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1 Programa Bolsa Família: Análise Da Trajetória Dos Indicadores Sociais Em Minas Gerais Autoria: Lais Atanaka Denubila, Marco Aurelio Marques Ferreira, Doraliza Auxiliadora Abranches Monteiro Resumo Diversos estudos sobre políticas públicas e a questão social têm debatido a eficácia do Programa Bolsa Família no combate a pobreza e desigualdade social. Alguns autores têm apresentado tanto fatores positivos, quanto negativos desse Programa na redução dos problemas sociais, havendo divergências de opiniões a respeito desse. Em consoante, estudos demonstram que em Minas Gerais há municípios que não apresentam uma gestão adequada do Programa Bolsa Família. Nessa direção, esse estudo tem como objetivo principal analisar a trajetória dos indicadores sociais de Minas Gerais no período de pré e pós a implantação do Programa Bolsa Família. Buscou-se amparo teórico para contextualizar essas questões, o caráter multidimencional do fenômeno da pobreza, que caracteriza a pobreza através da privação de fatores fundamentais como, alimentação, serviços de saúde, assistência social, participação política, condições mínimas de habitação e vestimenta, indo além das questões relacionadas à renda, e também sua relação direta com a desigualdade social, e na dupla face Programa Bolsa Família, uma compensatória e outra de acesso a políticas universais, a primeira representada pela transferência monetária, para permitir a sobrevivência imediata das famílias pobres, e segunda, para oferecer condições de inclusão e promoção social. Foi delimitado como corte analítico os anos de 2001 a 2006, em razão de 2001 a 2003 ser considerado pré implementação do Programa Bolsa Família e de 2004 a 2006, pós implementação deste programa. Como área de estudo foi escolhida Minas Gerais, pois esse estado é o quarto maior do país em território, segundo em população, possui o terceiro maior PIB do país, porém apresenta intensas disparidades regionais, sendo que, apresenta 10,05% dos beneficiários do Programa Bolsa Família, e esse realizou um repasse, em 2007, por mês R$ 75,5 milhões para 1,1 milhão famílias mineiras. Assim, um conjunto de indicadores de Minas Gerais foi agrupado nos seguintes temas: aspectos demográficos; acesso à educação e saúde; domicílios e infra-estrutura social; e, trabalho e a renda. Para a análise da evolução e comparação dos dados, foram utilizados como procedimentos metodológicos a Taxa Média Geométrica e a Taxa de Crescimento. Os resultados demonstraram que a maioria dos indicadores apresentou trajetória positiva, especificamente, aqueles que possuíam direta associação direta com os objetivos do Programa Bolsa Família. Conclui-se que embora não consiga isolar os efeitos do Programa Bolsa Família nesse estudo, uma análise dos indicadores sociais possibilitou a visualização do contexto socioeconômico, no qual esse programa se insere, sendo que essa percepção contribui para o planejamento posterior da expansão e ações desse no estado de Minas Gerais.

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Programa Bolsa Família: Análise Da Trajetória Dos Indicadores Sociais Em Minas Gerais

Autoria: Lais Atanaka Denubila, Marco Aurelio Marques Ferreira, Doraliza Auxiliadora Abranches Monteiro

Resumo

Diversos estudos sobre políticas públicas e a questão social têm debatido a eficácia do Programa Bolsa Família no combate a pobreza e desigualdade social. Alguns autores têm apresentado tanto fatores positivos, quanto negativos desse Programa na redução dos problemas sociais, havendo divergências de opiniões a respeito desse. Em consoante, estudos demonstram que em Minas Gerais há municípios que não apresentam uma gestão adequada do Programa Bolsa Família. Nessa direção, esse estudo tem como objetivo principal analisar a trajetória dos indicadores sociais de Minas Gerais no período de pré e pós a implantação do Programa Bolsa Família. Buscou-se amparo teórico para contextualizar essas questões, o caráter multidimencional do fenômeno da pobreza, que caracteriza a pobreza através da privação de fatores fundamentais como, alimentação, serviços de saúde, assistência social, participação política, condições mínimas de habitação e vestimenta, indo além das questões relacionadas à renda, e também sua relação direta com a desigualdade social, e na dupla face Programa Bolsa Família, uma compensatória e outra de acesso a políticas universais, a primeira representada pela transferência monetária, para permitir a sobrevivência imediata das famílias pobres, e segunda, para oferecer condições de inclusão e promoção social. Foi delimitado como corte analítico os anos de 2001 a 2006, em razão de 2001 a 2003 ser considerado pré implementação do Programa Bolsa Família e de 2004 a 2006, pós implementação deste programa. Como área de estudo foi escolhida Minas Gerais, pois esse estado é o quarto maior do país em território, segundo em população, possui o terceiro maior PIB do país, porém apresenta intensas disparidades regionais, sendo que, apresenta 10,05% dos beneficiários do Programa Bolsa Família, e esse realizou um repasse, em 2007, por mês R$ 75,5 milhões para 1,1 milhão famílias mineiras. Assim, um conjunto de indicadores de Minas Gerais foi agrupado nos seguintes temas: aspectos demográficos; acesso à educação e saúde; domicílios e infra-estrutura social; e, trabalho e a renda. Para a análise da evolução e comparação dos dados, foram utilizados como procedimentos metodológicos a Taxa Média Geométrica e a Taxa de Crescimento. Os resultados demonstraram que a maioria dos indicadores apresentou trajetória positiva, especificamente, aqueles que possuíam direta associação direta com os objetivos do Programa Bolsa Família. Conclui-se que embora não consiga isolar os efeitos do Programa Bolsa Família nesse estudo, uma análise dos indicadores sociais possibilitou a visualização do contexto socioeconômico, no qual esse programa se insere, sendo que essa percepção contribui para o planejamento posterior da expansão e ações desse no estado de Minas Gerais.

