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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA BRACHIARIA BRIZANTHA CV MARANDU ADUBADA COM ÁGUA RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA Renata Soares Serafim Zootecnista JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL Julho de 2010

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA BRACHIARIA … · Em agosto de 2005 assumiu a disciplina de Bromatologia e Nutrição Básica, e em fevereiro de 2007 assumiu a disciplina de

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA BRACHIARIA

BRIZANTHA CV MARANDU ADUBADA COM ÁGUA

RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA

Renata Soares Serafim

Zootecnista

JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL

Julho de 2010

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA BRACHIARIA

BRIZANTHA CV MARANDU ADUBADA COM ÁGUA

RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA

Renata Soares Serafim

Orientador: Prof. Dr. João Antonio Galbiatti

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como

parte das exigências para a obtenção do título Doutor

em Agronomia (Produção Vegetal).

JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL

Julho de 2010

Serafim, Renata Soares

Sp Produção e composição química da Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com água residuária de suinocultura / Renata Soares Serafim. – – Jaboticabal, 2010

xiii, 96 f. ; 28 cm Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinárias, 2010 Orientador: Prof. Dr. João Antonio Galbiatti

Banca examinadora: Jorge de Lucas Junior, Leonardo de Oliveira Fernandes, Luís César Drumond, Rouverson Pereira da Silva

Bibliografia 1. Biofertilizante. 2. Composição bromatológica. 3. Produtividade.

I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 631.531:634.0

DADOS CURRICULARES DA AUTORA

RENATA SOARES SERAFIM - filha de Ivanete Soares da Silva e Antonio

Serafim Filho, nascida em 08 de outubro de 1974, natural de Atibaia, estado de São

Paulo. Em julho de 1.999 graduou-se em Zootecnia pelas Faculdades Associadas de

Uberaba – FAZU, e em setembro do mesmo ano iniciou suas atividades no Laboratório

de Bromatologia da mesma instituição. Em fevereiro de 2.001 ingressou no curso de

Pós-Graduação “lato sensu” em Educação Ambiental, nas Faculdades Associadas de

Uberaba – FAZU. Em março de 2.002 ingressou no Mestrado no curso de Pós-

Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Produção Animal, na Faculdade

de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista – Unesp –

campus de Jaboticabal. Em agosto de 2005 assumiu a disciplina de Bromatologia e

Nutrição Básica, e em fevereiro de 2007 assumiu a disciplina de Cunicultura e

Chinchilocultura, ambas pertencentes ao curso de Zootecnia da FAZU. Ministrou aulas

nos cursos de Pós-Graduação lato senso em: Gestão de resíduos (CESUBE) nos anos

de 2007 e 2008; Nutrição e alimentação de ruminantes (FAZU) em 2008 e 2009;

Geração de energia (FAZU) e Engenharia bioenergética (UNIMINAS) em 2009. Em

2010 concluiu seu curso de Doutorado.

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,

qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

Emmanuel

(Francisco Cândido Xavier)

Aos meus amados pais, Antonio Serafim Filho e Ivanete Soares da Silva,

Às minhas amadas irmãs, Adriana de Cássia Serafim Gomes e Roberta

Soares da Silva,

Aos meus cunhados, Adilson José Gomes e Ronaldo Francisco Alves,

À minha afilhada e sobrinha Laila Serafim Hermógenes,

In memorian

Aos meus avós, maternos e paternos, que sempre estiveram comigo...

Dedico

Agradecimentos

Pelo caminho em que passei, muitos foram importantes, pessoas

inesquecíveis que agora fazem parte da minha história e ajudaram a redigir mais um

capítulo da minha vida.

Compartilho com todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente,

com a construção desta tese, desde a implantação do experimento no campo até a

finalização da mesma. Neste momento, é gratificante poder registrar os mais

sinceros agradecimentos a todos aqueles que ajudaram com incentivo, vibrações

positivas, preces, compreensão e esclarecimentos técnicos.

Agradeço,

À Deus, primeiramente, pela dádiva da vida e pela oportunidade concedida

para aprender, para me fortalecer e superar as dificuldades.

À minha família, tesouro único e abençoado. Pelo apoio dado durante todos

estes anos de idas e vindas, por tanta generosidade, bondade, desprendimento e

amor. Em especial aos meus pais, por nunca terem medido esforços para estar ao

meu lado em todos os momentos desta jornada, e contribuído para que eu e minhas

irmãs tivéssemos bons estudos desde pequenas.

À pequena Laila, que em sua sabedoria infantil, sempre esteve ao meu lado

auxiliando-me com seu precioso apoio e amor incondicional.

À Universidade Estadual Paulista, instituição responsável pelo aprimoramento

dos meus conhecimentos, pela oportunidade da realização do curso.

Às Faculdades Associadas de Uberaba, pela minha formação e oportunidade

para a realização do curso de doutorado. À Diretora Geral das Faculdades

Associadas de Uberaba (FAZU), Dionir Dias de Oliveira Andrade, ao Diretor

Financeiro Fábio de Melo Borges e ao Professor Mestre Alexandre Lúcio Bizinoto,

pelo incentivo e apoio dado a esta pesquisa, viabilizando a realização das análises

bromatológicas no Laboratório de Nutrição Animal da FAZU.

À técnica do Laboratório de Nutrição Animal da Fazu e estimada amiga Marta

Aparecida Tovo Santos pelo apoio, empenho e dedicação. Jamais esquecerei sua

amizade sincera, companheirismo e compreensão em todos os momentos.

Ao amigo do Laboratório de Solos da FAZU, Marco Antonio Simões Borges

pela amizade e esclarecimentos técnicos prestados.

Ao Prof. Dr. João Antonio Galbiatti, pela orientação, amizade e oportunidades

dadas durante o curso.

Aos Professores membros da banca examinadora de qualificação e de defesa

Profª. Dra. Adriane de Andrade Silva, Prof. Dr. Jorge de Lucas Junior, Prof. Dr.

Leonardo de Oliveira Fernandes, Prof. Dr. Rouverson Pereira da Silva, Prof. Dr. Luís

César Drumond.

Ao Prof. Dr. Jovair Libério Cunha pelo auxílio, apoio e amizade na execução

desta pesquisa.

Aos amigos e professores do IFET de Uberaba, Renato Farias do Vale Júnior,

Humberto Góis Cândido, Adelar José Fabian, Othon Carlos da Cruz e à Profª

Doutoranda Mônica (UNIUBE), pelas caronas concedidas, amizade e

companheirismo.

Ao Professor Mestre José Antônio Bessa pelo decisivo apoio à

operacionalização dos trabalhos no campo experimental.

Ao Sr. João de Oliveira Alves pela dedicação, responsabilidade e amizade

demonstrados durante toda a condução do presente trabalho.

Ao aluno monitor José Ferreira Junior do Curso Superior em Tecnologia de

Irrigação e Drenagem e a aluna monitora Amanda Rosa Custódio de Oliveira pelo

auxílio na condução do experimento e coleta dos dados.

Aos amigos Rouverson e Raquel, Ana Carolina Amorim Orrico e Adriane de

Andrade Silva pelas diversas vezes que me hospedaram em suas casas, com boa

vontade, carinho e consideração. A todos, o meu sincero agradecimento!!!

Ao Professor Especialista e amigo Adilson de Paula Almeida Aguiar pelos

valiosos esclarecimentos e paciência na discussão dos resultados.

À estimada amiga Prof.ª Dra. Juliana Jorge Paschoal pela ajuda nas análises

estatísticas.

À amiga Cecília Jacira Moura pela amizade, apoio, incentivo em todos os

momentos.

Aos amigos do “Caminheiros do Amor”, Musa, Luís Ernesto, Arif, Sr. Miguel,

Maurícia, Darci, Fernanda, dentre tantos outros pelas preces e vibrações edificantes.

i

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

RESUMO v

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 3

2.1 Quantificação e reciclagem dos dejetos de suínos............................... 3

2.2 Características botânicas da Brachiaria brizantha cv. Marandu........... 6

2.3 Manejo da pastagem............................................................................. 9

2.4 Produção de massa seca (PMS).......................................................... 10

2.5 Composição bromatológica do capim Marandu adubado com água

residuária de suinocultura.................................................................... 14

3 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 19

3.1 Descrição da área experimental........................................................... 19

3.2 Clima..................................................................................................... 19

3.3 Solo....................................................................................................... 20

3.4 Obtenção e caracterização da água residuária de suinocultura........... 22

3.5 Definição do experimento..................................................................... 26

3.6 Aplicação da água residuária de suinocultura...................................... 26

3.7 Corte e amostragem da forragem......................................................... 27

3.8 Delineamento estatístico....................................................................... 28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 30

4.1 Produção de massa seca (PMS).......................................................... 30

4.2 Taxa de acúmulo de forragem (TAF).................................................... 36

4.3 Composição bromatológica................................................................... 41

4.4 Composição mineral............................................................................. 59

5 CONCLUSÃO.......................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 76

Anexos........................................................................................................ 85

ii

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 Características de dejetos suínos (fezes + urina), expresso em

kg por 1.000 kg de peso vivo 4

Tabela 2 Dados de precipitação pluvial total (mm) e temperatura média

mensal (ºC) obtidos durante o período experimental 20

Tabela 3 Caracterização química do solo realizada em fevereiro de 2008 21

Tabela 4 Caracterização química da água residuária de suinocultura

utilizada durante o período experimental (fevereiro/2008 a

abril/2009). Dados expressos na matéria seca (% MS)

23

Tabela 5 Quantidade total de nutrientes, em kg ha-1, aplicada pela água

residuária de suinocultura. Dados expressos na matéria seca

(% MS)

25

Tabela 6 Frequência dos cortes realizados durante o período

experimental 28

Tabela 7 Efeito da dose aplicada sobre a produção de massa seca (kg

MS ha-1) obtida ao longo do período experimental 31

Tabela 8 Taxa de acúmulo de forragem (kg MS ha-1 dia-1) obtida ao longo

do período experimental 37

Tabela 9 Eficiência de utilização dos nutrientes (kg nutriente kg MS-1) 40

Tabela 10 Teores médios de massa seca (%) obtidos ao longo do período

experimental 43

Tabela 11 Teores de Proteína bruta (%), com base na MS obtidos ao

longo do período experimental 46

Tabela 12 Teores de FDN (%), com base na MS, obtidos em oito cortes da

Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com água residuária

de suinocultura

52

Tabela 13 Teores de FDA (%), com base na MS, em oito cortes da

Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com água residuária 56

iii

de suinocultura

Tabela 14 Teores de cálcio (% da MS) na Brachiaria brizantha cv Marandu

em função das doses aplicadas 60

Tabela 15 Teores de fósforo (% da MS) na Brachiaria brizantha cv

Marandu em função das doses aplicadas 64

Tabela 16 Teores de magnésio (% da MS) na Brachiaria brizantha cv

Marandu em função das doses aplicadas 68

Tabela 17 Teores de potássio (% da MS) na Brachiaria brizantha cv

Marandu em função das doses aplicadas 72

iv

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 Vista das instalações e lagoa de estabilização do

setor de suinocultura do IFET Triângulo Mineiro -

Campus Uberaba.

26

Figura 2 Croqui da área experimental. 29

Figura 3 Forragem acumulada (kg MS ha-1 ano-1) em função das

doses aplicadas no período 12/fev./08 a 29/abr./09. 35

Figura 4 Taxa de acúmulo de forragem (kg MS ha-1dia-1) da

Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com ARS no

período de 12/abr./08 a 29/abr./09. Cortes:1=12/04/2008; 2 =

31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008;

6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009.

39

Figura 5 Teores médios de massa seca (MS) da Brachiaria brizantha

cv. Marandu avaliada no período de abril de 2008 a abril de

2009.

43

Figura 6 Teores médios de proteína bruta (PB) da Brachiaria

brizantha cv. Marandu avaliada no período de 12 de abril de

2008 a 29 de abril de 2009.

47

Figura 7 Teores médios de FDN da Brachiaria brizantha cv. Marandu

avaliada no período de 12 de abril de 2008 a 29 de abril de

2009.

53

Figura 8 Teores médios de FDA da Brachiaria brizantha cv. marandu

avaliada no período de abril de 2008 a abril de 2009. 57

Figura 9 Teor médio de cálcio (% da MS) em função das doses de

ARS. 62

Figura 10 Teor médio de fósforo (% da MS) em função das doses de

ARS. 65

Figura 11 Teor médio de magnésio (% da MS) em função das doses

de ARS. 69

Figura 12 Teor médio de potássio (%) em função das doses de ARS. 72

v

PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA BRACHIARIA BRIZANTHA cv. MARANDU ADUBADA COM ÁGUA RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA

RESUMO

No presente trabalho objetivou-se avaliar o efeito da aplicação de diferentes doses de água residuária de suinocultura na produção e composição química da Brachiaria brizantha cv. Marandu, no período de 12 de fevereiro de 2008 a 29 de abril de 2009. Os tratamentos consistiram de: tratamento 1 = testemunha (0 m³ de água residuária de suinocultura ha-1); tratamento 2 = 100 m³ ha-1; tratamento 3 = 200 m³ ha-1; tratamento 4 = 300 m³ ha-1 e tratamento 5 = 600 m³ ha-1. As adubações foram divididas em oito aplicações, a cada 60 dias e o corte da forragem realizou-se quando a mesma atingia altura de 30 cm. O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados, com quatro repetições e cinco tratamentos, em esquema de parcelas subdivididas no tempo. As médias foram comparadas pelo programa “SISVAR” e o teste utilizado foi o de Tukey. O experimento consistiu na avaliação do terceiro ano da aplicação de água residuária de suinocultura na Brachiaria brizantha cv. Marandu, e iniciou-se em fevereiro de 2008 com o corte de uniformização das parcelas e a primeira aplicação de água residuária de suinocultura. Os parâmetros avaliados foram: produção de massa seca (kg MS ha-1), forragem acumulada (kg MS ha-1 ano-1), taxa de acúmulo de forragem (kg MS ha-1 dia-1), teores médios de massa seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, hemicelulose, cálcio, fósforo, magnésio e potássio. Foram observadas interações entre as doses de água residuária de suinocultura e os cortes em todos os parâmetros avaliados. Quanto à produção de massa seca, as doses de 300 e 600 m³ apresentaram os maiores valores e diferiram-se das demais (P<0,05). A taxa de acúmulo de forragem foi influenciada pela produção de forragem acumulada, e apresentou o mesmo comportamento, sendo superior nas doses de 300 e 600 m³. Os teores médios de proteína bruta foram maiores (P<0,05) nas doses de 300 e 600 m³ quando comparadas à testemunha, indicando aumento proporcional em função das doses. Os menores teores de FDN e FDA foram obtidos com a aplicação da maior dose de água residuária, o que significa maior consumo de forragem para os bovinos. Avaliando-se os minerais, observa-se que os teores médios de cálcio foram maiores (P<0,05) em todas as doses quando comparadas à testemunha, enquanto que para o fósforo e o magnésio o comportamento da forragem mediante as aplicações foi semelhante, ou seja, os maiores valores foram obtidos com as doses de 200, 300 e 600 m³ (P<0,05) com relação á testemunha. Os teores médios de potássio na forragem foram maiores nas doses de 300 e 600 m³, que diferiram-se estatisticamente (P<0,05) da testemunha. Portanto, conclui-se que as doses mais elevadas de água residuária de suinocultura (300 e 600 m³) proporcionaram os melhores resultados com relação aos parâmetros avaliados. Palavras-chave: biofertilizante, composição bromatológica, forragem, minerais, taxa de

acúmulo.

vi

PRODUCTION AND CHEMICAL COMPOSITION OF BRACHIARIA BRIZANTHA cv. MARANDU FERTILIZED WITH SWINE WASTEWATER

ABSTRACT

In the present study aimed to evaluate the effect of different quantities of swine wastewater in the production and chemical composition of Brachiaria brizantha cv. Marandu, from February 12, 2008 to April 29, 2009. The treatments were: treatment 1 = control (0 m³ of swine wastewater ha-1); treatment 2 = 100 m³ ha-1; treatment 3 = 200 m³ ha-1; treatment 4 = 300 m³ ha-1 and treatment 5 = 600 m³ ha-1. Fertilization was divided into eight applications every 60 days and cut the grass held up when it reached a height of 30 cm. The experimental design was a randomized complete block with four replications and five treatments in a split plot in time. Means were compared by "SISVAR" and the test used was Tukey. The experiment consisted in evaluating the third year of application of swine wastewaster in Brachiaria brizantha cv. Marandu, and began in February 2008 with the unification of cutting portions and the first swine wastewater application. The parameters evaluated were: dry matter production (kg DM ha-1), accumulated forage (kg DM ha-1 yr-1), rate of forage accumulation (kg DM ha-1 day-1), mean levels dry matter, crude protein, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and hemicellulose, calcium, phosphorus, magnesium and potassium. Interactions were observed between the levels of swine wastewater and cuts across all parameters. The production of dry weight, the quantities of 300 and 600 m³ showed the highest values and differed from the others (P <0.05). The rate of forage accumulation was influenced by forage production and accumulated had the same pattern, with higher quantities of 300 and 600 m³. The average content of crude protein were higher (P <0.05) at quantities of 300 and 600 m³ when compared to the control, indicating proportional increase in function of quantities. The lowest NDF and ADF were obtained with the application of the highest dose of swine wastewater, which means more consumption of forage for cattle. Evaluating the mineral, it is observed that the average content of calcium were higher (P <0.05) at all quantities when compared to the control, while for phosphorus and magnesium by the foraging behavior was similar applications, i.e., the highest values were obtained with quantities of 200, 300 and 600 m³ (P <0.05) compared to control. The average levels of potassium in the forage were higher at quantities of 300 and 600 m³, which differed statistically (P<0.05) of the control. Therefore, it is concluded that higher quantities of swine wastewater (300 and 600 m³) provided the best results with respect to parameters evaluated. Keywords: biofertilizer, chemical composition, forage, mineral, rate of accumulation.

1

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a criação de suínos vem sendo apontada como a grande vilã

da deterioração ambiental, independentemente do sistema de criação, sendo

considerada uma atividade de grande potencial poluidor face ao elevado número de

contaminantes gerados pelos seus efluentes, cuja ação individual ou combinada pode

representar importante fonte de degradação do ar, recursos hídricos e do solo.

Um dos maiores desafios confrontados pela suinocultura é a escolha do manejo

adequado dos dejetos, pois, uma vez apropriado, minimiza os riscos de poluição das

águas superficiais e subterrâneas por nitratos, fósforo e do ar, pelas emissões de

amônia (NH3), gás carbônico (CO2), óxido nitroso (N2O) e ácido sulfídrico (H2S).

Várias são as alternativas existentes capazes de oferecer uma destinação

ambientalmente correta e economicamente viável aos dejetos produzidos pela

suinocultura, e dentre elas, pode-se citar o uso de tratamento aeróbio (compostagem) e

anaeróbio (biodigestão anaeróbia e lagoa de estabilização). Uma vez estabilizados,

estes resíduos poderão ser utilizados na agricultura e pecuária, elevando a fertilidade

do solo e aumentando a produção vegetal e animal, levando-se em consideração a

região, clima, tipo de solo, etc, pois estes fatores interferem na velocidade de

degradação dos dejetos no solo e na liberação dos nutrientes para a forragem.

Dentre as gramíneas utilizadas na alimentação animal, o gênero Brachiaria

destaca-se por sua elevada exigência nutricional e deficiência em nutrientes de suma

importância para bovinos, como por exemplo, proteína, energia e fósforo. Logo, quando

fertilizadas com adubos minerais ou orgânicos respondem com aumento da produção e

massa seca, e conseqüentemente, com melhor aporte de nutrientes.

O uso da água residuária de suinocultura vem sendo cada vez mais enfatizado

como alternativa para minimizar custos com a adubação mineral, e promover aumento

na produção de matéria seca (t MS ha-1 ano-1), sendo este um relevante requisito para

aumentar o número de bovinos em áreas de pastejo.

A pecuária de corte no Brasil na maioria dos sistemas, até algum tempo atrás era

caracterizada pela baixa produção de matéria seca, fato que vem mudando ao longo

2

dos anos com o uso de alternativas que levam à sustentabilidade da atividade em

questão.

