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Diagnóstico e caracterização socioambiental das áre as propostas para criação e ampliação de Reservas Extrativistas na Me sorregião do Nordeste Paraense no Estado do Pará
Diagnóstico e caracterização socioambiental das áre as propostas para criação e ampliação de Reservas Extrativistas na Me sorregião do Nordeste Paraense no Estado do Pará .
PRODUTO 2: Relatório com diagnóstico socioambiental refecriação da Resex Salinópolis.
Diagnóstico e caracterização socioambiental das áre as propostas para criação e ampliação de Reservas Extrativistas na Me sorregião do
Relatório com diagnóstico socioambiental referente à proposta de criação da Resex Salinópolis.
PRODUTO 2:Relatório com diagnóstico socioambiental referente à proposta de criação da Resex Salinópoli s.
Equipe Técnica:
Coordenação: Regina Oliveira - Dra. em Desenvolvimento Sustentável
Socioambiental: Ruth H. Cristo Almeida - Dra. em Ciências Agrárias
Geoprocessamento: Jorge L. G. Pereira. - MSc.em Sensoriamento Remoto
Etnobiologia da pesca Adna Albuquerque - MSc.em Zoologia
Entrevistas e apoio nas oficinas Yuri Silva - Eng. de Pesca
Entrevistas e apoio nas oficinas Laís Ferreira - Mestranda em Ciências Ambientais
Danielle Rodrigues José Apoio Institucional
Responsável Administrativo Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa
Belém Fevereiro de 2017
LISTA DE SIGLAS
AAPRAS Associação Agroecológica de Produtores Rurais de Arapepó
ADEPARA Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará
AMAVE Associação de Moradores da Vila da Enseada
AMAVIG Associação dos Moradores e Amigos da Galdina
ASAPAQ. Associação dos agricultores, pescadores e aquicultores do rio Urindeua
CAR Cadastro Ambiental Rural
CNS Conselho Nacional de Populações Tradicionais
COOPAS Cooperativa de Agroindústria de Salinópolis (
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EN Em perigo
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Pará Rural Programa de Redução da Pobreza e Gestão dos Recursos Naturais do Pará
PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar
PLT Programa Luz para Todos
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
RESEX Reserva Extrativista
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAR Serviço de Aprendizagem Rural
SEPAq Secretaria Estadual de Pesca e Aquicultura
SEMMAS Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente
STTR Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
UC Unidade de Conservação
VU Vulnerável
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Localização do município de Salinópolis, no Estado do Pará. 12
Figura 2- Legenda da representação gráfica dos círculos e cores utilizados para o exercício do Diagrama de Venn, realizados nas comunidades. 13
Figura 3 - Mapa das áreas percorridas no município de Salinas, Pará. 14
Figura 4 - Aspectos das moradias e das comunidades visitadas no município de Salinópolis, PA. 2016 21
Figura 5 - Principais atividades econômicas citadas pelos entrevistados no município de Salinópolis -PA. 23
Figura 6 - Aspectos da elaboração dos Diagramas de Venn nas comunidades visitadas em Salinópolis, PA. 27
Figura 7 - Número de espécies animais por categoria taxonômica, citadas pelos moradores das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA. 39
Figura 8-Embarcações utilizadas na pesca artesanal pelas comunidades visitadas e embarcações conhecidas como “barcos grandes” utilizadas para a pesca artesanal/comercial em alto-mar, desembarcadas no Porto da sede Salinópolis-PA.
44
Figura 9- Malhadeiras utilizadas pelos pescadores artesanais Salinópolis-PA 45
Figura 10- Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no município de Salinópolis-PA 46
Figura11 - Pescaria de tarrafa pesqueira no rio São Paulo na comunidade de Galvina no município de Salinópolis-PA 48
Figura 12-Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas da mata para confecção de currais na comunidade de Santo Antônio de Urindeua, Salinópolis-PA
49
Figura 13- Apetrecho conhecido como linha e anzol utilizado em pescarias no município de Salinópolis-PA 49
Figura 14- Desenho esquemático e um espinhel utilizado nas pescarias no município de Salinópolis-PA. 50
Figura 15 Molusco conhecido localmente como “sapequera” utilizado como isca de espinhel em Salinópolis-PA 51
Figura 16- Apetrecho de pesca visga e suas variações 52
Figura 17 - Apetrecho de pesca conhecido como “anzol de pegar pacamum”, utilizados nas pescarias das comunidades de Salinópolis-PA. 53
Figura 18- Munzuá no mangue, utilizado para a captura do bagre na comunidade de Enseada em Salinópolis-PA. 53
Figura 19 - Aspectos da criação de ostras na comunidade de Santo Antônio de Urindeua Salinópolis -PA. 55
Figura 20- Aspectos da comercialização do pescado em Salinópolis-PA. 56
Figura 21- Principais famílias de peixes citadas nas entrevistas na região de Salinópolis -PA 60
Figura 22-Aspectos da cata do Mexilhão em Salinópolis -PA. 62
Figura 23 - Principais famílias botânicas com maior número de espécies citadas pelos entrevistados das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA 66
Figura 24- Aspectos da oficina realizada na comunidade de São Bento, Salinópolis-PA. Fotos : Raimundo Nonato. 68
Figura 25 - Mapa as áreas de uso das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia. 69
Figura 26- Aspectos da atividade de mapeamento na comunidade de Derrubada, município de Salinópolis, PA 70
Figura 27- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Derrubada, município Salinópolis- PA. 71
Figura 28- Aspecto da oficina para o mapeamento das áreas de uso comunidade Santo Antonio do Urindeua, município Salinópolis 72
Figura 29- Mapa das áreas de uso e recursos naturais utilizados pelos extrativistas da comunidade Santo Antonio Urindeua, município Salinópolis-PA 73
Figura 30- Aspectos do mapeamento das áreas de uso nas comunidades das de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinopolis-PA. 74
Figura 31- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais dos moradores das comunidades de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinópolis -PA 75
Figura 32 Aspectos da oficina junto as comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA. 76
Figura 33- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA 77
Figura 34- Aspectos da oficina na comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA. 78
Figura 35- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA. 79
Figura 36 - Aspectos da oficina na comunidade de Cuiarana, município de Salinópolis-PA. 80
Figura 37- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Cuiarana, Itapeua e Arapepó, município de Salinópolis-PA. 81
Figura 38- Principais praias visitadas em Salinópolis-PA. 86 Figura 39- Aspectos das orlas urbanas em Salinópolis-PA. 87 Figura 40- Aspectos das regiões turísticas praia da Corvina e Resort. 87 Figura 41- Festividades do município de Salinópolis-PA. 88
Figura 42- Aspectos turísticos do município de Salinópolis-PA. 89
Figura 43- Aspectos das áreas turísticas denominadas de "banhos" Salinópolis-PA. 90
Figura 44. A pesca esportiva no município de Salinópolis-PA. 91
Figura 45 - Mapa de ocorrência das áreas turísticas do município de Salinópolis PA. 92
Figura 46. Mapa de localização do município de Salinópolis 96
Figura 47- Mapas da distribuição espacial dos valores de temperatura, precipitação no município de Salinópolis-PA. 97
Figura 48- Mapas de elevação e geológico de Salinópolis-PA. 99
Figura 49- Mapas geomorfológico e pedológico do município de Salinópolis-PA. 100
Figura 50- Mapas de fitofisionomia Terra Class do município de Salinópolis-PA. 102
Figura 51- Mapa de Hidrografia do município de Salinópolis-PA. 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Tabela 1: Características socioeconômicas dos entrevistados. 17
Tabela 2 - Idade dos familiares dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.
17
Tabela 3 - Naturalidade dos entrevistados e seus familiares, município de Salinópolis, 2016.
18
Tabela 4 – Situação fundiária dos entrevistados, município de Salinópolis, 2016. 19
Tabela 5 – Nível de escolaridade, baseado no grau de instrução, da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.
19
Tabela 6 – Renda da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.
20
Tabela 7 - Principais espécies de peixe capturadas pelas pescarias de linha com anzol e espinhel e o número de anzóis utilizados para cada espécie.
51
Tabela 8 - Principais etnoespécies da ictiofauna citadas, arte de pesca utilizada e preços comercializados pelos pescadores na região do município de Salinópolis- PA
57
Tabela 9. Estatísticas das variáveis ambientais. 96
Tabela 10. Áreas das classes do Mapa Geológico 98
Tabela 11 -Áreas das classes do Mapa Geomorfológico 99
Tabela 12. Áreas das classes do Mapa Pedológico 101
Tabela 13. Áreas das classes do Mapa de Fitofisionomias 102
Tabela 14. Áreas das classes do Mapa TerraClass 2010. 103
LISTA DEQUADROS
Quadro 1-.Divisão sexual do trabalho. 23
Quadro 2- Diagrama de Venn da comunidade São Bento, Buçu,Joacaia município de Salinópolis-PA 28
Quadro 3- Diagrama de Venn da comunidade Derrubada, município de Salinópolis -PA. 30
Quadro 4 - Diagrama de Venn da comunidade Enseada, município de Salinópolis -PA. 31
Quadro 5 - Diagrama de Venn da comunidade Santo Antonio de Urindeua, município de Salinópolis - PA 32
Quadro 6 - Diagrama de Venn das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis - PA. 34
Quadro 7- Diagrama de Venn das comunidades Derrubadinho, Paulina e Galdina, município de Salinópolis -PA 35
Quadro 8 - Diagrama de Venn das comunidades Cuiarana, Arapepó e Itapeua, município de Salinópolis - PA. 36
Quadro 9- Principais espécies de mariscos comercializadas na região de Salinópolis-PA. 61
Quadro 10- Opiniões sobre a criação da Resex para a comunidade local. 84
Quadro 11- Opiniões sobre as ações do governo e pessoais para com a Resex. 85
Quadro 12- Tempo Geológico 98
SUMÁRIO
1-Introdução 11
2- Metodologia e área percorrida 11
3- Resultados 16
3.1-Identificação e caracterização da população tradicional envolvida na área proposta para criação de Resex e de outros usuários da área.
16
3.2- Identificação do uso e manejo dos recursos naturais pela população tradicional envolvida na proposta e levantamento dos dados etnobiológicos
38
3.3- Identificação e caracterização de possíveis comunidades indígenas ou quilombolas presentes na área.
82
3.4- Identificação de grupos sociais que poderão interferir (de forma positiva ou negativa) no processo de criação da unidade, bem como suas preocupações e interesses.
82
3.5-Identificação de áreas naturais e culturais relevantes, com oportunidade para uso público.
85
3.6-Análise do impacto econômico da criação da unidade de conservação 92
3.7-Levantamento de dados e análise dos impactos ambientais sobre os usos alternativos do solo existentes, que estão em planejamento ou em implementação nas áreas indicadas.
95
3.8-Levantamento de dados secundários do Meio Físico. 95
3.9 -Levantamento de dados secundário do Meio Biótico 104
3.10 - Realização de reuniões participativas com as comunidades 106
4- Referências 107
5 - Anexos 114
11
1 - INTRODUÇÃO Em consonância com Carta de Acordo celebrada entre o
PNUD/ICMBio/FADESP e executada pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, no âmbito
do Projeto Manguezais do Brasil (BRA/07/G32), o presente documento apresenta o
Relatório do Diagnóstico Socioambiental para criação de Reserva Extrativista
Salinópolis, no Município de Salinópolis no estado do Pará.
Os temas abordados no corpo deste documento seguem os resultados obtidos
em campo durante o período de 9 a 18 de dezembro de 2016, somados a dados
secundários pertinentes as atividades previstas no Termo de Referência (itens 3 a 12).
Durante as atividades na região foram contactados o secretário Municipal de
Agricultura e o assistente da Secretaria Municipal do Meio Ambiente assim como
algumas lideranças comunitárias diretamente relacionadas à da Comissão Pró-Resex
local. Nas instituições municipais obteve-se apoio no que se refere a indicação de
lideranças locais. Nas comunidades o apoio para a realização das oficinas decorreu
tanto de lideranças comunitárias ligadas a igreja católica e a Colônia de Pescadores
quanto de lideranças relacionadas com a criação da Reserva Extrativista no município.
Este relatório está organizado em uma introdução, metodologia adotada e área
percorrida, seguido dos resultados, referências bibliográficas e os anexos. Os
resultados estão descritos em conformidade com o Termo de Referência e alguns
subitens foram acrescentados em função das especificações das atividades realizadas
nas comunidades visitadas. Os anexos são compostos das listas de presença dos
participantes das oficinas realizadas.
2- METODOLOGIA E COMUNIDADES VISITADAS
O município de Salinópolis localiza-se na área do Salgado Paraense. Final do
século XIX, em 1882, Salinas foi elevada a município, cuja instalação se deu 2 anos
depois. Porém no ano de 1930 o município foi extinto, sendo anexado ao município de
Maracanã até o ano de 1933, quando foi novamente emancipado deixando de ser
Salinas para virar Salinópolis (IBGE, 2016).
O município está localizado na Microrregião Salgado e Mesorregião Nordeste
Paraense na costa atlântica da Amazônia Brasileira. Está distante 214 km da cidade
de Belém (por estrada), capital do estado, tendo como municípios vizinhos Maracanã
(oeste) e São João de Pirabas (leste) (Figura 1).
As atividades de campo corresponderam a realização de visitas e
oficinas/reuniões nas comunidades citadas no "Relatório de vistoria técnica de
proposta de criação de Reserva Extrativista de Salinópolis e Parecer Técnico de
Viabilidade" (ICMBio, 2012) e demais comunidades próximas a área proposta como
unidade de conservação. O diagnóstico e a caracterização dos moradores deram-se a
12
partir das observações de campo que destacaram os modos de vida dos moradores
que praticam a pesca e atividades de extrativismo na região, conversas informais e
entrevistas com pessoas chave, além de observação direta.
A
B
Figura 1- Localização do município de Salinópolis, no Estado do Pará. (A) Seta branca indica localização no Estado; (B) Recorte do litoral Paraense, localizando Salinópolis. Fonte:www.setur.gov.br
Na realização das oficinas seguiram-se um roteiro pré-determinado constando
da apresentação da equipe, apresentação dos objetivos desse estudo,
esclarecimentos sobre o que são reservas extrativistas e o processo de criação dessa
categoria de unidade de conservação. Além disso, foram realizados exercícios
participativos e em grupo que gerassem dados e informações complementares aos
obtidos por meio da aplicação dos questionários. Os exercícios aplicados foram: o
Diagrama de Venn, o Mapeamento Participativo das Áreas de Uso e a Matriz
Histoecológica.
Os questionários foram aplicados junto aos moradores considerados
chave1 (que foram entrevistados em profundidade). Durante as entrevistas, que
tiveram duração média de 2 a 3 horas, buscou-se obter informações como: a
identificação da família, suas formas de organização social, uso da terra, sua
dependência dos recursos naturais disponíveis no ambiente, os conhecimentos
que detêm de sua área, e se sabem o que é uma reserva extrativista e o que
esperam caso esta seja criada.
1 Entrevistas com informantes-chave são comumente utilizadas em pesquisas de campo, na perspectiva da etnografia. Nessa perspectiva, campo é entendido como um espaço social e físico cujas fronteiras são definidas em termos de instituições e pessoas ou atividades de interesse em um determinado espaço geográfico (Schensul, 2004; Bisol 2012).
13
A técnica de lista livre (BORGATTI, 1998) foi utilizada para coleta de dados
etnobiológicos, incluindo fauna e flora. Esta técnica permite apontar quais itens
pertencem ao domínio cultural, e referem-se a um grupo de palavras organizadas,
conceitos ou sentença compartilhados (e não preferências pessoais).
Os Diagramas de Venn, exercício realizado durante as oficinas, permitem captar
quais as demandas de políticas públicas e quais as instituições “representam” a
decisão e a implementação das políticas públicas almejadas pelos moradores. A fim
de facilitar o entendimento dos participantes para o exercício, admitiu-se a inserção de
elementos como ambientes (rios, mangues). Padronizou-se para todas as
comunidades o tamanho e a cor dos círculos e foram as referências utilizadas para o
grau de importância dado, pelos moradores, à instituição/órgão proposto (Figura 2). A
distância dos círculos em relação à comunidade refere-se à presença e ação ou não
da instituição/elemento ambiental/ órgão público/ na comunidade.
Figura 2- Legenda da representação gráfica (círculos e cores) utilizados para o exercício do Diagrama de Venn, realizados nas comunidades.
Trabalhou-se ainda utilizando pranchas com imagens e fotos de animais
(mamíferos, aves, répteis e peixes e crustáceos) para auxiliar a identificação de
ocorrência das espécies na área. Para a identificação da fauna e da flora citadas pelos
entrevistados utilizou-se de referências bibliográficas específicas da região e consultas
ao herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi com fotos para identificação vegetal e a
coleção faunística, e a base de dados do Ministério do Meio Ambiente e as Secretaria
Estadual de Meio Ambiente para as espécies ameaçadas.
Os estudos de Etnobiologia da pesca contemplaram conversas informais e
observações dos apetrechos de pesca e técnicas de captura na região. Com base em
um roteiro pré-determinado foram realizadas conversas informais junto aos
representantes de instituições governamentais e não governamentais que atuam na
área que contribuíram para o mapeamento institucional.
Foram visitadas 16 comunidades. Assim, visitou-se: (1) Distrito de Cuiarana; (2)
Derrubada; (3) Derrubadinha;(4) Joacaia (5) Porto da sede municipal; (6) Galdina; (7)
Ararijó;(8) Buçu; (9) São Bento; (10) Santa Rosa; (11) Santo Antônio do Urindeua; (12)
Arapepó; (13) Paulina; (14) Macapazinho; (15) Enseada e (16)Itapeua (Figura 3).
Legenda:
Pouca importância
Média importância Grande importância
14
Figura 3 - Mapa das áreas percorridas e comunidades visitadas no município de Salinas, Pará. Percurso demonstrado pela linha vermelha no mapa.
15
As agendas para as atividades junto às comunidades foram construídas a partir
de visitas realizadas pela equipe a fim de organizar junto às lideranças os locais e os
horários compatíveis para os moradores participarem. Pata tanto se formou dois
grupos com a divisão da equipe e cada grupo percorreu uma região para a construção
da agenda. Em comunidades com maior número de moradores optou-se por trabalhar
unificando a equipe como no caso do distrito Cuiarana e Enseada; quando havia
comunidade com menor número de moradores e estas se consideravam "vizinhas" ou
comunidades agregadas a comunidades Pólo optou-se por unificar as oficinas como
em São Bento, Buçu e Joacaia.
As oficinas ocorreram agregando-se comunidades, sobretudo as mais próximas
ou nas comunidades Pólo; caso do distrito de Cuiarana, onde se agregam as
comunidades de Arapepó e Itapeua e muitas das atividades são realizadas em
conjunto. O mesmo ocorrendo na região das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia,
quando os moradores destas últimas realizam suas atividades de comércio e serviços
na comunidade Pólo São Bento; e das comunidades Santa Rosa e Macapazinho.
Igualmente, locais, onde comunidades próximas, mas com ocorrência de conflitos as
oficinas foram realizadas em cada uma delas, caso da comunidade Derrubada.
.
16
3 - RESULTADOS Os resultados do diagnóstico foram descritos em consonância com os itens
sugeridos no Termo de Referência da Carta de Acordo para este Produto (itens 3 a
12), ressalta-se que o item 12 que trata da produção de mapas temáticos (mapas
falados) foi inserido na descrição do uso dos recursos, compondo assim o item 3.2,
deste relatório. Além disso, utilizaram-se quando disponíveis, referencias da literatura
que contribuíssem com informações relevantes para melhor descrição dos resultados
obtidos.
3.1 - Identificação e caracterização da população t radicional envolvida na área Características gerais
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o
ano de 2016 estimou-se para o município de Salinópolis uma população de 39.328
habitantes. Sua área territorial é de 237,738 Km², com densidade demográfica de
157,40 habitantes por Km².
Neste contexto, foram entrevistadas 27 famílias2 distribuídas entre comunidades,
vilas e distrito do município3 inseridas na área proposta para a criação da Reserva
Extrativista. Os entrevistados foram pessoas consideradas chave, podendo ser ou não
chefe (a) de família, totalizando 81% do sexo masculino e 19% do sexo feminino.
A idade dos 27 entrevistados ficou concentrada na faixa etária que vai de 46 a 55
anos; mais de 55 anos representando 33% e 37%, respectivamente. A escolaridade
dos mesmos pode ser considerada baixa, 52% possuem o ensino fundamental
incompleto, outros 44,% são analfabetos, somente escrevem o nome (alfabetizados),
outros possuem o ensino fundamental completo e, por último o ensino médio
completo. Apesar de pequeno, 4% dos entrevistados possuíam o ensino superior
incompleto.
