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MILTON LOPES DE LANA JUNIOR PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE CdS EM MEIO AQUOSO VIÇOSA MINAS GERAIS- BRASIL 2015 Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Física Aplicada, para obtenção do título de Magister Scientiae.

PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

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Page 1: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

MILTON LOPES DE LANA JUNIOR

PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE CdS EM MEIO AQUOSO

VIÇOSA MINAS GERAIS- BRASIL

2015

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Física Aplicada, para obtenção do título de Magister Scientiae.

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Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central daUniversidade Federal de Viçosa - Câmpus Viçosa

T

Lana junior, Milton Lopes de, 1988-L243p2015

Produção e caracterização de pontos quânticos de CdSem meio aquoso / Milton Lopes de Lana junior. - Viçosa, MG,2015.

vi, 65f. : il. (algumas color.) ; 29 cm.

Orientador : Luciano de Moura Guimarães.Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de

Viçosa.Referências bibliográficas: f.63-65.

1. Nanotecnologia. 2. Nanoestruturas. 3. Pontosquânticos. 4. Sulfeto de cádmio. I. Universidade Federal deViçosa. Departamento de Física. Programa dePós-graduação em Física Aplicada. II. Título.

CDD 22. ed. 620.5

FichaCatalografica :: Fichacatalografica https://www3.dti.ufv.br/bbt/ficha/cadastrarficha/visua...

2 de 3 21-10-2015 07:28

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente aos meus pais, Milton e Eledilce, por sempre terem

me apoiado e auxiliado com todo o possível e impossível para a realização do meu

sonho.

Agradeço ao meu orientador Prof. Luciano de Moura Guimarães e aos meus

co-orientadores Profa Andreza Germana da Silva Subtil e Prof. Marcos da Silva

Couto por toda atenção, paciência e orientação durante a realização desse trabalho.

Agradeço ao Prof. Márcio Arêdes Martins e ao Técnico Dilson Novais Rocha

do Departamento de Engenharia Agrícola-UFV pelo empréstimo do espectrômetro

UV-Vis.

Agradeço ao Prof. Colaborador Sukarno Olavo Ferreira e ao LNNano em

Campinas – SP, pelas medidas de microscopia eletrônica de transmissão.

Agradeço à CAPES pela bolsa concedida e também ao CNPq e à FAPEMIG

pelo suporte oferecido.

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Sumário

Resumo ....................................................................................................................... v

Abstract ...................................................................................................................... vi

1-Introdução ................................................................................................................ 1

2-Revisão De Literatura .............................................................................................. 3

2.1 Semicondutores ................................................................................................. 3

2.2 Confinamento Quântico ..................................................................................... 5

2.3 Pontos Quânticos .............................................................................................. 7

2.4 Caroço-Casca .................................................................................................... 9

2.5 Surfactantes ..................................................................................................... 11

2.6 Sistemas coloidais ........................................................................................... 14

2.7 Síntese Por Rota Coloidal ................................................................................ 15

3- Materiais e Métodos .............................................................................................. 16

3.1 Materiais utilizados na síntese dos pontos quânticos de CdS e CdS:Zn ......... 16

3.2. Síntese dos pontos quânticos ......................................................................... 16

3.3 Solução de NaOH/S ........................................................................................ 18

3.4. Caracterização dos pontos quânticos ............................................................. 21

3.5. Técnica de fotoluminescência (PL) ................................................................. 21

4- Resultados e Discussões ...................................................................................... 26

4.1. Pontos Quânticos coloidais CdS sintetizados utilizando detergente comum

como surfactante ................................................................................................... 26

4.1.1. Utilização do Na2S como fonte do percursor S2- ...................................... 27

4.1.2 Utilização da solução de NaOH/S como fonte do percursor S2- ................ 33

4.2. Pontos Quânticos coloidais de CdS sintetizados utilizando C18H29NaO3S como

surfactante ............................................................................................................. 46

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5-Conclusões ............................................................................................................ 61

6-Referências Bibliográficas ...................................................................................... 63

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v

Resumo

LANA JUNIOR, Milton Lopes de, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2015. Produção e caracterização de pontos quânticos de CdS em meio aquoso. Orientador: Luciano de Moura Guimarães. Coorientadores: Marcos da Silva Couto e Andreza Germana da Silva Subtil.

Nanopartículas têm atraído grande atenção, uma vez que elas possuem

propriedades interessantes devido ao efeito de confinamento quântico. As

nanopartículas de materiais semicondutores com diâmetros inferiores a 100 nm são

partículas designadas por pontos quânticos e apresentam peculiares propriedades

ópticas dependentes de seus tamanhos. Neste trabalho estudamos a síntese de

pontos quânticos coloidais de sulfeto de cádmio em meio puramente aquoso. A

síntese em meio puramente aquoso é importante do ponto de vista de aplicações

biológicas. Obtivemos progressos bastante significativos na produção das

nanopartículas de sulfeto de cádmio, ainda inéditos na literatura. Conseguimos

produzir nanopartículas de diferentes tamanhos, ajustando os parâmetros usados na

preparação das mesmas. No entanto, as amostras ainda apresentam uma grande

dispersão no tamanho das nanopartículas. As amostras foram analisadas usando,

principalmente, espectroscopia de fluorescência, sendo que apresentaram grande

estabilidade, mantendo o mesmo espectro de fluorescência por vários meses.

Algumas amostras foram analisadas usando microscopia eletrônica de transmissão

e espectroscopia de absorção UV-Vis. Usando essas técnicas conseguimos

determinar que o tamanho das nanopartículas varia entre 3 e 6 nm, consistente com

os resultados reportados na literatura.

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Abstract

LANA JUNIOR, Milton Lopes de, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February, 2015. Production and characterization of CdS colloidal quantum dots in aqueous medium. Adviser: Luciano de Moura Guimarães Co-Advisers: Marcos da Silva Couto e Andreza Germana da Silva Subtil.

Nanoparticles have attracted great attention since they have interesting properties

due to the quantum confinement effect. Nanoparticles of semiconductor materials

with diameters of less than 100 nm are particles called quantum dots and have

unique size-dependent optical properties. In this work we studied the synthesis of

colloidal quantum dots of cadmium sulfide in purely aqueous medium. The synthesis

in purely aqueous media is important from the standpoint of biological applications.

We achieved very significant progress in the production of nanoparticles of cadmium

sulfide that are still not reported in the literature. We could produce nanoparticles of

different sizes, adjusting the parameters used in their preparation. Nevertheless, the

samples still present a large size dispersion of the nanoparticles. The samples were

analyzed using, mainly, fluorescence spectroscopy. The samples present great

stability, and some of them keep the same fluorescence spectrum for several

months. Some of samples were analyzed using transmission electron microscopy

and UV-Vis absorption. Using these techniques we were able to determine that the

size of the nanoparticles range from 3 to 6 nm, consistent with the results reported in

the literature.

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1-Introdução

A manipulação da matéria em escala nanométrica é o que chamamos de

nanociência. O principal propósito das pesquisas nesta área é desenvolver

nanomateriais e potencializar suas propriedades físicas e químicas. Estas “novas”

propriedades possuem grande importância para futuras aplicações tecnológicas.

Nanoestruturas são materiais nos quais pelo menos uma de suas dimensões

está na ordem de nanômetros. Devido a essa redução em tamanho, os materiais

apresentam características peculiares, como mudança na condutividade elétrica,

fluorescência entre outras.

Uma dessas nanoestruturas são os pontos quânticos semicondutores. Esse

tipo de material já é conhecido pelos cientistas há muito tempo, mas ainda assim

impressiona. Os pontos quânticos semicondutores são cristais semicondutores,

compostos de CdS ou CdSe, por exemplo, que, por serem extremamente pequenos,

com dimensões da ordem de nanômetros nas três direções espaciais, são

fluorescentes. Os pontos quânticos absorvem fótons de luz ultravioleta e os

reemitem como fótons de luz visível. A cor do seu brilho varia, dependendo da

dimensão de suas partículas, passando do vermelho para o azul à medida em que

se tornam menores.

Devido principalmente às suas propriedades físicas, os pontos quânticos

semicondutores têm sido intensamente estudados para aplicações em diversas

áreas, tais como marcadores biológicos, células solares, telas planas e até mesmo

em memórias de computadores, sendo considerados um dos materiais mais

promissores da era da nanotecnologia.

Neste trabalho, serão apresentados os resultados que foram obtidos durante

o curso de mestrado. Trata-se da elaboração de uma nova rota de síntese de pontos

quânticos coloidais de sulfeto de cádmio (CdS) em meio puramente aquoso. Esta

rota consiste na produção de nanocristais de CdS utilizando o detergente comum

como agente tensoativo.

Na primeira parte desse trabalho é feito uma revisão sobre os pontos

quânticos semicondutores e uma discussão sobre os métodos de síntese e

Page 10: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

2

caracterização utilizadas por nós. Posteriormente, na segunda parte serão relatados

os resultados obtidos juntamente com as devidas conclusões.

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2-Revisão De Literatura

2.1 Semicondutores

A descoberta dos semicondutores proporcionou, em nossa sociedade,

importantes avanços tecnológicos. Sem eles, não teria como o ser humano viver

com o conforto dos dias atuais. Entre os diversos dispositivos baseados em

semicondutores estão os transistores, os comutadores, os diodos e as células

fotovoltaicas. Desta forma, praticamente todos os equipamentos eletrônicos usados

atualmente são constituídos de dispositivos semicondutores.

A tentativa de conduzir eletricidade em um material pode apresentar grandes

dificuldades. Cada tipo de material apresenta uma dificuldade no transporte de

cargas elétricas em seu meio, esta resistência classifica os matérias em condutores,

isolantes e semicondutores. A grandeza física que expressa essa dificuldade é

conhecida como resistividade elétrica, sendo que seu inverso é definido como

condutividade elétrica [1].

Os condutores são materiais que demonstram relativa facilidade para o

transporte de cargas elétricas, ou seja, apresentam baixo valor de resistividade

elétrica. Já os materiais isolantes são os que detêm uma elevada barreira para o

transporte de cargas elétricas.

Os semicondutores são materiais que apresentam uma resistividade elétrica

intermediaria entre os outros materiais, ou seja, são simultaneamente maus

isoladores e maus condutores. Na maioria dos casos, um semicondutor pode

apresentar uma condutividade elétrica muito menor que de um condutor. Ao

contrário da condutividade elétrica de um condutor, a condutividade elétrica do

semicondutor aumenta com o aumento da temperatura. Desta forma, a dependência

da condutividade com a temperatura é que distingue os dois tipos de materiais.

Em geral, os semicondutores são sólidos e apresentam estruturas cristalinas.

Desta forma, para uma melhor interpretação de suas características é fundamental

compreender como os átomos interagem entre si.

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Um átomo isolado possui seus níveis de energia discretos e quantizados,

como é demonstrado na Figura 2.1(a). Entretanto, quando alguns átomos se

aproximam para formar um cristal os elétrons dos diferentes átomos podem sofrer

interações entre si, o que provoca “overlay” dos níveis eletrônicos mais externos,

como podemos ver na Figura 2.2(b).

Um sólido contém cerca de 1023 átomos o que acarreta a superposição das

funções de onda dos elétrons. Consequentemente os níveis de energia se

transformam em conjuntos quase contínuos de estados permissíveis, denominados

bandas de energia. Estas bandas são separadas por valores de energia que os

elétrons não podem assumir, chamadas de bandas proibidas, como podemos

observar na Figura 2.1(c).

igura 2.1: Formação de bandas de energia num sólido. (a) Níveis de energia em um átomo isolado. (b) Níveis de energia em um sistema de alguns átomos. (c) Bandas de energia em um cristal [2].

As bandas de energia mais importantes para o transporte de cargas em

cristais consistem nas bandas de condução (BC) e de valência (BV). Entre estas

duas bandas existe uma banda proibida definida como gap.

A energia corresponde ao gap refere-se ao valor mínimo de energia que um

elétron necessita pra se mover da banda de valência para a banda de condução.

Materiais semicondutores apresentam, a 0 K, a banda de valência totalmente

preenchida e a banda de condução completamente vazia, funcionado nesta

temperatura como um isolante. Entretanto, o aumento da temperatura proporciona a

excitação de alguns elétrons da banda BV, possibilitando assim, a passagem de

elétrons da BV para estados vazios da banda BC, deixando na banda de valência

(a) (b) (c)

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uma vacância (estado vazio) que se comporta como uma partícula de carga positiva.

Esta vacância muitas vezes é chamada de buraco. Portanto, a banda BV não é mais

totalmente preenchida e nem a banda BC é totalmente vazia, desta forma o material

pode transportar cargas elétricas quando submetido a um campo elétrico.

2.2 Confinamento Quântico

Semicondutores com dimensões de alguns nanômetros, apresentam

variações em suas propriedades físico-químicas que dependem da redução do seu

tamanho [3, 4].

