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8/8/2019 Processos de Separação e Recolha Selectiva de Resíduos nos Organismos Públicos – O Caso Português
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PrOCeSSOS de SePArAÇÃO e reCOlHA SeleCtIVA
de reSÍdUOS NOS OrGANISMOS PÚBlICOSO CASO POrtUGUÊS
césar Madureira1
MarGarida Quintela Martins1
MiGuel r odriGues1
rsumo – O presente texto apresenta um estuo sobre os níveis e esenvol-vimento e ierentes organismos a aministração pública central portuguesa rela-tivamente às práticas e separação e recolha selectiva e resíuos em contexto etrabalho, com vista a eectuar um iagnóstico que possa unamentar meias a tomar para incrementar boas práticas e recolha e separação selectiva e resíuos. Foi tam- bém trataa a questão a muança e comportamentos e irigentes e uncionáriosno que concerne à separação os resíuos no local e trabalho.
Palavras-chave: Aministração Pública, separação e recolha selectiva e resí-uos, gestão ambiental, muança comportamental.
Absac – selective waste separation and collection. the portuGuese case. This paper aresses the issue o selective waste separation an collection practices in work environments by public aministration organisations. It puts ortha iagnosis o the level o evelopment attaine in this area, with the aim o contrib-uting to the ebate on which measures shoul be taken in orer to oster goo prac-tices in terms o selective waste separation an collection. The issue o behaviouralchange by both managers an suborinates is the object o a special ocus.
Keywords: Public Aministration, selective waste separation an collection,
environmental management, behavioural change.
résumé – techniQues de séparation et de raMassaGe sélectif des déchets dans les services publics. le cas portuGais. On présente une étue sur les iversniveaux e séparation et e recueil sélecti es échets, pratiqués par plusieurs orga-nismes e l’Aministration Publique Centrale au Portugal. Cette étue peut servir àétablir un iagnostique, qui permettra e éterminer les mesures à prenre pour améliorer les pratiques e ramassage sélecti es échets. On s’est aussi intéressé aux
Recebio: 09/03/2009. Aceite: 07/01/20101 EMIC-INA (Equipa Multiisciplinar e Investigação e Consultoria o Instituto Nacional
e Aministração, I.P.). E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]
Finisterra, XlV, 89, 2010, pp. 141-156
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changements e comportement es irigeants et es employés, par rapport au problèmee la sélection es ivers résius sur le lieu e travail.
Mots-clés:Aministration Publique, séparation et ramassage sélecti es échets,
gestion e l’environnement, changement e comportement.
I. INTROdUÇÃO – PROBLEMÁTICA E OBJECTIVOS
No contexto a globalização, em que se procura aprounar o enominao esen-volvimento sustentável, as políticas e gestão ambiental e, consequentemente, e sepa-ração, recolha selectiva e reciclagem os materiais utilizaos, ocupam caa vez maisestaque. Pela imensão ísica que ocupam no esenvolvimento os estaos, as socie-aes e a eucação e ormação os ciaãos, os governos e a aministração pública,
para além e serem importantes agentes e progresso económico e social, esempenhamtambém papel relevante no que concerne à utilização e bens consumíveis. daqui ecorreque a aministração pública portuguesa seja proutora e um volume não negligenciá-vel e resíuos e iversa ínole.
desta orma, importa perceber o que está a ser eito ao nível a separação e reco-lha selectiva estes bens, no seu m e via enquanto resíuos, e o que poeria ser melhorao. O presente texto tem por objectivo vericar os níveis e esenvolvimentoos ierentes organismos a aministração pública central portuguesa relativamente às
práticas e separação e recolha selectiva e resíuos em contexto e trabalho, paraeectuar um iagnóstico que sirva e base a uma refexão sobre as meias a tomar para
incrementar boas práticas e recolha e separação selectiva e resíuos.
II. MARCO TEÓRICO – SOCIEdAdE dE CONSUMO E GESTÃOdE RESÍdUOS
Numa socieae em que o heonismo ganha culturalmente um papel a maior relevância, o consumo passou a ser uma as chaves principais para a realização imeiataas expectativas os ciaãos. A utilização os proutos aquirios no mercao, nomea-amente os e carácter tecnológico, tem um tempo méio e uração caa vez mais
curto. A publiciae trata, por seu turno, e criar necessiaes, tantas vezes articiaisou superciais, nos consumiores (Aranha e Martins, 1993). Ramonet (2004) vai mesmomais longe armano que “ao mesmo tempo veículo ieológico e técnica e persuasão,a publiciae sabe eneitar-se com os melhores acessórios e seução, mobilizanotoos os recursos a estratégia o esejo sob toas as suas ormas”. Por outro lao, nasocieae e consumo, e acoro com as representações sociais ominantes, a nãoaquisição e certos bens e serviços poe revelar-se inibiora a obtenção e uma posi-ção social, estatutária ou prossional mais esejaa (Marcuse, 2001, Ramonet 2004).Seguno Portilho (2005), é unamental estuar as circunstâncias em que será possívelconjugar harmoniosamente o consumo, a sustentabiliae ambiental e a via e toos
os actores sociais que compõem a socieae num eterminao momento.Se a preocupação e o consequente incremento o número e a prouniae as
investigações que são eitas no estuo o consumo são unamentais para percebermosa uno este enómeno, torna-se também imperativo estuar as suas consequências sociais
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e, sobretuo, ambientais. daí ser eterminante a enição rigorosa o conceito e ges-tão os resíuos. de acoro com Tchobanoglous et al., (1993:7), a gestão os resíuos
poe ser enia como “a isciplina que estua a geração, a separação, a recolha, otransporte, o processamento e a reutilização ou reciclagem os resíuos, visano esta-
belecer princípios para a Saúe pública, a Economia, a Engenharia, a Conservação e oAmbiente, assim como promover a responsabilização nas atitues públicas relativas aeste enómeno”. Nesta perspectiva, a gestão os resíuos eve envolver toas as abor-agens, aministrativas, nanceiras, legais, técnicas e e planeamento que possam par-ticipar na construção e soluções para os problemas ecorrentes a existência osresíuos. Estas soluções evem aina envolver relações interisciplinares complexas queentrem em conta com outras variáveis, como sejam as e carácter emográco, político,geográco, sociológico e psicológico.
