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1 PROGRAMA DE GOVERNO DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA 2011 2015 Novembro 2011

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PROGRAMA DE GOVERNO

DA

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

2011 – 2015

Novembro 2011

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I – LINHAS FUNDAMENTAIS 5

II – UNIÃO EUROPEIA 19

a. Assuntos Europeus 20

b. Cooperação externa 24

III – FINANÇAS 26

a . Política Orçamental 29 a.1. Orçamento Regional 29 a.2. Processo Orçamental 30 a.3. Contabilidade Pública e Sistema de Informação de Apoio à Gestão 30

b. Política Financeira 32 b.1. Introdução 32 b.2. Política Financeira 33 b.3. Relacionamento institucional com a República 35 b.4. Relacionamento institucional com as Autarquias Locais 36

c. Gestão de Fundos Europeus e Planeamento 36 c.1. Gestão dos Fundos Estruturais 36 c.2. Planeamento 38

d. Política Fiscal 39 d.1. Sistema Fiscal da RAM e competitividade 39 d.2. Plano Estratégico 40 d.3. Fiscalidade 42

e. Centro Internacional de Negócios da Madeira 42

f. Património 44

g. Inspecção Regional de Finanças 46 g.1. Inspecção financeira 46

h. Informação Estatística 48

IV – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 50

V – ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 52

VI – ENERGIA 54

VII-TRANSPORTES 58

a. Realidade Actual 58

b. Transportes Aéreos 58

c. Transportes Marítimos 59

d. Transportes Terrestres 61

VIII – ECONOMIA 63

a. Comércio 63

b. Indústria 66

c. Qualidade 69

d. Empreendedorismo e Inovação 71

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e. Incentivos e Promoção de Condições Favoráveis ao Investimento e à Internacionalização 72

IX- TURISMO 75

a. Realidade Actual 75

b. A Estratégia Pública 76 b.1. Orientações Fundamentais 76

X – AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL 80

a. Valor Económico 82

b.Valor Social 84

c.Valor Conhecimento 84

d.Valor Qualidade 85

e.Valor Notoriedade 85

f.Valor Ambiental e Paisagístico 86

g.Conclusão 86

XI – PESCAS 88

XII – VINHO, ARTESANATO E BORDADO 93

a.Vinho 93

b.Artesanato e Bordado 95

XIII – DEFESA DO CONSUMIDOR 97

a. Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo 98

XIV – ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO 101

XV – QUALIDADE DO AMBIENTE 102

a.Princípios Gerais 102

b.Educação e Informação Ambiental 105 b.1.Educar para a Sustentabilidade 105

c.Florestas 106

d.Parque Natural da Madeira/Conservação da Natureza e áreas protegidas 108

XVI - URBANISMO 111

XVII - LITORAL 112

XVIII – OBRAS PÚBLICAS 113

a.Acessibilidades Internas 113

b. Hidráulica Torrencial 115

c. Edifícios e Equipamentos Públicos 119

d. Laboratório Regional de Engenharia Civil 120

XIX – ÁGUA 122

XX – SANEAMENTO BÁSICO 124

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a.Resíduos Sólidos 126

XXI – EMPREGO 129

XXII – TRABALHO 131

XXIII – SEGURANÇA E SOLIDARIEDADE SOCIAL 135

XXIV – SAÚDE 137

XXV – HABITAÇÃO 140

XXVI – PROTECÇÃO CIVIL 143

XXVII – CIÊNCIA, EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO 145

a.Educação 145

b.Qualificação Profissional 150

c.Investigação, Tecnologia e Comunicações 152

XXVIII – CULTURA 155

a.A Realidade Actual 155

b.Estratégia Pública 155 b.1.Orientações Fundamentais 156

XXIX – DESPORTO 159

XXX – TERCEIRA IDADE 162

XXXI – JUVENTUDE 164

XXXII – COMUNIDADES MADEIRENSES E IMIGRAÇÃO 168

XXXIII – COMUNICAÇÃO SOCIAL 170

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I – LINHAS FUNDAMENTAIS

A queda do império soviético, no final do século passado, e o consequente

afundamento das forças politicas que defendiam esse totalitarismo, desenfrearam o

capitalismo selvagem e o liberalismo económico, fazendo com que interesses

especulativos da grande finança, bem como o poder das sociedades secretas,

apontado à ideia de um «governo mundial», se sobreposessem ao poder soberano

dos Estados democráticos, em busca de lucros ilegítimos, assentes em valores

fictícios.

O mundo paga o preço desta insanidade, nomeadamente as classes mais

desfavorecidas. A Política e os Partidos políticos saem desacreditados de toda esta

loucura consentida.

Os mercados financeiros foram um teatro, onde os norte-americanos escreveram a

peça, determinaram as marcações e pagaram os actores.

E nós, europeus, andámos a alimentar o modelo de crescimento anglo-saxónico. Nos

últimos 30 anos, os norte-americanos desenvolveram-se através do recurso ao crédito,

ao mesmo tempo impondo aos restantes países a sua moeda e o seu Direito

financeiro.

Em cada crise que surgia, as autoridades federais norte-americanas intervinham para

salvação do sistema, à custa de um endividamento crescente, até que a queda dos

mercados imobiliários não conseguiu permitir a retoma, com os expedientes habituais.

A situação nos Estados Unidos não faz prever uma recuperação imediata, declínio que

coloca grandes problemas à China, dado o encosto da sua moeda ao dólar.

É falsa, portanto, a ideia anglo-saxónica de um mundo bipolar China-Estados Unidos.

O que é preciso, é uma estratégica federalista dos países europeus, no sentido de

uma grande renovação das instituições europeias, apontada a um corajoso salto em

frente, a uma autoridade orçamental comum, e a uma política de solidariedade

efectiva, económica, social e territorial. Solidariedade a ser equitativamente aplicada

por todo o espaço europeu.

É o momento de a Europa caminhar para uma maior integração.

É necessário organizar uma jurisdição europeia comum que lute eficazmente contra os

abusos dos mercados; um intervencionismo de maneira a evitar especulação com as

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matérias-primas; uma maior regulamentação e fiscalização sobre as operações

bolsistas de forma a que a transparência seja a regra geral dos mercados financeiros.

Isto é: torna-se necessário rever o atual sistema capitalista, de herança anglo-

saxónica, equilibrando a liberdade de mercado com a capacidade interventora dos

poderes públicos democráticos.

Mas tenhamos presente que o fim do euro seria catastrófico, a começar para a própria

Alemanha, dada a sua profunda dependência das respectivas exportações.

Neste quadro, Portugal deve ter a visão de ser um dos países mais entusiastas numa

inadiável reforma das Instituições Europeias e do próprio sistema capitalista atual,

fazendo lóbi com os restantes países e povos europeus que tal já o tenham entendido.

No caso específico de Portugal, são precisos fortes sacrifícios para se sair desta

situação de catástrofe económico-financeira. Ninguém se lhes deve furtar,

independentemente das atitudes que tenham sido assumidas no passado, as quais,

nalguns casos e no meio de uma desorientação nacional e de um sistema

constitucional inadequado, procuraram fazer, a tempo, tudo quanto era possível, em

prol das populações à sua responsabilidade.

Daí que o Governo da República pode contar com esta solidariedade claramente

assumida, desde que os sacrifícios iguais para todos e sem penalizações

discriminatórias como no tempo de Salazar.

No entanto, estamos no domínio da Política. O primado da Política é a dignidade da

Pessoa Humana. E, sendo assim, é nestes termos que têm de ser temperadas e

adaptadas, as soluções dos tecnocratas.

Numa coesão nacional efectiva, sem medíocres conflitos políticos internos do

passado, com a ousadia de proceder, já, às reformas constitucionais e legais que se

impõem inadiavelmente, e sobretudo colocando a política financeira ao serviço

inteligente do alavancar da Economia.

Em Portugal, vive-se no erro de pensar que a Constituição forma a realidade e

disciplina todas as acções.

Por isso, em Portugal, todas as Constituições se tornaram obsoletas.

Como demonstra a Constituição dos Estados Unidos da América, só os pequenos

textos, simples e flexíveis, é que sobrevivem no tempo.

Contra o individualismo burguês e o capitalismo selvagem de mercadores amorais,

bem como contra o totalitarismo marxista ou o estatismo socialista, é possível uma

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Nova Revolução, personalista, apontada ao Primado da Pessoa Humana, com o

indispensável e equitativo intervencionismo do Estado, aliás conforme a Doutrina

Social da Igreja Católica.

É possível, com um «compromisso histórico» entre diversas correntes politicas

portuguesas, por muito diferentes que sejam, e envolvendo também Instituições como

a Igreja Católica e as Forças Armadas.

A estrutura matriz da nossa governação regional sintetiza-se em três Pilares:

Democracia, Autonomia, Socialização.

Tudo ordenado em função do primado da Pessoa Humana, cujo processo de

realização é o Trabalho e ao qual se subordinam Capital, Natureza e Técnica, visando

a concretização do Bem Comum através de um Desenvolvimento Integral com justa

repartição da riqueza que for sendo assim criada.

Não nos peçam que cessemos a transformação prudente do mundo e da Natureza,

para lhes ficarmos dominados e passivos.

A massificação que se estende da comunicação social cúmplice do estado de coisas

presente, ao débil e medíocre sistema educativo, pretende estupidificar o Povo., a fim

de torná-Lo mais e melhor instrumentalizável pelos que dominam o actual regime

político-constitucional.

A destruição sistemática e crescente da classe média, via sucessivos aumentos de

impostos para engordar e reforçar o Estado-polvo, procura neutralizar os setores

populacionais que, ao longo da História, foram sempre a garantia cívica do pluralismo

democrático.

Portugal, nas mãos do capitalismo selvagem, criou uma nova classe dirigente, mista

de altos funcionários-gestores e de grandes capitalistas privados, sobretudo na área

financeira e ante a agonia da Economia nacional. Do outro lado, uma enorme classe

dirigida, empobrecida ou desempregada, como tal facilmente dependente da referida

nova classe dirigente.

Daí a razão de assistirmos à destruição das Pequenas e Médias Empresas, espinha

dorsal que são da existência de uma classe média garante do pluralismo democrático.

A perda do poder de compra individual está premeditada como processo de ajudar a

restringir o Direito e o hábito de optar, um Direito Fundamental da Pessoa Humana.

Fomos e seremos sempre oposição a este processo que decorre em Portugal após a

imposição da Constituição de 1976.

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Precisamente porque não podemos ficar dependentes desta Situação, no plano dos

Valores, sendo os nossos que têm de se impor, conforme a vontade democrática do

Povo Madeirense.

Precisamente porque o futuro da Madeira e do Porto Santo só pode ser o que o Povo

Madeirense quiser, e não o que outros nos impuserem.

Sendo a Liberdade um Direito Fundamental da Pessoa Humana, o Direito de um

território à emancipação, constitui Direito Natural de um Povo, quando deriva do

exercício das Liberdades democráticas pela respectiva população.

Como Direito Natural e Fundamental que é, a Liberdade dos povos não pode ser

vergada pelo positivismo dos ordenamentos constitucionais e legislativos de cada

Estado.

O Povo Madeirense encontrou na Autonomia Política, no seio da República

Portuguesa, o seu caminho de emancipação.

Porém, a Autonomia Política é um processo dialéctico constante que, se colonialmente

impedido, faz regredir o esforço de coesão nacional, até agora conseguido manter,

mas de impossível sustentação futura, caso sejam esfrangalhadas as propostas

autonomistas da Assembleia Legislativa da Madeira.

Estas não põem em causa a Unidade Nacional, nem implicam mais encargos para o

Estado, nem para os residentes noutras parcelas do território nacional.

Por outro lado, é axiomático que a Assembleia Legislativa da Madeira expressa

democraticamente a vontade do Povo Madeirense.

Não há verdadeira Autonomia, não há a emancipação a que o Povo deste território

tem Direito, sem o exercício do seu poder tributário próprio, um sistema Fiscal próprio

e adequado às circunstâncias e objectivos da população da Madeira e Porto Santo.

Não há verdadeira Autonomia, sem uma participação na definição das políticas

respeitantes às águas territoriais que envolvem todas as ilhas do arquipélago, sem

uma participação na definição das políticas respeitantes à nossa zona económica

exclusiva e aos nossos fundos marinhos contíguos.

É legítimo a Região Autónoma dispor do seu litoral marítimo, observando as regras e

os princípios da Segurança Nacional, respeitando as normas europeias de protecção

ecológica e piscícola marinhas, bem como o Direito Internacional subscrito pelo

Estado português.

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Por outro lado, a Autonomia Política exige um Sistema Regional de Ensino, com mais

direito a um lógico reconhecimento, do que aquele que o Estado português até dá a

países estrangeiros.

O mesmo se diga em relação ao Sistema Regional de Saúde, já que o Estado

português não cumpre a Constituição da República no tocante à Região Autónoma da

Madeira, Lei Fundamental que considera a Educação e a Saúde como encargos

obrigatórios do Estado central.

Essencial à existência de uma Autonomia Política, é a competência regional sobre as

bases do sistema de proteção da Natureza, do equilíbrio ecológico e do património

natural do arquipélago.

O regime de arrendamento rural e urbano, instrumento de desenvolvimento económico

e social neste território, também não pode estar roubado à competência legislativa da

Região Autónoma.

A Madeira e o Porto Santo devem definir o regime dos planos de desenvolvimento

económico e social, legislar as bases da nossa política agrícola, incluindo a fixação de

limites máximos e mínimos das unidades de exploração agrícola, definir o regime de

Finanças Locais dos Municípios e Freguesias do arquipélago, estabelecer as bases

do estatuto das empresas públicas e das fundações públicas com sede neste território.

Sendo o domínio público regional, propriedade do Povo Madeirense, constitui uma

prepotência colonial ser a República a fixar o regime das suas condições de utilização

e limites. O mesmo se diga quanto a ser a República Portuguesa a fixar os regimes do

ordenamento do nosso território e do urbanismo.

Uma das várias mentiras da Constituição da República Portuguesa, é expressar que o

Estado é “Unitário”. Não o é porque, em Portugal, existem três Assembleias com

Poder Legislativo.

Esta mentira tem como objectivo facultar ao “tribunal constitucional”, a prática

predeterminada de uma jurisprudência restritiva em relação aos Direitos dos Povos

dos Açores e da Madeira.

O Estatuto Político-Administrativo vem sendo sistematicamente desrespeitado por

Órgãos e Instituições da República Portuguesa. Não só, de uma vez por todas, deve

ficar constitucionalmente expressa a sua subordinação apenas à Constituição e o

direito a suscitar a apreciação preventiva de normas que eventualmente O contrariem,

como há que proceder a uma sua blindagem constitucional, a fim de impedir que as

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matérias Dele constantes, possam sequer ser objecto de discussão posterior sobre a

respectiva natureza materialmente estatutária.

Também é inaceitável não ser da competência da Assembleia Legislativa da Madeira,

fixar o regime de elaboração e organização do Orçamento Regional.

Em Portugal, se o estado da Justiça resulta de leis incompetentes da República,

também resulta da autogestão em que vivem as Magistraturas, nomeadamente um

Ministério Público de estatuto diferente ao comum dos países democráticos.

Tudo isto, com sombras de politização, resulta de uma confusão entre necessária

“independência” no julgar, e autogestão furtada ao controlo democrático.

A visão da Autonomia Política da Madeira pela óptica dos autonomistas, não põe em

causa a soberania da República Portuguesa, nem prejudica a vida de qualquer

cidadão português.

Pelo contrário, reforça a Unidade Nacional, na medida em que o Povo Madeirense,

passando a deter os meios de Desenvolvimento Integral a que tem Direito, sente-se

bem no seio de Portugal, plenamente identificado com a Nação Portuguesa.

As maravilhas da evolução tecnológica tornaram o mundo, cada vez mais uma «aldeia

global».

A globalização é inevitável e irrecuável, não vale a pena gastar palavras e energias a

combatê-la.

O que é necessário, sim, é saber lidar com a globalização através do reforço das

identidades regionais e locais.

É no específico de cada comunidade, devidamente organizado e ordenado, na

consagração do Direito à diferença e na vivência do Princípio da Subsidiariedade, que

a comunidade pode adaptar os efeitos da globalização, conforme melhor lhe convier e

em termos de valor acrescentado.

Desde a ocupação e a colonização destas ilhas, a partir de 1418,e até à Autonomia

Política de 1976, está comprovado que, durante cinco séculos, à volta de dois terços

do valor produzido na Madeira, foi para os cofres de Lisboa.

Mas para a propaganda do regime, é como se a Madeira só tivesse nascido do mar,

depois da Autonomia.

Depois da Autonomia, a Madeira, com as suas receitas, paga toda a despesa pública,

incluindo investimentos e o aproveitamento dos Fundos Europeus, à excepção dos

poucos Serviços que estão sob tutela de Lisboa, quase todos de índole repressiva. As

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dotações do Orçamento de Estado, à volta de dez por cento do Orçamento Regional,

são para compensar receitas fiscais geradas na Madeira, mas pagas aos cofres do

Estado Central.

É falso que a República Portuguesa tenha pago as dívidas dos Açores e da Madeira.

Cumpriu, sim, o que estava na lei, no sentido de as Regiões Autónomas beneficiarem

das receitas das privatizações operadas nos respetivos territórios, consignando-as ao

abatimento da dívida pública.

Afinal, passados quase seis séculos e usando o que o actual Ministro das Finanças

chama de “critério geográfico”, é fácil perceber, contra a mentira orquestrada e

instalada com o apoio de colaboracionistas locais, é fácil perceber quem ainda deve, e

muito. A “dívida histórica” também foi argumentada e fundamentada pelas

Comunidades Autonómicas Espanholas, sem que Madrid se escandalizasse, qual

virgem ofendida.

A assistência por causa dos danos das catástrofes de 2010 através de uma Lei de

Meios, seria imoral o atual Governo PSD-CDS deixar de cumprir.

A Zona Franca da Madeira, absolutamente imprescindível ao futuro da Economia do

arquipélago e também a toda a Economia portuguesa.

A Zona Franca representa 20% do PIB da Madeira.

Para 2012 prevê uma receita fiscal de IRC, à volta de 140 milhões.

Encerrar, significa a perda de 2.800 postos de trabalho diretos e indiretos, a maior

parte dos quais, Trabalhadores Qualificados com salários bem acima da média

nacional.

Inutilizar a Zona Franca da Madeira, consagrada no próprio Estatuto Político

Administrativo da Região Autónoma, prejudica o Povo Madeirense e não beneficia

Portugal.

Beneficia, sim, outros países concorrentes, beneficia forças políticas que querem terra-

queimada, satisfaz o «ego» anti-Madeira de vários altos quadros da Administração

Pública central, intocados apesar da mudança de Governo.

Sejamos claros e directos. Sem autonomia fiscal, não há Autonomia Política, há uma

situação colonial.

A Zona Franca da Madeira representa consolidação, estabilidade e crescimento

económico, e evita alguns milhares de desempregados.

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Fizemos, e bem, uma Resistência legítima e democrática, e fá-la-emos sempre que

necessária. Não temos compromissos com interesses económicos ou sociedades

secretas.

Os Direitos do Povo Madeirense estão acima das posições partidárias, quaisquer que

estas sejam.

Empossado o atual Governo da República, a Este solicitámos uma intervenção, em

termos semelhantes aos da “troika” para Portugal. Trata-se de uma relação apenas

com o Estado português, e não com a «troika», pois com esta nada temos a ver. Para

efeito dos termos do artigo 227º, nº 1, da Constituição da República, a Região

Autónoma da Madeira não participou nessas negociações.

O passivo madeirense, no seu global, é uma gota no oceano. Somos 1,8% do total da

dívida direta e indireta portuguesa que é de 330 mil milhões, facilmente assim apurável

com a metodologia do «critério geográfico» que o Ministro das Finanças usou para a

Madeira. E somos 2,5% da população portuguesa.

É preciso lembrar que a República Portuguesa, que ainda nos impõe uma solução

constitucional que é tecnicamente colonial, praticamente nada investiu por cá, foi tudo

esforço legítimo e inteligente do Povo Madeirense, não apenas através do recurso ao

crédito que a ninguém obrigámos a nos conceder, mas também resultado daquilo que

produzimos, e bem, desde o Sector Primário da Economia ao dos Serviços.

Foi também capacidade de negociação no plano europeu, enquanto as condições o

permitiam, numa altura em que a União Europeia não tinha ainda caído nos

assustadores impasses e impotências actuais.

São quatro, os grandes objectivos a que nos propomos nestes quatro anos. Continuar

a lutar pelo reconhecimento dos Direitos autonómicos, justos e legítimos, do Povo

Madeirense. Indispensavelmente, para sobrevivência da nossa Autonomia Política,

reorganizar a situação financeira da Região Autónoma. Ao longo dos quatro anos e

apoiado na reorganização financeira, acabar as obras lançadas que estão por

terminar, bem como aplicar as verbas destinadas à reconstrução dos danos causados

pelas catástrofes de 2010. Em anos que se anunciam socialmente dramáticos, manter

o Estado Social, sem nos substituirmos às Famílias e aos Cidadãos.

Somos claros quanto aos sectores de intervenção do Estado Social, na Região

Autónoma da Madeira: Habitação, Saúde, Solidariedade e Segurança Social, Cultura,

Educação e Desporto.

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A Educação é o exercício de uma acção sobre o educando, visando o

desenvolvimento pleno deste, preparando-o para a vida na sociedade de que é

membro.

Porque se exerce num Ser inteligente e livre, tem de motivar a adesão do educando

em termos de formação, segundo todos os aspectos da sua natureza e no equilíbrio

do valor destes: físico, intelectual, moral, social e religioso.

A principal fonte de Educação é a Família, o que reforça a necessidade de as

instituições públicas desenvolverem uma política que a Esta solidifique e Lhe dê meios

adequados.

As instituições do Estado, tutela da ordem jurídica democrática e promotor do Bem

Comum, têm de proteger os Direitos das entidades educadoras públicas e privadas, e

amparar a promoção humana dos educadores, suprindo e resolvendo lacunas ou

deficiências, mas sem absorver as respectivas actividades legítimas.

A arte de educar não manipula matéria passiva, mas estimula o dinamismo inerente ao

espírito e à matéria biológica, para que sejam atingidas, em plenitude e harmonia,

todas as virtualidades da natureza humana.

Assim, a educação intelectual não se limita à transmissão de conhecimentos, mas

implica o desenvolvimento harmónico das faculdades do espírito, bem como a

integração criteriosa da inteligência na personalidade.

A par, a educação física, sobretudo através do seu instrumento privilegiado que é o

Desporto, deve ter por objectivo o desenvolvimento corporal e das energias do Ser

Humano, articulado com as exigências do espírito.

E a educação moral traduz-se numa formação do carácter de cada um, visando uma

adesão livre da pessoa aos Valores.

A Cultura “é a acção que o Homem realiza quer sobre o seu meio, quer sobre si

mesmo, com objectivos de uma transformação para melhor”.

Cultura e Civilização podem e devem se estabelecer articuladamente, porque partem

do mesmo sujeito, a Pessoa Humana, porque se referem aos mesmos objectos,

embora sob aspectos diferentes, e porque visam o Bem Comum.

Distinguem-se, porque Cultura é mais domínio do ser, Civilização mais do domínio do

ter. Cultura é mais substantiva ao ser humano; Civilização mais adjectiva ao mesmo

ser. A Cultura constitui o aspecto pessoal e criador da Civilização, esta é o aspecto

técnico e mais material da Cultura.

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Nenhuma Autonomia Política tem sustentabilidade sem um investimento prioritário na

Educação, como foi feito em todos os âmbitos que comporta.

A Educação, valorização da Pessoa Humana, é base fundamental para qualquer

sucesso na política de Desenvolvimento Integral.

Daí terem os Governo sociais-democratas da Madeira estabelecido o processo que

levou à criação da Universidade da Madeira - de cuja dupla tutela não abdicam – e

desenvolvido todos os sectores do sistema de ensino até ao sucesso no pré-

obrigatório em termos comparativos nacionais.

Realce-se o papel indispensável e de alta qualidade que os estabelecimentos de

ensino ligados à Igreja Católica, desenvolvem na Região.

O papel de cada Cidadão, das Instituições culturais privadas, das Igrejas

nomeadamente a Católica, é absolutamente necessário nesta área da Cultura, onde,

sós, os poderes públicos não são suficientes para os objectivos pretendidos.

Se por um lado, internamente, há que insistir ainda mais na generalização – que

nunca massificação – no plano exterior ao arquipélago, há que continuar a exigir a

devolução do espólio da Madeira, sequestrado na Torre do Tombo.

Os Símbolos são sinais naturais, concretos, racionais, a reunião do significante com o

significado, de maneira indissolúvel e dificilmente substituível.

Por isso, o Palácio de S. Lourenço e a Fortaleza do Pico de S. João, propriedades do

Povo Madeirense coactivamente ocupadas pela República Portuguesa, tornaram-se

símbolos da emancipação político-administrativa do arquipélago, sobretudo até como

reacção legítima à pouco inteligente recusa do Estado central em devolver o que não

lhe pertence.

A formação dos mais jóvens mantém-se prioritária no nosso projecto para o Desporto.

Dadas as características naturais imutáveis do nosso arquipélago, o desenvolvimento

económico e a criação de Emprego terão de assentar no sector terciário, com uma sua

crescente internacionalização.

Não podemos ignorar os problemas que se colocam à nossa Economia, sobretudo

devidos à ultraperificidade do arquipélago e à situação criada na e pela República

Portuguesa.

Os nossos custos incidem principalmente nos transportes, numa maior necessidade

de armazenamento, numa qualificação e produtividade dos Recursos Humanos em

termos europeus, ainda que a produtividade na Madeira seja superior ao restante

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território nacional, na menor capacidade de auto-financiamento das empresas, na

quantidade comparativa de instalações e equipamentos de produção e de distribuição,

na comercialização de bens num mercado regional de pequenas dimensões e na

política fiscal imposta pela República Portuguesa.