Em um macrocristal ou bulk, o número de átomos em sua superfície

corresponde uma porção muito pequena do todo. Entretanto, com a diminuição das

dimensões desse material o número de átomos da superfície torna-se uma fração

considerável do total de átomos. Essa mudança provoca alterações no espectro

energético e nas propriedades dinâmicas dos portadores de carga.

A propriedade a ser considerada é a função densidade de estados

eletrônicos. No bulk, a densidade de estados ρ(E) é uma função contínua dentro da

banda de energia. Entretanto, se alguma das dimensões do bulk for reduzida a uma

espessura da ordem do comprimento de onda do elétron, limitando o movimento

eletrônico em uma das direções espaciais, verifica-se uma mudança na função

densidade de estados eletrônicos, pois o confinamento altera os níveis de energia

que o elétron pode ocupar [5]. Uma diminuição drástica nas demais dimensões

possibilita a redução da sobreposição das funções de onda, resultando em bandas

de energia cada vez mais semelhantes aos orbitais moleculares, como podemos

observar na Figura 2.2. Desta forma, o nanocristal obtido apresenta propriedades

intermediárias ente o bulk e os átomos que o constituem. Essa diminuição do

tamanho dos materiais equivale a partículas no interior de uma caixa de potencial,

sendo chamado de confinamento quântico.

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Figura 2.2: Representação esquemática das mudanças de densidades de energia em função do confinamento quântico [6].

O confinamento quântico provoca a transição do quase-continuo de níveis de

energia para um conjunto de níveis discretos que o material sofre em prol da

redução de seu tamanho [7]. Como resultado direto disso, à medida que o

confinamento é atingido, o valor da energia do gap aumenta, alterando as

propriedades opto-elétricas do material [8], como podemos observar na Figura 2.3.

Figura 2.3: Esquema representativo do efeito da redução do tamanho das nanopartículas semicondutoras dentro do regime de confinamento quântico em seus estados eletrônicos.

BV

BC

Eg

BC= banda de condução Eg= energia de banda proibida BV= banda de valência

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2.3 Pontos Quânticos

Um dos materiais mais promissores da nanociência e nanotecnologia são os

pontos quânticos, os quais são constituídos por algumas centenas ou centenas de

milhares de átomos [9].

Um ponto quântico é uma partícula com diâmetro típico entre 1 a 100 nm, que

devido ao seu diminuto tamanho se comporta com um poço de potencial que confina

os elétrons nas três dimensões espaciais em uma região com o tamanho da ordem

do comprimento de onda de de Broglie dos elétrons do material [10].

Com o confinamento, os elétrons no ponto quântico têm sua energia

quantizada em valores discretos, como em um átomo. Por essa razão, os pontos

quânticos são por vezes chamados de átomos artificiais.

Devido ao pequeno tamanho, os pontos quânticos apresentam características

óticas especiais, tornando-os bastantes estudados na atualidade. Algumas dessas

características são:

i) Largo espectro de excitação, permitindo uma maior escolha de

comprimentos de onda para sua excitação;

ii) Elevada fotoestabilidade, possibilita a excitação durante períodos

longos sem sua degradação;

iii) Possibilidade de junção com moléculas orgânicas, sem que a

fotoluminescência seja destruída.

Tradicionalmente, pontos quânticos são produzidos através do método top-

down, que utiliza técnicas físicas como crescimento de cristais, tais como epitaxia

por feixe molecular ou deposição de vapor, ambas produzindo partículas

semicondutoras sobre um substrato também semicondutor. Outra técnica também

utilizada é a litografia.

Devido aos grandes avanços da química coloidal, surgiram novos métodos de

síntese de pontos quânticos que empregam técnicas químicas, que são conhecidos

como bottom-up. O desenvolvimento dessas maneiras de produção de pontos

quânticos coloidais em solução levou a um enorme crescimento na pesquisa destes

materiais [11,12].

Os métodos físicos produzem grande quantidade de material, no entanto, a

obtenção de nanocristais com uma distribuição estreita de tamanhos torna-se

Page 16: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

8

comprometida. Em compensação, a utilização de técnicas químicas possibilita a

obtenção de pontos quânticos com tamanhos relativamente uniformes, embora seja

possível produzir apenas pequenas quantidades do material.

Ao passar do tempo, os pesquisadores perceberam que os pontos quânticos

coloidais são do tamanho de uma proteína típica e que, então, seria possível a

introdução destas partículas em células [12,13]. Isso resultaria no uso de pontos

quânticos como marcadores de estruturas específicas nas células, o que é feito

tradicionalmente com corantes fluorescentes. Uma das grandes vantagens do uso

de pontos quânticos ao invés de corantes para esta função é a alta estabilidade dos

nanocristais, permitindo a emissão de luz por um tempo muito superior ao dos

corantes (Figura 2.4).

Com o avanço da ciência apareceram, recentemente, vários métodos de

produção [15] e biofuncionalização dos pontos quânticos coloidais [16-20]. Com a

biofuncionalização dos pontos quânticos, estes podem ser levados a se ligarem em

pontos específicos das células ou tipos específicos de células. Por exemplo,

conjugando os pontos quânticos com um peptídeo ou anticorpo é possível fazer com

que eles reconheçam uma célula cancerosa específica no corpo (Figura 2.5).

Além das aplicações biológicas dos pontos quânticos, uma vasta pesquisa

tem sido feita no sentido de utilizá-los em LED’s, lasers, telas planas, memórias para

computadores e células solares [22-24].

Figura 2.4: Estabilidade dos pontos quânticos em comparação com o corante Alexa 488. Nos quadros de cima, o núcleo foi tingido de vermelho com pontos quânticos e as fibras de actina foram tingidas de verde com o corante. Nos quadros de baixo, a marcação é invertida [14].

Page 17: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

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Figura 2.5: Pontos quânticos, que emitem no vermelho, injetados em um rato vivo marcam a localização de um tumor [21].

Na Figura 2.6, podemos ver displays feitos com pontos quânticos coloidais

produzidos pela empresa de nanomateriais QD Vision.

Figura 2.6: Displays construídos com pontos quânticos coloidais produzidos pela QD Vision, para a utilização em aparelhos eletrônicos [25]. Atualmente, várias empresas produzem pontos quânticos comercialmente,

que fluorescem em uma variedade de cores. A Figura 2.7, mostra o espectro de

fluorescência para sete tamanhos diferentes de pontos quânticos produzidos por

uma destas empresas, a Evident Technologies [26].

2.4 Caroço-Casca

À elevada razão entre a área superficial e o volume das nanoparticulas

podem provocar defeitos de superfície altamente ativos [27]. Estes defeitos criam

sub-níveis de energia que capturam os elétrons excitados. Desta forma, os defeitos

provocam um aumento da banda de emissão das nanoparticulas, além de uma

diminuição da eficiência de luminescência.

Page 18: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

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Figura 2.7: Espectro de fluorescência para sete tamanhos de pontos quânticos produzidos comercialmente pela Evident Technologies [26].

Uma forma de minimizar os defeitos da superfície do ponto quântico é crescer

uma camada de outro semicondutor com energia de gap maior em volta do ponto

quântico, conforme ilustrado na Figura 2.8. O crescimento dessa camada em torno

do nanocristal eleva o rendimento quântico da fluorescência e proporciona um ganho

de estabilidade dos pontos quânticos.

Figura 2.8: Pontos quânticos de CdSe no interior esférico rodeado por uma camada de semicondutores ZnS [28].

Um nanocristal semicondutor que apresenta em sua volta uma camada de

outro semicondutor de gap maior é chamado de caroço-casca (core-shell). O

semicondutor “externo” é chamado de casca, enquanto o semicondutor “interno” é

chamado de caroço.

casca

caroço

Page 19: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

11

A síntese eficaz dos pontos quânticos tipo caroço-casca depende de alguns

aspectos além do valor do gap de cada material, tais como o parâmetro de rede do

material da casca e sua espessura. O material que constitui a casca deve apresentar

parâmetro de rede bem próximo ao do caroço, de modo que a cristalização entre os

dois materiais seja bem parecida. Se este parâmetro não for respeitado, a interface

caroço-casca apresentará defeitos de superfície [29]. Podemos observar na Tabela

2.2 valores da energia do gap (E gap

) e parâmetro de rede de alguns cristais.

Material E gap

(eV) Parâmetro de rede (Å)

ZnS ZnSe ZnTe CdS CdSe CdTe GaN GaP GaAs InN InP InAs

3,61 2,69 2,39 2,49 1,74 1,43 3,44 2,27 1,42 0,8

1,35 0,35

5,41 5,668 6,104

4,136/6,714 4,3/7,01 6,482

3,188/5,185 5,45 5,653

3,545/5,703 5,869 6,058

Tabela 2.2. Parâmetros estruturais para alguns semicondutores cristalinos nos sistemas II-VI e III-V [30].

Já a espessura da casca não deve ser muito fina e nem muito grossa. A

existência de poucas camadas atômicas da casca não minimiza os defeitos de

superfície do caroço [30]. Entretanto, varias camadas proporciona o aparecimento

de defeitos de superfície na casca.

2.5 Surfactantes

Surfactantes, ou tensoativos, são moléculas naturais ou artificiais que

apresentam um grupo polar hidrofílico (alta afinidade à água) e uma cadeia

hidrofóbica de hidrocarbonetos (afinidade a solventes apolares), como representado

na Figura 2.9.

Page 20: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

12

Figura 2.9: Estrutura esquemática de um surfactante [31].

A presença de pequenas quantidades de moléculas de surfactante em um

meio aquoso proporciona uma redução da tensão superficial da água [32]. Isso se

deve ao fato de que as moléculas de surfactantes dissolvidas na água migram para

a superfície água-ar e se posicionam perpendicularmente à superfície, tal que a

parte polar permanece no meio aquoso enquanto a parte apolar fica no ar, como

demonstrado na Figura 2.10.

Figura 2.10: Representação do posicionamento de moléculas de tensoativos em um meio aquoso [32].

Aumentando a quantidade de surfactante no sistema acarreta a presença de

moléculas de tensoativos livres no meio da solução. Por causa do movimento natural

dessas moléculas existe a possibilidade do choque entre elas. Estas colisões podem

ser entre as duas partes apolares que apresentam afinidade entre si, desta forma,

existe a tendência dessas partes se agruparem. Esse conjunto de moléculas tem a

capacidade de agregar cada vez mais moléculas, devido aos inúmeros choques que

podem ainda sofrer, formando uma estrutura muito mais estável que os surfactantes

Água

Ar

Page 21: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

13

livres. Este agregado de moléculas é chamado de micela [32]. A Figura 2.11

representa um tipo de estrutura micelar.

Figura 2.11: Representação de uma micela esférica de surfactante em meio aquoso [32].

Cada surfactante apresenta uma concentração mínima para que haja a

formação de micelas no meio. Esta concentração é chamada de concentração

micelar crítica (CMC).

Os surfactantes são classificados de acordo com o grupo e carga iônica que

carregam na porção hidrofílica. As classes são basicamente: aniônicos, catiônicos e

não iônicos [33].

Os surfactantes aniônicos, ao se ionizarem em solução aquosa, fornecem

íons orgânicos carregados negativamente. Alguns exemplos são o dodecil sulfato de

sódio (SDS) e o linear alquil benzeno sulfonato de sódio, sendo que a estrutura

molecular deste está representada na Figura 2.12.

Figura 2.12: Estrutura do composto químico linear alquil benzeno sulfonato de sódio.

Os surfactantes catiônicos, ao se ionizarem em solução aquosa, fornecem

íons orgânicos carregados positivamente. Os quaternários de amônio são exemplos

desse tipo de surfactante.

Page 22: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

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Os surfactantes não-iônicos são compostos que, quando em solução aquosa,

exibem características aniônicas ou catiônicas dependendo das condições de pH da

solução. Exemplos desses surfactantes são o N-alquil e ácidos.

2.6 Sistemas coloidais

Deste a Pré-história o homem vem utilizando os sistemas coloidais em seu

dia-a-dia, como, por exemplo, pigmentos para as pinturas rupestres e dispersões de

argila para fabricação de utensílios.

Sistemas coloidais são aqueles em que um ou mais componentes tem, pelo

menos, uma dimensão entre 1 nm a 1 µm [34]. Em geral, um sistema coloidal é

constituído por uma substância presente em menor quantidade, definida como

disperso, junto com uma segunda substância, chamada de dispersante. Um exemplo

desse sistema é o leite, formado por gorduras dispersas em uma fase aquosa [35].

As partículas dispersas apresentam tamanhos maiores que as do meio

dispersante, entretanto não são grandes o suficiente para sofrerem a ação da força

da gravidade [36].