Outro ponto importante a ser considerado é o tempo de moradia dos
entrevistados no município. A média foi de 34 anos, sendo que existem os que moram
há 3 anos e outros há mais de 65 anos. Além do mais, moram na mesma casa em
média há 23 anos o que pode representar um forte vínculo com a terra (no sentido de
território), nos seus aspectos geográficos, culturais, sociais e políticos e uma baixa
mobilidade espacial e temporal (Tabela 1). Entre os 27 entrevistados, soma-se 85
pessoas residentes compostas por pai, mãe, filhos e netos correspondendo a uma
média de 3 pessoas por família.
2 Conforme a metodologia adotada, as entrevistas foram realizadas com informantes-chave e eus grupos familiares sendo, portanto, uma amostragem.
17
Tabela 1: Características socioeconômicas dos entrevistados.
Características gerais Frequencia Percentual (%)
Sexo Masculino 22 81 Feminino 5 19 Idade Menos de 35 anos 3 11 De 36 a 45 anos 5 19 De 46 a 55 anos 9 33 Mais de 55 anos 10 37 Escolaridade Analfabeto 3 11 Alfabetizado 3 11 Fund. Incompleto 14 52 Fund. Completo 3 11 Médio completo 3 11 Superior incompleto 1 4 Tempo na área Menos de 15 anos 5 19 De 16 a 25 anos 7 26 De 26 a 35 anos 3 11 De 36 a 45 anos 4 14 Mais de 45 anos 8 30
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Estas famílias podem ser consideradas nucleares, com predominância para o
sexo masculino, correspondendo 55% da amostra e 45% do sexo feminino.
Do total de 85 pessoas, no que concerne a idade, os mesmos concentraram-se
na faixa etária de jovens entre 11 a 18 anos (23%), adultos entre 19 a 30 anos (15%),
seguidos dos 51 a 60 anos (15%), 41 a 50 anos (14%), mais de 60 anos (14%), 31 a
40 anos (11%) e até 10 anos (8%) (Tabela 2). A média de idade dos entrevistados foi
de 51 anos, sendo que o mais novo possui 24 anos e o mais velho 68 anos.
Tabela 2 - Idade dos familiares dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016. No. de pessoas Percentual (%) Idade Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total Até 10 anos 4 3 7 5 3 100,0 De 11 a 18 anos 14 6 20 16 7 100,0 De 19 a 30 anos 7 6 13 8 7 100,0 De 31 a 40 anos 5 3 8 6 5 100,0 De 41 a 50 anos 5 7 12 6 8 100,0 De 51 a 60 anos 6 7 13 7 8 100,0 Mais de 60 anos 6 6 12 7 7 100,0 Total 47 38 85 55 45 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
18
Quanto à naturalidade, praticamente todos os entrevistados declararam que
nasceram no estado do Pará (99%) e, maioria, no próprio município de Salinópolis
(70%) (Tabela 3). Os demais nasceram em: Capanema (12%), São João de Pirabas
(6%), Bragança (5%). Os municípios de Capitão Poço, Igarapé Açu, Nova Timboteua,
Maracanã, Breves, Irituia, e de outro Estado (Ceará) somam juntos 7%.
Tabela 3 - Naturalidade dos entrevistados e seus familiares, município de Salinópolis, 2016.
Naturalidade Frequência Percentual (%) Salinópolis 59 70
Capanema 10 12
São João de Pirabas 5 6
Bragança 4 5
Capitão Poço 1 1
Igarapé Açu 1 1
Nova Timboteua 1 1
Maracanã 1 1
Breves 1 1
Irituia 1 1
Outro Estado 1 1
Total 85 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Quando perguntados se havia a intenção de mudança para outro local, 93%
disseram que não, pois no município, mesmo com todas as dificuldades, conseguem
sobreviver. Os 7% que apresentaram desejo de mudar-se para outro local alegaram
dificuldades em relação a pesca como motivação.
No entanto, 56% dos entrevistados afirmaram possuir algum ente familiar
morando em outras cidades como Belém, Nova Timboteua, Capanema, Parauapebas
e Marituba. Na maioria são os filhos (93%) e primos (7%). Em média são adultos com
idade média de 37 anos, que saíram de Salinópolis no final da década de 1990, até
meados dos anos 2000 com o intuito de buscar outras formas de trabalho e
oportunidades de estudo.
No que diz respeito a migração, Sacramenta e Costa (2010) afirmam que sobre
a migração na Amazônia, deve-se levar em consideração todos os ciclos econômicos
e políticos que incentivaram os deslocamentos para a região. A origem do migrante, os
lugares de seus trajetos, investigando a manifestação de uma migração por etapa e os
motivos de saída do lugar de origem e o porquê da escolha de determinados locais é
essencial para as análises.
19
No que diz respeito à questão fundiária 37% afirmaram ser ocupantes da terra,
22% posseiros, 19% estão na área porque a terra foi deixada pelos pais como herança
ou são áreas comunitárias e não possui documento específico, 7% são proprietários
de sua terra com título definitivo registrado em cartório e 4% afirmaram ter direito de
uso sobre a área (Tabela 4).
Tabela 4 – Situação fundiária dos entrevistados, município de Salinópolis, 2016.
Naturalidade Frequência Percentual (%) Ocupante 10 37
Posseiro 6 22
Herança/área comunitária 5 19
Recibo de compra e venda 3 11
Proprietário (título definitivo) 2 7
Direito de uso (INCRA) 1 4
Total 27 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
No município de Salinópolis, segundo dados do IBGE (2010) existem 62 escolas,
24 pré-escolar, 34 de ensino fundamental e 4 de ensino médio. O número de escolas
existentes no município não representa, porém, um bom nível educacional dos
entrevistados, que foi considerado baixo. Do total de 85 pessoas (incluindo os
familiares dos entrevistados) 7% não são alfabetizados, 5% assinam apenas o nome,
a grande maioria só possui o ensino fundamental incompleto (45%). Apenas 6%
concluíram o ensino médio e somam 2% os que possuem o ensino superior completo
ou incompleto (Tabela 5).
Tabela 5 – Nível de escolaridade, baseado no grau de instrução, da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.
Grau de instrução Frequência Percentual (%) Sem alfabetização 6 7
Alfabetizado (assina o nome) 4 5
Fundamental incompleto 38 45
Fundamental completo 16 19
Ensino médio incompleto 14 16
Ensino médio completo 5 6
Ensino Superior incompleto 1 1
Ensino Superior completo 1 1
Total 85 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
20
Segundo dados do IBGE (2010) o valor do rendimento nominal mediano mensal
per capita dos domicílios particulares permanentes no meio Rural no município de
Salinópolis era de R$ 170,00 (cento e setenta reais) e no meio urbano R$ 293,50
(duzentos e noventa e três reais e cinquenta centavos) tendo como base um salário
mínimo no valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais) vigente em 2010.
Com relação à renda mensal familiar, declarada pelos entrevistados, os valores
médios oscilam entre os que ganham um salário mínimo4 (30%), seguido dos que
dispõe de meia a um salário mínimo (26%), seguido dos que ganham de um a dois
salários mínimos (18%), 15% estão entre os que recebem menos de ½ salário mínimo
e pouco mais de 11% recebem de dois a cinco salários mínimos (Tabela 6).
Tabela 6 – Renda da família dos entrevistados do município de Salinópolis, 2016.
Renda Frequência Percentual (%) Menos de 1/2 Salário Mínimo 4 15
De meio a 1 Salário Mínimo 7 26
Um Salário Mínimo 8 30
Um a dois Salários Mínimos 5 18
Dois a cinco Salários Mínimos 3 11
Total 27 100,00
Fonte: Dados da pesquisa, 2016. Infraestrutura, Saúde e Saneamento
As comunidades são bem diferentes entre si, no que diz respeito ao acesso a
infraestrutura, saúde e saneamento. Destes, 57% possuem casa de alvenaria, 19%
possuem casa de madeira, 15% possuem casas mistas de alvenaria e barro ou
somente de barro e 7% de madeira e alvenaria (Figura 4).
Em Salinópolis a maior parcela dos entrevistados (85%) obtém a água para
consumo através de rede em sistema comunitário simplificado, outros 7% via poço
artesiano, 4% via poço tubular e 4% captação em cacimba, cisterna ou poço simples.
Os entrevistados reclamaram da baixa qualidade da água para consumo. No que diz
respeito ao tratamento para consumo, 30% das residências a água não passa por
nenhum tipo de tratamento para consumo, 22% dizem que a água é clorada, 15% filtra
e 37% informaram que coam a água5.
4 Considerar o valor do salário mínimo de R$ 880,00. 5 Prática comum nas comunidades. Trata-se de uma forma que não trata a água, pois um pedaço de tecido é fixado na torneira o que impede apenas a passagem de impurezas visíveis.
21
A- Comunidade São Bento.
B- Comunidade Enseada.
C- Comunidade Derrubadinho.
D- Comunidade Joacaia.
E- Porto comunidade Derrubada.
F- Comunidade Sto. Antônio Urindeua.
Figura 4 - Aspectos das moradias e das comunidades visitadas no município de Salinópolis, PA. 2016. Fotos: Regina Oliveira e Laís Ferreira.
22
Em 59% dos casos o destino do esgoto se dá em fossa séptica e outros 33% os
casos a destinação é a fossa negra onde os dejetos dos banheiros localizados fora de
casa e que são construídos sobre um buraco caem diretamente no solo, sem nenhum
tratamento. 4% declararam ser céu aberto e 4% não possuem banheiros que segundo
os mesmos ocorrendo o risco de infiltrar-se no solo, atingindo assim a rede
hidrográfica superficial local da área onde há a possibilidade transformar-se em Resex.
Em relação ao lixo, segundo dados do Censo de 2010 do IBGE, no município de
Salinópolis 7.115 residências eram atendidas diretamente por serviço de recolhimento,
outros 128 por caçamba de serviço de limpeza, 1607 dos casos o lixo é queimado (na
propriedade), em 59 residências eram enterrados e 169 residências obtinham outros
destinos.
Nas entrevistas realizadas 11% dos casos, declararam que abrem um buraco
geralmente no quintal, e enterra-se o lixo; a grande maioria, 89% queimavam na
própria unidade familiar; 22% tem serviço de recolhimento pela prefeitura; apenas 4%
são destinados para produção de adubo sem quaisquer técnicas, ou seja, não há
conhecimento do sistema de compostagem. E um número expressivo de 7% joga o
lixo doméstico nos rios, igarapés ou marés próximas as suas casas.
Como consequência, em parte, da falta de saneamento os entrevistados
destacaram algumas doenças e sintomas dos quais são acometidos com certa
frequência, seja no verão ou inverno: diarréia, gripe/febre, vômito, febre, tosse,
malária, virose etc.
Caracterização dos Sistemas de Produção
Nas comunidades visitadas do município de Salinópolis as atividades produtivas
concentram-se em poucas atividades. Atualmente os entrevistados desenvolvem mais
de uma atividade produtiva/econômica, principalmente um revezamento entre a
agricultura e a pesca. Ressalta-se desta forma, que estas são características
marcantes do campesinato brasileiro, já descrito em obras como a de Wagley (1977),
que observava desde o século XIX, um revezamento entre essas atividades, tendo na
farinha de mandioca o principal produto da agricultura que permanece até hoje.
No caso específico de Salinópolis se destacam: a pesca (96%), associado ao
trabalho com a agricultura (67%), 48% são assalariados, pensionistas ou aposentados,
44% trabalham com a “tiração6” de caranguejo, outros 41% também extraem
mexilhões, 37% com a pesca do camarão, 33% recebem algum benefício social como
bolsa família, 22% confeccionam e vendem apetrechos de pesca, 19% fazem a cata
6 Termo utilizado na região do Salgado Paraense para a prática extrativa do caranguejo-uçá (Ver item 3.2 desde relatório).
23
de massa de caranguejo, 11 se consideram curralistas, 7% trabalham com
extrativismo vegetal com venda de frutos como bacuri e cupuaçu, 7% constroem
barcos ou canoas e 4% extraem Ostras, entre outros (Figura 5).
Figura 5- Principais atividades econômicas citadas pelos entrevistados no município de Salinópolis -PA.
Um aspecto importante que deve ser considerado é a divisão do trabalho na
perspectiva de gênero e sua ligação com as atividades citadas. Praticamente todas as
atividades supracitadas são desenvolvidas por homens e mulheres, com exceção da
confecção e venda de apetrechos de pesca e extração de madeira da área do mangue
que, entre nossos entrevistados, apareceu como trabalho de exclusividade masculina
(Quadro 1).
Quadro 1- Divisão sexual do trabalho.
Atividade produtiva Homens Mulheres Ambos Pesca X Agricultura X Tiração de caranguejo X Extração de Mexilhões X Pesca de camarão X Confeccionam e vendem apetrechos de pesca
X
Cata de massa de caranguejo X Curralistas X Extrativismo vegetal X Constroem barcos ou canoas X Extração/criação de ostras X Criação de animais X
Em geral as atividades envolvem 93% de mão de obra familiar com a
participação de em média 1 a 3 pessoas da família. Apenas 7% declaram que
pagaram trabalho de diaristas. No ano de 2015 foram contratados, uma média de 1 a 4
trabalhadores diaristas. As principais atividades diárias e familiares foram atividades
At ividad
No. de citações
24
ligadas à pesca e a agricultura, como: tiração e cata do caranguejo, arrumação e
despesca do curral, trabalho como ostreicultor, marisqueiros, atividades da agricultura
como capina, plantação, "fazeção" de farinha, pesca entre outros.
Porém, mesmo mediante esta diversidade de atividades, 89% nunca acessaram
nenhum crédito. Os 11% que acessaram fizeram, na sua maioria, via empréstimo
pessoal nos bancos e Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf) para subsidiar a produção (entre R$ 1.500,00 a 3.000,00) entre os anos de
2008 a 2010.
Em relação ao acesso à assistência técnica, 93% disseram que não recebiam
assistência de nenhum órgão, seja estadual, federal ou municipal. Apenas 2
entrevistados citaram, que no passado, um grupo recebeu assistência técnica do
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e SEBRAE. Na região 100% dos
moradores entrevistados não possui o Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Quando perguntados sobre outras atividades produtivas não existentes na
localidade e nas proximidades que poderiam ter potencial para serem desenvolvidas
na localidade, alguns entrevistados responderam: fábrica para massa de caranguejo,
turismo, artesanato, cooperativa de produção, criação de ostras, cultivo de açaí,
criação de frango e peixe, cultivo de mexilhão, polpa de frutas, horticultura, apicultura.
Estrutura social e Organização Comunitária
Observou-se que entre os entrevistados das comunidades visitadas no município
de Salinópolis, 67% são associados a algum tipo de organização ou cooperativa e
pelos menos 90% estão ligados principalmente a Colônia de Pescadores (Z-29) e
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) e os demais (10%) na
Associação dos agricultores, pescadores e aquicultores do rio Urindeua (ASAPQ). No
geral fazem parte destas organizações no máximo 2 membros da família, que está em
média há 10 anos em alguma das organizações citadas, sendo que o tempo de
associativismo pode variar entre 2 e 40 anos.
De modo geral, isso vale para as comunidades do nordeste paraense, a relação
dos comunitários com as organizações sociais dos quais fazem parte, apresenta-se
ainda como um caminho de buscar benefícios. Os entrevistados refletem a importância
de estar associado, principalmente, ao STTR e a Colônia de Pescadores, que foram
as organizações onde ocorreu o maior número de participações. Isso se deve a alguns
motivos: a) a participação como sócio do STTR e da Colônia facilita a aposentadoria,
pois através dos mesmos poderão comprovar sua atividade agrícola e de pesca junto
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); e b) a busca por outros benefícios
25
públicos como a licença maternidade pelas mulheres, ou algum benefício em caso de
acidentes de trabalho.
Isso demonstra visivelmente a falta de clareza de suas participações num
Sindicato, dificultando, como se destaca mais à frente, a participação efetiva desses
atores sociais na chamada esfera pública, que deveria ser mais política.
Reconhecendo, com isso, que "as tentativas de organização e autonomização sui
generis são encontradas, com sucesso muito variável. É importante distinguir, no
entanto, as populações que conseguiram organizar-se e articular-se politicamente o
suficiente para que certas reivindicações sejam atendidas ou ainda os grupos que
recebem ajuda pública ou privada (ONGs, Igrejas) nacional ou internacional (são
freqüentemente os mesmos) daqueles que estão ainda por fora desses circuitos, e que
não tem como fugir das redes clientelistas locais (caso de muitos ribeirinhos) (LÉNA,
2002, p.11).
Nas comunidades visitadas, sem exceção, há equipamentos coletivos, com
destaque para: igrejas, praças, escolas. As principais atividades de lazer são
realizadas dentro das próprias comunidades ou no município como: Jogo de futebol,
banho de rio ou praia, aniversário de vizinhos, ir a igreja, assistir TV, jogar dominó e
seresta.
Quando perguntados sobre a existência de festas nas comunidades os mesmos
citaram que as mesmas ocorrem, principalmente, entre os meses de junho e
dezembro. a) festas aos Santos padroeiros (Círio de Nossa Senhora de Nazaré,
Santo Antônio, Festa de São Paulo, Santa Luzia, Nossa senhora do Livramento, São
Sebastião, Nossa Senhora das Dores), b) Festas ligadas aos uso de recursos naturais
(Mariscos, festa do feijão, Festival do Marisco ) e c) Festas para datas comemorativas
como dia das mães, dia dos pais, Natal, Ano Novo, torneio de pesca.
Em relação ao entendimento sobre por política pública, 78% dos entrevistados
não soube responder. Entre os 22% que responderam, estes afirmaram que: “É o que
a comunidade precisa, o prefeito promete, mas não faz; “É o que os políticos fazem”.
Demonstrando dificuldade de conceituação e descrença no que seria política pública.
Dentre os que afirmaram conhecer alguma política pública, 90% dos
entrevistados citaram como exemplo: Bolsa Família, Programa Luz para Todos,
Programa Minha Casa Minha Vida etc.
Finalizando, no que diz respeito a direitos eles compreendem que os mesmo
devem possuir: Direito à saúde; Direito à educação; Saneamento básico; Ir e vir nas
estradas; Acesso ao apoio a financiamento; Direito à liberdade, trabalho e
aposentadoria.
26
O exercício Diagrama de Venn realizado nas oficinas/reuniões foi receptivo na
maioria das comunidades visitadas. Não houve dificuldades para a compreensão e
realização do exercício, que foi participativo. Em algumas comunidades aspectos
ambientais foram inseridos (Figura 6).
É possível perceber semelhanças entre os Diagramas de Venn resultantes de
cada comunidade, sobretudo a proximidade das instituições municipais de saúde e
educação sendo provavelmente efeito da recente campanha eleitoral municipal que
ocorreu e a manutenção dos atuais governantes. No entanto, muito provavelmente por
este campo ter sido realizado após as eleições municipais a presença dessas
secretarias municipais nos Diagramas tenha sido constante. É possível ainda perceber
em quais comunidades as secretarias municipais estão mais presentes e sua ação
local, considerando que a atual gestão municipal se manteve
A presença das igrejas católicas e evangélicas embora em algumas
comunidades tenha papel agregador, em outras apareceram relatos de conflitos entre
os seguidores, caso da comunidade Santo Antonio de Urindeua. No distrito de
Cuiarana a oficina ocorreu no espaço cedido pela igreja e tido pelos moradores como
local para reuniões comunitárias.
Observa-se ainda que em algumas comunidades os ecossistemas e ambientes
foram citados no entendimento de políticas públicas assim como a atividade pesca
exercida pela maioria dos participantes. A presença das universidades (Federais e
Estaduais) e institutos de pesquisa ganha destaque na região visto ser esta uma das
principais áreas estudadas do Salgado Paraense. Destaca-se, todavia apontamentos
diretamente ligados a questões urbanas e turísticas que afetam as comunidades em
geral, como por exemplo, a presença da Polícia Militar, o Conselho Tutelar e a
presença de drogas nas comunidades, além de questões voltadas a serviços como
distribuição de água. Os resultados dos Diagramas foram apresentados e discutidos
em plenária (Quadros 2, 3, 4, 5).
27
A- Oficina em Cuiarana.
B- Oficina em Derrubada.
C- Oficina em Enseada.
D- Aspecto da Oficina em São Bento.
E- Oficina comunidade Derrubadinho.
E- Oficina em São Bento
Figura 6 - Aspectos da elaboração dos Diagramas de Venn nas comunidades visitadas em Salinópolis, PA.Fotos: Yuri Silva, Regina Oliveira, Laís Ferreira e Adna Albuquerque.
28
Comunidades de São Bento, Buçu e Joacaia.