Assim, é pois necessário dar uma continuidade mais intensiva à estratégia de

diversificação, que diminua a dependência da Madeira do sector Turismo e da

construção civil.

Aqui, o problema fulcral é a situação colonial ainda imposta ao arquipélago.

Os poderes legislativos do Parlamento da Madeira estão extremamente cerceados.

Inovação, Diversificação, Internacionalização, Desenvolvimento, Emprego, são

objetivos que não dispensam a continuidade dos apoios da União Europeia. Esta “é

uma negociação permanente”, pelo que, mais importante do que a criação de infra- -

estruturas físicas e caras em Bruxelas, impõe-se manter um clima de diálogo e de

solidariedade com as Instituições Europeias, intervindo activa e presencialmente

sempre que possível, procurando tornear as obstaculizações que colonialmente a

República Portuguesa tente opôr a esta acção e revendo o interesse da nossa

participação na Representação Permanente de Portugal junto da UE.

É necessário criar um Grupo de Contacto para efeito da constiuição de “clusters”, com

a participação de Empresários, Governo Regional e Universidade da Madeira.

Por outro lado, o desenvolvimento da Economia da Madeira está muito dependente do

cumprimento pela República Portuguesa, tal como o faz a Espanha com Canárias, do

Princípio da Continuidade Territorial, juridicamente consagrado no Estatuto Político-

Administrativo da Região Autónoma.

É indispensável que o Princípio da Continuidade Territorial estabeleça nos transportes

com o Continente português, “uma compensação calculada numa escala deslizante

que tenha em consideração a quota de exportações no volume de negócios total e as

necessidades de bens importados para a produção”.

Outra solução não resta à Madeira para o seu legítimo Desenvolvimento Integral,

senão a Internacionalização da sua Economia, pelo que o Fundo de Apoio à

internacionalização deverá constituir prioridade, apesar das gravíssimas dificuldades

financeiras da presente conjuntura.

Trata-se de um instrumento de suporte e de maximização, quer de apoio directo às

Empresas, quer de eficiência colectiva, quer de actuação sobre a envolvente

empresarial para redução dos custos de contexto. Mecanismos a desenvolver: capital

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de risco, garantias financeiras e técnicas; titularização de créditos sobre Pequenas e

Médias Empresas; ser instrumento de investimento imobiliário.

Como Princípio de fundo, entendemos que o sistema financeiro é instrumento da

Economia que gera Emprego e riqueza distributiva, e não o contrário.

Os Bancos e outras Instituições financeiras têm os mesmos Direitos das restantes

Empresas, mas têm também os mesmos Deveres e a mesma Função Social.

A segurança e a eficiência social do sistema financeiro implicam o aumento das

quotas de capital próprio exigidas aos Bancos, bem como serem mais exigentes as

normas que regulam a transparência dos respectivos Balanços.

Apesar de na União Europeia, o Poder Regional e o Poder Local, juntos,

representarem 56% do Emprego na Função Pública e dois terços do Investimento

Público, ainda se vive o centralismo abusivo de os Estados soberanos, depois dos

erros que são de sua exclusiva responsabilidade, pretenderem consolidar as Contas

Públicas à custa das Regiões e das Autarquias, impondo de cúpula as suas políticas

orçamentais, sem cuidar a gestão dos recursos, de base, nem detectar, a tempo, os

verdadeiros problemas do Desenvolvimento.

Não esqueçamos que se é primado da civilização democrática europeia o respeito

pela Propriedade e o reconhecimento da sua Função Social, para a maioria dos

Cidadãos a única Propriedade que possuem é a sua Força de Trabalho. Pelo que o

seu esforço e os seus frutos têm de estar prioritariamente defendidos.

É evidente que na Madeira, de aqui para o futuro, a par da redução de natalidade em

princípio perspectivada, acentuar-se-á a percentagem de população comumente

chamada de Terceira Idade.

Tal é possível, de uma forma geral graças à melhoria das condições de vida no

arquipélago e, em particular, devido à qualidade do Serviço Regional de Saúde e dos

serviços e apoios prestados pela Segurança Social da Região Autónoma.

É errado olhar para este envelhecimento da população, apenas como um problema.

A experiência de vida constitui uma mais-valia que tem repercussão positiva nas

opções e decisões que uma comunidade é chamada a assumir.

Além do mais, a experiência vem demonstrando que instituições e organizações que

mobilizam iniciativas para níveis etários mais velhos, têm conseguido produzir

actividades de solidariedade social com repercussão importante, têm acrescentado

uma dinâmica de animação e de ocupação de tempos livres que interessa a uma

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Região que vive da oferta turística, têm estabelecido mobilização cultural e

desenvolvido prática desportiva.

Está assim demonstrado que, a par das necessárias boas condições de qualidade de

vida, de serviços de saúde, de clima, de segurança, e de equipamentos, inclusive

desportivos, o arquipélago oferece condições para captar e receber novos residentes

de nível etário mais alto e lhes oferecer participação e alegria na vida social, o que

contribui positivamente para a nossa Economia.

Se o objectivo a atingir pelas medidas que estão em curso ou já concluídas, é o de

uma cobertura de todo o território do arquipélago com infra-estruturas destinadas à

Terceira Idade, a par do reforço dos meios dos Centros de Saúde para este nível

etário, a política do Governo será sempre a de esgotar as possibilidades de manter o

idoso no seu meio familiar, sobretudo na sua residência.

Há ainda que ter presente o facto de uma política correcta para a Terceira Idade,

forçosamente implicar criação de mais Emprego, desde os cuidados médicos aos

cuidados mais simples, e ainda nos outros sectores da Economia que beneficiam do

crescendo de actividades hoje desenvolvidas pelas pessoas menos novas.

E não só mais Emprego, como maior procura académica e técnica de Conhecimentos

em todas as áreas relacionadas com as novas dinâmicas ou repercussões sociais,

resultantes deste escalão etário em franco crescimento.

É evidente que a Região Autónoma da Madeira tem no seu Clima, uma das poucas

mais-valias de que dispõe, num território tão parco de riquezas.

Compreende-se a sua importância decisiva, nomeadamente quando entendemos que

o nosso Desenvolvimento Integral futuro passa pelo sucesso do Sector Terciário, quer

nomeadamente Turismo, quer pela nossa afirmação crescente e rentável como polo

de Qualidade na prestação de Serviços Internacionais e ainda como um arquipélago

atractivo à fixação de pessoas, para efeitos de residência permanente ou temporária,

tenham ou não o estatuto de Reformados, ou sejam Quadros que, mercê da utilização

das Novas Tecnologias, a partir de cá possam exercer as respectivas actividades

profissionais.

E, a par do Clima, mas dependendo da evolução Deste, temos também as mais-valias

da Paisagem e as riquezas das especificidades na fauna e na flora, terrestre ou

marítimas.

Isto implica qualquer Política ter presente, em todos os planeamentos, a questão das

alterações climáticas que se virão a desenvolver.

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Em matéria de recursos hídricos, uma evidência política se nos impõe: maior rigor e

racionalidade na sua gestão, bem como capacidade de adaptação e de evolução dos

sistemas existentes.

Para além do preconizado quanto às infra-estruturas hídricas, bem como quanto à

redução dos custos de produção, os Serviços Públicos de apoio à Agricultura terão de

prever situações de relocalização de culturas, de reajustamento das respectivas datas

e de uma cada vez maior e mais rigorosa selecção e melhoramento das variedades a

produzir.

Quanto à Floresta, que cobre à volta de dois terços do território da Região Autónoma,

as alterações climáticas previstas são favoráveis à sua ainda maior extensão.

Aqui, a grande preocupação, para além das reflorestações em curso, deverá assentar

sobretudo no combate aos fogos florestais, inclusive através de legislação penal mais

severa, e na disponibilidade de todos os meios lhe adequados e possíveis,

financeiramente e de acordo com a nossa orografia, e ainda na atenção científica e

operacional ante pragas ou doenças.

Porém, face às previsões sobre as alterações climáticas, em termos de Energia os

meios científicos concluem não constituir preocupação relevante, “face à continuada

evolução tecnológica do sector energético”.

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II – UNIÃO EUROPEIA

No contexto de uma nova realidade mundial, um dos principais desafios que se

colocam à acção externa do Governo no domínio da cooperação externa e dos

assuntos europeus, é conciliar a dinâmica própria do processo de integração europeia

com a impreterível evolução das regiões europeias que, por razões geográficas ou

históricas e políticas, são dotadas de um estatuto especial, que lhes confere, não só

uma considerável autonomia de decisão política, competências específicas e uma

organização particular, como também um poder legislativo próprio.

A situação geográfica do Arquipélago da Madeira privilegiada em termos estratégicos,

quer pela proximidade ao continente africano, quer às Canárias, quer ainda pelas

ligações históricas e culturais que existem, designadamente, entre a Região e o

Continente Americano (Norte/Centro/Sul), sobretudo através das comunidades

madeirenses aí enraizadas, deverá representar um eixo referencial na valorização da

sua centralidade euro-atlântica e histórico-cultural bem como da sua diversidade

político-cultural europeia.

Dotada de uma Autonomia político-administrativa, bem como de um Estatuto e um

lugar próprio nos Tratados da União Europeia, a acção externa da Região articula três

níveis de participação: a europeia, a bilateral e a multilateral. Desenvolvê-las e

valorizá-las de forma adequada à defesa dos nossos interesses – eis o objectivo.

No domínio europeu, essa participação exercer-se-á, principalmente, na defesa

constante do pleno direito a um tratamento particular vertido numa aplicação

diferenciada das normas que regem o conjunto da União, em conformidade com o

regime comum das Regiões Ultraperiféricas inequivocamente expresso nos artigos

355.º e 349.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.

Neste contexto destaca-se, naturalmente, a cooperação com as Regiões

Ultraperiféricas Europeias sustentada, sobretudo, pelo Estatuto comum

institucionalizado pela União Europeia.

No domínio bilateral, será essencial promover o diálogo e a cooperação com outras

Regiões ou Espaços, de modo a aprofundar e diversificar as possibilidades de

cooperação em áreas de interesse mútuo.

No plano multilateral, o Governo participará activamente no âmbito das diversas

organizações internacionais e em outras instâncias de cooperação inter-regional,

enquanto vector essencial de afirmação regional na Europa e no Mundo.

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Num mundo cada vez mais globalizado, a emergência de novas realidades e espaços

territoriais exige o reforço da intervenção inter-regional bilateral e multilateral, em

complementaridade com a participação na União Europeia.

a. Assuntos Europeus

A participação da Região no processo de construção da União Europeia tem sido uma

das prioridades fundamentais nos objectivos do Governo, acompanhando de perto e

de forma activa os principais desafios que se colocam, em cada momento, à Região

no quadro da União Europeia.

As circunstâncias presentes de profunda crise financeira e económica e a incerteza do

futuro do projecto europeu, impõem que a acção externa da Região seja conduzida

com particular atenção nas acções a desenvolver de modo a assegurar a necessária

continuidade dos apoios essenciais à sustentabilidade do desenvolvimento da Região

Autónoma.

O Governo foi, desde sempre, um defensor empenhado do direito a um tratamento

especial traduzido numa aplicação diferenciada das políticas e normas que regem o

conjunto do direito no seio da União Europeia. No futuro, a sua acção manter-se-á

nessa mesma linha – mobilizar a União Europeia e os Estados para que seja dado

cabal cumprimento às disposições constantes dos Tratados.

A União e os seus Estados não podem reconhecer simultaneamente as necessidades

permanentes das Regiões Ultraperiféricas e depois ignorá-las na aplicação concreta

das suas políticas e acções.

Constituindo o Estatuto das Regiões Ultraperiféricas o enquadramento adequado para

a resposta às particularidades destas, importa vê-lo efectivamente cumprido pelo que

o Governo continuará a defender a sua tradução prática nas diversas políticas e

estratégias da União Europeia, tendo em vista a adopção de soluções que respeitando

o Estatuto Ultraperiférico, melhor protejam os interesses regionais.

As principais áreas sectoriais encontram-se referenciadas ao longo do Programa nos

seus vários capítulos. Porém, a título de exemplo mencionam-se algumas das áreas

que, quer em termos de negociação, quer em termos de impacto no futuro da nossa

Região, deverão, no momento actual, ser objecto de particular ênfase:

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- O próximo quadro financeiro plurianual;

- As propostas legislativas relativas à política de Coesão;

- A reforma da Politica Agrícola Comum e das Pescas;

- A Estratégia Europa 2020 e sua implementação nas RUP;

- A Política Marítima Integrada.

As negociações e resultados destas questões determinarão o futuro da renovada

Estratégia Europeia em prol das RUP.

Concretamente, o Governo procurará que se salvaguarde o direito a um tratamento

diferenciado, designadamente no âmbito da política de coesão dado tratar-se do

principal instrumento de intervenção nestes territórios.

A utilização do PIB como critério para aferir a concessão dos apoios europeus às

Regiões Ultraperiféricas desvirtua o objectivo que presidiu ao reconhecimento do

estatuto particular destas Regiões no seio da União Europeia.

A participação da Região continuará, pois, a deparar-se, nos próximos anos, com os

desafios decorrentes da tendência crescente em reduzir a problemática da

Ultraperiferia às questões colocadas pela aplicação do PIB e às suas reconhecidas

limitações para aferir o desenvolvimento das Regiões Europeias.

A defesa intransigente da compatibilização da justa defesa dos seus interesses

específicos regionais ao abrigo do Estatuto Ultraperiférico que lhe é próprio com as

diversas políticas e estratégias da União Europeia será constante na acção do

Governo.

A concretização das metas definidas depende da intervenção de vários departamentos

regionais em matéria dos assuntos europeus que lhes são próprios pelo que a acção

do Governo será necessariamente articulada e concertada.

No tocante à renovada Estratégia Europeia em prol das Regiões Ultraperiféricas, o

Governo defende um novo Rumo e uma nova Visão.

Um novo Rumo para que aquela Estratégia conduza, igualmente, a um crescimento

inteligente, sustentável e integrador tal como preconiza a Estratégia Europa 2020.

Uma nova Visão para que esta seja:

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Sustentável, porque dotada dos meios (financeiros e outros) e instrumentos

necessários a produzir os resultados que a mesma se propõe alcançar;

Equilibrada, porque assente no binómio constrangimentos/potencialidades

preserva e reforça os níveis de integração e coesão entretanto alcançados;

Estável e solidária, porque empenhada na manutenção e reforço dos apoios às

necessidades permanentes;

Adaptada, porque apta a proteger as actividades existentes e a oferecer novas

oportunidades à actividade económica;

Diferenciada e coerente, porque capaz de traduzir (e não de contrariar) o direito

ao tratamento específico que assiste às Regiões Ultraperiféricas na aplicação da

política de coesão económica, social e territorial, desenvolve, simultaneamente,

a sua necessária articulação com as outras políticas europeias;

Territorialmente coesa, porque capaz de atenuar os efeitos da descontinuidade

territorial promove a igualdade de oportunidades e a plena participação no

Mercado Interno Europeu.

Identificamos como prioritários os seguintes objectivos:

Objectivos

Reforçar a participação do Governo no processo de construção da União

Europeia, mantendo um processo de constante análise e definição dos

objectivos regionais nas respectivas Instituições e Órgãos

Medidas

Reforçar, em articulação com os diversos departamentos sectoriais, a

comunicação das posições da Região à União Europeia quer através do

Ministério dos Negócios Estrangeiros e respectivas estruturas de coordenação

interministerial, quer directamente junto da Comissão Europeia;

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Incentivar uma participação mais activa da Região em todas as áreas de

intervenção da União, nomeadamente através da participação nos processos de

consulta pública em temáticas relevantes para a Região lançados pela Comissão

Europeia;

Promover uma maior participação da Região no Comité das Regiões, sobretudo,

nas matérias de interesse da Região, quer pela apresentação de propostas de

alteração a pareceres, quer através do acompanhamento e participação nas

consultas e outras iniciativas promovidas no âmbito da Rede de Subsidiariedade

do CdR.

Aprofundar e potenciar a dimensão ultraperiférica da União Europeia

Medidas

Aprofundar, no quadro de uma parceria reforçada com a Comissão Europeia, o

diálogo directo que a Conferência dos Presidentes das Regiões Ultraperiféricas

mantém com a Comissão Europeia;

Consolidar a relação de cooperação com as demais Regiões Ultraperiféricas

adequada à salvaguarda dos interesses regionais, mormente, colaborando

activamente na elaboração de Contributos Conjuntos da Conferência dos

Presidentes das Regiões Ultraperiféricas;

Promover um maior conhecimento sobre a participação da Região no

processo de construção europeia

Medidas

Consolidar os conteúdos relativos à informação governamental sobre a

participação da Região na União Europeia constantes do Relatório “A Madeira

na UE” a apresentar à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira;

Fomentar a melhoria do conhecimento da principal legislação produzida na

União Europeia relativa à RAM, através da actualização periódica online da

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“Colectânea de Legislação da União Europeia relativa à Região Autónoma

da Madeira.

b. Cooperação externa

A participação da Região nas organizações internacionais e em outras instâncias de

cooperação inter-regional e internacional, particularmente na Conferência das Regiões

Periféricas Marítimas da Europa (CRPM), no Congresso dos Poderes Locais e

Regionais da Europa – Conselho da Europa (CPLRE), na Assembleia das Regiões da

Europa (ARE) e na Conferência das Regiões Europeias com Poder Legislativo

(REGLEG), bem como no Fórum das Redes de Regiões do Mundo (FOGAR),

continuará a representar um eixo prioritário da política de cooperação externa do

Governo, com vista à projecção nesse contexto das especificidades dos interesses

regionais que pretende ver apoiadas pela União Europeia.

Especial relevância merecerá a cooperação com Espaço geográfico da Macaronésia,

em conformidade com o compromisso reiterado na Declaração Conjunta dos

Governos da República de Cabo Verde, do Reino de Espanha, da República

Portuguesa e dos Governos Regionais dos Açores, de Canárias e da Madeira que

instituiu a Cimeira dos Arquipélagos da Macaronésia, que teve lugar no Mindelo, Cabo

Verde, a 12 de Dezembro de 2010.

Objectivos

Reforçar a participação da Região nas organizações inter-regionais

europeias e internacionais

Medidas

Participação activa nas assembleias, comissões, reuniões e grupos de trabalho

contribuindo, em especial para a reflexão e definição das posições comuns, em

particular as com reflexos em questões nucleares para a Região;

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Apresentar e defender a inclusão de pontos respeitantes à Região ou às

Regiões Ultraperiféricas nas posições e declarações destas organizações,

valorizando nesse contexto, os temas prioritários da agenda europeia;

Reforçar as relações bilaterais de cooperação

Medidas

Fortalecer a cooperação inter-regional politica e sectorial entre os quatro

arquipélagos da Madeira, dos Açores, das Canárias e de Cabo Verde, Cimeira

dos Arquipélagos da Macaronésia privilegiando, nomeadamente, as áreas do

turismo, do ambiente e das trocas comerciais;

Incrementar a Cooperação Multisectorial entre a Região Autónoma da Madeira e

as Canárias.

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III – FINANÇAS

Face ao contexto actual, de grandes dificuldades e desafios, é determinante que se

tome medidas no sentido do reforço da autonomia financeira e da consolidação das

finanças públicas de forma a criar condições para a retoma do crescimento económico

e, por conseguinte, privilegiar o investimento privado procurando-se assegurar, porque

fundamental, a manutenção e a criação de emprego.

Considerando o plano de ajuda externa a que Portugal teve que recorrer por força do

desequilíbrio das finanças públicas portuguesas, o mesmo determinou um acordo

entre o País e as entidades externas – “Troika” – sob a forma de um compromisso na

adopção e implementação de toda uma série de medidas legislativas e de gestão

pública que necessariamente determinaram um plano de reajustamento global para o

país, que deverá ser também implementado na Região Autónoma da Madeira.

Neste sentido, o Governo Regional da Madeira negociará e acordará com o Governo

da República um Programa de Apoio Económico e Financeiro, que permita o

ajustamento financeiro e das finanças públicas regionais, sendo certo que tudo será

feito para que a população da Madeira e Porto Santo não seja penalizada, nos

sacrifícios, comparativamente à restante população portuguesa.

Nesse sentido, toda a programação e planeamento da área das Finanças –

necessariamente transversal e com efeitos em todas as áreas da governação – será

determinada pelo Programa de ajustamento financeiro e das finanças públicas.

Como tal, terão que ser tomadas medidas a vários níveis com o objectivo assumido do

saneamento financeiro e da estabilização e consolidação das finanças públicas

regionais, incluindo o sector público empresarial, de uma forma sustentada e

sustentável.

o Medidas globais:

- Máximo rigor na política orçamental, de forma a assegurar que todos os

compromissos são satisfeitos nos prazos contratualizados e/ou decorrentes

da lei;

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- Avaliar as participações sociais, para definir um plano de acção com vista à

reestruturação, fusão, capitalização, saneamento, modernização ou

alienação de activos não estratégicos, a implementar no curto prazo;

- Maximizar o aproveitamento dos apoios comunitários, junto das instituições

nacionais e comunitárias;

- Rentabilizar o património, promovendo a sua alienação, os arrendamentos

ou a sua utilização para instalação de serviços públicos;

- Aproveitar os recursos disponíveis na Lei de Meios, para executar

investimentos que garantam a execução do Programa de Reconstrução e,

assim, a segurança da população;

- Maximizar as receitas fiscais, prosseguindo com o trabalho já em curso;

- Rever as parcerias público-privadas;

- Executar investimentos racionais, que não impliquem acréscimo da dívida

pública, com rentabilidade económica, que sejam essenciais do ponto de

vista social ou que sirvam, comprovadamente, de impulsionadores dos

investimentos privados.

o Medidas específicas:

- Implementar o Programa de Modernização da Administração Regional, com

vista à redução de estruturas e a prestação de melhores serviços aos

cidadãos e empresas;

- Acelerar a implementação de medidas de desburocratização, que passa,

necessariamente, pela racionalização da rede informática do Governo

transformando-a numa rede única e integrada, obrigatória para todos os

serviços do Governo, incluindo Serviços com autonomia administrativa e/ou

financeira, centralizando toda esta rede, seja em termos de hardware, de

software ou de manutenção;

- Centralizar, na medida do possível, todas as aquisições numa única

estrutura, principalmente aquelas que destinadas ao funcionamento normal

dos serviços, que funcionará como uma central de compras de toda a

Administração Regional;

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- Centralizar num único serviço a responsabilidade pelas comunicações do

Governo, de forma a reduzir ainda mais os respectivos custos;

- Implementar o Plano Oficial de Contabilidade Pública;

- Incrementar as exigências aos gestores públicos e aos dirigentes da

Administração Pública, definindo metas e objectivos claros e ambiciosos,

de cumprimento obrigatório, baseados na obtenção de resultados, incluindo

os financeiros, no caso dos gestores públicos, e da eficácia da acção, no

caso dos dirigentes;

- Apostar na formação dos recursos humanos da Administração Pública,

como forma de valorização pessoal, de motivação e de criação de

condições para que prestem serviços com mais qualidade.

É igualmente necessário reforçar os factores conducentes à estabilidade do

relacionamento financeiro com o Governo da República e reparar as deficiências, ao

nível dos meios disponibilizados, decorrentes da regionalização de serviços.

o Medidas:

- Assunção pelo Estado dos sobrecustos decorrentes da regionalização nos

termos da CRP;

- Entrega da totalidade das receitas fiscais a que a Região tem direito, por

lei;

- Entrega de verbas atrasadas decorrentes de compromissos assumidos.

Numa altura em que Portugal recorreu a mecanismos de assistência externa, que irá

implicar sacrifícios para todos os Portugueses, é essencial que os financiamentos

associados sejam igualmente extensíveis às entidades públicas que exercem funções

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em todo o território, incluindo Governo Regional, as Empresas Públicas e as

Autarquias Locais da Região Autónoma da Madeira.

Para o efeito, define-se cinco grandes prioridades:

Para o reforço da autonomia financeira e a consolidação das finanças públicas é

fundamental medidas arrojadas, assentes na redução da despesa pública, na

maximização da receita, face à necessidade imperiosa de libertar meios e

recursos para assegurar o rigoroso cumprimento dos compromissos assumidos.

Reduzir o peso do Sector Público na economia, incentivando o sector privado.

Selectividade, racionalização e rentabilização do investimento público, criador de

emprego e de supressão de carências sociais.

Definição clara, racional e objectiva das áreas prioritárias objecto da intervenção

pública, nomeadamente as áreas Sociais e da garantia das funções

iminentemente públicas, que não podem, contudo, gozar de excepções ilimitadas

que evitem a racionalização dos gastos públicos.

Só com um esforço decidido no sentido do reforço da nossa Autonomia Financeira

é que venceremos os desafios que actualmente enfrentamos e asseguraremos o

futuro da Região Autónoma da Madeira.

a . Política Orçamental

a.1. Orçamento Regional

O Orçamento Regional, enquanto mecanismo de execução das diversas políticas de

governação, deverá traduzir ao nível da definição das prioridades governativas, a

rigorosa afectação e distribuição dos recursos financeiros regionais pelas diversas

áreas de intervenção governativa, promovendo e assegurando a adequada estrutura

orçamental, dentro das disponibilidades, necessária à execução do Programa de

Governo em cada exercício.

A política orçamental tem vindo a constituir na Região um instrumento técnico de apoio

ao desenvolvimento regional e ao crescimento económico, contribuindo para a

qualidade de vida e o bem-estar da população da Madeira e Porto Santo, numa

governação caracterizada pela resolução das necessidades da população a todos os

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níveis e diversos domínios, nomeadamente a educação e desporto, a saúde e apoio

social, emprego, habitação, acessibilidades e equipamentos públicos, inferindo das

disponibilidades orçamentais para o efeito e promovendo um criterioso controlo

orçamental, com particular incidência ao nível da despesa não reprodutiva.

Os elevados investimentos realizados em infra-estruturas nos últimos anos, numa

Região que se revelava extremamente carenciada ao nível básico de equipamentos e

serviços públicos, implicou elevadas necessidades orçamentais ao nível do

financiamento da política de investimento e desenvolvimento.

