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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE DOUTORADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS AYSHA JUSSARA IVONILDE CARRIM PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, ECOTOXICOLÓGICA E MICROBIOLÓGICA DE BIODIESEL METÍLICO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA (ORF) Orientador Prof. Dr. Nelson Roberto Antoniosi Filho GOIÂNIA - GOIÁS 2016

PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, …como de origem vegetal e animal, incluindo resíduos e passivos ambientais. Na ... the market has been using residual oils and fats, especially

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE DOUTORADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

AYSHA JUSSARA IVONILDE CARRIM

PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA,

ECOTOXICOLÓGICA E MICROBIOLÓGICA DE BIODIESEL

METÍLICO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA (ORF)

Orientador Prof. Dr. Nelson Roberto Antoniosi Filho

GOIÂNIA - GOIÁS

2016

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AYSHA JUSSARA IVONILDE CARRIM

PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA,

ECOTOXICOLÓGICA E MICROBIOLÓGICA DE BIODIESEL

METÍLICO DE ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA (ORF)

Tese apresentada a Universidade

Federal de Goiás, como parte das

exigências do Programa de Pós-

Graduação em Ciências Ambientais,

para a obtenção do Título de

Doutor.

Orientador Prof. Dr. Nelson Roberto

Antoniosi Filho

GOIÂNIA - GOIÁS

2016

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FICHA CATALOGRÁFICA

Carrim, Aysha Jussara Ivonilde. Produção e avaliação físico-química, microbiológica e ecotoxicológica de biodiesel metílico de óleo residual de fritura (ORF) / Aysha Jussara Ivonilde

Carrim,.‐‐ Goiânia: 2016 219 p. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais) – Universidade Federal de Goiás, Goiania, 2016. Orientador: Prof. Dr. Nelson Roberto Antoniosi Filho

1. ecotoxicologia. 2. microbiologia. 3. óleo residual de fritura. 4. produção de biodiesel. 5. transesterificação I. Título

CDU: XXX.XXX.X

Observação: A ficha catalográfica deverá ser feita conforme Código Anglo Americano (AACRZ)

e será solicitada a biblioteca após a defesa pública de tese.

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DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

Aos meus Pais, Ivonilde Avila (in memorian) e Ahmed

Carrim (in memorian) por todo apoio, incentivo, amor,

ensinamentos e confiança. Mãe inspiradora, coruja,

amorosa, guerreira que venceu o mundo externo e

interno para me oferecer o melhor, e hoje eu

realizasse meus sonhos.

À minha avó querida e maravilhosa, Laura Ambrozini

Avila (in memorian), segunda mãe que sempre me

apoiou em tudo, carinho sem economia, amor e

demonstração de luta e vontade de viver com alegria,

fé e Deus no coração.

Às minhas filhas, Hayanne Carrim e Laura Carrim,

meus tesouros e motivação constante.

Às pessoas maravilhosas e especiais que permitiram o

término deste trabalho e a maioria das conquistas até

hoje!

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Agradecimentos

À Deus, sem o qual nem a vida seria possível.

Ao Mestre Prof. Dr. Nelson Roberto Antoniosi Filho com carinho: Gratidão por

caminhar comigo este tempo todo, apoiando-me, colocando-me sobre seus

ombros, estendendo sua mão e erguendo-me principalmente naqueles dias

que eu menos gostava de viver, ensinando-me sobre as fórmulas mais básicas

até as complexas estratégias para se vencer, não apenas doando seu saber,

seu tempo precioso e disputado, criatividade, perspicácia, mas estimulando,

incentivando e valorizando o que de melhor pode haver em um aprendiz.

Poderia me responder que essa era a sua função, porém foi muito além, me fez

acreditar que vale a pena continuar, me despertando para a ciência, para a

pesquisa e para a vida. Agradeço pela confiança, apoio, amizade, exemplo

como profissional, professor, pesquisador, administrador e pai. Eternamente

grata pela oportunidade, por sua dedicação e orientações!

Ao Prof. Dr. José Daniel Gonçalves Vieira, Profa. Me. Valéria Maitan e Thaís

Maitan Vieira pelo apoio incansável, amizade, orientação e carinho.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da

Universidade Federal de Goiás (CIAMB/UFG) pelos ensinamentos e apoio.

Aos professores da banca examinadora (qualificação e final) pelas

contribuições de melhoria desta tese.

Profª Drª Maria Inês Gonçalves Lelis pela convivência, amizade e apoio.

Namastê querida professora!!!

Em especial a Mestre Weine Amorim Azeredo, Mestre Rúbia Pina Luchetti

Camargo e Mestre Lucas Oliveira Gomes por todos os ensinamentos, carinho e

amizade.

Ao amigo Viniciu Fagundes Bárbara de todas as horas de alegrias e angústias,

meus sinceros agradecimentos, respeito e admiração.

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Aos amigos (as) do LAMES/UFG: Adrielle Pereira Lourenço, Aldo Muro Júnior,

Aline Terra Sores, Cárita Lorenzo Santos Souza, Carolina Guimarães, Carolina

Porto Prados, Dayane Cristina da Costa, Sr. Domingos, Elieser Viégas Wendt,

Emmanuel Bezerra D‟Alesssandro, Engy Shokry Abdelsamie Shokry, Hebert

Felipe do N. Ribeiro, Ingryd Cristina de Oliveira, Jair Gonzales Marques Junior,

Julião Pereira - Raca, Kelly da Silva Bezerra, Layon da Fonseca Rodrigues,

Leonardo Alves C. Rodrigues, Lilian Ribeiro Batista, Lucas Oliveira Gomes,

Maíra Gabriela de Mendonça, Marcela Flávia Teixeira, Marlene dos Santos

Silva de Almeida, Marcos Alexandro Abreu e Silva, Maria Isabel Ribeiro Alves,

Maria Inês Gonçalves Leles, Marithizia Gonçaves Vieira, Natalia, Patrícia

Rodrigues Fernandes Metri, Nicolas Blasquez Trigo, Pedro Ivo Brandão Melo e

Franco, Rafael Silva Menezes, Roger Pereira Alves, Tatiana de Oliveira Zuppa

Neto, Willian Pereira Nonato, Yudi Magaly Córdoba Garcés, que tornaram

possível esse sonho, pelo carinho, apoio, ensinamentos, momentos de alegria

e colo naqueles mais difíceis.

Aos amigos (as) do LAMAB/UFG: Anna Paula Santos Almeida Rotta, Ariana

Alves Rodrigues, Aristides Barbosa, Bruno Franchesco Rodrigues de Oliveira,

Cláudia Castelo Branco Artiaga Kobayashi, Igor Daniel Alves Ribeiro, Profª Drª

Lara Stefânia Netto de Oliveira Leão, Leda Maria Valadão, Lia Costa Pinto

Wetzel, Marcus Vinícius Forzani de Araújo, Petain José Ferreira Neto, Raylane

Gomes, Renan Souza Soares, Thaís Maitan Vieira e Vera Lúcia da Penha, que

também ajudaram este sonho se realizar e pelos momentos maravilhosos que

passamos dentro e fora do laboratório.

À Profa. Maria Gizelda de Oliveira Tavares e Habdias de Araújo Silva e Neto

pelo apoio estrutural e ensinamentos valiosos.

Aos amigos da Tecnologia de Alimentos/UFG Anna Paula Santos Marques e

Deivis Carvalho por cederem gentilmente o padrão de curcumina, amizade e a

paciência de sempre, ao Prof. Dr. Robson Maia Geraldine pelo apoio e

incentivo durante o desenvolvimento desta pesquisa.

Ao Professor Me. Carlos Rafael Dufrayer e Lunice Dufrayer pelo apoio e

amizade, além de colaborarem incessantemente na finalização deste sonho.

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À minha família maravilhosa, pela paciência, compreensão, incentivo, apoio

durante todo o tempo.

A todos os amigos e amigas que de alguma forma, com orações, carinho,

incentivo, apoiaram e me fortaleceram em todos os momentos.

Aos órgãos de apoio CNPq, CAPES, MCT, FUNAPE, UFG, pela infraestrutura

e suporte financeiro.

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“Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes." (1676)

Isaac Newton (1643-1727)

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RESUMO

Dentre os biocombustíveis, o biodiesel tem se destacado por ser produzido a

partir de fontes renováveis e grande variedade de matérias-primas graxas, tais

como de origem vegetal e animal, incluindo resíduos e passivos ambientais. Na

intenção de diminuir os custos do biodiesel, o mercado tem buscado utilizar

óleos e gorduras residuais (OGR), em especial óleos residuais de fritura (ORF),

como matéria-prima graxa de baixo custo. Assim, este trabalho visa conhecer

os aspectos da produção química e de segurança ecotoxicológica e

microbiológica do biodiesel de ORF. Em relação à produção de biodiesel de

ORF, observou-se que sua qualidade físico-química encontra-se adequada

para a maioria dos parâmetros analisados, tais como teor de éster, de mono-,

di- e triacilglicerídos, entretanto, parâmetros como viscosidade, índice de

acidez, teor de água e estabilidade oxidativa foram negativamente afetados.

Para melhorar a estabilidade oxidativa foram testados antioxidantes naturais,

dos quais o L-triptofano e a curcumina proporcionaram período de indução

acima de 8 horas, atuando sinergisticamente na elevação da estabilidade

oxidativa por até 30 horas. No que se refere à toxicidade do biodiesel

produzido, o organismo-teste utilizado, Artemia salina, indicou baixa toxicidade

para esse biocombustível em ambientes aquáticos salinos e salobros. Em

relação à qualidade microbiológica, foi isolada uma bactéria identificada como

Bacillus licheniformis, a qual foi capaz de produzir biossurfactante(s) e

degradar tanto o biodiesel, quanto o óleo de soja e derivados de petróleo.

Assim, o biodiesel de óleo de fritura possui baixa toxicidade em ambientes

salino e salobro e tende ser mais facilmente degradado por ação

microbiológica, o que é positivo do ponto de vista ambiental, mas negativo do

ponto de vista do armazenamento, e necessita ser misturado a outras amostras

de biodiesel de melhor qualidade para gerar um biodiesel comercial que

apresente especificações dentro do estabelecido na legislação.

Palavras-chave: ecotoxicologia, microbiologia, óleo residual de fritura,

produção de biodiesel, transesterificação.

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ABSTRACT

Biodiesel has been highlighted among biofuels for producing from renewable

sources and a wide variety of grease raw materials such as plant and animal

origins, including residue and environmental liabilities. Seeking to decrease the

costs of biodiesel, the market has been using residual oils and fats, especially

frying residual oils, as low-cost grease raw material. Therefore, the objective of

this study is to understand the aspects of chemical production as well as the

ecotoxicological and microbiological safety of FRO biodiesel. We observed that

the physical, chemical quality of the FRO biodiesel production is adequate to

most of the parameters analyzed, such as content of ester, mono-, di- and tri-

acylglycerides; however, parameters such as viscosity, acidity index, water con-

tent, and oxidative stability had negative effects. In order to improve the oxida-

tive stability, we tested a few natural antioxidants among which L-tryptophan

and curcumin provided an induction period of over eight hours, acting synergis-

tically on an oxidative stability increase until 30 hours. Regarding the toxicity of

the biodiesel produced, the test organism employed, Artemia salina, indicated

low toxicity for the biofuel in saline and brackish aquatic environments. For the

microbiological quality, we isolated a bacteria identified as Bacillus licheniform-

is, which was able to produce biosurfactant (s) and degrade both biodiesel and

soil oil as well as oil by-products. Thus, frying oil biodiesel has low toxicity in

saline and brackish environments tending to be more easily degraded by a mi-

crobiological action, which is positive from the environmental point of view, but

negative for storage, requiring mixture with other better quality biodiesel sam-

ples to generate commercial biodiesel with specifications that meet the legisla-

tion.

KEYWORDS: ecotoxicology, microbiology, waste oil frying, biodiesel

production, transesterification.

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i

Lista de Figuras

Figura 0.1. Consumo mundial de energia comercializada de 1990 a 2030, por

tipo de combustível. ......................................................................................... 15

Figura 0.2. Diagrama da produção catalítica de biodiesel. ............................... 16

Figura 0.3. Etapas reacionais envolvidas na transesterificação de

triacilglicerídeos. ............................................................................................... 17

Figura 0.4. Evolução da produção do biodiesel (B100) no Brasil, de 2005 a

2015. ................................................................................................................ 18

Figura 0.5. Matérias-primas usadas na produção de biodiesel no Brasil. ........ 20

Figura 1.1. Número de publicações distribuídos de acordo com o ano de

publicação. ....................................................................................................... 39

Figura 1.2. Número de publicações distribuídos de acordo com o ano de

publicação e pelos cinco compartimentos. ....................................................... 39

Figura 1.3. Total de publicações de acordo com os compartimentos. .............. 40

Figura 2.1. Itens publicados por ano para os termos Biodiesel (como tíulo) e

Bacteria (como tópico). .................................................................................... 83

Figura 2.2. Itens publicados por ano para os termos Biodiesel (como título) e

Fungi (como tópico). ......................................................................................... 84

Figura 3.1. Cromatograma dos eluatos salinos em DMSO para o biodiesel

(B100) de ORF (A) e de OSR (B) obtido por HPLC-UV/DAD a 235 nm. ........ 127

Figura 3.2. Cromatograma dos eluatos salinos em DMSO para o biodiesel

(B100) de ORF (C) e de OSR (D) obtido por HPLC-UV/DAD a 270 nm. ....... 128

Figura 4.1. Mecanismo de auto-oxidação dos lipídeos. ................................. 139

Figura 4.2. Estruturas químicas da cafeína, da curcumina e do L-triptofano. 145

Figura 5.1. Imagem no MEV de Bacillus licheniformis (x5000). ..................... 178

Figura 5.2. Curva do monitoramento do pH x tempo (dias) de Bacillus

licheniformis na presença de glucose e glicerol (10 g/L), em meio mínimo. .. 180

Figura 5.3. Crescimento microbiano (abs) x tempo (dias) do Bacillus

licheniformis na presença de glucose e glicerol (10 g/L) em meio mínimo. ... 181

Figura 5.4. Gráfico do consumo de glucose (g/L) x tempo (horas) de Bacillus

licheniformis em meio mínimo contendo glucose a 10 g/L. ............................ 181

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ii

Figura 5.5. Gráfico do consumo de glicerol (g/L) x tempo (horas) de Bacillus

licheniformis em meio mínimo contendo glicerol a 10 g/L. ............................. 182

Figura 5.6. Espectro de massas para a mistura de substâncias que reduzem a

tensão superficial, produzidas por Bacillus licheniformis em meio de cultivo

glicerol. ........................................................................................................... 186

Figura 5.7. Espectro de massas para a mistura de substâncias que reduzem a

tensão superficial, produzidas por Bacillus licheniformis em meio de cultivo

glucose. .......................................................................................................... 187

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iii

Lista de Tabelas

Tabela 2.1. Descritores suas combinações para cada pesquisa sobre

publicações no Web of Knowledge. ................................................................. 82

Tabela 2.2. Número total de publicações para cada parâmetro de busca no

Web of Knowledge. .......................................................................................... 85

Tabela 3.1 - Preparo das misturas entre DMSO, combustíveis e solução salina.

....................................................................................................................... 121

Tabela 3.2. Características físico-químicas das amostras de biodiesel. ........ 123

Tabela 3.3. Preparo das misturas entre DMSO, combustíveis e solução salina

na DL50. .......................................................................................................... 126

Tabela 4.1. Eficiência relativa de antioxidantes sintéticos para diferentes

biodieseis. ...................................................................................................... 140

Tabela 4.2.Características físico-químicas das amostras de biodiesel. ......... 148

Tabela 4.3.Tempo de indução para o biodiesel de ORF aditivado ou não com

curcumina, em função do tempo após a adição do antioxidante. ................... 150

Tabela 4.4.Tempo de indução para o biodiesel de ORF aditivado ou não com L-

triptofano, em função do tempo após a adição do antioxidante. .................... 152

Tabela 4.5. Percentual de aumento do período de indução para o biodiesel de

ORF aditivado com curcumina e L-triptofano com relação a estabilidade

oxidativa inicial do biodiesel de ORF (3,81 h), para a concentração nominal de

700 mg/Kg, ao longo do tempo de armazenamento. ...................................... 153

Tabela 4.6. Percentual de aumento da estabilidade oxidativa para biodiesel de

ORF aditivado com curcumina e L-triptofano em relação com o não aditivado,

para a concentração nominal de 700 mg/Kg, ao longo do tempo de

armazenamento. ............................................................................................ 154

Tabela 4.7. Tempo de indução para o biodiesel de ORF aditivado ou não com a

mistura L-triptofano/curcumina, em função do tempo de armazenamento. .... 154

Tabela 5.1. Características físico-químicas das amostras de biodiesel. ........ 177

Tabela 5.2. Identificação molecular dos isolados em biodiesel de ORF. ....... 178

Tabela 5.3. Percentual do índice de emulsificação 24 horas para cultivo de

Bacillus licheniformis em óleo diesel. ............................................................. 184

Tabela 5.4. Degradação de diferentes fontes de carbono utilizando Bacillus

licheniformis incubado a 30°C e com 24 horas de crescimento. .................... 188

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iv

Tabela 5.5. Degradação de diferentes fontes de carbono utilizando Bacillus

licheniformis incubado a 30°C e com 48 horas de crescimento. .................... 188

Tabela 5.6. Degradação de diferentes fontes de carbono utilizando Bacillus

licheniformis incubado a 30°C e com 72 horas de crescimento. .................... 189

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v

Lista de Abreviações

% Porcentagem

(NH4)2SO4 Sulfato de amônio

°C Grau Celsius

µL Microlitro

µm Micrometro

µmol.m2.s Micromol por metro quadrado por segundo

16S rRNA Ácido ribonucleico ribossomal subunidade 16

2-EHN Nitrato de 2-etilhexila

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis

ASTM American Society for Testing and Materials

BEAS Células humanas epiteliais respiratórias transformadas

BHA Butil-hidroxi-anisol

BHI Caldo infuso de cérebro e coração

BHT Butil-hidroxitolueno

BOD Demanda bioquímica de oxigênio

BTEX Benzeno, tolueno, etilbenzeno, xilenos

BX Mistura de biodiesel com óleo diesel

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior

CAT Catalase

Célula T Linfócito T

CETESB/SP Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

cm Centímetro

CMIT 5-Cloro-2-metil-4-isotiazolina-3-ona

CN Caldo nutriente

CNPE Conselho Nacional de Política Energética

VOC Compostos orgânicos voláteis

COx Óxidos de carbono

ctDNA DNA de célula livre de tumor

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vi

D100 Óleo diesel puro

DCPIP 2-6-diclorofenol indofenol

DHAP Fosfato dihidroxiacetona

DL50 Dose letal mediana

DMSO Dimetilsulfóxido

DNA Ácido desoxirribonucleico (ADN)

EMS Espectrometria de massas por eletrospray

EN Norma europeia

EROD Etóxiresorufina-O-dietilase

ESI Electrospray

FAEE Ésteres etílicos de ácidos graxos

FAME Ésteres metílicos de ácidos graxos

FSA Fração Solúvel em Água

G Grama

g/L Grama por litro

G3P Gliceraldeído-3-fosfato

GA Ácido gálico

GC Cromatografia Gasosa

G-CSF Fator estimulador de colônias granulocitárias

GlcNAc N-acetilglucosamina

GPx Glutationa peroxidase

GSH Glutationa reduzida

GST Glutationa S-transferase

H Hora

HepG2 Células hepáticas

PAH ou PAH Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

HPLC/ UPLC Cromatografia líquida de alto/ultra desempenho

HUVEC Célula endotelial de artéria e veia humana

HVO Óleo vegetal hidrotratado

Hz Hertz

ICAM-1 Molécula intercelular de adesão 1

IE5, IE24, IE96 Índice de emulsificação em 5 minutos, 24 e 96 horas

IL Interleucina

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vii

IEO Índice de estabilidade oxidativa

IP-10 Interferon-gama e proteína 10

JME Biodiesel metílico de Jatropha

K2HPO4 Fosfato de potássio dibásico

Kb Kilobase

Kg Quilograma

KNO3 Nitrato de potássio

KOH Hidróxido de potássio

L Litro

Lag Fase de adaptação do crescimento microbiano

LC-DAD Cromatografia líquido com detector de arranjo de diodos

LDH Lactato desidrogenase

LII Límpido e isento de impurezas

LOQ Limite de quantificação

m/v Massa/volume

m/z Razão massa/carga

MBO 3,3‟metileno-bis (5-metiloxazolidina)

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MDA Malondialdeído

MEOR Recuperação de óleo melhorada por micro-organismos

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

Mg Miligrama

MgSO4.7H2O Sulfato de magnésio heptahidratado

Min Minuto

MIT 2-Metilisotiazol-3(2H)-ona

mL Mililitro

Mm Milímetro

mm2/s Milímetro quadrado por segundo

Mmol Milimol

MP Material particulado

mRNA ou mARN Ácido ribonucleico mensageiro

MTT 3-(4,5-dimetiltiazol-2-II)-2,5-difeniltetrazólio

NaCl Cloreto de sódio

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viii

NCBI National Center for Biotechnology Information

NH4H2PO4 Fosfato de amônio monobásico

NHBE Células epiteliais brônquicas humanas

NIR Espectroscopia por infravermelho próximo

Nm Nanômetro

NO2- Nitrito

NO3- Nitrato

NxOy/ NOx Óxidos de nitrogênio

OECD Organization for Economic Co-operation and Development

OFS Óleo de fritura de soja

OGR Óleos e gorduras residuais

OM Óleo de mamona

OP Óleo de palma

ORF Óleo Residual de Fritura

OSR Óleo de soja refinado

p.a. Para análise

PCR Reação em cadeia da polimerase

PEAD Polietileno de Alta Densidade

PG Galato de propila

PGE2 Prostaglandina E2

pH Potencial hidrogeniônico

Ppm Partes por milhão

PROBIODIESEL Programa Brasileiro de Biodiesel

Psi Libra-força por polegada quadrada

PY Pirogalol

RME Biodiesel metílico de canola (colza)

ROS Espécies reativas de oxigênio

Rpm Rotação por minuto

S Segundo

S10 Óleo Diesel com 10 ppm de enxofre

S500 Óleo Diesel com 500 ppm de enxofre

DAS Sabouraud Dextrose Agar

SOD Superóxido dismutase

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ix

SOx Óxidos de enxofre

Sp Espécie

TAG Triacilgliceróis

TBHQ Terc-butil hidroquinona

THP Célula de linhagem de monócito humana

TNF-α Fator de necrose tumoral

TSA Triptona soja agar

ULSD Diesel com ultra baixo teor de enxofre

UV Ultravioleta

UV-Vis Ultravioleta-visível

v/v Volume/volume

VCAM-1 Célula de adesão vascular M-1

WKY Wistar-Kyoto

Μmol Micromol

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x

Sumário

Lista de Figuras ................................................................................................... i

Lista de Tabelas ................................................................................................. iii

Lista de Abreviações .......................................................................................... v

1.Introdução ................................................................................................. 14

1.1 Aspectos gerais sobre biodiesel ...................................................... 14

1.2 O biodiesel como energia renovável alternativa .................................. 14

1.3 Tipos de reações para produção de biodiesel ..................................... 17

1.4 Uso de biodiesel no Brasil ................................................................... 18

1.5 Matérias-primas para produção de biodiesel ....................................... 19

1.6 Produção de biodiesel a partir de óleos de fritura ................................ 20

1.7 Alguns desafios para a qualidade do biodiesel .................................... 21

2. Objetivos ................................................................................................... 23

2.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 23

2.2 Objetivos Específicos........................................................................... 24

3. Estrutura da tese ...................................................................................... 24

4. Referências Bibliográficas ...................................................................... 26

Capítulo 1 – Efeitos ecotoxicológicos do Biodiesel: Uma revisão .................... 32

RESUMO ...................................................................................................... 32

ABSTRACT ................................................................................................... 33

1. Introdução .............................................................................................. 34

2. Metodologia ............................................................................................ 37

3. Resultados e Discussão ......................................................................... 38

3.1. Compartimento atmosférico ................................................................ 40

3.2. Compartimento hídrico ........................................................................ 50

3.3. Compartimento solo ............................................................................ 55

3.4. Toxicidade oral ................................................................................... 57

3.5. Outros testes de toxicidade para biodiesel ......................................... 59

4. Conclusões ............................................................................................. 60

5. Referências Bibliográficas ...................................................................... 62

Capítulo 2 – Aspectos microbiológicos do biodiesel: uma revisão ................... 79

RESUMO ...................................................................................................... 79

ABSTRACT ................................................................................................... 80

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xi

1. Introdução .............................................................................................. 81

2. Metodologia ............................................................................................ 81

3. Resultados e discussão .......................................................................... 82

3.1. Revisão da literatura ........................................................................... 86

3.1.1. Uso de micro-organismos na produção de biodiesel .................... 86

3.1.2. Degradação microbiológica de biodiesel ...................................... 90

3.1.3. Biorremediação ............................................................................ 93

4. Conclusões ............................................................................................... 98

5. Referências Bibliográficas ....................................................................... 100

Capítulo 3 - Estudo da toxicidade aguda de biodiesel e suas misturas com óleo

diesel frente a Artemia salina ......................................................................... 111

RESUMO .................................................................................................... 111

ABSTRACT ................................................................................................. 112

1. Introdução ............................................................................................... 113

2. Experimental ........................................................................................... 117

2.1 Amostragem ...................................................................................... 117

2.2 Produção das amostras de biodiesel metílico de ORF ...................... 117

2.3 Ensaios ecotoxicológicos ................................................................... 118

2.3.1 Preparo do eluato ........................................................................ 119

2.3.2 Análise cromatográfica do eluato ................................................ 120

2.3.3 Cultivo dos náuplios de Artemia salina ........................................ 120

2.3.4 Teste ecotoxicológico com Artemia salina ................................... 121

2.3.5 Cálculo da taxa de mortalidade de Artemia salina ....................... 122

3. Resultados e discussão .......................................................................... 122

4. Conclusão ............................................................................................... 129

5. Referências Bibliográficas ....................................................................... 129

Capítulo 4 - Avaliação de alguns produtos naturais como antioxidantes para

biodiesel metílico de óleos de fritura .............................................................. 136

RESUMO .................................................................................................... 136

ABSTRACT ................................................................................................. 137

1. Introdução ............................................................................................... 138

2. Experimental ........................................................................................... 146

2.1 Amostragem ...................................................................................... 146

2.2 Produção de biodiesel metílico de ORF............................................. 146

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2.3 Avaliação da estabilidade oxidativa ................................................... 147

3. Resultados e discussão .......................................................................... 148

4. Conclusões ............................................................................................. 155

5. Referências Bibliográficas ....................................................................... 156

Capítulo 5 - Produção de biossurfactante e biodegradação por micro-

organismos isolados de biodiesel metílico de óleo de fritura ......................... 162

RESUMO .................................................................................................... 162

ABSTRACT ................................................................................................. 163

1. Introdução ............................................................................................... 164

2. Experimental ........................................................................................... 169

2.1 Amostragem ...................................................................................... 169

2.2 Produção de biodiesel metílico de ORF............................................. 169

2.3 Isolamento de micro-organismos ...................................................... 170

2.4 Identificação dos micro-organismos isolados .................................... 170

2.5 Identificação molecular do micro-organismo ...................................... 171

2.5.1 Extração do DNA total e amplificação da região que codifica 16S

rDNA ..................................................................................................... 171

2.5.2 Purificação do produto de PCR e sequenciamento ..................... 172

2.6 Seleção preliminar para produção de biossurfactante pelo teste da

atividade hemolítica ................................................................................. 172

2.7 Determinação da curva de crescimento microbiano e do pH ............. 173

2.8 Quantificação do consumo de glucose e glicerol em meio mineral ... 173

2.9 Produção de biossurfactante ............................................................. 173

2.9.1 Teste do colapso da gota ............................................................ 174

2.9.2 Índice de emulsificação (IE5 e IE24) ........................................... 174

2.9.3 Caracterização de biosurfactantes por ESI-MS ........................... 175

2.10. Capacidade de degradação de derivados de petróleo e biodiesel . 175

3. Resultados e discussão .......................................................................... 175

3.1 Identificação do micro-organismo ...................................................... 178

3.2 Seleção preliminar para produção de biossurfactante pelo teste da

atividade hemolítica ................................................................................. 179

3.3 Determinação da curva de crescimento microbiano e do pH ............. 179

3.4 Quantificação do consumo de glucose e glicerol em meio de

mineral.......................................................................................................181

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3.5 Teste do colapso da gota ................................................................... 183

3.6 Índice de emulsificação (IE5 e IE24).................................................. 183

3.7 Caracterização dos biosurfactantes produzidos por Bacillus

licheniformis ............................................................................................. 184

3.8 Capacidade de degradação de derivados de petróleo e biodiesel .... 188

4. Conclusões ............................................................................................. 190

5. Referências Bibliográficas ....................................................................... 191

CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................ 203

ANEXO I ......................................................................................................... 205

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1. Introdução

1.1 Aspectos gerais sobre biodiesel

Por definição, biodiesel é uma mistura de ésteres alquílicos de ácidos

graxos, normalmente derivado da reação entre matérias-primas graxas, tais

como óleos e gorduras vegetais ou animais, metanol e/ou etanol (ANP, 2014).

Sendo utilizado como biocombustível misturado ao óleo diesel, em blendas

denominadas de BX, com X sendo o percentual volumétrico de biodiesel no

óleo diesel (por exemplo, B2, B5, B7, B20...), ou na sua forma pura e

comumente denominada B100.

O crescente interesse sobre biodiesel advém da gradativa necessidade

de diversificar e ampliar as fontes de energia especialmente aquelas derivadas

de biomassa, pelo fato dessas serem renováveis e de menor impacto

ambiental.

1.2 O biodiesel como energia renovável alternativa

O uso de fontes de energia renováveis e não renováveis tornou-se ponto

de discussão na comunidade científica e econômica mundial. Recentes

discussões sobre o assunto como, por exemplo, na Conferência das Nações

Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS / Rio+20), que incluiu o

uso de energias renováveis entre seus objetivos focais (UN, 2012).

Também é assinalado, entre as conclusões sobre as estratégias futuras

para a sustentabilidade energética e ambiental, a necessidade da redução da

dependência dos combustíveis fósseis e o investimento em novas tecnologias

para a produção de energias renováveis (UN, 2012).

Vale observar que a energia tem um papel-chave e pode definir o

sucesso ou fracasso das iniciativas direcionadas a um futuro sustentável,

inclusive na questão do aquecimento global e catástrofes climáticas (GEA,

2012). Apesar do petróleo, do carvão e do gás natural serem as principais

fontes de energia usadas no mundo, o uso de fontes renováveis de energia

ultrapassou o uso da energia nuclear. Estima-se que seu uso deve aumentar

nos próximos anos (Figura 0.1), sendo que o Brasil já se destaca mundialmente

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na produção de energias renováveis, como a hidroeletricidade e a biomassa,

nas formas de etanol e biodiesel.

Figura 0.1. Consumo mundial de energia comercializada de 1990 a 2030, por

tipo de combustível.

Fonte: ANP (2015a).

Entretanto, apenas 10% da biomassa produzida no mundo é utilizada na

produção de biocombustíveis, somando 90% da contribuição total de fontes

renováveis de energia no mundo (REN21, 2015).

A biomassa rica em lipídeos é utilizada para a produção de biodiesel e

bioquerosene e a biomassa rica em carboidratos é normalmente convertida em

etanol. O lixo orgânico e outros resíduos do uso de biomassa podem ser

pirolisados e convertidos em energia térmica.

A demanda mundial de energia aumenta rapidamente (Figura 1),

causando o uso crescente ainda dos combustíveis fósseis. Entretanto, devido à

diminuição das reservas e ao aumento rápido de preços destes combustíveis,

futuramente os combustíveis renováveis poderão vir a substituí-los (Dwivedi &

Sharma, 2014).

Outro problema associado à utilização de combustíveis fósseis é a

grande emissão de poluentes como hidrocarbonetos, óxidos de carbono (COx),

de nitrogênio (NxOy) e de enxofre (SOx), aumentando a pressão para a

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necessidade de se buscar combustíveis alternativos mais limpos (Shahid &

Jamal, 2008).

A política energética brasileira busca facilitar a introdução de

biocombustíveis como produtos economicamente viáveis, incluindo o biodiesel,

aproveitando a vantagem tributária e os subsídios. Assim, o mercado de

biocombustíveis está crescendo no Brasil com novas indústrias produtoras de

óleos vegetais assumindo a conversão industrial de biomassa graxa em

biodiesel (Bart et al, 2010; Vyas et al, 2010) por meio principalmente de

processos químicos que envolvem reações de esterificação e/ou

transesterificação (Figura 0.2).

Figura 0.2. Diagrama da produção catalítica de biodiesel.

Fonte: Adaptado de Balat & Balat (2008).

De acordo com a Lei N° 11.097 de 13 de janeiro de 2005, biodiesel é

definido como um “biocombustível derivado de biomassa renovável para uso

em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme

regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir

parcial ou totalmente combustível de origem fóssil" (ANP, 2005).

Sob o ponto de vista químico, conforme dito anteriormente, o biodiesel é

um combustível derivado da reação de matérias-primas graxas com álcoois

como metanol ou etanol, o que gera ésteres metílicos ou etílicos de ácidos

graxos, chamados respectivamente de FAME e FAEE (do inglês Fatty Acid

Methyl Esters e Fatty Acid Ethyl Esters) (Andrade et al, 2011). Por apresentar

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características físico-químicas similares ao óleo diesel, e tido como um

sucedâneo ao diesel, sendo assim utilizado em adição ou em substituição a

este combustível fóssil, com vantagens de ser produzido a partir de uma gama

de matérias-primas renováveis ou residuais, além do menor impacto ambiental.

1.3 Tipos de reações para produção de biodiesel

A principal reação de conversão de uma matéria-prima graxa em

biodiesel é a transesterificação, a qual quimicamente corresponde a conversão

de um éster, no caso um acilglicerídeo, em outro éster, neste caso um éster

metílico ou etílico de ácido graxo.

Em outras palavras envolve a reação entre os triacilglicerídeos e álcool,

na presença ou não de um catalisador, gerando ésteres alquílicos de ácidos

graxos e glicerol (Figura 0.3).

Figura 0.3. Etapas reacionais envolvidas na transesterificação de

triacilglicerídeos.

Fonte: Meneghetti et al. (2013).

Como vantagens deste processo cita-se o alto rendimento de conversão,

a alta velocidade de reação, a produção de um coproduto de alto interesse

comercial - o glicerol - e o baixo custo dos álcoois e catalisadores usados como

reagentes. Dentre os catalisadores homogêneos podem ser utilizados o ácido

sulfúrico, o hidróxido de sódio ou de potássio; como catalisadores

heterogêneos algumas das opções são zirconia sulfatada, óxido de magnésio,

óxido de cálcio, entre outros. Há também a possibilidade de uso de processos

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biocatalíticos, nos quais são utilizadas enzimas, tais como as lipases. No

tocante às técnicas não convencionais essas se baseiam no uso de ultrassom,

microondas e fluídos supercríticos (Andrade et al, 2011).

1.4 Uso de biodiesel no Brasil

Embora ainda represente 80% a participação de fontes de carbono fóssil

na matriz energética brasileira (Biodieselbr, 2014), há necessidade da

exploração mais sustentável dos recursos naturais, utilizando as fontes

renováveis de energia.

Neste contexto, a Portaria n° 720, de 30 de outubro de 2002, através do

Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, implementada através do Programa

Brasileiro de Biodiesel – PROBIODIESEL, reforça a importância da produção

do biodiesel em detrimento da elevação dos preços do óleo diesel e sua

importação (Brasil, Conab, 2011).

A comercialização do biodiesel no país desde a publicação da Medida

Provisória 214, que foi convertida na Lei 11.097/2005 de 13/01/2005, só tem

crescido conforme observado na Figura 0.4.

Figura 0.4. Evolução da produção do biodiesel (B100) no Brasil, de 2005 a

2015.

Fonte: Adaptado de ANP (2016).

0 0,07

0,4

1,17

1,61

2,39 2,67 2,72

2,92

3,42

3,94

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

bilh

õe

s d

e lit

ros

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL (B100) - 2005-2015

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Atualmente, são adicionados obrigatoriamente 7% (mistura B7) de

biodiesel ao óleo diesel comercializado a qualquer consumidor, em todo o

território nacional. Com a nova legislação, contados a partir de março de 2016,

a mistura obrigatória passará para 8% (B8) em até 12 meses; 9% (B9) em até

dois anos, e 10% (B10) no período de três anos. A lei 13.263 ainda autoriza o

Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a elevar a mistura obrigatória

para até 15%, mediante a realização de testes em motores a diesel (BRASIL,

2016), evidenciando assim a necessidade de realização de pesquisas sobre

novas matérias-graxas para atender esta produção.

Segundo dados oficiais, as matérias-primas utilizadas para a produção

de biodiesel no país são principalmente o óleo de soja (69,6% do total) e o

sebo bovino (14,7%) (BRASIL, MME-EPE, 2013). Pelo fato da soja ser uma

commodity, seu preço é regulado pelo mercado externo, o que pode

comprometer o futuro de Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel.

Assim, espera-se que o aumento gradativo na produção e consumo de

biodiesel venha a ser atendido com a disponibilidade de outros materiais

graxos, tanto de origem vegetal (comestível ou não), animal, bem como pelo

uso de biomassas residuais (Hill et al., 2006).

1.5 Matérias-primas para produção de biodiesel

No Brasil, conforme já mencionado, as matérias-primas mais utilizadas

para a produção de biodiesel são o óleo de soja, a gordura animal, bem como o

óleo de algodão e outros materiais graxos (Figura 0.5) (ANP, 2015b).

Cada matéria-prima gera biodiesel de diferentes composições químicas,

as quais respondem diretamente às características inerentes de cada fonte de

matéria graxa. Assim, uma das mais importantes características do biodiesel é

a composição de ésteres metílicos de ácidos graxos, determinada pela

composição dos ácidos graxos no material bruto utilizado na produção (Knothe,

2010).

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Figura 0.5. Matérias-primas usadas na produção de biodiesel no Brasil.

Fonte: ANP (2015b).

Aproximadamente 95% do biodiesel produzido mundialmente utilizam

óleos vegetais comestíveis refinados como matérias-primas graxas. Há

também vários estudos tentanto viabilizar outras fontes alternativas de lipídeos

para uso na produção de biodiesel, tais como as microalgas (Ahmad et al.,

2011).

Dentre as matérias-primas alternativas destacam-se os óleos e gorduras

residuais (OGR) e em especial os óleos residuais de fritura (ORF).

1.6 Produção de biodiesel a partir de óleos de fritura

Óleos e gorduras residuais (OGR) englobam principalmente os óleos

comestíveis após processo de fritura de alimentos (ORF), que normalmente

alcança até 190°C, bem como os óleos oriundos dos esgotos sanitários

(doméstico ou industrial). Este tipo de matéria-prima pode ser destinada para a

formulação de tinta de impressão (Montenegro et al., 2013), de farinha básica

para ração animal, de massa de vidraceiro, sabão, glicerina, geração de

energia elétrica através da queima em caldeira, biodiesel (Reis et al., 2007),

óleo lubrificante ou fluido hidráulico (Pinzi et al., 2014), porém ainda uma

grande parte deste volume é descartado diretamente no esgoto ou como lixo

orgânico, provocando poluição de solos e aquíferos (São Paulo, 2007).

De uma forma geral são vários os problemas observados a partir do

descarte de ORF de maneira inadequada, tais como: custo elevado para tratar

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o esgoto, poluição dos corpos hídricos e impermeabilização de leitos de rios, o

que pode acentuar enchentes recorrentes, além da obstrução dos

encanamentos (Santos, 2012).

Em relação à quantidade de óleos despejados em um corpo hídrico e ao

alcance de poluição cabe ressaltar que existem relatos da capacidade de um

litro de óleo graxo poluir cerca de 25 mil litros de água, onerando o sistema de

tratamento de esgotos numa faixa que pode variar de 45% a 100%, em função

do acúmulo desta substância pouco hidrossolúvel e que leva a obstrução da

rede e de galerias pluviais (São Paulo, 2007).

