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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – LINHAS GERAIS - PROFº FABIO DELGADO APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL – DIREITO INTENSIVO TJRO2012 PONTO 1 - DAS PARTES E DOS PROCURADORES O processo só se estabelece plenamente com a participação de três sujeitos principais: O Estado, autor e réu. O Estado é representado Juiz que devidamente provocado pelas partes estabelece a relação jurídica processual. A parte, além do sujeito da lide ou do negócio jurídico material (jurisdição voluntária) deduzido em juízo, é também sujeito o processo. Como nem sempre o sujeito da lide se identifica com o que promove o processo, como ocorre nos casos de substituição processual ( art. 6º do CPC), pode-se definir parte para o Direito Processual como a pessoa ou pessoas que participam da relação processual contraditória. Nesse sentido, pode-se citar o ensinamento de Liebman ‖ São partes do processo os sujeitos do contraditório instituídos perante o juiz―. Conforme o tipo de ação, procedimento ou fase processual, a denominação das partes varia, na lei e na terminologia forense. Assim, autor e réu são as denominações usuais no processo de conhecimento em geral, porém podem as partes receberem outras denominações, senão vejamos: I - processo de conhecimento: a) nas exceções: o promovente é o excipiente, e o promovido é o excepto; b) na reconvenção: reconvinte e reconvindo; c) nos recursos em geral: recorrente e recorrido; d) na apelação: apelante e apelado; e) nas intervenções de terceiros: interveniente, etc. II – processo de execução: a) as partes na execução forçada são credor e o devedor; b) nos embargos do devedor ou de terceiro: embargante e embargado. III – No processo cautelar : as partes são tratadas pelo CPC por requerente e requerido. O procurador é a pessoa que cuidará dos interesses das partes em juízo, podendo ser eleito livremente pela parte ou legalmente conforme a parte, na seguinte esteira: Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II – o Município, por seu Prefeito ou procurador; III – a massa falida, pelo administrador; IV – a herança jacente ou vacante, por seu curador; V – o espólio, pelo inventariante. VI – as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou não designando, por seus diretores; VII – As sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa quem couber a administração dos bens; VIII – a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88 parágrafo único) IX – O condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.‖ Nos casos supramencionados vê-se que a eleição para representar ativa e passivamente dá-se por determinação legal. Nos demais casos, as partes serão representadas por advogado, conforme o art. 36. Para postular em juízo o advogado deverá apresentar instrumento de mandato, sendo vedado procurar em juízo sem o instrumento. Contudo, pode praticar alguns atos sem instrumento: intentar ação a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, nos processo para praticar atos de urgência. Nesses casos, o advogado deverá juntar instrumento de mandando no prazo legal de 15 dias prorrogáveis por mais 15 por despacho do juiz. É permitida a substituição do advogado pelas partes desde que constitua outro para patrocinar a causa ( art. 44). No que pertine ao advogado é lícito, a qualquer tempo, renunciar ao mandado, provando que [email protected] 1

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – LINHAS GERAIS - PROFº FABIO DELGADO

APOSTILA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL – DIREITO INTENSIVO TJRO2012

PONTO 1 - DAS PARTES E DOS PROCURADORES

O processo só se estabelece plenamente com a participação de três sujeitos principais: O Estado, autor e réu. O Estado é representado Juiz que devidamente provocado pelas partes estabelece a relação jurídica processual. A parte, além do sujeito da lide ou do negócio jurídico material (jurisdição voluntária) deduzido em juízo, é também sujeito o processo.

Como nem sempre o sujeito da lide se identifica com o que promove o processo, como ocorre nos casos de substituição processual ( art. 6º do CPC), pode-se definir parte para o Direito Processual como a pessoa ou pessoas que participam da relação processual contraditória. Nesse sentido, pode-se citar o ensinamento de Liebman ‖ São partes do processo os sujeitos do contraditório instituídos perante o juiz―. Conforme o tipo de ação, procedimento ou fase processual, a denominação das partes varia, na lei e na terminologia forense.Assim, autor e réu são as denominações usuais no processo de conhecimento em geral, porém podem as partes receberem outras denominações, senão vejamos:

I - processo de conhecimento:a) nas exceções: o promovente é o excipiente, e o promovido é o excepto;b) na reconvenção: reconvinte e reconvindo;c) nos recursos em geral: recorrente e recorrido;d) na apelação: apelante e apelado;e) nas intervenções de terceiros: interveniente, etc.

II – processo de execução:a) as partes na execução forçada são credor e o devedor;b) nos embargos do devedor ou de terceiro: embargante e embargado.

III – No processo cautelar : as partes são tratadas pelo CPC por requerente e requerido.

O procurador é a pessoa que cuidará dos interesses das partes em juízo, podendo ser eleito livremente pela parte ou legalmente conforme a parte, na seguinte esteira:

Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:I – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;II – o Município, por seu Prefeito ou procurador;III – a massa falida, pelo administrador;IV – a herança jacente ou vacante, por seu curador;V – o espólio, pelo inventariante.VI – as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou não designando, por seus diretores;VII – As sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa quem couber a administração dos bens;VIII – a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88 parágrafo único)IX – O condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.‖

Nos casos supramencionados vê-se que a eleição para representar ativa e passivamente dá-se por determinação legal. Nos demais casos, as partes serão representadas por advogado, conforme o art. 36.

Para postular em juízo o advogado deverá apresentar instrumento de mandato, sendo vedado procurar em juízo sem o instrumento. Contudo, pode praticar alguns atos sem instrumento: intentar ação a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, nos processo para praticar atos de urgência. Nesses casos, o advogado deverá juntar instrumento de mandando no prazo legal de 15 dias prorrogáveis por mais 15 por despacho do juiz.

É permitida a substituição do advogado pelas partes desde que constitua outro para patrocinar a causa ( art. 44). No que pertine ao advogado é lícito, a qualquer tempo, renunciar ao mandado, provando que cientificou na parte, a fim de seja substituído, oportunidade em que substabelecerá para outro causídico. Sendo necessário, o advogado permanecerá representando a parte por mais 10 (dez) dias a fim de evitar-lhe prejuízo.

PONTO 2 - O MINISTÉRIO PÚBLICO (função essencial à Justiça - arts. 127/135 CF/88)

O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, na dicção do art. 127 da Constituição da República.

O Ministério Público tem por função constitucional (art.129) a defesa, no âmbito civil, dos interesses públicos, sociais, difusos e coletivos. O MP atua no Processo como parte, na qualidade de substituto processual ou como fiscal da Lei (custus legis), oportunidade em que deverá intervir, sob pena de nulidade do processo.

Na qualidade de parte, o Ministério Público tem legitimidade extraordinária para ajuizar as ações expressamente previstas em lei, agindo em nome próprio na defesa de interesses de terceiros, cabendo-lhe os mesmo direitos e ônus das partes. Como exemplo pode-se citar a ação civil pública, a ação de nulidade de casamento ( art6. 1.549 CC), ação rescisória ( art. 485, III, CPC), Código de defesa do consumidor etc.

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Na qualidade de interveniente (art. 82/83 do CPC), o MP tem uma posição diferente, eis que assume verdadeira posição de sujeito especial no processo, cuja presença é demandada pelo interesse publico na correta aplicação da lei. Vê-se no art. 82 , I e II ) as hipóteses previstas em que tratam de interesse privados, indisponíveis.

No inciso III do art. 82 a norma fixa regra genérica, possibilitando o MP em todas as ações em que há interesse público.― III- nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte ―.(O MP detém vantagens processuais em razão da natureza especial de sua função, em apertada síntese pode-se citar: a) necessidade de intimação pessoalmente do representante do MP, ao contrário da regra que é a intimação via Diário oficial; b) não sujeição a pagamento antecipado de custas nem à condenação de verbas de sucumbência, c) manifestação por último, quando atuar como fiscal da lei d) prazo em dobro para recorrer e quádruplo para contestar.

RESUMO: O Ministério Público

"O MP é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais." Lei Orgânica Nacional do MP

O MP NO PROCESSO CIVIL

No processo Civil, o MP funciona como agente ou como interveniente.

#Agente: Nos casos expressos em lei, o MP é titular da *ação civil pública (art. 81 CPC), como por exemplo: - na ação de nulidade de casamento em virtude de bigamia;- na ação de extinção de fundação;- na ação de reparação de danos ecológicos.

Pode também o MP funcionar na qualidade de substituto processual, pleiteando em nome próprio,Direito alheio, como na ação civil pública para reparação de dano decorrente de ato criminoso (art.68 CPP).

#Interveniente: Como órgão interveniente funciona o MP na qualidade de fiscal da lei (custos legis). Nessa qualidade, compete ao MP intervir nas causas em que há :

1) interesses de incapazes;2) concernentes ao estado da pessoa;3) pátrio poder;4) tutela, curatela, interdição;5) casamento;6) declaração de ausência;7) disposições de última vontade ...etc.

Bem como em todas as demais causas em que há interesse público, evidenciado pela natureza da lide ou qualidade de parte (art.82 do CPC).

O interesse público defendido pelo MP refere-se ao bem comum, sem vinculação necessária a quaisquer entidades ou pessoas de direito público.

IMPORTANTE :

É NULO O PROCESSO QUANDO O MP NÃO FOR INTIMADO A ACOMPANHAR O FEITO EM QUE DEVA INTERVIR (ART. 246 ).BASTA, PORÉM A INTIMAÇÃO FORMAL, NÃO SENDO CAUSA DE NULIDADE A AUSÊNCIA DA MANIFESTAÇÃO EFETIVA (RT 572/53).

TITULAR ÓRGÃO AGENTE SUBSTITUTO PROCESSUAL

ATUAÇÃO DO MP NO PROCESSO CIVIL

ÓRGÃO INTERVENIENTE (CUSTOS LEGIS) FISCAL DA LEI

* "O direito expresso em lei de fazer atuar, na esfera civil, em nome do interesse público, a função jurisdicional."