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1.Introdução

Reflexões acerca de temáticas relacionadas a pobreza e desigualdade passaram a serem bases prioritárias das ações e agenda governamental de forma mais contundente a partir de 1990, devido a influência de vários fatores sociais negativos como: a exclusão social, a baixa escolaridade e alfabetização, a pobreza, a desigualdade social, o desemprego e a violência.

Nessa direção foram criadas diversas políticas públicas objetivando a erradicação ou redução desses problemas sociais. No cerne dessas políticas publicas, se encontra os programas de transferência de renda, os quais incluem o Programa Bolsa Família.

Assim, o Programa Bolsa Família foi criado no ano de 2003, com o propósito de agregar e consolidar os programas de transferência já existentes, visto que governos municipais e estaduais apresentavam programas semelhantes em seus objetivos e público-alvo; ausência de uma administração geral desses programas, gerando custos operacionais elevados; ausência de interlocução com outras políticas setoriais e emancipatórias, além de melhor dirigir o foco da política governamental para a família, dentre outros fatores (NASCIMENTO, 2006). Desde a sua implantação, foram destinados a esse programa R$ 5,6 bilhões em 2004, sendo que em 2007 aumentou para R$ 8 bilhões, e o total de famílias de 6,5 milhões em 2004 obteve em 2008 um aumento para 11,2 milhões (MDS, 2008).

Os objetivos principais dessa política de repasse monetário são: a redução dos problemas de ordem econômica básica nas famílias cuja renda é insuficiente para alimentação, moradia, transporte e vestuário e também incentivar a inserção das crianças na escola, isto é, objetivam inserir os beneficiários, em outras duas políticas: educação e saúde.

Com isso, o programa promove o acesso a direitos sociais básicos de saúde e educação, bem como exercício de cidadania, mediante as condicionalidades (NASCIMENTO, 2006).

Nesse sentido, os objetivos do programa são muito abrangentes e suas implicações são em diversas áreas sociais, já que busca ativar as economias locais injetando recursos nos mercados através das famílias e incentiva a participação desses nos serviços básicos de educação e saúde.

Esses programas apresentam-se em um contexto socioeconômico marcado pelo alto nível de desemprego, aumento progressivo dos índices de violência e da intensidade da pobreza e desigualdade social presentes na maioria dos países, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil.

Nessa direção, observa-se que o fenômeno da pobreza e desigualdade social é crescente na sociedade e diversos estudiosos apresentam muitas percepções acerca destas, caracterizando esses temas como multidimensionais, pela diversidade de concepções que deles originam. Assim torna-se necessário considerar uma pluralidade de indicadores sociais que, devido ao seu caráter inter-relacional, influenciam, de forma direta ou indireta, o problema em análise (REPN, 2008).

Diversos estudos referentes à avaliação de políticas públicas e à contextualização social têm discutido a eficácia do Programa Bolsa Família no combate a pobreza e desigualdade social. Alguns autores têm apresentado as faces positivas e negativas dessas ações na redução dos problemas sociais, havendo na academia e na sociedade, divergências de opiniões a respeito desse programa.

Com relação aos fatores positivos, pesquisas evidenciam que a transferência de renda, mesmo sendo de pequeno valor monetário, possui uma função principal na mudança das condições de vida das famílias atendidas, pois aumenta a capacidade de consumo familiar (SILVA et. al., 2007; MEDEIROS et. al. 2007), produz efeitos na educação, saúde, nutrição (MEDEIROS et. al. 2007; MONTEIRO et. al. 2008), acarreta melhorias em indicadores socioeconômicos e diminui a pobreza e a desigualdade de renda no Brasil (POCHMAN 2007;

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SOARES et. al. 2007; MEDEIROS et. al. 2007; NERI, 2008). Aumenta, também, a auto-estima dos beneficiados; promove o acesso das mulheres ao espaço público e possibilita a elas maior poder de barganha e maior capacidade de fazer escolhas e decisões sobre a renda familiar (MEDEIROS et.al. 2007; BRONZO, 2008).

Por outro lado, pesquisadores afirmam que os programas de transferência de renda são programas compensatórios e, portanto apenas produzem efeitos amenizadores da pobreza (DRUCK e FILGUEIRAS 2007), de maneira que, reproduzem e mantêm a pobreza, acomodação profissional, transformando o cidadão efetivo, que possui direitos e deveres sociais em consumidor tutelado (ZIMMERMANN, 2005; DRUCK e FILGUEIRAS 2007). E no que tange a redução da desigualdade de gênero, especificamente, na questão da autonomia das mulheres, é que as transferências poderiam ter efeito contrário, já que esses programas poderiam perpetuar papeis de gênero à medida que a provisão de renda á essas mulheres poderiam fazer que essas se acomodassem a vida doméstica e ao cuidado dos filhos fazendo que elas abandonassem o emprego ou parassem de buscá-lo no mercado de trabalho formal.

Além de que os estudos de Monteiro e Ferreira (2008) demonstram que em Minas Gerais há municípios que não apresentam uma gestão adequada do Programa Bolsa Família (PBF), o que implica na queda da qualidade, eficiência e eficácia da administração desse programa.

Assim, o propósito principal desse estudo é analisar a evolução dos indicadores sociais no Estado de Minas Gerais dos anos de 2001 a 2006 e visualizar o comportamento desses indicadores no contexto pré e pós implantação do Programa Bolsa Família, verificando quais indicadores melhoraram ou não, no período do estudo. Ressalta-se que apenas os indicadores referentes a pobreza e a desigualdade social, analisados isoladamente, não refletem totalmente a extensão e as conseqüências dos problemas sociais, no entanto apresentam um retrato da realidade, e permitem aos pesquisadores avaliar o caminho que se deve seguir, sendo essa a justificativa do uso de alguns indicadores sobre estes fenômenos (REPN, 2007).

