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FACINTER – FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA
GLACI PEREIRA CAMPOS – RU- 81353
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL
CRICIÚMA
2010
1
FACINTER – FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA
GLACI PEREIRA CAMPOS – RU - 81353
PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL
Trabalho apresentado às disciplinas de Deficiência Intelectual e Física e Deficiências Sensoriais; no Curso de Pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER Professores: Anne Goyos Nascimento, Carlos Mosquera, Claudio Kleina e Sueli Fernandes.
Coordenação: Professora Regiane B. Bergamo.
CRICIÚMA
2010
2
SUMÁRIO
1. – Introdução.................................................................................................. 4
2. – O que é Paralisia Cerebral.........................................................................6
2.1 – Causas.....................................................................................................6
2.2 – Incidência.................................................................................................7
2.3 – Classificação............................................................................................8
2.4 – Diagnóstico.............................................................................................10
2.5 - Prognóstico.............................................................................................10
3. - Educação especial e inclusiva na escola Sophia Schwedler....................11
3.1 – Observações...........................................................................................12
4. – O ensino e a aprendizagem ao que se refere à educação inclusiva e o
aluno com Paralisia Cerebral...........................................................................14
4.1 – O aluno com Paralisia Cerebral e a escola............................................16
5. – Considerações finais................................................................................
18
6. – Referências.............................................................................................. 20
1. INTRODUÇÃO
3
O movimento mundial pela inclusão é uma ação política, cultural, social e
pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem
juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação
inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de
direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e
que avança em relação à idéia de eqüidade formal ao contextualizar as
circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola.
Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino
evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar
alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate
acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica
da exclusão. A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais
inclusivos, a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada,
implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos
tenham suas especificidades atendidas.
Nesta perspectiva, faz-se necessário um estudo relevante sobre o tema
proposto: “A educação inclusiva e o aluno com paralisia cerebral”.
Neste sentido, me questiono: Qual é o tipo de aprendizagem que as escolas
oferecem aos alunos com paralisia cerebral? È uma educação inclusiva?
Com base nisto, considero de suma importância realizar este estudo
investigativo, tendo como objetivos gerais e específicos, conhecer a realidade da
educação especial e inclusiva da Escola Municipal Sophia Schwedler (na qual
trabalhei nos anos de 2007 e 2008), com um único intuito: garantir o direito à
igualdade de oportunidades, respeito à dignidade da pessoa, à liberdade de
aprender e ser diferente e direito a felicidade.
No primeiro capitulo está esboçado todo o desenvolver deste trabalho,
ressaltando a importância da educação especial e inclusiva vista como um
movimento mundial.
4
O segundo capitulo apresenta brevemente a “paralisia cerebral”, sua
definição, causas, classificação, tratamento e prognóstico para que possamos
entender um pouco mais sobre a deficiência em questão.
O terceiro capitulo será constituído pelas observações no âmbito escolar,
onde pude constatar o método de ensino aprendizagem, com alunos portadores de
paralisia cerebral, bem como as barreiras encontradas pelos profissionais de
educação em transmitir conhecimentos, colocando em prática às novas leis de
educação especial, onde claramente está longe em ser uma prática inclusiva.
Já o quarto capitulo, tem ênfase no ensino aprendizagem da instituição de
ensino, colocando os pontos básicos de ensino, na qual foi realizada com base nas
perspectivas da escola em questão, onde realiza-se uma educação inclusiva
diferenciada (que ao meu ver, não passa de uma educação integradora, cheia de
preceitos e preconceitos), mas que está se adequando e tentando dar o seu melhor.
Por fim acontecerá o fechamento do trabalho expondo considerações a
respeito do estudo desenvolvido, servindo de base para futuros estudos.
Nestas condições estes estudos, acima citados, vêm e precisam cada vez
mais, ocupar um lugar, e um espaço de destaque.
“A educação deve propiciar ao corpo e a alma toda a perfeição e a beleza que
podem ter” (Platão).
5
2. – O QUE É PARALISIA CEREBRAL
Paralisia cerebral é uma lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocada
muitas vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais.
Acontece durante a gestação, no momento do parto ou após o nascimento,
ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança. É importante saber
que o portador possui inteligência normal (a não ser que a lesão tenha afetado áreas
do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela memória).