A oficina foi realizada no centro comunitário mantido pela Associação dos
Produtores Rurais de São Bento, reunindo moradores de Buçu e Joacaia, que
segundo eles utilizam a comunidade São Bento como Pólo pela proximidade e
serviços disponíveis (Quadro 2). Em estudo realizado na comunidade de São Bento
pela Embrapa Amazônia Oriental (Cpatu) e publicado em 2011, "Estratégias de
planejamento a partir do diagnóstico rápido participativo e da análise swot: um estudo
na comunidade de São Bento, Salinopólis – PA", que tratou de utilizar ferramentas
participativas, portanto, não foi difícil para os moradores se integrarem à oficina,
sobretudo para a realização do Diagrama de Venn. No artigo supra citado, que traz
uma caracterização da comunidade a descreve como uma agrovila fundada em 1889,
localizada a 12 km da sede do município, com diferentes ecossistemas, sendo
composta principalmente por áreas de mangue, igapó e terra-firme. O estudo destaca
ainda as atividades econômicas praticadas na comunidade como de agricultura
familiar, a pesca e a catação de caranguejo.
Quadro 2 - Diagrama de Venn das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia.
Na elaboração do Diagrama de Venn, que foi construído com todos os presentes
na oficina, observam-se que há círculos respectivos para as comunidades de Buçu e
Joacaia para aspectos específicos como as associações comunitárias. As demais
instituições estão citadas como comuns para comunidades, incluindo suas ações. Para
os moradores as instituições que atuam ou atuaram nas comunidades foram
classificadas como de média importância. Isto de deve, segundo explicação dos
29
moradores, a "situações que não são resolvidas aqui na comunidade"; outro afirmou
que "aqui tem conflito por terras, sim, por que aqui nem todo mundo tem seu título
definitivo da área da terra". Os conflitos fundiários devem-se a heranças e áreas
patrimoniais doadas pela Prefeitura municipal, sobretudo para determinação de áreas
cultiváveis.
As instituições de pesquisa e educação segundo os participantes estão distantes
das comunidades, pois "chegam e fazem o trabalho e não retornam, as vezes deixam
livros". As cooperativas como a Cooperativa de Agroindústria de Salinópolis
(COOPAS) que foi considerada de pequena importância, pois segundo o grupo "a
gente não sabe direito o que vai ser"; no debate, segundo algumas lideranças ainda
está em fase de planejamento a instalação dessa agroindústria na comunidade e que
há previsão de que seja voltada á produção de carne de caranguejo. As Associações
das comunidades, exceto da associação da comunidade de São Bento estão
apresentadas como distantes das comunidades pela ausência de ações e melhorias .
Ressalta-se que a oficina foi apoiada por representante da Associação que viu, neste
momento, uma oportunidade para estimular a recuperação da organização
comunitária, chamando a atenção para divisão entre os moradores.
.
30
Comunidade Derrubada
Composta por praticamente uma única família e seus descendentes a
comunidade surgiu, segundo um de seus moradores mais antigo, por volta da década
de 1940, ocasião em que o governador Magalhães Barata construía estradas na
região de Salinópolis.
O exercício do Diagrama de Venn foi realizado com a participação de todos os
presentes na oficina e os participantes consideraram as instituições apontadas como
de média importância (Quadro 3).
Quadro 3 - Diagrama de Venn da comunidade Derrubada, município de Salinópolis -PA.
Ao apresentarem o Diagrama à plenária, o grupo destacou a ausência da
Secretaria Municipal de Agricultura da comunidade, sobretudo, no que se refere às
questões fundiárias, a comunidade possui como patrimônio comunitário um terreno
com cerca de 3.500ha e a distribuição de mudas e sementes de mandioca. Segundo
os moradores a terra é do estado e eles possuem concessão para seu uso, podendo
cultivar até 2 ha.
Nesta comunidade aspectos ambientais ganharam destaque como o Rio e
mangue. Embora se denominem colonos (produtores agrícolas) O Porto foi
considerado de média importância e próximo a comunidade "porque foi resultado de
luta a sua construção, nós fizemos pressão na prefeitura de Maracanã, por que todo
mundo passa por aqui". Referindo-se a proximidade da comunidade com o município
de Maracanã e a linha de barco e ônibus que levam os passageiros de Maracanã a
31
Salinópolis. Tanto que inseriram a Resex Maracanã, que, segundo o grupo, mesmo
distante da comunidade afeta suas atividades produtivas como a pesca devido à
delimitação territorial. A extração de caranguejo ocorre apenas para consumo.
Ressalta-se que a grande maioria dos moradores acredita pertencer ao município de
Maracanã, visto que a escola é mantida por este município.
Destacaram ainda que a comunidade "fica no meio do caminho para o acesso a
Penha, é de lá que recebemos o Agente de Saúde, por isso ela não tá tão perto da
comunidade".
Comunidade Enseada
A oficina foi realizada a noite no salão paroquial e contou com a participação de
lideranças e moradores. O grupo que realizou o exercício do Diagrama de Venn
apontou aspectos sociais e ambientais como importantes para a comunidade (Quadro
4).
Quadro 4 - Diagrama de Venn da comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA.
O grupo ao apresentar o Diagrama apontou como importante para a comunidade, a
necessidade de estradas. Tanto para o escoamento de produtos, como para o acesso
a sede municipal e outras comunidades. A maior parte das instituições e políticas foi
considerada de grande importância. No entanto, os Programas federais como o Bolsa
Família e o Luz para Todos foram identificados como próximos a comunidade.
Embora o grupo tenha considerado que a Associação de Moradores da Vila da
Enseada (AMAVE) esteja próxima à comunidade, esta foi classificada como de média
importância, pois "ainda não é tão forte, mas tá dentro da comunidade"; assim como o
STTR que é atuante nesta comunidade. No aspecto político municipal a prefeitura e os
32
vereadores estão distantes da comunidade assim como a Colônia de Pescadores.
Afirmaram que a Sema não atende a comunidade que atualmente tem problemas com
lixo nas cabeceiras do rio Urindeua, que segundo alguns participantes "o rio está
morrendo, secando". Informaram que denunciaram junto a Prefeitura a retirada de
pedras da cabeceira do rio. Para eles o Programa Luz para Todos é de grande
importância, pois todos se beneficiam
Comunidade Santo Antonio do Urindeua
Localizada nas margens do rio Urindeua esta comunidade possui mais de 200 famílias. Com estrutura de
equipamentos sociais como escolas, praças, porto e algumas ruas asfaltadas. A oficina ocorreu no barracão
comunitário e a ideia de criação de uma Reserva Extrativista é tema debatido na comunidade (quadro 5). Além disso,
recebem constantes visitas de universidades e institutos, pois mantêm uma produção de ostras e dispõem de uma infra
estrutura para abrigar estudantes, o que segundo o grupo mantém estas instituições próximas a comunidade.
Quadro 5 - Diagrama de Venn da comunidade Santo Antonio de Urindeua, município de Salinópolis - PA.
O grupo que elaborou o Diagrama não considerou nenhuma instituição ou
política como de pequena importância. Ao apresentar o Diagrama o grupo destacou
como interesse da comunidade as políticas do governo federal, que segundo eles
"estão sempre presentes na comunidade". Destacaram ainda que a Prefeitura é de
grande importância mas "é ausente, porém, ninguém tem coragem de falar porque o
prefeito é amigo de muitos comunitários". Todos disseram que a prefeitura era
presente depois alguns relataram a realidade e todos concordaram com a distancia
dada a este órgão público. Para o grupo tanto a Sema quanto o Ibama "são
ausentes,muito ausentes, nunca apareceram aqui na comunidade"; O STTR e
33
Secretaria de Agricultura ficaram no meio termo pois "alguns disseram que não estão
presentes, outros informaram que estão presentes, então achamos por bem deixar no
meio do quadro"
O destaque foi dado a Associação dos Agricultores, Pescadores e Aquicultores
de Santo Antonio do Urindeua (Asapaq) que segundo o grupo "está muito presente na
comunidade com o projeto da criação de ostras". Para eles outras instituições como a
Emater também aparece apenas "só por causa da criação de ostras, no restante de
projetos está ausente". A Polícia Militar está distante e segundo os moradores está
ausente da comunidade, não atendendo a questões de segurança ao afirmaram "aqui
a polícia nunca aparece". Concluíram afirmando que a "a Secretaria de Saúde é mais
ou menos presentes, tem um posto de saúde meio próximo à comunidade.
Comunidades Santa Rosa e Macapazinho
As lideranças sugeriram fazer uma única oficina para essas duas comunidades
sendo a mesma realizada na comunidade de Santa Rosa, que possui cerca de 50
famílias.
A oficina aconteceu no barracão comunitário. O grupo que elaborou o Diagrama
afirmou que inseriu o recurso água por que "colocam muito cloro na água e prejudica o
estomago das pessoas". A escola, pois "queremos que consigam um transporte
melhor, esse é pequeno para levar os alunos" (quadro 6). Afirmaram que para eles os
vereadores são de pouca importância por que "aqui os vereadores nunca fizeram nada
pelas comunidades". Para eles a Prefeitura é "mais ou menos distante da
comunidade"; segundo o grupo que apresentou o Diagrama o que funciona aqui na
comunidade é a Secretaria de Agricultura e a Sebrae que trouxe o curso de cultivo de
mandioca". Afirmaram que quanto a saúde as comunidades passam dificuldades pois
tanto o Posto de saúde quanto o médico só estão presentes uma vez por semana o
que prejudica alguns moradores mais necessitados. Apontaram ainda dificuldades
quanto a segurança "a polícia nunca vem, a insegurança é grande que a maior parte
das casas estão gradeadas já". Informaram que há presença do Senar "estamos com
vários cursos de artesanato". Para eles há dificuldades com o meio ambiente pois "
aqui nunca apareceu nem Ibama nem Sema, que nunca foi presente, nem sabem
quem é a secretária".
Quadro 6 - Diagrama de Venn das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis - PA.
34
No entanto, observa-se que as políticas federais como o Programa Luz para
Todos e o Bolsa Família foram inseridos próximos as comunidades. Ao citarem como
de grande importância o Lazer, destacaram as festas, os jogos e os banhos.
Comunidades de Derrubadinho, Paulina e Galdina
Estas comunidades estão localizadas próximas a foz do rio Urindeua e são
consideradas balneárias tanto por moradores de Salinópolis quanto de Belém (ver item
3.5, deste relatório). Em Galdina está o principal exemplo. Existem somente 4
moradores fixos e as demais residências ficam fechadas grande parte do ano, tendo
maior frequencia durante o período de verão (julho) e final de ano. Derrubadinho
possui 117 famílias fixas e não souberam informar quantas residências pertencem aos
de fora. Segundo um dos Agentes de Saúde "os veranistas gostam de ficar nas casas
dos moradores, às vezes são parentes às vezes não". Em Paulina ocorre o mesmo por
serem comunidades muito próximas. É em Derrubadinho que estão às estruturas e os
equipamentos sociais como escola, posto de saúde, porto e estradas asfaltadas.
A oficina aconteceu no barracão comunitário e o grupo que elaborou Diagrama
de Venn destacou principalmente a ausência da Secretaria de Turismo, visto que "aqui
vem muita gente de fora, e o secretário só atua em Salinópolis" (quadro 7)
Quadro 7- Diagrama de Venn das comunidades Derrubadinho, Paulina e Galdina, município de Salinópolis-PA.
35
O grupo destacou ainda sua principal atividade produtiva: a pesca. Nessa região
a pesca é realizada por meio da arte dos currais. Com a maré baixa formam-se
imensos areais que se estendem até as proximidades da sede municipal e suas
praias. É nesse espaço que os moradores constroem seus currais. Ao apresentarem o
Diagrama o grupo ressaltou os conflitos com a pesca e segundo eles "a ausência da
Z-29 (Colônia dos Pescadores), que não faz nada em relação aos barcos de pesca
que colocam muita rede apoitada" é o principal. Destacaram ainda a ausência da
Sema que "é totalmente ausente mesmo com muitas ligações e reclamações dos
comunitários, ninguém da Sema aparece" referindo-se aos conflitos e problemas
ambientais. Para eles os "os vereadores não fazem projetos para as comunidades e
nem aparecem na comunidade", e, portanto foram categorizados como de pouca
importância e distantes da comunidade; apontaram que a Secretaria de Educação
"está próxima por causas dos ônibus escolares" que agora atendem as comunidades.
Para eles a categorização da Emater como uma instituição de grande importância se
faz devido à presença de técnico na cidade. No entanto, está distante das
comunidades por que "precisa trazer mais projetos". Novamente as instituições de
ensino são citadas e inseridas no Diagrama, embora consideradas de grande
importância e estejam distantes das comunidades. Por fim citaram a Secretaria de
Saúde (Sesma) o que provocou debates na plenária pois embora ausente, sem
serviços médicos alguns afirmaram que está presente na comunidade porque tem um
posto de saúde.
Comunidades de Cuiarana, Arapepó e Itapeua
36
Todas às comunidades foram visitadas e a proposta foi de fazer a oficina na
comunidade de Cuiarana no centro paroquial, por estar disponível e de fácil acesso. A
convocação para a oficina teve o apoio do delegado da Colônia de Pescadores que
atua nessa área. Utilizou-se ainda um carro de som, visto que os pescadores e
extrativistas vivem na periferia do Distrito. A oficina ocorreu à tarde e estiveram
presentes moradores das três comunidades. O grupo que elaborou o Diagrama de
Venn ao apresentá-lo a plenária destacou os conflitos da pesca e sociais, como o uso
de drogas pelos pescadores, tanto classificados como de grande importância como
próximo as comunidades. Também chamaram a atenção para os problemas vividos
com a proximidade do lixão municipal de suas comunidades (quadro 8).
Quadro 8 - Diagrama de Venn das comunidades Cuiarana, Arapepó e Itapeua, município de Salinópolis - PA.
37
O distrito de Cuiarana com cerca de mais de 250 famílias se caracteriza por ser
uma região de veranistas, aposentados de cidades próximas do Pará e por visitantes
de outros estados (GUERRA E SANTOS, 2016). Com isso recebeu aporte político
para sua estruturação e urbanização, que incluem porto, resorts, hotéis, praças e vias
pavimentadas. As comunidades de Itapeua (com cerca de 50 famílias) e Arapepó (com
aproximadamente 40 famílias) vivem nas proximidades de Cuiarana e tem muitas de
suas atividades realizadas neste Distrito. Entre elas serviços a prestação de serviços
para os veranistas. Ao apresentarem o Diagrama apontaram que um dos problemas
atuais está na falta de água nas residências, e com a saúde. Segundo eles "o hospital
24horas é de grande importância, mas não atende a comunidade pela falta de
médicos e transporte", alegaram ainda que foi resultado de promessa política.
Dentre as questões debatidas na apresentação do Diagrama foram os conflitos
entre os pescadores locais com o uso de redes de poita e de arrasto, que segundo
eles "ficou dentro da comunidade porque é gente daqui que faz isso". Afirmaram que
estas são utilizadas "na foz dos rios e prejudica a população". Informaram ainda que
na região ocorre a pesca esportiva e "muitos empresários vem para pescar ".
Outra questão que gerou debates foi a existência do "lixão" nas proximidades da
comunidade de Arapepó. Os representantes desta comunidade e pertencentes a
Associação Agroecológica de Produtores Rurais de Arapepó (AAPRAS) "afirmaram
que muitas doenças estão acometendo os moradores, e que com apoio de ONGs
locais estão solicitando providencias a Prefeitura". Informaram ainda que foram
procurados pela Empresa Natura para fazer acordo com coletas de sementes na
região, sem no entanto , especificarem o período e as normas do acordo.
A prefeitura e os vereadores estão distantes das comunidades e "com isso há
muito abandono principalmente para o asfalto das ruas dos bairros". Afirmaram que o
Ibama é importante "porque cuida do meio ambiente, mas aqui nunca parece".
38
3.2 - Identificação do uso e manejo dos recursos na turais pela população tradicional envolvida na proposta e levantamento do s dados etnobiológicos.
A importância de se compreender os modos de uso e manejo dos recursos
naturais pelas populações locais permite ainda identificar suas categorizações tanto
ambientais quanto sociais. Possibilita também identificar a percepção dessas
populações sobre a dinâmica que envolve o manejo de recursos em seus
ecossistemas o que segundo Alves et al (2008) são extremamente relevantes para
definição de estratégias conservacionistas.
Os estudos com comunidades e ambiente realizado por Pandey et al, (1998) e
Begossi (1993) levam em conta a abordagem etnobiológica que é uma ciência
interdisciplinar derivada da antropologia cognitiva e de áreas das ciências biológicas,
como a ecologia e componentes inter-relacionados e interdependentes: as situações
práticas de vida da comunidade estudada, atentando para a cultura e tradição locais e
a utilização sustentável dos recursos naturais locais. Além disso, os estudos
etnobiológicos possibilitam a incorporação de critérios de etnomanejo (Diegues1995)
na determinação das políticas públicas do território marinho.
Os moradores entrevistados das comunidades visitadas no município de
Salinópolis reconhecem uma série de paisagens, animais e plantas que ocorrem na
região e em alguns casos, estes recursos biológicos têm valor utilitário e/ou cultural.
Uso da fauna
Os entrevistados citaram 276 animais (201 vertebrados e 20 invertebrados) que
ocorrem na área. Os animas citados pertencem a 8 categorias taxonômicas distintas.
As categorias com maior número de espécies citadas foram: aves, peixes, mamíferos,
e anfíbios (Figura 7).
Segundo a compilação realizada por Fernandes (2000) as aves representam
38% da fauna de vertebrados associados às florestas de mangue ao redor do mundo.
Dentre as espécies de aves mais citadas estão às garças (34), sobretudo as do
gênero Ardea; seguida dos guarás (29) Eudocimus ruber; os papagaios (26)
Psittacidae ; os gaviões (22) como o gavião-caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis)
e os juritis (21) Leptotila sp.
Alguns dos animais citados têm uso alimentar pelos moradores das
comunidades visitadas. Além dos animais de criação como as galinhas, patos, perus e
gado, outros representantes da fauna nativa englobam essa categoria de uso. Dessa
forma muito da alimentação utilizada pelos moradores das comunidades visitadas são
obtidos da fauna nativa obtida com pesca e a caça.
39
Figura 7- Número de espécies animais por categoria taxonômica citadas pelos moradores das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA.
Dentre os peixes, os mais citados foram: a pescada branca (30) Cynoscion
microlepidotus; os bagres (25) da familia Ariidae e a pescada amarela (20) Cynoscion
acoupa. Em geral são os mamíferos de médio e pequeno porte que figuram entre os
mais citados como a paca (25) Cuniculus paca; seguida das cutias (22) Dasyprocta
aguti; e das capivaras (20) Hydrochoerus hydrochaeris.
O uso alimentar de animais engloba, além da pesca, a fauna terrestre nativa,
obtida com a caça e com animais de criação doméstica como galinhas, porcos, patos
e outras aves. Constatou-se a existência de uma conexão utilitária da fauna na região,
sendo uso alimentar o mais representativo, uma vez que 87,8% das espécies de
peixes citadas, 18% das espécies de mamíferos, além de répteis e aves foram
associadas a esse tipo de uso. Dentre as espécies nativas, a mais citada foram os
pertencentes à família Dasypodidae (tatus, 47) com diferentes variedades (peba,
pretinho, branco e rabo de couro).
Chama atenção as inúmeras citações dos entrevistados que se referem à
ocorrência e etnodiversidade de felideos para esta região. Alguns entrevistados
afirmaram que "aqui tem muito", referindo-se a facilidade de se avistar os felinos nas
matas locais. Foram citados 24 felinos, com destaque para os gatos do mato (7)
(Leopardus tigrinus); ou gato maracajá (6)(Leopardus wiedii). Também foram citados
os gato maracajá preto (6) ; gato maracajá vermelho(1); gato maracajá pintado (1);
além dos gato açú (1), que se refere ao gato maracajá açu e simplesmente gato (2).
Na classificação taxonômica não há ocorrência de gato maracajá preto ou vermelho, o
que sugere ser jaguatirica (Leopardus pardalis) visto que segundo o Estudo técnico
para criação de unidade de conservação na categoria RDS “campo das mangabas” no
município de Maracanã/PA produzido pela Sema (2013) há ocorrência dessa espécie
0 20 40 60 80 100
aves
peixes
mamiferos
anfibios
repteis
insetos
crustaceos
moluscos
Nº de espécies citadas
Ca
teg
ori
as
Ta
xo
nô
mic
as
40
na região de Maracanã. No entanto, sem confirmação da distribuição para demais
áreas do Salgado Paraense. Em levantamento de dados secundários não foram
encontrados estudos específicos para esta família de mamíferos no Salgado Paraense
ou em Salinópolis. Ambos constam na Lista das Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção (ICMBio, 2014), na categoria em perigo (EN).
