos envolvidos no certame (Prefeito - Ricardo de Pina Cabral, Procurador do Município -Robson Cavalcanti da Costa e Comissão de Licitação- Fernando de Paula Dias, Cícero RodriguesPinheiro, Miriam Ribeiro Guimarães e Marcilene Maria de Souza) se uniram previamente com ofim de frustrar o processo licitatório, deixou de reconhecer as alegações de simulação decompetição e licitação dirigida apresentadas pelo órgão Ministerial de 1º Grau.   No entanto, por constatar que houve a frustração da lisura do procedimento licitatório e ofensa aoprincípio da legalidade, diante da existência de elementos que violaram o item 2.4.3 c1 do Editalda Tomada de Preços n° 005/201 e o artigo 134 da Lei Orgânica do Município, o juízo a quoJULGOU PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos iniciais, imputando aos réus envolvidosas penas impostas nos artigos 11 e 12, inciso III, da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n°8.429/92).   Da sentença sobrevieram os recursos apelatórios, os quais passo a analisar, sem me ater,

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contudo, à ordem em que foram interpostos.   *3ª APELAÇÃO CÍVEL – PROCURADOR DO MUNICÍPIO DE PIRACANJUBA - ROBSONCAVALCANTI DA COSTA * Da análise da 3ª Apelação Cível, interposta pelo Procurador do Município, ROBSONCAVALCANTI DA COSTA, denoto, de primo, que a prefacial de ilegitimidade passiva merece seracolhida, pelos motivos que passo a expor.   O parecer de um advogado público é um ato opinativo, expedido de acordo com sua interpretaçãojurídica sobre determinado assunto, sem qualquer conteúdo decisório.   Esse é o entendimento emanado do colendo Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PARECERES OPINATIVOS PROFERIDOS PORPROCURADORES PÚBLICOS. RESPONSABILIDADE. GRAUS. PRETENSÃO RECURSALCUJO EXAME SE ENCONTRA ATRELADO AO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.APLICAÇÃO DA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELA SÚMULA 7 DO STJ.[…] 2. Da leitura dos autos,é possível constatar que o acórdão proferido para o agravo de instrumento (na origem) ecombatido pela via especial se encontra pautado em contornos fático-probatórios da demandacivil, sobretudo ao concluir que, pelas características jurídicas dos pareceres apresentados, sedestacava a natureza opinativa desses documentos a elidir a responsabilização dos respectivosemitentes, o que estaria a afastar a configuração de dolo ou culpa nesta hipótese.3.[…]Precedentes: AgInt no REsp 1.659.135/SP, de minha relatoria, Segunda Turma, julgado em3/8/2017, DJe 9/8/2017; REsp 1.660.398/PE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma,julgado em 27/6/2017, DJe 30/6/2017; REsp 1.454.640/ES, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,Primeira Turma, julgado em 15/10/2015, DJe 5/11/2015; EDcl no REsp 1.385.745/CE, Rel.Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 19/4/2016, DJe 10/2/2017; AgRg noAREsp 636.700/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 3/9/2015, DJe10/2/2016. 5. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 976.188/DF, Rel.Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/08/2017, DJe 25/08/2017)   Confira-se o posicionamento do Pretório Excelso, mutatis mutandi: "EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO. AUDITORIA PELOTCU. RESPONSABILIDADE DE PROCURADOR DE AUTARQUIA POR EMISSÃO DEPARECER TÉCNICO-JURÍDICO DE NATUREZA OPINATIVA. SEGURANÇA DEFERIDA. I.Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico: (i) quando a consulta éfacultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder de decisão nãose altera pela manifestação do órgão consultivo; (…) II. No caso de que cuidam os autos, oparecer emitido pelo impetrante não tinha caráter vinculante. Sua aprovação pelo superiorhierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem o torna parte de ato administrativoposterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao erário, mas apenas incorpora suafundamentação ao ato. III. Controle externo: É lícito concluir que é abusiva a responsabilização doparecerista à luz de uma alargada relação de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo

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do qual tenha resultado dano ao erário. Salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro,submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe aresponsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer de natureza meramenteopinativa. Mandado de segurança deferido." (MS 24631, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA,Tribunal Pleno, julgado em 09/08/2007, DJe-018 DIVULG 31-01-2008 PUBLIC 01-02-2008EMENT VOL-02305-02 PP-00276 RTJ VOL-00204-01 PP-00250).   "EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS. TOMADA DECONTAS: ADVOGADO. PROCURADOR: PARECER. (...) I. - Advogado de empresa estatal que,chamado a opinar, oferece parecer sugerindo contratação direta, sem licitação, medianteinterpretação da lei das licitações. Pretensão do Tribunal de Contas da União em responsabilizaro advogado solidariamente com o administrador que decidiu pela contratação direta:impossibilidade, dado que o parecer não é ato administrativo, sendo, quando muito, ato deadministração consultiva, que visa a informar, elucidar, sugerir providências administrativas aserem estabelecidas nos atos de administração ativa. Celso Antônio Bandeira de Mello, "Cursode Direito Administrativo", Malheiros Ed., 13ª ed., p. 377. II. - O advogado somente serácivilmente responsável pelos danos causados (...), se decorrentes de erro grave, inescusável, oude ato ou omissão praticado com culpa, em sentido largo: Cód. Civil, art. 159; Lei 8.906/94, art.32. III. - Mandado de Segurança deferido." (MS 24073, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO,Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2002, DJ 31-10-2003 PP-00015 EMENT VOL-02130-02 PP-00379)   Nesse cenário, sua atuação, de regra, não é suscetível de provocar responsabilização por ato deimprobidade administrativa. Tal responsabilização somente pode ocorrer quando comprovado queo procurador do ente público operou em cumplicidade com o administrador, de forma dolosa, como escopo de disfarçar uma ilegalidade.   Quanto à necessidade de se comprovar a existência de situação excepcional (dolo) para aresponsabilização do parecerista, já se posicionou o egrégio STJ: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO EXISTENTE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. REQUISITO DO FUMUSBONI IURIS NÃO EXAMINADO. EFEITO INFRINGENTE. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO.RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. […] 6. "É possível, em situações excepcionais, enquadraro consultor jurídico ou o parecerista como sujeito passivo numa ação de improbidadeadministrativa. Para isso, é preciso que a peça opinativa seja apenas um instrumento,dolosamente elaborado, destinado a possibilitar a realização do ato ímprobo. Em outras palavras,faz-se necessário, para que se configure essa situação excepcional, que desde o nascedouro amá-fé tenha sido o elemento subjetivo condutor da realização do parecer." (REsp 1.183.504/DF,Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 17.6.2010. […] (EDcl no AgRg no REsp1408523/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/06/2016,DJe 10/10/2016)   Trago à colação os ensinamentos de José dos Santos Carvalho Filho, em seu livro "Manual deDireito Administrativo" (23ª Edição, Editora Lumem Juris, Rio de Janeiro, 2010, pág.151/152):

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"Os pareceres consubstanciam opiniões, pontos de vista de alguns agentes administrativos sobrea matéria submetida à sua apreciação. (…) Refletindo um juízo de valor, uma opinião pessoal do parecerista, o parecer não vincula aautoridade que tem competência decisória, ou seja, aquela a quem cabe praticar o atoadministrativo final. Trata-se de atos diversos - o parecer e o ato que o aprova ou rejeita. Comotais têm conteúdos antagônicos, o agente que opina nunca poderá ser o que decide. De tudo isso resulta que o agente que emite o parecer não pode ser considerado solidariamenteresponsável com o agente que produziu o ato administrativo final, decidindo pela aprovação doparecer. A responsabilidade do parecerista pelo fato de ter sugerido mal somente pode seratribuída se houver comprovação indiscutível de que agiu dolosamente, vale dizer, com o intuitopredeterminado de cometer improbidade administrativa. Semelhante comprovação, entretanto,não dimana do parecer em si, mas, ao revés, constitui ônus daquele que impugna a validade doato em função da conduta de seu autor. Não nos parece correto, portanto, atribuir, a priori, responsabilidade solidária a servidorespareceristas quando opinam, sobre o aspecto formal ou substancial (em tese), pela aprovação ouratificação de contratos e convênios, TAL COMO EXIGIDO NO ART. 38 DA LEI 8.666/93(ESTATUTO DAS LICITAÇÕES), e isso porque o conteúdo dos ajustes depende de outrasautoridades administrativas, e não dos pareceristas. Essa responsabilidade não pode seratribuída por presunção e só se legitima no caso de conduta dolosa, como já afirmado, ou porerro grosseiro injustificável."   Como se vê, mesmo em casos em que, além do parecer, haja a aprovação de contratos peloprocurador de ente público, não se mostra possível, de plano, a responsabilização do servidor,devendo existir prova do dolo do agente.   Sendo assim, inexistindo nos autos qualquer demonstração de má-fé e de ação dolosa por partedo parecerista, não há como enquadrar o Procurador do Município de Piracanjuba como sujeitopassivo na presente ação civil pública, pelo que necessária a reforma da sentença, decotando-sea condenação do Dr. ROBSON CAVALCANTI DA COSTA, nas penalidades previstas na Lei deImprobidade Administrativa, mormente porque o parecer disponibilizado pelo ProcuradorMunicipal teve caráter opinativo.   *2ª APELAÇÃO CÍVEL - ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DE GOIÁS –ASSISTENTE PROCURADOR DO MUNICÍPIO* Quanto à 2ª Apelação Cível interposta pela ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DEGOIÁS, o objeto do recurso cinge-se à pretensão da entidade institucional de intervençãoprocessual, na qualidade de assistente de Robson Cavalcanti da Costa, Procurador do Municípiode Piracanjuba, que foi incluído no polo passivo da lide pelo Órgão Ministerial apelado paraapuração da emissão de parecer jurídico favorável à homologação de licitação eivada de víciosformais e materiais visando contratação dirigida.   No entanto, em decorrência do julgamento da 3ª Apelação Cível, a qual foi conhecida e provida

