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Fundo Setorial do AudiovisualChamada Pública: PRODAV 03
Núcleo Criativo – Currículo para Membros da Equipe
Identificação do membro da equipe
Nome:
Função no Núcleo Criativo:
Obras audiovisuais
Listar as principais obras realizadas, até o limite de 5 (cinco).
Título da obra A Voz do PovoTipo(ficção, animação, vídeo-arte, documentário, publicitária, educacional, institucional)
FicçãoEmissora (s)(apenas para obras veiculadas em TV)
Ano de lançamento(ou fase de produção, em caso de obras não finalizadas)
2015Nº de episódios (apenas para obras seriadas)
Duração (em minutos)
23
Função exercida(diretor, produtor, roteirista, diretor de fotografia, etc)
RoteiristaBilheteria/ audiência(caso possua a informação)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Melhor Filme no 1º Cine Favela FestivalMenção honrosa no 9º Visões PeriféricasRoteiro finalista do 2º Festival de Cinema Online - CCBB
Participações em Festivais(indicar até 3 participações, especificando nome do festival, ano e categoria)
Cine Favela Festival (2015)Visões Periféricas (2015)Festival de Cinema Online – CCBB (2015)
Título da obra Boa noite, cinderelaTipo(ficção, animação, vídeo-arte, documentário, publicitária, educacional, institucional)
FicçãoEmissora (s)(apenas para obras veiculadas em TV)
Ano de lançamento(ou fase de produção, em caso de obras não finalizadas)
2012Nº de episódios (apenas para obras seriadas)
Duração (em minutos)
25
Função exercida(diretor, produtor, roteirista, diretor de fotografia, etc)
RoteiristaBilheteria/ audiência(caso possua a informação)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Participações em Festivais(indicar até 3 participações, especificando nome do festival, ano e
Marcelo Reis de Mello
Roteirista
Fundo Setorial do AudiovisualChamada Pública: PRODAV 03
Núcleo Criativo – Currículo para Membros da Equipe
categoria)
Obras literárias ou teatrais
Listar as principais obras realizadas, até o limite de 5 (cinco).
Título da obra Desculpe o pó
Tipo de obra(marcar com x)
( ) obra literária( X ) obra teatral
Ano de lançamento ou estréia 2012
Editora (para obras literárias e para obras teatrais que tenham sido publicadas)
Vendagem ou bilheteria(caso possua a informação)
Função(autor, tradutor, diretor, produtor, etc)
Autor Nº de reedições (para obras literárias)
Temporadas(apenas para obras teatrais. Indicar até 3 temporadas, especificando os locais, companhias teatrais e data)
Uma temporada. Companhia O Baú. Estreia no Festival Internacional de Teatro de Curitiba.
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Recorde de público na mostra Fringe do Festival Internacional de Teatro de Curitiba.
Título da obra Esculpir a Luz
Tipo de obra(marcar com x)
( X ) obra literária( ) obra teatral
Ano de lançamento ou estréia 2010
Editora (para obras literárias e para obras teatrais que tenham sido publicadas)
Cozinha ExperimentalVendagem ou bilheteria(caso possua a informação)
Função(autor, tradutor, diretor, produtor, etc)
Autor Nº de reedições (para obras literárias)
Temporadas(apenas para obras teatrais. Indicar até 3 temporadas, especificando os locais, companhias teatrais e data)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Premio Adeptus de Poesia (2010)Premio Asabeça de Poesia (2010)Prêmio Canon de Poesia (2010)Festival de poesia de São João del-Rei (2010)
Título da obra Elefantes dentro de um sussurro
Tipo de obra(marcar com x)
( X ) obra literária( ) obra teatral
Ano de lançamento ou estréia 2015
Fundo Setorial do AudiovisualChamada Pública: PRODAV 03
Núcleo Criativo – Currículo para Membros da Equipe
Editora (para obras literárias e para obras teatrais que tenham sido publicadas)
Azougue Editorial / Cozinha Experimental
Vendagem ou bilheteria(caso possua a informação)
Função(autor, tradutor, diretor, produtor, etc)
Autor Nº de reedições (para obras literárias)
Temporadas(apenas para obras teatrais. Indicar até 3 temporadas, especificando os locais, companhias teatrais e data)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Título da obra O homem mais portátil do mundo, de Arturo Carrera
Tipo de obra(marcar com x)
( X ) obra literária( ) obra teatral