do ponto e vista os governos, no contexto a socieae e consumo, os ciaãostêm tenencialmente vino a ser encaraos como agentes activos a gestão ambiental,seno requentemente interpelaos no sentio e se mobilizarem para a separação,reutilização e reciclagem e materiais. No entanto, apesar e toas as iiossincrasiasemográcas, geográcas, socio-económicas, políticas e eucacionais que istinguemos ierentes grupos sociais, seguno Folz e Hazlett (1991), o sucesso os programase separação, e recolha selectiva e e reciclagem epene essencialmente as políticas
para o ambiente, a orma como são escolhias, seleccionaas e implementaas por governos e aministrações.
III. SEPARAÇÃO dE RESÍdUOS E MUdANÇA COMPORTAMENTAL
Lewin (1965) é uma as reerências incontornáveis no capítulo a teoria o pro-cesso e muança. Seguno ele poeriam ser ienticaas três ases ao longo e um
processo e muança: o descongelamento, a mudança e o recongelamento. Mais recen-temente, Schein (1987), tentano esenvolver o conteúo e caa uma as ases pro-
postas por Lewin, postulou que o escongelamento everia uncionar como um mecanismoe remoção ou e estruição e crenças, valores, atitues e comportamentos partilhaose praticaos pelos inivíuos até esse momento, através a apresentação e novos parõese e novos estímulos comportamentais, susceptíveis e esaarem a soliez os ante-riores.
Num processo e muança cultural e uno, e consequentemente e mentali-aes os uncionários no que concerne aos hábitos e separação e resíuos nolocal e trabalho (neste caso, nos organismos públicos), parece inequívoca a neces-siae e intervenção os irigentes enquanto precursores a muança e a institui-ção e novas regras susceptíveis e motivarem novas atitues e comportamentos(Maureira, 2004).
Por outro lao, num contexto e muança organizacional, a questão interpretativaé crucial. Os motivos inicaos pelos irigentes aos uncionários, como justicações
para a muança, e sobretuo a orma como estes são percepcionaos e interpretaos,são eterminantes na enição a conuta e uma associação, ou ao contrário, e is-tanciamento relativamente às moicações introuzias. A creibiliae é pois umelemento central na implicação os inivíuos nos processos e muança.
Se encararmos como esejável a criação e hábitos e separação, teno em vistaa reciclagem os resíuos e orma continuaa, então é sauável que esta se aça em
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associação com os novos comportamentos “ambientalmente responsáveis” os iri-gentes a aministração pública que everão ser continuaos e visíveis entro aorganização.
Com eeito, para que possa ser eectiva a participação e toos os actores organi-zacionais em processos e muança comportamental, no que concerne a separação e otratamento os resíuos, terá que estar alicerçaa numa partilha e novos símbolos,novos cóigos e linguagem e, unamentalmente, e novas atitues e comportamentos.
Num processo este tipo, motivação e comunicação são elementos nucleares.Uma vez que as estruturas públicas têm aina uma orma piramial, com orens,
regulamentos e enição e práticas e conuta a serem emanaas o topo, para que possa haver partilha e uma nova linguagem relativamente à separação e resíuos naaministração pública, ela everá começar nas camaas irigentes.
IV. SEPARAÇÃO, RECOLHA SELECTIVA E RECICLAGEM NOS ORGANISMOS PÚBLICOS
Em 1992, a Conerência as Nações Unias para o Meio Ambiente e o desenvol-vimento (CNUMAd), que ocorreu no Rio e Janeiro, marcou o início e uma nova erano que concerne à gestão ambiental. Com eeito, 190 estaos iscutiram a Agena 21Global, comprometeno-se a “pensar globalmente e a agir localmente” através a imple-mentação e meias para a promoção e acções visano a reução as esigualaessociais, assim como a aopção e um moelo e esenvolvimento com bases ambientaismais sustentáveis.
Contuo, para que os estaos possam levar a cabo tais pretensões, as aministrações públicas os ierentes países evem esempenhar um papel e agentes activos no processo e transormação as socieaes. Neste sentio, antes e porem em práticameias que visem sensibilizar o ciaão comum para a questão a preservação o meioambiente, estaos e aministrações everão constituir-se como pioneiros na aopção e
práticas e eesa activa o ambiente.Em too o muno, bens tão iversos como consumíveis (papel, toners e impres-
soras), material inormático (hardware), entre outros materiais, são utilizaos em largaescala, não só pelo tecio empresarial privao mas também pelos serviços públicos.desta orma, torna-se imprescinível que estes organismos obeeçam a estratégias e
prevenção e reciclagem, assim como a programas e separação, recolha selectiva, reci-clagem, ou reutilização os materiais para poupar recursos naturais e e evitar poluiçãoe esperícios. Folz (2004) sugere mesmo que os organismos públicos, particularmenteas autarquias, evem proceer a processos e benchmarking entre eles, com o m e se
poerem ienticar as melhores práticas e gestão ambiental e, consequentemente, se porem em prática os melhores moelos.
