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Curso Técnico de Produção Agrária Comparação de crescimento em cruzamentos de bovinos de carne Relatório da Prova de Aptidão Profissional Francisco José de Mello e Castro Arnaud Calisto 2014/2015

Produção Agrária

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Produção Agrária

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  • Curso Tcnico de Produo Agrria

    Comparao de crescimento em cruzamentos de

    bovinos de carne

    Relatrio da Prova de Aptido Profissional

    Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    2014/2015

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Agradecimentos

    Queria agradecer em primeiro lugar ao Engenheiro Gonalo Macedo por toda a

    disponibilidade e simpatia por me ter recebido na sua empresa e por me fazer sentir em

    casa.

    Ao Engenheiro Joaquim Murteira Correia por todos os conselhos que me deu, ao

    Engenheiro Joo Bilro e ao Dr. Antnio Murteira da Fonseca por todo o apoio dado.

    Ao meu orientador de estagio Engenheiro Nuno Pereira diretora de curso

    Eng Conceio Monteiro por todo por todo o acompanhamento que me deram e a

    forma como me trataram e me esclareceram qualquer tipo de duvida e claro minha

    famlia.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    ndice

    I INTRODUO ........................................................................................................................... 1

    II PESQUISA BIBLIOGRAFICA ....................................................................................................... 2

    2.1. Caracterizao das raas utilizadas ................................................................................... 2

    2.1.1. A Raa Limousine ........................................................................................................... 2

    2.1.1.1. Origem da Raa Limousine...............2

    2.1.1.2. Caracterizao morfo-funcional da Raa Limousine.3

    2.1.1.3. Quadro resumo dos critrios de certificao das fmeas Limousine.5

    2.1.1.4. Quadro resumo dos critrios de certificao dos machos Limousine..6

    2.1.2 A Raa Mertolenga.7

    2.1.2.1. Origem da raa Mertolenga.8

    2.1.2.2. Caracterizao morfo-funcional da raa Mertolenga.

    2.1.3. A Raa Charolesa......................................................................9

    2.1.3.1. Origem da raa Charolesa.9

    2.1.3.2. Caracterizao morfo-funcional da raa Charolesa.9

    2.2. Cruzamento com o Limousine.10

    2.2.1. Fatores condicionantes do crescimento de bovinos11

    2.2.2. Fatores que influenciam o Crescimento dos Bovinos.12

    2.2.3. Comparao entre Macho inteiros e Fmeas..13

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    2.3. Identificao dos bovinos..14

    2.4. Regime de Explorao14

    2.4.1. Regime semi-intensivo..14

    2.4.2. Regime Intensivo..15

    2.5. Maneio Alimentar.16

    2.5.1 Maneio alimentar dos bovinos de engorda.16

    2.6. Maneio Sanitrio..16

    2.6.1. Principais doenas infecto-contagiosas.16

    2.6.1.1. Tuberculose..16

    2.6.1.2. Brucelose17

    2.6.1.3. Febre Aftosa17

    2.6.1.4. Peripneumonia contagiosa dos bovinos..18

    2.6.2. Doenas parasitrias..18

    2.6.1. Parasitoses Internas- Distomatose..18

    2.6.2. Parasitoses Externas

    III MATERIAL E METODOS..................................................................19

    3.1. Caracterizao da Explorao..20

    3.1.1. Localizao.20

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    3.1.2. Caracterizao do efetivo20

    3.1.3. Mo-de-Obra20

    3.1.4. Infraestruturas....21

    3.2. Descrio das operaes realizadas.21

    3.2.1. Maneio alimentar dos bovinos da fase de Recria.21

    3.2.2. Maneio Sanitrio..22

    3.2.2.1. Profilaxia das doenas infecto-contagiosas..22

    3.2.2.3. Vacinao..22

    3.2.3. Outras Operaes...22

    3.3. Metodologia e utilizao na recolha de dados23

    3.3.1. Caracterizao da amostra..23

    3.3.2. Determinaes efetuadas..23

    3.3.3. Pesagens...23

    3.4. Metodologia utilizada no tratamento dos dados..24

    IV APRESENTAAO DOS RESULTADOS ................................................................................... 245

    V DISCUSSAO DOS RESULTADOS.27

    VI CONCLUSO ....................................................................................................................... 278

    BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ 299

    ANEXOS .......................................................................................................................................... I

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    1 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    I- Introduo

    A realizao desta Prova de Aptido resultado do estgio desenvolvido no

    perodo entre dia 9 de Fevereiro e dia 24 de Maro de 2015, no mbito do 3 ano do

    Curso Tcnico de Produo Agraria.

    Este Trabalho, foi desenvolvido nas herdades pertencentes Sociedade Agro-

    Pecuria da Herdade do Gavio e Anexas LDA, situada no concelho de vora, mais

    especificamente em So Manos, com uma rea conjunta de cerca de 1020 hectares e

    em que o objetivo principal era a recria de bezerros, na qual era fornecido um

    suplemento alimentar (concentrado) formulado pela SAPJU Carnes SA, para posterior

    venda para a SAPJU Carnes SA, que os engorda, mata e trata de toda a transformao

    e comercializao da carne.

    Os principais objetivos deste trabalho foram:

    1- avaliar e comparar aspetos produtivos, nomeadamente ganhos mdios

    dirios, da raa limousine e dos seus cruzamentos com a raa Mertolenga, Charolesa,

    cruzado de limousine e cruzado de charols;

    2-Atravs dos resultados, verificar qual o mais rentvel para o produtor.

    A razo da minha escolha neste ramo das engordas, deve-se ao facto de ser

    para mim, a rea onde Eu pretendo aprofundar os conhecimentos tcnicos pois, tenho

    todo o interesse que o meu futuro passe por este ramo de atividade. Quanto minha

    escolha da empresa, essa foi devido ao facto de ser uma grande empresa no ramo e na

    qual achei que estavam reunidas todas as condies para a realizao do meu estgio,

    desde o maneio alimentar dos animais, aos partos, ao acompanhamento e

    desenvolvimento dos bezerros e sanidade dos animais, e a todas as situaes

    diversas que normalmente surgem quando se lida com animais.

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    II- PESQUISA BIBLIOGRFICA

    2.1. Caracterizao das raas utilizadas

    2.1.1. Raa Limousine

    2.1.1.1. Origem da Raa Limousine

    A Raa Limousine originria da regio Limousin, em Frana, na qual os

    bovinos Limousine eram utilizados como animais de trabalho, devido sua elevada

    robustez fsica e grande docilidade.

