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Maria Cecília de Moura Ferreira* e Maria Helena Gomes dos Santos** OPINIÃO DOS ATORES Programa Brasil, Gênero e Raça: Superando a discriminação no trabalho Superar a discriminação é possível, com o apoio do Estado, através de um programa permanente de sensibilização dos servi- dores públicos, envolvendo toda a comu- nidade. Isso é o que o Ministério do Trabalho e Emprego vem demonstrando, na execução do Programa Brasil, Gênero e Raça, coordenado pela Assessoria Internacional. Na processo da discriminação encon- tramos dois princípios: o círculo vicioso e o círculo virtuoso. Como círculo vicioso, a discriminação é um fato permanente e freqüente nas relações sociais de uma sociedade marcada pela desigualdade e autoritarismo. A vítima convive com o sentimento de impotência e de que não conseguirá punição para este crime, embora passível de punição pela legislação ordinária. Não denuncia, não há punição e se perpetua o ciclo de injustiça e impunidade. Não é possível conviver com práticas dis- criminatórias que provocam imenso sofri- mento físico e moral às suas vítimas, além do sentimento de impotência diante da falta de igualdade de oportunidades que vem perpetuar as injustiças sociais. Quando a discriminação é clara e sem dis- farces, o choque é profundo e sofrido, deixando o indivíduo discriminado com cicatriz pelo resto da vida. Na relação de trabalho se reproduz o mo- delo de desigualdade da sociedade. Uma sociedade que discrimina é uma sociedade desigual, na qual as pessoas têm oportu- nidades desiguais e as mulheres - especial- mente as mulheres negras -, homens negros, pessoas portadores de deficiência, portadores do vírus HIV, e outros grupos vulneráveis são os que se encontram em condições mais precárias, percebendo os menores salários e sujeitos a diferentes tipos de discriminação. Para reverter a situação, um bom começo é passar a falar abertamente sobre a discri- minação, democratizando a questão. É aí que entra o círculo virtuoso, que reconhece a existência da discriminação e procura superá-la. As práticas discriminatórias estão embutidas no cotidiano das pessoas. Reconhece-se que as pessoas são discrimi- nadas, como um passo inicial para mudar. Temos que partir da mudança de compor- tamento do indivíduo. Em articulação com a sociedade civil organizada (movi- mento sindical, organizações de mulheres, o movimento negro, as associações repre- sentativas de diversos segmentos), reforçando-se o papel dos diferentes atores, apoiando-se as vítimas como elo frágil desta relação, capacitando-se os agentes públicos, rompendo a inércia da imobilidade, recorrendo-se a instrumentos da legislação internacional, acreditando que, para além da punição, o fator funda- mental é o resgate da dignidade humana das pessoas atingidas pela discriminação. O caminho estratégico e inovador encon- trado pelo Ministério do Trabalho e Emprego foi através do Programa Brasil, * Chefe da Divisão de Intercâmbio e Cooperação Técnica da Assessoria Internacional; Responsável Técnica pelo Programa Brasil, Gênero e Raça. ** Chefe da Assessoria Internacional do Ministério do Trabalho e Emprego.

Programa Brasil, Gênero e Raça

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Maria Cecília de Moura Ferreira* e Maria Helena Gomes dos Santos**

OPINIÃO

DOS

ATORES

Programa Brasil, Gênero e Raça:Superando a discriminação no trabalho

Superar a discriminação é possível, com oapoio do Estado, através de um programapermanente de sensibilização dos servi-dores públicos, envolvendo toda a comu-nidade. Isso é o que o Ministério doTrabalho e Emprego vem demonstrando,na execução do Programa Brasil, Gênero e Raça, coordenado pela AssessoriaInternacional.

Na processo da discriminação encon-tramos dois princípios: o círculo vicioso eo círculo virtuoso.

Como círculo vicioso, a discriminação é umfato permanente e freqüente nas relaçõessociais de uma sociedade marcada peladesigualdade e autoritarismo. A vítimaconvive com o sentimento de impotênciae de que não conseguirá punição para estecrime, embora passível de punição pelalegislação ordinária. Não denuncia, nãohá punição e se perpetua o ciclo deinjustiça e impunidade.

Não é possível conviver com práticas dis-criminatórias que provocam imenso sofri-mento físico e moral às suas vítimas, alémdo sentimento de impotência diante dafalta de igualdade de oportunidades quevem perpetuar as injustiças sociais.Quando a discriminação é clara e sem dis-farces, o choque é profundo e sofrido,deixando o indivíduo discriminado comcicatriz pelo resto da vida.

