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Profanar o Daime é Profanar o Sagrado Em pleno século XXI, nota-se claramente, a expansão dos diversos tipos de religiões e de religiosos na sociedade brasileira e planetária. Hoje, vivenciamos o acúmulo de massagistas da sua própria autopromoção relacionada ao EGO material-financeiro e do status pessoal dentro das instituições religiosas; utilizando desses ambientes purificadosa para se auto-proclamarem curadores, profetas, mestres, xamãs, guias, múltiplos, etc. Nesta nova fase de reconhecimento e oficialização por parte do governo da Oasca, um chá natural procedente da floresta amazônica; vem de certa forma, também acompanhado daquele velho dito popular, “uma faca de dois gumes”. Essa questão decorre em virtude de diversos problemas e polêmicas, que essa bebida indígena e repleta de religiosidade mística tem enfrentado ao longos dos anos; a partir, principalmente, da sua chegada aos grandes centros urbanos; onde tudo respira consumo e imediatismo; além é claro, do preconceito gerado pela ignorância ou por aqueles inerentes ao instinto de defesa humana, atrelado aos diversos interesses de grupos ou instituições religiosas tradicionais da nossa sociedade. À bem da verdade, toda exposição midiática do mundo contemporâneo informatizado, tende-se a pagar um preço elevado de negatividade e questionamentos. Preço esse, que não podemos avaliar ou medir de imediato, afinal de contas, o tempo é o senhor da verdade. Entretanto, mesmo sendo um daimista que contribuiu como uma formiguinha para o término do monopólio de distribuição do Daime no Estado da Bahia, não posso deixar de admitir, que muito do que se fala desse chá de maneira pejorativa, deve-se principalmente, aos próprios usuários ou pela falta de transparência das religiões. Embora saibamos, que o joio anda misturado ao trigo, ou seja, há uma enorme parcela de daimistas descomprometidos eticamente com uma prática de vida saudável, ou como gosto de chamar, pessoas que por algum motivo perderam o eixo do CM-Coerência Mínima; que usam e abusam da bebida sagrada para adquirir poderes, reconhecimento social, dinheiro, e principalmente, na manipulação de consciências fragilizadas. Dentro dessa análise, não quero e não devo esquecer, mesmo tratando-se de um problema da consciência individual, mas no dever de cidadão, de reportar-me aos que além de usarem a santa bebida, usam diversos tipos de drogas lícitas e ilícitas, que por vezes, com a autorização e a conivência de determinados segmentos religiosos ou dos seus responsáveis; fato esse, que confunde à opinião pública, e que precisam ser investigados pelas autoridades competentes. Nós daimistas, não devemos deixar de ressaltar a importância desse reconhecimento oficial do governo brasileiro e de tantos outros, e do respaldo que a ciência médica têm nos dado; até porque, as religiões oriundas da região amazônica, possuem naturalmente, o que se tem de mais genuíno da religiosidade brasileira. Quero também deixar registrado, que essa profanação do sagrado, seria uma ideologia orquestrada ou não do nosso atual estágio evolutivo civilizatório, e que o Daime não é exceção. Muitas vezes, isso decorre de um processo seletivo da própria espiritualidade às vésperas de novas perspectivas civilizatória, que chegam em períodos cíclicos, ou seja, o giro que a vida dar em si mesma.. Cabe-nos como consciência aberta e na sintonia com o sagrado, nos vigiarmos constantemente, não com o intuito de nos acharmos os escolhidos, diferentes e coisas tais, mas sobretudo, pelo dever de respeito ao elo de possibilidades que o Divino nos oferece nos seus diversos aspectos externos, com o intuito de facilitar a nossa religação consciente com Ele.. Luciano Filgueiras Março/2010

Profanar o Daime é profanar o sagrado

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Texto de Luciano Filgueiras, Salvador (BA)

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Profanar o Daime é Profanar o Sagrado

Em pleno século XXI, nota-se claramente, a expansão dos diversos tipos de religiões e

de religiosos na sociedade brasileira e planetária. Hoje, vivenciamos o acúmulo de massagistas

da sua própria autopromoção relacionada ao EGO material-financeiro e do status pessoal dentro

das instituições religiosas; utilizando desses ambientes “purificados” a para se auto-proclamarem

curadores, profetas, mestres, xamãs, guias, múltiplos, etc.

Nesta nova fase de reconhecimento e oficialização por parte do governo da Oasca, um

chá natural procedente da floresta amazônica; vem de certa forma, também acompanhado

daquele velho dito popular, “uma faca de dois gumes”. Essa questão decorre em virtude de

diversos problemas e polêmicas, que essa bebida indígena e repleta de religiosidade mística tem

enfrentado ao longos dos anos; a partir, principalmente, da sua chegada aos grandes centros

urbanos; onde tudo respira consumo e imediatismo; além é claro, do preconceito gerado pela

ignorância ou por aqueles inerentes ao instinto de defesa humana, atrelado aos diversos

interesses de grupos ou instituições religiosas tradicionais da nossa sociedade.

À bem da verdade, toda exposição midiática do mundo contemporâneo informatizado,

tende-se a pagar um preço elevado de negatividade e questionamentos. Preço esse, que não

podemos avaliar ou medir de imediato, afinal de contas, o tempo é o senhor da verdade.

Entretanto, mesmo sendo um daimista que contribuiu como uma formiguinha para o término do

monopólio de distribuição do Daime no Estado da Bahia, não posso deixar de admitir, que muito

do que se fala desse chá de maneira pejorativa, deve-se principalmente, aos próprios usuários ou

pela falta de transparência das religiões.

Embora saibamos, que o joio anda misturado ao trigo, ou seja, há uma enorme parcela

de daimistas descomprometidos eticamente com uma prática de vida saudável, ou como gosto de

chamar, pessoas que por algum motivo perderam o eixo do CM-Coerência Mínima; que usam e

abusam da bebida sagrada para adquirir poderes, reconhecimento social, dinheiro, e

principalmente, na manipulação de consciências fragilizadas. Dentro dessa análise, não quero e

não devo esquecer, mesmo tratando-se de um problema da consciência individual, mas no dever

de cidadão, de reportar-me aos que além de usarem a santa bebida, usam diversos tipos de drogas

lícitas e ilícitas, que por vezes, com a autorização e a conivência de determinados segmentos

religiosos ou dos seus responsáveis; fato esse, que confunde à opinião pública, e que precisam

ser investigados pelas autoridades competentes.

Nós daimistas, não devemos deixar de ressaltar a importância desse reconhecimento

oficial do governo brasileiro e de tantos outros, e do respaldo que a ciência médica têm nos dado;

até porque, as religiões oriundas da região amazônica, possuem naturalmente, o que se tem de

mais genuíno da religiosidade brasileira. Quero também deixar registrado, que essa profanação

do sagrado, seria uma ideologia orquestrada ou não do nosso atual estágio evolutivo civilizatório,

e que o Daime não é exceção. Muitas vezes, isso decorre de um processo seletivo da própria

espiritualidade às vésperas de novas perspectivas civilizatória, que chegam em períodos cíclicos,

ou seja, o giro que a vida dar em si mesma..

Cabe-nos como consciência aberta e na sintonia com o sagrado, nos vigiarmos

constantemente, não com o intuito de nos acharmos os escolhidos, diferentes e coisas tais, mas

sobretudo, pelo dever de respeito ao elo de possibilidades que o Divino nos oferece nos seus

diversos aspectos externos, com o intuito de facilitar a nossa religação consciente com Ele..

Luciano Filgueiras

Março/2010