    Com a evoluo no sector agrcola, e a mecanizao gradual desta atividade, a

    grande autonomia da raa Limousine, em termos de facilidade de partos e o rpido

    crescimento, resultaram na seleo dos animais que melhor conjugassem todas estas

    caractersticas, dando inicio a uma histria de sucesso no contexto pecurio mundial.

    A ligao da raa Limousine com Portugal sempre se realizou atravs de

    ligaes diretas com casa me em Frana, de onde resultou um patrimnio gentico

    em Portugal de elevada pureza e qualidade. Nalguns pases anglo-saxnicos a raa

    Limousine foi cruzada com outras raas de carne, existindo nesses pases animais de

    cor preta, resultantes desses cruzamentos. Em Portugal nunca houve animais dessa

    tipologia, sendo a pelagem flava, integralmente castanha com extremidades mais

    claras, a nica admissvel no Livro Genealgico.

    A raa Limousine chegou a Portugal em meados do sculo XX, e conta

    atualmente com um efetivo de mais de 4000 fmeas reprodutoras em controlo de

    performance, alicerado num patrimnio gentico nacional completamente robusto,

    estabilizado e de elevada qualidade, produzindo anualmente machos e fmeas

    melhoradoras, contributo fundamental para a melhoria gradual do patrimnio bovino

    nacional, sendo a raa preferida em Portugal, com mais de metade de todos os touros

    reprodutores ativos.

    (in limousinePortugal.com)

    Fig.1-Bovino da Raa Limousine (nave-do-grou.com)

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    2.1.1.2.-Caracterizao Morfo-Funcional da Raa Limousine

    A raa Limousine caracteriza-se por um conjunto de qualidade fundamentais de

    entre as quais se destacam a facilidade de partos, a rapidez de crescimento, a

    rusticidade e a docilidade.

    A necessidade de reduo de perdas e de custos com os recursos humanos

    afectos s exploraes, resulta na necessidade de garantir que as vacas no

    apresentem dificuldades no momento do parto. A facilidade de partos da raa

    Limousine enorme, sendo uma das suas maiores qualidades e que transmite

    descendncia, com animais nascena entre 35 kg e 45 kg e com reprodutores

    selecionados h dcadas pela grande dimenso da bacia, aspecto fulcral para a

    facilidade de partos. Neste contexto tambm importa salientar as excelentes

    qualidades maternais das fmeas Limousine, associadas a uma grande e duradoura

    capacidade leiteira.

    Este aspeto resulta em notveis performances de crescimento, desde os

    primeiros dias de vida, e tambm depois do desmame, com valores de ganho mdio

    dirio superior a 1,5 kg. Este crescimento contnuo resulta em animais que nascem

    pequenos mas que depressa atingem valores de peso e conformao que rivalizam

    com todas as outras raas, superando-as no rendimento de carcaa, onde a raa

    Limousine apresenta valores de excelncia, com pesos mdios ao desmame acima dos

    280 kg.

    Os animais da raa Limousine so ainda de fcil adaptao e boa rusticidade,

    aspectos fundamentais na demonstrao das suas qualidades. Neste contexto a raa

    Limousine ocupa uma posio cimeira, adaptando-se facilmente a todas as regies de

    Portugal, de norte a sul e do litoral ao interior. atualmente a raa pura com maior

    nmero de touros puros em produo no panorama nacional, com mais animais que

    todas as outras somadas, ficando claro a sua enorme adaptao s condies

    nacionais.

    A evoluo da raa Limousine resultou em notveis performances de

    crescimento, desde os primeiros dias de vida, e tambm depois do desmame, com

    valores de ganho mdio dirio superior a 1,5 kg. Este crescimento contnuo resulta em

    animais que nascem pequenos mas que depressa atingem valores de peso e

    conformao que rivalizam com todas as outras raas, superando-as no rendimento de

    carcaa, onde a raa Limousine apresenta valores de excelncia, com pesos mdios ao

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    desmame acima dos 280 kg e com rendimentos de carcaa acima dos 65%, devido ao

    osso fino e elevada proporo de carne de qualidade na carcaa, com reduzido

    desperdcio, e com uma carne tenra e saborosa, mas saudvel, conferidas por uma boa

    repartio da gordura.

    (in limousineportugal.com)

    Em termos fenotpicos, a raa Limousine definida pelas seguintes caractersticas:

    Pelagem flava, um pouco mais clara no ventre, zona do perneo, escroto

    ou bere, e na extremidade da cauda, apresentando aurolas mais claras

    volta dos olhos e focinho;

    Cabea curta, fronte e focinho largos;

    Cornos finos e arqueados para a frente (quando presentes);

    Ausncia de bragas e pigmentao;

    Mucosas rosadas;

    Pescoo curto;

    Peito largo e arredondado, com costado cheio;

    Bacia larga sobretudo ao nvel dos squions e trocanters;

    Linha sacro coccgea e ancas pouco salientes;

    Dianteiro bem musculado e lombo largo;

    Ndegas espessas, bem descidas e arredondadas;

    Cornos e unhas claros;

    Aprumos correctos;

    Couro fino e flexvel.

    Podem distinguir-se 3 tipos morfolgicos distintos:

    o Tipo Elevage (Esqueltico): Animais que apresentam um

    desenvolvimento esqueltico superior ao desenvolvimento muscular, sendo no

    geral de crescimento mais tardio, e resultando em animais genericamente mais

    altos;

    o Tipo Boucherie (Carne): Animais que apresentam um

    desenvolvimento muscular superior ao desenvolvimento esqueltico, sendo no

    geral de crescimento mais precoce, resultando em animais genericamente mais

    baixos, mas mais largos e crnicos;

    o Tipo Mixte (Misto): Animais que apresentam um desenvolvimento

    esqueltico semelhante ao desenvolvimento muscular, onde se identificam a

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    5 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    maioria dos animais da raa, conjugando as caractersticas dos Elevage e dos

    Boucherie.

    (in limousineportugal.com)

    A raa Limousine distingue-se pela qualidade da sua carne, o seu forte

    desenvolvimento muscular e o seu excelente rendimento em carne magra

    comercivel, Rendimento de carcaa superior a 65%,75% de musculo em relao ao

    peso da carcaa Baixo teor de gordura: relao musculo/gordura = 7, Finura de osso:

    relao musculo/osso = 4.7, Conformao de bezerros: 75% classificados em E ou U.

