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Indígenas da etnia Kalapalo participam do Quarup, tradicional ritual realizado todos os anos em homenagem aos mortos ilustres. Foto de 2009 feita no Parque Indígena do Xingu, em Querência (MT).

Os Indígenas e o Começo da Colonização

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As terras que hoje formam o Brasil pertenciam originalmente aos indígenas.

Os indígenas não eram os proprietários da terra, porque esse conceito não existia entre esses povos.

A terra era o lar dos indígenas, lugar onde nasceram e fonte de sua existência. Pertencia a eles por meio de uma apropriação coletiva, em que era explorada e respeitada por todos os habitantes.

Esse cenário começou a mudar em 1500, quando os portugueses iniciaram o processo de conquista e colonização do território.

Os Indígenas e o Começo da Colonização

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No século XV os portugueses deram início ao processo de expansão marítima.Em 22 de abril de 1500, uma esquadra chefiada por Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral do atual estado da Bahia e, em nome do rei, os portugueses tomaram posse da região e nomearam o local de Ilha de Vera Cruz.

Desembarque de Cabral em Porto Seguro, pintura de Oscar Pereira da Silva, 1922.

A Colonização

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Com receio de perder as terras encontradas para outros países, Portugal decidiu colonizar o território a partir de 1530.Assim teve início o período colonial no Brasil.

Colonizar = dominar um território fora do seu próprio e fazê-lo produzir riquezas em benefício do colonizador.

1500

1630 1654

1720 1808

1822

Períodoimperial

Chegada dos portugueses ao Brasil

(início do período colonial)

Companhia das Índias Ocidentais ocupam

Olinda e Recife

A Colonização

Independência do Brasil(fim da colônia – início do

Período imperial)Expulsão dos

holandeses do Brasil

Chegada da corte portuguesa

ao BrasilRevolta de Vila Rica

Período Colonial

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Em 1519, por ordem do governo português, foi elaborado por Lopo Homem um mapa denominado Terra Brasilis ou Carta do Brasil.

Ao longo do litoral estão grafados os nomes que os portugueses deram às regiões exploradas entre 1501 e 1503. Todos eles têm origem na religião católica.

A representação de que essas terras pertencem a Portugal está nas bandeiras portuguesas em diversos pontos do mapa.

Terra Brasilis

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A ocupação do litoral foi lenta, pois os portugueses buscavam locais que tivessem metais preciosos, como ouro e prata.

O pau-brasil é uma árvore de tronco avermelhado, que na época era utilizado na fabricação de corantes para tingir roupas. A madeira do pau-brasil tinha grande valor comercial na Europa.

Alguns estudiosos afirmam que foi por causa dessa árvore que os portugueses passaram a chamar essas terras de Brasil.

Entretanto, os primeiros exploradores informaram que a única riqueza nessas terras era o pau-brasil.

O Interesse pelo Pau Brasil

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Os portugueses utilizavam ilustrações para reforçar os primeiros relatos feitos na colônia.

A natureza aqui encontrada era exuberante para os europeus, que desconheciam ambientes como as matas tropicais e se encantavam com animais nunca antes vistos, como a onça-pintada, a arara-azul e o macaco-prego.

A Visão Européia das Novas Terras

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A visão que os portugueses tinham das novas terras e seus habitantes era contraditória.

De um lado, viam a região como um paraíso terrestre, coberto por

esplendores, belezas e possibilidades.

De outro, sentiam-se ameaçados e amedrontados por uma paisagem muito diferente da europeia e por pessoas com culturas, crenças e

costumes diferentes e, às vezes, incompreensíveis.

A Visão Européia das Novas Terras

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Cada grupo tinha uma cultura e uma forma diferente de organização social.

• Humaitás: habitantes do sul, fabricantes de instrumentos de pedra, tinham o pinhão como a base da alimentação;

• Sambaquis: habitantes do litoral, viviam da pesca e da coleta de moluscos;

• Itararés: habitantes do sul, faziam habitações abaixo do solo.

Os grupos humanos que habitavam parte do território que conhecemos como Brasil estavam nessas terras havia mais de 10 mil anos.

Por exemplo:

A População Nativa

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Em 1500 havia no Brasil mais de mil povos indígenas diferentes com crenças, hábitos, costumes e formas de organização específicas, que falavam cerca de 1300 línguas, sendo a maioria agrupada em dois troncos linguísticos:

TupiMoradores do litoral.

Pertenciam a este tronco os grupos Guarani, Tupinambá, Tabajara, etc.

Macro-JêMoradores do interior e do sertão.