A bovinocultura no Brasil, e no mundo tropical, caracteriza-se pela grande

dependência das pastagens para produzir proteína animal, seja ela carne ou leite.

De modo geral, o solo e as forragens apresentam limitações quanto às

quantidades de nutrientes a serem aplicadas via dejetos de suínos, uma vez que,

devido à dieta balanceada que estes animais recebem, excretam grande quantidade de

determinados compostos que poderão inibir o crescimento da planta, quando em

concentrações muito elevadas.

Aliado à necessidade de se produzir maior quantidade de matéria seca possível

em áreas de pastagem, a utilização de água residuária de suinocultura desponta como

alternativa para promover o aumento na produção de forragem, em substituição à

adubação mineral.

De acordo com a revisão bibliográfica abordada, foi encontrada apenas uma

citação (Cunha, 2009) sobre o uso de doses superiores a 250 m³ de água residuária de

suinocultura, onde o autor avaliou a aplicação de 600 m³ ha-1 ano-1 no capim Marandu,

direcionando sua pesquisa ao impacto ambiental provocado pelo acúmulo de minerais

no solo. Verifica-se que há grande receio quanto ao uso de doses superiores a 250 m³

ha-1 ano-1, em função dos riscos ambientais que poderão se instalar no sistema solo,

planta e água.

Entretanto, a hipótese testada no presente trabalho baseou-se em verificar se a

aplicação de doses elevadas de água residuária de suinocultura no capim Marandu é

viável sob a ótica da produção vegetal direcionada à produção animal, uma vez que a

preocupação do suinocultor é aumentar a disposição destes resíduos produzidos em

volumes exorbitantes diariamente para que o bovinocultor obtenha produtividade com

as forragens adubadas com os dejetos de suínos, e desta forma, aplicar os conceitos

de sustentabilidade dentro da propriedade.

Objetivou-se neste trabalho avaliar a produção e a composição química da

Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com água residuária de suinocultura em

diferentes doses no período chuvoso e seco de fevereiro de 2008 a abril de 2009.

3

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Quantificação e reciclagem dos dejetos de suínos

Os suínos, quando comparados aos bovinos e considerando a mesma base (450

kg de peso vivo), excretam 1,9 vezes mais dejetos que um bovino de corte e 1,3 vezes

mais que um bovino leiteiro, o que corresponde a aproximadamente 16 t ano-1

(ENSMINGER et al., 1990 citados por TAKITANE, 2001).

A quantidade total de dejetos produzidos pelos suínos (fezes e urina), água

desperdiçada nos bebedouros e na higienização das instalações, resíduos de ração,

pêlos e poeira decorrente do processo criatório, varia de acordo com o desenvolvimento

ponderal desses animais, em valores decrescentes de 8,5 a 4,9% de seu peso vivo dia-1

na faixa dos 15 aos 100 kg de peso vivo (KONZEN, 1983; OLIVEIRA, 1993;

VOERMANS et al., 1994; BLEY JR, 2001).

Roppa (2001) afirmou que um dos fatores limitantes à expansão da produção de

suínos, é a alta capacidade poluente, pois um suíno adulto defeca o equivalente a 2,5

pessoas. PERDOMO et al. (2001) quando compararam a capacidade poluidora dos

dejetos de suínos, concluíram que a mesma é superior à de outras espécies, a exemplo

da humana, pois enquanto a demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) de um suíno de

85 kg de peso vivo varia de 189 a 208 g dia-1, a humana é de 45 a 75 g habitante-1 dia-1.

A produção intensiva de suínos consiste em uma importante atividade sócio-

econômica e sua exploração pode desencadear expressivos desequilíbrios ambientais,

em função das características físico-químicas apresentadas pela água residuária

gerada no processo, dentre as quais cita-se a alta DBO5 e redução do oxigênio

dissolvido na água. A DBO5 de uma suinocultura intensiva oscila entre 30.000 e 52.000

mg L-1 quando comparada ao esgoto doméstico, que é de 200 mg L-1 (PERDOMO,

1997).

Perdomo e Lima (1998) atribuíram o volume de dejetos líquidos produzidos pelos

suínos ao manejo, tipo de bebedouros, sistema de higienização adotado, frequência de

limpeza das baias e volume de água utilizado, bem como ao número e categoria de

animais.

4

Lucas Jr. (1998) relatou que a produção diária de esterco fresco por suíno em

fase de crescimento e terminação é de 2,30 a 2,75 kg. Estima-se em 2,97 milhões de

m3 a produção diária de dejetos de suínos no Brasil, sendo que para a região Sul essa

estimativa alcança 1,68 milhões de m3 dia-1 e no Rio Grande do Sul, 385.000 m3 dia-1

(ARNS, 2004). De acordo com a ACSURS, em 2009, estimava-se o rebanho suíno do

Rio Grande do Sul em 6.214.030 cabeças, ou seja, houve um aumento de 51,78%

comparado ao ano de 2004 (4.094.030 cabeças). O aumento do rebanho suíno, reflete

no volume de dejetos gerados, e desta forma com a poluição ambiental.

O grau de diluição do efluente gerado pelos suínos interfere no volume

produzido. Segundo Perdomo et al. (2001), um dejeto é considerado pouco diluído

quando apresenta mais de 4% de matéria sólida (MS), muito diluído com menos de

2,5% de MS e de média diluição com 2,6 a 3,9% de MS.

As características dos dejetos (Tabela 1) associam-se ao sistema de manejo

adotado e aos aspectos nutricionais, apresentando grandes variações na concentração

dos seus elementos entre produtores e dentro da própria granja.

Tabela 1. Características de dejetos suínos (fezes + urina), expresso em kg por 1.000 kg de peso vivo.

Parâmetro Unidade Valor Volume- urina kg 39 Volume- fezes kg 45 Densidade kg m-3 990 Sólidos totais kg 11 Sólidos voláteis kg 8,5 DBO5 kg 3,1 DQO kg 8,4 pH 7,5 Nitrogênio - total kg 0,52 Fósforo total kg 0,18 Potássio total kg 0,29 Minerais Cálcio kg 0,33 Magnésio kg 0,070 Sódio kg 0,067 Ferro mg 16 Manganês mg 1,9 Zinco mg 5,0 Cobre mg 1,2 Fonte: ASAE (1993, citado por PERDOMO et al., 2001).

5

Até a década de 70, os dejetos dos suínos não constituíam fator preocupante,

uma vez que a concentração de animais era pequena e as propriedades possuíam

solos com capacidade de absorvê-los, ou então eram utilizados como adubo orgânico

(LUCAS JR., 1994).

A maioria dos solos do Brasil é pobre em matéria orgânica, e atualmente vários

órgãos de pesquisa estão aprofundando seus estudos na questão da reciclagem dos

dejetos de suínos, submetendo-os a um tratamento adequado possibilitando que sejam

reutilizados como adubo orgânico, promovendo a recuperação do solo e melhorias nas

características físicas, químicas e biológicas do mesmo.

Sabe-se que a matéria orgânica exerce função especial na correção do solo, não

só por causa de seus efeitos sobre a fertilidade física, química e biológica, mas também

por apresentar efeitos redutores da poluição do solo causada pelo uso excessivo ou

desbalanceado de fertilizantes minerais (FORTES NETO et al., 2007).

Vale ressaltar que não basta apenas armazenar os dejetos, pois isto não

constitui uma forma de tratamento. De acordo com as atuais legislações ambientais os

resíduos destinados à adubação orgânica devem permanecer armazenados em

esterqueiras por um período mínimo de 120 dias, para que após este tempo de

retenção estejam estabilizados e aptos para serem utilizados como fertilizantes

orgânicos.

A quantidade a ser aplicada é de suma importância no contexto da viabilidade

econômica e sustentabilidade do processo de utilização dos dejetos, pois não deve

haver faltas nem excessos de nutrientes provenientes destes resíduos para que não se

inicie um problema ainda maior, que é a poluição ambiental. As doses a serem

aplicadas no solo irão depender do valor fertilizante, do resultado de análise do solo e

das exigências da cultura a ser implantada (MIRANDA et al., 1999).

A água residuária de suinocultura (ARS) constitui-se em excelente fonte de

nutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e potássio e, quando manejados

corretamente, podem suprir parcial ou totalmente o fertilizante mineral (BARNABÉ et al.,

2007).

Devido ao elevado volume de dejetos líquidos produzido pelos suínos em fase de

terminação, aproximadamente de 12 a 15 litros por animal por dia, verifica-se grande

6

dificuldade em aproveitar tais resíduos de forma racional, sem causar prejuízos

ambientais (KONZEN, 2003). O uso de água residuária de suinocultura (ARS) surgiu

como uma alternativa economicamente viável e ambientalmente correta, a ponto de

oferecer uma destinação adequada aos resíduos tratados em lagoas e que apresentam

a matéria orgânica degradada, passível de ser incorporada ao solo.

A Região Sul do Brasil detém de 60 a 70% da produção tecnificada de suínos e

aves, com 900 mil matrizes suínas e 341,95 milhões de aves, gerando

aproximadamente 450,5 milhões de toneladas de dejetos ao ano (KONZEN, 2003).

A estratégia recomendada para a utilização dos dejetos tem sido a de seu

armazenamento em esterqueiras para posterior uso em lavouras e pastagens como

biofertilizantes. Para que tal prática ocorra com o mínimo comprometimento dos

recursos naturais, principalmente do solo e da água, deve-se respeitar as condições da

cultura agrícola, da pastagem e do tipo de solo onde serão aplicados (MIRANDA;

SANTOS, 1999).

2.2 Características botânicas da Brachiaria brizantha cv Marandu

A importância das pastagens pode ser facilmente caracterizada, porque

constituem a base dos sistemas de produção de bovinos. Sabe-se que cerca de 80%

dos pastos encontram-se em algum estágio de degradação (BARCELLOS et al., 2001).

Dentre as espécies mais cultivadas e utilizadas em regiões sob condições de

Cerrado, a Brachiaria brizantha cv. Marandu tem apresentado alta capacidade de

adaptação, sendo responsável por grande parte da alimentação do rebanho bovino

criado a pasto. Trata-se de uma excelente fonte de alimento, de boa qualidade, desde

que se obedeça à exigência nutricional da planta, com adubação e manejo adequado,

caso contrário, perde o valor nutritivo rapidamente, principalmente após o florescimento

(VALLE et al., 2000).

A Brachiaria brizantha cv. Marandu cobre 30 milhões de hectares, o que equivale

a cerca de 50% das gramíneas cultivadas na região dos Cerrados, e se caracterizam

7

por não tolerar geadas fortes e temperatura inferior a 25º C, necessitando de

temperatura de 30ºC para se obter ótimos crescimentos (MACEDO, 2005).

A atividade agropecuária tem sido utilizada como alternativa de exploração

desses solos durante as últimas décadas e, gramíneas do gênero Brachiaria, têm

apresentado boa adaptação para estas condições de solo, haja vista sua predominância

na maioria das pastagens manejadas inadequadamente e sem uso de fertilização para

manutenção de sua produtividade (GAMA-RODRIGUES et al., 2002).

A Brachiaria brizantha (Hochst ex. A. Rich) Stapf, cv. Marandu é uma espécie

perene, cespitosa, com colmos eretos, possui sistema radicular vigoroso e profundo,

apresenta elevada tolerância à deficiência hídrica, ao frio e sombreamento, baixa

resistência à umidade, adapta-se a solos de média a alta fertilidade, absorve os

nutrientes em camadas mais profundas do solo (BARDUCCI et al., 2009).

Desde o início da década de 1980 já se conhecia B. brizantha e, em 1984, a

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa – liberou a primeira cultivar, a

Marandu, que em guarani significa novidade. Por ser um capim agressivo, adaptado a

solos de média fertilidade, tolerante à cigarrinha das pastagens e com bons índices de

produtividade animal, expandiu-se especialmente em áreas problema de B. decumbens,

como na Amazônia legal (sul do Pará, Tocantins, Acre, Rondônia, norte do Mato

Grosso), e estima-se que hoje cerca de 50% dos pastos cultivados brasileiros, ou

aproximadamente 50 milhões de hectares, estejam plantadas com essa cultivar,

estabelecendo-se outro extenso monocultivo (EMBRAPA, 2007).

Esta espécie foi lançada pela Embrapa em 1984 e por apresentar boa

produtividade e qualidade da forragem, rápido estabelecimento, boa cobertura de solos

e capacidade de competição com invasoras, passou a ser uma das principais espécies

forrageiras utilizadas na Região Centro Oeste e no Brasil, onde ocupa uma área de

cerca de 70 milhões de hectares (EMBRAPA, 2007).

A Brachiaria brizantha cv. Marandu é indicada para pastoreio e feno, consorcia-

se bem com o Calapogônio, soja perene, leucena e Stylosantes. Apresenta tem bom

potencial forrageiro com produção média de 50 toneladas de massa verde ha-1 ano-1 e

de 10 a 12 toneladas de massa seca ha-1 ano-1, baixa produção de sementes, teor de

proteína bruta aproximado de 10% na matéria seca. Devido à sua boa capacidade de

8

rebrota, é a mais cultivada para engorda, reúne boas condições para a fase de

terminação dos animais, resiste melhor ao frio do que a decumbens e ruziziensis

(SOARES FILHO et al., 2002).

A Brachiaria é o capim mais plantado no Brasil, sendo usado na cria, recria e

engorda dos animais criados à pasto, desde que seja bem manejada. O grande

interesse dos pecuaristas por esta espécie se prende ao fato das mesmas serem

plantas de alta produção de massa seca, terem boa adaptabilidade aos solos do

cerrado, responderem bem à adubação fosfatada, facilidade de estabelecimento,

persistência e bom valor nutritivo, além de apresentarem poucos problemas de doenças

e mostrarem bom crescimento durante a maior parte do ano, inclusive no período seco

(SOARES FILHO, 1997; VALLE et al., 2000; COSTA et al., 2005).

O gênero Brachiaria impõe-se pela notável capacidade de domínio ecológico em

solos ácidos e de baixa fertilidade, sendo que as espécies B. decumbens e B. brizantha

vêm trazendo solução provisória para a produção animal nos cerrados (CÂMARA;

SERAPHIN, 2002).

As forrageiras tropicais apresentam elevada produção de massa seca, com

estacionalidade marcante entre as estações das “águas” e “seca”. A estacionalidade

determina distribuição desuniforme da produção ao longo do ano, indicando grande

potencial para conservação de forragens por meio da ensilagem e/ou fenação

(EVANGELISTA et al., 2004).

A capacidade de produção da pastagem está intrinsecamente relacionada às

condições ambientais prevalecentes na área e às práticas de manejo adotadas. Assim,

fatores como temperatura, luz, água e nutrientes condicionam o potencial fotossintético

do dossel, em decorrência de alterações na área foliar e na capacidade fotossintética

da planta (MARCELINO et al., 2006).

As gramíneas do gênero Brachiaria estão amplamente difundidas em todo o

território brasileiro, representando cerca de 70 a 80% das áreas formadas de

pastagens, onde se encontra a maior parte do rebanho de corte (EL-MEMARI NETO et

al., 2009).

O Brasil tem vasta área de pastagens e condições edafoclimáticas favoráveis ao

desenvolvimento das plantas forrageiras e pastagens, entretanto, estatísticas têm

9

revelado um quadro de degradação, principalmente, devido ao mau uso que se faz do

solo, bem como ao manejo incorreto das pastagens. Conseqüentemente, o valor

nutritivo e a capacidade de recuperação destas plantas forrageiras diminuem,

aumentando os efeitos erosivos no solo. Como alternativa para buscar modificações

deste perfil pode-se utilizar o pastejo rotacionado, manejado e adubado, intensificando

o sistema de produção (FERNANDES et al., 2003).

Por possuir sistema radicular vigoroso e profundo, o capim Marandu apresenta

elevada tolerância à deficiência hídrica e absorção de nutrientes em camadas mais

profundas do solo, desenvolvendo-se em condições ambientais em que a maioria das

culturas produtoras de grãos e das espécies utilizadas para cobertura do solo, não se

desenvolveria (BARDUCCI et al., 2009).

2.3 Manejo da forragem

Devido à taxa de acúmulo de forragem ser normalmente utilizada para o

planejamento da produção animal, na tentativa de se adequar a demanda animal ao

suprimento de alimento produzido pelo pasto seria aceitável inferir que quando a taxa

de acúmulo de forragem é constante, a produção animal também o é. Porém, essa

expectativa não é verdadeira (ANDRADE et al., 2006).

A compreensão do processo de acúmulo de forragem de um pasto, aliado às

diferentes respostas ao processo de pastejo, determina o conhecimento da resposta

das gramíneas tropicais ao manejo a que são impostas. O aparecimento e alongamento

de folhas e colmos e a duração de vida das folhas são as características morfogênicas

que determinam diretamente o crescimento das plantas forrageiras (DIFANTE et al.,

2008).

Em estudos realizados por Difante et al. (2008), os autores observaram que a

estabilidade do capim Marandu apresenta-se variável com relação à época do ano e ao

início do seu período reprodutivo, em que ocorrem modificações entre as taxas de

aparecimento e mortalidade de perfilhos.

10

Mari (2003) relatou que conforme se distanciam os cortes das forragens, ocorre

um aumento dos teores de matéria seca, e explicou que deve-se manter a periodicidade

dos cortes com relação à altura do perfilho para manter a estabilidade dos mesmos.

Costa et al. (2006) enfatizaram que a produção de massa seca elevou-se

proporcionalmente ao aumento do intervalo entre cortes, porém o valor nutritivo (N, P, K

e Mg) da forrageira diminuiu. Os autores relataram ainda que os intervalos entre cortes

mais adequados para o capim Marandu foram entre 42 e 70 dias sem sombreamento,

visando a obtenção de maiores rendimentos de massa seca (MS).

A intensidade e freqüência dos cortes em pastagem de Brachiaria brizantha cv.

Marandu proporciona maior renovação dos tecidos, que está associada à maior

eficiência de produção de forragem (MARCELINO et al., 2006).

A altura de corte da planta influencia a produção de forragem em detrimento do

método de pastoreio da pastagem, ou seja, sob lotação contínua ou rodízio dos animais

em piquetes. VIEIRA e ZANINE (2006) demonstraram que existe uma amplitude ótima

de manejo em sistema de lotação contínua para produção de forragem no capim

Brachiaria brizantha cv. Marandu que varia de 20 a 40 cm de altura, de forma a

respeitar os limites da planta.

Em geral, o aumento da freqüência entre cortes resulta em incrementos

significativos da produção de forragem. A altura do corte é importante no rebrote pela

eliminação ou não de meristemas apicais, área foliar remanescente e pela diminuição

ou não das reservas orgânicas acumuladas (COSTA et al., 2004).

2.4 Produção de massa seca

O Brasil é um dos países de maior potencial de produção pecuária à pasto,

determinada, principalmente, por suas condições climáticas e vasta extensão territorial

(ZIMMER et al., 1995). As plantas forrageiras, bem como quaisquer outras de interesse

econômico, devem ser bem nutridas para apresentarem boa produção de massa

conjugada com adequado valor nutritivo, visando ao atendimento das exigências dos

animais.

11

Aliado à crescente necessidade de maior produção de massa seca em áreas de

pastagem, a utilização de água residuária de suinocultura (ARS) apresenta-se como

uma alternativa capaz de promover o aumento na produção de alimentos para bovinos,

em substituição à adubação mineral, o que será, posteriormente, convertido em

proteína animal e utilizado na alimentação humana.

A suinocultura vem sendo apontada como a grande vilã da deterioração

ambiental, independentemente do sistema de criação adotado. Mesmo sendo uma

atividade de grande potencial poluidor, quando os dejetos por ela produzidos são

tratados de forma correta (lagoas de estabilização ou biodigestores), passa a influenciar

diretamente na redução do uso do adubo mineral. Vale ressaltar que, para se obter

maiores produções de massa de forragem com o uso dos dejetos de suínos em

pastagens, em substituição aos adubos minerais, os mesmos devem ser utilizados de

forma racional e criteriosa, respeitando-se o período de fermentação mínimo de 45 dias,

período este que varia em função da época do ano, região, tipo de solo, dentre outros

fatores relacionados ao sistema de manejo.

