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A persistência dos homens e mulheres do semiárido é uma coisa bonita de se ver. Mesmo com todas as adversidades, acreditar que as coisas vão melhorar é o alimento necessário para ter a coragem de trabalhar na busca de dias melhores. Manoel do Nascimento Sales da Maia é um daqueles agricultores que sempre traz um sorriso no rosto para ofertar e a coragem de buscar alternativa de vida digna. Ele e sua família são exemplo das mudanças proporcionada a partir dos Programas de convivência com o semiárido da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil). Seu Manoel é casado com Rosa Freitas do Nascimento, eles e seus filhos moram há 16 anos na comunidade Croatá, em Assunção do Piauí. A região em que vivem o acesso à água é difícil, mas a persistência e a esperança de dias melhores sempre motivou a família de Seu Manoel. Por isso, mesmo o sacrifício de buscar água na sede do município para tudo, não foi motivo para que o agricultor saísse de sua comunidade. Quando surgiu a oportunidade de conquistar a cisterna de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) o agricultor viu parte de suas dificuldades com a água acabar e ele abraçou com fé a ideia de ter água de qualidade para sua família beber. Quando soube que poderia receber mais uma cisterna, agora de 52 mil litros de água para produção, o agricultor conta que nem imaginava as oportunidades que o implemento poderia lhe oferecer. E foi com ela, a cisterna-calçadão do Programa Uma Terra e Duas Águas que Seu Manoel reescreveu a sua história e passou a lucrar com o que produzia no quintal de casa. O que antes parecia impossível, devido o difícil acesso a água, agora era realidade e a família, além de ter uma alimentação mais saudável na mesa, podia vender o excedente e ter uma renda extra toda semana. No quintal hoje a família produz cheiro verde, cebola, tomate, abóbora e pimentão. O que produz vende nas comunidades próximas ou na sede de Assunção do Piauí. O cultivo no quintal de casa é ofício de toda família e além do apoio da mulher, o agricultor conta ainda com a ajuda dos filhos Manoel, José, Edimilson e Piauí Ano 5 | nº 100 | julho| 2011 Assunção do Piauí- PI Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Produção orgânica garante segurança alimentar e renda para família do semiárido 1 Seu Manoel conta coma ajuda dos filhos para cuidar do quintal. Produção de verduras e legumes garantem renda para a família.

Produção orgânica garante segurança alimentar e renda para família do Semiárido

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Page 1: Produção orgânica garante segurança alimentar e renda para família do Semiárido

A persistência dos homens e mulheres do semiárido é uma coisa bonita de se ver. Mesmo com todas as adversidades, acreditar que as coisas vão melhorar é o alimento necessário para ter a coragem de trabalhar na busca de dias melhores. Manoel do Nascimento Sales da Maia é um daqueles agricultores que sempre traz um sorriso no rosto para ofertar e a coragem de buscar alternativa de vida digna. Ele e sua família são exemplo das mudanças proporcionada a partir dos Programas de convivência com o semiárido da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil).

Seu Manoel é casado com Rosa Freitas do Nascimento, eles e seus filhos moram há 16 anos na comunidade Croatá, em Assunção do Piauí. A região em que vivem o acesso à água é difícil, mas a persistência e a esperança de dias melhores sempre motivou a família de Seu Manoel. Por isso, mesmo o sacrifício de buscar água na sede do município para tudo, não foi motivo para que o agricultor saísse de sua comunidade. Quando surgiu a oportunidade de conquistar a cisterna de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) o agricultor viu parte de suas dificuldades com a água acabar e ele abraçou com fé a ideia de ter água de qualidade para sua família beber. Quando soube que poderia receber mais

uma cisterna, agora de 52 mil litros de água para produção, o agricultor conta que nem imaginava as oportunidades que o implemento poderia lhe oferecer.