A actual conjuntura, caracterizada pelo forte agravamento das condições de

financiamento, implicam profundas restrições orçamentais e a adopção de políticas de

sustentabilidade e estabilidade financeira, que ao nível da gestão orçamental

envolvem a implementação de medidas de redução das despesas públicas nos

diversos domínios, e até ao nível que garanta o equilíbrio, e uma maior eficiência e

eficácia na gestão dos recursos financeiros públicos disponíveis.

a.2. Processo Orçamental

Elaboração de propostas de Orçamento Regional e prestação de Contas de acordo

com as novas exigências decorrentes da revisão da Lei de Enquadramento

Orçamental, e outras disposições legais:

Elaboração da programação orçamental plurianual de acordo com a estratégia

orçamental governativa;

Estruturação do Orçamento Regional por Programas;

Integração orçamental das empresas participadas, enquadradas no perímetro da

Administração Regional para efeitos de contas nacionais, nas propostas de

Orçamento Regional, nos termos legais.

a.3. Contabilidade Pública e Sistema de Informação de Apoio à Gestão

Atendendo às actuais grandes exigências e desafios, ao nível do acompanhamento da

execução orçamental e do conhecimento em detalhe, assim como do rigoroso controlo

da globalidade dos compromissos da Administração Regional, torna-se imprescindível

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a implementação de um sistema integrado numa lógica de unicidade da informação

contabilística em todos os serviços do Governo Regional.

O sistema de informação contabilística deverá integrar informação de todos os

organismos e serviços da Administração Publica Regional directa e indirecta, assim

como permitir o registo da informação contabilística das entidades reclassificadas no

perímetro da Administração Pública, tal como deverá possibilitar a migração de dados

por parte do Sector Público Empresarial no que se revelar necessário à sua

monitorização.

Face à necessidade premente de obtenção e disponibilização aos utilizadores e

gestores de informação contabilística, necessária ao cumprimento das obrigações de

reporte e de apoio à gestão orçamental e financeira às entidades responsáveis pela

gestão dos recursos públicos, o sistema a implementar deverá permitir:

A obtenção de informação da execução orçamental e dos compromissos de forma

integrada, flexível, desmaterializada, e em tempo útil;

Centralização do sistema de informação contabilística e de gestão orçamental, de

forma a garantir a integração e abrangência da informação e assim racionalizar os

recursos utilizados;

Prestação de contas nos termos legalmente exigidos;

Adopção do POCP: contabilidade patrimonial, analítica e orçamental;

Manutenção em permanência e actualização de uma contabilidade de

compromissos;

Acompanhamento e controlo da execução física e financeira de contratos e outros

encargos;

Acompanhamento e controlo da execução de encargos de natureza plurianual;

Melhorar o actual reporte mensal da execução orçamental, em base de caixa,

incluindo em base consolidada;

Integral e escrupuloso respeito pelas regras e procedimentos orçamentais;

Uniformização na emissão de documentos de cabimentação orçamental;

Sistema único de facturação nos serviços do Governo Regional, que permita a

integração automática na contabilidade;

Gestão da Receita e Tesouraria;

Sistema de gestão e processamento de remunerações;

Aproximação do universo da contabilidade pública para a contabilidade nacional;

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Cadastro e inventário de bens da Região.

Deverão também ser adoptados outros Procedimentos Organizacionais:

Emissão de documentos electrónicos com certificado digital;

Desmaterialização de processos administrativos, gestão de ciclos de vida de

informação e interoperabilidade;

Documentar processos e procedimentos internos e externos para enquadramento e

normalização das actividades de gestão financeira, contabilística e orçamental da

Administração Pública;

Controlo sistemático do número de efectivos existentes e respectivos movimentos,

na Administração directa e indirecta da Região e no Sector Público Empresarial.

O sistema informático a implementar visa criar elevados níveis de eficácia, celeridade

e segurança, disponibilizando maiores larguras de banda para os utilizadores,

melhoria no acesso aos sistemas centrais e sistemas distribuídos, com a consequente

melhoria do seu desempenho, constituindo repositórios centrais de informação

orçamental e financeira.

b. Política Financeira

b.1. Introdução

Os próximos anos serão de uma exigência extrema no domínio financeiro, porquanto

será necessário introduzir ajustamentos no financiamento das funções públicas, que

não são totalmente compatíveis, num primeiro momento, com a criação de emprego,

pilar essencial da dignidade dos cidadãos e da coesão social da sociedade.

Serão tempos exigentes, que implicam coragem e união, determinando competência e

ponderação.

Coragem porque é inevitável tomar medidas impopulares, para garantir já de imediato

uma trajectória de equilíbrio entre os recursos disponíveis e as despesas com as

funções que o sector público tem, obrigatoriamente, de assegurar, de modo a

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assegurar a nossa Autonomia Financeira, pilar determinante da nossa Autonomia

Política.

União porque na situação que vivemos de extrema dificuldade todos são poucos para

inverter a trajectória, que nos coloque novamente no caminho da coesão económica,

social e territorial.

Competência para que não nos afastemos da realidade, mas também para que as

medidas de política delineadas sejam as mais consequentes e que sejam

integralmente cumpridas.

Ponderação porque as medidas a tomar não podem falhar nos seus objectivos, não

podem ser cegas ou obtusas, nem podem deixar de ter em consideração todos os

efeitos colaterais que daí podem advir, sob pena de “morrermos da cura”.

Às finanças caberá um papel central em todo este processo, como acontece, sempre,

em contextos de crise, ainda para mais quando é certo que os próximos anos serão

marcados pela definição e execução do Programa de Apoio Económico e Financeiro e

de Ajustamento da Região Autónoma da Madeira, quadro rigoroso de execução

orçamental e desempenho financeiro.

b.2. Política Financeira

Depois de concluída a inventariação da situação financeira da Região, e de definidas

as necessidades de financiamento, será necessário aplicar medidas de ajustamento,

tanto no lado da receita, como da despesa, com o objectivo de garantir a

sustentabilidade das finanças públicas regionais, definindo uma trajectória de evolução

que conduza ao equilíbrio orçamental.

Sendo a Região Autónoma da Madeira uma pequena economia, ultraperiférica, sem

recursos naturais, pouco diversificada e muito dependente do sector público, é

essencial a regularização das responsabilidades já assumidas, como forma de

introduzir liquidez na economia e contribuir, assim, para a manutenção do emprego.

Para este efeito, reitere-se, é fundamental a garantia da necessária massa monetária

circulante.

Por estes motivos, idealmente, o Programa de Ajustamento deve prever o pagamento

de toda a dívida administrativa, através da obtenção de um financiamento com uma

maturidade necessariamente longa e ajustada às reais possibilidades ou seja,

disponibilidades da Região, encontrando-se o desejável equilíbrio entre a satisfação

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de compromissos financeiros e os indispensáveis recursos para a sustentabilidade das

funções públicas e sociais imprescindíveis.

O montante do empréstimo deve prever, igualmente, as necessidades de

refinanciamento decorrentes de empréstimos em carteira, bem como a regularização

das dívidas comerciais das empresas públicas.

O Programa de Ajustamento deverá abranger, obrigatoriamente, todos os sectores,

sob pena dos objectivos não serem alcançados e os problemas que estão na sua

origem não serem resolvidos em definitivo.

Exige-se máximo rigor na política orçamental e respectiva execução, de forma a

assegurar que todos os compromissos são satisfeitos nos prazos contratualizados

e/ou decorrentes da lei, pelo que a assumpção dos mesmos deverá ser o mais

criteriosa possível e concertada não só com a dotação orçamental, mas também com

as disponibilidades financeiras objecto do plano de Tesouraria.

Ao nível do Sector público empresarial (SERAM) serão avaliadas as participações

sociais, para definir um plano de acção com vista à reestruturação, fusão,

capitalização, saneamento, modernização ou alienação de activos não estratégicos, a

implementar no curto prazo.

A redução/reestruturação do SERAM constitui uma prioridade e um dos principais

desafios para a Região Autónoma da Madeira, sendo igualmente uma das grandes

prioridades que constam no Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades

de Política Económica (MoU), assinado pelo Estado Português, cujas medidas são de

aplicação automática à Região.

A reestruturação do SERAM deve assentar na lógica de auto-sustentabilidade, em

coerência com os princípios que constam no MoU.

A elaboração do inventário dos bens a privatizar, também previsto no MoU, e a

consequente realização de capital será canalizado para a reestruturação do SERAM

ou para a regularização de dívidas que venham a ser assumidas directamente pelo

Orçamento Regional.

Será incrementado a rentabilização do património, a sua alienação, os arrendamentos

ou a sua utilização para instalação de serviços públicos.

Dado que a Região tem duas Parcerias Público-Privadas (PPP), com um peso muito

elevado para o Orçamento Regional, é fundamental que o estudo previsto no MoU, “a

realizar por uma empresa de contabilidade internacional de primeira linha” abranja

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estas duas PPP, de modo a que os contratos sejam revistos, com o objectivo de

reduzir os custos para o Orçamento Regional.

Sendo os recursos cada vez mais escassos, exige-se o aproveitamento integral dos

fundos comunitários, mas na execução de projectos sustentáveis que gerem emprego

e determinem crescimento económico.

O aproveitamento dos recursos disponíveis na Lei de Meios, para executar

investimentos que garantam a segurança da população é outra exigência que não

pode deixar de ser cumprida.

O mesmo se diga da necessidade de maximização das receitas fiscais, prosseguindo-

se com o trabalho já em curso, em articulação com a Secretaria de Estado dos

Assuntos Fiscais.

Será revista a política de atribuição de subsídios, de modo a que a despesa seja

reduzida e a que estes sejam pagos dentro dos prazos contratualizados.

A sustentabilidade financeira passa pela implementação do Programa de

Modernização da Administração Regional, com vista à redução de estruturas e à

prestação de melhores serviços aos cidadãos e empresas a custos mais reduzidos.

As medidas previstas no MoU quanto à redução dos cargos de chefia e unidades

administrativas (em pelo menos 15%) será já iniciado em 2011 com a publicação das

novas orgânicas.

A implementação de serviços partilhados será de aplicação obrigatória na Região, pela

redução de custos que daí advirá.

b.3. Relacionamento institucional com a República

O relacionamento com o Governo da República, no que se refere à matéria financeira,

vai ter como suporte o Programa de Ajustamento, já que neste vão constar todas as

medidas a implementar nos próximos anos.

Não deixaremos, ainda assim, de acompanhar a definição e implementação de todas

as medidas de política que tenham implicações financeiras para a Região, e de

garantir que todas as leis são cumpridas com rigor e com equidade, sempre em defesa

dos legítimos interesses da Região.

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b.4. Relacionamento institucional com as Autarquias Locais

Continuaremos a privilegiar a cooperação com as autarquias locais, não só na defesa

dos interesses destas, mas também na execução de projectos comuns, em

cumprimento do princípio da subsidiariedade.

Esta cooperação terá, contudo, uma menor componente financeira, já que, por um

lado, os projectos de investimento municipais estão praticamente concluídos e, por

outro, os meios financeiros disponíveis são muito escassos.

É expectável, pois, que a cooperação financeira seja, a curto prazo, limitada aos

projectos do Programa de Reconstrução, os quais assumem uma importância

determinante para a segurança da população.

c. Gestão de Fundos Europeus e Planeamento

c.1. Gestão dos Fundos Estruturais

No que concerne à Gestão dos Fundos Estruturais e à respectiva implementação dos

Programas Operacionais, instrumentos centrais para a contratualização e execução de

projectos, salientam-se algumas linhas de orientação que permitirão atingir um

conjunto de resultados que consideramos fundamentais. Nesta base, a coerência

estratégica dos projectos co-financiados é um elemento absolutamente determinante

para o cumprimento das metas e dos objectivos fixados e naturalmente para a melhor

e eficiente aplicação dos fundos.

Por outro lado, a escrupulosa observância de todos os normativos que estão

subjacentes à aplicação dos Fundos Estruturais, e que são o garante do Rigor,

Transparência e Equidade de Tratamento, serão também factores essenciais.

Como medidas que consideramos relevantes para a prossecução destas linhas de

orientação, destacam-se as seguintes:

Proceder a uma avaliação estratégica dos projectos, reforçando o seu carácter

selectivo, para que o respectivo enquadramento constitua, na realidade, um

contributo efectivo para o reforço da realização do modelo de desenvolvimento da

Região;

Proceder a uma reavaliação das condições estratégicas em que os Programas

Operacionais Regionais foram concebidos, articulando com os outros Programas

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com intervenção na Região, nomeadamente o Fundo de Coesão, de forma a

potenciar a sua eficácia e como tal adequar a sua vertente Estratégica. Nesta

matéria, realça-se o quanto é importante aproveitar todo o trabalho que a nível de

avaliação já foi efectuado;

Assegurar que todos estes exercícios de carácter estratégico e até operacional

sejam devidamente ponderados, no âmbito da preparação do próximo período de

programação, o qual se irá denominar de Quadro Estratégico Comum;

Reforçar o apoio e sentido de colaboração com as várias entidades envolvidas na

Gestão dos Fundos Comunitários, como forma mais eficaz para potenciar os efeitos

que os co-financiamentos comunitários são capazes de gerar;

Interagir com os beneficiários de apoios e também os potenciais beneficiários,

visando ter uma atitude de cooperação e de esclarecimento dos procedimentos que

estão subjacentes às respectivas candidaturas, mantendo essa postura pró-activa,

para o próprio desenvolvimento do projecto;

Optimizar a participação da Região no âmbito do Programa de Cooperação,

“Madeira, Açores, Canárias – MAC”, no sentido de consolidar e generalizar uma

prática de parceria como factor determinante para o desenvolvimento e

fortalecimento de relações económicas e culturais, que constituem um factor

gerador de riqueza e crescimento para as respectivas economias;

Colaborar com os restantes departamentos governamentais na aplicação da Lei de

Meios, designadamente no que concerne ao enquadramento dos projectos nas

respectivas fontes de financiamento e no respeito por todos os requisitos que estão

subjacentes às mesmas;

Dinamizar em estreita articulação com os vários intervenientes a apresentação de

projectos para financiamento do Fundo de Coesão, realçando-se os projectos de

infra-estruturas de correcção de correntes torrenciais, cuja concretização é decisiva

para se esbaterem o risco de catástrofes naturais, nomeadamente os aluviões;

Tendo em conta a introdução de novos factores que influenciaram de forma drástica

os cenários macroeconómicos previsíveis, nos quais se centra a intervenção dos

Fundos Estruturais, serão permanentemente analisadas as implicações que os

respectivos projectos terão no contexto dos programas e medidas que serão

adoptados para a correcção dos desequilíbrios, nomeadamente orçamentais.

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c.2. Planeamento

Como objectivo geral, emerge a necessidade da RAM enveredar, definitivamente,

numa prática de gestão do seu modelo de desenvolvimento socio-económico que

tenha como base estrita o respectivo Plano Estratégico. Depois de um ciclo

caracterizado por uma forte componente de realização de grandes infra-estruturas

públicas, há agora que materializar um novo ciclo, que de alguma forma já se

começou a “desenhar” no actual modelo de desenvolvimento de 2007-2013. É vital

que o novo ciclo que se aproxima para o período de 2014-2020, se assuma de forma

inequívoca, um modelo, cujas linhas mestras em grande parte já estão identificadas

em vários documentos entretanto produzidos, mas que agora importa reavaliar. Temos

elementos novos que são indissociáveis de uma nova estratégica de desenvolvimento

para a Região e onde avulta o contexto de profunda crise financeira que

atravessamos, assim como a designada “Estratégia 2020” que a União Europeia

pretende implementar e que, naturalmente, terá que ter reflexo nos modelos que os

países e as regiões vierem a estabelecer.

Tudo isto são razões mais do que suficientes para que a matriz de desenvolvimento

tenha uma lógica e prática eminentemente estratégica, o que irá implicar um reforço

de monitorização e da selectividade no plano operacional.

Neste contexto, importa salientar:

Definição de um plano de médio prazo para o período 2014/2020, que assumirá os

grandes desígnios estratégicos para a RAM, em consonância com a estratégia

2020, nomeadamente a promoção de um crescimento inteligente, sustentável e

inclusivo.

A este plano prevê-se designar de “Visão RAM 2020” e terá subjacente os

seguintes princípios:

o Reforço da monitorização estratégica, afectando recursos humanos e materiais

que permitam assegurar um permanente acompanhamento do plano de

desenvolvimento socio-económico;

o Emitir pareceres no que concerne à elaboração do PIDDAR e posteriores

alterações, visando salvaguardar a coerência estratégica que aquele

instrumento de cariz operacional tem;

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o Assegurar um adequado enquadramento estratégico das candidaturas que são

apresentadas no âmbito dos Programas Operacionais da Região;

o Coordenar a concepção dos próximos Programas Operacionais, assegurando

desta forma, a sua compatibilidade com a estratégia de desenvolvimento da

Região;

o Realização de trabalhos de cariz específico que permitam uma melhor

compreensão sobre determinados sectores, “feedback” de políticas/medidas e

acções, no sentido de tornar mais eficaz a governação, além de proporcionar

aos operadores informação privilegiada para optimizarem as respectivas

intervenções;

o Coordenar todos os exercícios de avaliação inseridos no Plano Global, definido

no âmbito da Gestão do Quadro Estratégico Comum.

d. Política Fiscal

d.1. Sistema Fiscal da RAM e competitividade

Implementar um Sistema Fiscal Próprio – adequado às especificidades da Região e

objectivos do Povo Madeirense - é o passo lógico seguinte na regionalização iniciada

há 6 anos, que permitiu prestar um melhor serviço aos cidadãos, incrementar as

receitas fiscais e criar condições para que a política fiscal esteja ao serviço do

crescimento económico. Sem autonomia fiscal não há autonomia política.

Medidas no plano legislativo:

o Revisão Constitucional e de todo o processo normativo subsequente,

concretamente, a transposição do novo quadro constitucional para o Estatuto

Político-Administrativo, Lei de Finanças das Regiões Autónomas e toda a

legislação de natureza fiscal, administrativa e processual vigente;

o Consequentemente, adaptação às especificidades regionais pela Assembleia

Legislativa da Madeira de todo o quadro legal fiscal em vigor após a

consagração constitucional das competências legislativas próprias nesta

matéria, sem quaisquer reservas de competência por parte da Assembleia da

República, excepção àquelas competências que respeitam à unidade nacional,

soberania e relações externas.

Medidas no plano funcional e estruturante:

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o Uma forte e decidida aposta na formação e qualificação do quadro de pessoal

nas matérias tributárias, administrativa e processual e o seu correcto

dimensionamento;

o Introdução no sistema de ensino regional de uma disciplina de Finanças

Públicas e Fiscalidade Regional;

o Reequacionamento de todo o funcionamento do sistema tributário,

concretamente a instalação, gestão e tutela sobre o sistema informático que,

de forma eficiente e eficaz, estabeleça uma plataforma de gestão e

relacionamento tributário e fiscal entre os contribuintes que exercem actividade

económica na Região e a administração fiscal regional, sem prejuízo de uma

gestão de informação e partilha de dados comum em todo o espaço nacional;

o Liquidação e cobrança de impostos, bem como a gestão da receita da Fazenda

Pública da Região, sob a tutela do poder regional, assim como de todo o

Processo Tributário, sem com isso se coarctar o recurso judicial à segunda

instância e superiores por parte dos contribuintes.

d.2. Plano Estratégico

Prosseguir a implementação das políticas fiscais regionais tendo em vista os

objectivos de Justiça e Equidade Fiscal, designadamente:

Reforçar as medidas e os meios de combate à fraude e evasão fiscal, bem como o

combate permanente à economia informal e consequente alargamento da estrutura

contributiva;

Utilização contínua de ferramentas informáticas, com o intuito de acompanhar o

comportamento fiscal dos agentes económicos em tempo real e de carácter

permanente, desincentivando comportamentos desviantes por parte destes;

Estimular a acção pedagógica junto dos contribuintes, no pressuposto de que os

contribuintes melhor informados são contribuintes mais cumpridores e mais

familiarizados com os direitos que lhes assistem no relacionamento com a

Administração Fiscal;

Melhoria contínua do serviço prestado aos contribuintes, quer ao nível das

instalações e equipamentos disponíveis, quer ao nível da permanente formação e

qualificação profissional dos quadros disponíveis;

Promover a proximidade da Administração Fiscal Regional com o cidadão, através

da disponibilização de meios de acesso e de comunicação ao contribuinte e de

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serviços da Administração Fiscal, mediante, designadamente, a criação de um site

informativo e de divulgação de informações legislativas, tributárias e fiscais e do

estreitamento do relacionamento formal e informal do contribuinte com a

Administração Fiscal através da criação do correio electrónico do contribuinte, com

valências ao nível da comunicação directa e ao nível informativo;

Reforço da aplicação do princípio da igualdade, da coerência e da transparência no

relacionamento com os contribuintes.

Identificar, positivamente e claramente, todas as receitas fiscais que nos termos da

Constituição da República, do Estatuto Político-Administrativo e da Lei de Finanças

das Regiões Autónomas são pertença da Região, e tomar todas as medidas

necessárias para que essas receitas revertam para os cofres regionais.

Adopção de medidas que potenciem o incremento da eficiência e da eficácia dos

serviços da Administração Fiscal regional, designadamente através:

Da promoção da desburocratização de procedimentos e da simplificação do

relacionamento com os contribuintes;

Da conclusão da modernização das instalações e equipamentos da Administração

Fiscal da Região;

Da continuação da uniformização dos serviços, designadamente em matéria de

imagem, layout, equipamentos e outros que, já com pouca expressão, ainda não

foram alvo dessa intervenção.

Operacionalização de mecanismos de gestão focalizados no aumento da eficiência e

eficácia dos serviços, concluindo o sistema centralizado de gestão de filas de espera,

permitindo desta forma controlar tempos de espera, quantificar a tipologia das

solicitações de que os serviços de finanças são alvo por parte dos contribuintes, do

controlo de gestão e objectivos e da informatização dos circuitos documentais.

Valorizar e qualificar os recursos humanos da Administração Fiscal, através da

formação, requalificação profissional e aquisição de novas competências, aumentando

o número de colaboradores afectos à área inspectiva e promovendo o aumento da

qualidade de resposta às solicitações dos agentes económicos:

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Reforço da capacidade técnica da equipa da administração fiscal regional;

Continuidade na tarefa de melhoria de eficiência e eficácia de procedimentos

tributários que impliquem petições dos contribuintes.

d.3. Fiscalidade

Implementar as medidas, de âmbito fiscal, decorrentes do Programa de Apoio

Económico e Financeiro a Portugal, no que à Região Autónoma da Madeira respeita,

nomeadamente através da implementação das necessárias alterações legislativas daí

subsequentes.

Medidas no plano legislativo:

o Continuidade e reforço dos procedimentos necessários para a inserção na

legislação fiscal nacional (v.g: CIRS, CIRC) de propostas de normativos que

clarifiquem o conceito de residência fiscal, as normas de determinação de

retenção na fonte e as regras orientadoras da imputação de receita à

circunscrição territorial a que esta legalmente pertence;

o Consagração expressa na Lei Geral Tributária (n.º 3 do artigo 1.º) da Direcção

Regional dos Assuntos Fiscais como integrando a administração tributária;

o Inserção de um princípio fundamental na Lei de Finanças das Regiões

Autónomas que consagra a obrigatoriedade de acesso integral, nos termos

legais, à base de dados de natureza tributária e financeira da administração

central do Estado, indispensáveis à correcta investigação e apuramento da

respectiva receita e despesa e combate à fraude e evasão fiscal.

e. Centro Internacional de Negócios da Madeira

O Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) constitui um instrumento de

fomento económico, de diversificação e internacionalização da economia da Região

Autónoma da Madeira da maior importância, contribuindo de forma decisiva para o

progresso e desenvolvimento regional.

Com efeito, constitui um dos poucos sectores de valor acrescentado disponíveis,

considerando a realidade económica, territorial e populacional de uma região pequena,

dependente do exterior e ultraperiférica que, apenas através de instrumentos de

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atractividade de investimento externo, prestação de serviços e internacionalização da

sua actividade económica, pode ultrapassar os constrangimentos próprios da sua

especificidade e dimensão.

Contribuindo de forma muito significativa, mesmo decisiva, para a empregabilidade

qualificada – actualmente 2800 postos de trabalho de forma directa e indirecta - e para

a economia regional em geral – representando cerca de 20% do PIB Regional - dada a

transversalidade dos efeitos reprodutores do investimento e serviços sedeados no

espaço regional, o CINM é claramente uma das prioridades estratégicas para a

Madeira e sua população, ainda mais se considerarmos também o elevado potencial

de receita fiscal que já hoje se concretiza e que se afigura exponencial – na ordem dos

140 milhões de euros ou seja, mais 20% da receita fiscal actual - com a entrada em

vigor do denominado Terceiro Regime já em 2012.

Nesse sentido, reveste-se de primordial importância o retomar no mais breve prazo

das negociações de Portugal com a União Europeia relativamente ao CINM, no

sentido de se assegurar e incrementar a sua atractividade e oportunidade, assim como

da sua competitividade relativa com outras Praças Internacionais, em particular no

espaço da União Europeia, dotando o regime madeirense de instrumentos fiscais

claramente competitivos e de condições para a manutenção das empresas aí

instaladas bem como para a atracção de novos investimentos e empresas, processo

determinante para o futuro da Madeira mas também da maior importância para todo o

país, revestindo-se esta iniciativa de crucial importância, constituindo mesmo um

desígnio nacional.

Com efeito, o CINM é indispensável ao futuro da Economia da Madeira, sendo um

factor primordial de estabilidade e desenvolvimento económico e social, do qual não

se pode prescindir, sob pena de comprometermos uma oportunidade irrepetível,

determinante para o processo de consolidação económica e financeira que agora se

desenvolve.