Ano de lançamento ou estréia 2014
Editora (para obras literárias e para obras teatrais que tenham sido publicadas)
Azougue Editorial / Editora Circuito
Vendagem ou bilheteria(caso possua a informação)
Função(autor, tradutor, diretor, produtor, etc)
Tradutor Nº de reedições (para obras literárias)
Temporadas(apenas para obras teatrais. Indicar até 3 temporadas, especificando os locais, companhias teatrais e data)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Título da obra Suturas: um breviário, de Daniel Link
Tipo de obra(marcar com x)
( X ) obra literária( ) obra teatral
Ano de lançamento ou estréia 2015
Editora (para obras literárias e para obras teatrais que tenham sido publicadas)
Azougue Editorial / Editora Circuito
Vendagem ou bilheteria(caso possua a informação)
Função(autor, tradutor, diretor, produtor, etc)
Tradutor Nº de reedições (para obras literárias)
Temporadas(apenas para obras teatrais. Indicar até 3 temporadas, especificando os locais, companhias teatrais e data)
Fundo Setorial do AudiovisualChamada Pública: PRODAV 03
Núcleo Criativo – Currículo para Membros da Equipe
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Outras produções
Ex: curadoria, produção de festivais, outras atividades artísticas. Máximo de 5 (cinco).
Título Oficina Experimental de Poesia
Tipo Oficina permanente Ano 2010-2015
Função Coordenador Público(caso possua a informação)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Evento integrante da programação oficial da secretaria de cultura do município do Rio de Janeiro.Parte da programação oficial do Centro Cultural João Nogueira – Imperator.
Título A Mesa – Encontrão de Poetas
Tipo Encontros de Poesia Ano 2015
Função Curador e coordenador Público(caso possua a informação)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Título Noites Cariocas – SESC RJ
Tipo Festival Ano 2011
Função Produtor e artista Público(caso possua a informação)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Título Festival de Inverno SESC RJ
Tipo Festival Ano 2011
Função Coordenador de Oficina e artista
Público(caso possua a informação)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
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Núcleo Criativo – Currículo para Membros da Equipe
Título Livro à Bolonhesa – SESC RJ
Tipo Festival Ano 2012
Função Artista e debatedor Público(caso possua a informação)
Prêmios(indicar até 5 prêmios recebidos, especificando nome do festival, ano e categoria)
Formação acadêmica
Listar os principais cursos realizados, até o limite de 3 (três).
Tipo de formação(ex: graduação, mestrado, curso livre...)
Doutorado em Literatura Comparada
Título
Instituição Universidade Federal Fluminense / CAPES Ano de conclusão cursando
Tipo de formação(ex: graduação, mestrado, curso livre...)
Mestrado em Literatura Brasileira
Título Mestre em Literatura Brasileira
Instituição Universidade Federal Fluminense / CNPq Ano de conclusão 2013
Tipo de formação(ex: graduação, mestrado, curso livre...)
Curso Técnico de Roteiro para Cinema e Televisão
Título Técnico em roteiro para cinema e televisão
Instituição Academia Internacional de Cinema - RJ Ano de conclusão 2009
Experiência profissional
Listar as principais experiências profissionais, até o limite de 3 (três).
Empresa Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Núcleo Criativo – Currículo para Membros da Equipe
FunçãoProfessor de língua portuguesa e literatura brasileira
Período2015-
Empresa Editora Cozinha Experimental
Função Editor de livros Período 2010-2015
Empresa Colégio Educo-CPS
Função Professor Período 2012
Outras informações
Para informações relevantes não aplicáveis aos campos anteriores, como prêmios pelo conjunto da obra, participações e premiações em feiras, justificativa de coerência entre o currículo do profissional e a tipologia ou temática da proposta apresentada, outras informações profissionais.
Incluir clipping de, no máximo, 6 (seis) páginas. O objetivo do clipping não é comprovar as informações apresentadas acima, mas demonstrar a recepção, pela crítica especializada ou pelo público em geral, das obras realizadas, bem como apontar outras informações relevantes acerca do dos membros da equipe, pertinentes à proposta.