No que se refere à conservação da fauna, 60,7% dos entrevistados afirmaram
que muitos animais que antes havia na região estão desaparecendo e os motivos para
isso foram: "Por que abriram mais a mata, já que cresceu a quantidade de moradores"
; "por causa da caça e do desmatamento"; ou ainda " devido a queimação do roçado e
da caça". Entre os animais mais caçados estão a paca (Cuniculus paca), o veado
(Família Cervidae) e o tatu pretinho (Dasypus). para 65% dos entrevistados não há na
região animais "trazidos de fora", os que afirmaram haver citaram a capivara
(Hydrochoerus hydrochaeris) que "atravessou para a região" e o tatu peba
(Euphractus sexcinctus), que segundo o entrevistado "apareceu".
Dentre os peixes 100% afirmaram conhecer espécies que já estão
desaparecendo da região, entre elas o cação milho verde (Carcharhinidae ); o mero
(Epinephelus itajara,Lichtenstein, 1822) e o espadarte (Xiphias gladius) e para cerca de 68% os
motivos para o desaparecimento dessas espécies deve-se ao consumo e uso de redes, ou ainda ao uso de redes de
arrastão e de redes de poita.
A caça é realizada de forma esporádica e 35,7%(N=10) afirmaram praticar a
atividade. As principais estratégias utilizadas são a moitá (que compreende utilizar
uma espécie de andaime ou apoio para rede amarrado no alto das árvores e comedias
para atrair a caça) e a comedia (que implica em colocar alimentos ao longo de trilhas
para atrair os animais). A atividade é praticada a noite por que: "encontra caça de
melhor qualidade"; "é a hora que os bichos saem pra comer"; "pra pegar pacas só a
noite". Os animais preferidos pelos caçadores são a cutia (Dasyprocta sp), a paca e
tatu, citaram ainda porco do mato (Tayassuiade), veado e capivaras. . Declararam
ainda, que "vem gente de fora caçar aqui na região", mas não souberam informar os
locais. A caça é comercializada na comunidade e podem ser vendidas inteiras ou por
Kg. Os preços citados pelos entrevistados que caçam ou que compram caça varia de
acordo com as espécies. Uma paca inteira pode custar até R$150,00 e os tatus se
grande saem por R$50,00 e os pequenos por R$20,00. Quando comercializadas por
kg a carne tanto de tatu quanto de paca chega a R$15,00.
Há ainda a captura e comercialização de aves, entre elas o curió "Oryzoborus
Angolensis" e os papagaios (Psittacidae). As aves são comercializadas como "pet".
Para os curiós os preços diferenciam como explicados na fala "curió se for pra enfeite
100,00 e cantador R$200,00". Os papagaios valem entre R$40,00 a R$60,00, e sua
captura e comercialização tem gerado conflitos, pois segundo alguns moradores
41
"pegam muitos, caixas e caixas de filhotes, vendem por 60 reais, está acabando o
papagaio".
A pesca na região
A pesca na região amazônica se destaca principalmente pela diversidade de
espécies exploradas, pela quantidade de pescado capturado e pela dependência da
população tradicional a esta atividade(Barthem e Fabré,2004). No estado do Pará, a
pesca artesanal assume grande dimensão socioeconômica sendo desenvolvida em
praticamente todos os municípios do estado e gera uma quantidade de espécies
capturadas bastante diversificada. (IBAMA, 1999).
Segundo Diegues (1973) os pescadores artesanais são aqueles que, na captura
e desembarque de toda classe de espécies aquáticas, trabalham sozinhos e/ou
utilizam mão-de-obra familiar ou não assalariada, explorando ambientes ecológicos
localizados próximos à costa, pois em geral a embarcação e aparelhagem utilizadas
para tal fim possuem pouca autonomia.
Os procedimentos realizados na pesca artesanal auxiliam o pescador a
encontrar cardumes e as operações de captura mostram a variedade de apetrechos e
estratégias de pesca. Ao mesmo tempo, fatores ambientais e mercadológicos
propiciam oferta e demanda para uma elevada diversidade de espécies. A importância
da pesca artesanal não está alinhada somente à produção de alimentos, envolve
diferentes tipos de usuários dos recursos pesqueiros, com diferentes estratégias de
pesca e diferentes co3mportamentos frente aos recursos e ao ambiente (Freitas &
Rivas, 2006).
A pesca na região de Salinópolis é caracterizada como pesca artesanal
comercial e de subsistência, e assume papel fundamental na contribuição da
segurança alimentar para as famílias que vivem da pesca e representa fonte vital de
alimentos e renda para os pescadores artesanais.
Os principais produtos das capturas são peixes seguidos dos crustáceos e
moluscos. Os pontos de pesca (localmente denominados de pesqueiros) se localizam
próximo à costa e os pescadores se deslocam até eles utilizando embarcações
motorizadas e não motorizadas (vela ou remo). As pescarias realizadas nas
comunidades são voltadas para os rios e estuário próximos à comunidade.
De acordo com pescadores entrevistados, a pesca é normalmente realizada
entre membros da mesma família, amigos ou parceiros de trabalho na comunidade,
sendo uma atividade predominantemente masculina. Os pescadores normalmente
aprenderam a pescar com parentes e vizinhos desde a infância, alguns escolheram
ser pescadores mesmo fazendo parte de uma família de agricultores. Os pescadores
42
do município de Salinópolis possuem profundo conhecimento tradicional sobre o
pescado e a interação ecológica sobre este e o meio ambiente. Conhecem as formas
de capturada de pescado e épocas de captura de cada recurso pesqueiro, bem como
sua biologia e ecologia. Este conhecimento tradicional é importante fonte de
informações e pode ser utilizado para gerar dados para pesquisa científica e
implementação de futuras políticas públicas voltadas para o manejo da pesca.
Segundo informações dos pescadores entrevistados, nos últimos anos a
quantidade do pescado tem diminuído, o motivo principal seria a pesca predatória,
principalmente a pesca de rede apoitada. Outro motivo citado é o assoreamento dos
corpos d’água, como rios e igarapés, que são ambientes propícios à alimentação e
reprodução de algumas espécies de peixes como a tainha (Mugil curema) e os bagres
(Arius sp). Outros motivos da diminuição da quantidade de pescado seria a quantidade
de peixes que se estraga nos currais de enfia na época da safra. .Citaram ainda as
pescarias realizadas por embarcações vinda de outros municípios, conhecidas como
“barcos de fora”, barcos de pescaria industrial, que fazem pescarias de arrastão, e que
segundo os entrevistados, esses barcos descartam e estragam toneladas de peixes
juvenis sem valor comercial.
De acordo com Isaac (2006) ao longo do tempo houve um decréscimo
significativo do nível de captura do pescado e uma intensificação da exploração dos
principais estoques pesqueiros na região do salgado paraense. De acordo com
Ramalho & Brasil(2016) no decorrer do ano cada recurso tem seu período de safra, os
ciclos dos pescados ou recursos pesqueiros aparecem e desaparecem por meio de
questões naturais ou devido às intervenções humanas no ambiente. Os pescados
dependem de ciclos ecológicos favoráveis, se isso não acontecer, as pescarias são
afetadas negativamente, como na fala:
"Primeiro acabaram com a tainha curimã, depois acabaram com o espadarte, agora está acabando o bandeirado,a uritinga, gurijuba,peixe-pedra e a gó (Sapatinho, Salinópolis).
Segundo relatos dos pescadores, com a diminuição da quantidade do pescado,
estes foram extraindo outros recursos pesqueiros com maior frequência, diversificando
seus produtos de subsistência e comércio. Estes recursos são o mexilhão (Mytella sp);
o turu (Teredo sp); a ostra (Crassostrea sp); o camarão branco (Litopeneaeus schmitti)
e o caranguejo-uça (Ucides cordatus), o quais têm assumido um papel importante para
a manutenção da população local.
Frota pesqueira
43
A frota de barcos pesqueiros, segundo os entrevistados, em Salinópolis é
composta na sua maioria por barcos de pequeno porte, de madeira com capacidade
de carga variando entre 300 kg a 2 (duas) toneladas, com comprimento médio de 5
(cinco) a 8 (oito) metros . A maior parte das embarcações é do tipo canoa motorizada.
As anoas são utilizadas principalmente nos rios. Na sede do município, encontram-se
barcos de pesca (conhecidos pelos pescadores como “barcos grandes”) que são
utilizados em alto mar. Estes barcos possuem maior capacidade de carga podendo
chegar a 12 toneladas (Figura 8). No porto de desembarque e comercialização do
pescado em Salinópolis, desembarcam barcos pescadores de outros municípios
próximos como Bragança e São João de Pirabas, outros barcos vêm também de São
Luis do Maranhão para pescar nos pesqueiros próximos à Salinópolis.
Artes de Pesca
Os métodos de pesca artesanal variam de acordo com a sazonalidade e
disponibilidade das espécies, pois existe a necessidade da atividade ser desenvolvida
ao longo do ano todo. As artes de pesca citadas foram: rede malhadeira, linha e anzol,
espinhel, anzol de pacamum, visga, curral, tarrafa, puçá e munzuá. A rede malhadeira
é a mais utilizada nas pescarias com diferentes tamanhos de malhas e formas de
utilização. As capturas com rede são as mais diversificadas, essa diversidade de
redes, como os outros apetrechos de pesca dependem do local de pesca e da espécie
alvo.
Principais pescarias citadas
Malhadeira
A malhadeira pode ser utilizada por uma única pessoa ou várias pessoas e
permite que o pescador desenvolva outras atividades enquanto a rede permanece na
água. Explora uma grande diversidade de espécies de diferentes tamanhos de peixes.
Pode ser utilizada como rede de arrasto e rede de espera. De acordo com os
pescadores entrevistados, as pescarias com rede possuem as seguintes categorias:
Caiqueira ou sajubeira, serreira, rede de tapagem de igarapé, rabiola, zangaria e rede
apoitada (Figura 9).
As redes são confeccionadas em plástico (nylon), com os tamanhos da malha
variados de acordo com a espécie alvo. Nas pescarias realizadas nas comunidades as
redes possuem normalmente tamanho em torno de 100 a 200 m e as pescariam
podem durar o tempo entre marés (seis horas).
44
A B
C D
E F
Figura 8 - Embarcações utilizadas na pesca artesanal pelas comunidades visitadas (A ,B, C e D), e embarcações conhecidas como “barcos grandes” utilizadas para a pesca artesanal comercial em alto-mar, em Porto Grande, sede de Salinópolis-PA (E e F). Fotos: Adna Albuquerque.
45
A B
C D
E F
Figura 9- Malhadeiras utilizadas pelos pescadores artesanais. A- rede malhadeira sendo utilizada como rede de espera; B- rede sajubeira ou caiqueira; C- rede serreira; D e E- Redes malhadeiras utilizadas em pescarias de Zangaria e rede apoitada; F- Pescadores consertando suas redes na praça em Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque, Regina Oliveira e Lais Ferreira. Fonte: Gregório et al, 2014 ( esquema rede).
Para a pesca comercial realizada pelos ”barcos grande" da sede de Salinópolis,
as redes podem chegar 3.000 m de comprimento e a pescaria durar o tempo de uma
semana. A rede pode ser colocada sempre na maré baixa atravessando os rios e
igarapés ou em alto mar, ficando submersa no período entre marés. As principais
espécies alvo são: bagre, uricica, peixe-pedra, pratiqueira(Mugil curema) caíca (Mugil
sp), pescada amarela (Cynosciona coupa),e pescada-gó(Macrodonan cylodon).
46
Rede apoitada
Considerada uma pesca predatória, é utilizada nos canais dos rios fechando a
“passagem” dos peixes. Dessa forma captura qualquer espécie ou quantidades de
pescado. Segundo os entrevistados, a rede é fixada durante a maré vazante
atravessando o rio, furos ou igarapés, de margem a margem, sendo a parte inferior
presa ao substrato por pesos ou poitas, os pecadores utilizam pedras. A parte superior
da rede é elevada por bóias na superfície e assim a rede é mantida estendida sob a
água. A duração da pescaria é o período de uma maré (Figura 10). A rede é retirada
antes da maré cheia tendo a pescaria a duração de mais ou menos 5 horas. Nas
comunidades de Salinópolis, as pescarias são realizadas 4 vezes por mês sempre na
lua nova.
Em Salinópolis, as redes utilizadas para o apoitamento são de malha tamanho
20 e 25 mm e 30 mm, os pescadores afirmam que apoitamento de rede ocorre tanto
nos pesqueiros por pescadores das comunidades quanto pelos barcos de fora.
Segundo os entrevistados, a pescaria de “batição” está realizada juntamente
com a pescaria de rede apoitada pelos pescadores das comunidades, a pescaria de
batição é considerada também uma pescaria predatória, como expressa na fala:
“Este horror de rede espanta o peixe, é uma questão de sobrevivência pra nós pescadores pobres”. Maria José (Comunidade de Santo Antônio de Urindeua )
Consiste em afugentar os peixes de um rio ou igarapé em direção à rede por
meio de batição de varas na superfícies da água, onde normalmente, homens
submersos ou em canoas, se aproximam da rede fazendo a 'batição". Nesse momento
batem varas compridas na água, em geral confeccionadas de bambu, madeira ou
ferro, para espantar os peixes para a rede. Esta batição afugenta todos os tipos de
peixes e tamanhos até a rede, causando grande estrago, sobretudo entre os peixes
juvenis que não são aproveitados para o consumo.
Em Salinópolis, a pescaria de batição também é realizada com o uso de uma
corda com uma pedra na ponta, a pescaria consiste em jogar a corda e com isso a
pedra bate na água afugentando os peixes. As principais espécies alvo da rede
apoitada são: bagre, uricica (Cathorops sp), tainha (Mugil sp), pratiqueira(Mugil sp),
sajuba (Mugil sp) e a pescada-gó (Macrodonan cylodon) e peixe pedra (Genyatremus
luteus).
Figura 10- Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no município de Salinópolis-PA. Fonte: Rosa (2007).
Tarrafa
As tarrafas são redes malhadeiras circulares
torno de toda a circunferência da
que a mesma se abra o máximo possível antes de cair na água. Ao entrar em contato
com a água, a rede afunda imediatamente.
tanto para pescaria de camarão quanto de peixes nos rios e estuário. Medem
de três a cinco metros de diâmetro e o tamanho da malha pode variar de 18 a 60 mm.
Existem três tipos de tarrafas, segundo os pescadores locais: a isqueira (p
captura de iscas), a pesqueira
camarão). A tarrafa camaroeira
pesqueiras variam o tamanho da malha entre 20 e 60
alvo (Figura 11).
Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no PA. Fonte: Rosa (2007).
As tarrafas são redes malhadeiras circulares pequenos pesos distribuídos em
torno de toda a circunferência da malha. É arremessada com as mãos, de tal maneira
que a mesma se abra o máximo possível antes de cair na água. Ao entrar em contato
com a água, a rede afunda imediatamente.Em Salinópolis, as tarrafas
tanto para pescaria de camarão quanto de peixes nos rios e estuário. Medem
de três a cinco metros de diâmetro e o tamanho da malha pode variar de 18 a 60 mm.
Existem três tipos de tarrafas, segundo os pescadores locais: a isqueira (p
captura de iscas), a pesqueira (para a pesca) e a tarrafa camaroeira (para captura de
A tarrafa camaroeira possuí malhas de 18 mm, as tarrafas isqueiras e
pesqueiras variam o tamanho da malha entre 20 e 60 mm dependendo da espécie
47
Desenho esquemático da pescaria com rede apoitada utilizada no
pequenos pesos distribuídos em
com as mãos, de tal maneira
que a mesma se abra o máximo possível antes de cair na água. Ao entrar em contato
Em Salinópolis, as tarrafas são utilizadas
tanto para pescaria de camarão quanto de peixes nos rios e estuário. Medem e torno
de três a cinco metros de diâmetro e o tamanho da malha pode variar de 18 a 60 mm.
Existem três tipos de tarrafas, segundo os pescadores locais: a isqueira (para
(para captura de
malhas de 18 mm, as tarrafas isqueiras e
mm dependendo da espécie
48
Figura11 – Aspecto da escaria de tarrafa pesqueira no rio São Paulo na comunidade de Galvina no município de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque.
Curral
O curral é uma armadilha fixa que independentemente do tipo é composto por
duas fileiras de varas formando o que localmente é chamado de “espia” que serve
para "guiar" o deslocamento dos peixes na água. Os peixes são direcionados para um
segundo compartimento do curral, que de acordo com o tipo de curral ganha formatos
distintos. É neste cercado mais largo, denominado de sala, que o pescado adentra
durante a enchente e passa para um reservatório denominado de chiqueiro, que está
recoberto por tecidos de redes, de onde o peixe fica capturado. Em Salinópolis, usa-se
o curral "de beira" e o "curral de enfia" ou "enfiador", sendo o curral de enfia o mais
utilizado (figura 12). Segundo os pescadores "o curral enfiador é melhor porque não
atola no mangue, podemos pescar na praia"(Lário de Assis- Santo Antônio de
Urindeua).
O curral de enfia é instalado nas margens dos rios, igarapés ou praias com suas
enfias abertas para a direção do mar, como por exemplo, onde deságua o rio ou
igarapé para que a corrente de água direcione o peixe para o chiqueiro do curral. Nas
comunidades visitadas os currais são confeccionados normalmente de madeira
retirada da capoeira, utilizam principalmente a madeira do bacuri (Platonia insignis) e
do ingá (inga sp). A despesca é na vazante e podem ocorrer duas vezes ao dia.
Podem capturar de 200 a 1000 kg de peixe por dia no período da safra de verão. No
inverno são capturados de três a 20 kg de peixe por dia, podendo ocorrer, em algumas
ocasiões, não haver nenhuma captura.
49
Figura 12- Desenho esquemático da disposição dos compartimentos de um "curral enfiador" e as varas de bacuri retiradas da mata para confecção de currais na comunidade de Santo Antônio de Urindeua, Salinópolis-PA. Foto: Adna Albuquerque
Pescaria de linha e anzol
Esta pescaria envolve tecnologia simples com linha e anzol podem ser
acoplados à linha cerca de 2 a 3 anzóis de tamanhos variados, como os anzóis de N°
10 e 12 e 13 (Figura 13). As iscas utilizadas capturadas com tarrafas isqueiras são
peixes pequenos como a sardinha, o cambeua (Arius grandicassis), e o crustáceo
conhecido como tamaru (Callichirus major). A pescaria consiste em colocar a linha
com os anzóis na maré de enchente, por um período de 4 a 5 horas até que a maré
comece a vazar. Nesse período de pescaria pode-se capturar em torno de 15 kg de
peixes.
Figura 13- Apetrecho conhecido como linha e anzol utilizado em pescarias no município de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque
Espinhel
Os espinheis são formados de linha e anzóis e
entre duas cordas e nela pendurar linhas com anzóis em sua
cordas são sustentadas por bóias e chumb
espinheis podem ter entre 200 (quando utilizados nos rios) a 2.000 anzóis (quando
utilizados em alto mar). Segundo os pescadores, c
200 a 300 anzóis, dependendo do tamanho do anzol
outra pode variar. A distância entre uma linha e outra tem normalmente a medida de
uma braça (equivalente a 1,5 metros), espinheis são confeccionados de 100 em 100
e emendados até que chegue
o espinhel na maré seca e retirar na outra maré seca, ficando o es
na água. A pescaria com espinhel é realizada em rios
ocasião em os pescadores podem realizá
até uma semana embarcados.
Figura 14- Desenho esquemático de Salinópolis-PA. Foto: Adna Albuquerque.
As principais iscas utilizadas
molusco localmente conhecido como “sapequara”
pescarias de espinhel e linha e anzol possuem uma diversidade de espécies alvo
dependendo do tamanho do anzo
são formados de linha e anzóis e consiste em amarrar uma linha
entre duas cordas e nela pendurar linhas com anzóis em suas extremidade
cordas são sustentadas por bóias e chumbadas para ir ao fundo (Figura 14
er entre 200 (quando utilizados nos rios) a 2.000 anzóis (quando
Segundo os pescadores, cada 200 m de espinhel
200 a 300 anzóis, dependendo do tamanho do anzol, a distância entre uma linha e a
outra pode variar. A distância entre uma linha e outra tem normalmente a medida de
1,5 metros), espinheis são confeccionados de 100 em 100
e emendados até que cheguem ao tamanho desejado. A pescaria consiste em colocar
o espinhel na maré seca e retirar na outra maré seca, ficando o espinhel por 12 horas
escaria com espinhel é realizada em rios, no estuário
ocasião em os pescadores podem realizá-la em apenas 1 dia ou perma
até uma semana embarcados.
esquemático e um espinhel utilizado nas pescarias no município . Foto: Adna Albuquerque.
principais iscas utilizadas na pescaria de espinhel são a sardinha (
molusco localmente conhecido como “sapequara” (Muricidae) (Figura 15
pescarias de espinhel e linha e anzol possuem uma diversidade de espécies alvo
dependendo do tamanho do anzol (Tabela 7).