Por outro lado, a reciclagem de ORF pode ser bastante interessante,

uma vez que o uso do óleo de fritura como matéria-prima na produção de

biodiesel é de interesse para muitos produtores de biodiesel em função dos

preços mais baixos deste passivo ambiental, quando comparado com o óleo

graxo refinado, apesar dos problemas associados à logística e da necessidade

de um pré-tratamento do ORF antes da transesterificação alcalina (Issariyakul

& Dalai, 2014).

1.7 Alguns desafios para a qualidade do biodiesel

Independentemente da matéria-prima utilizada para a produção do

biodiesel, é importante que as especificações preconizadas por diretrizes como

as dadas pelas normas ASTM D6751 e EN 14214, bem como as Resoluções

da ANP, sejam atendidas, embora alguns parâmetros sejam afetados

independentemente da matéria-prima usada (Knothe, 2010).

As propriedades do biodiesel podem ser afetadas por diversos fatores

que incluem a tendência a oxidação, decomposição térmica, facilidade para

absorção de água, biodegradação por crescimento microbiano, exposição ao

sol ou foto-oxidação, contaminação por metais, presença ou ausência de

aditivos, entre outros fatores (Jakeria et al., 2014).

De acordo com Stombaugh et al. (2006) o biodiesel é mais suscetível à

contaminação por água do que o diesel de petróleo. A presença de água livre

no biodiesel ou em qualquer combustível pode ocasionar processos de

corrosão no sistema que entra em contato com o mesmo podendo favorer o

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crescimento de micro-organismos deteriogênicos, dentre outros processo

degenerativos.

Além disso, ainda se observam alterações na qualidade do biodiesel ao

longo do tempo de estocagem e armazenado. O biodiesel armazenado tende a

sofrer oxidação e mudanças em outras propriedades físicas (aumento da

viscosidade, formação de resíduos ou gomas), químicas (elevação dos índices

de acidez e de peróxidos, diminuição do índice de iodo e do teor de ésteres) e

microbiológicas (biodeterioração), alteração as características dos materiais

que ficam em contato com o biodiesel e a formação de resíduos e gomas.

Quando comparado com o diesel convencional derivado de óleo cru, os

óleos e gorduras vegetais ou animais tem viscosidade mais alta (o que significa

que dificultam o bombeamento e a estocagem sem aquecimento) e são mais

instáveis (o que significa que são mais suscetíveis as degradações durante o

seu armazenamento, manuseio e uso final). Nestas circunstâncias estes

fenômenos devem ser considerados para contribuir na tecnologia de produção

e distribuição do biodiesel (He et al., 2007; Zuleta et al., 2012).

No caso do biodiesel produzido a partir de óleo de fritura estas

alterações não são diferentes, embora alguns pesquisadores afirmem que o

óleo de fritura pode apresentar alto conteúdo de ácidos graxos livres, o que

pode ser reduzido através da catálise ácida. A menor presença de compostos

insaturados, parcialmente degradados termicamente pela fritura, favorece uma

boa estabilidade oxidativa, porém apresenta diminuição das propriedades

relacionadas ao ponto de entupimento de filtro a frio, o contrário do que ocorre

com a presença de compostos insaturados.

Entretanto, tem-se observado que a estabilidade oxidativa pode diminuir

com o decorrer do tempo; característica esta que poderia ser melhorada com o

uso de aditivos antioxidantes naturais, tais como tocoferóis, esteróides e

tocotrienóis, ou antioxidante sintéticos, como os de composição fenólica ou

aminíca (Sharma et al., 2008).

De acordo com Knothe (2000) alguns fatores podem favorecer o

processo de oxidação de cadeias dos ácidos graxos presentes no biodiesel,

notadamente naqueles ricos em insaturações. Se trata de um processo

complexo que pode ser acelerado pela presença de oxigênio, luz, calor, metais

e peróxidos (presentes no início da oxidação), resultando na formação de

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hidroperóxidos e afetando a estabilidade oxidativa do biodiesel, medida através

da determinação do índice de estabilidade oxidativa (IEO) também conhecido

como período de indução (IP) (Sharma et al., 2008).

Outra metodologia utilizada para acompanhar este processo é a

determinação do índice de peróxidos (Knothe, 2000), porém o processo

oxidativo pode ser monitorado por outras metodologias analíticas tidas com

mais precisas e rápidas, tais como a cromatografia gasosa (GC), a

cromatografia líquida de alta ou de ultra eficiência (HPLC ou UPLC), e a

espectroscopia por infravermelho próximo (NIR), que ainda, entretanto carecem

de validação para a sua aceitação pelo mercado.

Apesar das diversas alterações nas propriedades físicas e químicas do

biodiesel, o fato desse combustível ser renovável e menos poluente ao

ambiente o torna mais atrativo como combustível alternativo (Bankovic-Ilic et

al., 2012). Entre outros estudos há vários relatos relacionados com os impactos

ambientais provocados pelas emissões tóxicas liberadas para a atmosfera,

porém ainda são poucos os estudos que enfocam as avaliações

ecotoxicológicas (Müller, 2011) e a possibilidade de obtenção de novos

agentes e procedimentos de remediação ambiental a partir do biodiesel.

Pretende-se, portanto, com esta pesquisa preencher esta lacuna a fim de

viabilizar a matéria-prima considerada como resíduo para produção de

biodiesel com qualidade competitiva, como óleo de fritura.

Assim, o mercado de biodiesel busca por matérias-primas de baixo custo,

de forma a diminuir o custo final do biodiesel, já que somente o preço da

matéria-prima corresponde a cerca de 80% do preço final. Além disso, é

necessário assegurar que o biodiesel sintetizado apresente qualidade

adequada e segurança ambiental. Nesse sentido, os resíduos graxos de fritura

(ORF) aparecem como uma opção que precisa ser avaliada de maneira ampla,

de forma a garantir que essa seja uma matéria-prima com menor custo de

produção e ao uso adequado de biodiesel.

2. Objetivos

2.1 Objetivo Geral

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O objetivo geral deste trabalho é efetuar e avaliar a produção e a

segurança ambiental de biodiesel produzido utilizando o ORF como matéria-

prima graxa, bem como efetuar a bioprospecção microbiana e avaliar a

possibilidade de usar antioxidantes naturais em substituição aos correntes.

2.2 Objetivos Específicos

Analisar a produção técnico-científica e o estado da arte acerca da

ecotoxicidade e dos aspectos microbiológicos do biodiesel.

Avaliar a toxicidade aguda de biodiesel de ORF, de óleo de soja

refinado e biodiesel comercial, utilizando como organismo-teste a

Artemia salina.

Testar a efetividade de produtos naturais como antioxidantes para

biodiesel produzido a partir de ORF.

Identificar micro-organismos isolados do biodiesel e avaliar a sua

capacidade de produção de biossurfactantes.

3. Estrutura da tese

A tese apresenta-se subdividida em cinco capítulos organizados na

forma de artigos para futura publicação científica, relacionados a seguir:

1) Efeitos ecotoxicológicos do Biodiesel: uma revisão (Capítulo 1)

2) Aspectos microbiológicos do biodiesel: uma revisão (Capítulo 2);

3) Estudo da toxicidade aguda do biodiesel de óleo de soja refinado, de fritura e

suas misturas com óleo diesel em ambiente aquático salobro ou salino

(Capítulo 3);

4) Avaliação de alguns produtos naturais como antioxidantes para biodiesel

metílico de óleos de fritura (Capítulo 4);

5) Produção de biossurfactante e biodegradação por micro-organismos

isolados de biodiesel metílico de óleo de fritura (Capítulo 5);

No primeiro capítulo foi realizada uma revisão sobre os efeitos

ecotoxicológicos de avaliação de diversos biodieseis desde 1945 até o

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momento, sendo dividida por componentes temáticos relacionados com os

ecossistemas e indivíduos passíveis de contaminação e/ou intoxicação.

No segundo capítulo a revisão tratou de enfocar as publicações mais

relevantes sobre os aspectos microbiológicos do biodiesel em nível mundial

desde 1945 até hoje, evidenciando três temas: micro-organismos utilizados na

síntese de biodiesel, aqueles responsáveis pela degradação microbiana e, por

último, os empregados em processos de biorremediação.

O terceiro capítulo aborda a avaliação ecotoxicológica da fração salina

aquosa (eluato) de biodiesel produzido a partir de ORF utilizando a Artemia

salina, como uma ferramenta rápida, de baixo custo e fácil manipulação para

detectar de forma preliminar, o impacto deste biocombustível sobre os corpos

hídricos salobros ou salinos que eventualmente sejam contaminados,

principalmente em função da necessidade em se iniciar estudos de impactos

ambientais com aplicação futura à mistura de biodiesel ao diesel marítimo.

O quarto capítulo propõe e compara a utilização de três produtos

naturais - a curcumina, o triptofano e a cafeína - como antioxidantes de

biodieseis preparados a partir de ORF, visando garantir sua estabilidade

oxidativa durante o armazenamento.

Focou-se no quinto capítulo, o isolamento e identificação bioquímica e

molecular de micro-organismos presentes em biodiesel de ORF, bem como o

potencial de produção de biossurfactantes por parte dos micro-organismos

isolados de biodiesel de ORF, através de testes rápidos, além da investigação

utilizando espectrometria de massas. Vale observar que os biossurfactantes

são responsáveis pela aceleração do processo de degradação microbiológica

de combustíveis fósseis e de biodiesel.

Page 38: PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, …como de origem vegetal e animal, incluindo resíduos e passivos ambientais. Na ... the market has been using residual oils and fats, especially

26

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32

– Efeitos ecotoxicológicos do Biodiesel: Uma revisão Capítulo 1

Carrim, A.J.I.1 da Silva Junior, E.D.2; Kopp, K.A. 2; Antoniosi Filho, N.R. 1

1 Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES), Instituto de Química,

Universidade Federal de Goiás, Campus II, Samambaia, Goiânia, Goiás, Brasil,

74690-900

2 Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA), Universidade Federal de Goiás,

Campus I, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil, 74605-220

E. mail: [email protected]

RESUMO

A utilização do biodiesel vem aumentando em função da busca por novas

matrizes energéticas em substituição aos combustíveis de origem fóssil, dadas

às vantagens de ser renovável, gerar menor emissão de poluentes, haver

disponibilidade de matéria-prima e permitir a produção de energia em áreas

distantes dos centros de produção de petróleo. Apesar das vantagens citadas,

torna-se necessário conhecer os efeitos ambientais desse biocombustível

sobre os organismos que compõem os ecossistemas, o que é feito pela

ecotoxicologia. Assim, alguns estudos ecotoxicológicos têm sido realizados

visando conhecer a segurança ambiental do biodiesel, bem como suas

consequências em caso de contato com o meio ambiente. Dessa forma,

visando conhecer esses trabalhos e seu impacto sobre a área de biodiesel,

efetuou-se neste trabalho o levantamento bibliográfico, no período de 1945 até

fevereiro de 2016, acerca dos estudos ecotoxicológicos associados a biodiesel.

Observou-se que ainda são poucas as publicações referentes a essa temática,

correspondendo a um total de 75 artigos. De modo geral, a avaliação dos

ensaios ecotoxicológicos efetuados nos ambientes atmosférico, aquático, em

solo e em outras situações indicam que, de modo geral, a adição de biodiesel

ao diesel é ecotoxicologicamente favorável.

PALAVRAS-CHAVE: biocombustível, meio ambiente, organismo-teste.

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Ecotoxicologial effects of biodiesel: a Review

ABSTRACT

The use of biodiesel has been increasing as new energy matrices come to

replace fossil fuels due to the renewable advantages and for generating lower

pollutant emissions as well as providing raw material that allow energy

production at areas distant from petroleum production centers. Despite the

advantages mentioned, it is important to know the environmental effects of this

biofuel on the organisms constituting ecosystems, which occurs through

ecotoxicology. Therefore, some ecotoxicological studies have been carried out

aiming at revealing the biodiesel environmental safety, as well as the possible

consequences in case it has contact with the environment. In this context, in

order to know these studies and impacts on the biodiesel field, we carried out a

bibliographical survey covering the period from 1945 to February 2016 on

ecotoxicological studies associated with biodiesel, which indicated that only a

few publications encompass this theme, corresponding to a total of 75 papers.

In general, the assessment of ecotoxicological tests conducted in atmospheric,

aquatic and terrestrial environments; other situations indicate that, in general,

the addition of biodiesel to diesel is ecotoxicologically favorable.

KEYWORDS: biofuels, environment, test-organism.

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1. Introdução

A crise do petróleo na década de 1970, fez com que muitos países

buscassem a produção de combustíveis renováveis, como etanol e o biodiesel.

Além disso, as preocupações ambientais e o receio da escassez de

combustíveis de origem fóssil num futuro próximo levaram vários países a

adotar uma legislação relativa ao uso de biocombustíveis, como etanol em

adição ou em substituição à gasolina, ou biodiesel em substituição ou

complementação ao uso de óleo diesel (Mariano et al., 2010).

Diante da crise energética e ambiental da atual sociedade, somado à

dependência do petróleo e seus derivados, o uso do biodiesel derivado de

óleos e gorduras vegetais e animais vem se consolidando. Destaque que deve

ser dado a exigência ambiental de redução do teor de enxofre em óleo diesel,

que hoje no país já estabelece teor inferior a 10 ppm de enxofre no diesel. Em

contraposição a redução do teor de enxofre tende a diminuir a lubricidade do

diesel e a introdução do biodiesel tende a reverter esse quadro (Farias et al.,

2011)

Atualmente a União Europeia, em especial a Alemanha, juntamente com

os Estados Unidos, a Argentina, a Malásia e o Brasil estão entre os maiores

mercados mundiais de produção e uso de biodiesel. Tendo em vista a

capacidade energética do biodiesel, pesquisas em torno de sua utilização têm

sido desenvolvidas no mundo, principalmente no intuito de limitar a

dependência de combustíveis derivados do petróleo (Hervé et al., 2011).

Sob o ponto de vista químico o biodiesel é uma mistura de ésteres

alquilicos de ácidos graxos derivados da reação de óleos ou gorduras com

álcool, na presença de catalisadores, podendo ser produzidos a partir da

esterificação ou transesterificação de óleos ou gorduras vegetais ou animais

com o álcoois como metanol ou etanol (Janaun & Ellis, 2010). As propriedades

do biodiesel são similares ao diesel derivado do petróleo em relação à

manutenção de determinadas características, tais como mudanças de fases,

conteúdo energético e viscosidade, fatos que possibilitam sua implementação

no mercado de forma gradual na substituição do óleo diesel.

Além disso, o biodiesel pode ser produzido a partir de diversas fontes

renováveis, tais como óleos e gorduras vegetais (soja, palma, girassol,

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algodão, amendoim, crambe, pinhão-manso, mamona, dendê, linhaça, canola,

farelo de arroz, pequi, coco, babaçu, entre outros), animais (óleo de peixe, de

frango, sebo bovino ou suino), pelo reuso de óleo e gorduras residuais (resíduo

de esgoto e óleo de frituras) e de micro-organismos (microalgas) (Zuniga et al,

2011; Pereira et al, 2012).

Atualmente, o biodiesel está disponibilizado no mercado para consumo

em misturas com o óleo diesel gerando as chamadas misturas BX, em que X

representa a proporção volumérica de biodiesel em óleo diesel. Assim têm-se

misturas B2, B3, B4, B5, B6, B7, B10, B20 etc. sendo que em alguns locais e

situações especiais, usa-se até mesmo biodiesel na forma pura (B100) (Pinto

et al., 2005; Brasil, 2014).

Vale destacar que se trata de biocombustível complementar ou

sucedâneo do óleo diesel. Além de ser obtido de fontes renováveis, tem como

vantagens a menor emissão de gases de efeito estufa e de poluentes, a menor

persistência no solo, a maior biodegrabilidade e a baixa toxicidade. Entretanto,

mesmo sendo este um produto menos impactante ao meio ambiente em

relação aos derivados do petróleo, a contaminação do ambiente ocorrido pelo

descarte inadequado ou vazamento de biodiesel pode representar um ponto

negativo da utilização desta fonte energética (Costa Neto, et al., 2000; Mudge,

2008:).

Destaca-se que os órgãos ambientais, apesar de estabelecerem valores

máximos para uma variada gama de substâncias quantificáveis em laboratório,

não conseguem, por simples intermédio de análises químicas, avaliarem de

maneira segura, consistente e sistêmica os efeitos negativos dos diversos

elementos químicos sobre os seres vivos em geral, até porque alguns deles,

mesmo estando em concentrações abaixo dos padrões preconizados pela

legislação pertinente ou dos limites de detecção das metodologias analíticas

estabelecidas, ainda assim podem apresentar certo grau de periculosidade

para os organismos mais sensíveis (Relyea & Hoverman, 2006).

O descarte inadequado de resíduos no meio ambiente, incluindo os

provenientes da utilização do biodiesel, pode acarretar em sérios problemas

para fauna, flora, bem como para os seres humanos. Assim, por serem ainda

são ainda poucos conhecidos, os estudos relacionados aos efeitos tóxicos do

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biodiesel em seres vivos precisam ser intensificados (Leme et al., 2011;

Madden, 2011).

Os estudos dos efeitos deletérios nos seres vivos através da exposição

ao diesel e outros derivados do petróleo são mais amplamente difundidos e

comuns quando realizados em determinados organismos-testes, como

populações de minhocas. Entretanto, ainda não tem sido determinada a

influência de um ambiente contaminado com diesel ou biodiesel para com a

sobrevivência de organismos mais sensíveis. Em virtude da exposição de

determinados organismos à ação do biodiesel presente no solo, água ou ar, as

capacidades vitais destes podem estar sendo comprometidas, implicando em

desequilíbrios ecológicos em certo ambiente (Lapinskiene, Martinkus &

Rebzdaite, 2005).

De acordo com Tavares (2008), para proteção da biodiversidade faz-se

necessário conhecer a legislação vigente no país sobre os despejos de

substâncias químicas em corpos hídricos e realizar os bioensaios preconizados

pela mesma. Nesse contexto, destacam-se as análises ecotoxicológicas,

também denominadas de bioensaios, que possibilitam avaliar, dentre outros

aspectos, em qual grandeza determinada substância, independente da forma,

isolada ou de mistura, é nociva aos seres vivos (Azevedo & Chasin, 2003).

É fato que os bioensaios, por se restringirem a organismos específicos e

serem realizados sob condições experimentais específicas, ou seja, em

ambientes artificiais e controlados, impossibilitam extrapolar os resultados

diretamente ao meio natural analisado, uma vez que os sistemas ambientais

reais estão submetidos a um constante fluxo de matéria e energia. E são

regidos por uma complexa gama de processos químicos, físicos e biológicos

que interagem constantemente entre si e que podem, por isso, minimizar os

efeitos degradantes teoricamente esperados de um dado poluente sobre os

seres vivos (Connon et al., 2012).

Entretanto, os ensaios ecotoxicológicos assumem importância singular

como indicadores e ferramentas de gerenciamento ambiental, uma vez que são

capazes de fornecer respostas que possibilitam antever, por intermédio de

relações de dose versus efeito, aspectos sobre possíveis alterações

prejudiciais em que o meio natural possa estar submetido frente ao contato

com determinadas substâncias e, prováveis efeitos comportamentais ou

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fisiológicos desses compostos químicos sobre comunidades biológicas ou

espécies (Knie & Lopes, 2004; Bürger et al., 2012; Chang et al., 2014).

Nessa perspectiva, na medida em que se mostraram capazes de

fornecer valiosas informações norteadoras para a definição de diretrizes

técnicas e de políticas públicas que prezem pela proteção, alerta e

conservação do meio natural, os testes ecotoxicológicos passaram a ser

referendados como importantes instrumentos de monitoramento e análise de

riscos ambientais potenciais e reais, principalmente àqueles associados ao uso

de compostos químicos variados (Massukado et al., 2011; Taylor, 2011).

Portanto, ao limitar, restringir ou mesmo proibir o uso de determinados

produtos que comprovadamente afetam a vida de organismos-teste utilizados

nos bioensaios, a sociedade se beneficia, pois adota medidas de proteção à

saúde pública e ao meio ambiente.

Desta forma, devido à tão importante aplicabilidade, as análises

ecotoxicológicas vêm sendo crescentemente utilizadas em nível mundial, tendo

passado, inclusive, a fazer parte de exigências legais de muitos países, tais

como Estados Unidos da América e Canadá (Macek, 1980).

Mediante a necessidade de se primar pela qualidade ambiental frente à

exposição de determinadas substâncias, como o biodiesel, faz-se necessário o

desenvolvimento de pesquisas que visem contribuir para o entendimento de

como estas substâncias, presentes no meio ambiente, podem implicar em

efeitos negativos no comportamento dos seres vivos. Neste sentido, a presente

pesquisa bibliográfica visou descrever os estudos ecotoxicológicos realizados

mediante a exposição ao biodiesel e misturas, de forma a averiguar os

possíveis impactos ambientais, por meio do levantamento das publicações

divulgadas em artigos científicos a partir de 1945 até fevereiro de 2016.

2. Metodologia

Para a presente pesquisa utilizou-se os buscadores de assuntos

avançados do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), Portal Web of Knowledge

(http://apps.webofknowledge.com), Pubmed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/

entrez), Toxline (http://toxnet.nlm.nih.gov), bem como o Google Acadêmico, no

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período de 1945 até fevereiro de 2016.

Nestes buscadores foram pesquisados principalmente artigos científicos

que continham como assunto e palavras-chaves os seguintes termos: biofuel,

biodiesel, toxicologia, toxicology, ecotoxicology, toxicity. Essas palavras foram

selecionadas e combinadas por serem as mais comumente utilizadas nos

trabalhos quando se estuda os efeitos toxicológicos do biodiesel em

organismos-teste.

Somente foram considerados trabalhos que apresentassem em seu

conteúdo alguma relação do uso, produção e impactos ambientais do biodiesel

(puro e blendas) com os efeitos ecotoxicológicos comparados com

combustíveis fósseis.

Mediante este levantamento considerou-se as seguintes informações:

quantidade de documentos encontrados, ano de publicação e componente ou

via avaliados. Para melhorar a discussão sobre os resultados obtidos, estes

foram elencados em cinco compartimentos: atmosférico, hídrico, solos,

toxicidade oral e outros testes aplicados para biodiesel, de acordo com o

escopo de cada artigo estudado.

3. Resultados e Discussão

Através de pesquisa nas bases de dados supracitadas foram

encontradas 75 (setenta e cinco) publicações no período de 1945 a fevereiro

de 2016, porém o primeiro relato sobre o tema ocorreu a partir de 1998. Na

Figura 1.1 apresenta-se a distribuição das publicações ao longo dos anos e a

Figura 1.2 apresenta a distribuição desses artigos pelas cinco compartimentos.

Pela Figura 1.1 observa-se que o número de estudos ecotoxicológicos

relacionados a biodiesel vem aumentando, com pico de 13 publicações em

2013, mas ainda é pequeno quando comparado a outros tipos de estudo

relacionados a biodiesel, já que de 1945 a fevereiro de 2016 há apenas 75

publicações relacionando essas temáticas.

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Figura 1.1. Número de publicações distribuídos de acordo com o ano de

publicação.

Figura 1.2. Número de publicações distribuídos de acordo com o ano de

publicação e pelos cinco compartimentos.

A Figura 1.2 indica que meio atmosférico é estudado desde 1998,

demonstrando a preocupação dos pesquisadores em avaliar em organismos-

0123456789

10111213

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teste os efeitos da emissão de gases a partir da combustão de biodiesel e suas

misturas com diesel. O compartimento água começou a ser avaliado a partir de

2005, tendo seu estudo ampliado a partir de 2011. Em relação ao solo e via

oral são menos estudados, havendo ainda poucas publicações acerca de

outras temáticas, que não as outras quatro citadas.

Assim, de acordo com o tipo de compartimento investigado observou-se

uma frequência maior para o meio atmosférico que para os demais, conforme

apontado pela Figura 1.3.

Figura 1.3. Total de publicações de acordo com os compartimentos.

3.1. Compartimento atmosférico

Os estudos ecotoxicológicos neste componente foram os mais

frequentes em relação ao biodiesel e somam trinta e cinco publicações (54,7%

do total), com os ensaios biológicos variando entre metodologias in vitro e in

vivo. Para efeito de comparação, testes de caracterização física e química

compõem as publicações, porém o enfoque ressaltado corresponde aos

ensaios biológicos.

Assim, Eckl et al. (1998) analisaram material particulado (MP)

proveniente da exaustão de motores movidos à diesel e biodiesel de canola

(B100) e compararam a massa do MP, a presença de PAH e carbonilas, o

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atmosfera água solo via oral outrostestes

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26,7%

6,7% 6,7% 5,3%

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potencial mutagênico (teste de Ames) e citotóxico/genotóxico (índice mitótico,

indução do micronúcleo, aberrações cromossômicas e trocas das cromátides

irmãs em hepatócitos cultivados) em 344 ratas expostas aos gases de

combustão. O biodiesel apresentou menor quantidade de MP e menores

efeitos tóxicos que o diesel, provavelmente pela presença de maior quantidade

de PAHs nos gases de combustão do diesel.

Para avaliação do efeito mutagênico (teste de Ames) e citotóxico

(linhagem celular de fibroblastos de pulmão de rato – L929) de material

particulado da combustão de óleo de canola, biodiesel de óleo de canola

(B100) e óleo diesel, Bünger et al. (1998) utilizaram extratos orgânicos do

material particulado de óleo diesel e de canola. O óleo diesel induziu maior

toxicidade, provavelmente pela presença de compostos policíclicos aromáticos,

em relação ao biodiesel. Ademais, o biodiesel apresentou massa de material

particulado menor que os demais.

Bünger et al. (2000a) e Krahl et al. (2001) compararam a

mutagenicidade (teste de Ames) entre diesel e biodiesel de canola, e

verificaram que o óleo diesel apresentou maior toxicidade em função dos

compostos aromáticos em sua composição. Em outro trabalho usando o

mesmo teste para avaliar mutagenicidade, compararam óleo diesel puro e óleo

diesel com baixo teor de enxofre com biodiesel de soja e de canola (B100),

correlacionando com os componentes aromáticos na fração orgânica do

material particulado.

Assim observaram menor quantidade de material particulado e

toxicidade para as amostras de biodiesel frente ao diesel. Os autores

atribuíram a mutagenicidade do óleo diesel aos compostos aromáticos

presentes, e para o biodiesel indicaram uma menor mutagenicidade

relacionada aos compostos carbonila presentes em grande concentração

(Bünger et al., 2000b). Em 2007, Bünger e colaboradores complementaram os

estudos reiterando a observação de toxicidade moderada para o biodiesel de

canola.

As emissões de gases de biodiesel de soja em concentrações diferentes

(5, 25, 50 ppm) foram avaliadas em pulmões de 30 ratos F344 expostos por

inalação durante 6 horas por dia, 5 dias por semana, durante um período de 13

semanas. Ao avaliarem os sinais clínicos (hematologia, micronúcleos na

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medula óssea), fertilidade e toxicidade (ocular, reprodutiva, teratologia), os

autores não observaram alterações significativas, com exceção de elevação

dos macrófagos, concluindo que efeitos modestos ocorrem na situação de

maior concentração de emissão de gases (Finch et al., 2002).

Kado & Kuzmicky (2003) avaliaram o material particulado emitido pela

combustão de biodiesel de canola, soja, banha de porco e sebo bovino (B100),

frente óleo diesel puro. Os resultados de mutagenicidade (teste de Ames)

indicaram maior toxicidade para diesel. Entre as amostras de biodiesel, o de

canola se apresentou mais tóxico e o de soja com a menor toxicidade. Como

ambos possuem alto grau de insaturação nos ácidos graxos, tal toxicidade não

pôde ser correlacionada com tal característica química.

Os resultados do teste de Ames (mutagenicidade) e a observação de

elevadas quantidades de PAH e derivados nitro-PAH em material particulado

recolhido de ônibus urbano movido a diesel puro e biodiesel de canola (B20),

foram semelhantes aos relatados por Turrio-Baldassarii et al. (2004).

De acordo com os resultados do trabalho de Barnwal & Sharma (2005),

comparando a emissão de gases poluentes gerados pelas combustões de

biodiesel e de óleo diesel de petróleo, observou-se que com o biodiesel o SO2

é totalmente eliminado, a fuligem diminui em 60%, o monóxido de carbono e os

hidrocarbonetos diminuem em 50%, os hidrocarbonetos poliaromáticos são

reduzidos em mais de 70% e os outros aromáticos diminuem em 15%.

Krahl et al. (2007, 2009) complementaram o estudo avaliando a emissão

de material particulado e algumas propriedades químicas e físicas, além da

mutagenicidade (teste de Ames) de óleo de canola, biodiesel de canola, gás

derivado de combustível e petrodiesel. Os valores obtidos para as

concentrações de monóxido de carbono, hidrocarbonetos totais, material

particulado estavam dentro do limite permitido, sendo que apenas os óxidos de

nitrogênio para biodiesel estava acima do limite permitido. Em relação ao

bioensaio, o óleo de canola apresentou maior toxicidade que os demais

servindo de alerta para que outros óleos sejam avaliados, provavelmente em

função da presença de substâncias nocivas durante a decomposição dos

ésteres em alta temperatura. Em 2007, Krahl et al. complementaram a

avaliação enfatizando as altas quantidades de partículas ultrafinas e de fósforo

nos biodieseis, reiterando a mutagenicidade para as misturas.

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A mistura de biodiesel com diesel (B20) e o biodiesel puro (B100) foram

avaliados por McCormick (2007) para averiguar a emissão de poluentes

atmosféricos e efeitos à saúde, utilizando animais. Foi constatado que, na

presença de maior volume de biodiesel, houve redução de emissão de

partículas, monóxido de carbono, hidrocarbonetos totais, além de um grupo de

compostos tóxicos como hidrocarbonetos com cadeia a partir de C1 e C12,

aldeídos e cetonas até C8 e gases de efeito estufa, Evidenciou-se assim que a

presença do biodiesel diminui as quantidades emanadas de compostos

poluentes e tóxicos.

De acordo com Liu et al. (2008) os produtos semi-voláteis demonstraram

maior toxicidade que o material particulado avaliados por teste de Microtox e 3-

(4,5-dimetiltiazol-2-II)-2,5-difeniltetrazólio (MTT), em combustão de biodiesel

metílico de palma em concentrações variadas (B0, B10, B30, B50, B75 e

B100), sendo evidenciada maior toxicidade para o diesel puro e para as

misturas com maior concentração de óleo diesel.

A partir da emissão de particulados de combustão de diesel e biodiesel

de óleo de canola e soja, em misturas B1, B2, B5, B10, B20, B100, Gagnon

(2008) avaliou a massa de particulados, o teste mutagênico (Ames) e a

presença de dioxinas. Concluiu que quanto maior a quantidade de biodiesel na

mistura, menor a toxicidade e que o efeito da dioxina em nível celular

provavelmente ocorreu pela presença do óleo diesel.

Swanson et al. (2009) utilizaram células humanas epiteliais respiratórias

transformadas BEAS-2B para testar extratos orgânicos de material particulado,

emitido por biodiesel (B100 etílico e metílico de soja), em relação ao óleo

diesel. Embora a resposta inflamatória inicie em doses menores que em diesel

(40 µg eq/mL) ainda assim consideraram baixas a citotoxicidade e a

mutagenicidade do biodiesel.

A emissão de gases produzida na queima de óleo diesel puro e biodiesel

de óleo de palma, misturados nas proporções B10, B30, B50 B75 e B100,

foram comparadas utilizando o teste citotóxico MTT (viabilidade celular) e

mutagênico (Vibrio ficheri), além da quantificação de compostos com grupos

carbonilas, tais como formaldeído, acetaldeído, acroleína, acetona. Os

resultados indicaram que existe uma correlação maior de toxicidade para o

biodiesel, principalmente para B10, porém não confirmam se as carbonilas são

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as responsáveis por tal efeito (Liu et al., 2009). Tais resultados indicaram que a

mistura com biodiesel pode também apresentar efeitos adversos à saúde, em

função dos gases tóxicos de emissão.

Após exposição de ratos machos a combustão de diesel e misturas B3,

B50 B100 de biodiesel de soja, por 30 minutos e 1 hora, foi quantificada a

quantidade de material particulado, compostos orgânicos voláteis (VOC) e

inorgânicos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) e metais, além de

se efetuar a análise da medula óssea, sangue, a ocorrência de processos

inflamatórios pulmonares e cardiovasculares nos organismos-teste. Óleo diesel

e B50 apresentam maior geração de VOC, PAH, metais, monóxido de carbono

e material particulado em relação ao B100, porém o B100 se mostrou mais

tóxico que o óleo diesel, provavelmente pela geração de quantidades maiores

de óxidos de nitrogênio e material particulado, os quais foram responsáveis

pelas alterações cardiovasculares, pulmonares e inflamações sistêmicas (Brito

et al., 2010).

O experimento de Jalava et al. (2010) indica que macrófagos de ratos

testados frente às partículas eliminadas de motores movidos à diesel, biodiesel

metílico de canola e óleo vegetal de canola apresentaram resposta inflamatória

(teste citotóxico/apoptose, ciclo celular, genotóxico/teste do Cometa e

avaliação do estresse oxidativo/ROS) nas vias respiratórias e cardiovasculares

dos organismos testados. Todas as amostras testadas apresentaram atividade

toxicológica, entretanto o biodiesel metílico de canola foi o que exibiu menor

toxicidade quando comparado com óleo diesel e óleo de canola.

Kooter et al. (2011) constataram que, ao compararem o aerossol de

combustão de biodiesel de canola (B5, B10, B20 e B100) com óleo diesel e

óleo vegetal puro de canola, o biodiesel e o óleo de canola produzem menor

quantidade de material particulado, podendo ser uma boa opção como

biocombustíveis. Entretanto, em relação ao potencial tóxico, a citotoxicidade do

B100, comparado com diesel e o óleo vegetal puro, apresentou um aumento de

200%. Nessa avaliação os autores verificaram a capacidade de induzir ao

estresse oxidativo, a citotoxicidade com linhagem celular de macrófagos de

rato e a genotoxicidade (teste de Ames). Também Hemmingsen et al. (2011)

encontraram resultados similares avaliando danos em DNA (células A549),

níveis de interleucina (IL8 – em células THP-1), a expressão de ICAM-1 e

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VCAM-1 (células endoteliais de cordão umbilical humano – HUVECs) e a

produção de espécies oxidativas (ROS).

Para comparar a citotoxicidade in vitro de material particulado de

biodiesel produzido a partir de óleo de fritura (B50 e B100) e óleo diesel com

ultra baixo teor de enxofre (ULSD), Betha et al. (2012) utilizaram linhagem de

células humanas epiteliais respiratórias, e detectaram alterações na viabilidade

celular, toxicidade celular e estresse oxidativo. O estudo demonstra que o

biodiesel produz menos material particulado, porém com maior toxicidade que

o óleo diesel ULSD, provavelmente pela presença de metais e compostos

orgânicos de diferentes classes, os quais foram detectados pelos autores.

Gerlofs-Nijland et al. (2013) avaliaram a toxicidade em células BEAS-2B

(linha celular epitelial bronquial humana SV40 transformada) e potencial

oxidativo (método do ácido ascórbico e ditiotreitol) em ambiente urbano e rural,

do material particulado emitido por veículos abastecidos com diesel (B0) e

biodiesel 50% (B50). Os autores sugerem que B0 e B50 causam risco à saúde

humana, pois emitem material particulado igualmente promotor da resposta

inflamatória e da citotoxicidade, mesmo observando que B50 teve emissão de

menos 50% de material particulado em relação a B0.

A emissão de particulados, carbonilas, hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos e a mutagenicidade bacteriana (testes de Ames) foram avaliadas

comparando amostras de biodiesel metílico de Jatropha (JME), óleo vegetal

hidrotratado (HVO), óleo diesel e biodiesel metílico de canola (RME). Cada

amostra demonstrou vantagens e desvantagens, tais como menor produção de

NOx comparando-se o óleo diesel e as amostras de biodiesel, entretanto todas

as amostras induziram mutagenicidade bacteriana, principalmente as amostras

de JME e RME (Westphal et al., 2013; Schröder et al., 2013). Os estudos

realizados por Westphal et al. (2013) ressaltam que mais estudos

ecotoxicológicos são necessários mesmo que JME apresente vantagens sócio-

ecológicas, uma vez que não compete com a cadeia produtiva alimentar.

Steiner et al. (2013) avaliaram a toxicidade dos gases de escapamentos

de motores na combustão de óleo diesel (B0), biodiesel de canola (B20 e

B100) em períodos de exposição por 2 (duas) e 6 (seis) horas, usando células

humanas das vias respiratórias. Entre as análises foram utilizadas a avaliação

da citotoxicidade através de kit (Roche®) para quantificar a liberação

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extracelular de proteína citosólica de lactato desidrogenase (LDH), a

quantificação da quantidade de glutationa reduzida (kit Cayman Chemical e

Pierce®), avaliação da resposta transcricional para verificar o estresse oxidativo

celular e a integridade do mRNA, a quantificação extracelular do fator de

necrose tumoral (TNF-α) e a análise de interleucina 8 (IL-8). De um modo geral

observaram que a exaustão de B20 apresentou menor resposta ao estresse

oxidativo e pró-inflamatórios, entretanto o escape de B100, conforme a duração

da exposição diminuiu o estresse oxidativo e elevou as respostas pró-

inflamatórias. B20 e B100 podem ser alternativas ecológicas consideráveis em

relação ao uso do óleo diesel.

As emissões de combustão de amostras de biodiesel de soja (B100)

produziram uma resposta inflamatória e acelerou o estresse oxidativo em

células de fígado e pulmão de ratos, em intensidade maior que a proporcionada

pelo óleo diesel puro, em função da maior emissão de componentes como

aldeídos insaturados. Shvedova et al. (2013) sugerem que mais estudos devem

ser realizados para avaliar a toxicidade de outros componentes importantes

emitidos pela combustão de biodiesel.

Yanamala et al. (2013) chegaram a mesma conclusão quando

realizaram estudos em lavado de pulmões de ratos expostos por 1 dia, 7 dias e

28 dias a material particulado de biodiesel de milho comparado com diesel com

ultra baixo teor de enxofre. Os resultados indicaram que 32 medidores

inflamatórios foram ativados ao analisarem estresse oxidativo, histopatologia,

presença de citocinas, fatores de crescimento, permeabilidade, atividade de

proteína total e lactato desidrogenase e mieloperoxidase.

Fukagawa et al. (2013) realizaram ensaios biológicos in vitro e in vivo da

emissão de material particulado em motores usando biodiesel de canola (B20)

e óleo diesel puro (B0), e constataram que as repostas nos dois sistemas se

apresentam de forma diferente e podem ser incompletas, uma vez que a

avaliação parcial das células pode não representar o sistema todo do animal e

os efeitos tóxicos. Foram avaliadas as concentrações de interleucina-6 (IL-6

mediador inflamatório induzido por interferon-gama e proteína 10 – IP-10) e o

teste do fator estimulador de colônias granulocitárias (fator G-CSF) em células

bronco alveolares de ratas. Os autores observaram que B20 produz menos

material particulado, porém com maior toxicidade que o óleo diesel puro.

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Outro trabalho avaliou material particulado de emissão de B20 de soja e

petrodiesel, no período de 10 a 12 dias de exposição, em células epiteliais

brônquicas humanas e linha celular de macrófagos (BEAS-2B e THP-1),

concluindo que o efeito tóxico mais pronunciado foi observado em B20 (Traviss

et al., 2014).

Resultados similares para B20 foram observados por Mullins et al.

