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Aula 01 A expansão do Direito Penal (aspectos processuais) 1- Colocação do problema 2- Causas da expansão do Direito Penal a) Novos interesses: consiste na criação de novos bens jurídicos e na revalorização de bens jurídicos pré existentes. b) Novos riscos: atualmente o direito penal se vê obrigado a lidar com os dilemas da sociedade do risco. c) Institucionalização do risco: insegurança objetiva, probabilidades que ocorrem de fato d) Sensação social de insegurança: ( insegurança subjetiva) decorre do medo que a população tem diante de fenômenos sociais da atualidade, sobre a perspectiva subjetiva e) Sociedade de sujeitos passivos: com a concentração do capital grande parte da sociedade passou a depender do estado para promover políticas publicas o estado se vê obrigado a estabelecer um sistema tributário eficiente, diante da importância deste sistema de arrecadação o direito penal se vê obrigado a incidir em questões como a ordem tributaria e a ordem econômica . f) Identificação com a vitima do delito: em regra , os indivíduos tendem a se colocar na posição de vitima de um delito , mas nunca na condição de acusado. g) Descrédito de outras circunstancias de proteção: o direito civil , o direito administrativos e outras organizações da sociedade, família , comunidades religiosas, sistemas educacionais,... não conseguem dar respostas para os problemas sociais da atualidade . h) Gestores atípicos da moral : determinados setores da sociedade historicamente lutavam contra o crescimento do direito penal. No entanto, atualmente, praticamente todos os setores da sociedade clamam pela intervenção do direito penal em suas causas. Ex.: movimento feminista, movimentos homossexuais , movimento negro. 3- Fatores colaterais da expansão do Direito Penal 4- Correntes de política criminal da atualidade a) Abolicionismo: esta corrente preceitua que o direito penal deve deixar de existir, uma vez que o processo e a pena são medidas violentas que fomentam uma cultura de barbárie.

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Aula 01

A expansão do Direito Penal (aspectos processuais)

1- Colocação do problema2- Causas da expansão do Direito Penal

a) Novos interesses: consiste na criação de novos bens jurídicos e na revalorização de bens jurídicos pré existentes.

b) Novos riscos: atualmente o direito penal se vê obrigado a lidar com os dilemas da sociedade do risco.

c) Institucionalização do risco: insegurança objetiva, probabilidades que ocorrem de fato

d) Sensação social de insegurança: ( insegurança subjetiva) decorre do medo que a população tem diante de fenômenos sociais da atualidade, sobre a perspectiva subjetiva

e) Sociedade de sujeitos passivos: com a concentração do capital grande parte da sociedade passou a depender do estado para promover políticas publicas o estado se vê obrigado a estabelecer um sistema tributário eficiente, diante da importância deste sistema de arrecadação o direito penal se vê obrigado a incidir em questões como a ordem tributaria e a ordem econômica .

f) Identificação com a vitima do delito: em regra , os indivíduos tendem a se colocar na posição de vitima de um delito , mas nunca na condição de acusado.

g) Descrédito de outras circunstancias de proteção: o direito civil , o direito administrativos e outras organizações da sociedade, família , comunidades religiosas, sistemas educacionais,... não conseguem dar respostas para os problemas sociais da atualidade .

h) Gestores atípicos da moral : determinados setores da sociedade historicamente lutavam contra o crescimento do direito penal. No entanto, atualmente, praticamente todos os setores da sociedade clamam pela intervenção do direito penal em suas causas. Ex.: movimento feminista, movimentos homossexuais , movimento negro.

3- Fatores colaterais da expansão do Direito Penal

4- Correntes de política criminal da atualidade a) Abolicionismo: esta corrente preceitua que o direito penal deve deixar de existir, uma vez

que o processo e a pena são medidas violentas que fomentam uma cultura de barbárie. b) Escola Penalista de Frankfurt: defende que a intervenção penal deveria ser dividida em

duas vertentes, sendo que haveria a intervenção penal clássica para delitos tradicionais (furto, roubo , homicídio) e uma espécie de direito administrativo sancionador para os crimes decorrentes da sociedade do risco. Ex.: crimes ambientais.

c) Garantismo: defende a ideia de que o direito penal alem de ser mínimo também deve respeitar todas as garantias dos indivíduos.

d) Amplo setor da doutrina : tenta equalizar as ideias do gantismo com as novas demandas do direito penal .

e) 3 velocidades do direito penal :

1- Conceito de Processo Penal É o corpo de normas jurídicas cuja finalidade é regular a persecução penal do estado através de órgãos previamente constituídos, para que se possa realizar a aplicação da pretençao punitiva do caso concreto.

2- Princípios do Processo Penal

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-Princ. Da presunção de inocência (art. 5 LVII, CF)LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

-Princípio Da presunção de inocência (art. 5 LVII, CF): qualquer pessoa deve ser considerada como inocente até que aja o trânsito de uma sentença penal condenatória. Por estas razões, diante do fardo probatório que se relega a acusação, tem-se que a presunção de inocência também fundamenta a garantia do indubio pro réu. O estado deve provar que ela incorreu num crime; não pode ser tratado como se culpado fosse;

-Princ. Da ampla defesa (art. 5 LV, CF)LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

- O réu, por ser considerado parte hipossuficiente da relação processual deve ter a oportunidade de exercer a sua defesa através dos mais diversos métodos. Por esta razão, a ampla defesa gera inúmeros direitos, tais como: revisão criminal e direito a ter uma defesa eficiente.

-Princ. Da plenitude de defesa (art. 5 XXXVIII, a , CF)XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:a) a plenitude de defesa;b) o sigilo das votações;c) a soberania dos veredictos;d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Assegura que o réu ao ser submetido ao tribunal do júri deve contar com uma defesa completa que esteja o mais próximo possível da perfeição.