50
consiste em amarrar uma linha
extremidades. As
adas para ir ao fundo (Figura 14).Os
er entre 200 (quando utilizados nos rios) a 2.000 anzóis (quando
m de espinhel contém de
a distância entre uma linha e a
outra pode variar. A distância entre uma linha e outra tem normalmente a medida de
1,5 metros), espinheis são confeccionados de 100 em 100 m
ia consiste em colocar
pinhel por 12 horas
, no estuário e em alto-mar,
la em apenas 1 dia ou permanecerem por
espinhel utilizado nas pescarias no município
na pescaria de espinhel são a sardinha (e um
Muricidae) (Figura 15). As
pescarias de espinhel e linha e anzol possuem uma diversidade de espécies alvo
51
Figura 15 Molusco conhecido localmente como “sapequera” utilizado como isca de espinhel em Salinópolis-PA. Foto Adna Albuquerque
Tabela 7 - Principais espécies de peixe capturadas pelas pescarias de linha com anzol e espinhel e o número de anzóis utilizados para cada espécie.
Nome Espécie N° anzol Arraia Dasyatis sp 10,12 Bagre Arius sp 10 Bejupirá Rachycentron canadum 10 Cação (Hexanchiformes) 10 Cangatã Arius quadriscutis 10 Carapitanga Lutijanus spp 13 Cioba Lutjanus analis 10,12 Corvina Micropogonias furnieri 10 Jurupiranga Arius rugispinis 10,12 Mero Epinephelus itaiara 10 Pacamum Batrachoides surinamensis 10 Peixe-pedra Genyatre musluteus 13 Pescada-amarela Cynoscion acoupa 10 Uricica Cathorops sp 13
Fonte: dados de campo
Pescaria de Visga
A pescaria de visga, normalmente é realizada no manguezal, na beira de um rio
ou igarapé, principalmente na maré de enchente e a espécie alvo é o bagre. Para a
realização desta pescaria o pescador deve ficar à beira do rio ou igarapé. A visga
consiste de uma lança feita de cabo de madeira e em uma das extremidades possui
formato de garfo com duas ou três pontas de ferro, amarrado a um fio elástico que a
lança. Quando a maré começa a encher o bagre vem se alimentar da lama do
mangue, nesse momento o pescador lança a visga no peixe (Figura 16).
52
Figura 16- Apetrecho de pesca visga e suas variações. Fotos Adna Albuquerque
Tirador de pacamum
O pacamum (Batrachoides surinamensis) é uma espécie de peixe capturada
normalmente em pescarias de linha,anzol e espinhel. Em Salinópolis os pescadores
utilizam também a pescaria conhecida como “pescaria de anzol de pegar pacamum”
ou “tirador de pacamum” (Figura 17).
O pacamum tem o comportamento de se esconder entre as pedras e para
capturá-lo é necessário mergulhar e com um anzol de aproximadamente 5 cm
confeccionado artesanalmente e preso a uma vara flexível de jarana (Lecythis lúrida),
os pescadores puxam o pacamum das fendas das pedras. A cada 1 hora de pescaria
podem ser capturados 2 a 4 peixes, como bem explicado pelo Sr. Betinho da
comunidade de Galdina "eu mergulho no rio, com um anzol na ponta de uma vara eu
puxo o peixe de dentro do todo dele que fica no meio das pedras dentro do rio".
53
Figura 17 - Apetrecho de pesca conhecido como “anzol de pegar pacamum”, utilizados nas pescarias das comunidades de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque
Munzuá
O munzuá é uma armadilha semi-fixa em formato de cesto e utilizada na maré baixa,
principalmente para a captura do bagre. As talas que compõe o munzuá são
confeccionadas de tucumã (A. vulgare) as rodas de cipó de genipauba, o próprio
pescador confecciona seus munzuás. Tem em média 1,8m de altura e 4m de
comprimento, a abertura de entrada com 30 cm de diâmetro. A malha mede entre 6 a
7 cm. Utilizam como iscas para captura de peixes, o caranguejo e o turu. A isca é
colocada em um saco pendurado dentro da armadilha com o objetivo de atrair o peixe
(Figura 18) O munzuá é colocado normalmente no mangue, na margem de rios e
igarapés, na maré baixa e são retiradas 12 horas depois. Em Salinópolis, os
pescadores utilizam de um a dois munzuás por pescaria, podendo capturar até 50 kg
de bagre por pescaria.
Figura 18- Munzuá no mangue, utilizado para a captura do bagre na comunidade de Enseada em Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque.
54
Produção do grude
O grude é a nomeação local para a bexiga natatória dos peixes. Algumas
espécies de peixes possuem o grude com alto valor comercial. O produto é
comercializado localmente para compradores que o exportam para a Europa e Oriente
onde é utilizado para o fabrico de remédios, de colas de precisão e de filtros para
cervejarias. O beneficiamento é realizado após a captura dos pescados, quando ainda
estão embarcados. A comercialização do grude ocorre após o desembarque e é
comercializado em Porto Grande na sede do município os pescadores buscam os
compradores pra negociar. O produto é comercializado por quilo e seu preço está
diretamente relacionado ao valor do dólar e os de maior valor comercial são da
pescada amarela e da gurijuba, que também são as mais procuradas. Além do grude a
aba do tubarão ou cação é comercializada na sede de Salinópolis; os mesmos
compradores do grude, compram a aba do tubarão que chega a valer até R$ 150.00/
Kg. As principais espécies procuradas para a compra da aba são o cação-sucuri
(Carcharhinus limbatus), cação-rudela (Sphyrna sp), cação tintureira (Galeocerdo
cuvier), e cação-lombo-azul(Carcharhinus sp). Eventualmente é comercializada a
catana do espadarte(Xiphias gladius). Catana é extensão do maxilar superior do peixe
como 13 e 22 dentes de cada lado. Os compradores chegam de Belém e Bragança, e
o preço da catana, que varia conforme o tamanho é de R$ 1.000/ metro.
Manejo da pesca
Na prática do manejo da pesca, alguns pescadores relataram que diminuem o
consumo de determinadas espécies de peixes no período em que as fêmeas estão
ovadas, como por exemplo, a sajuba, pacamum, uricica, tainha, bagre e o peixe-pedra,
que no mês de maio entram nos poços dos rios (local mais profundo do rio) da região
para desovar. De maneira geral os entrevistados afirmaram evitar e combater práticas
de pesca predatória como, a coleta de ostras e mexilhões quando ainda juvenis, a
prática de rede apoitada e zangaria. A ostreicultura é realizada na comunidade de
Santo Antônio de Urindeua.
Ostreicultura
Na comunidade de Santo Antônio de Urindeua está em execução pelos
comunitários, desde o ano de 2006, um projeto de Ostricultura (Figura 19).O projeto
envolve nove famílias de pescadores,marisqueiros e agricultores que cultivam ostras
para consumo e principalmente para comercialização. Associação dos Agricultores,
Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (ASAPAQ) conduz o projeto tendo como
55
presidente a marisqueira e ostreicultora Maria José (Zeca). Segundo os entrevistados,
a atividade chega a render anualmente até R$ 8.000,00 para cada família envolvida no
projeto. Segundo eles colhem até 2 safras ao ano uma no inverno outra no verão.
Segundo informações dos entrevistados, o processo produtivo requer poucos
investimentos e proporciona lucro certo nos períodos de férias como o mês de julho e
feriados, além de trazer a conservação da espécie que é muito consumida na região.
Figura 19 - Aspectos da criação de ostras na comunidade de Santo Antônio de Urindeua Salinópolis -PA. Fotos Adna Albuquerque
Uso e comercialização do pescado
Nas comunidades a produção pesqueira é utilizada principalmente para
alimentação e comercialização. A comercialização é realizada na própria comunidade
com os moradores e para alguns marreteiros que levam o peixe para ser vendido na
sede do municipio. Já os barcos de pesca que desembarcam no porto da sede de
Salinópolis, vendem sua produção para compradores que vêm principalmente do
Maranhão e Ceará. Alguns desses barcos já possuem compradores fixos que os
aguardam com caminhões para transportar o pescado. Os barcos desembarcados que
não estão com a produção já comercializada vendem a produção no mercado
56
municipal da sede do Município ou comercializam para marreteiros (Figura 20). Há
diversidade de espécies de pescado citadas nas comunidades e diferentes valores
para sua comercialização (Tabela 8).
Figura 20- Aspectos da comercialização do pescado em Salinópolis-PA. Da esquerda para direita: pescador comercializando pescado no porto local; desembarcados no porto da sede de Salinópolis; peixes sendo comercializados no mercado municipal. Fotos: Adna Albuquerque.
57
Tabela 8- Principais etnoespécies da ictiofauna citadas, arte de pesca utilizada e preços comercializados pelos pescadores na região do município de Salinópolis- PA. (continua)
Etnoespécies Família Taxonomia Arte de captura Época da Safra Preço (R$)
Habitat
Arraia-branca Dasyatidae Dasyatis guttata
Rede, espinhel Ano todo 2-5.00 Mar e estuário
Arraia-nari-nari Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário
Arraia-manteiga Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário
Arraia-moitão ou arraia-jamanta
Myliobatidae Mantabirostris
Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário
Arraia-peua Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário
Arraia-Pintada Myliobatidae Aetobatusnarinari Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário
Arraia-morcego Dasyatidae Dasyatissp Rede, espinhel,curral Ano todo 2-5.00 Mar e estuário
Bagre Ariidae
Ariuscouma Rede, linha, flecha, espinhel, caniço
Ano todo 5.00
Mar, estuário e rio
Bandeirado Ariidae
Bagre bagre Curral,rede,linha Outubro. a dezembro 3-5.00
Mar e estuário
Bejupirá Rachycentridae Rachycentroncanadu
m Rede,espinhel, linha Outubro a dezembro 5.00 Mar e estuário
Bonito Scombridae Scombridae Rede Julho a dezembro 5.00 Mar e estuário
Cação Carcharhinidae e Sphyrnidae
Carcharhinusspp. e Sphyrnaspp. Rede, espinhel verão 4.00
Mar
Cambeua Ariidae Ariusgrandicassis Rede, linha Ano todo 3.00 Mar
Camorim Centropomidae
Centropomusspp Rede,espinhel,curral,tarrafa; Maio a julho 10.00
Mar
Cangatã Ariidae
Aspistorquadriscutis Rede,linha,espinhel, curral
Ano todo 3.00
Mar,estuário e rio
Carápitanga Lutjanidae Lutjanusspp. Rede,linha Ano todo 5.00 Mar, estuário e rio
Carataí Pseudauchenipterusn
odosus Rede,linha Janeiro a junho - Mar e rio
58
Caraximbó - Caranxlatus 3.00 Mar e rio
Cioba Lutjanusanalis Rede, espinhel Outubro 8.00 Mar
Cinturão ou espada Trichiuridae Trichiuruslepturus Curral verão - Mar e estuário
Corvina Sciaenidae Micropogoniasfurnieri
Rede, linha,espinhel, curral Out. a dezembro 7.00
Mar e rio
Cururuca Sciaenidae Micropogonias
. undulatus Curral Ano todo 5.00 Mar
Dourada Pimelodidae Brachyplatistomaflavi
cans Rede,curral maio junho 10.00 Rio e estuário
Gó Sciaenidae Macrodonancylodon Rede, curral,tarrafa Maio a outubro 7.00 Mar e estuário
Guaiuba Ariidae Ocyuruschrysurus Rede 4.00 rio
Gurijuba Ariusparkeri Rede,espinhel Outubro 7.00 Mar e estuário
Jurupiranga Ariidae Ariusrugispinis Linha,espinhel Ano todo 5.00 Mar e rio
Mero Serranidae Epinephelusitaiara Linha Junho 4.00 Mar e rio
Pacamum Bratrachoididae Batrachoidessurinam
ensis Rede,espinhel,linha,tarrafa,anzol de pacamum Ano todo 5.00
Mar,estuário e rio
Paru Ephippidae Chaetodipterusfaber Rede,linha curral, tarrafa Ano todo 3.00 Mar e estuário
Peixe-pedra
Pomadasyidae
Genyatremusluteus Rede,curral,espinhel, linha,tarrafa
Julho a setembro
5.00
Mar e estuário
Pescada-amarela Sciaenidae Cynoscionacoupa Rede,linha,curral Maio e junho 10.00 Mar, estuário e rio
Pescada-branca Sciaenidae Plagioscion
squamosissimus Curral, linha, espinhel Ano todo 6.00 Estuário e rio
Piramutaba Pimelodidae
Cynoscionleiarchus Rede Maio a junho (inverno) 10.00
Rio e estuário
59
Pratiqueiracaíca Mugilidae Mugilspp Rede Maio a setembro 10.00 Mar e estuário
Sajuba Mugilidae
Mugilsp Rede Maio e junho 6.00
Mar e estuário
Sardinha Engraulididae Opisthonemaoglinum Rede, curral, tarrfa Maio e junho Mar e estuário
Serra Scombridae Scomberomorus
brasiliensis Rede Outubro 5.00 Mar
Soila Soleasolea curral - - Rio e praia
Tainha Mugilidae
Mugilspp Rede maio a julho 10.00 Mar, estuário,rio
Timbiro ou Prathuiro
Carangidae
Oligoplitesspp.
Rede, linha,tarrafa Janeiro a junho 2.00
Mar
Uricica Ariidae
Cathoropsspixii Rede,tarrafa,linha e anzol .ano todo 3-5.00
Estuário e rio
Uritinga Ariidae
Ariusproops Rede, espinhel Rede,linha Ano toodo 5.00
Mar e estuário
Xaréu Carangidae Caranxspp. Rede Junho a dezembro 5.00 Mar e estuário
60
Principais espécies de pescado citadas em Salinópol is
Foram citadas um total de 44 etnospécies pertencentes a 19 famílias. As
espécies mais citadas pertencem às famílias Ariidaee e Sciaenidae, que são os grupos
dos bagres e das pescadas (Figura 21). Os bagres também estão representados na
família Pimelodídae, e a ordem dos Siluriformes se mostrou mais presente nas
citações dos entrevistados. Segundo Lowe-McConnell, 1987, a ordem dos Siluriformes
compõe 39% da ictiofauna amazônica. As etnoespécies, bagre, pescada-amarela, o
peixe pedra e a pescada-gó, foram as etnoespécies mais citadas. O bagre foi citado
em 100% das entrevistas.
Figura 21- Principais famílias de peixes citadas nas entrevistas na região de Salinópolis -PA
Pesca de Mariscos
Os mariscos coletados e comercializados em Salinópolis são os crustáceos:
camarão branco (Litopeneaeus schmitti), siri (Callinectes sp), caranguejo, (Ucides
cordatus), e os moluscos: turu (Teredo sp), o sururu (Mytella sp),o mexilhão (Mytella
sp) e a ostra (Crassostrea sp)(Quadro 9).
Segundo relato dos entrevistados, o mexilhão é o marisco mais consumido e
comercializado atualmente na região de Salinópolis, os pescadores afirmaram que o
mexilhão ainda é encontrado com abundância na região, porém a coleta predatória
está fazendo com que os estoques estejam diminuindo.
0 2 4 6 8 10
Ariidae
Sciaenidae
Dasyatidae
Mugilidae
Pimelodidae
Carangidae
Número de citações
Pri
nci
pa
is F
am
ília
s
61
Quadro 9- Principais espécies de mariscos comercializadas na região de Salinópolis-PA.
Os mexilhões, que se fixam nas praias, próximo a pedras, são coletados na
maré baixa na época do verão. O marisqueiro normalmente chega por volta das
7:00hs no local da coleta e retorna ao meio dia, podendo coletar em torno de 40 kg de
mexilhão em um período de 4 a 5 horas de trabalho. Após a coleta o mexilhão é
“catado" (retirado do substrato denominado de “bucho”) e colocado em paneiros para
a limpeza. Essa limpeza consiste em sacudir o paneiro para que saia o restante da
sujeira conhecida localmente como “pora". Após a limpeza o mexilhão pode ser
comercializado na concha ou só a “massa” (quando é pré-cozido).
Declaram ainda que "é necessário 30 kg de mexilhão para a produção de em
média 8 kg de massa. O mexilhão é comercializado principalmente na sede de
Salinópolis, e também nas comunidades. Quando comercializado nas comunidades é
vendido principalmente para marreteiros que revendem o produto em Salinópolis ou
em municípios vizinhos (Figura 22).
O sarnambi é outro marisco bastante comercializado na região de Salinópolis.
Sua pescaria consiste em catar o sarnambi na maré baixa ou maré de quebra, o
molusco é retirado com um apetrecho próprio, o “garfo de tirar sarnambi"e duas
pessoas podem coletar até 10kg/dia. Segundo as marisqueiras "são necessários 10
litros de sarnambi para produzir 1kg de massa.Pode ser comercializados nas conchas
ou a massa (pré-cozidos) e congelados. A comercialização ocorre principalmente para
marreteiros que revendem na sede de Salinópolis, ou quando os produtores
conseguem chegar as feiras da cidade.
O siri é comercializado de forma beneficiada. È uma atividade feminina. As
mulheres saem para a coleta 2 vezes por semana, durante a baixa da maré e os
retiram das croas formadas. Segundo as marisqueiras o período de safra é nos meses
de abril a junho e somente coletam siris machos. Os siris coletados são lavados,
cozidos e esquartejados e lavados novamente, antes da "descasca" (retirada da
carne). Uma vez retirada a carne esta é ensacada e congelada para a
62
comercialização. São necessários 40 siris para produzi 1kg de carne. A
comercialização é realizada junto ao marreteiro no Porto Grande (Salinópolis) "que
paga na hora e em dinheiro".
Figura 22-Aspectos da cata do Mexilhão. Da direita para esquerda: apetrecho utilizado para a coleta, mexilhão sendo retirado o “bucho”; massa de mexilhão para comercialização na comunidade Derrubadinho no município de Salinópolis-PA. Fotos Adna Albuquerque.
As marisqueiras aprenderam oficio sozinhas ou com os parentes como tias e
mães. Afirmaram que é um complemento para "as despesas da casa". Algumas
afirmaram que chegam a ganhar até R$400,00 no período das ferias de julho. Os
produtos são comercializados a cada 8 ou 15 dias ,dependendo da produção e "de ter
uma quantidade que possa vendida e dá pra comprar alguma coisa".
O camarão-branco, segundo os entrevistados é o segundo marisco mais
consumido e comercializado em Salinópolis. É capturado com rede malhadeira, tarrafa
e puçá, nos rios e no mar. Pode ser comercializado fresco e salgado, o preço varia de
acordo com o tamanho e a época da safra e é vendido nas comunidades e na sede de
Salinópolis.
63
A tiração e cata do caranguejo
Em geral há tiradores de caranguejo em todas as comunidades visitadas. Porém
estão concentrados nas comunidades de São Bento, Joacaia e Derrubadinho. A
tiração de caranguejo é realizada em grupos de trabalho e a saída para o mangue é
chamada de "caminhada". Estas ocorrem em função das marés. Nas águas mortas
(marés mais baixas) trabalham de segunda a sexta feiras e nas marés grandes de
segunda as quartas feiras. Os tiradores saem as 6:00hs "antes da maré crescer e
trabalhamos com a enchente" e retornam por volta das 9:00hs. O rendimento chega
a150 unidades de caranguejo por 3 dias de trabalho. Nas águas mortas fazem a
"caminhada" até o mangue, com uso de canoas. No mangue retiram o caranguejo pelo
método do braceamento ou gancho e os inserem em sacos. Os sacos são
acondicionados nas canoas. A meta durante a jornada de trabalho é de coletar cerca
de 200 unidades entre as 7:00 as 13:00hs. Afirmaram que "a gente deixa o miúdo e
pega o patudo para render mais e só tiramos os machos". Na comunidade há
comercialização de animais vivos e de massa (carne) e unhas (patas).
A produção da massa é iniciada após o retorno do mangue, no início da tarde.
Os caranguejos são quebrados em "duas bandas" (ao meio pelo abdome) e as patas
ficam seguras, são escovados e lavados e cozidos. Na manha seguinte são entregues
as "quebradeiras" que os recebem em suas residências. São em média 4
quebradeiras que fazem a atividade de retirar a carne e as patas e são familiares dos
tiradores. Elas recebem até R$5,00 pelo quilo de massa produzida. O patrão que
compra a produção já congelada paga na comunidade R$18,00 pelo kg da massa e
R$20,00 pelo KG da pata que são comercializados em Salinópolis. Há os tiradores que
comercializam seus produtos diretamente nas feiras em Salinópolis, ocasião de
feriados, Natal e mês de julho quando que vendem a produção por R$25,00/kg.
Segundo as quebradeiras são necessários 36 caranguejos graúdos para "se
conseguir 1kg de massa". Em uma semana podem acumular nos congeladores até 12
kg de massa.
O caranguejo vivo é comercializado por dúzia ou cambada e o preço obtido é em
torno de R$10,00 a dúzia. São vendidos para as barracas nas praias de Atalaia e
Maçarico, além de restaurantes e feiras.