(2016) ao avaliarem viabilidade celular, apoptose e produção de citocina em

processo de combustão de biodiesel de óleo de canola (B100 e B20) e óleo

diesel puro com baixo teor de enxofre (B0). Para este estudo foi utilizado o

material de combustão de um motor movido a biodiesel de soja (B20)

comparado com o mesmo material proveniente de diesel com baixo teor de

enxofre. Bhavaraju et al. (2014) constataram in vitro o aumento na produção de

PGE2 (prostaglandina E2) em macrófagos alveolares de ratos adultos, para

ambos os combustíveis, entretanto B20 promoveu um aumento significativo na

produção de PGE2, mesmo gerando menor concentração de particulados.

Hawley et al.(2014) publicaram a primeira avaliação em células normais

epiteliais brônquicas (NHBE), obtidas por lavado de biópsia, de dois voluntários

humanos expostos em 5, 20 e 60 minutos aos gases emitidos de motores

abastecidos com óleo diesel e com biodiesel de soja (B99) com e sem o uso de

filtro para material particulado. Verificaram que ambos os combustíveis, com ou

sem o uso de filtro, produzem o mesmo nível de toxicidade, com resposta

celular similar.

Para o teste de citotoxicidade do extrato de material particulado de

diesel com ultra baixo teor de enxofre e misturas com biodiesel de óleo de

palma ou butanol (ambos 1%, 2% e 4%), Zhang & Balasubramanian (2014)

utilizaram células epiteliais alveolares humanas do tipo II da linha A549 e

constataram diminuição da viabilidade celular conforme a concentração do

extrato foi aumentada, apesar de não ter havido diferença significativa de

toxicidade entre as amostras.

De acordo com Kisin et al. (2015) a exposição a material particulado por

aspiração faringeal proveniente de biodiesel de óleo de milho (B50) e óleo

diesel puro, aspirados por ratos em períodos de 7 e 28 dias, indicou alterações

significativas em nível celular nos órgãos sexuais, tais como edema, distrofia,

estresse oxidativo, acúmulo de produtos peroxidação de lipídeos, processos

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inflamatórios associados a infertilidade, danos ao DNA e depleção da

glutationa. Foi também verificado que B50 produziu efeitos mais adversos nas

funções reprodutivas das cobaias que o diesel.

Em um primeiro estudo humano utilizando biomarcadores novos e

estratégias proteômicas para avaliar a emissão e os efeitos de material

particulado de óleo diesel e biodiesel de soja (B75), inalados por 200 minutos,

Mehus et al. (2015) selecionaram 6 humanos adultos saudáveis, e avaliaram

urina, escarro, plasma e condições pulmonares dos voluntários. Observaram

que os combustíveis apresentaram índices semelhantes de acetaldeído,

formaldeído ou óxido de nitrogênio, porém B75 apresentou redução de dióxido

de nitrogênio, monóxido de carbono e material particulado. Os autores indicam

que os biomarcadores são eficientes para verificar o aumento de processos

inflamatórios e de estresse oxidativo, mais elevado no diesel, porém outros

estudos em blendas diferentes devem ser realizados.

Aerossóis e material particulado, incluindo extrato orgânico e partículas

ressuspensas, emitidos a partir de biodiesel metílico de canola (B7 e B30) e

óleo diesel (B0) foram analisados de forma comparativa. Os meios utilizados

foram culturas de células A549 e células de pulmão de ratos (teste genotóxico)

para analisar a formação de adutos em DNA, teste de Ames e detecção de

HAP. Os resultados indicaram que os gases emitidos, tanto por amostras de

óleo diesel quanto de biodiesel produzido com óleo de canola, exibem menos

genotoxicidade em função dos tratamentos atuais adotados, tais como filtros de

retenção de partículas e catalisadores (André, et al., 2015).

Vojtisek-Lom et al. (2015) detectaram maior quantidade de

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e benzo[a]pirenos em óleo diesel que

em relação ao biodiesel de canola, entretanto as quantidades encontradas

foram suficiente para ambos demonstrarem efeitos genotóxicos (ensaio

acelular – adutos de DNA e danos oxidativos ao DNA com DNA de timo de

vitela – ctDNA). Resultados similares foram encontrados para o óleo de canola

em estudos realizados por Topinka et al. (2012).

As análises de materiais particulados e gases de escape de combustão

de óleo diesel puro e biodiesel de soja (B20 e B100), em concentrações de 50,

150 e 500 µg/m3, inalados por ratos, induziram maior nível de inflamação, o

que desencadearam repostas alérgicas quando comparado ao diesel. Vale

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observar que Gavett et al (2015), avaliando amostras de lavagem

broncoalveolares, não constataram essas mesmas respostas para o biodiesel

(B20 e B100).

Bass et al. (2015) observaram que as emissões de diesel causaram

mais lesões em nível pulmonar e as amostras de biodiesel causaram efeitos

vasculares mais agudos após estudos similares realizados em ratos Wistar-

Kyoto (WKY), expostos 4 horas por dia em 2 dias, ou por 4 semanas com

exposição por 5 dias em cada semana.

As características das emissões de particulados produzidos por biodiesel

podem variar de acordo com o tipo e condições dos motores utilizados e com a

fonte de matéria graxa empregada para produção do biodiesel. Apesar da

quantidade das emissões totais dos compostos investigados se revelarem

menor, foram identificadas algumas substâncias tais como NOx, formaldeído,

acroleína e acetona, comprovadamente muito tóxicas, além da ocorrência de

problemas associados a perda de potência do motor (Mauderly, 1998; Fontaras

et al., 2010a; Fontaras et al., 2010b; Xue et al., 2011; Agarwal, et al., 2013,

Kousoulidou et al.; 2013).

Os bioensaios têm sido avaliados com mais frequência no componente

atmosférico, uma vez que a emissão dos diversos gases gerados na

combustão do biodiesel é preocupante do ponto de vista ecotoxicológico, algo

que se extende as blendas. Assim, a presença de HAP, VOC, formaldeído e

acetaldeído são relatadas para blendas de biodiesel com óleo diesel, mesmo

que este se apresente com baixos teores de enxofre (Karavalakis et al., 2010;

Magara-Gomez et al., 2012; Rosen et al., 2014).

Ainda no que se referem ao componente atmosférico, muitos dos

trabalhos correlacionando biodiesel e ecotoxicologia visam o estudo da

citotoxicidade e da mutagenicidade, utilizando praticamente os mesmos

organismos-testes (Krull & Barros, 2012), provavelmente por estes bioensaios

serem os mais frequentes na literatura, uma vez que os diversos autores não

justificaram os motivos para a eleição da espécie. De acordo com Madden

(2015) além dos modelos animais não humanos, foram utilizadas estirpes

bacterianas para avaliação das emissões de biodiesel puro e misturado ao

biodiesel, bem como a análise de formação de aductos de DNA, porém o autor

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afirma que até o momento existem poucos relatos sobre os efeitos

toxicológicos das emissões destes combustíveis.

Nem sempre a espécie escolhida faz parte do habitat daquela região de

estudo, pois a maioria das espécies padronizadas pelos órgãos oficiais é

exótica, sem levar em consideração o habitat natural e o comportamento do

organismo-teste naquele ambiente. Em outras áreas também se observa uma

situação similar, que é o caso dos produtos originados das indústrias

farmacêuticas, sobre os quais existem estudos insuficientes, além da

necessidade de maiores explorações para compreender as interações

tococinéticas, toxicodinâmicas, ecológicas e as consequências quantitativas

(Backhaus, 2014).

Vale ainda observar que com maior frequência o biodiesel mais

analisado foi produzido a partir de canola/colza utilizando a rota metílica. Esta

fonte é a mais utilizada na Europa e Estados Unidos para produção de

biodiesel e tem sido cada vez mais incentivada para que substitua

gradativamente os combustíveis de origem fóssil (Ajanovic, 2011; Firrisa et al.,

2013).

3.2. Compartimento hídrico

No período avaliado, foram encontrados dezenove trabalhos (26,7%),

com diferentes abordagens, espécies indicadoras e níveis tróficos, enfocando

os aspectos ecotoxicológicos do biodiesel em meio aquático.

O primeiro trabalho relatado na literatura científica acerca da

ecotoxicidade em meio aquático de biodiesel metílico, na forma de uma mistura

B4, foi publicado por Chae et al. (2005), que usou a microalga dulcícola

Chlorella vulgaris como organismo-teste dulcícola e classificou tal mistura como

sendo levemente tóxica.

Khan et al. (2007) observaram que a toxicidade do biodiesel, em

misturas B100, B50, B20 e B5, é proporcionalmente menor que a do óleo diesel

puro. Entretanto, mesmo apresentando um impacto ambiental menor sobre

organismos aquáticos em caso de derramamentos, ainda assim os efeitos

resultantes podem ser similares aos apresentados pelo óleo diesel. Foram

testadas amostras de biodiesel de óleo de fritura (B100 e B20), óleo de soja e

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canola (B20), sendo este último com resultados de toxicidade menor que os

demais biodieseis. Os organismos teste utilizados foram truta-arco-íris

(Oncorhyncus mykiss) e a pulga d‟água (Daphnia magna) em até 96 horas.

Estudos com peixes da espécie tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus),

mediante exposição desta as diferentes concentrações de biodiesel de soja e

óleo diesel, apresentaram resultados que comprovam alterações nas respostas

biomecânicas de determinados peixes, sob as condições experimentais

testadas, indicando que tais misturas BX podem representar um risco para a

biota aquática Além disso, observou-se também que, quando misturados ao

biodiesel, alguns metabólitos tóxicos do óleo diesel foram encontrados em

concentrações levemente maiores na bile das tilápias do que nas análises dos

animais expostos quando expostos ao diesel de petróleo puro (Nogueira et al.,

2011). Concentrações de 4,6%, 10%, 22%, 46% e 100% da fração solúvel em

água de óleo diesel e misturas B5 e B100 apresentaram alterações

histopatológicas anormais em brânquias e fígado, sendo essas maiores na

presença de óleo diesel puro, provavelmente pela presença de hidrocarbonetos

(Leite et al., 2015).

De acordo com Nogueira et al. (2011), os ésteres de ácidos graxos do

biodiesel são facilmente absorvidos pelos peixes e, de certa forma, auxiliam na

absorção de substâncias tóxicas do diesel de petróleo presentes na mistura.

Leite et al. (2011), estudaram a toxicidade crônica frente a fração solúvel

de biodiesel do óleo de mamona (OM), do óleo de palma (OP) e do óleo de

fritura de soja (OFS) utilizando microalgas (Tetraselmis chuii) e ouriço do mar

(Echinometra lucunter), e verificaram que os maiores níveis de toxicidade foram

obtidos para OM, OFS e OP respectivamente, sugerindo que a presença

elevada de metanol, em até 120 dias de armazenamento, pode ter contribuído

para a toxicidade.

A citotoxicidade in vitro foi testada em linhagens de células humanas

(célula T, carcinoma hepatocelular HepG2, potencial da membrana

mitocondrial, apoptose celular) acompanhada de quantificação de PAH em

fração solúvel de biodiesel de soja (B5, B20, B50, B100) e diesel (D100). De

acordo com a dose dependente, foi observado que D100 e B5 apresentaram

maior toxicidade, provavelmente pela presença de elevada quantidade de PAH

(Leme et al., 2011)

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Müller (2011) detectou menor toxicidade da fração solúvel em água de

biodiesel de soja (B5) em relação ao óleo diesel, através da exposição frente à

pulga d‟água (Daphnia magna), Vibrio fischeri e tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus) em testes de toxicidade crônica, aguda e de mutagenicidade via

análise de micronúcleo. Nas frações solúveis do diesel foi detectada a

presença de altas concentrações de BTEX (benzeno, tolueno, etil-benzeno,

xileno) e baixas concentrações de HAP

Da Cruz et al. (2012) observaram o aumento da citotoxicidade da fração

solúvel em água de biodiesel de óleo de mamona (Ricinus communis), de

biodiesel de óleo de fritura de soja e de biodiesel de óleo de palma (Elaeis

guinnensis) ao longo de 1, 60 e 120 dias. Os autores investigaram a perda na

integridade da membrana hepática lisossomal em tilápia (Oreochromis

niloticus), usando como biomarcador a fosfatase ácida, e sugeriram, após

análise de cromatografia gasosa, que a presença do metanol seja o

responsável pela toxicidade.

A mutagenicidade e a genotoxicidade da fração solúvel em água de

biodiesel de soja (B5, B20, B50, B100) e diesel (D100) foram avaliadas, por

Leme et al. (2012b), que também efetuaram a análises de ésteres de ácidos

graxos e fitoesterois do biodiesel utilizado. A toxicidade de D100 e B5 foi

relacionada à presença de HAP, entretanto nas demais concentrações também

se observou potencial tóxico, provavelmente por causa dos fitoesteróis e

fitoestrogênios, além de outros componentes residuais da transesterificação do

biodiesel de óleo de soja.

Yassine et al. (2012) avaliaram a mutagenicidade para Vibrio ficheri, em

ensaio com Microtox, das frações solúveis em água de biodiesel de soja (B0,

B20, B40, B60, B100) e concluíram que a toxicidade aguda observada após

24h de bioensaio foi causada por subprodutos da autoxidação dos ésteres

metílicos de ácidos graxos e, no caso do diesel, pelos compostos aromáticos

presentes.

Pereira et al. (2012) avaliaram a toxicidade da fração solúvel em água de

diferentes concentrações de biodiesel de soja (B100, B5, B3, B2) e

compararam com a de óleo diesel puro, utilizando microalgas marinhas. Tanto

para as misturas quanto para o diesel observaram o mesmo comportamento,

ou seja, quanto maior a quantidade de diesel, maior a toxicidade. No caso do

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biodiesel a suposta toxicidade verificada pode ter sido pela presença do

metanol identificado na fração solúvel (87 mg/L). Para microalgas, os autores

verificaram também a ocorrência de 50% de inibição, em 96 horas, para

concentrações que variaram de 2,3 a 85,6%, obtendo que Skeletonema

costatum foi mais sensível que Nannochloropsis oculata, a qual foi mais

sensível que Tetraselmis chuii. A microalga Pseudokirchneriella subcapitata

demonstrou apresentar a menor sensibilidade ao bioensaio.

A partir da água de lavagem na purificação de biodiesel de soja

considerada como efluente industrial, Holanda et al. (2012) avaliaram a

toxicidade aguda utilizando Danio rerio e o nível de concentração de 13,14% foi

considerado muito tóxico para o organismo-teste utilizado, provavelmente pela

presença de metanol e glicerina nas amostras nas diversas diluições testadas

(100, 75, 50, 25, 10 e 5%).

Nogueira et al. (2013) avaliaram a peroxidação lipídica em peixes

Pterygoplichthys anisitsi (cascudo) expostos ao biodiesel B100, óleo diesel

puro, e as misturas B5 e B20 e constaram que apesar do biodiesel ser mais

biodegradável e a emissão de gases ser menor para a atmosfera, o aumento

da peroxidação lipídica dos peixes expostos às blendas B5 e B20 pode

representar riscos à biota aquática. As análises foram realizadas observando

as alterações bioquímicas em fígado de animais expostos por 2 e 7 dias.

Bedin (2013) comparou biodiesel etílico de diferentes oleaginosas (B5,

B20 e B100) com óleo diesel usando tilápia disposta em aquário contaminado

com os combustíveis, em 15 e 30 dias de exposição, e atestou que B5 e B20

são mais tóxicos que B100. O óleo diesel puro apresentou a maior toxicidade

provavelmente pela composição de HAP presentes. As análises evidenciaram

alterações em nível enzimático (EROD, GST, SOD, CAT e GPx –

etóxiresorufina-O-dietilase, glutationa S-transferase, superóxido dismutase,

catalase e glutationa peroxidase) em fígado e brânquias, além da peroxidação

lipídica.

O processo de esterificação metílica pode produzir substâncias com

atividade tóxica que causam danos genotóxicos em eritrócitos do peixe,

observados através da quantificação dos micronúcleos no teste do cometa

(Felício et al., 2015).

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Oliveira (2013) via teste de Ames, também observou efeitos genotóxicos

em eritrócitos de Danio rerio, bem como influência sobre o desenvolvimento

embrionário de curimba (Prochilodus lineatus) expostos à fração solúvel de

biodiesel de óleo de soja residual de fritura testado em diferentes

concentrações.

Testes de toxicidade aguda (96 h) realizados com Daphnia magna e de

genotoxicidade de Allium cepa revelam na fração solúvel da água proveniente

do óleo residual vegetal de soja, de biodiesel (B2, B5, B3, B10, B20, B50,

B100) e diesel puro, resultaram em toxicidade maior para volumes crescentes

de diesel nas blendas, como consequência da presença de alcanos e

naftalenos no diesel (Tjarinto et al., 2014).

De acordo com Cavalcante et al. (2014) o biodiesel de óleo de girassol,

de um modo geral, pode levar as células ao estresse, provocar alterações

bioquímicas (determinação de espécies reativas de oxigênio – ROS e de

enzimas antioxidantes) e genéticas (teste do cometa), além de apresentar

efeito citotóxico em células hepáticas de Danio rerio. Os autores também

observaram que o biodiesel metílico apresenta mais toxicidade em relação ao

etílico. Para isso foram testadas as frações solúveis em diversas

concentrações.

Nogueira et al. (2015) submeteram mexilhões (Perna perna) a exposição

a concentrações de 0,01 e 0,1 ml/L de biodiesel metílico (B5) por 6, 12, 48 e

168 horas. Em seguida suas vísceras foram retiradas e avaliadas quanto às

atividades de enzimas antioxidantes (SOD – dismutase superóxido; CAT –

catalase; GPx – glutationa dismutase; GR – glutationa redutase, níveis de

glutationa (GSH) e de peroxidação). Os autores observaram que em longo

prazo o B5 pode causar alterações relevantes em guelras, glândulas digestivas

e em GSH, diminuindo a ação antioxidante destas enzimas.

Jurcak et al. (2015) avaliaram a capacidade de encontrar alimento e o

comportamento de 50 lagostas (Orconectes rusticus) frente ao petróleo bruto e

biodiesel (B100), por uma semana. Observaram que o comportamento não

mudou, contudo a capacidade de escolher o alimento foi afetada, de modo que

os combustíveis podem agir como poluentes sensoriais mascarando o odor dos

alimentos, levando ao desequilíbrio na cadeia trófica aquática.

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Ademais, as misturas de diesel/biodiesel podem causar grandes

contaminações de águas, levando a impactos ambientais maiores, em função

da presença de substâncias tóxicas e recalcitrantes, como compostos

orgânicos voláteis e anéis aromáticos e seus derivados (Mitre et al., 2012).

Assim, o ecossistema aquático tem sido avaliado do ponto de vista da

toxicidade ambiental desde os anos de 1970, e os três básicos mais indicados

na literatura devido a sua sensibilidade é o teste utilizando algas, teste agudo

usando Daphnia e Microtox (Vibrio fischeri), crustáceos, peixes e microalgas,

além de testes genotóxicos. Neste sentido, recomenda-se que a sensibilidade,

praticidade e que vários níveis tróficos (decompositores, produtores primários e

consumidores) sejam utilizados para a avaliação da toxicidade (Römbke et al.,

2009).

3.3. Compartimento solo

O solo é meio bastante heterogêneo ambientalmente, de modo que a

deposição, acumulação nos gradientes e a distribuição de substâncias

químicas se expressem de forma altamente heterogênea. Os primeiros efeitos

da toxicidade ambiental utilizando solo datam da década de 1960, os quais

relatavam sobre os efeitos de pesticidas sobre invertebrados. Tais ensaios só

foram padronizados pela OECD (Organization for Economic Co-operation and

Development) 15 anos mais tarde (Van Gestel, 2012). Isso em parte explica

porque os trabalhos relacionados com as pesquisas sobre biodiesel em solo

são menos frequentes que em outros ambientes.

Assim, no compartimento solo foram encontrados apenas cinco

publicações (6,7% do total considerado) a respeito da ecotoxicidade do

biodiesel comparado com diesel ou outros óleos vegetais, por meio do uso de

sementes e/ou medindo a atividade microbiana.

As investigações sobre o biodiesel afirmam que mesmo sendo menos

tóxico ao meio ambiente e rapidamente biodegradável, alguns componentes

como fito-estrogênios e fito-esteróis (presentes em óleo de soja) podem

contribuir para elevar a toxicidade do biodiesel, ao serem oxidados através da

exposição à radiação, luz, aquecimento, transformando-se em compostos com

efeitos biológicos controversos. Ou seja, os solos contaminados com misturas

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de biodiesel e diesel podem promover efeitos genotóxicos/mutagênicos

induzindo câncer e mutações de pares de bases de substituição nos

organismos expostos, mesmo o biocombustível sendo considerado menos

impactante e mais sustentável do ponto de vista ambiental (Peterson & Möller,

2010).

Assim, Lapinskienè et al. (2006) avaliaram a toxicidade do biodiesel de

canola e do óleo diesel no solo, em concentrações de 1, 3, 6, 9 e 12% desses

combustíveis em solo. Em solo contaminado com biodiesel, as atividades

respiratórias dos micro-organismos e das enzimas desidrogenases cresceram

quando a concentração aumentou em 12%, porém o biodiesel se mostrou

biodegradável. Em solo contaminado com óleo diesel, essas taxas aumentaram

até a concentração de 3% e diminuíram em concentrações maiores, ficando

abaixo da atividade do solo não contaminado (controle), determinando

toxicidade do óleo diesel quando em concentração maior que 3%, o qual

também não apresentou biodegrabilidade. Como parte das conclusões,

relataram que o diesel contém mais materiais resistentes à degradação

microbiana enquanto que o biodiesel contém compostos que são mais

facilmente biotransformados.

Leme et al. (2010, 2012a) avaliaram os efeitos nocivos da contaminação

do solo com biodiesel (B100) e as blendas (B5, B20 e B50) em relação ao

diesel (D100), utilizando diferentes ensaios biológicos, e verificando o potencial

citotóxico e genotóxico de solos contaminados com estes combustíveis via

detecção de mudanças no potencial de membrana mitocondrial (células de

ovário de hamster chinês e célula T humana), reconhecimento de apoptose por

anexina V, in vitro usando kit de ensaio, por ensaio de mutagenicidade em

Salmonella e via teste com sementes de cebola (Allium cepa). O óleo diesel se

apresentou mais tóxico provavelmente pela presença de HAP. As amostras de

biodiesel e suas blendas apresentaram menor toxicidade, porém também

demonstraram poder causar impactos ambientais.

Testes toxicológicos realizados com minhocas (Eisenia foetida),

sementes de alface (Lactuca sativa) e rúcula (Eruca sativa) em período de

zero, 60, 120 e 180 dias, revelaram que biodiesel de soja (B100) apresentou

maior toxicidade que óleo de soja novo, seguido de óleo de soja de fritura. A

provável causa para o biodiesel foi dada pela presença de produtos

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secundários de degradação e do antioxidante sintético TBHQ (terc-butil

hidroquinona a 10 mg/L) (Yassine et al., 2012).

O monitoramento da biodegradação em solo contaminado com biodiesel

de soja (B100), óleo diesel puro e petróleo, após 240 dias, foram realizados

utilizando metodologia colorimétrica com 2-6-diclorofenol indofenol (DCPIP)

para verificar a presença de Bacillus subtilis inoculado e a fitotoxicidade em

sementes de alface (Lactuca sativa). As leituras foram realizadas em 0, 60,

120, 180 e 240 dias de incubação e determinaram que o biodiesel é

rapidamente biodegradado devido à presença do éster com dois átomos de

oxigênio, os quais são biologicamente ativos. O diesel, mesmo apresentando

cadeias lineares de alcanos que facilitariam a degradação microbiológica, por

conter outros compostos mais resistentes, foi menos biodegradado que o

biodiesel. O petróleo não foi degradado neste período apresentando maior

toxicidade em relação aos outros óleos avaliados (Cruz et al., 2014).

3.4. Toxicidade oral

Esta abordagem contempla somente cinco trabalhos com ratos (6,7% do

total) muito provavelmente em função das dificuldades relacionadas com o uso

de cobaias e do tempo necessário para se realizar as avaliações, uma vez que

podem ser abrangidos estudos agudos e/ou crônicos. Observou-se que todas

as amostras testadas causam alterações severas clínicas e histológicas em

nível hepático, renal, tireóide e celular, sendo mais agravadas para os animais

tratados com diesel. De forma unânime, mesmo com a toxicidade indicada pelo

biodiesel, todas as publicações ainda sugerem que o biodiesel pode ser uma

alternativa viável, embora mais estudos sejam necessários, pois este aspecto

reflete apenas em uma parte dos efeitos produzidos.

Assim, em um estudo realizado por Poon et al. (2007) durante quatro

semanas, ratos machos receberam, por 5 dias, por via oral, doses de 500

mg/Kg/dia de biodiesel puro de óleo de soja, de óleo de peixe e de canola, e de

diesel com baixo teor de enxofre, além de um controle com óleo de milho. Os

autores observaram a ocorrência de alterações histopatológicas típicas de

nefropatia nos animais tratados com diesel, biodiesel de soja e de canola;

aumento do peso do fígado na presença de biodiesel de canola, soja e diesel;

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alterações na tireóide para biodiesel de peixe e timo com peso diminuído

naqueles que ingeriram biodiesel de soja. O óleo diesel foi considerado o mais

tóxico e dentre as amostras de biodiesel o nível maior de toxicidade foi dado

pelo biodiesel de soja, seguido pelos de canola e peixe.

Poon et al. (2009) também observou, após 4 semanas de tratamento,

hepatomegalia e alterações histopatológicas nos rins de 77 ratos machos que

receberam 5, 50 e 500 mg/Kg de biodiesel puro de soja, canola e de fritura,

bem como diesel puro com baixo teor de enxofre. As alterações mais

agressivas foram observadas para aqueles que receberam óleo diesel, sendo

que efeitos lipídicos e o estresse oxidativo foram dependentes da matéria-

prima usada na fabricação do biodiesel.

Aksoy et al. (2012), submeteram ratos albinos de laboratório a

determinadas concentrações de diesel derivado do petróleo e biodiesel oriundo

de óleo de peixe e óleo de girassol, e demonstraram elevadas concentrações

de elementos químicos como cádmio, cobalto, cobre, crômio, nitrogênio e zinco

nos órgãos dos ratos que foram expostos via oral ao biodiesel de óleo de

girassol. Frente a estes resultados, os autores concluem que é preferível a

utilização do biodiesel produzido a partir de óleo de peixe.

Foi realizado um estudo de toxicidade oral induzida (250 e 500 mg/Kg),

com óleo diesel e biodiesel de sementes de papoula (B100) em 35 ratos

machos, sendo verificado os níveis de 17 metais em tecidos do fígado, pulmão,

rins e plasma. Após 21 dias os autores averiguaram que as concentrações

maiores de metais foram encontradas no grupo tratado com óleo diesel,

sugerindo comparativamente uma menor toxicidade para o biodiesel testado

(Aksoy & Sözbilir, 2015).

Aksoy (2015) utilizou 35 ratos machos para avaliar a toxicidade oral de

óleo de girassol (usado como controle a 250 mg/kg), óleo diesel e biodiesel de

peixe, ambos a 250 e 500 mg/kg e diluídos em óleo de girassol (1:1 v/v).

Foram mensurados os níveis de malondialdeído (MDA), glutationa reduzida

(GSH), atividade da catalase (CAT), nitrito (NO2) e nitrato (NO3). Para as

amostras de biodiesel apresentaram toxicidade, em função da peroxidação

lipídica, sendo essa inferior a apresentada pelo óleo diesel, o que confirma a

maior segurança toxicológica do biodiesel frente ao óleo diesel em estudos de

toxicidade oral.

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3.5. Outros testes de toxicidade para biodiesel

Esse item contemplou 5,3% do total de trabalhos relacionados com o

tema, correspondente a quatro pesquisas publicadas em livros, os quais

basicamente resumiram diversos testes realizados em amostras de biodiesel e

suas misturas, comparando-os com óleo diesel.

Assim, Rodinger (1998) relatou testes variados para comparar biodiesel

de canola (B100) e óleo diesel quanto ao potencial toxicológico agudo. Os

testes realizados foram os seguintes: irritação dérmica (coelhos), irritação

ocular (coelho), toxicidade oral (rato), biodegrabilidade sobre a população

microbiana, mortalidade de Oncorhynchus mykiss (truta) e Lepomis

macrochirus (Bluegill), inibição da mobilidade em Daphnia magna, Gammarus

pulex e Lymnea peregra, crescimento em macrófitas (Lemna minor, Lemna

minuta, Lepidium sativum, Elodea canadenses e Myriophyllum spicatum,),

cianobatéricas (Microcystis aeruginosa e Anabaena spiroides), algas

(Selenastrum capricornutum, Chorella vulgaris e Nannochloris coccoides) e

perda média de peso em peixes (Gasterosteus aculeatus e Pimephales

prometas). O autor concluiu que o biodiesel é mais aceitável do ponto de vista

ambiental que o diesel, uma vez que nos testes utilizados o diesel demonstrou

alta toxicidade para a maioria, menos para pele, e, no caso de biodiesel,

observou-se apenas parcial toxicidade tais como irritação nos olhos e via

inalatória, bem como toxicidade para algas e cianobactérias.

Uma publicação bastante abrangente e detalhada em relação ao perfil

utilizado para cada teste foi apresentada no trabalho de Gateau et al. (2005)

que avaliaram biodiesel de canola, biodiesel do ácido erucico de canola,

biodiesel de girassol e biodiesel de girassol com alto teor de ácido oleico,

utilizando os seguintes testes: composição e características físico-químicas do

material particulado, emissão de vapor e solubilidade em água, teste

toxicológico oral em ratos, toxicidade da fração solúvel em água em

Bradhydanio rerio, Daphnia magna e Selenastrum capricornutum,

determinação do crescimento em Pseudomonas putida, biodegrabilidade final,

toxicidade em camarões, teste de contato com pele e olhos de coelhos. De um

modo geral, os autores observaram que as amostras testadas exibem baixa

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toxicidade em relação ao diesel, o qual não foi testado, mas foi comparado pelo

uso de dados da literatura.

Peterson & Möller (2010) relataram um estudo contratado pela

Universidade de Idayo sobre toxicidade do biodiesel etílico e metílico de canola

(B100, B50, B20), comparando com diesel puro com baixo teor de enxofre. Os

autores observaram que nos testes realizados com Daphnia magna,

Oncorhyncus mykiss (truta arco-íris) e nos testes agudos em coelhos albinos

machos e fêmeas para verificarem a toxicidade aguda oral e dérmica (edema,

eritema, e manifestações benignas na derme), o óleo diesel demonstrou ser

mais tóxico, indicando que o biodiesel é uma alternativa menos impactantes

para o meio ambiente e para a saúde animal.

4. Conclusões

De maneira geral, o comportamento do biodiesel no meio ambiente, em

especial os efeitos provocados sobre seres vivos, é ainda pouco conhecido,

principalmente em virtude da produção de biodiesel em grande escala ser uma

tecnologia recente. Isso reflete no baixo número de publicações relevantes

encontradas sobre os aspectos toxicológicos do biodiesel, sendo de apenas 75

em 18 anos incompletos.

Observou-se assim que neste período as publicações se baseiam em

testes padronizados (United Nations, 2015), avaliando a toxicidade aguda,

crônica potencial ou a existência de bioacumulação, bem como a degradação,

de ordem biótica ou abiótica, para compostos químicos orgânicos. Essa

dinâmica promove a utilização de organismos-teste padronizados, menos que

esses não sejam representativos dos biomas afetados. No entanto, tal situação

permite a comparação do potencial toxicológico de diferentes tipos de

amostras, para um mesmo organismo-teste, permitindo a reprodução dos

testes e comparações interlaboratoriais (Costa et al, 2008).

No que se refere à toxicidade do biodiesel em emissões atmosféricas, as

emissões de diesel demonstram causar mais lesões em nível pulmonar

enquanto o biodiesel causa efeitos vasculares mais agudos. Além disso, as

emissões de combustão de amostras de biodiesel, por apresentarem maiores

quantidades de componentes como aldeídos insaturados, produziram uma

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resposta inflamatória e aceleraram o estresse oxidativo em células de fígado e

pulmão de ratos, em intensidade maior que a proporcionada pelo óleo diesel

puro.

Apesar da quantidade das emissões totais em combustão de biodiesel

ser menor que a proporcionada pelo óleo diesel, a combustão de biodiesel

também provoca a emissão de maiores quantidades de substâncias tais como

NOx, formaldeído, acroleína e acetona, as quais são comprovadamente muito

tóxicas.

As emissões de combustão de biodiesel também têm efeito mutagênico,

o qual está correlacionado aos compostos carbonila presentes em grande

concentração nesse biocombustível. Entretanto os componentes aromáticos do

óleo diesel conferem maior potencial mutagênico aos produtos de combustão

desse combustível fóssil.

Com relação à ecotoxicidade do biodiesel em água, alguns estudos

demonstram que mesmo apresentando um impacto ambiental menor sobre

organismos aquáticos em caso de derramamentos, ainda assim os efeitos

resultantes da dispersão do biodiesel em meio aquático podem ser similares

aos apresentados pelo óleo diesel.

Situações que provavelmente contribuam pode ser a presença de

fitoesteróis e fitoestrogênios, além de outros componentes residuais da

produção do biodiesel, tal como resíduos de álcool, especialmente o metanol,

bem como de glicerol. Além disso, os ésteres do biodiesel também podem

promover uma maior absorção de algumas substâncias tóxicas presentes no

óleo diesel.

O processo de esterificação metílica também pode produzir substâncias

com atividade tóxica que causam danos embrionários e genotóxicos em

eritrócitos do peixe. Adicionalmente os estudos apontam que o biodiesel

metílico é mais tóxico à biota aquática que o biodiesel etílico.

Também a capacidade de organismos aquáticos de níveis tróficos

superiores escolherem o alimento é afetada, já que tanto o biodiesel como o

óleo diesel pode agir como poluentes sensoriais mascarando o odor dos

alimentos, levando ao desequilíbrio na cadeia trófica aquática.

Com respeito a presença de biodiesel no solo, o óleo diesel é mais

resistente à degradação microbiana, enquanto que o biodiesel é mais

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facilmente biotransformado. As contaminações com misturas de biodiesel e

diesel podem promover efeitos genotóxicos/mutagênicos, induzindo mutações

e câncer nos organismos expostos.

Em estudos ecotoxicológicos envolvendo a ingestão oral de biodiesel e

suas misturas com diesel, observou-se que todas as amostras testadas

causam alterações clínicas severas e histológicas em nível hepático, renal,

tireóide e celular, sendo que os efeitos são cada vez mais graves a medida que

o percentual de biodiesel é diminuído na mistura com óleo diesel.

Assim, apesar dos efeitos ecotoxicológicos relatados para o biodiesel, de

modo geral sua adição ao óleo diesel é vantajosa por ser menos impactante do

ponto de vista da saúde e do meio ambiente, acelerando a biodegrabilidade do

óleo diesel, além de melhorar a lubricidade do mesmo. Implicando em um

biocombustível de maior viabilidade econômica e ambiental.

5. Referências Bibliográficas

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79

– Aspectos microbiológicos do biodiesel: uma revisão Capítulo 2

Carrim, A. J. I. & Antoniosi Filho, N. R.*

Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES), Instituto de Química,

Universidade Federal de Goiás – Campus II, Samambaia, Goiânia, Goiás, Brasil,

74690-900

E. mail: [email protected]

RESUMO

Os micro-organismos têm sido utilizados em diversas áreas, revelando

aspectos benéficos, com aplicações industriais, para estudos moleculares ou

representando grandes desafios como agentes etiológicos. São considerados

ubíquos e em função da versatilidade que determinados grupos dispõem, como

bactérias, bolores e leveduras, cianobactérias e microalgas, podem ser

reconhecidos com elevado potencial para a produção de biocombustíveis

(bioetanol e biodiesel), atendendo uma demanda de fontes renováveis e

sustentáveis de energia. Esta revisão contribui com uma visão geral sobre as

publicações mais relevantes em relação à produção, deterioração durante o

armazenamento e biorremediação em caso de acidentes e derramamentos

envolvendo biodiesel. Observou-se que o número de publicações foi crescente

até 2014, entretanto observou-se que existe um indicativo de um leve declínio

no número de publicações. Mesmo frente a esta tendência, tanto os micro-

organismos aeróbios como anaeróbios exibem potencialidade reconhecida e

comprovada para fortalecer o campo em franca expansão dos biocombustíveis,

atuando com benefícios na síntese de biodiesel, e da biorremediação de

petroquímicos, ou com malefícios na formação de borras e sedimentos

principalmente no armazenamento de combustíveis.

PALAVRAS-CHAVE: biocombustível; microbiologia; remediação.

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80

Microbiological aspects of biodiesel: a review

ABSTRACT

Microorganisms have been used in many areas revealing beneficial aspects

with industrial applications for molecular studies or representing great

challenges as etiological agents. They are considered ubiquitous due to the

versatility that certain groups dispose, such as bacteria, molds and yeasts,

cyanobacteria, and microalgae, known with high potential for biofuel production

(bioethanol and biodiesel), meeting a demand of renewable, sustainable energy

sources. This review contributes to a general view on the publications that are

more relevant regarding production, deterioration during storage and

bioremediation in case of accidents and spills involving biodiesel. We observed

that the amount of publications increased up to 2014, followed by a slight

decrease. Even with this tendency, both aerobic and anaerobic microorganisms

have known, proven potential to strengthen the expanding biofuels field,

bringing benefits to biodiesel synthesis and the bioremediation of

petrochemicals, or harms to the formation of dregs and sediments, especially

regarding biofuels storage.

KEYWORDS: biofuel; microbiology; remediation.

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81

1. Introdução

Micro-organismos são responsáveis pos atividades que podem ser

benéficas ou maléficas para combustíveis e biocombustíveis. Assim, a

atividade microbiológica é responsável, por exemplo, pela conversão de

biomassa em petróleo, pela geração de enzimas que convertem óleos graxos

em biodiesel, bem como pela bioremediação de ambientes impactados por

combustíveis fósseis ou biocombustíveis. Por outro lado, os micro-organismos

podem comprometer a qualidade de um combustível, utilizando-o como fonte

de carbono, gerando substâncias indesejadas ou formando biofilme na

interface óleo-água e produzindo estruturas insolúveis, tais como borras e

sedimentos (Bücker et al., 2014; Soriano et al., 2015).

No tocante ao biodiesel, os micro-organismos têm sido objeto de

crescente investigação, já que a presença de tal microbiota pode atuar, por

exemplo: 1) na produção de matérias-primas para a produção de biodiesel 2)

na produção do biocombustível, 3) na produção de outros bioprodutos de

interesse comercial, 4) na biorremediação de ambientes impactados, 5) no

monitoramento da qualidade ambiental, 6) na compreensão de fatores que

alteram a qualidade do biocombustível, especialmente durante seu

armazenamento (Ahmad et al., 2015; Chrzanowski et al., 2012; Hawrot-Paw et

al., 2015; Xia et al., 2015).

Dentre os micro-organismos presentes nos estudos sobre biodiesel

encontram-se as bactérias, os fungos, os vírus e as microalgas. Entretanto,

como o estudo de microalgas apresenta diversas vertentes específicas e de

grande amplitude e os vírus atuam praticamente somente influenciando a

produção de matérias-primas graxas (Gao et al, 2010), optou-se nesse trabalho

por analisar e discutir a evolução dos principais estudos técnicos e científicos

acerca do biodiesel em conjunto com os fungos e bactérias, através da revisão

bibliográfica sistemática.

2. Metodologia

O levantamento dos trabalhos publicados foi realizado utilizando a base

de dados do Web of Knowledge, no período de 1945 a 15 de abril de 2016.

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82

Inicialmente fez-se o levantamento e a avaliação da evolução do número

de publicações correlacionando o termo Biodiesel (como título) e Bacteria

(como tópico) e também correlacionando o termo Biodiesel (como título) e

Fungi (como tópico), e das seguintes palavras-chave e formas de busca

descritas na Tabela 2.1, interligando as palavras-chave pela opção AND. Na

seleção das publicações tomou-se o cuidado de considerar publicações

repetidas somente uma única vez.

Tabela 2.1. Descritores suas combinações para cada pesquisa sobre

publicações no Web of Knowledge.