PONTO 3 - DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

O JUIZ

Dirige o processo, competindo-lhe assegurar às partes igualdade de tratamento, velar pela rápida solução do litígio e prevenir e reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça (art.125 do CPC).

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No desempenho de suas funções, tem o juiz as garantias de:# vitaliciedade;# inamovibilidade;# irredutibilidade de subsídio. (Ver art. 95 CF/88 )

O Juiz é o sujeito da relação jurídica processual que materializa o Estado na prestação da jurisdição. O art. 125 traça as diretrizes que devem nortear as funções do juiz no processo civil. No sistema judiciário brasileiro há órgãos judicantes singulares e coletivos. Os órgãos de primeiro grau de jurisdição civil são formados pelos juízes monocráticos ou singulares. No segundo grau de jurisdição temos os órgãos colegiados.

A função jurisdicional que toca a todos os juízes, em qualquer grau, par ser válida e eficazmente exercida, necessita de alguns requisitos jurídicos, que foram sintetizados por Silva Pacheco, na seguinte esteira:- jurisdicionalidade, ou seja, os juízes devem estar investido do Poder de jurisdição.- imparcialidade, ou seja, devem permanecer eqüidistantes das partes, não se aproximando de qualquerdelas, sob pena de parcialidade.- independência, isto é, sem subordinação jurídica aos tribunais superiores, ao Legislativo ou ao Executivo, vinculando-se apenas ao ordenamento jurídico.

processualidade, isto é, devem obedecer a ordem processual instituída por lei, a fim de evitar a arbitrariedade, o tumulto, a inconseqüência e a contradição desordenada.

SOBRE O JUIZ!

GARANTIAS DA MAGISTRATURA

O magistrado goza de garantias asseguradas pela Constituição:a) vitaliciedade: não perdem o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado.b) inamovibilidade: Não podem ser removidos, senão por interesse público conhecido por maioria absolutados votos dos membros do respectivo tribunal. Ex: promoção.c) irredutibilidade de subsídios: os subsídios (art. 39, § 4º CF88) não podem sofrer diminuição, a não ser nos casos previstos na CF, tais como, impostos, pensões, descontos legais etc.. (art. 95 da CF)A imparcialidade é um dos pontos mais importantes na realização da jurisdição, sendo previstos nos art.134 e 135, as circunstâncias objetivas e subjetivas, respectivamente de impedimento e suspeição do juiz respectivamente.

OS AUXILIARES DA JUSTIÇA

O Juiz não atua sozinho no desenvolvimento do processo, pois não há como realizar suas tarefas sem a colaboração de órgãos auxiliares, os quais formam, juntamente com o magistrado, o que se chama de juízo.Conforme o art. 139 do CPC ― são auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pela norma de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete‖.

Os serventuários do juízo costumam ser divididos em dois tipos: permanentes e eventuais. Permanentes são os que atuam continuamente, prestando colaboração em todo e qualquer processo que tramite no juízo, como o escrivão, o oficial de justiça e o distribuidor. Já os eventuais são os que somente atuam quando convocados, é o caso dos intérpretes e peritos.

O escrivão é o mais importante auxiliar do juízo, pois é encarregado de dar andamento ao processo e de documentar os atos que se pratica em seu curso. De acordo como art. 141, são atribuições do escrivão:- redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertençam a seu ofício;- executar as ordens judiciais, promovendo as citações e intimações, bem como praticando os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária e demais atribuições estabelecidas na norma precitada;

O Oficial de justiça é o encarregado de cumprir os mandados relativos a diligências fora do cartório, como citações, intimações, penhoras, seqüestros, busca e apreensão, imissão na posse, arrestos, condução de testemunhas etc.O art. 143 do CPC enumera de forma exemplificativa as atribuições do oficial de justiça.

O perito é um auxiliar eventual do juízo, que assiste o juiz quando a prova do fato litigioso depender de conhecimento técnico ou científico. Ex: perícia contábil, informática, etc.

O intérprete é aquele a quem se atribui o encargo de traduzir para o vernáculo os atos ou documentos expressados em outra língua estrangeira ou em linguagem de surdos-mudos.

EM RESUMO: Os participantes do processo

De forma esquemática, o processo é uma relação jurídica triangular, figurando o juiz no vértice e as duas partes, autor e réu, em oposição, na base. Várias outras pessoas, porém, participam do processo, algumas necessariamente e outras de modo facultativo . Em primeiro lugar, teremos ao lado de cada parte o seu respectivo advogado, pois ninguém pode estar em juízo sem procurador legalmente habilitado (salvo no Juizado Especial Cível) .

Temos depois os Auxiliares da Justiça , sem os quais não seria possível o andamento do processo, como o escrivão, os escreventes, o oficial de justiça, os peritos, os depositários, os administradores e os intérpretes.

Em muitos processos intervém também o órgão do Ministério Público, como fiscal da lei ou como defensor, quando estão envolvidos interesses de menores, incapazes ou ausentes, nas causas referentes ao estado da pessoa, família, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, testamento, acidentes do trabalho, e em todos os casos em que há interesse público.

Além disso, podem ainda surgir outros participantes ( intervenção de terceiros) como por exemplo, nos seguintes casos:

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Litisconsórcio - Quando há mais de um autor ou mais de um réu, litigando no mesmo processo.Assistência - Alguém que tenha interesse jurídico na vitória de um dos litigantes pode entrar no processo como assistente, colocando-se ao lado do autor ou do réu, para auxiliá-lo.Oposição - Pode também surgir um terceiro, que entra no processo para lutar tanto contra o autor como contra o réu, alegando que a coisa ou o direito pertence a ele,opoente, e não a qualquer um deles.Nomeação à autoria - Ocorre quando, proposta a demanda sobre uma coisa, o réu alegar que não a possui em nome próprio, indicando então a pessoa certa, contra a qual deve voltar-se a ação.

O juiz O autor e seu advogado O réu e seu advogado O escrivão O escrevente O oficial de justiça O contador Os auxiliares da Justiça-- O avaliador O depositárioPARTICIPANTES O perito DO PROCESSO O intérprete Etc.

O Ministério Público Os litisconsortes Os assistentes Os opoentes Os nomeados à autoria Etc.

PONTO 4 - DOS ATOS PROCESSUAIS

O processo se desenvolve através de um encadeamento de atos processuais realizados pelos sujeitos do processo, seja pelas partes, seja pelo juiz. Segundo a lição de Chiovenda atos processuais ― são atos jurídicos processuais os que têm importância jurídica em respeito à relação processual, isto é, atos que tem por consequência imediata a constituição, a conservação, o desenvolvimento, a modificação ou a definição de uma relação processual‖.

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAISPara o código de processo civil, os atos processuais são divididos em :I - atos das partes (arts.158/161);II - atos do juiz ( arts. 162/165);III - atos do escrivão ou do chefe de secretaria (arts. 166/171).

Os atos das partes são declarações unilaterais ou bilaterais de vontade que produzem imediatamente a constituição, modificação ou a extinção de direitos processuais e classificam-se em:a) Atos postulatórios. Aqueles mediantes os quais as partes levam ao juiz seus argumentos fáticos e de direito. Ex: petição inicial, contestação, recursos etc.b) Atos probatórios. São aqueles que visam demonstrar em juízo elementos para convencer o julgador a veracidade dos fatos alegados. Ex: provas testemunhais, documentos, títulos de crédito etc.c) atos de disposição. São os atos que visam a facilitação da composição (solução) do litígio. É através desses atos as partes dispõe no processo de faculdades processuais, mas também de direitos materiais que possam usufruir.Podem-se citar alguns tipos de disposição (atos) para facilitar o litígio: a renúncia, o reconhecimento jurídico do pedido, a transação e desistência. Os três primeiros configuram a autocomposição.

Os atos do juiz definidos no art. 162 do CPC são: Sentença, Decisão interlocutória e despachos de mero expediente.Na dicção do art. 162 § 1º, Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 do CPC, ou seja, atos que extinguem o processo sem ou com resolução de mérito respectivamente, sendo, dessa forma, a emissão da prestação do Estado em virtude da obrigação assumida na relação jurídica processual, quando a parte ou as partes vierem a juízo, ou seja, exercerem a tutela jurídica.Decisão interlocutória é o ato processual através do qual o juiz decide questão incidental, sem, contudo,por termo ao processo. São decisões impugnáveis via recurso de agravo, na forma retida ou de instrumento. A decisão interlocutória tem conteúdo específico.Os despachos são as ordens judiciais dispondo sobre o andamento do processo, também chamados de despachos ordinatórios ou de expediente. Esses atos não têm carga decisória, por isso não cabe recurso algum (art. 504 do CPC).Com o advento da EC45, os despachos ordinatórios, sem caráter decisório podem ser delegados pelo Juiz aos servidores do Juízo.Os atos dos auxiliares da justiça são os visam dá prosseguimento na documentação, escrituração na marcha processual.

O ATO PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

O código utiliza determinações de tempo para a prática de atos processuais sob dois ângulos diferentes:a) o de momento adequado ou útil para a atividade processual; eb) o de prazo fixado para a prática do ato.

Acerca do sobre o tempo hábil para a prática dos atos é a redação do art. 172 que determina sejam eles realizados em dias úteis, de 06:00hs às 20:00hs, podendo ser concluídos após as 20:00Hs, os atos já iniciados, cuja adiamento causar grave dano.

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Entende-se que dias úteis são os dias de expediente forense, de modo que no período de férias e e nos feriados não se pratica atos processuais (art. 173). A regra abre exceção para as citações e intimações (penhora) que podem ser realizadas em domingos, feriados, ou nos dias úteis fora do horário de expediente, observando-se o disposto no art. 5º, XI da CR, bem como a parte assim requerer e o juiz determinar.

Ressalta-se que a exceção pode ser aplicada ao sequestro e ao arresto, por força do art. 821 e 823.