-Princ. Do Contraditório (art. 5 LV, CF)LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

- preceitua que toda acusação fática deve ser colocada a disposição da parte adversa para que esta possa se manifestar quanto ao seu conteúdo.

-Princ. Do Juiz Natural (art. 5 XXXVII, e LII , CF)XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

- tem a finalidade de evitar tribunais e julgamentos de exceção, determinando que o processamento dos acusados somente possa ser efetivado por autoridade judicial previamente constituída de acordo com as regras de organização judiciária da modalidade.

-Princ. Da Plublicidade(art. 5LV, XXXIII e 93 IX , CF)XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;

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Significa que em regra os atos processuais devem ser disponibilizados a todos. No entanto, diante do caráter estigmatizante do processo criou-se duas classificações para a publicidade, quais sejam : Geral e Especifica;

-Geral : diz respeito a todas as pessoas;- Especifica: diz respeito as partes do processo ; (não pode ser mitigada – suprimida (PROVA))

-Princ. Da vedação das provas ilícitas (art. 5 LVI, CF e art. 157 CPP)LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.40§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.41§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.42§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.43

a produção de provas no processo penal somente pode ser estabelecida por meio de condutas que estejam em consonância com a legalidade

- Ilegal : prova colhida em contrariedade com o direito material . Prova

- Ilegitima: prova que afronta regras processuais.

Teoria da arvore dos frutos envenenados: preceitua que as provas ilícitas de todas aquelas que decorrem de tais atos, não podem ser utilizadas no processo penal (teoria extremamente garantista)

Teoria da Proporcionalidade : parte do pressuposto de que deve haver uma ponderação de bens jurídicos, sendo que por essa razão não se deve rechaçar de imediato toda e qualquer prova ilícita . Ex.: escuta clandestina para evitar um ato de terrorismo.

HABEAS CORPUS STF 93050 RJ

HC 91867 PA

- Memo tenetur se detegere: ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo . (principio decorre do pacto de são Jose da costa rica ;

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PRINCIPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL: afirma que os atos processuais devem ser realizados no menor tempo possível poupando recursos do estado e das partes, sem que isso implique em redução ou supressão de garantias aos acusados.

PRINCIPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL : contempla tanto um vês material, no sentido de impossibilitar a instauração de um processo penal sem que aja um fato delituoso previsto em lei, e também um viés processual, uma vez que preceitua a observância de todos os procedimentos legais.

O juiz deve observar todos os ritos e procedimentos legais quanto ao processamento do réu.

(PERGUNTA DE PROVA : DIFERENÇA ENTRE DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITORIO E A AMPLA DEFESA)

PRINCIPIO DA PREVALÊNCIA DO INTERESSE DO RÉU (IN DÚBIO PRO RÉU): Decorre da presunção de inocência e tem como prerrogativa a ideia de que toda duvida deve ser interpretada em favor do réu, que é a parte hipossuficiente na relação processual;

PRINCIPIO DA INICIATIVA DAS PARTES: O magistrado não pode dar início a ação penal, tendo em vista que a tarefa de acusar, como regra, compete ao Ministério Público ou aos particulares nos casos de ação penal privada ou de ação penal subsidiaria da pública.

O julgador deve permanecer sempre inerte?

Exceções:

- Art. 195 da LEP , que permite que o magistrado instaure de ofício um

processo de execução penal.

- Art. 574, I e II do CPP. Recursos de oficio

PROVA

Emendatio libelli: diz respeito a tipificação art 384

Matatio libelliDiz : respeito a narrativa dos fatos art. 384

PRINCIPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: A parte tem o direito de buscar o reexame da causa por órgão jurisdicional superior ( art. 8º, item II, h do Pacto de São José da Costa Rica).

PRINCIPIO DA COLEGIALIDADE: Decorre do princípio do duplo grau de jurisdição, que parte do pressuposto de que, além de ver as decisões reapreciadas por instâncias superiores as partes gozam do direito de que esta reapreciação seja realizada por órgão colegiado, no sentindo de propiciar o debate das questões submetidas análise jurisdicional.

PRINCIPIO DO JUIZ IMPARCIAL: A garantia da imparcialidade do juiz constitui-se como um dos maiores fundamentos do EDD. Por esta razão, o CPP coloca a disposição das partes as exceções de suspeição e impedimento ( arts. 254 e 255 , respectivamente do CPP).

PRINCIPIO DO PROMOTOR NATURAL: Decorre da garantia da imparcialidade, que permeia tanto o órgão julgador quanto o órgão responsável por promover a acusação.

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PRINCIPIO DA VERDADE REAL : Diferentemente do que ocorre na esfera civil o juiz no processo penal deve buscar a realidade através de mecanismos que possibilitem a obtenção da verdade.

Obs: parte da doutrina critica o viés inquisitório que o princípio da verdade real pode introduzir na lógica processual. Desse modo, sustenta-se que dito princípio deve ser vislumbrado a partir da ideia de verdade processual. ou seja de acordo com as provas colhidas no autos.

PRINCIPIO DA MOTIVAÇÃO: Art. 93, IX da CF. O magistrado deve fundamentar as decisões

PRINCIPIO DA LEGALIDADE OU OBRIGATORIEDADE

PRINCIPIO DA OFICIALIDADE: Está vinculada a idéia de que o Estado vedou a auto tutela e se comprometeu a conceder a tutela jurisdicional através de órgãos com competência para isso.

PRINCIPIO DA OFICIOSIDADE: Decorre da oficialidade na medida que preceitua a lógica de que determinados órgãos do Estados tem a função especifica de atuar diante de determinadas causas e exercer uma ....