Parâmetros

de Busca

Número da Pesquisa

1 2 3 4

Palavra-

chave

(Situação de

Busca)

Biodiesel

(Título)

Biodiesel

(Título)

Biodiesel

(Tópico)

Biodiesel

(Tópico)

Microorganism

(Títuto)

Microorganism

(Tópico)

Microorganism

(Tópico)

Microorganism

(Tópico)

- - - Biodegradation

(Tópico)

As publicações obtidas foram separadas em 3 temas, de maior

importância para o setor de produção e uso de biodiesel, a saber: 1) uso de

micro-organismos na produção de biodiesel, 2) degradação microbiológica de

biodiesel e 3) biorremediação.

Cada um dos temas foi apresentado em ordem cronológica, iniciando

preferencialmente a partir das publicações mais relevantes.

3. Resultados e discussão

Avaliando-se a evolução do número de publicações existentes desde

1945 a 15 de abril de 2016, correlacionando o termo Biodiesel (como título), e

Bacteria (como tópico), observou-se que a Web of Knowledge apresentou um

total de 336 publicações, distribuídas a partir de 1999, tal como apresentado na

Figura 2.1.

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83

Figura 2.1. Itens publicados por ano para os termos Biodiesel (como tíulo) e

Bacteria (como tópico).

Fonte: Web of Knowledge (2016).

Apesar de, em 1998, Zhang et al. terem publicado estudo acerca da

biodegradabilidade de biodiesel em ambientes aquáticos, a primeira publicação

correlacionando bactérias e biodiesel apontada pelo Web of Knowledge,

divulgada em fevereiro de 1999, tratou do uso do farelo de canola resultantes

da produção de biodiesel, para a alimentação de cordeiros (McAllister et al,

1999), com parte do estudo focando a influência do uso desse coproduto da

produção de biodiesel nas bactérias do rúmem dos cordeiros.

O primeiro trabalho correlacionando a produção de biodiesel com

bactérias data de janeiro de 2001, no qual se fez a avaliação do efeito do

conteúdo de metanol e água na produção de biodiesel a partir de óleo vegetal,

com a síntese catalisada por várias lipases num sistema isento de solvente.

Tais lipases foram obtidas a partir da levedura Candida rugosa e das bactérias

Pseudomonas cepacia e Pseudomonas fluorescens (Kaieda et al., 2001).

Assim ocorreram outras duas publicações em 2001, uma em 2003 e

uma em 2004. Houve posteriormente uma crescente evolução no número de

publicações até 2014, período em que as publicações atingiram 62 itens.

Em 2015, houve uma queda para 37 artigos publicados. Tal

comportamento parece estar sendo seguido em 2016, já que passados quase

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84

30,0% do corrente ano, ocorreram até o momento (abril/2016) apenas três

publicações, o que sugere um número estimado de 10 publicações para 2016.

Com respeito à evolução do número de publicações existentes desde

1945 a 15 de abril de 2016, correlacionando o termo Biodiesel (como título) e

Fungi (como tópico), a Web of Knowledge apresentou um total de 371

publicações, distribuídas, tal como para bactérias, também a partir de 1999,

(Figura 2.2).

Figura 2.2. Itens publicados por ano para os termos Biodiesel (como título) e

Fungi (como tópico).

Fonte: Web of Knowledge (2016).

Assim, em julho de 1999 foi divulgada a publicação de Shimada et al.

apresentando a conversão de óleo vegetal em biodiesel usando lipase

imobilizada da levedura Candida antarctica. Os autores alcançaram

rendimentos de conversão de óleo em biodiesel da ordem de 98,4%, com a

enzima se mantendo ativa por mais de 50 ciclos de uso, e posteriormente o

processo foi melhorado garantindo seu uso por 70 ciclos (Watanabe et al.,

2000). Como este processo pode ter custo muito elevado, Wu et al. (2003)

utilizou uma lipase de Thermomyces lanuginosus, comercialmente conhecida

como Lipozyma TL IM em alternativa a levedura supra citada, obtendo

resultados promissores para a produção de biodiesel metílico.

O número de publicações, correlacionando biodiesel e fungos,

aumentaram nos anos seguintes, com diminuição em 2004, 2007, 2012 e 2015

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85

em relação aos anos imediatamente anteriores. O pico de produção

técnico/científica foi atingido em 2014, com 59 publicações. Em 2015,

ocorreram 39 publicações. E passados quase 30,0% do corrente ano,

ocorreram até o momento de realização da busca apenas sete publicações, o

que projeta um número estimado com cerca de 23 publicações para 2016.

Observou-se que tanto para fungos quanto para bactérias a maioria dos

trabalhos publicados enfoca o uso de lipases para a produção e a

bioremediação de biodiesel, bem como o estudo da biodegradação de biodiesel

pela ação desses micro-organismos.

Com respeito ao levantamento dos trabalhos publicados utilizando a

base de dados da Web of Knowledge (http://apps.webofknowledge.com/), das

palavras-chave e formas de busca descritas na Tabela 2.1, obteve-se os

resultados descritos na Tabela 2.2 para o número total de publicações.

Tabela 2.2. Número total de publicações para cada parâmetro de busca no

Web of Knowledge.

Parâmetros

de Busca

Número da Pesquisa

1 2 3 4 5

Palavra-

chave*

(Situação de

Busca)

Biodiesel

(Título)

Biodiesel

(Título)

Biodiesel

(Tópico)

Biodiesel

(Tópico)

Biodiesel

(Tópico)

Microorganism

(Títuto)

Microorganism

(Tópico)

Microorganism

(Tópico)

Microorganism

(Tópico)

Microorganism

(Tópico)

- - Production

(Tópico)

Degradation

(Tópico)

Total de

Publicações 46 1022 2721 2225 105

Assim, de forma altamente específica, a busca pela associação de

biodiesel e micro-organismos integrando o título de publicações leva a um total

de 46 artigos. Em situações menos específicas, o número de publicações vai

de 105 a 2721, havendo a necessidade de grande refinamento para distinguir

as publicações que tratam especificamente de biodiesel com bactérias e

fungos, em situações de síntese, degradação e remediação de biodiesel.

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86

3.1. Revisão da literatura

3.1.1. Uso de micro-organismos na produção de biodiesel

De um modo geral, os micro-organismos produtores de lipídeos podem

ser uma alternativa relevante como fonte de matéria graxa para a produção de

biodiesel, em face da tendência para a escassez de combustíveis fósseis, do

custo em elevação dos óleos e gorduras tradicionalmente usados ou, ainda,

pelo fato de tais oleaginosas competirem com aquelas que são requeridas para

a alimentação. Assim, tem-se intensificado a busca por micro-organismos,

naturais ou geneticamente modificados, que possam se tornar uma potencial e

promissora fonte de energia no futuro, especialmente aqueles micro-

organismos que possam apresentar aplicação industrial para a cadeia

produtiva de biodiesel (Messias et al., 2011).

Neste sentido, Meng et al. (2009) apontam diversos micro-organismos

como candidatos potenciais para este emprego, tais como bactérias

(Acinetobacter calcoaceticus, Arthrobacter sp., Bacillus alcalophilus,

Rhodococcus opacus), bolores (Aspergillus oryzae, Cryptococcus albidus,

Humicola lanuginosa, Mortierella vinacea, Mortierella isabelina) e leveduras

(Candida curvata, Lipomyces starkeyi, Rhodotorula glutinis).

Na busca por matérias-primas alternativas às oleaginosas para produção

de biodiesel, Raposo et al. (2009) apontaram que as leveduras oleaginosas

Rhodosporidium toruloides e Yarrowia lipolytica apresentam-se como uma das

possíveis fontes de óleos para produção de biodiesel.

O fungo Aspergillus terreus, isolado de solo contaminado com petróleo,

produziu lipídeos com perfil de ácidos graxos com cadeia de C14 a C33 e, por

isso, pode ser utilizado nas indústrias de oleoquímicos. Tal fungo também

possui grande potencial para degradar hidrocarbonetos, incluindo os produtos

de oxidação imediata destes. Vale observar que ácidos graxos com cadeia

superior a C24 são incomuns em óleos graxos de plantas, animais e

microalgas (Kumar et al, 2010).

A levedura Lipomyces starkeyi foi capaz de sobreviver e proliferar na

presença de águas residuais de azeite, produzindo lipases e esterases

extracelular, com uma significativa produção de lipídeos, dentre alguns com a

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87

prevalência de ácido oleico, o qual apresenta grande potencial de emprego

para produção de biodiesel de segunda geração, de acordo com Yousuf et al.

(2010). Argenbauer et al. (2008) também relataram que a mesma levedura

cultivada em lodo de esgoto produz quantidade considerável de ácidos graxos

que poderiam ser utilizados para produção de biodiesel.

Como fonte alternativa de matéria graxa, Zhang et al. (2011)

determinaram a viabilidade de utilizar Rhodotorula glutinis, Rhodococcus

opacus e Cryptococcus curvatus para converter N-acetilglucosamina (GlcNAc),

proveniente de resíduos de processamento de camarão, em triacilglicerídeos

para o emprego na produção de biodiesel. Dentre os micro-organismos

testados o que apresentou melhor teor de lipídeos foi Cryptococcus curvatus,

por volta de 28,4%, indicando que este resíduo pode ser aproveitado em

conjunto com os micro-organismos na obtenção de lipídeos para produção de

biodiesel.

Micro-organismos produtores de lipases apresentam potencial para a

produção de ésteres metílicos de ácidos graxos (FAME), como alternativa às

lipases comerciais, em face de seu custo elevado (Messias et al., 2011).

Ciudad et al. (2011) avaliaram a capacidade de lipases de Serratia sp.,

Myroides sp., Arthrobacter sp., Bacillus sp., Pseudomonas veroni e

Pseudomonas fluorescens catalisarem a conversão do óleo de canola à

biodiesel, bem como a tolerância celular ao metanol durante o processo de

produção de FAME.

Dheeman et al. (2011) descrevem uma lipase extracelular DS-39 isolada

de Penicillium sp. com potencial para aplicações na produção de biodiesel,

para reestruturação enzimática pela interesterificação de diferentes óleos e

gorduras, além do emprego em biodegradação de derramamentos de óleos no

meio ambiente.

Hu et al. (2012) descrevem a bactéria Rhodopseudomonas palustris

como sendo capaz de biodegradar poluentes orgânicos, além de possuir o

potencial para seu emprego na produção de bioenergia. Os autores descrevem

os mecanismos de algumas enzimas importantes para regulação da produção

dos lipídeos, as quais poderiam ser utilizadas para a produção de biodiesel.

Entre diversos micro-organismos cultivadose produtores de lipídeos,

Gao et al., (2012) identificaram e compararam seis cepas (Yarrowia lipolytica,

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Limomyces starkeyi, Rhodosporidium toruloides, Cunninghamella blakeleana,

Mycobacterium sp. e Mortierella isabellina) quanto à composição de ácidos

graxos e qual deles o melhor, e apontaram o último isolado como promissor

para a produção microbiana de óleo, o qual produziu 35% de lipídeo.

Em 2013 Sawangkeaw et al. selecionaram diversos produtores com

conteúdo variado de lipídeos como exemplo: Candida curvata (29,0-58,0%),

Cryptococcus albidus (33,0-60,0%), Cryptococcus curvatus (25,0-46,0%),

Lipomyces starkeyi (61,0-68,0%), Rhodosporidium toruloides (58,0-68,0%),

Mucor mucedo (62,0%), Aspergillus oryzae (18,0-57,0%), Cunninghamella

echinulata (35,0-58,0%), Mortierella isabelina (50,0-55,0%), Arthrobacter sp.

(>40,0%), Acinetobacter calcoaceticus (27,0-38,0%), Rhodococcus opacus

(24,0-26,0%) e Bacillus alcalophilus (18,0-24,0%), além de microalgas.

Outros foram citados por Thevenieau & Nicaud (2013), tais como:

Rhodotorula glutinis (72,0%), Yarrowia lipolytica (36,0%), Rhizopus arrhizus

(5,07%), Mucor circinelloides (25,0%), Pythium ultimum (48,0%), Aspergillus

terreus, Pellicularia praticola, Claviceps purpúrea e Cryptococcus laurentii

(Castanha et al., 2014). O tipo de extração dos lipídeos variam desde a

extração tradicional utilizando solventes com polaridade adequada, extração

sob pressão com solvente integrado assim como novos procedimentos (Wang

et al. 2012).

Em função da necessidade de se conhecer as enzimas envolvidas nas

vias metabólicas e desvendar quais micro-organismos apresentam potencial

para a produção de biodiesel com alta eficiência e baixo custo, Lin et al. (2013)

apresentaram uma visão geral dos principais organismos empregados para a

produção de biodiesel em escala industrial, e como a engenharia genética pode

contribuir para as modificações necessárias para melhorar o desempenho de

micro-organismos como Escherichia coli, dentre outros citados no estudo.

Magdouli et al. (2014) abordaram sobre o potencial de diversos micro-

organismos heterotróficos, tais como bactérias, leveduras e bolores, que têm

capacidade de acumularem triacilgliceróis (TAG) e ácidos graxos, fundamentais

para a produção de biodiesel, além de efetuarem a abordagem sobre a

biossíntese de esteróis com aspectos bioquímicos e genéticos, assim como os

fatores abióticos que poderiam influenciar no acúmulo dos lipídeos.

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Esta contribuição auxiliou na compreensão dos processos de regulação

metabólica para que novas matérias-primas microbiológicas sejam empregadas

para a produção de biodiesel.

Liu et al. (2014) investigaram a otimização e a cinética da etanólise via

fermentação no estado sólido para produção de biodiesel etílico por

Burkholderia cenocepacia suportado em sólido. O processo gerou biodiesel

etílico com 91,3% de rendimento O micro-organismo empregado apresentou

66,9% de sua atividade original após 288 horas de uso no processo de síntese

de biodiesel.

A levedura Metschnikowia pulcherrima foi previamente descrita no

emprego como agente de controle biológico para fungos e atividade

antimicrobiana para leveduras (Oro et al., 2014). Porém Santamauro et al.

(2014) comprovaram que, em condições de baixo custo e sem esterilização

apresentou capacidade de produzir até 40,0% de lipídeos usando glicerol como

fonte de carbono, e assim considerada com potencial aplicação na produção de

biodiesel.

Ahmad et al. (2015) indicaram que Aspergillus oryzae, Mucor plumbeus e

Rhodotorula mucilaginosa são as espécies que apresentam maior potencial

para produzir óleo como matéria-prima utilizada para produção de biodiesel,

dentre microalgas (Chlorella protothecoides e Chlorella zofingiensis), leveduras

Cryptococcus albidus, Rhodotorula mucilaginosa, Yarrowia lipolytica (Rakicka

et al., 2015) e fungos (Aspergillus oryzae e Mucor plumbeus) avaliados.

Os autores chegaram a essa conclusão baseando-se em critérios tais

como: concentração de óleo, composição de ácidos graxos, taxa de consumo

de substrato, taxa de produção e produtividade, colheita de biomassa e custos

de nutrientes.

Além desses trabalhos, há também a publicação de patentes que

descrevem o uso de micro-organismos para a produção de biodiesel, mas que

não fornecem muitos detalhes sobre os próprios micro-organismos, enfatizando

apenas a metodologia e os resultados obtidos para a síntese do

biocombustível.

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3.1.2. Degradação microbiológica de biodiesel

A degradação de biodiesel pela presença de micro-organismos é um dos

principais problemas enfrentados pela cadeia de produção e uso de biodiesel.

Klofutar & Golob (2007), Hill & Hill (2008) e Hill & Hill (2009) apontaram que a

presença e crescimento de micro-organismos em biodiesel resultam na

formação de sedimentos, lamas e lodo, e, consequentemente, leva à

deterioração da qualidade do biocombustível, bem como a danos a tanques de

armazenagem, dutos, bombas, filtros e válvulas, provocando também

dificuldades na utilização do combustível contaminado.

Os autores supracitados também alertaram que a introdução de

biodiesel em combustíveis fósseis pode aumentar a susceptibilidade desses a

ação de micro-organismos e o critério mais importante para a prevenção de

micro-organismos em combustíveis é a ausência de água disponível/livre,

sendo que em situações nas quais os micro-organismos começam a crescer, a

adição de um biocida pode inibir o seu crescimento.

Por sua vez, Schleicher et al (2009) avaliaram a biodegradação de

biodiesel metílico de canola puro e misturado com diesel, e determinaram que

quanto maior a proporção de diesel, maior a quantidade de bactérias, sendo

que para o biodiesel observaram maior quantidade de fungos. Os autores

também observaram que a estabilidade oxidativa diminuiu rapidamente em

amostras inoculadas com micro-organismos, havendo inclusive o aumento da

turbidez em relação ao biodiesel isento de micro-organismos.

O trabalho realizado por Mariano et al (2010) avaliou a biodegradação

aeróbia de misturas de óleo diesel e butanol (5, 10, 15, 20%, v/v) comparando

com a mistura de óleo diesel/biodiesel (20%, v/v). Para isso utilizaram

Pseudomonas aeruginosa e um indicador redox (2,6-diclorofenol indofenol -

DCPIP), tanto na avaliação com solo quanto com água.

Os autores revelaram resultados inversos, uma vez que no solo a

mistura óleo diesel/biodiesel apresentou melhor biodegradação que em relação

à água. Para a mistura óleo diesel/butanol a degradação foi favorecida pela

solubilização do butanol, tornando-o mais biodisponível até um volume de 10

mL. Após esta quantidade a toxicidade do butanol inibiu o crescimento dos

micro-organismos testados.

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De acordo com Aktas et al. (2010) micro-organismos isolados de

ambientes marinhos costeiros e com histórico diferente de exposição às

substâncias como biodiesel, hidrocarbonetos e oxigênio, foram capazes de

degradar biodiesel em um mês. Porém, os autores observaram que a

biodegradação anaeróbia em estudo foi acelerada por inóculos sulfato

redutores e metanogênicos que promoveram a corrosão em aço carbono. Os

autores ressaltaram também que para este conjunto é necessário adotar

medidas de precaução ao expor o combustível a tal estrutura metálica.

Em 2011, Sorensen et al. observaram um aumento do crescimento de

bactérias metanogênicas, redutoras de sulfato e bactérias redutoras de nitrato,

ao misturarem micro-organismos isolados de água contaminada (coletada de

tanques de armazenamento de misturas de diesel/biodiesel) com o combustível

diesel/biodiesel.

Ainda compararam com as inoculações em diesel puro. Além do

crescimento mais elevado, perceberam a presença de metano quando os

micro-organismos foram incubados com biodiesel, o que enfatiza a importância

do uso dos métodos de monitoramento microbiológico para garantir a qualidade

e segurança no armazenamento da mistura.

Bento et al., (2006) e Bücker et al. (2011) confirmaram que a

suscetibilidade do óleo diesel pode aumentar com o acréscimo de biodiesel.

Em concentrações de 5%, 10% e 20% da mistura, observaram que os fungos

Paecilomyces sp., Aspergillus fumigatus, Candida silvico e Rhodotorula sp.

degradaram a mistura a partir de 7 dias de armazenamento, implicando em

perdas econômicas para o biodiesel brasileiro.

Para controlar o crescimento microbiano em tanques de armazenamento

de combustíveis, Zimmer et al. (2013) avaliaram a eficácia de dois biocidas

(3,3‟metileno-bis (5-metiloxazolidina) (MBO) e 5-Cloro-2-metil-4-isotiazolina-3-

ona + 2-Metilisotiazol-3(2H)-ona (CMIT/MIT)) em biodiesel (B100, B7, B10) e

óleo diesel (B0), em 0, 7, 14, 21, 42 e 60 dias, utilizando micro-organismos

isolados da fase aquosa de biodiesel e suas misturas, em três concentrações

de crescimento.

Para avaliação da degradação os autores utilizaram espectroscopia por

infravermelho, e observaram que MBO controla apenas baixos níveis de

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contaminação microbiana, enquanto que CMIT/MIT apresentou maior eficácia

em média e alta concentrações de micro-organismos.

A qualidade do combustível pode ser comprometida enquanto

armazenado devido à formação de biofilmes microbianos que se desenvolvem

na interface óleo/água, incorrendo em perdas econômicas e ambientais. Para

amenizar este problema, Bücker et al. (2014) testaram uma mistura B10 com

inóculos provenientes de lodos contaminados com diesel e incubaram com 5-

metiloxazolidina (MBO) a 100% (puro) e 50%, comparados com

concdentrações finais do controle de 1000, 500 e 0 pm, por mais de 60 dias.

Observaram que o biocida, na concentração de 500 ppm, pode controlar

efetivamente a contaminação microbiana presente em B10. Porém alguns

micro-organismos foram resistentes à ação do MBO.

O fungo Pseudallescheria boydii foi avaliado por 60 dias em meio

aquoso contendo biodiesel produzido a partir de óleo de azeitona, de soja e de

linhaça. Cazarolli et at. (2014) observaram a produção de lipase mais

acentuada em biodiesel de óleo de linhaça, porém após 15 dias, o uso de

biocida foi eficiente para controlar o fungo.

O crescimento dos esporos de Paecilomyces variotti em diferentes

concentrações foi avaliado em diesel puro e biodiesel (B7, B10, B100), após 7,

14, 21, 28, 42 e 60 dias de exposição (Gassen et al., 2015). Para a análise de

degração utilizando infravermelho foi observado que compostos de carbonila

apresentaram diminuição, porém com a possibilidade de compostos

intermediários serem formados em B7. Os resultados indicam que o acréscimo

de biodiesel pode aumentar a suscetibilidade à degradação do biocombustível.

Soriano et al. (2015) avaliaram e compararam o processo de

biodeterioração de óleo diesel, biodiesel de soja (B100), biodiesel de sebo

bovino (B100) e misturados com óleo diesel (B5), armazenados em tanques de

estocagem por um período de 42 dias. Observaram que ocorre sedimentação,

conforme a matéria-prima utilizada e o tempo de estocagem, sendo alta a

ocorrência de contaminação microbiana. A biodeterioração pode ocorrer

durante o processo de armazenamento principalmente na produção das

misturas, apesar de constatarem que o impacto da deterioração foi

relativamente baixo.

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Com o objetivo de minimizar a contaminação durante o armazenamento

de óleo de fritura por um período longo, Leuchtle et al. (2015) avaliaram o

crescimento de micro-organismos e detectaram a presença de micro-

organismos aeróbios, sugerindo que o ambiente de estocagem favorece o

crescimento destes indivíduos.

3.1.3. Biorremediação

A biorremediação atualmente é uma metodologia muito utilizada para

realizar a descontaminação de solos impactados por hidrocarbonetos e óleos, e

pode ser aplicada principalmente devido a uma grande preocupação sobre os

efeitos de combustíveis, aditivos e biocombustíveis no meio ambiente (Robles

et al., 2015).

A presença de nutrientes inorgânicos e de carbono orgânico em conjunto

com a biomassa microbiana pode estimular a biodegradação dos

hidrocarbonetos oriundos de derramamentos de petróleo em sedimentos de

praia. Por 30 dias Obbard et al. (2004) investigaram o comportamento de

bactérias degradadoras de hidrocarbonetos que aumentaram quase 12 vezes

após este período e melhorou o desempenho de biodegradação em 170 vezes,

com a adição de ácidos graxos facilmente oxidáveis provenientes de biodiesel

puro de palma, os quais favoreceram o processo de biorremediação.

Lutz et al. (2006) evidenciaram que é seguro ambientalmente utilizar

biodieseis como combustíveis alternativos, bem como solventes ou lubrificante,

após constatarem que uma população microbiana aeróbia (Bacillus, Proteus,

Pseudomonas, Citrobacter e Enterobacter) presente em ambientes naturais

abertos é capaz de degradar biodiesel de etílico de palma.

Por outro lado, Fernandez-Alvarez et al. (2006, 2007) avaliaram a

degradação de PAH (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) presentes em

combustíveis fósseis acumulados em areia e rochas em um região praiana,

procedentes de um derramamento, e observaram que, mesmo com o

acréscimo de nutrientes e micro-organismos, não houve aumento significativo

da taxa de degração. Porém, ao aplicarem gradualmente biodiesel de girassol,

a bioremediação da superfície poluída ocorreu com a aceleração da

degradação do óleo residual.

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De acordo com Suehara et al. (2007), o monitoramento da manutenção

de condições consideradas ótimas para águas residuárias, oriundas da

produção de biodiesel, pode ser realizado utilizando um método simples e

rápido de determinação de óleos, uréia e sólidos, os quais podem se ajustados

para estimular o crescimento microbiano no processo de tratamento destes

efluentes, uma vez que esta população corrobora para que o processo de

biodegradação seja efetivo.

Micro-organismos como leveduras tem capacidade de degradar solo

contaminado com biodiesel e, assim, Soares Junior et al. (2009) utilizaram

Candida viswanathii e observaram que, em concentrações diversas da mistura

biodiesel/diesel, o micro-organismo teve preferência por degradar biodiesel.

Porém, em amostras sem o inóculo, foi constatado melhor degradação do

diesel, provavelmente pela presença do antioxidante TBHQ (terc-butil-

hidroquinona), comum em biodieseis comerciais.

O consórcio bacteriano pode favorecer a biorremediação de ambientes

contaminados com diesel, biodiesel e suas misturas (B20) em condições

aeróbias ou com limitações de aeração e presença ou ausência de nitrato,

como descrito por Cyplik et al. (2011). Com interesse na biodegração destes

combustíveis, identificaram Comamonadaceae e Variovorax sp. com maior

afinidade ao biodiesel em condições aeróbias, além de demonstrarem que a

quantidade mais elevada de biodiesel pode favorecer a ação degradadora do

consórcio estudado.

Na comparação entre a biodegrabilidade de diesel e biodiesel de soja em

concentrações variadas, e seus efeitos sobre a diversidade microbiana do solo,

Silva et al. (2012) utilizaram solo da Mata Atlântica e observaram que quanto

maior a concentração de biodiesel na mistura, maior a biodegradação. Os

autores também observaram a ocorrência na mudança na comunidade

microbiana após o período de incubação, mostrando elevação no número de

micróbios heterotróficos, porém o mesmo não foi observado para B100, o que

poderia comprometer a atividade microbiana geral, uma vez que esta

comunidade foi reduzida.

Enzimas são amplamente utilizadas pela sua capacidade de catalisar

reações com alta especificidade. Produzidas por diversos micro-organismos,

elas podem ser empregadas para processos de biorremediação (Medeiros et

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al., 2013). Como uma alternativa eficiente e de elevado potencial de

biodegradação do biodiesel, Meyer et al. (2012) identificam, através de ensaios

enzimáticos, um consórcio bacteriano composto por Bacillus megaterium,

Bacillus pumilus, Pseudomonas aeruginosa e Stenotrophomonas maltophilia

que atuaram em solos contaminados com diesel e biodiesel (B20) e suas

misturas com diesel.

Rocha et al. (2013) isolaram cepas com elevado potencial de produção

de lipase para remover óleos e graxas, na etapa de pré-tratamento de águas

residuárias provenientes da purificação do biodiesel. Dentre as cepas

selecionadas, Klebsiella oxytoca apresentou 80,0% de remoção dos óleos e

gorduras presentes no efluente, em 48 horas.

Para monitorar a biodegradação aeróbia de biodiesel metílico de soja

B100, em diversas concentrações, e diesel em ambientes aquáticos, Yassine et

al. (2013a) propuseram um modelo sobre mecanismo de cinética microbiana.

Os autores concluíram que a biodegradação é mais rápida na interface

óleo/água, com taxa de degradação maior para as cadeias longas de carbono e

menor para as ligações duplas.

Observaram também que quanto maior a concentração de biodiesel,

maior a taxa e a velocidade de degradação dos componentes aromáticos

misturados (Yassine et al., 2013b), e que o monitoramento da degradação

utilizando o modelo auxilia estimar os parâmetros e a cinética de

biodegradação em circunstâncias em que a biomassa a ser degradada seja

homogênea e com a presença de fase aquosa, situação esta que favorece o

crescimento de diversos micro-organismos e permite compreender como os

micro-organismos atuam no processo de degradação de substâncias com

baixa solubilidade em água.

Além do acréscimo de biodiesel e culturas microbianas (bactérias e

fungos), a adição de glicerol também pode favorecer a degradação de produtos

de origem fóssil. Lemos et al. (2013) utilizaram duas culturas em dois estágios

de adaptação e avaliaram a biorremediação em solos contaminados com

petróleo e derivados. Após 111 dias constataram uma alta taxa de remoção de

TPH (hidrocarbonetos totais de petróleo) ao final do processo.

Fukuda et al. (2013) estudaram a carga microbiana na água de lavagem

proveniente da produção de biodiesel, após a modificação na etapa de

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lavagem. Detectaram a presença de Fusarium falciforme e outras espécies no

processo de degradação da água em estudo, os quais não representam risco

ambiental microbiológico em caso deste resíduo ser descartado para o meio

ambiente.

O consórcio integrado por Pseudomonas aeruginosa, Achromobacter

xylosoxidans e Ochrobactrum intermedium foi utilizado para avaliar a eficácia

da bioaumentação sucessiva e convencional e bioestimulação de B10 no solo.

Colla et al. (2014) testaram por 32 dias e variação na comunidade microbiana

de acordo com o tratamento, indicando os micro-organismos para a

degradação de hidrocarbonetos totais de petróleo e biodiesel.

Sunar et al. (2014) comprovaram a eficácia de Pseudomonas putida

como agente biodegradável em solo contaminado com biodiesel B20, assim

como Elazhari-Ali et al. (2013) que utilizaram Psedomonas spp. e observaram

que a velocidade de degradação foi maior para etanol (E10) que para biodiesel

(B20), quando acrescentados ao solo arenoso.

Mariano et al. (2008) avaliaram a biodegrabilidade solo e/ou água

contaminados com diesel e biodiesel utilizando uma metodologia de baixo

custo, o teste de DCPIP (2,6-diclorofenolindofenol). Para a avaliação da

biodegrabilidade realizada por de diferentes concentrações de diesel puro e

misturas de biodiesel de soja (B2, B5 e B20), foram utilizados três inóculos

(Pseudmonas aeruginosa LBI e dois consórcios compostos por bactérias,

fungos filamentosos e leveduras), os quais constataram que o biodiesel é mais

facilmente e mais rapidamente biodegradado que o óleo diesel.

Cruz et al., (2014) utilizaram DCPIP em conjunto com Lactuca sativa e o

acréscimo de Bacillus subtilis, os quais indicaram, após 240 dias de

monitoramento, a eficácia na biodegradação pela interação da microbiota

autóctone e o inóculo introduzido na eficaz biodegrabilidade das amostras de

biodiesel testados.

Horel et al. (2014) realizaram estudos para alcançar eficácia no processo

de biorremediação com variações de temperatura para verificar a quantidade

de inóculo e a influência das fases de crescimento de micror-organismos

isolados de substratos específicos sobre solos contaminados com diesel,

Syntroleum (combustível sintético) e biodiesel produzido com óleo de peixe. Os

autores verificaram que o aumento do inóculo não era necessário e que a fase

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de adaptação (lag) foi encurtada, favorecendo a degradação dos derivados de

petróleo.

Borges et al. (2014), ao testarem a biodegradação de benzeno na

presença de soja, banha de porco e a partir de óleo de rícino, indicaram que a

biodegradação anaeróbia do benzeno pode ser realizada na presença de

biodiesel.

Em estudo de campo em zona de aquífero subterrâneo, conduzido por 2

anos, Ramos et al. (2013) identificaram organismos como Archaea

(Crenarchaeota e Euryarchaeota), Geobacteraceae (Geobacter e Pelobacter

spp.) e bactérias redutoras de sulfato (Desulfovibrio, Desulfomicrobium,

Desulfuromusa e Desulfuromonas) em ambiente contaminado com biodiesel

B20. A metodologia de bioestimulação fermentativa-metanogênica para

degradar benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX), bem como

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HAPs) em água subterrânea

contaminada com biodiesel B20, foi indicada por Ramos et al. (2013, 2014)

para degradar o biocombustível, pela ação de micro-organismos como

Desulfitobacterium e Geobacter spp., os quais tem capacidade de interagir e

melhorar a viabilidade de biorremediação em locais contaminados com os

combustíveis estudados.

Assim, o biodiesel pode ser adicionado com bactérias degradantes de

petróleo e nutrientes específicos para degradar áreas com resíduos de

derramento, uma vez que estas áreas apresentam grande dificuldade para a

remoção da contaminação petroquímica. Neste sentido, Xia et al. (2015)

simularam um estudo e verificaram que quanto maior a quantidade de biodiesel

adicionada, mais efetiva foi a remoção, aumentando a atividade de

desidrogenase bacteriana, melhorando assim a biodegradação do óleo.

Kanmani et al. (2015) isolaram Staphylococcus pasteuri e Bacillus subtilis

de efluentes provenientes de fábricas de óleo de coco e produtores da enzima

lipase extracelular. Após purificação da enzima, a caracterizaram quanto à

temperatura e pH, observando um comportamento termófilo e alcalifico, além

de apresentar estabilidade frente aos solventes orgânicos miscíveis em água,

sugerindo que esta enzima isolada a partir des micro-organismos pode ter

aplicação para a produção de biodiesel e detergentes, além da aplicação na

biorremediação de áreas contaminadas com óleos e gorduras.

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Meyer et al. (2014) obtiveram resultados similares com inóculos de

Bacillus megaterium, Bacillus pumilus, Pseudomonas aeruginosa e

Stenotrophomonas maltophilia em latossolos do sul do Brasil, contaminados

com biodiesel B20 e B100, utilizando atenuação natural e

bioaumentação/bioestimulação como estratégias de biorremediação.

4. Conclusões

Os resultados desta revisão demonstram que o emprego de biomassa

para a produção de biocombustíveis contribui, principalmente, para enfrentar as

dificuldades econômicas decorrentes dos preços elevados de energia e para

reduzir a emissão de gases de efeito estufa, fortalecendo uma economia

sustentável.

Como exemplo, os micro-organismos produtores de lipídeos têm sido

amplamente investigados para a produção de biodiesel, uma vez que exibem

diversas vantagens como: não estão sujeitos às mudanças climáticas;

independem do petróleo para produção de combustível; não competem com a

cadeia de sementes oleaginosas também empregadas como alimentos; são

capazes de acumular grandes quantidades de lipídeos; podem se desenvolver

em meios de baixo custo e que se constituem de coprodutos industriais de

menor valor; apresentam taxa de crescimento elevada; podem ser cultivados

em sistemas fechados; além de contribuírem para diminuir os custos de

produção de biocombustíveis.

Em estudos descritos na literatura técnico/científica foi constatado que

os biocombustíveis como biodiesel são prontamente biodegradáveis e

apresentam uma taxa de biodegradação relativamente alta no meio aquático.

Na presença de biodiesel, os micro-organismos podem promover mais

rapidamente a degradação do óleo diesel e outros derivados petroquímicos,

sendo que a utilização de determinados isolados para degradar componentes

orgânicos pode ser uma opção viável economicamente e segura do ponto de

vista ambiental.

Para os estudos conduzidos em solos contaminados, observou-se que a

biodegradação utilizando cepas isoladas ou em consórcios também pode

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facilitar o processo uma vez que são capazes de atenuar os efeitos dos

combustíveis, independentemente da metodologia de biorremediação adotada.

Diversos micro-organismos têm crescimento altamente favorável em

combustíveis e, em conjunto com outros fatores, corroboram para a formação

de um sedimento composto por biofilme, também conchecido como borra. Este

resíduo pode ser responsável pela biodegradação, principalmente durante o

seu armazenamento, o que pode comprometer gravemente a qualidade do

combustível em partes do motor que entrar em contato com o produto

degradado.

A contaminação microbiana em petróleo e outros combustíveis têm sido

descrita há décadas, principalmente associada com a presença de água, a qual

é dificilmente controlada e pode alterar outras propriedades como a

viscosidade.

Assim a literatura demonstra que micro-organismos exibem enorme

potencial para contribuir com a cadeia de produção de biodiesel, dada a

possibilidade de serem fontes de lipases usadas como catalisadores do

processo de conversão de óleo em ésteres alquílicos de ácidos graxos. Além

disso, pela produção de biossurfactantes de baixa ou alta massa molecilar, os

micro-organismos podem remediar com eficácia as situações de impacto

ambiental pela presença de biodiesel na forma pura ou misturado a

petroquímicos, tanto em água quanto em solo.

Por outro lado, os micro-organismos podem prejudicar a qualidade do

biodiesel sintetizado pela formação de borras e/ou sedimentos, em situações

de armazenamento inadequado, o que abre um campo ainda pouco explorado

na literatura, que consiste no desenvolvimento de biocidas, principalmente

aqueles que possam também melhorar as propriedades de estabilidade

oxidativa e de fluxo a frio do biodiesel.

Dessa forma, apesar das diversas pesquisas publicadas demonstrando

que micro-organismos podem ser benéficos ou maléficos para a o biodiesel, a

grande diversidade de micro-organismos, as diversas situações ambientais e

os muitos tipos de biodiesel e suas misturas com óleo diesel justificam a

necessidade de que investigações microbiológicas e seus produtos de

publicação, ao contrário do que vem sendo evidenciado nos últimos anos,

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venham a ser incrementados de forma a garantir sustentabilidade e segurança

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111

- Estudo da toxicidade aguda de biodiesel e suas misturas com Capítulo 3

óleo diesel frente a Artemia salina

Carrim, A. J. I.1,2; Franco, P. I. B. M. 2; Vieira, T. M.1,2; Vieira, J. D. G.1, Antoniosi Filho,

N. R.2

1 Laboratório de Microbiologia Ambiental e Biotecnologia (LAMAB), Instituto de

Patologia Tropical e Saúde Pública, Campus I, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia, Goiás, Brasil, 74605-050

2 Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES), Instituto de Química,

Universidade Federal de Goiás – Campus II, Samambaia, Goiânia, Goiás, Brasil,

74690-900

E. mail: [email protected]

RESUMO

O biodiesel é considerado um biocombustível biodegradável e de baixo impacto

ambiental. Entretanto a toxicidade do biodiesel obtido a partir de óleos

residuais de fritura tem sido pouco estudada, principalmente utilizando-se

organismos aquáticos de baixo custo e fácil manipulação e que habitem

ambientes salobros ou salinos. Assim, foi feita a avaliação da toxicidade aguda

de biodiesel de óleo residual de fritura biodiesel de óleo de soja refinado, óleo

diesel A S500 e as misturas B7 e B20 desse óleo diesel com biodiesel de óleo

de fritura residual, utilizando-se a Artemia salina como organismo-teste. Para

os eluatos salinos o organismo-teste não apresentou toxicidade, entretanto

para as amostras puras testadas com DMSO e solução salina, o nível de

toxicidade indicou que quanto maior a quantidade de óleo diesel na mistura,

maior é a toxicidade do combustível, sendo que o biodiesel de óleo de fritura

apresentou menor toxicidade que as outras amostras de biodiesel. Desta

forma, o uso de biodiesel de óleo residual de fritura pode minimizar os impactos

ambientais de derramamento desses combustíveis em meios aquáticos salinos

ou salobros, desde que o biodiesel possua baixas concentrações de

substâncias polares de baixa massa molecular.

Palavras chaves: Artemia salina, biocombustível, ecotoxicologia.

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Acute ecotoxicological assessment of methylic biodiesel, diesel oil and

blends with regard to Artemia salina

ABSTRACT

Biodiesel is considered biodegradable and it has a low environmental impact.

However the toxicity of biodiesel derived from waste frying oils have been little

studied, especially using low cost and easy handling aquatic organisms, which

live in brackish or saline environments. Thus, it was made the evaluation of

acute toxicity of the residual frying oil biodiesel, refined soybean oil biodiesel,

diesel oil A S500 and B7 and B20 mixed with residual frying oil biodiesel, and

using Artemia salina as test organism. To the salt eluates the test organism

showed no toxicity, however for pure samples tested with DMSO and saline, the

level of toxicity was proportional to the amount of biodiesel in the biofuel

mixture. Residual frying oil biodiesel showed lower toxicity than the other

biodiesels. Therefore, the usage of waste frying oil biodiesel can minimize the

environmental impacts of an eventual spillage in saline or brackish water

environments, since biodiesel has low concentrations of polar substances of low

molecular mass.