Durante as férias forenses quanto nos feriados, somente praticados atos de notória urgência, cujos podem implicar em perecimento de direito ou prejuízos caso espere o transcurso das férias ou feriado. Assim, é permitido, em caráter excepcional, a prática de atos conforme autorização do art. 173, I e II), na seguinte dicção:I - a produção antecipada de provas (art. 846);II- a citação, a fim de evitar perecimento de direito; e bem assim o arresto, o sequestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamentos, os embargos de terceiros, a nunciação de obra nova e outros análogos.

Caso os prazos para as partes praticarem algum tipo de ato processual findar-se em feriados ou férias forenses, reputam-se prorrogados até o primeiro dia útil seguinte ao feriado ou férias.

DO LUGAR DA PRÁTICA DOS ATOS PROCESSUAIS.Via de regra os atos processuais serão praticados na sede do juízo, ou seja, nas instalações do do fórum ou do tribunal competente para a causa. (art. 176).

O juiz utiliza seu gabinete e a sala de audiências para as sessões públicas de acolhida de provas orais, debates e julgamento.Contudo, é possível a pratica de atos em local diverso, ou seja, fora da sede do juízo, em razão de:a) deferência; (respeito às prerrogativas)b) interesse da justiça;c) obstáculo argüido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

Caso que se pode citar como exemplo de deferência é a oitiva de uma autoridade que goza de prerrogativa, como Presidente da República, Governadores, Deputados, bem como demais pessoas autorizadas pelo art. 411 do CPC.

A inspeção judicial é um ato processual que, diante do interesse da justiça, é praticado fora da sede do juízo.Uma pessoa enferma é um exemplo de um obstáculo apresentado pela parte que pode ser acolhido pelo juiz, caso importante para ao deslinde da causa, que pode configurar uma exceção a regra do local da prática dos atos processuais.

DOS PRAZOS.Prazo é o espaço de tempo em que o ato processual da PARTE pode ser validamente praticado. Todo prazo é delimitado por dois termos : o inicial (dies a quo) e o final (dies ad quem). Pelo primeiro nasce a faculdade para pratica do ato processual, pelo segundo, extingue-se a faculdade, tenha ou não sido levado a efeito o ato.

Nesse sentido, é imposto aos sujeitos do processo o estabelecimento de prazos para cumprimento dos atos processuais, cuja inobservância acarretará à parte a perda da faculdade processual concedida para produção do ato, é o que se chama de PRECLUSÃO. Para o juiz, a procrastinação na realização do ato pode acarretar-lhe sanção administrativa. Assim, preclusão é o fenômeno da perda da faculdade processual de praticar um ato.

Na lição de Humberto Theodoro Júnior, os prazos classificam-se de forma geral em : a) legais; b) judiciais e c) convencionais.

Legais são os prazos fixados pela própria lei, a resposta do réu (15 dias) e dos diversos recursos.Judiciais são os prazos marcados pelo juiz, em casos como o da designação de data para audiência (art. 331), o de fixação do prazo para edital ( 232, IV de 20 a 60 dias), cumprimento de carta precatória etc.Convencionais são os prazos ajustados de comum acordo pelas partes, como o de suspensão do processo (art. 265, II e § 3º) ou de concessão do credor ao devedor, na execução, para que a obrigação seja cumprida voluntariamente.Os prazos ainda podem ser classificados como: PRAZOS PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS.Prazos próprios são aqueles impostos às partes, pois acarreta a preclusão pelo vencimento de seu termo final. Impossibilita a sua prática posterior e prosseguindo o procedimento para seu estágio subseqüente. Ressalta-se que o MP como parte tem os mesmos ônus das partes, quando atua como parte no processo (art. 81). Já como fiscal da lei, o seu prazo para recorrer será sempre próprio, mas para manifestar-se não está sujeito aos prazos próprios.Prazos impróprios são os impostos ao juiz e seus auxiliares, sendo assim, não geram conseqüências processuais a não observância, sendo possível, tão somente, aplicação de sanções administrativas caso verifique a culpa ou dolo.

Segundo a natureza dos prazos, esses podem ser:1) dilatórios: é o que embora fixado em lei, admite ampliação pelo juiz ou que, por convenção das partes, pode ser reduzido ou ampliado (art. 181).2) peremptório: é o que a convenção das partes, nem o juiz podem alterar.Todavia, o juiz pode, em casos excepcionais, ampliar todo e qualquer prazo, mesmo os peremptórios, desde que seja difícil o transporte na Comarca (60 dias) ou ainda, em caso de calamidade pública (até a cessação do evento).Sobrevindo, porém, férias forenses, terão efeito suspensivo sobre o prazo ainda em marcha, sem distinguir se dilatório ou peremptório.

Paralisada a marcha processual, o restante do prazo começará afluir a partir do primeiro dia útil após o término das férias.

OBSERVAÇÃO: Com a promulgação da EC 45, ficou vedado, em primeiro grau e Tribunais, o regime de férias coletivas, Os prazos processuais contam-se, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento, conforme dicção do art. 184. Os prazos começam a correr após o primeiro dia após a intimação do ato processual.Silente a norma acerca do prazo para a prática do ato processual, nem assinação do juiz, será de 05 (cinco) dias o prazo para as partes.

O Ministério Público, como atua no processo em defesa de direito da coletividade ou ainda, nos direitos individuais indisponíveis, quando atuar como parte goza de prerrogativas no tocante aos prazos processuais, uma vez que se deve computar para o membro do MP prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar. Contudo, a doutrina tem admitido que tal prerrogativa se estende também para os casos em que o MP atua como fiscal da lei (custus legis).

O excesso de prazo para prática de atos processuais por parte do serventuário da justiça poderá acarretar responsabilidade administrativa, se

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assim o fizer sem justificativa. Caso do advogado não devolver os autos retirados do cartório no prazo legal, poderá o juiz mandar riscar o que neles houver escrito ou, ainda, desentranhar alegações e documentos que tiver juntado.

DAS COMUNIÇÃOES DOS ATOS PROCESSUASOs atos processuais serão praticados pelos sujeitos do processo dentro ou fora dos limites territoriais da comarca. Os atos serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados por cartas.

Estabelece-se assim, um intercâmbio e uma colaboração entre dois juízos para que o processo tenha seu desenvolvimento e devido andamento.

As cartas são três tipos: carta de ordem, carta rogatória e carta precatória.

As cartas de ordem são aquelas destinadas pelo Tribunal Superior a juiz que lhe for subordinado. A carta rogatória é aquela dirigida à autoridade judiciária estrangeira. Já a carta precatória, aplicada nos demais casos, é aquela dirigida a juiz nacional de igual categoria jurisdicional.

O processamento das cartas está sujeito ao preparo comum, inclusive pagamento de taxa judiciária, conforme a legislação local.

DA CITAÇÃOA citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender (art. 213). Como já foi exposto no módulo I, a citação é pressuposto de existência do processo, uma vez que sem a citação não se aperfeiçoa a relação jurídica processual, sendo esse ato indispensável para que o processo tenha validade.

É através da citação que o réu toma conhecimento dos fatos alegados pelo autor. A ausência de citação válida fulmina o processo de nulidade insanável.

Contudo, se o réu comparecer em juízo, ainda que não tenha sido citado, suprido está vício formal.Em regra, a citação deve ser feita pessoalmente ao réu, ou a procurador legalmente autorizado, como determina o art. 215 do CPC. Se o demandando for incapaz, a citação far-se-á na pessoa do seu representante legal (pais, tutor , curador). No caso das pessoas jurídicas deverá ser feita a citação na pessoa que detenha tais poderes, prevista no ato constitutivo, ou seja, que tenha poderes para representar a pessoa jurídica em juízo.

Como regra geral, conforme disposição do art. 216, ― a citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu‖, seja a residência, local de trabalho, ou outro local. Em se tratando de militar no serviço ativo, a citação será realizada no local em que serve, se não for conhecida sua residência ou não for nela encontrado.

O art. 217 elenca algumas circunstâncias especiais que impedem momentaneamente a citação, vejamos:

A quem estiver assistindo a qualquer culto religioso; Ao cônjuge ou qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos sete dias seguintes; Aos noivos, nos três primeiros dias de bodas; Aos doentes, enquanto grave o seu estado;

Modos de se realizar a citação, como estabelece o art. 221 são: Pelo Correio;

Por oficial de justiça;

Por edital;

Por meio eletrônico, em conformidade com a lei 11.419/2006, devendo os Tribunais providenciar a operacionalidade do sistema.

Doutrinariamente a citação pode ser real ou ficta (presumida). A citação real é a citação realizada pelo Correio ou pelo Oficial de Justiça. Já a citação ficta é aquela realizada por edital ou ― citação com hora da Lei 11.419/06.A regra geral para o processo civil é a citação pelo correio. A citação pelo correio é faculdade concedida ao autor e poderá se feita para qualquer comarca do País, com exceção .das ações de estado, quando o réu for incapaz e, pessoa de direito público, residir em local não atendido por entrega do correio e nos processos de execução.

Por oficial de justiça , prevista nos arts. 225 e 226, pode ser feita quando o autor não optar pela citação pelo correio ou nos casos vedados em lei. O oficial de justiça recebe um mandado de citação que deve conter obrigatoriamente os nomes das partes, seus domicílios , cópia da inicial, a advertência que serão presumidos verdadeiros os fatos alegados pelo autor, caso não seja contestada a ação (desde que verse sobre a lide sobre direitos disponíveis; a comunicação pleiteada pelo autor, se houver data da audiência, se o caso, a cópia do despacho determinando a citação, prazo par defesa e assinatura do juiz.

Ao encontrar o réu, o oficial de justiça realizará a citação, passando a certidão de contrafé . Em caso de recusa de recebimento da citação, o oficial de justiça consignará em certidão o fato, descrevendo fisicamente a pessoa do citando.A citação ficta ou presumida é aquela em que não existe a certeza de que a citação tenha realmente chegado ao conhecimento do réu. nesses casos, o réu não sofrerá os efeitos da revelia, sendo obrigatória a nomeação, nos casos de réu revel, de curador especial.