    2.1.1.3.-Quadro resumo dos critrios de certificao das fmeas

    Limousine

    -Limousine Ouro (A1)

    o So certificadas para reproduo aps a Avaliao Morfolgica idade adulta.

    o Foram sujeitas a Controlo de Performances at ao desmame obtendo a

    classificao Limousine Prata.

    o A me tem de ser certificada para reproduo nvel A1 ou nvel A2TI2.

    o O pai tem de ter a qualificao mnima : "Limousine Ouro".

    o Avaliao Morfolgica ao desmame DM, DE e AF igual ou superior a 45 e DM

    + DE igual ou superior a 105. PC210>=peso corrigido mdio das fmeas

    Limousine nacionais controladas do ano n-2.

    -Limousine Prata (A1 ou A2TI2 ou A2TI1)

    o So certificadas para reproduo aps a Avaliao Morfolgica idade adulta.

    o Foram ou no sujeitas a Controlo de Performances at ao desmame obtendo a

    classificao Limousine Prata ou Bronze.

    o A me tem de ser certificada para Reproduo nvel A1 ou nvel A2TI2.

    o O pai tem de ter a qualificao mnima: "Limousine Ouro".

    o Avaliao Morfolgica ao desmame com DM, DE e AF igual ou superior a 45 e

    DM + DE igual ou superior a 105. PC210d

    o

    -Limousine Bronze (A1, A2 ou BS)

    o Foram ou sujeitas a Controlo de Performances at ao desmame obtendo a

    classificao Limousine Bronze.

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    o A me pode ter sido reprovada para reproduo mas tem de ser genuinamente de

    origem Puro Limousine

    o O pai pode ser no mnimo "Limousine Bronze

    o .Avaliao Morfolgica com DM, DE e AF igual ou superior a 45 e DM + DE

    igual ou superior a 105.

    2.1.1.4.-Quadro resumo dos critrios de certificao dos machos

    Limousine

    -"Limousine Ouro"

    o Obrigatoriamente sujeitos a Controlo de Performances.

    o So certificados para reproduo aps a segunda Avaliao Morfolgica entre

    14 e 18 meses.

    o Com performances minimas: peso aos 7 meses superior a 305Kg.

    o Avaliao Morfolgica ao desmame com soma de DM e DS igual ou superior a

    130.

    o Segunda Avaliao Morfolgica (14-18 meses) com soma de DM e DS igual ou

    superior a 130.

    o A me tem do ser certificada para reproduo nvel A1 ou nvel A2TI2.

    o O pai tem de ter a qualificao mnima: certificado para reproduo nvel A1

    "Reprodutor Esperana-RE/Limousine Ouro".

    - "Limousine Prata" ( corresponde anterior classificao Recomendado

    para Cruzamento Terminal-XT)

    o Obrigatoriamente sujeitos a Controlo de Performances.

    o So certificados para reproduo aps classificao morfolgica ao desmame.

    o Com performances mnimas ao desmame: peso aos 7 meses superior a 275Kg.

    o Avaliao Morfolgica ao desmame com DM, DS e AF igual ou superior a 55 e

    DM + DS igual ou superior a 114.

    o A me tem de ser certificada para Reproduo nvel A1 ou nvel A2TI2

    o O pai tem de ter a qualificao mnima: "Reprodutor Esperana-RE/Limousine

    Ouro".

    (in limousineportugal.com)

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    -Limousine Bronze (corresponde anterior classificao Homologado para Cruzamento Terminal-H)

    o So certificados para reproduo aps classificao morfolgica ao desmame.

    o Podem ter sido sujeitos a Controlo de Performances ou no.

    o A me tem de ser certificada para Reproduo nvel A1, A2TI2 ou A2R.

    o O pai tem de ter a qualificao mnima: Recomendado para Cruzamento

    Terminal/Limousine Prata.

    o Avaliao Morfolgica ao desmame com DM, DS e AF igual ou superior a 45 e

    DM + DS igual ou superior a 105.

    (in limousineportugal.com)

    2.1.2-Raa Mertolenga

    2.1.2.1. Origem da Raa Mertolenga

    Segundo Frazo, 1961 Cit. Associao de Criadores da raa Mertolenga, a

    origem da raa est associada s terras de Coruche, nas primeiras dcadas do seculo

    XX, com interferncia de gado Charnequeiro flavo e Mertolengo malhado proveniente

    de Garvo ,da tendo alargado a sua rea de disperso par os vales dos outros rios e o

    verdadeiro Mertolengo.

    Para Bernardo Lima,1873 Cit. Associao de Criadores d raa Mertolenga, a raa e

    referia como um Alentejano pequeno, bem adaptado aos cerros de magras

    pastagens e duros carrego. Rijo para carregar e lavrar nas encostas e serras e

    produzindo o melhor boi de cabresto. Existindo no Baixo Alentejo, nas terras de

    Mrtola, Alcoutim e Martinlongo.

    (in mertolenga.com)

    Fig.2- Bovino da raa Mertolenga (in mrtolenga.pt)

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    2.1.2.2. Caracterizao da raa Mertolenga

    Corpulncia e conjunto de formas- Tamanha mediano e de formas harmoniosas,

    esqueleto fino.

    Pelagem- Vermelha, Rosilho (Mil-Flores), Vermelha Malhada e malhada de

    Vermelho. O contorno das aberturas naturais e mucosas de cor clara ou ligeiramente

    pigmentada. No so inscreveis os animais que apresentem brancas bem definidas

    na fronte apresentem o espelho preto, sombreado escuro em vota dos olhos e

    manchas escura na regio vulvar.

    Andamentos- Fceis , energticos e corretos.

    Adaptabilidade- Muito rstico.

    Temperamento- Nervoso.

    Cabea- Tamanho mediano, de fronte larga; perfil sub-convexo ou recto; espelho

    claro por vezes ligeiramente pigmentado; olhos grandes, oblquos e bem

    implantados; cornos finos, brancos; escuros nas pontas; de seco elptica; em forma

    de gancho; acabanados ou em lira baixa; orelhas bem inseridas e providas de pelos

    compridos.

    Pescoo- Curto, bem ligado, com barbela pouco desenvolvida.

    Cernelha- De largura media e pouco saliente.

    Peito- Relativamente destacado. Costado-Bem arqueado.

    Regio dorso-lombar- Recta Horizontal, regularmente musculada e com boa

    ligao garupa.

