30

Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar
Page 2: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

PARANÁGOVERNO DO ESTADO

FICHA CATALOGRÁFICA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE 2010

Título: Leitura, Escrita e Contação de História: Atividades Lúdicas na sala de aula.

Autor: Célia de Souza Alves

Escola de Atuação: Colégio Estadual José Domingues da Costa. Ensino Fundamental e Médio

Município da escola: Congonhinhas

Núcleo Regional de Educação: Cornélio Procópio

Orientador: Miguel Heitor Braga Vieira

Instituição de Ensino Superior UENP

Disciplina/Área (entrada no PDE): Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica: Unidade Didática.

Relação Interdisciplinar:

Público Alvo: Alunos da 1ª série do Ensino Médio

Localização: Colégio Estadual José Domingues da Costa.Av: Manoel Ribas, 688

Apresentação: Esta pesquisa tem como objetivo propor atividades de leitura que desenvolvam a capacidade da oralidade, da escuta e da escrita, no processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa. O qual vem contemplar considerações pertinentes ao ato de escrever, por meio de elaboração coletiva de um instrumento didático pedagógico, através da aplicação dos conteúdos e apropriação do conhecimento fundamentados na Pedagogia-Crítica difundida por João Luiz Gasparin.Levando-se em conta os grandes problemas apresentados pelos alunos em relação à produção textual nas escolas e a carência de uma concepção de linguagem que lhes confira significação à produção escrita, procurando mostrar a escrita dos diários de alunos como forma de manifestação lingüística a ser valorizada pela escola.

Palavras-chave: Leitura, escrita e contação de histórias.

Page 3: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

Produção Didática – Pedagógica

Unidade Didática

1. Identificação

1.1- Área PDE: Língua Portuguesa.

1.2- Professor PDE: Célia de Souza Alves.

1.3- Professor Orientador IES: Miguel Heitor Braga Vieira.

1.4- IES Vinculada: UENP.

1.5- Escola de Implementação: Colégio Estadual José Domingues da Costa.

1.6- Município: Congonhinhas.

1.7- NRE: Cornélio Procópio.

1.8- Público Objetivo da Intervenção: Alunos da 1ª série do Ensino Médio.

2. Título- Leitura, escrita e contação de história: Atividades lúdicas na sala de aula.

INTRODUÇÃO:

Tendo em vista a importância de aprimorar as competências da leitura,

escrita, fala e contação de história, de forma dinâmica, é que foi selecionada a turma

da 1ª série do Ensino Médio. Este trabalho vem contemplar considerações

pertinentes ao ato de escrever, por meio de elaboração coletiva de um instrumento

didático pedagógico, através da aplicação dos conteúdos e apropriação do

conhecimento fundamentados na Pedagogia - crítica difundida por João Luiz

Gasparin, na qual apresenta em cinco capítulos, em que cada um é constituído de

um quadro teórico metodológico e dos correspondentes procedimentos operacionais

da ação docente – discente e complementar.

O instrumento é o Gênero Textual “Diário”, que vai ser produzido pelos alunos

durante os encontros semanais, o qual constituem-se em instrumentos de escrita

que possibilitam reflexão de quem lê e de quem escreve, além de poderem ser

considerados como meios para a elaboração de saberes quanto a linguagem escrita

pelos alunos. Em sua concepção ampla, como materiais pouco estudados no mundo

2

Page 4: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

contemporâneo, o trabalho contempla ainda um levantamento daquilo que será

produzido principalmente no que diz respeito à utilização dos diários enquanto

instrumento didático pedagógico, além de analisar alguns diários publicados, como

“O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria”

(Michel Quoist), a fim de tomar maior contato com tal gênero de escrita.

Segundo Marcuschi, 2002, “os gêneros são, em última análise, o reflexo de

estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura. Por isso, em princípio, a

variação de gêneros, mas este é um aspecto que somente o estudo intercultural dos

gêneros poderá decidir.”

Para Bronckart (1994), os gêneros constituem ações de linguagem que

requerem do agente produtor uma serie de decisões que ele necessita ter

competência para executar: a primeira delas é a escolha que deve ser feita a partir

do rol de gêneros existentes, em que lhe parece adequado ao contexto e à intenção

comunicativa; e a segunda, é a decisão e a aplicação que poderá acrescentar algo a

forma destacada ou recriá-la.

Sobre os gêneros digitais como o blog se justificam pelo fato de que esses

diários virtuais têm se tornado uma ferramenta muito popular entre jovens e já fazem

parte de sua vida cotidiana. O blog surge como um novo gênero a ser descrito e

explorado, sai da internet e migra para a sala de aula, passa de diário íntimo da rede

para uma ferramenta a mais para o professor.

O blog é concebido como um espaço em que o escrevente pode expressar o

que quiser na atividade da escrita, com a escolha de imagens e de sons que

compõem o todo do texto veiculado pela internet.

A aproximação dos blogs ao gênero dos diários pode ser justificada pela

projeção de uma imagem estereotipada daquele que se ocupa de escritos pessoais.

Quem escreve sobre si, para relatar acontecimentos íntimos.

Os blogs, que seriam, segundo Marcuschi (2004, p.31), um gênero emergente

que teria como contra-parte preexistente os diários pessoais, abrigam tanto escritas

sobre si, ou seja, declarações de cunho pessoal que formariam o gênero “diário

pessoal”, quanto piadas, músicas e outros gêneros que demonstram o gosto pessoal

do dono do blog.

Os PCNs referem-se à atividade discursiva vista como forma textual

empiricamente realizada, mas essas recomendações deveriam implicar a

consideração, por parte dos professores, não só da estrutura, mas também do uso,

3

Page 5: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

ou seja, da interação, uma vez que o texto resulta de uma base de orientação

constituída por um conjunto das representações do agente-produtor acerca da

definição dos parâmetros de situação comunicativa (o lugar e o momento da

produção, o emissor e o receptor, a instituição social onde se dá a interação, os

papéis sociais do produtor e do destinatário e o objetivo da interação).