A citação por hora certa ocorre quando o oficial de justiça tenta por três vezes citar o réu, mas suspeita de ocultação. Nesses casos, o oficial de justiça na terceira vez que vai ao domicílio do réu e não o encontra, intima o familiar que ira retornar para citar o réu, já na quarta vez, no dia seguinte. Retornando em hora certa, não encontrando o réu, ainda sob suspeita de ocultação, o oficial de justiça realizará a citação, deixando a contrafé com ou familiares ou vizinhos, reputando-se citado o réu (presumidamente), ocasião em que certificará tudo.

Em relação a citação por edital, essa modalidade de citação presumida (ficta) ocorrerá nos legais. Somente é cabível nos casos em que é impossível a localização do réu, estando esse em local incerto e não sabido ou nos casos expressos em lei (usucapião, inventário, divisória etc.) O edital deverá ser publicado uma vez em Diário oficial e duas vezes em jornais de circulação local, além de ser afixado no corredor do Fórum Cível por um período de 20 a 60 dias. (art. 232, IV). Terminado o prazo dos editais, começa o prazo para resposta do réu.O início dos prazos atinentes à citação e intimações começa a correr, conforme disposto no art. 241:1) quando a citação ou intimação for pessoal ou com hora certa, o prazo se inicia a partir da juntada aos autos do mandado devidamente

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cumprido;2) quando houver vários réus, o prazo começará a fluir da juntada do último mandado, devidamente cumprido;3) se a comunicação for feita por edital, o prazo para a prática do ato processual terá início a partir do termo final do prazo estipulado pelo juiz no próprio edital para aperfeiçoamento da diligência;4) se o ato de comunicação se der através de carta de ordem, precatória ou rogatória, o termo a quo do prazo será a data da sua juntada aos autos, para realizar a diligência;5) se a intimação for por via postal, a contagem será feita a partir da juntada aos autos do aviso de recebimento.

EFEITOS DA CITAÇÃOA citação válida produz os seguintes efeitos:a) torna prevento o juiz;b) induz litispendência;c) faz litigiosa a coisa;d) constitui o devedor em mora;e) interrompe a prescrição.A prevenção, a litispendência e a litigiosidade são considerados efeitos processuais da citação, a constituição em mora e a interrupção da prescrição são efeitos materiais.Prevenção consiste na fixação da competência de um juiz em face de outros, quando vários são os que teriam igual competência para a causa. O método aplica-se aos casos de conexão entre as várias ações, que poderiam ser distribuídas a diversos juízes.Litispendência consiste em tornar completa a relação processual trilateral. Por força da listispendência, o mesmo litígio não poderá voltar a ser o objeto, entre as partes, de outro processo, enquanto não se extinguir o feito pendente.Nesse casos, tem-se dois processos idênticos em andamento. Observa-se que as ações são consideradas idênticas quando tem as mesmas partes, mesma causa de pedir ou o mesmo pedido.Sobrevindo outra ação idêntica, deve-se continuar aquela que já houve a citação válida, extinguindo-se as demais.A litigiosidade da coisa torna o bem jurídico disputado entre as partes vinculado à sorte da causa, de modo que, entre outras conseqüências, não é permitido as aos litigantes altera-los, nem aliena-los, sob pena de atentado ou fraude à execução.A constituição do devedor em mora é efeito da citação. Contudo a trata-se de mora ex persona.A prescrição, de acordo por o com o novo código civil, art. 202, I , é interrompida com a citação válida, ainda que ordenada por juiz incompetente. Não somente a citação da da causa principal, mas das medidas cautelares preparatórias, que visem integrar a condição necessária a que o autor, depois, ingresse em juízo.

INTIMAÇÃO

Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos ou termos do processo, para que se faça ou deixe de fazer alguma coisa (art. 234)

OBSERVAÇÃO: Não há mais distinção entre intimação e notificação de atos processuais, uma vez que o antigo CPC fazia uma distinção imprecisa e imperfeita.

A intimação tem duplo objetivo:

a) o de dar ciência de um ato ou termo processual; eb) o de convocar a parte para fazer ou abster-se de fazer alguma coisa.As intimações podem ser feitas pelo escrivão, pelo oficial de justiça, ou ainda, por publicação na imprensa. A intimação pode ser feita também em audiência.

Apesar de não haver previsão expressa em lei, admite-se a intimação por edital, como exemplo do devedor ausente que teve bens penhorados em execução, do credor hipotecário que o direito real sobre bem penhorado.O efeito da intimação, além de propiciar a ciência do ato ao interessado, determina os dies a quo dos prazos processuais.

RESUMO: COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS (CITAÇÃO, INTIMAÇÃO E RESPOSTA DO RÉU)

A citação

É o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado, a fim de se defender(art. 213 CPC).

Faz-se em princípio pelo correio, mediante cartas registrada. Mas a citação será feita por oficial de justiça se assim o autor requerer ou não for possível, ou não tiver êxito, a citação postal, e ainda nas execuções, nas ações de estado, e quando o réu for incapaz ou pessoa jurídica de direito público (art.222 CPC).

Se o oficial de justiça não encontrar o réu depois de procurá-lo por três vezes na sua residência, e se houver suspeita de ocultação, poderá proceder ao que se chama citação com hora certa.

Na citação com hora certa o oficial de justiça intima qualquer pessoa da família do réu, ou na , qualquer vizinho, de que voltará no dia seguinte em determinada hora. Voltando no dia seguinte à hora marcada e não encontrando novamente o réu, o oficial procurará informar-se das razões da ausência, e dará por feita a citação.

Pode ainda ser feita a citação por Edital, que será afixado na sede do juízo e publicado, no prazo máximo de 15 dias, uma vez no Diário Oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, quando desconhecido ou incerto o réu, ou quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar onde se encontra.

Decorridos de 20 a 60 dias da data da 1° publicação, conforme o prazo marcado pelo juiz, considera-se realizada a citação.Nos termos do art. 9° do CPC, o juiz nomeará um curador especial para defender os interesses do réu preso,

Bem como do revel citado por hora certa ou por edital.A citação pelo correio é feita em qualquer comarca do País. Mas se o réu se encontrar em outra comarca, e não foi possível a citação por correio, faz-se a citação por meio de carta precatória, dirigida ao juiz competente, para que determine a citação no local.

Se o réu estiver em outro país, poderá o juiz solicitar a citação à autoridade judiciária estrangeira, por meio de carta rogatória, conforme o

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disposto em convenções internacionais.

PELO CORREIO CITAÇÃO COMUM CITAÇÃO OFICIAL DE JUSTIÇA

CITAÇÃO COM HORA CERTA

EDITAL CARTA PRECATÓRIA CARTA ROGATÓRIA

A INTIMAÇÃO

No decorrer do processo surge sempre a necessidade de avisar alguém sobre determinados pontos do processo. Dá-se a esse aviso o nome de intimação. Nos termos do art. 234 do CPC, "intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe fazer alguma coisa."As intimações são feitas de modo igual às citações. E também pelo escrivão e por jornais que publique atos oficiais.

A RESPOSTA DO RÉU

Citado, terá o réu 15 dias para apresentar a sua resposta. Nesta resposta o réu poderá adotar várias atitudes. Poderá testar o pedido, expondo as razões que impugna a pretensão do autor. A contestação é a modalidade mais importante da resposta, pois em regra, se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos narrados pelo autor.

Poderá o réu também apresentar exceção, alegando que a causa não pode ser julgada por aquele juiz, por suspeição, impedimento ou incompetência. Poderá ainda, como outra modalidade de resposta, apresentar reconvenção, propondo no mesmo processo uma ação conexa com o autor. Poderá, finalmente, concordar total ou parcialmente com o autor, dando-se então um reconhecimento do pedido.

Contestação de incompetênciaRESPOSTA Exceção de impedimentoDO RÉU de suspeição

Reconvenção Reconhecimento do pedido

PONTO 5 - DA FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO DE CONHECIMENTO

I - DA FORMAÇÃO DO PROCESSO

O processo inicia-se por provocação das partes, mas se desenvolve por impulso oficial, salvo algumas exceções em que o processo poderá ser iniciado pelo juiz, como exemplo do art. 989 do CPC. Na lição de Hélio Tornaghi ,―O processo é o vínculo estabelecido entre pessoas, provocada por um fato que produz mudanças da situação, regido por norma jurídica‖ ( in Comentários ao Código Civil, 1ª ed., V. II.)

O tema que agora analisaremos está regido nos arts. 262 a 269 do CPC. Inicialmente o processo inicia, como já dito anteriormente, pela provocação da parte, desenvolvendo-se por atos do juiz e das partes quando lhe cabe o ônus. Assim, é que cabe ao juiz, através da prolação de despachos, sendo nesse caso os meramente ordinatórios, destinados a impulsionar o processo, bem como atos das partes quando essencial para a marcha processual.

O processo, com o qualquer relação jurídica, forma-se, desenvolve-se e extingue-se. A formação do processo inicia-se com a propositura da ação do autor, postulando ao Estado-Juiz a prestação jurisdicional. Após a citação válida do réu se estabelece a relação jurídica processual. Contudo, alguns autores defendem que, até antes da citação do réu, já existia uma relação processual entre o juiz e o autor, sendo esta relação linear. Decorre da citação, portanto, a estabilização do processo.

O art. 264 do CPC veda a alteração do pedido ou da causa de pedir sem anuência do réu após a citação. Vê-se que a demanda comporta dois tipos de alteração: Objetiva (quando se modifica o pedido ou a causa de pedir) ou subjetiva ( quando há alteração de alguma das partes).A vedação precitada visa, apenas, as mediadas de caráter unilateral, ou seja, o autor é que está impedido de alterar o pedido ou a causa de pedir da forma que lhe prouver. Entretanto, ainda que exista permissão do réu, após o saneamento não pode as partes promover qualquer alteração na demanda estabelecida.

II – DA SUSPENSÃO DO PROCESSOTratando do assunto Leonardo Greco ensina que a suspensão do processo é ― a paralisação do curso do processo pela ocorrência de motivos legalmente previstos‖ ( in Suspensão do Processo). Trata-se de uma crise do processo.