Destaca-se também que seria exagerada a hipótese de isolar ou conferir aos indicadores sociais utilizados, os resultados diretos do Programa Bolsa Família. Por outro lado, é válido investigar as prováveis mudanças e implicações ocasionadas pela implementação desse programa, conforme já afirmado por diversos estudiosos dessa temática. 2. Referencial Teórico 2.1 Pobreza e Desigualdade Social

Os temas pobreza e desigualdade, embora se demonstrem como fenômenos próximos e transversais, são distintos e apresentam especificidades próprias.

A definição da pobreza é um problema extremamente complexo. Pobreza não é só ausência da posse de recursos financeiros, o acarreta na dificuldade de consumo para satisfação de necessidades básicas de sobrevivencia, mas também a impossibilidade da satisfação de outras necessidades humanas que vão além da mera sobrevivência.

Não apenas a concepção acerca da pobreza, mas também a sua mensuração tem se apresentado uma atividade difícil, visto que a elaboração de indicadores para a avaliação sobre a intensidade da redução da pobreza no mundo exige o uso de dados concretos (RIOS, 2008).

Nesse sentido, existem conceitos referentes a pobreza que priorizam o acesso a bens e serviços básicos para definição das condições de pobreza, tais como condições de habitacionais e infra-estrutura urbana, nível de escolaridade e saúde (BRONZO, 2008).

Em consoante, SEN (2000) caracteriza a pobreza como a privação de liberdades substantivas e capacidades, ou seja, vai além das questões relacionadas a renda e pobreza, indo a

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privação de fatores fundamentais como, alimentação, serviços de saúde, assistência social, participação política, condições mínimas de habitação e vestimenta. Nessa direção pode-se concluir que a pobreza possui carater multidimencional.

Sob o contexto da redução substancial das liberdades apresentada por Sen (2000), Araújo (2008) cita algumas ilustrações, em que um pai de baixa renda não pode escolher a escola para o seu filho e tem poucas oportunidades de exercer a vocação que deseja, o que restringe a sua capacidade de planejar. A pobreza significa, também, a redução do espaço das pequenas e grandes liberdades, desde o que comer até em quem votar. Assim, os pobres estão submetidos a situações de privação de capacidades e liberdades, devido à falta de bens simbólicos e materiais.

Assim pode-se dizer que a pobreza tem muitas dimensões sociais além do consumo, sendo necessário considerarem-se aspectos simbólicos e materiais para classificar quem é pobre e quem não é, bem como o grau de pobreza (AGUIAR e ARAÚJO, 2002). Por isso, ela deve ser tratada a partir de sua natureza multidimensional, como também ter respaldo nos padrões históricos culturais dos mínimos necessários para se ter uma vida digna.

É consenso que a pobreza como a qualidade de vida estão relacionados com a distribuição de renda e consequentemente com a desigualdade social. A desigualdade social é concebida como um processo que ocorre quando a maioria da renda se concentra em uma mesma empresa, região ou grupo privilegiado de pessoas, isto é, quando ocorre uma distribuição desigual de renda em um país ou região, sendo essa uma mazela presente na maioria dos países, principalmente nos países menos desenvolvidos (FERNANDES, 1995).

Estudos da Rede Latinoamericana de Política Comercial - LATN - demonstram que o crescimento da desigualdade apresenta-se tanto em diferenças salariais, quanto na desigualdade entre regiões, sendo que a dicotomia de renda é aprofundada pela conjunção dessas diferenças, podendo-se citar o caso da China (RIOS, 2008). A qual apresenta um expressivo crescimento do comércio, mas ao mesmo tempo indicadores de desigualdade.

Para Aguiar e Araújo (2008), a desigualdade social não é um sinônimo de pobreza, no entanto ambos são fatores indissociáveis. O conceito de desigualdade é relevante, pois abrange outras dimensões sociais da questão da pobreza. Da mesma forma, pode-se imaginar um país rico, porém com desigualdade. Um país pode ter pobres e desigualdade, assim como não. Um exemplo contundente é o do Brasil, país com amplos recursos e elevado Produto Interno Bruto, contudo apresenta a décima maior concentração de renda do mundo (PNUD, 2007).

Nessa direção, Sen 2000, afirma que a desigualdade e a pobreza devem ser vistas além da temática da renda, sendo essa limitante na elaboração e implementação de políticas públicas, e, portanto essas temáticas necessitam abranger outras privações, como o desemprego, doenças, baixo nível de instrução e exclusão social.

Políticas de combate à pobreza entraram na agenda nacional brasileira nos anos 90 pela influência de vários fatores negativos visualizados como, a exclusão social, a baixa escolaridade e alfabetização, a pobreza, a desigualdade social, o desemprego e a violência.

Neste contexto, a implantação da garantia de renda mínima, entendida como a transferência de recursos em dinheiro para pessoas ou famílias que não alcançam determinado patamar de renda, é um dos instrumentos fundamentais para combater a miséria e minimizar esse quadro social. 2.2 Programa Bolsa Família

O Programa Bolsa Família (PBF) foi criado em 2003 pela Medida Provisória nº132, de 20 de outubro de 2003, a qual foi convertida na Lei 10.836, de 09 de janeiro de 2004. A criação

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desse programa unificou a gestão e a operacionalização de programas de transferência de renda federais, estaduais e municipais: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio-Gás e Cartão Alimentação.

O Programa Bolsa Família é um programa de transferência direta e condicionada de renda, que possui como público-alvo famílias em situação de extrema pobreza (com renda mensal por pessoa até R$ 70,00) e de pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 70,01 a R$ 140,00). O critério de seleção dos beneficiados é feito com base nas informações, alimentadas pelo município, do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), o qual permite a identificação de todas as famílias brasileiras em situação de pobreza. A partir desse banco de dados o MDS seleciona, de maneira automatizada, famílias que serão inseridas no Programa a cada mês, sendo que, as famílias de menor renda são incluídas primeiramente (MDS, 2009).