Em 1996, os países membros a OCdE tinham já acorao a reução os impac-tos negativos geraos por órgãos governamentais e organismos públicos (OECd, 1997).A própria OCdE, como organização supranacional, resolveu também aoptar os critériosambientais raticaos pelos estaos membros, incorporano-os nas suas activiaes.Relativamente, por exemplo, à utilização e consumíveis esta organização instituiumeias como uma reução o consumo total o papel e 11%, um crescimento na
percentagem e papel reciclao entro o papel consumio, a substituição as máquinascopiaoras por outras com maior quantiae e peças passíveis e serem reciclaas ou
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reutilizaas, assim como a reução o número e publicações em papel e a inormati-zação crescente e ocumentos. No que concerne à aopção os princípios pelos esta-os membros existe uma grane iversiae e comportamentos. Enquanto alguns seconcentram na elaboração e isposições legais que visem a promoção a obrigatorieaee aopção e certos critérios ambientais entro os organismos públicos, outros tentamomentar a introução e práticas ambientalistas e orma voluntária e isolaa, organismoa organismo.
Em países como o Canaá e o Japão, algumas as meias oram aplicaas eorma imeiata, teno os respectivos governos quanticao rigorosamente os objectivosa atingir em termos e gestão ambiental entro os serviços públicos. No que concerne,
por exemplo, ao consumo e papel em organismos o estao, o Japão xou em 0% ocrescimento o volume total e consumo e papel para o períoo e 1996 a 2000(Machao, 2002).
Apesar e toos os esorços já encetaos, e acoro com o estuo eectuao por Machao (2002), no que concerne a gestão ambiental na aministração pública, a maior
parte os países vive aina aquilo que se poe esignar como uma “cultura o esper-ício”. de entre as principais conclusões a pesquisa, avultam uas. Por um lao, assiste--se aina nas aministrações públicas a um comprometimento reuzio as altasirecções nas políticas e nas práticas ambientais e separação, recolha selectiva, reci-clagem, ou reutilização, o que leva a que a repercussão os princípios e as práticasambientalistas não seja a esejável nos níveis interméios e ineriores as hierarquias.Complementarmente, sem a aequaa capacitação os serviores o estao, o processoe uma melhor gestão ambiental os recursos torna-se mais complicaa.
de acoro com a supracitaa autora, é hoje eviente que os governos e as ami-nistrações que aoptam comportamentos e reução e consumo e energia, reciclagemo papel utilizao, ou compra e proutos ecoecientes2 colhem já vantagens passíveise serem quanticaas (Machao, 2002). deixa por isso e ser argumento a recusa ecomportamentos ambientalistas com a esculpa e se tornarem mais ispeniosos paraas organizações (públicas ou privaas).
No caso português, a OECd (2001) reeria já em 1993 a absoluta necessiae ese elaborarem planos e investimentos e vulto, para a acilitação os processos e ges-tão os resíuos sólios urbanos. Esta organização recomenava também o melhoramentoos mecanismos e inspecção e o esenvolvimento e um sistema e penalizações paraos não cumpriores. Como principal objectivo colocou-se então a “implementação rápiae planos para a gestão os resíuos com a eterminação e uma hierarquia e respon-sabiliaes no processo, que estivesse e acoro com a Agena 21, e que permitissemonitorizar e implementar meias, assim como recorrer a sistemas e avaliação” (OEdC,2001: 88). Se é verae que alguns passos oram aos a nível global no país, no queconcerne à aministração pública portuguesa que, por um lao, é uma enorme proutorae resíuos e que, por outro, everia servir e exemplo e boas práticas ao resto otecio social e empresarial nacional, pouco se moicou ese então.
No capítulo ambiental, a introução e boas práticas no sector público everá processar-se e orma sistematizaa, apelano à tomaa e consciência ambiental, sem
2 O prouto ecoeciente poe ser enio como aquele que, prouzio e orma artesanalou inustrial, para uso pessoal, alimentar, resiencial, comercial, agrícola ou inustrial seja não poluente, não tóxico, reciclável, evienciano beneícios para o meio ambiente e para a saúe.
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ignorar o peso a cultura napoleónica e weberiana que a aministração pública veioaoptano ese ceo e que não soreu alterações signicativas nem no períoo que seseguiu à revolução e 1974 (Maureira, 2004).
Na gestão ambiental entro os organismos públicos, a via a seguir parece ser aa reorma graualista. Para tal eve insistir-se na moicação e gestos iários roti-neiros no quotiiano e irigentes e uncionários. desta orma, a méio e a longo prazo,será possível uma alteração atituinal e comportamental que leve graualmente à reu-ção e consumos esnecessários e à implementação e práticas que, multiplicaas pelosorganismos a aministração pública, representem uma consierável reução e gastos,nomeaamente e energia, e e custos com materiais consumíveis.
V. SEPARAÇÃO, RECOLHA SELECTIVA E RECICLAGEM dE MATERIAISCONSUMÍVEIS E ELECTRÓNICOS NA AdMINISTRAÇÃO PÚBLICA POR-TUGUESA – LEGISLAÇÃO E PRÁTICAS
Como já oi reerio, também na aministração pública portuguesa, uma parteconsierável os organismos existentes, aa a sua unção e prestaores e serviços,utiliza materiais electrónicos e consumíveis iversos (em particular o papel) em abun-ância. Em Portugal, embora a Resolução o Conselho e Ministros nº 2/93 e 7 eJaneiro tenha eterminao a utilização e papel reciclao e a recolha selectiva e papelusao nos serviços a aministração, ecorrios quinze anos, esta não é uma práticacorrente na maior parte os organismos a aministração pública portuguesa.
