Produção de Textos Orais e Escritos

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  • 7/24/2019 Produo de Textos Orais e Escritos

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    Produo de textos na

    alfabetizao

    Dania Monteiro Vieira Costa

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    Para iniciar a discusso desse

    tema:

    Iniciaremos apresentando o conceito

    de alfabetizao, no qual

    fundamentamos nossos estudos.

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    CONCEITO DE ALFABETIZAO

    A alfabetizao deve ser vista como umaprtica sociocultural em que sedesenvolve a formao da conscinciacrtica, as capacidades de produo detextos orais e escritos, a leitura, os

    conhecimentos sobre o sistema de escritada lngua portuguesa, incluindo asrelaes entre sons e letras e letras e

    sons(GONTIJO, 2005, p. 66).

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    POR QUE FALARMOS SOBRE

    PRODUO DE TEXTOS NA

    ALFABETIZAO?

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    Inicialmente, porque os estudos noscampos da Linguagem e da Psicologia

    apontam a necessidade de desenvolverprticas de alfabetizao que superem a

    antiga organizao, fundamentada

    exclusivamente no ensino-aprendizagem

    de letras, conjunto de letras e seus

    correspondentes sonoros, palavras e

    frases descontextualizadas, por meio da

    repetio e memorizao dessas

    unidades.

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    Alm de ter sido comprovada a ineficinciadessas prticas, elas cerceiam o

    desenvolvimento da criatividade dosprofessores e dos alunos na conduo do

    processo de ensino-aprendizagem da leitura

    e da escrita.

    Geraldi (1991, p. 135) aponta as motivaes

    para a escolha do texto como unidade deensino-aprendizagem da lngua em qualquerfase da escolarizao:

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    Considero aproduo de textos (orais eescritos) como ponto de partida (e

    ponto de chegada) de todo o processode ensino-aprendizagem da lngua. Eisto no apenas por inspirao ideolgica

    de devoluo do direito palavra sclasses desprivilegiadas, para delasouvirmos a histria, contida e no

    contada, da grande maioria que hojeocupa os bancos escolares.

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    Sobretudo, porque no textoquea lnguaobjeto de estudos serevela em sua totalidade querenquanto conjunto de formas e

    de seu reaparecimento, querenquanto discurso que remete auma relao intersubjetiva

    constituda no prprio processo deenunciao marcada pelatemporalidade e suas dimenses.

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    Como se pode ver, so motivaes

    de carter ideolgico (as crianaspodem contar suas histrias, exporsuas formas de ver e pensar omundo),mas tambm porque alngua, objeto de estudos, se revela

    plenamente no texto como formae como discurso.

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    O texto, a seguir, apresenta umposicionamento da criana sobre a escola:

    A secola bonita e lipa e no pode traze-

    Chiclete e no pe de traze ovo naora do lache e

    no po de repiti e tem mutajeteque

    reptenoloche e trazemateriau na secola esen aprofesora da chigo.

    (aluno de 1 srie)

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    Na sequncia de afirmaes do aluno articula asua viso da escola e experincia nela vividas.

    1. A escola bonita e limpa;

    2. No pode trazer chiclete para a escola;

    3. No pode trazer ovo para o lanche da escola;

    4. No pode repetir o lanche;

    5. Tem muita gente que repete o lanche

    6. preciso trazer o material para a escola seno aprofessora d xingo.

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    Como possvel o trabalho com

    a produo de textos na

    alfabetizao?

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    A adoo do trabalho com textos exige umamudana de postura diante dos aprendizes dalngua. Eles precisam ser vistos como sujeitos do

    discurso e que no necessrio o total domnioda escrita alfabtico-ortogrfica para que ascrianas escrevam. Devem ser incentivadas aescrever e durante esse processo fazem

    perguntas e podem vivenciar espaos decolaborao para escrever.

    Em outras palavras, mesmo que ainda no tenham

    o domnio da escrita alfabtica-ortogrfica, ascrianas devem ser incentivadas a produzirtextos. Fazer suas tentativas de produo textual.