O aumento na produção de massa seca (t ha-1 ano-1) constitui um importante

parâmetro para calcular o suprimento de forragem diário em determinada estação do

ano (taxa de acúmulo de forragem), a qual serve de base para calcular a capacidade de

suporte (UA ha-1) em áreas de pastejo.

Devido ao elevado volume de dejetos líquidos produzido pelos suínos em fase de

terminação, aproximadamente de 12 a 15 litros por animal por dia (KONZEN, 2003),

verifica-se grande dificuldade em aproveitá-los de forma racional, sem causar prejuízos

ambientais.

Os fatores que mais afetam o perfilhamento de uma forrageira são o genótipo, o

florescimento, a nutrição mineral (em especial o nitrogênio interagido com fósforo e

potássio, por favorecer o aumento populacional de perfilhos) e o manejo de cortes e

elementos de clima, como luz, temperatura, fotoperíodo e disponibilidade hídrica

(GOMIDE et al., 2003; REZENDE et al., 2008).

O crescimento e a persistência de gramíneas nos trópicos são freqüentemente

limitados pela deficiência de nitrogênio no solo, uma vez que este nutriente acelera a

12

formação e o crescimento de novas folhas e aumenta o vigor de rebrota, melhorando

sua recuperação após o corte e resultando em maior produção (SILVA et al., 2009).

Conforme se distanciam os cortes, os teores de massa seca tendem a aumentar,

contudo, paralelamente, ocorre decréscimo em seu valor nutritivo. O maior número de

perfilhos significa maior disponibilidade de nutrientes no solo e boas condições

climáticas (MEDEIROS et al., 2007).

O conjunto de perfilhos (densidade populacional), associado aos padrões

demográficos de perfilhamento (natalidade, mortalidade e sobrevivência), determina a

produção da pastagem. O crescimento, caracterizado pela emissão de novas estruturas

(folhas e/ou hastes) não é o único processo determinante da produção vegetal num

ambiente de pastagem (PINTO et al., 2001).

Quanto ao uso de ARS em espécies vegetais, a dose a ser aplicada deve seguir

o princípio da exportação do nutriente para a produção da espécie, com isso os riscos

ambientais são minimizados (VIELMO, 2008). O autor citou que, em pesquisa realizada

em Patos de Minas - MG, foram obtidas produtividades crescentes, variando de 5.200 a

7.700 kg ha-1 de milho, com aplicação de 45 a 180 m3 ha-1 de dejetos de suínos,

respectivamente

O aumento na produção de massa seca (PMS) foi observado por ROSA et al.

(2002) quando utilizaram dose de 100 a 200 m³ de ARS. Os autores verificaram PMS

máxima de 8.518 kg ha-1 nos cortes realizados de janeiro a abril, com doses

compreendidas entre 100 e 200 m³ de DLS.

Konzen (2003) trabalhando com adubação de Brachiaria brizantha cv. Marandu

(braquiarão) e avaliando doses crescentes de dejetos de suínos, em experimento

realizado no estado de Goiás, observou incrementos de 156 % na produção de matéria

seca e 230 % na proteína utilizando doses de 15 a 200 m³ ha-1.

Drumond (2003) avaliando a aplicação de ARS em Tifton 85 irrigado, obteve um

aumento de cerca de duas vezes na produção de matéria seca com o aumento da dose

de DLS de 50 a 200m³ ha-1 ano-1 de ARS, comparado ao tratamento que recebeu

somente água.

Rezende et al. (2004) encontraram para a Brachiaria brizantha cv Marandu

adubada com 60, 90 e 180 m³ ha-1 ano-1 de ARS, produções de massa seca iguais a

13

4,1; 5,0 e 7,2 t MS ha-1, respectivamente. Quando aplicaram 180 m³ ha-1 ano-1 de ARS

“in natura” observaram produção de 7,0 t ha-1.

Rosa et al. (2004) avaliando o efeito de diferentes doses de ARS (100, 150 e 200

m³) na PMS da Brachiaria brizantha cv Marandu, encontraram produções iguais a

1.737; 2.307 e 2.819 kg MS ha-1, respectivamente, para o ano agrícola 2001/2002.

Freitas et al. (2005) observaram que a aplicação de 200 m³ ha-1 ano-1 de ARS

proporcionou PMS média de 2.269 kg ha-1 no intervalo de novembro de 2003 a abril de

2004.

Costa et al. (2005) observaram que a precipitação e a umidade relativa foram as

características climáticas que mais variaram e influenciaram na produção de MS.

Em pesquisa desenvolvida por Castamann (2005) foi possível observar a

influência da aplicação de doses crescentes de ARS no rendimento de grãos de trigo,

onde a produção decaiu com o aumento da dose em função das exigências minerais da

cultura terem sido atendidas com as menores doses.

Menezes et al. (2009) encontraram para o Tifton 85 adubado com 150 m³ de

água residuária de suinocultura, produção de massa seca 32,6% superior à testemunha

(sem adubação), mostrando o efeito positivo dos dejetos de suínos no crescimento e

produção da pastagem.

Durante o período de crescimento das forrageiras exploradas em sistemas

intensivos de produção de pastagens, as taxas de crescimento e de acúmulo de

forragem podem ser elevadas fazendo com que grandes produções de matéria seca

sejam asseguradas, com risco de perda de qualidade, em decorrência de atrasos na

colheita ou de pastejo mal executado. Nessas situações, o método de pastoreio sob

lotação rotacionada é uma técnica que assegura o aproveitamento eficiente da

produção, respeitando as exigências específicas e particulares de freqüência,

intensidade e época de cote da planta forrageira (REZENDE et al., 2008).

A compreensão do processo de acúmulo de forragem de um pasto, aliado às

diferentes respostas ao processo de pastejo, determina o conhecimento das respostas

das gramíneas tropicais ao manejo a que são impostas (DIFANTE et al., 2008).

14

2.5 Composição bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu

A qualidade de uma planta forrageira é representada pela associação da

composição bromatológica, da digestibilidade e do consumo voluntário, entre outros

fatores, da forragem em questão. Por isso, é de grande importância o conhecimento

dos teores de proteína bruta, composição da parede celular e matéria seca para

compreender os benefícios que a forragem trará à nutrição animal. Estes constituintes

variam com a idade e parte da planta, fertilidade do solo, condições climáticas e manejo

ao qual a forragem está submetida (GERDES, 2000).

O sistema proposto por Van Soest para análise de plantas forrageiras estabelece

que a planta divide-se em duas porções: conteúdo celular e parede celular. Em 1965,

Van Soest desenvolveu o fracionamento dos constituintes da parede celular para avaliar

a qualidade das forrageiras, e utilizou de um sistema de detergentes (neutro e ácido)

para tal separação. Neste sistema, Van Soest observou que quando submetera a

forragem a uma solução contendo detergente neutro, o conteúdo celular (CC) da

mesma se solubilizara, permanecendo insolúvel a parede celular (PC) ou fibra em

detergente neutro (FDN) composta por celulose, hemicelulose, lignina, queratina e

sílica. Em outra etapa, a amostra foi tratada com solução contendo detergente ácido,

que solubilizou o CC e a hemicelulose, permanecendo insolúveis as porções referentes

à lignina e celulose, as quais compõem a fibra em detergente ácido (FDA).

Na prática da produção animal, busca-se manejo de pastagem onde seja

possível obter forragens com teores de FDN menores ou iguais a 65%, para que não

haja prejuízos no consumo de matéria seca pelos bovinos. Níveis abaixo de 65%

garantem aos microrganismos ruminais um maior aproveitamento dos nutrientes da

dieta consumida pelo bovino, e conseqüentemente, proporcionam um melhor

desempenho do mesmo.

A maioria das forrageiras tropicais apresenta alta porcentagem de parede celular

e baixo conteúdo celular (Prado, 2007). O conteúdo celular, representado pela fração

solúvel, mostra, potencialmente, 100% de digestibilidade. A parede celular, constituída

pela fração insolúvel, apresenta potencial de degradação mais baixo, sendo resistente

ao ataque de enzimas do trato gastrintestinal de ruminantes (SILVA; QUEIROZ, 2002).

15

A FDN é composta basicamente por celulose, lignina e hemicelulose, portanto

elevados níveis desta fração contida na matéria seca, indicam menor espessamento da

parede celular, e menores teores de nutrientes digestíveis como a proteína, lipídeos,

vitaminas, dentre outros presentes no conteúdo celular. A participação das frações FDN

e FDA (celulose e lignina) na massa seca de gramíneas varia em função do estádio de

maturidade da planta, parte da planta, freqüência e altura de corte, fertilidade do solo e

condições climáticas (WERNER, 1993).

Em se tratando de produção animal, a FDN e a FDA predizem o consumo e a

digestibilidade da forragem, expressa na base seca. A FDN relaciona-se diretamente ao

efeito de enchimento do rúmen e inversamente à concentração energética da dieta de

bovinos (BERCHIELLI et al., 2006).

Com a aplicação de doses crescentes de ARS, aumenta-se o fornecimento de

nitrogênio e potássio ao solo, os quais promovem o crescimento das plantas e

favorecem o aumento da relação folha/caule. Quanto maior a quantidade de folhas da

planta, menores serão os teores de FDN e FDA.

Devido à presença de microrganismos, os carboidratos estruturais presentes na

parede celular podem ser degradados no rúmen. A suscetibilidade à degradação

ruminal da porção fibrosa varia entre espécies e com a idade ou nível de maturação da

forrageira. À medida que se avança no desenvolvimento vegetal rumo ao estágio de

maturação, ocorre drástica diminuição do teor protéico e aumento do teor de fibra,

associado ao aumento no teor de lignina. A lignina forma uma barreira que impede a

aderência microbiana e a hidrólise enzimática da celulose e hemicelulose,

indisponibilizando os carboidratos estruturais potencialmente degradáveis, diminuindo a

digestibilidade da fibra e a qualidade e o aproveitamento da forragem (RODRIGUES et

al., 2004).

Segundo Van Soest (1982, citado por Gerdes et al., 2000), a determinação de

fibra bruta, reconhecida na análise bromatológica de Weende, não reflete a qualidade

da forragem. Este autor afirma que a técnica de determinação de fibra insolúvel em

detergente neutro (FDN) em plantas forrageiras é a melhor estimativa de qualidade.

A parede celular das plantas forrageiras é a principal fonte de energia para

ruminantes e o seu conteúdo é nutricionalmente importante, porque as plantas com

16

altos teores de componentes da fração fibrosa apresentam baixos valores de

digestibilidade e de consumo (ROSA et al., 2000).

Os componentes básicos da parede celular são, basicamente, a lignina e os

carboidratos estruturais, celulose e hemicelulose, que são geralmente degradados a

taxas menores do que as dos componentes solúveis (conteúdo celular). As estruturas

da hemicelulose e da celulose são interligadas por pontes de hidrogênio, que, após a

hidrólise da primeira, tornam a estrutura da celulose mais livre, portanto, mais suscetível

à ação dos microrganismos do rúmen. Além disso, as ligações químicas entre a lignina

e a hemicelulose são do tipo éster, portanto mais fáceis de serem rompidas do que as

do tipo éter, existentes entre a lignina e a celulose (LAU; VAN SOEST, 1981).

Segundo Euclides (1995, citado por COSTA et al. 2005) a variabilidade do valor

nutritivo entre as espécies e cultivares é pequena, sendo que as maiores mudanças

ocorrem nas característica que acompanham a maturação da planta, como a proteína,

minerais, parede celular. À medida que a planta amadurece, os teores de proteína

bruta, minerais e outros componentes do conteúdo celular diminuem, enquanto que os

da parede celular aumentam.

O valor nutritivo das plantas é afetado por fatores fisiológicos, morfológicos,

ambientais e por diferenças entre espécies, sendo que, no caso das plantas forrageiras,

o declínio do valor nutritivo associado ao aumento da idade, normalmente é explicado

como o resultado da maturidade da planta (SOARES FILHO et al., 2002).

Como toda forrageira tropical, o capim Marandu concentra a maior parte de sua

PMS durante o período das chuvas, principalmente em conseqüência de fatores

climáticos, como temperatura e precipitação pluviométrica (CASTRO et al., 2007). Por

isso, deve-se estabelecer a melhor altura e idade ao corte ou pastejo da forragem, uma

vez que esta idade representa o ponto de equilíbrio entre o valor nutritivo e a produção

de massa seca (PMS).

Gerdes et al. (2000) constataram que a melhor idade de corte do cultivar

Marandu, visando conciliar produção e teor de proteína bruta (PB), situa- se entre 56 e

70 dias, e afirmaram também que as forragens tropicais possuem habilidade natural de

acumular mais constituintes da parede celular que as espécies de clima temperado.

17

A produção de massa seca da Brachiaria brizantha cv. Marandu varia de 0,3 até

13,5 t ha-1, conforme a idade ao corte, de 14 até 126 dias (Castro et al., 2007). Com

relação à composição químico-bromatológica, são descritos valores de PB de 8,9% a

18,6%, FDN de 57,9% a 72,7% e digestibilidade in vitro da matéria seca de 59,4% a

71,6%, os quais também são influenciados pela idade da planta ao corte (SOARES

FILHO et al., 2002). Em trabalho realizado por Castro et al. (2007), os autores

realizaram o corte da Brachiaria brizantha cv. Marandu em quatro idades (28, 56, 84 e

112 dias), e encontraram teores de PB de 11,6; 8,5; 5,0 e 4,8% e FDN de 51,7; 56,9;

61,2 e 60,6%, respectivamente para as idades de corte acima citadas.

Teores de inferiores a 7% na matéria seca de algumas gramíneas tropicais

acarretam redução na digestão das mesmas, devido aos inadequados níveis de

nitrogênio para os microorganismos do rúmen (MILFORD; MINSON, 1966 GERDES et

al., 2000).

Em pesquisa conduzida por Freitas et al. (2005), em que os autores avaliaram a

produção e a composição bromatológica do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu

fertilizado com ARS, observaram que a aplicação de 150 m3 ha-1 ano-1 de ARS pode

substituir a adubação NPK (160 kg ha-1 ano-1 de N + a reposição de 3,5 kg de P2O

5 e 18

kg de K2O por tonelada de matéria seca retirada) na recuperação de pastagens na

região dos Cerrados.

Medeiros et al. (2005) avaliaram as características bromatológicas do capim

Marandu fertirrigado com ARS, e observaram que os melhores resultados foram obtidos

com aplicação de 180 m3 ha-1 ano-1 de ARS, e ainda que a ARS pode substituir a

adubação mineral de forma satisfatória.

A redução do teor de PB da gramínea também foi observada por Postiglioni

(2000), na estação do outono, fato este que pode estar associado às variações

estacionais ocorridas na Brachiaria brizantha cv. Marandu, ou seja, a visualização do

decréscimo na relação folha-caule a partir do verão até o outono, época em que a

planta atinge a maturação.

Rosa et al. (2002) observaram que a produção de matéria seca do capim

marandu adubado com 200 m3 ha-1 ano-1 de ARS, foi superior (8.518 kg ha-1) à do

18

tratamento que recebeu adubação mineral (NPK), cuja produção de matéria seca foi de

8.049 kg de MS. Os mesmos autores mostraram diferenças (P<0,05) para o teor de

FDN entre tratamentos com aplicação de 100 (69,29%), 150 (69,49%) e 200 m³ ha-1 de

ARS (69,26%) e adubação mineral (71,59%), entretanto não observaram diferenças

significativas para os teores de FDA e hemicelulose entre os tratamentos.

Konzen (2003) trabalhando com adubação de Brachiaria brizantha cv. Marandu e

avaliando doses crescentes de dejetos de suínos, em experimento realizado no estado

de Goiás, observou incrementos de 156 % na produção de matéria seca e 230 % na

proteína.

A quantidade de nitrogênio no solo aumenta com o uso de ARS, evidenciando o

elevado potencial deste material orgânico como fonte de nitrogênio para as culturas,

sendo que a aplicação continuada de dejetos na mesma área resulta em aumento na

disponibilidade de nitrogênio (CASTAMANN, 2005).

O suprimento de nutrientes constitui-se em importante fator na nutrição de

plantas, tendo em vista que a disponibilidade desses exerce grande influência na

qualidade da pastagem, que, por sua vez, reflete na produção e na recuperação da

forrageira (COSTA et al., 2009).

19

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Descrição da área experimental

A pesquisa foi conduzida na Fazenda Escola do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFET) - Campus Uberaba localizada no

município de Uberaba-MG. A área do experimento está a 795 m de altitude e suas

coordenadas geográficas são 19º39’ S e 47º57’W.

O experimento foi conduzido no período de 12 de fevereiro de 2008 a 29 de abril

de 2009, em área de 320 m², com topografia suave ondulada, cultivada com a gramínea

Brachiaria brizantha cv. Marandu.

O presente trabalho foi avaliado em seu terceiro ano, por estar vinculado à

pesquisa realizada por Cunha (2009) com o objetivo de avaliar o impacto ambiental

causado pela bioacumulação dos elementos zinco e cobre provenientes da água

residuária de suinocultura, quando utilizada nas doses de 100; 200; 300 e 600 m³ ha-1

ano-1, aplicada à Brachiaria brizantha cv. Marandu.

3.2 Clima

O clima da região foi classificado pelo método de Köppen como do tipo Aw, ou

seja, tropical quente úmido, com inverno frio e seco. Nos período de dezembro a abril

registraram-se os maiores índices de precipitação pluviométrica e de maio a outubro os

menores. A temperatura média e precipitação durante o período experimental são

apresentadas na Tabela 2.

Os dados foram obtidos na estação climatológica pertencente à Empresa de

Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), localizada na latitude 19º 44” S e

longitude 47º44’ W, a uma altitude de 738 m, localizada na fazenda experimental

Getúlio Vargas, em Uberaba.

20

Tabela 2. Dados de precipitação pluvial total (mm) e temperatura média mensal (ºC) obtidos durante o período experimental.

Ano 2008 Ano 2009 Meses Temperatura

média (ºC) Precipitação pluvial (mm)

Temperatura média (ºC)

Precipitação pluvial (mm)

Janeiro 24,50 395,20 24,00 294,20 Fevereiro 23,30 385,30 24,50 251,60 Março 23,50 321,40 24,30 209,30 Abril 23,10 236,00 22,60 48,40 Maio 19,90 75,20 - - Junho 20,10 0,00 - - Julho 19,40 0,00 - - Agosto 22,50 18,80 - - Setembro 23,10 40,20 - - Outubro 25,40 68,80 - - Novembro 24,40 110,40 - - Dezembro 23,50 450,30 - - Média 22,70 - 23,9 Total - 2101,60 - 803,50 Fonte: EPAMIG, 2009. Dados obtidos na estação climatológica da EPAMIG, em

Uberaba.

A distribuição da precipitação pluvial no período seco (abril a setembro) e

chuvoso (outubro a março) pode ser observada no Anexo 1.

3.3 Solo

O solo da área experimental foi classificado como LATOSSOLO Vermelho

distrófico (EMBRAPA, 1999). O solo apresentau textura arenosa na profundidade de 0-

10 cm com 135; 94 e 771 g dm-3 e textura média na profundidade de 10-20 cm com

185; 43 e 772 g dm-3 de argila, silte a areia, respectivamente. As análises de

caracterização da textura do solo foram realizadas pelo método da pipeta (EMBRAPA,

1997) e as determinações químicas anteriores à implantação do experimento, de

acordo com RAIJ et al. (1996).

Segundo a CFSEMG (1999) solos com teor de argila inferior a 150 g dm-3 são

classificados como arenosos e entre 150 e 350 g dm-3 de argila são classificados como

de textura média. A análise química do solo (Tabela 3) foi realizada em fevereiro de

2008, após o corte de uniformização da forragem. Os dados apresentados na Tabela 3

21

e Anexo 2, referem-se ao terceiro ano de aplicação da ARS na Brachiaria brizantha cv.

Marandu, que teve início em 2005.