O decreto-Lei nº 153/2001 e 7 e Maio veio estabelecer regras, nomeaamente para que o equipamento inormático e organismos a aministração pública puesseser alienao a título gratuito no quaro os processos e reequipamento e actualizaçãoo material inormático os mesmos.
Em 2002, o decreto-Lei nº 20/2002 e 30 e Janeiro veio regulamentar a gestãoos resíuos e equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE), quer no que iz respeitoà recolha selectiva os resíuos, quer ao respectivo armazenamento, transporte e trata-mento. Mais tare, obeeceno ao isposto na directiva n.º 2002/95/CE o ParlamentoEuropeu e o Conselho, e 27 e Janeiro e 2003, e na directiva n.º 2002/96/CE oParlamento Europeu e o Conselho, e 27 e Janeiro e 2003, alteraa pela directivan.º 2003/108/CE o Parlamento Europeu e o Conselho, e 8 e dezembro e 2003, odecreto-Lei n.º 230/2004 e 10 e dezembro veio estabelecer um regime juríico paraa gestão e resíuos e equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE) teno por objec-tivos prevenir a sua proução, promover a reutilização, a reciclagem e outras ormas evalorização, e orma a reuzir a quantiae e o carácter nocivo e resíuos a eliminar,contribuino para melhorar o comportamento ambiental e toos os operaores envol-vios no ciclo e via estes equipamentos. Posteriormente, o despacho Conjunto n.º353/2006 e 27 e Abril veio conerir o licenciamento e uma entiae gestora osistema integrao e gestão e resíuos e equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE),a ERP Portugal, e o despacho Conjunto n.º 354/2006 veio conerir o licenciamento euma outra entiae gestora o sistema integrao e gestão e resíuos e equipamentoseléctricos e electrónicos (REEE), a AMB3E, Associação Portuguesa e Gestão e Resí-uos e Equipamentos Eléctricos e Electrónicos.
Por outro lao, o despacho n.º 454/2006 e 9 e Janeiro, que aprovou o Plano eIntervenção e Resíuos Sólios Urbanos e Equiparaos (PIRSUE), estabelece na meia
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9 o seu eixo 2, a obrigatorieae e recolha selectiva e resíuos na aministração,unamentano esta necessiae no enquaramento estratégico nacional e comunitário
para a gestão os resíuos.Já em 2007, a Resolução o Conselho e Ministros n.º 109/2007 e 20 e Agosto
criou a Estratégia Nacional e desenvolvimento Sustentável, que está na base a pro-moção e um sistema e compras públicas, a implementar no períoo e 2008 a 2010,que pretene incorporar, na contratação pública, critérios e política ambiental e esustentabiliae, promoveno os enominaos “mercaos veres” e visano reorçar aisseminação e boas práticas entro e ora a aministração pública.
Apesar e ser eviente uma evolução no que concerne à legislação, as práticas egestão e separação, recolha selectiva e reciclagem e materiais electrónicos e consumíveis(papel, tinteiros e toners em especial) na aministração pública portuguesa são aina poucoconhecias, não teno aina ao nenhum sinal e muança particularmente signicativaem termos culturais e comportamentais, no que concerne a estas matérias. Embora a lite-ratura sobre esta temática não seja abunante no nosso país, torna-se eviente, em visitasaleatórias aos serviços, que não existe nem uma política consoliaa e separação e erecolha selectiva, nem um moelo e gestão ambiental para os organismos públicos.
VI. METOdOLOGIA E RESULTAdOS
Para se responer ao objectivo o estuo, já enunciao na introução, oram uti-lizaos aos recolhios por ois instrumentos e recolha e inormação istintos: (i)um inquérito irigio aos membros o clube net@ina (trata-se e uma comuniaevirtual e uncionários públicos, ormanos o INA, IP ou simplesmente interessaosnas activiaes este Instituto), através e questionário electrónico isponível on-line;um inquérito aos irigentes máximos e toos os organismos públicos a aministração
pública central, através e questionário enviao via postal com um envelope RSF paraacilitar as respostas. Ambos os questionários estiveram isponíveis para resposta entre12 e Fevereiro e 14 e Março e 2008.
Os ois questionários apresentam algumas perguntas comuns e outras istintas.Esta opção sustenta-se no acto e a população irigente (ou as cheas, ou uncionáriosinicaos pelos irigentes para preencherem o questionário) ever não só estar a par as práticas e separação e recolha selectiva e resíuos nos seus organismos mas até
participar nas estratégias para que estas aconteçam.
1. Univso o suo amosas
O primeiro universo e estuo é composto pelos membros o clube [email protected],contano com 15.015 uncionários públicos, teno sio obtia uma amostra e 858respostas valiaas.
O seguno universo e estuo é composto pelos irigentes máximos e toos osorganismos a aministração pública central (671 eectivos), teno sio valiaa umaamostra e 225 respostas.
depois e trataos os aos recolhios através os questionários, pretenemos ar a conhecer os resultaos obtios no estuo e tornar pública a situação na aministração
pública central no que concerne às práticas e reutilização, separação, recolha selectivae reciclagem e resíuos.
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2. rsuaos o inquéio aos mmbos o cub [email protected]
A maioria os inquirios (92,4%) arma separar os resíuos em casa, mas no locale trabalho, essa percentagem esce para 69,1%.
