114
Diagnóstico e caracter criação e ampliação Nordeste Paraense no E rização socioambiental das áreas pr de Reservas Extrativistas na Me Estado do Pará. PRODUTO 2: Rel socioambiental ref criação da Resex S ropostas para esorregião do latório com diagnóstico ferente à proposta de Salinópolis.

PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

  • Upload
    lamdung

  • View
    235

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

Diagnóstico e caracterização socioambiental das áre as propostas para criação e ampliação de Reservas Extrativistas na Me sorregião do Nordeste Paraense no Estado do Pará

Diagnóstico e caracterização socioambiental das áre as propostas para criação e ampliação de Reservas Extrativistas na Me sorregião do Nordeste Paraense no Estado do Pará .

PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refecriação da Resex Salinópolis.

Diagnóstico e caracterização socioambiental das áre as propostas para criação e ampliação de Reservas Extrativistas na Me sorregião do

Relatório com diagnóstico socioambiental referente à proposta de criação da Resex Salinópolis.

Page 2: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

PRODUTO 2:Relatório com diagnóstico socioambiental referente à proposta de criação da Resex Salinópoli s.

Equipe Técnica:

Coordenação: Regina Oliveira - Dra. em Desenvolvimento Sustentável

Socioambiental: Ruth H. Cristo Almeida - Dra. em Ciências Agrárias

Geoprocessamento: Jorge L. G. Pereira. - MSc.em Sensoriamento Remoto

Etnobiologia da pesca Adna Albuquerque - MSc.em Zoologia

Entrevistas e apoio nas oficinas Yuri Silva - Eng. de Pesca

Entrevistas e apoio nas oficinas Laís Ferreira - Mestranda em Ciências Ambientais

Danielle Rodrigues José Apoio Institucional

Responsável Administrativo Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa

Belém Fevereiro de 2017

Page 3: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

LISTA DE SIGLAS

AAPRAS Associação Agroecológica de Produtores Rurais de Arapepó

ADEPARA Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará

AMAVE Associação de Moradores da Vila da Enseada

AMAVIG Associação dos Moradores e Amigos da Galdina

ASAPAQ. Associação dos agricultores, pescadores e aquicultores do rio Urindeua

CAR Cadastro Ambiental Rural

CNS Conselho Nacional de Populações Tradicionais

COOPAS Cooperativa de Agroindústria de Salinópolis (

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EN Em perigo

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Pará Rural Programa de Redução da Pobreza e Gestão dos Recursos Naturais do Pará

PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PLT Programa Luz para Todos

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

RESEX Reserva Extrativista

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAR Serviço de Aprendizagem Rural

SEPAq Secretaria Estadual de Pesca e Aquicultura

SEMMAS Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente

STTR Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais

TAC Termo de Ajustamento de Conduta

UC Unidade de Conservação

VU Vulnerável

Page 4: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Localização do município de Salinópolis, no Estado do Pará. 12

Figura 2- Legenda da representação gráfica dos círculos e cores utilizados para o exercício do Diagrama de Venn, realizados nas comunidades. 13

Figura 3 - Mapa das áreas percorridas no município de Salinas, Pará. 14

Figura 4 - Aspectos das moradias e das comunidades visitadas no município de Salinópolis, PA. 2016 21

Figura 5 - Principais atividades econômicas citadas pelos entrevistados no município de Salinópolis -PA. 23

Figura 6 - Aspectos da elaboração dos Diagramas de Venn nas comunidades visitadas em Salinópolis, PA. 27

Figura 7 - Número de espécies animais por categoria taxonômica, citadas pelos moradores das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA. 39

Figura 8-Embarcações utilizadas na pesca artesanal pelas comunidades visitadas e embarcações conhecidas como “barcos grandes” utilizadas para a pesca artesanal/comercial em alto-mar, desembarcadas no Porto da sede Salinópolis-PA.

44

Figura 9- Malhadeiras utilizadas pelos pescadores artesanais Salinópolis-PA 45

Figura 10- Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no município de Salinópolis-PA 46

Figura11 - Pescaria de tarrafa pesqueira no rio São Paulo na comunidade de Galvina no município de Salinópolis-PA 48

Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas da mata para confecção de currais na comunidade de Santo Antônio de Urindeua, Salinópolis-PA

49

Figura 13- Apetrecho conhecido como linha e anzol utilizado em pescarias no município de Salinópolis-PA 49

Figura 14- Desenho esquemático e um espinhel utilizado nas pescarias no município de Salinópolis-PA. 50

Figura 15 Molusco conhecido localmente como “sapequera” utilizado como isca de espinhel em Salinópolis-PA 51

Figura 16- Apetrecho de pesca visga e suas variações 52

Figura 17 - Apetrecho de pesca conhecido como “anzol de pegar pacamum”, utilizados nas pescarias das comunidades de Salinópolis-PA. 53

Figura 18- Munzuá no mangue, utilizado para a captura do bagre na comunidade de Enseada em Salinópolis-PA. 53

Figura 19 - Aspectos da criação de ostras na comunidade de Santo Antônio de Urindeua Salinópolis -PA. 55

Figura 20- Aspectos da comercialização do pescado em Salinópolis-PA. 56

Figura 21- Principais famílias de peixes citadas nas entrevistas na região de Salinópolis -PA 60

Figura 22-Aspectos da cata do Mexilhão em Salinópolis -PA. 62

Page 5: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

Figura 23 - Principais famílias botânicas com maior número de espécies citadas pelos entrevistados das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA 66

Figura 24- Aspectos da oficina realizada na comunidade de São Bento, Salinópolis-PA. Fotos : Raimundo Nonato. 68

Figura 25 - Mapa as áreas de uso das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia. 69

Figura 26- Aspectos da atividade de mapeamento na comunidade de Derrubada, município de Salinópolis, PA 70

Figura 27- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Derrubada, município Salinópolis- PA. 71

Figura 28- Aspecto da oficina para o mapeamento das áreas de uso comunidade Santo Antonio do Urindeua, município Salinópolis 72

Figura 29- Mapa das áreas de uso e recursos naturais utilizados pelos extrativistas da comunidade Santo Antonio Urindeua, município Salinópolis-PA 73

Figura 30- Aspectos do mapeamento das áreas de uso nas comunidades das de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinopolis-PA. 74

Figura 31- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais dos moradores das comunidades de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinópolis -PA 75

Figura 32 Aspectos da oficina junto as comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA. 76

Figura 33- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA 77

Figura 34- Aspectos da oficina na comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA. 78

Figura 35- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA. 79

Figura 36 - Aspectos da oficina na comunidade de Cuiarana, município de Salinópolis-PA. 80

Figura 37- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Cuiarana, Itapeua e Arapepó, município de Salinópolis-PA. 81

Figura 38- Principais praias visitadas em Salinópolis-PA. 86 Figura 39- Aspectos das orlas urbanas em Salinópolis-PA. 87 Figura 40- Aspectos das regiões turísticas praia da Corvina e Resort. 87 Figura 41- Festividades do município de Salinópolis-PA. 88

Figura 42- Aspectos turísticos do município de Salinópolis-PA. 89

Figura 43- Aspectos das áreas turísticas denominadas de "banhos" Salinópolis-PA. 90

Figura 44. A pesca esportiva no município de Salinópolis-PA. 91

Figura 45 - Mapa de ocorrência das áreas turísticas do município de Salinópolis PA. 92

Figura 46. Mapa de localização do município de Salinópolis 96

Figura 47- Mapas da distribuição espacial dos valores de temperatura, precipitação no município de Salinópolis-PA. 97

Figura 48- Mapas de elevação e geológico de Salinópolis-PA. 99

Page 6: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

Figura 49- Mapas geomorfológico e pedológico do município de Salinópolis-PA. 100

Figura 50- Mapas de fitofisionomia Terra Class do município de Salinópolis-PA. 102

Figura 51- Mapa de Hidrografia do município de Salinópolis-PA. 104

Page 7: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Tabela 1: Características socioeconômicas dos entrevistados. 17

Tabela 2 - Idade dos familiares dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.

17

Tabela 3 - Naturalidade dos entrevistados e seus familiares, município de Salinópolis, 2016.

18

Tabela 4 – Situação fundiária dos entrevistados, município de Salinópolis, 2016. 19

Tabela 5 – Nível de escolaridade, baseado no grau de instrução, da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.

19

Tabela 6 – Renda da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.

20

Tabela 7 - Principais espécies de peixe capturadas pelas pescarias de linha com anzol e espinhel e o número de anzóis utilizados para cada espécie.

51

Tabela 8 - Principais etnoespécies da ictiofauna citadas, arte de pesca utilizada e preços comercializados pelos pescadores na região do município de Salinópolis- PA

57

Tabela 9. Estatísticas das variáveis ambientais. 96

Tabela 10. Áreas das classes do Mapa Geológico 98

Tabela 11 -Áreas das classes do Mapa Geomorfológico 99

Tabela 12. Áreas das classes do Mapa Pedológico 101

Tabela 13. Áreas das classes do Mapa de Fitofisionomias 102

Tabela 14. Áreas das classes do Mapa TerraClass 2010. 103

Page 8: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

LISTA DEQUADROS

Quadro 1-.Divisão sexual do trabalho. 23

Quadro 2- Diagrama de Venn da comunidade São Bento, Buçu,Joacaia município de Salinópolis-PA 28

Quadro 3- Diagrama de Venn da comunidade Derrubada, município de Salinópolis -PA. 30

Quadro 4 - Diagrama de Venn da comunidade Enseada, município de Salinópolis -PA. 31

Quadro 5 - Diagrama de Venn da comunidade Santo Antonio de Urindeua, município de Salinópolis - PA 32

Quadro 6 - Diagrama de Venn das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis - PA. 34

Quadro 7- Diagrama de Venn das comunidades Derrubadinho, Paulina e Galdina, município de Salinópolis -PA 35

Quadro 8 - Diagrama de Venn das comunidades Cuiarana, Arapepó e Itapeua, município de Salinópolis - PA. 36

Quadro 9- Principais espécies de mariscos comercializadas na região de Salinópolis-PA. 61

Quadro 10- Opiniões sobre a criação da Resex para a comunidade local. 84

Quadro 11- Opiniões sobre as ações do governo e pessoais para com a Resex. 85

Quadro 12- Tempo Geológico 98

Page 9: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

SUMÁRIO

1-Introdução 11

2- Metodologia e área percorrida 11

3- Resultados 16

3.1-Identificação e caracterização da população tradicional envolvida na área proposta para criação de Resex e de outros usuários da área.

16

3.2- Identificação do uso e manejo dos recursos naturais pela população tradicional envolvida na proposta e levantamento dos dados etnobiológicos

38

3.3- Identificação e caracterização de possíveis comunidades indígenas ou quilombolas presentes na área.

82

3.4- Identificação de grupos sociais que poderão interferir (de forma positiva ou negativa) no processo de criação da unidade, bem como suas preocupações e interesses.

82

3.5-Identificação de áreas naturais e culturais relevantes, com oportunidade para uso público.

85

3.6-Análise do impacto econômico da criação da unidade de conservação 92

3.7-Levantamento de dados e análise dos impactos ambientais sobre os usos alternativos do solo existentes, que estão em planejamento ou em implementação nas áreas indicadas.

95

3.8-Levantamento de dados secundários do Meio Físico. 95

3.9 -Levantamento de dados secundário do Meio Biótico 104

3.10 - Realização de reuniões participativas com as comunidades 106

4- Referências 107

5 - Anexos 114

Page 10: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

11

1 - INTRODUÇÃO Em consonância com Carta de Acordo celebrada entre o

PNUD/ICMBio/FADESP e executada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, no âmbito

do Projeto Manguezais do Brasil (BRA/07/G32), o presente documento apresenta o

Relatório do Diagnóstico Socioambiental para criação de Reserva Extrativista

Salinópolis, no Município de Salinópolis no estado do Pará.

Os temas abordados no corpo deste documento seguem os resultados obtidos

em campo durante o período de 9 a 18 de dezembro de 2016, somados a dados

secundários pertinentes as atividades previstas no Termo de Referência (itens 3 a 12).

Durante as atividades na região foram contactados o secretário Municipal de

Agricultura e o assistente da Secretaria Municipal do Meio Ambiente assim como

algumas lideranças comunitárias diretamente relacionadas à da Comissão Pró-Resex

local. Nas instituições municipais obteve-se apoio no que se refere a indicação de

lideranças locais. Nas comunidades o apoio para a realização das oficinas decorreu

tanto de lideranças comunitárias ligadas a igreja católica e a Colônia de Pescadores

quanto de lideranças relacionadas com a criação da Reserva Extrativista no município.

Este relatório está organizado em uma introdução, metodologia adotada e área

percorrida, seguido dos resultados, referências bibliográficas e os anexos. Os

resultados estão descritos em conformidade com o Termo de Referência e alguns

subitens foram acrescentados em função das especificações das atividades realizadas

nas comunidades visitadas. Os anexos são compostos das listas de presença dos

participantes das oficinas realizadas.

2- METODOLOGIA E COMUNIDADES VISITADAS

O município de Salinópolis localiza-se na área do Salgado Paraense. Final do

século XIX, em 1882, Salinas foi elevada a município, cuja instalação se deu 2 anos

depois. Porém no ano de 1930 o município foi extinto, sendo anexado ao município de

Maracanã até o ano de 1933, quando foi novamente emancipado deixando de ser

Salinas para virar Salinópolis (IBGE, 2016).

O município está localizado na Microrregião Salgado e Mesorregião Nordeste

Paraense na costa atlântica da Amazônia Brasileira. Está distante 214 km da cidade

de Belém (por estrada), capital do estado, tendo como municípios vizinhos Maracanã

(oeste) e São João de Pirabas (leste) (Figura 1).

As atividades de campo corresponderam a realização de visitas e

oficinas/reuniões nas comunidades citadas no "Relatório de vistoria técnica de

proposta de criação de Reserva Extrativista de Salinópolis e Parecer Técnico de

Viabilidade" (ICMBio, 2012) e demais comunidades próximas a área proposta como

unidade de conservação. O diagnóstico e a caracterização dos moradores deram-se a

Page 11: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

12

partir das observações de campo que destacaram os modos de vida dos moradores

que praticam a pesca e atividades de extrativismo na região, conversas informais e

entrevistas com pessoas chave, além de observação direta.

A

B

Figura 1- Localização do município de Salinópolis, no Estado do Pará. (A) Seta branca indica localização no Estado; (B) Recorte do litoral Paraense, localizando Salinópolis. Fonte:www.setur.gov.br

Na realização das oficinas seguiram-se um roteiro pré-determinado constando

da apresentação da equipe, apresentação dos objetivos desse estudo,

esclarecimentos sobre o que são reservas extrativistas e o processo de criação dessa

categoria de unidade de conservação. Além disso, foram realizados exercícios

participativos e em grupo que gerassem dados e informações complementares aos

obtidos por meio da aplicação dos questionários. Os exercícios aplicados foram: o

Diagrama de Venn, o Mapeamento Participativo das Áreas de Uso e a Matriz

Histoecológica.

Os questionários foram aplicados junto aos moradores considerados

chave1 (que foram entrevistados em profundidade). Durante as entrevistas, que

tiveram duração média de 2 a 3 horas, buscou-se obter informações como: a

identificação da família, suas formas de organização social, uso da terra, sua

dependência dos recursos naturais disponíveis no ambiente, os conhecimentos

que detêm de sua área, e se sabem o que é uma reserva extrativista e o que

esperam caso esta seja criada.

1 Entrevistas com informantes-chave são comumente utilizadas em pesquisas de campo, na perspectiva da etnografia. Nessa perspectiva, campo é entendido como um espaço social e físico cujas fronteiras são definidas em termos de instituições e pessoas ou atividades de interesse em um determinado espaço geográfico (Schensul, 2004; Bisol 2012).

Page 12: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

13

A técnica de lista livre (BORGATTI, 1998) foi utilizada para coleta de dados

etnobiológicos, incluindo fauna e flora. Esta técnica permite apontar quais itens

pertencem ao domínio cultural, e referem-se a um grupo de palavras organizadas,

conceitos ou sentença compartilhados (e não preferências pessoais).

Os Diagramas de Venn, exercício realizado durante as oficinas, permitem captar

quais as demandas de políticas públicas e quais as instituições “representam” a

decisão e a implementação das políticas públicas almejadas pelos moradores. A fim

de facilitar o entendimento dos participantes para o exercício, admitiu-se a inserção de

elementos como ambientes (rios, mangues). Padronizou-se para todas as

comunidades o tamanho e a cor dos círculos e foram as referências utilizadas para o

grau de importância dado, pelos moradores, à instituição/órgão proposto (Figura 2). A

distância dos círculos em relação à comunidade refere-se à presença e ação ou não

da instituição/elemento ambiental/ órgão público/ na comunidade.

Figura 2- Legenda da representação gráfica (círculos e cores) utilizados para o exercício do Diagrama de Venn, realizados nas comunidades.

Trabalhou-se ainda utilizando pranchas com imagens e fotos de animais

(mamíferos, aves, répteis e peixes e crustáceos) para auxiliar a identificação de

ocorrência das espécies na área. Para a identificação da fauna e da flora citadas pelos

entrevistados utilizou-se de referências bibliográficas específicas da região e consultas

ao herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi com fotos para identificação vegetal e a

coleção faunística, e a base de dados do Ministério do Meio Ambiente e as Secretaria

Estadual de Meio Ambiente para as espécies ameaçadas.

Os estudos de Etnobiologia da pesca contemplaram conversas informais e

observações dos apetrechos de pesca e técnicas de captura na região. Com base em

um roteiro pré-determinado foram realizadas conversas informais junto aos

representantes de instituições governamentais e não governamentais que atuam na

área que contribuíram para o mapeamento institucional.

Foram visitadas 16 comunidades. Assim, visitou-se: (1) Distrito de Cuiarana; (2)

Derrubada; (3) Derrubadinha;(4) Joacaia (5) Porto da sede municipal; (6) Galdina; (7)

Ararijó;(8) Buçu; (9) São Bento; (10) Santa Rosa; (11) Santo Antônio do Urindeua; (12)

Arapepó; (13) Paulina; (14) Macapazinho; (15) Enseada e (16)Itapeua (Figura 3).

Legenda:

Pouca importância

Média importância Grande importância

Page 13: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

14

Figura 3 - Mapa das áreas percorridas e comunidades visitadas no município de Salinas, Pará. Percurso demonstrado pela linha vermelha no mapa.

Page 14: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

15

As agendas para as atividades junto às comunidades foram construídas a partir

de visitas realizadas pela equipe a fim de organizar junto às lideranças os locais e os

horários compatíveis para os moradores participarem. Pata tanto se formou dois

grupos com a divisão da equipe e cada grupo percorreu uma região para a construção

da agenda. Em comunidades com maior número de moradores optou-se por trabalhar

unificando a equipe como no caso do distrito Cuiarana e Enseada; quando havia

comunidade com menor número de moradores e estas se consideravam "vizinhas" ou

comunidades agregadas a comunidades Pólo optou-se por unificar as oficinas como

em São Bento, Buçu e Joacaia.

As oficinas ocorreram agregando-se comunidades, sobretudo as mais próximas

ou nas comunidades Pólo; caso do distrito de Cuiarana, onde se agregam as

comunidades de Arapepó e Itapeua e muitas das atividades são realizadas em

conjunto. O mesmo ocorrendo na região das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia,

quando os moradores destas últimas realizam suas atividades de comércio e serviços

na comunidade Pólo São Bento; e das comunidades Santa Rosa e Macapazinho.

Igualmente, locais, onde comunidades próximas, mas com ocorrência de conflitos as

oficinas foram realizadas em cada uma delas, caso da comunidade Derrubada.

.

Page 15: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

16

3 - RESULTADOS Os resultados do diagnóstico foram descritos em consonância com os itens

sugeridos no Termo de Referência da Carta de Acordo para este Produto (itens 3 a

12), ressalta-se que o item 12 que trata da produção de mapas temáticos (mapas

falados) foi inserido na descrição do uso dos recursos, compondo assim o item 3.2,

deste relatório. Além disso, utilizaram-se quando disponíveis, referencias da literatura

que contribuíssem com informações relevantes para melhor descrição dos resultados

obtidos.

3.1 - Identificação e caracterização da população t radicional envolvida na área Características gerais

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o

ano de 2016 estimou-se para o município de Salinópolis uma população de 39.328

habitantes. Sua área territorial é de 237,738 Km², com densidade demográfica de

157,40 habitantes por Km².

Neste contexto, foram entrevistadas 27 famílias2 distribuídas entre comunidades,

vilas e distrito do município3 inseridas na área proposta para a criação da Reserva

Extrativista. Os entrevistados foram pessoas consideradas chave, podendo ser ou não

chefe (a) de família, totalizando 81% do sexo masculino e 19% do sexo feminino.

A idade dos 27 entrevistados ficou concentrada na faixa etária que vai de 46 a 55

anos; mais de 55 anos representando 33% e 37%, respectivamente. A escolaridade

dos mesmos pode ser considerada baixa, 52% possuem o ensino fundamental

incompleto, outros 44,% são analfabetos, somente escrevem o nome (alfabetizados),

outros possuem o ensino fundamental completo e, por último o ensino médio

completo. Apesar de pequeno, 4% dos entrevistados possuíam o ensino superior

incompleto.

Outro ponto importante a ser considerado é o tempo de moradia dos

entrevistados no município. A média foi de 34 anos, sendo que existem os que moram

há 3 anos e outros há mais de 65 anos. Além do mais, moram na mesma casa em

média há 23 anos o que pode representar um forte vínculo com a terra (no sentido de

território), nos seus aspectos geográficos, culturais, sociais e políticos e uma baixa

mobilidade espacial e temporal (Tabela 1). Entre os 27 entrevistados, soma-se 85

pessoas residentes compostas por pai, mãe, filhos e netos correspondendo a uma

média de 3 pessoas por família.

2 Conforme a metodologia adotada, as entrevistas foram realizadas com informantes-chave e eus grupos familiares sendo, portanto, uma amostragem.

Page 16: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

17

Tabela 1: Características socioeconômicas dos entrevistados.

Características gerais Frequencia Percentual (%)

Sexo Masculino 22 81 Feminino 5 19 Idade Menos de 35 anos 3 11 De 36 a 45 anos 5 19 De 46 a 55 anos 9 33 Mais de 55 anos 10 37 Escolaridade Analfabeto 3 11 Alfabetizado 3 11 Fund. Incompleto 14 52 Fund. Completo 3 11 Médio completo 3 11 Superior incompleto 1 4 Tempo na área Menos de 15 anos 5 19 De 16 a 25 anos 7 26 De 26 a 35 anos 3 11 De 36 a 45 anos 4 14 Mais de 45 anos 8 30

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Estas famílias podem ser consideradas nucleares, com predominância para o

sexo masculino, correspondendo 55% da amostra e 45% do sexo feminino.

Do total de 85 pessoas, no que concerne a idade, os mesmos concentraram-se

na faixa etária de jovens entre 11 a 18 anos (23%), adultos entre 19 a 30 anos (15%),

seguidos dos 51 a 60 anos (15%), 41 a 50 anos (14%), mais de 60 anos (14%), 31 a

40 anos (11%) e até 10 anos (8%) (Tabela 2). A média de idade dos entrevistados foi

de 51 anos, sendo que o mais novo possui 24 anos e o mais velho 68 anos.