PRINCIPIO DO IMPULSO OFICIAL : Não precisa peticionar ou requerer que o jiuz faça aquilo que é sua atribuição.

PRINCIPIO DA INDISPONIBILIDADE A atuação do Estado em determinados casos não é mera faculdade e sim um dever. Ex.: ação pública incondicionada.

Exceção: ação penal privada.

PRINCIPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ

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1- Lei Processual no espaço / eficácia

Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:

-Conceito: Por eficácia espacial da norma processual, compreendesse a sua aptidão para produzir efeitos em determinados locais. Em regra a aplicação da lei processual no espaço observa o PRINCIPIO DA LEX FOR. Que expressa a soberania do Estado através da territorialidade.

- Lex For (di local ) ou lócus regit actum: Lei local vai reger o ato.

- Lugar do Crime

CP . Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

- Exceçoes a aplicação do principio da territorialidade (art. 1º CPP)

I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; Diplomatas e cônsul respondem pela lei do seu País de origem se cometer crime em serviço.

II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); traz a denominada jurisdição política. Nestes casos, não se aplica o Código de Processo Penal tendo em vista de o processamento nos crimes de responsabilidade dos agentes relacionados no diploma legal é de competência do Senado, conforme art. 52 II da CF de 88.

III - os processos da competência da Justiça Militar;

IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, nº 17); Não existe mais Tribunal Especial ; (PROVA)

V - os processos por crimes de imprensa. A Lei de imprensa foi declarada Inconstitucional no julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental 130 – 7.

Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nºs. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.

*Diplomatas e cônsul respondem pela lei do seu País de origem se cometer crime em serviço.

2- Lei Processual no tempo

- tempus regit actum : a lei que deve ser aplicada é a lei que esta em vigência no ato.

- Extratividade da lei processual : é a capacidade que a lei processual possui de se movimentar no tempo, regulando fatos anteriores ou posteriores ao seu período de vigência.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria

- retroatividade: ocorre quando a lei nova incide em situações pretéritas ao seu período de vigência ;

- ultratividade: ocorre quando a lei processual incide mesmo após o seu período de vigência.

Lei penal material pura: só retroage para beneficiar o réu.

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Lei processual penal pura : ex. pericias, rol de testemunhas, ritos. Etc. Trata dos procedimentos, do desenvolvimento do processo. Esta não retroage . Lei processual penal mista: contempla tanto o conteúdo de direito material, quanto de direito processual . Ex.: prescrição, decadência e renuncia.

Sistemas processuais - inquisitório: - acusatório :

SISTEMA ACUSATÓRIO: é aquele que não permite que o julgador gerencie a produção de provas, partindo do processo como um sistema que deve ser desenvolvido pelas partes ( tendo o juiz como um terceiro equidistante e imparcial). Caracterizasse pela completa separação entre o julgador e o órgão responsável por promover a acusação.

SISTEMA INQUISITÓRIO: é aquele em que a produção de provas fica a cargo do julgador que intervém diretamente na relação processual em busca da verdade real. Não ocorre a separação das responsabilidades de colher e avaliar as provas, inexistindo a distinção entre a figura do acusador e do julgador.

SISTEMA MISTO: é aquele que adota o modelo inquisitório na fase pré processual e acusatório no curso do processo. A doutrina majoritária afirma que este é o sistema adotado no Brasil . No entanto a doutrina critica afirma que este sistema é uma falácia, uma vez que legitima um modelo inquisitório (ex. prova produzida no inquérito que serve de base para sentença condenatória).

1. INQUÉRITO POLICIAL – art. 4º e seguintes do CPP

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

CONCEITO: É um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado a colheita preliminar de provas para apuração de uma infração penal e de sua autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do representante do Ministério Público.

2. OUTRAS FORMAS DE INVERSTIGAÇÃO: Comissão parlamentar de inquérito, que também pode apurar fatos delituosos.

2.1 TERMO CIRCUNSTANCIADO: são regulados e previstos na lei 9099/95 para tutelar crimes de menor potencial ofensivos.Substitutivo do inquérito policial, nos casos de menor potencial ofensivo ( contravenções penais e crimes em que a pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa).

3. INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL:

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Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:I - de ofício;II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.§ 1º O requerimento a que se refere o nº II conterá sempre que possível:a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal emque caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

- de ofício ( no caso de ação penal pública incondicionada)- provocação do ofendido- relato de terceiro- requisição de autoridade- prisão em flagrante 302, CPP.

3.1 Notitia criminis: É a ciência da autoridade policial a cerca da ocorrência de um fato criminoso, podendo ser: a) direta – quando o próprio delegado, investigando, por qualquer meio, descobre o acontecimento b) indireta – quando a vítima provoca a sua atuação a ocorrência.

3.2. Delatio Criminis: É a comunicação dada por qualquer pessoa do povo à autoridade policial( ou membro do MP, o juiz) a cerca da ocorrência de infração penal que caiba ação penal pública incondicionada.Obs: pode ser feita de forma oral ou escritaRequisição: é a exigência para realização de algo.Requerimento: é uma solicitação, passível de indeferimento, razão pela qual não tem o mesmo poder de uma requisição.Representação: É a exposição de um fato ou ocorrência sugerindo ou solicitando providência.Não pode haver uma exposição genérica de situações

-REQUISIÇÃO : trata-se de uma exigência fundamentada em lei para que a autoridade policial realize um ato investigativo. Não pode ser indefirido, uma vez que trata-se de um dever legal da autoridade policial que inclusive pode ser responsabilizada pela inércia. -REQUERIMENTO: trata-se de uma solicitação passível de indeferimento-REPRESENTAÇÃO: trata-se de um pedido de providencias acerca de um fato ou ocorrência.