Quanto às motivações principais que levam os inquirios a separarem os resíuosem casa (quaro I), prevalece a consciência a importância que a separação os resíuostem para que sejam reciclaos. de orma minoritária, são aina inicaas as campanhase sensibilização e a pressão exercia pelos lhos. da leitura estes resultaos poeamitir-se que a maioria os inquirios com hábito e separação é motivaa pelo actoe estar inormaa em relação a problemas ambientais e à importância a separação
para recolha selectiva os resíuos e consequente reciclagem.
Quaro I – Principal motivo para a separação e resíuos em casa.Table I – Main motive or waste separation at home.
N %
A pressão exercia pelos lhos 26 3,3
A pressão para a separação e resíuos sólios urbanos ser bem vista socialmente 3 0,4
A consciência a importância a separação os resíuos para a reciclagem 712 90,0
Campanhas e sensibilização 35 4,4
Outro 15 1,9
toa 791 100,0
No que concerne ao principal motivo para o exercício e uma prática e separaçãoe resíuos no local e trabalho (quaro II), a consciência e caa pessoa revela-seeterminante, haveno também um signicativo número e inquirios que reere ainfuência e irectivas hierárquicas.
Quaro II – Principal motivo para a separação e resíuos no local e trabalho.Table II – Main motive or waste separation in the workplace.
N %
A consciência e caa pessoa 665 77,5
Uma irectiva o irigente máximo o organismo 119 13,9
Uma obrigação legal 47 5,5
Uma política o Ministério 27 3,1
toa 858 100,0
Quano inquirios em relação à existência e articulação entre toos os serviçoso organismo relativamente à separação e resíuos, a maioria (51,3%) arma nãoexistir e 21,1% reere não ter qualquer conhecimento sobre esta matéria. de acto,apenas cerca e um quarto (27,6%) amite a existência e articulação entre os serviçosno que iz respeito à separação e resíuos entro o organismo.
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Processos de separação e recolha selectiva de resíduos nos organismos públicos – O caso português 149
Em relação à existência e equipamentos para separação e resíuos, os resultaosapontam para o acto e cerca e metae a amostra amitir a sua existência no orga-nismo (53,4%) e entro os gabinetes (47,3%). Contuo, a gura 1 mostra que os tipose resíuos separaos os restantes têm congurações ierentes, consoante se reramos recipientes entro os gabinetes ou ora eles (no organismo). Nos ois casos, o
papel é o mais reerio. No caso os gabinetes, aparecem em seguno lugar os resíuosorgânicos, seguios as embalagens e as pilhas. Fora os gabinetes, as embalagens sãoo seguno tipo e resíuo reerio, seguias o viro, os resíuos orgânicos e as
pilhas. As lâmpaas, os tinteiros e toners são os tipos e resíuos que menos requen-temente oram reerios como teno recipientes apropriaos.
Fig. 1 – Existência e recipientes para separar resíuos (por tipo). Fig. 1 – Presence o containers or the purpose o waste separation (by type).
No que iz respeito à utilização e papel até ao limite, nomeaamente através aimpressão em rente e verso e a reutilização e olhas pré-impressas e um os laos
para rascunho, percebeu-se que a maioria os inquirios revela ter boas práticas, já que33,1% a amostra amite azer “sempre” este tipo e utilização e 43,1% o az “requen-temente”. Em sentio oposto, apenas 1,6% reeriu “nunca” utilizar o papel até ao seulimite. Nesta amostra e inquirios verica-se, pois, que a maioria tem comportamentose reutilização requentes e reiteraos.
de acoro com os aos constantes na gura 2, mais e 70% os uncionáriosresponentes amitem que o envolvimento os irigentes na muança comportamentalos uncionários, no que concerne aos hábitos e separação e resíuos no local etrabalho, é “pouco” ou “nenhum”. Também no que respeita ao grau e sensibiliae osirigentes relativamente à importância a separação e recolha selectiva e resíuos nogeral, a maioria os inquirios consiera que é “pouco” ou “nenhum” (57,3% nototal).
41,1%
17,6%
14,8%
12,6%
8,7%
7,2%
2,8%
47,3%
20,5%
31,0%
20,4%
23,7%
8,3%
4,3%
Papel e cartão
Resíduos orgânicos
Embalagens
Pilhas
Vidro
Tinteiros/Toners
Lâmpadas
no organismo nos gabinetes
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Fig. 2 – Graus e envolvimento os irigentes na muança comportamental os uncionários ee sensibiliae quanto à importância a separação e recolha selectiva e resíuos.
Fig. 2 – Degree o involvement o the managers in the process o behavioural change by their subordinates and level o awareness with regard to the importance o selective waste
separation and collection.
Os inquirios oram chamaos a pronunciar-se sobre a importância e se azeremacções e ormação para a muança e comportamentos em matéria e separação e
resíuos no posto e trabalho. A esmagaora maioria consiera a ormação comporta-mental “muito importante” (60,7%) ou “relativamente importante” (33,9%), e apenas5,4% atribui “pouca” ou “nenhuma” importância a esta matéria. Quanto aos estinatários
preerenciais a ormação, os responentes reerem que os irigentes interméios (81,6%)e e topo (68,2%) everão ser os principais estinatários estas acções, teno os técni-cos superiores sio reerios em 55% os casos e outros técnicos em 58,3%.