JUSTIFICATIVA:

Levando-se em conta os grandes problemas apresentados pelos alunos em

relação à produção textual nas escolas e a carência de uma concepção de

linguagem que lhes confira significação à produção escrita, procurando mostrar a

escrita dos diários de alunos como forma de manifestação linguística a ser

valorizada pela escola.

Contudo, se o que se deseja é atrair o aluno para as possibilidades da língua,

é preciso permitir que ele contribua com suas manifestações linguísticas e se

conscientize das diversas formas de expressão, sejam elas, orais ou escritas, com

condições específicas de produção. Nesse sentido, tornando-se interessante fazer

uma comparação entre os diferentes contextos abordados no trabalho, isto é, a

escrita do diário e a escrita da escola, indicando-se assim tais diferenças, a fim de

se considerar também o diário como uma escrita valiosa para o uso de linguagem.

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

• Desenvolver da destreza escrita a partir da produção de um diário pessoal.

Objetivo Específico:

• Identificar as características do gênero, bem como do emprego de linguagem

informal, de expressões idiomáticas, datas, etc.

• Entender o diário como um gênero textual da ordem relatar.

• Conhecer as práticas sociais da produção e circulação do diário.

• Construir textos adequados ao gênero textual diário.

4

Page 6: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

Sequência Didática

Unidade DidáticaParte IPrática SocialNível de Desenvolvimento Atual do Educando

Prática Social Inicial do ConteúdoO que os alunos e o professor já sabem

A prática social inicial consiste em preparar o aluno para entrar em contato

com a temática, e inicialmente o professor fará um diagnóstico com relação aos

hábitos de leitura e escrita dos alunos para que a partir da resposta dos mesmos o

professor possa então conduzir as atividades da melhor forma possível, alguns

questionamentos seria se eles têm o hábito de ler e com que freqüência esse ato se

realiza? Quais os gêneros de leitura eles lêem? Se eles tem hábito de escrever? Em

resposta afirmativa o que geralmente eles escrevem, ou seja, que tipos de produção

eles realizam.

Parte II:Teoria.Zona de Desenvolvimento Imediato do Educando.

PROBLEMATIZAÇÃO.EXPLICITAÇÃO DOS PRINCIPAIS

PROBLEMAS DA PRÁTICA SOCIAL.

Neste segundo momento que consiste na problematização será apresentado

para os alunos a pintura “Moça” de Almeida Junior. Sabemos que textos não são só

aqueles formados por palavras e frases, que se encadeiam para ganhar sentido. Os

comerciais da TV, as pinturas em livros e obras de arte são formados por sinais que

precisam ser decodificados, lidos, para serem compreendidos. Agrupando aos textos

5

Page 7: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

verbais, essas linguagens ajudam os alunos a interagir com o mundo e a se

expressar melhor.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_J%C3%BAnior

A partir da pintura “Moça”, será feito alguns questionamentos, como:

- O que vocês podem observar nesta obra?

- O que mais chamou sua atenção nesta obra?

- Que elementos tornam perceptíveis na imagem?

- O que podemos analisar através desta imagem, isto é, a respeito dos aspectos

formais da obra?

- Na sua opinião, é possível vislumbrar uma história a partir da imagem? Qual?

Parte IIIINSTRUMENTALIZAÇÃO.AÇÕES DIDÁTICAS – PEDAGÓGICOS PARA A APRENDIZAGEM.

Logo após a pintura, iniciaremos o processo de instrumentalização, nessa

atividade, os alunos estabelecem uma comparação intelectual entre seus

conhecimentos cotidianos e os conhecimentos científicos.

Este trabalho apresenta uma intervenção pedagógica com o gênero textual

“Diário”, pouco usado e pouco conhecido no meio escolar. E sabemos que a

principal meta é levar o aluno a utilizar a linguagem na escrita e produção de textos

orais e na leitura e produção de textos escritos de modo a atender a múltiplas

demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e considerar

condições de produção do discurso (Brasil/MEC, 1998).

Esta forma pode revelar-se um excelente lugar de registro de uma escrita ao

sabor de impulsos momentâneos, correspondendo ao desejo de apenas escrever. O

6

Page 8: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

autor utiliza o diário como um lugar onde ele pode expor seus sentimentos e contar

seus segredos.

Também sabemos que o diário pessoal pode, muitas vezes, tornar-se um

documento de grande valor histórico, quando relata fatos desconhecidos pela

maioria das pessoas, como “O Diário de Anne Frank”, “O Diário de Zlata Filipovic”,

“O Diário de Ana Maria”, entre outros.

Nesse momento será apresentada a leitura do texto “Páginas de um diário”,

de Lino de Albergaria que relata a história de um jovem de treze anos

aproximadamente que estuda no ensino fundamental e que ajuda os pais no

sustento da família.

PÁGINAS DE UM DIÁRIO8/11/94

Ontem, uma segunda-feira, já ia subir o morro, depois da aula, quando encontro

Maria Laura. Decidi mudar de ideia e fazer uma coisa. Perguntei se ela queria

passear comigo na pracinha que existe lá embaixo.

– Vamos esperar o pôr-do-sol – eu propus.

– Vai demorar – ela disse.

– A gente espera, fica conversando. Aposto que você não tem nada para fazer.

E não tinha mesmo, porque topou. Um banco estava vazio, perto de uma árvore.

Foi lá que a gente ficou.

– Desculpa ter demorado pra devolver suas poesias – ela falou.

– Esquece isso.