Devido à faixa de tamanho do disperso, os fótons em um sistema coloidal

sofrem colisões com as nanopartículas do meio que dispersam e refletem a luz.

Esse fenômeno é conhecido como Efeito Tyndall. Na Figura 2.13 podemos observar

esse efeito em uma solução coloidal.

As moléculas dispersas sofrem frequentes colisões com as partículas

menores do meio, desta forma, essas moléculas se movimentam aleatoriamente no

dispersante, efetuando um Movimento Browniano.

Figura 2.13: Dispersão da luz no recipiente de liquido vermelho devido a existência de partículas coloidais o que não é observado no outro recipiente, de liquido amarelado, que não é um sistema coloidal [37].

Page 23: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

15

2.7 Síntese Por Rota Coloidal

Com o objetivo de obter pontos quânticos com uma distribuição estreita de

tamanhos, alta cristalinidade e com o mínimo de defeitos de superfície,

pesquisadores têm empregado a química coloidal na síntese dessas nanoestruturas.

O surgimento da técnica chamada de TOP/TOPO no inicio da década de 90,

proporcionou a fabricação de pontos quânticos de CdS, CdSe e CdTe com

distribuição estreita de tamanhos entre 2 a 12 nm e alto rendimento quântico de

fluorescência [38]. Entretanto a síntese de nanopartículas utilizando essa técnica

apresentava custo elevado, produtos altamente tóxicos e altas temperaturas. Além

disso, esses nanocristais não eram solúveis em água e, portanto, não era possível a

sua utilização em sistemas biológicos.

Anos mais tardes, sistemas micelares começaram a serem utilizados para

controlar o tamanho dos nanocristais. Quinlan et al. obtiveram nanocristais de

calcogenetos de cádmio utilizando micelas reversas, que apresentaram boa emissão

com tamanho entre 3,4 e 4,0 nm, porém com baixa cristalinidade [39].

Pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o intuito de estabelecer uma rota

aquosa, sem a utilização de produtos tóxicos, de custo baixo e que dê origem a

pontos quânticos com bom rendimento quântico de fluorescência, boa distribuição

de tamanhos e alta cristalinidade. Uma das técnicas desenvolvidas é a produção

utilizando sistemas coloidais. Esta é a técnica escolhida neste trabalho.

Page 24: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

16

3- Materiais e Métodos

3.1 Materiais utilizados na síntese dos pontos quânticos de

CdS e CdS:Zn

Para o processo de síntese de nanopartículas de sulfeto de cádmio e sulfeto

de cádmio dopado com zinco foram utilizados os seguintes reagentes:

Detergente comum (ácido linear dodecil benzeno sulfônico, lauril éter sulfato

de sódio, uréia, cloreto de sódio, conservantes, coco amido propil betaína,

corante e água, sendo que os compostos ativos são ácido linear dodecil

benzeno sulfônico, lauril éter sulfato de sódio e coco amido propil betaína);

Sulfeto de sódio nono hidratado (Na2S.9H2O) (Signa Aldrich);

Cloreto de cádmio (CdCl2) (Signa Aldrich);

Cloreto de zinco (ZnCl2) (Signa Aldrich);

Sulfato de zinco hepta hidratado (ZnSO4.7H2O) (Signa Aldrich);

Hidróxido de sódio (NaOH) (Signa Aldrich);

Enxofre (S) (“Farmácia”);

Boro hidreto de sódio (NaBH4) (Signa Aldrich);

Linear alquil benzeno sulfonato de sódio (C18H29NaO3S) (Signa Aldrich).

3.2. Síntese dos pontos quânticos

A maioria dos métodos de síntese de pontos quânticos coloidais descritos na

literatura envolve a utilização de algum tipo de surfactante [40-43]. Em nosso

trabalho tentamos elaborar um novo sistema de síntese utilizando detergente

comum como surfactante, já que esse é um composto muito barato e fácil de ser

encontrado.

Page 25: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

17

O primeiro teste consistiu em fazer uma solução de detergente em água da

torneira onde introduzimos alguns microlitros das soluções salinas de Na2S e CdCl2

a 1 M. Após a introdução das soluções salinas foi observada a fluorescência da

solução, que acreditamos ser devido à formação de pontos quânticos. O tamanho

dos pontos quânticos permaneceu estável durante um longo tempo.

Os pontos quânticos são formados através do processo descrito a seguir.

Todos os compostos utilizados são solúveis em água, dissociando-se em íons.

Quando as soluções salinas de Na2S e CdCl2 são misturadas os íons de Cd+2 e S-2

reagem e formam o CdS, que é insolúvel na água. As moléculas de CdS começam,

então, a se agruparem, formando uma partícula. Se a solução aquosa contivesse

apenas Na2S e CdCl2 as partículas de CdS se agregariam até se precipitarem na

solução. Como, em nosso caso, a solução também contém um surfactante, as

moléculas desse se adsorvem na superfície das partículas, quando essas ainda têm

tamanhos manométricos, evitando que elas se agreguem, formando, assim,

nanopartículas.

Para evitar qualquer problema que poderia ser ocasionado pelas impurezas

presentes na água da torneira, passamos a produzir todas as soluções utilizando

agua deionizada.

A fim de aprimorarmos o processo, variamos as concentrações de detergente,

a ordem de introdução das soluções salinas e a temperatura.

Devido a problemas de obtenção do composto sulfeto de sódio nono

hidratado, cuja compra é controlada pelo Exercido Brasileiro, elaboramos uma nova

rota de produção de íons de enxofre (S2-) sem a necessidade desse composto,

utilizando apenas enxofre puro e hidróxido de sódio. Esta nova solução contendo S2-

será chamada de Solução NaOH/S.

A utilização desse novo método de obtenção do íon de enxofre possibilitou a

produção de nanopartículas com características superiores às obtidas anteriormente

utilizando o sal industrializado.

Na Figura 3.1 pode ser visto um esquema simplificado dos principais passos

para a produção de pontos quânticos.

Page 26: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

18

Figura 3.1: Esquema simplificado de como é feita a produção dos pontos quânticos coloidais de CdS em meio puramente aquoso.

Com o intuído de obtermos nanopartículas com propriedades cada vez

melhores começamos a introduzir em nossa síntese o íon de zinco (Zn2+) obtido

através de uma solução salina de sulfato de zinco. A introdução desse íon

proporcionou a diminuição do tamanho das nanopartículas e o aumento da

intensidade de fluorescência dos mesmos.

Ao longo do trabalho tentamos aperfeiçoar este inovador método, utilizando o

principal composto ativo do detergente, o linear dodecil benzeno sulfonato de sódio

(C18H29NaO3S).

3.3 Solução de NaOH/S

No decorrer do nosso projeto, tivemos a necessidade de comprar mais do

composto Na2S.9H2O. No entanto, tivemos alguns problemas para sua obtenção,

relacionados com a liberação junto ao Exército Brasileiro por se tratar de um sal

utilizado na fabricação de explosivos. Consequentemente, fomos forçados a achar

uma via alternativa para que os trabalhos não ficassem paralisados.

Para as tentativas de substituição da solução salina de sulfeto de sódio, nós

utilizamos rotas encontradas na dissertação de mestrado de Wendel Lopes Moreira

[44].

Nossa primeira tentativa foi o preparo de uma solução alcalina contendo

0,16 g de enxofre em 50,0 ml de uma solução aquosa de NaOH à 0,1 M. Porém, a

Água +

Detergente

Pontos quânticos

coloidas de CdS

Solução

contendo

íons de Cd2+

Solução

contendo

íons de S2-

Água +

Detergente

Page 27: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

19

tentativa de dissolver todo o enxofre em água não foi conseguida, pois era possível

observar parte do pó de enxofre na água. Apesar disso, fizemos várias tentativas de

síntese de pontos quânticos com esta solução variando a quantidade e a ordem de

introdução desta solução e da solução salina de cloreto de cádmio. Em nenhum

destes testes obtivemos a formação das nanopartículas, apenas a formação de um

material branco e gelatinoso.

Na segunda tentativa, utilizamos 40,0 ml de água com 1,0 mmol de enxofre e

nesta solução adicionamos 5,0 ml de uma solução aquosa de 2,0 mmol de NaBH4.

Após a mistura destas duas soluções, elas foram aquecidas a uma temperatura de

aproximadamente 80ᴼC, até que não houvesse nenhum resíduo de composto sólido

na solução. Depois, a solução foi resfriada à temperatura ambiente e utilizada.

Novamente, fizemos várias tentativas de obtenção dos pontos quânticos com esta

solução e não constatamos nenhuma formação de pontos quânticos.

Decorrente destes dois procedimentos, que não nos levou à formação de

pontos quânticos, tentamos preparar uma solução que nos fornecesse os íons de

enxofre pela junção das duas tentativas. Este procedimento foi o preparo de uma

solução de 4,0 g de NaOH e 0,16 g de enxofre introduzidos em 50,0 g de água,

sendo que, depois da mistura, esta solução era aquecida, sob agitação, a uma

temperatura de aproximadamente 100,0ᴼC. A solução era aquecida e

frequentemente adicionada mais água até que sua cor ficasse bem laranja, o que

demorava mais ou menos 1 hora, sendo que ainda era possível ver resíduos sólidos

na solução. A partir daí a solução era filtrada com filtro de papel para café e

adicionada mais água até ter 500,0 ml de solução. Esta solução apresentava uma

coloração amarelada que se tornava em uma solução transparente após alguns dias

(Figura 3.2).

Figura 3.2: Imagens da solução de NaOH/S após: (a) seu preparo; (b) uma semana do preparo.

(a) (b)

Page 28: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

20

A Figura 3.3 monstra, simplificadamente, os passos para a produção da

solução NaOH/S.

Figura 3.3: Esquema simplificado da produção da solução de NaOH/S.

Para facilitar o preparo das amostras alteramos o preparo da solução de

enxofre. Após a filtragem, ao invés de adicionarmos água até completar 500,0 ml de

solução passamos a adicionar água até o volume final de 125,0 ml e por fim até

70,0 ml, ou seja, aumentamos mais 7 vezes a concentração da solução.

Agitação e Aquecimento

NaOH

H2O

Até que o volume

seja de 500,0ml

S

Filtrar

S2-

H2O

S2-

500,0 ml

H2O

Page 29: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

21

3.4. Caracterização dos pontos quânticos

Devido principalmente à forte intensidade de fluorescência dos pontos

quânticos coloidais de CdS, nós demos ênfase na caracterização das nanopartículas

utilizando a técnica de fotoluminescência. Entretanto, também analisamos as

amostras obtidas por espectroscopia de absorbância, microscopia eletrônica de

transmissão (TEM) e difração de raios-x.

3.5. Técnica de fotoluminescência (PL)

Quando um material é submetido a uma excitação luminosa ele adquire

energia fazendo com que elétrons ocupem níveis de energia mais elevados,

chamados de estados excitados. Em razão da instabilidade desses estados

excitados, elétrons podem transitar para níveis de energia mais baixos. A diferença

de energia entre esses dois estados pode ser expelida em forma de radiação

eletromagnética. Este processo de emissão de fótons pelo material é conhecido

como fotoluminescência.

Devido ao fato que o valor de energia dos estados eletrônicos são

características de cada material, a transição entre esses níveis proporciona fótons

que estão intimamente relacionados com o material e são independentes da fonte de

excitação.

A excitação luminosa em materiais semicondutores cria um par elétron-

buraco. Na maioria das vezes o fóton absorvido apresenta uma energia maior que a

energia do gap. Desta forma, elétrons excitados transitam de níveis da banda de

valência para níveis da banda de condução. Na banda de condução os elétrons mais

energéticos podem ocupar estados mais elevados, se isso acontecer, estes elétrons

tendem a transitar para o nível de menor energia dessa banda, através da emissão

de fônons. Em seguida o elétron pode recombinar com o buraco emitindo um fóton

que apresenta uma energia equivalente à diferença entre os dois estados ocupados.

As impurezas presentes no cristal podem interferir no processo de

fotoluminescência. Elétrons e/ou buracos podem ser capturados por eles, formando

Page 30: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

22

no final do processo de recombinação um fóton com menor energia que o obtido

através de uma transição direta [45].

Para a caracterização por PL dos pontos quânticos utilizamos um

espectrômetro modelo USB2000 - Ocean Optics ou USB4000 - Ocean Optics, um

laser ultravioleta (UV) da marca Coherent, com um comprimento de onda de 375 nm

e potência de saída ajustável a até 16 mW (a qual é controlada por um software que

acompanha o laser) e um sistema ótico, como mostra a Figura 3.4.

Figura 3.4: Montagem do sistema de caracterização por fotoluminescência.