Tabela 2 - Idade dos familiares dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016. No. de pessoas Percentual (%) Idade Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total Até 10 anos 4 3 7 5 3 100,0 De 11 a 18 anos 14 6 20 16 7 100,0 De 19 a 30 anos 7 6 13 8 7 100,0 De 31 a 40 anos 5 3 8 6 5 100,0 De 41 a 50 anos 5 7 12 6 8 100,0 De 51 a 60 anos 6 7 13 7 8 100,0 Mais de 60 anos 6 6 12 7 7 100,0 Total 47 38 85 55 45 100,0

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Page 17: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

18

Quanto à naturalidade, praticamente todos os entrevistados declararam que

nasceram no estado do Pará (99%) e, maioria, no próprio município de Salinópolis

(70%) (Tabela 3). Os demais nasceram em: Capanema (12%), São João de Pirabas

(6%), Bragança (5%). Os municípios de Capitão Poço, Igarapé Açu, Nova Timboteua,

Maracanã, Breves, Irituia, e de outro Estado (Ceará) somam juntos 7%.

Tabela 3 - Naturalidade dos entrevistados e seus familiares, município de Salinópolis, 2016.

Naturalidade Frequência Percentual (%) Salinópolis 59 70

Capanema 10 12

São João de Pirabas 5 6

Bragança 4 5

Capitão Poço 1 1

Igarapé Açu 1 1

Nova Timboteua 1 1

Maracanã 1 1

Breves 1 1

Irituia 1 1

Outro Estado 1 1

Total 85 100

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Quando perguntados se havia a intenção de mudança para outro local, 93%

disseram que não, pois no município, mesmo com todas as dificuldades, conseguem

sobreviver. Os 7% que apresentaram desejo de mudar-se para outro local alegaram

dificuldades em relação a pesca como motivação.

No entanto, 56% dos entrevistados afirmaram possuir algum ente familiar

morando em outras cidades como Belém, Nova Timboteua, Capanema, Parauapebas

e Marituba. Na maioria são os filhos (93%) e primos (7%). Em média são adultos com

idade média de 37 anos, que saíram de Salinópolis no final da década de 1990, até

meados dos anos 2000 com o intuito de buscar outras formas de trabalho e

oportunidades de estudo.

No que diz respeito a migração, Sacramenta e Costa (2010) afirmam que sobre

a migração na Amazônia, deve-se levar em consideração todos os ciclos econômicos

e políticos que incentivaram os deslocamentos para a região. A origem do migrante, os

lugares de seus trajetos, investigando a manifestação de uma migração por etapa e os

motivos de saída do lugar de origem e o porquê da escolha de determinados locais é

essencial para as análises.

Page 18: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

19

No que diz respeito à questão fundiária 37% afirmaram ser ocupantes da terra,

22% posseiros, 19% estão na área porque a terra foi deixada pelos pais como herança

ou são áreas comunitárias e não possui documento específico, 7% são proprietários

de sua terra com título definitivo registrado em cartório e 4% afirmaram ter direito de

uso sobre a área (Tabela 4).

Tabela 4 – Situação fundiária dos entrevistados, município de Salinópolis, 2016.

Naturalidade Frequência Percentual (%) Ocupante 10 37

Posseiro 6 22

Herança/área comunitária 5 19

Recibo de compra e venda 3 11

Proprietário (título definitivo) 2 7

Direito de uso (INCRA) 1 4

Total 27 100

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

No município de Salinópolis, segundo dados do IBGE (2010) existem 62 escolas,

24 pré-escolar, 34 de ensino fundamental e 4 de ensino médio. O número de escolas

existentes no município não representa, porém, um bom nível educacional dos

entrevistados, que foi considerado baixo. Do total de 85 pessoas (incluindo os

familiares dos entrevistados) 7% não são alfabetizados, 5% assinam apenas o nome,

a grande maioria só possui o ensino fundamental incompleto (45%). Apenas 6%

concluíram o ensino médio e somam 2% os que possuem o ensino superior completo

ou incompleto (Tabela 5).

Tabela 5 – Nível de escolaridade, baseado no grau de instrução, da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.

Grau de instrução Frequência Percentual (%) Sem alfabetização 6 7

Alfabetizado (assina o nome) 4 5

Fundamental incompleto 38 45

Fundamental completo 16 19

Ensino médio incompleto 14 16

Ensino médio completo 5 6

Ensino Superior incompleto 1 1

Ensino Superior completo 1 1

Total 85 100

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Page 19: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

20

Segundo dados do IBGE (2010) o valor do rendimento nominal mediano mensal

per capita dos domicílios particulares permanentes no meio Rural no município de

Salinópolis era de R$ 170,00 (cento e setenta reais) e no meio urbano R$ 293,50

(duzentos e noventa e três reais e cinquenta centavos) tendo como base um salário

mínimo no valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais) vigente em 2010.

Com relação à renda mensal familiar, declarada pelos entrevistados, os valores

médios oscilam entre os que ganham um salário mínimo4 (30%), seguido dos que

dispõe de meia a um salário mínimo (26%), seguido dos que ganham de um a dois

salários mínimos (18%), 15% estão entre os que recebem menos de ½ salário mínimo

e pouco mais de 11% recebem de dois a cinco salários mínimos (Tabela 6).

Tabela 6 – Renda da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.

Renda Frequência Percentual (%) Menos de 1/2 Salário Mínimo 4 15

De meio a 1 Salário Mínimo 7 26

Um Salário Mínimo 8 30

Um a dois Salários Mínimos 5 18

Dois a cinco Salários Mínimos 3 11

Total 27 100,00

Fonte: Dados da pesquisa, 2016. Infraestrutura, Saúde e Saneamento

As comunidades são bem diferentes entre si, no que diz respeito ao acesso a

infraestrutura, saúde e saneamento. Destes, 57% possuem casa de alvenaria, 19%

possuem casa de madeira, 15% possuem casas mistas de alvenaria e barro ou

somente de barro e 7% de madeira e alvenaria (Figura 4).

Em Salinópolis a maior parcela dos entrevistados (85%) obtém a água para

consumo através de rede em sistema comunitário simplificado, outros 7% via poço

artesiano, 4% via poço tubular e 4% captação em cacimba, cisterna ou poço simples.

Os entrevistados reclamaram da baixa qualidade da água para consumo. No que diz

respeito ao tratamento para consumo, 30% das residências a água não passa por

nenhum tipo de tratamento para consumo, 22% dizem que a água é clorada, 15% filtra

e 37% informaram que coam a água5.

4 Considerar o valor do salário mínimo de R$ 880,00. 5 Prática comum nas comunidades. Trata-se de uma forma que não trata a água, pois um pedaço de tecido é fixado na torneira o que impede apenas a passagem de impurezas visíveis.

Page 20: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

21

A- Comunidade São Bento.

B- Comunidade Enseada.

C- Comunidade Derrubadinho.

D- Comunidade Joacaia.

E- Porto comunidade Derrubada.

F- Comunidade Sto. Antônio Urindeua.

Figura 4 - Aspectos das moradias e das comunidades visitadas no município de Salinópolis, PA. 2016. Fotos: Regina Oliveira e Laís Ferreira.

Page 21: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

22

Em 59% dos casos o destino do esgoto se dá em fossa séptica e outros 33% os

casos a destinação é a fossa negra onde os dejetos dos banheiros localizados fora de

casa e que são construídos sobre um buraco caem diretamente no solo, sem nenhum

tratamento. 4% declararam ser céu aberto e 4% não possuem banheiros que segundo

os mesmos ocorrendo o risco de infiltrar-se no solo, atingindo assim a rede

hidrográfica superficial local da área onde há a possibilidade transformar-se em Resex.

Em relação ao lixo, segundo dados do Censo de 2010 do IBGE, no município de

Salinópolis 7.115 residências eram atendidas diretamente por serviço de recolhimento,

outros 128 por caçamba de serviço de limpeza, 1607 dos casos o lixo é queimado (na

propriedade), em 59 residências eram enterrados e 169 residências obtinham outros

destinos.

Nas entrevistas realizadas 11% dos casos, declararam que abrem um buraco

geralmente no quintal, e enterra-se o lixo; a grande maioria, 89% queimavam na

própria unidade familiar; 22% tem serviço de recolhimento pela prefeitura; apenas 4%

são destinados para produção de adubo sem quaisquer técnicas, ou seja, não há

conhecimento do sistema de compostagem. E um número expressivo de 7% joga o

lixo doméstico nos rios, igarapés ou marés próximas as suas casas.

Como consequência, em parte, da falta de saneamento os entrevistados

destacaram algumas doenças e sintomas dos quais são acometidos com certa

frequência, seja no verão ou inverno: diarréia, gripe/febre, vômito, febre, tosse,

malária, virose etc.

Caracterização dos Sistemas de Produção

Nas comunidades visitadas do município de Salinópolis as atividades produtivas

concentram-se em poucas atividades. Atualmente os entrevistados desenvolvem mais

de uma atividade produtiva/econômica, principalmente um revezamento entre a

agricultura e a pesca. Ressalta-se desta forma, que estas são características

marcantes do campesinato brasileiro, já descrito em obras como a de Wagley (1977),

que observava desde o século XIX, um revezamento entre essas atividades, tendo na

farinha de mandioca o principal produto da agricultura que permanece até hoje.

No caso específico de Salinópolis se destacam: a pesca (96%), associado ao

trabalho com a agricultura (67%), 48% são assalariados, pensionistas ou aposentados,

44% trabalham com a “tiração6” de caranguejo, outros 41% também extraem

mexilhões, 37% com a pesca do camarão, 33% recebem algum benefício social como

bolsa família, 22% confeccionam e vendem apetrechos de pesca, 19% fazem a cata

6 Termo utilizado na região do Salgado Paraense para a prática extrativa do caranguejo-uçá (Ver item 3.2 desde relatório).

Page 22: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

23

de massa de caranguejo, 11 se consideram curralistas, 7% trabalham com

extrativismo vegetal com venda de frutos como bacuri e cupuaçu, 7% constroem

barcos ou canoas e 4% extraem Ostras, entre outros (Figura 5).

Figura 5- Principais atividades econômicas citadas pelos entrevistados no município de Salinópolis -PA.

Um aspecto importante que deve ser considerado é a divisão do trabalho na

perspectiva de gênero e sua ligação com as atividades citadas. Praticamente todas as

atividades supracitadas são desenvolvidas por homens e mulheres, com exceção da

confecção e venda de apetrechos de pesca e extração de madeira da área do mangue

que, entre nossos entrevistados, apareceu como trabalho de exclusividade masculina

(Quadro 1).

Quadro 1- Divisão sexual do trabalho.

Atividade produtiva Homens Mulheres Ambos Pesca X Agricultura X Tiração de caranguejo X Extração de Mexilhões X Pesca de camarão X Confeccionam e vendem apetrechos de pesca

X

Cata de massa de caranguejo X Curralistas X Extrativismo vegetal X Constroem barcos ou canoas X Extração/criação de ostras X Criação de animais X

Em geral as atividades envolvem 93% de mão de obra familiar com a

participação de em média 1 a 3 pessoas da família. Apenas 7% declaram que

pagaram trabalho de diaristas. No ano de 2015 foram contratados, uma média de 1 a 4

trabalhadores diaristas. As principais atividades diárias e familiares foram atividades

At ividad

No. de citações

Page 23: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

24

ligadas à pesca e a agricultura, como: tiração e cata do caranguejo, arrumação e

despesca do curral, trabalho como ostreicultor, marisqueiros, atividades da agricultura

como capina, plantação, "fazeção" de farinha, pesca entre outros.

Porém, mesmo mediante esta diversidade de atividades, 89% nunca acessaram

nenhum crédito. Os 11% que acessaram fizeram, na sua maioria, via empréstimo

pessoal nos bancos e Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(Pronaf) para subsidiar a produção (entre R$ 1.500,00 a 3.000,00) entre os anos de

2008 a 2010.

Em relação ao acesso à assistência técnica, 93% disseram que não recebiam

assistência de nenhum órgão, seja estadual, federal ou municipal. Apenas 2

entrevistados citaram, que no passado, um grupo recebeu assistência técnica do

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e SEBRAE. Na região 100% dos

moradores entrevistados não possui o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Quando perguntados sobre outras atividades produtivas não existentes na

localidade e nas proximidades que poderiam ter potencial para serem desenvolvidas

na localidade, alguns entrevistados responderam: fábrica para massa de caranguejo,

turismo, artesanato, cooperativa de produção, criação de ostras, cultivo de açaí,

criação de frango e peixe, cultivo de mexilhão, polpa de frutas, horticultura, apicultura.

Estrutura social e Organização Comunitária

Observou-se que entre os entrevistados das comunidades visitadas no município

de Salinópolis, 67% são associados a algum tipo de organização ou cooperativa e

pelos menos 90% estão ligados principalmente a Colônia de Pescadores (Z-29) e

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) e os demais (10%) na

Associação dos agricultores, pescadores e aquicultores do rio Urindeua (ASAPQ). No

geral fazem parte destas organizações no máximo 2 membros da família, que está em

média há 10 anos em alguma das organizações citadas, sendo que o tempo de

associativismo pode variar entre 2 e 40 anos.

De modo geral, isso vale para as comunidades do nordeste paraense, a relação

dos comunitários com as organizações sociais dos quais fazem parte, apresenta-se

ainda como um caminho de buscar benefícios. Os entrevistados refletem a importância

de estar associado, principalmente, ao STTR e a Colônia de Pescadores, que foram

as organizações onde ocorreu o maior número de participações. Isso se deve a alguns

motivos: a) a participação como sócio do STTR e da Colônia facilita a aposentadoria,

pois através dos mesmos poderão comprovar sua atividade agrícola e de pesca junto

ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); e b) a busca por outros benefícios

Page 24: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

25

públicos como a licença maternidade pelas mulheres, ou algum benefício em caso de

acidentes de trabalho.

Isso demonstra visivelmente a falta de clareza de suas participações num

Sindicato, dificultando, como se destaca mais à frente, a participação efetiva desses

atores sociais na chamada esfera pública, que deveria ser mais política.

Reconhecendo, com isso, que "as tentativas de organização e autonomização sui

generis são encontradas, com sucesso muito variável. É importante distinguir, no

entanto, as populações que conseguiram organizar-se e articular-se politicamente o

suficiente para que certas reivindicações sejam atendidas ou ainda os grupos que

recebem ajuda pública ou privada (ONGs, Igrejas) nacional ou internacional (são

freqüentemente os mesmos) daqueles que estão ainda por fora desses circuitos, e que

não tem como fugir das redes clientelistas locais (caso de muitos ribeirinhos) (LÉNA,

2002, p.11).

Nas comunidades visitadas, sem exceção, há equipamentos coletivos, com

destaque para: igrejas, praças, escolas. As principais atividades de lazer são

realizadas dentro das próprias comunidades ou no município como: Jogo de futebol,

banho de rio ou praia, aniversário de vizinhos, ir a igreja, assistir TV, jogar dominó e

seresta.

Quando perguntados sobre a existência de festas nas comunidades os mesmos

citaram que as mesmas ocorrem, principalmente, entre os meses de junho e

dezembro. a) festas aos Santos padroeiros (Círio de Nossa Senhora de Nazaré,

Santo Antônio, Festa de São Paulo, Santa Luzia, Nossa senhora do Livramento, São

Sebastião, Nossa Senhora das Dores), b) Festas ligadas aos uso de recursos naturais

(Mariscos, festa do feijão, Festival do Marisco ) e c) Festas para datas comemorativas

como dia das mães, dia dos pais, Natal, Ano Novo, torneio de pesca.

Em relação ao entendimento sobre por política pública, 78% dos entrevistados

não soube responder. Entre os 22% que responderam, estes afirmaram que: “É o que

a comunidade precisa, o prefeito promete, mas não faz; “É o que os políticos fazem”.

Demonstrando dificuldade de conceituação e descrença no que seria política pública.

Dentre os que afirmaram conhecer alguma política pública, 90% dos

entrevistados citaram como exemplo: Bolsa Família, Programa Luz para Todos,

Programa Minha Casa Minha Vida etc.

Finalizando, no que diz respeito a direitos eles compreendem que os mesmo

devem possuir: Direito à saúde; Direito à educação; Saneamento básico; Ir e vir nas

estradas; Acesso ao apoio a financiamento; Direito à liberdade, trabalho e

aposentadoria.

Page 25: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

26

O exercício Diagrama de Venn realizado nas oficinas/reuniões foi receptivo na

maioria das comunidades visitadas. Não houve dificuldades para a compreensão e

realização do exercício, que foi participativo. Em algumas comunidades aspectos

ambientais foram inseridos (Figura 6).

É possível perceber semelhanças entre os Diagramas de Venn resultantes de

cada comunidade, sobretudo a proximidade das instituições municipais de saúde e

educação sendo provavelmente efeito da recente campanha eleitoral municipal que

ocorreu e a manutenção dos atuais governantes. No entanto, muito provavelmente por

este campo ter sido realizado após as eleições municipais a presença dessas

secretarias municipais nos Diagramas tenha sido constante. É possível ainda perceber

em quais comunidades as secretarias municipais estão mais presentes e sua ação

local, considerando que a atual gestão municipal se manteve

A presença das igrejas católicas e evangélicas embora em algumas

comunidades tenha papel agregador, em outras apareceram relatos de conflitos entre

os seguidores, caso da comunidade Santo Antonio de Urindeua. No distrito de

Cuiarana a oficina ocorreu no espaço cedido pela igreja e tido pelos moradores como

local para reuniões comunitárias.

Observa-se ainda que em algumas comunidades os ecossistemas e ambientes

foram citados no entendimento de políticas públicas assim como a atividade pesca

exercida pela maioria dos participantes. A presença das universidades (Federais e

Estaduais) e institutos de pesquisa ganha destaque na região visto ser esta uma das

principais áreas estudadas do Salgado Paraense. Destaca-se, todavia apontamentos

diretamente ligados a questões urbanas e turísticas que afetam as comunidades em

geral, como por exemplo, a presença da Polícia Militar, o Conselho Tutelar e a

presença de drogas nas comunidades, além de questões voltadas a serviços como

distribuição de água. Os resultados dos Diagramas foram apresentados e discutidos

em plenária (Quadros 2, 3, 4, 5).

Page 26: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

27

A- Oficina em Cuiarana.

B- Oficina em Derrubada.

C- Oficina em Enseada.

D- Aspecto da Oficina em São Bento.

E- Oficina comunidade Derrubadinho.

E- Oficina em São Bento

Figura 6 - Aspectos da elaboração dos Diagramas de Venn nas comunidades visitadas em Salinópolis, PA.Fotos: Yuri Silva, Regina Oliveira, Laís Ferreira e Adna Albuquerque.

Page 27: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

28

Comunidades de São Bento, Buçu e Joacaia.

A oficina foi realizada no centro comunitário mantido pela Associação dos

Produtores Rurais de São Bento, reunindo moradores de Buçu e Joacaia, que

segundo eles utilizam a comunidade São Bento como Pólo pela proximidade e

serviços disponíveis (Quadro 2). Em estudo realizado na comunidade de São Bento

pela Embrapa Amazônia Oriental (Cpatu) e publicado em 2011, "Estratégias de

planejamento a partir do diagnóstico rápido participativo e da análise swot: um estudo

na comunidade de São Bento, Salinopólis – PA", que tratou de utilizar ferramentas

participativas, portanto, não foi difícil para os moradores se integrarem à oficina,

sobretudo para a realização do Diagrama de Venn. No artigo supra citado, que traz

uma caracterização da comunidade a descreve como uma agrovila fundada em 1889,

localizada a 12 km da sede do município, com diferentes ecossistemas, sendo

composta principalmente por áreas de mangue, igapó e terra-firme. O estudo destaca

ainda as atividades econômicas praticadas na comunidade como de agricultura

familiar, a pesca e a catação de caranguejo.

Quadro 2 - Diagrama de Venn das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia.

Na elaboração do Diagrama de Venn, que foi construído com todos os presentes

na oficina, observam-se que há círculos respectivos para as comunidades de Buçu e

Joacaia para aspectos específicos como as associações comunitárias. As demais

instituições estão citadas como comuns para comunidades, incluindo suas ações. Para

os moradores as instituições que atuam ou atuaram nas comunidades foram

classificadas como de média importância. Isto de deve, segundo explicação dos

Page 28: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

29

moradores, a "situações que não são resolvidas aqui na comunidade"; outro afirmou

que "aqui tem conflito por terras, sim, por que aqui nem todo mundo tem seu título

definitivo da área da terra". Os conflitos fundiários devem-se a heranças e áreas

patrimoniais doadas pela Prefeitura municipal, sobretudo para determinação de áreas

cultiváveis.

As instituições de pesquisa e educação segundo os participantes estão distantes

das comunidades, pois "chegam e fazem o trabalho e não retornam, as vezes deixam

livros". As cooperativas como a Cooperativa de Agroindústria de Salinópolis

(COOPAS) que foi considerada de pequena importância, pois segundo o grupo "a

gente não sabe direito o que vai ser"; no debate, segundo algumas lideranças ainda

está em fase de planejamento a instalação dessa agroindústria na comunidade e que

há previsão de que seja voltada á produção de carne de caranguejo. As Associações

das comunidades, exceto da associação da comunidade de São Bento estão

apresentadas como distantes das comunidades pela ausência de ações e melhorias .

Ressalta-se que a oficina foi apoiada por representante da Associação que viu, neste

momento, uma oportunidade para estimular a recuperação da organização

comunitária, chamando a atenção para divisão entre os moradores.

.

Page 29: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

30

Comunidade Derrubada

Composta por praticamente uma única família e seus descendentes a

comunidade surgiu, segundo um de seus moradores mais antigo, por volta da década

de 1940, ocasião em que o governador Magalhães Barata construía estradas na

região de Salinópolis.

O exercício do Diagrama de Venn foi realizado com a participação de todos os

presentes na oficina e os participantes consideraram as instituições apontadas como

de média importância (Quadro 3).

Quadro 3 - Diagrama de Venn da comunidade Derrubada, município de Salinópolis -PA.

Ao apresentarem o Diagrama à plenária, o grupo destacou a ausência da

Secretaria Municipal de Agricultura da comunidade, sobretudo, no que se refere às

questões fundiárias, a comunidade possui como patrimônio comunitário um terreno

com cerca de 3.500ha e a distribuição de mudas e sementes de mandioca. Segundo

os moradores a terra é do estado e eles possuem concessão para seu uso, podendo

cultivar até 2 ha.

Nesta comunidade aspectos ambientais ganharam destaque como o Rio e

mangue. Embora se denominem colonos (produtores agrícolas) O Porto foi

considerado de média importância e próximo a comunidade "porque foi resultado de

luta a sua construção, nós fizemos pressão na prefeitura de Maracanã, por que todo

mundo passa por aqui". Referindo-se a proximidade da comunidade com o município

de Maracanã e a linha de barco e ônibus que levam os passageiros de Maracanã a

Page 30: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

31

Salinópolis. Tanto que inseriram a Resex Maracanã, que, segundo o grupo, mesmo

distante da comunidade afeta suas atividades produtivas como a pesca devido à

delimitação territorial. A extração de caranguejo ocorre apenas para consumo.

Ressalta-se que a grande maioria dos moradores acredita pertencer ao município de

Maracanã, visto que a escola é mantida por este município.

Destacaram ainda que a comunidade "fica no meio do caminho para o acesso a

Penha, é de lá que recebemos o Agente de Saúde, por isso ela não tá tão perto da

comunidade".