O questionário incluía aina uma questão aberta sobre a opinião os inquiriosquanto à existência e um moelo e gestão ambiental comum a toa a aministração
pública. de acoro com os resultaos apuraos, a maioria os inquirios (85,9%) con-siera que esse moelo eve existir. Pelo contrário, 6,1% consiera que não eve exis-
tir um moelo e gestão ambiental comum, teno 3,1% revelao inecisão.de entre as opiniões reerias que unamentaram concorância com a existên-
cia e um moelo e gestão ambiental comum a toa a aministração pública, salien-tam-se a necessiae e a importância a uniormização e normas, regras e
proceimentos para a separação e recolha selectiva e resíuos, bem como a maior aciliae e ecácia e implementação e políticas comuns. Foram aina reeriosargumentos como a importância a articulação entre os serviços públicos e os pres-taores e serviços e recolha selectiva e resíuos, o maior rigor por parte osorganismos públicos, o veraeiro envolvimento a classe irigente, e o papel aaministração pública na iusão e boas práticas, contribuino para a sensibilização
os uncionários, para a realização eectiva a separação e materiais nos seus locaise trabalho e na sua via privaa.
Por outro lao, oi reerio que a separação e recolha selectiva e resíuos everiaazer parte os objectivos as organizações e que a implementação e um moelo comum
EnvolvimentoForte
7,1%
Razoável
22,4%
Pouco40,0%
Nenhum30,5%
Sensibilidade
Forte
10,1%
Razoável
32,6%
Pouco
42,1%
Nenhum
15,2%
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potenciaria a criação e uma cultura ambiental comum a toa a aministração públicae ao mesmo tempo, permitiria criar moelos mais ecazes, acilitano a troca e inor-mações e experiências entre organismos. São sugerias soluções como a inclusão eobjectivos e reciclagem na avaliação o esempenho ou a existência e um Manual ePrincípios Básicos e e Boas Práticas, bem como a ormação, a envolvência, a inor-mação e o esenvolvimento e meios operacionais.
As unamentações as respostas os responentes que acham que não eve ser aplicao um moelo comum a toa a aministração pública, recaem essencialmente nosargumentos e que a imposição legal tene a ser contraproucente e que as práticasactuais são sucientes; que a aopção e meias legislativas sobrecarregaria e tornariaaina mais complexo o uncionamento os serviços; que os organismos têm especici-aes que não permitem a uniormização e processos; e que a separação e resíuoseve assentar unamentalmente no aspecto comportamental a consciência iniviual.Apesar e não concorarem com o moelo comum, alguns consieram que everia ser obrigatória a existência e pontos comuns e e recipientes para a separação e resíuosem toos os organismos.
Finalmente, aqueles que colocam algumas reservas a um moelo comum, reeremque eve existir um moelo estratégico mas fexível, passível e aaptação a situaçõesespecícas. Consieram que eve haver mais regulamentação e equipamento, contribuinoassim para uma maior sensibilização e envolvimento os uncionários.
3. rsuaos o inquéio a iigns
de acoro com as respostas a amostra e irigentes, em mais e 2/3 os organismosinquirios, está instituía uma prática e separação e resíuos, ou no organismo comoum too (35,5%) ou na maioria os seus serviços (33,2%). Em 12,4% os casos, é ami-tio que nenhum serviço leva a cabo esta prática, e em 18,9% apenas um número reuzioe serviços o az. Em quase metae os organismos (49,7%), a separação e resíuosecorre e ecisões avulsas e só em 32,8% e irectivas o irigente máximo.
90,2%
43,9%
24,2%
23,5%
15,9%
8,3%
4,5%
89,6%
58,5%
56,5%
60,6%
56,5%
32,6%
26,9%
Papel e cartão
Resíduos orgânicos
Embalagens
Pilhas
Vidro
Lâmpadas
Tinteiros/Toners
no organismo nos gabinetes
Fig. 3 – Existência e recipientes para separar resíuos (por tipo). Fig. 3 – Presence o dedicated containers or the purpose o waste separation (by type).
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Quanto à existência e equipamentos para separação e resíuos, os resultaosapontam para o acto e a maioria a amostra amitir a sua existência no organismo(85,8%) e entro os gabinetes (58,5%). Por outro lao, a gura 3 eviencia ierençasquanto ao tipo e resíuos separaos, entro os gabinetes ou ora eles. Nos ois casos,o papel é o mais reerio. dentro os gabinetes, os resíuos orgânicos aparecem naseguna posição, seguios as embalagens e as pilhas. Fora os gabinetes, as pilhassão o seguno tipo e resíuo reerio, seguias os resíuos orgânicos, as embalagense o viro. A maioria os organismos (95%) amite aina azer separação e recolhaselectiva e tinteiros e toners para posterior reciclagem.
de acoro com os irigentes, a utilização e papel reciclao é uma prática minori-tária nos organismos abrangios pelo inquérito, já que cerca e 2/3 a amostra não recorrea esta solução (33,2%) ou apenas o az pontualmente (32,3%). de acto, apenas 2,2%arma utilizar sempre papel reciclao, 9% á-lo requentemente e 23,3% às vezes.
No que concerne o material inormático esactualizao, a maioria (53,8%) temacoros com operaores licenciaos para abate o mesmo, haveno igualmente situaçõese reaproveitamento interno (46,2%) e e oação a instituições terceiras (41,2%). Noentanto, pouco mais e metae os organismos (55,5%) arma ter conhecimento eentiaes gestoras responsáveis pelo Sistema Integrao e Gestão e Resíuos e Equi-
pamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE). Apenas cerca e um quarto os inquirios(24,7%) az entregas este tipo e resíuo a entiaes aquele sistema. Quanto ao Sis-tema Integrao e Registo Electrónico e Resíuos (SIRER), apenas 45,5% os orga-nismos tem conhecimento a sua existência e menos e um terço (28,9%) leva a caboo seu preenchimento.