Assim, essas famílias recebem três modalidades de benefícios: o Básico, o Variável e o Variável Vinculado ao Adolescente. Esses variam de R$ 22,00 a R$ 200,00. O Benefício Básico é destinado às famílias que se encontram em pobreza absoluta, onde são repassados R$ 68,00, independente da posse de crianças ou adolescentes. Já o Benefício Variável é voltado para as famílias pobres, as quais é pago R$ 22,00, ao menos que possuam crianças e adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber até três Benefícios Variáveis. O Benefício Variável Vinculado ao Adolescente confere às famílias extremamente pobres ou pobres, que possuam adolescentes de 16 e 17 anos frequentando a escola o valor de R$ 33,00 (trinta e três reais). Cada família pode receber até dois benefícios variáveis vinculados ao adolescente (Ibidem, 2009).

Ao receber esses beneficios, as familias e a esfera pública assumem compromissos na área da saúde e educação, os quais são chamados de condicionalidades. Assim os beneficiados do programa tem a obrigação de manter uma frequencia mínima de 85% para crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos e de 75% para adolescentes entre 16 e 17 anos, como também, cumprir as condicionalidades da área de saúde, ou seja, estar com o calendário vacinal em dia para as crianças menores de 7 anos, além do acompanhamento da saúde das gestantes e mães em período de amamentação.Outra condicionalidade, menos frequente, ocorre quando as famílias possuem crianças em situação de trabalho infantil, situação em que há obrigatoriedade da freqüência dessas aos serviços sócio-educativos e de jornada ampliada do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) (Ibidem, 2009).

Além dessas condicionalidades, de acordo com cada município, há também a exigência da participação das famílias em atividades e programas complementares oferecidos pelos municípios tais como, por exemplo: programas de geração de trabalho e renda, de alfabetização de adultos e jovens, incentivo ao micro-crédito produtivo, de fornecimento de registro civil e demais documentos, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Eixos norteadores do Programa Bolsa Família.

Fonte: Construção dos autores.

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Em conjunto, a esfera pública tem a responsabilidade de implementar ações de monitoramento dessas famílias e identificar os fatores que impedem essas do cumprimento das condicionalidades, de forma a responsabilizar o poder público pela garantia de acesso aos serviços básicos e o acompanhamento das famílias mais vulneráveis socialmente.

Assim, o Programa Bolsa Família apresenta, no seu conteúdo, a transferência monetária como um incentivo ao acesso às políticas universais estruturantes, principalmente as Políticas de Educação e Saúde. Nesse sentido, para Silva (2007), esses programas apresentam dupla face: uma compensatória, representada pela transferência monetária, para permitir a sobrevivência imediata das famílias pobres, e outra de acesso a políticas universais, para oferecer condições de inclusão e promoção social.

Dessa forma, o mesmo autor afirma que a interlocução da transferência monetária e políticas públicas estruturantes, como um dos principios centrais dos Programas de Transferência de Renda no Brasil, pode impulsionar a expansão e a democratização de serviços sociais básicos, e faz esse programa ser uma expressão do processo de desenvolvimento dos programas de transferência de renda no Brasil.

Em novembro de 2003, 2,9 milhões de famílias eram beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, que começou primeiramente nas regiões mais pobres do Brasil, semi-árido do Nordeste - Norte. Já em dezembro de 2005, havia 8,7 milhões de famílias cadastradas (SUPLICY, 2007). E no ano de 2007 o Programa Bolsa Família passou a abranger 11,1 milhões de famílias de todos os municípios brasileiros (MDS, 2008).

Os programas de transferencia de renda tem se apresentado como alternativas á politicas sociais existentes (SUPLICY E CURRY, 1994). O direito à renda mínima confere aos beneficiados a restituição de seu o direito à cidadania, sendo assim, não deve ser concebido como apenas um assistencialismo compensatório, mas uma estratégia de combate à fome, pobreza, baixa escolaridade, evasão escolar, sendo assim, um meio de complementar a renda familiar, de forma a que a permita sua auto-emancipação. (MONTEIRO et. al., 2007).

3. Procedimentos Metodológicos

Para analisar a evolução dos indicadores sociais no Estado de Minas Gerais e a percepção do comportamento desses indicadores no contexto pré e pós implantação do Programa Bolsa Família foi delimitado como corte analítico os anos de 2001 à 2006, em razão de 2001 a 2003 ser considerado o período pré implementação e de 2004 a 2006 pós implementação desse programa. 3.1 Área de Estudo

O estudo realizado em Minas Gerais, se justifica, pois esse estado é o quarto maior do país em território, segundo em população, como também possui o terceiro maior PIB do país, estando apenas abaixo de São Paulo e Rio de Janeiro. Possui uma área de 586.528,2936 Km2, 19,904 milhões habitantes, em 2008 o PIB per capita foi de R$ 10.512,90 (IBGE, 2008).Todavia, Minas Gerais apresenta disparidades regionais, onde cidades e regiões retrogradas e estagnadas convivem com regiões modernas e dinâmicas.