No plano do funcionamento e desenvolvimento do CINM, preconizamos:

Efectuar diligências e acções de sensibilização, quer junto de instâncias nacionais e

europeias, bem como de acções nacionais e internacionais junto dos potenciais

investidores, empresas e escritórios prestadores dos serviços de apoio e

consultoria, e “players” em geral, no sentido de assegurar que o CINM se mantém

competitivo, promovendo-o e incrementando essa competitividade;

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Nesse sentido, deverá ser equacionada a possibilidade de o CINM e os seus

promotores, integrarem missões ou delegações no âmbito económico e

promocional, de forma a ser divulgado também como parte integrante de uma

estratégia de divulgação e promoção da Região, assumindo um importante papel

ao nível de uma imagem de “business friendly” de todo o interesse para a captação

de novos investimentos para a Região;

Promover e incentivar no âmbito da Zona Franca Industrial a instalação de

empresas que utilizem processos inovadores, tecnologias avançadas e qualificação

dos seus Recursos Humanos beneficiando da proximidade da infra-estrutura

portuária, de forma a tornar compatíveis os custos de recepção e expedição dos

produtos com os benefícios fiscais que lhe estão associados;

Promover a captação e a instalação de sociedades de Serviços Internacionais

contribuindo assim para a criação de postos de trabalho que exijam efectivos de

elevada qualificação;

Garantir a permanência das sociedades financeiras existentes – ainda que num

regime fiscal diverso do actual, mas com a manutenção dos benefícios para os

seus clientes – considerada a sua importância enquanto instrumento de apoio e

suporte financeiro às empresas do CINM e decisivo contributo para a economia e

receita regional;

Assegurar a intervenção e afirmação do RIN-MAR – incluindo-o nas acções

promocionais - como registo de navios de elevada qualificação técnica e prestígio

internacional, permitindo a captação de novas unidades e a sua contribuição para a

divulgação externa do CINM e da Região Autónoma da Madeira com evidentes

contributos também sob o ponto de vista turístico;

Definir metas mensuráveis para a captação de investimento e de investidores,

reforçando sinergias com a Universidade da Madeira e com as Instituições públicas

e privadas com competências no sector empresarial.

f. Património

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A elaboração do inventário dos bens a rentabilizar é uma das principais tarefas que

temos de executar, pelo encaixe financeiro que daí pode advir.

O desenvolvimento dos serviços partilhados e a agilização dos processos

expropriativos são outras áreas a merecer atenção redobrada.

Principais medidas:

Proceder a um exaustivo levantamento de todos os imóveis utilizados pelos

serviços públicos da Região em regime de arrendamento, reequacionando-os em

função do património imobiliário próprio e da possibilidade da sua afectação ao

funcionamento desses serviços, com vista a redução de encargos e concessão de

valor e utilidade ao património público;

Elaborar uma carta de património no intuito de se concluir das estritas

necessidades da administração pública nesse domínio, promovendo a

reorganização do património existente e sua rentabilização, propondo a eventual

alienação de imóveis e terrenos que não se revelem indispensáveis, até sob forma

de incentivo ao investimento privado nessa área de oportunidade;

Desenvolver os procedimentos legais e organizacionais necessários à actualização

do cadastro e inventário de imóveis, funcionalidade e objectivo premente face à

nova realidade territorial e patrimonial resultante dos significativos investimentos

infra-estruturais e em equipamentos públicos que necessariamente alteraram o

património da Região em forma e titularidade;

Aplicar critérios de aquisição actuais e ajustados, que se traduzam em boas

práticas de gestão com vista a tornar o sistema de aquisições mais ágil, simples e

racional;

Implementar um sistema centralizado de aquisição de bens inventariáveis – Central

de Compras - correlacionado com o cadastro e inventário de bens móveis,

eliminando as aquisições efectuadas directamente pelos serviços;

Desenvolver um modelo de sistema de informação e controlo dos consumos de

bens e equipamentos, vulgo economato, monitorizando todos os serviços da

administração pública, incluindo Serviços e Fundos Autónomos, no sentido da

optimização da despesa com esses bens e equipamentos;

Centralizar a aquisição de veículos, optando por processos de aquisição mais

operacionais – nomeadamente alugueres de longa duração - com vista à redução

de custos com a utilização e manutenção da frota, promovendo a eliminação

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progressiva dos serviços de manutenção e reparação próprios que, com a evolução

tecnológica e complexidade técnica dos veículos e máquinas de hoje, se revelam

dispendiosos e obsoletos;

Privilegiar a via negocial no desenvolvimento do processo expropriativo

remanescente e regularizar os processos em curso;

Promover a proximidade dos serviços com os titulares dos imóveis expropriados,

designadamente com deslocações aos sítios e apoio na regularização dos registos

das situações prediais irregulares;

Desenvolver um projecto de articulação com todos os serviços envolvidos no

processo patrimonial e territorial com as subsequentes alterações dos registos que

acometem ao património urbano e rústico.

g. Inspecção Regional de Finanças

A actividade de controlo decorre da necessidade de assegurar uma boa gestão dos

dinheiros públicos e o cumprimento dos objectivos pretendidos pelo Governo.

Deste modo, e na vertente financeira, as actividades de inspecção garantem a boa

aplicação dos dinheiros públicos.

g.1. Inspecção financeira

O Governo Regional tem consciência da importância cada vez maior que assume a

gestão dos dinheiros públicos. De facto, se é verdade que os investimentos públicos

são essenciais ao desenvolvimento da Região, também não é menos verdade que a

forma como os mesmos são utilizados é importante para se poder aferir sobre a

eficiência e eficácia prosseguida na obtenção dos bens e serviços públicos e dos

investimentos efectuados.

Neste contexto, o Governo Regional continuará a dar um grande impulso à actuação

dos serviços relacionados com o controlo financeiro.

A utilização dos dinheiros públicos prende-se não só com a utilização estrita do

dinheiro e o cumprimento das disposições legais, regulamentares e instruções

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administrativas, como também com a boa gestão efectuada pelos dirigentes e

responsáveis dos serviços.

Esta necessidade de controlo é, aliás, uma exigência da própria democracia: compete

aos serviços de inspecção e controlo informar o Governo Regional, no interesse dos

cidadãos, sobre a boa utilização dos dinheiros públicos, assim como qual tem sido a

gestão dos dirigentes responsáveis por aquela utilização.

Este aspecto é reforçado nas situações de despesas co-financiadas pela União

Europeia, onde as disposições comunitárias obrigam os Estados-membros a realizar

controlos sobre os projectos, com vista, nomeadamente, a verificar a eficácia dos

sistemas de gestão e de controlo instituídos e a verificar de um modo selectivo, com

base numa análise de risco, as declarações de despesa.

O Governo Regional irá, assim, reforçar o controlo da aplicação de dinheiros públicos

nos organismos da administração pública regional, nas autarquias locais e nas

entidades que beneficiam de apoios do orçamento regional, incidindo,

designadamente, sobre:

A gestão financeira e patrimonial dos serviços da administração pública regional,

incluindo os institutos e fundos e serviços autónomos;

O sector público empresarial da Região;

As situações de utilização indirecta de dinheiros públicos, designadamente, o caso

das sociedades de capitais públicos e de instituições que beneficiam de apoios

financeiros do orçamento da Região;

A gestão financeira e patrimonial das autarquias locais, incluindo os serviços

municipalizados, e a associação de municípios e dos contratos-programa

celebrados com o Governo Regional;

Os projectos co-financiados pela União Europeia, designadamente, do Programa de

Desenvolvimento Rural da Região Autónoma da Madeira - PRODERAM.

As funções da Inspecção Regional de Finanças assumem ainda um papel fundamental

na fiscalização da implementação das medidas preconizadas no Programa de

Ajustamento da Região Autónoma da Madeira, sinalizando as infracções detectadas,

com vista à sua correcção, no escrupuloso cumprimento da lei.

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h. Informação Estatística

A informação estatística assume um papel muito importante na avaliação das políticas

públicas, sendo que as autoridades estatísticas têm vindo a ganhar um protagonismo

crescente com as competências que hoje têm no apuramento do Défice e da Dívida

Pública, no âmbito dos Procedimentos dos Défices Excessivos. A Direcção Regional

de Estatística não é excepção, sendo determinante que incremente a articulação com

o Instituto Nacional de Estatística (INE), de modo a assegurar a consistência de toda a

informação que produz, como meio de garantir a credibilidade dessa informação.

Medidas previstas:

Incrementar a articulação com o INE e com as entidades regionais com

competências nas áreas do orçamento e das finanças, com vista a assegurar o

rigor da informação sobre o Défice e a Dívida, e um acompanhamento contínuo das

empresas do SERAM que correm o risco de integrar o perímetro de consolidação

da Administração Pública;

Realizar um levantamento de toda informação estatística, actualmente

disponibilizada a nível regional por forma a aferir de todas as possibilidades ao nível

da recolha de informação e seu tratamento, desenvolvendo soluções técnicas e

funcionais, no sentido da simplificação e fiabilização do sistema estatístico regional

bem como da sua uniformização com as normas e procedimentos determinados a

nível nacional e internacional;

Promover a interacção e acesso com todos os serviços da administração pública,

cidadãos e empresas, bem como com todas as entidades, organizações sociais e

económicas, de forma a tornar célere e eficaz a recolha de informação que se

revelar necessária e oportuna;

Nesse sentido, desenvolver um sistema integrado de informação estatística oficial

para a Região Autónoma da Madeira que possibilite um adequado e abrangente

conhecimento da Região a diversos níveis e indicadores, nomeadamente,

demográficos, sociais, económicos, de desenvolvimento, ambientais e territoriais,

caracterizando a Região e a sua população, entidades, empresas e organizações,

proporcionando o acesso à informação e sua análise, seja por solicitação da

administração pública ou cidadãos e empresas.

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Incrementar e desenvolver um “site” estatístico regional, em articulação com o INE,

e na medida das disponibilidades orçamentais.

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IV – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

São objectivos a atingir e projectos a concretizar:

1. Dinamização do portal do Governo Regional, com aposta em novos serviços

electrónicos dirigidos a cidadãos e empresas;

2. Implementar um programa global de redução do papel na Administração

Pública, através da desmaterialização de documentos e respectiva circulação

e do fomento da utilização de documentos electrónicos:

a. Unificar o sistema de registo de correspondência em todos os organismos

da administração pública;

b. Dinamizar a utilização do email entre os departamentos da administração

pública, quer a nível de gabinetes, quer entre Direcções Regionais e outras

estruturas intermédias;

c. Criar formas de comunicação electrónica e desmaterializada de

formalização de procedimentos transversais (publicações no JORAM;

inscrições em acções de formação).

3. Reorganizar o back-office do Governo Regional e uniformizar procedimentos,

criando sistemas de gestão centralizados:

a. Em matéria financeira e de contabilidade;

b. No controlo e previsão de receita;

c. Dinamizando sistemas electrónicos de pagamento;

d. Criando um sistema centralizado de gestão de stocks, aprovisionamento e

de gestão das compras públicas do Governo Regional.

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4. Continuidade da aposta em iniciativas de reconhecimento de boas práticas na

Administração Pública, no âmbito da Excelência e certificação de Qualidade

de serviços.

5. Incentivar o intercâmbio de auditores internos entre organismos da

Administração Pública Regional certificados segundo a NP ISO 9001:2008,

tendo em vista a partilha de experiências, potenciando a melhoria contínua,

reengenharia de processos e satisfação dos stakeholders;

6. Apoio à implementação nos serviços públicos da Região de metodologias de

gestão que permitam a aplicação do modelo da CAF, com a consequente

definição de objectivos a atingir, quantificação e respectiva medição de

resultados atingidos, orientados para a satisfação do cidadão/cliente;

7. Reforço da legislação própria da Região, no âmbito do actual quadro

constitucional e estatutário e acompanhamento das medidas normativas

adoptadas a nível nacional;

8. Manutenção do reforço de competências dos trabalhadores em funções

públicas, através de formação profissional, dirigida a toda a Administração

Pública da Região;

9. Fomento de parcerias com entidades privadas (preferencialmente dotadas

do estatuto de utilidade pública), de modo a disponibilizar novos serviços de

utilidade para o cidadão, e ao mesmo tempo, aproveitando as contrapartidas

do estatuto da utilidade pública;

10. Criação de um espaço próprio destinado à formação profissional dos

trabalhadores da administração regional autónoma e local, de forma a

melhorar a qualidade dos serviços prestados neste domínio;

11. Tornar extensivo a toda a Administração Regional o quadro único dos

funcionários, de forma a permitir a mobilidade de recursos humanos entre

sectores e serviços “excedentários e deficitários”, salvaguardando os quadros

com carreiras específicas;

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V – ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

As iniciativas programadas neste âmbito são:

Reorganização do mapa dos serviços externos regionais dos registos e do

notariado mediante a anexação daqueles cujo escasso movimento e

rendimento assim o demandem, atenta ainda a imperiosa necessidade de

redução de custos de funcionamento, mas garantindo a comodidade de acesso

às populações mais distantes, atualmente propiciada pela rede viária, e a

prontidão do atendimento, também favorecida pela concentração dos recursos

humanos antes dispersos;

Reorganização dos mapas de pessoal dos diversos serviços externos

ajustando-os às necessidades atuais e futuras previsíveis, também decorrentes

da reorganização dos próprios serviços externos, por forma a evitar as

sucessivas mobilidades de pessoal para suprir lacunas que se vão revelando

estruturais, algumas das quais motivadas pelos regimes de provimento interino

dos lugares de conservador e que ainda se mantêm e cujo regime se aguarda

seja definitivamente revisto pelo Governo da Republica;

Ações de formação aos funcionários nas mais diversas áreas de atividade,

proporcionando-lhes as ferramentas indispensáveis à cabal prestação de um

serviço de qualidade aos cidadãos utentes;

Melhoria das condições de funcionamento dos Serviços, designadamente dos

imóveis onde se encontram instalados, dotando-os da necessária dignidade

para acolher os funcionários e prestar serviços aos cidadãos.

Sempre que possíveis no âmbito das suas atribuições, continuam a constituir

propósitos do Governo Regional:

Avançar na transferência das competências administrativas, logísticas e de

recursos humanos na área da administração dos Tribunais.

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Através da regionalização das competências que ao Estado competem na

administração da justiça e dos Tribunais, eliminar factores que são

responsáveis por atrasos e adiamentos nas diligências.

Colmatar a falta de recursos humanos em muitos dos Tribunais, bem como a

ausência de instrumentos de trabalho indispensáveis. Necessária formação

profissional para o seu correcto manuseamento e cabal exploração das suas

potencialidades.

Melhorar as condições físicas dos Tribunais, alguns deles sem acessos

adequados a cidadãos portadores de deficiência, subdimensionados para o

número de processos entrados, sem salas de audiências suficientes para a

pendência processual verificada, o que conduz à frequente utilização dos

gabinetes dos magistrados para a realização de diligências, sem a dignidade

exigida e a solenidade que deve caracterizar o acto.

Ou seja, transferir para a administração pública regional a direcção e a gestão

da organização dos meios humanos e materiais necessários ao desempenho

da máquina judicial.

Os limites que devem nortear a regionalização da administração da justiça são o do

respeito pela unidade nacional do sistema judicial e o da independência das

Magistraturas, tendo sempre em perspectiva o objectivo fundamental: melhorar o

desempenho e a eficácia dos serviços a favor do cidadão.

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VI – ENERGIA

A energia constitui um factor estratégico para o desenvolvimento da Região Autónoma

da Madeira, uma vez que suporta todas as actividades económicas e sociais, e tem

um peso significativo nas importações e na economia, com reflexos na

competitividade, no emprego e na qualidade de vida.

A procura de energia primária duplicou nos últimos 20 anos, embora tenha havido

recentemente uma estabilização do crescimento. A Região importa anualmente cerca

de 200 milhões de euros em combustíveis petrolíferos, a preços de importação

(excluindo impostos e margens de comercialização regionais). É uma factura que a

Região tem de pagar para assegurar o aprovisionamento da energia necessária às

suas actividades e ao desenvolvimento socioeconómico.

As especificidades de região insular ultraperiférica, distante das grandes redes

energéticas continentais, implicam custos mais elevados de aprovisionamento e

conversão, devido ao transporte e à menor escala dos mercados e infraestruturas,

afectando a competitividade. No entanto, estes sobrecustos fazem com que as

medidas de eficiência energética se tornem mais interessantes do ponto de vista

económico e sejam estratégicas para minimizar os efeitos do factor energia na

competitividade regional.

A nível europeu, o potencial global de redução da procura de energia através da

melhoria da eficiência é estimado em 20%. Esta redução pode ser alcançada através

de medidas economicamente viáveis, mantendo os níveis de serviço e conforto. Na

RAM, estima-se que o potencial da eficiência energética, em termos

macroeconómicos, seja de 40 milhões de euros por ano, a preços de importação, sem

incluir a transacção de licenças de carbono.

O investimento global a mobilizar pelos utilizadores de energia na eficiência

energética, no curto e médio prazo, será da ordem dos 280 milhões de euros,

investimento este que seria um factor dinamizador da economia regional e gerador de

emprego qualificado associado à construção, instalação, manutenção, assistência

técnica, consultoria, projecto e formação, entre outros serviços. Para além do

investimento inicial, existe também uma componente de serviços de carácter

permanente, pois a eficiência energética é um processo com continuidade.

O aproveitamento das energias renováveis, designadamente para a produção de

energia eléctrica e para usos finais, constitui também um factor de grande importância

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para reduzir a dependência do exterior em relação aos combustíveis fósseis e criar

emprego e valor acrescentado regional.

A estratégia adoptada para o sector eléctrico, de acordo com o Plano de Política

Energética da Região Autónoma da Madeira, tem permitido aumentar

significativamente a penetração das fontes de energia renováveis na produção de

electricidade, como se pode constatar nos resultados dos últimos anos (13%, 14%,

22% e 26%, respectivamente, em 2007, 2008, 2009 e 2010).

A continuação desta estratégia, face ao carácter intermitente de algumas fontes de

energia renováveis e às características insulares do sistema eléctrico, implica a

dotação de infraestruturas de armazenamento, através de sistemas hidroeléctricos

reversíveis, bem como a instalação de equipamentos para assegurar a estabilidade

dinâmica da rede eléctrica.

A gestão da procura de energia eléctrica, no sentido de atenuar os picos de procura

nas horas de ponta e transferir consumos para horas de vazio, permite reforçar a

capacidade de integração das energias renováveis.

Da mesma forma, a aposta na mobilidade eléctrica, para além dos benefícios

ambientais em meio urbano e da melhoria da eficiência energética, permite uma maior

participação das energias renováveis, uma vez que os carregamentos de baterias são

efectuados preferencialmente no período nocturno, quando as tarifas são mais

favoráveis.

Para uma intervenção no domínio da energia sustentável, através da melhoria da

eficiência e da integração dos recursos endógenos, o planeamento a médio e longo

prazo é uma peça fundamental, concertando as diversas políticas sectoriais, como a

habitação, o ordenamento do território, os transportes, o turismo e o ambiente.

A Região Autónoma da Madeira subscreveu, em Abril de 2011, o Pacto das Ilhas para

a energia sustentável, que é uma iniciativa voluntarista da União Europeia para

melhorar a eficiência energética e promover as fontes de energia renováveis nas

regiões insulares, de modo a reduzir as importações de combustíveis fósseis e as

emissões de dióxido de carbono.

Através da adesão ao Pacto das Ilhas, a Região estabeleceu como seu grande

objectivo atingir uma redução de mais de 20% das emissões de CO2 até 2020, em

relação a 2005, nas Ilhas da Madeira e Porto Santo. Para o efeito a Região está a

desenvolver os Planos de Acção para a Energia Sustentável das Ilhas da Madeira e do

Porto Santo, que assentam numa política de eficiência energética e valorização de

recursos energéticos endógenos.

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OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS PARA O SECTOR:

Garantir a segurança do aprovisionamento de energia.

Assegurar a sustentabilidade económica e ambiental do sector.

Assegurar a qualidade dos serviços energéticos.

Contribuir para a criação de emprego e valor acrescentado regional.

Contribuir para a competitividade da economia regional.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS PARA O SECTOR:

Melhorar a segurança do aprovisionamento de energia (expresso em: dias de

autonomia de armazenamento de energia primária importada).

Reduzir a dependência do exterior (expresso em: energia importada/procura

total de energia primária).

Reduzir a intensidade energética no Produto Interno Bruto (expresso em:

tep/Meuro).

Reduzir as emissões de dióxido de carbono (expresso em: toneladas de CO2).

MEDIDAS A IMPLEMENTAR:

Construção de infraestruturas para a diversificação das fontes de energia,

incluindo a introdução de combustíveis alternativos ao petróleo,

designadamente biocombustíveis e gás natural.

Aumento da capacidade de armazenamento de energia no sistema eléctrico,

para maximizar a penetração de energias renováveis.

Melhoria das redes de transporte e distribuição de energia eléctrica, para

promover a fiabilidade e a eficiência, bem como o desenvolvimento de redes

inteligentes.

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Aumento da produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis

(hídrica, eólica, solar, biomassa e outras).

Implementação de um programa regional de eficiência energética nos edifícios

públicos, enquadrado no Sistema Nacional de Certificação Energética e da

Qualidade do Ar Interior nos Edifícios.

Implementação de um programa regional de eficiência energética na

iluminação pública e de um plano director regional para a adopção de boas

práticas neste domínio.

Desenvolver acções de promoção da eficiência energética e das energias

renováveis junto dos utilizadores finais, em particular, no sector doméstico,

hotelaria, comércio, serviços e indústria, tendo em consideração o

enquadramento regulamentar aplicável nestes domínios aos edifícios e aos

consumidores intensivos de energia.

Melhoria da eficiência energética nos transportes públicos e em frotas públicas

e privadas.

Desenvolvimento e implementação de um plano estratégico para a mobilidade

eléctrica sustentável.

Avaliação de oportunidades de aplicação de novas tecnologias eficientes e de

novas fontes de energia renováveis (geotermia induzida, eólica off shore,

ondas, correntes marítimas e outras).

Promoção da investigação, demonstração, inovação e cooperação na área da

eficiência energética e das energias renováveis.

Criação de instrumentos regulamentares e dotação de meios técnicos e

financeiros para a implementação dos Planos de Acção para a Energia

Sustentável.

Adopção de mecanismos que contribuam para assegurar a sustentabilidade

social, a fiabilidade e a competitividade do sector eléctrico, através da

manutenção da convergência tarifária e de sistemas tarifários adequados, que

induzam a eficiência e assegurem a protecção de consumidores vulneráveis,

no âmbito da regulação e competências exercidas pela entidade reguladora.

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VII-TRANSPORTES

a. Realidade Actual

Enquanto Região Insular e Ultraperiférica, a Madeira depara-se com condicionalismos

de vária ordem quando se trata de estabelecer relações com o exterior. A dependência

estrutural da sua economia face ao exterior, tanto em termos do seu abastecimento

como no escoamento das exportações, a elevada componente turística da economia

regional e as necessidades de deslocação da população residente, tornam vital a

eficiência dos transportes marítimos e aéreos que servem o arquipélago.

Em consequência da liberalização aérea entre a Região e o continente português, o

acesso ao mercado é, hoje, livre para qualquer companhia aérea europeia que

pretenda realizar ligações aéreas que considere economicamente vantajosas, com

tarifários que não têm quaisquer limitações e que decorrem do normal funcionamento

das leis de mercado.

Cabe ao Estado a obrigação de respeitar, efectivamente, o “princípio da continuidade

territorial”, exercendo o princípio da solidariedade, através do suporte dos custos das

desigualdades derivadas da insularidade e ulraperiferia no respeitante aos transportes.

No que toca às acessibilidades internas e ainda que a Região Autónoma da Madeira

possua um sistema de transportes terrestres consolidado e devidamente adaptado à

realidade regional, que genericamente satisfaz as necessidades de deslocação de

pessoas e mercadorias, em condições de segurança, rapidez e comodidade, há

desafios que hoje se colocam no que respeita à mobilidade, à sustentabilidade e à

qualidade do serviço público e, bem assim, no que toca à organização e gestão do

sistema de transportes, relativamente aos quais se procurará adoptar as melhores

soluções.

Ainda no domínio dos transportes, promover-se-ão medidas que assegurem, por um

lado, a optimização das estruturas existentes e, por outro, a privatização de áreas e

serviços, salvaguardando-se o interesse público regional em causa.

b. Transportes Aéreos

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No que respeita aos Transportes Aéreos, importa agora assegurar a racionalização e o

máximo aproveitamento das novas facilidades aeroportuárias da Madeira e do Porto

Santo.

Promover-se-á a revisão anual do valor do subsídio atribuído aos passageiros que

viajem entre a Madeira e o continente português, situação em que os órgãos de

Governo da Região Autónoma da Madeira serão envolvidos nos termos legais. O

Governo Regional procurará realizar estudos, com vista à actualização do valor em

vigor, desenvolvendo, simultaneamente, todas as acções para que a concorrência

seja efectiva nestas rotas.

É reconhecida a dupla insularidade que recai sobre a Ilha de Porto Santo, que

condiciona a mobilidade dos residentes e o acesso dos visitantes. Para além das

obrigações que se impõe adoptar nos termos dos princípios e da lei, quer em

qualidade de serviço quer no preço do transporte, importa atender às

especificidades próprias da Ilha, implementando uma política de incentivos à

comercialização dos produtos, mantendo acautelados os interesses dos

residentes.

Manter-se-á a politica de dinamização promocional junto dos mercados turísticos,

através de acções que se revelem fundamentais à manutenção e criação de rotas

e através de uma promoção que será desenvolvida junto do consumidor final, dos

operadores turísticos e das companhias aéreas.

A modernização dos modelos de negócio e de financiamento que sustentam a

exploração das infra-estruturas aeroportuárias da Madeira e do Porto Santo será

outra das prioridades deste mandato, no sentido de que estas possam contribuir,

efectivamente, para a melhoria da competitividade do destino.