    Garupa- Mais comprida que larga, regularmente musculada e com tendncia

    para a horizontalidade.

    Ventre- No muito volumoso.

    Ndega- bem descida e convexa.

    Coxa- regularmente larga e musculada.

    Cauda- Fina e de media insero.

    bere- Bem implantado.

    Membros- Finos, bem proporcionados e musculados, armados, providos de

    unhas finas, rijas e sem brancas junto as mesmas.

    (in mertolenga.com)

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    2.1.3.- Raa Charolesa

    2.1.3.1.-Origem da Raa Charolesa

    na regio de Sane-et-Loire e Nivre que esta raa autctone francesa tem o

    seu solar. O efetivo da raa Charolesa em Frana de cerca de dois milhes de animais.

    Contudo, devido s caractersticas zootcnicas, bem reconhecidas dos bovinicultores de

    todo o mundo, a raa Charolesa est implantada em 70 pases.

    Atualmente encontram-se inscritas no Livro Genealgico Portugus da Raa Bovina

    Charolesa cerca de 1200 fmeas reprodutoras. O solar da raa Charolesa est na Regio

    do Alentejo e em alguns pontos do Ribatejo, embora tenha uma distribuio do seu

    efetivo por todo o continente e nos Aores.

    (in charols.com.pt)

    Fig.3- Bovino da raa Charolesa(in apcoutada.pt)

    2.1.3.2.-Caractersticas Morfo-Funcionais da Raa Charolesa

    - Pelagem uniformemente branca, apresentando-se por vezes creme. Mucosas claras sem malhas;

    - Morfologicamente a raa bovina Charolesa comprida, larga, com linha superior dorso-lombar direita e volumosa. Os membros so fortes e bem aprumados, com a ndega bastante volumosa, arredondada e cada. A anca ligeiramente apagada mas bastante larga, assim como a garupa. Trax profundo, bem arqueado e com uma boa ligao espdua. A linha abdominal paralela linha dorso-lombar.

    - A cabea relativamente pequena, curta, fronte larga, rectilnea ou ligeiramente cncava.

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    10 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    - No que se refere em termos ponderais, uma raa bastante corpulenta, com pesos em adulto entre os 650 a 800 Kg para as fmeas, e de 950 a 1200 Kg para os machos.

    - Tem performances reprodutivas superiormente reconhecidas na precocidade sexual (14 meses); na fertilidade (91,9 %) e na prolificidade (106 %). - Elevada produo leiteira, o que permite ao vitelo exteriorizar ao mximo o seu potencial gentico para o crescimento. Grande longevidade devido sua robustez. frequente vermos num ncleo puro, reprodutoras com 10 e mais partos. - Boa aptido para o parto, devido elevada presso de seleco que foi alvo nos ltimos 20 anos.

    - sem dvida a raa que apresenta a maior velocidade de crescimento, o menor ndice de converso dos alimentos grosseiros em carne e consequentemente, o maior potencial de crescimento. Associado a estas caractersticas zootcnicas, a sua excelente conformao morfolgica em peas nobres, o seu grande rendimento em carcaa e a sua rusticidade, garantem ao produtor uma produtividade excelente e um rendimento elevado.

    - A raa Charolesa em linha pura considerada como sendo uma raa raceadora, devido sua grande homozigotia para os caracteres de crescimento e de morfologia. Esta caracterstica possibilita uma transmisso elevada aos seus descendentes das suas qualidades genticas, o que permitir aumentar a precocidade das raas tardias, reduzindo o perodo de engorda, e aumentar a conformao da carcaa em peas nobres, obtendo-se assim, um produto de qualidade e de valor superior.

    (in charols.com.pt)

    2.2.-Cruzamento com a raa Limousine

    Quando se juntam dois animais para reproduo, sendo estes da mesma raa,

    procede-se ao que chamado tecnicamente como simples acasalamento. Quando os

    animais so de raas diferentes, esse acto denominado de cruzamento, e seus

    produtos denominados hbridos.

    O cruzamento entre reprodutores de diferentes raas puras, definido como F1,

    pretende tirar partido da conjugao de dois patrimnios genticos distintos,

    potenciando a manifestao do vigor hbrido, ou seja, a exteriorizao das melhores

    caractersticas de cada um dos seus progenitores, resultando em animais maiores e

    melhores.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    11 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Tambm na produo de bovinos, quando se utilizam reprodutores puros, as

    performances obtidas so claramente superiores, tanto nos crescimentos obtidos at

    ao desmame e engorda, como nos pesos e rendimentos de carcaa obtidos. Um animal

    puro, de uma raa melhoradora, come aproximadamente a mesma quantidade de

    alimento que um animal cruzado, manifestando contudo ndices de crescimento muito

    mais elevados e consequentemente um maior rendimento. Esta diferena encontra-se

    associada riqueza e pureza gentica dos progenitores.

    (in limousineportugal.pt)

    2.2.1. Fatores condicionantes do crescimento de bovinos

    De acordo com OWENS 1993,cit. Beefpoint.com, o crescimento animal envolve

    interaes entre fatores hormonais, nutricionais, genticos e de metabolismo. Caracteriza-se

    como o aumento da massa dos tecidos do corpo, seja pela produo e multiplicao de novas

    clulas, o que defina a hiperplasia, ou pelo o aumento do tamanho das clulas existentes

    (hipertrofia).

    O conhecimento da curva de crescimento dos bovinos de carne muito importante,

    pois fornece-nos informaes sobre qual o maneio e a fase em que temos de tomar

    determinada tecnologia.

    Segundo LANNA 1996,cit. Beefpoint.com para alem dos diversos fatores que

    influenciam a eficincia do crescimento de bovinos como o peso, idade, a nutrio, o sexo e a

    gentica( tamanho corporal ou a raa), o mais importante a eficincia do ganho de peso nas

    varias fases da curva de crescimento. Esses fatores afetam a eficincia de crescimento dos

    animais atravs de duas caractersticas bsicas ,a taxa de ganho medio dirio e composio

    qumica dos tecidos depositados ( a protena e a gordura).

    Quanto maior for a taxa de ganho medio dirio, maior e a eficincia de converso em

    funo das exigncias de manuteno que so relativamente constantes, os animais so

    normalmente abatidos quando alcanam cerca de 2/3 do seu peso adulto.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    12 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    (In ebach.com.br)

    (In ebach.com.br)

    Medida de crescimento

    Ganho Mdio Dirio

    Ganho Mdio Dirio = Peso vivo final Peso vivo inicial / Numero de dias entre pesagens

    O ganho medio dirio d-nos o aumento de peso/dia.