Tabela 3. Caracterização química do solo realizada em fevereiro de 2008.

pH M.O. V T SB H+Al Tratamentos

Profundidade (m) CaCl2 g dm-3 % ----------------mmolc dm

-3----

0 - 0,10 4,40 19,25 26,75 49,78 13,53 36,25 Testemunha

0,10 - 0,20 4,13 17,00 14,00 45,50 6,50 39,00

0 - 0,10 4,80 20,75 41,50 54,63 22,88 31,75 100 m³

0,10 - 0,20 4,28 18,25 21,50 54,30 12,05 42,25

0 - 0,10 4,85 21,50 44,25 63,68 28,68 35,00 200 m³

0,10 - 0,20 4,23 17,75 20,25 59,78 12,53 47,25

0 - 0,10 5,35 23,50 61,25 71,15 44,40 26,75 300 m³

0,10 - 0,20 4,38 18,50 26,50 53,88 14,88 39,00

0 - 0,10 5,20 25,75 64,50 87,50 57,25 30,25 600 m³

0,10 - 0,20 4,45 21,00 29,00 60,25 17,25 43,00 P K Ca Mg mg dm-3 ----------------------------mmolc dm

-3---------------- 0 - 0,10 45,00 0,78 8,50 4,25

Testemunha 0,10 - 0,20 44,25 0,50 4,00 2,00 0 - 0,10 89,50 0,63 17,75 4,50

100 m³ 0,10 - 0,20 97,75 0,55 9,00 2,50 0 - 0,10 184,00 0,68 24,25 3,75

200 m³ 0,10 - 0,20 179,00 0,53 9,75 2,25 0 - 0,10 242,25 0,65 38,50 5,25

300 m³ 0,10 - 0,20 81,25 0,63 11,75 2,50 0 - 0,10 430,00 0,75 51,50 5,00

600 m³ 0,10 - 0,20 114,50 0,50 14,25 2,50

B Cu Fe Mn Zn -------------------------------------mmolc dm

-3------------------- 0 - 0,10 0,25 3,20 51,75 4,55 3,00

Testemunha 0,10 - 0,20 0,27 3,40 48,75 3,25 2,43 0 - 0,10 0,23 4,48 58,75 4,25 5,78

100 m³ 0,10 - 0,20 0,26 6,28 66,00 3,08 9,90 0 - 0,10 0,26 7,68 66,50 4,33 9,98

200 m³ 0,10 - 0,20 0,28 9,10 124,00 3,75 9,80 0 - 0,10 0,29 8,08 45,00 3,58 14,18

300 m³ 0,10 - 0,20 0,27 4,80 51,50 2,50 5,45 0 - 0,10 0,34 13,70 50,25 3,88 20,83

600 m³ 0,10 - 0,20 0,31 5,20 60,00 2,58 6,70

Caracterização realizada conforme metodologia descrita por Raij et al. (1996). pH = utilizando o extrator CaCl2; M.O = matéria orgânica; V = saturação por bases; CTC= capacidade de troca catiônica; SB= soma de bases.

22

3.4 Obtenção e caracterização da água residuária de suinocultura (ARS)

A água residuária de suinocultura (ARS) foi obtida a partir da criação de suínos

confinados em galpões de recria e terminação pertencentes ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Campus Uberaba.

Devido à lavagem diária das baias com água sob pressão, o dejeto gerado foi

conduzido através de canaletas até as duas lagoas de estabilização existentes no setor,

não seqüenciais, revestidas com manta de PVC flexível, cada uma com capacidade de

armazenamento médio de 30.000 litros (L).

A ARS foi submetida a um período de estabilização de aproximadamente 60 dias

na lagoa 1, e durante este período a segunda lagoa (lagoa 2) encontrava-se

armazenando os dejetos diários, ou seja, o sistema foi dimensionado para

funcionamento em sistema de rodízio. Enquanto a primeira lagoa (lagoa 1) promovia a

estabilização da ARS, a segunda lagoa armazenava a produção diária. Quando a

segunda lagoa estava próxima de sua capacidade total de armazenamento realizava-se

o esvaziamento da primeira (em estabilização) e como medida de destinação dos

resíduos realizava-se a aplicação controlada do ARS em áreas agrícolas do IFET –

Uberaba.

Para a realização da coleta das amostras dos dejetos, retirou-se o líquido

sobrenadante através de um tanque de sucção tratorizado da marca Maconel, a fim de

se obter um resíduo com maior concentração de sólidos totais (ST). Instalou-se um

reservatório em PVC na área experimental, o qual recebeu o volume coletado da lagoa,

e antes de cada aplicação, o material foi homogeneizado com uma pá de madeira, tanto

para ser aplicado nas parcelas quanto para ser amostrado e caracterizado (Tabela 4).

Foram coletados dois litros de amostra a cada aplicação, sendo esta

encaminhada ao Laboratório de Solos do IFET, para a determinação do teor de sólidos

totais (ST), em estufa de circulação forçada de ar, à temperatura de 65ºC, segundo

método descrito pela APHA (1995).

23

Tabela 4. Caracterização química da água residuária de suinocultura utilizada durante o período experimental (fevereiro/2008 a abril/2009). Dados expressos na matéria seca (% MS).

Elementos

ST** N*** P Ca Mg K Na Fe Cu Zn Mn Aplicações*

---------------------------------------g kg -1-------------------------- -----------------------------mg kg -1---------------------------------

1 5,70 3,87 2,09 3,99 0,23 0,20 34 19.050 525 2.025 675

2 4,50 2,53 1,10 1,77 0,17 0,27 30 11.300 94 550 164

3 6,83 3,54 1,94 3,29 0,38 0,29 31 16.075 475 2.225 825

4 8,13 3,60 2,31 4,23 0,36 0,53 74 18.025 575 1.900 850

5 10,98 2,83 3,28 4,49 0,38 0,28 50 19.975 475 1.425 1.400

6 5,81 3,26 2,33 4,65 0,28 0,28 41 17.875 575 2.000 975

7 7,56 2,42 1,89 4,44 0,25 0,22 10 24.400 360 1.570 680

8 4,65 3,86 2,16 5,11 0,33 0,30 9 13.400 490 2.050 840

Média 6,77 3,24 2,14 4,00 0,30 0,30 34,88 17.512 446 1.718 801

*1-Fev./08; 2-Abr./08; 3-Jun./08; 4-Ago./08; 5-Out./08; 6-Dez./08; 7-Fev./09; 8-Abr./09. **ST = sólidos totais; *** N total = nitrogênio total; P = fósforo; Ca = cálcio; Mg = magnésio; K = potássio; Na = sódio; Fe = ferro; Cu = cobre; Zn = zinco; Mn = manganês.

24

Os dados apresentados na Tabela 5 representam as quantidades totais de

nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) divididas em oito aplicações.

Após determinação dos ST, o material foi encaminhado ao Laboratório de

Nutrição Animal das Faculdades Associadas de Uberaba para a determinação do

nitrogênio total (AOAC, 1995) e fósforo (SILVA; QUEIROZ, 2002). Os elementos cálcio

(Ca), potássio (K) e magnésio (Mg) foram determinados em espectrofotômetro de

absorção atômica, modelo GBB, no Laboratório Central da Universidade Estadual

Paulista – Campus de Jaboticabal.

As aplicações iniciaram-se em 12 de fevereiro de 2008, data esta em que

ocorreu o corte de uniformização da forragem Brachiaria brizantha cv. Marandu, e

sucederam-se com intervalos de 60 dias, para efeito de maior decomposição dos

compostos químicos dos dejetos pelos microrganismos do solo, principalmente em se

tratando de doses elevadas, como as de 300 e 600 m³ ha-1 ano-1.

O corte de uniformização da forragem foi feito com o auxílio de um cutelo,

deixando um resíduo com altura de 20 cm. O fator determinante, utilizado neste

experimento para a realização dos cortes foi a altura da pastagem (30 cm). Para

Pedreira et al. (2007) a altura pode ser usada como ferramenta de manejo para controle

e monitoramento do processo de pastejo, e esta opção baseia-se no fato de que para

se comparar adequadamente uma determinada variável, as plantas devem estar em

uma condição fisiológica semelhante (GARDNER, 1986).

25

Tabela 5. Quantidade total de nutrientes, em kg ha-1, aplicada pela água residuária de suinocultura. Dados expressos na matéria seca (% MS).

Doses de ARS (m³)

100 200 300 600

N P K N P K N P K N P K Aplicações*

kg ha-1

1 27,57 14,89 1,43 55,15 29,78 2,85 82,72 44,67 4,28 165,44 89,35 8,55

2 15,41 6,19 1,52 30,83 12,38 3,04 46,24 18,56 4,56 92,48 37,13 9,11

3 30,91 16,56 2,48 61,81 33,13 4,95 92,72 49,69 7,43 185,43 99,38 14,86

4 36,99 23,48 5,39 73,98 46,95 10,77 110,97 70,43 16,16 221,95 140,85 32,32

5 39,25 45,02 3,84 78,51 90,04 7,69 117,76 135,05 11,53 235,52 270,11 23,06

6 24,40 16,92 2,03 48,80 33,84 4,07 73,21 50,76 6,10 146,41 101,53 12,20

7 23,06 17,86 2,08 46,12 35,72 4,16 69,17 53,58 6,24 138,35 107,16 12,47

8 22,61 12,56 1,74 45,22 25,11 3,49 67,83 37,67 5,23 135,66 75,33 10,46

Total 220,21 153,47 20,51 440,42 306,94 41,01 660,62 460,42 61,52 1321,24 920,83 123,03 *1-Fev./08; 2-Abr./08; 3-Jun./08; 4-Ago./08; 5-Out./08; 6-Dez./08; 7-Fev./09; 8-Abr./09.

26

3.5 Definição do experimento

Os dejetos gerados pelos suínos foram transportados por gravidade, através de

canaletas até as lagoas de estabilização, para tratamento e posterior aplicação no

pasto. Foram avaliados cinco tratamentos representados pelas doses de ARS (0; 100;

200; 300 e 600 m³ ha-1ano-1) coletadas em lagoa de estabilização, com o auxílio de

tanque de sucção tratorizado.

A área utilizada para o experimento consistia em um módulo formado por

Brachiaria brizantha cv. Marandu, localizado próximo às lagoas de estabilização que

recebem os dejetos da suinocultura (Figura 1).

Figura 1 – Vista das instalações e lagoa de estabilização do setor de suinocultura do IFET Triângulo Mineiro - Campus Uberaba.

3.6 Aplicação dos dejetos

Os ARS foram aplicados nas parcelas manualmente, com o auxílio de um

regador com volume de 10 L. Cada parcela foi fertirrigada em intervalos de 60 dias, a

partir da data de uniformização (12/02/2008), totalizando oito aplicações ao final de 12

meses, pois devido à alta taxa de matéria orgânica adicionada ao solo, demanda-se

maior tempo entre uma aplicação e outra para que os microrganismos do solo possam

degradar a matéria orgânica, levando-se em consideração o clima da região.

27

3.7 Corte e amostragem da forragem

O manejo de algumas forrageiras estacionais, como a Brachiaria, por exemplo,

varia em função das condições climáticas, espécie forrageira, dentre outros fatores. O

manejo aplicado à pastagem foi uma simulação de pastejo, uma vez que não havia

animais na área. A partir do corte de uniformização realizado em fevereiro de 2008, os

demais cortes foram realizados quando a forragem atingia altura de 30 cm, sendo

mantido um resíduo a 20 cm do solo.

O método adotado foi o corte da parcela total (Silveira et al., 2005), e à medida

em que a forragem era cortada, a mesma era colocada sobre uma lona plástica mantida

ao lado da parcela, preservando a amostragem de quaisquer tipos de perdas, para

posterior pesagem em balança instalada na área experimental.

Após a pesagem da massa verde (parcela total), o material era revolvido e

homogeneizado, e logo em seguida procedia-se a coleta das amostras a serem

encaminhadas ao Laboratório de Nutrição Animal para a realização da análise

bromatológica, a fim de se obter a composição química da forrageira em função da

dose de biofertilizante aplicada. Os nutrientes analisados referem-se à planta inteira

(folhas e colmos).

A diferença entre a massa de forragem no pré pastejo e a massa de forragem do

pós pastejo do ciclo de pastejo anterior dividido pelo intervalo em dias entre as

medições um corte e outro foi utilizada para calcular a taxa de acúmulo de forragem

(AGUIAR et al., 2004).

Práticas como o corte, pesagem e determinação da produção de forragem

acumulada (kg MS ha-1ano -1) foram realizadas em intervalos que variaram de 37 a 81

dias, ao longo do período experimental, em função da época do ano, a qual afetou o

crescimento da planta (Tabela 6). Foram amostradas e analisadas as 20 amostras

(quatro blocos x cinco tratamentos) de cada corte.

28

Tabela 6. Frequência dos cortes realizados durante o período experimental.

Mês Data do corte Freqüência de corte (dias)

Fevereiro 12/02/2008 Corte de uniformização

Abril 12/04/2008 60

Maio 31/05/2008 49

Agosto 21/08/2008 81

Outubro 20/10/2008 59

Dezembro 20/12/2008 60

Janeiro 28/01/2009 39

Março 07/03/2009 37

Abril 29/04/2009 52

Nas amostras de forragem foram analisados os teores de matéria seca (MS),

proteína bruta (PB), conforme metodologia descrita por Silva; Queiróz (2002). Os teores

de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram obtidos

utilizando-se o método proposto por Goering; Van Soest (1970). Os macronutrientes

fósforo (%), potássio (%), cálcio (%), magnésio (%) foram avaliados conforme

metodologia descrita por BATAGLIA (1983).

A caracterização química dos dejetos foi realizada por meio da determinação da

concentração de sólidos totais (ST) e sólidos voláteis (SV), segundo APHA (1998), os

teores de nitrogênio total foram obtidos conforme AOAC (1995) e a caracterização

mineral conforme BATAGLIA (1983).

3.8 Delineamento estatístico

O delineamento experimental adotado foi em blocos completos casualizados

(DBC) com cinco tratamentos (representados pelas doses) e quatro repetições,

totalizando 20 parcelas, cada qual com área de 16m², em esquema de parcelas

subdivididas no tempo. Os tratamentos diferiram-se quanto à dose de dejeto aplicada,

sendo o tratamento 1: testemunha; tratamento 2: 100 m³ ha-1 ano-1 de ARS; tratamento

29

3: 200 m³ ha-1 ano-1 de ARS; tratamento 4: 300 m³ ha-1 ano-1 de ARS e tratamento 5:

600 m³ ha-1 ano-1 de ARS. Optou-se pela quantificação dos tratamentos em função da

unidade de volume (m³).

Todas as variáveis receberam o tratamento estatístico pelo software SISVAR 5.1

(Ferreira, 2007). Realizou-se análise de variância com teste de Tukey, com nível de

significância de 5% e, em função da significância para as variáveis, foram ajustadas

equações de regressão. Na Figura 2 observa-se a distribuição das parcelas e dos

tratamentos na área experimental.

Figura 2 – Croqui da área experimental.

A área constava de quatro blocos, os quais foram distribuídos após sorteio dos

tratamentos. Cada parcela ocupava uma área de 4 m x 4 m (16 m²) e a distância entre

as mesmas era de 0,5 m. Durante as coletas desprezou-se uma área de bordadura

definida em 0,5 m em todo o contorno da parcela, ou seja, a parcela útil possuía 3 m x 3

m (9 m²).

Bloco A Bloco B

Bloco D Bloco C

T4 T5 T1

T3 T2

T1 T3 T4

T2 T5

T2

T2

T1

T1 T3 T3 T5

T5

T4

T4

30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Produção de massa seca (PMS)

Os dados apresentados na análise de variância do Anexo 3 indicam que houve

interação entre os tratamento avaliados e a época de corte, possivelmente em decorrência

do comportamento estacional da forragem. A estacionalidade é caracterizada por variações

na disponibilidade e qualidade da forragem em resposta às alterações nas condições

climáticas, as quais não permitem que as plantas forrageiras tenham crescimento uniforme.

Conforme apresentado na Tabela 2 verifica-se que nos meses que antecederam ao

primeiro corte da forragem para avaliação da PMS houve alta disponibilidade de chuva, o

que favoreceu as condições de umidade do solo para que a forragem absorvesse os

nutrientes aplicados pela água residuária desde fevereiro de 2008. Foram necessários 60

dias para a mineralização dos compostos químicos no solo e posterior extração pelo sistema

radicular.

A produção de massa seca (PMS) foi influenciada pela disponibilidade hídrica dos

meses em que houve maior precipitação pluvial com relação aos meses de menor

precipitação (maio, agosto e outubro de 2008).

As médias apresentadas na Tabela 7 evidenciam, no primeiro corte (abril de 2008), os

benefícios da precipitação pluviométrica refletiram em maior produção de massa seca (4.230

kg MS ha-1) quando comparada aos três cortes subseqüentes (maio, agosto e outubro de

2008) que foram menores estatisticamente (P<0,05) que o primeiro corte.

As PMS observadas de maio a outubro de 2008 não diferiram-se entre si em função

do déficit hídrico e menor luminosidade do período, que refletiu em menor taxa de

fotossíntese, e consequentemente, lento crescimento da forragem. Contudo, mesmo com o

fornecimento de nutrientes em diferentes quantidades à forragem, não houve resposta

devido às condições climáticas desfavoráveis do período. Tal fato era esperado e deve-se às

baixas temperaturas e precipitação pluvial nos meses do período de seca. Entretanto, não

houve ocorrência de temperaturas inferiores a 15ºC, a qual é considerada limitante para o

crescimento da planta associada à baixa intensidade luminosa (AGUIAR; DRUMOND,

2002)..

31

Tabela 7. Efeito da dose aplicada sobre a produção de massa seca (kg MS ha-1) obtida ao longo do período experimental. Cortes*

Tratamentos 1 2 3 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 3780 Ba 613 Acd 313 Ad 239 Ad 221 Dd 1627 Bbc 2191 Bb 1799 Abc 1348 D

100 m³ 3983 Ba 729 Acd 214 Ad 295 Ad 1250 CDcd 4161 Aa 2594 ABb 1846 Abc 1884 C

200 m³ 3822 Bb 513 Ad 279 Ad 419 Ad 2196 BCc 5117 Aa 3025 ABbc 1865 Ac 2155 BC

300 m³ 4165 Bab 462 Ae 559 Ae 933 Ade 3137 ABbc 5180 Aa 3000 ABbc 2038 Acd 2434 B

600 m³ 5403 Aa 576 Ac 378 Ac 966 Ac 3738 Ab 5269 Aa 3601 Ab 2848 Ab 2847 A

Média 4231 a 578 c 349 c 571 c 2108 b 4271 a 2882 b 2079 b

*1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

32

O mês de dezembro de 2008 (quinto corte) foi precedido de um longo período de

estiagem, mas a precipitação verificada nos meses de novembro de dezembro de 2008

foi suficiente para que a forragem respondesse ao acúmulo de umidade no solo e

disponibilidade de nutrientes adequados para seu crescimento, apresentado PMS de

2.108 kg MS ha-1.

A PMS observada no mês de janeiro de 2009 (4.271 kg MS ha-1) não diferenciou-

se daquela apresentada no primeiro corte (P>0,05), devido às condições ambientais

adequadas do período e à concentração de sólidos totais da água residuária utilizada

na aplicação do mês de dezembro de 2008 ter sido próxima de 11%. Desta forma, o

teor de sólidos contribuiu para o crescimento da forragem e, consequentemente,

aumento da produção de massa seca, juntamente com a umidade do solo que forneceu

condições de absorção dos nutrientes pelo sistema radicular.

Não foram verificadas diferenças significativas (P>0,05) entre os cortes

realizados nos meses de março e abril de 2009, provavelmente devido à redução da

disponibilidade hídrica presenciada a partir de dezembro de 2008.

Comparando-se as médias obtidas nos tratamentos, verifica-se diferenças

significativas (P<0,05) entre as mesmas comparadas à testemunha, bem como entre as

doses de 100; 300 e 600 m³. Verifica-se que, as condições ambientais contribuíram

para uma melhor extração dos nutrientes, à medida que os mesmos aumentaram em

função das doses aplicadas, gerando aumento da produção de massa seca. Foram

observados aumentos na PMS da ordem de 39,76; 59,87; 80,56 e 111,20%, para as

doses de 100, 200, 300 e 600 m³ respectivamente, comparadas à testemunha.