Simultaneamente, importa que, junto da União Europeia, se continue a procurar

mecanismos de financiamento que atenuem as desvantagens das Regiões

Ultraperiféricas, no contexto europeu.

c. Transportes Marítimos

Na área dos Transportes Marítimos, mantém-se como primordial a necessidade de

garantir a acessibilidade de embarcações, pessoas e mercadorias de e para a Região,

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em adequadas condições de segurança, regularidade e continuidade, sem descurar a

qualidade do serviço ao menor custo possível.

Em termos estratégicos, pretende-se dotar a RAM de um sector marítimo portuário

competitivo, que se assuma como motor de desenvolvimento e de atracção ao

mercado internacional.

A capacidade e função comercial dos Portos da Madeira, tanto na perspectiva do

movimento de mercadorias quanto no que respeita ao turismo de cruzeiros,

deverão ser aumentadas e reforçadas, até para fazer face ao crescimento dos

últimos anos.

O modelo de exploração portuária deverá ser reajustado, mantendo o regime de

livre acesso e melhorando a eficiência da operação portuária. Por outro lado,

importa que se aposte na eficiência e na redução do custo do transporte marítimo

de mercadorias, dada a crucial e decisiva importância para um arquipélago que

importa 95% do consumo e exporta grande parte da sua produção.

O transporte marítimo de passageiros entre a Região e o exterior deverá continuar

a ser incentivado. Por outro lado, maximizar e incentivar a qualidade do transporte

marítimo existente entre as duas ilhas será uma das prioridades para os próximos

quatro anos.

Insistir-se-á, junto do Estado, na atribuição do subsídio de mobilidade social aos

passageiros que optem por este meio de transporte, nas suas deslocações entre a

Madeira e o continente português, uma reivindicação que continua por

implementar por parte do Governo da República, apesar de aprovada.

As novas infra-estruturas criadas e potenciadoras do turismo de cruzeiros,

nomeadamente a nova Gare Marítima da Madeira, deverão ser maximizadas e

rentabilizadas.

Ainda no que respeita ao turismo de cruzeiros, apostar-se-á na captação de mais

escalas para a ilha do Porto Santo.

Será dado seguimento ao desenvolvimento de programas de monitorização

ambiental nos portos da RAM e de segurança marítima, dando igualmente

continuidade ao desenvolvimento de modelos de gestão integrada de todo o

sector, dinamizando a promoção dos cruzeiros, da náutica de recreio, das

actividades marítimo turísticas e de uma política de transporte de mercadorias

adequada às necessidades da Região.

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d. Transportes Terrestres

A mobilidade sustentada e a qualidade do serviço público de transporte, aliada a

critérios de racionalidade económica, de sustentabilidade energética e de preservação

ambiental, serão, nos próximos quatro anos e em continuidade ao que tem sido a

estratégia para o sector dos transportes terrestres, pilares essenciais das politicas

publicas que venham a materializar-se durante o presente mandato.

Assegurar uma gestão criteriosa e racional da rede de transportes públicos

colectivos de passageiros, que proporcione ganhos de eficiência e eficácia, sem

colocar em causa a qualidade dos serviços prestados e a manutenção da

adequada cobertura espacial, com ligações às localidades envolventes e principais

zonas de actividade económica.

Continuar a promover a utilização do transporte público regular colectivo de

passageiros, assegurando a existência de apoios públicos, consubstanciados em

indemnizações compensatórias aos concessionários. Apoios que, na base de

regras devidamente claras e de uma fiscalização em conformidade, permitam que,

na Região, o custo efectivo do transporte não seja integralmente suportado pelos

utentes, apresentando-se uma diferenciação no tarifário geral com tarifas

reduzidas para os segmentos mais carenciados da população.

Promover a implementação de Sistemas que optimizem o desenvolvimento e a

integração dos transportes urbanos e interurbanos na Região.

Suster o aumento do tráfego automóvel nas cidades e centros históricos e apostar

nos transportes alternativos, contribuindo para uma mobilidade sustentável que

traduza benefícios individuais e colectivos mas, também, para a própria imagem da

Madeira, enquanto destino turístico, respeitador e amigo do ambiente.

Promover a adaptação da legislação comunitária e nacional sobre o sector dos

transportes terrestres, tendo em conta as especificidades da Região e,

concretamente, da sua economia.

Assegurar a tendência de diminuição da sinistralidade rodoviária na Região,

mantendo, para o efeito, a estratégia de promoção de segurança rodoviária, em

especial junto das novas gerações de utilizadores da via, em permanente

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cooperação e concertação com as entidades intervenientes na formação dos

condutores, na gestão das vias, na segurança dos veículos, no transporte de

pessoas ou mercadorias e junto das entidades com competência fiscalizadora do

trânsito.

Apostar na continuidade e reforço dos meios de contra-ordenação rodoviária, com

vista à obtenção de ganhos de eficácia, eficiência e segurança.

Continuar e reforçar a politica do transporte infantil em segurança, promovendo

esta como uma das áreas prioritárias em matéria de mobilidade na Região.

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VIII – ECONOMIA

O trajecto de crescimento e desenvolvimento económico percorrido pela Região e a

conjuntura vigente, marcada por uma crise económica, financeira e política, em

particular no seio da União Europeia, determinarão, necessariamente, modelos de

governação distintos do passado.

Em tempo, aproveitando exemplarmente os recursos financeiros que a Região tinha

ao seu dispor, promoveram-se as infra-estruturas fundamentais em matéria de

acessibilidades, de saúde, de educação e de habitação. Deram-se, igualmente,

passos importantes no domínio do imaterial, facto que significou também o alcançar de

um certo patamar de evolução, uma adequação do modelo de desenvolvimento, um

ajustamento face às fontes de financiamento e a materialização do Plano de

Desenvolvimento Económico e Social 2007-2013, ao qual importa dar continuidade

tendo presente os constrangimentos actuais, bem como as previsíveis consequências

que daí advirão.

As principais economias europeias apresentam crescimento reduzido e as periféricas,

a braços com a tão propalada crise da dívida soberana, negativo. O sistema financeiro

destes países está extremamente enfraquecido e vulnerável, circunstância que tem

conduzido a enormes restrições no acesso ao crédito e, como tal, aos meios que as

empresas necessitam para a continuidade e expansão das suas actividades.

A Região é obviamente afectada por este enquadramento, mas também segura de ter

construído fundações económicas e sociais capazes de superá-lo. Estamos

confrontados com um cenário difícil que exigirá eficiência e o encontrar de argumentos

e factores diferenciadores que permitam a diversificação, afirmação e sustentação da

economia madeirense. Para o efeito, entre outras medidas que adiante serão melhor

explicitadas, implementar-se-ão várias iniciativas promotoras do empreendedorismo,

da inovação, da internacionalização e da captação de investimentos do exterior.

a. Comércio

O sector do comércio contribui com 21,95% para a formação do Valor Acrescentado

Bruto. A contribuição do sector no volume de negócios regional é de 41,8%,

abrangendo 21,37% do total das empresas regionais e 20,56% da população activa.

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O sector confronta-se permanentemente com novos desafios, desde a abertura de

médias e grandes superfícies, até ao aparecimento de diferentes formas de comércio,

como é o caso do franchising, do comércio electrónico e da especialização de

estabelecimentos comerciais, o que implicou alterações profundas nas práticas de

aquisição dos consumidores.

Estas transformações obrigaram as empresas comerciais a um esforço acrescido de

modernização e de reforço permanente dos seus factores de competitividade, pelo

que, muitas empresas desenvolveram projectos de modernização dos seus

estabelecimentos, adoptando novos conceitos no fornecimento de serviços, associada

a formação profissional dos seus colaboradores.

O reforço do sector passa por implementação de eixos de actuação estratégica

integrada, em que deverão intervir diversas entidades, nomeadamente o Governo

Regional, as Câmaras Municipais e as Associações Empresariais.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS PARA O SECTOR:

Favorecer a crescente motivação dos actores regionais para os domínios da

inovação, da promoção, do empreendedorismo e do desenvolvimento de uma

sociedade baseada no conhecimento;

Reforçar a competitividade do sector comercial, em especial das pequenas e

médias empresas, como forma de consolidação da base económica regional,

através do fortalecimento do tecido empresarial e a valorização/qualificação do

potencial humano;

Garantir as medidas de apoio ao aprovisionamento de mercadorias à Região;

Optimizar as vantagens resultantes dos significativos benefícios ao

abastecimento em aplicação do regime comunitário POSEI, instituído para as

Regiões Ultraperiféricas;

Modernizar os níveis de informação das empresas, contribuindo para o

desenvolvimento empresarial.

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MEDIDAS A IMPLEMENTAR:

Colaborar com as estruturas associativas empresariais na implementação de

acções que promovam o estímulo da inovação e da aplicação dos factores

dinâmicos da competitividade;

Promover acções e campanhas de comunicação, que gerem maior

atractividade pelo comércio tradicional, potenciando a sua imagem junto ao

consumidor;

Estimular a qualificação do sector comercial com o objectivo de atingir níveis de

excelência na actividade comercial, implementando sistemas de controlo e

certificação da qualidade;

Apoiar o investimento privado, no domínio do sector comercial e dos serviços

privilegiando a inovação o empreendedorismo e a qualidade;

Gerir com eficácia o licenciamento do comércio externo, dos regimes de

importação e dos sistemas de duplo controlo ou vigilância comunitária prévia;

Simplificar os procedimentos para a importação ao abrigo do Regime

Específico de Abastecimento, nomeadamente, implementando um sistema de

gestão global que gere simultaneamente as quantidades e os montantes das

ajudas, bem como a disponibilidade de certificados de importação e respectivos

pedidos de importação Posei (PIP) electrónicos;

Conceber uma aplicação estatística Web, que permita analisar a evolução dos

preços, respectivas margens comerciais dos produtos agrícolas e dos produtos

da indústria agro-alimentar, desde a sua produção / aquisição / transformação,

até à sua comercialização junto ao consumidor final;

Promover a internacionalização da economia regional como uma opção

fundamental para o reforço da sua capacidade competitiva, através da

captação de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), da atracção de

competências externas e da internacionalização das empresas regionais;

Simplificar do ponto vista administrativo e ao nível da desmaterialização dos

procedimentos que se apresentam necessários ao licenciamento das

actividades abrangidas pela Directiva Serviços, reduzindo deste modo, custos

de contexto;

Modernizar os sistemas de informação sobre a malha comercial da RAM;

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Criar condições que visem a modernização e a revitalização da actividade

comercial, em especial, em centros de comércio com predomínio do comércio

independente de proximidade, bem como a promoção de acções dirigidas ao

comércio;

Implementar medidas de estímulo à adopção de padrões e práticas de

consumo mais sustentáveis.

Manter actualizado o Plano de Abastecimento da RAM.

b. Indústria

Apesar da dimensão do território, o sector industrial que engloba a construção civil e

obras públicas, possui alguma expressão na criação de valor acrescentado e no

emprego.

O sector secundário corresponde cerca de 16,8 % ao nível do Valor Acrescentado

Bruto (VAB), ocupando aproximadamente 23 % da população empregada.

O tecido industrial é pouco diversificado, sendo os principais sectores a indústria agro-

alimentar e alimentar, trabalhos em madeira e metal, para além de actividades

produtivas locais de base artesanal.

A estrutura das unidades industriais são na sua maioria de pequena dimensão e

orientadas para o mercado local.

A indústria regional enfrenta diversas dificuldades que constituem condicionantes do

crescimento e do desenvolvimento industrial. È o caso da reduzida dimensão do

mercado regional; da escassez de matérias-primas; da predominância de pequenas

empresas; do custo acrescido dos factores de produção; da inadequação dos

processos de gestão e das insuficiências no conhecimento e acesso aos mercados.

Assim, a estratégia delineada para o desenvolvimento da indústria regional, deve de

passar pela captação de investidores, nomeadamente os que contribuam para a

modernização do tecido industrial, com o recurso à utilização das TIC`s e recursos

humanos qualificados.

Deve ainda ser estimulado as parcerias de I&D entre entidades diversas,

designadamente instituições de investigação e empresas.

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Tendo em vista a diversificação da oferta de serviços on-line aos cidadãos, os

processos administrativos deverão ser modernizados, através da introdução de

práticas suportadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação.

Nos últimos anos a evolução do sector tem sido positiva, principalmente no

concernente às indústrias dominantes da Região. Novas unidades industriais têm sido

instaladas nos Parques Empresariais, contribuindo assim para a dinamização do

tecido produtivo.

Não obstante este desenvolvimento positivo, constata-se ser ainda necessário

continuar a incentivar o investimento produtivo, promovendo a criação, expansão e

modernização do tecido empresarial, tendo em vista a dinamização da base produtiva

regional.

Os tempos que vivemos actualmente implicam que as empresas estejam

permanentemente atentas à mudança. As palavras chave passam pela diversificação

de mercados, por fazer uma leitura inovadora das preferências e gostos dos

consumidores e de possuir uma capacidade para se posicionarem estrategicamente,

visando responder com qualidade aos mercados. Deste modo, é importante criar nas

empresas uma Cultura de Serviço e Competitividade.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS PARA O SECTOR:

Dinamizar a actividade industrial, aumentando a competitividade do sector;

Promover e reforçar a legalização dos estabelecimentos industriais, através da

sensibilização dos agentes económicos.

Facilitar e estimular o desenvolvimento da acção empresarial simplificando e

empreendendo maior celeridade nos processos de licenciamento;

Promover a utilização por parte das empresas de recursos humanos

qualificados como principal factor produtivo, contribuindo assim para o

desenvolvimento do sector empresarial da Região;

Contribuir para uma política de ordenamento do território equilibrada e de

desenvolvimento sustentado, procedendo à regulação da produção de inertes;

Valorizar e divulgar o património geológico da Região;

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Salvaguardar e reforçar a segurança das infra-estruturas e equipamentos,

nomeadamente ao nível dos equipamentos sob pressão e cisternas;

MEDIDAS A IMPLEMENTAR:

Fomentar o investimento em investigação e desenvolvimento (I&D), permitindo

às empresas ter um acesso privilegiado ao conhecimento e como tal na criação

de valor económico;

Promover o empreendedorismo qualificado e a modernização das empresas;

Manter e aprofundar os sistemas de incentivo ao investimento privado,

flexibilizando a sua aplicação e abrindo novas áreas e domínios de apoio, em

função das novas oportunidades subjacentes à dinâmica produtiva;

Desenvolver sistemas de informação de suporte (ao nível do licenciamento,

responsáveis técnicos de pedreiras, entre outros), através do uso das

tecnologias de informação e comunicação, de modo a agilizar e desmaterializar

a comunicação com os cidadãos e agentes económicos.

Colaborar no reordenamento territorial, apoiando a deslocalização de unidades

industriais inseridas em centros urbanos, com conflitos de uso, nomeadamente

congestionamento de tráfego, inexistência de condições de segurança e saúde

no trabalho, para locais adequados, como sejam os Parques Empresariais;

Realizar acções de dinamização e sensibilização relativamente ao processo de

licenciamento industrial, nomeadamente junto dos agentes económicos,

Autarquias, Associações empresariais e Organizações sectoriais;

Apoiar e acompanhar directamente os empresários, informando dos requisitos

mínimos de laboração, bem como das disposições legais e regulamentares

aplicáveis, permitindo assim um acompanhamento directo e proporcionando

um clima de proximidade com os agentes económicos;

Estabelecer parcerias com entidades privadas e, com isso, suscitar dinâmica

económica e empresarial nos respectivos sectores;

Simplificar os processos de licenciamento, reduzindo deste modo, os custos de

contexto.

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c. Qualidade

Face aos novos desafios que se nos colocam nos dias de hoje, não temos dúvidas em

afirmar que a Qualidade é uma condição necessária à competitividade e tem efeitos

directos na produtividade, uma vez que não é possível desenvolver estratégias

empresariais ou organizacionais, baseadas em produtos ou serviços que não possuam

atributos intrínsecos para satisfazer as necessidades e expectativas dos

consumidores, dos clientes ou dos utilizadores.

A qualidade, principalmente quando apoiada em sistemas que garantam o controlo e a

gestão de forma organizada dos seus processos, constitui uma plataforma facilitadora

de outras estratégias, assumindo-se como uma medida segura para a melhoria

contínua e a excelência empresarial.

No decurso destes anos tem havido uma forte aposta por parte do Governo Regional,

no sentido de dinamizar, sensibilizar e acompanhar esta temática da Qualidade na

Região. Os bons resultados alcançados são sinónimo disso. De qualquer forma temos

plena consciência que apesar da forte aposta, temos a responsabilidade de continuar

a promover, sensibilizar, assegurar e liderar a criação de um ambiente favorável ao

crescimento da Qualidade na RAM, estimulando-o e dando sinais claros da

importância estratégica que lhe atribui. Compete igualmente ao Governo Regional

coordenar as diferentes actividades e a monitorização dos resultados alcançados, bem

como reconhecer publicamente os bons exemplos e práticas identificadas.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS PARA ESTE DOMÍNIO:

Assunção da Qualidade como pilar fundamental do desenvolvimento

sustentado da RAM;

Aumento da competitividade da RAM por via do reforço da Qualidade,

Excelência e Inovação;

Contribuição para a melhoria da qualidade de vida, satisfação e optimismo dos

cidadãos

Melhoria contínua da qualidade do trabalho e dos serviços públicos prestados e

do atendimento ao cliente;

Criação de efeito demonstrador na Administração Pública ao nível da

qualidade, modernização e simplificação.

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MEDIDAS A IMPLEMENTAR:

Manter a implementação das acções estruturantes da Estratégia Regional da

Qualidade, bem como proceder à sua actualização em sintonia com os novos

desafios que se colocam à RAM, por forma a que a Região continue a liderar

esta temática a nível do nosso país.

Proceder à actualização periódica do Barómetro Regional da Qualidade com o

intuito de medir o grau de excelência existente na RAM, traçar objectivos

quantificados de progresso, e monitorizar a eficácia dos planos de acção

implementados e das intervenções concretizadas;

Dar continuidade à campanha de sensibilização centrada na promoção de uma

cultura da Qualidade através de diversas iniciativas, nomeadamente,

sensibilização nas escolas, realização de concursos e elaboração de material

promocional;

Manter actualizado o Portal da Qualidade, onde consta o directório regional

que identifica as personalidades e organizações com intervenção marcante ao

nível da Qualidade na RAM, bem como todo o tipo de iniciativas desenvolvidas

a este nível;

Criar um Modelo de Gestão da Qualidade da Administração Pública, por forma

a disseminar as experiências bem sucedidas, de implementação de sistemas

de gestão da qualidade e sua certificação em vários Organismos Públicos

Regionais e Locais, bem como elaborar um “Manual de Boas Práticas” capaz

de orientar a implementação dos processos de gestão;

Consolidar as áreas de actuação em curso no Laboratório de Metrologia da

Madeira e alargar a sua actividade a novas áreas de intervenção, tendo em

vista prestar um melhor serviço ao cidadão;

Manter a acreditação do Laboratório de Metrologia da Madeira, no sentido de

garantir aos seus clientes e aos cidadãos em geral o reconhecimento da

competência técnica, bem como a qualidade dos serviços prestados e dos

equipamentos utilizados;

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Realizar acções de promoção da Qualidade, nomeadamente acções de

sensibilização, informação e formação sobre esta temática, das quais se

destacam a sensibilização para a metrologia, assim como para a

implementação de sistemas de gestão da qualidade;

Manter e aprofundar os sistemas de incentivos ao investimento privado nas

áreas da Qualidade, Inovação e Empreendedorismo;

Manter a certificação ISO 9001:2008 do sistema de gestão da qualidade da

Direcção Regional de Comércio, Indústria e Energia, bem como a

implementação dos níveis de excelência do modelo da EFQM (European

Foundation for Quality Management), de modo a criar um efeito demonstrador

e multiplicador junto de outras entidades regionais. Esta medida passa por

aumentar a satisfação dos clientes e promover o envolvimento e a motivação

dos colaboradores.

d. Empreendedorismo e Inovação

Neste âmbito, a actuação consistirá:

Na educação para o empreendedorismo, com uma abordagem

extremamente pratica que vise a alteração de comportamento bem como a

introdução de conceitos chave da área empresarial, envolvendo um vasto

número de alunos que frequentam diversos níveis de escolaridade dos

estabelecimentos de ensino da Região;

Na disponibilização de programas de intercâmbio de experiências, práticas

e aprendizagem entre novos empreendedores e empreendedores

experientes europeus contribuindo para o reforço do espírito empresarial,

incremento da competitividade e da internacionalização da actividade das

PME regionais e europeias;

Na optimização das relações do “eco sistema” empreendedor na RAM que

possibilite optimizar os apoios existentes ao nível governamental e um

melhor e mais organizado suporte aos empreendedores ou publico em

geral interessado nestas matérias;

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No apoio dinâmico às empresas nascentes com necessidades particulares

quer ao nível das áreas operacionais bem como do funcionamento e do

financiamento;

No desenvolvimento de acções de comunicação específicas com vista à

promoção do empreendedorismo, inovação e criatividade;

No que concerne à inovação, canalizar-se-ão esforços para:

Uma maior envolvência das empresas locais no tema da inovação através da

implementação de um programa específico regional que vise a implementação

de sistemas de gestão ID+i (Investigação, Desenvolvimento e Inovação);

A promoção de projectos inovadores articulados com as áreas estratégicas

definidas no Plano de Desenvolvimento Económico e Social: as tecnologias de

informação e comunicação, a energia e o ambiente e o turismo e outras de

interesse regional, tendo em atenção a capacidade que as TIC oferecem de

desenvolver nichos de mercado e aceder a mercados internacionais;

e. Incentivos e Promoção de Condições Favoráveis ao Investimento e à

Internacionalização

No quadro das políticas de apoio empresarial serão disponibilizados instrumentos

específicos para estimular o investimento, a internacionalização, melhorar o ambiente

financeiro para os negócios e ainda atenuar os sobrecustos de funcionamento que

caracterizam as empresas localizadas em regiões ultraperiféricas, nomeadamente

através das seguintes intervenções:

a) Sistemas de incentivos ao Investimento para apoio ao:

Empreendedorismo;

Inovação Empresarial;

Desenvolvimento Tecnológico;

Sociedade do Conhecimento;

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Tecnologias de Informação e Comunicação;

Qualidade, Ambiente e Energia;

Internacionalização;

Captação Investimento Directo Estrangeiro

Requalificação Urbana;

E ainda aos Investimentos estruturantes, que passará pela

operacionalização do Sistema de Reconhecimento e Acompanhamento de

Projectos Estruturantes Regionais (PER) que permitirá a mais célere

tramitação dos projectos, mediante o estabelecimento de novas formas de

relacionamento e articulação entre as múltiplas entidades intervenientes

nos processos de autorização e licenciamento e mediante a simplificação e

agilização da tramitação administrativa dos processos.

b) Instrumentos de engenharia financeira que visem melhorar o ambiente

financeiro dos negócios nomeadamente através:

Da consolidação da participação da região no Sistema de Garantia Mútua

Português;

Lançamento/reforço de linhas de crédito bonificadas para as empresas;

Participação da região no capital de um Fundo de Capital de Risco.

c) Sistema de Incentivos ao funcionamento criado para comparticipar as

despesas de exploração das, micro, pequenas e médias empresas regionais

com o objectivo de esbater os sobrecustos da actividade económica derivados

da condição de região ultraperiférica.

d) Promoção da instalação e fixação das empresas nos parques empresariais,

nomeadamente através da intensificação dos instrumentos de apoio (carácter

financeiro, fiscal e principalmente através da simplificação administrativa dos

processos de licenciamento industrial com a consequente redução dos custos

de contexto).

e) Política de apoio à Internacionalização

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Para este efeito, será criado um sistema de incentivos específico que se

traduzirá em apoios:

Ao registo inicial de domínios e fees associados à domiciliação da aplicação

em entidade externa, adesão a marketplaces e outras plataformas electrónicas,

criação e publicação de catálogos electrónicos de produtos e serviços, bem

como a inclusão e ou catalogação;

Acesso a conhecimentos (consultadoria) para a execução do projecto,

designadamente a contratação de estudos de mercado e de estratégia de

internacionalização;

Assistência técnica e consultoria direccionada para a estratégia de

internacionalização e destinadas à elaboração de estudos de viabilidade,

estudos relacionados com a modernização de sectores económicos e

regionais, assim como consultoria destinada à modernização da empresa de

carácter económico, em países de especial interesse para as empresas da

RAM;

Despesas relacionadas com a promoção internacional, designadamente

alugueres de equipamentos e espaço de exposição, contratação de serviços

especializados, deslocações e alojamento e aquisição de informação e

documentação específica relacionada com a promoção internacional que se

enquadrem no âmbito das seguintes acções:

- de prospecção e presença em mercados externos, designadamente

prospecção de mercados, participação em concursos internacionais,

participação em certames internacionais nos mercados externos, acções de

promoção e contacto directo com a procura internacional;

- de promoção e marketing internacional, designadamente concepção e

elaboração de material promocional e informativo e concepção de

programas de marketing internacional.

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IX- TURISMO

a. Realidade Actual

O Turismo assume uma importância vital no desenvolvimento e na estabilidade

económica, social e cultural da Região Autónoma da Madeira. Sendo um dos

principais motores da sua economia, integra, hoje, um sem número de oportunidades

que, devidamente maximizadas, podem afirmar-se como um complemento essencial

ao progresso que é desejável para a Madeira, nos próximos anos.

A estratégia e as grandes linhas de desenvolvimento que têm orientado o sector

turístico regional, assentam na valorização do potencial turístico da Madeira, numa

perspectiva integrada, sustentável e de consolidação das características de destino de

qualidade, diferenciado no quadro da competitividade nacional e internacional.

Há, todavia, novas tendências de consumo turístico às quais importa atender. Há que

saber corresponder e fidelizar um consumidor que é cada vez mais informado,

maduro, experiente e exigente, que procura não apenas qualidade mas, também,

flexibilidade na oferta e conveniência de preços.

Enquanto destino de qualidade e excelência, a RAM oferece:

Infra-estruturas e empreendimentos turísticos respeitadores dos valores ambientais

e patrimoniais.