    O peso de maturao o ponto da curva de maturao em que terminou o crescimento

    muscular e sseo. Os aumentos de peso, a partir dai, so feitos custa da deposio de

    gordura.

    Indce de Converso Alimentar

    O ndice de converso alimentar, d-nos quantidade de alimento necessrio para o

    aumento de 1 kg de peso vivo do animal.

    (Venido, 2014)

    2.2.2.-Fatores que influenciam o Crescimento dos Bovinos

    O crescimento frequentemente definido como o aumento de peso vivo por unidade

    de tempo.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    13 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Idade- A composio da carcaa, medida pela variao de proporo de msculo,

    gordura e osso enquanto o animal est no processo de crescimento.

    Um vitelo ao nascer tem na sua carcaa duas partes de msculo por cada parte de

    osso.

    Raa- Existem diferenas genticas na composio da carcaa. Algumas raas

    conseguem a engorda a pesos mais baixos e outras a pesos mais elevados.

    A velocidade de engorda pode ser diferente entre raas, mas a maior diferena parece

    estar relacionada com a altura em que a fase de engorda a pesos mais baixos. As raas

    tambm diferem na musculatura. Por isso, as raas mais pesadas, com pesos de

    maturao mais elevados, tendem a crescer mais rapidamente.

    Sexo- O sexo influencia a composio da carcaa:

    As fmeas engordam mais do que os machos castrados e estes mais do que os

    machos inteiros.

    A velocidade de engorda das fmeas superior dos machos castrados e

    destes superiores dos inteiros.

    Os machos inteiros mantm um mpeto de crescimento muscular mais

    prolongado enquanto os machos castrados o reduzem e engordam.

    2.2.3.-Comparao entre Macho inteiros e Fmeas

    Na qualidade de carne no h grande diferena desde que os animais sejam

    abatidos at a puberdade. H apenas uma colorao mais intensa na carne de bovino

    inteiro.

    A partir da puberdade comeam as grandes diferenas.

    O inteiro tem:

    - Carne mais rija

    - Carne menos suculenta

    - Carne com mais odor a acho

    - Carne mais escura

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    14 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    As fmeas tm ndices de consumo mais elevados do que os machoa inteiros, e

    so abatidas mais cedo do que os machos. Por outro lado as fmeas no produzem

    tanto como o macho inteiro em relao ao peso vivo, rentabilidade de carcaa e

    ganhos mdios dirios.

    2.3. Identificao dos bovinos

    De acordo com Carolino, 2006, a identificao dos bovinos est sujeita a

    normas decorrentes do Sistema Nacional de Identificao e Registo dos Bovinos

    (SNIRB).

    O SNIRB um sistema informtico dos servios veterinrios do Ministrio da

    Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, no qual e registado todos os

    movimentos desde o seu nascimento sua morte.

    Os bovinos devem ser identificados ate aos 20 dias de idade. Todo o bovino

    dever estar permanentemente identificado com duas marcas auxiliares, os brincos.

    Aps a identificao do animal, o produtor entregar a uma associao de

    criadores credenciados para o efeito a declarao de nascimento do animal. A

    autoridade competente emitir um passaporte para o bovino , identificado num prazo

    de 14 dias aps a comunicao do seu nascimento, sempre que um dos bovinos perca

    a marca auxiliar, o produtor solicitar autoridade veterinria ,num prazo de 14 dias, a

    substituio da marca auxiliar correspondente.

    Todo o detentor de gado bovino dever manter na explorao um registo onde

    se identificam todos os animais presentes na explorao, Livro de Registo de

    existncias e deslocaes de bovinos. Este livro e preenchimento obrigatrio e a sua

    atualizao e da responsabilidade do produto.

    (Venido, 2014)

    2.4.-Regime de Explorao

    2.4.1.-Regime semi-intensivo

    Caracteriza-se por:

    Uso de terra

    Depender do meio ambiente e das condies climatricas

    Investimento de longa durao, com lenta rotao de capital

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    15 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Recurso conservao de forragens (fenos e silagens),em maior grau que no

    regime intensivo

    Alimentao de menor custo, em relao ao intensivo, recorrendo-se mais a

    produtos locais e menos a produtos importados

    Alimentao composta por forragens(feno, silagem), pastagens e

    complementada com alimentos concentrados.

    2.4.2. Regime intensivo

    Tm como vantagens:

    Ser independente das condies climatricas

    No exigir terra

    Permitir a obteno de produtos uniformes

    Permitir uma rpida rotao de capital

    Poderem prever-se as performances dos animais, permitindo uma

    planificao

    Tm como desvantagens:

    Utilizao de alimentos mais caros

    Maior sensibilidade ao preo: cria produzida e alimento utilizado.

    Problemas clnicos mais frequentes no regime intensivo:

    -Timpanismo

    -Diarreias

    -Acidose

    -Enterotoxmias

    -Intoxicao pela ureia

    -Pneumonias

    -Conjuntivites

    (Venido, 2014)

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    16 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Alimentos mais utilizados:

    -Cereais: milho, cevada e aveia

    - Silagem de milho ou sorgo

    -Feno de boa qualidade

    (Venido, 2014)

    2.5.-Maneio Alimentar

    2.5.1.-Maneio dos bovinos de engorda

    A alimentao dada varia conformo os tipos de necessidade do animal que podem ser :

    Necessidade de gua, necessidade e substancias secas e consumo de alimento, necessidades

    energticas (manuteno e produo), necessidades proteicas e necessidades de minerais.

    Resumidamente devemos fornecer-lhes dietas que lhes saciem todas as necessidades.

    Alimentos como feno, silagem feno-silagem e concentrados (dados como suplementao ou

    como alimentao nas engordas) so fundamentais para uma boa performance do bovino.

    2.6.-Maneio Sanitrio

    2.6.1.-Principais doenas infecto-contagiosas

    2.6.1.1.-Tuberculose

    uma doena que afecta todos o animais domsticos, especialmente os

    bovinos, caracteriza-se fundamentalmente pelo aparecimento nos gnglios e nos

    tecidos de vrios rgos de ndulos semelhantes a tubrculos, derivando da o nome

    como a doena conhecida.