Mas se a visão ou a audição forem prejudicadas, a pessoa poderá ter
dificuldades para entender as informações como são transmitidas; se os músculos
da fala forem atingidos, haverá dificuldade para comunicar seus pensamentos ou
necessidades. Quando tais fatos são observados, o portador de paralisia cerebral
pode ser erroneamente classificado como deficiente mental ou não-inteligente.
É importante saber que o portador possui inteligência normal (a não ser que a
lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela
memória).
2.1 – CAUSAS
As causas podem estar relacionadas a várias hipóteses, e como só é
diagnosticada após alguns meses do nascimento da criança, acaba sendo
especulativa, mesmo havendo exames como Tomografia Computadorizada e
Eletroencefalograma que auxiliam em muito no diagnóstico.
A classificação da "Paralisia Cerebral" é dada conforme a topografia da lesão
e/ou disfunção motora. Podendo apresentar deficiência mental, epilepsia, disturbio
visual, comportamento, de linguagem e/ou ortopédicos.
Suas causas encontram-se nos três períodos da gestação (Antes, durante ou
após).
6
Pré-natais – Infecções, Rubéola, Sífilis, Listeriose, Citomegaloviruss,
Toxoplasmose, AIDS, Uso de Drogas, Tabagismo, Álcool, Desnutrição materna,
Alterações cardiocirculatórias maternas.
Peri-natais - Anóxia, Hemorragias intracranianas (trauma obstétrico).
Pós-natais - Traumas cerebrais; Meningites; Convulsões; Desnutrição;
Falta de estímulo; Hidrocefalia.
O cérebro é o órgão que controla todas as funções do organismo e para isso
necessita do oxigênio. A falta deste nutriente é uma das maiores causas de lesão
cerebral, trazendo prejuízo para o desenvolvimento.
O Sistema Nervoso Central (SNC) é formado pelo cérebro e medula espinhal,
seu desenvolvimento inicia dentro do útero e continua até os 18 anos de idade.
Conforme as etapas de desenvolvimento do cérebro, as suas áreas vão criando
novas conexões, desta forma as lesões cerebrais tem efeitos diferentes. Após ser
lesado, o sistema nervoso passa a contar com as áreas não afetadas para continuar
exercer suas funções porém é possível que ele consiga estabelecer algumas novas
redes nervosas. Esta capacidade é conhecida como neuro-plasticidade.
Entretanto, como a Paralisia Cerebral é raramente diagnosticada até pelo
menos vários meses após o nascimento da criança, a causa precisa da lesão é
frequentemente especulativa.
2.2 – INCIDÊNCIA
Conforme o Instituto Bruno - Juiz de Fora/MG, a incidência da paralisia
cerebral ocorre de forma moderada a severa entre 1,5 e 2,5 por 1000 nascidos vivos
em países desenvolvidos; porém também há registros de 7,5 por 1000. Na
Inglaterra estuda-se que a incidência ocorre em cerca de 1,5 por 1000. Já no Brasil
os estudos não foram capazes de decidir quanto a proporção correta de incidência,
suspeitando apenas de uma alta incidência.
7
2.3 – CLASSIFICAÇÃO
Os portadores de Paralesia Cerebral possuem principalmente
comprometimento motor, influenciando no seu desempenho funcional. Segundo
Schwartzman (1993) e Souza & Ferraretto (1998)1, a Paralisia Cerebral pode ser
classificada por:
Tipo de disfunção motora extrapiramidal ou discinético (Atetóide, coréico e
distônico), atáxico, misto e espástico; ou pela topografia das lesões (Localização no
corpo), que inclui tetraplegia, monoplegia, diplegia e hemiplegia. Na "PC", a forma
espástica é a mais encontrada e freqüente em 88% dos casos.
Quanto a disfunção motora:
Atetóide: Caracterizada por movimentos involuntários, Neste tipo, os
movimentos são involuntários devido a um estimulo ineficaz e exagerado que o
cérebro envia ao músculo não sendo capaz de manter um padrão.
Coreico: Acomete crianças e jovens do sexo feminino com movimentos
involuntários e descoordenados dos membros e dos músculos da face (Dança de S.
Guido).
Distônico: Incoordenação do tônus muscular
Atáxico: Dificuldade de coordenação motora (Tremores ao realizar um
movimento).