Equipamentos e serviços que reforçam a competitividade do destino,

designadamente as vias de circulação interna, as potencialidades dos aeroportos e

portos, as oportunidades propiciadas pelos serviços de transportes aéreos e

marítimos, os portos, as marinas, as actividades maritimo-turísticas e de náutica de

recreio, os campos de golfe, os parques temáticos e os centros de congressos.

Actividades de animação turística, com impacto directo no desenvolvimento

turístico e na valorização da oferta, assentes num património natural que é

reconhecido internacionalmente, nomeadamente pela UNESCO, assim como num

património construído, cuja imagem tem vindo a ser, igualmente, valorizada,

diferenciando-a de outros destinos.

Um Calendário de animação turística que se materializa em programas de

animação, com conteúdos inovadores e duração alargada, ao longo de todo o ano.

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Sistemas de informação e de apoio local ao turista, bem como sistemas de

colocação dos produtos turísticos regionais em redes de informação, com fins

promocionais e comerciais, em parceria com os agentes privados do sector.

b. A Estratégia Pública

A actual conjuntura económica internacional, nacional e regional obriga a que a

intervenção pública, em matéria de desenvolvimento turístico regional, atenda à

situação económico-financeira das empresas do sector. Neste sentido, dar-se-á

continuidade aos sistemas de incentivos já existentes, reforçando-se, desta forma, o

apoio às empresas do sector que desenvolvam ou que queiram investir em projectos

integrados e inovadores, potenciando a descentralização, a diversificação e a

requalificação da oferta.

Sendo certo que as actividades associadas ao turismo correspondem – e continuarão

a corresponder, neste mandato – a um dos pilares fundamentais da estrutura

económica e social da RAM, é também certo que estas actividades são conduzidas e

concretizadas por agentes privados, cabendo, às entidades públicas, as funções

supletivas de orientação, de enquadramento, de facilitação e de promoção

institucional, assim como o papel regulador e coordenador das políticas. A função

fiscalizadora que emana destas entidades é o garante da manutenção da qualidade e

da excelência da prestação dos serviços.

Excelência de serviços que deriva dos investimentos públicos e privados que têm

vindo a ser realizados, assim como dos incentivos e das medidas que foram

implementadas numa óptica de requalificação global da oferta, em especial na área

das boas praticas ambientais, em prol do desenvolvimento sustentável e da

consolidação do modelo turístico de qualidade existente na Região.

b.1. Orientações Fundamentais

No quadro estratégico delineado para os próximos quatro anos, importa ter em conta

as seguintes orientações:

b.1.1. Diversificação e Requalificação dos Produtos

A aposta inequívoca na maior qualidade e diferenciação do destino, em todos os

seus produtos e serviços, continuará a fazer parte da estratégia global do turismo.

Fomentar-se-á a requalificação da oferta complementar, designadamente no que

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respeita à restauração, aos núcleos museológicos, ao património arquitectónico,

aos eventos, às festas, à animação cultural e aos percursos e pontos de atracção.

A diversificação da oferta turística do destino Madeira, através da criação de novos

micro-produtos e da maior rentabilização de potencialidades turísticas que se

assumam como oportunidades, será uma aposta.

A par da diversificação dos produtos, importa que a Madeira diversifique e aposte,

igualmente, em novos mercados, conquistando e consolidando, nestes, a sua

imagem e evitando, desta forma, o risco de uma excessiva dependência dos

mercados ditos tradicionais.

Assegurar-se-á que as infra-estruturas e os investimentos realizados venham a ser

maximizados em prol do sector turístico regional.

Por outro lado, as actividades marítimo-turísticas e a náutica de recreio

apresentam grande capacidade de desenvolvimento e deverão ser, por isso,

potenciadas durante os próximos anos.

A comunidade deverá ser incentivada a assumir um papel mais pró-activo e

dinâmico na identificação e exploração de novos produtos e de novas experiências

que enriqueçam o destino, assim como na maior divulgação da oferta já existente.

b.1.2. Promoção

O reforço da nossa identidade, claramente patente nos vários elementos culturais,

sociais e ambientais que nos caracterizam, será uma prioridade absoluta no

presente mandato, atendendo ao peso que estes valores assumem na

atractividade do destino.

Por outro lado, importa que, a par da captação de um cada vez maior número de

turistas, se maximize o gasto médio por visitante e se aumente, simultaneamente,

o já elevado grau de fidelização dos clientes, relativamente ao nosso destino.

O turismo activo, cultural, de saúde e bem-estar, de negócios (segmento MI) e

desportivo, assim como a náutica de recreio e o cruzeirismo, mantêm-se como

pontos fortes do destino e serão as grandes apostas, ao nível da exploração dos

produtos e serviços turísticos.

Ao fazerem parte do produto Madeira, os Aeroportos e os Portos da Madeira

devem estar ao serviço do destino, mantendo-se integrados na política global de

promoção, de modo a que se transmita uma mensagem una, coerente e articulada

entre todas as instituições.

Em matéria de públicos-alvo, a aposta no segmento sénior é para continuar, numa

estratégia que deverá, contudo, ser acoplada a outros que revelem apetência pela

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nossa oferta, nomeadamente mais jovens e activos, acompanhando as alterações

produzidas nos produtos e na própria oferta turística da Região.

A representação da Madeira em Feiras genéricas e temáticas e em acções

promocionais várias tendentes à promoção do destino no mercado nacional e

internacional, estará assegurada, assim como a realização de campanhas de,

dirigidas aos profissionais do sector e ao consumidor final.

Manter-se-á, por outro lado, a interacção com os agentes privados do sector,

materializada através de parcerias público-privadas, nesta e em todas as áreas

que se revelem imprescindíveis ao desenvolvimento promocional do destino, assim

como no apoio à comercialização e vendas.

b.1.3. Novas Tecnologias e Sistemas de Informação

A aposta nas novas tecnologias de comunicação e informação será reforçada nos

próximos anos. As novas tecnologias têm vindo a ganhar importância, sobretudo

pela aproximação que promovem e asseguram entre o destino e os seus

respectivos públicos-alvo. A existência de informação actualizada é, assim, crucial

no processo de tomada de decisão dos agentes públicos e privados. Neste

sentido, a aferição, a medição e o controle das variáveis e dos indicadores afectos

ao sector turístico, bem como a disponibilização de estudos de mercado

actualizados, ao público em geral, serão prioridades absolutas.

A implementação de um sistema de informação turística, que viabilize quer a

informação promocional quer a informação necessária para desenvolver uma

política eficaz que rentabilize os investimentos públicos e privados e aplique os

recursos nas áreas em que estes sejam mais necessários, é essencial e será

outros dos objectivos a atingir.

b.1.4. Animação Turística

O enriquecimento do calendário anual de animação turística da Região será outra

das grandes prioridades, atendendo ao efeito directo e determinante que os

eventos assumem na procura do destino e no consequente aumento da ocupação

hoteleira e das receitas turísticas.

Nesta óptica, a maior articulação entre as entidades públicas e privadas, no que

toca à programação e integração dos eventos e das actividades culturais que se

realizam na Região, será uma prioridade, no sentido de dar maior divulgação,

visibilidade e fruição aos mesmos, potenciado a Madeira como destino cultural.

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b.1.5. Monitorização, Manutenção e Salvaguarda do Ambiente

Ainda que tendo por base o respeito e a salvaguarda da sustentabilidade

ambiental do destino, os espaços que se assumam como sendo susceptíveis de

transformação/valorização turística, segundo a opinião e a escolha dos nossos

turistas, poderão vir a ser alvo de intervenção. Nesta óptica, a actualização

constante e contínua do inventário dos recursos turísticos existentes na Região é

fundamental, para viabilizar a respectiva manutenção, valorização e exploração.

Por outro lado, importa que se continue a apostar na descentralização da oferta

turística, garantindo-se um desenvolvimento territorial equitativo, integrado e

global, em toda a Região.

No Porto Santo, a promoção deverá acompanhar o aumento da oferta, replicando-

se a outros mercados, em produtos ligados à saúde e ao bem-estar, à segurança e

ao turismo de praia e de natureza em geral.

b.1.6. Qualificação e Formação Profissionais

A personalização do serviço que é prestado ao turista deve manter-se e reforçar-

se no futuro, enquanto factor diferenciador da nossa própria identidade.

Personalização que carece de formação, indispensável à qualidade do serviço, em

todas as prestações.

A criação de programas de educação e formação permanente, destinados quer

aos profissionais de turismo quer a toda a população, que possibilitem reforçar a

cultura e consciência turística e que garantam o desenvolvimento de uma política

global de excelência, é, pois, uma necessidade.

Importa dinamizar o interesse pelas profissões turísticas, através da maior

sensibilização e da formação de jovens, inseridos nos sistemas educativo e de

formação profissional, para o sector do turismo. Neste âmbito, terão continuidade

os Programas de educação para o Turismo nas escolas.

A dignificação das carreiras profissionais ligadas ao sector e a requalificação dos

activos serão, igualmente, apostas no presente mandato.

Procurar-se-á, ainda, envolver toda a população residente na adopção de

comportamentos e atitudes adequadas a um destino turístico de excelência,

nomeadamente e com especial enfoque nas áreas dos serviços complementares

às actividades turísticas.

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X – AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL

A estratégia do Governo Regional no sector agro-alimentar e Desenvolvimento Rural

visa assegurar o aumento do rendimento dos produtores e operadores, como condição

de motivação para a actividade e viabilização das explorações agrícolas, a gestão

sustentável dos recursos naturais, com a mitigação dos efeitos das alterações

climáticas e a promoção de um desenvolvimento equilibrado dos territórios rurais,

promovendo o aumento da qualidade de vida das suas populações, assegurando-se,

assim o crescimento económico da Região Autónoma da Madeira (RAM).

Nesta perspectiva, o Governo Regional definiu como estratégico o aumento de uma

produção devidamente orientada para a procura, a diminuição das necessidades de

importações e o aumento das exportações da produção regional. A par do aumento da

produção, a expedição da produção para mercados externos à RAM vai ser

estimulada e apoiada, de forma a aumentar a taxa de cobertura das importações pelas

exportações e os fluxos financeiros para a RAM.

Esta estratégia visa, como propósito básico, o incremento dos níveis de

sustentabilidade e multifuncionalidade agrícola e rural na Região, através da melhoria

da competitividade de todos os tipos de agricultura a par de uma intransigente

protecção do ambiente e da paisagem.

O sector primário tem sofrido importantes transformações ao longo dos últimos anos

na RAM. Depois de um longo, profundo e necessário ajustamento do número de

activos da agricultura, verificado nas últimas décadas, acompanhado de crescimentos

importantes de outros sectores de actividade para onde estes activos transitaram na

procura de melhores condições de vida, assiste-se actualmente a um aparecimento de

explorações agro-pecuárias, alicerçadas em técnicas mais evoluídas e num melhor

posicionamento no mercado, assegurando aos seus activos melhores condições de

vida.

A transformação da agricultura é consequência do trabalho dos seus agentes,

enquadrado e impulsionado pelas políticas seguidas pelo Governo Regional, num

sector que tem aumentado a sua participação, quantitativa e qualitativa, em três

funções primordiais:

- Função Económica – já que ao abastecer os mercados, diminuindo os fluxos vindos

do exterior, e contribuindo para as exportações de produtos de reconhecida qualidade,

constitui-se como um sector gerador de valor acrescentado e emprego, além de ser o

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gerador de uma paisagem única, vendida depois pelo turismo, a indústria regional

mais importante.

- Função Social – porque proporciona uma ocupação económica, assegura a auto-

sustentação, complementa os rendimentos de muitas famílias e é um sector gerador

de emprego.

- Função Ambiental – sendo responsável por uma paisagem rica e diversificada,

assume um papel relevante na preservação da biodiversidade, na conservação dos

solos, na defesa das linhas de água e na ocupação do território.

Mas, a agricultura da RAM é um sector com dificuldades estruturais específicas e

permanentes, que têm de continuar a ser reconhecidas e apoiadas especificamente

por fundos da União Europeia.

RAM deverá continuar a intervir activamente junto das instâncias nacionais e da UE de

modo a assegurar a continuidade e a melhoria das políticas específicas de apoio à

nossa agricultura, insistindo no reforço das mesmas, quer para o apoio investimento,

quer para apoio ao rendimento, de forma a continuar a melhorar os níveis de

qualidade de vida dos agricultores regionais, aproximando-os dos padrões europeus, e

contribuir de forma activa para atingir os objectivos ambiciosos que fazem parte da

Agenda Europa 2020.

Dada a escassez de território e a difícil orografia, a melhoria da competitividade da

agricultura e do rendimento dos agricultores dependerá, cada vez mais, da

modernização e da inovação, ao nível da produção e do comércio

.O sector primário terá que competir pela diferenciação e qualidade, oferecendo

produtos de elevado valor acrescentado, respeitando os valores ambientais.

Nas questões ambientais e do sector primário, as Regiões Autónomas, dadas as suas

especificidades, não devem estar sujeitas à legislação nacional, que, grande parte das

vezes, não atende às especificidades regionais, nomeadamente, à orografia e à

divisão de propriedade. Tratando-se de uma área fundamental para o desenvolvimento

sustentável da RAM, deve ser tratada por quem a conhece. É uma matéria que deve

ser objecto de Revisão Constitucional permitindo-se o exercício pleno do Poder

Legislativo Regional sobre a mesma.

No quadro das acções para mitigar as alterações climáticas terá um papel centra, a

par com outras acções no âmbito florestal, a continuação e completa concretização

das políticas em curso na área dos recursos hídricos, garantindo a sua disponibilidade

através da construção de lagoas em altitude, recuperação dos canais de rega,

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principais e secundários, assim como na expansão de métodos de rega que

promovam um uso eficiente de tão importante recurso natural.

Agricultura e o Turismo são actividades económicas simbióticas, inter-relacionadas e

prioritárias, sobrepondo-se, racionalmente e se necessário, a outras que ponham em

causa a progressão e a atractividade das mesmas, enquanto actividades prioritárias,

que constituem o eixo central do desenvolvimento económico da RAM.

Neste cenário, a estratégia de Desenvolvimento Rural na RAM, plasmada também

neste Programa de Governo, assegurará a articulação entre os vários instrumentos

das políticas rurais e agrícolas disponíveis, o que implica a plena e criteriosa aplicação

dos fundos comunitários, dirigidos ao investimento, como o FEADER, e ao

rendimento, como FEAGA,através de Programas Regionais, com o duplo intuito de,

por um lado, maximizar os nossos pontos fortes e aproveitar as oportunidades e, por

outro, minimizar as dificuldades estruturais.

Com a sua acção no sector agro-alimentar e do Desenvolvimento Rural, o Governo

Regional continuará a promover a modernização do sector agro-alimentar e a

contribuir para o desenvolvimento sustentável da Região.

Deste modo, tendo presente a estratégia definida, a política a desenvolver para o

sector agro-alimentar e do Desenvolvimento Rural nos próximos 4 anos, configura

uma aposta na criação de mais valor, nomeadamente: Valor Económico, ou seja, com

mais rendimento para os produtores e operadores; Valor Social, promovendo o

desenvolvimento económico do meio rural, a inclusão social e o equilíbrio territorial;

Valor Conhecimento, pelo incremento da inovação e avanço técnico-científico e da

qualificação dos agentes; Valor Qualidade, pelo aumento da qualidade e garantia da

segurança alimentar das produções regionais; Valor Notoriedade, pela promoção e

reconhecimento a nível regional, nacional e internacional das nossas produções; Valor

Ambiental e Paisagístico, pela utilização de técnicas de produção sustentáveis e pelo

contributo da agricultura para a paisagem, e promoção de uma utilização eficiente dos

recursos.

a. Valor Económico

O sector agro-alimentar da RAM apresenta um conjunto de oportunidades que é

necessário potenciar, nomeadamente, e entre outros, um mercado profissional

receptivo ao aumento da quota de produtos regionais frescos, a existência de nichos

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de mercado de elevado potencial, boas acessibilidades externas e internas como

factor de redução de custos de produção e distribuição.

Por outro lado, o sector produtivo apresenta ainda reduzida capacidade financeira,

difícil sustentabilidade económica de algumas explorações devido ao elevado

fraccionamento, dificuldades de acesso a algumas explorações, difícil mecanização

das explorações agro-pecuárias, elevada exigência de mão-de-obra, e ainda alguma

desadequação de exigências comunitárias/nacionais à realidade regional.

Deste modo, o Governo Regional propõe-se:

- Optimizar a aplicação integral das ajudas financeiras disponíveis, garantindo

adequação e eficácia das ajudas à modernização e desenvolvimento sustentável do

sector agro-alimentar e do Desenvolvimento Rural, ou seja, possibilitar que todos

produtores e operadores interessados beneficiem de apoios financeiros, sustentando o

seu rendimento e criando condições para que possam investir na modernização das

suas explorações e empresas.

- Melhorar a regulamentação do sector agro-alimentar e do Desenvolvimento Rural,

adequando a existente (comunitária/nacional) à realidade regional, inovando quando

necessário, nomeadamente no que respeita à divisão da propriedade agrícola, de

modo a garantir a satisfação das especificidades regionais.

- Promover o rejuvenescimento dos empresários agrícolas, no intuito de expandir a

agricultura empresarial e de criar saídas profissionais para jovens.

- Incentivar a articulação entre a produção e o comércio, que deverá ser

continuamente incrementada, proporcionando aos produtores a informação técnica e

comercial adequada ao objectivo de mais e melhor produzir, no momento certo, e pelo

maior valor. No contexto de um mercado mais concorrencial e globalizado, é

necessário conferir maior competitividade às produções agrícolas regionais

melhorando a sua capacidade de acesso à compra profissional.

- Assegurar a assistência técnica às explorações, incluindo as que se dedicam ao

modo de produção biológico, promovendo a profissionalização das mesmas, e

continuar o apoio à preparação comercial dos produtos no âmbito dos serviços

disponibilizados pelos centros de abastecimento agrícola. Simultaneamente promover

a criação de um sistema de aconselhamento agrícola que, além de cobrir as áreas em

relação às práticas agrícolas benéficas para o clima e ambiente, promova a inovação e

o desenvolvimento sustentável das explorações agrícolas.

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b.Valor Social

A formação contínua do Capital Humano do sector agro-alimentar e da população do

mundo rural será considerada como componente essencial da estratégia de

Desenvolvimento Rural e do crescimento sustentável do sector. O Governo Regional,

para além de disponibilizar as ajudas específicas para a área formativa através dos

fundos comunitários, irá estimular o aumento das competências dos diversos agentes

do mundo rural, nomeadamente através da oferta de acções de formação e

informação direccionadas para a actividade produtiva, que lhes permita reforçar a sua

capacidade de intervenção no mercado e responsabilizar a sua actuação num sector

com regras cada vez mais apertadas e utilizar práticas agrícolas benéficas para o

clima e ambiente. A acompanhar a formação do produtor, importa garantir que as

associações que o representam sejam mais profissionalizadas de modo a

disponibilizarem serviços de qualidade.

As Casas do Povo, as Associações de Desenvolvimento Rural e as Associações

representativas de agricultores e de jovens agricultores, são instituições vocacionadas

para o Desenvolvimento Rural, desempenhando um papel determinante na

dinamização económica e na criação de competências pessoais, promovendo

oportunidades económicas e sociais no Mundo Rural, pelo que o Governo Regional

continuará a prestar apoio à respectiva actividade, no contexto das actuais

dificuldades que, aliás, o trabalho destas entidades ajuda a enfrentar.

c.Valor Conhecimento

A investigação, o desenvolvimento experimental e a gestão do conhecimento, deverão

ser devidamente articulados e promovidos entre instituições de investigação,

universidades, como seja a Universidade da Madeira, os serviços técnicos, do

Governo Regional, os produtores e as associações que os representam. É essencial

que o progresso científico e a inovação sejam transferidos para a prática corrente da

agricultura, de modo a promover a inovação e o conhecimento, encontrando-se assim

as soluções que mais valor acrescentam à produção agro-pecuária regional.

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d.Valor Qualidade

Os consumidores estão cada vez mais informados e exigentes, pelo que é

fundamental que se assegure elevados padrões de qualidade e segurança alimentar.

As normas europeias impõem que se continue a garantir a segurança alimentar e

elevados padrões qualitativos neste sector. Não nos podemos esquecer que os

consumidores estão cada vez mais informados e exigentes, situação que não é,

naturalmente, apenas exclusiva dos madeirenses, mas extensível a todos aqueles que

nos visitam e os consumidores fora da Região, dada a cada vez maior aposta na

exportação.

Para valorizar as produções regionais o Governo Regional irá continuar a promover os

procedimentos de controlo da segurança e da qualidade da produção agro-alimentar,

alicerçados na excelência de desempenho dos laboratórios oficiais.

Inclui-se ainda neste âmbito, medidas específicas de âmbito alimentar e veterinário,

nomeadamente o controlo e erradicação de zoonoses e outras doenças emergentes, a

rastreabilidade dos géneros alimentícios, o reforço das acções de inspecção, o

controlo de entradas de produtos de fora da Região, a pesquisa de resíduos, o

controlo da utilização de fármacos, a promoção e sensibilização das boas práticas de

higiene e de manipulação de alimentos, e o controlo e licenciamento dos

estabelecimentos comerciais.

e.Valor Notoriedade

A par com a promoção de produtos que, pela sua notoriedade e excelência, já

possuem regimes de qualidade específicos que lhes possibilita uma promoção

autónoma, como é o caso do Vinho Madeira, promoção dos produtos madeirenses,

frescos e transformados, muitos já com notoriedade regional, nacional e internacional,

deverá centrar-se na utilização colectiva da Marca “Produto da Madeira” (MPM) que

deverá servir de catalisador ao aumento da produção e do consumo dos produtos

regionais.

Pelas culturas emblemáticas que remontam aos primeiros tempos do povoamento,

considera-se de extrema importância para o desenvolvimento da Madeira o reforço da

identidade que é conferida pela dimensão histórica e cultural da agricultura.

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f.Valor Ambiental e Paisagístico

A União Europeia decidiu dar maior ênfase aos produtos de elevada qualidade,

obtidos através de métodos de produção sustentáveis do ponto de vista ambiental,

nomeadamente a produção biológica.

O crescente interesse nas produções biológicas agro-pecuárias, associado a uma

nova consciência ambiental, impõem o desenvolvimento de sistemas de exploração

mais sustentáveis, de que é exemplo a agricultura e a pecuária em modo de produção

biológico. Por outro lado, é assegurar, nos termos da regulamentação comunitária, a

aplicação dos princípios gerais da protecção integrada. Será também essencial dar

continuidade o controlo de factores decisivos na actividade agrícola, nomeadamente a

qualidade da água e a pesquisa de resíduos de pesticidas.

O Governo Regional intensificará o apoio ao desenvolvimento da agricultura e

pecuária biológica, a qual se integra perfeitamente na estratégia de desenvolvimento

sustentável baseada na ligação entre o Turismo, a Cultura, o Ambiente, a Agricultura e

a vida saudável.

Por outro lado, é assumido claramente o contributo da agricultura para a paisagem da

Madeira, que constitui um património construído ao longo de 5 séculos e que

representa hoje uma mais-valia para o turismo.

Será dada particular atenção ao debate em curso na União Europeia em torno da

função ambiental e social da agricultura e da remuneração dos agricultores pelos

“bens públicos” produzidos, procurando defender e valorizar estes bens na RAM.

Todavia, deve ser deixada aos Estados Membros da União e às suas Regiões a

capacidade de adaptarem a aplicação da PAC às suas especificidades próprias e de,

designadamente, decidirem a natureza e a hierarquia dos bens públicos a preservar

ou a produzir, assim como a escolha dos instrumentos de política mais adequados à

prossecução dos objectivos estabelecidos.

g.Conclusão

A política de Agricultura e de Desenvolvimento Rural irá assim assentar na valorização

do património e das actividades rurais, especialmente porque nestas estão presentes

factores de diferenciação e competitividade, como motores para a dinamização e

diversificação da economia local.

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O Governo Regional tudo fará para que o sector agro-alimentar na Madeira continue a

modernizar-se, seja economicamente viável, mais competitivo, ambientalmente

sustentável e socialmente justo. O Governo Regional irá promover a

ligação/articulação deste sector a outros sectores de actividade pública e privada e

apoiar tecnicamente os produtores e operadores, designadamente nos domínios da

modernização, protecção e fomento da produção, da assistência técnica, e da

transformação, comercialização e promoção dos produtos agro-alimentares.

As propostas, projectos e medidas que serão implementados pelo Governo Regional,

consolidarão, inequivocamente, os objectivos aqui traçados e continuarão a fazer da

nossa Agricultura e do nosso Desenvolvimento Rural, sectores modernizados e

integrados num espaço dinâmico e em permanente transformação.

Do mesmo modo, na perspectiva do Quadro de Apoio pós 2013, tudo será feito para

que as derrogações previstas na actual PAC, quer as de nível estrutural, como as

condições de aplicação das Medidas Agro-Ambientais, Florestação, taxas de apoio e

de co-financiamento, quer as derrogações ao nível dos mercados, se mantenham e,

que à Região sejam atribuídas as necessárias e adequadas verbas quer ao

rendimento quer ao investimento, em reconhecimento pela boa execução que a

Região delas tem feito e, ainda, para acautelar o necessário crescimento do sector

agro-pecuário, dos seus activos e desenvolvimento do Mundo Rural Madeirense.

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XI – PESCAS

O Mar terá cada vez mais um papel decisivo na qualidade de vida, na criação de

riqueza e emprego, na pesca, nas atractividades náuticas e na afirmação geopolítica

da Região, correspondendo à dimensão da área marítima da Região (500 vezes o seu

território) e a sua localização no «lago atlântico», entre a União Europeia e os Estados

Unidos da América.

Será fomentada a promoção e estímulo à pesca tradicional, incluindo a sua acérrima

defesa no âmbito da União Europeia, fazendo-se valer as suas características de

pesca compatível, artesanal e respeitadora dos stocks.