Há anos desenvolvo práticas profissionais e pesquisas acadêmicas relacionadas à poesia brasileira contemporânea. Foi sobre isso que escrevi a minha dissertação de mestrado, na UFF, e é esse o foco da minha pesquisa de doutorado na mesma instituição. Além disso, tenho escrito e publicado poemas e livros autorais de poesia desde 2010, assim como na qualidade de tradutor. E como editor de livros, na Editora Cozinha Experimental, tenho publicado uma porção de poetas e desenvolvido projetos nessa área. Por isso, o projeto da série de documentários “Autonautas” relaciona diretamente a linguagem audiovisual e o universo poético de autores contemporâneos, em consonância com a minha pesquisa e as minhas competências profissionais.
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Núcleo Criativo – Currículo para Membros da Equipe
Resenha crítica do cineasta João Martins sobre o filme “A Voz do Povo”, escrito por Marcelo Reis de Mello e dirigido por Germano Weiss. Texto disponível em: https://poneimaldito.wordpress.com/2012/11/09/a-rotina-em-seu-desarranjo/
A rotina em seu desarranjo
João Martins
Deve haver um sem-fim de dissertações, monografias, teses e artigos sobre a forma com que o homem comum é tratado pelo cinema. Até porque esta (a de falar e pensar sobre) é uma indústria muito mais fomentada que a do próprio cinema. Mas não é esse o papo.
O papo é que olhar sobre o “homem comum” dentro do cinema, eu acredito, tem duas principais vertentes: a dos soviéticos, ou aqui no Brasil do León Hirszman e afins, em que este (em geral um trabalhador), leva em si (ou junto ao resto da classe) todas as contradições e mazelas da exploração. Enquanto, há um outro olhar mais resignado sobre um ser sutil, fiel e curvado a rotina, como em Ozu, Renoir ou John Ford. E não há um que seja mais ou menos burguês.
A voz do povo – curta escrito por Marcelo Reis de Mello e dirigido por Germano Weiss – está claramente neste segundo caso, embora tenha muito do primeiro.
Há, principalmente em Ozu (uma das referências-mor do diretor), certa estabilidade, com sua câmera congelada, sempre estática, numa espécie de retrato de família. Bem distante — mesmo com aqueles recortes de luz e um certo clima de melancolia e redenção de algum gueto do mundo — das recorrentes subjetivas de uma mosca em A voz do povo.
A voz do povo não é um filme realista na acepção literária ou cinematográfica do termo. Há uma curva no universo retilíneo e aparentemente constante do real. Os personagens são espalhafatosos, quase jocosos ou caricatos. Mas o que difere essa curva do cinema soviético ou até do neo-realismo é que ela não é para cima ou para baixo, e sim, para dentro. De maneira que a cidade muda com humor de seu protagonista – um locutor de supermercado que sonha em trabalhar na tv, enquanto luta contra todos “seus chegados” e uma mosca, sua grande rival – que se assiste (na verdade se projeta) todos os dias no primeiro jornal da noite.
Só que não há nada de onírico nisso, nem de surreal. É, no fundo, uma overdose de realidade, que para exercer sua vocação para o conformismo, alucina as coisas – uma loucura por onde se respira, como mais ou menos dizia Leminski.
Dessa maneira, o protagonista se contenta em sonhar, embora não durma por culpa da mosca. O realismo de A voz do povo talvez seja mais próximo do naturalismo kafkaniano – morrer como um cão, viver como uma mosca. Mas ao permitir que Cleyton (o protagonista) sonhasse, todas as possibilidades de que qualquer estabilidade foram extintas por numa decupagem rápida, seca e perturbada. O que, talvez, torne o trago de real que se experimenta ao fim do filme, ainda mais ardente.
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O escritor Rodrigo Oliveira apresenta “Esculpir a Luz”, livro de poemas de Reis de Mello, publicado pela editora Cozinha Experimental (2010). Texto disponível em: http://bu.furb.br/sarauEletronico/index.php?option=com_content&task=view&id=226&Itemid=30
A Sonoridade do Olhar: Vislumbres de Esculpir a Luz - o olho e outros exílios.
Rodrigo OliveiraEscritor
A luz esculpida pelo som. O reverberar do fonema, que rasga o olho como uma lâmina d’Um Cão Andaluz. Que ao mesmo tempo em que cega, vara e abre o olho. Rasga o véu e liberta o olhar. Estar cego é ter o olhar liberto. “Estar cego é estar grávido de luz”.