Key words: Artemia salina, biofuel, ecotoxicology.

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1. Introdução

O biodiesel é apontado como um combustível renovável e que apresenta

baixo impacto ambiental, dada às reduzidas emissões de particulados e óxidos

de carbono e enxofre. Apesar das vantagens no que diz respeito à poluição

atmosférica, são poucos os trabalhos que avaliam o impacto deste

biocombustível no ambiente hídrico dulcícola, e principalmente no marinho,

bem como no terrestre (Bluhm et al., 2012; Bünger et al., 2012). No caso de

derramamentos deste biocombustível, seja no armazenamento ou transporte,

este pode vir a alcançar o ecossistema aquático e o solo, causando efeitos

ainda insuficientemente avaliados (Torrezani, 2009).

Atualmente, apesar do óleo refinado de soja ser a matéria-prima base

para a produção comercial de biodiesel, o uso de óleos e gorduras residuais

(OGR), especialmente os óleos residuais de fritura (ORF), estão cada vez mais

sendo utilizados para a produção de biodiesel, dado seu baixo custo e alta

disponibilidade (Talebian-Kiakalaieh et al., 2013). Entretanto, no aspecto

químico, é possível que o biodiesel de ORF seja mais impactante ao meio

aquático que o biodiesel obtido a partir de óleos refinados, pois o processo de

fritura aumenta o teor de substâncias de maior polaridade e de maior

solubilidade em água, tais como ácidos graxos livres e hidroperóxidos, bem

como de componentes de toxicidade já conhecida, como a acroleína (Shahid &

Jamal, 2011).

Testes ecotoxicológicos são utilizados para avaliar os riscos e efeitos

tóxicos de diversas substâncias com potencial nocivo sobre os organismos ou

ecossistemas. A avaliação ecotoxicológica é uma ferramenta adequada para

estimar a qualidade e monitorar águas e solos quanto a contaminantes, mesmo

aqueles encontrados em baixas concentrações. Essas avaliações são

realizadas pela exposição de organismos representantes das cadeias tróficas

frente às concentrações das substâncias testadas, ou fatores abióticos, em

determinada escala de tempo que vai caracterizar o teste como agudo ou

crônico (Cetesb, 1991; Knie, 2004).

O primeiro trabalho relatado na literatura científica acerca da

ecotoxicidade do biodiesel metílico em meio aquático dulcícola foi publicado

por Chae et al. (2005), o qual, usando a microalga dulcícola Chlorella vulgaris

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como organismo-teste, classificou o biodiesel como sendo levemente tóxico.

Posteriormente, Khan et al. (2007) efetuaram a avaliação da toxicidade de

biodiesel B100 e suas misturas com óleo diesel nas proporções B50, B20 e B5,

usando o peixe dulcícola Oncorhynchus mykiss (truta arco-íris) e o crustáceo

dulcícola Daphnia magna, e concluíram que embora o biodiesel e suas

misturas com diesel sejam menos tóxicos que o óleo diesel, a toxicidade do

biodiesel puro e suas misturas com diesel é ainda bastante substancial e,

consequentemente, ainda ocorrerão sérios impactos sobre os organismos

aquáticos se derramamentos ocorrerem no transporte, estocagem ou uso.

As frações solúveis em água doce das misturas de biodiesel B5 e B20

produzidos com óleo de soja, canola, óleo de fritura de peixe e sebo foram

testadas por Hollebone et al. (2008) utilizando como organismos indicadores

Daphnia magna e a bactéria bioluminescente Vibrio fischeri, sendo observado

que as amostras de biodiesel testadas apresentaram toxicidade aguda de 5 a

10 vezes menor que o óleo diesel.

Torrezani (2009), em testes de toxicidade aguda, testou a fração solúvel

de biodiesel etílico de girassol usando o peixe dulcícola Prochilodus lineatus

(papa-terra) e constatou danos genotóxicos significativos no DNA dos

eritrócitos e das brânquias.

No único trabalho existente sobre o impacto do biodiesel de óleo de

fritura em meio aquático marinho, Leite et al. (2011) avaliaram a toxicidade da

fração solúvel em água de amostras de biodiesel metílico dos óleos de

mamona, palma e de cozinha usado. Para isso utilizaram como organismos-

teste a microalga marinha Tetraselmis chuii e ouriços-do-mar, e identificaram

que das matérias-primas utilizadas, o biodiesel de óleo de cozinha usado

apresentou a menor toxicidade, tendo sido apontado que o metanol residual do

processo reacional poderia ser responsável pela toxicidade do biodiesel de

ORF em meio aquático marinho.

Nogueira et al. (2011) avaliaram biomarcadores bioquímicos

relacionados ao estresse oxidativo para o peixe dulcícola Oreochromis niloticus

(tilápia-do-Nilo) após dois e sete dias de exposição ao óleo diesel, ao biodiesel

puro (B100) e às misturas B5 e B20. A mistura B20 apresentou menos efeitos

adversos do que o diesel e a mistura B5 para a tilápia-do-Nilo, sendo sugerida

como uma mistura menos nociva em substituição ao diesel. No entanto, foi

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observado que mesmo o B100 pode ativar respostas bioquímicas neste peixe

dulcícola, indicando que o biodiesel puro também pode representar risco para a

biota aquática.

Leme et al. (2011) avaliaram a citotoxicidade da fração solúvel em água

das misturas B5, B20, B50 e B100 (feitas com biodiesel metílico de soja e

diesel com baixo teor de enxofre) e do óleo diesel (B0) em linhagem de células

T humanas e observaram que o diesel apresentou mais efeitos deletérios que

as misturas BX testadas.

Outro estudo realizado por Leme et al. (2012a) afirmaram que os eluatos

obtidos a partir dos biodieseis metílicos de soja (B5, B20, B50 e B100) também

apresentaram efeitos genotóxicos e mutagênicos, avaliados por teste de Ames

e teste in vitro MicroFlow®. Tais efeitos foram apontados como consequência

da presença de resíduos de metanol e de fitoestrogênios e fitoesteróis.

De acordo com Cruz et al. (2012) as citotoxicidades de eluatos de

amostras de biodiesel metílico obtidos a partir de mamona, de palma e de óleo

de fritura foram determinadas pela atividade da fosfatase ácida como

biomarcador sobre a integridade lisossomal do peixe dulcícola Oreochromis

niloticus (tilápia) e concluíram que o óleo de mamona e de fritura se

apresentaram mais tóxicos em função de resíduos de metanol, indicando que o

biodiesel pode ser um combustível menos biocompatível.

Desta forma, a maioria dos estudos aponta a necessidade do metanol

estar ausente ou presente na menor quantidade possível no biodiesel, visando

assim diminuir a toxicidade deste. Apesar de tal afirmação ser realizada em

várias publicações (Leite et al., 2011; Da Cruz et al., 2012; Holanda et al.,

2012; Leite et al., 2015), há poucos estudos (Pereira et al., 2012) que avaliem o

aumento da toxicidade do biodiesel em função da concentração de metanol, de

forma a determinar o quanto este resíduo reacional influencia na toxicidade do

biodiesel.

Leme et al. (2012a, 2012b) sugerem que estudos genotóxicos/citotóxicos

com cultura de células mamárias de hamster chinês e mutagênicos com

Salmonella typhimurium apontam que os efeitos da contaminação do biodiesel,

tanto no solo como no meio aquático, podem ser influenciados pela

composição do próprio biodiesel ou das impurezas, por exemplo esteróides

livres, presentes em diversas oleaginosas, uma vez que sofrem oxidação

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aceleradas por alta temperatura, radiação, luz e outras condições que induzem

a foto-oxidação dos fitoesteróides, elevando a toxicidade do biodiesel e suas

misturas com óleo diesel, muitas vezes citados como de baixo impacto.

Novamente, assim como para o metanol, a indicação de que os esteróides e

seus derivados são responsáveis pela toxicidade do biodiesel carece de

avaliação que monitore os teores dessas substâncias e as correlacione com a

toxicidade do biodiesel.

De acordo com Nogueira et al. (2013) a exposição aguda ao óleo diesel

puro e misturas B5, B20 e B100 pode afetar parâmetros de estresse oxidativo e

biotransformação de enzimas no peixe dulcícola Pterygoplichthys anisitisi

(cascudo), aumentando a peroxidação lipídica nas brânquias dos peixes

expostos, representando riscos para a biota aquática.

Cavalcante et al. (2014) utilizaram testes citotóxicos, bioquímicos

(espécies de oxigênio oxidativo) e genotóxicos nas células hepáticas do peixe

dulcícola Danio rerio (paulistinha) para avaliarem a fração solúvel do biodiesel

produzido tanto pela rota metílica quanto etílica e observaram que

independente da rota utilizada o biodiesel apresenta toxicidade, sendo que os

efeitos do biodiesel metílico foram mais intensos.

Assim, diversos organismos-teste têm sido utilizados na avaliação

toxicológica de biodiesel e suas misturas com óleo diesel, mas muitos ainda

sequer foram explorados. Dentre os organismos usados em testes

ecotoxicológicos destaca-se a Artemia salina, que é amplamente utilizada em

diversos tipos de diagnóstico sobre a poluição de ambientes aquáticos salinos

ou salobros e na avaliação da toxicidade de diversificadas substâncias em

função do fácil manuseio para seu cultivo e interpretação dos resultados, baixo

custo e rapidez na realização do teste (Sorgeloos et al., 1978; Azevedo &

Chasin, 2003; Nunes et al., 2006).

Entretanto, até o momento, não há relatos do uso de Artemia salina para

avaliação da toxicidade de biodiesel, o que abre uma lacuna na exploração

científica da toxicidade do biodiesel no ainda pouco explorado ambiente

compreendido por ambientes salobros ou salinos.

Assim, considerando a importância de se avaliar o uso de matérias-

primas de menor custo para a produção de biodiesel, bem como a importância

de o impacto da presença desse biocombustível em ambientes aquáticos

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salobros ou salinos, o objetivo deste trabalho foi verificar o potencial citotóxico

agudo do biodiesel metílico (B100) produzido a partir do óleo de soja refinado

(OSR) e de óleo residual de fritura (ORF), bem como as misturas desse último

com óleo diesel A S500 (B7 e B20), utilizando náuplios do microcrustáceo

Artemia salina como organismo-teste.

2. Experimental

2.1 Amostragem

Das amostras de biodiesel testadas, uma foi doada pela Petrobrás

Distribuidora (B100). Outra amostra foi obtida por meio da esterificação ácida

seguida por transesterificação básica metílica de óleo residual de fritura

adquirido em estabelecimento comercial que funciona como restaurante e bar,

localizado no munícipio de Anápolis (Estado de Goiás - Brasil), e utilizado na

fritura de diversos alimentos por duas semanas.

Uma amostra do óleo de soja refinado (OSR) que gerou o ORF também

foi adquirida junto ao mesmo estabelecimento e também foi usado para a

produção de biodiesel metílico via transesterificação. Todas as amostras de

óleos e biodiesel foram acondicionadas em frascos de PEAD (polietileno de

alta densidade), não esterilizados.

2.2 Produção das amostras de biodiesel metílico de ORF

A amostra de ORF foi submetida à filtração simples para separação dos

resíduos de alimentos presentes. Depois, a amostra de ORF foi submetida a

uma etapa de remoção de substâncias polares, principalmente produtos de

oxidação de ácidos graxos, via extração líquido-líquido com água destilada,

seguida de destilação simples do óleo para retirada da água residual (Azeredo,

2014). Após estas etapas, a amostra de ORF foi levada a esterificação ácida e

posteriormente a transesterificação alcalina, via rota metílica, segundo

metodologia também desenvolvida por Azeredo (2014). Tal processo de

transsterificação alcalina de conversão ao biodiesel metílico também foi

aplicado à amostra de óleo de soja refinado.

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Assim, para a produção das amostras de biodiesel metílico de ORF

utilizou-se a proporção de 1:9 de óleo e metanol p.a. e 2% (v/v) de ácido

sulfúrico como catalisador ácido. Em seguida foram colocados sob refluxo e

agitação (agitador magnético com medidor de temperatura modelo MA 085/CT)

em banho-maria a 90 °C por 3 horas. Para remoção do catalisador e de

resíduos de metanol procedeu-se a lavagem com água quente (≈ 70° C),

seguido da filtração em sulfato de sódio anidro (Vetec®).

A reação de transesterificação alcalina aplicada ao produto de

esterificação ácida do ORF e ao óleo de soja refinado foi feita em reator da

marca Marconi Modelo MA 159/150, utilizando-se a proporção de 1:12 para a

razão óleo:metanol e 1,5% (m/v) de hidróxido de potássio (Vetec®) solubilizado

inicialmente em metanol (Tedia®) para gerar uma solução de metóxido de

sódio. A solução de metóxido de potássio foi acrescentada à mistura de óleo e

metanol e levada ao reator para agitação a 1000 rpm, à 60°C, por 1 hora. Em

seguida, aguardou-se por 24 horas a separação do glicerol e, após a

separação deste, procedeu-se à neutralização do catalisador com solução

aquosa de ácido clorídrico a 0,5 mol/L e lavagem com água destilada para

retirada do ácido residual. Tal lavagem foi feita até que a fase aquosa se

tornasse límpida. Por fim, o resíduo de água e metanol foi retirado por

rotaevaporação sob pressão reduzida.

Todas as amostras de biodiesel sintetizadas em laboratório, bem como a

amostra doada pela Petrobrás, tiveram a qualidade avaliada com base em

alguns dos parâmetros de qualidade estabelecidos na Portaria ANP no 45 de

25 de agosto de 2014. As amostras de biodiesel foram usadas puras e

misturadas a óleo diesel A S500, doado pela Petrobrás, para preparo das

amostras utilizadas para preparação dos eluatos usados nos ensaios

ecotoxicológicos.

2.3 Ensaios ecotoxicológicos

Para os ensaios de ecotoxicidade utilizou-se a metodologia proposta por

Meyer et al. (1982) para o cultivo dos náuplios e as normas CETESB/SP

L5.019 (1990) e L5.021 (1991), que tratam, respectivamente, da utilização de

testes de toxicidade no controle de efluentes líquidos e da execução dos

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ensaios ecotoxicológicos usando Artemia salina. Outra metodologia foi utilizada

para avaliar a ecotoxicidade dos biodieseis, misturas BX e do óleo diesel em

contato com DMSO (dimeltisulfóxido) e solução salina para fins de simulação

de uma situação que apresente um diluente para essas amostras apolares no

ambiente aquático salobro ou salino (Meyer et al., 1982; Baravalia et al., 2012),

tal como quando surfactantes estão presentes no meio aquático.

2.3.1 Preparo do eluato

Pelo fato do biodiesel, do óleo diesel e das misturas BX serem

praticamente insolúveis em água, o ensaio ecotoxicológico é conduzido

inserindo-se os organismos-teste em um eluato. O eluato, que no caso

corresponde à fração solúvel do biodiesel, das misturas BX ou do óleo diesel

em água (Fração Solúvel em Água - FSA), é definido pela norma ABNT

15469:2007 como sendo a “solução aquosa de uma amostra de baixa

miscibilidade em água, obtida após procedimento de extração com água”

(ABNT, 2007).

Assim, o eluato foi preparado de acordo com adaptação da norma ABNT

NBR 15469:2007, misturando-se o biodiesel de ORF, o biodiesel de soja

refinado, as misturas B7 e B20 de biodiesel de ORF com óleo diesel A S500, e

o óleo diesel A S500 com a solução salina 3,5% (m/v), em uma razão de 750

mL de cada uma das amostras de combustíveis em 250 mL de solução salina

aquosa.

Tais misturas de amostras com solução salina foram colocadas sob

agitação por 24 horas em agitador mecânico marca Marconi, modelo MA 039.

Em seguida, o material foi disposto em um funil de separação por 24 horas,

promovendo assim a completa separação da fase aquosa da fase oleosa. O

mesmo foi armazenado em frascos plásticos de PEAD e mantido sob

refrigeração, sem passara por qualquer processo de esterilização, até o

momento da realização das análises ecotoxicológicas.

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2.3.2 Análise cromatográfica do eluato

Os eluatos foram analisados por UPLC visando identificar os

componentes do biodiesel solúveis em água. Para isso utilizou-se um

cromatógrafo da marca Agilent Technologes 1220 Infinity LC-DAD. As

amostras dos eluatos, no volume de 20 µL, foram injetadas em coluna HPLC

50 mm x 4,6 mm x 1,8 µm ZORBAX instalada em forno a 40º C, e eluídas

empregando gradiente de eluição binário, constituído por 20% de água e 80%

de acetonitrila (Solvente A) e 12,5 % de hexano, 37,5% de isopropanol e 50%

de acetonitrila (Solvente B); detector UV-Vis com DAD com velocidade de

leitura de 20 Hz (0,25 segundos); varredura de 190 a 800 nm (a cada 1 nm); e

comprimentos de ondas monitorados de 210, 235 e 270 nm. O tempo de

corrida foi de 20 min com condicionamento pós-corrida de 5 minutos.

2.3.3 Cultivo dos náuplios de Artemia salina

Os cistos de Artemia salina e o sal marinho a granel foram adquiridos

em estabelecimento comercial de aquarismo no município de Goiânia (Estado

de Goiás – Brasil).

Os náuplios de Artemia salina foram cultivados de acordo com Meyer et

al. (1982), ou seja, em solução aquosa salina 3,5% (m/v) produzida com água

pura e isenta de cloro e inserida em funil de separação de 1000 mL. A solução

salina foi aerada com o uso de uma bomba de aquário a 4,5 L/min por 10 min e

incubada em incubadora Marconi Modelo MA403 a 25°C. Fez-se a adição de

30 mg de ovos de Artemia salina, os quais foram incubados por 48 horas, com

fotoperíodo de 23 horas e 50 minutos de exposição a luz e intervalo de 10

minutos de escuro durante o cultivo, mantidos sob aeração durante todo o

processo de incubação.

Após esse período, ocorre a eclosão dos náuplios, e a aeração é

cessada. O sistema é mantido em repouso por 15 min e, após esse período, os

ovos eclodidos vão ao fundo do funil de separação, os ovos que não eclodiram

ficam na superfície da solução salina e os náuplios ficam situados na zona

intermediária da solução salina. Os ovos que eclodiram são retirados por

escoamento da solução salina que se encontra no fundo funil de separação.

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Em seguida são colhidos os náuplios - por escoamento de cerca de 500 a 700

mL de solução salina - os quais são recolhidos em sistema de filtração simples,

usando papel de filtro comum. Os ovos que não eclodiram aderem à parede do

funil à medida que a solução salina é escoada.

Cerca de 100 mL da solução salina que atravessou o filtro é transferida

para um cálice de vidro e é usada para receber os náuplios fitrados. Os

náuplios retidos em filtro são lavados com uma pequena porção de água

destilada e transferidos para a solução contida em cálice. Por fim, dispo-se

uma fonte de luz no topo do cálice de forma a manter os náuplios suspensos

em solução. Os náuplios são assim usados nos ensaios ecotoxicológicos.

2.3.4 Teste ecotoxicológico com Artemia salina

Para os ensaios de toxicidade frente à Artemia salina realizou-se a

diluição dos eluatos (preparados conforme 2.3.1) com a solução aquosa salina

nas concentrações de 100% (eluato puro), 50%, 25%, 12,5%, 6,25% e 3,12%.

Também se fez ensaios de ecotoxicidade sem o uso dos eluatos, mas

com a mistura de volumes iguais de DMSO e ou biodiesel, ou óleo diesel ou

misturas BX (B7 ou B20), diluídos em solução salina. Para isso executou-se

ensaios preliminares com percentuais volumétricos de combustíveis variando

de 0 a 12%, tal como listado na Tabela 4.1.

Tabela 3.1 - Preparo das misturas entre DMSO, combustíveis e solução salina.

Amostra

(Percentual volumétrico de

combustível)

Volume de

DMSO

(mL)

Volume de

combustível (mL)*

Volume de solução

aquosa salina (mL)

0% (Branco) 1,20 0,00 8,80

1,5% 0,15 0,15 9,70

3,0% 0,30 0,30 9,40

6,0% 0,60 0,60 8,80

9,0% 0,90 0,90 8,20

12,0% 1,20 1,20 7,60

* Volume ou de biodiesel de ORF ou de soja refinado, ou de óleo diesel ou de mistura BX de biodiesel de ORF com óleo diesel A S500 (B7 ou B20)

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Assim foram obtidas 30 amostras (1 branco contendo a maior

quantidade utilizada de DMSO e 5 soluções em DMSO para cada um dos 6

combustíveis), as quais foram analisadas com dez replicatas, totalizando 300

ensaios ecotoxicológicos para o ensaio em meio com DMSO. Para cada ensaio

foram utilizados 10 náuplios de Artemia salina, dispostos em tubos de ensaio,

incubados por 24 horas em incubadora tipo BOD marca Marconi Modelo

MA403, a 30°C, sob iluminação a 141,3 µmol.m2.s (Azevedo & Chasin, 2003).

A avaliação da ecotoxicidade foi feita via construção e analise da curva

de regressão da dose letal para obtenção da DL50. A DL50 significa a dose letal

capaz de produzir 50% de morte dos organismos-teste expostos em

determinada quantidade de uma substância química administrada em uma

única dose por via oral e em estudos ambientais pode ser aplicada para

substâncias químicas em ambientes aquáticos (Roberts et al, 2015).

2.3.5 Cálculo da taxa de mortalidade de Artemia salina

A contagem de náuplios vivos e mortos foi realizada após 24 horas de

incubação, utilizando uma lupa e uma fonte de luz para facilitar a contagem.

Foram considerados organismos vivos aqueles que apresentassem algum tipo

de movimento por pelo menos 10 segundos.

Para os resultados obtidos a partir das repetições foi aplicada a equação

matemática (1) abaixo para calcular a taxa percentual de mortalidade para

cada amostra de combustível:

(1)

3. Resultados e discussão

As amostras de biodiesel apresentaram as características de qualidade

apresentadas na Tabela 3.2.

Os parâmetros de controle de qualidade indicam que as diferenças

observadas para as duas amostras de biodiesel em alguns dos parâmetros

provavelmente ocorreram em função da menor qualidade da matéria-prima

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utilizada para produção do biodiesel, uma vez que o óleo residual de fritura

sofreu exposição à alta temperatura no processo de fritura de alimentos,

corroborando para o aumento da acidez pela presença de ácidos graxos livres,

bem como com a provável presença de compostos oxigenados derivados da

oxidação dos ácidos graxos, que aumentam a interação com substâncias

polares como a água, gerando maior teor de água quando comparado com o

biodiesel de óleo de soja refinado (OSR). O elevado teor de água também

corrobora para a elevada massa específica em ambas as amostras.

Tabela 3.2. Características físico-químicas das amostras de biodiesel.

* LII = Límpido e isento de impurezas LOQ = Limite de quantificação

Além disso, a formação de produtos oxigenados (peróxidos, hidróxidos e

hidroperóxidos de ácidos graxos) também deve contribuir para o aumento da

viscosidade do biodiesel de ORF, em comparação com o OSR. Tal aumento de

viscosidade para biodiesel de óleos de fritura também foi observado por

Kleinova & Cvengros (2009).

Características de Qualidade Especificação da ANP Biodiesel

Limite Unidade OSR ORF

Aspecto LII* - LII LII

Massa Especifica 850 a 900 kg/m3 920,00 920,20

Viscosidade (40 °C) 3,0 a 6,0 mm2/s 4,4 36,2

Teor de Água ≤ 200 mg/kg 992 1352

Índice de Acidez ≤ 0,50 mg KOH/g 0,20 1,85

Na + K ≤ 5 mg/kg <LOQ 268,8

Ca + Mg ≤ 5 mg/kg <LOQ 0,8

P ≤ 10 mg/kg <LOQ <LOQ

Teor de éster ≥ 96,5 % massa 98,1 96,9

Glicerol livre ≤ 0,02 % massa 0,00 0,04

Glicerol total ≤ 0,25 % massa 0,07 0,16

Monoacilglicerídeos ≤ 0,7 % massa 0,2 0,4

Diacilglicerídeos ≤ 0,20 % massa 0,11 0,06

Triacilglicerídeos ≤ 0,20 % massa 0,19 0,04

Índice de Iodo Anotar g/100 g 44,3 53,9

Estabilidade Oxidativa ≥ 8 h 4,52 4,09

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Apesar das análises de acilglicerídeos, glicerol livre e glicerol total,

apontarem que ambas as amostras de biodiesel apresentaram-se dentro da

especificação vigente, o procedimento de análise desses parâmetros via

cromatografia gasosa de alta resolução não permite a eluição de derivados

oxidados de acilglicerídeos, os quais, assim, não puderam ser evidenciados

nesse ensaio, de forma a permitir a confirmação apontada para a razão da alta

viscosidade do biodiesel de ORF. Dessa forma, é fundamental o

desenvolvimento e uso de métodos cromatográficos ou espectrométricos de

análise que permitam a identificação desses produtos de oxidação de ácidos

graxos, em substituição ao vigente via cromatografia gasosa, o que será

importante para garantir a qualidade do biodiesel produzido a partir de óleos e

gorduras residuais.

Ainda com relação à elevada viscosidade do biodiesel metílico de ORF

sugere-se que tal biodiesel seja sempre utilizado em misturas com outros tipos

de biodiesel, de forma com que a mistura obtida alcance os valores de

viscosidade preconizados pela legislação vigente.

Com relação ao fato das amostras de biodiesel terem apresentado baixa

estabilidade oxidativa isso se deve ao fato do óleo de soja apresentar ácidos

graxos altamente insaturados e a não adição de aditivos para melhorar seu

ponto de indução. Observou-se ainda que os teores de ésteres apresentaram-

se dentro do limite de especificação para as amostras avaliadas.

Durante o processo de fritura alguns metais, principalmente os alcalinos

terrosos, são adicionados ao óleo de cozinha, oriundo dos alimentos ou dos

utensílios utilizados (Kim et al, 2013). Entretanto, observou-se que elementos

químicos que poderiam ser transferidos da fritadeira, como ferro e alumínio,

estavam abaixo do limite de quantificação, bem como outros elementos não

foram sequer detectados, indicando que o recipiente metálico usado no

processo de fritura tem baixa influência na contaminação por metais. Além

disso, os metais sódio e potássio encontrados em elevada concentração no

biodiesel de ORF podem ser oriundos de catalisadores ou de adsorventes

utilizados para remoção de impurezas e água (Azeredo, 2014).

Com relação aos ensaios ecotoxicológicos, esses possibilitaram

mensurar os efeitos de toxicidade frente ao microcrustáceo Artemia salina,

produzidos pelos combustíveis testados quando esses entram em contato com

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125

água salgada, na presença ou na ausência de um agente solubilizante como o

DMSO.

Todos os eluatos preparados em solução salina na ausência de DMSO,

até a adição de 60 g do biocombustível por litro de água salina, não

apresentaram toxicidade à Artemia salina. Assim sendo, no caso de

derramamento de biodiesel e suas misturas com diesel (B7, B20 e B100) em

água salgada na ausência de agentes solubilizantes como surfactantes, não

serão observados efeitos sobre tal biota aquática.

Por sua vez, o eluato salino preparado a partir do óleo diesel A S500 e

na ausência de DMSO apresentou mortalidade quando 82% de eluato foi

adicionado à solução salina. Este derivado de petróleo apresenta em sua

composição substâncias como PAHs (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos),

VOC (compostos orgânicos voláteis), formaldeído e acetaldeído, além de alto

teor de enxofre (500 mg/Kg), o que pode explicar a toxicidade observada

(Karavalakis et al., 2010; Magara-gomez et al., 2012; Rosen et al., 2014).

Para os ensaios feitos na presença de DMSO, os testes preliminares

levaram a realização dos testes definitivos com as seguintes proporções de

constituintes (Tabela 3.3) nos pontos em que se obtiveram os valores de DL50

para cada combustível avaliado:

Para os ensaios feitos na presença de DMSO, observou-se que a maior

toxicidade, dada pelo menor valor de DL50, foi obtida para o óleo diesel A S500

(DL50 = 1,8%), seguida das misturas B7 (DL50 = 2,3%) e B20 (DL50 = 2,6%). As

amostras de biodiesel (B100) apresentaram menor toxicidade que a amostra de

óleo diesel e que as misturas BX, sendo que o biodiesel de óleo de fritura

(DL50 = 6,8%) apresentou-se menos tóxico que o biodiesel de óleo de soja

refinado (DL50 = 6,2%).

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126

Tabela 3.3. Preparo das misturas entre DMSO, combustíveis e solução salina

na DL50.

Amostra (Percentual volumétrico

de combustível)

Volume de DMSO (mL)

Volume de combustível

(mL)*

Volume de solução aquosa salina (mL)

0% (Branco) 0,68 0,00 9,32

1,8% 0,18 0,18 9,64

2,3% 0,23 0,23 9,54

2,6% 0,26 0,26 9,48

6,2% 0,62 0,62 8,76

6,8% 0,68 0,68 8,64

* Volume ou de biodiesel de ORF ou de soja refinado, ou de óleo diesel ou de mistura BX de biodiesel de ORF com óleo diesel A S500 (B7 ou B20)

Dessa forma, o biodiesel metílico de ORF apresentou a menor

toxicidade frente à Artemia salina entre todas as amostras avaliadas na

presença de DMSO, o que indica que a provável presença minoritária de traços

de compostos oxigenados - que aumentam a viscosidade, mas não

comprometem o teor de ésteres - não aumentam a toxicidade do biodiesel de

ORF em comparação com o do biodiesel de OSR.

Neste sentido, Jurac & Zlatar (2013), baseados apenas em análises

químicas, indicaram que o biodiesel de óleo de fritura poderia apresentar maior

toxicidade pelo fato das características do processo de fritura empregar

constantemente altas temperaturas e por longos períodos, levando a formação

de aproximadamente 500 substâncias diferentes, algumas com elevada

toxicidade, tais como a acroleína e aminas heterocíclicas. Além disso, a

literatura destaca que resíduos do processo da transesterificação como

metanol, de autoxidação dos FAME (ésteres metílicos de ácidos graxos), além

de fitoesteróis e fitoestrogênios, também poderiam ser responsáveis em elevar

a toxicidade desse biodiesel (Da Cruz et al., 2012; Holanda et al., 2012; Leme

et al., 2012a/b; Yassine et al., 2012; Tjarinto et al., 2014). Desta forma, é

possível suspeitar que no biodiesel de ORF aqui produzido, tais substâncias

talvez estejam ausentes ou presentes em baixas concentrações, ou até mesmo

não sejam tão tóxicas frente à Artemia salina.

Conforme demonstrado pelos cromatogramas da Figura 4.1, obtidos por

UPLC-UV/DAD, o eluato do biodiesel de ORF em água salina com DMSO

(Figura 3.1A) apresenta ácidos graxos livres e seus produtos de oxidação que

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127

eluem no início do cromatograma (eluição até 4 min e detecção a 235 nm),

sendo que tais substâncias estão ausentes no eluato de biodiesel de OSR em

água salina com DMSO (Figura 3.1B). Tal resultado corrobora com a maior

acidez observada para o biodiesel de ORF em comparação a obtida para o

biodiesel de OSR.

O eluato do biodiesel de ORF em água salina com DMSO (Figura 3.1A)

também apresentou picos na região de eluição dos triacilglicerídeos oxidados

(eluição acima de 12 min e detecção a 235 nm), classificados

hidroperóxidienos e hidroxiperoxidienos, os quais, da mesma forma que ácidos

graxos livres e seus produtos de oxidação, não foram evidenciados na amostra

de biodiesel de OSR (Figura 3.1B).

Figura 3.1. Cromatograma dos eluatos salinos em DMSO para o biodiesel

(B100) de ORF (A) e de OSR (B) obtido por HPLC-UV/DAD a 235 nm.

As análises das amostras de eluatos salinos em DMSO para o biodiesel

(B100) de ORF (Figura 3.2A) e de OSR (Figura 3.2B), obtidas por HPLC-

UV/DAD a 270 nm, evidenciaram a presença de cetodienos de ácidos graxos

A

B

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128

(eluindo até 4 min) e de monoacilglicerídeos (eluindo de 6 a 10 min) no

biodiesel de ORF, os quais estão ausentes no biodiesel de OSR e que, da

mesma maneira que ácidos graxos livres e seus produtos de oxidação,

hidroperoxidienos e hidroxiperoxidienos (Morales et al., 2012a, 2012b), não são

tão tóxicos à Artemia salina.

Figura 3.2. Cromatograma dos eluatos salinos em DMSO para o biodiesel

(B100) de ORF (C) e de OSR (D) obtido por HPLC-UV/DAD a 270 nm.

Vale observar que presença de ácidos graxos oxidados,

hidroperóxidienos, hidroxiperoxidienos e de cetodienos (Morales et al., 2010,

2012) pode explicar a alta viscosidade obtida para o biodiesel de óleo de fritura

residual. Assim, apesar de alterarem negativamente a qualidade do biodiesel

de ORF, tais substâncias não prejudicam a ecotoxicidade desse

biocombustível, quando comparado a um biodiesel de óleo de soja refinado, o

qual não possui a presença de tais produtos oxidados.

A

B

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129

4. Conclusão

O biodiesel obtido a partir de óleo de fritura apresentou problemas de

qualidade no que se refere a acidez, aos teores de água, sódio e potássio e,

principalmente, com relação a viscosidade, cujo aumento é justificado pela

presença de produtos de oxidação como ácidos graxos livres e oxidados,

hidroperoxidienos, hidroxiperoxidienos e cetodienos. Dessa forma, o uso

comercial desse tipo de biodiesel deve ser feito em adição a um biodiesel de

melhor qualidade, tomando-se o cuidado de acompanhar a alteração de tais

parâmetros de qualidade, de forma a não prejudicar a qualidade do produto

final.

Do ponto de vista ecotoxicológico, contrariando o previsto em algumas

publicações científicas, o biodiesel de óleo residual de fritura demonstrou ser

menos tóxico que o biodiesel de óleo de soja refinado frente a Artemia salina.

Nas misturas de biodiesel de óleo residual de fritura com óleo diesel A S500,

quanto maior o percentual de biodiesel, menos tóxica é a mistura, sendo o óleo

diesel o mais tóxico dos combustíveis testados.

Assim, a dispersão de biodiesel de óleo residual de fritura em ambiente

aquático salobro ou salino pode até mesmo causar menor impacto que o

causado por biodiesel produzido a partir de óleos refinados, o que demonstra

que tal produto pode ser utilizado com segurança ambiental até superior a

proporcionada por biodiesel produzido com o uso de óleos graxos de maior

qualidade.

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136

- Avaliação de alguns produtos naturais como antioxidantes Capítulo 4

para biodiesel metílico de óleos de fritura

Carrim, A. J. I.; Azeredo, W. A.; Camargo, R. P. L.; Bezerra, K. S.; Gomes, L. O.;

Antoniosi Filho, N. R.

Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES), Instituto de Química,

Universidade Federal de Goiás – Campus II, Samambaia, Goiânia, Goiás, Brasil,

74690-900

E. mail: [email protected]

RESUMO

A estabilidade oxidativa representa uma característica importante que indica a

qualidade do biodiesel concernente ao armazenamento e sua suscetibilidade à

degradação pela ação do oxigênio. Assim, este trabalho visa avaliar a eficácia

de três produtos naturais (cafeína, L-triptofano e curcumina) na melhora e

manutenção da estabilidade oxidativa de biodiesel de óleo residual de fritura

(ORF) produzido em laboratório. Os resultados apontaram que a cafeína não

apresentou efeito antioxidante e que o L-triptofano e a curcumina possuem

excelente ação antioxidante quando utilizados isoladamente, e que tal ação é

amplificada quando utilizados em conjunto, possibilitando o aumento rápido e

significativo do período de indução (de 4,91 h para 11,09 h já no início de

contato com o biodiesel), bem como o aumento da estabilidade oxidativa por

longo prazo, atingindo 30,51 h após 120 dias de armazenamento em condições

de laboratório. Dessa forma, a mistura L-triptofano e curcumina é mais efetiva

até mesmo que os antioxidantes sintéticos usados convencionalmente para

biodiesel.

Palavras chave: biodiesel metílico, curcumina, L-triptofano.

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137

Evaluation of some natural products as antioxidants for frying oil´s

methylic biodiesel.

ABSTRACT

The oxidative stability is an important characteristic indicating the biodiesel

storage quality and its susceptibility to degradation by oxygen, therefore, this

paper aims at assessing the efficiency of three natural products (caffeine, L-

tryptophan and curcumin) on the improvement and maintenance of the oxidative

stability of biodiesel from frying residual oil (FRO) produced in laboratory. The

results pointed out that caffeine did not present antioxidant effect and L-

tryptophan and curcumin have excellent antioxidant action when used singly,

and that such action is enlarged when used as a set, enabling fast, significant

increase during the induction period (from 4.91 h to 11.09 h in the beginning of

the biodiesel contact), as well as a long-term increase in oxidative stability

reaching 30.51 h after 120 days of storage in laboratory conditions. Therefore,

the mixture of L-tryptophan and curcumin is even more effective than synthetic

antioxidants conventionally used for biodiesel.

Key words: curcumin, L-tryptophan, methylic biodiesel.

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138

1. Introdução

A garantia da qualidade é um fator fundamental para a implementação e

consolidação de um programa de produção e uso de biodiesel. A aceitação

desse biocombustível pelo consumidor só ocorre se o mercado produtor

consegue garantir que o produto comercializado em sua forma pura (B100) ou

em misturas com o óleo diesel (BX) alcance os padrões de qualidade

preconizados pelas agências de regulação.

A estabilidade oxidativa é um dos fatores de maior importância na

produção de biodiesel, uma vez que pode drasticamente afetar a sua qualidade

com implicações sobre o seu desempenho nos sistemas de ararmaznamento e

injeção dos motores a diesel. Esta é a razão para as agências reguladoras

internacionais, produtores de biodiesel, fabricantes de motores, centros de

pesquisa e universidades ao redor do mundo investir tanto na investigação das

causas da oxidação do biodiesel e na busca por alternativas para evitá-la

(Zuleta et al., 2012).

As características que mais influenciam a qualidade do biodiesel puro ou

das misturas com óleo diesel estão relacionadas com a degradação do

biodiesel, uma vez que este é potencialmente suscetível à oxidação, em função

da presença de água, substâncias como mono- e diacilglicerídeos (compostos

intermediários provenientes da reação de transesterificação), glicerol residual

(favorece a emulsificação na presença de água), ar, radiação ultravioleta (UV),

calor, traços de metais, presença ou ausência de aditivos, peróxidos,

biodegradação ou crescimento microbiano, além de hidroperóxidos que podem

se formar no processo de oxidação, originando diversos compostos oxigenados

como aldeídos, ácidos e outros (Knothe, 2006; Leung et al., 2006, Chen & Luo,

2011; Natarajan, 2012; Jakeria, Fazal & Haseeb, 2014).

Em consequência da oxidação do biodiesel ocorrem várias alterações

nas suas propriedades físico-químicas, além de afetar os materiais que entram

em contato com o biodiesel e misturas. Parâmetros como índice de acidez,

viscosidade e índice de peróxidos tornam-se elevados e, por outro lado, os

índices de iodo e os teores de ésteres alquílicos podem diminuir. Além disso,

pode ocorrer a formação de resíduos poliméricos que causam o entupimento

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de compenentes de válvulas, injeção, filtros e outras partes que se mantêm em

contato com o biodiesel (Zuleta et al., 2012).

Como uma alternativa para impedir ou retardar a velocidade de oxidação

é possível utilizar os antioxidantes, os quais impedem o início da auto-oxidação

(Figura 4.1). Esse processo gera radicais livres, e ainda auxiliam na remoção

destes do meio que se encontram, além de minimizar a formação de

compostos como peróxidos, aldeídos, cetonas, polímeros, ácidos carboxílicos,

oligômeros, gomas, sedimentos e dímeros gerado através da termo-oxidação

de ácidos graxos (Christoff, 2007; Kivevele et al., 2011; Silva, 2011; Fattah et

al., 2014).

Figura 4.1. Mecanismo de auto-oxidação dos lipídeos.