Mistos: Quando apresentam pelo menos dois tipos associados de alteração
do movimento (Exemplo: espástico e atetóide)
Espástico: Ocorre uma lesão do córtex cerebral, diminuindo a força muscular
e aumentando o tônus muscular. A tensão muscular encontra-se aumentada notada
ao realizar algum alongamento da musculatura ou mesmo um estiramento.
Quanto a topografia da lesão:
Tetraplegia (Hemiplegia bilateral ou quadriplegia): Ocorrendo em 9 a 43% dos
casos, com lesões difusas bilateral no sistema piramidal apresentando tetraparesia
espástica com retrações em semiflexão severas, síndrome pseudobulbar
(hipomimia, disfagia e disartria), e até microcefalia, deficiência mental e epilepsia.
Diplegia: Surge em 10 a 30 % dos pacientes, sendo mais comum em
prematuros, comprometendo os membros inferiores, podendo apresentar hipertonia
dos músculos Adutores, denominado síndrome de Little (Cruzamento dos membros
inferiores e marcha "em tesoura"). Existem vários graus para classificar a
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intensidade do distúrbio, podendo ser pouco afetado (Com um prognóstico bom,
sendo capaz de se adaptar à vida diária) ou graves com limitações funcionais. Ao 1º
ano de vida, a criança pode se apresentar hipotônica, passando para distonia
intermitente, com tendência ao opistótono quando estimulada. Nos casos mais
graves a criança pode permanecer num destes estágios por toda a sua vida, porém
geralmente passa a exibir hipertonia espástica, inicialmente extensora e, finalmente,
com graves retrações semiflexoras.
Hemiplegia: É a mais comum de todas, comprometendo mais o membro
superior; acompanhada de espasticidade, hiper-reflexia e sinal de Babinski. O
padrão hemiplégico caracteriza-se pela postura semiflexora do membro superior,
com o membro inferior hiperestendido e aduzido, e o pé em postura eqüinovara,
podendo aparecer ser encontrado hipotrofia dos segmentos acometidos, hemi-
hipoestesia ou hemianopsia. 1
Associado ao distúrbio motor, o quadro clínico pode incluir:
a) Deficiência mental: Ocorre de 30 a 70% dos pacientes. Está mais
associada às formas tetraplégicas, diplégicas ou mistas;
b) Epilepsia: Varia de 25 a 35% dos casos, ocorrendo mais associado
com a forma hemiplégica ou tetraplégica;
c) Distúrbios da linguagem;
d) Distúrbios visuais: Pode ocorrer perda da acuidade visual ou dos
movimentos oculares (estrabismo);
e) Distúrbios do comportamento: São mais comuns nas crianças com
inteligência normal ou limítrofe, que se sentem frustradas pela sua limitação motora,
quadro agravado em alguns casos pela super proteção ou rejeição familiar;
f) Distúrbios ortopédicos: Mesmo nos pacientes submetidos à reabilitação
bem orientada, são comuns retrações fibrotendíneas (50%) cifoescoliose (15%),
"coxa valga"(5%) e deformidades nos pés.
1 Hemi-hipoestesia: Diminuição da sensibilidade de uma metade do corpo Hemianopsia:
Défici visual de um lado Opistótono: Posição assumida pelo corpo, durante os ataques convulsivos,
em que ele fica de tal maneira arqueado que pode ficar levantado da cama unicamente pelos
calcanhares e pela cabeça.
9
2.4 – DIAGNÓSTICO
O diagnóstico está ligada ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor com
associação ou não de outros sintomas. A criança apresenta alguns reflexos
indevidos para sua idade e dificuldade em adquirir outros próprios de sua idade
cronológica.
Uma boa avaliação da criança com anamnese e exame físico detalhado
auxiliam na definição precisa do tipo de distúrbios do Sistema Nervoso Central.
Conforme a intensidade e o tipo de anormalidades neurológicas, um
eletroencefalograma (EEG) e tomografia computadorizada (TC) podem ser úteis
para identificar o local e a extensão das lesões ou malformações congênitas. Outros
testes podem ser incluidos para auxiliar o diagnśotico. Como esta doença está
ligada a diversas complicações dos sistemas, é impotante uma abordagem
multidisciplinar na avaliação e tratamento.