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para afastar as penalidades impostas ao Procurador do Município, vê-se que pretensão buscadaneste Apelo já foi atendida, mostrando-se, pois, evidente a perda do objeto, que, por esse motivo,há de ser julgada prejudicada.   Determina o artigo 195 do Regimento Interno deste E. Tribunal de Justiça, in verbis: “Art. 195 - Julgar-se-á prejudicada a pretensão quando houver cessado sua causa determinanteou já tiver sido plenamente alcançada em outra via, judicial ou não. Parágrafo único. A pretensão será julgada sem objeto, se este houver desaparecido ou perecido.”   Éeste o entendimento do egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás: AÇÃO DECLARATÓRIA. MATRÍCULA EM CURSO SUPERIOR, SEM APRESENTAÇÃO DOCERTIFICADO DE CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO. TUTELA DE URGÊNCIA CONCEDIDAEM SEDE DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. CERTIFICADO APRESENTADO NO TRÂMITE DAAÇÃO. PERDA DO OBJETO. PRETENSÃO PREJUDICADA. ARTIGO 195 DO REGIMENTOINTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS. SENTENÇA CASSADA. ERRODE JULGAMENTO E PROCEDIMENTO. […] 2. Julgar-se-á prejudicada a pretensão quandohouver cessado sua causa determinante ou já tiver sido plenamente alcançada em outra via,judicial ou não, inteligência do artigo 195 do RITJGO. 3. APELO CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA CASSADA. PRETENSÃO PREJUDICADA. (TJGO, Apelação (CPC) 0230692-27.2015.8.09.0137, Rel. GERSON SANTANA CINTRA, 3ª Câmara Cível, julgado em 14/06/2017,DJe de 14/06/2017) Nesses termos, declaro PREJUDICADA a 2ª Apelação Cível interposta pela ORDEM DOSADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO DE GOIÁS.   *PRELIMINARES DA 4ª APELAÇÃO CÍVEL – RICARDO PINA CABRAL – PREFEITO DOMUNICÍPIO DE PIRACANJUBA* a) Da gratuidade da justiça De início, denota-se que o recorrente formulou pedido de assistência judiciária gratuita, e,concomitantemente, efetuou recolhimento do preparo (evento 03- doc 237).   De acordo com o entendimento jurisprudencial, o recolhimento do preparo do recurso, por meiodo qual se discute o indeferimento do pedido de justiça gratuita, configura ato incompatível com agratuidade perseguida, pois demonstra a possibilidade de arcar com as despesas do processo.Nesse sentido: EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO.SEGURADORA EM PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. SUSPENSÃO DO FEITO.FLUÊNCIA DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. NÃOCOMUNICAÇÃO DO SINISTRO. INTERESSE DE AGIR. CORREÇÃO DO VALOR DA APÓLICE.OMISSÃO INEXISTENTE. 1. Tendo a parte recolhido as custas recursais, mesmo diante da

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alegada crise financeira, não se justifica o deferimento da assistência judiciária gratuita, o qualpode voltar a ser oportunamente requerido caso a recorrente comprove não ter condições depagar o preparo para eventuais outros recursos. […] EMBARGOS REJEITADOS. (TJGO,APELACAO CIVEL 53879-38.2014.8.09.0087, Rel. DES. CARLOS ESCHER, 4A CAMARACIVEL, julgado em 24/11/2016, DJe 2159 de 30/11/2016)   EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REPARAÇÃO CIVIL - PEDIDO DE JUSTIÇAGRATUITA - RECOLHIMENTO DAS CUSTAS - ATO INCOMPATÍVEL COM O PEDIDO -PRELIMINARES - AUSÊNCIA DE PREPARO - INOVAÇÃO RECURSAL - DESERÇÃO -LUCROS CESSANTES - COMPENSAÇÃO COM O VALOR RECEBIDO DE AUXÍLIOPREVIDENCIÁRIO - DANO MORAL - DEDUÇÃO DO VALOR DO SEGURO DPVAT -POSSIBILIDADE - RECURSO ADESIVO - CONHECIDO - DANO ESTÉTICO - AUSÊNCIA DEPROVA. Se a parte pratica ato incompatível com o alegado estado de hipossuficiência financeira,efetuando o pagamento das custas recursais, não lhe pode ser deferido o benefício daassistência judiciária. […] TJMG - Apelação Cível 1.0035.14.014352-6/001, Relator(a): Des.(a)José Augusto Lourenço dos Santos, 12ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/09/2017, publicaçãoda súmula em 14/09/2017)   Nesse contexto, impõe-se o indeferimento da assistência judiciária ao apelante, já que orecolhimento do preparo é incompatível com a gratuidade de justiça requerida, o que configurapreclusão lógica.   b) Suspeição de parcialidade do magistrado sentenciante No tocante ao pedido de declaração de nulidade da sentença por parcialidade do magistrado,entendo que não assiste razão ao Apelante.   Cumpre salientar, inicialmente, que não se pode confundir a parcialidade, ou o julgamentotendencioso do juiz, com a prolação de decisão contrária aos interesses de uma das partes.   Assim sendo, o inconformismo com o resultado do julgamento não pode levar a parte a alegar aausência de imparcialidade do juiz na condução do processo.   Ao que ressai dos autos, verifica-se que o apelante manejou incidente de Exceção de Suspeiçãoprotocolado sob o n. 280606-05.2015.8.09.0123 (201592806066), o qual foi inadmitido, em razãode já ter sido proferida a sentença pelo magistrado excepto, nos seguintes termos: EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO. PARCIALIDADE DO JUIZ. OFERECIMENTO APÓS O PRAZO DE15 DIAS PREVISTO NO ARTIGO 305 DO CPC. SENTENÇA JÁ PROFERIDA. MANIFESTAIMPROCEDÊNCIA. A exceção de suspeição constitui instrumento processual apto a afastar o juizde direito de suas funções judicantes, nas situações em que sua imparcialidade restarcomprometida II - Não se conhece de exceção de suspeição oferecida após o prazo de 15 dias

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previsto no Código de Processo Civil, ainda mais se a sentença já foi proferida, o que torna aindamais inadmissível o seu oferecimento, pois esgotada a atividade jurisprudencial do magistradoexcepto. III - A admissão da exceção de suspeição só tem sentido até a prolação da sentença.Posteriormente ao julgamento do feito, eventual suspeição, deve ser arguida em sede de recursodesse ato decisório. EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO PREJUDICADA. (TJGO, EXCECAO DESUSPEICAO 280606-05.2015.8.09.0123, Rel. DR(A). JOSE CARLOS DE OLIVEIRA, 2ACAMARA CIVEL, julgado em 15/12/2015, DJe 1947 de 13/01/2015)   Em razão da manifesta improcedência do incidente instaurado, o recorrente, valendo-se dopresente meio impugnativo, aventa a suposta parcialidade do MM. Juiz primevo em preliminar deapelação, o que, como dito, não pode ser acolhido.   Isso porque, o entendimento desta 2ª Câmara Cível não permite que a parte aponte a supostaparcialidade do juiz como preliminar de apelação, vez que o ordenamento jurídico brasileiro prevêmedidas específicas para o afastamento do magistrado que não observa o princípio daimparcialidade, tais como as exceções de impedimento e suspeição, as quais devem ser arguidasem incidente, sob pena de preclusão. Vejamos: Apelação Cível. Ação Revisional de alimentos. Preliminares. Suposta parcialidade do magistradosentenciante. Exceção de suspeição. Impertinência. Pedido de extinção do feito por abandono.Impossibilidade. Cerceamento de defesa. Inocorrência. Inércia da parte quando instada a produzirprovas. Pensão fixada em trinta por cento do salário-mínimo. Ausência de elementos probatóriosque demonstrem a incapacidade financeira do alimentante para arcar com o encargo. Binômionecessidade/ utilidade. Sentença mantida. I. Descabida a discussão de suspeição em razão desuposta parcialidade da magistrada prolatora da sentença atacada, por ser matéria estranha àlide discutida nos presentes autos. De mais a mais, não é prudente dar guarida a uma teseventilada em sede de apelação cível, nos autos da Ação Revisional de Alimentos, cediço que, seporventura desvinculada de elementos fáticos e lastro probatório, restará evidenciada condenávelmanobra destinada a procrastinar o feito ou a burlar o princípio do juiz natural, com o indevidoredirecionamento dos autos a magistrado que tenha entendimento mais favorável à pretensão dorecorrente, transformando o instituto da exceção de suspeição em verdadeiro recurso da partedescontente. […] Apelação Cível conhecida e desprovida. (TJGO, APELACAO CIVEL 473068-05.2014.8.09.0129, Rel. DES. CARLOS ALBERTO FRANCA, 2A CAMARA CIVEL, julgado em06/12/2016, DJe 2169 de 15/12/2016)   Embargos de Declaração no Agravo Interno na Apelação Cível. Ação de indenização por danosmorais. Preliminar. Suspeição do Relator. Meio inadequado. Os embargos de declaração não sãoo instrumento processual adequado para se arguir a suposta suspeição deste Relator, sendonecessário a utilização de petição específica para esta alegação, conforme se vê da redação doartigo 146 do Novo Código de Processo Civil. […] Embargos de declaração rejeitados. (TJGO,APELACAO CIVEL 311330-82.2013.8.09.0051, Rel. DES. CARLOS ALBERTO FRANCA, 2ACAMARA CIVEL, julgado em 23/08/2016, DJe 2102 de 01/09/2016)   Diante disso, rejeito a preliminar de nulidade da sentença por suspeição do julgador.  