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PROCEDIMENTO DA AUTORIDADE POLICIAL ( art. 6§)

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;2

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; (observar as regras concernentes ao interrogatório judicial , art..185 a 196)

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.

VI - proceder a reconhecimento de pessoas (deve se estabelecer de acordo com o art. 226 e seguintes do CPP) e coisas e a acareações;

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoaque deva ser reconhecida;Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao ladode outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver defazer o reconhecimento a apontá-la;III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, porefeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa quedeve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pelaautoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duastestemunhas presenciais.Parágrafo único. O disposto no nº III deste artigo não terá aplicação na fase da instruçãocriminal ou em plenário de julgamento.

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;OBs.: conforme o art. 158 do CPP nem mesmo a confissão do acusado substitui o exame de corpo de delito. No entanto, pode ser que a situação objetiva leve a necessidade da adoção do chamado exame de corpo de delito indireto. (ex. art. 167 CPP)

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

OBs.: a identificação datiloscópica é a colheita das impressões digitais do acusado. Toda via, tal procedimento deve ser excepcional tendo em vista que o artigo 5º LVIII preceitua que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo hipóteses previstas em lei .

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.

“Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.”

INDICIAMENTO: Indiciado é a pessoa eleita pelo Estado – investigação dentro da sua convicção aponta como autora da infração penal. Remédio contra indiciamento injusto: HC

5.1. MOTIVAÇÃO DO INDICIAMENTO: Não tem previsão legal.PROVA - Em respeito ao princípio da motivação e da presunção de inocência deve ser motivado o indiciamento.

5.2. RECONSTITUIÇÃO DO CRIME: Art. 7º CPPArt. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO: Art. 10º CPP

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Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

-Quando passa dos prazos dos 15 dias , ocorre o constrangimento ilegal .

6.1. Justiça estadual 10 dias preso , 30 dias solto.6.2. Justiça federal preso: 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias lei 5010/66 art. 666.3. Lei de drogas (lei 11343/06) 30 dias preso (. podendo ser prorrogado por igual período.), 90 dias solto6.4. Lei 1521/51 – crimes contra Economia Popular – sempre 10 dias6.5 Inquérito Militar: preso 20 dias, solto 40 dias ( se solto prorrogado por mais 30 dias.6.6. Tribunais –(judiciário oferecer a denuncia) preso ou solto : 5 dias

Justiça Estadual: Não deve ficar preso por mais de 81 dias de maneira preventiva, o processo deveria demorar esse período;Justiça Federal : Não deve ficar preso por mais de 100 dias de maneira preventiva;

CONTAGEM DE PRAZOS Art. 10 do CPSempre conta o dia de início.

Contagem de prazoArt. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

PARTICULARIDADES- SIGILOSO: em regra deve ser sigiloso;- INQUISITIVO: não possibilita grandes oportunidades de defesa ao acusado, esta defesa não é efetivamente ampla. - INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO: pode perdurar por 3 dias. art. 21 CPP : o preso nunca pode ficar incomunicável com seu advogado.

DISPENSABILDADE DO INQUÉRITO: Em determinadas circunstancias o inquérito pode ser dispensado, se já existe toda a base para ação penal, não necessita do inquérito. Ex.: termo circunstanciado, processo administrativo, inquérito civil.

ARQUIVAMENTO DO INQUERITO: art. 17 CPP Somente o juiz pode arquivar. No caso do arquivamento não ser homologado pelo juiz aplica-se o art. 28 CPP.

- Implícito: o delegado negligencia ou não apura a totalidade dos fatos; - Indireto (MP): promovido pelo Ministério Publico

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

* Encerrado o inquérito policial os autos serão remetidos ao juiz que por sua vez dara vistas ao Ministério Publico.

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*O MP poderá requisitar diligências para autoridade Policial, requerer o arquivamento do inquérito e ofertar a denúncia . Obs.: caso o juiz não esteja convencido de que o inquérito deve ser arquivado, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

DISPENSABILIDADE DO INQUERITO: pode ser dispensado, quando existem outras situações que já trazem essa apuração dos fatos; ex. TC, ..

TRANCAMENTO DO INQUÉRITO: Sempre fruto de uma coação, constrangimento ilegal. Por HCPROSSEGUIMENTO DAS INVESTIGAÇÕES APÓS O ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO: (Sumula 524 STF) Só se surgir um fato novo.

SISTEMA ACUSATÓRIO: é aquele que não permite que o julgador gerencie a produção de provas, partindo do processo como um sistema que deve ser desenvolvido pelas partes ( tendo o juiz como um terceiro equidistante e imparcial).

SISTEMA INQUISITÓRIO: é aquele em que a produção de provas fica a cargo do julgador que intervem diretamente na relação processual em busca da verdade real.

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AÇÃO PENAL : É o direito do Estado da acusação ou do ofendido de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional representada pela aplicação das normas de Direito Penal ao caso concreto. Através da ação, tendo em vista a existência de uma infração penal precedente, o Estado consegue realizar a sua pretensão de punir o infrator.

Ação penalArt. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.116Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.

-ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL-Ação penal publica: resguarda interesse da coletividade-Ação Penal Privada: reguarda interesses particulares.

- Ação penal pública Incondicionada: É aquela iniciada mediante denúncia do MP, para apuração de infrações penais que interferem diretamente no interesse geral da sociedade. Seu ajuizamento independe da vontade da vítima, apresentando-se como regra o ordenamento jurídico brasileiro, encontrando ressalvas nas hipóteses expressamente previstas em lei.

* Quando a lei não fala nada a ação penal é publica incondicionada.