2.5 – TRATAMENTO
O tratamento visa controlar as crises convulsivas, as complicações
decorrentes das lesões e a prevenção de outras doenças ou problemas.
O tratamento medicamentoso baseia-se no uso de anticonvulsivantes e
psiquiátricos, quando necessários para obter controle dos distúrbios afetivos-
emocionais e da agitação psicomotora.
Contudo, todo tratamento deve ser acompanhado por profissionais da area no
qual a criança e/ou o paciente está inserido, fisioterapeutas, ortopedistas,
fonodiólogos, pedadogos, psicólogos e outros.
2.5– PROGNÓSTICO
O prognóstico depende do grau das lesões dos sitemas e da disponibilidade e
qualidade da reabilitação. Porém, mesmo nos casos de bom prognóstico existem 3
fatores de grande relevância no desenvolvimento da criança: o grau de deficiência
mental, o número de crises epilépticas e a intensidade do distúrbio de
10
comportamento. Crianças com deficiência mental moderada ou grave, associadas a
crises epilépticas de difícil controle ou com atitudes negativistas ou agressivas, não
respondem bem a reabilitação.
3.– EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA NA ESCOLA SOPHIA
SCHWEDLER.
Para tratar da inclusão escolar, o primeiro desafio que temos a vencer é a
questão da acessibilidade. Acessibilidade implica vencer as barreiras arquitetônicas,
curriculares e as atitudes comportamentais.
A discussão sobre políticas inclusivas costuma centrar-se nos eixos da
organização sócio-política necessária a viabilizá-Ia e dos direitos individuais do
público a que se destina. Os importantes avanços produzidos pela democratização
da sociedade, em muito alavancada pelos movimentos de direitos humanos,
apontam a emergência da construção de espaços sociais menos excludentes e de
alternativas para o convívio na diversidade.
As pessoas com deficiência, com síndromes, são historicamente identificadas
como páreas sociais em função de um conjunto de igualdades mais ou menos
constantes que acabam por definir seu lugar na sociedade: lugar de exclusão.
Nesse contexto a escola não se constitui de maneira diferente.
Como território institucional expressivo da cultura em que se insere, a escola
sofre pressões para acompanhar os novos tempos e lidar melhor com a diversidade
do público que deve atender.
Um público de “aprendizes de cidadania” que, para exerce-Ia, querem mais
que o mero direito de expressão. Mas também um público cheio de especificidades
que, se não forem respeitadas, acolhidas e atendidas em suas diferenças jamais
farão da escola um dos possíveis espaços em que o exercício de uma política
inclusiva contribua com a construção de uma sociedade mais justa.
11
3.1 – OBSERVAÇÕES
Durante dois anos, convivi com a dura realidade de uma instituição de ensino,
onde a inclusão está longe de ser concretizada, porém, esforçada em adaptar-se
para tal.
A instituição em questão (antes mencionada) recebe todos os alunos de
educação especial, com diferentes síndromes e anomalias, sejam elas quais forem;
deficiências neurológicas, hiperatividade, déficit de atenção, deficiências múltiplas,
deficiência mental e visual.
“Estamos recebendo de braços abertos todos os alunos especiais, e nos
esforçando para darmos a eles todo o conhecimento possível, mas não é fácil incluir
a todos.” Comentou Ângela, a diretora da escola.
No decorrer desses dois anos em que trabalhei nesta instituição, como
Atendente Educativa de Educação Especial, pude compreender o porquê de tal
afirmativa.
Realmente, não é nada fácil incluir a todos os alunos de educação especial,
uma vez que as APAES, simplesmente mandam os pais desses alunos matricularem
seus filhos na rede regular de ensino; sem ao menos fazer uma avaliação médica,
psicológica e neurológica, onde seja constatado que o aluno é capaz de conviver e
ter uma aprendizagem significativa.
A escola em questão recebe a todos, e acredito que todos tem suas
potencialidades, mas os professores não estão preparados para essa realidade.
Escutei por varias vezes, os professores regentes, comentarem: “Esse aluno
deveria estar só na APAE, ou em outra instituição onde soubessem o que fazer com
ele”, “esse aluno”, no qual elas comentavam, era o Gabriel, um menino doce, o qual
eu tive o prazer de conhecê-lo, ele era um anjo que Deus colocou na minha vida, e
entre todos os alunos era o que eu mais admirava.