Pertenciam a este tronco os Bororó, Karajá, Tarairu, Cariri, etc.

Os portugueses tiveram um contato maior com os Tupi, por isso os relatos sobre os hábitos e culturas dos povos indígenas referem-se a esse grupo.

Os Indígenas em 1500

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Os indígenas viviam em pequenas aldeias, formadas por um conjunto de quatro a sete malocas, organizadas de forma circular, de ferradura ou linear.

Era comum nas aldeias a existência de um pátio no qual eram organizadas as cerimônias religiosas e as festas. Era nesse local também que as crianças brincavam.

Os Indígenas em 1500

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As malocas eram habitações construídas em madeira e pedra. Em uma maloca poderia morar mais de uma família indígena.As malocas diferenciavam-se de acordo com a etnia indígena:

CASA XINGUANA(PAH, em Yawalapití)

CASA KARAJÁ(HETÓ, em Karajá)

CASA TAPIRAPÉ(TAKANA, em Tapirapé)

CASA-ALDEIA MARUBO(SROBO, em Marubo)

CASA TIRIYÓ(MÜNE, TAKUXIPAN ou TIMAKÖTÖ, em Tiriyó)

CASA TUKANO

Os Indígenas em 1500

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A religião dos povos indígenas estava diretamente relacionada com a natureza. A chuva, a seca, uma boa caçada ou pescaria estavam relacionadas com a ação de entidades como espíritos da natureza.

Por exemplo:

• Boitatá: protegia os campos dos incêndios

• Curupira: protetor da fauna e da flora

O pajé era o mediador entre o mundo terreno e o espiritual. Cabia a ele entrar em contato com os espíritos da natureza para curar as doenças. Era grande conhecedor dos remédios extraídos da floresta.

Entre os indígenas não havia propriedade privada, privilégios ou desigualdades sociais. A terra, a água e os animais eram de uso de todos. Possíveis conflitos entre as aldeias eram resolvidos com diplomacia ou com guerra.

O Pajé e os Espíritos da Floresta

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A educação das crianças era tarefa de toda a comunidade e elas não recebiam castigos físicos.

Os idosos eram respeitados como guardiões da floresta e do saber popular.Eram eles que transmitiam o conhecimento, os valores e as crenças do grupo aos mais jovens.

Os indígenas desconheciam a escrita. O conhecimento era transmitido oralmente de geração em geração.

• Aos homens cabia derrubar árvores, caçar, pescar, preparar a terra para o plantio, construir malocas, armas e canoas;

• Às mulheres cabia cuidar das crianças, cozinhar, coletar frutos, cuidar da plantação e da colheita.

Havia divisão do trabalho de acordo com o sexo:

O Pajé e os Espíritos da Floresta

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Os primeiros contatos entre portugueses e indígenas foram amistosos, mas isso durou pouco.

Os portugueses tinham duas ambições na conquista:• buscar riquezas• converter os indígenas à fé católica

Ao perceber o valor do pau-brasil, os portugueses convenceram os indígenasa cortar essas árvores e transportá-las para as embarcações na costa.

Para convencê-los, os portugueses trocavam a madeira cortada por objetos desconhecidos pelos indígenas. Mas o escambo durou pouco, pois os indígenas não tinham interesse em acumular bens.

A solução encontrada pelos portugueses foi escravizar os indígenas.

O Choque Entre Dois Mundos

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Os portugueses justificavam a escravidão com o discurso de que esses povos eram “selvagens” e “sem Deus”, portanto inferiores aos europeus.A visão eurocêntrica dos conquistadores impedia os portugueses de compreender as práticas e religiosidade diferentes dos indígenas, como a antropofagia.

A antropofagia fazia parte da cultura indígena e ocorria em dois momentos:

Preparo da carne humana em episódio canibal, gravura de Théodore de Bry no século XVI.

• com um ente querido, como ato de amor;

• com um guerreiro aprisionado, como parte de um ritual em que seria possível adquirir a coragem e força do inimigo.

O Choque Entre Dois Mundos

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A valorização do pau-brasil levou Portugal a ampliar o processo de extração da madeira na colônia.

Ela também chamou a atenção de outros comerciantes europeus, como os franceses.

Para evitar o assédio dos europeus ao litoral, o governo português optou por colonizar o território a partir de 1530.

Uma esquadra, comandada por Martim Afonso de Sousa, foi enviada ao Brasil com o objetivo de capturar embarcações estrangeiras que aqui atracassem, criar feitorias e núcleos de povoamento.

Em 1532, foi criado o primeiro núcleo: a vila de São Vicente.