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c) Nulidade da sentença proferida por juiz em substituição automática Igualmente, não assiste razão ao recorrente quando alega ofensa ao princípio do Juiz natural porter sido a sentença proferida por Juiz diverso do que comandou a instrução processual.   De acordo com o entendimento há muito proferido pelo colendo Superior Tribunal de Justiça, oafastamento do julgador por estar de férias não ofende o Princípio da Identidade Física do Juiz,porquanto o primado não se reveste de caráter absoluto (Precedente: STJ, 4ª Turma, Resp.134678/RS, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 12/04/1999).   Tanto é assim, que o art. 132 do Código de Processo Civil de 1973, aplicável à espécie, previacomo exceção ao princípio da identidade física do Juiz, o fato do magistrado titular encontrar-sede férias no momento da prolação da sentença, reconhecendo-se, desde então, a relatividade doprincípio da identidade física do juiz. “Art. 132. O Juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiverconvocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em quepassará os autos ao seu sucessor”   Dessa forma, na expressão afastamento por qualquer motivo é de ter-se como englobadastambém as férias do julgador, por ser o seu gozo uma das modalidades de afastamento. Por aqui,a prefacial aventada já merece ser afastada. Vale frisar, a título elucidativo, que o princípio daidentidade física do juiz foi extirpado com o advento do novo CPC, vez que não há dispositivocorrelato ao art. 132 do CPC/73. Logo, o juiz que instruir o feito não precisará, necessariamente,julgar a lide.   Destaco, outrossim, que o entendimento emanado deste Tribunal é que o Juiz de Direito emsubstituição automática, possui jurisdição estendida àquela unidade judiciária, sendo, portanto,competente para decidir a questão, afastando-se qualquer alegação de incompetência do juizprolator da sentença (TJGO, APELAÇÃO CÍVEL 138509-8/188, Rel. DR(A). CARLOS ALBERTOFRANCA, 4A CÂMARA CÍVEL, julgado em 25/03/2010, DJe 562 de 22/04/2010).   Prefacial rejeitada.   d) Perda objeto No que diz respeito a preliminar de perda do objeto da ação, em razão da expedição do DecretoMunicipal 010/2011, de 22/08/2011, declarando o cancelamento do procedimento licitatório daTomada de Preços n. 005/2010, vejo que a matéria arguida se confunde com o mérito recursal e,como tal será apreciada.  

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e) Nulidade da sentença por cerceamento ao direito de defesa e vício processual insanável. Resta analisar a alegação de cerceamento do direito de defesa aventada pelo recorrente, sob oargumento de que o juízo de origem deixou de observar o devido processo legal, posto que aempresa Mileng Milênio Engenharia e Construção LTDA apresentou sua peça contestatória apósa realização da audiência de instrumento e julgamento, o que ocasiona vício processual insanávela ensejar nulidade absoluta. Equivoca-se o apelante.   Ao que ressai dos autos, a empresa Mileng Milênio Engenharia e Construção LTDA, devidamenterepresentada por seu sócio administrador, José Roberto Miranda Ala, em 23/01/2012, apresentoumanifestação, na forma de defesa (evento n. 03- doc 46 – fls. 879/882), consoante o artigo 17 §7º da Lei n. 8.429/92.   Ocorre que, mesmo já tendo apresentado a defesa, a empresa ré, na mesma data da realizaçãoda audiência de instrução e julgamento, 05/08/2014 (evento 03- doc 184), compareceu com novapeça contestatória, repetindo as teses já apresentadas.   Destarte, tendo a empresa Mileng Milênio Engenharia e Construção LTDA oferecido contestaçãona data aprazada, a preliminar deve ser repelida.   * MÉRITO DO 1º RECURSO APELATÓRIO (FERNANDO DE PAULA DIAS E CÍCERORODRIGUES PINHEIRO – MEMBROS DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO) e DA 4ª APELAÇÃOCÍVEL ( RICARDO PINA CABRAL – PREFEITO DO MUNICÍPIO DE PIRACANJUBA) * Tendo em vista a coincidência das teses meritórias apresentadas pelos primeiros apelantes -Fernando de Paula Dias e Cícero Rodrigues Pinheiro - membros da Comissão Permanente deLicitação e, pelo quarto apelante, Ricardo Pina Cabral, passo a análise dos pontos relevantespara a elucidação dos recursos apelatórios por eles apresentados.   - Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa - A Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa tem por finalidade anular atoadministrativo prejudicial ao erário ou à moralidade da Administração Pública, impondo ao seuagente a responsabilidade dentre outras, de ressarcimento, porque ímproba a conduta.   Éde conhecimento corriqueiro e comum que por ímproba deve-se conceber toda e qualquerconduta do agente público de afronta aos princípios constitucionalizados que regem a atividadeadministrativa de satisfação do interesse público.   Isso porque, é dever dos agentes públicos a observância rigorosa da ordem jurídica em vigor, oque inclui todo o sistema de princípios orientadores da atividade da Administração Pública na

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consecução do interesse público, no que se compreende, por óbvio, o princípio da moralidade.   E tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que para a ocorrência de ato ímprobo énecessária a comprovação de desonestidade, de má-fé do agente público. Somente em situaçõesexcepcionais, por força de inequívoca disposição legal, é que se admite a configuração deimprobidade por ato culposo.   Observe-se que a improbidade administrativa deve traduzir, necessariamente, a falta de boa-fé, adesonestidade, não apenas um ato ilegal, em tese.   Marçal Justen Filho, após discorrer sobre o processo administrativo e a inovação proporcionadapelo art. 37, § 4º1, da Constituição da República, definiu a improbidade administrativa: A improbidade administrativa consiste na conduta econômica eticamente reprovável praticadapelo agente estatal, consistente no exercício indevido de competências administrativas queacarrete prejuízo aos cofres públicos, com a frustração de valores constitucionais fundamentais,visando ou não a obtenção de vantagem pecuniária indevida para si ou para outrem, que sujeita oagente a punição complexa e unitária, de natureza penal, administrativa e civil, tal como definidoem lei.(Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005, pp. 686 e 688)   A improbidade, portanto, importa em má qualidade de determinada administração, comodecorrência da prática de atos que implicam o enriquecimento ilícito do agente ou em prejuízo aoerário ou, ainda, em violação aos princípios que orientam a pública administração.   Nesse norte, o pressuposto essencial da ação é a existência de ato ilegal e lesivo ao patrimôniopúblico ou à moralidade da Administração.   A Lei 8.429/92 estabelece as situações que configuram atos de improbidade administrativa,dividindo-os em ações: a) que importam enriquecimento ilícito (artigo 9º); b) que causam prejuízoao erário (artigo 10); e, c) que atentam contra os princípios da administração pública (artigo 11),dispondo o caput de mencionados artigos, e os incisos desse artigo 11.   Destarte, cumpre verificar a prova dos autos se, de fato, são ímprobas as condutas imputadasaos apelantes.   - Descrição genéria das condutas improbas – ausência de individualização dos comportamentosdos réus - Os primeiros apelantes equivocam-se aos afirmar que apenas uma descrição precisa e objetiva