Esculpir a Luz, de m.r. mello detém-se sobre esse novo olhar. Ou sobre as possibilidades de novos olhares, às vezes despercebidos, como uma nota que vibra sutil, prenúncio da orquestra. Entre esses dois tons, esses dois prismas — da luz e do som, do olhar e do ouvir — descortina-se o livro de estreia do poeta curitibano.
O texto contemporâneo encerra-se, enquanto objeto, sob um discurso anacrônico. Em dias de e-book readers, tablet pcs e indústria cultural, a obra apresenta-se artesanal. As pontas dos dedos podem percorrer a capa dura recoberta pelo tecido negro serigrafado, as páginas de gramatura generosa, os acabamentos impecáveis montados manualmente, volume a volume, pela Editora Cozinha Experimental (um vídeo do processo de montagem artesanal pode ser visto aqui).
O prefácio de Mayla Goerisch, ilustradora da obra, adverte: os poemas de m.r. mello devem-se “ler, ler em voz alta”. Mais uma vez o leitor é alertado à sonoridade de Esculpir a Luz. Viremos a página e passemos ao índice. O mero vislumbrar dos nomes dos poemas lembra o descerrar de cortinas que revela a orquestra perfilada: “Chorar de rir e vice-versos para trompa e oboé”, “Rapsódia da nostalgia”, “Pianíssimo”, “Batuque indigesto sobre a nova engenharia dos versos”, para não citar outros. É a batuta do maestro ordenando um último instante de silêncio, seguido pela entrada dos primeiros instrumentos. A sinfonia começa com “Allegro tropíssimo para violoncelo, bandolim e cuíca”:
“o poeta desentocaum violonceloe encontra (nas brumas do escuro-incurável-pensamentoa curaa palavra a rimao poema”(p.11)
As notas aos poucos se sobrepõe, envolvendo o leitor com uma suave melodia ditada pelos fonemas cuidadosamente aliterados, pelo ritmo. O leitor se queda
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“(como se uma fruta aberta em suas mãos caíssecomo se comesse a primeira romã(cada doce-rosácea sementeoutra doce-rosáceamelodia”(p.11)
E como melodia, Esculpir a Luz é envolvente. Tocante com notas de nostalgia aqui e ali. Mas tocante, acima de tudo, por ser humano.
“nenhuma tragédia é maisou menos humanahumanassão todas as tragédias”(p.17)
Em “Rapsódia da Nostalgia” esse sentimento talvez se torne mais abrangente, com uma mistura de saudosismos compartilhados e não vividos, que relembra uma juventude fugida e um crepúsculo irremediável. Recorda que “adolescência / é língua tropeçando em língua”, “e a vida um lençol de tulipas / sons e silêncios colhidos sem pressa”. “Um ócio que desossa a alma” (p. 23-24) Em contraste, augúrio de que
“então, será, já não seremosfruto nem sumonem o atletismo da naturezaou a batalha do corpoapenas retalhos de folhasonde estavam essas palavrasvarridas como folhas que acumulam no jardim”(p. 24)
A mesma nota ressoa em “Auto-imolação do silêncio para vinil”, que resgata madrugadas
“entre trapos e catraiasatracadasno úmido aroma da farra”(p.27)
Ao tom nostálgico acrescenta-se o lírico “Apologia prosaica ao lirismo bronco-dilatador”. Intimista, lembra o arco passando leve e baixinho pelas cordas dormentes de um violino:
“o meu amor tem um cheirinho verde de grama molhadade chuva em fim de tarde na chacrinhados anarquistasmeio meus parentes (...)
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tem cheiro de risada de criança pequena,lembra, assim, o aroma do carinhoque eu sinto pelo meu tio lá de lonjão”(p.43)
O poema percorre aromas vários de “coisas muitas / que eu ainda nem cheirei, o amanhã, quem sabe”. Como que reforçando a ótica de novos e inesperados olhares, quase convocando o olfato à obra, para se somar ao tato da capa em tecido e à audição constantemente provocada pelo cantarolar das sílabas de mello.
Fazendo eco às memórias e à sensibilidade, vale nota também “Estudo memorialírico para relicário pagão”, que lembra que “os velhos possuem segredos atrás das dentaduras” e convidam a enfiar a morte numa gaveta.