Para efetuar as medidas da fluorescência dos pontos quânticos, estes eram

colocados em uma cubeta retangular de quartzo e esta, por sua vez, era posta no

suporte para cubetas (Figura 3.5), que apresenta espelhos ajustáveis, uma conexão

para a fibra ótica do espectrômetro e também uma abertura para a entrada do feixe

Laser

Caminho do feixe do laser

Suporte de Cubetas

Diafragma

Lente focalizadora

Fibra ótica

Espectrômetro

Page 31: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

23

de luz do laser. Um feixe de luz, vindo do laser, é focalizado na amostra, utilizando

uma lente focalizadora. Parte do laser é absorvida e outra parte passa direto pela

amostra. A parte que passa direto é refletida por um espelho no suporte e passa

novamente através da amostra, maximizando a absorção de luz. A luz absorvida faz

com que a amostra emita luz visível em todas as direções. Parte dessa luz é emitida

na direção da fibra ótica e parte é emitida na direção contrária. Essa porção é

refletida por um espelho no suporte e enviada para a fibra ótica, maximizando a luz

coletada. A luz coletada pela fibra ótica é levada até o espectrômetro que efetua as

medidas. Um filtro de cor que transmite luz com comprimentos de onda acima de

400 nm foi colocado antes da entrada da fibra óptica para permitir que somente o

sinal proveniente da amostra fosse coletado.

Figura 3.5: O suporte para cubetas que está sendo utilizado. Os pinos à esquerda e na parte superior são suportes para espelhos e a rosca à direita é para a conexão da fibra óptica. O feixe de luz do laser passa pela abertura na parte inferior.

Para as medidas de fluorescência dos pontos quânticos, nos concentramos

na medida de scope e também na irradiância relativa entre as várias opções de

medida do espectrômetro. O scope é apenas a medida do espectro da amostra sem

nenhuma correção. Já a irradiância relativa é a resposta do espectrômetro com as

devidas calibrações do equipamento (absorção de luz pelos materiais que compõem

o equipamento e diferença em sensibilidade dos fotodiodos do detector para

diferentes comprimentos de onda). Essa medida é muito importante porque ela

Espelhos

Ajustáveis

Conexão da fibra ótica

Entrada do feixe de luz do

lazer

Page 32: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

24

representa o sinal que realmente está sendo emitido pela fonte luminosa.

As correções necessárias para a medida de irradiância relativa são obtidas

das medidas de scope do escuro e de uma lâmpada de tungstênio, que são,

respectivamente, o dark e o espectro de referência do corpo negro.

A medida do dark é efetuada sem nenhuma fonte de luz, ou seja, durante

sua medida todas as fontes de luz são eliminadas, o ambiente fica completamente

escuro, sendo assim o sinal adquirido pelo espectrômetro é decorrente dos ruídos

eletrônicos que o sistema possui.

Já a medida do espectro de referência é o sinal coletado de uma lâmpada de

tungstênio. Antes de efetuar essa medida a lâmpada permanece ligada por,

aproximadamente, 30 minutos. Esse tempo de espera é necessário para que o

filamento de tungstênio aqueça até sua temperatura característica, 2800 K, e

durante a medida essa temperatura permaneça constante. Podemos observar na

Figura 3.6 o scope da lâmpada de tungstênio. Vemos que o espectro não é o

esperado para um corpo negro a 2800 K. Isso se deve ao fato do sensor do

espectrômetro não ter a mesma sensibilidade para todos os comprimentos de onda

(o detector não é muito bom para detectar comprimento de onda acima de,

aproximadamente, 600nm).

Figura 3.6: Espectro da lâmpada de tungstênio tomada como referência para o corpo negro [46].

Para efetuarmos a medida de scope precisamos seguir alguns passos. Após

inicializar o software do USB2000, Spectra Suite, devemos introduzir os parâmetros

de análise, que são: Integration Time (quanto tempo o detector ficará aberto), Scans

Page 33: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

25

to Average (quantas curvas serão coletadas para se fazer uma média) e Boxcar

Width (quantos pontos serão usados, em torno de um dado ponto para se fazer uma

média). A melhor escolha desses parâmetros é necessária, pois estes determinam

as características dos dados coletados, por exemplo, se aumentarmos muito o

Integration Time teremos uma curva muito intensa que pode superar o valor máximo

do equipamento, entretanto valores baixos implica em intensidades baixas. Os

valores escolhidos devem ser mantidos de uma medida para outra, para que

possamos depois comparar os resultados. Em nosso caso, os valores foram: 3 s

para Integration Time; 5 para Scans to Average; 10 para Boxcar Width.

O espectro de irradiância observado é obtido pelo sistema a partir do

seguinte cálculo efetuado pelo software:

)(

)(

DR

DSBI

(1)

onde Iλ é a irradiância relativa, Sλ a medida de “scope” da amostra, Rλ é a referência

para um espectro de corpo negro, Dλ a medida do escuro e Bλ seria um fator de

correção para o sistema tomando como base o espectro de corpo negro teórico [47].

Em todos os espectros de fotoluminescência obtidos de nossas amostras,

encontramos um pico em aproximadamente 439 nm que se refere a alguma

interação da solução com o nosso sistema ótico. Este pico aparece não apenas em

soluções aquosas, mas também em soluções que contém clorofórmio, álcool e

acetona. Podemos observar este pico na Figura 3.7, sendo o primeiro pico da

esquerda para direita. A origem desse pico ainda não foi determinada.

Figura 3.7: Gráfico de da intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão de uma das amostras de pontos quânticos.

Page 34: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

26

4- Resultados e Discussões Primeiramente, observamos que os reagentes utilizados e as seguintes

misturas: detergente e água; detergente, água e solução salina de Na2S; detergente,

água e solução salina de CdCl2; detergente, água e solução de NaOH/S; solução

salina de Na2S; solução salina de CdCl2; solução de NaOH/S não apresentavam

fluorescência.

Utilizando o método de síntese de nanopartículas coloidais de CdS descrido

na seção 3.2, conseguimos obter nanopartículas com diversos tamanhos e com

grande intensidade de emissão.

A Figura 4.1 mostra a fluorescência de algumas amostras excitadas com o

laser UV. Nesta imagem, pode-se notar que mesmo com luz ambiente ainda é

possível visualizar a fluorescência dos pontos quânticos devido a sua grande

intensidade de emissão.

Figura 4.1: Fluorescência de algumas amostras de pontos quânticos coloidais, em cores distintas, excitadas com o laser UV. O frasco da esquerda contém apenas água mais detergente, já os demais contêm amostras de pontos quânticos de tamanhos diferentes.

4.1. Pontos Quânticos coloidais CdS sintetizados utilizando

detergente comum como surfactante

Nesta parte do trabalho, vamos discutir os primeiros passos da elaboração da

rota de síntese sugerida por nós, ou seja, descreveremos o procedimento de

Page 35: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

27

produção de nanopartículas coloidais de CdS utilizando o detergente comum como

surfactante.

O estudo de pontos quânticos coloidais sintetizados com detergente foi

dividido em duas etapas: a primeira etapa consistiu na utilização de Na2S como fonte

do percursor de enxofre; já a segunda, foi com a utilização da solução NaOH/S

como fornecedora desse percursor.

4.1.1. Utilização do Na2S como fonte do percursor S2-

Nossa primeira análise consistiu em determinar a melhor quantidade de íons

de S2- que deveriam ser adicionados na solução aquosa de detergente para se

formar os pontos quânticos. Logo, alteramos a quantidade de solução salina de

Na2S, sem alterar as quantidades de água, de detergente, da solução salina de

CdCl2 e nem a ordem de introdução das soluções salinas: primeiro a introdução da

solução salina de Na2S, e logo em seguida 10,0 たl de solução salina de CdCl2.

Todas as amostras foram preparadas a partir de uma solução de 0,1980 g de

detergente em 150,0 g de água. A quantidade de solução de cada amostra está

descrita na Tabela 4.1. Depois do preparo destas soluções, observamos logo em

seguida a fluorescência de todas elas, como pode ser visto na Figura 4.2.

Amostra Quantidade de solução de Na2S (µl)

98A 10,0

99A 7,5

100A 5,0

101A 2,5

Tabela 4.1: Especificação das quantidades de Na2S e CdCl2 das amostras 98A a 101A.

É possível observar na Figura 4.2 que entre as amostras 98A a 100A a

diminuição da quantidade de solução salina de sulfeto de sódio implica em pontos

quânticos de tamanhos menores. Desta forma, variamos novamente a quantidade

dessa solução entre 10,0 µl a 5,0 µl, com passo de 2,5 µl, além disso, variamos a

ordem de introdução dos sais. A quantidade das soluções salinas introduzidas em

Page 36: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

28

98A 99A 100A 101A

cada amostra, juntamente com a ordem de introdução estão especificados na

Tabela 4.2.

Figura 4.2: Amostras de pontos quânticos com tamanhos distintos devido a variação da quantidade de solução salina de sulfeto de sódio.

As amostras 108A a 113A foram preparadas com 150,0 g de água deionizada

e 0,1980 g de detergente. Logo após o preparo, essas soluções ficaram sob

agitação. Durante a agitação, foram adicionadas, então, as soluções salinas na

ordem e quantidades indicadas na Tabela 4.2. Todas estas amostras foram

preparadas em temperatura ambiente.

Amostra Primeira Solução Salina a

1M Introduzida

Segunda Solução Salina

a 1M Introduzida

108A 10,0 µl de Na2S

10,0 µl de CdCl2 109A 7,5 µl de Na2S

110A 5,0 µl de Na2S

111A

10,0 µl de CdCl2

10,0 µl de Na2S

112A 7,5 µl de Na2S

113A 5,0 µl de Na2S

Tabela 4.2: Especificações das quantidades e ordem de introdução das soluções salinas das amostras 108A a 113A.

Após o preparo notamos a fluorescência em todas as amostras, sendo que

visivelmente as amostras 109A e 110A apresentaram os menores comprimentos de

ondas e a 111A o maior comprimento de onda. Esta diferença de comprimentos de

ondas persistiu por vários dias (Figura 4.3).

Page 37: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

29

Pela Figura 4.3(a) pode-se notar que as amostras que apresentam a

introdução do íon S2- e posteriormente o Cd2+, amostras 108A, 109A e 110A,

apresentam tamanhos menores que as amostras com ordem inversa de introdução

dos íons, mas com a mesma quantidade de soluções salinas (amostras 111A, 112A

e 113A, respectivamente). Portanto, constatamos que a ordem das soluções altera o

espectro de fluorescência das amostras. Observa-se novamente que a diminuição

da quantidade de Na2S implica em tamanhos menores de pontos quânticos para

qualquer ordem de introdução das soluções salinas (Figura 4.3(b)).

Figura 4.3: Amostras de pontos quânticos com fluorescência em comprimentos de onda distintos devido à variação da quantidade de solução salina de Na2S e a ordem das soluções: (a) variação da ordem de introdução dos íons de Cd2+ e S2-; (b) variação da quantidade de íons de S2-.

Depois de termos feito alterações nas quantidades das soluções salinas de

Na2S nas amostras de pontos quânticos com o intuito de obtermos um método de

síntese que nos desse um ponto quântico de tamanho cada vez menor, variamos

novamente a quantidade das soluções salinas de Na2S, porém, com quantidades

108A 111A 109A 112 A 110A 113A

108A 109A 110A 111 A 112A 113A

(a)

(b)

Page 38: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

30

entre 7,5 µl e 5,0 µl, as quais foram as quantidades que produziram amostras com

os menores comprimentos de onda de fluorescência observados anteriormente.

As amostras 114A a 119A foram preparadas com 150,0 g de água

deionizada e 0,1980 g de detergente. Após o preparo, essas soluções ficaram sob

agitação. Durante a agitação, foram adicionadas, então, as soluções salinas a 1M na

ordem e quantidades indicadas na Tabela 4.3.

Em todos os casos a fluorescência das amostras pôde ser observada logo

após o preparo, sendo que a amostra 119A apresentou o menor comprimento de

onda (Figura 4.4).

Amostra Primeira Solução Salina a

1M Introduzida

Segunda Solução

Salina a 1M Introduzida

114A 5,0 µl de Na2S

10,0 µl de CdCl2

115A 5,5 µl de Na2S

116A 6,0 µl de Na2S

117A 6,5 µl de Na2S

118A 7,0 µl de Na2S

119A 7,5 µl de Na2S

Tabela 4.3: Especificação das quantidades e ordens das soluções salinas nas amostras

114A a 119A.

Figura 4.4: Amostras de pontos quânticos com fluorescência em comprimentos de onda distintos devido à variação da quantidade de solução salina de sulfeto de sódio.