Comunidade Enseada

A oficina foi realizada a noite no salão paroquial e contou com a participação de

lideranças e moradores. O grupo que realizou o exercício do Diagrama de Venn

apontou aspectos sociais e ambientais como importantes para a comunidade (Quadro

4).

Quadro 4 - Diagrama de Venn da comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA.

O grupo ao apresentar o Diagrama apontou como importante para a comunidade, a

necessidade de estradas. Tanto para o escoamento de produtos, como para o acesso

a sede municipal e outras comunidades. A maior parte das instituições e políticas foi

considerada de grande importância. No entanto, os Programas federais como o Bolsa

Família e o Luz para Todos foram identificados como próximos a comunidade.

Embora o grupo tenha considerado que a Associação de Moradores da Vila da

Enseada (AMAVE) esteja próxima à comunidade, esta foi classificada como de média

importância, pois "ainda não é tão forte, mas tá dentro da comunidade"; assim como o

STTR que é atuante nesta comunidade. No aspecto político municipal a prefeitura e os

Page 31: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

32

vereadores estão distantes da comunidade assim como a Colônia de Pescadores.

Afirmaram que a Sema não atende a comunidade que atualmente tem problemas com

lixo nas cabeceiras do rio Urindeua, que segundo alguns participantes "o rio está

morrendo, secando". Informaram que denunciaram junto a Prefeitura a retirada de

pedras da cabeceira do rio. Para eles o Programa Luz para Todos é de grande

importância, pois todos se beneficiam

Comunidade Santo Antonio do Urindeua

Localizada nas margens do rio Urindeua esta comunidade possui mais de 200 famílias. Com estrutura de

equipamentos sociais como escolas, praças, porto e algumas ruas asfaltadas. A oficina ocorreu no barracão

comunitário e a ideia de criação de uma Reserva Extrativista é tema debatido na comunidade (quadro 5). Além disso,

recebem constantes visitas de universidades e institutos, pois mantêm uma produção de ostras e dispõem de uma infra

estrutura para abrigar estudantes, o que segundo o grupo mantém estas instituições próximas a comunidade.

Quadro 5 - Diagrama de Venn da comunidade Santo Antonio de Urindeua, município de Salinópolis - PA.

O grupo que elaborou o Diagrama não considerou nenhuma instituição ou

política como de pequena importância. Ao apresentar o Diagrama o grupo destacou

como interesse da comunidade as políticas do governo federal, que segundo eles

"estão sempre presentes na comunidade". Destacaram ainda que a Prefeitura é de

grande importância mas "é ausente, porém, ninguém tem coragem de falar porque o

prefeito é amigo de muitos comunitários". Todos disseram que a prefeitura era

presente depois alguns relataram a realidade e todos concordaram com a distancia

dada a este órgão público. Para o grupo tanto a Sema quanto o Ibama "são

ausentes,muito ausentes, nunca apareceram aqui na comunidade"; O STTR e

Page 32: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

33

Secretaria de Agricultura ficaram no meio termo pois "alguns disseram que não estão

presentes, outros informaram que estão presentes, então achamos por bem deixar no

meio do quadro"

O destaque foi dado a Associação dos Agricultores, Pescadores e Aquicultores

de Santo Antonio do Urindeua (Asapaq) que segundo o grupo "está muito presente na

comunidade com o projeto da criação de ostras". Para eles outras instituições como a

Emater também aparece apenas "só por causa da criação de ostras, no restante de

projetos está ausente". A Polícia Militar está distante e segundo os moradores está

ausente da comunidade, não atendendo a questões de segurança ao afirmaram "aqui

a polícia nunca aparece". Concluíram afirmando que a "a Secretaria de Saúde é mais

ou menos presentes, tem um posto de saúde meio próximo à comunidade.

Comunidades Santa Rosa e Macapazinho

As lideranças sugeriram fazer uma única oficina para essas duas comunidades

sendo a mesma realizada na comunidade de Santa Rosa, que possui cerca de 50

famílias.

A oficina aconteceu no barracão comunitário. O grupo que elaborou o Diagrama

afirmou que inseriu o recurso água por que "colocam muito cloro na água e prejudica o

estomago das pessoas". A escola, pois "queremos que consigam um transporte

melhor, esse é pequeno para levar os alunos" (quadro 6). Afirmaram que para eles os

vereadores são de pouca importância por que "aqui os vereadores nunca fizeram nada

pelas comunidades". Para eles a Prefeitura é "mais ou menos distante da

comunidade"; segundo o grupo que apresentou o Diagrama o que funciona aqui na

comunidade é a Secretaria de Agricultura e a Sebrae que trouxe o curso de cultivo de

mandioca". Afirmaram que quanto a saúde as comunidades passam dificuldades pois

tanto o Posto de saúde quanto o médico só estão presentes uma vez por semana o

que prejudica alguns moradores mais necessitados. Apontaram ainda dificuldades

quanto a segurança "a polícia nunca vem, a insegurança é grande que a maior parte

das casas estão gradeadas já". Informaram que há presença do Senar "estamos com

vários cursos de artesanato". Para eles há dificuldades com o meio ambiente pois "

aqui nunca apareceu nem Ibama nem Sema, que nunca foi presente, nem sabem

quem é a secretária".

Quadro 6 - Diagrama de Venn das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis - PA.

Page 33: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

34

No entanto, observa-se que as políticas federais como o Programa Luz para

Todos e o Bolsa Família foram inseridos próximos as comunidades. Ao citarem como

de grande importância o Lazer, destacaram as festas, os jogos e os banhos.

Comunidades de Derrubadinho, Paulina e Galdina

Estas comunidades estão localizadas próximas a foz do rio Urindeua e são

consideradas balneárias tanto por moradores de Salinópolis quanto de Belém (ver item

3.5, deste relatório). Em Galdina está o principal exemplo. Existem somente 4

moradores fixos e as demais residências ficam fechadas grande parte do ano, tendo

maior frequencia durante o período de verão (julho) e final de ano. Derrubadinho

possui 117 famílias fixas e não souberam informar quantas residências pertencem aos

de fora. Segundo um dos Agentes de Saúde "os veranistas gostam de ficar nas casas

dos moradores, às vezes são parentes às vezes não". Em Paulina ocorre o mesmo por

serem comunidades muito próximas. É em Derrubadinho que estão às estruturas e os

equipamentos sociais como escola, posto de saúde, porto e estradas asfaltadas.

A oficina aconteceu no barracão comunitário e o grupo que elaborou Diagrama

de Venn destacou principalmente a ausência da Secretaria de Turismo, visto que "aqui

vem muita gente de fora, e o secretário só atua em Salinópolis" (quadro 7)

Quadro 7- Diagrama de Venn das comunidades Derrubadinho, Paulina e Galdina, município de Salinópolis-PA.

Page 34: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

35

O grupo destacou ainda sua principal atividade produtiva: a pesca. Nessa região

a pesca é realizada por meio da arte dos currais. Com a maré baixa formam-se

imensos areais que se estendem até as proximidades da sede municipal e suas

praias. É nesse espaço que os moradores constroem seus currais. Ao apresentarem o

Diagrama o grupo ressaltou os conflitos com a pesca e segundo eles "a ausência da

Z-29 (Colônia dos Pescadores), que não faz nada em relação aos barcos de pesca

que colocam muita rede apoitada" é o principal. Destacaram ainda a ausência da

Sema que "é totalmente ausente mesmo com muitas ligações e reclamações dos

comunitários, ninguém da Sema aparece" referindo-se aos conflitos e problemas

ambientais. Para eles os "os vereadores não fazem projetos para as comunidades e

nem aparecem na comunidade", e, portanto foram categorizados como de pouca

importância e distantes da comunidade; apontaram que a Secretaria de Educação

"está próxima por causas dos ônibus escolares" que agora atendem as comunidades.

Para eles a categorização da Emater como uma instituição de grande importância se

faz devido à presença de técnico na cidade. No entanto, está distante das

comunidades por que "precisa trazer mais projetos". Novamente as instituições de

ensino são citadas e inseridas no Diagrama, embora consideradas de grande

importância e estejam distantes das comunidades. Por fim citaram a Secretaria de

Saúde (Sesma) o que provocou debates na plenária pois embora ausente, sem

serviços médicos alguns afirmaram que está presente na comunidade porque tem um

posto de saúde.

Comunidades de Cuiarana, Arapepó e Itapeua

Page 35: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

36

Todas às comunidades foram visitadas e a proposta foi de fazer a oficina na

comunidade de Cuiarana no centro paroquial, por estar disponível e de fácil acesso. A

convocação para a oficina teve o apoio do delegado da Colônia de Pescadores que

atua nessa área. Utilizou-se ainda um carro de som, visto que os pescadores e

extrativistas vivem na periferia do Distrito. A oficina ocorreu à tarde e estiveram

presentes moradores das três comunidades. O grupo que elaborou o Diagrama de

Venn ao apresentá-lo a plenária destacou os conflitos da pesca e sociais, como o uso

de drogas pelos pescadores, tanto classificados como de grande importância como

próximo as comunidades. Também chamaram a atenção para os problemas vividos

com a proximidade do lixão municipal de suas comunidades (quadro 8).

Quadro 8 - Diagrama de Venn das comunidades Cuiarana, Arapepó e Itapeua, município de Salinópolis - PA.

Page 36: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

37

O distrito de Cuiarana com cerca de mais de 250 famílias se caracteriza por ser

uma região de veranistas, aposentados de cidades próximas do Pará e por visitantes

de outros estados (GUERRA E SANTOS, 2016). Com isso recebeu aporte político

para sua estruturação e urbanização, que incluem porto, resorts, hotéis, praças e vias

pavimentadas. As comunidades de Itapeua (com cerca de 50 famílias) e Arapepó (com

aproximadamente 40 famílias) vivem nas proximidades de Cuiarana e tem muitas de

suas atividades realizadas neste Distrito. Entre elas serviços a prestação de serviços

para os veranistas. Ao apresentarem o Diagrama apontaram que um dos problemas

atuais está na falta de água nas residências, e com a saúde. Segundo eles "o hospital

24horas é de grande importância, mas não atende a comunidade pela falta de

médicos e transporte", alegaram ainda que foi resultado de promessa política.

Dentre as questões debatidas na apresentação do Diagrama foram os conflitos

entre os pescadores locais com o uso de redes de poita e de arrasto, que segundo

eles "ficou dentro da comunidade porque é gente daqui que faz isso". Afirmaram que

estas são utilizadas "na foz dos rios e prejudica a população". Informaram ainda que

na região ocorre a pesca esportiva e "muitos empresários vem para pescar ".

Outra questão que gerou debates foi a existência do "lixão" nas proximidades da

comunidade de Arapepó. Os representantes desta comunidade e pertencentes a

Associação Agroecológica de Produtores Rurais de Arapepó (AAPRAS) "afirmaram

que muitas doenças estão acometendo os moradores, e que com apoio de ONGs

locais estão solicitando providencias a Prefeitura". Informaram ainda que foram

procurados pela Empresa Natura para fazer acordo com coletas de sementes na

região, sem no entanto , especificarem o período e as normas do acordo.

A prefeitura e os vereadores estão distantes das comunidades e "com isso há

muito abandono principalmente para o asfalto das ruas dos bairros". Afirmaram que o

Ibama é importante "porque cuida do meio ambiente, mas aqui nunca parece".

Page 37: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

38

3.2 - Identificação do uso e manejo dos recursos na turais pela população tradicional envolvida na proposta e levantamento do s dados etnobiológicos.

A importância de se compreender os modos de uso e manejo dos recursos

naturais pelas populações locais permite ainda identificar suas categorizações tanto

ambientais quanto sociais. Possibilita também identificar a percepção dessas

populações sobre a dinâmica que envolve o manejo de recursos em seus

ecossistemas o que segundo Alves et al (2008) são extremamente relevantes para

definição de estratégias conservacionistas.

Os estudos com comunidades e ambiente realizado por Pandey et al, (1998) e

Begossi (1993) levam em conta a abordagem etnobiológica que é uma ciência

interdisciplinar derivada da antropologia cognitiva e de áreas das ciências biológicas,

como a ecologia e componentes inter-relacionados e interdependentes: as situações

práticas de vida da comunidade estudada, atentando para a cultura e tradição locais e

a utilização sustentável dos recursos naturais locais. Além disso, os estudos

etnobiológicos possibilitam a incorporação de critérios de etnomanejo (Diegues1995)

na determinação das políticas públicas do território marinho.

Os moradores entrevistados das comunidades visitadas no município de

Salinópolis reconhecem uma série de paisagens, animais e plantas que ocorrem na

região e em alguns casos, estes recursos biológicos têm valor utilitário e/ou cultural.

Uso da fauna

Os entrevistados citaram 276 animais (201 vertebrados e 20 invertebrados) que

ocorrem na área. Os animas citados pertencem a 8 categorias taxonômicas distintas.

As categorias com maior número de espécies citadas foram: aves, peixes, mamíferos,

e anfíbios (Figura 7).

Segundo a compilação realizada por Fernandes (2000) as aves representam

38% da fauna de vertebrados associados às florestas de mangue ao redor do mundo.

Dentre as espécies de aves mais citadas estão às garças (34), sobretudo as do

gênero Ardea; seguida dos guarás (29) Eudocimus ruber; os papagaios (26)

Psittacidae ; os gaviões (22) como o gavião-caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis)

e os juritis (21) Leptotila sp.

Alguns dos animais citados têm uso alimentar pelos moradores das

comunidades visitadas. Além dos animais de criação como as galinhas, patos, perus e

gado, outros representantes da fauna nativa englobam essa categoria de uso. Dessa

forma muito da alimentação utilizada pelos moradores das comunidades visitadas são

obtidos da fauna nativa obtida com pesca e a caça.

Page 38: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

39

Figura 7- Número de espécies animais por categoria taxonômica citadas pelos moradores das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA.

Dentre os peixes, os mais citados foram: a pescada branca (30) Cynoscion

microlepidotus; os bagres (25) da familia Ariidae e a pescada amarela (20) Cynoscion

acoupa. Em geral são os mamíferos de médio e pequeno porte que figuram entre os

mais citados como a paca (25) Cuniculus paca; seguida das cutias (22) Dasyprocta

aguti; e das capivaras (20) Hydrochoerus hydrochaeris.

O uso alimentar de animais engloba, além da pesca, a fauna terrestre nativa,

obtida com a caça e com animais de criação doméstica como galinhas, porcos, patos

e outras aves. Constatou-se a existência de uma conexão utilitária da fauna na região,

sendo uso alimentar o mais representativo, uma vez que 87,8% das espécies de

peixes citadas, 18% das espécies de mamíferos, além de répteis e aves foram

associadas a esse tipo de uso. Dentre as espécies nativas, a mais citada foram os

pertencentes à família Dasypodidae (tatus, 47) com diferentes variedades (peba,

pretinho, branco e rabo de couro).

Chama atenção as inúmeras citações dos entrevistados que se referem à

ocorrência e etnodiversidade de felideos para esta região. Alguns entrevistados

afirmaram que "aqui tem muito", referindo-se a facilidade de se avistar os felinos nas

matas locais. Foram citados 24 felinos, com destaque para os gatos do mato (7)

(Leopardus tigrinus); ou gato maracajá (6)(Leopardus wiedii). Também foram citados

os gato maracajá preto (6) ; gato maracajá vermelho(1); gato maracajá pintado (1);

além dos gato açú (1), que se refere ao gato maracajá açu e simplesmente gato (2).

Na classificação taxonômica não há ocorrência de gato maracajá preto ou vermelho, o

que sugere ser jaguatirica (Leopardus pardalis) visto que segundo o Estudo técnico

para criação de unidade de conservação na categoria RDS “campo das mangabas” no

município de Maracanã/PA produzido pela Sema (2013) há ocorrência dessa espécie

0 20 40 60 80 100

aves

peixes

mamiferos

anfibios

repteis

insetos

crustaceos

moluscos

Nº de espécies citadas

Ca

teg

ori

as

Ta

xo

mic

as

Page 39: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

40

na região de Maracanã. No entanto, sem confirmação da distribuição para demais

áreas do Salgado Paraense. Em levantamento de dados secundários não foram

encontrados estudos específicos para esta família de mamíferos no Salgado Paraense

ou em Salinópolis. Ambos constam na Lista das Espécies da Fauna Brasileira

Ameaçadas de Extinção (ICMBio, 2014), na categoria em perigo (EN).

No que se refere à conservação da fauna, 60,7% dos entrevistados afirmaram

que muitos animais que antes havia na região estão desaparecendo e os motivos para

isso foram: "Por que abriram mais a mata, já que cresceu a quantidade de moradores"

; "por causa da caça e do desmatamento"; ou ainda " devido a queimação do roçado e

da caça". Entre os animais mais caçados estão a paca (Cuniculus paca), o veado

(Família Cervidae) e o tatu pretinho (Dasypus). para 65% dos entrevistados não há na

região animais "trazidos de fora", os que afirmaram haver citaram a capivara

(Hydrochoerus hydrochaeris) que "atravessou para a região" e o tatu peba

(Euphractus sexcinctus), que segundo o entrevistado "apareceu".

Dentre os peixes 100% afirmaram conhecer espécies que já estão

desaparecendo da região, entre elas o cação milho verde (Carcharhinidae ); o mero

(Epinephelus itajara,Lichtenstein, 1822) e o espadarte (Xiphias gladius) e para cerca de 68% os

motivos para o desaparecimento dessas espécies deve-se ao consumo e uso de redes, ou ainda ao uso de redes de

arrastão e de redes de poita.

A caça é realizada de forma esporádica e 35,7%(N=10) afirmaram praticar a

atividade. As principais estratégias utilizadas são a moitá (que compreende utilizar

uma espécie de andaime ou apoio para rede amarrado no alto das árvores e comedias

para atrair a caça) e a comedia (que implica em colocar alimentos ao longo de trilhas

para atrair os animais). A atividade é praticada a noite por que: "encontra caça de

melhor qualidade"; "é a hora que os bichos saem pra comer"; "pra pegar pacas só a

noite". Os animais preferidos pelos caçadores são a cutia (Dasyprocta sp), a paca e

tatu, citaram ainda porco do mato (Tayassuiade), veado e capivaras. . Declararam

ainda, que "vem gente de fora caçar aqui na região", mas não souberam informar os

locais. A caça é comercializada na comunidade e podem ser vendidas inteiras ou por

Kg. Os preços citados pelos entrevistados que caçam ou que compram caça varia de

acordo com as espécies. Uma paca inteira pode custar até R$150,00 e os tatus se

grande saem por R$50,00 e os pequenos por R$20,00. Quando comercializadas por

kg a carne tanto de tatu quanto de paca chega a R$15,00.

Há ainda a captura e comercialização de aves, entre elas o curió "Oryzoborus

Angolensis" e os papagaios (Psittacidae). As aves são comercializadas como "pet".

Para os curiós os preços diferenciam como explicados na fala "curió se for pra enfeite

100,00 e cantador R$200,00". Os papagaios valem entre R$40,00 a R$60,00, e sua

captura e comercialização tem gerado conflitos, pois segundo alguns moradores

Page 40: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

41

"pegam muitos, caixas e caixas de filhotes, vendem por 60 reais, está acabando o

papagaio".

A pesca na região

A pesca na região amazônica se destaca principalmente pela diversidade de

espécies exploradas, pela quantidade de pescado capturado e pela dependência da

população tradicional a esta atividade(Barthem e Fabré,2004). No estado do Pará, a

pesca artesanal assume grande dimensão socioeconômica sendo desenvolvida em

praticamente todos os municípios do estado e gera uma quantidade de espécies

capturadas bastante diversificada. (IBAMA, 1999).

Segundo Diegues (1973) os pescadores artesanais são aqueles que, na captura

e desembarque de toda classe de espécies aquáticas, trabalham sozinhos e/ou

utilizam mão-de-obra familiar ou não assalariada, explorando ambientes ecológicos

localizados próximos à costa, pois em geral a embarcação e aparelhagem utilizadas

para tal fim possuem pouca autonomia.

Os procedimentos realizados na pesca artesanal auxiliam o pescador a

encontrar cardumes e as operações de captura mostram a variedade de apetrechos e

estratégias de pesca. Ao mesmo tempo, fatores ambientais e mercadológicos

propiciam oferta e demanda para uma elevada diversidade de espécies. A importância

da pesca artesanal não está alinhada somente à produção de alimentos, envolve

diferentes tipos de usuários dos recursos pesqueiros, com diferentes estratégias de

pesca e diferentes co3mportamentos frente aos recursos e ao ambiente (Freitas &

Rivas, 2006).

A pesca na região de Salinópolis é caracterizada como pesca artesanal

comercial e de subsistência, e assume papel fundamental na contribuição da

segurança alimentar para as famílias que vivem da pesca e representa fonte vital de

alimentos e renda para os pescadores artesanais.

Os principais produtos das capturas são peixes seguidos dos crustáceos e

moluscos. Os pontos de pesca (localmente denominados de pesqueiros) se localizam

próximo à costa e os pescadores se deslocam até eles utilizando embarcações

motorizadas e não motorizadas (vela ou remo). As pescarias realizadas nas

comunidades são voltadas para os rios e estuário próximos à comunidade.

De acordo com pescadores entrevistados, a pesca é normalmente realizada

entre membros da mesma família, amigos ou parceiros de trabalho na comunidade,

sendo uma atividade predominantemente masculina. Os pescadores normalmente

aprenderam a pescar com parentes e vizinhos desde a infância, alguns escolheram

ser pescadores mesmo fazendo parte de uma família de agricultores. Os pescadores

Page 41: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

42

do município de Salinópolis possuem profundo conhecimento tradicional sobre o

pescado e a interação ecológica sobre este e o meio ambiente. Conhecem as formas

de capturada de pescado e épocas de captura de cada recurso pesqueiro, bem como

sua biologia e ecologia. Este conhecimento tradicional é importante fonte de

informações e pode ser utilizado para gerar dados para pesquisa científica e

implementação de futuras políticas públicas voltadas para o manejo da pesca.

Segundo informações dos pescadores entrevistados, nos últimos anos a

quantidade do pescado tem diminuído, o motivo principal seria a pesca predatória,

principalmente a pesca de rede apoitada. Outro motivo citado é o assoreamento dos

corpos d’água, como rios e igarapés, que são ambientes propícios à alimentação e

reprodução de algumas espécies de peixes como a tainha (Mugil curema) e os bagres

(Arius sp). Outros motivos da diminuição da quantidade de pescado seria a quantidade

de peixes que se estraga nos currais de enfia na época da safra. .Citaram ainda as

pescarias realizadas por embarcações vinda de outros municípios, conhecidas como

“barcos de fora”, barcos de pescaria industrial, que fazem pescarias de arrastão, e que

segundo os entrevistados, esses barcos descartam e estragam toneladas de peixes

juvenis sem valor comercial.

De acordo com Isaac (2006) ao longo do tempo houve um decréscimo

significativo do nível de captura do pescado e uma intensificação da exploração dos

principais estoques pesqueiros na região do salgado paraense. De acordo com

Ramalho & Brasil(2016) no decorrer do ano cada recurso tem seu período de safra, os

ciclos dos pescados ou recursos pesqueiros aparecem e desaparecem por meio de

questões naturais ou devido às intervenções humanas no ambiente. Os pescados

dependem de ciclos ecológicos favoráveis, se isso não acontecer, as pescarias são

afetadas negativamente, como na fala:

"Primeiro acabaram com a tainha curimã, depois acabaram com o espadarte, agora está acabando o bandeirado,a uritinga, gurijuba,peixe-pedra e a gó (Sapatinho, Salinópolis).