    O agente causal a bactria Mycobacterium tuberculosis ,como causas

    adjuvantes da doena ,encontram-se, estabulao permanente, alojamentos com mas

    condies de arejamento e higiene e alimentao deficiente. O contgio pode fazer-se

    por via area de animal para animal, de pessoa para animal, ou de animal para pessoa

    por inalao de gotculas de saliva e de secrees brnquicas em suspenso na

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    17 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    atmosfera contendo bacilos provenientes de animais tuberculosos ou por via digestiva

    por ingesto de alimentos desses mesmos animais.

    O bacilo localiza-se mais frequentemente nos pulmes dando origem a

    tuberculose pulmonar, mas no entanto a doena pode ter inicio e desenvolvimento

    nos tecidos de outros rgos como por exemplo no intestino, bere, pele, entre

    outros. Os sintomas so muito vagos pois no existem sintomas caractersticos os

    mais comuns so: febre, fadiga, tosse e diarreia.

    2.6.1.2.-Brucelose

    A Brucelose uma doena causada por um conjunto de germes agrupado do

    gnero Brucella, afecta todo os animais domsticos, e transmissvel ao homem. ,

    portanto, uma zoonose, considerada como uma das mais graves que se conhece.

    So as diferentes espcies de brucelas os agentes causais da doena, sendo

    para os bovinos a Brucella abortus a mais frequente. O contagio destas brucelas faz-

    se atravs das secrees genitais, alguns dias apos o aborto at 30 dias depois; das

    secundinas (placenta) e do liquido amnitico (meio onde os fetos se desenvolvem);

    dos animais recm nascidos de vacas bruclicas na altura do parto prematuro ou

    aparentemente normal, das fezes,, do leite, e da carne.

    As brucelas sobrevivem no local infectado por um perodo de cerca de 3 meses.

    A doena evolui, em regra, sem sintomas claros, sendo o mais caracterstico o aborto

    no ultimo perodo de gestao acompanhado quase sempre da reteno de

    secundinas, abortos que podem repetir-se nos anos seguintes cada vez mais

    tardiamente. Alm do aborto observa-se tambm a inflamao do bere e de

    claudicaes devido a artrites. Nos machos manifesta-se por arquite (inflamao dos

    testculos) que podem baixar a fertilidade ou mesmo a esterilidade.

    2.6.1.3.-Febre Aftosa

    A febre aftosa a virose que apresenta maior contagiosidade e expansibilidade.

    Afecta exclusivamente os animais biungulados de preferncia bovinos, depois

    os sunos e, por ultimo os ovinos e caprinos. Pode tambm, afectar o homem,

    sobretudo as crianas.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    18 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    O agente causal um vrus esferide sendo o mais pequeno e o mais difusvel

    de todos os que afetam os animais. Existem diversos tipos destes vrus, apresentando

    cada um deles vrios subtipos e variedades. O contgio deste vrus faz-se de muitas

    formas: de animal para animal, atravs dos alimentos e da gua de bebida, das camas,

    dos tratadores e de outras pessoas; por via area, sendo os vrus transportados pelo

    nevoeiro e por ventos atravs de longas distncias, o que explica a rapidez com que

    esta zoonose se expande. O perodo de incubao varia, entre 2 e 7 dias sendo o

    sintoma mais comum as aftas na boca, no bere, na coroa dos cascos e na pele dos

    espaos interdigitais de um ou vrios membros.

    2.6.1.4.-Peripneumonia contagiosa dos bovinos

    A peripneumonia contagiosa dos bovinos, no transmissvel a outros animais

    nem ao homem.

    O seu agente causal o Mycoplasma mycoides , e o seu contgio faz-se

    exclusivamente por via respiratria atravs da inalao de gotculas das secrees

    brnquicas expelidas para o exterior pelos animais portadores da doena durante os

    acessos de tosse. O perodo de incubao muito varivel de semanas a meses.

    A doena pode evoluir de forma aguda( iniciasse por abatimento, falta de

    apetite, dorso abaulado, marcha difcil, febre alta grande dificuldade em respirar,

    estes sintomas agravam-se e os animais acabam por morrer em regra dez a quinze dias

    depois ); ou de forma crnica( a mais comum, apresenta uma sintomatologia pouco

    expressiva, havendo alguns animais que no exibem quaisquer sintomas, mantendo-se

    durante meses ate se dar a morte.

    2.6.2.-Doenas parasitrias

    2.6.1.-Parasitoses Internas- Distomatose

    A Distomatose uma doena contagiosa, de natureza parasitria, provocada

    pela Fascola heptica.

    Afecta principalmente os ovinos, mas tambm muito frequente os bovinos,

    caprinos e sunos e caracterizar-se pela presena dos parasitas nos canais biliares.

    responsvel pelos elevadssimos prejuzos, no s devido mortalidade que provoca,

    mas tambm grande diminuio de todas as produes, ocasionando, ainda, a

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    19 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    rejeio para o consumo publico de muitas toneladas de fgados. O contgio atravs

    da ingesto de plantas com as formas evoludas do parasita, que se libertam no

    estomago e transformam-se em fascolas.

    Os sintomas da distomatose aparecem sobretudo em animais jovens. Os

    principais sintomas so a magreza acentuada, aparecimento de um edema na regio

    da garganta, que pode atingir grandes propores, conhecido vulgarmente por papo

    e anemia (os parasitas alimentam-se de sangue).

    2.6.2.-Parasitoses Externas

    Para evitar percas na produo dos animais e com fim de os manter sos pode

    ser necessria a eliminao de parasitas artrpodes.

    H artrpodes como as carraas que permanecem no hospedeiro o tempo

    necessrio para se alimentarem- 30 minutos a 21 dias.

    As moscas podem encontrar-se continuamente no lombo e barriga do gado

    bovino de onde sugam sangue 20 ou mais vezes por dia.

    Outras moscas dos estbulos e mosquitos visitam os animais por curtos

    perodos de tempo, para e alimentarem uma ou duas vezes por dia.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    20 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    III- Material e Mtodos

    3.1.- Caracterizao da Explorao

    3.1.1.-Localizao

    Sociedade Agro-Pecuria da Herdade do Gavio e Anexas LDA, situada no

    concelho de vora, mais especificamente em So Manos, com uma rea conjunta de

    cerca de 1020 hectares.

    3.1.2. Caracterizao do efetivo

    A explorao tem um efetivo total de cerca 2100 vacas e 51 touros. Sendo 50

    touros de raa limousine e um touro de raa angus. As 2100 Vacas so de raa

    limousine, Charolesa, Mertolenga, Alentejana, Angus, Preta, Brava, Garvonesa, Salers,

    Hereford e Cruzadas.