No entanto, os resultados obtidos foram opostos aos encontrados

114A 115A 116A 117A 118A 119A

Page 39: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

31

anteriormente: aumentando a quantidade do íon S2- obtivemos nanopartículas com

tamanhos menores. Isto pode ser visto nitidamente nas amostras 118A e 119A

(Figura 4.4). Além disso, podemos perceber que as amostras 114A e 119A não

apresentam as mesmas condições finais que as amostras com as mesmas

características de preparo produzidas anteriormente, amostras 109A e 110A. Como

pode ser visto na Figura 4.5, as amostras sintetizadas na última variação

apresentam comprimentos de onda menores, mas intensidades menores.

Acreditamos que isso seja devido ao fato do Na2S ser higroscópico e por algum

motivo este composto dever ter tido contado direto com ar por muito tempo ou até

mesmo água e tenha se contaminado. Logo, a solução salina preparada com esta

substância não apresenta uma concentração de íons de cádmio como as anteriores.

Figura 4.5: Pares de amostras com tamanhos distintos apesar de apresentarem as mesmas características de preparo: (a) soluções salinas a 1 M na seguinte ordem e quantidades: primeiro 7,5 たl de solução salina de Na2S e logo após 10,0 たl de CdCl2; (b) soluções salinas a 1 M na seguinte ordem e quantidades: primeiro 5,0 たl de solução salina de Na2S e logo após 10,0 たl de CdCl2.

Durante os primeiros meses de trabalho não tínhamos o controle do

armazenamento dos pontos quânticos. Algumas das amostras produzidas foram

mantidas em recipientes abertos, o que proporcionou resultados inesperados, como

o aumento do comprimento de onda em um curto intervalo de tempo. Desta forma,

verificamos se o contado das soluções mantidas em recipientes abertos com o ar do

ambiente, interferia nas propriedades das nanoparticulas. Preparamos, então, duas

amostras diferentes e cada uma delas foi dividida em dois recipientes distintos.

Estas duas amostras foram nomeadas como 102A e a 103A.

110A 114A 109A 119A

(a) (b)

Page 40: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

32

As duas amostras foram preparadas com 150,0 g de água e 0,1980 g de

detergente. Após o preparo dessas soluções as amostras ficaram sob agitação e

durante a agitação foram adicionadas as soluções salinas a 1 M na seguinte ordem:

para a amostra 102A primeiro 10 たl de solução salina de Na2S e logo após 10 たl de

CdCl2 e para a amostra 103A primeiro 5 たl de solução salina de Na2S e logo após 10

たl de CdCl2.

Após o preparo destas amostras, obtivemos a fluorescência imediata de

ambas, sendo que a amostra 102A apresentou fluorescência no laranja enquanto a

103A, fluorescência amarela. Ambas com boa intensidade.

Depois do preparo, dividimos cada uma em duas amostras em quantidades

iguais, sendo que uma dessas amostras foi colocada em recipiente com vedação

(amostras 102A-0 e 103A-0) e as outras colocadas em recipientes sem vedação

(amostras 102A-1 e 103A-1).

Acompanhamos a evolução das amostras por dias e constatamos que uma

pequena quantidade da solução de pontos quânticos havia evaporado nos

recipientes abertos (amostras 102A-1 e 103A-1). Observamos uma diferença na

fluorescência entre as amostras. Notamos que as amostras 102A-1 e 103A-1

passaram a fluorescer em comprimentos de ondas maiores que as amostras 102A-0

e 103A-0. Além disso, a amostra 103A-0 era a que apresentava fluorescência no

menor comprimento de onda, o que pode ser visto na Figura 4.6.

Desta forma, constatamos que para obtermos amostras com cores e

intensidades de fluorescência estáveis devemos deixar nossas amostras com o

mínimo de contado possível com o ar. Não sabemos de fato o que está ocorrendo

com os nossos pontos quânticos, porém acreditamos em duas possibilidades. A

primeira é que o aumento de concentração da solução devido a evaporação da água

provoque o crescimento dos pontos quânticos. A segunda é que esteja ocorrendo

alguma reação química entre os pontos quânticos e o ambiente.

Page 41: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

33

Figura 4.6: Amostras de pontos quânticos com distintos comprimentos de onda de fluorescência devido à diferença entre os recipientes, aberto ou fechado, e variação da quantidade de solução salina de sulfeto de sódio.

4.1.2 Utilização da solução de NaOH/S como fonte do percursor S2-

Devido aos problemas mencionados anteriormente com o Na2S e com as

limitações encontradas na compra desta substância, tentamos substituir a solução

de Na2S por outras soluções que nos fornecesse o íon de enxofre, S2-, que é de

fundamental importância na síntese. A substituição se deu através da utilização da

solução de NaOH/S descrita na seção 3.3.

O primeiro teste satisfatório de produção das nanopartículas de CdS

utilizando a solução de NaOH/S foi com o preparo de uma solução de 150,0 g de

água deionizada e 0,1980 g de detergente em que introduzimos 10,0 µl de solução

de NaOH/S (volume final de 500,0 ml) e depois 10,0 µl de solução salina de CdCl2 a

1 M, sendo que não observamos nenhuma fluorescência. Após 1 hora sob agitação,

fomos introduzindo 10,0 µl de solução de enxofre de cada vez. Após termos

introduzido na solução cerca de 40,0 µl de solução de enxofre nós notamos uma

fluorescência no amarelo com intensidade fraca, esta amostra foi chamada de 0B.

Ao logo do tempo esta amostra apresentou materiais aglutinados fluorescentes em

meio à solução, que não mais fluorescia. Ao agitarmos a solução estes materiais se

dissolviam levando a uma solução fluorescente, contudo com o passar do tempo

esses aglutinados surgiam novamente.

Após três dias podíamos notar que a solução de enxofre não apresentava

mais a coloração amarelada, ela se tornava transparente. Com o intuito de observar

se esta mudança de coloração da solução de enxofre afetava as características dos

pontos quânticos produzidos, outra amostra (1B), uma réplica da amostra anterior foi

102A-0 102A-1 103A-0 103A-1

Page 42: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

34

preparada. Constatamos a mesma fluorescência, porém com intensidade maior, este

aumento da intensidade será discutido posteriormente.

Para constatar se a ordem de introdução dos íons de Cd2+ e S2+ também

afetava as novas nanopartículas produzidas com a solução de NaOH/S, preparamos

duas amostras (2B e 3B ), sendo que cada uma delas foi preparada a partir de uma

solução de 0,1980 g de detergente em 150,0 g de água deionizada, 40,0 µl de

solução de NaOH/S preparada com mais de uma semana de antecedência e 10,0 µl

de solução salina de CdCl2 a 1M. Porém a ordem de introdução dos íons foi

diferente:

amostra 2B: introduzimos primeiramente o íon de Cd2+ e em seguida o

íon de S2-;

amostra 3B: introduzimos primeiramente o íon de S2- e em seguida o

íon de Cd2+.

Em ambos os casos, não foi observado fluorescência na solução. No entanto

decorrido alguns dias, notamos a existência de uma camada fina composta de

algum material transparente e quebradiço na superfície das amostras e que

apresentava uma fluorescência avermelhada com boa intensidade. Não sabemos o

motivo da formação dessa fina camada fluorescente, mas acreditamos que o fato da

solução de NaOH/S não apresentar mais a coloração amarelada alterou de alguma

forma a formação das nanopartículas em solução.

Sem saber quanto de íons de S2- a solução de NaOH/S fornecia após seu

preparo e se a quantidade desta solução introduzida nas amostras seria de fato a

melhor quantidade, produzimos uma amostra com as mesmas características de

síntese da 0B. Em seguida acrescentamos mais íons de S2- em porções de 10,0 µl,

100,0 µl e 200,0 µl até termos uma solução com boa intensidade de fluorescência

(amostra 8B). Essas condições só foram estabelecidas quando o volume de S2-

chegou próximo de 5,0 ml. Este teste foi refeito e o resultado ficou bem próximo a

esse elevado valor de S2- (amostra 9B). Em ambos os caso, as amostras foram

preparadas a partir de uma solução de NaOH/S decorridos 2 semanas de seu

preparo, um fato que pode explicar a necessidade de introdução dessa grande

quantidade de solução.

Assim, para analisarmos o efeito da idade da solução de NaOH/S na

qualidade das nanopartículas, produzimos amostras durante duas semanas,

Page 43: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

35

utilizando uma mesma solução de NaOH/S. Estas amostras estão especificadas na

Tabela 4.4. Em todas as amostras introduzimos primeiramente 10,0 µl de solução

salina de cloreto de cádmio a 1 M e depois 5,0 ml de solução NaOH/S na solução de

água com detergente.

Amostra Tempo decorrido do preparo (Dias)

13B 0

15B 1

16B 2

17B 3

21B 4

22B 7

23B 8

24B 9

25B 10

26B 13

Tabela 4.4: Especificação dos dias percorridos entre o preparo da solução NaOH/S e o preparo de cada amostra.

Todas as amostras apresentaram fluorescência logo após o preparo. Além

disso, nos primeiros sete dias, as amostras preparadas apresentaram uma

intensidade de fluorescência maior que a preparada no dia anterior, mas após estes

sete dias as amostras ao serem preparadas apresentavam sempre uma intensidade

de fluorescência menor até não haver nenhuma fluorescência (amostra 26B). O

tamanho das nanopartículas apresentou quase sempre o mesmo valor, com uma

fluorescência no amarelo. Entretanto, todas elas apresentaram uma coloração

esverdeada sob luz branca. Havia, também, vários materiais aglutinados em meio à

solução, com exceção das amostras 21B e 22B. Deste modo, notamos que o melhor

dia de preparo dos pontos quânticos utilizando a solução de NaOH/S é uma semana

após a produção desta solução.Com estes resultados preparamos amostras de

pontos quânticos utilizando apenas solução de NaOH/S preparada uma semana

antes.

Ainda não sabemos porque a solução de NaOH/S produz as melhores

amostras apenas depois de 7 dias de seu preparo. Já entramos em contato com

Page 44: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

36

alguns professores do Departamento de Química da UFV e discutimos a

possibilidade de que a solução de NaOH/S seja analisada. Isso será feito no futuro.

Um fato até então intrigante é a utilização de uma grande quantidade de

volume da solução de NaOH/S para obter nanopartículas com intensidades de

emissão elevadas, sendo que anteriormente na síntese utilizando Na2S obtínhamos

aumento de intensidade quando a quantidade do íons S2- era bem menor que a de

Cd2+. Assim, optamos por aumentar a concentração da solução de NaOH/S em 4

vezes, isto é, a solução final não mais terá um volume de 500,0 ml e, sim de

125,0 ml, decidimos também efetuar novamente um teste da quantidade de íons de

S2- que deveria ser adicionada nas amostras, da mesma forma que foi estabelecido

nas amostras 8B e 9B, após a introdução do íon de Cd+2. Como nas amostras 8B e

9B, este teste foi realizado a partir da introdução de 40,0 µl de solução de NaOH/S e

10,0 µl de solução salina de CdCl2 a 1 M, nesta ordem, em uma solução de 0,1980 g

de detergente em 150,0 g e, em seguida, a introdução de mais solução de NaOH/S.

Neste caso, obtivemos uma melhor fluorescência após termos introduzido uma

quantidade de 200,0 µl de S2- na solução que já continha 40,0 µl desse sal, ou seja,

a quantidade total de S2- que produz as melhores condições de fluorescência foi de

240,0 µl.

Nosso próximo passo foi a variação da quantidade de S2- em intervalos de

50,0 µl em torno de 250,0 µl, sendo que esta quantidade era introduzida de uma só

vez na solução aquosa de detergente. Estas amostras são descritas na Tabela 4.5,

sendo que todas as soluções foram preparadas a partir de uma solução de 150,0 g

de água deionizada e 0,1980 g de detergente, sendo introduzido primeiramente a

solução de NaOH/S e depois 10,0 µl da solução salina de CdCl2 a 1 M.

Após o preparo dessas amostras, observamos a fluorescência imediata em

todas as amostras. Entretanto, ao decorrer do tempo notamos que a amostra com

menor comprimento de onda de fluorescência e maior intensidade era a amostra

35 B, como podemos ver na Figura 4.7.

Page 45: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

37

Amostra Quantidade de solução de NaOH/S (µl)

27B 100

28B 150

29B 200

30B 250

31B 300

35B 350

36B 400

37B 450

Tabela 4.5: Especificação das quantidades de solução de NaOH/S das amostras de 27B a 31B e de 35B a 37B.

Figura 4.7: Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão das medidas de scope das amostras 27B à 31B e 35B à 37B, decorridos um mês após o preparo. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Podemos observar na Figura 4.7 a existência de quatro picos em todas as

amostras na mesma posição (linhas verticais tracejadas), sendo que um deles

corresponde ao pico devido ao sistema ótico utilizado, o pico mais a esquerda. Já os

demais são devidos às amostras, picos estes que demonstram a existência de

tamanhos diferentes de pontos quânticos na mesma solução. Notamos também que,

Page 46: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

38

(a) (b)

para a maioria das amostras, o aumento da quantidade da solução de NaOH/S torna

o pico a direta menos intenso, enquanto os demais ficam mais intensos.