Segundo relatos dos pescadores, com a diminuição da quantidade do pescado,

estes foram extraindo outros recursos pesqueiros com maior frequência, diversificando

seus produtos de subsistência e comércio. Estes recursos são o mexilhão (Mytella sp);

o turu (Teredo sp); a ostra (Crassostrea sp); o camarão branco (Litopeneaeus schmitti)

e o caranguejo-uça (Ucides cordatus), o quais têm assumido um papel importante para

a manutenção da população local.

Frota pesqueira

Page 42: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

43

A frota de barcos pesqueiros, segundo os entrevistados, em Salinópolis é

composta na sua maioria por barcos de pequeno porte, de madeira com capacidade

de carga variando entre 300 kg a 2 (duas) toneladas, com comprimento médio de 5

(cinco) a 8 (oito) metros . A maior parte das embarcações é do tipo canoa motorizada.

As anoas são utilizadas principalmente nos rios. Na sede do município, encontram-se

barcos de pesca (conhecidos pelos pescadores como “barcos grandes”) que são

utilizados em alto mar. Estes barcos possuem maior capacidade de carga podendo

chegar a 12 toneladas (Figura 8). No porto de desembarque e comercialização do

pescado em Salinópolis, desembarcam barcos pescadores de outros municípios

próximos como Bragança e São João de Pirabas, outros barcos vêm também de São

Luis do Maranhão para pescar nos pesqueiros próximos à Salinópolis.

Artes de Pesca

Os métodos de pesca artesanal variam de acordo com a sazonalidade e

disponibilidade das espécies, pois existe a necessidade da atividade ser desenvolvida

ao longo do ano todo. As artes de pesca citadas foram: rede malhadeira, linha e anzol,

espinhel, anzol de pacamum, visga, curral, tarrafa, puçá e munzuá. A rede malhadeira

é a mais utilizada nas pescarias com diferentes tamanhos de malhas e formas de

utilização. As capturas com rede são as mais diversificadas, essa diversidade de

redes, como os outros apetrechos de pesca dependem do local de pesca e da espécie

alvo.

Principais pescarias citadas

Malhadeira

A malhadeira pode ser utilizada por uma única pessoa ou várias pessoas e

permite que o pescador desenvolva outras atividades enquanto a rede permanece na

água. Explora uma grande diversidade de espécies de diferentes tamanhos de peixes.

Pode ser utilizada como rede de arrasto e rede de espera. De acordo com os

pescadores entrevistados, as pescarias com rede possuem as seguintes categorias:

Caiqueira ou sajubeira, serreira, rede de tapagem de igarapé, rabiola, zangaria e rede

apoitada (Figura 9).

As redes são confeccionadas em plástico (nylon), com os tamanhos da malha

variados de acordo com a espécie alvo. Nas pescarias realizadas nas comunidades as

redes possuem normalmente tamanho em torno de 100 a 200 m e as pescariam

podem durar o tempo entre marés (seis horas).

Page 43: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

44

A B

C D

E F

Figura 8 - Embarcações utilizadas na pesca artesanal pelas comunidades visitadas (A ,B, C e D), e embarcações conhecidas como “barcos grandes” utilizadas para a pesca artesanal comercial em alto-mar, em Porto Grande, sede de Salinópolis-PA (E e F). Fotos: Adna Albuquerque.

Page 44: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

45

A B

C D

E F

Figura 9- Malhadeiras utilizadas pelos pescadores artesanais. A- rede malhadeira sendo utilizada como rede de espera; B- rede sajubeira ou caiqueira; C- rede serreira; D e E- Redes malhadeiras utilizadas em pescarias de Zangaria e rede apoitada; F- Pescadores consertando suas redes na praça em Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque, Regina Oliveira e Lais Ferreira. Fonte: Gregório et al, 2014 ( esquema rede).

Para a pesca comercial realizada pelos ”barcos grande" da sede de Salinópolis,

as redes podem chegar 3.000 m de comprimento e a pescaria durar o tempo de uma

semana. A rede pode ser colocada sempre na maré baixa atravessando os rios e

igarapés ou em alto mar, ficando submersa no período entre marés. As principais

espécies alvo são: bagre, uricica, peixe-pedra, pratiqueira(Mugil curema) caíca (Mugil

sp), pescada amarela (Cynosciona coupa),e pescada-gó(Macrodonan cylodon).

Page 45: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

46

Rede apoitada

Considerada uma pesca predatória, é utilizada nos canais dos rios fechando a

“passagem” dos peixes. Dessa forma captura qualquer espécie ou quantidades de

pescado. Segundo os entrevistados, a rede é fixada durante a maré vazante

atravessando o rio, furos ou igarapés, de margem a margem, sendo a parte inferior

presa ao substrato por pesos ou poitas, os pecadores utilizam pedras. A parte superior

da rede é elevada por bóias na superfície e assim a rede é mantida estendida sob a

água. A duração da pescaria é o período de uma maré (Figura 10). A rede é retirada

antes da maré cheia tendo a pescaria a duração de mais ou menos 5 horas. Nas

comunidades de Salinópolis, as pescarias são realizadas 4 vezes por mês sempre na

lua nova.

Em Salinópolis, as redes utilizadas para o apoitamento são de malha tamanho

20 e 25 mm e 30 mm, os pescadores afirmam que apoitamento de rede ocorre tanto

nos pesqueiros por pescadores das comunidades quanto pelos barcos de fora.

Segundo os entrevistados, a pescaria de “batição” está realizada juntamente

com a pescaria de rede apoitada pelos pescadores das comunidades, a pescaria de

batição é considerada também uma pescaria predatória, como expressa na fala:

“Este horror de rede espanta o peixe, é uma questão de sobrevivência pra nós pescadores pobres”. Maria José (Comunidade de Santo Antônio de Urindeua )

Consiste em afugentar os peixes de um rio ou igarapé em direção à rede por

meio de batição de varas na superfícies da água, onde normalmente, homens

submersos ou em canoas, se aproximam da rede fazendo a 'batição". Nesse momento

batem varas compridas na água, em geral confeccionadas de bambu, madeira ou

ferro, para espantar os peixes para a rede. Esta batição afugenta todos os tipos de

peixes e tamanhos até a rede, causando grande estrago, sobretudo entre os peixes

juvenis que não são aproveitados para o consumo.

Em Salinópolis, a pescaria de batição também é realizada com o uso de uma

corda com uma pedra na ponta, a pescaria consiste em jogar a corda e com isso a

pedra bate na água afugentando os peixes. As principais espécies alvo da rede

apoitada são: bagre, uricica (Cathorops sp), tainha (Mugil sp), pratiqueira(Mugil sp),

sajuba (Mugil sp) e a pescada-gó (Macrodonan cylodon) e peixe pedra (Genyatremus

luteus).

Page 46: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

Figura 10- Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no município de Salinópolis-PA. Fonte: Rosa (2007).

Tarrafa

As tarrafas são redes malhadeiras circulares

torno de toda a circunferência da

que a mesma se abra o máximo possível antes de cair na água. Ao entrar em contato

com a água, a rede afunda imediatamente.

tanto para pescaria de camarão quanto de peixes nos rios e estuário. Medem

de três a cinco metros de diâmetro e o tamanho da malha pode variar de 18 a 60 mm.

Existem três tipos de tarrafas, segundo os pescadores locais: a isqueira (p

captura de iscas), a pesqueira

camarão). A tarrafa camaroeira

pesqueiras variam o tamanho da malha entre 20 e 60

alvo (Figura 11).

Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no PA. Fonte: Rosa (2007).

As tarrafas são redes malhadeiras circulares pequenos pesos distribuídos em

torno de toda a circunferência da malha. É arremessada com as mãos, de tal maneira

que a mesma se abra o máximo possível antes de cair na água. Ao entrar em contato

com a água, a rede afunda imediatamente.Em Salinópolis, as tarrafas

tanto para pescaria de camarão quanto de peixes nos rios e estuário. Medem

de três a cinco metros de diâmetro e o tamanho da malha pode variar de 18 a 60 mm.

Existem três tipos de tarrafas, segundo os pescadores locais: a isqueira (p

captura de iscas), a pesqueira (para a pesca) e a tarrafa camaroeira (para captura de

A tarrafa camaroeira possuí malhas de 18 mm, as tarrafas isqueiras e

pesqueiras variam o tamanho da malha entre 20 e 60 mm dependendo da espécie

47

Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no

pequenos pesos distribuídos em

com as mãos, de tal maneira

que a mesma se abra o máximo possível antes de cair na água. Ao entrar em contato

Em Salinópolis, as tarrafas são utilizadas

tanto para pescaria de camarão quanto de peixes nos rios e estuário. Medem e torno

de três a cinco metros de diâmetro e o tamanho da malha pode variar de 18 a 60 mm.

Existem três tipos de tarrafas, segundo os pescadores locais: a isqueira (para

(para captura de

malhas de 18 mm, as tarrafas isqueiras e

mm dependendo da espécie

Page 47: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

48

Figura11 – Aspecto da escaria de tarrafa pesqueira no rio São Paulo na comunidade de Galvina no município de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque.

Curral

O curral é uma armadilha fixa que independentemente do tipo é composto por

duas fileiras de varas formando o que localmente é chamado de “espia” que serve

para "guiar" o deslocamento dos peixes na água. Os peixes são direcionados para um

segundo compartimento do curral, que de acordo com o tipo de curral ganha formatos

distintos. É neste cercado mais largo, denominado de sala, que o pescado adentra

durante a enchente e passa para um reservatório denominado de chiqueiro, que está

recoberto por tecidos de redes, de onde o peixe fica capturado. Em Salinópolis, usa-se

o curral "de beira" e o "curral de enfia" ou "enfiador", sendo o curral de enfia o mais

utilizado (figura 12). Segundo os pescadores "o curral enfiador é melhor porque não

atola no mangue, podemos pescar na praia"(Lário de Assis- Santo Antônio de

Urindeua).

O curral de enfia é instalado nas margens dos rios, igarapés ou praias com suas

enfias abertas para a direção do mar, como por exemplo, onde deságua o rio ou

igarapé para que a corrente de água direcione o peixe para o chiqueiro do curral. Nas

comunidades visitadas os currais são confeccionados normalmente de madeira

retirada da capoeira, utilizam principalmente a madeira do bacuri (Platonia insignis) e

do ingá (inga sp). A despesca é na vazante e podem ocorrer duas vezes ao dia.

Podem capturar de 200 a 1000 kg de peixe por dia no período da safra de verão. No

inverno são capturados de três a 20 kg de peixe por dia, podendo ocorrer, em algumas

ocasiões, não haver nenhuma captura.

Page 48: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

49

Figura 12- Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas da mata para confecção de currais na comunidade de Santo Antônio de Urindeua, Salinópolis-PA. Foto: Adna Albuquerque

Pescaria de linha e anzol

Esta pescaria envolve tecnologia simples com linha e anzol podem ser

acoplados à linha cerca de 2 a 3 anzóis de tamanhos variados, como os anzóis de N°

10 e 12 e 13 (Figura 13). As iscas utilizadas capturadas com tarrafas isqueiras são

peixes pequenos como a sardinha, o cambeua (Arius grandicassis), e o crustáceo

conhecido como tamaru (Callichirus major). A pescaria consiste em colocar a linha

com os anzóis na maré de enchente, por um período de 4 a 5 horas até que a maré

comece a vazar. Nesse período de pescaria pode-se capturar em torno de 15 kg de

peixes.

Figura 13- Apetrecho conhecido como linha e anzol utilizado em pescarias no município de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque

Page 49: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

Espinhel

Os espinheis são formados de linha e anzóis e

entre duas cordas e nela pendurar linhas com anzóis em sua

cordas são sustentadas por bóias e chumb

espinheis podem ter entre 200 (quando utilizados nos rios) a 2.000 anzóis (quando

utilizados em alto mar). Segundo os pescadores, c

200 a 300 anzóis, dependendo do tamanho do anzol

outra pode variar. A distância entre uma linha e outra tem normalmente a medida de

uma braça (equivalente a 1,5 metros), espinheis são confeccionados de 100 em 100

e emendados até que chegue

o espinhel na maré seca e retirar na outra maré seca, ficando o es

na água. A pescaria com espinhel é realizada em rios

ocasião em os pescadores podem realizá

até uma semana embarcados.

Figura 14- Desenho esquemático de Salinópolis-PA. Foto: Adna Albuquerque.

As principais iscas utilizadas

molusco localmente conhecido como “sapequara”

pescarias de espinhel e linha e anzol possuem uma diversidade de espécies alvo

dependendo do tamanho do anzo

são formados de linha e anzóis e consiste em amarrar uma linha

entre duas cordas e nela pendurar linhas com anzóis em suas extremidade

cordas são sustentadas por bóias e chumbadas para ir ao fundo (Figura 14

er entre 200 (quando utilizados nos rios) a 2.000 anzóis (quando

Segundo os pescadores, cada 200 m de espinhel

200 a 300 anzóis, dependendo do tamanho do anzol, a distância entre uma linha e a

outra pode variar. A distância entre uma linha e outra tem normalmente a medida de

1,5 metros), espinheis são confeccionados de 100 em 100

e emendados até que cheguem ao tamanho desejado. A pescaria consiste em colocar

o espinhel na maré seca e retirar na outra maré seca, ficando o espinhel por 12 horas

escaria com espinhel é realizada em rios, no estuário

ocasião em os pescadores podem realizá-la em apenas 1 dia ou perma

até uma semana embarcados.

esquemático e um espinhel utilizado nas pescarias no município . Foto: Adna Albuquerque.

principais iscas utilizadas na pescaria de espinhel são a sardinha (

molusco localmente conhecido como “sapequara” (Muricidae) (Figura 15

pescarias de espinhel e linha e anzol possuem uma diversidade de espécies alvo

dependendo do tamanho do anzol (Tabela 7).

50

consiste em amarrar uma linha

extremidades. As

adas para ir ao fundo (Figura 14).Os

er entre 200 (quando utilizados nos rios) a 2.000 anzóis (quando

m de espinhel contém de

a distância entre uma linha e a

outra pode variar. A distância entre uma linha e outra tem normalmente a medida de

1,5 metros), espinheis são confeccionados de 100 em 100 m

ia consiste em colocar

pinhel por 12 horas

, no estuário e em alto-mar,

la em apenas 1 dia ou permanecerem por

espinhel utilizado nas pescarias no município

na pescaria de espinhel são a sardinha (e um

Muricidae) (Figura 15). As

pescarias de espinhel e linha e anzol possuem uma diversidade de espécies alvo

Page 50: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

51

Figura 15 Molusco conhecido localmente como “sapequera” utilizado como isca de espinhel em Salinópolis-PA. Foto Adna Albuquerque

Tabela 7 - Principais espécies de peixe capturadas pelas pescarias de linha com anzol e espinhel e o número de anzóis utilizados para cada espécie.

Nome Espécie N° anzol Arraia Dasyatis sp 10,12 Bagre Arius sp 10 Bejupirá Rachycentron canadum 10 Cação (Hexanchiformes) 10 Cangatã Arius quadriscutis 10 Carapitanga Lutijanus spp 13 Cioba Lutjanus analis 10,12 Corvina Micropogonias furnieri 10 Jurupiranga Arius rugispinis 10,12 Mero Epinephelus itaiara 10 Pacamum Batrachoides surinamensis 10 Peixe-pedra Genyatre musluteus 13 Pescada-amarela Cynoscion acoupa 10 Uricica Cathorops sp 13

Fonte: dados de campo

Pescaria de Visga

A pescaria de visga, normalmente é realizada no manguezal, na beira de um rio

ou igarapé, principalmente na maré de enchente e a espécie alvo é o bagre. Para a

realização desta pescaria o pescador deve ficar à beira do rio ou igarapé. A visga

consiste de uma lança feita de cabo de madeira e em uma das extremidades possui

formato de garfo com duas ou três pontas de ferro, amarrado a um fio elástico que a

lança. Quando a maré começa a encher o bagre vem se alimentar da lama do

mangue, nesse momento o pescador lança a visga no peixe (Figura 16).

Page 51: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

52

Figura 16- Apetrecho de pesca visga e suas variações. Fotos Adna Albuquerque

Tirador de pacamum

O pacamum (Batrachoides surinamensis) é uma espécie de peixe capturada

normalmente em pescarias de linha,anzol e espinhel. Em Salinópolis os pescadores

utilizam também a pescaria conhecida como “pescaria de anzol de pegar pacamum”

ou “tirador de pacamum” (Figura 17).

O pacamum tem o comportamento de se esconder entre as pedras e para

capturá-lo é necessário mergulhar e com um anzol de aproximadamente 5 cm

confeccionado artesanalmente e preso a uma vara flexível de jarana (Lecythis lúrida),

os pescadores puxam o pacamum das fendas das pedras. A cada 1 hora de pescaria

podem ser capturados 2 a 4 peixes, como bem explicado pelo Sr. Betinho da

comunidade de Galdina "eu mergulho no rio, com um anzol na ponta de uma vara eu

puxo o peixe de dentro do todo dele que fica no meio das pedras dentro do rio".

Page 52: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

53

Figura 17 - Apetrecho de pesca conhecido como “anzol de pegar pacamum”, utilizados nas pescarias das comunidades de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque

Munzuá

O munzuá é uma armadilha semi-fixa em formato de cesto e utilizada na maré baixa,

principalmente para a captura do bagre. As talas que compõe o munzuá são

confeccionadas de tucumã (A. vulgare) as rodas de cipó de genipauba, o próprio

pescador confecciona seus munzuás. Tem em média 1,8m de altura e 4m de

comprimento, a abertura de entrada com 30 cm de diâmetro. A malha mede entre 6 a

7 cm. Utilizam como iscas para captura de peixes, o caranguejo e o turu. A isca é

colocada em um saco pendurado dentro da armadilha com o objetivo de atrair o peixe

(Figura 18) O munzuá é colocado normalmente no mangue, na margem de rios e

igarapés, na maré baixa e são retiradas 12 horas depois. Em Salinópolis, os

pescadores utilizam de um a dois munzuás por pescaria, podendo capturar até 50 kg

de bagre por pescaria.

Figura 18- Munzuá no mangue, utilizado para a captura do bagre na comunidade de Enseada em Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque.

Page 53: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

54

Produção do grude

O grude é a nomeação local para a bexiga natatória dos peixes. Algumas

espécies de peixes possuem o grude com alto valor comercial. O produto é

comercializado localmente para compradores que o exportam para a Europa e Oriente

onde é utilizado para o fabrico de remédios, de colas de precisão e de filtros para

cervejarias. O beneficiamento é realizado após a captura dos pescados, quando ainda

estão embarcados. A comercialização do grude ocorre após o desembarque e é

comercializado em Porto Grande na sede do município os pescadores buscam os

compradores pra negociar. O produto é comercializado por quilo e seu preço está

diretamente relacionado ao valor do dólar e os de maior valor comercial são da

pescada amarela e da gurijuba, que também são as mais procuradas. Além do grude a

aba do tubarão ou cação é comercializada na sede de Salinópolis; os mesmos

compradores do grude, compram a aba do tubarão que chega a valer até R$ 150.00/

Kg. As principais espécies procuradas para a compra da aba são o cação-sucuri

(Carcharhinus limbatus), cação-rudela (Sphyrna sp), cação tintureira (Galeocerdo

cuvier), e cação-lombo-azul(Carcharhinus sp). Eventualmente é comercializada a

catana do espadarte(Xiphias gladius). Catana é extensão do maxilar superior do peixe

como 13 e 22 dentes de cada lado. Os compradores chegam de Belém e Bragança, e

o preço da catana, que varia conforme o tamanho é de R$ 1.000/ metro.

Manejo da pesca

Na prática do manejo da pesca, alguns pescadores relataram que diminuem o

consumo de determinadas espécies de peixes no período em que as fêmeas estão

ovadas, como por exemplo, a sajuba, pacamum, uricica, tainha, bagre e o peixe-pedra,

que no mês de maio entram nos poços dos rios (local mais profundo do rio) da região

para desovar. De maneira geral os entrevistados afirmaram evitar e combater práticas

de pesca predatória como, a coleta de ostras e mexilhões quando ainda juvenis, a

prática de rede apoitada e zangaria. A ostreicultura é realizada na comunidade de

Santo Antônio de Urindeua.

Ostreicultura

Na comunidade de Santo Antônio de Urindeua está em execução pelos

comunitários, desde o ano de 2006, um projeto de Ostricultura (Figura 19).O projeto

envolve nove famílias de pescadores,marisqueiros e agricultores que cultivam ostras

para consumo e principalmente para comercialização. Associação dos Agricultores,

Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (ASAPAQ) conduz o projeto tendo como

Page 54: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

55

presidente a marisqueira e ostreicultora Maria José (Zeca). Segundo os entrevistados,

a atividade chega a render anualmente até R$ 8.000,00 para cada família envolvida no

projeto. Segundo eles colhem até 2 safras ao ano uma no inverno outra no verão.

Segundo informações dos entrevistados, o processo produtivo requer poucos

investimentos e proporciona lucro certo nos períodos de férias como o mês de julho e

feriados, além de trazer a conservação da espécie que é muito consumida na região.

Figura 19 - Aspectos da criação de ostras na comunidade de Santo Antônio de Urindeua Salinópolis -PA. Fotos Adna Albuquerque

Uso e comercialização do pescado

Nas comunidades a produção pesqueira é utilizada principalmente para

alimentação e comercialização. A comercialização é realizada na própria comunidade

com os moradores e para alguns marreteiros que levam o peixe para ser vendido na

sede do municipio. Já os barcos de pesca que desembarcam no porto da sede de

Salinópolis, vendem sua produção para compradores que vêm principalmente do

Maranhão e Ceará. Alguns desses barcos já possuem compradores fixos que os

aguardam com caminhões para transportar o pescado. Os barcos desembarcados que

não estão com a produção já comercializada vendem a produção no mercado

Page 55: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

56

municipal da sede do Município ou comercializam para marreteiros (Figura 20). Há

diversidade de espécies de pescado citadas nas comunidades e diferentes valores

para sua comercialização (Tabela 8).

Figura 20- Aspectos da comercialização do pescado em Salinópolis-PA. Da esquerda para direita: pescador comercializando pescado no porto local; desembarcados no porto da sede de Salinópolis; peixes sendo comercializados no mercado municipal. Fotos: Adna Albuquerque.