Ação pública e de iniciativa privadaArt. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.6§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.7

- Ação penal pública Condicionada: É aquela que depende da manifestação inequívoca da vontade do ofendido em ver apurada a infração penal. Exemplo: art. 147, Par. Único. O titular da ação é o MP, só que depende de representação. Art. 225 CP ( é a vítima que vai dizer se houve um ato delituoso ou um ato delicioso. Ex. Estupro)

Tanto a condicionada quanto a incondicionada , no processo civil é a inicial, no processo penal é a denúncia.

(Art. 100 , CP e 24 CPP)

STF Súmula nº 608 Estupro - Violência Real - Ação Penal    No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.

- Ação penal privada Exclusiva: Aqui o que impera é o interesse do particular. Deixa uma lógica de caráter público para privado. Ex.: crimes contra a honra : calunia , injuria, difamação.

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Obs. O titular da ação não é o MP mas sim o particular;

ART. 100 CP § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.

- Ação penal privada Subsidiária da pública : Nos casos de ação penal publica o titular da ação deixa de agir, sendo que o particular terá que fazer as vezes do MP e ajuizar a ação.OBS.: o MP continua sendo o titular da ação podendo exercer as suas funções no curso do processo;

Queixa : querelante e querelado

-AÇAO POPULAR: não cabe no direito PENAL ;

INÍCIO DA AÇÃO PENAL: se estabelece com o oferecimento da denuncia ou queixa , independentemente do seu recebimento .

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.210Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.211

CONDIÇÕES GENÉRICAS DA AÇÃO PENAL

a) Possibilidade jurídica do pedido: a conduta apurada deve, ao menos em tese, constituir o fato criminoso. Muitos doutrinadores resaltam que analise da possibilidade jurídica do pedido deveria ficar restrita somente a tipicidade e antijuridicidade, uma vez que a culpabilidade pode gerar a chamada absolvição imprópria (ex. aplicação de medida de segurança para um doente mental), que exige uma analise do contexto probatório para a sua eficácia .

b) Interesse de agir: o órgão acusatório dispõe de interesse de agir quando ocorrer a necessidade adequação e utilidade do processo. A necessidade e a adequação dizem respeito aos moldes procedimentais previstos pelo CPP, enquanto que a utilidade vincula-se a possibilidade de aplicação de uma pena. Necessidade: devido processo legalAdequação: respeito aos procedimentosUtilidade: possibilidade de aplicação da pena

c) Legitimidade de partesTanto o polo ativo, quanto o polo passivo da demanda devem estar legitimados para figurar no processo (ex.: o MP não pode ajuizar ação penal privada exclusiva).

*Prescrição virtual : quando ainda não prescreveu mas provavelmente vai prescrever;

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DENUNCIA OU QUEIXA -Denuncia : representa a peça processual que da inicial a ação penal publica, titularidade do Ministério Publico. . - Queixa: representa a peça processual que da inicial a ação penal. Compete ao particular.

Quanto se tem inicio do Processo Penal ¿R: se da com o oferecimento da renuncia ou queixa e não com o seu recebimento ;

5.1 - Conteúdo e formalidades gerais da denúncia ou queixa ( Art. 41, CPP): O artigo 41 do CPP estipula os elementos da denuncia ou queixa, quais sejam:

a) Disposição do fato criminoso em todas as suas circunstâncias;b) Qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo ;c) Classificação do crime;d)Rol de testemunhas

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificálo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

5.2 - Causas gerais da rejeição da denúncia ou queixaa) Inépcia da denúncia ou queixa: ocorre quando a peça acusatória não contempla um dos seus requisitos fundamentais de configuração. A lógica interpretativa que deve ser utilizada para avaliar uma possível inépcia reside do direito de defesa do réu, uma vez que havendo uma acusação deficiente este não terá como exercer o seu direito de defesa. Ex.: denúncia que não expõe o fato criminoso;b)Ausência de Justa causa: Espelha uma síntese das condições da ação. Inexistindo uma delas não haverá justa causa para ação penal.

5.3 – Prazo para oferecimento da denúncia ( Art. 46, caput, CPP):Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de cinco dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de quinze dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (artigo 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação.§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de três dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.

No caso de passar o prazo de 5 dias: tem-se o constrangimento ilegal (habeas corpus). A partir do momento que passa o prazo do MP, tem-se a possibilidade da parte intentar a Ação penal privada subsidiária da pública.Quando o MP recebe o inquérito e peticiona ao juiz requerendo O ARQUIVAMENTO DO inquérito a parte pode ofertar ação subsidiária da pública? Não. Pq ele é o titular da ação penal e ele não ficou inerte, se manifestou.

Contagem de prazoArt. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

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AÇÃO PENAL PRIVADA: impera o interesse do particular ;

PRINCÍPIOS Conveniência e oportunidade: diz respeito ao fato de que a ação penal privada

constituísse como uma faculdade que o Estado confere aos indivíduos vitimados por crimes que resultam de interesse fortemente individual;

Disponibilidade: assegura que a vitima tenha a faculdade de desistir da ação mediante institutos como o perdão e a perempção; Se estabelece quando a ação penal já foi ajuizada diferentemente do principio da conveniência e oportunidade que ocorre antes;

Perdão: é a desistência do querelante de prosseguir na ação penal privada que iniciou

Perempção: é a perda do direito de ação. Ou seja, de demandar acerca do mesmo objeto da ação, quando o autor abandona o processo por três vezes. É a sanção processual ocasionada pelo descaso da vítima, na condução da ação privada.

Indivisibilidade: Preceitua que a desistência do ajuizamento da ação ou da condenação de um dos querelados aproveita a todos ( art. 48 CPP).

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

Intranscendência: Trata-se de um dos fundamentos do Direito Penal moderno, assegurando que a ação penal privada somente pode ser ajuizada contra quem concorreu para o crime.