Verificamos também que o aumento da concentração de íons de S2- na

amostra não implica em um aumento ou diminuição da intensidade de fluorescência.

Entretanto, podemos dizer que a quantidade existente na amostra 35D proporciona

um resultado final com maior intensidade de fluorescência, com picos de emissão

nos menores comprimentos de onda e menor largura a meia altura que as demais

amostras. Esses dois últimos aspectos demonstra a predominância na solução de

nanocristais com tamanhos menores, o que é desejado por nós.

Observamos que a fluorescência dos pontos quânticos produzidos pelo

método puramente aquoso era reversível em relação ao aquecimento e resfriamento

da amostra. Efetuamos medidas de fluorescência de uma amostra que foi preparada

em temperatura ambiente (estado inicial). Após seu preparo, ela foi aquecida a uma

temperatura de cerca de 80ᴼC (estado intermediário). Logo após atingir esta

temperatura, ela foi resfriada até a temperatura ambiente (estado final). O gráfico da

medida scope desta amostra pode ser observado na Figura 4.8.

Figura 4.8: (a) Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão da medida de scope de uma amostra de pontos quânticos que foi aquecida. (b) Intensidade normalizada em função do comprimento de onda da amostra mostrada em (a). Potência de saída do laser: 16,0 mW.

É possível observar na Figura 4.8(b) que o estado final apresenta os

mesmos picos do estado inicial, o que nos leva a afirmar que as nanopartículas

apresentam tamanhos reversíveis com relação ao aumento de temperatura, apesar

da diminuição da intensidade.

Page 47: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

39

A fim de obtermos a melhor quantidade de detergente nas amostras

preparadas com a solução de NaOH/S, nós preparamos uma série de amostras de

pontos quânticos com diferentes quantidades de detergente, como mostrado na

Tabela 4.6. Em todas as amostras, nós mantivemos as mesmas quantidades e

ordem de introdução das soluções, sendo que primeiramente introduzimos 350,0 µl

da solução de NaOH/S e depois 10,0 µl da solução salina de CdCl2 a 1 M.

Amostra Quantidade de detergente

54B 0,1920 g

55B 0,1950 g

56B 0,1980 g

57B 0,2010 g

58B 0,2030 g

Tabela 4.6: Especificação das quantidades de detergente das amostras de 54B a 58B.

Todas as amostras apresentaram fluorescência imediatamente após seu

preparo. Entretanto, observamos que a amostra com melhor resultado foi a amostra

57B, como podemos ver na Figura 4.9(a).

Figura 4.9(a) Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão das medidas de scope das amostras de pontos quânticos especificados na Tabela 4.6 decorridos uma semana do preparo; (b) Intensidade máxima de fluorescência em função da quantidade de detergente das amostras de pontos quânticos especificados na Tabela 4.6 decorridos uma semana do preparo. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Na Figura 4.9(b) pode-se notar que o aumento da quantidade de detergente

na amostra levou a um aumento da intensidade de fluorescência até que a

quantidade de detergente fosse 0,2010 g. A partir desse valor a intensidade de

(a)

Inte

nsi

dad

e M

áxim

a

Quantidade de Detergente (10-3g)

(b)

Page 48: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

40

fluorescência apresentou uma queda. Logo, a quantidade de surfactante de 0,2010 g

foi a que apresentou o melhor resultado final, ou seja, maior intensidade de

fluorescência e menor comprimento de onda de emissão. Provavelmente,

quantidades de detergente menores do que o da amostra 57D não conseguem

separar nanopartículas pequenas umas das outras, logo estas se chocam e formam

nanocristais de tamanhos maiores. Não sabemos porque o aumento da quantidade

de detergente acima de 0,2010 g produz novamente o aumento do tamanho das

nanopartículas novamente.

Notamos, na Figura 4.10(a), que há um aumento da intensidade de

fluorescência durante um mês do preparo. Entretanto, podemos verificar na Figura

4.10(b) que durante uma semana os picos com maior intensidade permaneceram os

mesmos. Porém, após uma semana a amostra continua a ter um aumento da

intensidade, mas apresenta um pequeno deslocamento da curva e do pico mais

intenso para a direita. Ou seja, decorrido um mês do preparo as nanopartículas com

tamanhos menores começam a se aglutinar e formam nanopartículas com tamanho

maior.

Figura 4.10: (a) Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda emissão de medidas de scope da amostra 57B em diferentes instantes de tempo após seu preparo, mas com os mesmos parâmetros de medida. (b) Intensidade normalizada da fluorescência em função do comprimento de onda da amostra 57B em diferentes instantes de tempo após seu preparo. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Observamos durante os preparos dos pontos quânticos que a solução de

NaOH/S permanecia amarelada por um longo período se esta estive em um

recipiente fechado e com pouco ar em seu interior. Desta forma, verificamos se o

contado direto da solução de NaOH/S com o ar do ambiente tornaria a solução

(a) (b)

Page 49: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

41

transparente mais rapidamente. Preparamos uma solução de NaOH/S e a dividimos

em dois recipientes diferentes, sendo que um dos recipientes foi lacrado e o outro

recipiente foi deixado aberto.

Após um semana, preparamos duas amostras a partir dessa solução de

NaOH/S. Estas duas amostras são a 59B e 60B, preparadas a partir de um solução

de 0,1980 g de detergente em 150,0 g de água deionizada, sendo introduzido 350 µl

da solução de NaOH/S e depois 10,0 µl da solução salina de CdCl2 a 1 M. A única

diferença de uma amostra para outra foi o tipo de solução de NaOH/S, a amostra

59B foi preparada usando a solução que permaneceu em um recipiente fechado e a

amostra 60B foi preparada com a solução que permaneceu no recipiente aberto. A

quantidade de detergente em ambas as amostras não corresponde ao valor que nos

fornece as melhores amostras (0,2010 g), como vimos na ultima análise. Isso se

deve ao fato de que o resultado anterior foi obtido após um mês do preparo das

amostras estudadas e estas duas amostras, 59B e 60B, foram preparadas após

alguns dias do preparo das amostras 54B a 58B, portanto ainda não tínhamos o

conhecimento da melhor quantidade de detergente.

Imediatamente após o preparo das amostras, observamos que ambas as

amostras fluoresceram, porém a amostra 59B apresentou intensidade de

fluorescência baixa, como podemos ver na Figura 4.11.

Figura 4.11: Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão das medidas de scope das amostras de pontos quânticos 59D e 60D. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

A partir da Figura 4.11 podemos concluir que o fato da solução permanecer

na coloração amarelada não produz bons resultados na preparação dos pontos

quânticos, apesar dessa solução ter sido utilizada uma semana após o seu preparo.

Page 50: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

42

Ainda não sabemos o que está sendo alterado na solução de NaOH/S à medida que

ela envelhece.

A utilização de pontos quânticos coloidais em sistemas biológicos é de grande

interesse. No entanto a introdução dos pontos quânticos sintetizados pela rota

sugerida por nós apresenta limitações de utilização, já que o cádmio é um elemento

tóxico. Uma maneira de diminuir a toxicidade dos pontos quânticos de CdS é

encapsular os mesmos, ou seja formar uma casca em torno deles, utilizando um

material que não é tóxico.

Estudos de outros grupos [48, 49] mostram que o gap do CdS é de 2,42 eV e

que o gap do ZnS é de 3,7 eV. Desta forma, tentamos encapsular nossos pontos

quânticos utilizando o sulfeto de zinco, ZnS, a partir de uma solução salina de ZnSO4

a 1 M.

Com o intuído de diminuir os erros existentes nas medidas das quantidades

de soluções salinas introduzidas nas amostras, optamos em diminuir a concentração

dessas soluções em 10 vezes, ou seja, nossas soluções salinas que tinham a

concentração de 1M passaram a ser 0,1M. Logo, ao em vez de introduzir, por

exemplo, 10,0 µl de solução salina de cloreto de cádmio passamos a utilizar

100,0 µl.

Nossa primeira tentativa de encapsulamento das nanopartículas foi a

utilização de 75,0 g de uma amostra de pontos quânticos com fluorescência no

comprimento de onda do laranja (amostra 70B). Esta amostra foi preparada a partir

de 0,1980 g de detergente em 150,0 g de água deionizada, sendo introduzido 350 µl

da solução de NaOH/S e depois 100,0 µl da solução salina de CdCl2 a 0,1 M. Após a

formação das nanopartículas de CdS adicionamos mais 29,2 µl de solução de

NaOH/S e depois 16,0 µl da solução salina de ZnSO4 a 0,1 M, sob agitação. Após a

adição dessas soluções, a amostra foi nomeada como 70B’ e apresentou um

aumento da intensidade de fluorescência em comparação com a amostra 70B,

porém observamos material decantado.

Como a ideia é formar uma fina casca de ZnS em torno do CdS optamos em

utilizar, no primeiro teste, um pequena quantidade de íons de Zn2+ e de S2-, tal que a

quantidade de S2- seja igual a 1/12 do total de íons de S2- que foi introduzido na

amostra matriz, amostra 70B, já a quantidade de Zn2+ é 1/6 da quantidade de Cd2+.

Page 51: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

43

(a) (b)

Podemos observar na Figura 4.12(a) um aumento da intensidade de

fluorescência da amostra 70B após um possível encapsulamento, amostra 70B’. Já

na Figura 4.12(b) observamos que o máximo de florescência da amostra 70B’

apresenta um pequeno deslocamento para a esquerda em relação ao da amostra

70B. A mudança no espectro de fluorescência pode ser devida a uma mudança na

estrutura dos níveis de energia dos pontos quânticos.

Figura 4.12: (a) Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão das medidas de scope das amostras de pontos quânticos 70B e 70B’; (b) Intensidade normalizada da fluorescência em função do comprimento de onda das amostras 70B e 70B’. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Com a adição de mais S2- e Zn2+ as amostra apresentaram grande mudança

na intensidade de fluorescência, embora tenha aparecido aglutinados na solução.

Tendo como objetivo eliminar estes aglutinados variamos as quantidades de S2- e

Zn2+. Através dessas variações obtivemos uma amostra que apresentava alta

intensidade comparada com a amostra 70B’ além de não ter em solução materiais

aglutinados. Esta amostra foi a 118B’ (Figura 4.13), formada a partir de 0,1980 g de

detergente em 150,0 g de água deionizada, sendo introduzidos 350 µl da solução de

NaOH/S e depois 100,0 µl da solução salina de CdCl2 a 0,1 M. Após o preparo,

adicionamos mais 40,0 ml de solução de NaOH/S e depois 16,0 µl da solução salina

de ZnSO4 a 0,1 M, sob agitação.

Embora tenhamos encontrado as devidas quantidades de íons que

proporcionavam pontos quânticos com melhores intensidades e menores

comprimentos de onda de emissão, vimos que se trocássemos a ordem de

introdução das soluções obtínhamos uma amostra com intensidade superior à da

Page 52: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

44

118B’ acompanhado de um pequeno deslocamento da curva para menores

comprimentos de onda (Figura 4.14). Esta troca consiste na introdução dos íons de

S2- e Z2+ antes da formação do CdS na solução aquosa de detergente. Portanto a

amostra mais intensa, amostra 11λB’, foi preparada a partir de 0,1980 g de

detergente em 150,0 g de agua deionizada, sendo introduzido 40,0 µl de solução de

NaOH/S e depois 16,0 µl da solução salina de ZnSO4 a 0,1 M, sob agitação. Em

seguida foi acrescentado mais 350 µl da solução de NaOH/S e depois 100,0 µl da

solução salina de CdCl2 a 0,1 M.

Figura 4.13: Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão da medida de scope da amostra de pontos quânticos 118B’ após uma semana de seu preparo. Potência de saída do laser: 8,0 mW.

Ao caracterizarmos a amostra 11λB’ e 118B’ utilizando a mesma potência do

laser que as amostras anteriores, 16 mW. Notamos que a intensidade de

fluorescência era muito maior que as demais fazendo com que seu espectro

saturasse (a intensidade de fluorescência ficava acima de 4000 u.a., sendo este o

ponto de saturação do USB2000). Desta forma tivemos que baixar a potência do

laser para 8 mW, o que nos proporcionou o espectro das Figuras 4.13 e Figura 4.14.

Page 53: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

45

(a) (b)

Figura 4.14: (a) Intensidade de fluorescência em função do comprimento de onda de emissão das medidas de scope das amostras de pontos quânticos 118B’ e 11λB’; (b) Intensidade normalizada da fluorescência em função do comprimento de onda das amostras 118B’ e 11λB’. Potência de saída do laser: 8,0 mW.