Em consoante, esse estado recebe para operacionalização de programas sociais, R$ 2,36 bilhões, por ano, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Sendo que o Programa Bolsa Família realizou um repasse, em 2007, por mês R$ 75,5 milhões para 1,1 milhão famílias mineiras (MDS, 2008). Da mesma forma, que devido, a densidade populacional, Minas Gerais apresenta uma participação elevada nas transferências do programa Bolsa Família, com a presença 10,05% dos beneficiários desse programa. (MONTEIRO et. al., 2008)

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Nesse sentido, trabalhos como o de Soria Galvarro (2007) e Souza (2007), discutem as disparidades e necessidade de políticas públicas em Minas Gerais, visto que, este estado apresenta desigualdades econômicas e sociais entre suas regiões e municípios, com áreas que possuem altas taxas de analfabetismo, concentração econômica da renda e da pobreza. 3.2 Fonte de dados

O estudo foi baseado em dados secundários de organismos oficiais e de agências de pesquisas como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Assim, buscou-se analisar um conjunto de indicadores de Minas Gerais, os quais foram agrupados nos seguintes temas: aspectos demográficos; acesso à educação e saúde; domicílios e infra-estrutura social; e, trabalho e a renda. 3.4 Métodos de pesquisa

Para a análise da evolução e comparação dos dados, utilizou-se a Taxa Média Geométrica (TMGC) e a Taxa de Crescimento (TC).

A Taxa Média Geométrica de Crescimento é, em geral, utilizada, em ciências sociais aplicadas para descrever variações das médias compostas, a partir do conceito de progressão geométrica (TRIOLA, 2005). Esta taxa é relevante nesse estudo, pois apresenta a média de crescimento inter-período.

1

1

−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛= n

vivf

TMGC (1)

em que: TMGC: taxa média geométrica de crescimento. vf: valor final. vi: valor inicial. n: número de períodos de variação. A Taxa de Crescimento consubstancia-se na taxa média de variação do índice, composta

anualmente entre períodos, sendo importante para o estudo, visto que apresenta a média de crescimento de todo o período estudado,

11 −⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛= +

tv

vTC t

‘ (2) em que: TC : taxa de crescimento. vt: valor no período de referencia (t).

1+tv : valor no período de t+1.

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5.Resultados e discussão Aspectos demográficos

De acordo com a tabela 1, observa-se que houve o aumento da população em ambos os períodos de estudo. Por outro lado, a taxa de urbanização apresentou crescimento apenas no primeiro período, 1,57%, sendo que no segundo houve uma redução -0,29%,

Tabela 1 - Indicadores sociais dos aspectos demográficos em Minas Gerais (2001 - 2006).

Indicadores Sociais 2001 - 2003 2004 - 2006 Aspectos demográficos Média TMG TC Média TMG TC População 18.394.102,00 1,14% 2,30% 19.272.368,33 1,26% 2,54% Taxa Urbanização 84,16 0,78% 1,57% 84,72 -0,14% -0,29% Taxa Fecundidade Total 2,15 -2,51% -4,95% 1,96 -2,26% -4,48% Taxa Bruxa de Natalidade 19,18 -0,75% -1,50% 16,98 -2,76% -5,44% Taxa Bruta de Mortalidade 6,48 0,00% 0,00% 6,01 0,33% 0,67% Esperança de Vida ao Nascer 70,92 0,35% 0,69% 74,10 4,79% 9,82% Pessoas de 60 anos ou mais de idade 1.837.735,00 3,99% 8,14% 2.033.635,00 4,79% 9,82% Famílias c/ Crianças 0-14 anos

1.915.539,55 -0,74% -1,47% 2.894.756,00 0,12% 0,24%

Jovens 18-24 2470801 1,25% 2,51% 2.483.253,00 -1,01% -2,01% Famílias residentes domicílios parti 5.561.133,00 1,93% 3,89% 6.032.326,67 2,49% 5,05% Número médio de pessoas p/Domicilio 3,57 -1,40% -2,78% 3,43 -1,44% -2,86%

Fonte: IBGE, IPEADATA, DATASUS/ Resultados de pesquisa. Entretanto, mesmo com o aumento da população, a taxa de fecundidade, medida pelo

número médio de filhos que teria uma mulher durante o seu período reprodutivo, obteve queda expressiva em ambos os períodos de -4,95% e -4,48%. Em consoante, a taxa bruta de natalidade, medida pela freqüência com que ocorrem os nascimentos em uma dada população, apresentou um decrescimento significativo no segundo grupo de anos estudados, com a taxa de crescimento de -5,44%.

Esses fatores podem ser explicados pela maior inserção feminina no mercado de trabalho, disponibilidade de métodos contraceptivos, aumento da taxa de escolaridade, dificuldades de manutenção e cuidado dos filhos, como também a falta de tempo para o cuidado, o elevado custo de vida e redução do poder de compra dos salários, etc.

Do mesmo modo, é possível verificar uma diminuição do número médio de pessoas por domicilio em ambos os períodos analisados. Destaca-se que a partir de 2003, houve um aumento nos investimento em políticas públicas na área da saúde para mulheres, no que tange os direitos sexuais e direitos reprodutivos. Essas políticas podem ter contribuído de alguma forma para a redução desses indicadores, o que não é objeto desse estudo. Esses fatores estão diretamente associados à diminuição do número médio de pessoas por domicílio, verificada em ambos os períodos de estudo.

Observa-se nessa direção, que esperança de vida ao nascer, o número médio de anos de vida esperados que um recém-nascido vivesse, demonstrou um expressivo aumento entre os períodos de 0,69% para 9,82%, que reflete uma diminuição da mortalidade infantil, das doenças infecto-contagiosas, melhoria no tratamento de diferentes doenças, e também avanço nas condições de saneamento básico. Em consoante, a taxa Bruta de Mortalidade, que representa a redução na freqüência com que ocorrem os óbitos em determinada população, mesmo que apresentando um crescimento no segundo período (TC = 0,67%), não acompanhou de maneira progressiva o crescimento da população, especificamente a urbana, apesar do aumento dos índices de violência nesse meio.

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Além disso, obteve-se uma elevação de idosos nos dois grupos de anos estudados, 8,14% e 9,82%,o que reflete o envelhecimento total da população brasileira, que é tida por pesquisadores como uma tendência atual e de possível acentuação no longo prazo.