Vai ser continuado o apoio à expansão da aquacultura como forma de fazer crescer a

produção Regional, ter maior quota de consumo de produtos regionais e de aumentar

as exportações, nomeadamente pela diversificação das espécies cultivadas.

Como seria de esperar numa região insular oceânica, o sector das pescas representa

uma das actividades económicas com maior tradição e valor social nesta Região

Autónoma.

Tomando em consideração que o valor do rácio deste sector no PIB em termos

nacionais, ou europeus, anda à volta dos 0,25%, então a sua importância relativa é

significativamente maior no contexto da economia regional, onde atinge 0,5%, ou 1%

se considerarmos os sectores conectos (indústria, construção naval, reparações,

assistências técnicas e serviços).

A pesca é também uma actividade promotora de emprego indirecto, gerado a partir de

actividades conexas, nomeadamente nos sectores do comércio e indústria, turismo e

restauração e prestação de serviços, entre outros.

É ainda relevante salientar a grande apetência pelo consumo de pescado nesta

Região, com um consumo médio anual per capita de 30 kg, largamente superior à

média Europeia (22 kg). Deste interesse do consumidor por pescado, resulta a

utilidade estratégica de uma sólida actividade de produção regional deste bem

alimentar e o contributo daí decorrente para a dieta das populações, assim como para

a diversificação da oferta gastronómica colocada ao serviço do sector mais importante

da economia regional – o Turismo.

O processo de reestruturação atempadamente efectuado na frota regional tem

permitido melhorias na segurança, nas condições de habitabilidade e de trabalho a

bordo, o incremento da sua autonomia e produtividade, com a consequente melhoria

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do rendimento dos seus profissionais e reflexos na própria segurança e qualidade

alimentar dos produtos derivados da pesca. O Governo Regional pretende prosseguir

este caminho com a implementação de um plano de gestão da frota, baseado nos

melhores pareceres científicos disponíveis, que crie as condições para uma cada vez

maior rentabilização desta actividade económica em sustentabilidade com os recursos

pesqueiros disponíveis.

No âmbito da nova Política Comum de Pescas, expectavelmente implementada ao

longo deste mandato, o Governo Regional prosseguirá a sua acção de promoção do

reconhecimento e defesa das especificidades da pesca Madeirense, junto das

instâncias Nacionais e Europeias apropriadas, reiterando as suas necessidades de

apoios permanentes e a envidar esforços para assegurar apoios da UE para renovar,

modernizar e construir novas embarcações, assumindo o desenvolvimento e o

incremento da competitividade do sector das Pescas como elemento importante da

actividade económica e ambiental da Região Autónoma da Madeira.

O Governo Regional tudo fará para pôr termo, colocadas pela União Europeia, ao nível

das novas construções e modernização da frota pesqueira, e pelo Estado Português

que deixou de comparticipar nos investimentos com apoios comunitários.

É necessário também continuar a desenvolver esforços para que os níveis de captura

se mantenham estáveis, garantindo assim o indispensável abastecimento às indústrias

e ao mercado de consumo, tudo assente numa gestão eficiente de stocks, situação

que tem valido, à Região Autónoma da Madeira, rasgados elogios e a criação de

excepções e protecções acrescidas e particulares no seio da União Europeia.

Neste âmbito procurar-se-á manter uma forte componente de Investigação sobre os

recursos marinhos e a pesca de forma a: contribuir para o aconselhamento científico a

nível regional e europeu; manter actualizado o estudo do estado de exploração dos

recursos e a fundamentar e defender a posição da Região nas diferentes reuniões de

trabalho no seio da União Europeia, onde se desenha e decide a política comum de

pescas e a Regulamentação que a consubstancia, bem como onde são concretizados

periodicamente os TAC’s (Totais Admissíveis de Captura) e quotas com impacto na

nossa pesca, assim como nas organizações internacionais/regionais de pesca que

gerem, a nível supranacional, espécies haliêuticas importantes para a Região, de que

é exemplo a CICTA/ICCAT (organismo de gestão dos tunídeos do Atlântico).

Neste âmbito de salvaguarda dos nossos recursos e do património natural de todos os

Madeirenses, o Governo Regional desenvolverá todos os esforços junto das instâncias

Comunitárias competentes para a sensibilização da necessidade da discriminação

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positiva de pescarias efectuadas há largos anos de forma sustentável, como a

pescaria do peixe-espada preto, a qual, de acordo com as evidências mais recentes,

suporta neste momento o impacto negativo de novas pescarias desenvolvidas, no

Atlântico Norte, actuando sobre o mesmo recurso com metodologias de pesca

depredatórias, às quais a União Europeia deverá controlar e reduzir.

A salvaguarda de um dos mais importantes recursos da pesca Madeirense deve

passar por um plano de recuperação a longo prazo, integrando e envolvendo todas as

pescarias Europeias que exploram o recurso, de forma diferenciada e adequada às

metodologias de pesca que cada frota emprega e à fase do ciclo de vida da população

que capturam. Os recursos para implementação deste plano deverão ser fornecidos

pela Comunidade Europeia, não devendo o ónus da sua conservação recair

exclusivamente sobre a pesca e os pescadores Madeirenses.

Quanto aos equipamentos dos portos de pesca, o Governo Regional manterá as

acções necessárias à sua conservação e modernização com o intuito de melhorar as

condições de atracação das embarcações, de desembarque do pescado e das

condições higio-sanitárias das infra-estruturas em terra, melhorando ou mantendo o

seu grau de operacionalidade. Para tal o Governo fará uso dos quadros comunitários

de ajuda ao investimento, nomeadamente o PROMAR-Madeira.

Será dada continuidade ao processo de conservação e modernização das estruturas

de apoio à descarga, venda e armazenagem do pescado, quer os edifícios,

equipamentos de pesagem e transporte de pescado, bem como meios informáticos de

venda e facturação.

Serão melhorados os planos de higiene e segurança alimentar existentes nas lotas e

expandidos aos postos de recepção de pescado, com o reforço dos meios técnicos e

humanos necessários. Desta forma será propiciado um aumento da qualidade e

consequente valorização dos produtos da pesca, que constitui uma base importante

para o sucesso dos armadores e pescadores e uma garantia para os comerciantes e

indústrias transformadoras, com diminuição do volume de perdas, conduzindo, em

última instância, ao aumento da confiança por parte dos consumidores.

Comprovada a viabilidade técnica e comercial da piscicultura marinha em “offshore”

nos mares da Região e existindo estabelecimentos de cultura privados em

funcionamento, tudo será feito para assegurar um aumento de produção. Cerca de

70% da produção regional de piscicultura é actualmente exportada. O Governo da

Região irá continuar a contribuir para a promoção e regulação da actividade, em

colaboração com o sector privado, visando o seu desenvolvimento económico e

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ambiental sustentado. Para aumentar a competitividade das empresas o Governo

Regional irá providenciar o suporte técnico e científico que permita a optimização das

técnicas de cultura, a diversificação da produção, a certificação e implementação de

sistemas de qualidade, a qualidade e gestão ambiental e ainda, uma maior

incorporação de bens e serviços locais.

Noutro patamar de desenvolvimento, continuar-se-á a promover acções orientadas

para o repovoamento e recuperação dos habitats costeiros, em conjugação com o

desenvolvimento da aquicultura, e o incremento da pequena pesca costeira,

devidamente articulada com o desenvolvimento de actividades de lazer ligadas ao

mar.

No sector industrial, para fazer face às necessidades do sector, e em particular na

aquisição de matéria-prima, o Governo Regional manterá a disponibilidade de apoiar

financeiramente os industriais, através essencialmente do POSEIMA, com eventuais

recursos à importação, assim como complementar este apoio com medidas

adequadas à manutenção do nível de actividade industrial existente.

Nas pescas e aquacultura, devem continuar a ser promovidas as iniciativas

empresariais associadas à transformação industrial, para produção de grande valor

acrescentado, destinados ao mercado regional e à exportação.

Um factor importante de credibilização, reconhecida Internacionalmente, das pescarias

e garantia da sustentabilidade das suas operações são as certificações, procedimento

a que cada vez mais pescarias Europeias concorrem. Procurar-se-á apoiar e criar a

dinâmica necessária em conjunto com as associações de produtores, para que as

pescarias Madeirenses com condições adequadas iniciem a sua candidatura a este

processo.

No âmbito da comercialização, o Governo Regional promoverá o apoio às

organizações de produtores na orientação do abastecimento dos mercados e na

melhoria das informações ao consumidor sobre a qualidade e sustentabilidade dos

produtos regionais, procurando-se também desta forma melhorar os rendimentos dos

pescadores.

O Governo Regional manterá o acompanhamento e controlo da actividade da pesca,

assegurando que a mesma se desenvolve dentro dos parâmetros normativos e

procurará que o Estado Português utilize todos os meios necessários para assegurar a

fiscalização da pesca nas águas da ZEE da Madeira e a proteger os interesses da

frota da Região e a salvaguarda dos seus recursos naturais.

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O Governo Regional envidará ainda todos os esforços para que seja celebrado, e

ratificado, pelos Governos de Portugal e Espanha, o acordo de Pescas com Canárias,

acordo já oportunamente apresentado, a partir dos pescadores e armadores, e

defender as nossas especificidades e necessidades especiais junto da União

Europeia, em todas as áreas de intervenção desta.

A utilização do Mar como área de lazer e de exercício de actividades económicas

associadas, deve ser prioritária, quer através da construção de infra-estruturas

adequadas, quer pela simplificação de formas de licenciamento, matéria também a

exigir do Estado, dadas as incompreensíveis limitações constitucionais e legais

impostas nestas matérias.

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93

XII – VINHO, ARTESANATO E BORDADO

a.Vinho

Para o sector do Vinho, o Governo Regional tem previsto um conjunto de iniciativas

que pretende, por um lado, aumentar a qualidade do produto e, por outro lado,

melhorar os processos e o trabalho de todos os intervenientes na sua produção.

Nestes moldes, o Governo Regional continuará a reestruturação e reconversão das

vinhas, assegurando a manutenção do património vitícola da Região, através da

implementação real, rápida e sustentada dos programas de apoio a estes

investimentos, considerando a necessidade de iniciar acções de emparcelamento

rural, nomeadamente, com a criação de Parques Agrícolas ou apoio directo a

projectos privados que potenciem o reordenamento agrário.

Num outro patamar, permanecerá o apoio técnico aos viticultores com o

desenvolvimento do sistema de apoio técnico à viticultura, nomeadamente, na

relacionada com a produção de Vinho Madeira e de Vinhos com DO “Madeirense” e IG

“Terras Madeirenses” com o objectivo duplo de aumentar a qualidade das uvas e,

consequentemente, fazer crescer o rendimento obtido no sector.

Os campos experimentais sob tutela do IVBAM serão geridos e utilizados tendo em

vista, não só prosseguir com o estudo e caracterização das castas ditas regionais,

mas também transmitir os resultados dessa experimentação e os conhecimentos

consolidados aos viticultores, devendo ser protocolado com Universidades

portuguesas e/ou estrangeiras a forma de melhor realizar essa experimentação, bem

como o melhoramento das nossas castas.

Em termos globais, as políticas definidas para este sector, importante económica,

turística, cultural e ambientalmente para toda a Região Autónoma da Madeira,

caracterizar-se-ão pelo apoio à produção, transformação, envelhecimento e expedição

para o mercado de produtos vitivinícolas da Região Autónoma da Madeira, assim

como pelo apoio à comercialização de Vinhos com DO “Madeirense” e com IG “Terras

Madeirenses” no mercado regional.

Igualmente importante neste domínio será a criação de uma nova moldura jurídica e

legal para o sector vitivinícola regional, que responda à necessidade de harmonizar e

actualizar o conjunto de normas que hoje disciplinam este sector.

Com o objectivo de requalificar as infra-estruturas públicas necessárias à certificação

do vinho e demais produtos de origem vínica, dotando o IVBAM das ferramentas

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necessárias ao desafio permanente da melhoria da qualidade desses produtos e ao

desenvolvimento dos conhecimentos científicos desses mesmos produtos, serão

executados importantes melhoramentos na Câmara de Provadores e no Laboratório

vitivinícola, através da aquisição de novos equipamentos e da remodelação ou

adequação das suas actuais instalações.

Destaque-se ainda a enorme promoção que continuará a ser feita regional, nacional e

internacionalmente e a apetência decisiva para a conquista de novos mercados e de

novos públicos, condição imprescindível para o crescimento qualitativo e quantitativo

de todo o sector e da sua importância na economia de uma região Ultraperiférica

Europeia.

É visível que o Vinho Madeira será preocupação central e estratégica das políticas de

Desenvolvimento Rural regionais adoptadas pelo actual executivo governamental.

Enquanto produto de eleição, recorrentemente mencionado nos mais recônditos

cantos do Mundo como símbolo inequívoco de qualidade e tradição, o Vinho Madeira

é, e será sempre, uma aposta clara da Região Autónoma da Madeira, enquanto

produto diferenciador, capaz de elevar o nosso nome e de nos trazer mais-valias

acrescidas.

Noutra vertente, a consolidação no panorama vitivinícola da Região dos vinhos

tranquilos com DO “Madeirense” e com IG “Terras Madeirenses” justifica a aposta que

tem sido feita no apoio aos operadores económicos que se dedicam à produção

destes vinhos, nomeadamente, através da ampliação e readequação da Adega de São

Vicente e sustenta a intenção de prosseguir com o investimento na melhoria da sua

infra-estruturação.

Ainda neste capítulo do Vinho, pretende-se incrementar o trabalho até agora

desenvolvido em matéria de formação junto da hotelaria e da restauração no sentido

de munir os profissionais destes sectores de actividade com os conhecimentos

indispensáveis sobre a vitivinicultura da Região e, dessa forma, contribuir para a

valorização do potencial humano e dos produtos regionais e para a diferenciação

qualitativa do destino turístico.

Considerando a importância histórica, cultural e económica do sector vitivinícola

regional, é também intenção do Governo Regional promover as condições necessárias

à dinamização de actividades de carácter expositivo, museológico, formativo e

divulgativo e ao aparecimento de novos investimentos privados na área do eno-

turismo.

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b.Artesanato e Bordado

A valorização das actividades ditas tradicionais – bordado, tapeçaria e artesanato – é

fundamental para garantir a sobrevivência de um sector que enfrenta dificuldades

originadas pela forte concorrência de produtos similares e pelas condições de trabalho

desumanas auferidas noutras partes do globo.

A orientação do Governo Regional para este sector passa por um aprofundamento da

reorganização estrutural, pela modernização dos locais de venda, pelo

desenvolvimento dos circuitos de distribuição nacionais e internacionais, pela

concretização de boas práticas de gestão e de comercialização dos produtos, pela

fiscalização dos agentes envolvidos e pela formação dos recursos, parte indissociável

de qualquer estratégia que procure o sucesso.

Fulcral também será a continuação do esforço governativo de melhoria das condições

remuneratórias das nossas Bordadeiras, os recursos humanos insubstituíveis e

indispensáveis nesta actividade económica, em articulação com o robustecimento do

sector empresarial, nomeadamente promovendo a sua concentração em empresas de

maior dimensão.

A tudo isto, não pode ser alheia a certeza de que o Bordado, a Tapeçaria e o

Artesanato são fundamentais para a afirmação cultural da nossa Região, revelando-se

extremamente importantes para outras actividades regionais, como o turismo e a

cultura, sectores-chave da nossa economia.

Com esta delimitação e com este enquadramento, o Governo Regional propõe-se

lançar um conjunto de medidas inovadoras que pretende, não só alcançar patamares

de crescimento sustentáveis capazes de promover a sobrevivência e o seu

reconhecimento estratégico, como também, impulsionar a sua emancipação enquanto

actividade economicamente viável e turisticamente complementar.

Nestes moldes, serão orientações do Governo Regional defender e valorizar o

artesanato regional, incentivar as acções promocionais e a sua exportação, proceder a

um aumento da produtividade e da qualidade dos produtos, promover novos modelos

de gestão, reforçar a fiscalização, realizar eventos com impacto económico e social,

promover acções de formação e de ensino profissional, acompanhar o

desenvolvimento do mercado interno, assegurar elevados padrões de qualidade e

produtividade, criar um ambiente de competitividade no sector e reorganizar os

circuitos nacionais e internacionais de distribuição.

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Num mundo cada vez mais competitivo e entrelaçado numa globalização galopante,

urge incentivar a diferenciação qualitativa, e não apenas quantitativa, de alguns dos

sectores tradicionais da nossa economia. Neste contexto, será feita uma aposta clara

na criação e desenvolvimento de novos produtos, procurando, no estabelecimento de

uma sã e profícua co-existência entre a tradição e a inovação, o clássico e o

contemporâneo, criar mais oportunidades de negócio e mais atractividade para estes

sectores. Só com esta preocupação será possível posicionar os nossos produtos, num

mercado inundado de oferta, condignamente e com o valor acrescentado que na

realidade implicam.

Nesta conjuntura, é importante manter os níveis de investimento associados ao

Bordado, Tapeçaria e Artesanato para que o trabalho diário aqui investido desperte

renovado interesse, não só em quem nos visita, como também na própria população

local, aumentando exponencialmente as possibilidades de comercialização dos nossos

produtos tradicionais.

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XIII – DEFESA DO CONSUMIDOR

A experiência adquirida pelo Serviço de Defesa do Consumidor permite, neste

momento de fixação do Programa de Governo, redefinir a hierarquia das opções,

estabelecendo como prioritárias as que impliquem menores custos e comportem para

os consumidores e agentes económicos, maiores vantagens. Assegura-se, deste

modo, a harmonia do tecido económico e empresarial, fortalece-se a paz social, e

contribui-se para que a relação de consumo seja, cada vez mais, uma relação de

plena e efectiva cidadania.

Neste sentido, reforçando a salvaguarda dos legítimos direitos e interesses dos

consumidores, e promovendo a necessária continuidade do equilíbrio das partes

envolvidas na relação de consumo, propõe-se desenvolver as seguintes medidas e

acções na área da Defesa do Consumidor:

Eleger a mediação como método preferencial de resolução de conflitos,

aproveitando a circunstância de os técnicos do Serviço de Defesa do

Consumidor estarem devidamente habilitados com curso de mediação de

conflitos. A mediação adequa-se de forma particular a uma conjuntura de

contenção financeira, já que diminui os custos e o tempo médio inerentes

à resolução de conflitos. Mantém ainda a confidencialidade do conflito,

permitindo a melhoria de relacionamento entre as partes, na medida em

que promove um ambiente de colaboração facilitador da comunicação;

Apostar nas iniciativas de informação e esclarecimento dos

consumidores e dos agentes económicos, através de um conjunto

diversificado de acções e campanhas, visando proporcionar-lhes a

adopção de decisões conscientes e reflectidas em matéria de consumo;

Supervisionar e divulgar informação em matéria de publicidade;

Reiterar o apoio aos consumidores no que respeita à prevenção e à

recuperação do endividamento/sobreendividamento, assim como, no

combate à iliteracia financeira;

Articular e observar as regras e recomendações da REDEJE – Rede

Extrajudicial Europeia, da qual este Serviço é membro activo,

assegurando a protecção dos consumidores no espaço europeu em que

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nos integramos, questão que assume, aliás, particular importância numa

região de turismo e de emigração como a Região Autónoma da Madeira;

Dar continuidade à articulação com o Centro de Arbitragem de Conflitos

de Consumo na resolução extrajudicial dos litígios em que esta não seja

possível pela via da mediação;

Assegurar a continuidade da colaboração com as estruturas de defesa

do consumidor regionais (Centros de Informação Autárquica, Inspecção

Regional das Actividades Económicas, Centro de Arbitragem de Conflitos

de Consumo e Julgado de Paz) e nacionais (Direcção-Geral do

Consumidor, Centro Europeu do Consumidor e Associação Portuguesa

de Direito do Consumo);

Cooperar com associações de consumidores de forma a garantir o

exercício efectivo dos direitos que a Lei lhes outorga.

a. Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo

Considerando que a Arbitragem de Conflitos de Consumo da RAM, tem-se

demonstrado uma mais valia para a desjudicialização dos conflitos na área do

consumo, o Governo Regional preconizará, através desta estrutura Regional (Centro

de Arbitragem de Conflitos de Consumo da RAM) uma politica de continuidade e

desenvolvimento da justiça arbitral, garantindo deste modo uma justiça de proximidade

aos consumidores e empresas, no contexto de uma concorrência sã e leal, como um

factor importante de modernização da economia.

Medidas a implementar:

Promover as condições e ajustamentos necessários ao alargamento das

competências do Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo

(CACC) da RAM, por forma a agilizar a eficácia, eficiência e celeridade

da sua pratica, reforçando deste modo a capacidade de resposta

adequada deste sistema arbitral, no acesso ao Direito e à Justiça, face

às actuais necessidades da realidade económica e social da RAM

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Possibilitar a recepção directa dos processos de litígios de consumo, nas

situações em que já exista, por parte das empresas registo de adesão

plena ao sistema arbitral através do CACC

Assegurar igualmente, a recepção directa dos processos, no âmbito dos

serviços públicos essenciais submetidos obrigatoriamente pela lei a

arbitragem necessária.

Encetar os meios necessários por forma a facultar ao consumidor que

adquira bens em nome empresarial e em paridade com o consumidor em

nome individual, igual acesso a este sistema arbitral para resolução dos

seus litígios de consumo. Deste modo, dar-se -á um crescente contributo

para uma efectiva forma de justiça social, principalmente aos grupos

mais frágeis da sociedade

No âmbito da resolução dos conflitos transfronteiriços, através da

REDEJE – Rede Extrajudicial Europeia, o CACC dará continuidade ao

seu modo de actuação de acordo com as boas práticas e

recomendações internacionais, integrando deste modo os interesses dos

consumidores do espaço europeu em todos os domínios das políticas

comunitárias

No âmbito da Inspecção das Actividades Económicas que tem por missão garantir a

legalidade da actuação dos agentes económicos, defender a saúde pública e a

segurança dos consumidores, propõe-se:

Prevenir e reprimir as infracções anti-económicas e contra a saúde publica;

Promover acções inspectivas ao longo de toda a cadeia alimentar, com

especial incidência nos estabelecimentos onde são produzidos,

transformados e comercializados géneros alimentícios, designadamente

unidades industriais, estabelecimentos de comércio a retalho, hotéis,

restaurantes e similares;

Fiscalizar a afixação dos preços dos bens e serviços e reprimir as práticas

lesivas da sã concorrência;

Executar acções inspectivas visando a proibição de venda de tabaco e de

bebidas alcoólicas a menores;

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Combater, por iniciativa ou em colaboração com outras entidades, a

concorrência desleal e todas e quaisquer formas de comércio ilegal, com

especial atenção às fraudes sobre mercadorias;

Reprimir os ilícitos que atentem contra a propriedade intelectual,

nomeadamente a usurpação de direitos de autor e a reprodução de

programas informáticos;

Desencadear acções inspectivas em matéria de segurança de brinquedos e

outros bens destinados a serem utilizados por crianças, incluindo as

denominadas imitações perigosas;

Fiscalizar a oferta de bens e serviços, bem como das respectivas condições

de venda e de assistência técnica, promovidas através do comércio

electrónico e das vendas à distancia;

Realizar, em articulação com o Serviço de Defesa do Consumidor, acções

destinadas a promover e proteger os direitos dos consumidores.

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XIV – ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Nos últimos anos, e conforme se encontrava definido no PDES – Plano de

Desenvolvimento Económico e Social 2007-2013, para atingir a plena coesão territorial

na Região, e propiciar condições de equidade económica, social e espacial no acesso

aos bens, serviços e equipamentos, foi estabelecida uma estratégia de actuação

transversal e multidisciplinar que fomentou a constituição de sistemas urbanos

distribuídos pelas duas ilhas, contribuindo para atenuar a dependência da capital

regional e os constrangimentos daí decorrentes.

Atingidos que foram os objectivos propostos, importa agora sedimentar e conter as

metas alcançadas, bem como adaptar sistemas de monitorização e verificação que

permitam avaliar a eficácia dos modelos adoptados.

Pretende-se assentar este novo ciclo legislativo na aproximação do “Ordenamento do

Território” ao cidadão, agilizando procedimentos através de sistemas de gestão da

qualidade, disponibilizando e o acesso à informação nesta área.

Criar condições para a coordenação modernizando da nova geração de PDMs,

promovendo a actualização dos Planos de hierarquia superior, e contribuindo para a

integração e coerência entre os vários Instrumentos de Gestão Territorial.

Estabelecer um quadro normativo mais adequado à Região, procedendo à adaptação

de legislação às especificidades do nosso território, possibilitando a criação de normas

flexíveis e evolutivas.

Incentivar a reabilitação urbana através da simplificação de procedimentos e

eliminação de obstáculos, evitando a desertificação dos núcleos urbanos e

contribuindo para a dinamização dos mesmos.

Promover a sustentabilidade do território através da consolidação da malha urbana, da

manutenção das infra-estruturas e da dinamização dos equipamentos existentes,

estabelecendo o equilíbrio entre as actividades humanas e a salvaguarda dos valores

naturais.

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XV – QUALIDADE DO AMBIENTE

a.Princípios Gerais

A Região Autónoma da Madeira, região insular e ultraperiférica, caracteriza-se pela

orografia difícil, dimensão geográfica reduzida e clima de padrões subtropicais.

Ambiente e Economia, numa Região tão particular como a nossa, não têm, nem

podem ter, interesses contra-postos. Ambos terão tudo a ganhar pela sua recíproca

interpenetração e esse será também um objectivo estratégico do Governo Regional,

que promovendo a eco-economia quer assegurar, repressivamente se necessário, o

cumprimento das directrizes ambientais nos agentes económicos. Este

comportamento, aliás, enquadra-se nas exigências diárias dos consumidores, cada

vez menos receptivos ao consumo de bens provenientes de produtores inimigos do

ambiente.

A falta de recursos minerais, em qualidade e quantidade, impõe que a nossa Região

se escude e se desenvolva abraçada aos seus dois grandes recursos – a natureza e

as pessoas – e que faça destes seus dois pilares, os pilares decisivos e indestrutíveis

do seu crescimento.

