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PRODUÇÃO DE CONDOMÍNIOS FECHADOS E NOVO CONCEITO DE MORADIA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM: o caso dos conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida na Rodovia BR-316. Helem Cristina Alves do Espírito Santo Universidade Federal do Pará Bolsista PIBIC/UFPA [email protected] Janete Marília Gentil Coimbra de Oliveira Universidade Federal do Pará - FCG/PPGEO [email protected] 1. INTRODUÇÃO Neste trabalho, tem-se compreendido as mudanças socioespaciais ao longo da Rodovia BR-316, importante eixo de expansão urbana do Município de Belém, localizada na Região Metropolitana de Belém, numa análise que se estende de Belém até o Município de Benevides, sob a perspectiva da construção de conjuntos habitacionais vinculados ao Programa Minha Casa, Minha Vida que vêm se proliferando nesta rodovia e tem constituído, por outro lado, como um novo conceito de morar na Região Metropolitana de Belém. Vale ressaltar o crescimento populacional, que vem afetando capitais brasileiras, atingidas pelo inchaço populacional. Porém, um dos problemas em questão é o de construção de conjuntos habitacionais para a população de baixa renda, que o governo federal com o objetivo de amenizar tal transtorno, junto à Caixa Econômica Federal programou o projeto de conjuntos habitacionais através do Programa Minha Casa, Minha Vida. Entretanto, tal solução não pode ser concretizada na cidade de Belém, mas na sua região metropolitana, segregando assim, a população residente nesses conjuntos nos Municípios de Ananindeua, Marituba e Benevides. Apesar do pesado tráfego da rodovia e da distância de Belém, a segregação promovida nesses municípios caracteriza-se por conjuntos populares para pessoas de baixa renda, visto que os terrenos na Primeira Légua Patrimonial são caros e não se adéquam aos perfis populares e baixos custos envolvidos para os conjuntos do Minha

PRODUÇÃO DE CONDOMÍNIOS FECHADOS E NOVO CONCEITO

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Page 1: PRODUÇÃO DE CONDOMÍNIOS FECHADOS E NOVO CONCEITO

PRODUÇÃO DE CONDOMÍNIOS FECHADOS E NOVO CONCEITO DE MORADIA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM: o caso dos conjuntos

habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida na Rodovia BR-316.

Helem Cristina Alves do Espírito Santo Universidade Federal do Pará

Bolsista PIBIC/UFPA [email protected]

Janete Marília Gentil Coimbra de Oliveira Universidade Federal do Pará - FCG/PPGEO

[email protected]

1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho, tem-se compreendido as mudanças socioespaciais ao longo da

Rodovia BR-316, importante eixo de expansão urbana do Município de Belém,

localizada na Região Metropolitana de Belém, numa análise que se estende de Belém

até o Município de Benevides, sob a perspectiva da construção de conjuntos

habitacionais vinculados ao Programa Minha Casa, Minha Vida que vêm se

proliferando nesta rodovia e tem constituído, por outro lado, como um novo conceito de

morar na Região Metropolitana de Belém.

Vale ressaltar o crescimento populacional, que vem afetando capitais brasileiras,

atingidas pelo inchaço populacional. Porém, um dos problemas em questão é o de

construção de conjuntos habitacionais para a população de baixa renda, que o governo

federal com o objetivo de amenizar tal transtorno, junto à Caixa Econômica Federal

programou o projeto de conjuntos habitacionais através do Programa Minha Casa,

Minha Vida. Entretanto, tal solução não pode ser concretizada na cidade de Belém, mas

na sua região metropolitana, segregando assim, a população residente nesses conjuntos

nos Municípios de Ananindeua, Marituba e Benevides.

Apesar do pesado tráfego da rodovia e da distância de Belém, a segregação

promovida nesses municípios caracteriza-se por conjuntos populares para pessoas de

baixa renda, visto que os terrenos na Primeira Légua Patrimonial são caros e não se

adéquam aos perfis populares e baixos custos envolvidos para os conjuntos do Minha

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Casa, Minha Vida. Por haver vários problemas relativos às questões habitacionais, fez-

se necessário a análise da população que ali reside, ao longo da BR-316.