Já o aumento das famílias com crianças de 0 a 14 anos está relacionada ao aumento da população, embora esse crescimento tenha sido bem inferior ao aumento no número dos idosos. Dimensão Educação

Com relação à área da educação em Minas Gerais, pode-se observar que taxa de crescimento do analfabetismo das pessoas 15 ou mais anos apresentou uma relevante diminuição entre os períodos, de -5,40% para -8,44%, do mesmo modo que houve aumento da média de anos de estudo da população nos dois períodos estudados (4,03% e 4,77%, respectivamente).

Tabela 2 - Indicadores sociais da educação em Minas Gerais (2001 - 2006).

Indicadores Sociais 2001 - 2003 2004 - 2006 Educação Média TMG TC Média TMG TC Taxa de analfabetismo pessoas 15 ou mais anos 11,25 -2,74% -5,40% 9,65 -4,31% -8,44% Taxa de Freqüência a escola ou creche da pop. residente 28,47 4,16% 8,49% 28,98 1,38% 2,79% Média de anos de estudo da pop. de 10 anos ou mais 6,09 1,99% 4,03% 6,53 2,36% 4,77%

Fonte: IBGE, IPEADATA, DATASUS/ Resultados de pesquisa. Sabe-se que a educação é fundamental para a inclusão de um indivíduo à sociedade. Por

meio dela as pessoas podem participar do âmbito econômico, social e político exercendo seu papel de cidadão. A educação engloba ensinar e aprender e o bom desempenho em qualquer profissão, por exemplo, demanda um crescente grau de conhecimento, não apenas específico (sobre as técnicas próprias da atividade), mas também geral e diversificado (IPEA, 2005).

Em contrapartida, a taxa de freqüência à escola ou creche da população, que inclui as crianças de 0 a 17 anos que freqüentam creches ou escola no país, especificamente em Minas Gerais, demonstrou um aumento em ambos os períodos analisados de 4,16% para 1,38%, sendo assim um fator positivo para o Programa Bolsa Família, pois uma de suas condicionalidades é a inserção escolar infantil.

Esses indicadores sociais de educação em conjunto ao maior investimento em educação indicam que o gasto social nessa área foi eficiente aplicado, no sentido que houve aumento das oportunidades educacionais (STN, 2008).

Dimensão Saúde

A análise dos indicadores sociais de saúde é uma analise significativa sob o aspecto do Programa Bolsa família, pois essa é uma das condicionalidades para efetivação da transferência monetária para seus beneficiários.

Os indicadores, proporção de óbitos com menos de 1 ano de idade, taxa de mortalidade infantil, número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer, demonstraram uma expressiva diminuição na taxa de crescimento, salvo o ultimo indicador aludido, que a redução ocorreu somente no segundo período. O aumento verificado nesses indicadores em conjunto ao acompanhamento pré-natal das gestantes, das nutrizes e do calendário de vacinação, e do crescimento e desenvolvimento de crianças menores de sete anos, sinalizam uma melhoria na qualidade de vida das famílias em vulnerabilidade social, já que esses problemas tendem a concentrarem-se nesse contexto de pobreza.

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Tabela 3 - Indicadores sociais da saúde em Minas Gerais (2001 - 2006). Indicadores Sociais 2001 - 2003 2004 - 2006 Saúde Média TMG TC Média TMG TC Proporção de óbitos menos de 1 ano de idade 4,73 -7,88% -15,13% 3,87 -2,39% -4,73% Taxa de Mortalidade Infantil 20,81 -2,99% -5,88% 17,23 -3,14% -6,18% Consultas por habitante 2,53 1,41% 2,85% 2,47 -2,41% -4,76% Numero de profissionais da saúde por habitante 1,45 3,85% 7,86% 1,25 -39,55% -63,46% Número de leitos hospitalares (SUS) por habitante

2,66 -7,34% -14,13% 2,03 -6,58% -12,73%

Gasto público com saúde per capita 209,67 8,68% 18,11% 294,48 12,81% 27,25% Gasto público com saúde como proporção do PIB

2,97 -3,95% -7,74% 2,95 6,50% 13,42%

Número de nascidos vivos com baixo peso ao nascer

27.082 0,29% 0,57% 26.109 -2,13% -4,22%

Fonte: IBGE, IPEADATA, DATASUS/ Resultados de pesquisa. O aumento do gasto público com saúde em termos per capita, nos dois períodos (18,11%

e 27,25%) e em proporção do PIB no segundo período (6,50%), são elementos importantes e significam maior comprometimento e investimento do Governo em saúde.

No entanto, houve uma diminuição do número de consultas por habitante no segundo período estudado para -4,76%, em conjunto a uma redução brusca entre os dois grupos de anos analisados do número de profissionais da saúde por habitante de 7,86% para -63,46%, e também uma diminuição da taxa de crescimento no segundo período do Número de leitos hospitalares do SUS por habitante para -12,73%, o que contrapõe ao elevado aumento nos gastos públicos com saúde per capita e em proporção do PIB, podendo inferir-se que os gastos em saúde foram direcionados a outras áreas além da contratação de novos profissionais de saúde, bem como dos investimentos em infra-estrutura como leitos hospitalares. Dimensão Domicílios e Infra-Estrutura Social

Com o crescimento da população, houve também em consequencia o aumento das taxas de crescimento do número de domicílios nos dois períodos analisados, 4,71%% e 4,62%, sendo que esse indicador é conceituado como sendo a moradia de uma pessoa ou de um grupo de pessoas, onde o relacionamento é ditado por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência. Tabela 4 - Indicadores sociais de domicílios e infra-estrutura social em Minas Gerais (2001-2006). Indicadores Sociais 2001 - 2003 2004 - 2006 Domicílios e infra-estrtura social Média TMG TC Média TMG TC Domicílios 5.151.094,33 2,33% 4,71% 5.619.164,67 2,28% 4,62% Domicílios com abastecimento de água e esgoto sanitário e lixo coletado