Embora 40% os organismos armem ter um contrato, acoro ou protocolo para arecolha e resíuos, estes não constituem um quaro e articulação integraa com um agenteem particular. de acto, a maioria as situações resulta e soluções pontuais e avulsas.
Envolvimento
Forte
24,1%
Razoável
47,3%
Pouco
25,4%
Nenhum
3,2%
Sensibilidade
Forte
29,4%
Razoável
55,2%
Pouco
14,5%
Nenhum
0,9%
Fig. 4 – Graus e envolvimento os irigentes na muança comportamental os uncionários ee sensibiliae quanto à importância a separação e recolha selectiva e resíuos. Fig. 4 – Degree o involvement o the managers in the process o behavioural change by their
subordinates and level o awareness with regard to the importance o selective waste separation and collection.
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Processos de separação e recolha selectiva de resíduos nos organismos públicos – O caso português 153
de acoro com a gura 4, a maioria os irigentes inquirios (71,4%) arma queo seu envolvimento na muança comportamental os uncionários em relação a hábitose separação e resíuos é “absoluto” ou “razoável” e, em 84,6% os casos, é reconhe-cio um grau e sensibiliae os irigentes relativamente à importância a separaçãoe recolha selectiva “absoluto” ou “razoável”.
Por outro lao, e acoro com a opinião os irigentes, a ormação para a muançae comportamentos em matéria e separação e resíuos é consieraa “muito” (64,7%)ou “algo” importante (32,6%), haveno apenas uma minoria e 2,7% que consiera estetipo e acção pouco importante. Os irigentes interméios são mais requentementereerios como estinatários preerenciais esta ormação (84,9%), seguios e outrostécnicos (72,5%), técnicos superiores (69,3%) e irigentes e topo (61,5%)
Finalmente, quanto a um moelo e gestão ambiental comum a toa a aministra-ção pública, a maioria os organismos (80,9%) concora com a sua existência, e apenas5,3% arma não concorar. Os argumentos avançaos a avor esta ieia incluem aenição e implementação e melhores práticas, agilização e uniormiae e procei-mentos, o eventual reaproveitamento noutras instituições. Foram também realçaosaspectos como a integração e objectivos ambientais na gestão os organismos, a impor-tância a ivulgação e boas práticas, o investimento em ormação e a motivação nosserviços públicos.
Em sentio contrário, aqueles que se maniestaram contra a existência e tal moelocomum eenem que eve ser caa organismo a tomar as suas próprias opções, evenoantes apostar na inormação e ormação os trabalhaores e na implementação e regras
básicas.
4. discussão
depois e analisaos os resultaos torna-se eviente um esajuste, quase umacontraição, relativamente a algumas respostas ornecias pelas uas amostras.
No que concerne à “existência e recipientes para separar resíuos entro osgabinetes (por tipo e resíuos)”, as respostas os irigentes são rancamente maisencorajaores o que as o clube net@ina. Enquanto 90,2% os primeiros reerem
poer proceer à separação e papel e cartão entro os próprios gabinetes, apenas41,1% os sujeitos responentes o clube net@ina amitem poer azer o mesmo.Aina que não tão acentuaa, a ierença e respostas entre amostras é também encon-traa relativamente à separação e toos os outros tipos e resíuos. Esta iscrepân-cia e valores é também notaa na resposta à questão que visa perceber se “existem
pontos/recipientes para separação e resíuos entro o organismo”. Enquanto apenas53,4% os inquirios o clube net@ina reconhece a existência estes recipientes,85,8% os irigentes conrmam que estes existem isponíveis nos organismos oneexercem as suas unções.
Por outro lao, existe uma percentagem consieravelmente maior e irigentesa responerem que o principal motivo para o exercício e uma prática e separaçãoe resíuos no local e trabalho é a existência e “uma irectiva o irigente máximoo organismo” nesse sentio (32,8%) o que e responentes a amostra o clubenet@ina (13,9%).
Aina e realçar que, enquanto mais e 71% a amostra os irigentes acha queo envolvimento os irigentes na muança comportamental os uncionários, no queconcerne aos hábitos e separação e resíuos no trabalho, é “razoável” ou mesmo
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“absoluta”, 70,5% os responentes a amostra o clube net@ina amite que este graue envolvimento não passa e “raco” ou mesmo “nulo”.
Os ois grupos parecem apenas concorar que é “muito importante” ou pelo menos“importante” que se esenvolvam acções e ormação para a alteração e comporta-mentos em matéria e separação e resíuos no posto e trabalho, concorano tambémque everão ser os irigentes interméios os principais estinatários estas acções. Estacoinciência e propostas poe perceber-se na meia em que são eectivamente osirigentes interméios aqueles que convivem iariamente com os uncionários poenoinfuenciar e orma mais irecta os moelos culturais, atituinais e comportamentaisos mesmos, ou seja, contribuino para um descongelamento, uma mudança e umrecongelamento (conrmação essa muança) as ormas e acção os uncionários noseu local e trabalho (Lewin, 1965, Schein, 1987).