Page 56: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

57

Tabela 8- Principais etnoespécies da ictiofauna citadas, arte de pesca utilizada e preços comercializados pelos pescadores na região do município de Salinópolis- PA. (continua)

Etnoespécies Família Taxonomia Arte de captura Época da Safra Preço (R$)

Habitat

Arraia-branca Dasyatidae Dasyatis guttata

Rede, espinhel Ano todo 2-5.00 Mar e estuário

Arraia-nari-nari Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário

Arraia-manteiga Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário

Arraia-moitão ou arraia-jamanta

Myliobatidae Mantabirostris

Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário

Arraia-peua Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário

Arraia-Pintada Myliobatidae Aetobatusnarinari Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário

Arraia-morcego Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário

Bagre Ariidae

Ariuscouma Rede, linha, flecha, espinhel, caniço

Ano todo 5.00

Mar, estuário e rio

Bandeirado Ariidae

Bagre bagre Curral,rede,linha Outubro. a dezembro 3-5.00

Mar e estuário

Bejupirá Rachycentridae Rachycentroncanadu

m Rede,espinhel, linha Outubro a dezembro 5.00 Mar e estuário

Bonito Scombridae Scombridae Rede Julho a dezembro 5.00 Mar e estuário

Cação Carcharhinidae e Sphyrnidae

Carcharhinusspp. e Sphyrnaspp. Rede, espinhel verão 4.00

Mar

Cambeua Ariidae Ariusgrandicassis Rede, linha Ano todo 3.00 Mar

Camorim Centropomidae

Centropomusspp Rede,espinhel,curral,tarrafa; Maio a julho 10.00

Mar

Cangatã Ariidae

Aspistorquadriscutis Rede,linha,espinhel, curral

Ano todo 3.00

Mar,estuário e rio

Carápitanga Lutjanidae Lutjanusspp. Rede,linha Ano todo 5.00 Mar, estuário e rio

Carataí Pseudauchenipterusn

odosus Rede,linha Janeiro a junho - Mar e rio

Page 57: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

58

Caraximbó - Caranxlatus 3.00 Mar e rio

Cioba Lutjanusanalis Rede, espinhel Outubro 8.00 Mar

Cinturão ou espada Trichiuridae Trichiuruslepturus Curral verão - Mar e estuário

Corvina Sciaenidae Micropogoniasfurnieri

Rede, linha,espinhel, curral Out. a dezembro 7.00

Mar e rio

Cururuca Sciaenidae Micropogonias

. undulatus Curral Ano todo 5.00 Mar

Dourada Pimelodidae Brachyplatistomaflavi

cans Rede,curral maio junho 10.00 Rio e estuário

Gó Sciaenidae Macrodonancylodon Rede, curral,tarrafa Maio a outubro 7.00 Mar e estuário

Guaiuba Ariidae Ocyuruschrysurus Rede 4.00 rio

Gurijuba Ariusparkeri Rede,espinhel Outubro 7.00 Mar e estuário

Jurupiranga Ariidae Ariusrugispinis Linha,espinhel Ano todo 5.00 Mar e rio

Mero Serranidae Epinephelusitaiara Linha Junho 4.00 Mar e rio

Pacamum Bratrachoididae Batrachoidessurinam

ensis Rede,espinhel,linha,tarrafa,anzol de pacamum Ano todo 5.00

Mar,estuário e rio

Paru Ephippidae Chaetodipterusfaber Rede,linha curral, tarrafa Ano todo 3.00 Mar e estuário

Peixe-pedra

Pomadasyidae

Genyatremusluteus Rede,curral,espinhel, linha,tarrafa

Julho a setembro

5.00

Mar e estuário

Pescada-amarela Sciaenidae Cynoscionacoupa Rede,linha,curral Maio e junho 10.00 Mar, estuário e rio

Pescada-branca Sciaenidae Plagioscion

squamosissimus Curral, linha, espinhel Ano todo 6.00 Estuário e rio

Piramutaba Pimelodidae

Cynoscionleiarchus Rede Maio a junho (inverno) 10.00

Rio e estuário

Page 58: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

59

Pratiqueiracaíca Mugilidae Mugilspp Rede Maio a setembro 10.00 Mar e estuário

Sajuba Mugilidae

Mugilsp Rede Maio e junho 6.00

Mar e estuário

Sardinha Engraulididae Opisthonemaoglinum Rede, curral, tarrfa Maio e junho Mar e estuário

Serra Scombridae Scomberomorus

brasiliensis Rede Outubro 5.00 Mar

Soila Soleasolea curral - - Rio e praia

Tainha Mugilidae

Mugilspp Rede maio a julho 10.00 Mar, estuário,rio

Timbiro ou Prathuiro

Carangidae

Oligoplitesspp.

Rede, linha,tarrafa Janeiro a junho 2.00

Mar

Uricica Ariidae

Cathoropsspixii Rede,tarrafa,linha e anzol .ano todo 3-5.00

Estuário e rio

Uritinga Ariidae

Ariusproops Rede, espinhel Rede,linha Ano toodo 5.00

Mar e estuário

Xaréu Carangidae Caranxspp. Rede Junho a dezembro 5.00 Mar e estuário

Page 59: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

60

Principais espécies de pescado citadas em Salinópol is

Foram citadas um total de 44 etnospécies pertencentes a 19 famílias. As

espécies mais citadas pertencem às famílias Ariidaee e Sciaenidae, que são os grupos

dos bagres e das pescadas (Figura 21). Os bagres também estão representados na

família Pimelodídae, e a ordem dos Siluriformes se mostrou mais presente nas

citações dos entrevistados. Segundo Lowe-McConnell, 1987, a ordem dos Siluriformes

compõe 39% da ictiofauna amazônica. As etnoespécies, bagre, pescada-amarela, o

peixe pedra e a pescada-gó, foram as etnoespécies mais citadas. O bagre foi citado

em 100% das entrevistas.

Figura 21- Principais famílias de peixes citadas nas entrevistas na região de Salinópolis -PA

Pesca de Mariscos

Os mariscos coletados e comercializados em Salinópolis são os crustáceos:

camarão branco (Litopeneaeus schmitti), siri (Callinectes sp), caranguejo, (Ucides

cordatus), e os moluscos: turu (Teredo sp), o sururu (Mytella sp),o mexilhão (Mytella

sp) e a ostra (Crassostrea sp)(Quadro 9).

Segundo relato dos entrevistados, o mexilhão é o marisco mais consumido e

comercializado atualmente na região de Salinópolis, os pescadores afirmaram que o

mexilhão ainda é encontrado com abundância na região, porém a coleta predatória

está fazendo com que os estoques estejam diminuindo.

0 2 4 6 8 10

Ariidae

Sciaenidae

Dasyatidae

Mugilidae

Pimelodidae

Carangidae

Número de citações

Pri

nci

pa

is F

am

ília

s

Page 60: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

61

Quadro 9- Principais espécies de mariscos comercializadas na região de Salinópolis-PA.

Os mexilhões, que se fixam nas praias, próximo a pedras, são coletados na

maré baixa na época do verão. O marisqueiro normalmente chega por volta das

7:00hs no local da coleta e retorna ao meio dia, podendo coletar em torno de 40 kg de

mexilhão em um período de 4 a 5 horas de trabalho. Após a coleta o mexilhão é

“catado" (retirado do substrato denominado de “bucho”) e colocado em paneiros para

a limpeza. Essa limpeza consiste em sacudir o paneiro para que saia o restante da

sujeira conhecida localmente como “pora". Após a limpeza o mexilhão pode ser

comercializado na concha ou só a “massa” (quando é pré-cozido).

Declaram ainda que "é necessário 30 kg de mexilhão para a produção de em

média 8 kg de massa. O mexilhão é comercializado principalmente na sede de

Salinópolis, e também nas comunidades. Quando comercializado nas comunidades é

vendido principalmente para marreteiros que revendem o produto em Salinópolis ou

em municípios vizinhos (Figura 22).

O sarnambi é outro marisco bastante comercializado na região de Salinópolis.

Sua pescaria consiste em catar o sarnambi na maré baixa ou maré de quebra, o

molusco é retirado com um apetrecho próprio, o “garfo de tirar sarnambi"e duas

pessoas podem coletar até 10kg/dia. Segundo as marisqueiras "são necessários 10

litros de sarnambi para produzir 1kg de massa.Pode ser comercializados nas conchas

ou a massa (pré-cozidos) e congelados. A comercialização ocorre principalmente para

marreteiros que revendem na sede de Salinópolis, ou quando os produtores

conseguem chegar as feiras da cidade.

O siri é comercializado de forma beneficiada. È uma atividade feminina. As

mulheres saem para a coleta 2 vezes por semana, durante a baixa da maré e os

retiram das croas formadas. Segundo as marisqueiras o período de safra é nos meses

de abril a junho e somente coletam siris machos. Os siris coletados são lavados,

cozidos e esquartejados e lavados novamente, antes da "descasca" (retirada da

carne). Uma vez retirada a carne esta é ensacada e congelada para a

Page 61: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

62

comercialização. São necessários 40 siris para produzi 1kg de carne. A

comercialização é realizada junto ao marreteiro no Porto Grande (Salinópolis) "que

paga na hora e em dinheiro".

Figura 22-Aspectos da cata do Mexilhão. Da direita para esquerda: apetrecho utilizado para a coleta, mexilhão sendo retirado o “bucho”; massa de mexilhão para comercialização na comunidade Derrubadinho no município de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque.

As marisqueiras aprenderam oficio sozinhas ou com os parentes como tias e

mães. Afirmaram que é um complemento para "as despesas da casa". Algumas

afirmaram que chegam a ganhar até R$400,00 no período das ferias de julho. Os

produtos são comercializados a cada 8 ou 15 dias ,dependendo da produção e "de ter

uma quantidade que possa vendida e dá pra comprar alguma coisa".

O camarão-branco, segundo os entrevistados é o segundo marisco mais

consumido e comercializado em Salinópolis. É capturado com rede malhadeira, tarrafa

e puçá, nos rios e no mar. Pode ser comercializado fresco e salgado, o preço varia de

acordo com o tamanho e a época da safra e é vendido nas comunidades e na sede de

Salinópolis.

Page 62: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

63

A tiração e cata do caranguejo

Em geral há tiradores de caranguejo em todas as comunidades visitadas. Porém

estão concentrados nas comunidades de São Bento, Joacaia e Derrubadinho. A

tiração de caranguejo é realizada em grupos de trabalho e a saída para o mangue é

chamada de "caminhada". Estas ocorrem em função das marés. Nas águas mortas

(marés mais baixas) trabalham de segunda a sexta feiras e nas marés grandes de

segunda as quartas feiras. Os tiradores saem as 6:00hs "antes da maré crescer e

trabalhamos com a enchente" e retornam por volta das 9:00hs. O rendimento chega

a150 unidades de caranguejo por 3 dias de trabalho. Nas águas mortas fazem a

"caminhada" até o mangue, com uso de canoas. No mangue retiram o caranguejo pelo

método do braceamento ou gancho e os inserem em sacos. Os sacos são

acondicionados nas canoas. A meta durante a jornada de trabalho é de coletar cerca

de 200 unidades entre as 7:00 as 13:00hs. Afirmaram que "a gente deixa o miúdo e

pega o patudo para render mais e só tiramos os machos". Na comunidade há

comercialização de animais vivos e de massa (carne) e unhas (patas).

A produção da massa é iniciada após o retorno do mangue, no início da tarde.

Os caranguejos são quebrados em "duas bandas" (ao meio pelo abdome) e as patas

ficam seguras, são escovados e lavados e cozidos. Na manha seguinte são entregues

as "quebradeiras" que os recebem em suas residências. São em média 4

quebradeiras que fazem a atividade de retirar a carne e as patas e são familiares dos

tiradores. Elas recebem até R$5,00 pelo quilo de massa produzida. O patrão que

compra a produção já congelada paga na comunidade R$18,00 pelo kg da massa e

R$20,00 pelo KG da pata que são comercializados em Salinópolis. Há os tiradores que

comercializam seus produtos diretamente nas feiras em Salinópolis, ocasião de

feriados, Natal e mês de julho quando que vendem a produção por R$25,00/kg.

Segundo as quebradeiras são necessários 36 caranguejos graúdos para "se

conseguir 1kg de massa". Em uma semana podem acumular nos congeladores até 12

kg de massa.

O caranguejo vivo é comercializado por dúzia ou cambada e o preço obtido é em

torno de R$10,00 a dúzia. São vendidos para as barracas nas praias de Atalaia e

Maçarico, além de restaurantes e feiras.

Os tiradores relataram ainda a redução do estoque de caranguejo. Afirmaram

que "hoje tem muito tirador e pegam quando é proibido, na andada", ou "antigamente

tinha muito caranguejo graúdo" e ressaltaram a presteza de alguns com a atividade ao

afirmarem "tem caboco aqui que é catita para pegar caranguejo".

Page 63: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

64

Organização social da pesca

A pesca no município de Salinópolis está centralizada da na Colônia de

Pescadores Z-29. Liderada por mulheres que herdaram a Colônia do pai, esta parece

ser pouco ativa. Mantém capatazes, principalmente em Cuiarana (120 pescadores) e

Alto Pindorama que tem como principal atividade recolher a mensalidade dos sócios.

Nas visitas as comunidades foram citadas outras organizações ligadas à pesca, entre

as quais: Associação dos canoeiros, que se situam na sede do município. A Colônia

de Pescadores tem sede própria e está em processo de reestruturação e organização

dos pescadores locais, no entanto, não sabem informar quantos pescadores estão

associados.

Conflitos da pesca

O principal conflito na região está diretamente ligado a “invasão” de barcos de

pesca industrial na área da pesca artesanal. A pesca esportiva também gera conflitos.

Afirmaram que "vem muito camarada de Belém com lancha para pesca esportiva e

espanta o peixe. Em todas as comunidades foi citada a pesca predatória realizada

com rede de poita. Essa é uma das principais reivindicações dos moradores em geral.

Para os que praticam a mariscagem os conflitos estão relacionados ao extrativismo

das espécies. Citaram que há excesso de coleta, principalmente de mexilhões, e que

"não esperam a concha crescer, arrancam com tudo", referindo-se ao substrato onde

os mexilhões se fixam.

Para eles o conflito ocorre pela ausência de fiscalização da Sema e apoio do

Ministério Público. Afirmaram que os que "arrastam camarão, jogam o peixe fora que

vem nas redes".

Uso da flora

O Nordeste do Estado do Pará caracteriza-se por apresentar uma diversidade

em relação à vegetação, em especial nas zonas costeiras dos municípios que

compõem a região com suas áreas estuarinas e a cobertura vegetal com predomínio

de mangues seguido de campos alagados, e apicuns (zona menos inundada do

manguezal, na transição para a terra firme, é normalmente desprovida de vegetação

arbórea.

Segundo Schmidt et al (2013), no Brasil, essa zona de transição comumente

chamada de apicum, derivado da palavra apecu, tem sua origem na língua indígena

Tupi e significa língua de areia ou coroa de areia. Em alguns locais, o apicum também

é conhecido como salgado (caso do Nordeste Brasileiro). O termo indígena apicum

tornou-se tão consagrado que hoje é foco de polêmica até mesmo na legislação

Page 64: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

65

ambiental brasileira. Como quase todo nome popular, o termo apicum é interpretado

de diferentes maneiras ao longo da costa brasileira, o que levou pesquisadores e

legisladores a criarem suas próprias definições. Ainda segundo os autores na literatura

científica internacional, essa zona de transição é normalmente chamada de salt flat em

geral traduzido por cientistas brasileiros como planície hipersalina.

O uso dos recursos naturais que compõem a flora na região amazônica e,

sobretudo da região do Salgado Paraense é utilizado pelas populações de diferentes

formas. Devido à vasta diversidade de paisagens e considerando a biodiversidade

local e sua cultura, a relação homemxplanta deve ser enfocada sob o ponto de vista

sociocultural de grupos humanos com as características de populações tradicionais.

No nordeste paraense, as populações utilizam os recursos das áreas de

capoeiras, que estão presentes na terra-firme. São referencias os trabalhos de Rios et

al.(2001) que fez os registro históricos e de espécies madeireiras de valor econômico

que são empregadas na construção de casas e produção de lenha; e de Shanley et

al., (1998) que destacaram as espécies frutíferas,medicinais; e espécies para

artesanatos e espécies com potencial resinífero.

No município de Salinópolis poucos são os estudos específicos que tratam do

uso da vegetação pelas comunidades estudadas. Os estudos da Embrapa (2011) na

comunidade São Bento, que relatam o uso dos quintais pelos moradores quando

identificaram 46 espécies vegetais, sendo que 63% são frutíferas, 24% medicinais,

10,9% madeireiras e 2,1% utilizadas para condimento e outros usos. Entre as

espécies frutíferas o estudo destaca banana (Musa sp), laranja (Citrus sp) e açaí

(Euterpe oleraceae). O estudo ressalta ainda o uso das plantas medicinais e apontam

que foram observadas 11 espécies com destaque para: hortelãzinho (Mentha sp), elixir

paregórico (Piper calosum), gengibre (Zingiber sp) e pirarucu (Bryophyllum calicinum).

Destaca-se ainda o recente trabalho realizado em Cuiarana por Guerra e Paiva (2016)

que realizaram um levantamento da distribuição da espécie cuiaraneiras (Buchenavia

grandis, Ducke) no município e em particular no distrito de Cuiarana. Os autores

concluem que a espécie é utilizada como ornamental e para sombrear áreas de

entretenimento em logradouros públicos e privados como ruas, praças, residências e

hotéis.

Dentre as 392 citações de plantas pelos moradores entrevistados, há 130

etnoespécies entre árvores, palmeiras e ervas e cipós, distribuídas em 39 famílias

botânicas. Em relação à distribuição do número de espécies por famílias,

evidenciaram-se as espécies de palmeiras da família Arecaceae, seguida das

Cluseaceae (Figura 23). As espécies com finalidades utilitárias, principalmente ligadas

à alimentação (63 espécies) e a construção seja de casas ou instrumentos de

Page 65: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

66

trabalho, sendo em geral encontradas nos quintais das casas e nas áreas de

capoeiras e matas secundárias nas regiões que denominam de ilhas e nos mangues.

Citaram ainda as espécies vegetais que ocorrem no manguezal como as da

família Rhizophoraceae,estas são utilizadas como remédio e para a construção (18

citações), seguida das sirubeiras (13) e o tinteiro(9). Dentre estas o mangueiro

Rizhophora mangle foi citado por 64,2% dos moradores entrevistados.

.

Figura 23 - Principais famílias botânicas com maior número de espécies citadas pelos entrevistados das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA

Os moradores que trabalham com roçados o fazem de forma coletiva e em geral

nas áreas denominadas de patrimonial. Nas comunidades de Santa Rosa, Joacaia,

Buçu,São Bento e Derrubada foram encontrados os que se declararam ser também,

lavradores. O calendário de cultivo é anual e a preparação do roçado é tradicional

amazônica derruba e queima. Cultivam além da mandioca o feijão, a melancia, o

maxixe e o quiabo. Na comunidade de São Bento há o festival do Feijão realizado no

mês de setembro. Em geral os cultivos são para manutenção da família e o excedente

é comercializado.

A produção de carvão é realizada em fornos construídos para esse fim e na

superfície. A madeira para o fabrico de carvão é coletada nas capoeiras, restos do

roçado, do igapó. Utilizam principalmente o bacuri (Platonia insignis), ucúuba (Virola

sebifera), e muruci (Byrsonima crassifólia (L.) Rich). A produção é para consumo e o

excedente pode ser comercializado por até R$ 20,00 a saca com 15kg, sobretudo nos

períodos de veraneio.

0 5 10 15

Araceae

Clusiaceae

Fabacaea

Anacardiaceae

Apocynaceae

Rutaceae

Poaceae

Número de espécies

Fa

míl

ias

Bo

tân

ica

s

Page 66: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

67

Áreas de uso dos recursos naturais

Os principais benefícios da ferramenta mapa falado são: a possibilidade de

fornecer uma visão espacial do local; auxiliam na obtenção de informações

exploratórias e permitem obter uma visão geral da realidade. Concordando com Souza

(1995, p. 96), “o território é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a

partir de relações de poder”. Segundo Acselrad (2008, p. 24), “as terminologias

utilizadas nos processos de mapeamento participativo no Brasil esclarecem a

diversidade de metodologias aplicadas a este tipo de cartografia, destacando-se:

levantamentos etnoecológicos, mapeamento etnoambiental dos povos indígenas,

mapeamento dos usos tradicionais dos recursos naturais e formas de ocupação do

território, mapeamento comunitário participativo, macrozoneamento participativo,

etnozeamento, diagnóstico etnoambiental e cartografia social. Estas definições têm

finalidade única: unir a participação de povos marginalizados e seus conhecimentos

locais ao uso de técnicas cartográficas, para elaborar mapas que deverão atender às

suas necessidades, as quais, frequentemente, estão relacionadas à terra. ainda

segundo o autor “o conhecimento local é vivo e dinâmico, refletido em nomes de

lugares, em práticas, instituições, relações e rituais da comunidade”.

Utilizou-se da metodologia de mapeamento participativo nas oficinas realizadas

nas comunidades, na ocasião estes foram construídos de forma coletiva. Participaram

da construção dos mapas os pescadores e pescadoras, extrativistas de caranguejo-

uçá, mexilhão e turu. Em geral as mulheres foram partícipes em menor número..

As imagens de satélite em um escala de 1:50.000, utilizadas para o mapeamento

continham como indicação preliminar as comunidades, a estrada, a sede municipal, e

demais limites necessários.

Após breve explanação sobre as representações dos espaços na imagem de

satélite relacionando as cores ao ambiente, os moradores apontam e nomeiam os

principais elementos geográficos, como rios, campos, igarapés, ou lagos quando

existentes. Uma vez reconhecidos esses espaços inicia-se o delinear dos principais

pontos de extrativismo, coleta e uso.

Comunidades São Bento, Buçu e Joacaia

O grupo para o mapeamento contou com representantes das 3 comunidades. Ao

mapearem suas áreas destacaram principalmente as áreas de uso comum para a

tiração de caranguejo pelos catadores das três comunidades (figura 24). Observa-se

que nos limites de suas áreas de uso não há pescarias na região da Resex Maracanã.

Segundo os pescadores eles são proibidos de irem pescar na área dessa unidade de

conservação e afirmaram que os pescadores de lá invadem suas áreas (figura 25).

Page 67: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

68

Figura 24- Aspectos da oficina realizada na comunidade de São Bento, Salinópolis-PA. Fotos : Raimundo Nonato.

Page 68: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

69

Figura 25 - Mapa as áreas de uso das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia.

Page 69: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

70

Comunidade Derrubada

Localizada nas proximidades das comunidades de São Bento, Buçu e Joacaia

esta comunidade mantém suas atividades administrativas diretamente ligadas ao

município de Maracanã, como escola e transporte. Durante o mapeamento dos usos

dos recursos, que contou com a participação de homens e mulheres, houve debates

referentes ao uso e ocupação da terra e as propriedades na comunidade. Muitos dos

participantes têm como referencia o município vizinho e acreditam que sua

comunidade a ele pertence. Afirmaram que "ficam abandonados pela prefeitura de

Salinópolis e se consideram filhos de Maracanã". No entanto, há restrições para o uso

de recurso da pesca ao ultrapassarem para a Resex Marinha Maracanã. A oficina

ocorreu na sede da escola missionária e foi considerada pela professora como "muito

importante para a comunidade é a primeira vez que vem tanta gente pra uma reunião",

revelando a dificuldades para a organização desta comunidade (figura 26).

Durante o mapeamento poucos participaram, mas os que o fizeram

demonstraram conhecimento da área e de suas atividades (figura 27).

Figura 26- Aspectos da atividade de mapeamento na comunidade de Derrubada, município de Salinópolis, PA. Fotos : Regina Oliveira e Laís Ferreira.

Page 70: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

71

Figura 27- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Derrubada, município Salinópolis- PA.

Page 71: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

72

Comunidade Santo Antonio do Urindeua

A pesca é a principal atividade desta comunidade. A oficina ocorreu no barracão

comunitário e foi comandada pelas lideranças (figura 28) Utilizam a extensão do rio

Urindeua e pescam com currais que são construídos nas croas. Há coleta de

caranguejos, siris e turu. A criação de ostras que iniciou em 2006 é tida pelos que a

praticam "como atividade de futuro", além disso, criaram a associação ao redor dessa

produção. Fizeram a primeira comercialização em 2011 na cidade de Salinópolis.