82,67 0,61% 1,22% 80,80 0,62% 1,24%

Cobertura de redes de abastecimento de água

84,62 0,72% 1,44% 86,09 0,38% 0,76%

Cobertura de esgotamento sanitário 72,03 1,94% 3,92% 74,81 0,13% 0,25% Cobertura de coleta de lixo 82,29 1,65% 3,33% 84,44 0,69% 1,38% Proporção dos dom. com posse- Máquina de lavar

27,53 -1,21% -2,41% 29,86 7,05% 14,60%

Proporção dos dom. com posse - Computador

14,53 1,23% 2,49% 20,42 21,13% 46,72%

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Proporção dos dom. com posse - Computador C/Acesso a Internet

9,80 2,21% 4,47% 14,37 23,97% 53,68%

Proporção dos dom. com posse - Telefone Fixo

60,71 -2,50% -4,95% 55,78 -1,80% -3,57%

Proporção dos dom. com posse - Iluminação elétrica

99,56 0,07% 0,13% 99,63 0,04% 0,08%

Proporção dos dom. com posse - TV a Cores

89,42 -0,12% -0,25% 92,87 1,41% 2,84%

Proporção dos dom. com posse - Geladeira

91,81 0,15% 0,30% 92,80 0,53% 1,07%

Proporção dos dom. com posse -Freezer

11,66 -6,22% -12,04% 10,73 -1,37% -2,73%

Fonte: IBGE, IPEADATA, DATASUS/ Resultados de pesquisa. Segundo Guimarães (2004), quando se estuda a qualidade de vida de uma população é

preciso considerar a sua habitação com as diversas implicações que essa possa ter na qualidade de vida das pessoas. A qualidade da habitação pode ser medida considerando tanto os aspectos da construção propriamente dita e/ou a presença de serviços públicos (abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo, energia elétrica, serviço de telefonia, dentre outros). Desta maneira, procurou-se analisar indicadores dos domicílios brasileiros em termos presença de abastecimento de água, esgoto sanitário, coleta de lixo, energia elétrica e conjuntamente objetos domésticos de usos gerais.

Quanto à cobertura desses serviços, ou seja, o abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo, também se verificou a evolução desses indicadores separadamente, no segundo período todos esses demonstraram crescimento menores. Por outro lado, se analisados em conjunto, isto é, domicílios com abastecimento de água e esgoto sanitário e coleta de lixo, obtiveram um crescimento entre os períodos, de 1,22% para 1,24%.

Ao comparar a taxa de crescimento desses serviços com a taxa de crescimento dos domicílios, observa-se que essa ocorreu de maneira superior a dos serviços aproximadamente em dobro, o que é um fator negativo, pois indica que o número de domicílios está aumentando sem uma apropriada infra-estrutura.

A proporção de domicílios com posse de bens duráveis demonstrou taxas de crescimentos nos mais diversos objetos como: máquina de lavar (TC, -2,41% para 14,60%); computador (TC, 2,49% para 46,72%); computador com acesso a internet (TC, 4,47% para 53,68%); iluminação elétrica (0,13% para 0,08%); TV a Cores (TC, -0,25%para 2,84%); Geladeira (0,30% para 1,07%). Destaca-se que o aumento da propriedade de bens duráveis demonstrou taxas de crescimento maiores no segundo grupo de anos estudados, o que pode ser explicado pela renda extra que as famílias estão recebendo.

Ao contrário, o indicador de telefone fixo; diminuiu as taxas de crescimento nos dois períodos (-4,95% para -3,57%), podendo se inferir que dada diminuição ocorreu devido ao grande aumento do uso do telefone móvel e bônus promocionais de ligações oferecidos pelas operadoras de celular.

Assim, o alcance das famílias por determinados serviços e a propriedade de alguns bens são fatores que contribuem para melhores condições de vida, de saúde, de conforto de lazer e de informação para a população. Dimensão Trabalho e renda

Conforme a tabela 5 que apresenta os indicadores sociais de trabalho e renda, verifica-se

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que o PEA, pessoas de 10 a 65 anos de idade consideradas como ocupadas ou desocupadas, mas aptas a trabalhar, demonstrou uma elevação na taxa de crescimento nos dois períodos analisados 5,57% e 6,98%.Ao passo que a população ocupada, que abrange as pessoas ocupadas na semana de referência que tinham trabalho durante todo ou parte desse período, sofreu uma elevação brusca de 2.94%para 7,67%. Na mesma direção, a taxa de atividade, classificada como a percentagem das pessoas economicamente ativas, em relação às pessoas de 10 ou mais anos de idade, também demonstrou elevação na taxa de crescimento (0.88% e 2,00%).

Por meio desses dados pode-se deduzir que o aumento da população economicamente ativa foi absorvido em grande parte pelo mercado de trabalho, sendo esse composto principalmente por homens, visto que, a média da proporção de homens ocupados em ambos grupos de anos estudados é maior (5.002.794,33 e 5.421.408,33) do que a média proporção de mulheres ocupadas, porém essa taxa de crescimento apresentou-se superior a dos homens nos dois períodos (10,82% e 10,11%), o que reflete a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho formal.

Tabela 5 - Indicadores sociais de trabalho e renda em Minas Gerais (2001 a 2006).