Na relação de trabalho se reproduz o mo-delo de desigualdade da sociedade. Umasociedade que discrimina é uma sociedadedesigual, na qual as pessoas têm oportu-

nidades desiguais e as mulheres - especial-mente as mulheres negras -, homensnegros, pessoas portadores de deficiência,portadores do vírus HIV, e outros gruposvulneráveis são os que se encontram emcondições mais precárias, percebendo osmenores salários e sujeitos a diferentestipos de discriminação.

Para reverter a situação, um bom começo épassar a falar abertamente sobre a discri-minação, democratizando a questão. É aíque entra o círculo virtuoso, que reconhecea existência da discriminação e procurasuperá-la. As práticas discriminatóriasestão embutidas no cotidiano das pessoas.Reconhece-se que as pessoas são discrimi-nadas, como um passo inicial para mudar.Temos que partir da mudança de compor-tamento do indivíduo. Em articulaçãocom a sociedade civil organizada (movi-mento sindical, organizações de mulheres,o movimento negro, as associações repre-sentativas de diversos segmentos),reforçando-se o papel dos diferentesatores, apoiando-se as vítimas como elofrágil desta relação, capacitando-se osagentes públicos, rompendo a inércia daimobilidade, recorrendo-se a instrumentosda legislação internacional, acreditandoque, para além da punição, o fator funda-mental é o resgate da dignidade humanadas pessoas atingidas pela discriminação.

O caminho estratégico e inovador encon-trado pelo Ministério do Trabalho eEmprego foi através do Programa Brasil,

* Chefe da Divisão de Intercâmbio e Cooperação Técnica da Assessoria Internacional; Responsável Técnica pelo Programa Brasil, Gênero e Raça.** Chefe da Assessoria Internacional do Ministério do Trabalho e Emprego.

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Gênero e Raça, coordenado pelaAssessoria Internacional. Partindo doprincípio do círculo virtuoso, o Programase iniciou com o debate de maneira amplacom vários setores da sociedade, sobre aspráticas discriminatórias nos locais de tra-balho, ainda tão pouco trabalhadas ereconhecidas como problema.

A discriminação1 em razão da origem, raçasexo, cor, idade ou de quaisquer outrasformas é vedada por lei, chegando emalguns casos a ser tipificada como crime.Não bastam, porém, medidas legais quecoíbam as práticas discriminatórias noemprego, embora sejam necessárias. Paracondenar e refrear a discriminação éessencial a legislação, mas constitui só ocomeço. A discriminação se manifesta sobas mais variadas formas, sendo precisocombatê-la por meio da informação, conscientização, sensibilização e, emalguns casos, do emprego de medidascompensatórias que se mostrem capazesde corrigir as desigualdades.

O Programa Brasil, Gênero e Raça desen-volve atividades que visam a despertar aconscientização sobre as práticas discrimi-natórias no trabalho e multiplicar experiências bem sucedidas de ações concretasde promoção da igualdade de oportu-nidades. Tendo como base os princípios eas diretrizes da Convenção nº111, oPrograma trata da discriminação comoum todo, não somente relacionada a umsegmento em especial (raça/cor, sexo, ori-entação sexual, idade, estado de saúdeetc.). Embora observando as especifici-dades de cada um desses enfoques, levaem consideração que o próprio termo dis-criminação, no Brasil sempre embutiu sub-jetivamente a questão da raça/cor e que araça é fator agravante nas práticas dis-criminatórias, principalmente se associa-da a gênero.

As atividades do Programa compreendem:

1. promoção de eventos de sensibilização,conscientização e formação de formadores- foram realizados, de abril de 1996 a abrilde 2000, 51 eventos, em 13 Estados, coma participação de 4.648 multiplicadores;

2. palestras para a divulgação permanentedos conceitos e princípios da Convençãonº 111 - 48 palestras, em 10 Estados, comcerca de 3.000 participantes;

3. elaboração de material (cartilhas, fol-ders, livretos e manuais) para informação,conscientização e sensibilizaçãoi.

4. ações específicas no âmbito dasatribuições das diversas áreas técnicas doMinistério do Trabalho e Emprego.

Para se garantir uma política de não dis-criminação no trabalho, é preciso esta-belecer um compromisso claro e contínuopela eliminação das barreiras invisíveis dadiscriminação. Atuar contra a discrimi-nação, promovendo a igualdade, é umcaminho que possibilita a participação detodos e, ao mesmo tempo, permite que aspessoas sejam sensibilizadas e convivamcom as questões da discriminação, possi-bilitando que a sociedade atue na construçãode mecanismos e soluções que favoreçamsua eliminação.