E foi com ela, a cisterna-calçadão do Programa Uma Terra e Duas Águas que Seu Manoel reescreveu a sua história e passou a lucrar com o que produzia no quintal de casa. O que antes parecia impossível, devido o difícil acesso a água, agora era realidade e a família, além de ter uma alimentação mais saudável na mesa, podia vender o excedente e ter uma renda extra toda semana. No quintal hoje a família produz cheiro verde, cebola, tomate, abóbora e pimentão. O que produz vende nas comunidades próximas ou na sede de Assunção do Piauí. O cultivo no quintal de casa é ofício de toda família e além do apoio da mulher, o agricultor conta ainda com a ajuda dos filhos Manoel, José, Edimilson e

Piauí

Ano 5 | nº 100 | julho| 2011Assunção do Piauí- PI

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Produção orgânica garante segurança alimentar e renda

para família do semiárido

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Seu Manoel conta coma ajuda dos filhos para cuidar do quintal.

Produção de verduras e legumes garantem renda para a família.

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do pequeno Marone, que já sabe a importância de se cuidar bem do quintal. Antes a família vivia da roça, plantava e vendia o feijão e o milho, plantava para o consumo e para a venda “mas o lucro não se compara ao do meu quintal, antes às vezes o feijão não dava preço, mas eu tinha que vender, hoje se não der eu guardo e vou sobrevivendo com a venda da cebola e do coentro”, diz.

Seu Manoel afirma que com a venda do que produz no quintal tira em média 60 reais por dia, se vai três vezes à sede do município são 180 reais por semana. Antes nem sempre o agricultor tinha o que vender, porque faltava no quintal, mas a organização fez a diferença na produção. Hoje ele conta que planta alternando os seus canteiros, assim nunca falta o que vender, “eu planto e colho de quinze a vinte dias, quando tiro de um canteiro os outros já estão nascendo, aí nunca falta”, explica o agricultor.Seu Manoel Nascimento conta ainda que a produção do seu quintal também é sem o uso de produtos químicos. Segundo ele nunca apareceu pragas na sua horta, mas não sabe explicar o porquê disso, ele brinca que acha que é o sol quente que mata até os insetos, mas mesmo que tivesse ele não usaria o agrotóxico, já que ficou sabendo que faz mal para saúde “eu não uso porque se mata inseto, mata gente também. Aqui na minha horta não dar praga não, e se der, vou procurar com os entendidos, esse negocio de defensivo natural que já ouvi falar, mas não sei fazer, já veneno eu não coloco porque o primeiro que ele mata sou eu, a gente come daqui também”, diz.

Para economizar água ele usa algumas técnicas que aprendeu nos curso de capacitação do P1+2, como canteiro econômico onde se coloca uma lona de plástico para reter a água e o sistema de gotejamento que utiliza garrafas pet para gotejar nas plantas. De gota em gota a planta vai recebendo o líquido e assim a água não evapora rápido. Uma nova técnica também está sendo testada no quintal da família com o apoio técnico do Centro de Formação Educacional para a Convivência com o Semiárido (CEFESA), a técnica chamada de Sistema Semiárido de Produção de Alimento consiste na mesma da construção de um canteiro normal, que necessita de água, luz e calor do sol, adubos, a diferença está na fina camada de areia que é colocada em toda superfície do canteiro, ela desacelera o processo de evaporação da água, permanecendo mais tempo nas raízes. Seu Manoel Nascimento garante que a técnica funciona e já mostra resultados positivos. Ele conta que agora ele rega seus canteiros apenas uma vez ao dia, antes regava três vezes durante o dia. Agora seu sonho é aumentar sua produção e a renda da família. “A cisterna mudou a minha vida, agora é lutar para conseguir outro meio de água e aí vou produzir muito mais, vontade trabalhar eu tenho, não sei se dá para fica rico com os canteiros, mas que ganho um dinheirinho bom eu ganho”, brinca o agricultor.

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A areia colocada em toda extensão do canteiro diminui evaporação e economiza a água.

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Apoio:

www.asabrasil.org.br

Canteiro com a experiência do Sistema Semiárido de Produção de Alimento.