RH = Àcido graxo insaturado; R* = Radical livre; ROO* = Radical peróxido; ROOH =

Radical hidroperóxido.

Fonte: Ramalho & Jorge (2006).

Para alcançar a estabilidade oxidativa mínima aceitável, a indústria de

biodiesel normalmente utiliza duas estratégias: 1) efetua a mistura de um

biodiesel de baixa estabilidade oxidativa com outros que contenham maior

concentração de ácidos graxos saturados, como palma ou gordura animal, e

que, portanto, possuem maior estabilidade oxidativa, e/ou 2) adiciona

antioxidantes ao biodiesel. A primeira estratégia tem sido a mais empregada,

pois a maioria dos antioxidantes disponíveis comercialmente é de alto custo e

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exigem o uso de altas quantidades de um produto sintético que, por

normalmente apresentar grupos polares, pode até mesmo se tornar menos

solúvel em uma mistura com óleo diesel (Jakeria et al., 2014).

Assim, considerando que em muitos países os óleos altamente

insaturados como soja e canola são a base para a produção de biodiesel, não

havendo disponibilidade de fontes ricas em ácidos graxos saturados, e que tem

aumentado o uso de óleos e gorduras residuais (OGR) como matéria-prima

graxa para a produção de biodiesel, a busca por antioxidantes de alto

desempenho vem sendo cada vez mais estudada, visando garantir a

estabilidade oxidativa do biodiesel.

Existem vários tipos de antioxidantes que podem ser adicionados ao

biodiesel para melhorar a estabilidade. A maioria corresponde a antioxidantes

sintéticos já empregados na indústria de óleos graxos, tais como pirogalol (PY),

ácido gálico (GA), propil galato (PG), butil-hidroxitolueno (BHT), butil-hidroxi-

anisol (BHA), difenilamina butilada e octilada (OBPA), 2,6-di-terc-butil-p-cresol

(DBPC) e terc-butil hidroquinona (TBHQ). Na tabela 4.1 constam alguns

exemplos de antioxidantes sintéticos e o efeito relativo para diferentes

biodieseis (Damasceno, 2011; Jakeria et al., 2014; Natarajan, 2012).

Tabela 4.1. Eficiência relativa de antioxidantes sintéticos para diferentes

biodieseis.

Tipos de biodiesel Eficiência relativa dos antioxidantes

Soja TBHQ Jatropha TBHQ > BHT > TBP > OBPA > α-T Palma TBHQ > BHT > BHA > α-Tocopherol Óleo de fritura PG > BHA > BHT > TBHQ > vitamin E Soja Ácido ferúlico > ácido caléfico Mamona BHA > PG > DBPC > TBHQ Girassol Ácido caléfico > Ácido clorogênico Coco Ácido caléfico Canola PY > PG > TBHQ > BHT Destilado de óleo de girassol TBHQ > PG > BHA > PY > BHT Óleo residual de palma PG > BHA > TBHQ > BHT > vitamina E Soja BHA_Prg > TBHQ_BHT > α-tocoferol Fonte: Jakeria et al. (2014)

Como exemplo de antioxidantes naturais tem-se os tocoferóis, os quais

são bastante consumidos pelas indústrias, além dos tocotrienóis, carotenóides,

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compostos fenólicos e esteróis (Choe & Min, 2006; Bannwart, 2009; Del Ré &

Jorge, 2012; Pullen & Saeed, 2012).

Assim, o primeiro trabalho que descreve o uso de antioxidantes em

biodiesel foi publicado por Canakci et al. (1999) que testaram amostras

preparadas a partir de óleo de canola, de milho, de girassol, de cártamo e de

soja, utilizando butil hidroquinona terciária (TBHQ) como antioxidante, em três

concentrações diferentes (0,4%; 0,04% e 0,004%), por 90 dias e em 20 °C,

30°C e 50 °C. Neste estudo observaram ineficácia do antioxidante em 30 °C e

50 °C, porém as amostras preservadas a 20 °C apresentaram estabilidade

oxidativa acima de 6 horas, período de indução mínimo preconizado pela

legislação local à época.

Dunn (2002) conduziu o primeiro trabalho que avaliou a eficácia de um

antioxidante natural, o -tocoferol, adicionado ao biodiesel. Neste estudo

avaliou-se o efeito da oxidação sob condições aceleradas para biodiesel

comercial (B100) produzido a partir de óleo de soja acrescentado de 2000

mg/Kg de TBHQ e α-tocoferol, tendo sido constatado que ambos os

antioxidantes foram similarmente adequados, uma vez que foram obtidos

períodos de indução mínimos de 6 h. Em 2005, o mesmo autor realizou um

estudo complementar recomendando que concentrações acima de 3000 mg/Kg

de BHA ou TBHQ seriam recomendadas para melhores resultados, e que para

α-tocoferol tais quantidades seriam de no mínimo 5000 mg/kg.

Em 2003, Mushrush et al. avaliaram entre vários aspectos a estabilidade

oxidativa comparando amostras de biodiesel B10, B20 e B100 derivados de

soja e de óleo de fritura, com e sem a presença de antioxidante, e atestaram

que mesmo as amostras tendo propriedades químicas e físicas similares, o

antioxidante, de natureza não descrita pelos autores, manteve, entre outras

características, a estabilidade oxidativa.

Milttelbach & Schober (2003) mostraram a influencia de diferentes

antioxidantes naturais e sintéticos sobre a estabilidade oxidativa utilizando

biodiesel produzido a partir de óleos de colza, girassol, de fritura residual e

sebo bovino, destilados e não destilados. Utilizaram dez antioxidantes

comerciais e dez misturas de antioxidates naturais (tocoferóis) em

concentrações que variaram entre 100 e 1000 mg/Kg. Dentre os antioxidantes,

pirogalol (PY), propilgalato (PG) e terc-butil-hidroquinona (TBHQ) melhoraram

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significativamente o período de indução das amostras de biodiesel de colza, de

óleo de fritura e de sebo bovino, enquanto que hidroxitolueno butilado (BHT)

não foi tão eficiente.

Schober & Mittelbach (2004) testaram 11 diferentes antioxidantes

fenólicos e sintéticos para melhorar a estabilidade oxidativa de biodiesel

metílico preparado a partir de óleo de colza (canola), sebo bovino e óleo de

fritura residual, e verificaram que a eficiência dos aditivos (concentração de

1000 mg/Kg) variou de acordo com a matéria-prima usada para preparar o

biodiesel, sendo de 5,13 h para o biodiesel metílico de colza (canola), 4,74 h

para o de sebo bovino e de 7,50 h para o de óleo residual de fritura.

Em 2004, Hess et al. testaram diversos antioxidantes sintéticos e

naturais (nitrato de 2-etilhexila ou 2-EHN, 2,2‟-metilenebis(6-tert-butil-4-

metilfenol, TBHQ, BHA, galato de propila, difenilamina e vitamina E), na

concentração de 10000 mg/Kg para verificar a diminuição em 4,4% da emissão

de NOx, que no caso foi obtida com BHA.

Sendizikiene et al. (2005) avaliaram a estabilidade oxidativa de biodiesel

produzido a partir de óleo de canola, linhaça, sebo e banha, acrescidos de

antioxidantes sintéticos (BHA e BHT, misturados com ácido cítrico a 20,0%),

em concentrações de 200 a 1000 mg/Kg. A concentração ideal ficou em 400

mg/kg, porém verificaram que variando também as misturas de óleo de origem

vegetal e animal, foi possível elevar o ponto de indução a até 23,2 h, sendo o

BHA mais eficiente que o BHT.

Para biodiesel etílico de óleo de girassol, Ferrari & Souza (2009)

compararam 4 amostras (uma isenta de antioxidante e outras adicionadas com

0,5% dos antioxidantes BHA, BHT e TBHQ) e confirmaram que TBHQ

proporcionou estabilidade oxidativa de 6,50 h, superior aos demais testados.

Em 2009, Rosenhaim constatou que para biodiesel etílico de óleo de

fritura de soja, descrito pela primeira vez, o BHT foi mais eficiente que o -

tocoferol, no tocante ao aumento da estabilidade oxidativa. Avaliado o

acréscimo de BHT em concentrações que variaram de 200, 500, 1000, 2000 e

2500 mg/Kg, os autores observaram que as concentrações de 2000 e 2500

mg/Kg proporcionaram estabilidade oxidativa de, respectivamente, 7,6 h e 8,5

h, comparando-se com α-tocoferol, que no máximo alcançou 2,9 h.

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Borsato et al. (2010) utilizaram BHT, BHA e TBHQ em biodiesel metílico

de óleo de soja comercial, em concentrações de até 6,0x10-3 mol/L,

confirmando que TBHQ - puro ou em misturas binárias ou ternárias -

apresentou-se mais eficaz para aumentar a estabilidade oxidativa do biodiesel.

Em 2010, Galvão et al. demostraram que BHT é melhor que α-tocoferol,

ambos na concentração de 2000 mg/kg, para garantir 6 h de período de

indução para a estabilidade oxidativa de biodiesel metílico produzido com óleo

de mamona.

Rodrigues Filho (2010) avaliou por 180 dias a estabilidade oxidativa de

biodiesel etílico produzido a partir de algodão, acrescentados dos antioxidantes

cardanol, eugenol e BHT - todos a 2000 mg/Kg -, observando que o eugenol foi

mais efetivo, mantendo a estabilidade em 6 h.

De acordo com Damasceno (2011) o biodiesel etílico de soja aditivado

com os antioxidantes ácido caféico, ácido ferúlico e TBHQ teve a estabilidade

oxidativa mantida em níveis adequados, sendo que dentre esses o ácido

ferúlico foi o mais eficiente.

Chen & Luo (2011), usando amostras de biodiesel comercial obtido a

partir de ácidos graxos livres testaram 10 tipos de antioxidantes sintéticos e um

natural, e observaram que concentrações a partir de 100 mg/Kg podem

estabilizar a estabilidade oxidativa do biodiesel armazenado por até 6 meses,

sendo que o antioxidante PY foi o mais indicado.

Usando concentrações de 1000 mg/Kg de antioxidantes sintéticos e

comerciais, Guimarães (2011) demonstrou a eficácia relativa das substâncias

testadas (PY>BHA>PG>Baynox Plus>TBHQ>Kerobit TP 46>Baynox>BHT>

DTBHQ) em biodiesel com baixa estabilidade oxidativa (período de indução de

0,3 h), preparado a partir de óleo de fritura de soja e de sebo bovino.

O biodiesel produzido a partir de óleo de Croton megalocarpus não teve

sua estabilidade oxidativa em conformidade com os padrões de qualidade

vigentes e os antioxidantes PY, PG e BHA foram acrescentados, tendo sido

observado que BHA foi menos efetivo. Os demais antioxidantes garantiram a

conformidade do ponto de indução com a adição de 200 mg/Kg de qualquer um

dos antioxidantes testados (Kivevele et al., 2011).

Karavalakis et al. (2011) estudaram o impacto de vários antioxidantes

fenólicos sintéticos sobre a estabilidade da mistura de biodiesel (feito a partir

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de 50% de óleo de colza, 20% de óleo de girasol e 20% de óleo de fritura) com

óleo diesel nas proporções B7, B10 e B20, confirmando que BHT E BHA são

os menos eficientes, com PG e PY apresentando melhores resultados.

Em 2012, Oliveira comparou os antioxidantes BHT, PG e PA em

biodiesel metílico de pinhão-manso (Jatropha curcas L.), nabo forrageiro

(Raphanus sativus L.) e de soja, e constatou a seguinte ordem crescente de

eficiência para concentrações de 1000 mg/Kg para pinhão-manso e nabo

forrageiro: BHT<PG<PA. Para o biodiesel de soja a ordem foi: PG<PA<BHT.

Em biodiesel metílico sintetizado a partir de óleo de soja, Santos (2013)

estudou o comportamento e eficácia dos antioxidantes comerciais BHT e ionol,

com os extraídos e derivados de biomassa, cardanol hidrogenado e cardanol

alquilado, em concentrações que variaram entre 300 e 4000 mg/kg, por até 12

meses, e constatou que os antioxidantes sintéticos a 600 mg/Kg são melhores

que os obtidos de biomassa a 4000 mg/Kg.

Castro (2013) utilizou curcumina como antioxidante em biodieseis

produzidos a partir de óleo de girassol, soja, canola, milho e coco de babaçu,

obtendo resultados que indicaram aumento no período de indução em todas as

amostras testadas e, de forma geral, evidenciou que sua solubilidade máxima

em lipídeos limita-se a 0,10%, em massa. Para o biodiesel de soja a curcumina

teve ação como antioxidante elevando a estabilidade em até 2,41 meses em

relação ao biodiesel sem a adição do antioxidante.

Da Silva (2013) realizou ensaios de estabilidade oxidativa utilizando um

antioxidante comercial (PY) e um natural, ácido gálico (AG), combinados ou

não entre si, e com 6 biocidas comerciais, em concentrações de 50, 100 e 200

mg/Kg, atingindo e mantendo o ponto de indução desejado para biodiesel

metílico produzido a partir de óleo de soja e de fritura e de canola.

Botella et al. (2014) avaliaram diferentes amostras de biodiesel metílico

de óleos de fritura de oliva, de porco, de soja, de colza, de girassol e de coco e

verificaram que o uso de catecol a 0,05% e 4-alil-2,6-dimetoxifeno a 0,01%

melhoraram a estabilidade oxidativa principalmente do biodiesel de colza e de

soja, cumprindo com as exigências da norma EN14214:2003.

Assim, conforme observado com a revisão literária sobre o tema, os

antioxidantes sintéticos normalmente apresentam maior eficácia, tendo sido

mais utilizados pelo mercado produto de biodiesel, apresentam, entretanto

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maior custo que os antioxidantes naturais e podem trazer riscos à saúde

humana e ao meio ambiente, uma vez que podem ser comportar como

disruptores endócrinos, tal como apontado para o BHT (Cordeiro, 2013).

Ademais, estudos toxicológicos têm apontado efeitos carcinogênicos em

animais para uso de BHA e BHT (Ramalho & Jorge, 2006).

Portanto, continua a busca por antioxidantes naturais que possam ser

mais efetivos que os sintéticos para garantir a estabilidade oxidativa adequada

ao biodiesel, respeitando os limites máximos de adição de tal tipo de aditivo no

biocombustível. Especificamente no caso do Brasil, a ANP estipula, na

Resolução No 45 de 25 de agosto 2014, que um aditivo, no caso antioxidante,

pode er adicionado ao combustível em concentração que não exceda a 5.000

µL/L (0,5 % v/v).

Desta forma, visando obter antioxidantes naturais que além de serem

mais efetivos no aumento da estabilidade oxidativa do biodiesel, apresentem

também menor custo de aquisição e maior disponibilidade, neste trabalho

avaliou-se o uso de cafeína, curcumina e L-triptofano (Figura 4.2) e como

antioxidantes naturais para biodiesel de óleo residual de fritura (ORF).

Figura 4.2. Estruturas químicas da cafeína, da curcumina e do L-triptofano.

Vale observar que, até o momento, apenas Prados (2014) testou a ação

isolada de L-triptofano em biodiesel de ORF, e que a curcumina ainda não foi

testada como antioxidante para biodiesel de ORF, caracterizando esta

pesquisa como um estudo inédito para esses antioxidantes naturais, os quais

apresentam baixo custo e baixo impacto para o meio ambiente e para a saúde

humana.

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2. Experimental

2.1 Amostragem

O óleo residual de fritura (ORF) utilizado para a produção de biodiesel foi

doado por um estabelecimento comercial que funciona como restaurante e bar,

localizado no munícipio de Anápolis (Estado de Goiás - Brasil), e foi utilizado na

fritura de diversos alimentos por duas semanas. As amostras de óleo e

biodiesel de ORF foram acondicionadas em frascos de PEAD, temperatura

ambiente e no escuro.

2.2 Produção de biodiesel metílico de ORF

A amostra de ORF foi submetida à filtração simples para separação dos

resíduos de alimentos presentes. Depois, o ORF foi submetido à extração

líquido-líquido com água destilada, seguida de destilação simples para retirada

da água residual (Azeredo, 2014). Após estas etapas, a amostra de ORF foi

levada a esterificação ácida e posteriormente a transesterificação alcalina, sob-

rota metílica, segundo metodologia também desenvolvida por Azeredo (2014).

Assim, para a produção das amostras de biodiesel metílico de ORF

utilizou-se a proporção de 1:9 de óleo e metanol P.A. (Tedia®) e 2% (v/v) de

ácido sulfúrico (Vetec®) como catalisador ácido. Em seguida foram colocados

sob-refluxo, sob agitação (agitador magnético com medidor de temperatura

modelo MA 085/CT) em banho-maria a 90 °C, por 3 horas. Para remoção do

catalisador e resíduos de metanol procedeu-se a lavagem com água quente

(± 70 °C), seguido da filtração em sulfato de sódio anidro (Vetec®).

A reação de transesterificação alcalina foi feita em reator da marca

Marconi Modelo MA 159/150, utilizando-se a proporção de 1:12 para a razão

óleo:metanol e 1,5% (m/v) de hidróxido de potássio (Vetec®) solubilizado

inicialmente em metanol P.A. (Tedia®) para gerar uma solução de metóxido de

sódio. A solução de metóxido de potássio foi acrescentada à mistura de óleo e

metanol e levada ao reator para agitação a 1000 rpm, a 60 °C, por 1 hora. Em

seguida, aguardou-se por 24 horas a separação do glicerol e, após a

separação deste, procedeu-se à neutralização do catalisador com solução

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aquosa de ácido clorídrico a 0,5 mol/L e lavagem com água destilada para

retirada do ácido. Tal lavagem foi feita até que a fase aquosa torne-se límpida e

finalmente, o resíduo de água e metanol foi retirado através de rotaevaporação

sob pressão reduzida.

O biodiesel metílico de óleo residual de fritura sintetizado foi analisado

com base nos parâmetros estabelecidos na Portaria ANP no 45 de 25/08/2014

(anexo I).

2.3 Avaliação da estabilidade oxidativa

As substâncias testadas como antioxidantes foram o aminoácido L-

triptofano (marca Vetec® - 98,5% de pureza), a cafeína (marca Cromoline –

98,5% de pureza) e a curcumina (a partir do pó de Curcuma longa – Turmeric -

Sigma-Aldrich® – C1386-50G - 65% de pureza), em concentrações que

variaram de 100 a 1000 mg de antioxidante por quilograma de biodiesel,

adicionados diretamente ao biodiesel B100 produzido a partir de óleos de

fritura residuais.

Curcumina e cafeína tiveram suas atividades antioxidantes avaliadas

isoladamente em biodiesel, enquanto L-triptofano foi avaliado em conjunto com

os dois primeiros já que a avaliação isolada de L-triptofano em biodiesel de

ORF já foi efetuada por Prados et. al. (2012). Para a avaliação da estabilidade

oxidativa utilizou-se o equipamento Biodiesel Rancimat Metrohm, modelo 873,

conforme EN ISO 14112:2003, sendo obtidos os índices de estabilidade

oxidativa (IEO) ou período de indução (IP) em horas.

As análises foram realizadas em amostra de biodiesel de ORF

sintetizada em laboratório e isenta de antioxidantes. A estabilidade oxidativa

avaliada com e sem a adição dos antioxidantes de biodiesel foi feita em

amostra recém-sintetizada em diferentes concentrações, isoladamente e

combinando os antiodiantes entre si. Os antioxidantes foram adicionados ao

biodiesel e homogeneizados em shaker, por 10 minutos a 150 RPM. Os

ensaios foram feitos em duplicata para medição do período de indução (IP) na

temperatura de 110° C, sendo o IEO determinado a partir do ponto de inflexão

da curva de condutividade.

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Os ensaios de estabilidade oxidativa foram feitos imediatamente após a

adição dos antioxidantes nos tempos zero, 7, 15, 30, 60, 90 e 120 dias, os

quais permaneceram acondicionados em frascos plásticos PEAD, em condição

aeróbia e protegidos da luz.

3. Resultados e discussão

O biodiesel de ORF apresentou os resultados referentes à qualidade

relatados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2.Características físico-químicas das amostras de biodiesel.

* LII = Límpido e isento de impurezas LOQ = Limite de quantificação

O biodiesel de ORF apresentou alta viscosidade, o que pode ser

explicado pela excessiva presença de derivados oxidados de ácidos graxos

livres e ligados ao glicerol.

Características de Qualidade Especificação da ANP Valores obtidos para

Biodiesel de ORF Limite Unidade

Aspecto LII* - LII

Massa Especifica 850 a 900 kg/m3 920,20

Viscosidade (40 °C) 3,0 a 6,0 mm2/s 36,2

Teor de Água ≤ 200 mg/kg 1352

Índice de Acidez ≤ 0,50 mg KOH/g 1,85

Na + K ≤ 5 mg/kg 268,8

Ca + Mg ≤ 5 mg/kg 0,8

P ≤ 10 mg/kg <LOQ

Teor de éster ≥ 96,5 % massa 96,9

Glicerol livre ≤ 0,02 % massa 0,04

Glicerol total ≤ 0,25 % massa 0,16

Monoacilglicerídeos ≤ 0,7 % massa 0,4

Diacilglicerídeos ≤ 0,20 % massa 0,06

Triacilglicerídeos ≤ 0,20 % massa 0,04

Índice de Iodo Anotar g/100 g 53,9

Estabilidade Oxidativa ≥ 8 h 4,09

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O elevado teor de água dissolvidal, que influencia negativamente na

massa específica, pode ser explicado pela interação desta com tais

substâncias oxidadas e também pela dificuldade operacional de remover a

água via rotaevaporação, sendo que na indústria os baixos teores de água só

são alcançados vias microaspersão à vácuo do biodiesel, algo de difícil

execução em escala laboratorial. Entretanto, do ponto de vista de avaliação

dos antioxidantes, é interessante que a amostra de biodiesel a ser testada

tenha elevado teor de água, pois esta facilita a solubilização do oxigênio,

diminuindo a estabilidade oxidativa do biocombustível e dificultando interação

do antioxidante com os ésteres apolares, caso o antioxidante contenha

agrupamentos polares, tais como as hidroxilas da curcumina, ou que

contenham funções amina ou ácido, tal como o L-triptofano.

O elevado teor de sódio e potássio é oriundo da ineficácia do processo

de lavagem do biodiesel, o qual foi propositalmente mantido dessa forma, pois

se sabe que elevados teores de metais também diminuem a estabilidade

oxidativa do biodiesel, o que, nesse caso, proporcionará com que a eficácia

dos antioxidantes seja avaliada também com respeito a esse fator.

Da mesma forma, a baixa estabilidade oxidativa inferior à mínima

estabelecida em legislação (8h) também foi desejada para permitir avaliar se a

adição dos antioxidantes pode aumentar tal valor, de forma a adequar o

biodiesel de ORF ao preconizado na legislação.

Assim, procederam-se os ensaios de adição dos antioxidantes ao

biodiesel de ORF, inicialmente com a avaliação da cafeína. Os resultados

obtidos não se apresentaram satisfatórios, uma vez que não houve alteração

no período de indução para as concentrações testadas em relação ao biodiesel

sem a adição de cafeína.

Assim, partiu-se para a avaliação da atividade antioxidante da curcumina,

sendo que a Tabela 4.3 apresenta os resultados obtidos para as amostras

preparadas com a adição desse produto natural ao biodiesel de ORF e

avaliadas nos tempos 0, 7, 15, 30, 60, 90 e 120 dias aramazenados, mantidos

em condições laboratoriais, em frascos plásticos, fora do alcance da luz e com

ambiente aeróbio comum (headspace).

Experimentalmente observou-se que a curcumina é solúvel em biodiesel

em concentrações de até 100 mg/Kg, sendo que nessa concentração nominal,

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segundo a Tabela 4.3, tal aditivo natural se mostrou ineficiente para aumentar a

estabilidade oxidativa do biodiesel.

Tabela 4.3.Tempo de indução para o biodiesel de ORF aditivado ou não com

curcumina, em função do tempo após a adição do antioxidante.

Concentração nominal (mg/Kg) de

curcumina em biodiesel de ORF

Período de indução (h) em função do tempo de armazenamento (dias)

0 dias 7 dias 15 dias 30 dias 60 dias 90 dias 120 dias

0 3,81 3,05 1,90 0,05 0,05 0,04 0,04

100 4,67 2,75 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04

500 3,56 3,65 3,75 0,04 0,04 0,04 0,04

700 7,56 14,74 20,54 25,08 25,45 25,99 26,70

O ensaio a 500 mg/Kg demonstrou a formação de um resíduo insolúvel

que foi completamente solubilizado em 15 dias, sendo que a estabilidade

oxidativa foi mantida até esse período, mas não foi ampliada com relação ao

valor inicial, tendo decaído a partir de 30 dias de armazenamento.

Para uma amostra de biodiesel de ORF que continha curcumina na

concentração nominal de 700 mg/Kg, imediatamente após a adição do

antioxidante observou-se também a formação de um corpo de fundo de um

resíduo insolúvel que foi sendo solubilizado com o passar dos dias, estando

plenamente solúvel até o trigésimo dia após a adição de curcumina.

Para essa amostra, a estabilidade oxidativa, segundo a Tabela 5.2, foi

imediatamente elevada em torno de 98,4% (7,56 h) e ao longo de 120 dias foi

aumentado em torno de 600% (26,7 h) com relação a estabilidade oxidativa no

tempo zero sem a adição de antioxidante (3,81 h), dessa forma superando a

estabilidade oxidativa mínima de 8h estabelecida pela Resolução ANP No 45

de 25 de agosto de 2014 (anexo I), e mantendo o ponto de indução em níveis

elevados nos 120 dias de armazenamento.

Adicionalmente analisou-se tal amostra de biodiesel após 240 dias,

observando-se que a mesma apresentou período de indução de 17,2 h,

comprovando assim o potencial de uso da curcumina como antioxidante de

biodiesel em condições de saturação do biodiesel com tal antioxidante natural.

Testou-se por fim o uso da adição de curcumina na concentração

nominal de 1000 mg/Kg, mas o resíduo insolúvel formado não se dissolveu

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151

completamente nessa concentração, desconsiderando-se assim a possibilidade

de uso desse antioxidante nessa concentração nominal.

Dessa forma, a curcumina demonstra ser um antioxidante natural para

biodiesel, que além de aumentar a estabilidade oxidativa do biocombustível

imediatamente após a adição do antioxidante, mantém elevada a estabilidade

oxidativa durante longo período de armazenamento. Apesar disso, esse efeito

só foi observado em concentração nominal de 700 mg/Kg, sem ser evidenciado

em concentrações inferiores.

Para tentar explicar tal comportamento é necessário compreender o

mecanismo de ação antioxidante da curcumina, o qual é bastante controverso.

Segundo Castro (2013) a maioria dos autores aponta que a atividade oxidante

é devida aos grupos de hidroxila presentes e outros apontam a participação

das duplas ligações e dos grupos carbonila, separadamente ou em conjunto,

com os grupos para-hidroxilícos.

Já Masuda et al. (2001) apontam que o efeito antioxidante da curcumina

é ainda desconhecido, mas propõem que tal efeito se dá pela formação de

estruturas de acoplamento entre as duplas ligações dos ácidos graxos e a

parte aromática da curcumina, de forma similar a uma reação de Diels-Alder

intramolecular, sendo que o produto de acoplamento não é muito estável

devido a estabilidade do anel aromático da curcumina.

Os autores ainda apontam que a reação de Diels-Alder intramolecular

pode não ocorrer, pois um substituinte alquila da dupla ligação cis de parte dos

peróxidos dos ácidos graxos pode impedir a reação, devido a um efeito

estérico.

Dessa forma, para que esses mecanismos possam ser efetivos, parece

ser necessário que a maioria ou a totalidade das duplas ligações estejam

protegidas do efeito oxidante do oxigênio, o que só é obtido com a saturação

do meio com curcumina, em concentração nominal de 700 mg/Kg.

A avaliação realizada com o L-triptofano (Tabela 4.4) demonstrou

elevação no tempo de indução, como já observado por Prados (2014). O L-

triptofano livre é um dos aminoácidos com maior atividade antioxidante

conhecida (Perez-Gonzalez et al., 2014), sendo que tal atividade é explicada

pelo fato de apresentar estrutura química que favorece seu efeito antioxidante

através da estabilização do radical e quelação do oxigênio singlete.

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152

O L-triptofano interage com esse tipo de oxigênio tanto por reação

química radicalar quanto por transferência de energia com seu retorno ao

estado fundamental posteriormente. Tal característica única o qualifica como

substância de grande potencial antioxidante (Rosein et al., 2006), o que é

confirmado pois demonstra ação antioxidante já a partir da concentração

nominal de 100 mg/Kg. Porém, igualmente à curcumina, a 700 mg/Kg é que se

observa uma ação de longo prazo na adequação da atividade antioxidante.

Tabela 4.4.Tempo de indução para o biodiesel de ORF aditivado ou não com

L-triptofano, em função do tempo após a adição do antioxidante.

Concentração nominal (mg/Kg) de

L-triptofano em biodiesel de ORF

Período de indução (h) em função do tempo de armazenamento (dias)

0 dias 7 dias 15 dias 30 dias 60 dias 90 dias 120 dias

0 3,81 3,05 2,85 2,40 0,04 0,04 0,04

100 4,67 4,24 4,22 4,17 0,05 0,04 0,04

500 8,47 8,15 7,99 6,59 0,06 0,05 0,05

700 13,08 16,79 23,10 17,02 15,67 13,08 11,96

1000 16,91 18,90 25,81 20,08 17,32 14,43 12,39

A desvantagem do L-triptofano é que até mesmo na concentração

nominal de 100 mg/Kg se observou a formação de um resíduo insolúvel como

corpo de fundo, o qual, ao contrário da curcumina, não se manteve solúvel com

o passar do tempo. Assim, a solubilidade do L-triptofano é mais baixa que da

curcumina em biodiesel, o que significa que, apesar da concentração nominal

adequada ser de 700 mg/Kg, sua concentração efetiva é bem menor.

Comparando o percentual de aumento da estabilidade oxidativa do

biodiesel de ORF com relação a estabilidade oxidativa inicial do biodiesel de

ORF (3,81 h), tanto para o triptofano quanto para a curcumina (Tabela 4.5) na

concentração nominal de 700 mg/Kg, observa-se que o L-triptofano amplia em

maior intensidade a estabilidade oxidativa já no momento inicial de contato com

o biodiesel (tempo 0 horas), mantendo um crescente e superior período de

indução até 15 dias de armazenamento.

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153

Tabela 4.5. Percentual de aumento do período de indução para o biodiesel de

ORF aditivado com curcumina e L-triptofano com relação a estabilidade

oxidativa inicial do biodiesel de ORF (3,81 h), para a concentração nominal de

700 mg/Kg, ao longo do tempo de armazenamento.

Antioxidante

Percentual de aumento do período de indução (%) com relação ao período de indução inicial

0 dias 7 dias 15 dias 30 dias 60 dias 90 dias 120 dias

Curcumina 98,43 286,88 439,11 558,27 567,98 582,15 600,79

L-Triptofano 243,31 340,68 506,30 346,72 311,29 243,57 213,91

Assim, no tempo inicial de contato do L-triptofano (0 dias), o período de

indução para o biodiesel de ORF foi de 3,81 h para 13,08 h com a adição de L-

triptofano, representando um aumento de 243,31% no valor do período de

indução. Em 15 dias, o valor do período de indução foi de 23,10 h, o que

representa um aumento de 506,30% com relação ao valor inicial de 3,81 h. A

partir de 30 dias os valores percentuais do aumento do período de indução com

relação a estabilidade oxidativa inicial começam a diminuir até alcançar

213,91% após 120 dias, o que ainda é bastante relevante.

Para a curcumina os valores percentuais são crescentes ao longo de

todo tempo de estudo, atingindo o ápice de 600,79% em 120 dias.

Assim tais percentuais são relevantes e comprovam a eficácia de ambos

antioxidantes naturais para biodiesel de ORF.

Tais aumentos percentuais são inclusive mais relevantes quando se

compara o percentual de aumento da estabilidade oxidativa do biodiesel de

ORF, tanto para o triptofano quanto para a curcumina na concentração nominal

de 700 mg/Kg, com relação a cada período de armazenamento (Tabela 4.6).

Nessa situação o L-triptofano proporciona aumentos percentuais que

vão de 243,31% (de 3,81 h para 13,08 h em 0 dias) a até 39.075% (de 0,04 h

para 15,67 h em 60 dias). Para a curcumina, os aumentos percentuais são

também relevantes e vão de 98,43% (de 3,81 h para 7,96 h em 0 dias) a

66.650 % (de 0,04 h para 26,70 h em 120 dias). Vale observar que os valores

aumentaram bruscamente quando o IP obtido para o biodiesel de referência se

aproximou de zero.

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Tabela 4.6. Percentual de aumento da estabilidade oxidativa para biodiesel de

ORF aditivado com curcumina e L-triptofano em relação com o não aditivado,

para a concentração nominal de 700 mg/Kg, ao longo do tempo de

armazenamento.

Antioxidante

Percentual de aumento do período de indução (%) para cada período de armazenamento em relação ao biodiesel não aditivado

0 dias 7 dias 15 dias 30 dias 60 dias 90 dias 120 dias

Curcumina 98,43 383,28 981,05 50.060,00 50.800,00 64.875,00 66.650,00

L-Triptofano 243,31 450,49 710,53 609,17 39.075,00 32.625,00 29.800,00

Assim, de forma a aproveitar o efeito de maior aumento da estabilidade

oxidativa no início do armazenamento, causado pelo L-triptofano, com o efeito

de manutenção da estabilidade oxidativa a longos períodos de

armazenamento, causado pela curcumina, avaliou-se a atividade antioxidante

de misturas de L-triptofano e curcumina em diferentes proporções dos

antioxidantes adicionados ao biodiesel de ORF, com os resultados sendo

apresentados na Tabela 4.7.

Tabela 4.7. Tempo de indução para o biodiesel de ORF aditivado ou não com a

mistura L-triptofano/curcumina, em função do tempo de armazenamento.

Concentração nominal (mg/Kg) de

L-triptofano/curcumina em biodiesel de ORF

Período de indução (h) em função do tempo de armazenamento (dias)

0

dias

7

dias

15

dias

30

dias

60

dias

90

dias

120

dias

0/0 4,91 2,18 1,55 1,43 0,05 0,05 0,04

50/50 4,93 2,75 1,90 0,98 0,05 0,05 0,04

250/250 5,01 6,18 4,99 3,52 0,05 0,05 0,04

350/350 11,09 11,92 16,20 19,32 24,78 27,09 30,51

500/500 11,78 12,74 13,62 15,89 17,88 19,42 20,98

Observou-se que, em conjunto, os antioxidantes aumentam ainda mais a

estabilidade oxidativa, sugerindo assim a ocorrência de sinergismo entre L-

triptofano e curcumina. Na melhor condição, envolvendo concentrações

nominais de 350 mg/Kg de cada um dos antioxidantes naturais em biodiesel, a

estabilidade oxidativa do biocombustível já encontra-se adequada em 0 dias,

estando a 11,09 h, e elevando-se de forma crescente até atingir 30,51 h de

período de indução após 120 dias de armazenamento.

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Nessa relação de concentração, ainda era possível encontrar um

pequeno resíduo insolúvel de curcumina, bem como a presença de L-triptofano

insolúvel ao final de 120 dias. Dessa forma, por questões de facilidade de

implementação e da necessidade de análise completa da qualidade do

biodiesel no setor produtivo, sugere-se que a adição da mistura antioxidante L-

triptofano/curcumina seja realizada nas usinas de produção de biodiesel, como

uma etapa adicional ao processo produtivo, realizada após a remoção de água

via microaspersão à vácuo, e caracterizada por um sistema de mistura seguido

de decantação e remoção de sólidos insolúveis.

Desta forma, os resultados obtidos apontam que a mistura de dois

antioxidantes naturais curcumina e L-triptofano consegue elevar

substancialmente o período de indução, tal como obtido com o uso de

antioxidantes sintéticos, com a vantagem de fazer algo inovador relatado

apenas para antioxidantes sintéticos usados para biodiesel, que é o aumento

da estabilidade oxidativa durante a estocagem simulada para o período de 120

dias.

4. Conclusões

Dentre os três antioxidantes testados, apenas a cafeína não apresentou

efeito antioxidante para biodiesel metílico produzido com óleo de fritura

residual.

Observou-se que a curcumina e o L-triptofano apresentam grande

potencialidade para serem utilizados como antioxidantes em biodiesel metílico

produzido a partir de óleo de fritura residual, uma vez que ambos revelaram a

capacidade de aumentar o período de indução.

O L-triptofano apresentou maior efetividade no aumento da estabilidade

oxidativa em curto prazo (até 30 dias) e a curcumina apresentando a

propriedade de relativamente menos efetiva que o L-triptofano em curto prazo,

mas ampliando com maior eficiência a estabilidade oxidativa do biodiesel de

ORF armazenado em até 120 dias.

Ficou evidenciado que curcumina e L-triptofano, quando usados em

conjunto, proporcionam melhores resultados que seu uso isolado, para o

aumento e manutenção temporal da estabilidade oxidativa, indicando que seu o

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efeito sinérgico do uso conjunto de ambos os antioxidantes naturais

corresponde a uma excelente opção natural de aditivo antioxidante para

biodiesel metílico de óleos de fritura residuais.

Ressalta-se, entretanto que tais melhorias devem ser vinculadas em um

pós-tratamento de remoção de precipitados e de monitoramento da

estabilidade o produto ao longo do tempo após adição ao biodiesel e às suas

misturas com óleo diesel.

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- Produção de biossurfactante e biodegradação por micro-Capítulo 5

organismos isolados de biodiesel metílico de óleo de fritura

Carrim, A. J. I.1,2; Vieira, T. M.1,2; Rodrigues, A. A1.; Soares, R. S. 1; Vieira, J. D. G.1,

Antoniosi Filho, N. R.2

1 Laboratório de Microbiologia Ambiental e Biotecnologia (LAMAB), Instituto de

Patologia Tropical e Saúde Pública, Campus I, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia, Goiás, Brasil, 74605-050

2 Laboratório de Métodos de Extração e Separação (LAMES), Instituto de Química,

Universidade Federal de Goiás – Campus II, Samambaia, Goiânia, Goiás, Brasil,

74690-900

E. mail: [email protected]

RESUMO

Os biossurfactantes têm grande importância e aplicações em várias áres como

biorremediação, indústrias de alimentos, têxteis, farmacêutica, aplicações

biotecnológicas, entre outras, além de sua ação deteriogênica principalmente

sobre os combustíveis. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo isolar

micro-organismos presentes em biodiesel metílico de óleo de soja residual de

fritura (ORF) e avaliar a capacidade desses micro-organismos produzirem

biossurfactantes e de atuarem na degradação de biodiesel metílico de ORF

(B100), de biodiesel metílico comercial (B100 e B5), de óleo refinado de soja,

de óleo diesel (S500 e S10) e de óleos lubrificantes 5W30, 10W40 e 15W40,

em condições de armazenamento simulado. Foi isolada a bactéria Bacillus

liqueniformis, a qual apresentou capacidade de produzir biossurfactante e de

degradação da maioria dos óleos e derivados de petróleo. Na avaliação do

crescimento deste isolado utilizou-de glicerol e glucose como fontes de

carbono, sendo que sua preferência foi pelo maior consumo de glucose.

Palavras chaves: bactérias, biorremediação, colapso da gota, óleo diesel, óleo

lubrificante.

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Biosurfactant production and degradation by microorganisms present in

frying oil based methyl biodiesel

ABSTRACT

Biosurfactants have many applications in several areas such as bioremediation,

food, textile, pharmaceutical, biotechnological industries, among others, in

addition to its deteriogenic action, especially on fuels. In this context, the

objective of this paper was to isolate the microorganisms present in methyl

biodiesel from frying residual oil and assess their capacity to produce

biosurfactants and act on the degradation of FRO methyl biodiesel (B100),

commercial methyl biodiesel (B100 and B5), refined soybean oil, diesel oil

(S500 and S10) as well as lubricating oils 5W30, 10W40 and 15W40, under

simulated storage conditions. We isolated the bacteria Bacillus liqueniformis,

which proved able to produce biosurfactant and to degrade most of the oils and

oil by-products; its assessment used glycerol and glucose as carbon sources,

with preference for glucose consumption.