A forma que o Programa encontrou paracolocar isso em prática, para a materializa-ção das ações de combate à discriminação,foi a instituição de Núcleos de Promoção daIgualdade de Oportunidades e de Combate àDiscriminação no Emprego e Profissão, nasDelegacias Regionais do Trabalho - DRT’s.

O objetivo principal desses Núcleos édesenvolver ações para eliminar asdesigualdades e combater as práticas dis-criminatórias nas relações de trabalho. Osmeios de que dispõem são a negociação,as mesas de entendimento e os processosde negociação coletiva. Promovem even-tos, debates, campanhas e palestras visan-do motivação, sensibilização, informaçãoe conscientização a respeito da discrimi-nação, estabelecendo parcerias com osdiversos atores sociais, engajando-os noprocesso de comprometimento com anão-discriminação.

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1. A discriminação compreende qualquer distinção, exclusão ou prefe-rência com base em motivos de raça/etnia, cor, sexo, religião, opiniãopolítica, ascendência nacional ou origem social que tenha por efeitoanular ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento noemprego e na ocupação (Convenção nº 111 da OIT sobre Discriminaçãono Emprego e na Profissão).

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Nós não taxamos o empregador de discrimi-nador, mas dizemos que ele não tem a infor-mação correta. É um processo político paratornar esse empregador um parceiro. ...A DRTe o MTE têm o papel social preponderante deeliminar esses conflitos que são gerados pelodesconhecimento porque, na realidade, o pre-conceito e a discriminação são frutos daignorância, da falta de informações2.

Já estão em funcionamento 11 Núcleos,instalados nas DRTs do Piauí, Mato Grossodo Sul, Rio Grande do Norte, Rio Grandedo Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco,Ceará, Bahia, Alagoas, Amazonas eEspírito Santo. Até o final de junho serãoinstalados mais 4: em Goiás, DistritoFederal, Maranhão e Minas Gerais e, emagosto, na DRT- Pará. Esse trabalho deveser estendido a todos os Estados, con-forme a Portaria nº 604, do Secre-tário Executivo, publicada no D. O. U. de5 de junho de 2000.

O Programa desenvolveu um Banco deDados informatizado que está sendodisponibilizado a todos os Núcleos, para oacompanhamento das denúncias, dos even-tos realizados, possibilitando a cada Estadoinserir seus próprios dados e ter acesso aosdados dos outros Núcleos também. Por essemesmo sistema, os dados do Programa nahomepage do Ministério são atualizados.

As denúncias que chegam aos Núcleos sãodevidamente apuradas e, caso não hajasolução mediada pela Delegacia, é feito oencaminhamento ao Ministério Público ouà Procuradoria. De janeiro a março de 2000,cinco Núcleos (RN, PE, MS, PI e CE) regis-traram um total de 80 casos, dos quaissomente 9% foram encaminhados aoJudiciário. Dessas denúncias, 42% estãorelacionadas à questão de gênero, 29% aacidentados do trabalho/doenças ocupa-cionais, 12% ao estado de saúde, 4% à defi-ciência física, 5% à idade, 4% à cidadania e1% a raça/cor e 3% a outras. Um dado quechama a atenção é que 63% dos traba-lhadores que se dirigem ao núcleo parafazer alguma denúncia ou solicitar infor-mações sobre seus direitos são mulheres.

O Núcleo Igualdade no Trabalho/Centro

de Atendimento ao Trabalhador comHIV/Aids, da DRT-RS, que atende maisespecificamente a denúncias de discrimi-nação a soropositivos, no período defevereiro de 1998 a fevereiro de 2000 solu-cionou 513 (181 através de mediação) dos522 casos, tendo encaminhado somente 9 àComissão de Direitos Humanos. Nesseperíodo, o Núcleo também atendeu a 439solicitações de pedido de informações sobreos direitos do trabalhador portador do vírus.

Foi também realizada, em março de 2000,uma teleconferência, em parceria com oDepartamento de Segurança e Saúde noTrabalho/SIT/MTE e com o Ministério daSaúde/Coordenação de Prevenção à Aids,abordando o tema da discriminação aotrabalhador soropositivo / Aids no local detrabalho.