A adição do elemento Zn nos pontos quânticos de CdS proporciona a

formação de nanopartículas com fluorescência em comprimentos de ondas menores

e com alta intensidade. Porém, o fato de termos de introduzir os íons de Zn2+ junto

com os de Cd2+, antes da formação das nanopartículas de CdS é estranho.

Podemos imaginar a ocorrência de dois processos. O primeiro é que o Zn está

sendo incorporado ao CdS como dopante, ao invés de formar a casca externa. O

segundo é a segregação do Zn durante a produção do CdS: como temos muito mais

Cd do que Zn, nanopartículas de CdS seriam formadas e no processo de

cristalização o Zn seria segregado, formando uma camada de encapsulamento do

CdS, como queríamos. Ainda não sabemos o que está realmente ocorrendo.

Ao longo do projeto tivemos a oportunidade de caracterizarmos uma das

amostras preparadas utilizando o detergente através de microscopia de transmissão

eletrônica de alta resolução (Figura 4.15). Esta análise foi feita pelo professor

colaborador Sukarno Olavo Ferreira, utilizando o microscópio JEOL 3010 do

LNNano em Campinas – SP.

Essa imagem nos mostra a rede cristalina de nanoestruturas que possuem

um diâmetro da ordem de 6 nm. Acreditamos que essas nanoestruturas sejam os

pontos quânticos de CdS, já que o tamanho delas corresponde aos tamanhos dos

pontos quânticos de CdS relatados em outros trabalhos científicos. No entanto, para

termos certeza devemos analisar a estrutura cristalina das partículas para vermos se

coincide com a estrutura do CdS. Isso ainda não foi feito.

Page 54: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

46

Figura 4.15: Imagem de microscopia eletrônica de transmissão dos pontos quânticos obtidos utilizando o detergente. Imagens visualizadas são as mesmas, mas com aumentos diferentes

4.2. Pontos Quânticos coloidais de CdS sintetizados utilizando

C18H29NaO3S como surfactante

Para que tenhamos pontos quânticos em soluções com menor quantidade de

impurezas possível (substâncias presentes no detergente que a principio não

contribuem com a formação das nanopartículas), começamos a preparar

nanopartículas utilizando apenas o principal reagente ativo do detergente, o linear

alquil benzeno sulfonato de sódio (C18H29NaO3S).

Os novos resultados demonstraram que estas amostras fluorescem em

comprimentos de ondas menores que os das amostras anteriores com intensidades

de fluorescência alta e grande estabilidade, condições desejadas por nós.

A primeira amostra produzida utilizando o novo surfactante foi a amostra 1D,

preparada a partir de 0,1980 g de C18H29NaO3S em 150 g de água deionizada.

Introduzimos nessa solução 350 µl da solução de NaOH/S e depois 100,0 µl da

solução salina de CdCl2 a 0,1 M. Observamos imediatamente após o preparo dessa

amostra uma fluorescência no vermelho.

Como a quantidade de C18H29NaO3S em 0,1980 g de detergente é menor do

que a quantidade desse surfactante colocado na amostra 1D, variamos a quantidade

Page 55: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

47

desse composto em quantidades menores que 0,1980 g. Essas variações deram

origem às amostras descritas na Tabela 4.7.

Amostra Quantidade de C18H29NaO3S (g)

4D 0,0495

5D 0,0990

6D 0,1485

7D 0,1980

Tabela 4.7: Especificação da quantidade de C18H29NaO3S das amostras 4D a 7D.

Todas as amostras foram preparadas a partir de uma solução de surfactante

em 150,0 g de água e introduzimos 350 µl da solução de NaOH/S e depois 100,0 µl

da solução salina de CdCl2 a 0,1 M.

Após o preparo das amostras observamos a fluorescência imediata de todas

em cores distintas. Entretanto notamos que as amostras 4D e 5D apresentaram,

visualmente, comprimentos de ondas de emissão menores do que as demais.

Na figura 4.16, podemos perceber que a diminuição da quantidade de

surfactante nas amostras produziu o aumento da intensidade de fluorescência e a

diminuição do comprimento de onda de emissão.

Figura 4.16: Irradiância relativa em função do comprimento de onda de emissão das amostras de pontos quânticos provenientes da variação da quantidade do surfactante C18H29NaO3S. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Para obtermos uma dada quantidade de C18H29NaO3S que nos fornecesse na

síntese nanopartículas pequenas e com um boa intensidade de fluorescência,

variamos novamente a quantidade C18H29NaO3S entre as quantidades das amostras

Page 56: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

48

4D e 5D, produzindo, assim, as amostras apresentadas na Tabela 4.8. Estas

amostras são produzidas a partir de uma solução de surfactante em 150,0 g de água

onde introduzimos 350 µl da solução de NaOH/S e depois 100,0 µl da solução salina

de CdCl2 a 0,1 M.

Amostra Quantidade de C18H29NaO3S (g)

8D 0,0495

9D 0,0742

10D 0,0990

Tabela 4.8: Especificação da quantidade de C18H29NaO3S das amostras 8D, 9D e 10D.

Novamente observamos a fluorescência imediatamente após o preparo. A

amostra 9D apresentou maior intensidade de fluorescência. Entretendo, a amostra

8D apresentou comprimento de onda de emissão ligeiramente menor do que as

demais amostras como podemos observar na Figura 4.17.

Figura 4.17: (a) Irradiância relativa em função do comprimento de onda de emissão das amostras de pontos quânticos provenientes da variação do surfactante C18H29NaO3S; (b) Irradiância relativa normalizada em função do comprimento de onda de emissão das amostras de pontos quânticos provenientes da variação do surfactante C18H29NaO3S. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Devido aos bons resultados obtidos com a introdução do elemento zinco nos

pontos quânticos produzidos utilizando detergente, tentamos introduzir o mesmo

elemento nas amostras preparadas com o C18H29NaO3S com o intuído de obter

nanopartículas com alta intensidades de fluorescência em comprimentos de onda

menores. Assim, preparamos duas amostras, 1λD’ e 20D’, de pontos quânticos que

(a) (b)

Page 57: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

49

(a) (b)

diferiam apenas na ordem de introdução dos íons. A base para a produção dessas

amostras era uma solução contendo 0,0494 g de C18H29NaO3S em 150 g de água.

A amostra 1λD’ foi preparada introduzindo 196,0 µl da solução de NaOH/S e

depois 100,0 µl da solução salina de CdCl2 a 0,1 M na solução base. Logo em

seguida introduzimos mais 20,0 µl da solução de NaOH/S e depois 16 µl da solução

salina de ZnSO4 a 0,1 M.

Já para a amostra 20D’ introduzimos 20,0 µl da solução de NaOH/S e depois

16 µl da solução salina de ZnSO4 a 0,1 M na solução base. Em seguida adicionamos

mais 196,0 µl da solução de NaOH/S e depois 100,0 µl da solução salina de CdCl2 a

0,1 M.

Vimos anteriormente que a quantidade de surfactante que nos fornece alta

intensidade não corresponde à utilizada nas amostras 1λD’ e 20D’. Isto se deve ao

fato de que as amostras deste estudo foram preparadas poucos dias após a síntese

das amostras anteriores e, desta forma, não tínhamos os resultados da melhor

quantidade de surfactante a ser utilizada.

Na Figura 4.18(a) podemos observar a fluorescência dessas duas amostras e

constatar a grande diferença que a mudança de ordem de formação das

nanopartículas proporciona. A introdução dos íons para a produção de sulfeto de

cádmio posterior aos íons para o preparo de sulfeto de zinco favorece a formação de

nanopartículas de tamanhos menores.

Figura 4.18: (a) Irradiância relativa versus comprimento de onda de emissão das amostras 1λD’ e 20D’; (b) Amostra 20D’ que apresentou as melhores características entre as amostras com introdução de elemento Zn. Potência de saída do laser: 7,0 mW.

Page 58: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

50

A amostra 20D’ (Figura 4.18(b)), apresenta a maior intensidade de

fluorescência nos menores comprimentos de onda obtida pelo método de síntese até

o presente momento.

Ambas as amostras apresentaram intensidades surpreendentes, sendo que o

espectro de irradiância relativa da Figura 4.18(a) foi obtido utilizando o laser em uma

potência de 7 mW, potência esta muito abaixo da utilizada anteriormente, de 16 mW.

Ao longo dos nossos estudos decidimos preparar algumas amostras de

pontos quânticos de CdS com a introdução de seus sais em soluções aquosas

distintas, como ilustrado na Figura 4.19. Ao invés de inserirmos os íons de Cd2+ e S2-

no mesmo béquer, eram produzidas duas soluções com cada uma contendo um dos

íons. Para a produção das nanopartículas as duas soluções eram misturadas.

Figura 4.19: Representação simplificada do novo processo de síntese.

Nosso primeiro teste utilizando esse processo foi a variação da quantidade de

íons de cádmio introduzidos na solução A sem alterar a quantidade de S2- e nem a

ordem de introdução. Para todas as amostras introduzimos 196,0 µl da solução de

NaOH/S na solução B e depois a devida quantidade da solução salina de CdCl2 a

0,1 M na solução A, como descrito na Tabela 4.9. No preparo das amostras

introduzimos sempre a solução A na B como demonstrado na Figura 4.19. Após a

mistura observamos a fluorescência imediata de todas as amostras (Figura 4.20(a)).

Dividir em partes iguais

Cd+2

A

S-2

B B

0,0495 g de surfactante em 150,0 ml de H2O

Page 59: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

51

Amostra Quantidade de Cd+2(µl)

62D 50,0

63D 100,0

64D 150,0

65D 200,0

66D 225,0

67D 250,0

68D 275,0

Tabela 4.9: Especificação da quantidade de Cd2+ das amostras 62D a 68D.

Como podemos ver na Figura 4.20(c) não existe um padrão entre a

quantidade de Cd2+ e a intensidade ou comprimentos de onda de fluorescência das

amostras. Vemos que a amostra 66D apresenta a maior intensidade de

fluorescência desse grupo, possuindo, entretanto, o espectro mais largo, ou seja, a

maior distribuição de tamanhos de nanopartículas. Já a amostra 68D fluoresce nos

menores comprimentos de onda, mas com a intensidade mais baixa. Concluímos,

portanto, que a quantidade do íon Cd2+ é um parâmetro que se deve ter o máximo

de cuidado, pois valores distintos proporcionam aspectos totalmente diferentes no

ponto quântico final.

Se compararmos as amostras preparadas nesse novo sistema de síntese

com as últimas amostras sintetizadas pelo método anterior vemos uma diminuição

brusca da intensidade de irradiância. Isto acontece não somente pela mudança da

forma de produção, mas também devido à troca do espectrômetro. Anteriormente

estávamos utilizando o USB 2000- Ocean Optics que não era de posse do

Departamento de Física-UFV, por isso tivemos que substituir este pelo USB 4000-

Ocean Optics que apresenta uma escala totalmente diferente do anterior.

Page 60: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

52

(a) (b)

Figura 4.20: (a) Irradiância relativa em função do comprimento de onda de emissão das amostras de pontos quânticos provenientes da variação da quantidade de Cd+2; (b) Irradiância relativa normalizada em função do comprimento de onda de emissão das amostras mostradas em (a); (c) Irradiância relativa máxima em função da quantidade de íons de Cd+2 das amostras de pontos quânticos especificados na Tabela 4.9. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Nosso segundo passo foi a variação da quantidade de íons S2- utilizada em

cada amostra sem alterar a ordem da mistura das duas soluções e nem a

quantidade de íons Cd2+. As amostras foram preparadas com a introdução de 100,0

µl da solução de solução salina de CdCl2 a 0,1 M na solução A e depois a devida

quantidade de enxofre na solução B (Tabela 4.10), posteriormente a mistura da

solução A na B.

Podemos observar nitidamente na Figura 4.21(a) que a mudança da

concentração de íons de enxofre nas amostras propicia grandes mudanças no ponto

quântico final. Na Figura 4.21(c) é possível notar que a intensidade da fluorescência

aumenta com o aumento da quantidade de íons S2- até 198,0 µl, quando começa a

diminuir. Já a Figura 4.21(b) monstra um aumento gradativo do tamanho das

nanopartículas ao passo que a quantidade de S2- aumenta.

Quantidade de Cd+2 (µl)

Irra

diâ

nci

a M

áxim

a

(c)

Page 61: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

53

(a) (b)

Amostra Quantidade de íons de Enxofre (µl)

211D 49,0

212D 98,0

213D 147,0

207D 198,0

214D 247,0

215D 296,0

216D 345,0

Tabela 4.10: Descrição da quantidade de íons de enxofre introduzido em cada amostra de nanopartículas coloidais de CdS de 211D a 216D.