Destacaram as redes de poita como predatórias e praticadas por moradores locais e

destacaram que com a criação da unidade de conservação "isso vai parar".

Recordaram a visita recebida pelo ICMBio, que falaram "sobre a palestra da Resex e

que será algo bom".

Figura 28- Aspecto da oficina para o mapeamento das áreas de uso comunidade Santo Antonio do Urindeua, município Salinópolis .

.

Page 72: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

73

Figura 29- Mapa das áreas de uso e recursos naturais utilizados pelos extrativistas da comunidade Santo Antonio Urindeua, município Salinópolis-PA.

Page 73: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

74

Comunidades de Derrubadinho, Galdina e Paulinia

É na comunidade de Derrubadinho que estão concentradas as atividades mais

significativas além dos equipamentos sociais como escola, posto de saúde e porto.

Habitando a foz do rio Santo Antônio de Urindeua, seus moradores contam com

territórios mais amplos quando se trata das croas formadas durante a vazante da maré

o que encurta a distancia para a sede municipal. A oficina ocorreu no barracão

comunitário, reunindo representantes e moradores das três comunidades (figura 30).

Figura 30- Aspectos do mapeamento das áreas de uso nas comunidades das de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinópolis-PA

Os moradores localizaram os currais que utilizam para suas pescarias,

diferenciando-os em suas finalidades. Algumas famílias mantém roçados com até 2

tarefas;a caça é realizada nas matas ciliares e ao redor da comunidade. Localizaram

ainda as diferentes pescas como as tapagens e as redes de poita que foram

consideradas predatórias. No mapeamento parece que os moradores não ultrapassam

os limites municipais não adentrando na Resex marinha Maracanã. No entanto, essa

questão não foi esclarecida na reunião. Demonstram ainda conhecimento dos corpos

d'água e dos recursos naturais explorados. Observa-se que as roças estão próximas a

comunidade e não ao longo da estrada (figura 31).

Page 74: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

75

Figura 31- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais dos moradores das comunidades de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinopolis-PA.

Page 75: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

76

Comunidade Santa Rosa e Macapazinho

A oficina foi realizada em Santa Rosa no barracão comunitário. Os homens foram

maioria na elaboração do mapa de uso. Os moradores afirmaram que são poucos os

roçados porque "o cultivo de mandioca diminuiu porque não existe mais áreas pra

plantio e a prefeitura não traz máquinas para reaproveitar as áreas já derrubadas, os

filhos de agricultores também não têm mais área, foi tudo vendido ou queimado". Nas

áreas de croas é onde retiram os mariscos. Os moradores também identificaram e

nomearam as principais croas utilizadas: croa do Tucupi e a Praia Grande, locais de

extrativismo de camarão e siris. As diferentes pescarias foram identificadas assim

como suas regiões, destaque para a pesca do amoré nas proximidades dos

manguezais (figura 33).

Figura 32 Aspectos da oficina junto as comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA.

Page 76: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

77

Figura 33- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA.

Page 77: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

78

Comunidade Enseada .

A oficina ocorreu no barracão da igreja e a participação foi significativa. Há

conflitos na comunidade por posse de terra (figura 34). Os comunitários denunciaram

que "uma área da comunidade onde há extração de muruci está sendo invadida por

grileiros, agora não podemos coletar o que plantamos". Ao apresentarem o mapa

destacaram o rio Urindeua, "como local de nosso sustento", e ressaltaram "agora

vamos falar do nosso conhecimento" (figura 35).

Figura 34- Aspectos da oficina na comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA.

Destacaram ainda a redução de principais recursos utilizados, por que "não

estão buscando para o sustento, estão extraindo além do permitido". Um exemplo foi o

camarão "antes jogava 10 tarrafas tinha isca, agora precisa 10 horas de tempo e não

pesca uma isca"; e o mexilhão " antes a gente pisava devagar nas beiras para não

pisar e se cortar agora o mexilhão tá no fundo, acho que esta com medo".

Ressaltaram que, com a chegada da Resex "a gente vai ter tudo isso de volta.

por que se chega à proteção e fiscalização".

Com relação a pesca citaram "o nosso rio Murunipi a pesca é mais volante, tem

poita mas não com a frequencia da virada da maré, é a gente que está lá".

Page 78: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

79

Figura 35- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA.

Page 79: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

80

Comunidade Cuiarana, Itapeua e Arapepó

Realizada no salão paroquial da igreja local a oficina reuniu em Cuiarana

moradores das comunidades de Arapepó e Itapeua (figura 36).

Ao apresentarem o mapeamento realizado, o grupo destacou as áreas de pesca,

os rios e o que se extrai na região. Defenderam a retirada da pescaria de poita, que

segundo eles " destrói todos os peixes e acaba com o trabalho"; e a existência da

"roça para consumição" (caso da comunidade Arapepó). Ressaltaram ainda que " este

ano aqui não deu muito sururu", explicando que muitas pessoas ficaram sem essa

renda e que a pesca predatória e as mudanças nos rios está provocando o sumiço.

Para eles com a Resex criada "muitas coisas vão parar depredar e o peixe vai

ser importante e pode aumentar". Estas comunidades apontaram as áreas de extração

de mel na região dos mangues, e os diferentes locais das pescarias.

O representante da Colônia dos Pescadores que vive em Cuiarana defendeu

que com a Resex, o seguro defeso para o caranguejo poderá existir assim como para

o pescado por que "o peixe desova no salgado, precisa do seguro defeso".

Figura 36- Aspectos da oficina na comunidade de Cuiarana, município de Salinópolis-PA.

Page 80: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

81

Figura 37- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Cuiarana, Itapeua e Arapepó, município de Salinópolis-PA.

Page 81: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

82

3.3- Identificação e caracterização de possíveis co munidades indígenas ou

quilombolas presentes na área

Não foram localizados para o município de Salinópolis registro de povos

indígenas ou de reivindicações de reconhecimento deste grupo étnico. Não há

ocorrência de territórios quilombolas, nem de reivindicações para criação desses

espaços.

3.4- Identificação de grupos sociais que poderão in terferir (de forma positiva ou negativa) no processo de criação da uni dade, bem como suas preocupações e interesses.

A criação da Resex no município de Salinópolis é conhecida pelos moradores

das comunidades visitadas e algumas organizações locais. Há alguns representantes

da Comissão Pró-Resex, nas comunidades de São Bento, e na região de Enseada

(não localizado), no entanto, estes quando contactados pela equipe informaram que

não estavam em conexão como o movimento regional.

As organizações de classe ou associações de produtores são os principais

grupos sociais identificados em Salinópolis além das organizações governamentais. A

ONG Instituto Manguezal atua na região com atividades voltadas a conservação e

tratamento de resíduos sólidos.

A Colônia dos Pescadores Z-29, liderada por mulheres, não souberam informar sobre

o que a criação da Resex poderá afetar a vida dos seus sócios.

As instituições municipais como Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de

Agricultura, embora tenham conhecimento do processo de criação da unidade de

conservação afirmaram que não acompanharam as reuniões que ocorreram na região.

Seus representantes entendem a criação da unidade como uma oportunidade para

que o "período do defeso ocorra, vai definir área de mangue que não pode desmatar ;

haverá preservação dos mariscos, e o mais importante seria reduzir o desmatamento.

Reduziria as queimadas em áreas de mangue, serviria também para conscientizar as

pessoas". E ainda "que a Resex irá trazer benefício para o município, pois vai

aumentar a qualidade de vida dos moradores das comunidades mais distantes".O

secretario de Turismo alegou desconhecer o processo de criação da Resex, mas

afirmou que "espera que haja proteção aos igarapés e riachos".

Para o representante da Associação dos Produtores Rurais de São Bento, a

criação da unidade de conservação "irá trazer benefícios para as comunidades,

precisa preservar os mangues e parar as redes de poita".

No município existe a Associação dos Artistas Plásticos e Artesãos de

Salinópolis, que utilizam recursos naturais na confecção de seus produtos. Em

Page 82: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

83

conversa com seus representantes estes não souberam informar o que é e para serve

uma unidade de conservação, no entanto, afirmaram "que já ouviram falar da Resex, e

para eles a criação da Resex irá beneficiar os agricultores". Acreditam ainda que irão

contribuir para a confecção de artesanato junto as comunidades. Citaram o trabalho do

Instituto Manguezal que apóia a utilização de material reciclado obtido dos resíduos

sólidos.

Percepção sobre a Resex pelos moradores

No que diz respeito à percepção ou entendimento que os entrevistados possuem

em relação a criação da Reserva Extrativista Marinha (Resex), elaborou-se uma série

de perguntas que vão ao encontro deste objetivo, pois dependendo da categoria da

UC, principalmente as de Uso Sustentável, a participação social é essencial e, neste

caso uma exigência.

Neste sentido, de antemão percebe-se a dificuldade em conceituar ou dizer o

que é uma Resex, do que se trata ou sua utilidade. 74% dos entrevistados não sabiam

informar o que era uma Reserva Extrativista e 90% não sabiam qual era o órgão

público responsável pela mesma. Os 10% que disseram saber afirmaram ser o Ibama

ou a Prefeitura municipal.

Os 26% que souberam informar o que era e para que serve a Resex,

responderam: “área protegida”, “área onde vai melhorar as coisas do meio ambiente,

diminuir queimadas, tudo de acordo com as leis”, “lugar pra respeitar a reprodução dos

bichos”, “Para preservar o mangue e a mata”, “vai proibir pegar caranguejo na andada

(não pode), proíbe tirar e vender filhote de papagaio”, “área para reservar a natureza,

porque tirar um peixe tudo bem, agora se colocar com rede com malha pequena já

acaba com tudo”, “na área protegida, tem período que pode e não pode tirar peixe”,

“lugar que não pode mexer nos recursos, tem que cultivar e preservar”, “lugar para

preservar os recursos naturais e retirar as redes malhadeiras apoitadas (apreender)”.

A partir dessas respostas, percebe-se que os recursos naturais, principalmente o

peixe e o caranguejo, ganham lugar de destaque na fala dos entrevistados com

percepção de ações que estão em desacordo com legislações vigentes.

Todavia, apesar da pouca clareza sobre o papel da UC, 78% são a favor da

criação da Resex no seu município, mesmo que esta opinião seja acompanhada de

expectativas como na fala: “Sim, mas depende do vem por ai”. Cerca de 18,5% não se

importam se vai ou não ser criada uma Resex e os demais não responderam (Quadro

10).

Page 83: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

84

Quadro 10- Opiniões sobre a criação da Resex para a comunidade local.

O que você acha que a criação de uma Resex vai ou p ode trazer para a comunidade local? Benefícios Prejuízos Não sabe dizer 22 2 3 Por que? “O problema é vir a proibição e não vir beneficios” “Vai melhorar a convivência” “Vai melhorar a área” Pode trazer benefícios e incentivos para as pessoas do local Muitos fazendeiros destroem e é preciso parar de tirar caranguejo na andada, só se for pra consumo Tem que reduzir queimada no igapó Porque vai ter tempo de tirar o alimento, vai ter limite Para poder ter criação de ostras Vai acabar com a rede apoitada, vai voltar a ter peixes As pessoas vão aprender a zelar para não acabar Vai gerar empregos a partir da pesca A situação não ta fácil e pode melhorar Vai ajudar a parar a rede Lá em Maracanã dão casa, dão material de pesca, cesta básica. Espero que aqui também Pra não ter desmatamento, nem queimadas, não pode acabar com olhos d'água. O desmatamento vai diminuir Para reduzir a quantidade de rede e respeitar a desova Para poder gerar emprego Para conscientizar as pessoas e manter a água limpa,sem lixo Para eliminar a agressão à natureza Para preservar os rios Vai trazer fartura de peixe Para não acabar os recursos naturais Vai trazer de volta o pescado vai surgir associação de marisqueiros e vai ter criação de peixes e de mariscos Para proteção do meio ambiente Para considerar certo pescar, mas caçar não. Para ser errado ter pessoas estranhas entrando na área e tem que ter tempo pra retirar o caranguejo.

Quando perguntados se a criação da Resex poderia trazer oportunidades de

ganhos para o entrevistado e sua família, 95% disseram que sim. Entre as possíveis

atividades/benefícios que poderiam surgir coma a criação da UC os mesmos

destacaram: recebimento de bolsa verde, criação de cooperativa, possibilidade de

aumento da demanda em bares e restaurantes, trabalho com artesanato para venda a

visitantes, guia ou condutor de visitantes

Por fim, os entrevistados foram instigados a pensar as possíveis ações do

Estado na Resex, assim como pensar suas próprias ações ou como poderiam

colaborar com as mesmas. No geral eles percebem quais as ações devem ser

priorizadas e como podem atuar como parceiros (quadro 11).

Page 84: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

85

Quadro 11- Opiniões sobre as ações do governo e pessoais para com a Resex.

O que você acha que o governo deva fazer com a Resex?

Se você pudesse fazer algo pela Resex o que você faria?

Mandar um pessoal para ensinar como atuar na Resex

Não destruiria nada do mangue

Proteger a reserva onde existe muita rede que acaba com o rio

Preservar e fiscalizar

Melhorias para os materiais de pesca, agricultura, formar cooperativas

Plantar árvore

Mais casa e o fomento para os pescadores Ajudar, colaborar na proteção do meio ambiente, proteger, incentivar outras pessoas a melhorar o meio ambiente

Muitas coisas, que não tem por ai e que esta precisando

Avisar sobre pessoas fazendo coisas erradas dentro da reserva, questão do fogo

Estar a frente, embargar o grande roçado e diminuir a entrada de peixes grandes

Não desmataria

Fiscalização e vistoria Não pegaria os peixes na época errada, preservaria

Criar mais reservas para diminuir desmatamento

Conscientizando a comunidade, avisando que não pode pescar

Proteger a natureza Se juntava com a comunidade para acabar com a rede apoitada

Proibir pescas predatórias Não deixava ninguém matar bicho ovado e derrubar as árvores

Vigiar para os pescadores de fora não virem pescar e os caçadores de fora não virem caçar

Se juntava com a comunidade para denunciar

Dar suporte de vida para quem vive da pesca, ajudar essas pessoas com benefícios, permitir a pesca

Se ver alguém destruindo teria que falar para Governo

Fiscalização, colocar uma pessoa da comunidade para ajudar.

Não acabaria com os recursos

No período da desova, o governo deve amparar o pescador.

Ajudaria não destruindo o meio ambiente.

3.5- Identificação de áreas naturais e culturais re levantes, com

oportunidade para uso público

Salinópolis, também conhecido como Salinas, é um município paraense

localizado na costa Atlântica do Estado. Salinópolis faz fronteira com os municípios de

São João de Pirabas (leste e sul) e Maracanã (oeste e sul), sendo banhado ao norte

pelo Oceano Atlântico. Distante de Belém, capital do Estado, 214 km (Google Maps,

2017), o município tem sua economia baseada no turismo e na pesca (Salinópolis,

2017).

Salinópolis é um dos balneários preferido dos belenenses, que no mês de julho

lotam a cidade. As praias possuem areia fina e branca, com águas de uma tonalidade

verde-acinzentada, devido aos sedimentos carregados pelo rio Amazonas (Salinópolis,

2017).Na Ilha do Atalaia, localizada a 12 km do centro da cidade, estão localizadas as

praias do Atalaia e do Farol Velho que, juntas, possuem mais de 20 km de extensão. A

particularidade delas é que os visitantes podem entrar com seus carros nas areias e

chegar bem perto da água (SouParaense.com, 2017). O mar nessas praias é propício

Page 85: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

86

à prática de esportes aquáticos como surf, windsurf e o kitesurf. Além desses esportes

aquáticos, devidos as suas características (largas e extensas), as praias do Atalaia e

Farol Velho são procuradas pelos praticantes de windcar (carro à vela). As suas dunas

branquinhas são perfeitas para quem quer praticar o sandboard (Pacote Fácil, 2017).

Na ilha do Atalaia também são encontrados lagos, como o Lago ou Lagoa da Coca-

Cola, fontes de água natural, igarapés e dunas gigantescas de areia branca e

vegetação litorânea abundante, paisagens ideais para os turistas que desejam um

encontro mais íntimo com a natureza (figura 38).

A. Praia do Atalaia (Luh, 2007). B. Lagoa da Coca-Cola (Benathar, 2007).

C Farol Velho (Cardoso, 2008). D. Farol Velho (Brito, 2008).

Figura 38- Principais praias visitadas em Salinópolis-PA.

Outro destaque de Salinas é a praia do Maçarico, que fica na área urbana da

cidade. É um dos pontos mais frequentados durante as noites de julho. São mais de

2km de orla recentemente inaugurada. O calçadão ornamentado com palmeiras é o

"point" dos ciclistas e ideal para caminhada e/ou corrida no final da tarde (figura 39).

Na orla do Maçarico há inúmeros bares, restaurantes e churrascarias onde se pode

degustar os mais deliciosos e requintados pratos da culinária paraense. É também no

Maçarico que acontecem eventos culturais que atraem multidões nos períodos de alta

temporada.No final da orla do Maçarico existe uma ponte que dá acesso à Praia da

Page 86: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

87

Corvina (figura 40). Na Praia da Corvina ocorre o encontro das águas dos rios

Urindeua e Maramipi (SouParaense.com, 2017).

A. Orla do Maçarico (Asael, 2007). B. Orla do Maçarico (Araújo, 2009).

Figura 39- Aspectos das orlas urbanas em Salinópolis-PA.

Na Vila de Cuiarana, distrito distante 13km do centro de Salinópolis, ficam as

praias do Amor e do Cruzeiro. Na praia do Amor, há poucas barracas que só

funcionam em finais de semana e feriados, com a venda de bebidas e frutos do mar

(peixe, camarão, caranguejo, ostra, etc.). A praia do Cruzeiro é pouco frequentada,

não conta com estrutura. Ela é recomendada para quem gosta de isolamento

(SouParaense.com, 2017). Na Vila de Cuiarana, também fica localizado um resort de

alto nível, que além de possuir uma ótima infraestrutura, possui belas paisagens, pois

fica localizado na foz do Rio Arapepó. O resort é procurado por turistas mais

exigentes, que desejam desfrutar de um maior contato com a natureza com muito

conforto.

A. Praia da Corvina (Boulhosa, 2010). B. Resort em Cuiarana (Santos, 2008).

Figura 40- Aspectos das regiões turísticas praia da Corvina e Resort.

Page 87: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

88

As festividades mais importantes do município de Salinópolis são as de São

Pedro (29 de junho), Padroeiro dos Pescadores, de Nossa Senhora do Perpétuo

Socorro (1 a 8 de setembro) e de São Benedito(22 a 30 de novembro). As formas mais

comuns de manifestação da cultura popular são os pássaros juninos, o carimbó, os

bois-bumbás, o xote e o siriá (figura 41. A produção artesanal do município é

constituída por objetos de pesca como canoas, remos e também objetos oriundos do

aproveitamento de conchas (Resende, 2012).

A. Carimbó (Globo.com, 2014). B. Boi-Bumbá (Mosqueirando, 2014).

Figura 41- Festividades do município de Salinópolis-PA.

As ilhas ao redor de Salinas são uma opção de passeio. Nesses lugares, o

destaque fica por conta de paisagens exuberantes e intocadas, da rica fauna e flora,

além da tranquilidade que oferecem. As ilhas mais próximas abrigam a Praia Marieta

(Ilha do Marco – Maracanã-PA) e a Praia de Maria Baixinha (Ilha de Itaranajá – São

João de Pirabas-PA). As ilhas servem de berçário para o guará, uma ave cuja

plumagem apresenta uma tonalidade vermelha muito forte. Para chegar às ilhas é

preciso pegar um barco no centro de Salinas ou no vilarejo de Cuiarana (Pacote Fácil,

2017).

Por possuir fontes de águas minerais, Salinópolis permaneceu como estância

hidromineral de 1967 até 1985 (Salinópolis, 2017). No centro de Salinópolis fica

localizada a Fonte do Caranã (figura 42), uma fonte de água mineral, bastante

apreciada por moradores e turistas. Na área da fonte são encontradas inúmeras

espécies de árvores e plantas nativas. Uma caminhada pelo bosque proporciona um

agradável contato com a natureza. No local, costuma acontecer manifestações da

cultura popular como o carimbó (Pacote Fácil, 2017).

Page 88: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

89

A. Rio Arapepó (Athayde, 2017a). B. Fonte do Caranã (Athayde, 2017b).

C Farol de Salinópolis (Oliveira, 2011a). D Igreja Matriz (Corrêa, 2011a).

Figura 42- Aspectos turísticos do município de Salinópolis-PA.

Contam os moradores de Salinópolis, que na Fonte do Caranã tem uma sapa

que protege a fonte de água mineral. As pessoas que frequentam esta fonte têm

grande respeito pela sapa e antes de retirar água dizem em tom de respeito: “Ó minha

avó, me dê licença para pegar água para beber, para lavar minha roupa, para tomar o

meu banho e não me faça nenhum mal!” Após fazer esse pedido as pessoas

acreditam que possam pegar água à vontade que nenhum mal vai lhe acontecer

(Marly, 2013).

Nesta mesma região do centro de Salinópolis onde fica a Fonte do Caranã

também estão localizados o Farol e a Igreja Matriz locais também muito visitados

pelos turistas.

Outro atrativo turístico em Salinópolis são os banhos de água de doce. Esses

banhos são criados a partir do represamento de um igarapé, formando piscinas de

águas frias correntes. Esses banhos contam com uma boa estrutura que inclui

banheiros, restaurante, local para prática de esportes e caminhada.

O Igarapé Tubão ou Lago do Tubão fica localizado na região central do

município, 10 km do centro de Salinópolis, na estrada que da acesso ao aeroporto e a

comunidade Enseada .O Sítio Recanto Águas de Jandira, fica localizado em Alto

Pindorama, 12km do centro de Salinas. É excelente para curtir com a família. São

Page 89: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

90

10.000 m² de área livre e muito verde. A piscina é de água natural e corrente, formada

pelo represamento de um igarapé, em que a água brota do chão e segue seu leito,

limpa, transparente e geladíssima (figura 43). Além das piscinas para adultos e

crianças, o local conta ainda com restaurante, campo de futebol, uma grande área

gramada, rodeada por frondosas árvores e um lago, onde os reflexos das árvores

produzem uma bela paisagem. Aves como araras são vistas livremente sobre as

árvores (Athayde, 2017c).

Figura. 15. Igarapé Tubão (Corrêa, 2011b). Figura 16. Recanto Águas de Jandira

(Athayde, 2017c).

Figura 43- Aspectos das áreas turísticas denominadas de " banhos"

A pesca amadora, também conhecida como “pesca esportiva”, “pesca de lazer”,

“pesca desportiva” e “pesca recreativa”, é praticada no mar, em rios, lagos naturais,

açudes, criatórios comerciais, utilizando-se apenas vara de pesca, molinetes ou

carretilhas, linha de pesca, anzol e iscas naturais ou artificiais. O Governo do Estado

do Pará, através da Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (SEPAq), busca

organizar a cadeia produtiva da pesca esportiva, relacionando-a com o turismo de

pesca e viabilizando-a como atividade ambientalmente correta. Uma das suas

atuações é o ordenamento pesqueiro das áreas aquáticas, delimitando áreas

especiais, denominadas de Sítios Pesqueiros Turísticos. Um destes Sítios Pesqueiros

Turísticos está localizado no município de Salinópolis, na localidade de Cuiarana, o

Sítio Pesqueiro Turístico do Estuário de Cuiarana. A SEPAq também estimula a

realização de torneios de pesca, como Torneio de Pesca Esportiva da Vila Galdina

(Salinópolis), o que impulsiona a economia dos locais onde eles são realizados (Pará,

2013).