Com a regulamentação da Lei nº7.853/89, pelo Decreto nº 3.298, de 20 dedezembro de 1999, que dispõe sobre aPolítica Nacional para a Integração daPessoa Portadora de Deficiência, a com-petência da fiscalização das cotas de por-tadores de deficiência nas empresas pas-sou para o Ministério do Trabalho eEmprego. Sendo assim, os Núcleos, emação conjunta com o Ministério Públiconos Estados e associações de portadores dedeficiência, vêm contactando as empresascom mais de 100 empregados, visando acontratação de pessoas portadoras de defi-ciência, incluindo-se aí os acidentados dotrabalho que têm se apresentado comocategoria muito vulnerável à discrimi-nação, quando do retorno ao trabalho.

O PRO-IGUALDADE da DRT-CE, em umtrabalho conjunto com o SINE/IDT e oMinistério Público do Trabalho da 7ªRegião, no período de abril a maio de2000 notificou 32 empresas com mais de100 empregados. Dos Termos deCompromisso assinados com 7 dessasempresas, foram ofertadas 164 vagas paraportadores de deficiência. Esse Núcleotambém desenvolveu um sistemainformatizado de acompanhamento dainserção da pessoa portadora e deficiência,

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2. Carlos Aleixo, Coordenador do Núcleo Igualdade no Trabalho -CAT/HIV/Aids da DRT-RS

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que o Programa já está disponibilizandopara os demais Núcleos.

O PRO-IGUALDADE da DRT-PI, em con-junto com a Procuradoria Regional doTrabalho, teve participação efetiva, reco-nhecida pela Secretaria Municipal deTrabalho, Cidadania e Assistência Socialtanto na criação do Conselho de Defesados Direitos do Portador de Deficiência,como no Decreto de institucionalizaçãodo Selo Municipal Aqui trabalha gente eficiente, a ser colocado nas empresas quecolaborarem efetivamente na inserção nomercado de trabalho de pessoas portado-ras de deficiência. Considerando o Planode Metas do MTE de redução dos índicesde acidentes no trabalho e, que, dentre ossegmentos vulneráveis à discriminação osacidentados do trabalho sofrem violentosabusos na sua condição de trabalhadoresno retorno ano trabalho, a DRT-PI criou o Grupo de Acompanhamento aoAcidentado do Trabalho - GRAAT. A inte-gração do Núcleo PRO-IGUALDADE aoGRAAT evidencia que a questão da dis-criminação está efetivamente inserida nasatividades de rotina da Delegacia.

O PRO-DIGNIDADE, da DRT-RN, tem rea-lizado palestras de conscientização sobre oseguro desemprego do pescador artesanal,junto às 44 colônias de pescadores, apósdetectarem que as mulheres pescadorassão discriminadas e não recebem o segurodesemprego no período do defeso dalagosta e da piracema. Isso porque os pre-sidentes das colônias entendiam que oseguro-desemprego “não é coisa prá mu-lher”. As cerca de 100 pescadoras possuema carteira do IBAMA, contribuem para oINSS, são associadas das colônias, vão parao mar nas mesmas condições que ospescadores, mas nem elas mesmas sedavam contam conta que estavam sendodiscriminadas.

O NUCODEP, da DRT-MS, visando esten-der o combate à discriminação também aotrabalhador rural, iniciou, este ano, aimplantação do Programa em subdelega-cias e postos, começando por Ponta Porã eDourados.

O Programa tem obtido resultados concre-tos de suas atividades, como a ampliaçãode possibilidades de emprego para seg-mentos vulneráveis, reversão de situaçõesde demissão, mudanças de comportamen-to frente à questão, conseguido espaço namídia e ampliado o número de parceirospara trabalhar em prol da igualdade deoportunidades.

Os Núcleos assumem um papel de agenteexecutor das ações necessárias para a materialização do Programa deImplementação da Convenção nº 111.Eles vêm cumprindo com o papel socialdo Ministério, ao dispensar atenção ao tra-balhador, vítima de discriminação,assistência e orientação.

O Programa está também tomando algu-mas ações voltadas especialmente aosprofissionais de recursos humanos, poracreditar serem estes os orientadores dapolítica de emprego das empresas para asquais trabalham. É imprescindível quehaja a receptividade das empresas àspolíticas de recursos humanos que pro-movam a igualdade de oportunidades e adiversidade. É necessário, entretanto, queseus profissionais entendam a importân-cia de adotarem o conceito da diversidade,que parte do princípio de respeitar asdiferenças e evitar qualquer forma de dis-criminação, seja no momento do recruta-mento, da seleção e da demissão.

Na maioria das vezes se verifica que aresistência para trabalhar com questões dadiscriminação passa pela dificuldade de seoperacionalizar o conceito no quotidianodo trabalho. A idéia corrente é de que talempreendimento sempre exige um pro-grama específico com destinação de altosrecursos financeiros, o que acaba por seconstituir em empecilho para o avançodas ações de promoção da igualdade deoportunidades. E aqui vale a experiênciana condução do Programa no MTE.