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LIMITES DA AÇÃO PENAL PRIVADA

Decadência: é a perda do direito de agir pelo decurso de determinado lapso temporal, estabelecido em lei, provocando a extinção da punibilidade do agente.Abrangência da decadência: a decadência envolve todo tipo de ação penal privada, albergando também o direito de representação referente a ação penal pública condicionada.- Contagem do prazo decadencial: A contagem do prazo ocorre de acordo como art. 10 do CP, incluindo-se o dia do começo e excluindo-se o dia final.

Marco inicial do prazo decadencial: o marco inicial da decadência é o dia em que a vítima toma o conhecimento da materialidade e da autoria do crime. O mesmo critério deve ser aplicado aos sucessores do ofendido, caso este morra ou seja considerado ausente.OBS.: Ocorrendo crime continuado, deve se contar o prazo decadencial individualmente em relação a cada um dos delitos, do mesmo modo que se computa a prescrição. Art. 119 do CP.

***Para o menor de 18 anos, ao completar a maioridade, tem reavivado o prazo decadencial finalizado para o seu representante.

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.

Renúncia: art. 49 e 50 do CPPSignifica que a vítima se recusa em tomar providencia contra seu agressor. A renúncia pode ser expressa ou tácita. Cabendo todos os meios de provas para atestar esta situação . Expressa normalmente se dá numa composição civil. TácitaO fato de renuncia da ação penal não significa que está abrindo mão de outra esfera ( civil por exemplo).

Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, atodos se estenderá.Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro.

Diferença entre Decadência e Renuncia¿Na decadência existe um desleixo da vitima onde perde o prazo , na renuncia ocorre um ato volitivo da vitima no sentido de não querer promover a ação penal , o ato pode

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Perdão: art. 51 e seguintes do CPP. Significa desculpar ou absolver, equivale a desistência da demanda, operando-se após o recebimento da denúncia (queixa crime). Já tem ação ajuizada.

** Um dos requisitos é que o querelado aceite o perdão do querelante. O procedimento se estabelece da seguinte forma:

- O querelante oferta o perdão e o querelado deve ser intimado para se manifestar no prazo de 03 dias, sendo cientificado de que o seu silencio resulta em aceitação;

Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza,todavia, efeito em relação ao que o recusar.Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá serexercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendooposição do outro, não produzirá efeito.Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiverrepresentante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação doperdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, odisposto no art. 52.

Diferença entre Renuncia e Perdão ¿Renuncia antes do ajuizamento da ação e o perdão ocorre após o recebimento da denuncia .

Pode ter o perdão na ação penal privada subsidiaria da pública?Não. O titular da ação ainda é o

PEREMPÇÃO: O termo advém do verbo perimir, que significa colocar um termo ou finalizar. Perda do prazo ; Art. 60 CPP

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

Circunstâncias que levam a perempção: Paralisação do feito por mais de 30 dias em razão do querelante deixar de promover o

andamento do processo. Inércia do autor, dessídia, desinteresse pelo processo. Nestes casos para que ocorra a perempção faz-se necessária a intimação pessoal do querelante.

Falecimento ou incapacidade do querelante sem que, no prazo de 60 dias, uma das pessoas encarregadas da substituição compareça ao processo.

Não comparecimento injustificado do querelante a ato processual indispensável.

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Ausência de pedido de condenação nas alegações finais do querelante. Extinção da pessoa jurídica, , quando for a querelante, sem deixar sucessora disposta a assumir o polo ativo da demanda.

AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIARIA DA PUBLICAArt. 29 c/c 46 CPP

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Públicoreceber novamente os autos.§ 1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação § 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos doprocesso.

DENUNCIA X QUEIXA-CRIMEDenuncia: ação penal publica Queixa-Crime : ação penal privada

AUTOR e REU x QUERELANTE e QUERELADOAutor e Réu : ação penal publicaQuerelante e Querelado : ação penal privado

INDISPONIBILIDADE X DISPONIBILIDADEIndisponibilidade: ação penal publicaDisponibilidade: ação penal privado

DIVISIBILIDADE X INDIVISIBILIDADEDivisibilidade : ação penal publicaIndivisibilidade : ação penal privado

OBRIGATORIEDADE X FACULDADE (conveniência (oportunidade))Obrigatoriedade: ação penal publicaFaculdade : ação penal privado

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1- Quais são as diferenças estabelecidas entre o principio da conveniência/oportunidade da ação penal privada e o principio da disponibilidade¿

2- Caso o querelante não tenha a intenção de dar seguimento a ação penal, em havendo a negativa do querelado em aceitar o perdão, qual seria a alternativa viável para atender os anseios do demandante¿

3- Explique a diferença entre legitimidade das partes e negativa de autoria.

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PRISÃO CAUTELAR

Comparando com o processo Civil, prisão cautelar é a antecipação de tutela.AS medidas cautelares são a antecipação dos efeitos da sentença no processo penal. O réu muitas vezes tem sua pena antecipara através de prisões cautelares.

CONCEITO: Sob o prisma do moderno constitucionalismo as prisões cautelares devem ser vislumbradas como mecanismo processual utilizado pelo Estado para o fim de assegurar a proteção do desenvolvimento do processo e da aplicação da lei penal .

Prova da materialidade Indício de autoriaE essas medidas devem servir para proteger a aplicação da lei penal e o desenvolvimento do processo.

PRINCÍPIOS

Jurisdicionalidade: decorre do principio do devido processo legal que preceitua que todas as medidas cautelares em sede de Direito Penal devem ser submetidas a apreciação do poder judiciário. Para evitar arbitrariedades, de prisão para averiguação.

Provisionalidade: assegura que as prisões cautelares decorrem de contexto situacionais específicos , ao passo que, ao desaparecerem as circunstâncias que motivaram as medidas cautelares, estas também devem cessar. Se a prisão foi decretada por determinado motivo, esse motivo não mais existir, não há mais motivo para a prisão.