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    [...] lugar de interao verbal e por isso dedilogo entre sujeitos, ambos portadores dediferentes saberes. So os saberes do vivido

    que trazidos por ambos alunos e professores se confrontam com outros saberes,historicamente sistematizados e denominados

    conhecimentosque dialogam em sala de aula[...](GERALDI, 1991, p. 21).

    Nesse contexto, a sala de aula

    deve ser:

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    Toda produo de texto (oral ou escrita)deve ter objetivos e destinatrios. Umgrande equvoco das instituies

    educativas levar o aluno a produzirtextos apenas para testar suashabilidades orais e de escrita. Por isso,

    por mais banal que possa parecer umaproduo de textos, preciso que

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    a) se tenha o que dizer;

    b) se tenha uma razo para dizer o que setem a dizer;

    c) se tenhapara quem dizer o que se tem adizer;

    d) o locutor se constitua como tal,enquanto sujeito que diz o que diz paraquem diz [...];

    e) se escolham as estratgiaspara realizar(a), (c) e (d) (GERALDI, 1991, p. 137).

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    O autor estabelece um distino entreredaoe produo de textos.

    Redao: escreve-se para a escola (atividade

    escolar) Produo de textos: escreve-se na escola

    (vivencia-se os processos de escritura nointerior da escola)

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    Vejamos alguns exemplos sobre

    o trabalho com a produo detextos na escola

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    Exemplo 1

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    A atividade solicita as crianas

    observem a ilustrao e escrevamum texto.

    Se retomarmos as condies deproduo textual discutidas por

    Geraldi, podemos fazer as seguintesinferncias:

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    pouco provvel que elas tenham o que dizersobre a imagem e nem razes para dizer (no

    h um projeto do discurso). No enunciado noencontramos nenhuma informao sobre paraquem as crianas devem escrever (para quem

    dizer

    o endereamento). Nesse contexto, acriana no se constitui como locutor, ou sejacomo sujeito do seu dizer e muito menosocorre a escolha das estratgias paraconcretizao do seu dizer, ou seja, a escolhado gnero textual ou a forma do dizer.

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    Exemplo 2

    Na escola, durante a realizao de minhapesquisa de doutorado (2013) realizada em umaturma de 1 ano do Ensino Fundamentalintitulada Aescrita para o outro no processo de

    alfabetizao, na qual incentivvamos ascrianas a produzirem textos, a menina Kim nosprocurou dizendo que gostaria de escrever paraseu pai. Vale destacar que durante a pesquisa as

    crianas era comum, as crianas escreverem parapais, tios, avs, primos e outros. Em certaocasio, a menina Kim nos disse que gostaria de

    escrever para seu pai.

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    Carto de Kim para o pai

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    Observemos as condies de produotextual, conforme Geraldi:

    a) se tenha o que dizer

    (Kim convida o pai para passear com ela)

    b) se tenha uma razo para dizer o que se tem adizer;

    (Na ocasio, a menina nos disse que seu pai estavachateado com ela. provvel que ela desejassepedir desculpas ao seu pai)

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    c) se tenhapara quem dizer o que se tem adizer;

    (Kim enderea o texto ao se pai)

    d) o locutor se constitua como tal, enquantosujeito que diz o que diz para quem diz [...];

    (A criana se constitui como sujeito do seu dizer.Ela diz o que pensa quer passear sozinha

    com o seu pai.)

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    E finalmente a estratgia escolhida pela criana:

    e) se escolham as estratgiaspara realizar (a),(c) e (d) (GERALDI, 1991, p. 137)

    (Decide expressar seus sentimentos e desejospor meio da escrita um carto)

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    Para finalizar...

    Assim, ao propor o trabalho com textos, os

    professores precisam criar condies para queas crianas assumam-se como sujeitos e,

    portanto, como locutores de seus textos.Garantir essa condio implica proporcionarsituaes em que escrevam ou falem sobre

    suas experincias, conhecimentos e se

    sintam, por isso, motivados a escrever e falar;

    tenham interlocutores para seus textos e

    possam escolher as melhores estratgias para

    dizer, considerando o que tm a dizer e os

    destinatrios