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Ocorre quando uma um acontecimento voluntário ou não provoca, temporariamente, a paralisação dos atos da marcha processual.Nesse sentido, o art. 265 prevê causas de ordem lógica, física e jurídica para a suspensão do processo, senão vejamos.I – pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, do seu representante legal ou de seu procurador;II – a convenção das partes;

III – a oposição de incompetência do juízo, da câmara, ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz; (AÇÕES DE EXCEÇÕES)IV – quando a sentença de mérito:a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo;c) tiver o pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente.V - por motivo de força maior;VI – nos demais casos, que este Código regula.

Como se observa, rol de situações não é taxativo, ou seja, não são ―númerus clausulus‖ . Sendo, portanto, ―numerus apertus‖.Em relação a suspensão pela morte de uma das partes ou perda da capacidade processual, é importante comentar que havendo a morte de uma das partes, é óbvio que o processo não prossegue se não houver a substituição do de cujus pelo espólio ou sucessores. Tratando-se de direito intransmissível, a morte ocasionará não somente a suspensão do processo, mas sua extinção, como exemplo nas ações de separação conjugal e alimentos, dentre outras.

Nos demais casos, havendo o evento morte para uma das partes, o juiz determinará a suspensão do processo, sem prazo determinado, até que os sucessores se habilitem. Evidente que o juiz não ficará esperando indeterminadamente a vontade dos interessados, sendo perfeitamente crível que o prazo deva ser razoável e não indeterminado.

No caso da perda da capacidade processual, uma vez que é pressuposto processual de validade da relação processual, tem-se a necessidade de suspender a marcha processual até que o curador se habilite para representar a parte nos auto. Caso o representante (pai, tutor ou curador) se torne incapaz, o juiz dará curador especial à parte. Sobrevindo a prova da morte após iniciada a audiência o juiz não decretará, de imediato, a suspensão do processo, mas prosseguirá até a decisão do feito, observando o que segue:a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência representado o de cujus.b) a suspensão só se verificará a partir da publicação da sentença, impedindo, assim, o inicio do prazo para recurso, enquanto não se der a substituição do falecido por seu espólio ou sucessores.Na hipótese de morte do advogado ou perda da capacidade deste, a suspensão é imediata, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento ( ou sessão de julgamento no tribunal). Ressalta-se que a suspensão somente se opera se a morte for do único advogado constituído pela parte. Havendo mais de um advogado constituído, deverá prosseguir a marcha processual com o outro procurador.Havendo a suspensão do processo pela morte ou perda da capacidade do advogado, a parte terá um prazo de 20 (vinte) dias para constituir novo patrono. Não sendo obedecido o prazo previsto em norma, o juiz deverá extinguir o processo sem resolução de mérito poderá, se foi o autor que deixou de nomear advogado, ou prosseguirá o feito à revelia do réu, se foi este quem deixou de transcorrer aquele prazo. (art. 265, § 2º)A suspensão convencional do processo está previsto no inciso II do art. 265, cuja poderá ser pactuada em comum acordo entre as partes, não podendo o prazo de suspensão ultrapassar 06 (seis) meses.Sendo oposta exceção de incompetência, impedimento ou suspeição o processo será suspenso até que se julgue a questão incidental. ( inciso III)A suspensão por prejudicialidade (inciso IV) determina que o processo será suspenso quando a sentença de mérito depende da solução de uma questão prejudicial, que é objeto de outro processo ou de ato processual a ser praticado fora dos autos.Ex: numa ação de alimentos o autor alega que é filho de A , o pai impugna a qualidade de pai do demandante numa ação negatória de paternidade Nesse caso, a ação negatória é questão prejudicial e deve ser julgada primeiro para que a ação de alimentos torne seu curso normal.Pode-se, ainda, suspender o processo civil para aguardar o julgamento do processo penal.O motivo de força maior (inciso V) pode ser definido como o motivo insuperável, alheio a vontade da parte, que impede a prática de atos processuais.. Ex: incêndio no fórum, uma guerra, etc.Há a possibilidade de suspensão do processo ocorrendo outros casos em que a li autoriza a suspensão, tais como:a) intervenção de terceiros, sob forma de nomeação a autoria, denunciação a lide, chamamento ao processo e oposição;b) incidente de falsidade.c) embargos a execução;d) embargos de terceiros etc.

III - DA EXTINÇÃO DO PROCESSO.O processo instaura-se com certo objetivo, que é a composição ou solução da lide. Atingida essa meta, o processo exaure-se naturalmente.Entretanto, há duas formas previstas no CPC de extinção do processo: EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO (ART. 267) e EXTINÇÃO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO ( ART. 269).Quando o processo se extingue sem resolução de mérito, tem-se que houve o término do processo de forma anômala, sem que o juiz aborde o direito material controverso entre as partes, em virtude da ausência do preenchimento de requisitos de admissibilidade de mérito (condições da ação e pressupostos), ou ainda, quando já está consolidada situações jurídicas tais como: arbitragem, litispendência, coisa julgada, desistência da ação pelo autor e outras que passaremos comentar.

Dá-se a extinção do processo sem resolução de mérito (art. 267):

I – INDEFERIMENTO DA INCIAL .A petição inicial deve ser apta a produzir os efeitos processuais desejados pelo autor, com o chamamento do réu ao processo para se defender. Para a petição inicial produzir seus efeitos deve preencher os requisitos formais do art. 282, traduzindo de forma clara e precisa a pretensão do requerente, em sentido amplo.A petição inicial será indeferida nos termos do art. 295, quando:a) quando for inepta. É o erro mais grave que pode apresentar uma inicial, quando não preenchedora dos requisitos mais básicos previstos em lei para fazer instaurar validamente a relação jurídica processual.b) quando a parte for manifestamente ilegítima. Vê-se a ilegitimidade da parte, ordinária ou extraordinária, ou seja, figura nos pólos da ação titulares não permitidos pela norma.c) Quando o autor carecer de interesse processual. É o vislumbre imediato pelo juiz da desnecessidade de intervenção da jurisdição ou da inadequação do pedido, conforme já foi estudado no módulo I (jurisdição, ação e processo).d) quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição. Apesar de serem causas de extinção do processo com resolução i de mérito,

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pode o juiz, identificando tais causas, indeferir a inicial.e) quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação, caso em que só será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento. O indeferimento só é cabível se impossível a adequação em fase de emenda à inicial, como, por exemplo, o ajuizamento de uma execução sem título não ´pode ser adaptada a um processo de conhecimento, resultando no indeferimento o da inicial.f) quando não atendidas as prescrições dos art. 39 parágrafo único, primeira parte e art, 284. Tem-se a exigência legal de constar na inicial na inicial o endereço para que o advogado receba as intimações do processo, bem como a premente necessidade da inicial conter seus requisitos legais.

II – QUANDO FICAR O PARADO DURANTE MAIS DE 1 (UM) ANO POR NEGLIGÊNCIA DAS PARTES.

III – QUANDO, POR NÃO PROMOVER OS ATOS E DILIGÊNCIAS QUE LEHE COMPETIR, O AUTOR ABANDONAR A CAUSA POR MAIS DE 30 (TINTA) DIAS.

A inércia das partes diante dos deveres e ônus processuais, acarretando a paralisação do processo, faz presumir desistência da pretensão à titela jurisdicional. Equivale ao desaparecimento do interesse, que é condição para o regular exercício do direito de ação.

Tanto o inciso II e III trata do abandono do processo, sendo o inciso II causado pelas partes, cujas permaneceram inertes ultrapassando o período previsto em lei. Já no inciso III, tem-se a paralisação do processo em razão ato unilateral da parte que deixa de praticar o que lhe cabe no processo por prazo superior a 30 (tinta)m dias.

Em ambos os casos, é sempre necessária a intimação pessoal toda parte para se evitar que a grave conseqüência seja imposta à parte, pois a desídia parte do advogado da parte.

IV – QUANDO SE VERIFICAR A AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS DE COSNTITUIÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO VALIDO E REGULAR DO PROCESSO.

Basta a simples ausência de um dos pressupostos processuais para que seja declarada imediatamente a extinção do processo. Como já foi estudado anteriormente, os pressupostos são de existência e de validade, configurando-se verdadeiros conditio sine qua non para a validade e existência do processo.

V – QUANDO O JUIZ ACOLHER A ALEGAÇÃO DE PEREMPÇÃO, LISTISPENDENCIA OU DEM COISA JULGADA.

Perempção é a perda do direito de ação por ter o autor dado causa a anteriores a extinções do processo por três vezes, com fundamento no abandono, ou seja, o autor por 03 (três) vezes ajuizou a mesma ação e abandonou todas. Assim poderá até ajuizar a quarta ação, mas será extinto sem resolução de mérito.

Litispendência e coisa julgada são espécies integrantes do sistema de controle impeditivo do proferimento de duas sentenças de mérito sobre a mesma lide.

A Coisa julgada impede a repropositura da ação é de natureza material, ou seja somente a sentença de mérito tem o condão de impedir que a parte novamente postule pela tutela jurisdicional .

Apesar de ser assunto a ser tratado quando estudarmos sentença faz-se necessários alguns esclarecimentos sobre coisa julgada.Coisa julgada formal é o tipo de efeito da sentença proferida no processo que extingue o feito sem resolução de mérito. Assim, a sentença que implique em qualquer dos casos previstos no art. 267 faz coisa julgada formal. De outro norte, a sentença que implica em qualquer dos casos previstos no art. 269, faz coisa julgada material, uma vez que analisa o mérito do direito material em discussão na lide. Somente a coisa julgada FORMAL admite nova propositura da ação.

VI – QUANDO NÃO CONCORRER QUALQUER DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO, COMO POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, A LEGITIMIDADE DAS PARTES E O INTERESSE PROCESSUAL.

Já foi exaustivamente estudada a condição da ação no módulo I, por isso desnecessário debruçarmos no assunto. Ver módulo I.