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de qualquer conduta irregular por parte dos réus ensejaria uma eventual apenação por ato deimprobidade administrativa.   A uma, porque as condutas e fatos apurados, para serem considerados reprováveis, ou seja, paraque seja configurada uma irregularidade não depende necessariamente de que a conduta estejaexpressamente tipificada. Destarte, as condutas não necessitam o enquadramento rígido emalgum tipo penal. A duas, porque da leitura da petição inicial da ação civil pública em apreço,verifica-se que o Ministério Público autor, individualizou as condutas imputadas a cada um dosréus, esclarecendo que há indícios de conluio entre os requeridos.   Vislumbra-se que na peça de ingresso foi imputada ao Prefeito do Município de Piracanjuba -Ricardo de Pina Cabral – a conduta de homologar a procedimento licitatório eivado deirregularidades, em afronta aos princípios da Administração Pública e da legislação municipal. OProcurador Municipal - Robson Cavalcanti da Costa – foi incriminado por ter emitido parecerjurídico favorável à homologação de licitação eivada de vícios formais e materiais visandocontratação dirigida.   Quanto aos membros da comissão licitante - Fernando de Paula Dias, Cícero Rodrigues Pinheiro,Miriam Ribeiro Guimarães e Marcilene Maria de Souza – foi atribuída responsabilização por teremrealizado licitação em descumprimento as normas editalícias a fim de viabilizar a contrataçãodirigida. Ao sr. Adenildo Lima do Carmo e José Correia de Lima foram descritas atitudes deconluio e simulação, sendo que o segundo emprestou seu nome para a constituição da empresabeneficiária da simulação e, por fim, as empresas participantes do certame - Mileng MilênioEngenharia e Construções Ltda., Tozzete Construtora e Incorporadora Ltda. e NFL EngenhariaLtda. - foram incluídas na lide por participação simulada em licitação, com apresentação depropostas de cobertura para a empresa vencedora.   Diante da descrição apresentada e da desnecessidade de que a conduta esteja expressamentetipificada, não há se falar em descrição genérica das condutas improbas por ausência deindividualização do comportamento dos requeridos.   - Perda do objeto–cancelamento do procedimento licitatório - Como mencionado, o magistrado de instância singela embora tenha entendido que inexistiu acomprovação de simulação de competição e licitação dirigida, interpretou que há nos autoselementos que evidenciam a ocorrência de violação ao edital da licitação e a Lei Orgânica doMunicípio, fatos aptos a ensejar a improbidade administrativa por violação ao princípio dalegalidade, o qual norteia a administração pública, nos termos do artigo 37 da ConstituiçãoFederal.   Com efeito, denota-se pela Ata de Abertura e Julgamento da Tomada de Preços n. 005/2010,datada de 16/12/2010, que a empresa José Correia Lima foi declarada vencedora para executar a

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obra do Palácio das Orquídeas. Em seguida, na data de 29/12/2010, a Prefeitura de Piracanjubafirmou Contrato de Empreitada com a empresa vencedora para a execução da obra.   Em 09/08/2011, o Ministério Público do Estado de Goiás ajuizou a ação civil pública correlata,visando apurar a licitude do processo licitatório e a conduta dos agentes públicos e das empresasparticipantes do certame (vide petição inicial – evento 03- doc 02).   Conforme documentação anexa ao evento 03 - doc 92 – fls. 1054/1055, por iniciativa da própriaAdministração, no dia 22/08/20011, foi expedido o Decreto n. 210/2011 determinando ocancelamento do procedimento licitatório e, de consequência, do contrato administrativo firmadocom empresa José Correia Lima, pelo que, os apelantes defendem que a licitação realizada nãoatingiu a finalidade pretendida, devendo, pois, ser declarada a perda do objeto da ação. Apretensão não merece amparo.   Écediço que o artigo 79 da Lei de Litações autoriza a rescisão do contrato por ato unilateral eescrito da Administração Pública, pelos motivos descritos no artigo 78, incisos I a XII e XVII, o quepossibilitaria a declaração da perda do objeto da lide, haja vista que como bem ponderou oPrefeito no mencionado decreto, os serviços de construção do Palácio das Orquídeasencontravam-se paralisados.   Contudo, a proximidade das datas entre o ajuizamento da ação civil pública (09/08/2011) e doDecreto de cancelamento da Tomada de Preços (22/08/2011), nos levam a crer que àAdministração Pública agiu de má-fé ao cancelar o contrato administrativo, visando, por certo,camuflar qualquer irregularidade existente no procedimento licitatório.   De mais a mais, não há se falar que o Prefeito de Piracanjuba sequer tinha conhecimento dainterposição da ação civil pública correlata quando fora expedido o decreto de cancelamento dalicitação, pelo fato de ainda não ter sido citado. Isso pois, o procedimento preliminar para averificar a regularidade da Tomada de Preços n. 005/2011 foi instaurado pelo Ministério Públicoem 04/05/2011 (evento 03- doc 02), do qual, por óbvio, a Administração Pública Municipal já tinhaconhecimento, antes mesmo do ajuizamento da ação (09/08/2011) e de sua citação.   Dessa forma, a intervenção judicial se mostra oportuna, em relação à violação da ordem jurídica,especialmente, violação ao princípio da legalidade e, à possibilidade de apuração deresponsabilidade, posto que a revogação do procedimento não tira o valor da denúncia imputadaaos recorrentes, quanto aos diversos indícios apontados demonstrativos da frustração da lisurado procedimento licitatório correlato.   - Das irregularidades do procedimento licitatório – Ofensa aos princípios da AdministraçãoPública. -

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Como já dito, após regular processamento do feito, o magistrado de instância singela chegou aconclusão de que a despeito da constatação de fatos capazes de levantar suspeitas quanto alisura do certame, não há nada que comprove que os agentes públicos envolvidos no certame(Prefeito, Procurador do Município e Comissão de Licitação) tenham atuado com propósito pré-determinado de beneficiarem a empresa José Correia de Lima - ME e o réu Adenildo Lima doCarmo, nem que as demais empresas licitantes estivessem pré-ordenadas a uma atuaçãocombinada, de molde a apresentarem propostas de cobertura, obstando-se, assim, oreconhecimento da alegação de simulação de competição e licitação dirigida.   Nada obstante, o juízo a quo, verificando a existência de elementos que evidenciam airregularidade do procedimento licitatório, tais como, violação ao edital da licitação e a LeiOrgânica do Município, condenou os réus por atos de improbidade administrativa por violação aoprincípio da legalidade, o qual norteia a administração pública (art. 37 CF c/c art. 11 da Lei n.8429/92).   A condenação imposta aos recorrentes é o ponto nodal da discussão, que defendem, em suma,não haverem praticado as irregularidades imputadas em seus desfavores ao longo doprocedimento licitatório, argumentando pela não ocorrência de dano ao erário, enriquecimentoilícito ou ato doloso e/ou culposo, para afastar suas respectivas condenações nas penas previstasna Lei n.° 8.429/92.   POIS BEM. Consoante a narrativa, o Prefeito de Piracanjuba autorizou a abertura de processolicitatório – Tomada de Preços n. 005/2010 - para o término da obra do "Palácio das Orquídeas",estabelecendo o preço parâmetro médio em R$ 708.542,26 (setecentos e oito mil, quinhentos equarenta e dois reais e vinte e seis centavos).   Participaram da licitação as empresas Mileng Milênio Engenharia e Construções Ltda.,TozzeteConstrutora e incorporadora Ltda., NFL Engenharia Ltda. - EPP e José Correia de Lima – ME.Sagrou-se vencedora do certame a empresa José Correia de Lima – ME, que teria apresentadoproposta semelhante das demais concorrentes, com a única diferença que foram reduzidas asverbas de "Serviços Complementares", consoante informações extraídas da Ata de Abertura eJulgamento n. 005/10 anexa ao evento 03- doc 03- fls. 20/21.   A empresa vitoriosa, de propriedade do Sr. José Correia de Lima, foi criada em 07/07/2010(evento 03- doc 13 – fls. 444) e representada pelo réu Adenildo Lima do Carmo, filho doproprietário, como visto no evento 03- doc 11- fls. 406 e doc 16- fls. 791.   Ocorre que, o representante da empresa vitoriosa, exerceu o cargo de Secretário Municipal deEsporte, Lazer e Turismo até o dia 05/08/2010 (vide evento 03- doc 16- fls. 810) e o de presidenteda Comissão Permanente de Licitação do Município até o dia 02/08/2010 (vide evento 03- doc 16-fls. 809). Dessas informações, verifica-se que empresa José Correia de Lima – ME, foi criada ummês antes do afastamento do réu das suas atividades junto à Administração do Municipal, repito,