Diante dos resultados obtidos, pode-se inferir que, com a aplicação de 300 e 600

m³ de ARS há maior disponibilidade de massa de forragem a ser ofertada aos animais

que estiverem sob pastejo. Para recomendar uma dose a ser aplicada, pode-se utilizar

o aumento proporcional da produção com relação à testemunha para estimar o número

de animais que esta produção poderá atender, desde que haja disponibilidade de área

para aplicar tal volume de água residuária.

Costa et al. (2005) também observaram que a precipitação e a umidade relativa

foram as características climáticas que mais variaram e influenciaram a produção de

MS, o que também foi verificado neste trabalho. Para uma alta produtividade de massa

33

seca, além da umidade, a planta necessita de temperaturas ideais para atingir sua

produção máxima. Enquanto a umidade por si é importante para o desenvolvimento e

produção da planta, a temperatura ideal favorece o desenvolvimento através da

assimilação do CO2, H2O e nutrientes.

A PMS observada com a aplicação de 100 m³ nos cortes compreendidos entre

janeiro a abril de 2009 do presente trabalho foi superior (8.600 kg MS ha-1) à

encontrada por Barnabé et al. (2007) quando aplicaram doses de 100 (5.223 kg MS ha-

1) e 150 m³ (6.390 kg MS ha-1) de ARS no capim Marandu. A maior PMS observada no

presente experimento pode estar relacionada ao teor de sólidos totais dos dejetos

aplicados e também às condições ambientais.

O aumento na PMS da Brachiaria brizantha cv Marandu também foi observado

por Rosa et al. (2002) quando utilizaram doses de 100 a 200 m³ de ARS, no período de

janeiro a abril, em intervalos de 35 dias. Os autores obtiveram com a aplicação de 200

m³ produção inferior à obtida no presente trabalho (8.518 kg ha-1de MS) com a dose de

100 m³ (8.600 kg ha-1) no mesmo período.

O intervalo de aplicação dos dejetos pode interferir no crescimento da forragem,

juntamente com a freqüência de corte, que estimula o crescimento dos meristemas. No

presente experimento os intervalos entre corte foram superiores a 35 dias, pois adotou-

se uma altura pré-estabelecida para o corte (30 cm). A ARS forneceu nutrientes para o

atendimento das exigências fisiológicas da planta, favorecendo seu crescimento em

conjunto aos fatores relacionados ao manejo estabelecido pela altura correspondente à

espécie.

Freitas et al. (2005) observaram que a aplicação de 200 m³ ha-1ano-1 de ARS

proporcionou PMS média de 2.269 kg ha-1 no intervalo de novembro de 2003 a abril de

2004, produção esta inferior à encontrada neste trabalho na mesma dose. Quando

avalia-se trabalhos em que se utilizam água residuária de suinocultura ou qualquer

outra fonte de resíduos animais deve-se observar as condições climáticas em que a

forragem está submetida (período do ano), e principalmente a concentração de

nutrientes presentes no resíduo e as características de solo, para então inferir se a

mineralização dos resíduos aplicados será bem sucedida na reciclagem dos nutrientes.

34

Menezes et al. (2009) confirmaram que a aplicação de ARS promoveu acréscimo

na PMS do capim Marandu em relação à testemunha de 34,2 e 32,1% referente à

adubação mineral e 150 m³ ha-1 de ARS, respectivamente. Neste experimento, o

aumento em relação à testemunha foi de 11 e 62% nas doses de 100 e 600 m3 ha-1,

respectivamente, nos meses de dezembro e janeiro de 2009. Esses resultados

reforçam a importância e o benefício da adição de resíduos orgânicos em pastagens

como potenciais fornecedores de nutrientes às plantas, em substituição aos adubos

minerais, principalmente em solos deficientes, como os do Cerrado.

Os resultados obtidos neste trabalho tanto com o tratamento testemunha quando

para as dose de 100 e 200 m³ de ARS ha-1 do mês de abril de 2008 aproximam-se dos

encontrados por Silva et al. (2005) em período chuvoso (3.825,75 kg MS), quando

avaliaram a produtividade da Brachiaria decumbens com aplicação de 240 m³ de ARS

ha-1. A aplicação de ARS deve ser utilizada pensando em aplicações sucessivas, de

modo a promover a reciclagem de nutrientes sem aumento dos riscos de contaminação

do solo e das águas subterrâneas, sem acúmulos excessivos com doses elevadas (600

m3).

A disponibilidade de forragem obtida nas doses de 300 e 600 m³ de dejetos

(Tabela 5) também pode ser atribuída ao efeito do nitrogênio presente no dejeto,

responsável por significativo aumento nas taxas das reações enzimáticas e no

metabolismo das plantas, que neste trabalho não limitou a produção.

O efeito da dose de ARS pode ser estudado pela curva de regressão

apresentada na Figura 3 O comportamento quadrático da curva indica que, a

continuidade da aplicação de 600 m³ de ARS por tempos prolongados, poderia afetar a

absorção dos nutrientes pelo sistema radicular da planta, acarretando uma estabilidade

da produção de forragem, em função da saturação de nutrientes no solo. Vale ressaltar

que os dados de PMS variam de acordo com o sistema de manejo adotado, ou seja, em

condições de sequeiro ou sistemas irrigados. Verifica-se boa correlação entre a

produção e as doses aplicadas, com R² da ordem de 0,99, no sistema de manejo

adotado neste trabalho (sequeiro).

35

10754

15044

1723719644

22779

y = -0,0318x2 + 38,706x + 10986

R2 = 0,9956

0

5000

10000

15000

20000

25000

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de ARS (m³)

Forrag

em acu

mulada (kg M

S ha

-1

ano-1)

Forragem acumulada

Figura 3 - Forragem acumulada (kg MS ha-1 ano-1) em função das doses aplicadas

no período 12/fev./08 a 29/abr./09.

Os resultados obtidos neste trabalho para as doses de 200 a 600 m³

aproximaram-se daqueles encontrados por Pedreira et al. (2007) quando avaliaram o

crescimento e o acúmulo de matéria seca da Brachiaria brizantha cv Marandu na

primavera e verão, obtendo produções que variaram de 17.380 a 22.760 kg MS ha-1

ano-1.

Aguiar e Silva (2002) avaliando o acúmulo de matéria seca anual do capim

braquiarão adubado e irrigado, em Selvíria, MS, constataram uma produção de

forragem acumulada de 21.770 kg MS ha-1 ano-1, valor este próximo ao encontrado no

presente trabalho com a aplicação de 600 m³ ha-1 ano-1 (22.779 kg MS ha-1 ano-1). Os

resultados obtidos com a aplicação de ARS corroboram com a opinião de diversos

autores quando relataram que a mesma pode substituir o adubo mineral, em sistemas

irrigados ou em sequeiro.

Cunha (2009), após dois anos de avaliação da Brachiaria brizantha cv. Marandu

adubada com ARS nas mesmas doses estudadas no presente trabalho, recomendou a

utilização de doses menores que 300 m3 de ARS, em função destas fornecerem os

nutrientes necessários e apresentarem menores riscos de impactos ambientais.

36

Entretanto, para uma recomendação segura da dose de ARS a ser aplicada na

pastagem, deve-se levar em consideração o nível de produção de forragem que se

deseja obter, sendo este fator dependente do sistema de manejo em utilizado.

Uma vez que a produção de massa seca está vinculada ao manejo adotado,

visando maior acúmulo de forragem, poder-se-ia sugerir o uso da irrigação, desde que

precedida de condições que preservem o meio ambiente. Utilizando-se sistemas de

irrigação na pastagem, pode-se assegurar condições de umidade no solo adequadas e

aplicar quantidades menores de água residuária, com teores de sólidos totais menores

que os utilizados no presente trabalho, e por períodos maiores.

Essa visão de redução de riscos ambientais deve ser considerada quando se

trabalha com aplicação de resíduos animais no sistema solo-planta, pois pode promover

alterações no balanço de nutrientes desse sistema se não for utilizada com critérios.

4.2 Taxa de acúmulo de forragem (TAF)

A taxa de acúmulo de forragem (kg MS ha-1 dia-1) é uma ferramenta muito

utilizada no manejo da pastagem, e assegura o correto monitoramento da taxa de

lotação (UA ha-1) de uma determinada área, uma vez que, em função da quantidade de

massa seca acumulada diariamente, o produtor poderá ajustar a carga animal para

consumir tal produção.

Os dados apresentados no Anexo 4 evidenciam que houve efeito de tratamento

e tempo para a taxa de acúmulo de forragem de forma independente.

A TAF foi calculada a partir dos resultados obtidos de massa de forragem

produzida por hectare, levando-se em consideração o intervalo entre um corte e outro.

A partir dos parâmetros obtidos de produtividade (kg MS ha-1) foram calculadas

as taxas de acúmulo de forragem (TAF), ou seja, a quantidade de massa seca

acumulada por hectare por dia, conforme indicam os dados apresentados na Tabela 8.

37

Tabela 8. Taxa de acúmulo de forragem (kg MS ha-1 dia-1) obtida ao longo do período experimental. Cortes*

Tratamentos 1 2 3 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 63,00 Aab 12,51 Aab 3,86 Ac 4,02 Ac 3,68 Ac 77,70 Ba 59,21 Aab 34,60 Aab 32,33 B

100 m³ 66,38 Ab 14,87 Ab 2,64 Ab 5,01 Ab 20,83 Ab 181,50 Aa 70,10 Ab 35,50 Ab 49,60 AB

200 m³ 63,70 Abc 10,47 Ac 3,44 Ac 7,10 Ac 36,60 Abc 175,89 Aa 81,77 Ab 35,87 Abc 51,85 AB

300 m³ 69,42 Abc 9,42 Ac 6,90 Ac 15,82 Abc 52,29 Abc 215,95 Aa 81,08 Ab 39,19 Abc 61,26 A

600 m³ 90,05 Ab 11,75 Ac 4,67 Ac 16,37 Ac 62,29 Abc 219,26 Aa 97,31 Ab 54,78 Abc 69,56 A

Média 70,51 bc 11,80 d 4,30 d 9,67 d 35,14 cd 174,06 a 77,89 b 39,99 bcd

*1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

38

A TAF subsidia o manejo da pastagem vislumbrando a intensificação da pressão

de pastejo, e pode ser usada para assegurar que não ocorram situações de sub ou

superpastejo, ou seja, uma taxa de lotação acima da capacidade de suporte da

pastagem.

Quando existe o cuidado de se explorar a área de forma racional, inserindo no

ambiente pastoril a carga animal compatível à massa de forragem produzida por dia,

torna-se mais fácil adequar o manejo da pastagem em função da disponibilidade de

alimento ofertado diariamente aos animais em pastejo, e consequentemente há uma

garantia de preservação da área.

O manejo da pastagem deve considerar os efeitos da adubação e do cultivar

utilizado, principalmente na fase de alta taxa de acúmulo de MS, objetivando evitar

queda acentuada do valor nutritivo da forragem (QUADROS; RODRIGUES, 2006).

Os resultados apresentados na Tabela 8 indicam que as maiores doses

aplicadas (300 e 600 m³ ARS ha-1 ano-1) diferiram-se estatisticamente (P<0,05) do

tratamento testemunha, porém não foram diferentes (P>0,05) das doses de 100 e 200

m³ ARS ha-1 ano-1. Neste caso, pode-se inferir que as doses de ARS não foram

determinantes no aumento da taxa de acúmulo de forragem, mas sim na produtividade

(kg MS ha-1 ano-1), conforme foi apresentado na Tabela 8, sendo que a TAF foi

calculada a partir da produção de massa seca.

Observando o desdobramento do tempo (cortes) nota-se seu efeito sobre a TAF,

principalmente no sexto corte (janeiro/2009), em que diferenciou-se estatisticamente

(P<0,05) dos demais cortes, condição esta possivelmente atribuída às condições

climáticas da época em questão e rápido crescimento da forragem. Na aplicação da

ARS realizada no quinto corte (dezembro/2008) o teor de sólidos totais da ARS estava

próximo de 11%, e após 60 dias de decomposição desta matéria orgânica o sistema

radicular da forragem apresentava condições de extrair os nutrientes necessários ao

seu crescimento, e isto refletiu em maior produção de massa seca, e

consequentemente, na taxa de acúmulo de forragem.

O sétimo corte (março/2009) foi estatisticamente (P<0,05) diferente do sexto

corte, porém com comportamento semelhante com relação ao primeiro e oitavo cortes.

Nos meses em que foram realizados o segundo (maio/2008), terceiro (agosto/2008) e

39

quarto (outubro/2008) cortes, verificou-se o efeito da baixa precipitação pluvial e menor

fotoperíodo interferindo no crescimento da planta, e consequentemente, resultando em

menor acúmulo de forragem.

Os dados apresentados na Figura 4 indicam que as maiores TAF foram obtidas

no primeiro, sexto e sétimo cortes, ou seja, meses com ocorrência de altas

precipitações pluviais (dezembro/2008, janeiro e março/2009).

0

50

100

150

200

250

1 2 3 4 5 6 7 8

Cortes

TAF (kg MS ha-1 dia

-1)

Testemunha 100 200 300 600

Figura 4 – Taxa de acúmulo de forragem (kg MS ha-1dia-1) da Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com ARS no período de 12/abr./08 a 29/abr./09. Cortes:1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009.

Com base nos resultados expostos na Figura 4, nota-se que, a TAF aumentou

em função das doses de ARS aplicadas, confirmando que as maiores doses (300 e 600

m³) diferiram-se da testemunha (Tabela 9). A produção de massa seca também foi

maior utilizando-se estas doses de ARS, logo os valores médios de TAF observados

nas doses de 300 e 600 m³ acompanharam o comportamento da PMS e apresentaram-

se superiores àquele encontrado por Aguiar et al. (2004) quando avaliaram o efeito das

estações do ano sobre a TAF das forrageiras Mombaça, Tanzânia e Tifton 85, cujo

valor médio obtido foi 65 kg MS ha-1dia-1.

40

Os resultados apresentados para a taxa de acúmulo permitem, ao produtor rural,

manejar a pastagem nos meses de maior disponibilidade hídrica com uma maior

pressão de pastejo, de modo que a pastagem apresente produção de massa seca

compatível com a taxa de lotação da área.

Em métodos de pastoreio com lotação rotacionada, a TAF é um parâmetro

bastante eficiente no monitoramento e manutenção da pastagem, uma vez que evita-se

incorrer no erro de instalar um número maior de animais em determinada área, sem que

a mesma tenha forragem disponível para alimentá-los. Desta forma, em se pensando

na produtividade animal (kg PV ha-1), quanto melhor manejada a pastagem, maior será

o ganho por área.

Para que se possa recomendar a melhor dose em função da produção de massa

seca, buscou-se avaliar a eficiência de utilização dos nutrientes pela forragem em

questão (Tabela 9), a fim de não incorrer em erros de dosagem e saturação de

nutrientes no solo.

Tabela 9. Eficiência de utilização dos nutrientes (kg nutriente kg MS-1).

Tratamentos N

(kg N kg MS-1)

P

(kg P kg MS-1)

K

(kg K kg MS-1)

Forragem

acumulada

(kg MS ha-1ano-1)

100 m³ 68,32 98,02 733,49 15.044

200 m³ 39,14 56,16 420,31 17.237

300 m³ 29,74 42,66 319,31 19.644

600 m³ 17,24 24,74 185,15 22.779

De acordo com os dados apresentados na Tabela 9, observa-se que a eficiência

de utilização dos nutrientes pela forrageira diminuiu com o aumento da dose aplicada.

Isto evidencia que a menor dose (100 m³ de ARS) teve um melhor aproveitamento dos

nutrientes para produzir um kg de massa seca. Embora os resultados de forragem

acumulada tenham aumentado com relação às doses aplicadas, nota-se que o aumento

não foi proporcional.

41

Levando-se em consideração os resultados apresentados na Figura 4, nota-se

que a forragem utilizou com maior eficiência os nutrientes fornecidos pela dose de 100

m³ de ARS, com relação às demais, ou seja, apresentou um incremento de 28,52% com

relação à testemunha. Entre as doses o incremento foi diminuindo, em virtude do

acúmulo de fósforo, potássio e outros elementos, principalmente na camada superficial

(0-0,10 m) do solo que pode ser observado no Anexo 2.

A baixa eficiência na utilização dos nutrientes (N, P e k) reforça que houve

deposição dos mesmos no solo, e com base na análise apresentada no Anexo 2, pode-

se inferir que a longo prazo, o uso de doses superiores a 100 m³ causaria um acúmulo

de nutrientes no solo, e dependendo das características físicas do mesmo, tais

nutrientes poderiam atingir o lençol freático, acarretando problemas ambientais.

4.3 Composição bromatológica

Os dados expostos no Anexo 5 apresentam a interação entre as doses aplicadas

e a época dos cortes (P<0,05) para a matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente

neutro, fibra em detergente ácido e hemicelulose.

Através do desdobramento da interação (tratamento x tempo) foram obtidos os

teores médios de MS, PB, FDN, FDA e HEM, conforme indicam as Tabelas 9, 10, 11 e

12.

4.3.1 Massa seca (MS)

Os dados apresentados na Tabela 10 expressam a interação entre os

tratamentos e o tempo (cortes) para os teores médios de massa seca.

Não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) nos dois primeiros

cortes, mostrando que na presença de umidade, a aplicação dos dejetos não

influenciou esta variável.

Os maiores percentuais de MS foram registrados nos cortes realizados nos

meses de déficit hídrico (maio, agosto e outubro de 2008), portanto, os menores teores

42

concentraram-se nas forragens cortadas nos meses de maior disponibilidade hídrica

(dezembro, janeiro e março de 2009), independentemente dos tratamentos. As

diferenças nos teores de MS entre as épocas de corte provavelmente estão

relacionadas ao comportamento fisiológico da planta forrageira, coincidindo com o

período favorável do ano, com a maior disponibilidade de nutrientes decorrente dos

tratamentos, ocasionando maior desenvolvimento vegetativo.

Analisando-se as médias obtidas, o tratamento representado pela maior dose de

ARS (600 m³) diferiu-se estatisticamente (P<0,05) dos tratamentos testemunha, 100 e

200 m³ de ARS. Estes resultados indicam que, com o fornecimento de uma maior

quantidade de nutrientes, a forragem os absorveu de acordo com sua exigência,

ocorrendo desta forma, aumento na absorção daqueles que formarão o conteúdo

celular (compostos solúveis) e diminuindo aqueles utilizados para a formação da parede

celular. O incremento de nutrientes no solo aliado à disponibilidade hídrica auxilia na

extração e crescimento da planta, reduzindo o espessamento da parede celular.

Em alguns meses do período experimental, os teores de massa seca variaram

com as condições climáticas (umidade, temperatura e luminosidade) e com um menor

intervalo entre cortes. A forragem apresentou crescimento homogêneo e menores

valores de massa seca, independentemente da dose de ARS aplicada.

43

Tabela 10. Teores médios de massa seca (%) obtidos ao longo do período experimental. Cortes*

Tratamentos 1 2 3 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 34,19Ab 34,10Ab 63,70Aa 32,03Ab 27,84Ab 34,11Ab 26,50Ab 31,63Ab 35,51 A

100 m³ 31,36Abc 33,83Ab 69,91ABa 30,07Abcd 22,30ABd 33,31Abc 25,90Acd 35,50Abc 34,77 A

200 m³ 31,52Abc 33,17Abc 57,68Ba 29,76Abc 19,76Bd 33,57Abc 26,51Acd 35,87Ab 33,31 AB

300 m³ 30,75Ab 32,30Ab 48,85Ca 29,86Ab 18,78Bc 32,31Ab 25,60Abc 39,19Ab 31,47 BC

600 m³ 29,68Abc 30,55Abc 47,50Ca 28,95Abc 16,94Bd 27,47Abc 23,52Acd 54,78Ab 29,75 C

Média 31,50 bc 32,79 b 57,53 a 30,14 bc 21,12 d 32,15 b 25,61 cd 32,87 b

*1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

44

Houve diferença significativa (P<0,05) entre o tratamento testemunha para com

as doses de 200, 300 e 600 m³. Constata-se pelos dados apresentados na Tabela 4,

que em dezembro de 2008 os dejetos apresentaram a maior concentração de sólidos

totais (10,98%) e isso proporcionou maior extração dos nutrientes na presença de

condições climáticas favoráveis (disponibilidade hídrica, temperatura, fotoperíodo)

associada ao manejo adequado da pastagem (freqüência e altura de corte). Segundo

Corrêa et al. (2007) adubações com doses elevadas de nitrogênio aumentam o teor de

água na forragem, e reduzem o teor de carboidratos estruturais.