Os tiradores relataram ainda a redução do estoque de caranguejo. Afirmaram
que "hoje tem muito tirador e pegam quando é proibido, na andada", ou "antigamente
tinha muito caranguejo graúdo" e ressaltaram a presteza de alguns com a atividade ao
afirmarem "tem caboco aqui que é catita para pegar caranguejo".
64
Organização social da pesca
A pesca no município de Salinópolis está centralizada da na Colônia de
Pescadores Z-29. Liderada por mulheres que herdaram a Colônia do pai, esta parece
ser pouco ativa. Mantém capatazes, principalmente em Cuiarana (120 pescadores) e
Alto Pindorama que tem como principal atividade recolher a mensalidade dos sócios.
Nas visitas as comunidades foram citadas outras organizações ligadas à pesca, entre
as quais: Associação dos canoeiros, que se situam na sede do município. A Colônia
de Pescadores tem sede própria e está em processo de reestruturação e organização
dos pescadores locais, no entanto, não sabem informar quantos pescadores estão
associados.
Conflitos da pesca
O principal conflito na região está diretamente ligado a “invasão” de barcos de
pesca industrial na área da pesca artesanal. A pesca esportiva também gera conflitos.
Afirmaram que "vem muito camarada de Belém com lancha para pesca esportiva e
espanta o peixe. Em todas as comunidades foi citada a pesca predatória realizada
com rede de poita. Essa é uma das principais reivindicações dos moradores em geral.
Para os que praticam a mariscagem os conflitos estão relacionados ao extrativismo
das espécies. Citaram que há excesso de coleta, principalmente de mexilhões, e que
"não esperam a concha crescer, arrancam com tudo", referindo-se ao substrato onde
os mexilhões se fixam.
Para eles o conflito ocorre pela ausência de fiscalização da Sema e apoio do
Ministério Público. Afirmaram que os que "arrastam camarão, jogam o peixe fora que
vem nas redes".
Uso da flora
O Nordeste do Estado do Pará caracteriza-se por apresentar uma diversidade
em relação à vegetação, em especial nas zonas costeiras dos municípios que
compõem a região com suas áreas estuarinas e a cobertura vegetal com predomínio
de mangues seguido de campos alagados, e apicuns (zona menos inundada do
manguezal, na transição para a terra firme, é normalmente desprovida de vegetação
arbórea.
Segundo Schmidt et al (2013), no Brasil, essa zona de transição comumente
chamada de apicum, derivado da palavra apecu, tem sua origem na língua indígena
Tupi e significa língua de areia ou coroa de areia. Em alguns locais, o apicum também
é conhecido como salgado (caso do Nordeste Brasileiro). O termo indígena apicum
tornou-se tão consagrado que hoje é foco de polêmica até mesmo na legislação
65
ambiental brasileira. Como quase todo nome popular, o termo apicum é interpretado
de diferentes maneiras ao longo da costa brasileira, o que levou pesquisadores e
legisladores a criarem suas próprias definições. Ainda segundo os autores na literatura
científica internacional, essa zona de transição é normalmente chamada de salt flat em
geral traduzido por cientistas brasileiros como planície hipersalina.
O uso dos recursos naturais que compõem a flora na região amazônica e,
sobretudo da região do Salgado Paraense é utilizado pelas populações de diferentes
formas. Devido à vasta diversidade de paisagens e considerando a biodiversidade
local e sua cultura, a relação homemxplanta deve ser enfocada sob o ponto de vista
sociocultural de grupos humanos com as características de populações tradicionais.
No nordeste paraense, as populações utilizam os recursos das áreas de
capoeiras, que estão presentes na terra-firme. São referencias os trabalhos de Rios et
al.(2001) que fez os registro históricos e de espécies madeireiras de valor econômico
que são empregadas na construção de casas e produção de lenha; e de Shanley et
al., (1998) que destacaram as espécies frutíferas,medicinais; e espécies para
artesanatos e espécies com potencial resinífero.
No município de Salinópolis poucos são os estudos específicos que tratam do
uso da vegetação pelas comunidades estudadas. Os estudos da Embrapa (2011) na
comunidade São Bento, que relatam o uso dos quintais pelos moradores quando
identificaram 46 espécies vegetais, sendo que 63% são frutíferas, 24% medicinais,
10,9% madeireiras e 2,1% utilizadas para condimento e outros usos. Entre as
espécies frutíferas o estudo destaca banana (Musa sp), laranja (Citrus sp) e açaí
(Euterpe oleraceae). O estudo ressalta ainda o uso das plantas medicinais e apontam
que foram observadas 11 espécies com destaque para: hortelãzinho (Mentha sp), elixir
paregórico (Piper calosum), gengibre (Zingiber sp) e pirarucu (Bryophyllum calicinum).
Destaca-se ainda o recente trabalho realizado em Cuiarana por Guerra e Paiva (2016)
que realizaram um levantamento da distribuição da espécie cuiaraneiras (Buchenavia
grandis, Ducke) no município e em particular no distrito de Cuiarana. Os autores
concluem que a espécie é utilizada como ornamental e para sombrear áreas de
entretenimento em logradouros públicos e privados como ruas, praças, residências e
hotéis.
Dentre as 392 citações de plantas pelos moradores entrevistados, há 130
etnoespécies entre árvores, palmeiras e ervas e cipós, distribuídas em 39 famílias
botânicas. Em relação à distribuição do número de espécies por famílias,
evidenciaram-se as espécies de palmeiras da família Arecaceae, seguida das
Cluseaceae (Figura 23). As espécies com finalidades utilitárias, principalmente ligadas
à alimentação (63 espécies) e a construção seja de casas ou instrumentos de
66
trabalho, sendo em geral encontradas nos quintais das casas e nas áreas de
capoeiras e matas secundárias nas regiões que denominam de ilhas e nos mangues.
Citaram ainda as espécies vegetais que ocorrem no manguezal como as da
família Rhizophoraceae,estas são utilizadas como remédio e para a construção (18
citações), seguida das sirubeiras (13) e o tinteiro(9). Dentre estas o mangueiro
Rizhophora mangle foi citado por 64,2% dos moradores entrevistados.
.
Figura 23 - Principais famílias botânicas com maior número de espécies citadas pelos entrevistados das comunidades visitadas no município de Salinópolis-PA
Os moradores que trabalham com roçados o fazem de forma coletiva e em geral
nas áreas denominadas de patrimonial. Nas comunidades de Santa Rosa, Joacaia,
Buçu,São Bento e Derrubada foram encontrados os que se declararam ser também,
lavradores. O calendário de cultivo é anual e a preparação do roçado é tradicional
amazônica derruba e queima. Cultivam além da mandioca o feijão, a melancia, o
maxixe e o quiabo. Na comunidade de São Bento há o festival do Feijão realizado no
mês de setembro. Em geral os cultivos são para manutenção da família e o excedente
é comercializado.
A produção de carvão é realizada em fornos construídos para esse fim e na
superfície. A madeira para o fabrico de carvão é coletada nas capoeiras, restos do
roçado, do igapó. Utilizam principalmente o bacuri (Platonia insignis), ucúuba (Virola
sebifera), e muruci (Byrsonima crassifólia (L.) Rich). A produção é para consumo e o
excedente pode ser comercializado por até R$ 20,00 a saca com 15kg, sobretudo nos
períodos de veraneio.
0 5 10 15
Araceae
Clusiaceae
Fabacaea
Anacardiaceae
Apocynaceae
Rutaceae
Poaceae
Número de espécies
Fa
míl
ias
Bo
tân
ica
s
67
Áreas de uso dos recursos naturais
Os principais benefícios da ferramenta mapa falado são: a possibilidade de
fornecer uma visão espacial do local; auxiliam na obtenção de informações
exploratórias e permitem obter uma visão geral da realidade. Concordando com Souza
(1995, p. 96), “o território é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a
partir de relações de poder”. Segundo Acselrad (2008, p. 24), “as terminologias
utilizadas nos processos de mapeamento participativo no Brasil esclarecem a
diversidade de metodologias aplicadas a este tipo de cartografia, destacando-se:
levantamentos etnoecológicos, mapeamento etnoambiental dos povos indígenas,
mapeamento dos usos tradicionais dos recursos naturais e formas de ocupação do
território, mapeamento comunitário participativo, macrozoneamento participativo,
etnozeamento, diagnóstico etnoambiental e cartografia social. Estas definições têm
finalidade única: unir a participação de povos marginalizados e seus conhecimentos
locais ao uso de técnicas cartográficas, para elaborar mapas que deverão atender às
suas necessidades, as quais, frequentemente, estão relacionadas à terra. ainda
segundo o autor “o conhecimento local é vivo e dinâmico, refletido em nomes de
lugares, em práticas, instituições, relações e rituais da comunidade”.
Utilizou-se da metodologia de mapeamento participativo nas oficinas realizadas
nas comunidades, na ocasião estes foram construídos de forma coletiva. Participaram
da construção dos mapas os pescadores e pescadoras, extrativistas de caranguejo-
uçá, mexilhão e turu. Em geral as mulheres foram partícipes em menor número..
As imagens de satélite em um escala de 1:50.000, utilizadas para o mapeamento
continham como indicação preliminar as comunidades, a estrada, a sede municipal, e
demais limites necessários.
Após breve explanação sobre as representações dos espaços na imagem de
satélite relacionando as cores ao ambiente, os moradores apontam e nomeiam os
principais elementos geográficos, como rios, campos, igarapés, ou lagos quando
existentes. Uma vez reconhecidos esses espaços inicia-se o delinear dos principais
pontos de extrativismo, coleta e uso.
Comunidades São Bento, Buçu e Joacaia
O grupo para o mapeamento contou com representantes das 3 comunidades. Ao
mapearem suas áreas destacaram principalmente as áreas de uso comum para a
tiração de caranguejo pelos catadores das três comunidades (figura 24). Observa-se
que nos limites de suas áreas de uso não há pescarias na região da Resex Maracanã.
Segundo os pescadores eles são proibidos de irem pescar na área dessa unidade de
conservação e afirmaram que os pescadores de lá invadem suas áreas (figura 25).
68
Figura 24- Aspectos da oficina realizada na comunidade de São Bento, Salinópolis-PA. Fotos : Raimundo Nonato.
69
Figura 25 - Mapa as áreas de uso das comunidades São Bento, Buçu e Joacaia.
70
Comunidade Derrubada
Localizada nas proximidades das comunidades de São Bento, Buçu e Joacaia
esta comunidade mantém suas atividades administrativas diretamente ligadas ao
município de Maracanã, como escola e transporte. Durante o mapeamento dos usos
dos recursos, que contou com a participação de homens e mulheres, houve debates
referentes ao uso e ocupação da terra e as propriedades na comunidade. Muitos dos
participantes têm como referencia o município vizinho e acreditam que sua
comunidade a ele pertence. Afirmaram que "ficam abandonados pela prefeitura de
Salinópolis e se consideram filhos de Maracanã". No entanto, há restrições para o uso
de recurso da pesca ao ultrapassarem para a Resex Marinha Maracanã. A oficina
ocorreu na sede da escola missionária e foi considerada pela professora como "muito
importante para a comunidade é a primeira vez que vem tanta gente pra uma reunião",
revelando a dificuldades para a organização desta comunidade (figura 26).
Durante o mapeamento poucos participaram, mas os que o fizeram
demonstraram conhecimento da área e de suas atividades (figura 27).
Figura 26- Aspectos da atividade de mapeamento na comunidade de Derrubada, município de Salinópolis, PA. Fotos : Regina Oliveira e Laís Ferreira.
71
Figura 27- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Derrubada, município Salinópolis- PA.
72
Comunidade Santo Antonio do Urindeua
A pesca é a principal atividade desta comunidade. A oficina ocorreu no barracão
comunitário e foi comandada pelas lideranças (figura 28) Utilizam a extensão do rio
Urindeua e pescam com currais que são construídos nas croas. Há coleta de
caranguejos, siris e turu. A criação de ostras que iniciou em 2006 é tida pelos que a
praticam "como atividade de futuro", além disso, criaram a associação ao redor dessa
produção. Fizeram a primeira comercialização em 2011 na cidade de Salinópolis.
Destacaram as redes de poita como predatórias e praticadas por moradores locais e
destacaram que com a criação da unidade de conservação "isso vai parar".
Recordaram a visita recebida pelo ICMBio, que falaram "sobre a palestra da Resex e
que será algo bom".
Figura 28- Aspecto da oficina para o mapeamento das áreas de uso comunidade Santo Antonio do Urindeua, município Salinópolis .
.
73
Figura 29- Mapa das áreas de uso e recursos naturais utilizados pelos extrativistas da comunidade Santo Antonio Urindeua, município Salinópolis-PA.
74
Comunidades de Derrubadinho, Galdina e Paulinia
É na comunidade de Derrubadinho que estão concentradas as atividades mais
significativas além dos equipamentos sociais como escola, posto de saúde e porto.
Habitando a foz do rio Santo Antônio de Urindeua, seus moradores contam com
territórios mais amplos quando se trata das croas formadas durante a vazante da maré
o que encurta a distancia para a sede municipal. A oficina ocorreu no barracão
comunitário, reunindo representantes e moradores das três comunidades (figura 30).
Figura 30- Aspectos do mapeamento das áreas de uso nas comunidades das de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinópolis-PA
Os moradores localizaram os currais que utilizam para suas pescarias,
diferenciando-os em suas finalidades. Algumas famílias mantém roçados com até 2
tarefas;a caça é realizada nas matas ciliares e ao redor da comunidade. Localizaram
ainda as diferentes pescas como as tapagens e as redes de poita que foram
consideradas predatórias. No mapeamento parece que os moradores não ultrapassam
os limites municipais não adentrando na Resex marinha Maracanã. No entanto, essa
questão não foi esclarecida na reunião. Demonstram ainda conhecimento dos corpos
d'água e dos recursos naturais explorados. Observa-se que as roças estão próximas a
comunidade e não ao longo da estrada (figura 31).
75
Figura 31- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais dos moradores das comunidades de Derrubadinho, Galdina e Paulinia, município de Salinopolis-PA.
76
Comunidade Santa Rosa e Macapazinho
A oficina foi realizada em Santa Rosa no barracão comunitário. Os homens foram
maioria na elaboração do mapa de uso. Os moradores afirmaram que são poucos os
roçados porque "o cultivo de mandioca diminuiu porque não existe mais áreas pra
plantio e a prefeitura não traz máquinas para reaproveitar as áreas já derrubadas, os
filhos de agricultores também não têm mais área, foi tudo vendido ou queimado". Nas
áreas de croas é onde retiram os mariscos. Os moradores também identificaram e
nomearam as principais croas utilizadas: croa do Tucupi e a Praia Grande, locais de
extrativismo de camarão e siris. As diferentes pescarias foram identificadas assim
como suas regiões, destaque para a pesca do amoré nas proximidades dos
manguezais (figura 33).
Figura 32 Aspectos da oficina junto as comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA.
77
Figura 33- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Santa Rosa e Macapazinho, município de Salinópolis-PA.
78
Comunidade Enseada .
A oficina ocorreu no barracão da igreja e a participação foi significativa. Há
conflitos na comunidade por posse de terra (figura 34). Os comunitários denunciaram
que "uma área da comunidade onde há extração de muruci está sendo invadida por
grileiros, agora não podemos coletar o que plantamos". Ao apresentarem o mapa
destacaram o rio Urindeua, "como local de nosso sustento", e ressaltaram "agora
vamos falar do nosso conhecimento" (figura 35).
Figura 34- Aspectos da oficina na comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA.
Destacaram ainda a redução de principais recursos utilizados, por que "não
estão buscando para o sustento, estão extraindo além do permitido". Um exemplo foi o
camarão "antes jogava 10 tarrafas tinha isca, agora precisa 10 horas de tempo e não
pesca uma isca"; e o mexilhão " antes a gente pisava devagar nas beiras para não
pisar e se cortar agora o mexilhão tá no fundo, acho que esta com medo".
Ressaltaram que, com a chegada da Resex "a gente vai ter tudo isso de volta.
por que se chega à proteção e fiscalização".
Com relação a pesca citaram "o nosso rio Murunipi a pesca é mais volante, tem
poita mas não com a frequencia da virada da maré, é a gente que está lá".
79
Figura 35- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais da comunidade Enseada, município de Salinópolis-PA.
80
Comunidade Cuiarana, Itapeua e Arapepó
Realizada no salão paroquial da igreja local a oficina reuniu em Cuiarana
moradores das comunidades de Arapepó e Itapeua (figura 36).
Ao apresentarem o mapeamento realizado, o grupo destacou as áreas de pesca,
os rios e o que se extrai na região. Defenderam a retirada da pescaria de poita, que
segundo eles " destrói todos os peixes e acaba com o trabalho"; e a existência da
"roça para consumição" (caso da comunidade Arapepó). Ressaltaram ainda que " este
ano aqui não deu muito sururu", explicando que muitas pessoas ficaram sem essa
renda e que a pesca predatória e as mudanças nos rios está provocando o sumiço.
Para eles com a Resex criada "muitas coisas vão parar depredar e o peixe vai
ser importante e pode aumentar". Estas comunidades apontaram as áreas de extração
de mel na região dos mangues, e os diferentes locais das pescarias.
O representante da Colônia dos Pescadores que vive em Cuiarana defendeu
que com a Resex, o seguro defeso para o caranguejo poderá existir assim como para
o pescado por que "o peixe desova no salgado, precisa do seguro defeso".
Figura 36- Aspectos da oficina na comunidade de Cuiarana, município de Salinópolis-PA.
81
Figura 37- Mapa das áreas de uso dos recursos naturais das comunidades Cuiarana, Itapeua e Arapepó, município de Salinópolis-PA.
82
3.3- Identificação e caracterização de possíveis co munidades indígenas ou
quilombolas presentes na área
Não foram localizados para o município de Salinópolis registro de povos
indígenas ou de reivindicações de reconhecimento deste grupo étnico. Não há
ocorrência de territórios quilombolas, nem de reivindicações para criação desses
espaços.
3.4- Identificação de grupos sociais que poderão in terferir (de forma positiva ou negativa) no processo de criação da uni dade, bem como suas preocupações e interesses.
A criação da Resex no município de Salinópolis é conhecida pelos moradores
das comunidades visitadas e algumas organizações locais. Há alguns representantes
da Comissão Pró-Resex, nas comunidades de São Bento, e na região de Enseada
(não localizado), no entanto, estes quando contactados pela equipe informaram que
não estavam em conexão como o movimento regional.
As organizações de classe ou associações de produtores são os principais
grupos sociais identificados em Salinópolis além das organizações governamentais. A
ONG Instituto Manguezal atua na região com atividades voltadas a conservação e
tratamento de resíduos sólidos.
A Colônia dos Pescadores Z-29, liderada por mulheres, não souberam informar sobre
o que a criação da Resex poderá afetar a vida dos seus sócios.
As instituições municipais como Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de
Agricultura, embora tenham conhecimento do processo de criação da unidade de
conservação afirmaram que não acompanharam as reuniões que ocorreram na região.
Seus representantes entendem a criação da unidade como uma oportunidade para
que o "período do defeso ocorra, vai definir área de mangue que não pode desmatar ;
haverá preservação dos mariscos, e o mais importante seria reduzir o desmatamento.
Reduziria as queimadas em áreas de mangue, serviria também para conscientizar as
pessoas". E ainda "que a Resex irá trazer benefício para o município, pois vai
aumentar a qualidade de vida dos moradores das comunidades mais distantes".O
secretario de Turismo alegou desconhecer o processo de criação da Resex, mas
afirmou que "espera que haja proteção aos igarapés e riachos".
Para o representante da Associação dos Produtores Rurais de São Bento, a
criação da unidade de conservação "irá trazer benefícios para as comunidades,
precisa preservar os mangues e parar as redes de poita".
No município existe a Associação dos Artistas Plásticos e Artesãos de
Salinópolis, que utilizam recursos naturais na confecção de seus produtos. Em
83
conversa com seus representantes estes não souberam informar o que é e para serve
uma unidade de conservação, no entanto, afirmaram "que já ouviram falar da Resex, e
para eles a criação da Resex irá beneficiar os agricultores". Acreditam ainda que irão
contribuir para a confecção de artesanato junto as comunidades. Citaram o trabalho do
Instituto Manguezal que apóia a utilização de material reciclado obtido dos resíduos
sólidos.
Percepção sobre a Resex pelos moradores
No que diz respeito à percepção ou entendimento que os entrevistados possuem
em relação a criação da Reserva Extrativista Marinha (Resex), elaborou-se uma série
de perguntas que vão ao encontro deste objetivo, pois dependendo da categoria da
UC, principalmente as de Uso Sustentável, a participação social é essencial e, neste
caso uma exigência.
Neste sentido, de antemão percebe-se a dificuldade em conceituar ou dizer o
que é uma Resex, do que se trata ou sua utilidade. 74% dos entrevistados não sabiam
informar o que era uma Reserva Extrativista e 90% não sabiam qual era o órgão
público responsável pela mesma. Os 10% que disseram saber afirmaram ser o Ibama
ou a Prefeitura municipal.