Por m, importa salientar que, em quase toas as comparações e resultaos entreas uas amostras, aparece como eviente um optimismo nas respostas ornecias pelaamostra os irigentes, sobretuo quano comparaas com as os responentes membroso clube net@ina. Tal acto não será e estranhar. Tratar-se-á porventura e um senti-mento e desejabilidade social (Maureira, 2004) partilhao por cheas e irigentesque, por se sentirem responsáveis pelo correcto uncionamento os organismos, tenema esejar que, o ponto e vista a gestão ambiental, exista já um conjunto e boas
práticas enitivamente implementaas. Ou seja, a expectativa, em alguns casos, poer-se-á ter substituío à realiae no momento as respostas, exagerano assim a percen-tagem e ocorrência e boas práticas ambientais no local e trabalho.
VII. CONCLUSÕES E RECOMENdAÇÕES
A presente investigação propôs-se azer o iagnóstico o estáio e esenvolvimentoos processos e separação e recolha selectiva e resíuos nos organismos a aminis-tração pública central portuguesa.
As respostas aas pela amostra o clube net@ina inicaram que existe um hábitoe separação mais pronunciao nos lares os uncionários o que nos seus locais etrabalho (organismos a aministração pública central); a maioria os uncionários nãotem ieia e como se articulam entre serviços as práticas e separação e e recolha; sóem cerca e metae os organismos existem pontos e separação (sejam estes entroou ora os gabinetes e trabalho); o tipo e resíuos ao qual se estinam mais pontose separação é o papel; na maioria os casos, o papel já é utilizao até ao limite; aconsciência iniviual é o principal motivo para o exercício e uma prática e separaçãoe resíuos no local e trabalho; o envolvimento os irigentes na muança e com-
portamentos os uncionários em matéria e separação é muito raco; a ormação pro-ssional nesta matéria agura-se como unamental, esignaamente para o grupo
prossional os irigentes interméios (naturalmente mais próximos os uncionários eas suas rotinas).
Relativamente às respostas aas pelos irigentes, elas apresentam algumas seme-lhanças (que não merecem ser repetias) mas também pontos e esacoro e e noviae(visto que os instrumentos e recolha e inormação eram, também eles, ierentes) queimportam ser reerios nesta ase o trabalho. Contrariano os números apresentaos
pelas respostas o clube net@ina, os irigentes aançam que: em cerca e 86% osorganismos existem recipientes para separação e resíuos entro o organismo; a re-
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quência e utilização e papel reciclao é muito baixa; quase sempre se az uma sepa-ração e recolha selectiva e toners e tinteiros, teno em vista a reciclagem os mesmos;sabem, na sua maioria, a existência e entiaes gestoras responsáveis pelo SistemaIntegrao e Gestão e Resíuos e Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE)embora só uma minoria procea a uma entrega os mesmos a estas entiaes; apenasmenos e metae os organismos tem conhecimento a existência o Sistema Integraoe Registo Electrónico e Resíuos (SIRER) teno pouco mais e 1/4 o hábito e o
preencher; o grau e sensibiliae relativamente à separação e recolha e o envolvimentoos irigentes na muança e comportamentos os uncionários nesta matéria é orte.
Há quase uas écaas que autores como Folz & Hazlett (1991) vêm armanoque o sucesso os programas e separação, e recolha selectiva e e reciclagem epeneessencialmente as políticas para o ambiente, a orma como são escolhias, seleccio-naas e implementaas por governos e aministrações. Contuo, no caso a aminis-tração pública central portuguesa, poemos concluir que os resultaos este estuo nos
permitem armar que não existe aina um hábito soliamente enraizao e sistematizaoe separação e recolha selectiva e resíuos. Vivemos aina, pelo menos parcialmente,uma “cultura e esperício” (Machao, 2002). Como puemos observar ao longo a
pesquisa, para isso têm contribuío vários actores. Em ace os resultaos poemosconcluir que existe uma ausência e gestão ambiental na maioria os organismos res-
ponentes ao inquérito3.Assim como já vai aconteceno com outros eixos e importância vital para o
esenvolvimento sustentável, como é o caso a igualae e género e/ou a ciaaniainclusiva, pensamos que, em vez e se constituir como política pública em si mesma, agestão ambiental everia ganhar graualmente um carácter e transversaliae e earmação na socieae portuguesa, e moo a poer vir a ser monitorizaa (OECd,2001). Só a observação e a prática continuaas e rotinas ambientalistas poerão levar a que a separação e a recolha selectiva se transormem em actos naturais, seja no con-texto amiliar ou no laboral, no sector público ou no privao. Para que tal possa acon-tecer, torna-se unamental que os irigentes se envolvam neste processo eescongelamento (escristalização) e velhos hábitos assim como na aprenizagem,
partilhaa com os uncionários, e novos comportamentos e orma consciente (Lewin,1965; Schein, 1987).
Com eeito, não bastam leis nem irectivas nos organismos públicos. A importân-cia e novos comportamentos mais ecológicos tem que ser percepcionaa como neces-sária e incontornável pelos irigentes. Só assim a iusão e novas práticas para toosos uncionários será possível, pelo menos e orma sistematizaa. Se assim não or,continuaremos a assistir a comportamentos mais ou menos generalizaos ou isolaose uncionários mais conscienciosos, o que não permite que os resíuos os Organismossejam separaos, recolhios, reutilizaos e gerios a melhor orma.
Para que uma gestão ambiental possa vir a tornar-se realiae a aposta everáesobrar-se em nova legislação para os organismos públicos, ormação e iusão enovas atitues e comportamentos assim como a instituição e processos e benchmarking com o m e se poerem ienticar as melhores práticas e gestão ambiental e, con-sequentemente, se porem em prática os melhores moelos para o eeito (Folz, 2004).
3 Gestão ambiental: conjunto e processos articulaos para solucionar problemas a áreaambiental e orma sistematizaa
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