Os teores médios de MS encontrados nesta pesquisa foram superiores aos

obtidos por Medeiros et al. (2007) em Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com

doses de 180 m³ de ARS parceladas em cinco vezes

De modo geral, confirmou-se a redução nos teores médios de MS com o

aumento da dose de ARS aplicada (Figura 5), situação esta também observada por

Corrêa et al. (2007). Gama-Rodrigues et al. (2002) também encontraram efeito

quadrático na análise de regressão para os teores de massa seca da Brachiaria

brizantha cv. Marandu, e segundo os autores esse padrão de comportamento é comum

para esta variável em função do tempo.

y = 9E-06x2 - 0,0156x + 35,807

R2 = 0,9747

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de DLS (m³)

% M

S

MS

Figura 5 – Teores médios de massa seca (MS) da Brachiaria brizantha cv. Marandu avaliada no período de abril de 2008 a abril de 2009.

45

Os nutrientes da forragem estão contidos na massa seca, portanto, em se

tratando da utilização de gramíneas tropicais na nutrição animal, com o intuito de

minimizar os custos da dieta de bovinos, os quais são onerosos para o produtor em

função da fonte de proteína, encontra-se nos resultados expostos uma alternativa para

a obtenção de melhores desempenhos zootécnicos a partir da ARS. Menores teores de

MS indicam um melhor valor nutritivo, e conseqüentemente, maiores teores de proteína

e energia disponíveis aos microrganismos ruminais.

Analisando-se a média do desdobramento dos tratamentos em cada nível de

tempo, observa-se que nos meses em que a precipitação pluvial foi mais acentuada

(dezembro/2008 e março/2009) foram obtidos os menores percentuais de massa seca,

os quais apresentaram diferenças significativas (P<0,05) com os demais meses.

4.3.2 Proteína bruta (PB)

Os teores médios de PB obtidos pela interação tratamento x tempo, variaram de

8,43 a 14,39%, com diferença significativa (P<0,05) entre os tratamentos (Tabela 11).

Para que os nutrientes dos dejetos sejam incorporados ao solo e extraídos pelo

sistema radicular, a forragem precisa estar em equilíbrio com o meio, ter disponibilidade

hídrica, temperatura e fotoperíodo adequados, que juntos irão favorecer à lenta

degradação dos resíduos no solo e ao acúmulo dos nutrientes na área foliar,

principalmente o nitrogênio.

Na análise dos teores de PB faz-se necessário recorrer aos dados apresentados

nas Tabelas 4 e 5, a fim de se verificar as concentrações de sólidos totais presentes

nos dejetos e a quantidade total de nitrogênio aplicada em cada tratamento. A influência

da fertilidade do solo reflete-se na composição química da planta, agindo diretamente

nos teores de PB, fósforo e potássio, e, conseqüentemente, na digestibilidade e

consumo das forrageiras

46

Tabela 11. Teores de Proteína bruta (%), com base na MS obtidos obtida ao longo do período experimental. Cortes*

Tratamentos 1 2 3 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 5,37 Cd 6,50 Cd 5,73 Cd 11,45 Bb 9,25 Cbc 15,31 Ca 7,69 Ccd 6,16 Cd 8,43 D

100 m³ 8,04 Bc 8,35 BCc 7,26 BCc 15,74 Aa 12,83 Bb 16,67 BCa 9,73 BCc 9,69 Bc 11,04 C

200 m³ 10,75 Acd 9,32 Bcd 8,43 Bd 17,58 Aa 14,72 ABb 17,95 Ba 11,46 ABc 12,00 ABc 12,78 B

300 m³ 10,39 ABcd 10,49 ABcd 8,72 Bd 16,80 Aa 14,06 ABb 18,06 Ba 13,26 Ab 12,53 Abc 13,04 AB

600 m³ 11,61 Ac 11,96 Ac 11,90 Ac 15,76 Ab 15,69 Ab 22,23 Aa 13,40 Abc 12,62 Ac 14,39 A

Média 9,23 de 9,32 de 8,41 e 15,47 b 13,31 c 18,04 a 11,11 d 10,60 d

*1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

47

Os dados apresentados na Tabela 11 indicam que as condições climáticas

favoráveis observadas no quarto (outubro/2008), quinto (dezembro/2008) e sexto

(janeiro/2009) cortes propiciaram maiores médias para o teor de proteína bruta, sendo

estatisticamente diferentes (P<0,05) dos demais cortes. As precipitações pluviais

associadas às temperaturas adequadas do período favoreceram o desenvolvimento

vegetativo da forrageira com maior extração dos nutrientes requeridos.

Com relação ao desdobramento de cada tratamento, nota-se que houve

diferença significativa (P<0,05) entre as doses de 100, 200 e 600 m³ de ARS com

relação ao tratamento testemunha, provavelmente em virtude do aumento da

concentração do nitrogênio presente nos dejetos, que variou em função da dose

aplicada.

Em determinados momentos do período experimental, foi possível observar que

mesmo em condição de estresse hídrico (maio, agosto, outubro de 2008), a forragem

respondeu à adubação na dose de 600 m³ de maneira similar ao mês de abril do

mesmo ano, nesta mesma dose. Os teores de PB obtidos no terceiro corte são

explicados pelo déficit hídrico próprio do período.

Esperava-se uma redução expressiva dos teores de PB no terceiro corte

(agosto/2008) em função do déficit hídrico, porém a composição química dos dejetos

(umidade e sólidos totais) contribuiu para que o sistema radicular tivesse condições de

extrair os nutrientes necessários ao desenvolvimento da forragem.

De acordo com Monteiro et al. (2004) as alterações na pluviosidade e na

temperatura são altamente determinantes na absorção de nutrientes e no crescimento

das plantas forrageiras, o que resulta em concentrações não uniformes dos nutrientes

no decorrer do ano. Os autores enfatizaram a influência da idade da planta e/ou do

período de crescimento na absorção de nutrientes.

Em virtude do acúmulo de nutrientes no solo provenientes das aplicações

anteriores, no sexto corte (janeiro/2009) observou-se que a forrageira respondeu melhor

à adubação com ARS. Os teores de PB aumentaram, comparados aos obtidos no corte

anterior (dezembro/2008) e a concentração de ST presente nos dejetos foi menor

(Tabela 4), com maior teor de umidade. Neste caso, mesmo na presença de condições

climáticas adequadas para o período, o fator principal para o aumento da PB na

48

forrageira foi a quantidade de dejetos aplicados, através do fornecimento dos nutrientes

necessários para atenderem às exigências da forragem.

A maior média obtida para PB (14,39%) observada no tratamento de maior dose

(600 m³) também pode ser atribuída à maior relação folha/colmo, além da época do

ano, temperaturas e pluviosidade adequadas, fatores responsáveis pelo aumento da

taxa de fotossíntese.

Em concordância com Vielmo (2008), os dados obtidos no presente trabalho

indicam que a concentração de proteína na planta (% da MS) aumentou em função das

doses de ARS de maneira quadrática, demonstrando que o nitrogênio melhora a

qualidade nutricional da forrageira pelo aumento da concentração de compostos mais

digestíveis (proteína) e redução dos menos digestíveis (FDN e FDA). Observa-se

através dos dados expostos na Figura 6, o comportamento dos teores médios de PB,

em função do tratamento, ao longo do período experimental.

y = -2E-05x2 + 0,0231x + 8,6754

R2 = 0,9732

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de DLS (m³)

Teo

res de PB (%)

Média

Figura 6– Teores médios de proteína bruta (PB) da Brachiaria brizantha cv. Marandu avaliada no período de 12 de abril de 2008 a 29 de abril de 2009.

Comparando-se os teores médios de PB, observa-se que os maiores valores

foram alcançados com as doses de 300 e 600 m³ ha-1 ano-1, as quais diferiram-se

(P<0,05) das demais doses aplicadas.

49

Geralmente o nitrogênio é absorvido pela planta e junta-se às cadeias

carbonadas para formar os aminoácidos, aumentando o teor de PB da forragem

(RUGGIERI et al., 1995).

Houve aumento da concentração de PB com o aumento da dose de ARS,

indicando que a gramínea extraiu a quantidade de nitrogênio necessária ao seu

crescimento, e isto foi observado, principalmente nas épocas de maior precipitação

pluvial. Isto demonstra que as condições climáticas, intervalos entre cortes e incremento

de nutrientes no solo, contribuíram para um maior teor protéico na gramínea.

As diferenças significativas obtidas entre os tratamentos para a PB podem ser

atribuídas à concentração nitrogênio (N) dos sólidos totais aplicados. Conforme foi

apresentado nas Tabelas 4 e 5, a quantidade de N aplicada pelos dejetos aumentou

proporcionalmente ao aumento das doses, o que pode ter propiciado maior

disponibilidade deste nutriente pelo sistema radicular, sendo extraído de acordo com a

necessidade da planta.

Os percentuais médios de PB encontrados na Brachiaria brizantha cv. Marandu

adubada com ARS na presente pesquisa estão acima de 7%, ou seja, do mínimo

exigido na dieta de ruminantes para que ocorra fermentação e síntese de proteína

microbiana, disponibilidade de amônia e energia para os microrganismos ruminais

(CHURCH, 1988; CARVALHO et al., 2003).

Em se tratando de bovinos leiteiros, cujas exigências para animais em

crescimento, dos seis aos 12 meses de idade, são de 140 g kg-1 de proteína e acima de

12 meses, de 120 g kg-1, e para bovinos de corte em crescimento, que a exigência é de

105 g kg-1, verifica-se que todos os tratamentos apresentaram teores médios superiores

aos requerimentos relatados no NRC (1988) e atendem às exigências das categorias

animais citadas. O nitrogênio em forrageiras para alimentação animal é 1,3 a 2,0%

(WERNER et al., 1996).

A aplicação de nutrientes oriundos da ARS, ao longo do tempo, revelou

significativa influência nos parâmetros quantitativos e qualitativos da forragem

associada ao seu adequado manejo, com relação ao intervalo entre cortes, altura da

forragem e às condições climáticas do período de avaliação. Desta forma, o manejo de

aplicação dos dejetos, parcelados em oito aplicações, apresentou efeito na distribuição

50

de matéria seca, e conseqüentemente na qualidade da forrageira, principalmente no

teor de PB.

Com exceção do tratamento testemunha, os teores médios de PB obtidos no

presente trabalho foram superiores aos encontrados por Rezende et al. (2004) quando

aplicaram doses variando de 0; 60; 90 e 180 m³ de ARS no capim Marandu, a cada 45

dias, e encontraram teores médios de 5,60 a 9,10% PB. O teor médio encontrado para

a PB na dose de 100 m³ (11,04%) do presente trabalho foi superior ao obtido por

Barnabé et al. (2007) com a dose de 150 m³ ha-1 ano-1 (9,8%) no capim Marandu,

aplicados em intervalos de 33 dias.

Medeiros et al. (2007) observaram variações de 9,66 a 10,36% nos teores

médios de PB, nos tratamentos em que aplicaram 180 m³ de ARS parcelados em até

cinco vezes, resultados estes inferiores aos obtidos na presente pesquisa com as doses

de 100 e 200 m³ ha-1 ano-1 de ARS.

O intervalo adotado entre as aplicações nos trabalhos acima citados (variando de

33 a 45 dias) aliado às diferenças na composição química dos dejetos utilizados,

culminaram em menores teores de PB na Brachiaria brizantha cv. Marandu quando

comparados ao alcançados no presente trabalho nas doses de 100 a 200 m³ ha-1 ano-1

de ARS.

Os resultados de PB obtidos no presente experimento indicam que as doses de

ARS aplicadas na Brachiaria brizantha cv. Marandu constituem importante alternativa

para contornar o problema de deficiência de PB, apresentado pelas gramíneas

tropicais. Para maiores valores de MS obtêm-se menores teores de PB, em decorrência

da redução do conteúdo celular, devido ao acréscimo nos constituintes da parede

celular.

O aumento de PB na planta em resposta às doses de ARS aplicadas também foi

observado por Vielmo (2008), em pesquisa realizada com Tifton 85 adubado com doses

0; 40; 80 e 160 m³ ha-1 de ARS. Vale ressaltar que, mesmo em se tratando de

gramíneas de espécies diferentes, o comportamento para a formação de proteína no

tecido vegetal foi semelhante.

Esta informação é significativa, pois a concentração de nitrogênio na planta está

diretamente relacionada com o teor de proteína (em média 16% de N na PB), podendo

51

sugerir que o incremento de doses de nitrogênio, via ARS, promovem aumentos nos

teores de proteína na pastagem e, conseqüentemente no seu valor nutritivo.

O aumento da PB está associado a uma redução na concentração da fibra,

representada pela fibra em detergente neutro (FDN), indicando que o ARS promove

uma melhora na composição nutricional da forragem. Esse decréscimo pode estar

associado, ao efeito de diluição, uma vez que os aumentos nas doses de N promovem

aumentos na produção de MS (Vielmo 2008). Estes decréscimos são desejáveis, uma

vez que a redução da fibra na forragem irá possibilitar melhorias em sua digestibilidade

e no consumo animal.

4.3.3 Fibra insolúvel em detergente neutro (FDN)

O consumo voluntário de matéria seca pelo animal varia em função da qualidade

da fibra da pastagem, qualidade esta que pode ser medida pelos teores de fibra em

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA).

Os resultados obtidos para a FDN (Tabela 12) comprovam o efeito da interação

entre as doses de ARS e tempo (P<0,05).

O comportamento decrescente da fração FDN em função do aumento das doses

de ARS também foi observado por Silva et al. (2005), quando avaliaram a composição

bromatológica da Brachiaria decumbens com a aplicação de doses entre 60 a 240 m³

de ARS e por Rosa et al. (2002) quando aplicaram doses entre 100 e 200 m³ na

Brachiaria brizantha cv. Marandu.

Os maiores teores de FDN e FDA estão relacionados às maiores produções de

massa seca, e conseqüentemente aos maiores teores de MS, o que se constatou nos

tratamentos que apresentaram maiores conteúdos de matéria seca nas menores doses

aplicadas.

52

Tabela 12. Teores de FDN (%), com base na MS, obtidos em oito cortes da Brachiaria brizantha cv. Marandu adubada com água residuária de suinocultura.

Cortes* Tratamentos

1 2 3 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 66,93 Ab 69,84 Ab 76,54 Aa 53,00 ABc 65,56 Ab 67,99 Ab 66,13 ABb 67,25 Ab 66,65 A

100 m³ 69,11 Aab 68,20 Aab 62,10 Ac 53,02 ABd 65,38 Aabc 70,27 Aa 63,98 Bbc 63,77 ABbc 64,48 B

200 m³ 66,31 Aab 66,52 Aab 71,66 ABa 53,66 Ad 64,35ABbc 66,80 ABab 70,11 Aa 60,55 Bc 64,99 B

300 m³ 67,36 Aa 66,54 Aa 71,33 Aa 52,48 ABc 66,16 Aa 69,16 Aa 65,99 ABa 59,32 BCb 64,79 B

600 m³ 65,16 Aab 61,39 Bb 69,05 Aa 48,47 Bd 59,88 Bbc 62,73 Bb 64,66 Aab 54,67 Bc 60,75 C

Média 66,97 ab 66,50 ab 70,14 a 52,13 d 64,26 bc 67,39 ab 66,17 ab 61,11 c

*1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

53

A partir dos dados apresentados na Tabela 12, observa-se que o menor teor de

FDN foi obtido com a aplicação de 600 m³ de ARS, que diferiu-se (P<0,05) das demais

doses. Desdobrando-se os tratamentos em cada nível de tempo, observa-se que o

menor teor de FDN foi obtido no quarto corte (outubro/2008), o qual diferiu-se (P<0,05)

das médias obtidas nos demais cortes.

Os teores de FDN apresentaram relação inversa com a proteína bruta como já

era esperado. Este comportamento também foi observado por El-Memari Neto et al.

(2009), que encontraram relação negativa (r = - 0,96) entre os teores de FDN e PB para

a planta inteira de Brachiaria brizantha cv. Marandu. A isto pode-se atribuir que, para

um maior espessamento da parede celular, ocorre uma redução do conteúdo celular, e

consequentemente dos compostos digestíveis, como a proteína.

Barnabé et al. (2007) encontraram no capim Marandu submetido à aplicação de

150 m³ ha-1ano-1 teores de 69,50 e 36,90%, para FDN e FDA, respectivamente, valores

estes superiores aos obtidos neste trabalho. O aumento da dose de ARS utilizada no

presente trabalho propiciou um decréscimo nos teores de FDN e FDA, o que também

foi observado por Barnabé et al. (2007) no capim Marandu e por Scheffer-Basso et al.

(2008) com o Tifton 85 adubado com 15; 30 e 45 m³ ha-1 de chorume de suínos.

À exceção do tratamento testemunha, as médias obtidas para a FDN foram

iguais e/ou inferiores a 65%, sendo que teores superiores a este valor são considerados

indesejáveis por Van Soest (1994) e Aguiar (1999), uma vez que certificam baixa

qualidade da planta forrageira. Levando-se em conta as considerações feitas pelos

autores a respeito do nível desejado de FDN para o consumo animal, pode-se dizer que

os teores médios obtidos com a aplicação de 100 a 600 m³ de ARS traduzem a

qualidade da forragem, e podem predizer elevados consumos de matéria seca.

Valadares Filho et al. (2006) encontraram na Brachiaria brizantha com idade de

60 dias, manejada sem adubação, teor de FDN igual a 83,75%, superior aos obtidos no

presente trabalho no tratamento testemunha.

Analisando os teores médios de FDN, verifica-se o efeito do tratamento de forma

quadrática (Figura 7) decrescente, ou seja, o aumento da dose de ARS provocou

redução nos constituintes da parede celular.

54

y = -8E-06x2 - 0,0037x + 66,039

R2 = 0,8955

0

10

20

30

40

50

60

70

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de DLS (m³)

Teo

res méd

ios de FDN (%)

Média

Figura 7 - Teores médios de FDN da Brachiaria brizantha cv. Marandu avaliada no período de 12 de abril de 2008 a 29 de abril de 2009.

Os teores de FDN apresentaram valores médios mínimos e máximos de 60,75 e

66,65%, sendo que a dose de 600 m³ resultou na menor concentração de FDN

(60,75%), resultado este semelhante ao obtido por Medeiros et al. (2007) com a

aplicação de 180 m³ de ARS no capim Marandu. Freitas et al. (2005) encontraram

66,09% de FDN na mesma forragem submetida à aplicação de 150 m³ ha-1 ano-1 de

ARS, diferentemente dos teores obtidos no presente trabalho utilizando-se doses

maiores, com exceção do tratamento testemunha.

Costa et al. (2006) verificaram reduções nos teores de FDN com o aumento das

doses de nitrogênio aplicadas na Brachiaria brizantha cv. MG-5. O mesmo efeito foi

observado no presente experimento aumentando-se as doses de ARS. A freqüência

entre os cortes também pode ter influenciado na redução dos teores de FDN, uma vez

que verificou-se visualmente a alta proporção de folhas com relação ao caule.

De modo geral, pode-se inferir que os fatores de maior relevância para a

obtenção dos baixos teores de FDN do presente trabalho foram a disponibilidade

hídrica presenciada nos meses de abril/2008 e outubro a março/2009. Este fator,

associado à freqüência de cortes em função da altura pré-estabelecida, resultou em

melhor aproveitamento dos nutrientes dos dejetos pelas plantas. Variações estacionais

55

nos teores de FDN também foram encontradas por Gerdes et al. (2000) em três

gramíneas forrageiras, dentre elas a Braquiaria brizantha cv. Marandu.