    Na explorao os bovinos de engorda dividem se em dois lotes, dois lotes de

    700 animais em media em cujas as sadas se dividem em duas alturas do ano, vero e

    inverno.

    3.1.3. Mo-de-Obra

    As exploraes conta com :

    Um Gestor

    Um Veterenrio

    Dois Engenheiros

    Nove Empregados efetivos sendo que um vaqueiro, dois tratoristas, cinco

    empregados e o responsvel pelo pessoal.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    21 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    3.1.4. Infraestruturas

    As infraestruturas existentes nas exploraes servem de suporte para as

    atividades agrcolas das propis exploraes, e so constitudas por:

    Armazns para guardar maquinas agrcolas, para guardar feno, palha e rao.

    Oficina

    Escritrio

    Casas de Habitao para caseiros

    Casa para Guardar medicamentos

    Dois parques ao ar livre de recria

    Um pavilho de recria

    Sete corrais de separao de gado

    Quatro Mangas

    Aproximadamente 900 H de pastagens para as diferentes vacadas

    3.2. Descrio das operaes realizadas

    Ao longo do estagio realizado na empresa foi possvel participar nas mais

    inmeras tarefas, desde a conservao e reparao de estruturas de apoio atividade

    agrcola, como cercas ou portes , ate por exemplo a avaliao das performances nos

    bezerros a engordar, ou alimentao e vacinao dos bovinos.

    3.2.1. Maneio alimentar dos bovinos da fase de Recria

    Os bezerros tinham descrio gua e uma farinha fornecida e formulada pela

    SAPJU para alem dos prados semeados (Aveia) nos parques de recria.

    A farinha era guardada em sacos da SAPJU e posta nos comedouros de inox, 2 a 3

    vezes por semana dependendo da quantidade de animais por lotes em cada parque,

    Havia tambm dois bebedores comuns aos dois parques de recria do exterior e mais

    um no pavilho e um comedouro por parque que continha fardos de palha.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    22 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    3.2.2.-Maneio Sanitrio

    3.2.2.1. Profilaxia das doenas infecto-contagiosas

    O efetivo Bovino estava sujeito, oficialmente pelas autoridades sanitrias, a um plano

    de sanidade contra a Tuberculose, Brucelose, Peripneumonia contagiosa e Leucose.

    3.2.2.2. Desparasitaes

    Na preveno de qualquer tipo de infeo atravs de parasitas foram realizadas

    desparasitaes tanto para parasitas internos como para parasitas externos. Na

    explorao utilizava-se o desparasitante Cydectin pour on que trabalha tanto para

    parasitas internos como para parasitas externos e o Coopertix.com os quais as

    vacadas eram desparasitadas duas vezes ao ano e os bezerros de recria s uma pois

    por vota dos 210/250 dias eram vendidos para a SAPJU onde eram engordados.

    3.2.2.3.-Vacinao

    Todos os bezerros eram vacinados uma vez com:

    Convenxin 10

    Rispoval 4

    Rispoval Pasteurella

    3.2.3.-Outras operaes

    Durante o perodo em que estive na empresa ,realizei outras tarefas como,

    preparar as listagens para as pesagens do gado(ver anexo fotografia 6 ), muitas vezes

    e derivado ao facto de todas as vacadas terem um grande numero de cabeas de gado,

    numa ida a manga realizava-se quase sempre a escolha dos animais a desmamar, a

    escolha das vacas a refugar, brincagem do numero de casa ou do nmero de SAI caso

    faltasse algum, e tratava-se sempre qualquer bovino ferido.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    23 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Aproveitou-se tambm numa dessas idas manga, para realizao de um

    exame androlgico ( ver em anexo fotografia 1 ).

    3.3.-Metodologia e utilizao na recolha de dados

    3.3.1. Caracterizao da amostra

    Foram formados quatro grupos de bezerros no inicio da fase de recria.

    Grupo 1- Formado por doze novilhos Limousine puro

    Grupo 2- Formado por doze novilhos cruzados Limousine X Mertolengo

    Grupo 3- Formado por doze novilhos cruzados Limousine X Charols

    Grupo 4- Formado por doze novilhos cruzados Limousine X F1 Charols

    Grupo 5- Formado por doze novilhos cruzados Limousine X F1 Limousine

    3.3.2. Determinaes efetuadas

    As determinaes para cada um dos grupos foi:

    Peso vivo ao desmame

    Pesagens quinzenais

    Ganho mdio dirio (GMD) por animal

    Peso vivo no fim da Recria

    3.3.3. Pesagens

    Realizaram- se pesagens quinzenais do desmame ate ao momento dA venda

    dos animais.

    Antecedia-se sempre s pesagens, as preparaes das listagens dos bezerros, e

    a separao dos lotes para se dirigirem ao curral onde se encontrava a manga, com a

    balana (ver em anexo fotografia ) ,esta manga tinha capacidade para 7 animais com

    aproximadamente 300 a 350 kgs.

    Aproveitava-se sempre a ocasio dos animais se deslocarem manga para

    realizar uma observao do estado dos animais, sendo que, caso fosse necessrio a

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    24 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    manga tinha uma dupla sada, na qual poderamos separar algum animal que fosse

    preciso tratar ou mesmo s separar, por exemplo mud-lo de lote.

    Os bezerros estavam divididos em quatro lotes: o lote dos Machos bons,

    Machos fracos, Fmeas boas e Fmeas fracas, sendo que os animais dos lotes

    fracos ficavam sempre mais um tempo na recria e assim eram vendidos mais tarde.