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em 07/07/2010.   Da narrativa fática é possível constatar, com clareza, que a empresa José Correia de Lima – MEteria sido constituída exatamente para a realização da obra do "Palácio das Orquídeas",notadamente diante da proximidade do réu Adenildo Lima do Carmo com o núcleo daAdministração Municipal, o que lhe possibilitava, por óbvio, o recebimento de informações sobre alicitação a ser realizada. Sem dúvidas a criação da empresa para participação do certame implica em grave ofensa aoprincípio administrativo da impessoalidade e também da legalidade, ante os preceitos contidos nalegislação municipal.   O artigo 134 da Lei Orgânica do Município de Piracanjuba, elenca impedimentos à participaçãode determinadas pessoas, nas licitações promovidas pela Administração Pública, dispondo que oMunicípio não pode contratar com parentes de agentes políticos e servidores até 06 (seis) mesesde findas as respectivas funções. Verbis: Art. 134 – São impedidos de contratarem com o Município, subsistindo a proibição até 06 (seis)meses após findas as respectivas funções: (ALTERADO CONFORME EMENDA Nº 002/1.992.) I – Os servidores municipais; II – Os Vereadores, o Prefeito, o Vice - Prefeito e os servidores ocupantes de cargos emcomissão, bem como as pessoas ligadas a qualquer deles por matrimônio ou parentesco, afim ouconsanguíneo até o segundo grau, ou por adoção. Parágrafo único – Não se incluem nesta proibição os contratos cujas cláusulas e condições sejamuniformes para todos os interessados.   Nesse contexto, levando-se em conta que o réu Adenildo foi presidente da Comissão Permanentede Licitação do Município de Piracanjuba até 02/08/2010 (vide evento 03- doc 16- fls. 809) bemcomo Secretário de Esportes, Lazer e Turismo até 05/08/2010 (vide evento 03- doc 16- fls. 810),não é permitido que ele ou qualquer parente afim ou consanguíneo até o segundo grau celebremcontrato com o Município a partir de 06/02/2011, o que não foi obedecido, posto que o contrato deempreitada foi firmado com a Municipalidade em 29/12/2010 (evento 03 – doc 03 – fls. 22/34).   Sobreleva notar, outrossim, que a contratação implicou em franca violação as regras editalícias,especialmente no tocante ao item 2.4.3.1, alínea "a",do Edital de Tomada de Preços n° 005/2010(evento 03- doc 07 – fls. 278), o qual reproduzo: 2.4.3 Quanto à Qualificação Técnica 2.4.3.1 Todos ss profissionais indicados na Declaração de Responsabilidade Técnica, subitem2.4.3.2 do Edital, deverão, obrigatoriamente, comprovar vínculo empregatício ou de sociedadecom a licitante; a)A comprovação do vínculo do profissional empregado deverá ser efetuada através de cópia

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autenticada da Carteira de Trabalho e Previdência Social e da Ficha de Registro de Empregado; b) No caso de o profissional ser sócio, direitor ou proprietário, a comprovação do vínculo deveráser efetuada através de cópia autenticada do Ato Constitutivo, Estatuto, ou do Contrato Social emvigor devidamente registrado no órgão competente. c) Em qualquer dos casos (a ou b), os documentos comprobatórios deverão constar do Envelopen. 1- Documentação para Habilitação.   Écediço que o edital estabelece as regras do certame licitatório, pois o processo se orienta pelasnormas editalícias, por isso, os fatos que desrespeitam frontalmente o edital e as normas a seremdevidamente obedecidas em Licitações e Contratos na Administração Pública, devem serdevidamente punidos. Segundo estabelece o artigo 41 da Lei nº 8.666/93: “Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se achaestritamente vinculada.   Sabe-se que é da competência da Comissão de Licitação receber todos os documentospertinentes ao objeto que está sendo licitado, bem como examiná-los à luz da lei e das exigênciascontidas no edital, habilitando e classificando aqueles que estiverem em conformidade com o quefoi estabelecido (artigos 44 e 51 da Lei de Licitações).   In casu, é de se ver que o instrumento convocatório da Tomada de Preços n. 005/2010 exigia queo licitante comprovasse vínculo empregatício ou de sociedade com o responsável técnicoindicado pela mesma, sendo que a comprovação do vínculo empregatício seria por meio de cópiaautenticada da CTPS e da Ficha de Registro de Empregado.   Em apreciação ao caderno processual, verifica-se que a empresa vencedora, José Correia deLima - ME, indicou como responsável técnico o engenheiro civil Fernando Félix dos Santos, oqual não faz parte de seu quadro societário e não possui vínculo empregatício (evento 03- doc 13– fls. 452/453), o que não foi tomado por base pela Comissão Licitante que deixou de desabilitar aempresa José Correia de Lima – ME, a despeito de não ter comprovado vínculo empregatício deseu responsável técnico e nem ser este sócio da mesma.   Por outro lado, vê-se da Ata de Abertura e Julgamento n. 005/10 anexa ao evento 03- doc 03- fls.20/21, que a empresa EBI Construtora Ltda. teria sido desclassificada pela ComissãoPermanente de Licitação por não cumprir o item referente a qualificação técnica (item 2.4.3.1), emque pese tenha colacionado cópia autenticada da CTPS e da Ficha de Registro de Empregado deseu responsável técnico (vide evento 03 - doc 13 - fls. 611/613).   Sob esse prisma, inobservadas as determinações editalícias e os deveres a ela inerentes, incidea Comissão Licitante em violação ao princípio da legalidade e da vinculação ao instrumento

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convocatório, previsto no artigo 3º da Lei de Licitação, o que impõe a aplicação dos artigos 11 e12, inciso III da Lei de Improbidade Administrativa.   De igual forma, o Prefeito Municipal, o réu Ricardo de Pina Cabral, deve ser responsabilizadopela irregularidade perpetrada no procedimento licitatório, visto que homologou o certame (evento03- doc 16- fls. 776), conferindo-lhe efeitos jurídicos que lhes são próprios, sem verificar, contudo,se a contratação se deu em conformidade com a lei federal, legislação de regência e com oinstrumento convocatório.   - Atos de Improbidade que atentam contra os princípios da Administração Pública (artigo 11 daLei.8.429/1992) – elemento subjetivo – dolo genérico - desnecessidade de comprovação deenriquecimento ilícito ou prejuízo ao erário- A descrição dos fatos revelam que os apelantes praticaram condutas improbas ligadas ao art. 11da Lei 8429/92, a medida em que os agentes políticos teriam violado determinação legal expressano edital da tomada de preços, na lei de licitação e na legislação orgânica do Município, em graveofensa os princípios da Administração Pública.   Prevê o artigo 11 da Lei de Improbidade Administrativa: Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios daadministração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regrade competência; II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que devapermanecer em segredo; IV - negar publicidade aos atos oficiais; V - frustrar a licitude de concurso público; VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgaçãooficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ouserviço. VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas deparcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas. IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.  

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Ressalto, previamente, que a lesão a princípios administrativos, nos quais se enquadram osrecorrentes, não exige dolo ou culpa do agente, nem prova de lesão ao erário. Basta a simplesilicitude ou imoralidade administrativa para restar configurado o ato de improbidade. Caso restedemonstrada a lesão, e somente neste caso, o inciso III da Lei de Improbidade Administrativa,autoriza seja o agente público condenado a ressarcir o erário.   Na espécie, é inegável que a conduta dos agentes atentam contra os princípios da moralidadeadministrativa, da impessoalidade e da legalidade, conforme preceitua o artigo 37, §1º daConstituição Federal, posto que o procedimento licitatório (Tomada de Preços n. 005/2010) foimanipulado com o fito de beneficiar a empresa vencedora do certame, em flagrante ofensa aosprincípios da licitação, sobretudo da vinculação ao instrumento convocatório.   Neste prisma, o dolo, ainda que genérico, está configurado pela manifesta vontade dos réus emrealizar conduta contrária aos deveres de honestidade e demais princípios constitucionais queregem a Administração Pública, fazendo incidir na espécie o disposto no artigo 11 da Lei deImprobidade Administrativa.   Com efeito, a jurisprudência emanada da Corte Superior e deste Tribunal de Justiça, é enfática aoafirmar que o elemento subjetivo, necessário à configuração de improbidade administrativacensurada nos termos do art. 11 da Lei 8.429/1992, é o dolo genérico de realizar conduta queatente contra os princípios da Administração Pública, não se exigindo a presença de doloespecífico, como querem fazer crer os recorrentes. Leia-se: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 11 DA LEI 8.429/1992.PREFEITO MUNICIPAL. AUSÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO RECONHECIDA PELOTRIBUNAL DE ORIGEM. REEXAME FÁTICO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AUSÊNCIADE IMPUGNAÇÃO A FUNDAMENTO AUTÔNOMO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO.SÚMULAS 283 E 284/STF. HISTÓRICO DA DEMANDA […] 5. É pacífico no STJ que o ato deimprobidade administrativa previsto no art. 11 da Lei 8.429/1992 exige a demonstração de dolo, oqual, contudo, não precisa ser específico, sendo suficiente o dolo genérico. 6. Assim, para acorreta fundamentação da condenação por improbidade administrativa, é imprescindível, além dasubsunção do fato à norma, caracterizar a presença do elemento subjetivo. A razão para tanto éque a Lei de Improbidade Administrativa não visa punir o inábil, mas sim o desonesto, o corrupto,aquele desprovido de lealdade e boa-fé. 7. Precedentes: AgRg no REsp 1.500.812/SE, Rel.Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28.5.2015; REsp 1.512.047/PE, Rel.Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 30.6.2015; AgRg no REsp 1.397.590/CE, Rel.Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 5.3.2015; AgRg no AREsp 532.421/PE, Rel.Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2014. […] 12. Recurso Especial nãoconhecido. (REsp 1660398/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgadoem 27/06/2017, DJe 30/06/2017)   APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.VIOLAÇÃO DO ESTATUTO DA CIDADE E DOS PRINCÍPIOS QUE REGEM AADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRELIMINARES. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO UNITÁRIO.DESNECESSIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. ALTERAÇÃO DO