– Sabe por quê? Eu estava copiando.

– Você copiou?

Então pensei que ela entendeu e eu não tinha percebido que ela tinha entendido.

Que aquilo era meu amor, entregue de bandeja. É, ela sabia que eu gostava dela. E

até guardou a prova, a confissão.

Já que era assim, tomei coragem e segurei a mão dela. Fiquei sem saber se ela ia

tirar. Não tirou.

O céu foi começado a mudar de cor. Alguma coisa vermelha ia mudando o azul.

– Olha, começou – eu falei, apontando para o céu.

Ela olhou. Ficamos olhando juntos. O sol se afastando e pintando o céu.

7

Page 9: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

– Maria Laura...

Ela olhou para mim e eu a puxei para perto. Ela veio. Pus meus lábios sobre os dela.

Olhando o céu. Antes que anoitecesse, ela chamou para a gente subir.

Entrou em casa sem se voltar. Acho que estava atrasada. Continuei minha subida,

sem pressa nenhuma. Esperando pela primeira estrela.

Lino de Albergaria. Caderno de segredos.

São Paulo. Saraiva, 1996.

Disponível em: http://entremulheres.com/artigos/5-resolucoes-para-ano-novo-que-

nao-deve-fazer

DIALOGANDO COM O TEXTO

1) Um diário serve para registrar momentos que, de certa forma, nos tocam, nos

emocionam.

a) De quem são as experiências registradas nessas páginas de diário?

R- São de José Carlos.

b) Você sabe que narrador é aquele que conta a história. Observe o narrador

desse texto. Ele também é personagem? Qual o ponto de vista assumido por ele

na história?

R- Sim, ele também é personagem, pois narra em 1ª pessoa.

c) Que palavras permitem reconhecer o ponto de vista do narrador?

R- Os pronomes e verbos em 1ª pessoa. Exemplos: (eu) decidi; eu propus.

2) Por que o encontro entre José Carlos e Maria Laura mereceu ser registrado

nessas páginas de diário?

8

Page 10: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

R- Porque foi um momento marcante para eles. José Carlos descobriu que Maria

Laura correspondia ao seu amor, e numa pracinha, apreciando o pôr-do-sol,

aconteceu o primeiro beijo.

3) Durante o diálogo entre Maria Laura e José Carlos, ela confessa ter copiado

os poemas dele.

a) Como ele interpretou o que Maria Laura disse?

R- Como uma declaração de reciprocidade ao seu amor.

b) Que outros sinais no comportamento de Maria Laura podem ter levado José

Carlos a fazer essa interpretação?

R- O fato de ela aceitar passear com ele na pracinha e esperar a chegada do

pôr-do-sol em sua companhia.

4) O narrador-personagem, ao registrar suas experiências no diário, emprega

palavras e expressões coloquiais, próprias do discurso oral. Identifique as

marcas de oralidade nos trechos a seguir e transcreva-as em seu caderno.

a) “Foi lá que a gente ficou.

– Desculpa ter demorado pra devolver suas poesias – ela falou.”

R- A gente; desculpa; pra.

b) “Então pensei que ela entendeu e eu não tinha percebido que ela tinha

entendido.”

R- A repetição das formas verbais entendeu / tinha percebido / tinha entendido.

c) Que efeito o emprego dessas palavras e expressões transmitem ao texto?

R- Transmitem um efeito de coloquialidade e informalidade.

5) O primeiro beijo entre os jovens aconteceu no momento do pôr-do-sol.

a) De que modo o cenário descrito se relaciona ao momento vivido pelos jovens?

R- A mudança de cores do céu, o vermelho invadindo o azul, simboliza o

momento de amor vivido pelos jovens.

b) Na sua opinião, qual cor descrita nesse momento pode ser associada, de

maneira simbólica, ao sentimento dos personagens?

R- O vermelho. Simbolicamente é uma cor associada ao amor e à paixão.

9

Page 11: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

6) Os fatos da narrativa estão ligados ao tempo em que a ação acontece. O

tempo pode ser indicado pela época ou momento em que a história se passa e

pela duração da ação.

a) Que expressões determinam claramente o momento em que a ação

acontece?

R- Ontem; segunda-feira; depois da aula; antes que anoitecesse.

b) Quanto tempo, aproximadamente, dura a ação? Justifique.

R- Um fim de tarde, pois os jovens se encontram antes do pôr-do-sol e

despedem-se ao anoitecer.

7) Esse texto, extraído do livro “Caderno de Segredos”, foi escrito em forma de

diário.

a) Nessas páginas de diário, que tipo de discurso é empregado pelo narrador?

R- O discurso direto.

b) Que marcas lingüísticas permitem identificar nesse texto o tipo de discurso

empregado?

R- O uso do travessão para introduzir cada fala e os verbos de elocução propus,

disse, falou.

8) O autor desse texto escolheu a forma de diário para narrar os conflitos e as

aventuras de seu personagem, um adolescente de aproximadamente treze anos.

a) Por que, na sua opinião, o diário foi o tipo de texto escolhido pelo autor?

R- Resposta pessoal. Sugestão: Por que é um tipo de texto com linguagem e

temática próximas do adolescente, público-alvo do autor do livro.

b) Que características do diário permitem ao autor atingir seu objetivo?

R- O diário é um tipo de texto em que se registram impressões e fatos do

cotidiano, além de desejos, emoções e segredos. A linguagem é informal e

apresenta expressões coloquiais e marcas da oralidade, características que o

aproximam do público adolescente.

c) Qual a importância de se registrarem por escrito os acontecimentos e

emoções em um diário?

R- Resposta pessoal. Sugestão: Para relembrar o passado; para reviver

momentos

10

Page 12: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

Apresentar a seguinte imagem para os alunos:

Disponível em: http://www.submarino.com.br/produto/37/21275909/?franq=184711

Em seguida fazer alguns questionamentos:

- O que vocês acham que essa imagem representa?