2. OBJETIVOS

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a expansão dos conjuntos

habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida na Rodovia BR-316, a fim de

compreender os novos conceitos de moradia que se definem nesta área; identificar os

principais conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida, suas

características e localização; assim como o perfil socioeconômico dos moradores destes

conjuntos habitacionais e as vantagens que essa Rodovia oferece para a expansão de

conjuntos habitacionais do PMCMV de baixos padrões, sobretudo as ações do Estado,

no sentido de compreender como ele vem atuando com relação à infraestrutura e

serviços naquela rodovia.

3. METODOLOGIA

Para compreender as transformações ocorridas na expansão urbana e

especificamente os processos que ocorreram na BR-316 é necessário que se busque o

processo histórico para entender a complexidade da implantação do Programa Minha

Casa Minha Vida (PMCMV), dessa maneira faz-se a utilização do método materialismo

histórico e dialético. Assim, apresentam-se os procedimentos metodológicos: a)

Levantamento de dados; b) Análises de imagens e mapas; c) Pesquisa de campo; d)

Sistematização e análise dos dados; e) Elaboração de artigo final para expor os

resultados do trabalho em si, e expor as ideias e conceitos adquiridos para debate,

análise e discussões sobre o tema, mostrando as análises e conclusões para avaliar os

dados obtidos e os resultados da pesquisa.

4. RESULTADOS

4.1. RODOVIA BR-316 NO CONTEXTO DA URBANIZAÇÃO

A urbanização neste contexto é analisada como um processo de longa duração,

resultado das transformações das primeiras cidades, assim como seus diversos modos de

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produção sob inúmeras formas (SPOSITO, 2004), resultado das transformações no

espaço urbano, bem como da ação do capital no mesmo. Portanto, a área de estudo se

estende até o Município de Benevides, numa análise dos Conjuntos Habitacionais do

PMCMV que se localizam até 1 km para cada margem da BR-316. Abaixo o mapa da

delimitação da área de estudo.

Mapa 01: Este mapa mostra a área de estudo na BR-316 que está destacado pela cor amarela, que se estende até o Município de Benevides. Fonte: Trabalho de Campo, Janeiro/2014 (Elaboração: Marlon Lima)

Nesta perspectiva, compreende-se a Rodovia BR-316 como marco do processo

de expansão urbana da cidade de Belém, com o inchaço populacional na Primeira Légua

Patrimonial e pelo fato de que as pessoas de baixa renda não conseguiam pagar pelos

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prestígios dessa área, devido ao alto preço dos terrenos, vê-se como alternativa a

expansão nas vias Augusto Montenegro e BR-316.

Como resultado deste processo tem-se a segregação das pessoas em locais mais

distantes do centro urbano, nas áreas periféricas, uma vez que as mesmas não têm como

adquirir lotes, casas e/ou apartamentos em lugares valorizados, dessa maneira tem-se

uma "(...) segregação imposta, que se refere às classes mais pobres que, impossibilitadas

e impedidas de habitar em locais dotados de melhores equipamentos urbanos, se

concentram em áreas periféricas e favelas", segundo Nascimento (2006, p. 353), haja

vista que os melhores locais para moradia na cidade se destinam para aqueles que

podem pagar por obter melhores infraestruturas. Neste sentido, verificam-se essas

características nos conjuntos habitacionais da Companhia de Habitação do Estado do

Pará (COHAB-PA) que são vinculados ao Programa Minha Casa, Minha Vida

(PMCMV) como será apresentado mais adiante.

Vale ressaltar o intenso fluxo nesta rodovia, uma vez que é a principal via de

acesso à cidade de Belém, bem como a implantação dos empreendimentos comerciais

para atender à população da Região Metropolitana de Belém e à ação do capital

imobiliário nesta área.

Desta maneira, estão localizados na BR-316, o Shopping Castanheira e o

Metrópole Ananindeua. Este último com inauguração prevista para 2015, diversas redes

de supermercados, dentre elas o Líder, Belém Alimentos, Atacadão BR, etc., farmácias,

concessionárias, faculdades, transportadoras, laboratórios, lojas, terminais de cargas,

condomínios de baixo e alto padrão, dentre outros, além de inúmeros serviços, como se

pode observar na Foto 01.