Os 26% que souberam informar o que era e para que serve a Resex,
responderam: “área protegida”, “área onde vai melhorar as coisas do meio ambiente,
diminuir queimadas, tudo de acordo com as leis”, “lugar pra respeitar a reprodução dos
bichos”, “Para preservar o mangue e a mata”, “vai proibir pegar caranguejo na andada
(não pode), proíbe tirar e vender filhote de papagaio”, “área para reservar a natureza,
porque tirar um peixe tudo bem, agora se colocar com rede com malha pequena já
acaba com tudo”, “na área protegida, tem período que pode e não pode tirar peixe”,
“lugar que não pode mexer nos recursos, tem que cultivar e preservar”, “lugar para
preservar os recursos naturais e retirar as redes malhadeiras apoitadas (apreender)”.
A partir dessas respostas, percebe-se que os recursos naturais, principalmente o
peixe e o caranguejo, ganham lugar de destaque na fala dos entrevistados com
percepção de ações que estão em desacordo com legislações vigentes.
Todavia, apesar da pouca clareza sobre o papel da UC, 78% são a favor da
criação da Resex no seu município, mesmo que esta opinião seja acompanhada de
expectativas como na fala: “Sim, mas depende do vem por ai”. Cerca de 18,5% não se
importam se vai ou não ser criada uma Resex e os demais não responderam (Quadro
10).
84
Quadro 10- Opiniões sobre a criação da Resex para a comunidade local.
O que você acha que a criação de uma Resex vai ou p ode trazer para a comunidade local? Benefícios Prejuízos Não sabe dizer 22 2 3 Por que? “O problema é vir a proibição e não vir beneficios” “Vai melhorar a convivência” “Vai melhorar a área” Pode trazer benefícios e incentivos para as pessoas do local Muitos fazendeiros destroem e é preciso parar de tirar caranguejo na andada, só se for pra consumo Tem que reduzir queimada no igapó Porque vai ter tempo de tirar o alimento, vai ter limite Para poder ter criação de ostras Vai acabar com a rede apoitada, vai voltar a ter peixes As pessoas vão aprender a zelar para não acabar Vai gerar empregos a partir da pesca A situação não ta fácil e pode melhorar Vai ajudar a parar a rede Lá em Maracanã dão casa, dão material de pesca, cesta básica. Espero que aqui também Pra não ter desmatamento, nem queimadas, não pode acabar com olhos d'água. O desmatamento vai diminuir Para reduzir a quantidade de rede e respeitar a desova Para poder gerar emprego Para conscientizar as pessoas e manter a água limpa,sem lixo Para eliminar a agressão à natureza Para preservar os rios Vai trazer fartura de peixe Para não acabar os recursos naturais Vai trazer de volta o pescado vai surgir associação de marisqueiros e vai ter criação de peixes e de mariscos Para proteção do meio ambiente Para considerar certo pescar, mas caçar não. Para ser errado ter pessoas estranhas entrando na área e tem que ter tempo pra retirar o caranguejo.
Quando perguntados se a criação da Resex poderia trazer oportunidades de
ganhos para o entrevistado e sua família, 95% disseram que sim. Entre as possíveis
atividades/benefícios que poderiam surgir coma a criação da UC os mesmos
destacaram: recebimento de bolsa verde, criação de cooperativa, possibilidade de
aumento da demanda em bares e restaurantes, trabalho com artesanato para venda a
visitantes, guia ou condutor de visitantes
Por fim, os entrevistados foram instigados a pensar as possíveis ações do
Estado na Resex, assim como pensar suas próprias ações ou como poderiam
colaborar com as mesmas. No geral eles percebem quais as ações devem ser
priorizadas e como podem atuar como parceiros (quadro 11).
85
Quadro 11- Opiniões sobre as ações do governo e pessoais para com a Resex.
O que você acha que o governo deva fazer com a Resex?
Se você pudesse fazer algo pela Resex o que você faria?
Mandar um pessoal para ensinar como atuar na Resex
Não destruiria nada do mangue
Proteger a reserva onde existe muita rede que acaba com o rio
Preservar e fiscalizar
Melhorias para os materiais de pesca, agricultura, formar cooperativas
Plantar árvore
Mais casa e o fomento para os pescadores Ajudar, colaborar na proteção do meio ambiente, proteger, incentivar outras pessoas a melhorar o meio ambiente
Muitas coisas, que não tem por ai e que esta precisando
Avisar sobre pessoas fazendo coisas erradas dentro da reserva, questão do fogo
Estar a frente, embargar o grande roçado e diminuir a entrada de peixes grandes
Não desmataria
Fiscalização e vistoria Não pegaria os peixes na época errada, preservaria
Criar mais reservas para diminuir desmatamento
Conscientizando a comunidade, avisando que não pode pescar
Proteger a natureza Se juntava com a comunidade para acabar com a rede apoitada
Proibir pescas predatórias Não deixava ninguém matar bicho ovado e derrubar as árvores
Vigiar para os pescadores de fora não virem pescar e os caçadores de fora não virem caçar
Se juntava com a comunidade para denunciar
Dar suporte de vida para quem vive da pesca, ajudar essas pessoas com benefícios, permitir a pesca
Se ver alguém destruindo teria que falar para Governo
Fiscalização, colocar uma pessoa da comunidade para ajudar.
Não acabaria com os recursos
No período da desova, o governo deve amparar o pescador.
Ajudaria não destruindo o meio ambiente.
3.5- Identificação de áreas naturais e culturais re levantes, com
oportunidade para uso público
Salinópolis, também conhecido como Salinas, é um município paraense
localizado na costa Atlântica do Estado. Salinópolis faz fronteira com os municípios de
São João de Pirabas (leste e sul) e Maracanã (oeste e sul), sendo banhado ao norte
pelo Oceano Atlântico. Distante de Belém, capital do Estado, 214 km (Google Maps,
2017), o município tem sua economia baseada no turismo e na pesca (Salinópolis,
2017).
Salinópolis é um dos balneários preferido dos belenenses, que no mês de julho
lotam a cidade. As praias possuem areia fina e branca, com águas de uma tonalidade
verde-acinzentada, devido aos sedimentos carregados pelo rio Amazonas (Salinópolis,
2017).Na Ilha do Atalaia, localizada a 12 km do centro da cidade, estão localizadas as
praias do Atalaia e do Farol Velho que, juntas, possuem mais de 20 km de extensão. A
particularidade delas é que os visitantes podem entrar com seus carros nas areias e
chegar bem perto da água (SouParaense.com, 2017). O mar nessas praias é propício
86
à prática de esportes aquáticos como surf, windsurf e o kitesurf. Além desses esportes
aquáticos, devidos as suas características (largas e extensas), as praias do Atalaia e
Farol Velho são procuradas pelos praticantes de windcar (carro à vela). As suas dunas
branquinhas são perfeitas para quem quer praticar o sandboard (Pacote Fácil, 2017).
Na ilha do Atalaia também são encontrados lagos, como o Lago ou Lagoa da Coca-
Cola, fontes de água natural, igarapés e dunas gigantescas de areia branca e
vegetação litorânea abundante, paisagens ideais para os turistas que desejam um
encontro mais íntimo com a natureza (figura 38).
A. Praia do Atalaia (Luh, 2007). B. Lagoa da Coca-Cola (Benathar, 2007).
C Farol Velho (Cardoso, 2008). D. Farol Velho (Brito, 2008).
Figura 38- Principais praias visitadas em Salinópolis-PA.
Outro destaque de Salinas é a praia do Maçarico, que fica na área urbana da
cidade. É um dos pontos mais frequentados durante as noites de julho. São mais de
2km de orla recentemente inaugurada. O calçadão ornamentado com palmeiras é o
"point" dos ciclistas e ideal para caminhada e/ou corrida no final da tarde (figura 39).
Na orla do Maçarico há inúmeros bares, restaurantes e churrascarias onde se pode
degustar os mais deliciosos e requintados pratos da culinária paraense. É também no
Maçarico que acontecem eventos culturais que atraem multidões nos períodos de alta
temporada.No final da orla do Maçarico existe uma ponte que dá acesso à Praia da
87
Corvina (figura 40). Na Praia da Corvina ocorre o encontro das águas dos rios
Urindeua e Maramipi (SouParaense.com, 2017).
A. Orla do Maçarico (Asael, 2007). B. Orla do Maçarico (Araújo, 2009).
Figura 39- Aspectos das orlas urbanas em Salinópolis-PA.
Na Vila de Cuiarana, distrito distante 13km do centro de Salinópolis, ficam as
praias do Amor e do Cruzeiro. Na praia do Amor, há poucas barracas que só
funcionam em finais de semana e feriados, com a venda de bebidas e frutos do mar
(peixe, camarão, caranguejo, ostra, etc.). A praia do Cruzeiro é pouco frequentada,
não conta com estrutura. Ela é recomendada para quem gosta de isolamento
(SouParaense.com, 2017). Na Vila de Cuiarana, também fica localizado um resort de
alto nível, que além de possuir uma ótima infraestrutura, possui belas paisagens, pois
fica localizado na foz do Rio Arapepó. O resort é procurado por turistas mais
exigentes, que desejam desfrutar de um maior contato com a natureza com muito
conforto.
A. Praia da Corvina (Boulhosa, 2010). B. Resort em Cuiarana (Santos, 2008).
Figura 40- Aspectos das regiões turísticas praia da Corvina e Resort.
88
As festividades mais importantes do município de Salinópolis são as de São
Pedro (29 de junho), Padroeiro dos Pescadores, de Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro (1 a 8 de setembro) e de São Benedito(22 a 30 de novembro). As formas mais
comuns de manifestação da cultura popular são os pássaros juninos, o carimbó, os
bois-bumbás, o xote e o siriá (figura 41. A produção artesanal do município é
constituída por objetos de pesca como canoas, remos e também objetos oriundos do
aproveitamento de conchas (Resende, 2012).
A. Carimbó (Globo.com, 2014). B. Boi-Bumbá (Mosqueirando, 2014).
Figura 41- Festividades do município de Salinópolis-PA.
As ilhas ao redor de Salinas são uma opção de passeio. Nesses lugares, o
destaque fica por conta de paisagens exuberantes e intocadas, da rica fauna e flora,
além da tranquilidade que oferecem. As ilhas mais próximas abrigam a Praia Marieta
(Ilha do Marco – Maracanã-PA) e a Praia de Maria Baixinha (Ilha de Itaranajá – São
João de Pirabas-PA). As ilhas servem de berçário para o guará, uma ave cuja
plumagem apresenta uma tonalidade vermelha muito forte. Para chegar às ilhas é
preciso pegar um barco no centro de Salinas ou no vilarejo de Cuiarana (Pacote Fácil,
2017).
Por possuir fontes de águas minerais, Salinópolis permaneceu como estância
hidromineral de 1967 até 1985 (Salinópolis, 2017). No centro de Salinópolis fica
localizada a Fonte do Caranã (figura 42), uma fonte de água mineral, bastante
apreciada por moradores e turistas. Na área da fonte são encontradas inúmeras
espécies de árvores e plantas nativas. Uma caminhada pelo bosque proporciona um
agradável contato com a natureza. No local, costuma acontecer manifestações da
cultura popular como o carimbó (Pacote Fácil, 2017).
89
A. Rio Arapepó (Athayde, 2017a). B. Fonte do Caranã (Athayde, 2017b).
C Farol de Salinópolis (Oliveira, 2011a). D Igreja Matriz (Corrêa, 2011a).
Figura 42- Aspectos turísticos do município de Salinópolis-PA.
Contam os moradores de Salinópolis, que na Fonte do Caranã tem uma sapa
que protege a fonte de água mineral. As pessoas que frequentam esta fonte têm
grande respeito pela sapa e antes de retirar água dizem em tom de respeito: “Ó minha
avó, me dê licença para pegar água para beber, para lavar minha roupa, para tomar o
meu banho e não me faça nenhum mal!” Após fazer esse pedido as pessoas
acreditam que possam pegar água à vontade que nenhum mal vai lhe acontecer
(Marly, 2013).
Nesta mesma região do centro de Salinópolis onde fica a Fonte do Caranã
também estão localizados o Farol e a Igreja Matriz locais também muito visitados
pelos turistas.
Outro atrativo turístico em Salinópolis são os banhos de água de doce. Esses
banhos são criados a partir do represamento de um igarapé, formando piscinas de
águas frias correntes. Esses banhos contam com uma boa estrutura que inclui
banheiros, restaurante, local para prática de esportes e caminhada.
O Igarapé Tubão ou Lago do Tubão fica localizado na região central do
município, 10 km do centro de Salinópolis, na estrada que da acesso ao aeroporto e a
comunidade Enseada .O Sítio Recanto Águas de Jandira, fica localizado em Alto
Pindorama, 12km do centro de Salinas. É excelente para curtir com a família. São
90
10.000 m² de área livre e muito verde. A piscina é de água natural e corrente, formada
pelo represamento de um igarapé, em que a água brota do chão e segue seu leito,
limpa, transparente e geladíssima (figura 43). Além das piscinas para adultos e
crianças, o local conta ainda com restaurante, campo de futebol, uma grande área
gramada, rodeada por frondosas árvores e um lago, onde os reflexos das árvores
produzem uma bela paisagem. Aves como araras são vistas livremente sobre as
árvores (Athayde, 2017c).
Figura. 15. Igarapé Tubão (Corrêa, 2011b). Figura 16. Recanto Águas de Jandira
(Athayde, 2017c).
Figura 43- Aspectos das áreas turísticas denominadas de " banhos"
A pesca amadora, também conhecida como “pesca esportiva”, “pesca de lazer”,
“pesca desportiva” e “pesca recreativa”, é praticada no mar, em rios, lagos naturais,
açudes, criatórios comerciais, utilizando-se apenas vara de pesca, molinetes ou
carretilhas, linha de pesca, anzol e iscas naturais ou artificiais. O Governo do Estado
do Pará, através da Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (SEPAq), busca
organizar a cadeia produtiva da pesca esportiva, relacionando-a com o turismo de
pesca e viabilizando-a como atividade ambientalmente correta. Uma das suas
atuações é o ordenamento pesqueiro das áreas aquáticas, delimitando áreas
especiais, denominadas de Sítios Pesqueiros Turísticos. Um destes Sítios Pesqueiros
Turísticos está localizado no município de Salinópolis, na localidade de Cuiarana, o
Sítio Pesqueiro Turístico do Estuário de Cuiarana. A SEPAq também estimula a
realização de torneios de pesca, como Torneio de Pesca Esportiva da Vila Galdina
(Salinópolis), o que impulsiona a economia dos locais onde eles são realizados (Pará,
2013).
Em Salinópolis, uma outra atividade que atrai os visitantes é a pesca esportiva.
O distrito de Cuiarana, localizado a 13 km do centro da cidade, atrai turistas que
apreciam passeios de lancha e pescaria, seja em áreas de mangue ou alto-mar. A
91
região abriga espécies de peixe como pescada amarela, robalo ou robalão (figura 44),
corvina, xaréu, peixe pedra, pirapema ou tarpon, e o mero (Rezende, 2014; Pura
Pesca, 2014). Algumas empresas já vendem pacotes de pesca esportiva para
Salinópolis. Esses pacotes normalmente incluem: deslocamento, hospedagem,
embarcação, material e guia de pesca (Pesca Pará, 2017).
A Vila Galdina, em Salinópolis, organiza anualmente o “Togaldina”, Torneio de
Pesca da Vila Galdina. Em setembro de 2016 foi realizado o XII Togaldina .O evento é
organizado pela Associação dos Moradores e Amigos da Galdina (Amavig) e tem a
parceria da Emater. A Vila da Galdina é habitada por 14 famílias que vivem do
extrativismo da pesca e da agricultura familiar, com o cultivo de mandioca, feijão,
macaxeira, horticultura e mel em menor escala. O evento foi criado para atrair o
turismo, com ações de incentivo à consciência ambiental, como limpezas do rio e
praia, atividades culturais e venda de comidas típicas e artesanatos, gerando uma
renda extra para os moradores da comunidade (Moura, 2016).
A. Robalão (Pesca Pará, 2017). B. VIII Togaldina (Amavig, 2012).
Figura 44. A pesca esportiva no município de Salinópolis-PA
Com base nas informações levantadas foi elaborado um mapa das áreas de
turismo para o município de Salinópolis (figura 45).
92
Figura 45 - Mapa de ocorrência das áreas turísticas do município de Salinópolis PA.
93
3.6-Análise do impacto econômico da criação da unid ade de conservação Estudos prévios visando a criação de uma unidade de conservação em uma
determinada área devem levar em conta, sempre que possível, o impacto ambiental
imposto pelas atividades produtivas desenvolvidas no interior da área proposta e no
seu entorno (Domingues, 2014).
O o estudo Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia
nacional, publicado em 2011 pelo o Ministério do Meio Ambiente em parceria com o
Centro para Monitoramento da Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (UNEP-WCMC) permite identificar alguns aspectos que podem
ser considerados na região em questão. Um exemplo são as de funções de uma UC.
cujos benefícios são usufruídos por grande parte da população brasileira – inclusive
por setores econômicos em contínuo crescimento, sem que se dêem conta disso,
levantam importantes aspectos para que se permita fazer análises de impactos
econômicos ao se criar essa categoria de área protegida.
Segundo a Fundação o Boticário (2015) os benefícios de proteção da biodiversidade e
os serviços ambientais que as UCs fornecem à sociedade não têm sido suficientes
para incentivar a implementação de políticas públicas voltadas à expansão e
consolidação dessas áreas protegidas no país. Ao desenvolverem um roteiro para a
valoração de áreas protegidas o Grupo propõe que "a valoração também pode ser
utilizada como ferramenta de mensuração, avaliando o desempenho da gestão dessas
áreas e indicando a amplitude real dos benefícios, diretos e indiretos, que elas
provêem à população”.
Dentre os benefícios valoráveis estão as receitas adquiridas com uso público
(ecoturismo); o fornecimento de água; os benefícios fiscais para os municípios,
provenientes de arrecadação de impostos gerados pela presença da UC (ICMS
Ecológico ou imposto territorial, por exemplo) e o impacto das contratações e
aquisições da UC no comércio e mercado de trabalhos locais. Com foco em unidade
de conservação proteção integral, segundo o Grupo o roteiro pode ser utilizado para
outras categorias de áreas protegidas.
Domingues (2014) realizou estudos de caracterização socioeconômica para a criação
de unidades de conservação em Minas Gerais, sob a ótica da educação ambiental e
análise das atividades produtivas realizadas pela população local. O autor concluiu
que o sucesso do projeto de construção de uma área legalmente protegida, deve se
atrelar a um projeto político-pedagógico junto aos moradores e produtores do entorno,
que incentive o uso sustentável do solo e leve em conta o desenvolvimento social e
comunitário local. Em seus estudo o autor determinou alguns eixos,entre os quais,
destacamos: programas pedagógicos e de educação para a valorização cultural dos
94
recursos naturais, estimulando a reflexão acerca dos serviços ambientais; o
desenvolvimento, através da extensão rural, de alternativas ao desmatamento que
garantam a subsistência das famílias rurais, voltadas para a diversificação das
atividades produtivas e para a valorização da cultura rural tradicional; e criação de
mecanismos que possibilitem uma maior agilidade nos processos de licenciamento
ambiental das propriedades, permitindo que os produtores façam o uso mais planejado
dos recursos naturais, entre outros.
Medeiros et al (2011), citam como principais exemplos para tal: a qualidade e a
quantidade da água que compõe os reservatórios de usinas hidrelétricas; o turismo
que dinamiza a economia de muitos dos municípios do país sóé possível pela
proteção de paisagens proporcionada pela presença de unidades de conservação.
Além do desenvolvimento de fármacos e cosméticos consumidos cotidianamente, em
muitos casos, utilizam espécies protegidas por unidades de conservação. Sem contar
com o papel das unidades de conservação para os serviços ambientais, como a
mitigação dos efeitos da emissão de CO2 e de outros gases de efeito estufa
decorrente da degradação de ecossistemas naturais. Vale destacar que, segundo
Medeiros et al (2011), por se tratar de produtos e serviços em geral de natureza
pública, prestados de forma difusa, o valor e o pagamento por esses serviços não são
percebidos nem pagos pelos usuários. Ou seja, o papel das unidades de conservação
não é facilmente “internalizado” na economia nacional.
Se considerarmos os estudos citados acima e os utilizando para identificar de
forma não analítica, quais aspectos podem ser considerados para a região de
Primavera para gerar impactos econômicos com a conservação da biodiversidade,
sugerimos os serviços ambientais. Evitar a emissão de CO2 por meio da conservação
das florestas de mangue conservando e mantendo as cabeceiras dos rios que
abastecem os mangues.