VII – PELA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEMA arbitragem como já fora explicitado anteriormente é uma exceção ao monopólio da jurisdição pelo Estado. Sendo permitido por lei (lei 9.307/96) que o particular preste jurisdição através da arbitragem.Tanto o compromisso arbitral quanto cláusula compromissória (pacto pelo qual os contraentes acordam submeter à arbitragem eventual litígio que possa surgir) servem para afastar a competência do magistrado na solução da lide.

VIII – QUANDO AO AUTOR DESISTIR DA AÇÃONão se deve confundir a desistência com a renúncia. Nesse caso o autor tem a disponibilidade do processo, podendo ele desistir, sem renunciar seu direito material. Contudo, a desistência como ato unilateral, somente é possível até a contestação do réu. A partir de então, desistência depende da anuência do réu.Desistindo da ação, não há óbices para que seja feita nova propositura da ação.

IX – QUANDO A AÇÃO FOR CONSIDERADA INTRANSMISSÍVEL POR DISPOSIÇÃO LEGAL.

A intransmissibilidade da ação, como causa impeditiva de prosseguimento da relação processual, está ligada ao direito material controvertido. É consequência de sua natureza (direito personalíssimo) ou de expressa vedação legal à transmissão do direito subjetivo.Morto o titular do direito intransmissível, o próprio direito se extingue com a pessoa do seu titular. Não há sucessão de seu titular. Não há sucessão, nem de direito nem de fato.

X – QUANDO OCORRER CONFUSÃO ENTRE AUTOR E RÉU.

A confusão ocorre quando autor e réu passam a figurar no mesmo pólo da ação. O processo é relação jurídica entre três pessoas: autor- juiz- réu. Se duas se confundem, por sucessão, numa só pessoa deixa de existir um dos sujeitos da relação processual. Por conseguinte, desaparece a relação jurídica processual.

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XI- NOS DEMAIS CASOS PRESCRITOS NESTE CÓDIGO.

Nesse último inciso o legislador deixou aberto que outras causas podem promover a extinção do processo sem resolução de mérito.Acerca da extinção do processo COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, tem-se que o juiz, nesses casos, proferirá uma sentença de mérito que declarará quem tem direito ao bem da vida em litígio. Assim, o juiz realiza julgamento desse conflito de pretensões acolhendo ou rejeitando o pedido, dá razão a uma das partes e nega o direito a outra, constituindo uma sentença definitiva de mérito.Nesse sentido, na dicção do art. 269, Haverá resolução de mérito:

I – QUANDO O JUIZ ACOLHER OU REJEITAR O PEDIDO DO AUTOR.

Cuida o inciso da forma mais completa de compor a lide. Acolhendo ou rejeitando o pedido, o juiz está proclamando qual das partes tem melhor pretensão no conflito de interesses que originou a lide.Nesse tipo de julgamento o juiz declara a procedência ou improcedência do pedido.

II – QUANDO O RÉU RECONHECER A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

É forma de autocomposição de litígios através do qual o réu se submete livremente à pretensão do autor. Portanto, não é o juiz que aplica odireito ao caso concreto, sendo sua função limitada a homologação à do reconhecimento da procedência jurídica do pedido, ato necessário apenas para outorgar força executiva à autocomposição e extinguir o processo.

III – QUANDO AS PARTES TRANSIGIREM

A transação também é modalidade de autocomposição pela qual ambas as partes fazem concessões recíprocas, pondo fim ao litígio. A transação é o negócio jurídico bilateral realizado entre as partes pra prevenir ou terminar o litígio.

Como dispensa pronunciamento do juiz, a intervenção este é apenas para verificar a capacidade das partes, a licitude do do objeto e a regularidade formal do ato, integrando-o, afinal, ao processo se o achar em ordem.A transação pode ser feita em documento elaborado pelas partes ou em termo nos autos. No primeiro caso, juntado o documento aos autos, não há obrigatoriedade de sua redução a termo.

IV -QUANDO O JUIZ PRONUNCIAR A DECADÊNCIA E A PRESCRIÇÃO.

Os atos jurídicos são afetados profundamente afetados pelo tempo. Tanto a prescrição quanto a decadência são efeitos que o transcurso do tempo pode produzir sobre direitos subjetivos, no tocante à sua eficácia e exigibilidade.Prescrição é sanção que se aplica ao titular do direito que permaneceu inerte diante de sua violação por outrem. Perde ele o direito de ação, em sentido material, a possibilidade de fazer valer o seu direito subjetivo.

Já a decadência, por seu turno, é figura diferente da prescrição. È a extinção não da força do direito subjetivo, da pretensão, mas do próprio direito em sua substância, o qual, pela lei ou pela convenção, nasceu com um prazo certo de eficácia.Assim, para resumir podemos asseverar que a prescrição está diretamente relacionada ao direito subjetivo. Pode ser oferecida resistência. A decadência é atinente aos direitos potestativos, independem de provocação do interessado, ou seja, importa tão somente ao seu titular.

V - QUANDO O AUTOR RENUNCIAR O DIREITO QUE SE FUNDA A AÇÃO.Também é forma de autocomposição. A renuncia é o reverso do reconhecimento jurídico do pedido. É ato unilateral do autor da ação pelo qual abre mão do seu direito material. Como já ficou explicitado anteriormente, é diferente de desistência, uma vez renunciado o direito, não poderá o autor demandar com os mesmos fundamentos.

A renúncia tem deve ser expressa e a manifestação de vontade ficara constada nos autos em documento escrito. Se for manifestada oralmente, será reduzida a termo, em depoimento pessoal.

Aqui não há revogação pela parte da eficácia de uma autocomposição da lide operada em juízo, mas sim um autodespojamento voluntário do direito subjetivo disponível da parte, o que pode ser feito em qualquer momento, com ou sem processo. Essa renúncia, que vai além da simples extinção do processo, importará sempre em solução de mérito, sendo a homologação ato do juiz que fará coisa julgada material.

EM RESUMO: Formação, suspensão e extinção do processo

A) Formação: O processo inicia-se com o despacho da petição inicial, ou com a distribuição, embora a relação jurídica processual (vínculo entre autor,juiz e réu) só se complete com a citação válida (art.263 CPC). A formação do processo é, portanto, gradual. Após a citação, o autor não pode mais modificar o pedido, nem seu fundamento, salvo se houver concordância do réu até o saneamento do processo (art.264 CPC). B) Suspensão: O art. 265 do CPC relaciona várias hipóteses em que o processo pode ser suspenso, como a morte da parte ou de seu procurador, convenção das partes, força maior etc..Durante a suspensão não podem se realizados atos processuais, salvo em caso de urgência para evitar dano irreparável (art. 266 CPC)

C) Extinção: O processo extingue-se com a sentença, que é o ato pelo qual, o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não mérito da causa (art. 162, § 1° CPC).

#extinção com RESOLUÇÃO de mérito: Ocorre quando a sentença acolher ou rejeitar o pedido do autor, ou pronunciar a decadência ou a prescrição, quando as partes transigirem, o réu reconhecer a procedência do pedido ou o autor renunciar ao direito que se funda a ação (art. 269 CPC).

#extinção sem RESOLUÇÃO do mérito: Ocorre quando no caso de indeferimento da petição inicial, abandono de processo, falta de pressuposto processual ou de condição da ação, desistência, ou outro fato que por lei acarrete essa conseqüência (art. 267 CPC).

#abandono do processo: é a paralisação do mesmo durante mais de 1 ano, por negligência de ambas as partes (art.267, II CPC), ou por mais de 30 dias, por negligência do autor art. 267, III).

IMPORTANTE: A extinção do processo sem julgamento do mérito não impede que o autor volte a propor novamente a ação, salvo no caso de

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perempção, litispendência ou coisa julgada (art. 268 CPC).

Perempção - é a perda do direito de ação em virtude de três extinções do processo por abandono.

Litispendência - ocorre quando é proposta uma ação idêntica a outra já existente(duas ações são idênticas quando têm as mesmas partes, mesmo pedido e o mesmo fundamento jurídico).

Coisa julgada - é a questão já decidida por sentença, da qual não cabe mais recurso.

PONTO 6 – DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO(Da petição inicial. Da Resposta do Réu. Das Provas. Da Audiência. Da Revelia. Da Sentença e Da Coisa Julgada).

Ponto 6.1 - DA PETIÇÃO INICIAL

No procedimento ordinário, deverá o autor elaborar petição inicial, observando-se as regras do art. 282 do CPC. A petição inicial será distribuída com os documentos indispensáveis à sua propositura.

Verificada a aptidão da peça inicial, o juiz ordenará a citação do réu, que poderá ocorrer por uma das formas estabelecidas no CPC. Caso não preencha os requisitos, o juiz determinará que o autor emende, em 10 dias, sob pena de indeferimento.

Na inicial será formulado o pedido mediato e imediato do autor.

Ponto 6.2 - DA RESPOSTA DO RÉU

Citado, este poderá formular resposta em 15 dias, sob pena de ser considerado revel, respondendo a ação do autor, apresentando CONTESTAÇÃO, RECONVENÇÃO ou EXCEÇÃO.

Na CONTESTAÇÃO o réu deverá argüir todas as matérias, expondo suas razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor, especificando as provas que pretende produzir.As matérias serem argüidas estão previstas no art. 301 do CPC.

A EXCEÇÃO é meio pelo qual se argúi a incompetência do juízo, suspeição ou impedimento do juiz. A exceção deverá ser interposta a qualquer tempo e grau de jurisdição, sempre no prazo de 15 dias contados da intimação do fato que a ocasione suspeição (art. 135 do CPC).

RECONVENÇÃO é uma ação autônoma dentro da principal. É um contra-ataque em face do autor promovido pelo réu, que formula pedido em desfavor do autor nos mesmos autos, devendo o juiz ao julgar a ação analisar ambos os pedidos, tanto do autor quanto do réu.Uma ação não é dependente da outra. O mérito de uma não interfere no mérito da outra.