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Foto 01: Prédio comercial do Supermercado Belém Alimentos.

Fonte: Trabalho de Campo, Alves (2013). É desta maneira que ocorrem as transformações na rodovia, assim como a ação

do capital se dá, o Estado também tem o seu papel, principalmente no que se refere à

implantação dos equipamentos urbanos e de infraestrutura na mesma. Uma das

intervenções do Estado é viabilizar o tráfego na rodovia com uma melhor mobilidade

urbana, uma vez que o intenso fluxo de veículos acaba resultando em engarrafamento,

ocasionando transtornos para a população. Neste sentido, está em construção o

prolongamento da Av. João Paulo II até o viaduto do Coqueiro na cidade de

Ananindeua e da Av. Independência que vai até o Km 9 da BR-316.

Há de se considerar que morar nos Conjuntos verticalizados com renda de 3-6

salários mínimos, localizados na rodovia BR-316 traz certas facilidades, como o

transporte público, haja vista que as principais linhas de ônibus circulam pela mesma, se

considerarmos que nem todos moradores possuem carro particular, acesso aos serviços

urbanos, pois esta rodovia já oferece, justamente para atender esses novos moradores,

ou ainda esse novo conceito de moradia que se consolida nela. Em contrapartida, pelo

fato de ser a única via de acesso a Belém, possui intenso fluxo de veículos, provocando

engarrafamento, daí o motivo pelo qual o Estado em parceria com a prefeitura de

Ananindeua está buscando alternativas para desafogar o trânsito na rodovia.

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Figura 01: Extensão da Avenida João Paulo II em amarelo e em azul a rodovia BR-316. Fonte:http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/09/prolongamento-da-av-joao-paulo-ii-deve-desapropriar-mais-de-80-casas.htm Consulta realizada em: 10/12/2013.

Vale lembrar que os agentes imobiliários usam a acessibilidade da rodovia como

marketing para vender os apartamentos, embora "acessibilidade não signifique

necessariamente proximidade física", Costa (1994: 68 apud CRAVEIRO; LINHARES,

2006, p. 426), no entanto, esta é apresentada como um dos fatores para a venda dos

condomínios do Minha Casa, Minha Vida na rodovia, já que ao longo da BR-316 se

pode encontrar diversos serviços e ainda pela mobilidade da mesma.

4.2. PROCESSO DE PERIFERIZAÇÃO DOS CONJUNTOS HABITACIONAIS

PMCMV

Após ter feito algumas considerações do processo de urbanização na rodovia

estudada, partimos para o fator primordial da pesquisa, os conjuntos habitacionais do

PMCMV, evidenciando a localização, o perfil socioeconômico dos consumidores e o

papel desse novo conceito de moradia na BR-316. O Programa Minha Casa, Minha

Vida foi lançado em 2009 pelo Governo Federal para a construção a curto prazo de 1

milhão de casas e apartamentos para a população de baixa renda, conforme Cardoso e

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Aragão (2013, p. 35) o PMCMV "(...) estabelecendo um patamar de subsídio direto,

proporcional à renda das famílias, este Programa busca claramente impactar a economia

através dos efeitos multiplicadores gerados pela indústria da construção". Deste modo, o

PMCMV atende a três níveis de renda, de 0 a 3 salários mínimos, 3 a 6 e 6 a 10 SM,

sendo que para famílias com renda até 3 SM o subsídio é integral.

É importante que se compreenda as mudanças que ocorreram na BR-316,

sobretudo com a construção de conjuntos do PMCMV, que se tornam cada vez mais

visíveis, no entanto, há de se levar em consideração sobre os conjuntos habitacionais da

COHAB que também estão vinculados ao programa, estes, por sua vez distantes do

centro urbano da cidade, muitas das vezes ausentes de infraestrutura.

Assim, Kowarick (1979) afirma sobre a questão da periferia, em que são "(...)

aglomerados distantes dos centros urbanos, clandestinos ou não, carente de infra-

estrutura (...)" que abriga a mão de obra necessária para fazer girar a economia da

cidade, ainda segundo o autor, a periferia acaba sendo a única alternativa para a classe

baixa, haja vista que não terão muitos gastos.