    3.4. Metodologia utilizada no tratamento dos dados

    Ganho mdio dirio (GMD)

    Esta medida de crescimento d-nos o aumento peso/dia de cada animal ou de um

    grupo de animais. Os clculos foram efetuados aplicando a seguinte forma:

    Ganho Mdio Dirio

    =

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    25 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    IV Apresentao dos Resultados

    Tabela. 1- Valores de Ganhos Mdios Dirios

    Grfico.1 - Valores de Ganhos Mdios Dirios

    1

    1,2

    1,4

    1,6

    1,8

    2

    2,2

    2,4

    LIMOUSINE LIMOUSINE X MERTOLENGO

    LIMOUSINE X CHAROLS

    LIMOUSINE X F1 LIMOUSINE

    LIMOUSINE X F1 CHAROLS

    Ganhos Mdios Dirios (Kg)

    LIMOUSINE 2.01

    LIMOUSINE X MERTOLENGO 1.58

    LIMOUSINE X CHAROLS 2.12

    LIMOUSINE X F1 DE LIMOUSINE 1.89

    LIMOUSINE X F1 DE CHAROLS 1.95

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    26 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Tabela.2- Valores do Peso vivo (Kg)

    Grafico.2- Comparao de valores do peso vivo

    0,00

    50,00

    100,00

    150,00

    200,00

    250,00

    300,00

    350,00

    400,00

    450,00

    LIMOUSINE LIMOUSINE X MERTOLENGO

    LIMOUSINE X CHROLS

    LIMOUSINE X F1 DE LIMOUSINE

    LIMOUSINE X F1 DE CHAROLS

    PESO VIVO (KG)

    LIMOUSINE 360.55

    LIMOUSINE X MERTOLENGO 250.25

    LIMOUSINE X CHAROLS 385.50

    LIMOUSINE X F1 DE LIMOUSINE 325.45

    LIMOUSINE X F1 DE CHAROLS 340.45

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    27 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    V-DISCUSSO DOS RESULTADOS

    Ganhos Mdios Dirios

    Pela anlise da tabela 1 e grfico 1, verificamos que os resultados apresentados

    esto de acordo com o que referido na pesquisa bibliogrfica, no que diz respeito s

    caractersticas morfo-funcionais de cada raa e por consequncia dos respectivos

    cruzamentos entre elas.

    Assim, o cruzamento das raas Limousine x Charols foi aquele que maior valor

    teve no Ganho Mdio Dirio, apresentando um valor mdio de 2,12 Kg/dia, seguindo-

    se o valor da raa Limousine pura (2,01 Kg/dia), Limousine x F1 de Charols ( 1,95

    Kg/dia), Limousine x F1 de Limousine (1,89 Kg/dia) e por ltimo, Limousine x

    Mertolengo (1,58 Kg/dia).

    Nesta fase do desenvolvimento dos bovinos, tendo eles o mesmo maneio

    alimentar, chegamos concluso de que a discrepncia entre os valores de Ganho

    Mdio Dirio pode ser explicado pelo facto de a raa charolesa apresentar aptides

    produtivas, em cruzamento com outras raas, superiores s restantes. No polo oposto,

    temos o cruzamento com a raa Mertolenga, que devido s caractersticas da raa,

    impede que o seu crescimento seja to elevado.

    Peso Vivo

    Pela anlise da tabela 2 e do grfico 2, verificamos mais uma vez o que acima foi

    referido.

    Assim, o valor medio do peso vivo, dos bovinos das amostras recolhidas, o

    cruzamento de Limousine X Charols foi o mais elevado de todos os cruzamentos

    atingindo o valor de 385,50 Kg, podemos verificar tambm que o cruzamento entre

    Limousine X Mertolengo voltou a ser o mais fraco tendo um peso mdio de 250,25 kg.

    No entanto verificamos um peso, ligeiramente acima da media dos bovinos puros

    Limousine, 360,55 kg, e tambm pesos muito homogneos nos cruzamentos de

    Limousine X F1 Charols, 340,25 Kg, e o cruzamento entre Limousine X F1 de

    Limousine, com cerca de 325,45 Kg.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    28 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    VI CONCLUSO

    Aps este ms e meio de estudo e vivncia prtica nas exploraes de recria,

    cheguei concluso que a gentica, mais que a alimentao, o fator que

    condicionada diretamente a obteno de bons resultados.

    Os resultados obtidos e atrs mencionados, indicam claramente que os

    bezerros obtidos por cruzamento entre a raa Limousine e Charols apresentam

    vantagens em comparao com os bezerros puros desta raa Limousine ou com

    cruzamentos de outras raas que no o Charols.

    Assim, no final da fase de recria o referido cruzamento Limousine X Charols

    originou sempre superiores aos restantes, o que se pode justificar com o facto de

    serem duas raas com elevada aptido produtiva, morfologicamente corpulentas e

    com caractersticas fisiolgicas pertencentes ao bitipo digestivo e com o metabolismo

    deslocado no sentido anablico , que nos conduz a elevada precocidade.

    Tambm cheguei a concluso de que, em terras mais pobres e cujo maneio

    alimentar no esteja diretamente focalizado para a engorda/acabamento de bovinos e

    dando um apoio alimentar com concentrado (proteico e/ou energtico) o cruzamento

    das nossas raas autctones do Alentejo, Alentejano e Mertolengo, com Limousine

    trs resultados interessantes quanto as performances dos bovinos.

    A realizao do estgio e da Prova de Aptido Profissional contribui para a

    consolidao dos meus conhecimentos , na rea dos bovinos de carne, tanto a nvel

    terico como a nvel prtico estando-me eu a preparar para a minha vida profissional

    ativa e para ser um Tcnico de Produo Agrria.

    Todas as minhas expectativas foram superadas, tanto a nvel dos resultados

    obtidos como a nvel de todas as oportunidades que me foram dadas para melhorar,

    aprender e realizar a recolha de dados necessitaria para a realizao deste estudo, do

    qual se deve tambm ao facto de andar sempre acompanhado por excelentes

    profissionais tanto nesta rea como na rea do maneio alimentar e sanitrio

    relacionado com os bovinos de carne.

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    29 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    VII-Bibliografia e Webgrafia

    Bibliografia

    Venido, R 2014, in Apontamentos de Grandes Ruminantes/ Produo

    de Carne;

    Revista Notcias Limousine ,n22, 2014

    Boletim informativo Raa Charolesa, 2013/2014

    Webgrafia

    www.limousineportugal.pt

    www.mertolenga.com

    www.charols.com.pt

    www.nave-do-grou.com

    www.beefpoint.com.br

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    I Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    ANEXOS

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    1 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Fotografia 1- Realizao de um teste androlgico

    Fotografia 2- Parque exterior de recria

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    2 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Fotografia 3- Vacada das Cruzadas

    Fotografia 4- Sala dos medicamentos

  • Comparao de crescimento em cruzamentos de Bovinos de carne

    3 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Fotografia 5- Bezerros a desmamar

    Fotografia 6- Realizao de pesagens

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    4 Francisco Jos de Mello e Castro Arnaud Calisto

    Fotografia 7-Vacada na pastagem

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