- O que é um diário?

- Por que a agenda tem um cadeado?

- Por que tem esse nome?

- Há tipos diferentes de diários?

- Alguém já leu ou escreveu um diário?

Após essa discussão, será proposto por meio de uma produção escrita de

uma página de diário ou um blog, de um relato de memórias, Isto é, um texto que

conte uma experiência vivida com uma pessoa especial e inesquecível. Os alunos

poderão compartilhar com os colegas suas experiências.

Leia a seguir trechos do diário de Bridget Jones, personagem criado pela

escritora inglesa Helen Fielding (1960) resolveu fazer um diário por um ano,

conversando consigo mesma, dia após dia, de maneira bem humorada.

Domingo, 8 de janeiro

58 kg (bom à beça, mas e daí?), ... 3.100 calorias (ruim).

4H. Ai, Deus, por que sou tão pouco atraente? Não posso acreditar que me

convenci que não faria nada o fim de semana inteiro para trabalhar quando na

verdade estava em estado de alerta para o encontro-com-Daniel. Horrível, perdi dois

11

Page 13: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

dias olhando para o telefone como uma psicopata e comendo coisas. Por que ele

não ligou? Por quê? O que há de errado comigo? Por que pediu meu telefone se

não ia ligar e, se fosse, certamente seria no fim de semana? Preciso me centrar.

Vou pedir a Jude um bom livro de autoajuda, de preferência baseado em alguma

religião oriental.

[...]

23h. Muito tarde para Daniel ligar. Muito chateada e traumatizada.

[...]

Domingo, 15 de janeiro

57 kg (excelente), 3.879 calorias (horrível), 942 pensamentos negativos (média por

minuto), 127 minutos contando pensamentos negativos (aprox.).

18h. Completamente exausta depois de passar o dia todo me preparando para o

encontro. Ser mulher é pior do que ser lavrador__ tem tanta coisa para cuidar na

plantação e na colheita: depilar pernas com cera, raspar axilas, tirar sobrancelhas,

passar pedra-pomes nos pés, esfoliar e hidratar a pele, tirar os cravos, pintar a raiz

dos cabelos, completar o desenho das pestanas, lixar as unhas, massagear a

celulite, exercitar os músculos da barriga. A coisa é tão complexa que basta você

esquecer durante uns dias e lá se vai a plantação. Às vezes penso como eu ficaria

se deixasse tudo por conta da natureza__ barba comprida, bigode de pontas

viradas, sobrancelhas grossas, rosto igual a um cemitério, cheio de células mortas,

espinhas na pele, unhas longas como as de Mortícia Adams, cega como um

morcego sem minhas lentes de contato, o corpo flácido balançando, Argh, argh. É

de espantar que as garotas sejam inseguras?

19h. Não posso acreditar. Quando ia para o banheiro dar os últimos retoques na

plantação, vi que a luzinha da secretária eletrônica estava piscando: Daniel.

– Olha, Jones, mil desculpas. Acho que não vai dar para nos encontrarmos

hoje à noite. Tenho de fazer uma apresentação de campanha às 10 da manhã e ler

uma pilha de 45 laudas de texto.

Não acredito. Levei um bolo. Desperdício total de um dia inteiro de esforço e

energia corporal hidroelétrica. Mas não se deve viver na dependência dos homens e

sim ser uma mulher de fibra.

12

Page 14: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

21h. É preciso considerar que ele tem um cargo muito importante. Talvez não

quisesse estragar um primeiro encontro com nervosismo por causa do trabalho.

23h. Argh. Bem que ele podia ter ligado de novo. Vai ver que saiu com alguém mais

magra do que eu.

5h da manhã. O que eu tenho de errado? Estou completamente sozinha. Detesto

Daniel Cleaver. Não vou ter mais nada com ele. Vou me pesar.

FIELDING, Helen. O diário de Bridget Jones. Trad. De Beatriz

Horta. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1998.

(fragmento).

1) Nesse trecho do diário, Bridget relata suas impressões pessoais no tempo de

dois domingos.

a) No seu entender, qual é a característica mais marcante da personalidade

dela? Você se identifica com ela?

R- Pessoal. Sugestão: A protagonista (Bridget) sente-se insegura e ansiosa em

relação a como se vê fisicamente e a como é vista por possíveis pretendentes.

Mas consegue brincar com suas impressões, vendo-se criticamente e dando

leveza ao texto.

b) Bridget tem 32 anos de idade. Você acha que o comportamento do

personagem é comum a todas as mulheres, não importando a faixa etária?

R-Pessoal. Sugestão. A tendência é que demonstrar insegurança e ansiedade

quanto à aparência física seja um traço que perde terreno à medida que a mulher

amadurece.

2) Há uma comparação no texto que provoca humor ao deslocar de lugar e de

sentido certas atividades femininas. Copie no caderno essa passagem e

explique-a.

R- É o trecho que vai de “ser mulher é pior do que ser lavrador...” até “... minhas

lentes de contato, o corpo flácido balançando”. Ao comparar as atividades do

lavrador às atividades de embelezamento femininas, deslocando o lugar e o sentido

de trabalho no campo para o trabalho no corpo e pondo características masculinas

(barba e bigode) no rosto feminino, o humor explode no texto de Helen Fielding.

13

Page 15: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

3) Marcas de oralidade aproximam o texto escrito da fala.

a) Uma dessas marcas aparece repetida no texto. Copie-a e escreva o que diz sobre

a linguagem usada nos diários.

R- É a interjeição “argh”, que expressa desagrado, repulsa. O diário pretende

reproduzir na escrita uma conversa (consigo mesmo), gênero típico da oralidade.