Figura 4.21: (a) Irradiância relativa em função do comprimento de onda de emissão das amostras de pontos quânticos provenientes da variação do enxofre descrito na Tabela 4.10; (b) Irradiância relativa normalizada em função do comprimento de onda de emissão das amostras mostradas em (a); (c) Irradiância relativa máxima versus quantidade de íons de S-

2 das amostras de pontos quânticos especificados na Tabela 4.10. Potência de saída do laser: 7,0 mW.

Quantidade de S-2 (µl)

Irra

diâ

nci

a M

áxim

a

(c)

Page 62: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

54

(a) (b)

Após o estudo das quantidades ideais dos íons Cd2+ e S2- utilizados na

síntese, fizemos uma análise da quantidade de água. Foram preparadas três

amostras com as mesmas quantidades de íons, de surfactante e mesma ordem de

mistura das soluções: 100,0 µl da solução salina de CdCl2 a 0,1 M, 196,0 µl da

solução de NaOH/S, 0,0495 g de C18H29NaO3S e sempre adicionando a solução A

na B. A quantidade de água de cada amostra está especificado na Tabela 4.11.

Amostra Quantidade de Água deionizada (ml)

235D 100,0

236D 150,0

237D 200,0

Tabela 4.11: Especificação das amostras de pontos quânticos coloidais de CdS 235D a 237D que foram preparadas com diferentes quantidades de água.

Notamos que o aumento da quantidade de água proporciona a diminuição da

intensidade de fluorescência (Figura 4.22(a)). Apesar da diminuição da intensidade o

tamanho dos pontos quânticos apresenta poucas mudanças, apenas a amostra que

contém a quantidade de 150,0 ml de água apresentou um tamanho ligeiramente

menor que as demais.

Figura 4.22: (a) Irradiância relativa em função do comprimento de onda de emissão das amostras de pontos quânticos provenientes da variação da quantidade de água descrito na Tabela 4.11; (b) Irradiância relativa normalizada em função do comprimento de onda de emissão das amostras mostradas em (a). Potência de saída do laser: 16,0 mW.

As amostras produzidas pelo método mostrado na Figura 4.19 utilizam

quantidades iguais para as soluções A e B. Assim, analisamos o efeito de usar

Page 63: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

55

quantidades diferentes para essas duas soluções. Todas as amostras desta análise

foram preparadas a partir da introdução de 0,0495 g de C18H29NaO3S em 150,0 ml

de água. Em seguida esta solução era divida em 2 partes com volumes distintos

(Tabela 4.12) sendo que na solução A foi introduzido 100,0 µl da solução salina de

CdCl2 a 0,1 M, e na B 196,0 µl da solução de NaOH/S. Posteriormente a solução A

foi adicionada à solução B para formar as nanoparticulas, com exceção da amostra

278D que não apresenta a solução A. Deste modo, a introdução dos íons de cádmio

e enxofre foram na mesma solução, solução B, sendo que primeiramente

adicionamos 196,0 µl da solução de NaOH/S e em seguida 100,0 µl da solução

salina de CdCl2 a 0,1 M. Após a mistura era possível observar a fluorescência das

amostras em distintas intensidades e cores (Figura 4.23(a)).

Amostra

Volume de cada Solução (ml)

A B

278D 0 150,0

279D 25,0 125,0

280D 50,0 100,0

281D 75,0 75,0

282D 100,0 50,0

283D 125,0 25,0

Tabela 4.12: Volume de cada solução A e B usada na síntese das amostras de pontos quânticos coloidais de CdS 278D a 284D.

Podemos notar na Figura 4.23(c) que o aumento do volume da solução A

antes do valor 50,0 ml provoca um crescimento da intensidade de fluorescência,

mas quando este aumento é acima de 50,0 ml a intensidade sofre constante queda.

Já na Figura 4.23(b) notamos uma diminuição imediata do comprimento de onda de

emissão quando se altera o formato de síntese da rota anterior (amostra 278D) para

a nova rota (demais amostras). É possível notar também, que as amostras

preparadas utilizando a rota mostrada na Figura 4.19 apresentam o mesmo

tamanho, com exceção da amostra 281D que tem a região a direita mais intensa, na

qual demonstra a existência de um numero maior de nanopartículas com grandes

tamanhos.

Page 64: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

56

(a) (b)

Volume da solução A (ml)

Irra

diâ

nci

a M

áxim

a

(c)

Figura 4.23: (a) Irradiância relativa em função do comprimento de onda de emissão das amostras de pontos 278D a 283D; (b) Irradiância relativa normalizada em função do comprimento de onda de emissão das amostras mostradas em (a). (c) Irradiância relativa máxima em função do volume da solução A das amostras de pontos quânticos especificados na Tabela 4.12. Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Desta forma, constatamos que a síntese de nanopartículas utilizando o

método mostrado na Figura 4.19 produz partículas com tamanhos menores. Além

disso, verificamos que o melhor resultado é obtido utilizando a solução A com

volume de 50,0 ml e a solução B com volume de 100,0 ml.

Nosso próximo passo foi a introdução do íon Zn2+ nas amostras. As amostras

forma preparadas com 0,0495 g de C18H29NaO3S em 150 ml de água. Na solução A

foram adicionados 100,0 µl de Cd2+ e quantidades variadas de Zn2+, obtidos a partir

de uma solução salina de ZnSO4 a 0,1 M, (Tabela 4.13). A solução B foi preparada

com 216,0 µl de S2-.

Page 65: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

57

Tabela 4.13: Quantidade de íons de zinco introduzidos nas amostras de pontos quânticos coloidais de CdS 195D a 203D.

Pode-se notar na Figura 4.24(c) que não há uma relação nítida entre a

quantidade de íons de zinco e a intensidade de fluorescência. Entretanto, podemos

notar que todas as amostras que possuem zinco possuem intensidade maior que a

195D, a qual é composta apenas de CdS. A Figura 4.24(b) mostra uma ligeira

diminuição do comprimento de onda de emissão com o aumento da quantidade de

zinco. Novamente vemos que a introdução do íon de zinco em nossas amostras de

pontos quânticos coloidais de sulfeto de cádmio proporciona maior intensidade de

fluorescência em comprimentos de onda menores.

Como discutido acima, utilizamos microscopia eletrônica de transmissão de

alta resolução para determinar o tamanho das nanopartículas em uma de nossas

amostras. Apesar dessa técnica proporcionar uma medida direta do tamanho, ela

não é muito acessível para nós, já que não temos um microscópio eletrônico de

transmissão capaz de produzir a resolução do microscópio do LNNano. Assim

procuramos maneiras alternativas de determinar o tamanho das nanopartículas.

Amostras Quantidade de Zinco (µl)

195D 0

196D 4,0

197D 8,0

198D 12,0

199D 16,0

200D 20,0

201D 24,0

202D 28,0

203D 32,0

Page 66: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

58

(a) (b)

Figura 4.24: (a) Irradiância relativa em função do comprimento de emissão das amostras descritas na Tabela 5.19; (b) Irradiância relativa normalizada em função do comprimento de emissão das amostras mostradas em (a); (c) Irradiância relativa máxima em função da quantidade de Zinco das amostras de pontos quânticos especificados na Tabela 4.13 Potência de saída do laser: 16,0 mW.

Uma das maneiras é através do espectro de absorção das amostras [50,51],

utilizando a equação de HENGLEIN, que relaciona o diâmetro, D, com o

comprimento de onda extrapolado, λe, obtido traçando a reta tangente à curva de

absorção no segmento ascendente:

eλ,,

,D

000234501380

10

, (2)

onde devemos usar o valor de λe em nanômetros, obtendo o valor de D também em

nanômetros.

Esta, e outras equações existentes para o cálculo de D através do espectro

de absorção, são empíricas. Elas são obtidas a partir do ajuste de uma curva em um

gráfico de D, obtido através de microscopia eletrônica de transmissão, versus λe,

obtido através da curva de absorção, para amostras com diferentes tamanhos.

Irra

diâ

nci

a M

áxim

a

Quantidade de Zinco (µl)

(c)

Page 67: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

59

Os espectros de absorção foram obtidos usando-se o espectrômetro UV-Vis

modelo Multiskan Go da Thermo Scientific, do Departamento de Engenharia

Agrícola da UFV. As Figuras 4.25(a) monstra o espectro de absorção das três

amostras de CdS puro mostradas na Figura 4.25(b). Como podemos ver, não há um

pico característico de absorção. Na Figura 4.25(c) vemos um detalhe das curvas de

absorção, mostrando as retas tangentes usadas para a determinação de λe. Os

valores obtidos para cada uma das amostras estão descritos na Tabela 4.14. Cada

valor obtido representa apenas uma média do tamanho, pois como discutido acima,

a largura dos espectros de fluorescência indica uma grande dispersão de tamanho

para as nanopartículas. Apesar dessa estimativa, podemos notar que os valores

encontrados são compatíveis com a fluorescência das amostras (Figura 4.25(b)):

nanopartículas de tamanhos menores fluorescem em comprimentos de onda

menores.

Figura 4.25: (a) Espectro de absorção de amostras de pontos quânticos coloidais de CdS de diferentes tamanhos. (b) Fotografia das amostras de pontos quânticos coloidais caracterizadas em (a). (c) Detalhe do espectro mostrado em (a) mostrando as retas tangentes.

273D 278D 280D

(b)

(a) (c)

Page 68: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

60

Amostra λe (nm) D (nm)

273D 468 3,54

278D 465 3,45

280D 452 3,12

Tabela 5.14: Valores encontrados para o diâmetro médio das nanopartículas de cada amostra caracterizada por espectroscopia de absorbância UV-Visível da Figura 4.25.

Recentemente conseguimos precipitar as nanopartículas adicionando álcool

iso-propílico à solução das amostras. É necessário adicionar um volume de álcool

igual ao volume da solução. Após a adição de álcool começam a serem formadas na

solução agregados que decantam após dois ou três dias. A mistura de água e álcool

acima do precipitado para de fluorescer e é retirada com uma pipeta. Mais álcool é,

então, adicionado ao precipitado a fim de lavar o precipitado. Depois dos agregados

precipitarem novamente ele é retirado com a ajuda de uma pipeta e deixado secar. A

intensão é usar esse precipitado para podermos fazer medidas de difração de raios

x. Essas medidas nos mostrarão qual é a estrutura cristalina das nanopartículas

produzidas. Poderemos, também obter o tamanho das nanopartículas usando a

equação de Scherrer [52]:

θcosB

λ,D

90 , (3)

onde λ é o comprimento de onda do raio x e B é a largura a meia altura (em

radianos) do pico de difração no ângulo θ. Alguns testes já foram realizados, mas

ainda não temos nenhum espectro de difração das nossas amostras.

Page 69: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

61

5-Conclusões

Neste trabalho desenvolvemos um método de síntese de pontos quânticos

coloidais de sulfeto de cádmio em meio aquoso. Os resultados mostraram várias

evidências do sucesso da nova rota, com a produção de nanopartículas estáveis,

que fluorescem durante meses e com intensidade excelente.

Durante os testes verificamos que a estabilidade e o tamanhos dos pontos

quânticos são afetados por diversos fatores, tais como: método de síntese, tipo e

quantidade de surfactante, ordem de introdução dos íons e também suas

quantidades.

Observamos também que o processo de obtenção de íons de enxofre através

da solução NaOH/S mostrou-se eficaz para a utilização na síntese de nanopartículas

coloidais.

Notamos que a introdução do íon de zinco nas nanopartículas coloidais de

sulfeto de cádmio, tanto na síntese utilizando detergente comum quando o linear

alquil benzeno sulfonato de sódio como surfactante, proporcionou um aumento da

intensidade da fluorescência das nanopartículas e uma diminuição dos

comprimentos de onda emitidos. As amostras também apresentaram uma maior

homogeneidade no tamanho das nanopartículas, o que foi demonstrada através do

estreitamento da largura a meia altura dos espectros de emissão das amostras

contendo zinco, em comparação com as amostras de referência.

Constatamos um fato intrigante nos pontos quânticos produzidos pelo método

aquoso de que o tamanho é reversível com relação à temperatura, ou seja, podemos

aquecê-los e depois resfriá-los e obter no final o mesmo tamanho inicial, tendo uma

aplicação direta em sensores de temperatura, por exemplo.

Portanto, os estudos realizados neste trabalho confirma a possibilidade de

síntese de nanopartículas de sulfeto de cádmio estáveis e altamente luminescentes

em um meio puramente aquoso.

Um dos obstáculos que tivemos na confirmação dos resultados foi a

impossibilidade de obtermos imagens com precisão que possibilitam a obtenção do

Page 70: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

62

valor real do tamanho médio das nanopartículas, porém pretendemos sanar esta

lacuna nos próximos meses.

Tentaremos, também, explicar como os pontos quânticos são formados e

estabilizados, já que o processo descoberto, apesar de muito simples, nunca foi

descrito na literatura.

Page 71: PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE PONTOS QUÂNTICOS DE …

63

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