O problema? A o problema, esse era um aluno especial, realmente muito
especial; filho único, adotivo e portador de Paralisia cerebral.
“Nasceu só com o lado direito do cérebro, o qual foi danificado com um
enfisema cerebral, provavelmente por que a mãe biológica tentou abortá-lo”
descreve a mãe Adriana. Deficiência visual, neurológica e auditiva; conseqüência do
enfisema cerebral.
12
Aluno que necessitava de cuidados permanentes, pois, “vive amarrado” em
uma cadeira de rodas, com cinto de segurança em forma de x, os pés fixados a
cadeira com um protetor, não tem nenhuma coordenação motora, baba, afoga-se
facilmente com a saliva; enfim, não consegue fazer nada sozinho, não segura um
lápis, pois não tem coordenação motora ampla ou fina. Psicomotrocidade? Nem
pensar.
Neste caso especifico, “pelo lado lógico da coisa”, qual é o beneficio da
escola para esse aluno?
Todos os professores da escola em questão têm uma única resposta: “A
inclusão social”, todos comentam a respeito, é necessário inserir o aluno com o
meio, mas e o aluno, como se sente? Será que não está sendo excluído mais ainda?
Observa-se que os colegas e professores o tratam com pena, “coitadinho”
falam uns aos outros. Eu, porém, acredito, que tudo o que eu falo para ele, ele
grava, pois consigo ver o brilho nos seus olhos, cada vez que conto uma história,
escrevo as palavras de forma com que ele entenda; grande e em cores bem fortes e
quando mostro, ele meche a cabeça quando não entende, e diz: “e”, quando
compreende.
Convivendo dia-a-dia com os alunos desta escola, observei que, para os
alunos ditos “normais” é muito mais fácil conviver com as diferenças, do que para os
professores, que sempre estão incomodados, ou porque não tem material didático
de apoio suficiente, ou por que a grade curricular não será fechada no semestre
devido aos imprevistos com os alunos especiais (“temos que preparar alguma aula
que eles possam participar” comentam alguns dos professores), ou por que isso, ou
por que aquilo.
Apesar da escola e a maioria dos professores, quererem incluir os alunos,
falta capacitação profissional, material didático de apoio, recursos pedagógicos e
acessibilidade do aluno no contexto escolar.
A estrutura física da escola precisa ser mudada urgentemente, há muitas
barreiras a serem enfrentadas pelos alunos, principalmente os cadeirantes, falta
rampas, todas as salas tem degraus, o piso da quadra de esporte e do pátio estão
totalmente esburacados, dificultando a passagem dos alunos.
Devo ressaltar que a escola esta desenvolvendo projetos de conscientização
das diferenças e para as diferenças, na qual já conseguiu verbas das empresas,
construindo assim um banheiro especialmente para esses alunos.
13
4. – O ENSINO E A APRENDIZAGEM AO QUE SE REFERE À EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E O ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL
É preciso considerar não só o aluno a ser incluído, mas também o grupo do
qual ele participará.
Na questão da educação, muitas vezes quem tem paralisia cerebral não é
acometido por nenhuma disfunção cognitiva, mas apresenta limitações físicas, como
não conseguir ficar muito tempo sentado e não se comunicar ou escrever da forma
convencional. Normalmente são utilizadas ajudas técnicas como cadeira e lápis
adaptados.
Algumas metodologias para tratar dessa questão propõem a individualização
do ensino através de planos específicos de aprendizagem para o aluno. Esta
concepção tem como justificativa a diferença entre os alunos e o respeito à
diversidade. Porém, como pensar a inclusão se os alunos com dificuldades e,
apenas eles, têm um plano específico para aprender?
Um plano individualizado, nessa perspectiva, pode ser um reforço à exclusão.
Levar em conta a diversidade não implica em fazer um currículo individual paralelo
para alguns alunos. Caso isto aconteça, estes alunos ficam à margem do grupo, pois
as trocas significativas feitas em uma sala de aula necessariamente acontecem em
torno dos objetos de aprendizagem.
As flexibilizações curriculares são fundamentais no processo de inclusão
educativa. Porém, é necessário pensá-las a partir do grupo de alunos e a
diversidade que o compõe e não para alguns alunos tomados isoladamente.