Para que isso ocorra, lança mão da linguagem informal ou coloquial.

b) O que a marcação temporal, comum nos diários, pode indicar sobre o enredo

narrado? Qual é o tempo do diário de Jones? E o que também aparece como

marcador temporal junto à indicação dos dias?

R- Que tudo o que é narrado ou relatado nos diários, fatos, ações de personagens,

passeios, descrições, ocorre geralmente no tempo de um dia, ou seja, aquele

indicado no texto. No trecho visto do diário de Bridget Jones, o tempo ocorre em dois

domingos, dias 8 e 15 de janeiro. Os textos que aparecem em itálico abaixo dos dias

também são indicadores temporais, pois informam sobre os “números” do dia do

personagem (peso, calorias, pensamentos positivos e negativos). As horas,

evidentemente, também marcam o tempo.

c) Em geral, os diários são escritos em 1 pessoa. Transcreva uma frase com verbo e

pronome nessa pessoa.

R- “Preciso me centrar.”

LENDO O CONTEXTO

É comum o diário apresentar vocativo (por exemplo, Querido diário) depois

da data e, no final, a assinatura. Contudo, os diários típicos não são conhecidos,

pois são escritos para o próprio autor, que costuma expor seus segredos, como num

desabafo.

Mas o diário pode ser produzido para alguém, para ser publicado, e o

conteúdo nem sempre é real; o de Bridget Jones, por exemplo, é fictício.

PRODUÇÃO DE TEXTOS1ª PROPOSTA:

A seguir, leia trechos de dois diários de conteúdos diversos.

14

Page 16: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

O primeiro foi escrito por Amyr Klink no livro Mar sem fim: 360º ao redor da

Antártica. Nele o autor conta sua fantástica aventura de circum-navegação pelo

continente gelado ao longo de cinco meses.

O segundo faz parte de O diário de Anne Frank, livro que narra o cotidiano de

uma jovem judia de 13 anos que viveu escondida com a família e outras pessoas em

um prédio em Amsterdã, Holanda, na época do nazismo. Ela escreveu o diário entre

12 de junho de 1942 e 1º de agosto de 1944, quando o grupo foi descoberto e preso.

Escolha um dos textos a seguir para desenvolver o seu diário, de acordo com

as sugestões apresentadas.

Leitura:

Texto 1

[...] Sábado de manhã, chovendo. Levantei as velas, finalmente em ordem, e

soltei o cabo da poita de Jurumirim. “Te cuida, Amyr!” disse o Hermann depois de

um abraço desajeitado, e saltou no bote laranja com o Álvaro, o Sérgio e os

portugueses João e Paulo. Únicas testemunhas da partida, os cinco me

acompanharam a distância, em meio à chuva que não parava, até alcançarmos a

boca da baía. É engraçado, mas gosto da chuva em Paraty. Faz o mar ficar mais

verde e as matas das montanhas ao redor mais vivas. Baía dentro de uma baía,

Jurumirim logo desapareceu. Depois sumiram as igrejas e as palmeiras-imperiais da

cidade, ao fundo da baía maior. A distância, o Hermann fez uma curva com o

levantado e os cinco ficaram para trás. Acenei. Estava fora da baía. Ao enxugar o

rosto molhado de chuva na manga do casaco vermelho ainda sem gosto de sal,

deixei escapar um grito entalado há um bom tempo. Impronunciável. De alegria, de

alívio. [...]

Klink, Amyr. Mar se fim: 360º ao redor da Antártica. São Paulo: Companhia das

Letras, 2000. p. 15. (Fragmento).

- Poita: espécie de âncora para pequenas embarcações.

Esse é o início do texto em forma de diário que Amyr escreveu em sua

viagem à Antártica. Você pode criar um diário próprio, ao mesmo estilo do dele,

desenvolvendo um primeiro parágrafo para narrar sua saída e mais dois de igual

tamanho para contar as surpresas desse primeiro dia de viagem. Observe o tipo de

linguagem e empregue a 1ª pessoa, como ocorre no texto de Amyr Klink.

15

Page 17: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

Texto 2:

[...]

Quinta-feira, 5 de novembro de 1942.

Querida Kitty,

Finalmente os ingleses conseguiram algumas vitórias na África, e Stalingrado

ainda não caiu, por isso os homens estão contentes e tivemos café e chá hoje de

manhã. Quanto ao resto, nada de especial para contar.

Esta semana andei lendo bastante e fazendo pouco trabalho. É assim que as

coisas deveriam ser. Certamente é a estrada para o sucesso.

Ultimamente mamãe e eu estamos nos dando melhor, mas nós nunca

ficamos íntimas. Papai não é muito aberto com relação aos seus sentimentos, mas é

a mesma doçura de sempre. Acendemos a lareira há alguns dias e toda a sala ainda

está cheia de fumaça. Prefiro aquecimento central, e provavelmente não sou a

única. Margot é uma nojenta (não há outra palavra para isso), uma fonte de irritação

constante, de manhã, de tarde e de noite. FRANK, Otto H; PRESSLER, Mirjam. O diário de Anne

Frank. 16. ed. Trad. de Ivanir Alves Calado. Rio de

Janeiro: Record, 2001. p. 65. (fragmento).

Observe que, nessa página do diário, há a data e o vocativo, além do

emprego da 1ª pessoa. Nela, são registrados alguns fatos relacionados à Segunda

Guerra Mundial, mas também um dia tranqüilo diante da loucura da guerra. A obra

constitui um importante documento sobre a ocupação alemã.

Escreva uma página de diário, imaginando-se como parte do grupo de Anne

Frank, vivendo o seu cotidiano e as freqüentes ameaças de bombardeio ou a

possibilidade de ser descoberto pelos alemães. Você vive os problemas de um

adolescente e sonha que um dia o conflito vai terminar.