Em “Pianíssimo”, talvez, a proposta temática do livro se apresente de forma mais evidente:
“Estar cego é reinaugurarnas coisaso silêncio exato da imageme furtarno interior do beloo borbulhar da essência”(p.47)
O metapoético “Trabalho de parto” mais uma vez retoma a força oral de Esculpir a Luz:
“parto comoquem plantade fora pra dentroda fúriadisformedo fogoque (fátuo) afiaa faca que furadura feito faloa flor da palavra”(p.65)
Esclarece: “porque poema nenhum, jamais, nasceu / de parto normal” e continua:
“e assim, no cesariano contatocom cada sanguínea palavravejo misturar-se ao ritmoprimal algumas víscerasdo verbo entre átriose artérias (...)”
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(p.66)
e encerra: “e o poema oscila, excitado / como as ondas de um eletrocardiograma” (p.67).
"Trabalho de Parto" ressalta ainda outra característica do texto de m.r.mello (assim mesmo, sempre em minúsculas, à e.e. cummings). Com aparições especialmente marcantes nesse poema, mas com incisões aqui e ali por toda a obra, encontramos termos que seriam mais esperados em relatórios médicos do que em poemas:
"parto comoquem expulsa a dorcom o fórceps dav a g i n a"(p.65-66)
ou
"no percurso quase prosaicodo trígono fibrosoao septo ventricular (...)"(p.66-67)
Excertos como esses, "em que o cárdio esparge ideias pela carótida" (p.67) parecem ecoar os versos de Augusto dos Anjos. Os termos científicos que povoam os poemas de “EU”, do autor de Versos Íntimos, provocam certa tensão em uma leitura cheia de contrastes entre forma e conteúdo. Ainda que os poemas de m.r. mello não se atenham à métrica clássica como os de dos Anjos, “Esculpir a Luz” aponta experiência similar. Experiência enriquecida pelo inserir dos vocábulos científicos tanto em imagens tétricas como líricas.
O olhar sobre o fazer poético retorna em “Breve discurso em defesa da indecência”, que dialoga com o pop e o erudito, com o poema e a poesia. “Um poema”, lemos, “no mais das vezes / não vale nada”. E lembramos que as rimas (“oh, Camões!”) podem ser ricas, senão nas penas, então nas picas, “na cadência bonita da / foda”.
m.r. mello alterna constante do complexo e do erudito (do técnico, até), ao ordinário e ao vulgar. Do lírico ao prosaico, esculpindo o som e, mais do que ele, a vibração. Explorando a forma do fonema e a tessitura do poema. Testando o retinir de cada fio da trama poética como se fosse uma teia. Uma teia tecida em cordas de violino.
Links disponíveis na internet sobre o autor:
Jornal Rascunho – Traduções do poeta Dana Gioia (2015)http://rascunho.gazetadopovo.com.br/dana-gioia/
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Poemas no site Confraria do Ventohttp://confrariadovento.blogspot.com.br/2014/12/ineditos-de-marcelo-reis-de-mello.html
Entrevista – TV Vila Velha (2010)https://www.youtube.com/watch?v=AAMj7DyHpVw
Entrevista – Site Na Cara e na Coragem (2015)http://nacaraecoragem.blogspot.com.br/2015/07/anatomia-poetica-entre-vista-entre.html
Vídeo de produção editorial – Editora Cozinha Experimental (2010)https://www.youtube.com/watch?v=8v7V_91qdc4
Encontrão de Poetas – Evento A Mesa (2015)https://www.youtube.com/watch?v=dS7Cbr_DUo4
Autor da LIBRE (Liga das Editoras Independentes do Brasil) na FLIP 2015.http://libre.org.br/noticia/406/conheca-aqui-os-autores-que-participam-da-casa-libre-e-nuvem-de-livros-na-flip
Editor Convidado do Seminário Poesia e Ação, na Fundação Casa de Ruy Barbosa (2015)http://www.casaruibarbosa.gov.br/interna.php?ID_S=9&ID_M=3046
Grupo de pesquisa Poesia e Contemporaneidade – UFFhttps://autoreselivros.wordpress.com/tag/poesia-e-contemporaneidade/
Jornal Relevohttp://issuu.com/jornalrelevo/docs/relevo_agosto/2
Revista Mallarmargenshttp://www.mallarmargens.com/2012/06/um-poema-de_13.html
Revista Relâmpagohttp://www.relampago.pt/oestadodapoesia/o-estado-da-poesia-sumario.html