Uma das noções mais difundidas na realidade brasileira é a de que a rede
pública não está capacitada para receber crianças com necessidades educacionais
especiais, seja por deficiência física, sensorial ou mental. Por isto, a educação
especial tem-se mostrado como uma espécie de limbo, para onde são
encaminhados os educandos considerados ineptos ou incapazes de aprender,
espelhando as mazelas do sistema educacional.
Como aponta Páez (2001) atender à diversidade é atender as crianças com
deficiências, mas também todas as outras diversidades que aparecem
cotidianamente na comunidade.
14
Uma proposta educativa que não esteja atenta a tais questões apenas
cristaliza a diferença do aluno com deficiência dentro da sala regular e reforça a sua
exclusão, ainda que compartilhe o mesmo espaço físico que os outros, mesmo que
estejamos empenhados no seu desenvolvimento de aprendizagem, devemos tomar
cuidado ao fazê-lo.
A presença de alunos com necessidades educacionais especiais na sala de
aula é um fenômeno educativo que produz conhecimento e transformação.
Experiências dispersas de inclusão escolar de educandos com paralisia cerebral,
constituem-se como iniciativas exemplares da possibilidade de concretização e
legitimação de uma escola inclusiva.
Os conceitos com os quais trabalhamos são as ferramentas teóricas com que
transformamos a realidade. Nosso posicionamento diante de um determinado fato
ou situação e o direcionamento que nossa intervenção irá tomar em relação a ele
dependem das idéias e concepções teóricas que fundamentam nossa prática.
As teorias não são isentas de valores e, menos ainda, quando seu objeto de
trabalho é o ser humano.
No que tange ao atendimento às necessidades educacionais especiais,
verificamos essas mesmas relações entre valores, concepções teóricas e formas de
intervenção. O posicionamento de um professor diante de um determinado fato ou
situação e o direcionamento de sua intervenção depende das idéias e concepções
teóricas que fundamentam a sua prática.
Podemos dizer que se faz necessário propor alternativas inclusivas para a
educação e não apenas para a escola. A escola integra o sistema educacional
(conselhos, serviços de apoio e outros), que se efetiva promotora de relações de
ensino e aprendizagem, através de diferentes metodologias, todas elas alicerçadas
nas diretrizes de ensino nacionais.
A efetivação de uma educação inclusiva neste contexto secular não é tarefa
fácil. Não menos desprovida de dificuldades é a tarefa de um Estado que intenta
organizar uma política pública que, como tal, se empenha na busca de um caráter
de universalidade, garantindo acesso a todos os seus cidadãos às políticas que lhes
cabem por direito.
15
4.1 – O ALUNO COM PARALISIA CEREBRAL E A ESCOLA
Dentro da sala de aula:
Deverão ocupar um lugar relativamente próximo do professor
Aqueles que necessitem de usar cadeira de rodas, devem ter mesa
adaptada, mais alta do que a dos colegas
A incontinência é um dos obstáculos mais desagradáveis, o professor
deverá estar a par do problema e explicar aos outros alunos a situação. Deverá,
portanto ter em atenção os horários de evacuação da criança para que não surjam
situações embaraçosas
O papel do professor:
Especialização por parte do professor;
Pesquisa intensiva;
Inter-ajuda entre pais e professores;
Ajudar na relação entre os alunos;
Esclarecimento do problema do aluno;
Estimular o aluno;
Devemos promover o máximo de independência no âmbito das
capacidades e limitações do aluno, mas atendendo sempre às necessidades
inerentes a cada caso de deficiência, pois cada caso é um caso e deve-se encontrar
sempre uma solução específica adequada.
Quando conversar com um aluno cadeirante, lembre-se que, para eles
é extremamente incomodo conversar com a cabeça levantada, por isso deve-se
sentar ao seu nível, para que o aluno possa sentir-se mais confortável.
As maiores barreiras não são as arquitetônicas, mas sim a falta de
informação e os preconceitos.
As escolas, de modo geral, têm conhecimento da existência das leis acerca
da inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais no ambiente
escolar e da obrigatoriedade da garantia de vaga para estas. As equipes diretivas
respeitam e garantem a entrada destes alunos, mostrando-se favoráveis à política
de inclusão, mas apontam alguns entraves pelo fato de não haver a sustentação
necessária, como por exemplo, a ausência de definições mais estruturais acerca da
educação especial e dos suportes necessários a sua implementação.