2ª PROPOSTA:

Um diário pode refletir momentos pessoais, significativos para avaliação de

nossas experiências, as quais, muitas vezes, podem nos incomodar, por serem

tristes, preocupantes, ou nos alegrar, por serem felizes.

16

Page 18: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

Redija uma página de diário contando alguns fatos importantes que

aconteceram recentemente e lhe causaram grande felicidade ou tristeza. Você pode

narrar, por exemplo, uma experiência marcante, um relacionamento difícil ou

prazeroso, uma viagem com muitas lembranças boas, um período de grandes

mudanças na família ou em sua vida pessoal.

Leia antes estas orientações.

- Observe a estrutura do diário (data, vocativo) e desenvolva o texto. Escreva

na 1ª pessoa e empregue a linguagem informal ou coloquial. Não se esqueça da

assinatura.

- Conte os fatos revelando suas opiniões e emoções, as causas e as

consequências do ocorrido. Depois releia o texto e reescreva-o, se for preciso.

- Avalie a estrutura e a linguagem, se as ideias foram bem expressas e se

estão interessantes.

- Como o diário em geral é pessoal, você deve decidir se vai entregá-lo a

algum colega para ler. Se quiser, mostre depois seu texto para o professor e troque

ideias com ele.

Produção de TextosOs blogs representam um ótima forma de comunicação. Se você tiver um

computador e uma conexão com a internet, crie um blog comunitário para trocar

ideias, fotografias e links co amigos e ainda conversar sobre outros assuntos que

considerar interessantes.

Você pode produzir também um blog familiar, para que seus parentes

troquem notícias e fotos. Se for necessário. Consulte sites e provedores na internet

que o (a) orientem na produção de blogs. Dê o endereço de seu blog a colegas e

amigos com quem deseja se comunicar mais frequentemente.

Estes sites podem ajudá-lo na criação de seu blog.

• http:/blog.uol.com.br/

• http://blog.terra.com.br/

• http://www.theblog.com.br/

17

Page 19: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

PARTE IV

CARTASEEXPRESSÃO ELABORADA DA NOVA FORMA

DE ENTENDER A PRÁTICA SOCIAL.

Construindo então o processo da instrumentalização vai se então para a

catarse na qual os alunos começam então a colocar em prática suas impressões a

partir das leituras e atividades prévias, ou seja, os alunos estarão preparados para

trabalhar com uma produção de ordem literária, o texto escolhido é: “Cordel

adolescente, ó xente” de Sylvia Orthof, que é considerado um texto da literatura

popular escrito em versos rimados e que narra à história de Bertulina, uma

adolescente que se apaixona como tantas outras, nesta ocasião o professor deverá

trabalhar com a produção de um cordel em que os alunos contarão um episódio de

suas vidas de forma escrita e também, narrada ou declamada, explorando

consequentemente a oralidade e a escrita.

Cordel adolescente ó xente!

Sou mocinha nordestina,

meu nome é Doralice,

tenho treze anos de idade,

conto e reconto o que disse,

1 pois me chamo Doralice,

sou quem vende meu cordel Disponível em http://acordacordel.blogspot

nas feiras lindas do longe com/2011/04/folhetim-global-

onde a poesia esconde valoriza-o-cordel.html

nas sombras do meu chapéu!

Eu falo tudo rimado

no adoçado da palavra

do Nordeste feiticeiro,

18

Page 20: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

2 no meu jeito brasileiro,

aqui vim dizer e digo

que escrevo muito livro

que penduro num cordel,

todo fato acontecido

eu coloco no papel!

Vim pra feira, noutro dia,

armei a minha poesia

num cordel de horizonte.

3 Quem passasse no defronte

daquilo que eu vendia,

parava e me escutava,

pois sou mocinha falante,

declamava o que escrevia!

Contei de uma garota

que me amava um cangaceiro,

era um tal cabra da peste,

4 uma valentão do Nordeste

que montava a ventania,

trazia susto e coragem

por cada canto que ia!

Virge Maria!

O nome da tal mocinha?

não digo... é um segredo,

escrevo o que não devo,

5 invento, pois tenho medo

de contar que a tal menina

era... toda fantasia!

Era moça que esconde

a tristeza na alegria,

19

Page 21: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

6 morava no perto-longe

daquilo que nunca digo,

o seu nome era antigo,

era... talvez... Bertulina...

Quem sabe da tal menina?

Um dia de azul e noite,

pernoite de cavalgada,

na sombra, muito assustada,

7 Bertulina viu o moço

que, ao longe, galopava.

Ai, xente!

Um luar se balançava

num cordel adolescente!

O vento corria tanto,

8 espanto: não alcançava

a ligeireza perfeita

que o galope desenhava!

Era um cabra cangaceiro,

curtido e sertanejo,

9 tinha olhos de lonjuras,

verduras de olhar miragens,

chapéu de couro, facão

de abrir caminhos, viagens!

Tinha estrelas faiscantes

10 nos dentes do seu sorriso...

Ai... Me calo... quase falo!...

Ó xente... que perco o siso!

Nos cascos do seu cavalo

tinha trovão e faísca,

20

Page 22: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

11 tinha fogo, tinha brasa,

fósforo que queima e risca

o escuro e ilumina

a paixão em Bertulina!

O moço chegou chegando,

sorriu sua belezura,

saltou fora do cavalo

12 (vontade ninguém segura),

roubou o beijo da boca

de Bertulina, a donzela.

Depois de assaltar o beijo,

perguntou o nome dela.

— Eu me chamo Bertulina,

moço, estou muito assustada,

sou tão moça, inda menina,

nunca antes fui beijada...