Bennet et al. (2008) encontraram para a FDN da Brachiaria brizantha cv.

Marandu adubada com fontes nitrogenadas minerais no período chuvoso valores

médios que variaram de 65,36 a 70,45%, resultados estes superiores aos obtidos no

presente trabalho. Segundo Van Soest (1994) teores de FDN acima de 65%

comprometem o consumo de massa seca e a digestibilidade da forragem.

De acordo com os resultados encontrados por Dias et al. (2000, citados por

Bennet, 2008), doses mais elevadas de nitrogênio aplicadas em determinada época,

dependendo das condições ambientais, podem alterar o teor de FDN das forrageiras.

4.3.4 Fibra insolúvel em detergente ácido (FDA)

Observando-se as médias obtidas através do desdobramento do tratamento em

cada nível de tempo (Tabela 13), nota-se efeito significativo (P<0,05) no segundo

(maio/2008), terceiro (agosto/2008) e sétimo (março/2009) cortes. No segundo e

terceiro cortes o comportamento da forragem mediante fornecimento de ARS foi

semelhante, ou seja, com a aplicação de 600 m³ obteve-se o menor teor de FDA

comparado à dose de 100 m³ em ambos os cortes. No sétimo corte (março/2009), o

menor teor de FDA foi encontrado na dose de 300 m³ comparada à de 100m³ de ARS.

Fatores como as condições ambientais e a composição dos dejetos aplicados podem

afetar a absorção dos nutrientes dos dejetos, principalmente o nitrogênio, o qual

contribui para crescimento da planta.

56

Tabela 13. Teores de FDA (%), com base na MS, obtidos em oito cortes da Brachiaria brizantha cv. Marandu adubado com água residuária de suinocultura.

Cortes* Tratamentos

1 2 3 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 33,53Abcd 36,73Aab 42,64Aa 26,78Ae 28,14Ade 28,33Ade 35,64ABbc 29,40Acde 32,72 A

100 m³ 32,81Aab 36,53Aab 37,16ABa 23,43Ac 30,10Ab 31,12Aab 36,40Aab 34,77Aab 32,79 A

200 m³ 30,81Aabc 33,00ABab 36,37BCa 25,15Ac 28,85Aab 29,45Aab 31,66ABabc 30,69Aabc 30,75 AB

300 m³ 32,78Aa 31,27ABa 30,57BCa 22,48Ab 29,84Aa 29,65Aa 29,93Ba 33,04Aa 29,95 B

600 m³ 30,96Aa 28,47Bab 32,20Ca 22,22Ab 27,55Aa 27,70Aab 31,23ABa 30,05Aa 28,80 B

Média 32,18abcd 33,20 ab 35,79 a 24,01 e 28,90 d 29,25 cd 32,97 abc 31,70 bcd

*1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 3 = 21/08/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

57

Analisando o desdobramento do tempo em cada tratamento, verifica-se

diferenças significativas (P<0,05) nas médias obtidas nos cortes realizados no mês de

outubro com relação aos demais. Vale ressaltar que nos meses anteriores a este corte

houve um período de 60 dias de estiagem, e a precipitação pluviométrica apresentada

neste mês foi suficiente para que a forragem estivesse em condições fisiológicas para

extrair os nutrientes necessários à sua manutenção e crescimento. Contudo, no quarto

corte (outubro/2008) observou-se a menor média para a FDA.

Pelas médias obtidas de FDA dentro dos tratamentos, verifica-se que o

tratamento testemunha e a dose de 100 m³ não diferiram entre si (P>0,05), e ambos

diferiram-se das doses de 300 e 600 m³. Os teores de FDA apresentaram valores

médios mínimos e máximos de 28,80 e 32,79%, respectivamente, sendo que a dose de

600 m³ acarretou em um menor teor. Pode-se observar pelos valores médios obtidos

que à medida em que aumentaram-se as doses aplicadas, os teores de FDA reduziram,

podendo-se atribuir tal efeito ao aumento do nitrogênio aplicado na forragem de acordo

com a dose de ARS.

Freitas et al. (2005) encontraram os menores teores de FDN (66,09%) e de FDA

(32,15%) no capim Marandu submetido à adubação de 150 m³ ha-1 ano-1 de ARS,

diferentemente dos obtidos no presente trabalho utilizando-se doses superiores a 100

m³.

Bennet et al. (2008) também observaram decréscimos nos teores de FDA do

capim marandu com o aumento nas doses de nitrogênio. Segundo Nussio et al. (1998)

forragens com valores de FDA em torno de 40%, ou mais, apresentam baixo consumo e

menor digestibilidade.

Os teores de FDA apresentaram interação significativa para doses de ARS e

corte. As plantas foram influenciadas pelas doses crescentes de dejetos aplicadas ao

solo, mostrando comportamento quadrático ao longo do período. O aumento da dose de

ARS utilizado no presente trabalho contribuiu para o decréscimo nos teores de FDA

(Figura 8).

58

y = 8E-06x2 - 0,0123x + 33,118

R2 = 0,9225

0

5

10

15

20

25

30

35

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de DLS (m³)

Teo

res méd

ios de FDA (%)

Média

Figura 8 - Teores médios de FDA da Brachiaria brizantha cv. marandu avaliada no período de abril de 2008 a abril de 2009.

Noller et al. (1992) apontaram que o consumo de massa seca produz mais

impacto na produção animal do que variações na composição química ou

disponibilidade dos nutrientes. Forragens com valores de fibra insolúvel em detergente

ácido (FDA) em torno de 30% ou menos, possuem consumo elevado, enquanto aquelas

com teores acima de 40% apresentam menor ingestão.

Os baixos teores de FDA podem ser atribuídos às freqüências de aplicação dos

dejetos com intervalos de 60 dias e ao efeito da disponibilidade hídrica em algumas

épocas do período experimental. À medida que as doses foram aumentadas,

disponibilizou-se no solo maior aporte de nutrientes para serem extraídos pela planta de

maneira gradativa, translocando-os para a parte aérea de acordo com a necessidade da

mesma.

Burton (1998) explicou que as adubações, principalmente a nitrogenada, além de

aumentar a produção de massa seca, aumentam o teor de proteína bruta da forragem

e, em alguns casos, diminuem o teor de fibras, contribuindo para a melhoria de sua

qualidade.

A hemicelulose obtida pela diferença entre os teores de FDN e FDA encontrados

para o capim marandu apresentou valores médios entre 31,69 (100 m³ ha-1 ano-1 de

ARS) e 34,84% (300 m³ ha-1 ano-1 de ARS). Valores semelhantes foram encontrados

59

por Freitas et al. (2005), de 32,22%, utilizando dose de 100 m³ ha-1 ano-1 de ARS, a

34,73% com adubação fosfatada e potássica, os quais se aproximam ao encontrado no

tratamento cuja dose foi de 300 m³ ha-1 ano-1 de ARS do presente trabalho. A

hemicelulose é a fração da parede celular que representa maior valor nutritivo, em

função de sua alta digestibilidade.

4.4 Composição mineral

O crescimento adequado da pastagem, em sistemas intensivos de produção, é

dependente de concentrações adequadas de nutrientes no solo e, conseqüentemente,

da planta. Uma vez que estes nutrientes são disponibilizados no solo, através da

adubação orgânica, necessitam de certo período de tempo para serem mineralizados e

absorvidos pelo sistema radicular. Entende-se por mineralização a passagem do

nitrogênio da forma orgânica para a mineral, como por exemplo, o amônio (NH4+) ou

nitrato (NO3-), segundo PRADO (2007).

Os dados apresentados no Anexo 6 comprovam a interação entre tratamento e

cortes (P<0,05) realizados no período de 12 de abril de 2008 a 29 de abril de 2009,

exceto no mês de agosto de 2008 que não houve avaliações dos minerais da forragem

em virtude das condições ambientais desfavoráveis.

4.4.1 Cálcio

Observa-se pelos dados expostos na Tabela 14 a interação entre os tratamentos

e cortes, para a concentração de cálcio no capim Marandu, em sete cortes da

forrageira. Houve aumento dos teores médios de cálcio em detrimento ao aumento da

dose de ARS aplicada, estando em concordância com os resultados obtidos por

Azevedo (1991) que, também observou aumento na concentração desse nutriente

utilizando doses crescentes de esterco de suínos

.

60

Tabela 14. Teores de cálcio (% da MS) na Brachiaria brizantha cv Marandu em função das doses aplicadas. Cortes

Tratamentos 1 2 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 0,60 Ca 0,54 Da 0,54 Ba 0,49 Ba 0,53 Ba 0,50 Ba 0,51 Ca 0,53 D 100 m³ 0,76 BCa 0,72 CDa 0,70 Ba 0,64 ABa 0,62 ABa 0,58 Ba 0,60 Ca 0,66 C 200 m³ 0,76 BCabc 0,82 BCabc 0,91 Aab 0,63 ABc 0,72 ABabc 0,69 ABbc 0,94 Ba 0,78 B 300 m³ 0,88 ABa 0,96 ABa 0,74 ABab 0,64 ABb 0,75 Aab 0,80 Aab 0,93 Ba 0,82 B 600 m³ 0,97 Abc 1,13 Aab 0,72 ABd 0,76 Acd 0,79 Acd 0,89 Acd 1,29 Aa 0,94 A Média 0,79 abc 0,83 ab 0,72 bcd 0,63 d 0,68 cd 0,69 cd 0,86 a *1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

61

Azevedo (1991) relatou que a matéria orgânica oferece valiosa contribuição,

fornecendo cálcio e magnésio às plantas adubadas com dejetos de suínos, e que os

colóides inorgânicos e orgânicos adsorvem, eletrostaticamente, cálcio e magnésio,

retendo-os em forma trocável disponível às plantas e exercendo importante função de

evitar perdas por lixiviação

Avaliando a interação entre os tratamentos e os meses de aplicação (cortes)

observa-se que os teores de cálcio presentes na forragem nas doses aplicadas

diferiram-se da testemunha (P<0,05). O maior teor de cálcio (0,94%) foi obtido com a

aplicação de 600 m³ de ARS, sendo que ao longo de um ano de aplicação das doses

constatou-se o maior teor (0,86%) no último corte, o qual não diferiu-se dos teores

médios encontrados no primeiro (0,79%) e segundo (0,83%) cortes. Pode-se atribuir a

este aumento ao acúmulo de cálcio na camada superficial do solo (Anexo 2), o que

favoreceu sua extração pela planta. De forma geral, verifica-se que os teores médios de

cálcio encontrados na forragem foram significativos (P<0,05) nos meses em que as

condições de umidade e temperatura foram favoráveis à absorção deste nutriente

comparados aos meses de menor precipitação pluviométrica.

A água residuária utilizada neste experimento apresentou concentrações

elevadas de cálcio, variando de 1,77 a 5,11%, conforme os dados apresentados na

Tabela 4. Tal concentração justifica os elevados níveis encontrados na forragem,

principalmente nas doses de 300 e 600 m³ de ARS.

Os teores médios de cálcio encontrados nas doses de 100 (0,66%) e 200 m³

(0,78%) do presente trabalho foram superiores aos alcançados por Rosa et al. (2004)

nas doses de 100 (0,55%) e 200 m³ de ARS (0,54%) aplicadas na Brachiaria brizantha

cv. Marandu. Pode-se atribuir a superioridade dos resultados do presente trabalho às

maiores concentrações de cálcio presentes no dejeto e no solo.

Assmann et al. (2007) constataram um aumento linear na concentração de cálcio

em pastagem adubada com doses crescentes de água residuária de suinocultura (0; 20;

40; 80 e 120 m³ ha-1). O aumento do teor de cálcio em função das doses de ARS pode

estar relacionado tanto ao acúmulo do cálcio no solo ao longo do período experimental,

como às altas concentrações desse nutriente no dejeto.

62

Segundo Prado (2007), o cálcio quando incorporado na camada de 0 a 0,20m

aumenta as condições de a raiz fazer o contato com o nutriente, favorecendo o

processo de absorção, e normalmente este contato pode ser incrementado com a

umidade do solo.

Barnabé (2001) avaliando as doses de 50; 100 e 150 m³ de ARS no capim

marandu, encontrou teores de cálcio de 0,53; 0,63 e 0,68%, respectivamente, sendo

que na dose de 100 m³ os resultados obtidos no presente trabalho aproximaram-se do

encontrado pela referida autora, e foram superiores aos obtidos por Azevedo (1991),

que encontrou teores médios de 0,79 e 0,80% de Ca na MS quando adubou o capim

gordura com 10 e 15 t ha-1 de dejetos de suíno, respectivamente.

Os teores médios de cálcio encontrados neste experimento estão dentro dos limites

para atendimento das exigências de bovinos de corte e de leite, conforme NRC (1996).

Dificilmente constata-se deficiência de cálcio em áreas de pastagens brasileiras, a não ser

em regiões ou condições atípicas, como já foi observado, por exemplo, em algumas

regiões do Pantanal Sul-Matogrossense (MORAES, 2001).

As médias obtidas, no presente trabalho, tanto nos meses de menores índices

pluviométricos como no tratamento testemunha foram superiores aos encontrados por

Arruda et al. (2007), na Brachiaria brizantha na estação chuvosa (0,28%) e seca

(0,22%), sinalizando que as diferenças na composição química do solo e as condições

climáticas favoreceram a absorção de cálcio pelo sistema radicular.

Vale ressaltar que os excessos de cálcio, com base na relação cálcio:fósforo

(acima de 4:1) da dieta dos bovinos podem levar à formação de complexos insolúveis

no trato digestório e/ou diminuir a absorção de fósforo (ROQUE et al., 2002).

Em se tratando de vacas de cria, conforme o NRC (1996), as exigências de

cálcio variam de 0,15% MS (vacas secas) a 0,25% MS (no pico da lactação). Assim,

considerando vacas de 450 kg de PV, com partos de primavera e com produção no pico

de lactação de 4,5 ou 9,0 litros de leite por dia, observa-se que os teores de cálcio

encontrados na Brachiaria brizanha cv. Marandu foram adequados durante todos os

meses do período experimental.

A curva de regressão apresentada na Figura 9 indica o efeito do tratamento

durante o período de avaliação com boa correlação (r² = 0,99).

63

y = -1E-06x2 + 0,0014x + 0,5351R2 = 0,9921

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de ARS (m³)

% Ca (base na MS)

Cálcio

Figura 9 – Teor médio de cálcio (% da MS) em função das doses de ARS.

A partir dos dados apresentados na Figura 9, verifica-se que aumento nas

concentrações de cálcio na forragem em virtude das doses aplicadas. Houve diferença

significativa (P<0,05) entre os tratamentos, uma vez que, com a aplicação de 600 m³,

obteve-se a maior concentração de cálcio (0,94%) na forragem comparada às demais.

Pode-se inferir com os resultados obtidos que, maiores quantidades aplicadas de cálcio,

oriundas da ARS aplicada, implicaram em acúmulos deste nutriente no solo e gradativo

aproveitamento do mesmo pela forragem.

4.4.2 Fósforo

Os teores de fósforo encontrados na forragem são apresentados na Tabela 15, e

variaram de 0,25 a 0,39% com o aumento das doses, porém sem diferença significativa

(P>0,05) entre as mesmas (100; 200; 300 e 600 m³).

Analisando as médias obtidas, observa-se que nos cortes realizados nos meses

em que houve maior disponibilidade hídrica, os teores de fósforo foram maiores

(primeiro e sexto corte), concordando com Nicodemo (1999) quando afirmou que as

forrageiras tendem a apresentar maiores concentrações de fósforo na matéria seca no

período chuvoso.

64

Tabela 15. Teores de fósforo (% da MS) na Brachiaria brizantha cv Marandu em função das doses aplicadas. Cortes

Tratamentos 1 2 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 0,27 Bab 0,32 Aa 0,20 Cb 0,22 Cb 0,21 Bb 0,29 Bab 0,25 Aab 0,25 B 100 m³ 0,32 Aa 0,34 Aa 0,31 Ba 0,34 Ba 0,30 Ba 0,39 Aa 0,34 Aa 0,33 AB 200 m³ 0,45 Aab 0,34 Ac 0,35 Bbc 0,35 Bbc 0,46 Aa 0,40 Aabc 0,34 Ac 0,38 A 300 m³ 0,35 Bab 0,27 Ab 0,37 ABa 0,39 ABa 0,41 Aa 0,37 ABa 0,27 Ab 0,35 A 600 m³ 0,47 Aa 0,30 Ab 0,45 Aa 0,47 Aa 0,44 Aa 0,31 ABb 0,30 Ab 0,39 A Média 0,37 a 0,31 bc 0,34 abc 0,35 abc 0,36 a 0,35 ab 0,30 c *1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

65

Devido à escassez do elemento fósforo na maioria dos solos brasileiros, as

pastagens são bastante exigentes deste nutriente, e a aplicação de diferentes doses de

ARS promoveu concentrações elevadas na massa seca. Os teores médios de fósforo

encontrados no presente trabalho estão acima dos limites propostos por Van Soest

(1994), de 0,14 a 0,30%.

Wunsh et al. (2006) avaliando a composição mineral de pastagens nativas

verificaram que estas, quando não adubadas, não são capazes de suprir as exigências

dos bovinos por fósforo, e com a menor dose aplicada (100 m³) no presente trabalho já

seria possível atender à exigência dos bovinos (0,33%).

Soutello et al. (2003) postularam que as variações de fósforo na Brachiaria

brizantha e nas forrageiras do gênero Panicum têm comportamento estacional. Os

referidos autores encontraram na braquiária concentrações de 0,11 e 0,13% de fósforo

na estação seca e chuvosa, respectivamente. Comparando os teores médios de fósforo

obtidos em oito cortes no presente trabalho, verifica-se que em todos os tratamentos os

resultados foram superiores aos citados pelos referidos autores, indicando que o ARS

tem potencial para suprir a necessidade da forrageira até mesmo na época seca.

Rosa et al. (2004) avaliando os teores de fósforo no capim marandu adubado

com ARS, encontraram teores iguais a 0,39 e 0,42% para as doses de 100 e 200 m³ de

ARS, respectivamente, enquanto que, neste trabalho, foram obtidos teores de fósforo

iguais a 0,33 e 0,38% para as doses de 100 e 200 m³ de ARS, respectivamente. As

condições climáticas exercem efeito direto na absorção de fósforo pelas plantas,

tornando-o mais disponível no solo para ser absorvido, o que se realiza de acordo com

suas necessidades.

Valadares Filho et al. (2006) relataram que as variações nas concentrações de

fósforo observadas em gramíneas do gênero Brachiaria também podem estar

relacionadas à idade da planta, e encontraram valores de 0,35 a 0,47%, em plantas

com idade entre 30 e 150 dias. Durante o presente experimento, nos meses acometidos

por déficit hídrico e menor fotoperíodo, o intervalo entre cortes aumentou, devido ao

lento crescimento da forragem e baixo valor nutritivo, culminando em menores teores de

fósforo em sua composição.

66

Barnabé et al. (2007) obtiveram com a aplicação de 100 m³ de ARS na

Brachiaria brizantha cv. Marandu, teor de fósforo igual a 0,20%. No presente trabalho a

média obtida para a mesma dose em questão foi de 0,33% de fósforo.

Em pesquisa realizada por Costa et al. (2009) avaliando o efeito das doses de 0;

100; 200 e 300 kg N ha-1 ano-1 aplicadas no capim marandu, verificaram que o aumento

nas doses de N provocou redução na absorção de fósforo e, conseqüentemente, menor

crescimento da planta.

Os dados apresentados na Figura 10 indicam o efeito da aplicação das doses de

ARS na Braquiária brizantha cv. Marandu ao final de oito cortes.

y = -6E-07x2 + 0,0005x + 0,2658R2 = 0,7799

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de ARS (m³)

% P (base na MS)

Fósforo

Figura 10 – Teor médio de fósforo (% da MS) em função das doses de ARS.