16
Não raro ouve-se nas escolas referências a alunos com necessidades
educacionais especiais como “os alunos da inclusão”, o que sugere o
questionamento sobre o modo como são percebidos diante dos demais alunos.
Neste sentido, torna-se especialmente relevante à participação dos diferentes
segmentos na implantação dos direitos assegurados em lei para que os benefícios
percebidos na política de inclusão educacional possam ser efetivados. Não há
dúvida de que incluir pessoas com necessidades educacionais especiais na escola
regular pressupõe uma grande reforma no sistema educacional que implica na
flexibilização ou adequação do currículo, com modificação das formas de ensinar,
avaliar, trabalhar com grupos em sala de aula e a criação de estruturas físicas
facilitadoras do ingresso e circulação de todas as pessoas.
A concepção que tem orientado as opiniões de muitos gestores e educadores
que atuam na perspectiva da educação inclusiva é de que a escola é um dos
espaços de ação de transformação. Uma compreensão que aproxima a idéia de
políticas de educação e políticas sociais amplas que garantam a melhoria da
qualidade de vida da população.
A escola, como o segundo espaço de socialização de uma criança, tem um
papel fundamental na determinação do lugar que a mesma passará a ocupar junto à
família e, por conseqüência, no seu processo de desenvolvimento.
“Desviamos toda a nossa atenção para a tola questão de A estar se saindo tão bem quanto B, quando a única questão é saber se A se saiu tão bem quanto poderia”. (William Graham Sumner)
17
5. – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discutir as questões da Educação Especial e Inclusiva no cenário brasileiro é
tarefa complexa, mas necessária, tendo-se em vista as inúmeras temáticas nos
diferentes contextos em que o problema é tratado.
Na escola em questão é vista como uma prática inovadora que esta
enfatizando a qualidade de ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se
modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas.
Apesar de a nossa constituição eleger como fundamentos de nossa Republica
a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art.1º, incisos II e III); como um dos
objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor idade, e quaisquer outras formas de discriminação, após garantir o
direito à igualdade, o direito a todos a educação, que deve visar ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o
trabalho; precisamos aprender com as diferenças.
Esta cada vez mais claro que estamos caminhando na direção certa, cada
vez mais, com mais qualidade, e com mais entusiasmo.
Tem muito a ser feito, mas historicamente falando, houve uma grande
transformação, nas leis, o povo esta cada vez mais consciente que devemos
aprender e respeitar as diferenças.
Um pressuposto freqüente nas políticas relativas à inclusão supõe um
processo sustentado unicamente pelo professor, no qual o trabalho do mesmo é
concebido como o responsável pelo seu sucesso ou fracasso.
A escola em questão (Sophia Schwedler) tem seus trabalhos voltados para a
metodologia interacionista, que constitui em um instrumento importante no sentido
de contribuir para o ensino da Ciência voltado para a compreensão conceitual e não
para a memorização. Permitindo a contextualização dos conteúdos trabalhados em
sala de aula, tendo em vista uma aprendizagem mais rica em significados, Contribui
também para a superação da passividade do aluno e sua formação mais ampla e
18
integral através da interação entre o conhecimento, o meio e o contexto social em
que está inserido.
É claro que a aprendizagem dos alunos é uma das metas fundamentais, não
só dos professores, mas de todo o profissional que esteja implicado com a educação
e, sem dúvida, uma prática pedagógica adequada é necessária para alcança-Ia.
Porém, acreditar que este objetivo possa ser alcançado apenas com a
modificação destas práticas é uma simplificação que não dá conta da realidade de
nossas escolas.
Convém aqui lembrar um trecho da declaração de Salamanca que destaca:
“A preparação adequada de todo pessoal da educação constitui um fator-chave na
promoção do progresso em direção às escolas inclusivas”.
19
6. – REFERÊNCIAS
ARANHA, Antônia Vitória Soares. Gestão Educacional novos olhares – novas
abordagens. Petrópolis: Editora Vozes, 2005.
BAUER. Carlos - Políticas Educacionais e Discursos Pedagógicos. Brasília:
Líber Livro Editora, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, LDB 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, LDB 5.692, de 11 de agosto de 1971.
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação
para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO,
Jomtiem/Tailândia, 1990.
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades
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