Indicadores Sociais 2001 - 2003 2004 - 2006 Trabalho e Renda Média TMG TC Média TMG TC Jovens de 15- 24 anos ocupados 1.946.232,33 0,15% 0,30% 1.919.393,67 0,81% 1,63% PEA 9.370.253,67 2,75% 5,57% 10.019.214,00 3,43% 6,98% Taxa de desemprego 9,15 -1,99% -3,94% 8,37 -7,19% -13,85% Taxa de trabalho infantil 13,81 -4,33% -8,47% 12,11 15,73% 33,94% Proporção de pobres 0.24 -0,93% -1.84% 0.18 -18.05% -32.85% Proporção de indigentes 0.08 -4,97% -9.68% 0.05 -19.17% -34.66% Rendimento Médio dos mais pobres 55,62 -0,47% -0,94% 58,58 0,26% 0,52% Proporção de Ocupados Homens 5.002.794,33 1,98% 3,99% 5.421.408,33 3,92% 8,00% Proporção de Ocupados Mulheres 3.455.695,00 5,27% 10,82% 4.061.289,00 4,93% 10,11% Índice de Gini 0.55 -0,84% -1.66% 0.53 -1.37% -2.73% Taxa Atividade 62.67 0,46% 0.88% 63,32 1,00% 2,00% Pop. Ocupada 8,634,995.00 1,10% 2.94% 9.136.349,67 3,77% 7,67% Rendimento médio mensal todos trabalhos da pop. ocupada Produto Interno Bruto per capita (mil R$)

570.70 8.468.964,67

7,79% 2,38%

8.27% 4,82%

661,30 9.136.349,67

6,13%

3,77%

12,64% 7,67%

Fonte: IBGE, IPEADATA, DATASUS/ Resultados de pesquisa. Nesse sentido, é possível visualizar também a diminuição da queda do desemprego nos

dois grupos de anos estudados de -1,99% para -13,85%, assim como a taxa de trabalho infantil (TC -9,37% e -4,40%, respectivamente). Ressalta-se que a redução desse ultimo indicador é relevante para o contexto do Programa Bolsa Família, já que o repasse do dinheiro torna desnecessário o trabalho infantil, além de que há a obrigatoriedade de freqüência escolar.

Em consoante, o rendimento médio mensal de todos os trabalhos da população ocupada demonstrou um aumento na taxa de crescimento de 8.27% para 12,64%, porém o rendimento médio dos mais pobres sofreu uma redução no primeiro período -0,94%, com um aumento no segundo de 0,52%. Esses elementos acarretaram na elevação do consumo de bens materiais por domicilio, assim como a redução do número de pobres e indigentes em Minas Gerais a partir do ano de 2004.

No primeiro grupo de anos, a proporção de pobres e a proporção de indigentes aumentaram (-1.84% e -9.68%). No entanto, ressalta-se que partir do ano de 2004 houve grande

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queda na taxa de crescimento da proporção de pobres e indigentes (-32.85% e -34.66%). Em consonância aos indicadores de renda e de indigência e pobreza, outro fator é o índice

de Gini, que mede o grau de concentração de renda, que apresentou uma redução em ambos os períodos. Nesse mesmo sentido, houve crescimento das taxas de crescimento do PIB per capita de 4,82%e 7,67%, nos respectivos períodos.

Diversos estudos têm apontado a participação do Programa Bolsa Família, na redução da desigualdade e pobreza brasileira, destacando-se Soares et. al. 2007, que ressalta que o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o Programa Bolsa Família foram responsáveis por 28% da queda do Índice de Gini no período de 1995-2004.

Assim, a queda na desigualdade pode ser também, atribuída segundo Ferreira et al. (apud SANTOS, 2008), a três fatores. Primeiramente, à redução da desigualdade de rendimentos entre grupos educacionais distintos, tendo origem, provavelmente, do declínio prolongado nos retornos da educação. Em segundo lugar, em decorrência da convergência de renda das famílias localizadas em áreas rurais e urbanas. O terceiro fator é a expansão dos programas governamentais de transferência de renda e a melhoria no seu grau de focalização.

6.Considerações finais

A análise dos indicadores sociais de Minas Gerais no contexto de pré e pós implementação do Programa Bolsa Família possibilitou a visualização do panorama geral do contexto socioeconômico, no qual se insere esse programa, de forma que essa percepção contribui para o planejamento posterior da expansão e das ações do Programa no Estado de Minas Gerais.

Foi possível perceber que a maioria dos indicadores apresentou trajetória positiva, especificamente, aqueles que possuíam correlação direta com os objetivos do Programa Bolsa Família. Sendo eles: a diminuição da taxa de mortalidade infantil e da proporção de óbitos menos de 1 ano de idade, diminuição do analfabetismo, aumento da média de anos de estudo da população, aumento dos investimentos em educação, aumento dos gastos em saúde, aumento da cobertura de serviços públicos e de infra-estrutura social, o aumento das famílias com posse de bens duráveis, a queda da população pobre e indigente, o aumento da renda e dos pobres, a queda da concentração de renda (Índice de Gini).

É consenso entre pesquisadores que a erradicação da pobreza e a redução da desigualdade a níveis plausíveis apenas acontecerão a médio e longo prazo, o que tornam importantes os programas de transferência de renda enquanto mitigadores do efeito da miséria sobre a qualidade de vida. No entanto, esses pesquisadores consideram que se estes programas forem operacionalizados de forma isolada, não atuam na efetiva superação dos ciclos intergeracionais de pobreza, visto que, não tem ação direta nas raízes do fenômeno da pobreza e da desigualdade nos países pobres. Entretanto a articulação da transferência de renda, associada a outros fatores e políticas sociais estruturais, como maior alocação de recursos em saúde, educação, infra-estrutura social, que garantam a qualidade dos bens e serviços públicos como a expansão e a democratização desses, são relevantes no auxilio da superação da pobreza, além de possibilitar a conquista da autonomia e valorização do ser humano nos seus múltiplos aspectos materiais e sociais.

Nesse contexto, parece oportuno destacar a importância políticas públicas voltadas ao combate à pobreza e à iniqüidades, enquanto fatores corretivos. Assim os programas de transferência de renda têm merecido destaque, entendidos como políticas públicas apropriadas ao combate à pobreza e a correção de assimetrias socioeconômicas.

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