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PLANO DIRETOR DA CAPITAL. DESAFETAÇÃO DE 70 (SETENTA) ÁREAS URBANAS SEM APARTICIPAÇÃO CIDADÃ. INOBSERVÂNCIA DO ESTATUTO DA CIDADE. ART. 40, § 4º,INCISOS I, II E III C/C ART. 52, INCISO VI, TODOS DA LEI FEDERAL Nº 10.257/2001. DOLOGENÉRICO VERIFICADO. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 11, INCISO IV, DA LIA. MULTA CIVIL.PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. REDUÇÃO DO VALOR DA SANÇÃO. […] . 5.Comprovada a manifesta violação dos princípios da administração pública, bem assim o dologenérico, concernente à vontade deliberada de praticar o ilícito, deve o agente público sujeitar-seàs sanções previstas no inciso III do art. 12 da Lei federal nº 8.429/1992. 6. Os atos deimprobidade administrativa descritos no art. 11 da Lei federal nº 8.429/92, dependem da presençado dolo genérico, mas dispensam a demonstração da ocorrência de dano para a AdministraçãoPública ou enriquecimento ilícito do agente. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. […] 9.APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA. (TJGO, APELACAO CIVEL29378-02.2012.8.09.0051, Rel. DR(A). MAURICIO PORFIRIO ROSA, 4A CAMARA CIVEL,julgado em 01/12/2016, DJe 2198 de 27/01/2017)   TRIPLO APELO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.ACERVO PROBATÓRIO ACERCA DA PRÁTICA DOS ATOS ÍMPROBOS. CONDENAÇÃODEVIDA. PENAS PROPORCIONAIS. SENTENÇA MANTIDA. […] III - Consoante o entendimentodo Superior Tribunal de Justiça, os atos de improbidade previstos no artigo 11 da Lei nº 8.429/92configuram-se com a presença do dolo eventual ou genérico, consistente na atuação deliberadaem desrespeito às normas legais, cujo conhecimento é inescusável. […] RECURSOSCONHECIDOS E DESPROVIDOS. (TJGO, APELACAO CIVEL 439752-29.2008.8.09.0123, Rel.DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ, 6A CAMARA CIVEL, julgado em 11/11/2014, DJe 1674 de20/11/2014)   Ademais, importa salientar que a jurisprudência do STJ, quanto ao resultado do ato, firmou-se nosentido de que os atos de improbidade por lesão a princípios administrativos, previstos no artigo11 da Lei de Improbidade Administrativa, independem da ocorrência de dano ou prejuízo aoerário, pelo que devem ser afastadas todas as razões recursais divergentes ao referidoentendimento.   Trago à colação julgados da Corte Superior: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 11 DA LEI 8.429/1992.CUMULAÇÃO ILÍCITA DE CARGOS PÚBLICOS. OFENSA AOS PRINCÍPIOSADMINISTRATIVOS. ELEMENTO SUBJETIVO PRESENTE. DANO AO ERÁRIO OUENRIQUECIMENTO ILÍCITO. DESNECESSIDADE. HISTÓRICO DA DEMANDA […]ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E A OFENSA A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS [...]11.Entretanto, quanto ao artigo 11 da Lei 8.429/1992, a jurisprudência do STJ, com relação aoresultado do ato, firmou-se no sentido de que se configura ato de improbidade a lesão a princípiosadministrativos, o que, em regra, independe da ocorrência de enriquecimento ilícito ou de dano aoErário. Nesse sentido: REsp 1.320.315/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe20.11.2013, AgRg no REsp 1.500.812/SE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, SegundaTurma, DJe 28.5.2015, REsp 1.275.469/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/Acórdão Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 9/3/2015, e AgRg no REsp 1.508.206/PR,Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 5.8.2015. CONCLUSÃO 12. Verificada a

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ofensa aos princípios administrativos, em especial o dever de honestidade e legalidade,configurado está o ato ímprobo do art. 11 da Lei 8.429/1992. 13. Recurso Especial provido. (REsp1658192/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/06/2017,DJe 30/06/2017)   ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ATO DEIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 11 DA LEI 8.429/1992. DESNECESSIDADE DEENRIQUECIMENTO ILÍCITO OU PREJUÍZO AO ERÁRIO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL A QUOEM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 1. Os atos de improbidadeadministrativa descritos no artigo 11 da Lei nº 8.429/92, dispensam a demonstração da ocorrênciade dano para a Administração Pública ou enriquecimento ilícito do agente. Precedentes: AgRg noREsp 1.294.470/MG, Rel. Min. Sergio Kukina, Primeira Turma, DJe 01/12/2015; AgRg no REsp1500812/SE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/05/2015. 2. Agravointerno não provido. (AgInt no AREsp 271.755/ES, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/03/2017, DJe 22/03/2017) Assim, constatadas irregularidades perpetradas no procedimento licitatório, afigura-se evidente aresponsabilização dos réus, por terem contribuído, subjetiva e objetivamente, para aconcretização dos atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios daadministração pública.   - DAS PENALIDADES - Na aplicação das penalidades previstas na Lei de Improbidade é necessário que o julgador atuecom moderação, atento aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sob pena de punirações de forma extremamente severa e sem observar a regra da proporcionalidade quanto aoilícito cometido.   Com efeito, existem diversas penas aplicáveis ao responsável pelo ato de improbidade, cabendoao Juiz decidir pela cominação isolada ou conjunta das sanções, atentando para ascircunstâncias peculiares do caso concreto, a gravidade da conduta e a medida da lesão, emobservância ao princípio da razoabilidade, sem se deixar resvalar para a impunidade.   Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que: (...)as sanções do art. 12 da Lei 8.249/92 não são necessariamente cumulativas, cabendo aoMagistrado a sua dosimetria, como deixa entrever o parágrafo único do mesmo dispositivo (STJ,REsp 713537/GO, Primeira Turma, rel. Ministro Luiz Fux,, data da publicação: 22.11.2007).   No mesmo sentido: A aplicação das sanções da Lei n. 8.429/92 deve ocorrer à luz do princípio da proporcionalidade,de modo a evitar sanções desarrazoadas em relação ao ato ilícito praticado, sem, contudo,privilegiar a impunidade. Para decidir pela cominação isolada ou conjunta das penas previstas no

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artigo 12 e incisos, da Lei de Improbidade Administrativa, deve o Magistrado atentar para ascircunstâncias peculiares do caso concreto, avaliando a gravidade da conduta, a medida da lesãoao erário, o histórico funcional do agente público etc." - (Resp nº 300.184/SP, rel. MinistroFranciulli Netto, DJ de 03.11.2003).   Desta forma, mister se faz o exame da propriedade das penas aplicadas no caso concreto,individualizando-as, em razão da conduta dos réus.   O artigo 12, inciso III da Lei de Improbidade Administrativa prevê as penas cabíveis aosresponsáveis pelo ato de improbidade, nas hipóteses que suas condutas vulnere os princípios daAdministração Pública, sem importar em enriquecimento ilícito, ou prejuízo ao erário, como nocaso dos autos. Vejamos: Art. 12 (…) III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública,suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezeso valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público oureceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que porintermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.   Quanto aos membros da Comissão, primeiros apelantes (Fernando de Paula Dias, CíceroRodrigues Pinheiro), inconteste, a possibilidade de sua responsabilização, uma vez que o art. 3ºda Lei n. 8.429/92, ao estender as punições também "àquele que, mesmo não sendo agentepúblico, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sobqualquer forma direta ou indireta", não distingue a natureza do “benefício” auferido.   Para que as penalidades sejam aplicadas aos apelantes com precisão, deve ser levado emconsideração que os réus não ocupavam cargo público eletivo, estando sua nomeação para odesempenho da função comissionada atrelada unicamente à relação mantida com o Prefeito,razão pela qual se afigura despropositada a suspensão de seus direitos políticos.   Seguindo o mesmo raciocínio, tenho que não restou demonstrado nos autos que Fernando dePaula Dias e Cícero Rodrigues Pinheiro mantinham relação com a empresa de engenhariacontratada e, estão sendo responsabilizados apenas pelo descumprimento das normaseditalícias, sendo, pois, desnecessária a aplicação da pena de proibição de contratar com oPoder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.   Neste interim, tendo a conduta dos réus repercutido negativamente nos princípios daAdministração Pública, por estarem em desacordo com as regras de boa administração e com osstandards comportamentais éticos exigidos pela sociedade, é adequada e suficiente a repressãono âmbito financeiro, para que tenha efeito punitivo e didático eficaz, devendo ser mantida a