O Programa começou utilizando a estraté-gia de identificar, nas diversas unidadesque compõem a estrutura do MTE, os pro-gramas e projetos em desenvolvimentocapazes de absorver no seu conteúdo, as

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questões relativas a gênero e raça. Umavez identificadas as áreas para a inserçãodo tema da discriminação, foram discuti-das ações possíveis e as oportunidades quepoderiam se apresentar. E assim se iniciouo processo de inserir a questão da discri-minação na rotina de trabalho e nas áreasde atuação do MTE.

O mesmo se pode aplicar a empresas eoutras instituições. Esse processo acaba seconvertendo em parte integrante da ativi-dade profissional atingindo, por con-seguinte, o objetivo de sensibilizar eenvolver um quantitativo maior de pes-soas. O resultado de tudo isso é umaabsorção gradual do problema e a buscaautomática de soluções que vai desde amotivação das pessoas para com o temaaté a sensibilização e participação ativa. Aatividade passa a ser inerente ao programade cada unidade ou setor e o tema passa aser incorporado à rotina da instituição ede cada funcionário.

A empresa que compartilha da política dediversidade passa a valer não apenas peloseu balanço econômico-financeiro, mastambém pelo seu balanço social. A políti-ca de diversidade é vista como estratégicapara a sobrevivência dos negócios para opróximo milênio. A atitude de algumasempresas terem incorporado a questão dadiversidade nos seus planejamentosestratégicos, nas suas políticas internas,tem-se constituído em sucesso não só paraempresas, como para a cidadania de umpovo inteiro. Porque, sem prejuízo domérito ou da qualidade, mudaram-se osparadigmas de não discriminar para a valorização da diferença, trazendo para oseio da empresa a contribuição de seg-mentos historicamente vitimados na suacondição de seres humanos.

Estamos estabelecendo propostas concre-tas e partindo para ações de fato, queatendam às vítimas de discriminação,buscando estabelecer um ambiente detrabalho isento de práticas discrimi-natórias, que respeite a dignidade daspessoas e que assegure a cada indivíduocondições de pleno desenvolvimento deseus talentos.

A discriminação não é somente um crimehediondo que fere os princípios constitu-cionais. É estabelecer que existem doistipos de ser humano: um que tem direitose outro que não tem nenhum. Cabe atodos aqueles que acreditam na democra-cia ter uma posição em prol da igualdadede oportunidades, como princípio básicode cidadania.

i. Até abril de 2000, além de diversos folders de divulgação, foram publicadas:* Discriminação: Teoria e Prática * Convenção nº 100 Igualdade de Remuneração - Convenção nº 111Discriminação no Emprego e Profissão * Implementação de Políticas voltadas à Diversidade * A Convenção nº 111 e a Promoção da Igualdade de Oportunidades naNegociação Coletiva * Discriminação: uma questão de Direitos Humanos* Gênero e Raça e a Promoção da Igualdade de Oportunidades* Guia de Elaboração de Programas de Promoção da Igualdade deOportunidades* O Trabalhador e o HIV/Aids * Ação Afirmativa no emprego de minorias étnicas e de pessoas porta-doras de deficiência Já está em fase de editoração a publicação Coletânea de LegislaçãoAntidiscriminatória no mercado de trabalho

BIBLIOGRAFIAPrograma Brasil, Gênero e Raça. Discriminação: Teoria ePrática. Ministério do Trabalho. Brasília, 1998

FERREIRA, M.C.de Moura. Construindo uma estratégiapara combater a discriminação e promover a igualdade.In Relatório do Seminário Nacional Tripartite sobrePromoção de Igualdade no Emprego. Ministério doTrabalho. Brasília, julho de 1997

FERREIRA, M.C.de Moura. Contexto sócio-cultural etendências relativas à situação da mulher no mundodo trabalho. In Relatório do I Seminário NacionalMulher, Cidadania, Trabalho e Renda - SDS, São Paulo,março de 1999.

Programa Brasil, Gênero e Raça. Guia de Elaboração deProgramas de Promoção da Igualdade. Ministério doTrabalho e Emprego, Brasília, 1999

Programa Brasil Gênero e Raça. Relatório do WorkshopTreinamento e capacitação de membros do GTM e coor-denadores de Núcleos. MTE, Brasília, abril de 1999

SANTOS, Ivair A A dos. Discriminação: uma questão deDireitos Humanos. Programa Brasil, Gênero e Raça,MTE, Brasília, abril de 1998

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