Do Pau-Brasil às Capitanias Hereditárias

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Em cada núcleo de povoamento eram erguidas casas, um forte, uma capela, uma cadeia e um pelourinho.

A administração da colônia era formada por juízes, escrivãos e outros cargos.

Martim Afonso iniciou o processo de distribuição das terras indígenas entre os integrantes de sua expedição e ergueu um engenho em São Vicente para fabricar açúcar.

Com o objetivo de fazer a colônia produzir e proteger o litoral, o governo português criou o sistema de capitanias hereditárias.

Do Pau-Brasil às Capitanias Hereditárias

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Capitanias Hereditárias

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Com as capitanias hereditárias o governo tinha intenção de fazer com que a iniciativa privada se responsabilizasse pela colonização, por isso distribuiu as terras a doze pessoas.

Os capitães donatários não poderiam vender as terras recebidas, somente explorá-las. Por outro lado, eles tinham o poder de fundar vilas, distribuir sesmarias, nomear funcionários, gerir a Justiça, cobrar impostos dos colonos e escravizar indígenas que habitassem a sua capitania.

Com o passar dos anos, somente as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram.

Pernambuco enriqueceu graças à produção de açúcar em seus engenhos.

Já em São Vicente, a grande fonte de renda era o tráfico de indígenas escravizados.

Capitanias Hereditárias

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Com o fracasso das capitanias hereditárias, a colônia portuguesa contribuía com apenas 3% da renda de Portugal. Por isso, em 1548, o governo português mudou a maneira de administrar a colônia e criou o governo-geral.

O governador-geral era um representante do governo português com poder para agir em todo o território da colônia. Cabia a ele:

• garantir a defesa do território;• explorar as terras ainda não colonizadas;• distribuir sesmarias;• estabelecer alianças com os povos indígenas;• castigar todos que, aos olhos dos portugueses, prejudicassem a colonização.

O Governo-Geral

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O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, que chegou à colônia em 1549, acompanhado por funcionários públicos, soldados, degredados e religiosos.

Litografia de Margaret Dovaston, representando Tomé de Sousa consultando seu conselheiro jesuíta para resolver um problema entre um colono português e um indígena.

Tomé de Sousa e sua comitiva instalaram-se na capitania da Bahia de Todos-os-Santos, onde ordenou a construção de Salvador, a primeira capital da colônia.

O Governo-Geral

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Durante as viagens, os padres ofereciam assistência espiritual aos navegantes e nas colônias tinham a missão de converter ao cristianismo todos os povos que fizessem contato com os portugueses.

As conquistas ultramarinas tinham claro objetivo religioso, tanto que um dos primeiros atos de Cabral ao chegar à nova terra foi providenciar a celebração de uma missa.

A Igreja católica esteve presente durante todo o processo de conquista e colonização do território americano.

Padres, Indígenas, Colonos e Governo Português

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Primeira missa no Brasil, pintura de Victor Meireles, 1860.

Padres, Indígenas, Colonos e Governo Português

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A partir de 1549, com a chegada de padres jesuítas à colônia, a Igreja católica começou a fortalecer-se.

Os jesuítas fizeram um trabalho de evangelização dos indígenas do litoral e depois seguiram em direção ao interior. O contato com os nativos possibilitou a criação de uma língua geral, uma mistura entre português, espanhol e idiomas indígenas.

Com o objetivo de reunir indígenas de diferentes aldeias, o padre Manoel da Nóbrega começou a criar espaços comuns para que os indígenas pudessem receber os ensinamentos da fé cristã e se dedicar a atitudes produtivas, como a agricultura e o artesanato. Esses espaços ficaram conhecidos como missões jesuíticas, aldeamentos ou reduções.

O Trabalho dos Jesuítas

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Apesar de a intenção dos jesuítas ter sido proteger os indígenas, as reduções desrespeitavam a cultura dos nativos. A rotina a que os indígenas eram submetidos (com horários rígidos, trabalhos sistemáticos e repetitivos) ia contra o modo de vida indígena, acostumados a viver de acordo com o tempo da natureza e a executar somente os trabalhos necessários à comunidade.

Além disso os indígenas sofriam diversas tentativas de escravização e contágio de doenças originárias da Europa, contra as quais não tinham anticorpos.

Assim, ano após ano a população nativa diminuiu, de modo que o processo de colonização assumiu também um caráter de genocídio da população nativa.

Esquema de uma redução jesuítica em Guaíra, Paraguai, séc. XVII.

O Trabalho dos Jesuítas

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Referência Bibliográfica

Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo, Reinaldo Seriacopi. – 1ª Edição – São Paulo: Ática, 2012.

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