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aplicação da pena de pagamento da multa civil, a que se refere o inciso III, do art. 12, da Lei deImprobidade Administrativa.   Para a aplicação da multa pecuniária se afigura relevante destacar que ela "deverá levar emconsideração a gravidade do fato, avaliada não somente pelos prejuízos patrimoniais causados,mas também pela natureza do cargo, das responsabilidades do agente, do elemento subjetivo, daforma de atuação, dos reflexos do comportamento ímprobo na sociedade e todos os demaiselementos informativos colocados à disposição do julgador. É também, de suma importância acapacidade econômico-financeira do agente público. Com efeito, a multa civil deve condizer coma real situação patrimonial de quem recebe a penalidade, uma vez que se tornará inócua tanto seexcessiva como se irrisória". (Rita Tourinho. Discricionariedade Administrativa, ação deimprobidade & controle principiológico. Curitiba: Juruá, 2004. In: Marino Pazzaglini Filho. Ob. Cit.p. 145).   Sob essa égide, diante da conduta praticada pelos réus e da extensão dos efeitos nocivos delaadvindos, pertinente é a condenação dos réus ao pagamento de multa equivalente a 05 (cinco)vezes o valor da última remuneração percebida, a fim de evitar também que a condenaçãosupere a força patrimonial dos condenados.   No tocante a penalidade fixada em desfavor do quarto apelante, Prefeito de Piracanjuba (RicardoPina Cabral), também entendo pela necessidade de sua readequação, por apresentar-se inócua einexequível a manutenção dos parâmetros estabelecidos pela sentença.   Isso porque, para que a reprimenda imposta ao Prefeito tenha efeito punitivo e didático eficaz e,para que guarde proporcionalidade com a conduta eminentemente violadora dos princípios daAdministração Pública, deve ser fulcrada apenas nas penas de natureza patrimonial, razão pelaqual também deve ser excluída a pena de suspensão dos direitos políticos aplicada e mantida aaplicação da multa pecuniária.   O valor da multa civil deve ser fixada com base no grau de reprovabilidade que recai sobre aconduta ímproba. In casu, a expedição do Decreto Municipal 010/2011, de 22/08/2011,declarando o cancelamento do procedimento licitatório da Tomada de Preços n. 005/2010, acabapor minimizar as irregularidades da licitação e a gravidade da conduta do apelante. Diante disso,hei por bem, minorar a condenação do réu (Ricardo de Pina Cabral) ao pagamento de multa civilpara o equivalente a 08 (oito) vezes o valor da última remuneração percebida, por revelar-secomo penalidade consentânea com o princípio da razoabilidade que também deve nortear assanções administrativas.   Por fim, também entendo que não pode ser aplicada em seu desproveito a pena de proibição decontratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, postoque também não ficou caracterizada nos autos a ligação da administração da empresa deengenharia contratada com o Prefeito e sim com o ex Secretário Municipal.

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  - PREQUESTIONAMENTO - Por fim, quanto ao pedido de prequestionamento, afirmo que ao Poder Judiciário não é dada aatribuição de órgão consultivo, não cabendo a este manifestar-se expressamente sobre cadadispositivo legal mencionado pelas partes, mas sim resolver a questão posta em Juízo. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE MULTA ADMINISTRATIVA. MULTA APLICADAPELO PROCON. COMPETÊNCIA. NULIDADE DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO.AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. PROPORCIONALIDADE DO VALOR ARBITRADO. PRÉ-QUESTIONAMENTO AFASTADO. […]. 5- Para efeito de pré-questionamento, importa salientarque o julgador não está obrigado a abordar todos os pontos arguidos pelas partes e nem amanifestar-se expressamente sobre todos os dispositivos elencados, sobretudo quando aapreciação da matéria é feita de forma suficiente para dirimir a controvérsia e, ainda, porque oartigo 1.025 do Código de Processo Civil de 2015 passou a prever expressamente a figura dopré-questionamento na forma ficta. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO,APELACAO CIVEL 127443-50.2014.8.09.0087, Rel. DES. FAUSTO MOREIRA DINIZ, 6ACAMARA CIVEL, julgado em 06/06/2017, DJe 2287 de 13/06/2017) POR TODO O EXPOSTO, já conhecidos dos recursos apelatórios, DOU PROVIMENTO ao 3ºAPELO e declaro PREJUDICADA a 2ª APELAÇÃO CÍVEL, ante a perda do seu objeto. Quanto a1ª e a 4ª APELAÇÕES CÍVEIS, DOU-LHES PARCIAL PROVIMENTO, para, excluir as penas dosapelantes de suspensão dos direitos políticos e de proibição de contratar com o Poder Público oureceber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, limitando a condenação dos réus Fernandode Paula Dias e Cícero Rodrigues Pinheiro ao pagamento de multa civil equivalente a 05 (cinco)vezes o valor da última remuneração por eles percebida como membros da comissão licitante e, acondenação do réu Ricardo de Pina Cabral ao pagamento de multa civil equivalente a 05 (cinco)vezes o valor da última remuneração por ele percebida como Prefeito do Município dePiracanjuba.   ÉCOMO VOTO.     Desembargador AMARAL WILSON DE OLIVEIRA Relator            

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  EMENTA: QUÁDRUPLO APELO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.TERCEIRA APELAÇÃO CÍVEL. ATO PRATICADO NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO DEPROCURADOR JURÍDICO DO MUNICÍPIO. PARECER TÉCNICO NÃO VINCULANTE.CARÁTER OPINATIVO. PRESUNÇÃO DE ATUAÇÃO LEGÍTIMA. AUSÊNCIA DERESPONSABILIZAÇÃO DO PARECERISTA. POSSIBILIDADE EM SITUAÇÕESEXCEPCIONAIS NÃO PRESENTES NO CASO CONCRETO. INEXISTÊNCIA DE ATOS DEIMPROBIDADE PRATICADOS PELO SERVIDOR. AUSÊNCIA DE PROVA EM SENTIDOCONTRÁRIO. Não há como enquadrar o Procurador do Município de Piracanjuba como sujeitopassivo na presente ação civil pública, devendo, pois, ser decotada a sua condenação, naspenalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa, por ser o parecer disponibilizadopelo Procurador Municipal ato opinativo, sem qualquer conteúdo decisório, e por inexistir nosautos qualquer demonstração de má-fé e de ação dolosa por parte do parecerista. 2 - SEGUNDAAPELAÇÃO CÍVEL. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. ASSISTÊNCIA AO ADVOGADOPÚBLICO. AFASTAMENTO DAS CONDENAÇÕES IMPOSTAS AO PROCURADOR DOMUNICÍPIO. PERDA DO OBJETO. APELO PREJUDICADO. Em decorrência do julgamento da 3ªApelação Cível, a qual foi conhecida e provida para afastar as penalidades impostas aoProcurador do Município, vê-se que pretensão buscada neste Apelo já foi atendida, mostrando-se, pois, evidente a perda do objeto, que, por esse motivo, há de ser julgada prejudicada. 3-PRELIMINARES DA QUARTA APELAÇÃO CÍVEL. PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA.RECOLHIMENTO DAS CUSTAS. ATO INCOMPATÍVEL COM O PEDIDO. INDEFERIMENTO DOPEDIDO. O recolhimento do preparo do recurso, por meio do qual se discute o indeferimento dopedido de justiça gratuita, configura ato incompatível com a gratuidade perseguida, poisdemonstra a possibilidade de arcar com as despesas do processo. 4 - SUSPEIÇÃO DEPARCIALIDADE DO MAGISTRADO SENTENCIANTE. INCIDENTE JÁ INSTAURADO. NOVADISCUSSÃO EM PRELIMINAR DE APELAÇÃO CÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. O entendimentodesta 2ª Câmara Cível não permite que a parte aponte a suposta parcialidade do juiz comopreliminar de apelação, vez que o ordenamento jurídico brasileiro prevê medidas específicas parao afastamento do magistrado que não observa o princípio da imparcialidade, tais como asexceções de impedimento e suspeição, as quais devem ser arguidas em incidente, sob pena depreclusão. 5 - NULIDADE DA SENTENÇA PROFERIDA POR JUIZ EM SUBSTITUIÇÃOAUTOMÁTICA. OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. INOCORRÊNCIA. O art. 132 doCódigo de Processo Civil de 1973, aplicável à espécie, previa que o Juiz, titular ou substituto, queconcluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquermotivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. Naexpressão afastamento por qualquer motivo é de ter-se como englobadas também as férias dojulgador, por ser o seu gozo uma das modalidades de afastamento. 6 - PERDA OBJETO.MATÉRIA QUE SE CONFUNDE COM O MÉRITO RECURSAL. A preliminar de perda do objetoda ação, em razão da expedição do Decreto Municipal 010/2011, de 22/08/2011, declarando ocancelamento do procedimento licitatório da Tomada de Preços n. 005/2010, confunde -se com omérito recursal e, como tal será apreciada. 7- NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTOAO DIREITO DE DEFESA. CONTESTAÇÃO DE UMA DAS EMPRESAS RÉS APRESENTADASAPÓS A REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO. PEÇA DEFENSIVAANTERIORMENTE APRESENTADA. AUSÊNCIA PREJUÍZO. INOCORRÊNCIA DE VÍCIOPROCESSUAL INSANÁVEL. Tendo a empresa Mileng Milênio Engenharia e Construção LTDAoferecido contestação na data aprazada, a preliminar deve ser repelida. 8 – PRIMEIRO EQUARTO RECURSOS APELATÓRIOS. MÉRITO. DESCRIÇÃO GENÉRICA DAS CONDUTASIMPROBAS POR AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DOS COMPORTAMENTOS DOS RÉUS.NÃO CARACTERIZADA. Para que os fatos e condutas sejam considerados reprováveis, ou seja,para que seja configurada uma irregularidade não depende necessariamente de que a condutaesteja expressamente enquadrada em algum tipo penal. 9- O Órgão Ministerial autor, na petição