O prazo para reconvir é de 15 dias, devendo ser apresentado simultaneamente a contestação, sob pena de preclusão.REVELIA: é uma sanção processual imposta ao réu que, regularmente citado, deixa de responder de a ação ou a faz no décimo sexto dia.

Ocorre quando deixa de oferecer a defesa. Os seus efeitos são prejudiciais ao réu, pois reputam-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor, como autoriza o art. 319 do CPC. Contudo, tais efeitos poderão ser afastados nos casos do art. 320 do CPC.

O que o réu revel pode fazer numa instrução de julgamento, pois pode fazer a contraprova. É certo que não terá nada a provar porque nada alegou, podendo, apenas, tentar convencer o juiz que os fatos alegados pela outra parte não é verdadeira.Pessoa jurídica de direito público pode ficar revel, mas não há presunção de veracidade, pois são direitos indisponíveis.

Se o juiz estiver convencido pode proferi o julgamento antecipado da lide art. 330, II, CPC, caso o réu se defenda, o processo segue seu curso normal, depois da defesa do réu o juiz deve proceder as o providencias preliminares. Havendo revelia o juiz está legalmente autorizado a proceder o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 330, II do CPC.O revel poderá ingressar no processo em qualquer fase.

O procedimento sumário está disposto nos art.275 a 281 do CPC

PONTO 6.3 - DAS PROVAS

Para que o juiz diga quem em o direito, se o autor ou o réu, deverá analisar as provas que são trazidas a lume pelas partes. Para iniciarmos o estudo sobre as provas, faz-se necessário conhecermos alguns conceitos.Prova : são meios processuais ou materiais considerados idôneos pelo ordenamento para se demonstrar a verdade, ou não, da existência e verificação de um fato jurídico. Segundo Nelson Nery Junior ― é da substância do direito material apontar as hipóteses em que se exige a prova legal – que corresponde a forma a legal do negócio jurídico, um dos elementos de sua essência (art. 104 do CC).

Classificação das ProvasA doutrina apresenta uma classificação de três ordens.

Quanto ao objeto: Direta- servem para a demonstração do fato principal. Indiretas- servem para a demonstração de fatos secundários, ou seja, de circunstâncias, das quais se pode extrair a convicção da existência do fato principal.

Quanto ao sujeito: de que emana da prova Pessoal- são as testemunhas e os depoimentos pessoais das partes. Real- são os objetos ou as coisas.

Quanto à preparação: Casuais ou simples- são aquelas que surgem casualmente, ou seja, não foram criadas com a intenção de produzir prova em uma futura demanda. Pré-constituída- são aquelas previamente criadas com a finalidade probatória em uma determinada demanda futura.

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DA PROVA DOCUMENTAL

No campo da prova judiciária, documento é coisa representativa de um fato destinada a fixá-lo de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo. Nesse contexto, a prova judicial tem por objeto fatos que são reproduzidos pelo documento. O documento é considerado prova histórica e prova real decorrente de uma obra humana. Existem três elementos do documento: autoria, meio de informação e conteúdo.O documento decorre das atividades do seu autor sobre uma coisa, normalmente sobre um papel mediante escrita. Existem, entretanto, outros meios, que não se referem ao uso do papel e da escrita. Classificam-se em: gráficos: as idéias ou fatos são representados no papel por outros sinais diversos da escrita (ex.: plantas etc.); diretos: o fato representado se transmite diretamente para a coisa representativa (ex.: fotografia, fonografia e cinegrafia).

No caso dos escritos e dos gráficos, diz-se que são documentos indiretos, tendo em vista que o fato representado passa, necessariamente, pela mente do autor do documento.

Conteúdo dos documentos

Os documentos normalmente contêm declarações de ciência ou de vontade. Quando se está diante de mera declaração de ciência, diz-se que os documentos são narrativos ou enumerativos. Quando se está diante de declaração de vontade, os documentos são dispositivos ou constitutivos.

Colheita das provas

Ordem da colheita de prova oral: oitiva dos peritos e assistentes; depoimento pessoal do autor e, depois, do réu; oitiva das testemunhas, primeiro as do autor e depois as do réu.

Meios de ProvaMeios de prova são os instrumentos, pessoais ou materiais, levados ao processo para demonstrar a verdade dos fatos ao Juiz. No que tange aos meios de prova, devem ser observados os princípios da moralidade e legalidade.O rol previsto no Código de Processo Civil apresenta-se na seguinte ordem: depoimento pessoal; confissão; exibição de documento ou coisa; prova documental; prova testemunhal; prova pericial; inspeção judicial.Na inspeção judicial, encontra-se uma referência sobre a reconstituição dos fatos como meio de prova, entretanto o Código de Processo Civil não prevê o procedimento dessa reconstituição, devendo se apoiar no Código de Processo Penal. Esse rol não é taxativo.

Outros meios de prova admitidos e não previstos expressamente no Código de Processo Civil são: reconhecimento de pessoas ou coisas; prova emprestada (retirada de outro processo, só tem validade contra quem também participou do outro processo e pôde contraditá-la).Requisitos para a validade da prova emprestada: existência da prova, reconhecida por sentença transitada em julgado; sujeição da prova às pessoas litigantes; observância do contraditório.

RESUMO: DAS PROVAS

# Quem entra em juízo deve provar o que alega, pois alegar e não provar é o mesmo que não provar nada.

# Todos os meios de prova são válidos, desde que não sejam ilícitos ou imorais. Os meios de prova usuais são os documentos, as testemunhas, as declarações das partes, as vistorias e perícias, a inspeção judicial, etc.

# Em princípio a prova documental deve ser apresentada na petição inicial pelo autor, e na resposta pelo réu.O rol de testemunhas, no procedimento comum ordinário, deve ser apresentado pelas partes até 5 dias antes da audiência de instrução e julgamento.# Cada parte pode indicar até 10 testemunhas, mas, se forem mais de três para a prova de cada fato, poderá o juiz dispensar as restantes.# Se a testemunha intimada deixar de comparecer, sem motivo justificado, poderá ser conduzida, ou seja trazida à força, por ordem do juiz, respondendo ainda pelas despesas causadas. A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha, independentemente de intimação. Tal compromisso, porém, é contraproducente, pois, se a testemunha depois não comparecer, presume-se que houve desistência em ouvi-la.# O juiz ouve as testemunhas separada e sucessivamente, de modo que uma não ouça o depoimento das outras.Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes (doentes mentais, menores de 16 anos,os cegos e os surdos quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam), as impedidas (os parentes, salvo algumas exceções) e as suspeitas (condenadas por falso testemunho, que tenham maus costumes, amigas ou inimigas das partes, e as que tiverem interesse no litígio).# Antes de iniciar o depoimento, a testemunha presta o compromisso de dizer a verdade, e é advertida pelo juiz que poderá ser processada criminalmente se fizer afirmação falsa, ou calar ou ocultar a verdade.Algumas pessoas podem escusar-se de depor. A testemunha não é obrigada a depor de fatos que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes consanguíneos ou afins em linha reta, ou na colateral até o 2° grau. Também não são obrigadas a depor as pessoas que por estado ou profissão devam guardar sigilo. O advogado e o médico, por exemplo, têm o dever de manter segredo do que souberem no exercício da profissão em relação ao cliente.

DOCUMENTOS TESTEMUNHAS DECLARAÇÃO DAS PARTESMEIOS DE PROVA VISTORIAS PERÍCIAS INSPEÇÕES JUDICIAIS, etc.

Ponto 6.4 – DA AUDIÊNCIA

No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência, mandando apregoar as partes e seus respectivos advogados. No procedimento comum ordinário, o primeiro passo, em regra, será a tentativa de conciliação (audiência preliminar), Em seguida, o juiz ouvirá o perito e os

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assistentes técnicos, bem como o autor e o réu, se tiver havido requerimento nesse sentido, e ainda as testemunhas indicadas.

As perguntas às testemunhas são feitas somente pelo juiz. Mas os advogados das partes, ao final, podem fazer reperguntas, a fim de esclarecer ou completar o depoimento da testemunha. De acordo com a praxe, o advogado formula a repergunta dirigindo-se ao juiz, e este então interroga a testemunha para obter o esclarecimento. O depoimento da testemunha é tomado por termo, mediante ditado resumido do juiz ao escrevente.

Terminada a colheita das provas, o juiz dará a palavra aos advogados das partes, para debates. Encerrado o debate, o juiz proferirá a sentença desde logo, ou no prazo de 10 dias.

Desenvolvimento da audiênciaDe instrução e julgamento

( no procedimento comum ordinário)

Abertura, com o pregão das partes e respectivos advogados

Tentativa de conciliação

Esclarecimentos do perito e dos assistentes técnicos

Ouvida do autor e do réu

Ouvida das testemunhas

Debates

Sentença desde logo ou em 10 dias

Ponto 6.5 – DA REVELIA

# A revelia é a situação do réu que não contesta a ação. Tem a revelia três efeitos principais. Em primeiro lugar, ocorrendo a revelia, são presumidos verdadeiros os fatos afirmados pelo autor ( confissão ficta) art. 319 CPC. Tal presunção, porém, é relativa,, não podendo o juiz acolher fatos inverossímeis, violentar seu livre convencimento (art. 131 CPC), ou dispensar pressupostos processuais ou condições da ação.A revelia não autoriza , por exemplo, que o juiz conceda uma indenização superior ao valor de uma coisa danificada, apesar da presunção da verdade dos fatos operada em favor do autor.

# Em segundo lugar, contra o revel os prazos correm independentemente de intimação. Pode ele, entretanto, intervir depois no processo, recebendo-o no estado em que se encontra (art. 322).

# Em terceiro lugar, dá-se o julgamento antecipado da lide se for o caso, quando o réu não contesta a ação (art. 330 CPC).

# Em certos casos, porém, a revelia não produz nenhum efeito. Assim, os efeitos da revelia não ocorrem se no litisconsórcio passivo algum dos réus contestar a ação, se o litígio versar sobre direitos indisponíveis (direito aos alimentos, ao nome etc.) se o autor deixar de juntar documento indispensável (art. 320 CPC), ou se o aviso sobre os efeitos da revelia não constar do mandado de citação (art6. 285).