Há que se considerar ainda o documento que propõe a criação de unidade de
conservação estadual na categoria Monumento Natural, já aprovado em audiências
públicas. Este documento ressalta:
Em caráter de urgência: o estabelecimento de uma força tarefa para coibir práticas
degradadoras nas dunas, restingas, mangues e praias no Município de Salinópolis;
Promoção de um turismo ordenado através de campanhas educativas que informem
que as dunas e o lago compreendem uma Área de Proteção Permanente (APP),
protegida por lei que devem ter seu uso controlado; Restrição de acesso a área do
Lago da coca-cola com uso de veículo de qualquer espécie e nas áreas adjacentes
restrição de ônibus, micro-ônibus e vans com delimitação e sinalização de área para
estacionamento fora do entorno das dunas;
95
A curto e médio prazos: Continuidade das ações para efetivação da criação da
Unidade deConservação envolvendo os estudos Socioeconômicos, Delimitação da
áreaproposta para a referida UC, Memorial Descritivo, Elaboração do Diagnóstico
fundiário da área e Encaminhamento da documentação técnica e minuta do
instrumento legal para Criação de Unidade de Conservação; Proposição de atividades
rentáveis sustentáveis: passeios e trilhas controlados, envolvendo a comunidade;
Levantamento das barracas, padronização e adequação sanitária; Formalizar regras
para o uso e ocupação do solo que possam promover o desenvolvimento do município
em bases sustentáveis; Projetos de fixação de dunas móveis;Medidas de
monitoramento da flora costeira, fator essencial para o manejo de praia
arenosa;Levantamentos de áreas para recomposição florística; Buscar a cooperação
interinstitucional, através de parcerias na implantação de programas e projetos na área
ambiental; Estimular a participação comunitária nas ações e no planejamento
ambiental,do município; Criar e implantar o Conselho e o Fórum de Meio Ambiente
Municipal caso não exista; Envolver a população num trabalho de conscientização
sobre a necessidade de proteção dos ambientes litorâneos, principalmente das Dunas
e Restingas.
3.7 - Levantamento de dados e análise dos impactos ambientais sobre os
usos alternativos do solo existentes, que estão em planejamento ou em implementação nas áreas indicadas.
Não foram encontrados registros específicos para Salinópolis, no que se refere a
impactos ambientais do uso do solo. No entanto, nas comunidades visitadas os
moradores nas oficinas relataram alguns impactos. Na comunidade de Enseada,
denunciaram a exploração das cabeceiras dos igarapés que formam o rio Santo
Antônio do Urindeua, com a retirada de pedras e piçarra pela prefeitura local, além de
depósito de lixo. Segundo os moradores já houve informação da secretaria de meio
ambiente do município, mas sem que nenhuma atitude ocorresse.
3.8-Levantamento de dados secundários do Meio Físic o.
O município de Salinópolis está localizado na Microrregião Salgado que é
integrante da Mesorregião Nordeste Paraense, costa atlântica da Amazônia Brasileira
(Figura 46).
96
Figura 46. Mapa de localização do município de Salinópolis.
De acordo com a Classificação Climática de Köppen, a região esta incluída no
subgrupo climático Tropical de Monções (Am), que apresenta as seguintes
características: temperatura média do mês mais frio do ano > 18°C, pequena estação
seca (agosto – dezembro), influência de monções, precipitação total anual média >
1500mm e precipitação do mês mais seco < 60mm (Alvares et al., 2013).O município
de Salinópolis possui temperatura média mensal e precipitação anual de 26,4°C e
2830,4mm, respectivamente (Inpe, s.d.1; s.d.2).O município possui elevações
modestas, variando do nível do mar a 55 metros, com a média ficando em
16,19metros (USGS, s.d.). Estatísticas para os valores de temperatura, precipitação e
elevação podem ser observados na tabela 9.
Tabela 9. Estatísticas das variáveis ambientais.
Variável No. Células Mínimo Máximo Amplitude Média Desv.
Padrão
Temperatura 242 26,3 26,6 0,3 26,4 7,0
Precipitação 242 2739 2898 159 2830,4 32,5
Elevação 250233 -16 55 71 16,19 9,79
Obs. Temperatura e precipitação resolução de 1000m; Elevação resolução de 30m.
97
A distribuição espacial dos valores de temperatura, precipitação e elevação pode
ser observada na figura 47 (A, B) respectivamente. A temperatura apresenta uma
variação muito pequena, com tendência de diminuição no sentido Norte � Sul
(figura 2). Pode-se observar, também, uma tendência de diminuição da precipitação no
sentido Norte�Sul .A diminuição da precipitação no sentido litoral � interior é um
fenômeno esperado. No entanto, esperava-se um comportamento inverso para a
temperatura, com as temperaturas litorâneas sendo amenizadas pela brisa marinha, o
que não foi observado para Salinópolis.
A.Temperatura. B. Precipitação.
Figura 47- Mapas da distribuição espacial dos valores de temperatura, precipitação no município de Salinópolis-PA.
As elevações mais baixas de Salinópolis são encontradas no norte do município,
região mais litorânea e nos vales dos rios principais: Rio Maracanã, Rio Urindeua e
Rio Arapiranga. As regiões mais elevadas estão localizadas nos interflúvios Maracanã
– Urindeua e Urindeua – Arapiranga (figura 48). O território do município de Salinópolis
é todo constituído por terrenos recentes em termos de idade geológica (Tabela 10 e
Quadro 12. Os terrenos de Salinópolis ou são Período Terciário – Mioceno (9,96%) ou
do Período Quaternário – Pleistoceno (48,11%) e Holoceno (28,57%).
98
Tabela 10. Áreas das classes do Mapa Geológico
Mapa Geológico - Classes Tempo Geológico
Área
(ha)
Área
(%)
Corpos d'água Não se aplica 3173,0 13,37
Cobertura Detrito -Laterítica Pleistocênica Pleistoceno 11417,9 48,11
Depósitos de Pântanos e Mangues Holocênicos Holoceno 6473,9 27,28
Depósitos Marinhos Litorâneos Holoceno 305,9 1,29
Grupo Barreiras Mioceno 2362,9 9,96
TOTAL
23733,8 100,00
Quadro 12- Tempo Geológico
Fonte: Felipe, s.d.
A distribuição espacial das classes do Mapa Geológico pode ser observada na
figura5 (IBGE, 1998; s.d.1). A classe mais abrangente do Mapa Geológico é a
Cobertura Detrito-Laterítica Pleistocênica, respondendo por 48,11. Como pode ser
observado no Mapa Geológico (figura 48), a Unidade de Conservação proposta
ocupará principalmente terrenos recentes da classe Depósitos de Pântanos e
Mangues Holocênicos.
99
A. Elevação. B. Mapa Geológico.
Figura 48- Mapas de elevação e geológico de Salinópolis-PA.
Com relação ao modelado da superfície, predominam no município de
Salinópolis as classes de dissecação (erosão), representando 57,68 % do território. O
restante do território ou representam áreas de acumulação (deposição), com 28,95 %
ou são corpos d’água (13,37%).As áreas das classes do Mapa Geomorfológico podem
ser observadas na tabela 11.
Tabela 11 Áreas das classes do Mapa Geomorfológico
Mapa Geomorfológico - Classes Ação Área (ha) Área (%)
Corpos d'água Não se aplica 3173,6 13,37
Planície fluviomarinha Acumulação 306,0 1,29
Planície marinha Acumulação 6565,1 27,66
Homogênea ou diferencial tabulares Dissecação 9376,2 39,50
Pediplano retocado inumado Dissecação 4313,5 18,17
TOTAL 23734,4 100,00
A distribuição espacial do Mapa Geomorfológico pode ser observada na figura
49 A (IBGE, 2009; s.d.2). Com base na figura 49 (A) verifica-se que área proposta
100
para a unidade de conservação ocupa predominantemente a planície fluviomarinha,
área de acúmulo de sedimentos.
A. Mapa Geomorfológico. B. Mapa Pedológico (solos).
Figura 49- Mapas geomorfológico e pedológico do município de Salinópolis-PA
101
Com relação aos solos, nas áreas baixas (planícies) predominam os mal
drenados (gleissolos), cobrindo 27,47% do território de Salinópolis. Os solos bem
drenados ocupam, prioritariamente, as áreas mais altas (latossolos) ou as praias
(neossolos) representam 59,21% da área do município. Os corpos d’água cobrem o
restante da área (13,32%) (Tabela 12).
Tabela 12. Áreas das classes do Mapa Pedológico
Mapa Pedológico - Classes Característica Área (ha) Área (%)
Corpos d'água Não se aplica 5076,5 15,56
NeossoloQuartzarênicoÓrtico Bem drenado 51,1 0,16
GleissoloTiomórficoÓrtico Mal drenado 15496,4 27,47
Latossolo Amarelo Distrófico Bem drenado 10990,5 57,50
TOTAL 32625,8 100,00
A distribuição espacial das classes de solo pode ser observada na figura 50 A
(IBGE, 2007; s.d.3). A área proposta para a unidade de conservação esta
predominantemente sobre a classe GleissoloTiomórficoÓrtico, que são solos
hidromórficos (mal drenados), e que pelo fato de se encontrarem na região costeira
apresentam elevada salinidade. Normalmente, as áreas em que estes solos ocorrem
não são apropriadas para uso agrícola, sendo destinadas para preservação (Embrapa,
s.d.). Com relação aos dados de fitofisionomias (IBGE, 2012; s.d.4), no município de
Salinópolis predominam áreas alteradas (vegetação secundária e área urbana),
respondendo por 56,06% do território do município. As formações originais (formações
pioneiras) representam 30,57% da área do município, sendo o restante (13,37%)
coberto por corpos d’água (tabela 13).
A distribuição espacial das formações originais e das áreas alteradas pode ser
observada no Mapa de Fitofisionomias (figura 50 B). De uma forma geral, verifica-se
que as áreas de formações originais do tipo mangue (Formações Pioneiras com
influência fluviomarinha - arbórea) ocupam os terrenos baixos (planícies), que devido
aos solos mal drenados, são menos recomendados para as atividades produtivas. As
áreas alteradas do tipo vegetação secundária (com e sem palmeiras), por sua vez,
ocupam os terrenos mais altos (tabuleiros), áreas de solos bem drenados
102
Tabela 13. Áreas das classes do Mapa de Fitofisionomias
Mapa de Fitofisionomias - Classes Característica Área (ha)
Área (%)
Corpos d'água Não se aplica 3173,6 13,37
Área urbana e sua periferia Alterada 843,9 3,56
Formações Pioneiras com influência marinha - arbustiva Original
370,2 1,56
Formações Pioneiras com influência fluviomarinha - arbórea Original
6885,6 29,01
Vegetação Secundária sem Palmeiras Alterada 557,3 2,35
Vegetação Secundária com Palmeiras Alterada 11903,8 50,15
TOTAL
23734,3 100,00
A. Mapa de Fitofisionomias (vegetação). B. Mapa TerraClass 2010 (uso da terra).
Figura 50- Mapas de fitofisionomia Terra Class.
A unidade de conservação abrangerá principalmente áreas da classe Formações
Pioneiras com influência fluviomarinha – arbórea, também conhecida como manguezal
(figura 50). Os manguezais, por serem berçários de diversas espécies de peixes e
outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do
ciclo de sua vida, são áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade (USP,
103
s.d.). Como a informação sobre o uso da terra dos dados de fitofisionomias (IBGE;
s.d.4), não são atuais, resolveu-se utilizar os dados do Projeto TerraClass (Embrapa e
Inpe, 2011; 2013). As áreas das classes do Mapa TerraClass 2010 para o município
de Salinópolis são apresentados na tabela 14. A distribuição espacial das classes do
Mapa TerraClass 2010 pode ser observada na figura 50B.
Como pode ser observado nos dados TerraClass 2010, a classe mais
abrangente é a floresta que cobre cerca de 2/3 da área do município. As duas classes
seguintes mais abrangentes são Hidrografia (8,56%) e Sem Informação (7,95%), que
não são classes de uso ou cobertura da terra. As demais classes cobrem apenas
16,90% do território do município. De acordo com os dados TerraClass 2010 (figura
50), praticamente toda a área proposta para a criação da Resex está sobre área de
floresta, que no caso do dado TerraClass 2010, estão associadas áreas de mangue.
Embora cubram áreas um pouco diferentes, comparando-se os dados de
Fitofisionomias do IBGE (IBGE, 2012; s.d.4) com os dados TerraClass 2010 (Embrapa
e Inpe, 2011; 2013), são observadas diferenças importantes. Os dados de
Fitofisionomia do IBGE delimitam bem as áreas de mangue, enquanto nos dados
TerraClass 2010 as áreas de mangue estão justas com as áreas de florestas de terra
firme. Outra diferença observada foi que o núcleo urbano do município de Salinópolis
que no dado de Fitofisionomias encontra-se corretamente mapeado, no dado
TerraClass 2010 ele está mapeado como “Não-Floresta”, ou seja, fisionomias vegetais
de extrato arbóreo-arbustivo, o que é um equivoco.
Tabela 14. Áreas das classes do Mapa TerraClass 2010.
Mapa TerraClass 2010 - Classes Característica Área (ha) Área (%)
Área não observada Sem informação 90463,6 3,80 Hidrografia Não se aplica 203653,0 8,56
Não-Floresta Original 102766,6 4,32
Floresta Original 1584691,9 66,60
Desflorestamento 2010 Alterada 21679,4 0,91
Área Urbana Alterada 93489,4 3,93
Mosaico de ocupações Alterada 5139,0 0,22
Outros Alterada 1904,0 0,08
Pasto Sujo Alterada 125,7 0,01 Regeneração com Pasto Alterada 38250,5 1,61
Vegetação Secundária Alterada 48248,9 2,03
Sem informação Sem informação 189103,2 7,95 TOTAL 2379515,3 100,00
Os rios principais do município de Salinópolis são o Rio Maracanã, Rio Urindeua,
Rio Arapiranga, a oeste, e o Rio Arapepó a leste. Tem ainda o Rio do Destacado, que
na verdade é um furo ligado a Baía do Arapepó, formando a Ilha do Atalaia. Ao Norte o
104
município é banhado pelo Oceano Atlântico. O mapa de Hidrografia de Salinópolis
(figura 51) foi elaborado com base em dados do IBGE (s.d.5).
Figura 51- Mapa de Hidrografia.
3.9 - Levantamento de dados secundários do meio bió tico.
Não se encontrou literatura pertinente que destaque meio biótico como um todo
correspondendo a área visitada. Os trabalhos já citados da Embrapa (2011) e Guerra
et al(2016) são os que citam as região especificamente. Trabalhou-se com a literatura
que abordasse a região de integração de Caetés e o território Bragantino e que
descreviam a região do Salgado paraense como um todo. Utilizaram-se dados
publicados sobre a flora e a fauna em (ver banco de dissertações e tese UFPA e
outras universidades e artigos do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi e demais
periódicos). Além desses, utilizou-se as informações obtidas por meio das conversas
informais com os moradores.
O texto mais atual que descreve a região é o que trata da criação de um
Monumento Natural na Praia de Atalaia, realizado pela Secretaria Estadual de Meio
105
Ambiente (Ideflor-bio). O documento intitulado Estudos preliminares para criação de
unidade de conservação na Praia do Atalaia,Salinópolis, Costa Nordeste do Pará, data
de 2011. Destaca, sobretudo a vegetação da região de restinga e dunas, caracterizada
pelo ajuru (Chysobalanus icaco L.), alecrim da praia (Bulbostylis capillaris C.B.Clark) e
salsa da praia (Ipomoea pescaprae Roth).
As espécies que ocupam grandes extensões na área de terra firme são: imbaúba
(Cecropia sp.), pau mulato (Chimanis turbinata D.C.), matá-matá branco CEschweilera
odorata), lacre (Vismia sp), castanheira (Bertholetia excelsa) e núcleos de palmeiras,
principalmente, o buriti (Mauritia flexuosa), tauari (Couratari sp), açaí (Euterpe
oleracea) e bacaba (Oemocarpus bacaba).
Nas áreas com Floresta Hidrófilas e Higrófilas de Várzea, regionalmente
conhecidas como "mata de várzea", e que ocupam uma faixa de largura considerável,
caracterizam-se por permanecerem permanente e temporariamente inundadas,
respectivamente, porém, sem interferência de água salina e, compõem-se de espécies
florestais de porte mediano e ocorrências de alguns indivíduos de menor porte. Essas
formações são caracterizadas pela grande proporção de madeiras moles, sem valor
comercial, com exceção da andiroba (Carapa guianensis), açacu (Hura creptans), breu
branco da várzea (Protium unifolium), jenipapo (Genipa americana), ingá (lnga
disticla), louro da várzea (Nectandra amazonicum), taperebá (Spondea lutea),
samaúma (Ceiba pentandra) e buriti (Mauritia flexuosa).
O ecossitema manguezal com formação com grande poder de regeneração, vive
normalmente em ambiente salino e salobre, acompanhando os cursos dos rios,
instalando -se nas áreas que sofrem influências das marés, cuja denominação, no
Pará é "apicum". O mangue vermelho (Rhizophora mangle L.), o mais ligado ao teor
salino das águas salobres, ocupa sempre a linha costeira das embocaduras dos rios.
O mangue siriba ou siriúba (A vicennia sp), forma uma segunda linha, atrás do
mangue vermelho e, acompanha as margens dos rios até onde as marés influem,
mesmo com baixo teor salino. Esses mangues na região estudada mostram-se
conservados, mas com áreas onde há desmatamento para plantio de campos, retirada
de madeira para produção de carvão e principalmente para instalação de hotéis e
portos para lanchas de pesca esportiva.
Com exceção das espécies aquáticas, não foram encontrados textos que
descrevam a ocorrência de outros grupos taxonômicos nas regiões estudadas.
Estudos na região Bragantina apontam a ocorrência de mamíferos de médio e
pequeno porte como: (Procyon cancrivorus, Cerdocyon thous, Eira barbara, Cyclopes
didactylus, Tamandua tetradactyla, Euphractus sexcinctus e Didelphis marsupialis).
106
3.10 - Realização de reuniões participativas com as comunidades
Em consonância com a metodologia proposta foram realizadas visitas e oficinas
nas comunidades de Enseada, Cuiarana, Santa Rosa, Macapazinho, São Bento,
Joacaia, Buçu, Itapeua, Arapepó, Derrubada, Paulinia, Derrubadinho, Gaudina e Santo
Antonio do Urindeua.
No município o apoio veio das lideranças comunitárias que participaram de
reuniões junto a Comissão Pró-Resex. A fim de maximizar a estadia em campo e
visitar as comunidades elaborou-se uma agenda de atividades em consonância com
as lideranças locais. Estas determinaram os locais e os horários para as reuniões, e a
equipe trabalhou em conjunto para a mobilização. Quando necessário os veículos
utilizados pela equipe foram disponibilizados para deslocamento dos participantes
comunitários. Embora as organizações municipais institucionais estivessem
comunicadas sobre nossa presença e atividades na região nenhum representante
participou ou realizou quaisquer atividade nas oficinas realizadas. Apenas em
Cuiarana houve participação do representante da Colônia de Pescadores.
As oficinas ocorreram em distintos horários, manha, tarde e noite de acordo com
a disponibilidade dos moradores. Sempre que possível foram iniciadas com a fala da
representante da comunidade. A programação seguiu o roteiro já estabelecido para
este estudo: o esclarecimento das atividades da equipe na região. A dinâmica foi de
atividades em grupos (quando o número de participantes excedia mais de 20 pessoas)
ou trabalhou-se em conjunto com todos participando dos exercícios (quando em
comunidades com um menor número de participantes) caso da comunidade
Derrubada. Todas as atividades previstas foram realizadas: o mapeamento das áreas
de uso dos recursos Naturais, o Diagrama de Venn e a Matriz Histoecológica. e
posterior ou anteriormente a oficina o agendamento das entrevistas com os presentes
e /ou indicados como experto para atividades extrativistas.
Em todas as oficinas houve presença de homens e mulheres das comunidades
que emitiram suas opiniões e dúvidas quanto ao território a ser criado. Buscou-se
sanar as dúvidas quanto ao significado de uma unidade de conservação na categoria
pretendida, e o que se pode ou não fazer dentro dessas áreas, assim como os
benefícios que poderão chegar às comunidades a partir da criação da unidade de
conservação. O número de participantes variou entre as oficinas (ver anexo listas de
presença). Ressalta- se que em muitas comunidades houve receio de alguns
participantes em assinar a lista de presença,quando ocorria tal fato, optou-se por
deixar livre para quem o quisesse fazer. A fim de evitar constrangimentos para com os
que não assinam o nome, um dos membros da equipe percorreu a sala com a lista de
presença, registrando os nomes.
107
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5- ANEXOS: 5.1- Lista de presença das Oficinas/reuniões; 5.2- Documentos recebidos nas comunidades.