Provisioriedade: Diz respeito ao caráter temporal das medidas cautelares, assegurando que as restrições processuais devem ser temporárias e de breve duração, não podendo assumir o contorno de pena antecipada. Diz respeito ao tempo da medida cautelar. Não adianta deixar o sujeito preso cautelarmente por 4 anos por exemplo, pq a função da prisão cautelar é de assegurar a aplicação da lei penal e assegurar o desenvolvimento do processo. Por isso que o tempo é importante, pq senão vira uma antecipação da pena. É a partir desse principio que se acaba criando a possibilidade de que muitas vezes tenha reconhecido o habeas corpus reconhecendo a coação ilegal quando há excesso de prazo na prisão preventiva ou temporária. Por meio de uma criação jurisprudência se entende que se todos os prazos do processo fossem respeitados na justiça estadual (oferecimento da denuncia, do inquérito) o processo deveria durar 81 dias. Como sempre passa mais que isso o advogado pode impetrar habeas corpus alegando coação ilegal( que a prisão está sendo uma

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antecipação de uma futura pena)com base nesse principio, muitas vezes se consegue êxito do habeas corpus.

Excepcionalidade: A excepcionalidade das prisões cautelares tem como substrato fundamental o princípio da presunção de inocência , assegurando que tais medidas somente podem ser utilizadas quando não restarem alternativas menos lesivas para os fins de promover o desenvolvimento do processo e aplicação da lei penal. É o princípio mais importante, decorre do principio da presunção de inocência, e pq sua premissa basilar é que as prisões cautelares devem ser consideradas excepcionais, somente quando não tiver outra alternativa é que se aplicam as prisões cautelares.

ESPÉCIES

1) PRISÃO EM FLAGRANTE: é a prisão realizada no instante em que se desenvolve ou termina de ser concluída a empreitada criminosa. Sua função elementar é de assegurar a produção de provas em relação a materialidade e a autoria delitiva, sendo que, por força de tais razões prescinde de mandado judicial, podendo ser realizada por qualquer pessoa do povo.

Art. 5º LXI CF: LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito .

A essência da prisão em flagrante é proporcionar a cessação da atividade criminosa e proporcionar a produção imediata de provas. Por isso não precisa um mandado do juiz, primeiramente.

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:I – está cometendo a infração penal; flagrante próprioII – acaba de cometê-la; flagrante próprioIII – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; flagrante impróprio ou imperfeitoIV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Flagrante presumido

Flagrante preparado ou provocado: ocorre quando alguém instiga ou induz outrem a realizar uma atividade criminosa, somente para poder prendê-lo . Ex.: grupo de policiais que deixa um determinado bem ao alcance de um possível infrator somente para prendê-lo em flagrante.É ilegal, um dos motivos é que configura crime impossível.

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Flagrante forjado: é aquele decorrente de um ato fraudulento realizado por terceiro. Ex.: policial que durante uma abordagem coloca entorpecentes no automóvel de um terceiro. Ilegal

Flagrante esperado: ocorre quando autoridade policial ao tomar conhecimento de uma futura ação criminosa, espera o início dos atos de execução para agir. Teoria objetiva: só se inicia o crime qdo. O agente começa a praticar o verbo nuclear (furtar...) Teoria formal objetiva: inicia os atos de execução qdo. o agente de acordo com seu plano subjetivo se coloca em imediata efetivação de seu plano. Todos os lugares adotam essa.. no caso de pedofilia, não se espera o criminoso agir para prender.

Flagrante diferido ou retardado: Ocorre quando a polícia tem a faculdade de retardar a realização da prisão para obter maiores dados e informações a cerca de uma atividade delituosa. Ex.: art. 53, II Lei de Drogas 11.343/06, que prevê a não atuação policial sobre os portadores de drogas nos casos em que estes possam levar a outras informações.

OBS.: Doutrina minoritária sustentam que a prisão em flagrante é uma prisão pré-cautelar, pois prepara a prisão temporária ou preventiva.....

IMPRIMIR LEI 12403 de 11

2) PRISÃO TEMPORÁRIA: Tem como essência a idéia de proteger a investigação, o suspeito é detido para que se possam produzir provas no inquérito policial. (lei 7.960/89) é aquela qdo aludido diploma legal que visa assegurar uma eficaz investigação policial, nos casos de infração penal de natureza grave.A função da prisão temporária é que se junte provas para instruir o inquérito policial é uma prisão decorrente de solicitação do delegado de policia. Lei 7.960/89. Prazo de 5 dias e pode ser prorrogada por mais 5 dias.*** Quando a investigação versar sobre delito capitulado,( crimes hediondos), o prazo é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.

3) PRISÃO PREVENTIVA: é aquela que visa proteger a relação processual quando se busca a aplicação da lei penal e tb o desenvolvimento do processo. é a prisão cautelar que tem a finalidade de assegurar o efetivo desenvolvimento do poder do estado em aplicar o jus puniendi (direito de punir), possuindo, no mínimo três requisitos, quais sejam:

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a) Prova da materialidade e indícios suficiente de autoria;b) Ocorrência de uma das situações descritas no art. 312 do CPP;c) Demonstração da ineficácia ou da impossibilidade de aplicação de qualquer outra

cautelar para alcançar os fins estabelecidos no caput do artigo 312 do CPP, conforme art. 282 par. 6º . do aludido diploma legal.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente da autoria.

FUMUES COMISSI DELICTI: prova materialidade do crime

+

PERICULUM LIBERTATIS : indicio de autoria

1 – prova da , materialidade + indícios de autoria2 – art. 312, CPP3 – art. 282, § 6º

A lei 12403 - essa alteração na legislação se deu em função do mutirão carcerário, tinha muitas pessoas presas, se criou essa lei com as cautelares pessoais sentido de esvaziar os presídios e também torar efetivo o principio da excepcionalidade. Art. 282 §6º. Só se usa prisão quando as outras cautelares não surtirem efeito.