# Também não sofrem os efeitos da revelia o réu preso e o revel citado por edital ou com hora certa, pois nestes casos a contestação será feita por curador especial (art. 9°, II CPC).O revel pode intervir no processo a todo tempo, mas não pode renovar fases já superadas. Matéria de lei e de direito, porém, não está sujeita a preclusão, podendo ser arguida em qualquer fase. Apesar da revelia, pode o juiz ordenar diligências probatórias.

# Os efeitos da revelia não se aplicam à separação judicial ou ao divórcio, embora haja julgados que admitem essa aplicação.

# No sumário, a revelia dá-se na audiência de conciliação, ocasião em que será nomeado curador especial para o revel citado por edital ou com hora certa (art. 9°, II CPC). Neste caso, a audiência deve ser adiada, designando nova data, para não prejudicar o prazo de defesa.

IMPORTANTE

"O revel não pode arrolar testemunhas para serem ouvidas sobre fatos que não alegou, mas pode indicar suas testemunhas para serem ouvidas sobre fatos novos alegados pelo autor." J.J. Calmon de Passos Confissão ficta (presunção relativa da veracidade dos fatos alegados pelo autor)

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EFEITOS DA Prazos correm sem intimação

REVELIA JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE

SENTENÇA e COISA JULGADAInstruído o processo, o juiz estará em condições de prestar a tutela jurisdicional às partes, demonstrando de forma fundamentada quem tem o direito, julgando se o pedido do autor é procedente, parcialmente ou improcedente.A sentença é o ato processual exarado pelo juiz que implica em uma das situações previstas no art. 267 e 269 do CPC, resolvendo a lide com ou sem resolução de mérito.

A sentença poderá ser TERMINATIVA ou DEFINITIVAA sentença terminativa é aquela que extingue o processo sem resolução de mérito, ou seja o pedido do autor não chega a ser apreciado, verificando-se uma as situações previstas no art. 267 do CPC.

Quando o juiz resolve o mérito, profere o magistrado uma sentença definitiva, ou seja, realmente entrega a tutela jurisdicional as partes, nos casos do art. 269 do CPC.

A sentença tem requisitos que a compõe, senão vejamos:a) RELATÓRIO: É exposição breve do que ocorreu no processo, identificando as partes, pedidos, incidentes, etc.b) FUNDAMENTAÇÃO: é a parte da sentença na qual o juiz analisará os motivos de fato e de direito que justifica a sua conclusão, demonstrando seu raciocínio lógico, outorgando as partes o conhecimento do porquê de sua decisão.A ausência de fundamentação é causa de nulidade absoluta da sentença, porém omissões e obscuridades desta podem ser sanados pelos embargos de declaração.c) DISPOSITIVO: É conclusão do raciocínio lógico, a decisão propriamente dita. A ausência de dispositivo e causa de inexistência da sentença.

Regras de Correlação da Sentença com a DemandaO processo inicia-se por iniciativa da parte (art. 2.º do CPC) e em regra o Juiz não deve proceder de ofício.O Juiz deve julgar a lide nos limites em que foi proposta, de acordo com o princípio da adstrição, ou correlação, sendo vedado a ele conhecer de questões cuja iniciativa dependa de alguma das partes (art. 128 do CPC).O Juiz não pode conceder ao autor providência diversa, ou por causa jurídica diversa, da pleiteada. A sentença que viola essa regra é extra petita, e traz como conseqüência a sua nulidade (art. 460 do CPC).O Juiz está proibido de conferir ao autor quantidade superior à pleiteada, se isso ocorrer, teremos uma sentença ultra petita. Para a jurisprudência, esse tipo de sentença deve ser anulada somente naquilo que extrapolar o pedido. O Tribunal apenas reduz o valor da sentença.

A sentença citra ou infra petita é aquela que julga menos do que deveria, ou seja, deixa de apreciar algum pedido ou parte dele. É diferente da sentença de procedência parcial.

A sentença que julga fora do foi pedido, concede a mais ou ainda, julga a menos do que deveria, está eivada de vícios, causando nulidade da decisão ou passiva de ser reformada.

RESUMO: SENTENÇA

Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença desde logo ou no prazo de 10 dias (art 456 CPC). O debate oral pode ser substituído por memoriais escritos.

Compõe-se de três partes:Relatório - resumo do processo.Fundamentação - análise dos fatos e do direito aplicável.Dispositivo - é a conclusão em que o juiz enfatiza sua decisão.Nula é a sentença que não tenha relatório, fundamentação e dispositivo.

A sentença não pode decidir além do que foi pedido (ultra petita), nem aquém (infra ou citra petita), nem fora da questão proposta na inicial (extra petita) (art. 460 CPC).

Depois da publicação da sentença, o juiz não pode mais altera-la, salvo nos casos de inexatidões materiais ou erro de cálculo. Também poderá haver alteração no caso de embargos de declaração, oferecidos por uma das partes, para esclarecer obscuridade ou contradição, ou quando foi emitido ponto sobre que deveria pronunciar-se a sentença (art.535 CPC).

A sentença pode ser terminativa ou definitiva:Terminativa - extingue o processo sem julgamento do mérito e pode ser mais concisa (art. 459 CPC)Definitiva ( ou de mérito) - extingue o processo com julgamento de mérito.

Meramente declaratórias - são as que decidem apenas sobre a autenticidade de documento ou sobre a existência de relação jurídica.Condenatórias - são as que, além de declarar o direito, impõem também ao réu uma obrigação.Constitutivas - são as que além de declarar o direito, criam, modificam ou extinguem uma relação jurídica.

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relatório

REQUISITOS fundamentação

dispositivo

ultra petita

Não pode ser infra petita

SENTENÇA extra petita

Terminativa (sem resolução de mérito) Meramente declaratória

Definitiva (com resolução de mérito) Condenatória

Constitutiva

DA COISA JULGADA

É a qualidade da sentença que a torna imutável. Essa qualidade é a imutabilidade dos seus efeitos. Logo coisa julgada é a imutabilidade da própria sentença e de seus efeitos.

A imutabilidade é criada pela impossibilidade da decisão ser atingida por eventual recurso da parte, ou seja, ela é gerada pelo transito em julgado da sentença.

Pode ser FORMAL e MATERIAL:

Coisa julgada formalÉ a imutabilidade da sentença dentro do processo por falta de meios de impugnação possíveis, recursos ordinários ou extraordinários. É a imutabilidade endo-processual da sentença. Corresponde à preclusão que atinge a sentença.Há três formas de preclusão:

preclusão consumativa: é aquela resultante do exercício da faculdade e prática do correspondente ato processual;

preclusão temporal: é aquela que decorre do decurso do prazo sem a prática do ato;

preclusão lógica: é aquela que decorre de comportamento incompatível com a prática de certo ato processual.

É defeso discutir no processo questões sobre as quais incidiu a preclusão (art. 473 do CPC). É vedado ao Juiz reapreciar questões sobre as quais ocorreu a preclusão. Exceções:

1. Não estão sujeitas à preclusão as questões relativas às condições da ação, que não tenham sido apreciadas no momento adequado, ou que já tenham sido apreciadas. Súmula do STF diz que o despacho saneador irrecorrido transita em julgado. A doutrina e jurisprudência entendem que essa Súmula não alcança as condições da ação. Não há preclusão tanto se a questão não tiver sido apreciada antes da prolação da sentença quanto se tiver sido apreciada. A carência da ação pode ser reexaminada até mesmo em grau de recurso, desde que a matéria seja devolvida por meio de recurso.

2. Além das condições da ação, os pressupostos processuais constituem matéria de ordem pública, que pode ser conhecida a qualquer momento, de ofício.

3. Não há preclusão para o Juiz em matéria probatória, porque o Juiz é o destinatário da prova e é investido de poderes instrutórios (art. 130), razão pela qual é dado a ele completar o quadro instrutório do processo (quadro de provas).Diante dessas exceções, pode ser dito que a preclusão em princípio não atinge o Juiz, pois na matéria que lhe diz respeito (condições da ação, pressupostos processuais e matéria probatória) não há preclusão.

Coisa julgada materialÉ uma especial qualidade dos efeitos da sentença. É a imutabilidade dos efeitos da sentença. Somente a sentença de mérito é apta à formação da coisa julgada, porque somente ela define a lide, resolve a controvérsia e, portanto, projeta efeitos substanciais para fora do processo. O fundamento da coisa julgada material é a necessidade de estabilidade nas relações jurídicas.A sentença de mérito além do efeito formal de extinção do processo, conforme já foi explicitado , uma vez transitada em julgado, tem força de lei nos limites da lide e das questões decididas (CPC art. 468), tornando imutáveis seus efeitos materiais projetáveis para fora do processo.

RESUMO: COISA JULGADA

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É a qualidade que a sentença adquire de ser imutável, depois que dela não couber mais recurso (art. 5°XXXVI CF;art.6°, §3°, LICC). A coisa julgada pode ser formal ou material.

Coisa julgada formal - é a imutabilidade da sentença dentro do processo em que foi proferida.

Coisa julgada material - é o impedimento de ser a lide novamente discutida em outro processo (ou no mesmo), por estar a questão definitivamente julgada.

PETIÇÃO INICIAL ((art. 282)

Emenda * indeferimento

Deferimento

Citação15 dias

resposta do réu (contestação, exceção ou reconvenção)(art.297)

providências preliminares(art. 323)

( "Julgamento conforme o estado do processo" )

*Sentença de Ext. do processo Audiência preliminar *Sentença de julg. antecipado da lide (art. 329) (art 331) (art. 330)

Perícias e diligências

Audiência (de instrução e julgamento)(art. 450)

Sentença (na audiência ou em 10 dias)(art. 456)

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GIGA CONCURSOSPREPARATÓRIO CONCURSO TJRO2011TURMA DIREITO INTENSIVO SÁBADOS [email protected]

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Contatos Giga3229-0200/ 3229-8851

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