Key words: bacteria, bioremediation, drop collapse, diesel oil, lubricating oil.

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1. Introdução

Surfactantes naturais são de origem microbiana, extracelulares ou

associados às membranas. Trata-se de subprodutos metabólicos de bactérias,

fungos e leveduras com grande variedade de aplicações, principalmente em

relação aos surfactantes sintéticos, estruturalmente possuem baixa massa

molecular e características anfipáticas, pois exibem porções hidrofílicas

aniônicas ou catiônicas, e hidrofóbicas que são frequentemente

hidrocarbonetos. (Hausmann & Syldatk, 2015).

Os biossurfactantes atuam reduzindo a tensão superficial, auxiliando na

solubilização ou emulsificação de agentes derivados de petróleo, nas indústrias

têxteis, cosméticas, detergentes, biorremediação, agricultura, remoção de

metais, mineração, alimentos, efluentes oleosos, além de outras aplicações

biotecnológicas (Parkinson, 1985; Pacwa-Plociniczak, et al., 2011; Bharali, et

al., 2014; De Morais et al, 2015).

Quando comparados aos surfactantes sintéticos, os biossurfactantes se

destacam por apresentar vantagens evidentes como alta biodegrabilidade,

baixa toxicidade, alta especificidade, estabilidade térmica, atividade sob

condições extremas, variação de salinidade e de pH. Podem apresentar ainda

atividade anti-corrosiva, anti-biofilme, antimicrobiana e antitumoral (Mukherjee

et al., 2006; Lawniczak, et al., 2013; Sachdev & Cameotra, 2013).

Na natureza os biossurfactantes são produzidos por micro-organismos

em diversos ambientes incluindo solo, água, resíduos e superfícies foliares

(Burch et al., 2011). Quando isolados, a seleção de micro-organismos

produtores de emulsificantes permite, por exemplo, obter novos metabólitos

importantes para emprego em biorremediação, tais como os utilizados para

recuperação microbiana avançada de petróleo (MEOR – microbial enhanced oil

recovery) (Gudiña et al., 2012).

No que se refere a combustíveis, sabe-se produção de biossurfactantes

é uma via importante da biorremediação, pois promove a dispersão em solo ou

a solubilização em água de poluentes apolares como combustíveis, o que

facilita a ação de micro-organismos capazes de degradar tais poluentes.

Neste sentido, sabe-se que a que a biodegrabilidade do petróleo é de

alta complexidade em função de sua complexa composição química que inclui

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a presença de hidrocarbonetos saturados, insaturados, aromáticos, etc. Por

outro lado, no que se efere ao biodiesel, este tem composição química menos

complexa e sua degrabilidade é mais rápida que a do petróleo, inclusive com a

participação de micro-organismos deteriogênicos, em sua maioria aeróbia, que

para recuperarem a energia química, produzem enzimas e biossurfactantes

(Sharma et al., 2008).

Assim, a degradação do biodiesel é mais favorável e mais rápida que a

de derivados fósseis (Saharan et al., 2011), sendo que uma das vias de

degradação é a conversão dos ésteres alquílicos de ácidos graxos em ácidos

graxos livres (Vieira et al., 2006).

Assim, os micro-organismos que atuam em biorremediação produzem

biossurfactantes, os quais são geralmente classificados segundo sua

composição química e origem microbiana. Dessa forma temos aqueles com

composição química originada de glicolipídeos, lipopeptídeos, polissacarídeos,

proteicos complexos, lipopolissacarídeos, fosfolipídeos, ácidos graxos e

lipídeos neutros. Dentre os mais conhecidos estão os ramnolipídeos e as

surfactina, destacando também a massetolida A, a syringagactina, a liquesina,

a itaurina, os trealolipídeos, os soforolipídeos, o ácido espiculispórico e a

fosfati-diletanolamina. Entre os comerciais destacam o emulsan, alasan,

biodispersan, liposan em manoproteína. (Van Hamme et al., 2006; Burch et al.,

2010; Pacwa-Plociniczak, et al., 2011; Musale & Thakar, 2015).

Dentre os micro-organismos produtores de biossurfactantes os mais

conhecidos são Pseudomonas sp., Rhodococcus sp., Bacillus sp., Artrhobacter

sp., Nocardia sp., Corynebacterium sp., Penicilium spiculisporum,

Acinetobacter sp., Candida lipolytica, Saccharomyces cerevisae, Burkholderia

sp. e Renibacterium sp. (Pacwa-Plociniczak, et al., 2011; Kumari, et al., 2012;

Lan et al., 2015).

No que se refere a micro-organismos presentes em biodiesel e que são

produtores de biossurfactantes, Owsianiak et al. (2009) avaliaram, por sete

dias, a ação degradativa de um consórcio microbiano (Pseudomonas

alcaligenes, Ochrobactrum intermedium, Sphingobacterium sp., Pseudomonas

putida, Klebsiella oxytoca, Chryseobacterium sp. e Stenotrophomonas

maltophilia) sobre a mistura de diesel e biodiesel metílico de soja suplementada

e outra não com ramnolipídeos, e observaram que a fração suplementada foi

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mais facilmente deteriorada, inferindo que a presença de ramnolipídeos torna

mais eficiente a degradação do biodiesel e sua mistura com diesel.

Diversas espécies de bactérias são capazes de produzir

biossurfactantes conhecidos como ramnolipídeos e soforolipídeos, os quais

têm sido amplamente estudados para aplicações na detergência sobre petróleo

e biodiesel (Nguyen & Sabatini, 2011).

Os micro-organismos mais estudados como produtores de

ramnolipídeos são os do gênero Pseudomonas, dentre estes diversas estirpes,

como P. aeruginosa, são capazes de produzir biossurfactantes com elevada

estabilidade, boas propriedades emulsionantes, utilizando como principal fonte

de carbono o glicerol, principalmente o glicerol residual proveniente da

produção de biodiesel (Sousa et al., 2014), além de outras fontes graxas como

óleo de Nim, óleo de Karanja e óleo de Jatropha (Pratap et al., 2011).

O glicerol bruto é considerado um subproduto na cadeia de produção do

biodiesel, cujo mercado está saturado, porém o mesmo como ser utilizado

como fonte para obter biossurfactantes com elevada eficiência de

emulsificação promovendo a degradação do petróleo, com custo reduzido, a

partir de resíduos industriais e subprodutos, diminuindo os impactos ambientais

e agregrando valor à produção do biodiesel. Como exemplo, De Faria et al.

(2011) e Santos et al. (2014) demonstraram ao investigar a produção de

surfactina a partir do Bacillus subtilis LSFM-05 usando glicerol oriundo de uma

usina de biodiesel de soja. Para o glicerol proveniente da produção de biodiesel

metílico de óleo de peixe, Moshtagh et al. (2014) utilizaram Bacillus subtilis (de

Sousa et al., 2014a/b; dos Santos et al., 2016) e Rhodococcus erythropolis e

comprovaram que os biodispersantes produzidos demonstraram capacidade de

minimizar os impactos por derramamento de óleos.

Rooney et al., (2009) estudaram micro-organismos isolados de solo

coletado em uma usina de produção de biodiesel de soja, capazes de produzir

ramnolipídeos e foram identificados como Acinetobacter calcoaceticus,

Enterobacter asburiae, Enterobacter hormaechei, Pantoea stewartii e

Pseudomonas aeruginosa (De Sousa et al., 2011) usando glicerol como única

fonte de carbono, em função do baixo custo e ampla disponibilidade. Por outro

se trata de cepas consideradas patogênicas que podem estar envolvidas no

processo de produção dos biofilmes.

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Outro isolado foi avaliado usando glicerol residual da produção de

biodiesel, como fonte de carbono para verificar a formação de emulsão e

capacidade de estabilizar de um polissacarídeo extracelular (EPS) produzido

por Pseudomonas oleovorans. Neste caso a cepa apresentou capacidade de

estabilizar emulsões água/óleo, com boa viscosidade, sugerindo que pode ser

usado para produtos na indústria alimentícia (Freitas et al., 2009).

Com aplicações diretas para degradar misturas diesel/biodiesel, diversos

estudos têm sido realizados utilizando consórcios bacterianos ou cepas

isoladas capazes de produzir biossurfactantes, além de apresentarem maior

eficiência em relação aos surfactantes sintéticos (Saimmai et al., 2012) podem

ser isolados de substratos residuais como fonte de carbono renovável e de

baixo custo, tais como Bacillus subtilis que produzem surfactina, as

demonstram estabilidade com vários hidrocarbonetos, óleo de soja, querosene

e N-hexadecano (De Sousa et al., 2012).

Meyer et al. (2012) selecionaram as bactérias Bacillus megaterium,

Bacillus pumilus, Pseudomonas aeruginosa, e Stenotrophomonas maltophilia e

testaram em misturas com diesel/biodiesel (B20). O consórcio exibiu elevado

potencial de biodegradação como alternativa de bioaumentação em solos

contaminados com esses combustíveis.

Chrzanowski et al. (2012) obtiveram resultados similares usando culturas

líquídas, sob aeração, contendo nitrato e nitrito, na presença do consórcio

contendo Achromobacter sp., Alcaligenes sp., Citrobacter sp.,

Comamonadaceae, Sphingobacterium sp., Pseudomonas sp. e Variovorax sp.,

isolados de solo contaminado com óleo, e utilizando como fonte principal de

carbono óleo diesel. Confirmam que a preferência durante a degradação é pelo

biodiesel, e que a presença do biossurfactante não interfere na atividade

microbiana, em casos suplementação com ramnolipídeos.

Outros isolados como acima, tais como Pseudomonas aeruginosa

(Pereira et al., 2013; Bharali et al., 2014; Deepika et al., 2016), Bacillus sp.

(Khondee et al., 2015), Bacillus thurigiensis (Deepak & Jayapradha, 2015),

Bacillus subtilis (de Sousa et al., 2014a, 2014b) Kocuria sp., Microbacterium

sp., Ochrobactrum sp., Brevibacillus sp., Bacillus pumilus, Brevibacillus agri e

Nocardia farcinica (Kumar et al., 2012), Acinetobacter calcoaceticus IMV B-

7241, Rhodococcus erythropolis IMV Ac-5017 e Nocardia vaccinii VMI (Pirog et

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al., 2015) também foram descritos como potencial produtores de

biossurfactantes.

Além das bactérias, leveduras podem ser utilizadas para produção de

biossurfactantes. Assim, Trichosporon mycotoxinivorans CLA2 foi isolada de

efluentes de laticínios e apresentou capacidade para emulsionar diferentes

substratos hidrofóbicos como única fonte de carbono, incluindo resíduos de

refinarias de petróleo e de usinas de biodiesel (Monteiro et al., 2012). Utilizando

glicerol bruto oriundo da produção de biodiesel como única fonte de carbono

para crescimento e produção do biotensoativo, observou-se que Yarrowia

lipolytica possui capacidade de produzir biossurfactante (Fontes et al., 2012).

Entretanto, é importante observar que não há relatos na literatura acerca

da produção de biossurfactantes a partir de micro-organismos isolados de

biodiesel metílico de óleo de fritura residual.

A produção de biossurfactantes pode ser avaliada por testes rápidos e

de baixo custo através da atividade hemolítica, avaliação da fonte de carbono

para o crescimento microbiano, teste do colapso da gota e índice de

emulsificação. Estes métodos para detectar a produção de biossurfactantes

são preliminares, simples e eficientes (Carrillo et al., 1996; Youssef et al, 2004;

Pereira et al., 2013).

Assim, a produção de biossurfactantes e o reconhecimento dos micro-

organismos que os produzem em grande quantidade e que executam a

biorremediação de combustíveis é um importante tema de caráter ambiental,

especialmente para combustíveis cuja produção industrial vem se acentuando

e cujos mecanismos de degradação ainda sejam pouco conhecidos.

Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo identificar micro-

organismos isolados de biodiesel de óleo de residual de fritura e verificar a

capacidade de degrabilidade e de produção de biossurfactante dos isolados.

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2. Experimental

2.1 Amostragem

O óleo residual de fritura (ORF) utilizado para a produção de biodiesel foi

adquirido em um estabelecimento comercial que funciona como restaurante e

bar, localizado no munícipio de Anápolis (Goiás - Brasil), e foi utilizado na

fritura de diversos alimentos durante duas semanas. Todas as amostras de

óleos e biodiesel foram acondicionadas em frascos de polietileno de alta

densidade (PEAD).

2.2 Produção de biodiesel metílico de ORF

A amostra de ORF foi submetida à filtração simples para separação dos

resíduos de alimentos presentes. Após a filtração, foi realizada uma etapa de

extração líquido-líquido com água destilada, seguida de destilação simples do

ORF para retirada da água residual. Após estas etapas, a amostra de ORF foi

levada a esterificação ácida e posteriormente a transesterificação alcalina,

ambas sob rota metílica (Azeredo, 2014).

Para a produção de biodiesel metílico de ORF utilizou-se a proporção de

1:9 de óleo e metanol p.a. e 2% (v/v) de ácido sulfúrico como catalisador ácido.

Em seguida foram colocados em refluxo, sob agitação via agitador magnético

com medidor de temperatura modelo MA 085/CT, em banho-maria a 90 °C, por

3 horas. Ao final desta etapa o catalisador e os resíduos de metanol foram

removidos pela lavagem com água quente (≈ 70 °C), seguido da filtração em

sulfato de sódio anidro (Vetec®). O biodiesel obtido foi então submetido a

transesterificação alcalina.

A reação de transesterificação alcalina foi realizada em reator da marca

Marconi Modelo MA 159/150, utilizando-se a proporção de 1:12 para a razão

óleo:metanol e 1,5% (m/v) de hidróxido de potássio (Vetec®) solubilizado

inicialmente em metanol (Tedia®) para gerar uma solução de metóxido de

sódio. A solução de metóxido de potássio foi acrescentada à mistura de óleo e

metanol e levada ao reator para agitação sob rotação de 1000 rpm, à 60 °C,

por 1 hora. Em seguida, aguardou-se por 24 horas a separação do glicerol e,

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após a separação deste, procedeu-se à neutralização do catalisador com

solução aquosa de ácido clorídrico a 0,5 mol/L e lavagem com água destilada

para retirada do ácido remanescente. Tal lavagem foi feita até que a fase

aquosa tornou-se límpida e, finalmente, o resíduo de água e metanol foi

retirado através de rotaevaporação sob pressão reduzida.

Todas as amostras de biodiesel sintetizadas em laboratório tiveram sua

qualidade avaliada com base nos parâmetros estabelecidos na Portaria ANP no

45 de 25 de agosto de 2014.

2.3 Isolamento de micro-organismos

O biodiesel com óleo de fritura foi utilizado, imediatamente após sua

produção, para isolamento de micro-organismos contaminantes. O isolamento

foi feito de acordo com a norma ASTM D6974-09, optando-se pela filtração à

vácuo, em duplicata, em meio TSA (Tryptone Soy Agar) para bactérias, e meio

SDA (Sabouraud Dextrose Agar) para fungos, incubados por 48 horas a 35°C e

5 dias a 25ºC, respectivamente.

Os micro-organismos, após purificação, foram isolados cultivados em

caldo BHI (Brain Heart Infusion) e armazenados em glicerol 20% em freezer à -

20°C para a realização dos testes posteriores.

2.4 Identificação dos micro-organismos isolados

Para a identificação do micro-organismo isolado, inicialmente foi

cultivado em caldo nutriente (CN) e submetido a caracterização morfo-tintorial

pela técnica de coloração de Gram. Paralelamente, o isolado foi também

crescido em meio mineral, a pH 7,0, composto por: NaCl 5,0 g/L; K2HPO4 1,0

g/L; NH4H2PO4 1,0 g/L; (NH4)2SO4 1,0 g/L; MgSO4.7H2O 0,2 g/L; KNO3 3,0 g/L

e extrato de levedura 0,1 g/L, com duas fontes de carbono diferentes (glucose

e glicerol), na concentração final de 1% (v/v) (Cunha & Leite, 2000). Tal meio

de cultivo mineral foi utilizado no processo de produção de biossurfactantes.

O micro-organismo isolado foi caracterizado por Microscopia Eletrônica

de Varredura (MEV) com o Microscópio Eletrônico de Varredura, marva Jeol,

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modelo JSM–6610, equipado com EDS Thermo Scientific NSS Spectral

Imaging.

2.5 Identificação molecular do micro-organismo

2.5.1 Extração do DNA total e amplificação da região que codifica 16S

rDNA

Para a extração, amplificação e purificação do DNA, o isolado foi

crescido em meio NB por 24 horas, sob agitação em shaker, a 130 rpm e 30°C.

A extração do DNA genômico foi realizada segundo metodologia descrita por

de Van Soolingen et al. (1994) com adaptações. A integridade e concentração

do DNA extraído foram verificadas em gel de agarose 1% corado com EZ-

vision, sendo o material extraído armazenado em freezer à -20°C.

A amplificação da região de DNA codificada para 16S rRNA foi realizada

por reação em cadeia da polimerase (PCR), com os iniciadores de

oligonucleotídeos 27f (5‟-AGAGTTTGATCCTGGCTCAG-3‟) e 1541r (5‟-

AAGGAGGTGATCCAGCC-3‟), de acordo com o protocolo modificado de

Weisburg et al., (1991) e de Oliveira et al., (2012). A reação foi realizada com

um volume final de 50 μL para a amplificação, sendo 35,5 μL de água ultra

pura, 5 μL de solução tampão 10X para a enzima polimerase Taq (CenBiot),

1,5 μL de cloreto de magnésio a 50 mmol/L (CenBiot®), 1 μL de cada solução

de oligonucleotideo iniciador (10 μmol/L) (Biosource®), 4 μL da solução de

dNTP (2,5 mmol/L) (Ludwig Biotec®), 1 μL of enzima polimerase Taq (5U)

(CenBiot®) e 1 μL de DNA extraído.

A reação de amplificação da mistura foi conduzida em termociclador

BIO-RAD, modelo T100™ Themal Cycler, constituída de amplificação inicial por

desnaturação (94°C por 3 min), seguidos de 30 ciclos com desnaturação (94°C

por 1 min), anelação (55°C por 30 s), extensão (72°C por 30 s) e extensão final

(72°C por 10 min), conforme Garcia (2006). Os produtos amplificados foram

analisados em gel de agarose 1,2%, usando-se o marcador molecular 1 kb

Sharp DNA Marker (RBC) para o DNA molde.

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2.5.2 Purificação do produto de PCR e sequenciamento

Os produtos de PCR obtidos foram purificados utilizando-se kit ExoSAP-

IT PCR. O sequenciamento dos produtos de PCR purificados foram conduzidos

na plataforma ABI 3130xl (Applied Biosystems), utilizando-se os seguintes

oligonucleotídeos iniciadores 27F, 1541R, 926F (5′-AAA CTY AAA KGA ATT

GAC GG-3′), 530F (5'-TGA CTG ACT GAG TGC CAG CMG CCG CGG-3');

519R (5‟–GTN TTA CNG CGG CKG CTG –3‟) e 907R (5‟–GTN TTA CNG CGG

CKG CTG –3‟) (KIM et al, 2011).

A análise da qualidade e o assembly das seis sequências obtidas para

cada isolado foram realizadas utilizando-se o software CodonCode Aligner. As

sequências geradas foram comparadas com as depositadas do banco de

dados GenBank do NCBI (National Center for Biotechnology Information)

utilizando a ferramenta BLASTn.

2.6 Seleção preliminar para produção de biossurfactante pelo teste da

atividade hemolítica

Micro-organismos produtores de biossurfactantes podem produzir

enzimas extracelulares bacteriolíticas e causar lise dos eritrócitos, em meios

hidrofílicos como ágar sangue, tais como hemolisina e muramidases. Este teste

é considerado um método primário para selecionar estes produtores (Youssef

et al., 2004).

Os isolados foram cultivados em caldo BHI (Mulligan et al., 1984) e

transferido para placa de Petri contendo ágar sangue (5% de sangue de

carneiro desfibrinado) utilizando-se um multi-inoculador de Steer (15 pinos) e

incubado à 30°C, por 24 a 48 horas.

A positividade foi observada por meio da formação de halo de

transparência ao redor da colônia, o qual foi medido e expresso em mm,

indicando preliminarmente a capacidade de produção de biossurfactante, que

posteriomentes foi cultivado e avaliado a partir do crescimento em meio mineral

(Mulligan et al., 1984; Carrillo et al., 1996).

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2.7 Determinação da curva de crescimento microbiano e do pH

Para a determinação do crescimento dos micro-organismos, os micro-

organismos selecionados via teste preliminar para produção de

biossurfactantes foram transferidos para o meio mineral, com fontes de

carbono diferentes (glucose e glicerol), e cultivados sob agitação a 130 rpm, a

30°C (Burch et al., 2011).

Alíquotas de 10 mL foram coletadas a cada 24 horas por 7 dias. O

crescimento foi determinado em espectrofotômetro GE Healthcare, modelo

Ultrospec® 2100pro com arranjos de diodos para realização das leituras em

absorbância das amostras, utilizando-se cubetas de quartzo a 600 nm e

caminho óptico de 1 cm.

O pH foi determinado no sobrenadante de cada amostra coletada,

usando potenciômetro Digimed modelo DM-22, após centrifugação do micro-

organismo cultivado em meio mineral em centrífuga EBA20, marca Hettich

Zentrifugen, a 5.000 g por 5 minutos.

2.8 Quantificação do consumo de glucose e glicerol em meio mineral

O consumo de glucose e glicerol foram determinados nos sobrenadantes

obtidos, conforme descrito no item 2.4, utilizando kits enzimáticos da marca

Doles® específicos para quantificação espectrofotométrica de glucose (Glucox

500) e glicerol (Triglicérides líquido enzimático), de modo a verificar qual a

preferência da fonte de carbono do isolado.

2.9 Produção de biossurfactante

A produção de biossurfactante foi determinada via metodologia adaptada

de Cunha & Leite (2000) com duas fontes de carbono diferentes (glucose e

glicerol), cada qual a 1% (v/v). Os frascos foram agitados por 7 dias, agitados a

130 rpm e a 30°C (Burch et al., 2011). Amostras foram coletadas de 24 em 24

h e centrifugadas como descritas no item 2.4, com o sobrenadante sendo

utilizado nos teste de colapso da gota e Índice de Emulsificação (IE).

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2.9.1 Teste do colapso da gota

Esta avaliação tem caráter qualitativo, podendo ser realizado em caldo

ou meio sólido (Burch et al., 2010). O teste foi realizado em placas de

poliestireno contendo 96 poços (12,7 cm x 8,5 cm x 8 mm), aos quais foram

adicionados 1,8 μL de óleo 10W40 e, após 24 h, foram adicionadas 2 μL dos

sobrenadantes centrifugados a partir do cultivo. Os testes foram feitos triplicata,

para cada fonte de carbono utilizada. Para efeito de comparação utilizou-se o

Tween 80 para o teste positivo e água destilada para o teste negativo (Boudour

& Miller-Maier, 1998; Youssef et al., 2004).

.

2.9.2 Índice de emulsificação (IE5 e IE24)

Este ensaio é um indicativo da estabilidade da emulsão formada pelo

contato do biossurfactante com o agente que se pretende emulsificar, tais

como combustíveis, de forma a aumentar a biodisponibilidade e a degradação

desses agentes pelos micro-organismos (Sneha et al, 2012). Cada método

utilizado, apesar de ter vantagens e desvantagens, corrobora para a seleção

rápida de diversos micro-organismos como bactérias e fungos capazes de

produzirem biossurfactante, além de permitir sua quantificação (Walter, et al.,

2010; Bezerra, et al., 2012).

A estabilidade do biossurfactante produzido foi determinada pelo IE5 e

IE24. Para esta determinação partes iguais (2,0 mL) de óleo diesel e do

sobrenadante foram misturadas e agitadas por 2 minutos em vórtex. Em

seguida os frascos foram deixados em repouso por 5 minutos e 24 horas. Na

sequência o tamanho das camadas de óleo diesel tipo A e sobrenadante foram

medidas em milimetros e o IE determinado.

Os índices de emulsificação são avaliados pela medida da altura da

camada emulsificada (mm) dividida pela altura total da coluna do líquido (mm),

com o resultado sendo multiplicado por 100 para se calcular a porcentagem

dos índices (Cooper et al., 1987). Os experimentos foram realizados em

duplicata.

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175

2.9.3 Caracterização de biosurfactantes por ESI-MS

Um equipamento triplo quadrupolo de massas tandem com sistema Q-

trap 3200 QTRAP® System (ABSCIEX, USA) foi utilizado na análise de

determinação dos biosurfactantes produzidos pelos isolados. As amostras

foram adquiridas no modo íon negativo, utilizando Electrospray (ESI) como

fonte de ionização. A voltagem aplicada ao capilar foi de -3,5 kV, a voltagem

aplicada para dessovaltação do gás foi de 40 V, tendo sido aplicada uma

temperatura de 100 °C na fonte de ionização. Como gás de colisão foi utilizado

Nitrogênio a 60 psi. As amostras de biosurfactantes foram diluídas em

metanol:água (1:1) em soluções a 1 ppm, as quais foram injetadas diretamente

no espectrômetro de massas com o auxílio de uma bomba seringa

automatizada à vazão constante de 50 µL/min. Foi realizado experimento no

modo Full Scan–trap (EMS) aplicando-se 30 eV de energia de colisão, na faixa

de varredura espectral de m/z 100-1500.

2.10. Capacidade de degradação de derivados de petróleo e biodiesel

Para avaliação da capacidade de degradação de derivados de petróleo e

biodiesel pelos micro-organismos isolados do biodiesel metílico de ORF,

utilizou-se a metodologia adaptada de Vieira et al. (2007). Os isolados foram

crescidos como no item 2.4, por 72 h a 30 °C e 130 rpm. Em seguida os

isolados foram testados em placas de poliestireno com a adição de 20 µL dos

micro-organismos crescidos, 168 µL de meio mínimo, 12 µL de DCPIP e 2 µL

de derivados de petróleo e biodiesel. As placas de poliestireno foram incubadas

a 30 °C e as leituras realizadas em 24, 48 e 72 h. Os controles positivos foram

feitos em meio adicionado de glucose como fonte única de carbono, e os

negativos sem a adição de fonte de carbono.

3. Resultados e discussão

A Tabela 5.1 apresenta as características físico-químicas do biodiesel

metílico obtido a partir de ORF, o qual apresentou teor de água muito acima do

limite máximo permitido pela legislação (ANP, 2014), o que eleva a massa

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176

específica. Isso ocorreu possivelmente em função das etapas de extração

líquido-líquido para produção do biodiesel, e da dificuldade de se remover água

em rotaevaporador.

Vale observar, entretanto, que a presença de elevada quantidade de

água no biodiesel permite simular as condições de condensação em tanques

de armazenamento de biodiesel, pois favorece o crescimento microbiano.

Também foi observado um teor de glicerol acima do especificado na legislação,

o que indica dificuldade de remoção deste usando as etapas de purificação do

biodiesel produzido.

Como reflexo de uma deficiente etapa de purificação, obteve-se também

um elevado teor de sódio no biodiesel de ORF. A presença de sódio é oriunda

do catalisador utilizado na etapa de transesterificação metílica, podendo

também ser proveniente do sulfato de sódio usado na purificação do biodiesel.

A alta viscosidade deve ser derivada da presença de oxicompostos

formados na etapa de fritura do óleo, os quais podem estar ainda presentes no

biodiesel produzido.

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177

Tabela 5.1. Características físico-químicas das amostras de biodiesel.

* LII = Límpido e isento de impurezas LOQ = Limite de quantificação

A baixa estabilidade oxidativa deriva do óleo usado para produção do

biodiesel ser de soja, a qual possui grandes quantidades dos ácidos linoleico e

linolênico (Antoniosi Filho, 1995), os quais são altamente susceptíveis a

oxidação (Souza et al. 2013). De acordo com Knothe (2000) a presença de

alguns fatores podem favorecer o processo de oxidação de cadeias dos ácidos

graxos que, embora complexo, pode ser acelerado pela presença de oxigênio,

luz, calor, metais e peróxidos (presentes no início da oxidação), resultando na

formação de hidroperóxidos e afetando a estabilidade oxidativa do biodiesel

(Sharma et al., 2008).

No que diz respeito aos teores de éster, glicerol ligado, mono-, di- e

triacilglicerídeos o biodiesel de ORF demonstrou estar adequado ao

especificado pela legislação.

Características de Qualidade Especificação da ANP Valores obtidos para

Biodiesel de ORF Limite Unidade

Aspecto LII* - LII

Massa Especifica 850 a 900 kg/m3 910,50

Viscosidade (40 °C) 3,0 a 6,0 mm2/s 36,2

Teor de Água ≤ 200 mg/kg 1890

Índice de Acidez ≤ 0,50 mg KOH/g 1,46

Na + K ≤ 5 mg/kg 154,30

Ca + Mg ≤ 5 mg/kg 0,5

P ≤ 10 mg/kg <LOQ

Teor de éster ≥ 96,5 % massa 97,5

Glicerol livre ≤ 0,02 % massa 0,04

Glicerol total ≤ 0,25 % massa 0,10

Monoacilglicerídeos ≤ 0,7 % massa 0,5

Diacilglicerídeos ≤ 0,20 % massa 0,08

Triacilglicerídeos ≤ 0,20 % massa 0,06

Índice de Iodo Anotar g/100 g 41,5

Estabilidade Oxidativa ≥ 8 h 5,87

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178

3.1 Identificação do micro-organismo

Utilizando-se da norma ASTM D6974-09 (2013) foi isolada uma bactéria

a partir do biodiesel de ORF produzido, não sendo verificada a presença de

fungos. A bactéria isolada apresentou característica tintorial de gram-positiva e

morfológica de bastonete (Figura 5.1). Foi identificada molecularmente (Tabela

5.2) como Bacillus licheniformis, com 99% de identidade.

Tabela 5.2. Identificação molecular dos isolados em biodiesel de ORF.

Isolado Espécie mais próxima Tamanho

do contig e-value Identidade

Número de

acesso

B1 Bacillus licheniformis 1303 0.0 99% B9MMRXKV015

A presença de água pode contribuir para o crescimento dos micro-

organismos, principalmente em fases de armazenamento (He et al., 2007;

Fregolente et al., 2012) sendo que, mesmo tendo sido feita a análise

microbiológica imediatamente após à produção do biodiesel, foi isolada uma

bactéria identificada como Bacillus licheniformis (Figura 5.1).

Figura 5.1. Imagem no MEV de Bacillus licheniformis (x5000).

O Bacillus licheniformis pode sobreviver a temperaturas elevadas,

podendo então ser oriundo do ORF ou de contaminação ambiental. Vale

observar que a capacidade do Bacillus licheniformis crescer em meios

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179

contendo glicerol proveniente de biodiesel já foi anteriormente evidenciada por

Poleto (2014), o qual demonstrou que tal processo gera hidrogênio como um

dos subprodutos de fermentação.

3.2 Seleção preliminar para produção de biossurfactante pelo teste da

atividade hemolítica

A hemólise de sangue de carneiro é a metodologia de seleção rápida de

produtores de biossurfactante, sendo que Bacillus licheniformis demonstrou a

capacidade de hemolisar o ágar sangue de carneiro a 5% após 24 horas de

incubação, o que indica que possue potencial para a produção de

biossurfactantes.

Assim, as substâncias produzidas pelo isolado contribuiram com a

atividade hemolítica na lise das membranas dos eritrócitos disponibilizando seu

conteúdo citoplasmático, principalmente o ferro, importante para o crescimento

microbiano (Bicca et al. 1999; Lin 1996), além de ser indicativo de uma

substância segura industrialmente, uma vez que esta espécie não apresenta

potencial citotóxico e é capaz de produzir outras substâncias hemolíticas como

protease (serinas, metais, serinas metais, serinas alcalinas ou naturais), α-

amilase, aminopeptidase e β-lactamase (Pedersen et al., 2002; Schulz et al.,

2005; Paladino, 2008).

3.3 Determinação da curva de crescimento microbiano e do pH

As variações dos valores de pH no crescimento de Bacillus licheniformis

foi observado durante 7 dias de incubação (Figura 5.2).

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180

Figura 5.2. Curva do monitoramento do pH x tempo (dias) de Bacillus

licheniformis na presença de glucose e glicerol (10 g/L), em meio mínimo.

Observou-se uma variação de pH, de 7,00 para 5,02 em glicerol, e de

7,00 para 5,28 em glucose. Valores de pH entre 5 e 8, com ótimo entre 6 e 7,

foram observados por Amodu et al. (2014) e Dadrasnia & Ismail (2015) como

sendo os ideais para producão de biossurfactantes por Bacillus licheniformis,

utilizando resíduos sólidos agroindustriais. Assim os valores de pH observados

se encontram na faixa sugerida como ideal para a produção de

biossurfactantes. Por outro lado, tem sido apontado que tal dimuição de pH

facilita o processo de corrosão anódica (reação parcial de oxidação) por parte

dos micro-organismos aeróbios presentes (McFarlane, 2009), favorecendo

também a produção de sedimentos e biofilme que podem representar risco no

armazenamento de biodiesel.

Para Bacillus licheniformis o crescimento microbiano (Figura 5.3)

apresentou aumento na presença de glucose, alcançando a taxa máxima no

segundo dia. Para a fonte de carbono com glicerol o micro-organismo

apresentou o maior taxa de crescimento no quarto dia. O consumo mais rápido

da glucose pode ter sido favorecido provavelmente por sua estrutura ser mais

simples, facilitando seu metabolismo como fonte de carbono em relação ao

glicerol (De Sousa et al., 2012).

4,5

5

5,5

6

6,5

7

7,5

0 1 2 3 4 5 6 7

Glucose

Glicerol

Tempo (dias)

pH

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181

Figura 5.3. Crescimento microbiano (abs) x tempo (dias) do Bacillus

licheniformis na presença de glucose e glicerol (10 g/L) em meio mínimo.

3.4 Quantificação do consumo de glucose e glicerol em meio de mineral

Em meio mineral, após 7 dias de avaliação, 13,03% da glucose (Figura

5.4) e 55,53% do glicerol (Figura 5.5) foram consumidos pelo Bacillus

licheniformis, indicando maior preferência deste para consumo de glicerol.

Figura 5.4. Gráfico do consumo de glucose (g/L) x tempo (horas) de Bacillus

licheniformis em meio mínimo contendo glucose a 10 g/L.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0 1 2 3 4 5 6 7

glucose

glicerol

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

0 1 2 3 4 5 6 7

Co

nc

en

tra

çã

o:

g/L

Tempo (dias)

Consumo de glucose

Tempo (dias)

ABS

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182

Figura 5.5. Gráfico do consumo de glicerol (g/L) x tempo (horas) de Bacillus

licheniformis em meio mínimo contendo glicerol a 10 g/L.

Esta preferência pelo consumo de glicerol é interessante uma vez que

se trata de um coproduto na produção do biodiesel, o qual pode ser empregado

como substrato de baixo custo e alta disponibilidade para produção de

biossurfactantes em grande escala, de forma renovável e com baixo custo,

visando seu emprego em biorremediação.

Do ponto de vista metabólico, a glucose sofre degradação na via

glicolítica até a formação dos compostos intermediários, tal como um dos

principais precursores do carboidrato, a glicose 6-fosfato. A glucose também

pode sofrer oxidação e ser convertida a piruvato via glicólise, no processo de

produção de lipídeos. O piruvato por sua vez pode ser convertido a acetil-CoA

e, em seguida, ao unir-se ao oxaloacetato, ocorrerá a produção de malonil-CoA

e ácido graxo, dando início à síntese de lipídeos. (Fontes, et al., 2008).

Por sua vez, o glicerol é caracteristicamente transportado para célula por

difusão facilitada através de difusão facilitada, e é rapidamente convertido para

glicerol-3-fosfato na presença de glicerol quinase e subsequentemente oxidado

para fosfato dihidroxiacetona (DHAP), na via glicolítica intermediária, pela

enzima glicerol fosfato desidrogenase. DHAP é enzimaticamente transformada

no seu isômero gliceraldeído-3-fosfato (G3P) e ambos podem ser convertidos

para glucose, através da gliconeogênese, o qual vai compor a estrutura do

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 1 2 3 4 5 6 7

Co

nc

en

tra

çã

o:

g/L

Tempo (dias)

Consumo de glicerol

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183

biossurfactante ou ser dierecionado para o crescimento celular (Santos et al.,

2014).

Alternativamente, G3P pode ser convertido em piruvato pela

subsequente conversão para acetil-CoA, a qual é a principal precursora da

biossíntese dos ácidos graxos (Santos et al., 2014). Dessa forma, a produção

de biossurfactante passa pela produção de glucose, a qual pode vir tanto do

uso da própria glucose quanto de glicerol como fonte de carbono para o micro-

organismo.

A molécula de biossurfactante tem característica anfifílica e assim, para

sua formação, pode utilizar substratos hidrofílicos para compor a porção polar,

e hidrófoba para formar a porção hidrocarbônica. De acordo com a principal

fonte de carbono disponível no meio de cultivo as vias metabólicas podem

variar na síntese de precursores. Como mencionado, na síntese microbiana, a

glucose ou o glicerol, como exemplos de substratos hidrofílicos, são

degradados na via glicolítica até formar intermediários como a glicose 6-fosfato,

a qual pode estar presente na estrutura hidrofílica do biossurfactante. Com a

presença de um hidrocarboneto como fonte de carbono, o metabolismo

microbiano utiliza a via lipolítica ou a gliconeogênese, para a produção de

ácidos graxos ou glicosídeos (Amaral et al., 2010).

3.5 Teste do colapso da gota

Este teste é de fácil execução permitindo a determinação de forma

qualitativa da capacidade do micro-organismo em produzir o biossurfactante, a

partir de várias fontes de carbono. O isolado testado apresentou colapso

positivo quando cultivado em ambos os meios minerais com fonte de glucose e

com glicerol, indicando que o micro-organismo é capaz de produzir

biossurfactante a partir dessas fontes de carbono.

3.6 Índice de emulsificação (IE5 e IE24)

De acordo com a Tabela 5.3 os resultados para os isolados demonstram

um aumento do índice de emulsificação medido em 24 horas (IE 24), para as

duas fontes de carbono, quando se considera do primeiro para o sétimo dia de

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184

crescimento do cultivo, tanto na presença de glucose quanto de glicerol.

Alternativamente, o ensaio foi prolongado por 96 horas (IE 96), não sendo

observadas alterações no índice de emulsificação, o que sugere que a que a

emulsão formada entre biossurfactante e o óleo diesel é estável por um longo

período, tal como observado por Barros et al. (2008) para Bacillus subtilis.

Tabela 5.3. Percentual do índice de emulsificação 24 horas para cultivo de

Bacillus licheniformis em óleo diesel.

Fonte de carbono IE 24 (%)

1º dia crescimento 7º dia crescimento

Glicerol 12,0 63,2

Glucose 8,0 47,3

De acordo com Bento et al. (2008) valores de IE 24 acima de 50% são

considerados como característicos de bons produtores de biossurfactante.

Portanto o isolado de Bacillus licheniformis pode ser considerado de grande

capacidade de produção de biossurfactante quando glicerol é usado como

fonte de carbono.

3.7 Caracterização dos biosurfactantes produzidos por Bacillus

licheniformis

A análise por espectrometria de massas com eletronspray no modo de

ionização negativo de biosurfactantes produzidos por Bacillus licheniformis está

descrita na literatura científica (Yakimov et al., 1999; Pecci et al., 2010), sendo

relatado que os espectros de massas gerados apresentaram fragmentos

predominantes com razão massa/carga (m/z) superior a 1000 (Slivinski, 2012),

os quais são característicos da presença de biossurfactantes tais como

surfactina, iturina, fengicina, liquesina e seus homólogos.