O senhor me assaltou,

13 não deu tempo pra mais nada...

Eu não sei o que que eu faço,

minha boca está molhada

como o orvalho da flor...

Será que seu beijo, ó moço,

em mim pousou... namorou?

Será que o gesto louco

teve um pouco de amor?

– Não sei se é fato, ou fita,

não sei se é fita, ou fato,

o fato é que você me fita,

14 me fita mesmo, de fato!

– respondeu o cangaceiro

em brincadeira e risada,

21

Page 23: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

pulou sobre o seu cavalo

e partiu em galopada!

15 A lua tremeu nos olhos

De Bertulina, em lágrimas...

A mocinha ficou louca

de gosto de amor partido

no alto do céu da boca!

16 Nem sabia que o amor

podia ser cangaceiro,

podia assanhar desejos

roubando o beijo primeiro!

Porque o primeiro beijo

17 é coisa muito esperada:

tem que ser algo de manso,

remanso, lagoa d’água...

Tem que ter um certo tempo,

18 coragem não revelada,

um perfume de jasmim,

um não s’esqueça de mim...

Quando numa noite quente

a lua ficou inchada,

19 o cavaleiro voltou.

Bertulina espiava

de dentro de uma paixão.

O moço viu Bertulina

20 e quis roubar outro beijo.

Foi aí que a mocinha

falou assim pro rapaz:

22

Page 24: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

– Antes de querer meu beijo,

por favor, moço, me diga

se o beijo é verdadeiro,

ou se é ousadia,

assalto de cangaceiro!

[...]

Eu me chamo Doralice

21 Bertulina do sertão.

Comigo só tem poesia

se rimar no coração.

Aprendi uma verdade

22 e verdade não se esquece:

tudo aquilo que se aceita...

pois é, a gente merece!Sylvia Orthof. Cordel adolescente, ó xente! By herdeiros de Sylvia Orthof.

São Paulo, Quinteto Editorial, 1996.

DIALOGANDO COM O TEXTO:

1. O cordel, uma narrativa em versos, é um tipo de texto elaborado para ser

declamado ou cantado.

a) O texto que você leu se inicia com uma apresentação. Quem se apresenta ao

leitor/ouvinte? Qual o seu nome o que faz?

R.: A menina Doralice é cordelista e vende seus cordéis de feiras.

b) Qual é a estratégia empregada pela cordelista para atrair a atenção das pessoas

para o seu cordel?

R.: Ela declama os cordéis que escreve.

c) Qual é o tema do cordel?

R.: O amor de Bertulina por um cangaceiro.

23

Page 25: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

2. Na 4° estrofe, a narradora começa a contar a historia da garota que amava um

cangaceiro.

a) Que aspectos do cangaceiro são ressaltados nessa estrofe?

R.: A valentia, a coragem e a ousadia.

b) Que expressão tipicamente nordestina é usada para qualificar o cangaceiro?

R.: Cabra da peste.

c) Transcreva a expressão da linguagem oral empregada pela narradora. Que

significado ela adquire no contexto?

R.: “Virge Maria!”. Indica admiração da narradora diante da valentia do cangaceiro.

3. Ao referir-se à mocinha da história, na 5° e 6° estrofes, a narradora não a

identifica claramente. Por que ela utiliza essa estratégia?

R.: Porque ela quer despistar o leitor/ouvinte, para que não descubra que o caso de

amor aconteceu com ela própria.

4. A primeira vez que Bertulina viu o cangaceiro, algo aconteceu.

a) Que imagem representa o despertar do amor em Bertulina?

R.: “Um luar se balançava/ num cordel adolescente!”

b) Que verso expressa a emoção incontida desse momento?

R.: “Ai, xente!”

c) Que efeito de sentido é decorrente dessa escolha?

R.: O registro da fala da personagem direta e espontânea, com o vocabulário e o

modo de falar próprio da região em que vive, torna o diálogo mais vivo e expressivo

para o leitor.

5. O cangaceiro é caracterizado na 9° estrofe.

a) Que versos mostram o seu jeito de ser?

24

Page 26: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

R.: “Era um cabra cangaceiro,/ tinha olhos de lonjuras,/ verduras de olhar miragens,/

chapéu de couro, facão/ de abrir caminhos, viagens!”

b) O que esse trecho revela sobre as características do cangaceiro?

R.: Revela que ele gostava de aventuras, de correr o mundo, que nada o prendia a

um lugar.

6. A 11° estrofe narra o momento em que explode a paixão de Bertulina.

a) Que substantivos empregados nessa estrofe podem ser associados às sensações

vividas por Bertulina?

R.: Trovão, faísca, fogo, brasa e fósforo.

b) Que sentidos os substantivos empregados nessa estrofe atribuem ao momento

narrado e conseqüentemente ao sentimento de Bertulina?

R.: Atribuem um efeito de intensidade, a sensação de uma paixão arrebatadora e

incontrolável.

7. Releia a 12° estrofe e responda.

a) Que recurso foi utilizado para revelar a impetuosidade do cangaceiro?

R.: A seleção dos verbos empregados revela uma sucessão de ações rápidas que o

cangaceiro executa ao roubar o beijo de Bertulina.

b) Por que, na sua opinião, a narradora não empregou adjetivos e/ou advérbios para

caracterizar o cangaceiro e sua ação?

R.: Resposta pessoal.

Sugestão: Porque a forma como as ações se sucedem já permite ao leitor perceber

o jeito de ser cangaceiro, sendo, pois, desnecessário o emprego de outras classes

de palavras.

8. Na 13° estrofe, Bertulina, após o beijo, afirma estar assustada.

a) Qual a preocupação dela em relação ao beijo?

R.: Ela quer saber se o beijo foi roubado por amor.