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inicial, individualizou as condutas imputadas a cada um dos réus, esclarecendo que há indícios deconluio entre os requeridos, pelo que não há se falar em descrição genérica das condutasimprobas por ausência de individualização do comportamento dos requeridos. 10 - EXPEDIÇÃODO DECRETO DE CANCELAMENTO DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. INOCORRÊNCIADE PERDA DO OBJETO. INDÍCIOS DE MÁ - FÉ NA PRÁTICA DO ATO ADMINISTRATIVO.Embora o artigo 79 da Lei de Litações autorize a rescisão do contrato por ato unilateral e escritoda Administração Pública, a proximidade das datas entre o ajuizamento da ação civil pública(09/08/2011) e do Decreto de cancelamento da Tomada de Preços (22/08/2011), nos levam a crerque à Administração Pública agiu de má-fé ao cancelar o contrato administrativo, visando, porcerto, camuflar qualquer irregularidade existente no procedimento licitatório. 12–IRREGULARIDADES DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO PERPETRADAS PELOS MEMBROSDA COMISSÃO LICITANTE E PELO PREFEITO. VIOLAÇÃO À LEGISLAÇÃO MUNICIPAL, AOINSTRUMENTO CONVOCATÓRIO E A LEI DE LICITAÇÃO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CARACTERIZAÇÃO. O artigo 134 da Lei Orgânica do Município dePiracanjuba, elenca impedimentos à participação de determinadas pessoas, nas licitaçõespromovidas pela Administração Pública, dispondo que o Município não pode contratar comparentes de agentes políticos e servidores até 06 (seis) meses de findas as respectivas funções.13- É da competência da Comissão de Licitação receber todos os documentos pertinentes aoobjeto que está sendo licitado, bem como examiná-los à luz da lei e das exigências contidas noedital, habilitando e classificando aqueles que estiverem em conformidade com o que foiestabelecido (artigos 44 e 51 da Lei de Licitações). 14 - Inobservadas as determinaçõeseditalícias e os deveres a ela inerentes, incide a Comissão Licitante em violação ao princípio dalegalidade e da vinculação ao instrumento convocatório, previsto no artigo 3º da Lei de Licitação,o que impõe a aplicação dos artigos 11 e 12, inciso III da Lei de Improbidade Administrativa. 15-O Prefeito Municipal deve ser responsabilizado pela irregularidade perpetrada no procedimentolicitatório, visto que homologou o certame, conferindo-lhe efeitos jurídicos que lhes são próprios,sem verificar, contudo, se a contratação se deu em conformidade com a lei federal, legislação deregência e com o instrumento convocatório. 16- ATOS DE IMPROBIDADE QUE ATENTAMCONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ARTIGO 11 DA LEI 8.429/1992) –ELEMENTO SUBJETIVO – DOLO GENÉRICO - DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DEENRIQUECIMENTO ILÍCITO OU PREJUÍZO AO ERÁRIO - A jurisprudência emanada da CorteSuperior e deste Tribunal de Justiça, é enfática ao afirmar que o elemento subjetivo, necessário àconfiguração de improbidade administrativa censurada nos termos do art. 11 da Lei 8.429/1992, éo dolo genérico de realizar conduta que atente contra os princípios da Administração Pública, nãose exigindo a presença de dolo específico, como querem fazer crer os recorrentes. 17- O dolo,ainda que genérico, está configurado pela manifesta vontade dos réus em realizar condutacontrária aos deveres de honestidade e demais princípios constitucionais que regem aAdministração Pública, fazendo incidir na espécie o disposto no artigo 11 da Lei de ImprobidadeAdministrativa. 18- Quanto ao resultado do ato, firmou-se no sentido de que os atos deimprobidade por lesão a princípios administrativos, previstos no artigo 11 da Lei de ImprobidadeAdministrativa, independem da ocorrência de dano ou prejuízo ao erário, pelo que devem serafastadas todas as razões recursais divergentes ao referido entendimento (Precedentes STJ). 19-PROPORCIONALIDADE NA APLICAÇÃO IN CONCRETO DAS PENALIDADES. VIOLAÇÃODOS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS. PREVALÊNCIA DAS SANÇÕES DE CARÁTERPATRIMONIAL. MANUTENÇÃO DA PENA DE PAGAMENTO DA MULTA CIVIL. EXCLUSÃODAS DEMAIS PENALIDADES IMPOSTAS PELA ORIGEM. Na aplicação das sanções previstasno art. 12 da Lei 8.429/92, o Julgador deverá levar em conta a extensão do dano causado, bemcomo a gravidade da conduta do agente, devendo as penas aplicadas guardar correlação àscondutas praticadas, para que se atinja a sua finalidade repressiva e preventiva no combate àimprobidade administrativa. 20- Os primeiros recorrentes, membros da Comissão Licitante, nãoocupavam cargo público eletivo, estando sua nomeação para o desempenho da funçãocomissionada atrelada unicamente à relação mantida com o Prefeito, razão pela qual se afigura

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despropositada a suspensão de seus direitos políticos. 21-Inexiste nos autos provas de que osapelantes mantinham relação com a empresa de engenharia contratada e, por estarem sendoresponsabilizados apenas pelo descumprimento das normas editalícias, desnecessária aaplicação da pena de proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ouincentivos fiscais ou creditícios. 22- Ante conduta praticada pelos primeiros recorrentes e daextensão dos efeitos nocivos dela advindos, pertinente é a condenação dos réus ao pagamentode multa equivalente a 05 (cinco) vezes o valor da última remuneração percebida, a fim de evitartambém que a condenação supere a força patrimonial dos condenados. 23 - Para que areprimenda imposta ao Prefeito (quarto apelante) tenha efeito punitivo e didático eficaz e, paraque guarde proporcionalidade com a conduta eminentemente violadora dos princípios daAdministração Pública, deve ser fulcrada apenas nas penas de natureza patrimonial, razão pelaqual também deve ser excluída as penas de suspensão dos direitos políticos e da proibição decontratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Mantidaa aplicação da multa pecuniária minorada para 08 (oito) vezes o valor da última remuneraçãopercebida pelo apelante. 24- PREQUESTIONAMENTO. Não sendo o Judiciário órgão de funçãoconsultiva, prescindível a menção expressa a dispositivos legais, devendo, pois sim, ser efetuadaa efetiva entrega da tutela jurisdicional, resolvendo o conflito posto a julgamento.. PREJUDICADAA SEGUNDA APELAÇÃO, POR PERDA DO OBJETO. TERCEIRO APELO CONHECIDO EPROVIDO. PRIMEIRA E QUARTA APELAÇÕES CÍVEIS CONHECIDAS E PARCIALMENTEPROVIDAS.   A C Ó R D Ã O   VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de Apelação Cível nº0341228.89.2011.8.09.0123, Comarca de Piracanjuba, sendo apelantes: (1ºs)FERNANDO DEPAULA DIAS E CÍCERO RODRIGUES PINHEIRO (2º)ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASILSEÇÃO DE GOIÁS (3º)ROBSON CAVALCANTI DA COSTA e (4º)RICARDO DE PINA CABRAL eApelado MINISTÉRIO PÚBLICO.   ACORDAM os componentes da Quarta Turma Julgadora da 2ª Câmara Cível do Egrégio Tribunalde Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade, em conhecer e prover em parte o primeiro apelo,segunda apelação julgada prejudicada por perda do objeto e terceira e quarta Apelaçõesconhecidas e providas a unanimidade, nos termos do voto do Relator.   VOTARAM, com o Relator, os Desembargadores Carlos Alberto França, que completou a turmajulgadora em razão a ausência justificada do Dr. José Carlos de Oliveira (em substituição ao Des.Ney Teles de Paula) e Zacarias Neves Coêlho.   PRESIDIU o julgamento o Desembargador Carlos Alberto França.   PRESENTE a Dra. Dilene Carneiro Freire, Procuradora de Justiça.

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  Goiânia, 14 de novembro de 2017.       Desembargador AMARAL WILSON DE OLIVEIRA Relator  

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