Em Salinópolis, uma outra atividade que atrai os visitantes é a pesca esportiva.

O distrito de Cuiarana, localizado a 13 km do centro da cidade, atrai turistas que

apreciam passeios de lancha e pescaria, seja em áreas de mangue ou alto-mar. A

Page 90: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

91

região abriga espécies de peixe como pescada amarela, robalo ou robalão (figura 44),

corvina, xaréu, peixe pedra, pirapema ou tarpon, e o mero (Rezende, 2014; Pura

Pesca, 2014). Algumas empresas já vendem pacotes de pesca esportiva para

Salinópolis. Esses pacotes normalmente incluem: deslocamento, hospedagem,

embarcação, material e guia de pesca (Pesca Pará, 2017).

A Vila Galdina, em Salinópolis, organiza anualmente o “Togaldina”, Torneio de

Pesca da Vila Galdina. Em setembro de 2016 foi realizado o XII Togaldina .O evento é

organizado pela Associação dos Moradores e Amigos da Galdina (Amavig) e tem a

parceria da Emater. A Vila da Galdina é habitada por 14 famílias que vivem do

extrativismo da pesca e da agricultura familiar, com o cultivo de mandioca, feijão,

macaxeira, horticultura e mel em menor escala. O evento foi criado para atrair o

turismo, com ações de incentivo à consciência ambiental, como limpezas do rio e

praia, atividades culturais e venda de comidas típicas e artesanatos, gerando uma

renda extra para os moradores da comunidade (Moura, 2016).

A. Robalão (Pesca Pará, 2017). B. VIII Togaldina (Amavig, 2012).

Figura 44. A pesca esportiva no município de Salinópolis-PA

Com base nas informações levantadas foi elaborado um mapa das áreas de

turismo para o município de Salinópolis (figura 45).

Page 91: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

92

Figura 45 - Mapa de ocorrência das áreas turísticas do município de Salinópolis PA.

Page 92: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

93

3.6-Análise do impacto econômico da criação da unid ade de conservação Estudos prévios visando a criação de uma unidade de conservação em uma

determinada área devem levar em conta, sempre que possível, o impacto ambiental

imposto pelas atividades produtivas desenvolvidas no interior da área proposta e no

seu entorno (Domingues, 2014).

O o estudo Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia

nacional, publicado em 2011 pelo o Ministério do Meio Ambiente em parceria com o

Centro para Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas

para o Meio Ambiente (UNEP-WCMC) permite identificar alguns aspectos que podem

ser considerados na região em questão. Um exemplo são as de funções de uma UC.

cujos benefícios são usufruídos por grande parte da população brasileira – inclusive

por setores econômicos em contínuo crescimento, sem que se dêem conta disso,

levantam importantes aspectos para que se permita fazer análises de impactos

econômicos ao se criar essa categoria de área protegida.

Segundo a Fundação o Boticário (2015) os benefícios de proteção da biodiversidade e

os serviços ambientais que as UCs fornecem à sociedade não têm sido suficientes

para incentivar a implementação de políticas públicas voltadas à expansão e

consolidação dessas áreas protegidas no país. Ao desenvolverem um roteiro para a

valoração de áreas protegidas o Grupo propõe que "a valoração também pode ser

utilizada como ferramenta de mensuração, avaliando o desempenho da gestão dessas

áreas e indicando a amplitude real dos benefícios, diretos e indiretos, que elas

provêem à população”.

Dentre os benefícios valoráveis estão as receitas adquiridas com uso público

(ecoturismo); o fornecimento de água; os benefícios fiscais para os municípios,

provenientes de arrecadação de impostos gerados pela presença da UC (ICMS

Ecológico ou imposto territorial, por exemplo) e o impacto das contratações e

aquisições da UC no comércio e mercado de trabalhos locais. Com foco em unidade

de conservação proteção integral, segundo o Grupo o roteiro pode ser utilizado para

outras categorias de áreas protegidas.

Domingues (2014) realizou estudos de caracterização socioeconômica para a criação

de unidades de conservação em Minas Gerais, sob a ótica da educação ambiental e

análise das atividades produtivas realizadas pela população local. O autor concluiu

que o sucesso do projeto de construção de uma área legalmente protegida, deve se

atrelar a um projeto político-pedagógico junto aos moradores e produtores do entorno,

que incentive o uso sustentável do solo e leve em conta o desenvolvimento social e

comunitário local. Em seus estudo o autor determinou alguns eixos,entre os quais,

destacamos: programas pedagógicos e de educação para a valorização cultural dos

Page 93: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

94

recursos naturais, estimulando a reflexão acerca dos serviços ambientais; o

desenvolvimento, através da extensão rural, de alternativas ao desmatamento que

garantam a subsistência das famílias rurais, voltadas para a diversificação das

atividades produtivas e para a valorização da cultura rural tradicional; e criação de

mecanismos que possibilitem uma maior agilidade nos processos de licenciamento

ambiental das propriedades, permitindo que os produtores façam o uso mais planejado

dos recursos naturais, entre outros.

Medeiros et al (2011), citam como principais exemplos para tal: a qualidade e a

quantidade da água que compõe os reservatórios de usinas hidrelétricas; o turismo

que dinamiza a economia de muitos dos municípios do país sóé possível pela

proteção de paisagens proporcionada pela presença de unidades de conservação.

Além do desenvolvimento de fármacos e cosméticos consumidos cotidianamente, em

muitos casos, utilizam espécies protegidas por unidades de conservação. Sem contar

com o papel das unidades de conservação para os serviços ambientais, como a

mitigação dos efeitos da emissão de CO2 e de outros gases de efeito estufa

decorrente da degradação de ecossistemas naturais. Vale destacar que, segundo

Medeiros et al (2011), por se tratar de produtos e serviços em geral de natureza

pública, prestados de forma difusa, o valor e o pagamento por esses serviços não são

percebidos nem pagos pelos usuários. Ou seja, o papel das unidades de conservação

não é facilmente “internalizado” na economia nacional.

Se considerarmos os estudos citados acima e os utilizando para identificar de

forma não analítica, quais aspectos podem ser considerados para a região de

Primavera para gerar impactos econômicos com a conservação da biodiversidade,

sugerimos os serviços ambientais. Evitar a emissão de CO2 por meio da conservação

das florestas de mangue conservando e mantendo as cabeceiras dos rios que

abastecem os mangues.

Há que se considerar ainda o documento que propõe a criação de unidade de

conservação estadual na categoria Monumento Natural, já aprovado em audiências

públicas. Este documento ressalta:

Em caráter de urgência: o estabelecimento de uma força tarefa para coibir práticas

degradadoras nas dunas, restingas, mangues e praias no Município de Salinópolis;

Promoção de um turismo ordenado através de campanhas educativas que informem

que as dunas e o lago compreendem uma Área de Proteção Permanente (APP),

protegida por lei que devem ter seu uso controlado; Restrição de acesso a área do

Lago da coca-cola com uso de veículo de qualquer espécie e nas áreas adjacentes

restrição de ônibus, micro-ônibus e vans com delimitação e sinalização de área para

estacionamento fora do entorno das dunas;

Page 94: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

95

A curto e médio prazos: Continuidade das ações para efetivação da criação da

Unidade deConservação envolvendo os estudos Socioeconômicos, Delimitação da

áreaproposta para a referida UC, Memorial Descritivo, Elaboração do Diagnóstico

fundiário da área e Encaminhamento da documentação técnica e minuta do

instrumento legal para Criação de Unidade de Conservação; Proposição de atividades

rentáveis sustentáveis: passeios e trilhas controlados, envolvendo a comunidade;

Levantamento das barracas, padronização e adequação sanitária; Formalizar regras

para o uso e ocupação do solo que possam promover o desenvolvimento do município

em bases sustentáveis; Projetos de fixação de dunas móveis;Medidas de

monitoramento da flora costeira, fator essencial para o manejo de praia

arenosa;Levantamentos de áreas para recomposição florística; Buscar a cooperação

interinstitucional, através de parcerias na implantação de programas e projetos na área

ambiental; Estimular a participação comunitária nas ações e no planejamento

ambiental,do município; Criar e implantar o Conselho e o Fórum de Meio Ambiente

Municipal caso não exista; Envolver a população num trabalho de conscientização

sobre a necessidade de proteção dos ambientes litorâneos, principalmente das Dunas

e Restingas.

3.7 - Levantamento de dados e análise dos impactos ambientais sobre os

usos alternativos do solo existentes, que estão em planejamento ou em implementação nas áreas indicadas.

Não foram encontrados registros específicos para Salinópolis, no que se refere a

impactos ambientais do uso do solo. No entanto, nas comunidades visitadas os

moradores nas oficinas relataram alguns impactos. Na comunidade de Enseada,

denunciaram a exploração das cabeceiras dos igarapés que formam o rio Santo

Antônio do Urindeua, com a retirada de pedras e piçarra pela prefeitura local, além de

depósito de lixo. Segundo os moradores já houve informação da secretaria de meio

ambiente do município, mas sem que nenhuma atitude ocorresse.

3.8-Levantamento de dados secundários do Meio Físic o.

O município de Salinópolis está localizado na Microrregião Salgado que é

integrante da Mesorregião Nordeste Paraense, costa atlântica da Amazônia Brasileira

(Figura 46).

Page 95: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

96

Figura 46. Mapa de localização do município de Salinópolis.

De acordo com a Classificação Climática de Köppen, a região esta incluída no

subgrupo climático Tropical de Monções (Am), que apresenta as seguintes

características: temperatura média do mês mais frio do ano > 18°C, pequena estação

seca (agosto – dezembro), influência de monções, precipitação total anual média >

1500mm e precipitação do mês mais seco < 60mm (Alvares et al., 2013).O município

de Salinópolis possui temperatura média mensal e precipitação anual de 26,4°C e

2830,4mm, respectivamente (Inpe, s.d.1; s.d.2).O município possui elevações

modestas, variando do nível do mar a 55 metros, com a média ficando em

16,19metros (USGS, s.d.). Estatísticas para os valores de temperatura, precipitação e

elevação podem ser observados na tabela 9.

Tabela 9. Estatísticas das variáveis ambientais.

Variável No. Células Mínimo Máximo Amplitude Média Desv.

Padrão

Temperatura 242 26,3 26,6 0,3 26,4 7,0

Precipitação 242 2739 2898 159 2830,4 32,5

Elevação 250233 -16 55 71 16,19 9,79

Obs. Temperatura e precipitação resolução de 1000m; Elevação resolução de 30m.

Page 96: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

97

A distribuição espacial dos valores de temperatura, precipitação e elevação pode

ser observada na figura 47 (A, B) respectivamente. A temperatura apresenta uma

variação muito pequena, com tendência de diminuição no sentido Norte � Sul

(figura 2). Pode-se observar, também, uma tendência de diminuição da precipitação no

sentido Norte�Sul .A diminuição da precipitação no sentido litoral � interior é um

fenômeno esperado. No entanto, esperava-se um comportamento inverso para a

temperatura, com as temperaturas litorâneas sendo amenizadas pela brisa marinha, o

que não foi observado para Salinópolis.

A.Temperatura. B. Precipitação.

Figura 47- Mapas da distribuição espacial dos valores de temperatura, precipitação no município de Salinópolis-PA.

As elevações mais baixas de Salinópolis são encontradas no norte do município,

região mais litorânea e nos vales dos rios principais: Rio Maracanã, Rio Urindeua e

Rio Arapiranga. As regiões mais elevadas estão localizadas nos interflúvios Maracanã

– Urindeua e Urindeua – Arapiranga (figura 48). O território do município de Salinópolis

é todo constituído por terrenos recentes em termos de idade geológica (Tabela 10 e

Quadro 12. Os terrenos de Salinópolis ou são Período Terciário – Mioceno (9,96%) ou

do Período Quaternário – Pleistoceno (48,11%) e Holoceno (28,57%).

Page 97: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

98

Tabela 10. Áreas das classes do Mapa Geológico

Mapa Geológico - Classes Tempo Geológico

Área

(ha)

Área

(%)

Corpos d'água Não se aplica 3173,0 13,37

Cobertura Detrito -Laterítica Pleistocênica Pleistoceno 11417,9 48,11

Depósitos de Pântanos e Mangues Holocênicos Holoceno 6473,9 27,28

Depósitos Marinhos Litorâneos Holoceno 305,9 1,29

Grupo Barreiras Mioceno 2362,9 9,96

TOTAL

23733,8 100,00

Quadro 12- Tempo Geológico

Fonte: Felipe, s.d.

A distribuição espacial das classes do Mapa Geológico pode ser observada na

figura5 (IBGE, 1998; s.d.1). A classe mais abrangente do Mapa Geológico é a

Cobertura Detrito-Laterítica Pleistocênica, respondendo por 48,11. Como pode ser

observado no Mapa Geológico (figura 48), a Unidade de Conservação proposta

ocupará principalmente terrenos recentes da classe Depósitos de Pântanos e

Mangues Holocênicos.

Page 98: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

99

A. Elevação. B. Mapa Geológico.

Figura 48- Mapas de elevação e geológico de Salinópolis-PA.

Com relação ao modelado da superfície, predominam no município de

Salinópolis as classes de dissecação (erosão), representando 57,68 % do território. O

restante do território ou representam áreas de acumulação (deposição), com 28,95 %

ou são corpos d’água (13,37%).As áreas das classes do Mapa Geomorfológico podem

ser observadas na tabela 11.

Tabela 11 Áreas das classes do Mapa Geomorfológico

Mapa Geomorfológico - Classes Ação Área (ha) Área (%)

Corpos d'água Não se aplica 3173,6 13,37

Planície fluviomarinha Acumulação 306,0 1,29

Planície marinha Acumulação 6565,1 27,66

Homogênea ou diferencial tabulares Dissecação 9376,2 39,50

Pediplano retocado inumado Dissecação 4313,5 18,17

TOTAL 23734,4 100,00

A distribuição espacial do Mapa Geomorfológico pode ser observada na figura

49 A (IBGE, 2009; s.d.2). Com base na figura 49 (A) verifica-se que área proposta

Page 99: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

100

para a unidade de conservação ocupa predominantemente a planície fluviomarinha,

área de acúmulo de sedimentos.

A. Mapa Geomorfológico. B. Mapa Pedológico (solos).

Figura 49- Mapas geomorfológico e pedológico do município de Salinópolis-PA

Page 100: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

101

Com relação aos solos, nas áreas baixas (planícies) predominam os mal

drenados (gleissolos), cobrindo 27,47% do território de Salinópolis. Os solos bem

drenados ocupam, prioritariamente, as áreas mais altas (latossolos) ou as praias

(neossolos) representam 59,21% da área do município. Os corpos d’água cobrem o

restante da área (13,32%) (Tabela 12).

Tabela 12. Áreas das classes do Mapa Pedológico

Mapa Pedológico - Classes Característica Área (ha) Área (%)

Corpos d'água Não se aplica 5076,5 15,56

NeossoloQuartzarênicoÓrtico Bem drenado 51,1 0,16

GleissoloTiomórficoÓrtico Mal drenado 15496,4 27,47

Latossolo Amarelo Distrófico Bem drenado 10990,5 57,50

TOTAL 32625,8 100,00

A distribuição espacial das classes de solo pode ser observada na figura 50 A

(IBGE, 2007; s.d.3). A área proposta para a unidade de conservação esta

predominantemente sobre a classe GleissoloTiomórficoÓrtico, que são solos

hidromórficos (mal drenados), e que pelo fato de se encontrarem na região costeira

apresentam elevada salinidade. Normalmente, as áreas em que estes solos ocorrem

não são apropriadas para uso agrícola, sendo destinadas para preservação (Embrapa,

s.d.). Com relação aos dados de fitofisionomias (IBGE, 2012; s.d.4), no município de

Salinópolis predominam áreas alteradas (vegetação secundária e área urbana),

respondendo por 56,06% do território do município. As formações originais (formações

pioneiras) representam 30,57% da área do município, sendo o restante (13,37%)

coberto por corpos d’água (tabela 13).

A distribuição espacial das formações originais e das áreas alteradas pode ser

observada no Mapa de Fitofisionomias (figura 50 B). De uma forma geral, verifica-se

que as áreas de formações originais do tipo mangue (Formações Pioneiras com

influência fluviomarinha - arbórea) ocupam os terrenos baixos (planícies), que devido

aos solos mal drenados, são menos recomendados para as atividades produtivas. As

áreas alteradas do tipo vegetação secundária (com e sem palmeiras), por sua vez,

ocupam os terrenos mais altos (tabuleiros), áreas de solos bem drenados

Page 101: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

102

Tabela 13. Áreas das classes do Mapa de Fitofisionomias

Mapa de Fitofisionomias - Classes Característica Área (ha)

Área (%)

Corpos d'água Não se aplica 3173,6 13,37

Área urbana e sua periferia Alterada 843,9 3,56

Formações Pioneiras com influência marinha - arbustiva Original

370,2 1,56

Formações Pioneiras com influência fluviomarinha - arbórea Original

6885,6 29,01

Vegetação Secundária sem Palmeiras Alterada 557,3 2,35

Vegetação Secundária com Palmeiras Alterada 11903,8 50,15

TOTAL

23734,3 100,00

A. Mapa de Fitofisionomias (vegetação). B. Mapa TerraClass 2010 (uso da terra).

Figura 50- Mapas de fitofisionomia Terra Class.

A unidade de conservação abrangerá principalmente áreas da classe Formações

Pioneiras com influência fluviomarinha – arbórea, também conhecida como manguezal

(figura 50). Os manguezais, por serem berçários de diversas espécies de peixes e

outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do

ciclo de sua vida, são áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade (USP,

Page 102: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

103

s.d.). Como a informação sobre o uso da terra dos dados de fitofisionomias (IBGE;

s.d.4), não são atuais, resolveu-se utilizar os dados do Projeto TerraClass (Embrapa e

Inpe, 2011; 2013). As áreas das classes do Mapa TerraClass 2010 para o município

de Salinópolis são apresentados na tabela 14. A distribuição espacial das classes do

Mapa TerraClass 2010 pode ser observada na figura 50B.

Como pode ser observado nos dados TerraClass 2010, a classe mais

abrangente é a floresta que cobre cerca de 2/3 da área do município. As duas classes

seguintes mais abrangentes são Hidrografia (8,56%) e Sem Informação (7,95%), que

não são classes de uso ou cobertura da terra. As demais classes cobrem apenas

16,90% do território do município. De acordo com os dados TerraClass 2010 (figura

50), praticamente toda a área proposta para a criação da Resex está sobre área de

floresta, que no caso do dado TerraClass 2010, estão associadas áreas de mangue.

Embora cubram áreas um pouco diferentes, comparando-se os dados de

Fitofisionomias do IBGE (IBGE, 2012; s.d.4) com os dados TerraClass 2010 (Embrapa

e Inpe, 2011; 2013), são observadas diferenças importantes. Os dados de

Fitofisionomia do IBGE delimitam bem as áreas de mangue, enquanto nos dados

TerraClass 2010 as áreas de mangue estão justas com as áreas de florestas de terra

firme. Outra diferença observada foi que o núcleo urbano do município de Salinópolis

que no dado de Fitofisionomias encontra-se corretamente mapeado, no dado

TerraClass 2010 ele está mapeado como “Não-Floresta”, ou seja, fisionomias vegetais

de extrato arbóreo-arbustivo, o que é um equivoco.

Tabela 14. Áreas das classes do Mapa TerraClass 2010.

Mapa TerraClass 2010 - Classes Característica Área (ha) Área (%)

Área não observada Sem informação 90463,6 3,80 Hidrografia Não se aplica 203653,0 8,56

Não-Floresta Original 102766,6 4,32

Floresta Original 1584691,9 66,60

Desflorestamento 2010 Alterada 21679,4 0,91

Área Urbana Alterada 93489,4 3,93

Mosaico de ocupações Alterada 5139,0 0,22

Outros Alterada 1904,0 0,08

Pasto Sujo Alterada 125,7 0,01 Regeneração com Pasto Alterada 38250,5 1,61

Vegetação Secundária Alterada 48248,9 2,03

Sem informação Sem informação 189103,2 7,95 TOTAL 2379515,3 100,00

Os rios principais do município de Salinópolis são o Rio Maracanã, Rio Urindeua,

Rio Arapiranga, a oeste, e o Rio Arapepó a leste. Tem ainda o Rio do Destacado, que

na verdade é um furo ligado a Baía do Arapepó, formando a Ilha do Atalaia. Ao Norte o

Page 103: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

104

município é banhado pelo Oceano Atlântico. O mapa de Hidrografia de Salinópolis

(figura 51) foi elaborado com base em dados do IBGE (s.d.5).

Figura 51- Mapa de Hidrografia.

3.9 - Levantamento de dados secundários do meio bió tico.

Não se encontrou literatura pertinente que destaque meio biótico como um todo

correspondendo a área visitada. Os trabalhos já citados da Embrapa (2011) e Guerra

et al(2016) são os que citam as região especificamente. Trabalhou-se com a literatura

que abordasse a região de integração de Caetés e o território Bragantino e que

descreviam a região do Salgado paraense como um todo. Utilizaram-se dados

publicados sobre a flora e a fauna em (ver banco de dissertações e tese UFPA e

outras universidades e artigos do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi e demais

periódicos). Além desses, utilizou-se as informações obtidas por meio das conversas

informais com os moradores.

O texto mais atual que descreve a região é o que trata da criação de um

Monumento Natural na Praia de Atalaia, realizado pela Secretaria Estadual de Meio

Page 104: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

105

Ambiente (Ideflor-bio). O documento intitulado Estudos preliminares para criação de

unidade de conservação na Praia do Atalaia,Salinópolis, Costa Nordeste do Pará, data

de 2011. Destaca, sobretudo a vegetação da região de restinga e dunas, caracterizada

pelo ajuru (Chysobalanus icaco L.), alecrim da praia (Bulbostylis capillaris C.B.Clark) e

salsa da praia (Ipomoea pescaprae Roth).

As espécies que ocupam grandes extensões na área de terra firme são: imbaúba

(Cecropia sp.), pau mulato (Chimanis turbinata D.C.), matá-matá branco CEschweilera

odorata), lacre (Vismia sp), castanheira (Bertholetia excelsa) e núcleos de palmeiras,

principalmente, o buriti (Mauritia flexuosa), tauari (Couratari sp), açaí (Euterpe

oleracea) e bacaba (Oemocarpus bacaba).

Nas áreas com Floresta Hidrófilas e Higrófilas de Várzea, regionalmente

conhecidas como "mata de várzea", e que ocupam uma faixa de largura considerável,

caracterizam-se por permanecerem permanente e temporariamente inundadas,

respectivamente, porém, sem interferência de água salina e, compõem-se de espécies

florestais de porte mediano e ocorrências de alguns indivíduos de menor porte. Essas

formações são caracterizadas pela grande proporção de madeiras moles, sem valor

comercial, com exceção da andiroba (Carapa guianensis), açacu (Hura creptans), breu

branco da várzea (Protium unifolium), jenipapo (Genipa americana), ingá (lnga

disticla), louro da várzea (Nectandra amazonicum), taperebá (Spondea lutea),

samaúma (Ceiba pentandra) e buriti (Mauritia flexuosa).