Ao final do experimento as análises do solo revelaram expressivo aumento nos

teores de P nas parcelas adubadas com ARS em relação à testemunha, comprovando

o valor desse resíduo como fertilizante. A aplicação de ARS a cada 60 dias

proporcionou um acúmulo de fósforo na camada superficial (0-0,10 m) do solo, o qual

foi liberado, para a extração do sistema radicular, de acordo com a necessidade da

planta.

A curva representada pela Figura 10 sinaliza que, caso o experimento se

estendesse por mais tempo, poderia ocorrer uma saturação de fósforo no solo, e

consequentemente, menor extração do mesmo pela planta.

67

A eficiência de utilização do N e P dependerá dos teores disponíveis e do

processo de mineralização do esterco, bem como das doses de ARS aplicadas. Assim,

a quantidade de dejetos a ser aplicada depende do valor fertilizante, do tipo e condição

química do solo e das exigências da cultura a ser implantada (KIEHL, 1985).

Em função do aumento dos teores de fósforo apresentados na forragem com

relação à testemunha, pode-se observar que, na prática, é possível que ajustar os

níveis de fósforo da dieta de bovinos criados em sistema de pastejo em áreas adubadas

com água residuária de suinocultura.

4.4.3 Magnésio

Os resultados apresentados na Tabela 16 confirmam a interação entre os

tratamentos e a frequência dos cortes. Através do desdobramento dos tratamentos,

verifica-se que as médias obtidas diferiram-se (P<0,05) da testemunha, exceto com a

aplicação de 100 m³ de ARS. Pode-se notar, que a forragem apresentou um

comportamento uniforme quanto à utilização do Mg mediante o aumento das doses, ou

seja, extraiu de acordo com sua necessidade, e o excedente acumulou na camada

superficial do solo, conforme indicam os resultados apresentados no Anexo 2.

Desdobrando-se os tratamentos em cada nível de tempo, nota-se que nos dois

primeiros cortes a concentração de Mg no capim Marandu foi superior (P<0,05) à obtida

no oitavo corte, condição esta também observada por Freitas et al. (2005), quando

constataram que a exigência ou extração do Mg diminuiu com o decorrer dos cortes

realizados no capim Mombaça. Isso sugere que as forrageiras vão perdendo o potencial

de rebrota em função do esgotamento das reservas de nutrientes armazenadas nos

tecidos.

Rosa et al. (2004) encontraram teores de magnésio (Mg) no capim Marandu de

0,43 e 0,44%, aplicando doses de 100 e 200 m³ de ARS, respectivamente. Resultados

aproximados aos dos referidos autores nas mesmas doses foram obtidos no presente

trabalho, ou seja, 0,40 e 0,42%, respectivamente.

68

O teor de Mg nas pastagens varia de acordo com o tipo de solo, de clima e da

espécie forrageira. Em gramíneas varia de 1,8 e 3,6 g kg-1 de MS (Baruselli, 2007) a

0,40% (Werner et al., 1997, citados por PRADO, 2007) para as folhas de Brachiaria

brizantha.

69

Tabela 16. Teores de magnésio (%) na Brachiaria brizantha cv Marandu em função das doses aplicadas. Cortes

Tratamentos 1 2 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 0,39 Ba 0,35 Bab 0,27 Bb 0,30 Bab 0,33 Aab 0,34 Bab 0,31 Aab 0,33 B 100 m³ 0,52 Aa 0,43 ABab 0,40 Ab 0,39 ABb 0,35 Ab 0,36 ABb 0,32 Ab 0,40 AB 200 m³ 0,43 ABa 0,44 ABa 0,45 Aa 0,39 ABa 0,42 Aa 0,38 ABa 0,39 Aa 0,42 A 300 m³ 0,41 Ba 0,45 Aa 0,39 Aa 0,37 ABa 0,43 Aa 0,41 ABa 0,38 Aa 0,41 A 600 m³ 0,39 Ba 0,45 Aa 0,39 Aa 0,40 Aa 0,43 Aa 0,44 Aa 0,39 Aa 0,41 A

Média 0,43 a 0,43 ab 0,38 abc 0,37 bc 0,39 abc 0,39 abc 0,36 c *1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

70

Ao se comparar os níveis de Mg nas pastagens adubadas com ARS com as

exigências de bovinos de corte em crescimento e terminação e vacas em lactação,

estimadas pelo NRC (1996), em 1000 e 2000 ppm, respectivamente, constata-se que a

pastagem seria capaz de suprir adequadamente estas categorias animais em todos os

cortes realizados, uma vez que apresentou níveis superiores a 0,36% de Mg.

A partir dos resultados apresentados na Tabela 16, infere-se que, com a

aplicação de ARS os níveis de Mg encontrados na forragem no presente experimento

estão adequados para o desenvolvimento das funções enzimáticas e de crescimento

proporcionado pelo referido nutriente.

Prado (2007) citou que os níveis de deficiência de Mg na parte aérea da

Brachiaria decumbens encontram-se em torno de 0,04%, sendo que dentre os

resultados obtidos neste experimento, todos estiveram acima do nível de deficiência.

Barnabé et al. (2007) obtiveram com a aplicação de 100 m³ de ARS na

Brachiaria brizantha cv. Marandu, teor de Mg igual a 0,58%. No presente trabalho a

média obtida para a dose em questão foi de 0,40%. Pode-se atribuir esta diferença,

principalmente, aos maiores níveis de magnésio presentes no solo da área

experimental dos autores supracitados, quando comparados aos deste experimento.

Teores médios de 0,37 e 0,39% de Mg na MS foram encontrados por Azevedo

(1991), quando o capim gordura foi adubado com 10 e 15 t ha-1 de dejetos de suínos,

respectivamente, valores esses aproximados aos encontrados neste experimento com

quantidades superiores de ARS.

Comparando-se os teores de Mg presentes no solo no início da avaliação

(Tabela 3) com os resultados obtidos ao final do período experimental (Anexo 1) nota-

se que a maior concentração deste nutriente prevaleceu na camada superficial do solo

(0 – 0,10 m), sendo o mesmo utilizado gradativamente pela planta.

O aumento dos níveis de Mg na forragem de acordo com o aumento das doses

de ARS aplicadas também foram constatados por Azevedo (1991); Rosa et al. (2004) e

Barnabé et al. (2007).

Os dados apresentados na curva obtida (Figura 11) ilustram o comportamento do

capim Marandu com relação à extração de magnésio, em função do aumento das doses

de ARS.

71

y = -6E-07x2 + 0,0005x + 0,3418R2 = 0,8387

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de ARS (m³)

% Mg (base na MS)

Magnésio

Figura 11 – Teor médio de magnésio (% da MS) em função das doses de ARS.

Os dados foram ajustados à equação quadrática, e indicam que, ao longo do

tempo, conforme os cortes fossem se estendendo, a concentração de magnésio na

forragem continuaria declinando, provavelmente devido a uma saturação do mesmo na

camada superior do solo, e talvez pelo sucessivo número de cortes que provoca tal

efeito, conforme citaram Freitas et al. (2005).

Em virtude dos altos teores de cálcio nos dejetos utilizados, pode ter havido

adsorção com o magnésio, o qual apresentou menos disponível no solo para a

absorção da forragem.

4.4.4 Potássio

A partir do desdobramento dos tratamentos (Tabela 17), verifica-se que os teores

médios de potássio (K) obtidos com as doses de 300 e 600 m³ de ARS diferiram-se

entre si e da testemunha (P<0,05), o que indica que em doses elevadas de ARS ocorre

maior absorção de K pela forragem.

72

Desdobrando-se os tratamentos em cada nível de tempo, nota-se que as

maiores concentrações de K foram obtidas no quarto e quinto cortes, cujas médias não

diferiram-se entre si (P>0,05), mas foram diferentes (P<0,05) das médias obtidas nos

demais cortes.

O acúmulo de P e K pelo uso de grandes quantidades de dejetos de animais por

longos períodos, pode causar desbalanço de nutrientes, como é o caso do sintoma de

deficiência de Mg em plantas, devido ao excesso de K no solo. Esses efeitos, porém, só

se apresentam após décadas de aplicação contínua de resíduos orgânicos (QUEIROZ

et al., 2004).

Com a aplicação de 100 e 200 m³ de ARS, o presente trabalho encontrou 0,68 e

0,64% de K, respectivamente, enquanto Rosa et al. (2004) verificaram teores de

potássio iguais a 3,15 e 3,62%, para as mesmas doses, respectivamente. Pode-se

atribuir tamanha diferença dentre as concentrações à composição química dos dejetos,

fertilidade do solo e acúmulo do potássio na camada superficial do solo.

Os teores médios de K encontrados com as aplicações de 600 m³ do presente

trabalho foram semelhantes aos obtidos por Azevedo (1991) de 0,85% para a dose de

10 t ha-1 de dejetos de suínos. A autora enfatizou que houve um efeito significativo para

as quantidades de dejetos aplicadas, indicando a facilidade de mineralização e/ou

imobilização do potássio.

A concentração de K encontrada na forragem adubada com 600 m³ aproximou-

se daquela obtida por Barnabé (2001) quando aplicou adubo mineral (80 kg de N; 40 kg

de P2O5; 50 kg de KCl) no capim Marandu.

Segundo Raij et al. (1996) os teores foliares adequados para a Brachiaria

brizantha variam de 12 a 30 g kg-1, porém os autores salientaram que tais níveis podem

variar com a idade da planta. Em função dos baixos níveis de K presentes nos dejetos

utilizados, verifica-se que as médias obtidas no presente trabalho com relação à planta

inteira foram menores em todas as doses de ARS aplicadas.

O potássio apresenta-se nos dejetos praticamente 100% na forma inorgânica,

segundo Menezes et al. (2004), e isto promove sua lenta mineralização para posterior

aproveitamento pelo sistema radicular.

73

Tabela 17. Teores de potássio (%) na Brachiaria brizantha cv Marandu em função das doses aplicadas. Cortes

Tratamentos 1 2 4 5 6 7 8 Média

Testemunha 0,51 Abcd 0,42 Acd 0,73 Dab 0,92 Ca 0,59 Cbc 0,50 Abcd 0,35 Bd 0,57 C 100 m³ 0,58 Ab 0,45 Ab 0,95 Ca 1,02 BCa 0,88 Aa 0,55 Ab 0,37 ABb 0,68 BC 200 m³ 0,42 Abc 0,47 Abc 1,03 BCa 1,01 BCa 0,63 Cb 0,54 Abc 0,39 ABc 0,64 BC 300 m³ 0,39 Ac 0,47 Abc 1,21 Ba 1,21 Ba 0,65 BCb 0,53 Abc 0,43 ABbc 0,70 B 600 m³ 0,48 Ac 0,49 Ac 1,44 Aa 1,43 Aa 0,87 ABb 0,61 Ac 0,58 Ac 0,84 A Média 0,47 cd 0,46 cd 1,07 a 1,12 a 0,72 b 0,55 c 0,43 d *1=12/04/2008; 2 = 31/05/2008; 4 = 20/10/2008; 5 = 20/12/2008; 6 = 28/01/2009; 7 = 07/03/2009; 8 = 29/04/2009. Médias seguidas de letras diferentes maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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O NRC (1996) estimou para bovinos em terminação exigência dietética de 0,6 a

0,70% de potássio na MS da dieta. Com base neste parâmetro, verifica-se que, à

exceção da testemunha, todas as doses de ARS aplicadas no capim Marandu no

presente trabalho, superaram ao teor requerido pelos bovinos.

Os dados da Figura 12 representam o comportamento do potássio na forragem

ao longo do período experimental.

y = 0,0004x + 0,5877

R2 = 0,8993

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 100 200 300 400 500 600 700

Doses de ARS (m³)

% K (base na MS)

Potássio

Figura 12 – Teor médio de potássio (%) em função das doses de ARS.

Observa-se um aumento linear dos teores de potássio na forragem ao longo do

período de avaliação, principalmente na maior dose avaliada (600 m³). Devido à lenta

solubilização deste nutriente, por apresentar-se nos dejetos na forma inorgânica,

mesmo nos meses de menor precipitação pluviométrica, ainda assim houve extração

pelo sistema radicular, o que elevou as concentrações nas partes analisadas (folhas e

caule).

Foram observados incrementos em função das doses de ARS para o potássio

iguais a 11,93; 12,28; 22, 81 e 47,37% com relação à testemunha. Ceretta et al. (2005)

aplicando 20 m³ de ARS encontraram incremento de 46% durante dois anos da rotação

aveia preta/milho/nabo forrageiro.

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5 CONCLUSÃO

A partir dos resultados apresentados no presente trabalho conclui-se que é

possível aumentar a produção anual de massa seca (forragem acumulada) fazendo-se

uso de água residuária de suinocultura, principalmente no período chuvoso.

Embora, a produção de massa seca tenha aumentada com o aumento das

doses, os dados de eficiência dos nutrientes revelaram que, a aplicação da menor dose

(100 m³) foi a que melhor contribuiu para a extração dos nutrientes pelo sistema

radicular.

A aplicação das doses de água residuária de suinocultura refletiu no aumento

dos teores de proteína bruta e redução da fibra em detergente neutro e fibra em

detergente ácido. Os dados da composição bromatológica permitiram observar que,

com a aplicação das doses de 300 e 600 m³ ha-1 ano-1, a forragem extraiu os nutrientes

necessários para a constituição da proteína, o que resultou em maiores concentrações

deste nutriente na forragem.

Os constituintes minerais da forragem foram influenciados pela aplicação de

doses crescentes de dejetos de suínos, principalmente em função do acúmulo dos

nutrientes na camada superficial do solo, acarretado pela baixa eficiência de utilização

dos mesmos pela forragem.

Diante do exposto, vale ressaltar que faz-se necessário que as pesquisas com

aplicações de água residuária de suinocultura em pastagens continuem, para que

sejam traçados parâmetros de tolerância da Brachiaria brizantha quanto aos níveis dos

nutrientes aplicados, para que se perceba o grau de extração dos mesmos, sem que

sejam causados sintomas de fitotoxicidade e queda na produtividade.

Para a recomendação de uma dose adequada, deve-se levar em consideração a

região, clima da mesma, tipo de solo, exigência da cultura ou pastagem a ser adubada,

dentre outros fatores. Entretanto, avaliando-se a eficiência de utilização dos nutrientes

para produção de forragem, os dados revelaram que a dose de 100 m³ de água

residuária de suinocultura mostrou-se eficiente e com menor acúmulo no solo.

Atenção especial deverá ser dada à saturação dos nutrientes no perfil do solo, a

fim de se evitar futuros problemas ambientais, a longo prazo.

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85

ANEXOS

Anexo 1

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Jan.

Fev.

Mar.Abr.

Mai.

Jun. Ju

l.Ago.

Set.

Out.Nov.

Dez.

Meses do ano

Precipitação

pluvial (mm)

2008

2009

Figura 13 - Precipitação pluvial total mensal (mm) registrada durante o período

experimental.

86

Anexo 2 Tabela 18. Caracterização química do solo realizada em abril de 2009.

pH M.O. V T SB H+Al Tratamentos

Profundidade (m) CaCl2 g dm-3 % ----------------mmolc dm

-3------ Testemunha 0 - 0,10 4,50 19,75 32,75 55,90 18,40 37,50

0,10 - 0,20 4,10 19,50 17,25 50,98 8,73 42,25 100 m³ 0 - 0,10 5,15 21,25 60,00 72,58 43,83 28,75

0,10 - 0,20 4,33 19,50 25,25 52,18 13,18 39,00 200 m³ 0 - 0,10 5,23 25,00 63,00 90,98 57,73 33,25

0,10 - 0,20 4,40 20,50 27,50 61,53 17,03 44,50 300 m³ 0 - 0,10 5,38 26,50 69,75 104,08 74,33 29,75

0,10 - 0,20 4,80 23,75 47,50 75,33 39,83 35,50 600 m³ 0 - 0,10 5,23 33,50 64,00 111,45 75,95 35,50

0,10 - 0,20 4,80 25,25 47,75 83,43 43,68 39,75 P K Ca Mg mg dm-3 ----------------------------mmolc dm

-3------------------ Testemunha 0 - 0,10 44,75 0,65 12,50 5,25

0,10 - 0,20 35,00 0,48 7,00 1,25 100 m³ 0 - 0,10 138,25 0,58 37,50 5,75

0,10 - 0,20 61,00 0,43 11,50 1,25 200 m³ 0 - 0,10 290,00 0,48 51,25 6,00

0,10 - 0,20 119,25 0,53 15,00 1,50 300 m³ 0 - 0,10 361,00 0,58 66,75 7,00

0,10 - 0,20 218,75 0,58 36,00 3,25 600 m³ 0 - 0,10 544,75 0,70 68,75 6,50

0,10 - 0,20 303,00 0,68 39,00 4,00 B Cu Fe Mn Zn

-------------------------------------mmolc dm

-3------------------------

Testemunha 0 - 0,10 0,22 2,08 32,75 5,60 2,25 0,10 - 0,20 0,31 2,43 33,50 4,98 1,75

100 m³ 0 - 0,10 0,23 3,63 24,25 4,03 5,78 0,10 - 0,20 0,31 3,30 39,50 4,13 3,13

200 m³ 0 - 0,10 0,28 6,80 38,50 4,73 11,73 0,10 - 0,20 0,31 5,13 55,25 5,65 5,93

300 m³ 0 - 0,10 0,26 6,58 28,00 3,50 13,53 0,10 - 0,20 0,36 4,98 35,25 4,88 7,98

600 m³ 0 - 0,10 0,33 10,98 43,25 4,73 21,88 0,10 - 0,20 0,35 7,28 45,00 6,55 11,38

Caracterização realizada conforme metodologia descrita por Raij et al. (1996). pH = utilizando o extrator CaCl2; M.O = matéria orgânica; V = saturação por bases; CTC= capacidade de troca catiônica; SB= soma de bases.

87

Anexo 3

Tabela 19. Análise de variância da produção de massa seca (kg MS ha-1). FV GL Fc Pr>Fc

Tratamento 4 55,43 0,0000

Bloco 3 2,13 0,1492

Erro 1 12

Tempo 7 71,30 0,0000

Erro 2 21

Trat*Tempo 28 4,87 0,0000

Erro 3 84

Total 159

CV 1 (%) 20,15

CV 2 (%) 39,34

CV 3 (%) 27,37

Anexo 4

Tabela 20 Análise de variância da taxa de acúmulo de forragem (kg MS ha-1dia-1).

FV GL Fc Pr>Fc

Tratamento 4 8,12 0,0021

Bloco 3 1,24 0,3385

Erro 1 12

Tempo 7 44,05 0,0000

Erro 2 21

Trat*Tempo 28 1,58 0,0559

Erro 3 84

Total 159

CV 1 (%) 52,47

CV 2 (%) 71,40

CV 3 (%) 59,17

88

Anexo 5

Tabela 21 – Análise de variância da composição bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu obtida em oito cortes.

Pr>Fc FV GL

MS PB FDN FDA HEM

Tratamento 4 0,0000 0,0000 0,0000 0,0002 0,0016

Bloco 3 0,1908 0,2416 0,3193 0,4378 0,1221

Erro 1 12

Tempo 7 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

Erro 2 21

Trat*Tempo 28 0,0000 0,0025 0,0000 0,0098 0,0000

Erro 3 84

Total 159

CV 1 (%) 11,81 14,92 2,39 8,59 8,20

Cv 2 (%) 17,00 16,08 6,30 12,00 13,94

Cv 3 (%) 10,80 10,25 3,91 9,73 10,79

89

Anexo 6

Tabela 22. Análise de variância dos macrominerais analisados na Brachiaria brizantha

cv. Marandu. Pr>Fc

FV GL Ca P Mg K

Tratamento 4 0,0000 0,0017 0,0086 0,0001

Bloco 3 0,1020 0,0583 0,0830 0,0776

Erro 1 12

Tempo 6 0,0000 0,0014 0,0031 0,0000

Erro 2 18

Trat*Tempo 24 0,0000 0,0000 0,0327 0,0000

Erro 3 72

CV 1 (%) 17,19 30,45 21,03 19,05

Cv 2 (%) 15,46 14,05 13,46 16,30

Cv 3 (%) 14,01 13,95 13,45 16,21