Neste sentido, tanto para o meio de cultivo contendo glicerol quanto em

glucose não foram detectadas as formações de tais biossurfactantes de alta

massa molecular. Assim, para o meio de cultivo contendo glicerol (Figura 5.6)

os fragmentos predominantes foram os m/z 226,7 (100%), m/z 446,9 (90,4%),

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185

m/z 286,6 (75,6%), m/z 310,8 (73,2%), m/z 250,7 (64,8%) e m/z 728,7 (100%);

e para o meio de cultivo contendo glucose (Figura 5.7) destacaram-se os

possíveis íons moleculares desprotonados [M-H]- com m/z 119,7 (100%), m/z

214,9 (98%) e m/z 154,6 (44%).

Isso indica que os biossurfactantes produzidos pelo Bacillus licheniformis

isolado de biodiesel não correspondem aos mesmos já tradicionalmente

identificados por outros autores. Assim, é possível que o Bacillus licheniformis

utilizado neste trabalho apresente genes que codifiquem para a produção de

biossurfactantes de menores massas moleculares, diferentemente dos

apresentados em outros trabalhos (Yakimov et al., 1999; Pecci et al., 2010).

Além disso, o meio de cultivo também influencia na produção de

substâncias tensoativas, as quais podem ser peptídeos, ácidos graxos,

fosfolípideos e biosurfactantes de baixa massa molecular (Vijayakumar &

Saaravanan, 2015).

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186

Figura 5.6. Espectro de massas para a mistura de substâncias que reduzem a tensão superficial, produzidas por Bacillus

licheniformis em meio de cultivo glicerol.

Glicerol

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187

Figura 5.7. Espectro de massas para a mistura de substâncias que reduzem a tensão superficial, produzidas por Bacillus

licheniformis em meio de cultivo glucose.

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188

3.8 Capacidade de degradação de derivados de petróleo e biodiesel

Os resultados referentes ao crescimento do micro-organismo em 24 h (Tabela

5.4), 48 h (Tabela 5.5) e 72 h (Tabela 5.6) indicam quais hidrocarbonetos o micro-

organismo isolado possue potencial para degradar, o que contribui para

compreender os processos de biorremediação e/ou biodeterioração dos derivados

de petróleo.

Por outro lado, a presença deste micro-organismo nas etapas de produção e

posteriormente na armazenagem do biodiesel, pode favorecer a deterioração e

formação de borras e/ou sedimentos, os quais levam ao entupimento e mau

funcionamento das partes mecânicas que entram em contato com o combustível. A

degradação pode ocorrer em função da presença de micro-organismos capazes de

formarem biofilme, favorecidos pela formação de micelas e de emulsão pelo

biossurfactante, que também permitem a colonização de consórcios microbianos

deteriogênicos.

Tabela 5.4. Degradação de diferentes fontes de carbono utilizando Bacillus

licheniformis incubado a 30°C e com 24 horas de crescimento.

Fontes de

Carbono CP

DS

500

DS

10

G

C B5

B100

COM

B100

ORF 5W30 10W40 15W40 OSR CN

Degradação + - - + + + + - + + + -

CP = controle positivo; DS500 = óleo diesel S500; DS10 = óleo diesel S10; GC = gasolina comum tipo C contendo 25% de etanol (v/v); B5 = mistura B5 comercial; B100 COM= biodiesel metílico comercial de soja e sebo bovino; B100 ORF = biodiesel metílico de ORF; 5W30, 10W40 e 15W40 = lubrificantes sintéticos; OSR = óleo de soja refinado; CN= controle negativo.

Tabela 5.5. Degradação de diferentes fontes de carbono utilizando Bacillus

licheniformis incubado a 30°C e com 48 horas de crescimento.

Fontes de

Carbono CP

DS

500

DS

10

G

C B5

B100

COM

B100

ORF 5W30 10W40 15W40 OSR CN

Degradação + - - + + + + - + + + -

CP = controle positivo; DS500 = óleo diesel S500; DS10 = óleo diesel S10; GC = gasolina comum tipo C contendo 25% de etanol (v/v); B5 = mistura B5 comercial; B100 COM= biodiesel metílico comercial de soja e sebo bovino; B100 ORF = biodiesel metílico de ORF; 5W30, 10W40 e 15W40 = lubrificantes sintéticos; OSR = óleo de soja refinado; CN= controle negativo.

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189

Tabela 5.6. Degradação de diferentes fontes de carbono utilizando Bacillus

licheniformis incubado a 30°C e com 72 horas de crescimento.

Fontes de

Carbono CP

DS

500

DS

10

G

C B5

B100

COM

B100

ORF 5W30 10W40 15W40 OSR CN

Degradação + - + + + + + - + + + -

CP = controle positivo; DS500 = óleo diesel S500; DS10 = óleo diesel S10; GC = gasolina comum tipo C contendo 25% de etanol (v/v); B5 = mistura B5 comercial; B100 COM= biodiesel metílico comercial de soja e sebo bovino; B100 ORF = biodiesel metílico de ORF; 5W30, 10W40 e 15W40 = lubrificantes sintéticos; OSR = óleo de soja refinado; CN= controle negativo.

O isolado Bacillus licheniformis não degradou os óleos diesel S500 e o óleo

lubrificante 5W30 em até 72 horas. Neste sentido sugere-se que as fontes não

degradadas até 72 horas necessitem de um tempo maior de contato para que a

degradação ocorra, uma vez que outros experimentos exibem a completa

degradação de 14 dias a 4 semanas (Sebiomo, et al., 2010; Thenmozhi, et al., 2011;

Dadrasnia & Agamuthu, 2013; Dadrasnia & Ismail, 2015).

A não degradação de óleo diesel S500 pode estar relacionada a algum efeito

de inativação da atividade do micro-organismo pelo enxofre presente em elevada

concentração nesse combustível fóssil (Gaylarde, 1999). A ação inibitória do enxofre

é corroborada pelo fato do óleo diesel S10, com menor teor de enxofre, ter sido

degradado após 72 horas de cultivo.

Por sua vez, de acordo com Seabra (2008), alguns óleos lubrificantes

possuem em sua composição substâncias aromáticas - como o acenafteno (C12H10)

– que apresentam baixa taxa de degradação quando comparado com outros

derivados de petróleo. A grande maioria destes óleos é composta por grandes

cadeias de hidrocarbonetos saturados e alguns aditivos. Os principais componentes

do óleo base podem ser os alcanos cíclicos e estes, por sua vez, são reconhecidos

como substâncias recalcitrantes durante a degradação microbiana (Thenmozhi et al.,

2011).

Bactérias do gênero Bacillus caracteristicamente produzem biossurfactanes e

podem empregar diferentes mecanismos para degradarem os hidrocarbonetos,

facilitando a transferência dos contaminantes para a fase aquosa através da

interação com os de natureza solúvel e elevando a disponibilidade e solubilidade dos

hidrocarbonetos, bem como reduzindo a tensão superficial e favorecendo o contato

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190

da superfície das células bacterianas com os substratos hidrofóbicos (Ayed et al.,

2015; Dadrasnia & Ismail, 2015).

Assim, todas as demais fontes de carbono - que incluem gasolina comum tipo

C, mistura B5 comercial, biodiesel metílico comercial de soja e sebo bovino,

biodiesel metílico de ORF, os lubrificantes sintéticos 10W40 e 15W40 e o óleo de

soja refinado - foram degradados em até 24 horas de crescimento microbiano, o que

indica que tal micro-organismo pode ser uma excelente opção para uso em

biorremediação, mas ao mesmo tempo consistir em um problema para o

armazenamento de biodiesel a curto prazo.

4. Conclusões

Os testes realizados sugerem que o isolado de biodidesel metílico produzido a

partir de óleo residual de fritura, identificado como Bacillus licheniformis, produz

biossurfactantes de menor massa molecular, uma vez que apresentou hemólise

desde o teste preliminar, sendo positivo para colapso da gota e produção de

emulsão, apresentando índice de emulsificação significativo em 24 h (IE24), o qual

foi superior a 50%.

Desta forma, o Bacillus licheniformis demonstrou ser capaz de degradar uma

grande variedade de produtos petroquímicos e biocombustíveis, em especial o

biodiesel e sua mistura com diesel. Assim, tal micro-organismo apresenta potencial

para o uso em processos de remediação ambiental, mas representa um problema

para o armazenamento de biodiesel e suas misturas com diesel, mesmo em curto

prazo.

Ademais, é importante observar que a produção de Bacillus licheniformis para

uso em remediação ambiental pode ser feita utilizando glicerol como fonte de

carbono, já que tal micro-organismo apresentou crescimento superior nesse

coproduto da produção de biodiesel do que em glucose, indicando que a produção

de biossurfactantes a partir desse micro-organismo pode ser mais uma atividade

comercial para as usinas de biodiesel.

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YOUSSEF, N. H.; DUNCAN, K. E.; NAGLE, D. P.; SAVAGE, K. N.; KNAPP, R. M.;

MACLNERNEY, M. J.; J. Comparison of methods to detect biosurfactant production

by diverse microorganisms. Microbiology Methods, 56: 339-347. 2004.

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CONCLUSÕES GERAIS

Os objetivos propostos para a realização desta tese foram alcançados, uma

vez que os estudos permitiram conhecer e sugerir algumas alternativas de cunho

tecnológico para incentivar o desenvolvimeto e aperfeiçoar a viabilidade da cadeia

de produção de biodiesel a partir de óleo de fritura.

Durante o trabalho foi possível utilizar uma metodologia otimizada

desenvolvida recentemente usando a esterificação ácida e transesterificação

alcalina para a produção de biodiesel metílico a partir de óleo de fritura, que embora

alguns aspectos estivessem fora dos limites permitidos pela legislação nacional, tais

como alto teor de água, viscosidade, acidez e teor de metais como sódio e potássio,

em função da presença de produtos de oxidação como ácidos graxos livres e

oxidados, hidroxiperóxidienos e cetodienos, verificou-se claramente a elevação da

qualidade do biodiesel produzido no que tange parâmetros como estabilidade

oxidativa através do uso de aditivos naturais como L-triptofano e curcumina.

Mesmo os parâmetros anteriores se encontrarem fora dos limites permitidos,

não foram capazes de interferir na ação antioxidante da curcumina mesmo por um

período de até 120 dias. O ponto de indução foi elevado muito além de 8 horas,

chegando até 26,70 horas na presenção de curcumina, 11,96 horas para L-triptofano

(ambos na concentração nominal de 700 mg/Kg) e de 20,98 horas para a mistura de

500 mg/Kg de cada um dos antioxidantes utilizados, indicando que a estabilidade

oxidativa pode ser mantida por até 120 dias, período muito acima do limite mínimo

que a legislação brasileira preconiza.

Observou-se que um comportamento sinérgico entre a curcumina e o L-

triptofano, os quais puderam expressar um resultado mais eficiente para a

estabilidade oxidativa do biodiesel de ORF armazenado em longo prazo, além da

possiblidade de se utilizar aditivos naturais os quais podem ter impacto ambiental

menor que os aditivos sintéticos utilizados até o momento para o biodiesel comercial,

como sugerido pela literatura.

Sobre os aspectos ecotoxicológicos existem relativamente poucas

publicações desde 1945, e em se tratando dos combustíveis alternativos questões

vinculadas à cadeia produtiva, regulamentação e os aspectos ambientais tais como

as potencialidades toxicológicas em curto e longo prazo e de sustentabilidade são

muito mais questionadas, embora suas vantagens superem as dos combustíveis

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fósseis. Fica evidenciado a importância de se explorar mais as características

tóxicas deste biocombustível uma vez que os estudos disponíveis podem ser

insuficientes para compreender totalmente o potencial de contaminação nos

ecossistemas.

Em relação ao aspecto ecotoxicológico, observou-se que o biodiesel de óleo

residual de fritura demonstrou ser menos tóxico que o biodiesel de óleo de soja

refinado frente à Artemia salina. Nas misturas de biodiesel de óleo residual de fritura

(B7 e B20) com óleo diesel A S500, quanto maior o percentual de biodiesel, menos

tóxica é a mistura, sendo o óleo diesel o mais tóxico dos combustíveis testados.

Portanto, o efeito tóxico frente ao organismo teste utilizado representando o

ambiente aquático salobro ou salino apresentou menor impacto que o biodiesel

produzido a partir de óleos refinados, o que demonstra que tal produto pode ser

utilizado com segurança ambiental até superior a proporcionada por biodiesel

produzido com o uso de óleos graxos de maior qualidade.

Do ponto de vista microbiológico o biodiesel recém-preparado apresenta uma

população bacteriana reduzida, porém com potencial para deteriorar o biodiesel

produzido a partir de óleo de fritura, principalmente na fase de armazenamento. Isso

pode ocorrer devido a capacidade do Bacillus licheniformis de produzir

biossurfactantes, os quais contribuem para ação deteriogênica do biodiesel.

Assim, conclui-se que as pesquisas efetuadas permitiram avaliar as

características físicas, químicas, ecotoxicológicas e microbiológicas de biodiesel

metílico de ORF e verificar os aspectos relevantes para melhorar efetivamente a

qualidade do mesmo utilizando um passivo ambiental, o óleo de fritura, o qual pode

se comportar nos ecossistemas com grande impacto, além de favorecer a

incorporação de uma alternativa viável de matéria graxa na cadeia produtiva do

biodiesel, fortalecendo a produção de energia renovável com qualidade.

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ANEXO I

Resolução ANP Nº 45, de 25/8/2014 - DOU 26/8/2014

Esatabelece a especificação do biodiesel contida no Regulamento Técnico ANP nº

3/2014 e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos

diversos agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território

nacional.

Disponível em

http://nxt.anp.gov.br/nxt/gateway.dll/leg/resolucoes_anp/2014/agosto/ranp%2045%2

0-%202014.xml

(Acesso em 28/03/2016)

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RESOLUÇÃO ANP Nº 45, DE 25.8.2014 - DOU 26.8.2014

A DIRETORA-GERAL da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS - ANP, no uso das atribuições legais, tendo em vista as disposições da Lei nº 9.478, de 06 de agosto de 1997, e suas alterações, e com base na Resolução de Diretoria nº 854, de 13 de agosto de 2014;

Considerando o interesse para o País em apresentar sucedâneos para o óleo diesel;

Considerando a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, que define o biodiesel como um combustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão, que possa substituir parcial ou totalmente o óleo diesel de origem fóssil;

Considerando as diretrizes emanadas do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, quanto à produção e ao percentual de biodiesel no óleo diesel a ser comercializado;

Considerando o disposto no inciso XVIII, art. 8º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, alterada pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, que estabelece a atribuição da ANP em especificar a qualidade do biodiesel, e

Considerando a Lei 12.490, de 16 de setembro de 2011 que, acrescenta e dá nova redação a dispositivos previstos na Lei nº 9.478/1997, além de ampliar a competência da ANP para toda a Indústria de Biocombustíveis, definida como o conjunto de atividades econômicas relacionadas com produção, importação, exportação, transferência, transporte, armazenagem, comercialização, distribuição, avaliação de conformidade e certificação da qualidade de biocombustíveis,

Resolve:

Seção I

Das Disposições Preliminares

Art. 1º Ficam estabelecidas, por meio da presente Resolução, a especificação do biodiesel contida no Regulamento Técnico ANP nº 3/2014 e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos diversos agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território nacional.

Parágrafo único. Fica vedada a comercialização de biodiesel que não se enquadre na especificação contida no Regulamento Técnico ANP, parte integrante desta Resolução.

Seção II

Das Definições

Art. 2º Para efeitos desta Resolução, definem-se:

I - Biodiesel: combustível composto de alquil ésteres de ácidos carboxílicos de cadeia longa, produzido a partir da transesterificação e/ou esterificação de matérias graxas, de gorduras de origem vegetal ou animal, e que atenda a especificação contida no Regulamento Técnico, parte integrante desta Resolução.

II - Óleo diesel A: combustível de uso rodoviário e não rodoviário, destinado a veículos e equipamentos dotados de motores do ciclo Diesel e produzido por processos de refino de petróleo e processamento de gás natural, sem adição de biodiesel.

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III - Óleo diesel B: óleo diesel A que contém biodiesel no teor estabelecido pela legislação vigente.

IV - Óleo diesel BX: óleo diesel A que contém biodiesel no teor superior ao estabelecido pela legislação vigente em proporção definida (X%) quando autorizado o uso específico ou experimental conforme regulamentação da ANP.

V - Produtor: pessoa jurídica ou consórcios autorizados pela ANP a exercerem a atividade de produção e comercialização de biodiesel.

VI - Distribuidor: pessoa jurídica autorizada pela ANP ao exercício da atividade de distribuição de combustíveis líquidos derivados de petróleo, biocombustíveis e outros combustíveis automotivos especificados ou autorizados pela ANP.

VII - Revendedor: pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício da atividade de revenda varejista que consiste na comercialização de combustível automotivo em estabelecimento denominado posto revendedor.

VIII - Transportador-Revendedor-Retalhista (TRR): pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício das atividades de transporte e revenda retalhista de combustíveis, de óleos lubrificantes e graxas envasados, óleo diesel B e óleo diesel BX.

IX - Importador: empresa autorizada pela ANP para o exercício da atividade de importação.

X - Exportador: empresa autorizada pela ANP para o exercício da atividade de exportação.

XI - Refinaria: pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício da atividade de refino de petróleo.

XII - Adquirente: pessoa jurídica autorizada pela ANP, responsável pela aquisição e armazenamento de biodiesel, para garantir o estoque regulatório necessário a fim de assegurar o abastecimento nacional de biodiesel.

XIII - Boletim de Análise: documento da qualidade emitido por laboratório cadastrado na ANP de acordo com a Resolução ANP nº 06, de 05 de fevereiro de 2014, ou outra que venha substituí-la, com informação(ões) e resultado(s) do(s) ensaio(s) realizado(s), conforme Regulamento Técnico, parte integrante desta Resolução.

XIV - Certificado da Qualidade: documento da qualidade emitido por Produtor, Adquirente e Importador que comprove o atendimento do produto comercializado à especificação da ANP, com todos os requisitos constantes do Artigo 5º, § 6º, da presente Resolução.

XV - Volume Certificado: quantidade segregada de produto em um único tanque, caracterizada por Certificado da Qualidade.

XVI - Firma inspetora: pessoa jurídica credenciada pela ANP, para realização de atividades de controle da qualidade na importação e exportação de derivados de petróleo, e biocombustíveis, de adição de marcador aos Produtos de Marcação Compulsória (PMC) indicados pela ANP, e de adição de corante ao etanol anidro combustível, conforme legislação vigente.

XVII - Aditivo: produto que contém componentes ativos, com ou sem fluido carreador ou diluente, que confere aos combustíveis propriedades benéficas ou que oferece ao veículo algum tipo de benefício, destinado a ser adicionado ao combustível em concentração que não exceda a 5.000 µL/L (0,5 % v/v);.

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XVIII - Componente ativo: composto químico ou combinação de compostos químicos responsável pelas propriedades benéficas do aditivo.

XIX - Diluente: veículo no qual o componente ativo do aditivo é diluído, com a finalidade de facilitar sua mistura com o combustível ou seu bombeamento e movimentação.

XX - Terminal de carregamento: local de carregamento do produto, no país de origem.

Seção III

Da Comercialização

Art. 3º O biodiesel só poderá ser comercializado pelos Produtores, Distribuidores, Refinarias, Adquirentes, Importadores e Exportadores de biodiesel autorizados pela ANP.

§ 1º Somente os Distribuidores e as Refinarias autorizados pela ANP poderão realizar a mistura óleo diesel A/biodiesel para efetivar sua comercialização.

§ 2º É vedada a comercialização de biodiesel pelo Produtor ou Refinaria ou Adquirente ou Distribuidor ou Importador para Revendedor ou Transportador-Revendedor-Retalhista.

Art. 4º O Distribuidor e o Adquirente deverão recusar o recebimento do produto caso constatem qualquer não-conformidade presente no Certificado da Qualidade ou após realização de análise de amostra representativa. Tal não-conformidade deverá ser comunicada à ANP por meio de endereço eletrônico disponibilizado no sítio http://www.anp.gov.br, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, considerando-se somente os dias úteis, e informando:

I - Data da ocorrência;

II - Número e data de emissão da Nota Fiscal e;

III - CNPJ do emitente da Nota Fiscal.

Seção IV

Da Certificação do Biodiesel

Art. 5º O Produtor, o Adquirente e o Importador ficam obrigados a garantir a qualidade do biodiesel a ser comercializado em todo o território nacional e a emitir o Certificado da Qualidade de amostra representativa, cujos resultados deverão atender aos limites estabelecidos da especificação constante no Regulamento Técnico ANP, parte integrante desta Resolução.

§ 1º O produto somente poderá ser liberado para a comercialização após a sua certificação, com a emissão do respectivo Certificado da Qualidade, que deverá acompanhar o produto.

§ 2º As análises constantes do Certificado da Qualidade só poderão ser realizadas em laboratório próprio do Produtor, do Adquirente ou outro(s) contratado(s) por estes, o(s) qual(is) deverá(ão) ser cadastrado(s) pela ANP conforme Resolução ANP nº 06, de 05 de fevereiro de 2014, ou outra que venha a substituí-la.

§ 3º No caso de certificação do biodiesel utilizando laboratório próprio e contratado, o Produtor e o Adquirente deverão emitir Certificado da Qualidade único, agrupando todos os resultados constantes do(s) Boletim(ns) de Análise que tenham

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recebido do(s) laboratório(s) cadastrado(s) pela ANP. Esse Certificado deverá indicar o(s) laboratório(s) responsável(is) por cada ensaio.

§ 4º Caso o produto não seja comercializado no prazo máximo de 1 (um) mês, a partir da data de certificação constante do Certificado da Qualidade, a característica massa específica a 20 ºC deverá ser novamente analisada:

I - Se a diferença encontrada com relação à massa específica a 20 ºC do Certificado da Qualidade for inferior a 3,0 kg/m³, deverão ser novamente avaliados o teor de água, o índice de acidez e a estabilidade à oxidação a 110 ºC.

II - Se a diferença for superior a 3,0 kg/m³, deverá ser realizada a recertificação completa segundo esta Resolução.

§ 5º No caso da importação de biodiesel, a análise de amostra representativa e a emissão do Certificado da Qualidade deverão ser realizadas por Firma Inspetora, contratada pelo Importador, atestando que o produto atende ao Regulamento Técnico ANP, parte integrante desta Resolução.

I - A Firma Inspetora deverá ser cadastrada na ANP ou poderá contratar laboratório cadastrado junto à ANP para emissão do Boletim de Análise.

II - A Firma Inspetora ficará obrigada a apresentar os Boletins de Análise emitidos pelo(s) laboratório(s) contratado(s), caso seja solicitado pela ANP.

§ 6º O Certificado da Qualidade referente ao produto comercializado deverá conter:

I - os resultados das análises dos parâmetros especificados, com indicação dos métodos empregados e os respectivos limites constantes da especificação, conforme Regulamento Técnico ANP, parte integrante desta Resolução;

II - o tanque de origem e a identificação do lacre da amostra-testemunha, previsto no art. 6º deste regulamento;

III - a data de produção do biodiesel;

IV - o material graxo e o álcool utilizado para obtenção do biodiesel;

a) Caso seja usado mais de um tipo de material graxo, devem ser informadas suas respectivas proporções;

V - a identificação do aditivo utilizado na fase de produção, quando for o caso, cabendo classificar o tipo;

a) Após a aditivação, o biodiesel deverá permanecer de acordo com a sua especificação técnica.

VI - identificação própria por meio de numeração sequencial anual, inclusive no caso de cópia emitida eletronicamente;

VII - assinatura do químico responsável pela qualidade do produto na empresa, com indicação legível de seu nome e número de inscrição no Conselho Regional de Química;

VIII - indicação do laboratório cadastrado na ANP responsável por cada ensaio efetuado e da identificação de cada Boletim de Análise utilizado para compor o respectivo Certificado da Qualidade.

§ 7º Em qualquer situação, o Boletim de Análise deverá ser emitido por laboratório cadastrado conforme as regras estabelecidas na Resolução ANP nº 06 de 05 de fevereiro de 2014, ou regulamentação superveniente que venha a substituí-la.

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§ 8º O Boletim de Análise deverá ser firmado pelo químico responsável pelos ensaios laboratoriais efetuados, com indicação legível de seu nome e número da inscrição no órgão de classe.

§ 9º Para documentos emitidos eletronicamente, é obrigatória a assinatura digital, efetivada mediante utilização de certificado digital válido, de propriedade do responsável pela assinatura do Certificado da Qualidade ou do Boletim de Análise.

§ 10º O Produtor, o Adquirente e a Firma Inspetora somente poderão utilizar o Boletim da Análise como Certificado da Qualidade quando o mesmo for emitido por laboratório próprio, cadastrado na ANP, e contemplar todas as características necessárias à certificação do produto.

Art. 6º Deverão ser mantidas pelo Produtor, Adquirente e Importador, em local protegido de luminosidade e de aquecimento, duas amostras-testemunha de 1 (um) litro cada, representativas do Volume Certificado, devidamente identificadas com o número do Certificado da Qualidade e de seu respectivo lacre.

§ 1º Cada amostra-testemunha deverá ser armazenada em recipiente de cor âmbar de 1 (um) litro de capacidade, com batoque e tampa plástica.

§ 2º O recipiente indicado no § 1º deste artigo deverá ser lacrado, com lacre de numeração controlada, que deixe evidências no caso de violação.

§ 3º Deverão ficar à disposição da ANP para qualquer verificação julgada necessária:

I - as amostras-testemunha, pelo prazo mínimo de 1 mês, a contar da data de saída do produto das instalações do Produtor, Adquirente e Importador;

II - o Certificado da Qualidade, acompanhado dos originais dos Boletins de Análise utilizados na sua composição, quando for o caso, pelo prazo mínimo de 12 meses, a contar da data de saída do produto das instalações do Produtor, Importador e Adquirente.

§ 4º O Certificado da Qualidade deverá ser obrigatoriamente rastreável às suas respectivas amostras-testemunha e Boletins de Análise.

Art. 7º O Produtor, o Importador e o Adquirente deverão enviar mensalmente à ANP, até o 15º (décimo quinto) dia do mês subseqüente à comercialização do produto, todas as informações constantes dos Certificados da Qualidade emitidos no mês de referência e respectivos Volumes Certificados, por meio de endereço eletrônico disponibilizado no sítio http://www.anp.gov.br.

§ 1º O Adquirente só deverá enviar as informações citadas no caput deste artigo no caso em que este armazenar o produto em instalação própria ou por ele contratado. No caso em que o produto adquirido pelo Adquirente ficar armazenado em instalação do produtor de biodiesel, a certificação deverá ser feita pelo Produtor.

§ 2º Os agentes citados no caput deste artigo deverão enviar os dados, em formato eletrônico, segundo orientações de preenchimento disponibilizadas no sítio da ANP http://www.anp.gov.br.

§ 3º Quando não houver comercialização de biodiesel em um determinado mês, o Produtor e o Adquirente deverão obrigatoriamente comunicar à ANP por meio de endereço eletrônico disponibilizado no sítiohttp://www.anp.gov.br.

§ 4º No caso da importação do biodiesel, quando houver comercialização do produto, o Importador ficará obrigado a enviar o formulário eletrônico citado no § 1º deste artigo.

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Seção V

Dos Documentos Fiscais

Art. 8º A documentação fiscal e o Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE) emitidos por Produtor, Adquirente e Importador, para fins de entrega e referentes às operações de comercialização do produto, deverão indicar o número do Certificado da Qualidade e do lacre da amostra-testemunha correspondentes ao produto.

Parágrafo único. O produto, ao ser transportado, deverá ser acompanhado de cópia legível do respectivo Certificado da Qualidade, atestando que o produto comercializado atende a especificação estabelecida no Regulamento Técnico, parte constante desta Resolução.

Seção VI

Das Disposições Finais

Art. 9º O não atendimento às regras estabelecidas na presente Resolução sujeita os infratores às sanções administrativas previstas na Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, e no Decreto nº 2.953, de 28 de janeiro de 1999, sem prejuízo das penalidades de natureza civil e penal.

Art. 10. Os casos não contemplados nesta Resolução serão analisados pela Diretoria da ANP.

Art. 11. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União.

Art. 12. Fica revogada a Resolução ANP nº 14 de 11 de maio de 2012.

MAGDA MARIA DE REGINA CHAMBRIARD

ANEXO

REGULAMENTO TÉCNICO ANP Nº 3/2014

1. Objetivo

Este Regulamento Técnico aplica-se ao biodiesel nacional ou importado e estabelece a sua especificação.

2. Normas Aplicáveis

A determinação das características do biodiesel deverá ser feita mediante o emprego das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), das normas internacionais da "American Society for Testing and Materials" (ASTM), da "International Organization for Standardization" (ISO) e do "Comité Européen de Normalisation" (CEN).

Os dados de repetibilidade e de reprodutibilidade fornecidos nos métodos relacionados neste Regulamento devem ser usados somente como guia para aceitação das determinações em duplicata do ensaio e não devem ser considerados como tolerância aplicada aos limites especificados neste Regulamento.

A análise do produto deverá ser realizada em amostra representativa obtida segundo os métodos ABNT NBR 14883 - Petróleo e produtos de petróleo - Amostragem manual, ASTM D 4057 - Practice for Manual Sampling of Petroleum

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and Petroleum Products ou ISO 5555 - Animal and vegetable fats and oils - Sampling.

As características constantes da Tabela I de Especificação do Biodiesel deverão ser determinadas de acordo com a publicação mais recente dos seguintes métodos de ensaio, com exceção ao método proposto pela norma EN 12662, para o qual deve ser utilizada a versão de 1998 ou 2008:

(Nota)

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2.1. Métodos ABNT

MÉTODO TÍTULO

NBR 6294 Óleos lubrificantes e aditivos - Determinação de cinza sulfatada

NBR 7148 Petróleo e produtos de petróleo - Determinação da massa específica, densidade relativa e ºAPI - Método do densímetro

NBR 10441 Produtos de petróleo - Líquidos transparentes e opacos - Determinação da viscosidade cinemática e cálculo da viscosidade dinâmica

NBR 14065 Destilados de petróleo e óleos viscosos - Determinação da massa específica e da densidade relativa pelo densímetro digital.

NBR 14359 Produtos de petróleo - Determinação da corrosividade - Método da lâmina de cobre

NBR 14448 Produtos de petróleo - Determinação do índice de acidez pelo método de titulação potenciométrica

NBR 14598 Produtos de petróleo - Determinação do ponto de fulgor pelo aparelho de vaso fechado Pensky-Martens

NBR 14747 Óleo Diesel - Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio

NBR 15342 Biodiesel - Determinação de monoglicerídeos e diglicerídeos em biodiesel de mamona por cromatografia gasosa

NBR 15343 Biodiesel - Determinação da concentração de metanol e/ou etanol por cromatografia gasosa

NBR 15344 Biodiesel - Determinação de glicerina total e do teor de triglicerídeos em biodiesel

NBR 15553 Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos - Determinação dos teores de cálcio, magnésio, sódio, fósforo e potássio por espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES)

NBR 15554 Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos - Determinação do teor de sódio por espectrometria de absorção atômica

NBR 15555 Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos - Determinação do teor de potássio por espectrometria de absorção atômica

NBR 15556 Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos - Determinação do teor de sódio, potássio, magnésio e cálcio por espectrometria de absorção atômica

NBR 15764 Biodiesel - Determinação do teor total de ésteres por cromatografia gasosa

NBR 15771 Biodiesel - Determinação de glicerina livre - Método Volumétrico

NBR 15867 Biodiesel - Determinação do teor de enxofre por espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES)

NBR 15908 Biodiesel - Determinação da glicerina livre, monoglicerídeos, diglicerídeos, triglicerídeos e glicerina total por cromatografia gasosa

NBR 15995 Biodiesel - Determinação da contaminação total

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2.2. Métodos ASTM

MÉTODO TÍTULO

ASTM D93 Flash point by Pensky-Martens closed cup tester

ASTM D130 Corrosiveness to copper from petroleum products by copper strip test

ASTM D445 Kinematic viscosity of transparent and opaque liquids (and calculation of dynamic viscosity

ASTM D613 Cetane number of Diesel fuel oil

ASTM D664 Acid number of petroleum products by potentiometric titration

ASTM D874 Sulfated ash from lubricating oils and additives

ASTM D1298 Density, relative density (specific gravity) or API gravity of crude petroleum and liquid petroleum products by hydrometer

ASTM D4052 Density and relative density of liquids by digital density meter

ASTM D4951 Determination of additive elements in lubricating oils by inductively coupled plasma atomic emission spectrometry

ASTM D5453 Determination of total sulfur in light hydrocarbons, spark ignition engine fuel, diesel engine fuel, and engine oil by ultraviolet fluorescence

ASTM D6304 Determination of water in petroleum products, lubricating oils, and additives by coulometric Karl Fisher titration

ASTM D6371 Cold filter plugging point of Diesel and heating fuels

ASTM D6584 Determination of total monoglyceride, total diglyceride, total triglyceride, and free and total glycerin in B-100 biodiesel methyl esters by gas chromatography

ASTM D6890 Determination of ignition delay and derived cetane number (DCN) of Diesel fuel oils by combustion in a constant volume chamber

2.3. Métodos EN/ISO

MÉTODO TÍTULO

EN 116 Determination of cold filter plugging point

EN ISO 2160 Petroleum products - Corrosiveness to copper - Copper strip test

EN ISO 3104 Petroleum products - Transparent and opaque liquids - Determination of kinematic viscosity and calculation of dynamic viscosity

EN ISO 3675 Crude petroleum and liquid petroleum products - Laboratory determination of density - Hydrometer method

EN ISO 3679 Determination of flash point - Rapid equilibrium closed cup method

EN ISO 3987 Petroleum products - Lubricating oils and additives - Determination of sulfated ash

EN ISO 5165 Diesel fuels - Determination of the ignition quality of diesel fuels - Cetane engine method

EN ISO 12185 Crude petroleum and liquid petroleum products. Oscillating U-tube method

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EN 12662 Liquid Petroleum Products - Determination of contamination in middle distillates

EN ISO 12937 Petroleum Products - Determination of water - Coulometric Karl Fischer titration method

EN 14103 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of ester and linolenic acid methyl ester contents

EN 14104 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of acid value

EN 14105 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free and total glycerol and mono-, di- and triglyceride content - (Reference Method)

EN 14106 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free glycerol content

EN 14107 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of phosphorous content by inductively coupled plasma (ICP) emission spectrometry

EN 14108 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of sodium content by atomic absorption spectrometry

EN 14109 Fat and oil derivatives -Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of potassium content by atomic absorption spectrometry

EN 14110 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of methanol content

EN 14111 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of iodine value

EN 14112 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of oxidation stability (accelerated oxidation test)

EN 14538 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of Ca, K, Mg and Na content by optical emission spectral analysis with inductively coupled plasma (ICP-OES)

EN 15751 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) and blends with diesel fuel. Determination of oxidation stability by accelerated oxidation method

EN 16294 Petroleum Products And Fat And Oil Derivatives - Determination of Phosphorus Content In Fatty Acid Methyl Esters (Fame) - Optical Emission Spectral Analysis With Inductively Coupled Plasma (ICP OES)

EN ISO 20846 Petroleum Products - Determination of sulfur content of automotive fuels - Ultraviolet fluorescence method

EN ISO 20884 Petroleum Products -Determination of sulfur content of automotive fuels - Wavelength-dispersive X -ray fluorescence spectrometry

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Tabela I - Especificação do Biodiesel

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

ABNT NBR ASTM D EN/ISO

Aspecto - LII (1) (2) - - -

Massa específica a 20º C kg/m³ 850 a 900 7148

14065

1298

4052

EN ISO 3675

EN ISO 12185

Viscosidade Cinemática a 40ºC mm²/s 3,0 a 6,0 10441 445 EN ISO 3104

Teor de água, máx. mg/kg 200,0 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminação Total, máx. (13) mg/kg 24 15995 - EN12662 (5)

(Nota)

Ponto de fulgor, mín. (4) ºC 100,0 14598 93 EN ISO 3679

Teor de éster, mín % massa 96,5 15764 - EN 14103 (5)

Cinzas sulfatadas, máx. (6) % massa 0,020 6294 874 EN ISO 3987

Enxofre total, máx. mg/kg 10 15867 5453 EN ISO 20846

EN ISO 20884

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5 15554

15555

15553

15556

- EN 14108 (5)

EN 14109 (5)

EN 14538 (5)

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553

15556

- EN 14538 (5)

Fósforo, máx. (7) mg/kg 10 15553 4951 EN 14107 (5)

EN 16294 (5)

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC máx.(6) - 1 14359 130 EN ISO 2160

Número Cetano (6) - Anotar - 613

6890 (8)

EN ISO 5165

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Ponto de entupimento de filtro a frio, máx. ºC (9) 14747 6371 EN 116

Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,50 14448

-

664

-

EN 14104 (5)

Glicerol livre, máx. % massa 0,02 15771

15908 (5)

-

6584 (5)

-

EN 14105 (5)

EN 14106 (5)

Glicerol total, máx. (10) % massa 0,25 15344

15908 (5)

6584 (5)

-

EN 14105 (5)

Monoacilglicerol, máx. % massa 0,7 15342 (5)

15344

15908 (5)

6584 (5) EN 14105 (5)

Diacilglicerol, máx. % massa 0,20 15342 (5)

15344

15908 (5)

6584 (5) EN 14105 (5)

Triacilglicerol, máx. % massa 0,20 15342 (5)

15344

15908 (5)

6584 (5) EN 14105 (5)

Metanol e/ou Etanol, máx. % massa 0,20 15343 - EN 14110 (5)

Índice de Iodo g/100g Anotar - - EN 14111 (5)

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín. (11) h 6 (12) - - EN 14112 (5)

EN 15751 (5)

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Nota:

(1) Límpido e isento de impurezas, com anotação da temperatura de ensaio. Em caso de disputa, o produto só poderá ser considerado como não especificado no Aspecto, caso os parâmetros teor de água e/ou contaminação total estejam não conformes.

(2) Para efeito de fiscalização, nas autuações por não conformidade no Aspecto, deverão ser realizadas as análises de teor de água e contaminação total. O produto será reprovado caso pelo menos um desses dois últimos parâmetros esteja fora de especificação.

(3) Para efeito de fiscalização, nas autuações por não conformidade, será admitida variação de +50 mg/kg no limite do teor de água no biodiesel para o produtor e de +150 mg/kg para o distribuidor.

(4) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ºC, fica dispensada a análise de teor de metanol ou etanol.

(5) Os métodos referenciados demandam validação para os materiais graxos não previstos no método e rota de produção etílica.

(6) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificação a cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados à ANP pelo Produtor de biodiesel, tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste período haver mudança de tipo de material graxo, o Produtor deverá analisar número de amostras correspondente ao número de tipos de materiais graxos utilizados.

(7) Em caso de disputa, deve ser utilizado o método EN 14107 como referência.

(8) O método ASTM D6890 poderá ser utilizado como método alternativo para determinação do número de cetano.

(9) Limites conforme Tabela II. Para os estados não contemplados na Tabela o ponto de entupimento a frio permanecerá 19ºC.

(10) Poderá ser determinado pelos métodos ABNT NBR 15908, ABNT NBR 15344, ASTM D6584 ou EN14105, sendo aplicável o limite de 0,25% em massa. Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente láurico, deve ser utilizado método ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344, sendo aplicável o limite de 0,30% em massa.

(11) O limite estabelecido deverá ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do combustível.

(12) A estabilidade à oxidação a 110 ºC terá seu limite mínimo de 8 horas, a partir de 1º de novembro de 2014.

(13) Deverá ser utilizada somente a versão da norma de 1998 ou 2008 (EN 12662:1998 ou EN 12662:2008)

(Nota)

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Tabela II - Ponto de Entupimento de Filtro a Frio

UNIDADES DA

FEDERAÇÃO

LIMITE MÁXIMO, ºC

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

SP-MG-MS 14 14 14 12 8 8 8 8 8 12 14 14

GO/DF-MT-ES-RJ

14 14 14 14 10 10 10 10 10 14 14 14

PR–SC-RS 14 14 14 10 5 5 5 5 5 10 14 14