O ecossitema manguezal com formação com grande poder de regeneração, vive

normalmente em ambiente salino e salobre, acompanhando os cursos dos rios,

instalando -se nas áreas que sofrem influências das marés, cuja denominação, no

Pará é "apicum". O mangue vermelho (Rhizophora mangle L.), o mais ligado ao teor

salino das águas salobres, ocupa sempre a linha costeira das embocaduras dos rios.

O mangue siriba ou siriúba (A vicennia sp), forma uma segunda linha, atrás do

mangue vermelho e, acompanha as margens dos rios até onde as marés influem,

mesmo com baixo teor salino. Esses mangues na região estudada mostram-se

conservados, mas com áreas onde há desmatamento para plantio de campos, retirada

de madeira para produção de carvão e principalmente para instalação de hotéis e

portos para lanchas de pesca esportiva.

Com exceção das espécies aquáticas, não foram encontrados textos que

descrevam a ocorrência de outros grupos taxonômicos nas regiões estudadas.

Estudos na região Bragantina apontam a ocorrência de mamíferos de médio e

pequeno porte como: (Procyon cancrivorus, Cerdocyon thous, Eira barbara, Cyclopes

didactylus, Tamandua tetradactyla, Euphractus sexcinctus e Didelphis marsupialis).

Page 105: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

106

3.10 - Realização de reuniões participativas com as comunidades

Em consonância com a metodologia proposta foram realizadas visitas e oficinas

nas comunidades de Enseada, Cuiarana, Santa Rosa, Macapazinho, São Bento,

Joacaia, Buçu, Itapeua, Arapepó, Derrubada, Paulinia, Derrubadinho, Gaudina e Santo

Antonio do Urindeua.

No município o apoio veio das lideranças comunitárias que participaram de

reuniões junto a Comissão Pró-Resex. A fim de maximizar a estadia em campo e

visitar as comunidades elaborou-se uma agenda de atividades em consonância com

as lideranças locais. Estas determinaram os locais e os horários para as reuniões, e a

equipe trabalhou em conjunto para a mobilização. Quando necessário os veículos

utilizados pela equipe foram disponibilizados para deslocamento dos participantes

comunitários. Embora as organizações municipais institucionais estivessem

comunicadas sobre nossa presença e atividades na região nenhum representante

participou ou realizou quaisquer atividade nas oficinas realizadas. Apenas em

Cuiarana houve participação do representante da Colônia de Pescadores.

As oficinas ocorreram em distintos horários, manha, tarde e noite de acordo com

a disponibilidade dos moradores. Sempre que possível foram iniciadas com a fala da

representante da comunidade. A programação seguiu o roteiro já estabelecido para

este estudo: o esclarecimento das atividades da equipe na região. A dinâmica foi de

atividades em grupos (quando o número de participantes excedia mais de 20 pessoas)

ou trabalhou-se em conjunto com todos participando dos exercícios (quando em

comunidades com um menor número de participantes) caso da comunidade

Derrubada. Todas as atividades previstas foram realizadas: o mapeamento das áreas

de uso dos recursos Naturais, o Diagrama de Venn e a Matriz Histoecológica. e

posterior ou anteriormente a oficina o agendamento das entrevistas com os presentes

e /ou indicados como experto para atividades extrativistas.

Em todas as oficinas houve presença de homens e mulheres das comunidades

que emitiram suas opiniões e dúvidas quanto ao território a ser criado. Buscou-se

sanar as dúvidas quanto ao significado de uma unidade de conservação na categoria

pretendida, e o que se pode ou não fazer dentro dessas áreas, assim como os

benefícios que poderão chegar às comunidades a partir da criação da unidade de

conservação. O número de participantes variou entre as oficinas (ver anexo listas de

presença). Ressalta- se que em muitas comunidades houve receio de alguns

participantes em assinar a lista de presença,quando ocorria tal fato, optou-se por

deixar livre para quem o quisesse fazer. A fim de evitar constrangimentos para com os

que não assinam o nome, um dos membros da equipe percorreu a sala com a lista de

presença, registrando os nomes.

Page 106: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

107

4- REFERÊNCIAS ACCIOLY, M. C.; OLIVEIRA, N. L.; NEVES, N. M. S.; CALASANS, F.; RÊGO, J. Construção Participativa de Projeto de Desenvolvimento Territorial: A Experiência do Projeto Semeie Ostras.Revista NAU Social .v.2, n.3, p. 58-62. 2012

ACSELRAD, H.i (Org.). Cartografias Sociais e Território . Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008. ALVES PEREIRA, Cássio y GUIMARAES VIEIRA, Ima Célia.A importância das florestas secundárias e os impactos de sua substituição por plantios mecanizados de grãos na Amazônia. INCI [online]. 2001, vol.26, n.8, pp. 337-341. ISSN 0378-1844. ALVES, Eliseu; MARRA, Renner. A persistente migração rural-urbana Revista de Política Agrícola. Ano XVIII – Nº 5 4 – Out./Nov./Dez. 2009. ALVARES, C.A., STAPE, J.L., SENTELHAS, P.C., GONÇALVES, J.L.M.; SPAROVEK, G. KÖPPEN’S climate classification map for Brazil.MeteorologischeZeitschrift , v. 22, n. 6, p. 711-728, 2013. DOI: 10.1127/0941-2948/2013/0507. Disponível em: <https://www.schweizerbart.de/papers/metz/detail/22/82078/Koppens_climate_classification_map_for_Brazil>. ARAÚJO, A. Siri gigante, feito em concreto, na Praça próximo à Praia do Maçarico, Salinópolis-PA, Brasil . 2009. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/29155633>. Acesso em: 16 jan. 2017.

ASAEL. Salinas – Praia do Maçarico . Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/1923729>. Acesso em: 16 jan. 2017.

ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES E AMIGOS DA GALDINA (Amavig). Galeria de fotos do VIII Torneio de Pesca, realizado em 2012 . Disponível em: <http://www.amavig.no.comunidades.net/fotos>. Acesso em: 4 fev. 2017.

ATHAYDE, A. Rio Arapepo - Vila de Cuiarana . Disponível em: <http://www.minube.com.br/fotos/sitio-preferido/3589050/8056077>. Acesso em: 16 jan. 2017a.

ATHAYDE, A. Fonte do Caranã . Disponível em: <http://www.minube.com.br/fotos/sitio-preferido/3684228/9829211>. Acesso em: 16 jan. 2017b.

ATHAYDE, A. Recanto Águas Dijandira. Alto Pindorama . Disponível em: <http://www.minube.com.br/fotos/sitio-preferido/3684228/9829211>. Acesso em: 16 jan. 2017c. BARTHEM, R. B.; FABRÉ, N. N. Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia. In: Ruffino, M. L. (Org.). A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia Brasileira. Manaus: Provárzea. p. 11-

Page 107: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

108

BENATHAR, M. Bonito Lago da Coca-Cola . 2007. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/3099062>. Acesso em: 16 jan. 2017. BISOL, C.A.Estratégias de pesquisa em contextos de diversidade cultural: entrevistas de listagem livre,entrevistas com informantes-chave e grupos focais.Estud. psicol. (Campinas) , Campinas, v. 29,supl. 1p. 719-726, Dec. 2012 . Available from <http://www.scielo.br/scielo. Acesso em 16 janeiro 2016. BORGATTI, S. (1998). Elicitation techniques for cultural domain analysis. In M. D. LeCompte & J. J. Schensul (Eds.),Designing and conducting ethnographic research (Ethnographer's toolkit, pp.1-26). Walnut Creek, CA: Alta Mira Press. BOULHOSA, O. Praia das Corvinas – Salinas . 2010. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/40587699>. Acesso em: 16 jan. 2017. BRITO, P.E.C. Praia do Farol Velho - Salinas-Pará . 2008. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/7565236>. Acesso em: 16 jan. 2017. CARDOSO, R. Praia do Farol Velho . 2008. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/11893048>. Acesso em: 16 jan. 2017. CORRÊA, G.J. Igreja Matriz . 2011a. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/55703860>. Acesso em: 17 jan. 2017. CORRÊA, G.J. Igarapé Tubão . 2011b. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/60628290>. Acesso em: 17 jan. 2017. COSTA, F. A. Agricultura familiar em transformação no Nordeste P araense: o Caso de capitão Poço . Belém: UFPA/NAEA, 2000. DIEGUES, A. C. 1973. Pesca e marginalização no litoral paulista (dissertação de Mestrado). NUPAUB/CEMAR. Universidade de São Paulo. USP. São Paulo, SP.187p.

DIEGUES, A.C. 1995. Povos e Mares: Leituras em Sócio- Antropologia Marí tima . São Paulo, NUPAUB-USP. DIEGUES A. C. Etnoconservação : novos rumos para a conservação da natureza. In: ______. (Org.). São Paulo: HUCITEC; NUPAUB-USP, 2000. 290 DOMINGUES, GABRIEL DE MENDONÇA- Limites e desafios socioambientais na criação de novas unidades de conservação em Minas G erais: estudo de caso em três macrorregiões de planejamento do estado. 2014- 14p Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível em www.uff.br/.../Gabriel%20de%20Mendonça%20Domingues.pdf. EMBRAPA – Agência Embrapa de Informação Tecnológica. GleissolosTiomórficos . s.d.Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/solos_tropicais/arvore/CONT000gn230xhn02wx5ok0liq1mqzb2w2h2.html>. ENNES, Marcelo Alario. Meio ambiente e pobreza entre populações não tradicionais.Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, Vol. 50, N. 3, p. 244-252, set/dez 2014

Page 108: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

109

EMBRAPA E INPE. Levantamento de informações de uso e cobertura da t erra na Amazônia: Sumário Executivo . 2011. 36 p. Disponível em: <http://www.inpe.br/cra/projetos_pesquisas/sumario_executivo_terraclass_2008.pdf>. EMBRAPA E INPE. Levantamento de informações de uso e cobertura da t erra na Amazônia - 2010 . 2013. 7 p. Disponível em: <http://www.inpe.br/cra/projetos_pesquisas/sumario_terraclass_2010.pdf>. Acesso em: Estudo técnico para criação de unidades de conservação na categoria RDS “campo das Mangabas” no Município de Maracanã/PA/ Benjamin Carlos Ferreira.. [et al.]. – Belém: Secretaria de Estado de Meio Ambiente, 2013. 118 p FELIPE, L. Trabalho de Geologia: Eras Geológicas. s.d. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfFF0AL/trabalho-geologia-eras-geologicas>. FERNANDES, M. E. B. (2000) Association of mammals with mangrove forests: a world wide review. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia , 13: 83-108. FERRARI, AFONSO TRUJILLO. Fundamentos da Sociologia . São Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1983. FERREIRA, B. C. ; LIMA, M.N.- Estudos preliminares para criação de unidade de conservação na Praia do Atalaia,Salinópolis, Costa Nordeste do Pará. MIMEO. 33p. 2011. FREITAS, C.E.C. RIVAS, A.F. -A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia Central. Ciência e Cultura , Campinas, v. 58, n. 3, p. 30-32, jul./set. 2006.

GLOBO.COM. Em Marapanim, PA, festival de carimbó exalta a cult ura paraense . 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/08/em-marapanim-pa-festival-de-carimbo-exalta-cultura-paraense.html>. Acesso em: 6 fev. 2017. GOOGLE MAPS. Distância de Belém-PA até Salinópolis-PA . Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/dir/Belém,+Pará/Salinópolis,+Pará/>. Acesso em: 16 jan. 2017. GREGORIO, J. KOTSUBO, J. ;ITO M. . Tecnologias da pesca. Disponível em : https://piomedio.wordpress.com/tecnologias-do-mar/ Acessado em 2/01/2017 GUERRA, G.A.D.;PAIVA,R. S. Ocorrência de Cuiaraneiras em Salinópolis, no Pará, Brasil. Novos Cadernos NAEA • v. 19 n. 2 • p. 193-206 • maio-agosto, 2016. IBAMA. Direitos ambientais para o setor pesqueiro: diagnós tico e diretrizes para a pesca marítma . Brasília: IBAMA/PNUD, 1999.

IBAMA, 2007. Estatística da pesca 2005. Brasil. Grandes regiões e unidades da federação. 147 p. Disponivel em: http://www.ibama.gov.br/ recursos-pesqueiros/download/25/.pdf

Page 109: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

110

IBGE. Manual Técnico de Geologia . Rio de Janeiro: IBGE, 1998. 306 p. (Manuais Técnicos em Geociências, n. 6). Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv7919.pdf>. IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira . 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. 271 p. (Manuais Técnicos em Geociências, n. 1). Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf>. IBGE. Banco de Dados Georreferenciado de Recursos Naturai s da Amazônia Legal: Geologia . s.d.1. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapeamento_sistematico/banco_dados_georeferenciado_recursos_naturais/amazonia_legal/>. IBGE. Banco de Dados Georreferenciado de Recursos Naturai s da Amazônia Legal: Geomorfologia . s.d.2. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapeamento_sistematico/banco_dados_georeferenciado_recursos_naturais/amazonia_legal/>. IBGE. Banco de Dados Georreferenciado de Recursos Naturai s da Amazônia Legal: Pedologia . s.d.3. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapeamento_sistematico/banco_dados_georeferenciado_recursos_naturais/amazonia_legal. IBGE. Banco de Dados Georreferenciado de Recursos Naturai s da Amazônia Legal: Vegetação . s.d.4. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapeamento_sistematico/banco_dados_georeferenciado_recursos_naturais/amazonia_legal ICMBio- Relatório de Vistoria Técnica de Proposta de Criação de Reserva Extrativista de Salinópolis. Parecer Técnico de Viabilidade. 2012. mimeo 24p. ICMBio- Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção

Portaria nº 444/2014 Fauna Ameaçada . Disponivel em : pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=121&data=18/12/2014. . INPE.AMBDATA - Variáveis Ambientais para Modelagem de Di stribuição de Esppecies: Temperatura Média Anual (bio1) . s.d.1. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/Ambdata/download.php>. INPE. AMBDATA - Variáveis Ambientais para Modelagem de Di stribuição de Especies: Precipitação Anual (bio12) . s.d.2. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/Ambdata/download.php ISAAC-NAHUM, Victoria Judith. Explotação e manejo dos recursos pesqueiros do litoral amazônico: um desafio para o futuro. Ciência e Cultura , v. 58, n. 3, p. 33-36, 2006.

Page 110: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

111

ISAAC-NAHUM, Victoria Judith ROBERTO V. DO ESPÍRITO SANTO1 & JOSÉ L. G. NUNES- A estatística pesqueira no litoral do Pará: resultados divergentes Pan-American Journal of Aquatic Sciences (2008) 3(3): 205-213 LÉNA, Philippe. As políticas de desenvolvimento sustentável para a Amazônia: problemas e contradições. In: ESTERCI, Neide; LIMA, Deborah, LÉNA Philippe (ed.).Boletim Rede Amazônica. Diversidade Sociocultural e Políticas Ambientais , Rio de Janeiro, Ano 1, nº 1, 2002, pp 9-22. LOURENÇO, C. F.; FÉLIX, F. N.; HENKEL, J. S.; MANESCHY, M. C. A pesca artesanal no Estado do Pará. Belém: SETEPS/SINE�PA, 2003. 154 p. LOWE-MCCONNELL, R.H. 1987. Ecological Studies in Tropical FishCommunities. Cambridge University Press, Cambridge. 382 p.

LUH. Praia do Atalaia em Salinas-PA . 2007. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/6458938>. Acesso em: 16 jan. 2017. MALDONADO S.C .Pescadores do Mar . Ática. São Paulo. Brasil. 1986 pp. 136-154. MARLY, S. Encantos do "Sal": A Sapa do Caranã . 2013. Disponível em: <http://encantosdosal.blogspot.com.br/2013/08/a-sapa-do-carana.html>. Acesso em: 5 fev. 2017. MATTOS, C.A.C. de; SILVEIRA PINTO, W. de; CARDOSO, A. G; SILVA, R. L. da & BRIENZA JUNIOR, S. Estratégias de planejamento a partir do diagnóstico rápido participativo e da análise swot: um estudo na comunidade de São Bento, Salinopólis – PA. SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO RURAL on line – v.5, n. 2 – Dez – 2011. www. inagrodf.com.br/revista. MOURA, E. Emater participa do Torneio de Pesca da Vila Galdin a, em Salinópolis . Agência Pará de Notícias. 2016. Disponível em: <http://www.agenciapara.com.br/Noticia/Regional/135740/emater-participa-do-torneio-de-pesca-da-vila-galdina-em-salinopolis>. Acesso em: 4 fev. 2017. MOREIRA, A. M. Estudo comparativo da dinâmica de paisagem em unida des de produção familiar no Nordeste Paraense . 87 f.Dissertação (Mestrado) Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2008. MOSQUEIRANDO. O Folclore e a Ilha: Boi-Bumbá . 2014. Disponível em: <http://mosqueirando.blogspot.com.br/2014/06/o-folclore-e-ilha-boi-bumba.html>. Acesso em: 6 fev. 2017. NERY, A.C. Traços da Tecnologia pesqueira de uma Área de Pesca Tradicional na Amazônia. Zona Salgado-PA . In. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Antropologia- V11. Julho/1995.N1. NETO, J. D.- Gestão do uso dos recursos pesqueiros marinhos no B rasil/ José Dias Neto. – Brasília: IBAMA, 2010. 242 p.: il OLIVEIRA, C. Farol de Salinópolis . 2011a. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/60736618>. Acesso em: 17 jan. 2017.

Page 111: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

112

OLIVEIRA, C.M.; SILVA, R.O.; AMEIDA, R.H. Diversificação produtiva, reprodução socioeconômica e mulheres no assentamento periurbano mártires de abril - Pará. Nucleus (Ituverava. Online) , v. 12, p. 253-266, 2015. PACOTE FÁCIL. Salinas - Pará: Pontos Turísticos . Disponível em: <http://www.pacotefacil.com.br/salinas-para-pontos-turisticos.html>. Acesso em: 17 jan. 2017. PARÁ. Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (SEPAq). Sobre a pesca esportiva . 2013. Disponível em: <http://www.sepaq.pa.gov.br/?q=node/22>. Acesso em: 4 fev. 2017. PESCA PARÁ. Pacote Salinas - PA (Robalão e Torpon) . Disponível em: <http://pescapara.mercadoshops.com.br/pacote-salinas-pa-robalao-tarpon-1xJM>. Acesso em: 4 fev. 2017.

PURA PESCA. Programa Pura Pesca Gravado em Salinas . 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Xi966-mE19M>. Acesso em: 5 fev. 2017. RAMALHO, C.W.N.. Fish, fisheries and fishermen: ethnographic notes about ecosocial processes.Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências H umanas , v. 11, n. 2, p. 391-414, 2016.

REZENDE, T. Praias paradisíacas são cenário para o agito do ver ão em Salinas . Globo Notícias, 2012. Disponível em: <http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2012/07/praias-paradisiacas-sao-cenario-para-o-agito-do-verao-em-salinas.html>. Acesso em: 6 fev. 2017. REZENDE, T. Pescaria revela tesouro nas águas de Salinas, no no rdeste no Pará . Globo Notícias. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/07/pescaria-revela-tesouro-nas-aguas-de-salinas-no-nordeste-no-para.html>. Acesso em: 4 fev. 2017. RIOS, M.; MARTINS-DA-SILVA, R.C.V.; SABOGAL, C.;et al. Benefícios das plantas da capoeira para a comunidade de Benjamin Constant, Pará, Amazônia Brasileira. Belém, CIFOR. 2001. 54 p. ROSA, B.A.. SOMOS PARCEIROS?:representações e relações sociais na pesca em unidades de conservação -Em foco a APA da Costa de Urumajó. 2007. RUFFINO, M. L. (Coord.) A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira / Coordenado por Mauro Luis Ruffino. – Manaus: Ibama/ProVárzea, 2004. 272 p. SANTOS, L. Amazônia Atlântico Resort . 2008. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/19297865>. Acesso em: 16 jan. 2017. SALINÓPOLIS, Prefeitura Municipal. A Cidade . Disponível em: <http://www.salinopolis.pa.gov.br/index.php/2013-09-11-19-33-25>. Acesso em: 16 jan. 2017. SOUPARAENSE.COM. Salinópolis: As praias são os principais atrativos . Disponível em:<http://www.souparaense.com/2010/07/salinopolis-as-praias-sao-os-principais.html>. Acesso em: 16 jan. 2017.

Page 112: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

113

SCHENSUL, J. J. (2004). Key Encyclopedia of health & behavior (Vol. 1, pp.569-571). Thousand Oaks: Sage Publications

SCHMIDT, ANDERS JENSEN; BEMVENUTI,CARLOS EMÍLIO; DIELE, KAREN- Sobre a definição da zona de apicum e sua importânc ia ecológica para populações de caranguejo-uçá ucides cordatus (Linnaeus, 1763 ). Bol. Téc. Cient. CEPENE, Tamandaré - PE - v. 19, n. 1, p. 9-25, 2013. SCHNEIDER, S. A pluriatividade no meio rural brasileiro: características e perspectivas para investigação. 2007. Disponivel em http// Artigo_Schneider_Pluriativ_Livro_Hubert_Gramont_português.pdf. SEMA Lista de Espécies Ameaçadas do Pará. 2009 SHANLEY, P.; CYMERIYs, M.; GALVÃO, J. Frutíferas da mata na vida amazônica. Editora Supercores, Belém. 1998. 127p SOUZA. M. L.. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E; GOMES, P. C.; CORRÊA, R. L. (Orgs). Geografia: Conceitos e Temas . Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. . SPERRY, S. A importância da organização social para o desenvol vimento da agricultura familiar. 2003 Disponivel em:http://bbeletronica.cpac.embrapa.br/2001/artigos/art_003.pdf2 p. SPERRY, S.e MERCOIRET, M. - Associação de Pequenos Produtores Rurais - Planaltina DF EMBRAPA Cerrados 2003 a.130p. TORRES, D. F. et al.Etnobotânica e Etnozoologia em unidades de conservação: uso da biodiversidade na APA de Genipabu, Rio Grande do Norte, Brasil. Interciencia , Caracas, v.34, n. 9, p. 623-629, sep. 2009 USGS. Digital Elevation: SRTM 1Arc-Second Global . s.d.Disponível em: <http://earthexplorer.usgs.gov. USP – Depto. de Ecologia. Ecossistemas límnicos:O Ecossistema Manguezal . s.d.Disponível em: <http://ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=30&Itemid=406>. VIEIRA, P. R. Florestas e comunidade: Cotidiano de famílias em Jericó, Garrafão do Norte, Pará. / Paulo R. Vieira. – Belém, PA: UFPA – Centro Agropecuário: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. (Dissertação de Mestrado). WAGLEY, Charles. Uma comunidade Amazônica: estudo dos homens nos trópicos. São Paulo: Editora Nacional, 1977.

Sites

www.mma.gov.br/.../especies .../atualizacao-das-listas-de-especies -a.

Herbario-MG on-line - Museu Goeldi marte.museu -goeldi .br/herbario /

Page 113: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

114

Espécies ameaçadas SEMAS | Secretaria de Estado de Meio ... https://www.semas.pa.gov.br/2009/03/27/9439/

http://www.pararural.pa.gov.br/sobre_o_projeto.php.

Page 114: PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refe ... · Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas

115

5- ANEXOS: 5.1- Lista de presença das Oficinas/reuniões; 5.2- Documentos recebidos nas comunidades.