Qual a diferença entre prisão temporária e prisão preventiva

Temporária: Visa assegurar as investigações policiais e tem prazo determinado. Só pode ser decretada no inquérito policial.Prisão preventiva: Embora ela visa proteger o desenvolvimento do processo e aplicação da lei penal, pode ser decretada no decorrer do inquérito.

A maioria dos doutrinadores entendem como constitucional os requisitos elencados no art. 312 ( garantia da ordem publica, por exemplo) Mas se fizer uma leitura baseada na legalidade, na taxatividade, encontra-se problemas para fundamentar esses requisitos. Pq o tipo penal (garantia da ordem publica, econômica) é extremamente vago, viola o principio da taxatividade, que está dentro do principio da legalidade. Os processualistas entendem que fundamentar um prisão preventiva fundamentada na garantia da ordem publica é constitucional, uma corrente minoritária(inclusive o

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professor) entende que é inconstitucional, pq se perguntar o que é ordem publica, certamente não se sabe responder.

Condições especificas do art. 312, CPPGARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: segundo a doutrina tradicional contempla o trinômio: gravidade da infração, repercussão social e periculosidade do agente.GARANTIA DA ORDEM ECONOMICA: diz respeito ao viés econômico que a liberdade do agente pode gerar ao sistema financeiro.CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: assevera a necessidade de se proteger a instrução processual e aplicação da lei penal, sendo mais autêntico nos requisitos autorizadores da decretação da prisão preventiva. ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL :

OBS.: No processo penal impera o fumus commissi delict + periculum libertatis (provas da materialidade + indícios da autoria e perigo da liberdade) A partir de uma lógica constitucional, as medidas cautelares só deveriam se sustentar quando servirem para proteger a aplicação da lei penal ou desenvolvimento do processo( quando o réu tá coagindo testemunhas, tá tentando se livrar de provas, quando o réu tá obstacularizando o desenvolvimento do processo) Perigo da aplica ção da lei penal( quando o réu tá tentando sair do pais).

4 – PRISÕES CAUTELARES REVOGADAPrisão decorrente de pronuncia: No procedimento do júri tem uma fase que vai até a sentença de pronuncia, que serve para dizer se o individuo vai para júri ou se é absolvido sumariamente. Quando o indivíduo fosse pronunciado, mesmo que estivesse em liberdade, a regra era que mesmo assim, deveria ser preso provisoriamente de forma cautelar. Atualmente não se tem mais essa prisão. Para que se aplique esse tipo de prisão, tem que ocorrer todos os requisitos atinentes à prisão preventiva. A prisão não decorre mais da pronuncia, mas dos requisitos atinentes a prisão preventiva.Prisão decorrente de decisão condenatória recorrível: anteriormente quando o sujeito era condenado por juiz de 1ª instância, necessariamente tinha que responder o processo preso. Com alei 12403, isso mudou. ESSAS DUAS FORMAS DE PRISÃO FORAM REVOGADAS ,DE ACORDO COM A IDÉIA DE PRESUNÇÃO DE INOCENCIA E EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO CAUTELAR SOMENTE FAZ SENTIDO DECRETAR UMA PRISÃO PREVENTIVA SE EXISTIREM OS REQUISITOS ELENCADOS PELO ART. 312. E AINDA SÓ SE AS CAUTELARES PESSOAIS NÃO ASSEGURAREM AS FINALIDADES PREVISTAS NO ART. 312 GARANTIA DA ORDEM PUBLICA, ECONOMICA...

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5 – CAUTELARES PESSOAIS ( (art. 317, 319)

Da lei 12403/11

1- QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ESTABELECIDAS ENTRE O PRINCIPIO DA CONVENIENCIA / OPORTUNIDADE DA AÇÃO PENAL PRIVADA E O PRINCIPIO DA DISPONIBILIDADE¿

R: principal diferença esta no marco temporal . A primeira é antes, através da renuncia e da decadência.Disponibilidade é a faculdade de dar continuidade ao processo: perdão e perempção;

2- CASO O QUERELANTE NÃO TENHA A INTENÇÃO DE DAR SEGUIMENTO A ALÇAO PENAL, EM HAVENDO A NEGATIVA DO QUERELADO EM ACEITAR O PERDÃO, QUAL SERIA A ALTERNATIVA VIAVEL PARA ATENDER OS ANSEIOS DO DEMANDANTE¿

R: o querelante pode deixar de dar zelo ao processo, buscando a perenpção do mesmo, fazendo com que ela seja extinta com sentença, sem resolução de mérito . Faz coisa julgada;

3- EXPLIQUE A DIFERENÇA ENTRE LEGITIMIDADE DAS PARTES E NEGATIVA DE AUTORIAR: Legitimidade das partes é uma condição da ação. Para que ocorra o processo, a denuncia de queixa devem narrar uma suposta autoria de participação do acusado . Tem que se respeitar o principio da intrancendência. Negativa de autoira é uma tese defensiva. Só vai ser elucidada por meio de provas.

nao cai lei processual no tempo e espaço

prisão preventiva decretada para garantir a ordem publica. ¿ rebater esses argumentos¿

toda prisão cautelar eh excepcional , ela tem que ser a ultima medida, tem que ter uma motivação especial, fundamentação especial, a partir do momento que o juiz utiliza somente a garantia da ordem publica, ele não recebeu uma motivação adequeda e não tem como se defender corretamente. Nos temos uma ilegalidade de flagrante . a vontade das pessoas em prender alguém não pode legitimar uma prisão.