Enquanto uns são "forçados" a morar distante do centro urbano e como

responsável por esta ação, o Estado, outros optam por viver longe do estresse da cidade,

de acordo com que afirma Maia (2010):

[...] tem-se a periferização da cidade produzida pelo Estado com a construção dos conjuntos habitacionais e ainda a produção da cidade a partir da ação dos incorporadores imobiliários que constroem os loteamentos fechados alimentada pela concentração de renda e a constituição de uma camada da população de maiores rendimentos que optam por viver em áreas afastadas e separadas do restante da cidade aguçando a fragmentação da cidade. Esta forma de habitar caracteriza-se por apresentar exclusividade social, sistemas de segurança, qualidade ambiental, funcionalidade e autonomia administrativa (MAIA, 2010).

No que se refere aos conjuntos habitacionais da COHAB, o que se observa é a

falta dos equipamentos urbanos, o "(...) programa continua segregando as pessoas em

espaços diferenciados na periferia distante (...)" segundo Van Dijk e Figueiredo (1997,

p. 27). Essa questão da precariedade nos conjuntos habitacionais foi observada no

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trabalho de campo realizado em dezembro de 2013, no Residencial Jardim das Jurutis I

e II, conjunto habitacional horizontal da COHAB, com total de 712 casas na cidade de

Benevides. As casas foram entregues há um ano e sete meses, segundo informações do

morador Sr. Osias, que paga um valor simbólico de R$ 54,00 pela casa, com dois

quartos, cozinha e um banheiro. O terreno mede 10 x20 m e no conjunto não há linha de

ônibus, é distante do centro do município e não tem posto de saúde. Segundo o

morador, "a iluminação é boa" e a coleta de lixo é feita regularmente pela prefeitura, o

que é perceptível é que além de não ter esses serviços essenciais dentro do conjunto, no

entorno também não, é distante da BR-316 e do centro de Benevides. Isso acaba

ocasionando o surgimento de pequenos mercadinhos para atender à demanda dos

moradores, e também dos trabalhadores informais no caso dos moto-taxistas, uma vez

que não há linha de transportes, e a maioria dos moradores trabalha em Belém. Abaixo

Fotos 02 e 03 do Residencial Jardim das Jurutis II.

Fotos 02 e 03: Imagem da rua com grande parte do asfalto retirado e um ponto de venda no Jardim das Jurutis II respectivamente. Fonte: Trabalho de campo, Dezembro/2013. Alves, 2013.

Dessa maneira, é clara a situação dos moradores deste conjunto habitacional, a

localização dos empreendimentos do PMCMV "poderá ser inadequada, em áreas

carentes de emprego, infraestrutura e equipamentos" (...), Bonduki (2009, p. 13) e de

fato está sendo, porém, foi a maneira que o Governo Federal encontrou de garantir

moradia para a classe baixa. Isso não é tão diferente do que ocorre no conjunto

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horizontal Jardim dos Eucaliptos localizado no Município de Marituba com 256

unidades. Este ainda não foi entregue, o prazo da entrega era de 12 meses, mas vem se

prolongando. O que se pode ter de diferencial é o fato de ser próximo da BR-316 e nas

proximidades ter linha de ônibus. Os dois conjuntos são resultado de uma ocupação, daí

o Estado comprou o terreno e implantou o Programa MCMV, sendo que a seleção dos

terrenos é feita pelas prefeituras dos municípios e a renda é de 0 a 3 salários mínimos.

Foto 04: Conjunto Habitacional Jardim dos Eucaliptos em fase de construção. Fonte: Trabalho de Campo, janeiro/2014, Alves (2014).

Por outro lado, estão localizados na BR-316 os conjuntos habitacionais

verticalizados do PMCMV que são destinados a uma faixa de renda de 3 a 6 salários

mínimos. Existem vários conjuntos habitacionais, mas nesta pesquisa busca-se estudar

os que estão à margem da rodovia ou em vias paralelas próximas a mesma, aos que se

encontram para além da BR-316 o estudo não abarcou esses conjuntos. Abaixo tabela

dos conjuntos habitacionais estudados até o momento da pesquisa.