25

Page 27: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

b) Na fala de Bertulina, o que as reticências podem revelar?

R.: As reticências podem revelar o nervosismo e a ansiedade dela depois do beijo

roubado; ou o encanto e a paixão que corta a fala.

9. Doralice e Bertulina são as mesma pessoa.

a) Que pistas, no texto, podem leva-lo a concluir isso?

R.: Sugestão de resposta. Os alunos poderão se referir: à 5° estrofe, quando a

narradora esconde o nome da menina e diz que ela é “fantasia”; à 6° estrofe, quando

ela diz “era... talvez... Bertulina...”, mostrando insegurança; à 10° estrofe, quando a

narradora deixa extravasar seus sentimentos pelo cangaceiro

“Ó xente... que perco o siso!” Poderão se referir também à passagem do discurso

indireto (fala do narrador) para o discurso direto (fala da personagem) que ocorre na

13° estrofe do cordel.

b) Com que objetivo a narradora pode ter usado essa estratégia na sua história?

R.: Possivelmente, para deixar o leitor curioso, prender sua atenção e também

surpreende-lo no final.

O CORDEL E O ACRÓSTICO

O acróstico é um recurso empregado pelos autores de cordéis para assegurar

o direito à autoria. As iniciais dos versos que compõem a última estrofe das

narrativas formam o nome do autor. Veja o exemplo.

A sorte pintou o drama

Lentamente, como um giz;

Mesmo sendo barulhento,

Evaristo foi feliz.

Isso fez sem ter orgulho:

Deixou de comprar barulho

Assim seu destino quis!

26

Page 28: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

(Manoel D’Almeida Filho. O comprador

De barulho. São Paulo, Luzeiro, 1976.)

Fonte de pesquisa: Gênero do discurso na escola __ mito, conto, cordel, discurso

político, divulgação cientifica. Coordenadora Helena Nagamine Brandão. São Paulo,

Cortez,2003.

PARTE VPRÁTICA SOCIAL FINAL DO CONTEÚDO

NOVA PROPOSTA DE AÇÃO

A PARTIR DO CONTEÚDO APRENDIDO

Na etapa final que é a prática social final do conteúdo será trabalhado o filme

“Escritores da Liberdade” que conta a história de uma forma comovente e instigante,

o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Tal filme se

inicia com uma jovem professora, Erin (interpretada por Hilary Swank), que entra

como novata em uma instituição de Ensino Médio, a fim de lecionar Língua Inglesa e

Literatura para uma turma de adolescente considerada “turbulenta”, e que ao longo

da trama ela valoriza os alunos como indivíduos críticos e que infelizmente estavam

inseridos em um contexto social ao qual eles não tinham voz, ela então incentivou os

alunos a registrarem fatos da sua vida por meio da produção de um diário e que ao

final da história se torna um livro, na qual eles tiveram a liberdade para expressar

suas idéias e sentimentos.

Nesse momento será realizada algumas atividades.

Atividade 1

• Os alunos serão levados para assistir o vídeo.

• Os alunos assistirão ao filme “Escritores da Liberdade”

27

Page 29: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

• Estar orientando os alunos para que assistam com muita atenção e que

possam estar fazendo algumas anotações, pois serão feitos a

questionamentos do filme.

Atividade 2

• Após ter assistido o filme, será entregue aos alunos algumas questões.

• Onde se narra a história do filme?

• Em que época ela acontece?

• Quais são os personagens protagonistas?

• Do que se trata a história narrada do filme?

• Na história apresenta complicadores, quais são eles?

• Relate com poucas palavras o que você entendeu da história.

Será dado um tempo para que os alunos respondam às questões, e pedir

para que apresentem as suas respostas.

COLETÂNIA DE TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOSA proposta de produção é a escrita de um diário da turma, onde consta o

relato feito pelos alunos e será feito o lançamento da coletânea com a presença de

familiares, amigos e professores no centro cultural.

No Horizonte perdido

Vou ao longo do infinito

Com o coração partido

Descubro um lugar bonito.Célia de Souza Alves

28

Page 30: Produção Didático - Pedagógica · 2014-04-22 · “O Diário de Anne Frank” (Otto H. Frank e Mirjam Pressler), “O Diário de Ana Maria” (Michel Quoist), a fim de tomar

REFERÊNCIASBELTRÃO, Eliana Santos & GORDILHO, Tereza. Coleção Novo Diálogo. 7ª Série. p. 8-12, 19-25. 1ª Ed. São Paulo. FTD. 2006.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Língua Portuguesa. Ensino Fundamental. Terceiro e quarto ciclos. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental MEC, 1998.

CARVALHO, Maria Angélica Freire de. Os Gêneros Do Discurso E O Texto Escrito Na Sala De Aula Uma Contribuição Ao Ensino. Disponível em: http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/os%20generos.html. Acesso em 22 de junho de 2011.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Critica, 5ª ed. rev. e ampl. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. & XAVIER Antônio Carlos. (orgs.) HipertextoE_Gêneros_Digitais. Rio de Janeiro: Ed. Lucerna, 2004.

SARMENTO, Leila Lauar & TUFANO, Douglas. Português – Literatura – Gramática – Produção de Texto. Vol. 1. p. 371-375. 1ª Ed. São Paulo. Editora Moderna. 2010.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_J%C3%BAnior. Acesso em 10/06/2011 às 16h.

http://www.submarino.com.br/produto/37/21275909/?franq=184711. Acesso em 11/06/2011 às 10h.

http://acordacordel.blogspotcom/2011/04/folhetim-global- valoriza-o-cordel.html. Acesso em 11/06/2011 às 14:20h.

http://entremulheres.com/artigos/5-resolucoes-para-ano-novo-que-nao-deve-fazer. Acesso em 14/06/2011 às 15h.

29