Tabela 01: Informações sobre os empreendimentos do PMCMV na BR-316. NOME TIPOLOGIA MERCADO LOCALIZAÇÃO Nº DE

UNIDADES Moradas Club Ilhas do Pará

Casas 3-6 SM Ananindeua 474

Residencial Flor do

Apartamentos 3-6 SM Ananindeua 540

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Ananin

Città Maris Apartamentos 3-6 SM Marituba 940 Jardim dos Eucaliptos

Casas 0-3 SM Marituba 256

Total Ville Bella Cittá Salinas

Apart./Casas 3-6 SM Marituba ____

Total Ville Bella Cittá Soure

Apart./Casas 3-6 SM Marituba ____

Total Ville Bella Cittá Algodoal

Apartamentos 3-6 SM Marituba 160

Residencial Jardim das Jurutis I

Casas 0-3 SM Benevides 360

Residencial Jardim das Jurutis II

Casas 0-3 SM Benevides 352

Residencial Rio das Flores

Apartamentos 3-6 SM Benevides 352

Fonte: Pesquisa de Campo, Dezembro/2013.

Partindo dos conjuntos habitacionais descritos acima, é necessário que se

apresente as diferenças existentes entre eles, uma vez que os conjuntos verticalizados

têm como primeira característica a faixa da renda de 3 a 6 salários mínimos, que é

superior à faixa popular. Dessa maneira, estes conjuntos são direcionados para outros

consumidores, pois o subsídio não é mais integral como na classe de baixa renda, ainda

assim esses conjuntos habitacionais são considerados de baixo padrão.

Os empreendimentos da COHAB não satisfazem às necessidades dos moradores,

no que se refere aos equipamentos urbanos e infraestrutura e geralmente longe da área

central, em contrapartida, os conjuntos verticalizados possuem uma considerável

infraestrutura, além de estarem localizados próximos da rodovia, pois se pode encontrar

dentro destes conjuntos, piscinas, salão de festas, churrasqueiras, campo de futebol,

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praças, quadra de areia, playground, dentre outros, e ainda possuem uma vaga de

garagem.

Estas foram algumas questões observadas na pesquisa, haja vista que a mesma

encontra-se em estágio avançado, de sistematização e análise dos dados coletados nos

levantamentos de campo.

5. REFERÊNCIAS

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CARDOSO, A. L.; ARAGÃO, T. A. Do fim do BNH ao programa minha casa minha vida: 25 anos da política habitacional no Brasil. In: CARDOSO, A. L. (Org). O Programa Minha Casa Minha Vida e seus efeitos territoriais. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013. p. 17-65.

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KOWARICK, Lúcio. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

MAIA, Doralice Sátyro. A periferização e a fragmentação da cidade: loteamentos fechados, conjuntos habitacionais populares e loteamentos irregulares na cidade de Campina Grande-PB, Brasil. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y Ciências Sociales. Universidad de Barcelona. Vol. XIV, núm. 331 (80), 1 de agosto de 2010.

NASCIMENTO, A. Do Vila D'El Rey ao Alphaville: novos cenários, velhas distinções nos condomínios fechados do eixo Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte. In:

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COSTA, H. S. de M. (Org). Novas periferias metropolitanas- a expansão metropolitana em Belo Horizonte: Dinâmica e especificidade no eixo Sul. Belo Horizonte: C/Arte, 2006. p. 339-363.

SILVA, M. L. Habitação e produção do espaço urbano: a forma-conteúdo dos conjuntos habitacionais na rodovia Augusto Montenegro Belém-PA. Relatório de Qualificação. PPGEO/UFPA, 2013.

SPOSITO, M. E. B. O processo de urbanização no Brasil. São Paulo: Edusp, 2004. p. 73-110. O chão em pedaços: urbanização, economia e cidades no Estado de São Paulo. 508 f. Tese (Livre Docência).

VAN DIJK, A. I. N; FIGUEIREDO, L. A. de. A Ação do Capital Imobiliário na Produção de habitação Popular: Estudo na área de expansão de Belém. (Monografia de Especialização), NAEA/UFPA- Belém, 1997.