O Ambiente, ou a temática ambiental num sentido macro, é parte central no debate

político contemporâneo.

De facto, a preocupação ambiental que acompanha diariamente todo e qualquer

cidadão e/ou empresa/instituição assume-se como causa de permanente discussão

social, económica e política.

Esta salutar discussão, imprescindível para o normal e integral funcionamento das

sociedades modernas, é razão suficiente para um cuidado e uma atenção política

especial por parte do Governo da Região Autónoma da Madeira.

Fruto do desenvolvimento reconhecidamente alcançado, nunca como hoje a

população Madeirense foi tão exigente com os padrões ambientais e da qualidade de

vida. Tal exigência coloca nos ombros dos seus líderes políticos a responsabilidade de

ter que corresponder às legítimas aspirações deste Povo ilhéu e de fazer escolhas que

satisfaçam a sua vontade soberana.

É neste particular que o papel dos governantes passa, por um lado, por fazer as

escolhas e as opções correctas que suportem o Desenvolvimento Sustentado e, por

outro lado, por ajudar a trilhar caminhos comuns onde todos, sem excepção, se sintam

parte activa e interessada na construção do futuro.

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Desde há algum tempo que os Madeirenses adquiriram uma consciência ambiental

admirável, o que obriga o Governo Regional a assumir uma orientação estratégica

capaz, não só de apelar à participação de todos, como também de gerir, melhorar,

aprimorar, investir e qualificar toda uma Região que almeja desenvolver-se equilibrada

e coerentemente sob o binómio natureza/pessoas.

É, ainda, incontornável e indesmentível a transversalidade da temática ambiental e da

sua importância para a economia e desenvolvimento regionais, nomeadamente nos

aspectos ligados ao turismo, à cultura, à agricultura, à floresta, à conservação da

natureza e ao próprio bem-estar geral da população residente e das variadas

populações que nos visitam e escolhem.

O Ambiente assume-se neste contexto como mó central do moinho que envolve a

actividade humana e variável nuclear das políticas desenvolvimentistas adoptadas na

Região Autónoma da Madeira.

Nestes moldes, a política empreendida pelo Governo Regional tem por objectivo

cobiçar a excelência dum crescimento economicamente viável e ambientalmente

sustentável, aspectos tidos como essenciais para o nosso futuro, nomeadamente

enquanto região de turismo que privilegia, acima de tudo, o bem-estar da sua

população, residente e visitante.

Neste pressuposto, será prioridade inequívoca assegurar a continuidade das políticas

ambientais traçando objectivos específicos no que concerne à educação para a

sustentabilidade, conservação da natureza e a biodiversidade, orientar

estrategicamente para a responsabilidade social e ambiental (o desenvolvimento

sustentável), monitorizar e regular os descritores ambientais, consolidar estratégias de

adaptação às alterações climáticas, regulamentar e fomentar as boas-práticas das

actividades, recuperar e valorizar a paisagem, prevenir (dissuadir) os danos

ambientais e concretizar o princípio do “Poluidor/Utilizador – Pagador”.

O objectivo último das políticas ambientais é o de criar e estimular a criação das

condições necessárias para que Ambiente e Pessoas cresçam e se desenvolvam em

simbiose e harmonia perfeitas, tendo de permeio assegurada a articulação com a

economia, criando a um só tempo, protecção e valorização ambiental e

desenvolvimento económico e social, num ciclo positivo de Desenvolvimento

Sustentável.

Objectivos e orientações estratégicas para o Desenvolvimento Sustentável

Promover a gestão ambiental da biodiversidade e conservação da natureza numa

perspectiva que promova a conservação e uso sustentado destes elementos, numa

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óptica de integração com a prática de actividades recreativas ao ar livre e com o sector

do ecoturismo;

Promover o ordenamento e gestão dos recursos de forma apoiada em instrumentos de

ordenamento próprios, através de uma política de equilíbrio (ordenamento) territorial;

Manter e reforçar as estruturas verdes urbanas, enquanto locais fundamentais ao

equilíbrio ecológico e ao bem-estar e usufruto das populações;

Desenvolver à escala regional, através da interacção entre os vários sectores

socioeconómicos e de recursos naturais, uma estratégia de adaptação e mitigação às

alterações climáticas, assegurando a complementaridade destes dois tipos de

resposta.

Desenvolver uma abordagem integrada com as questões relacionadas com a

conservação da natureza e da biodiversidade do Mar;

Proceder ao reforço da investigação aplicada às suas múltiplas variáveis e descritores

ambientais, no sentido de obter um nível óptimo da qualidade do ambiente;

A abordagem do Desenvolvimento Sustentável efectuada nos parágrafos anteriores

deverá, no quadro do equilíbrio entre as dimensões económicas, sociais e ambientais

(incluindo as ecológicas) das políticas públicas, ser complementada pelo

Desenvolvimento Sustentável do espaço rural, por forma a garantir a exploração

económica dos bio-recursos renováveis, com eficiência ecológica, respondendo às

necessidades sociais.

Monitorização dos descritores – regulamentação das actividades

A gestão sustentável dos vários descritores ambientais, para além de constituir um

factor estratégico para o desenvolvimento equilibrado da Região Autónoma da

Madeira no que corresponde aos vários sectores de desenvolvimento (económico,

social e ambiental) constitui uma obrigação em termos de legislação nacional e

comunitária.

A qualidade do ambiente assentará numa gestão sustentável dos recursos naturais e

na manutenção qualificada dos descritores ambientais, potenciando uma série de

condições que induzirão a uma maior competitividade do nosso mercado promovendo

a modernização empresarial e industrial e a sua competitividade.

Assim, cada descritor ambiental deverá passar por uma caracterização da situação

actual (note-se que em alguns casos esta fase já se encontra realizada ou encontra-se

em fase de realização), sendo posteriormente elaborado um sistema de gestão

ambiental de segunda geração, assente em programas e equipamentos que

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constituem a base da monitorização e fiscalização contínua dos descritores

ambientais.

De igual forma e para se prosseguir com uma correcta gestão sustentável dos vários

descritores ambientais deverá ser construída uma solução integrada, assente numa

estrutura laboratorial de referência e numa plataforma de gestão da informação

ambiental com suporte informático consequente, que deverá ser acedida pelo público

em geral no que respeita à informação da qual são objecto.

A integração das preocupações ambientais e a redução do impacte ambiental do

tecido empresarial e industrial deverão ser entendidas como um conjunto potenciador

do desenvolvimento das actividades económicas.

A qualidade do ambiente será fomentada pela aplicação de programas e medidas de

requalificação ambiental dos agentes sócio económicos, sobre a forma e programas

de Qualificação e de Sistemas de Certificação.

Não obstante, a monitorização dos descritores ambientais carece da implementação

de regulamentação nas diferentes áreas, por forma a enquadrar as especificidades

regionais no cumprimentos das exigências ambientais vigentes, não descurando uma

relação proactiva entre a administração regional e os diversos sectores de actividade

económica e social.

b.Educação e Informação Ambiental

b.1.Educar para a Sustentabilidade

A educação ambiental deve, pois, ser vista como um processo de permanente

aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e deve contribuir para

a formação de cidadãos com consciência local e global.

Em consequência, a política a levar a cabo pelo Governo Regional nesta área tem

como objectivos principais:

- Desenvolver e apoiar várias iniciativas de âmbito internacional, nacional, regional e

local nas áreas da Educação Ambiental e do Desenvolvimento Sustentável,

nomeadamente: Programa Bandeira Azul da Europa, para as praias e portos de

recreio e ainda o Programa Eco-Escolas, que pretende encorajar acções e reconhecer

o trabalho de qualidade desenvolvido pelas escolas, no âmbito da Educação

Ambiental/Educação para o Desenvolvimento Sustentável;

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- Aposta no Programa Chave Verde, que pretende acolher na sua rede todas as

estruturas hoteleiras (hóteis, hóteis-apartamento; pousadas; turismo no espaço rural)

que se preocupam com um melhor ambiente, e que acreditam que, ter boas práticas

ambientais, é uma mais-valia para os seus clientes;

- Dinamização do Programa ECO XXI, que procura reconhecer as boas práticas de

sustentabilidade desenvolvidas ao nível do município, valorizando um conjunto de

aspectos considerados fundamentais à construção do Desenvolvimento Sustentável;

Colaborar a nível técnico, científico, pedagógico e logístico no sentido da promoção e

da execução da educação ambiental para a sustentabilidade nos sistemas do ensino

pré-escolar, básico e secundário;

Colaborar a nível técnico, científico, pedagógico e logístico no sentido da promoção e

da execução da educação ambiental para a sustentabilidade nas Casas do Povo,

Centros Sociais, IPSS e outros.

c.Florestas

A R.A.M. possui um património florestal riquíssimo de elevado valor económico,

ecológico e paisagístico, onde se inserem Zonas Especiais de Conservação (ZEC),

que ao mesmo tempo que representam para a Região notoriedade, acarretam

igualmente uma responsabilidade acrescida na gestão e na qualidade das

intervenções nessas áreas.

A gestão do património florestal visa a preservação da biodiversidade, a valorização

económica do ecossistema florestal, o acesso à utilização social da floresta e a

segurança das populações.

Os acontecimentos de 20 de Fevereiro 2010 e os incêndios no Verão do mesmo ano,

evidenciaram a importância do sector florestal na sua vertente patrimonial e factor

fundamental na segurança civil das populações.

Medidas a implementar:

- Continuar os trabalhos de salvaguarda do espaço florestal, nomeadamente as

aquisições de terrenos estratégicos à expansão da área florestada da Região, a

arborização, a beneficiação e protecção florestal, monitorização da flora e vegetação;

- Incrementar os meios de prevenção e combate aos incêndios florestais;

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- Executar projectos e operacionalizar planos que contemplem o combate à erosão, a

protecção de recursos hídricos e das encostas, a arborização de zonas de montanha e

a manutenção e aumento das zonas ripícolas;

- Melhorar e valorizar os espaços verdes e florestais da RAM;

- Desenvolver o conhecimento e conservação da flora, vegetação e habitats naturais

da região;

- Combater as infestantes

- Incentivar e estimular a participação activa dos proprietários de áreas florestais

classificadas e de interesse comunitário a manterem-nas e a preservarem-nas

incrementando implicitamente o seu envolvimento e presença nestes mesmos

espaços florestais.

- Identificar habitats e espécies inscritos na directiva habitats que na Região ainda não

possuem qualquer estatuto de protecção legal;

- Recuperar espécies e habitats indígenas ameaçados;

- Criar espaços que promovam oportunidades de negócio de iniciativa privada e

criação de postos de trabalho numa lógica de desenvolvimento sustentavel;

- Disponibilizar espaços destinados à realização de iniciativas de carácter lúdico,

informativo/educativo e de divulgação de produtos/serviços aos diferentes agentes;

- Promover o pedestrianismo através da ampliação da rede de percursos pedestres

recomendados da RAM;

- Promover e valorizar os produtos e serviços obtidos no espaço florestal,

perspectivando o aumento do seu contributo económico para a Região;

- Promover e valorizar o património natural vegetal da Região – sua utilização e

importância económica e científica;

- Manter e desenvolver o banco de sementes, herbário, banco de DNA, laboratórios de

sistemática, biologia molecular, biologia reprodutiva, ecologia direccionada para o

estudo da diversidade vegetal indígena;

- Promover o ordenamento, a exploração e a conservação dos recursos cinegéticos,

aquícolas de águas interiores, pastoris, assim como, de outros recursos e espaços

associados à floresta;

- Monitorização das pragas e doenças florestais;

- Promover a fixação do carbono através da instalação de povoamentos florestais;

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- Melhorar a cartografia dos habitats e espécies inscritos na Directiva Habitats na

Região;

- Valorizar as colecções de plantas vivas do Jardim Botânico da Madeira;

- Requalificar as infra-estruturas e edifícios existentes, nomeadamente os postos

florestais e torres de vigilância;

- Incrementar a produção de plantas nos viveiros florestais da RAM;

- Elaborar o Plano Regional de Ordenamento Florestal e os Planos de Gestão

Florestal das áreas florestais públicas;

- Actualizar o Inventário Florestal Regional;

- Implementar o cadastro da propriedade florestal;

- Assegurar o cumprimento das medidas fitossanitárias estabelecidas no Plano de

Controlo da doença do nemátodo da madeira do pinheiro.

d.Parque Natural da Madeira/Conservação da Natureza e áreas protegidas

A área do Parque Natural da Madeira é outro elemento essencial da actual política

ambiental e de conservação da natureza adoptada pelo Governo Regional porque

exerce especial influência e papel importante em projectos ambientais que pretendem,

por um lado, ser o garante da perenidade de espécies (e.g. Freira da Madeira, Lobo

Marinho, Pombo Trocaz…), e habitats (e.g. Ponta de São Lourenço, Desertas,

Selvagens…) com elevado interesse de conservação e, por outro, assegurar o

adequado usufruto das áreas protegidas numa lógica de lazer, de qualidade de vida

das populações e de recurso económico.

Os projectos estruturantes a terem lugar nas áreas protegidas e seu entorno

contemplarão medidas de gestão dirigidas directamente a espécies e habitats, assim

como deverão contemplar medidas de base que conduzam à recuperação dos

ecossistemas presentes nessas áreas. Neste particular da recuperação dos

ecossistemas, deverá ser tido em consideração o disposto nas recomendações da EU,

plasmada no documento O nosso seguro de vida, o nosso capital natural: A estratégia

da EU para a Biodiversidade até 2020 (Com (2011) 244) 3.5.2011) designadamente no

que diz respeito ao controlo de espécies de plantas e animais introduzidos com

carácter invasor.

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Nesta matéria deverá ser dada continuidade ao programa de erradicação e controlo de

espécies de plantas e animais introduzidos levadas a cabo nas diferentes áreas com

interesse de conservação da RAM.

Neste âmbito deverá ainda ser dada continuidade aos esforços para o controlo e

fiscalização da entrada e detenção de espécies de animais e plantas exóticas, como

medida base e preventiva para evitar as consequências e impactos nefastos causadas

por estas.

O Governo Regional vai gerir as áreas protegidas da RAM de acordo com o

estabelecido nos respectivos Planos de Gestão e Ordenamento ou nos Programas

Especiais de Conservação aprovados e regulamentados para cada uma delas. Esta

gestão deverá prestar particular atenção aos projectos dirigidos à preservação e

recuperação de espécies e habitats com elevado valor de conservação. O apoio

técnico a ser prestado a investigadores deverá ser enquadrado nesta gestão como

aspecto fundamental para o seu sucesso.

A gestão das áreas protegidas deverá ainda privilegiar a vertente destas áreas

enquanto recurso com mais valias para a economia da Região e qualidade de vida da

população, designadamente através da actividade turística. As Reservas com área

marinha apresentam características que devem ser potenciadas para actividades

como o mergulho, a observação de vida selvagem e o desenvolvimento de actividades

náuticas diversas. Este facto aplica-se, em particular, em áreas protegidas como A

Rede de Áreas Marinhas do Porto Santo e as Reservas Naturais do Garajau, Desertas

e Selvagens. Em áreas como a Ponta de São Lourenço deverá ser dada continuidade

aos melhoramentos efectuados em matérias como a recepção dos visitantes, a

sensibilização e a comunicação.

A gestão operacional das áreas protegidas da RAM também desenvolve um papel

importante, não só assinalando a soberania regional nas áreas protegidas, como

promovendo a aproximação da sociedade a estas áreas, recepcionando e

promovendo a sua divulgação junto dos visitantes das mesmas. Neste particular é da

maior importância promover de uma forma adequada a formação dos quadros que lhe

são afectos, assim como as respectivas carreiras e os aspectos regulamentares que

as enquadram.

Existindo a noção de que a auto sustentabilidade das Áreas Protegidas constitui uma

mais valia financeira para a Região, o Governo Regional tomará medidas que

promovam a angariação de receitas. Esta angariação deverá partir do pressuposto da

prestação de serviços especializados designadamente através (i) do estabelecimento

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de um modelo de marchedising baseado nos bens naturais da RAM e que ao mesmo

tempo que promovem a Região geram receitas próprias, (ii) rentabilização das infra

estruturas de apoio aos visitantes existentes nas áreas protegidas e (iii) prestação de

serviços especializados de apoio ao turismo de natureza e à investigação, entre outros

subjacentes a esta lógica de intervenção.

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111

XVI - URBANISMO

Na área do urbanismo, atentos às nossas especificidades territoriais e à extrema

densidade populacional, o Governo Regional tudo fará para assegurar a correcta e

específica harmonização das intenções urbanísticas com o território, ambos ao serviço

do cidadão e dos objectivos do correcto e sustentável crescimento económico.

Para a concretização do modelo de organização espacial preconizado pelo Governo

Regional, ocupa posição relevante a Valorização e Qualificação do Ambiente Urbano,

como uma das prioridades estratégicas regionais para um horizonte de médio e longo

prazo.

Consequentemente, o ordenamento urbanístico continuará a assumir um papel crucial,

tanto no campo da preservação e revitalização dos espaços urbanos existentes, como

na criação de novas centralidades, tendo por objectivo principal assegurar um

desenvolvimento harmonioso e sustentável e, por conseguinte, a elevação dos níveis

de bem-estar das populações.

Deste modo, a qualificação urbanística corresponderá à promoção da qualidade de

vida da população, através da valorização dos espaços públicos urbanos assente na

recuperação e preservação de património histórico e arquitectónico e no ordenamento

e relocalização das actividades incompatíveis com o meio urbano.

Na medida em que o Urbanismo deve atender não só à organização e planeamento

das áreas urbanas, mas também à sua evolução, incluindo a adaptação destas às

necessidades dos seus habitantes e às exigências contemporâneas, o Governo

Regional garantirá a realização dos investimentos necessários, designadamente para

a expansão de espaços verdes e para a melhoria do ambiente urbano.

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XVII - LITORAL

Nesta área, o principal propósito passa por potenciar as diversas oportunidades

criadas pelos instrumentos de ordenamento, de natureza sectorial, especial, e

territorial, de âmbito nacional, regional e local, das áreas costeiras e do espaço

marítimo. Para o efeito é fundamental promover a implementação e a coordenação

dos diferentes tipos de instrumentos de gestão territorial disponíveis, assegurando a

sua articulação e complementaridade, e, desse modo, obter coerência espacial e

funcionalidade.

Assegurar o acesso público ao Mar, conservando, reabilitando e valorizando os

acessos já existentes e criando as condições para o aparecimento de outros. Assim

como, ordenar, regular e promover um usufruto sustentável e conciliador de diferentes

usos, actividades e interesses. É também prioritário no âmbito desta legislatura

estimular e capitalizar dinâmicas e investimentos de natureza privada que permitam o

usufruto do domínio público marítimo num contexto de utilidade pública.

Assegurar um conjunto de investimentos públicos e privados conducentes a um

aproveitamento sustentado dos recursos presentes no litoral, e à protecção da

integridade biofísica da orla costeira, com particular ênfase na defesa das arribas, das

praias e do património edificado e demais parcelas do território ameaçadas pelo Mar.

Para atingir os objectivos propostos é crucial dotar a Região, nomeadamente em sede

de revisão constitucional, de todos os instrumentos legislativos e normativos para o

exercício da administração e da jurisdição do Domínio Público Marítimo. Salvaguardar

a celeridade necessária dos processos de reconhecimento de propriedade privada

sobre parcelas de leitos e margens públicos. Despoletar processos de iniciativa

pública de delimitação dos leitos e margens dominiais.

Torna-se também fundamental a definição de parâmetros de desenvolvimento

sustentado para cada actividade utilizadora do litoral, tendo sempre presente as

dimensões económica, ambiental e social do mar, e no quadro de uma abordagem

integrada e intersectorial.

Importa criar as condições para que as decisões de intervenção pública e de atribuição

de títulos de utilização obedeçam a lógicas de ordenamento e de planeamento. Nesse

contexto, e como suporte das decisões será promovida a monitorização ambiental dos

recursos, antecipando e detectando sinais de perigo para o ambiente marinho e litoral.

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XVIII – OBRAS PÚBLICAS

a.Acessibilidades Internas

O desenvolvimento equilibrado de uma Região como a Madeira, passa

necessariamente, pela garantia de condições idênticas de segurança e qualidade de

vida dos seus habitantes, onde quer que estes residam e/ou trabalhem, assim como

aos que nos visitam. Assegurar uma adequada rede de acessibilidades internas é um

pressuposto de base indispensável àquela garantia. Daí o significativo esforço de

investimento público realizado nas últimas décadas, no sentido da Região dispor de

rede de comunicações terrestres, que assegurem ligações rodoviárias com um nível

de serviço e de segurança imprescindíveis a um eficiente sistema geral de transportes

que se pretende de alto desempenho e factor de competitividade da economia

regional.

No domínio das acessibilidades internas, com a conclusão a curto/médio prazo dos

troços da via expresso actualmente em curso, ficará a Região com a sua rede viária

estruturante praticamente completa. Importa pois consolidar tal rede, melhorando a

sua articulação com a malha viária envolvente, designadamente com a rede viária

municipal.

Em simultâneo com a preocupação da qualificação e adequada conservação das infra-

estruturas existentes, será dada especial atenção à manutenção das antigas estradas

regionais, dada a sua importância em termos dos circuitos turísticos regionais e na

acessibilidade aos aglomerados populacionais mais isolados.

A política regional a prosseguir neste sector visa os seguintes objectivos:

- A melhoria de acessibilidades às zonas de actividade económica;

- A redução dos tempos de circulação e dos custos de operação, enquanto factor

essencial às condições de produção das empresas;

- O reforço dos níveis de acessibilidade intra-regional às zonas mais isoladas, de

forma a que estas beneficiem do desenvolvimento económico, nomeadamente o

decorrente do sector turístico, e, consequentemente, propiciando a expansão e

reforço das actividades económicas e mercados locais;

- Reduzir ao máximo os casos de isolamento de populações motivadas por

acidentes naturais;

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- A diminuição da sinistralidade rodoviária;

- A requalificação das estradas regionais que integram os principais circuitos

turísticos regionais;

- A melhoria das operações de assistência aos utentes da rede viária regional.

A consecução destes objectivos far-se-á através de implementação das

seguintes medidas e acções:

- Estudo das situações de potencial saturação da capacidade de alguns troços,

com consequentes riscos em termos de segurança rodoviária de forma a

promover oportunamente a implementação de alternativas viárias;

- Atenuação da vulnerabilidade ao risco de algumas vias de circulação, através

da consolidação ou estabilização de taludes e de melhoria dos sistemas de

drenagem em zonas com instabilidades geotécnicas;

- Reforço das condições de operacionalidade da rede viária existente através da

eliminação de pontos de estrangulamento, reformulação de nós rodoviários,

criação de rotundas e de zonas de estacionamento;

- Reforço de segurança rodoviária nas vias rápidas e vias expresso, através do

reforço e modernização dos seus dispositivos e equipamentos de segurança;

- Revisão profunda da sinalização rodoviária existente;

- Melhoria dos programas de conservação das antigas estradas regionais,

através de modelos económico/ambientalmente sustentáveis, que constituam um

factor dinamizador do tecido empresarial da Região;

- Monitorização continuada do estudo da operacionalidade das obras de arte

especiais, designadamente pontes e viadutos;

- Revisão do modelo contratual e de gestão da RAMEDM - Estradas da Madeira,

S.A., de forma a permitir à empresa dispor de um quadro de referência estável,

assegurando a sua sustentabilidade financeira a médio e longo prazo, tendo

como objectivo essencial a optimização da despesa regional global do sector

rodoviário da Região.

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b. Hidráulica Torrencial

Nas últimas décadas, os desastres naturais de maior gravidade ocorridos na Região

estão, inquestionavelmente, associados às cheias rápidas e aluviões, entendidos

como fenómenos hidrológicos extremos, cujo primeiro registo conhecido remonta a

1611. A elevada magnitude que o fenómeno pode atingir resulta da combinação de um

conjunto de factores desencadeantes, designadamente climáticos, marinhos,

geológicos e geomorfológicos, salientando-se em particular o relevo vigoroso da Ilha,

marcado pela profunda incisão dos vales, de fundo normalmente estreito, aspectos

que determinaram a formação de bacias hidrográficas pequenas e alongadas, com

cursos de água principais de comprimentos curtos (< 21 km) e tempo de concentração

baixo (< 2 horas). O regime fluvial, do tipo pluvial oceânico, depende da precipitação

que ocorre na estação fria, quando se dá o aumento da passagem de centros

depressionários com sistemas frontais associados, que podem originar precipitações

intensas e concentradas (durações horárias críticas), que por sua vez geram

escoamento fluvial turbulento, com grande poder erosivo (erosão vertical e lateral) e

de transporte (por arrastamento, rolamento e saltação), que em última análise pode

provocar estragos nas margens e inundações nas áreas urbanizadas, em posição de

depressão topográfica.

Ao longo de sucessivos anos as aluviões determinaram a intervenção das autoridades

regionais, que executaram de forma continuada várias obras de hidráulica torrencial de

protecção contra os efeitos das aluviões, que se revelaram de grande importância para

a segurança das populações. Contudo, face a eventos hidrometeorológicos de

carácter verdadeiramente excepcional, é muito difícil controlar o seu poder destrutivo e

impedir a ocorrência do transbordo, como se verificou na recente aluvião de 20 de

Fevereiro de 2010, que afectou toda a Ilha da Madeira.

Na sequência da referida intempérie, o Governo Regional promoveu o “Estudo de

Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha da Madeira”, elaborado por um grupo de

estudo pluridisciplinar, constituído no quadro de uma cooperação técnico-científica

entre o Instituto Superior Técnico, a Universidade da Madeira e o Laboratório Regional

de Engenharia Civil, incumbido de atingir os seguintes objectivos gerais:

- Avaliação e caracterização dos riscos associados aos escoamentos torrenciais

(aluviões);

- Caracterização do evento de 20 de Fevereiro de 2010;

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- Definição dos “Princípios Orientadores de Protecção Contra as Aluviões”;

Estão, pois, sustentados no referido Estudo, os princípios orientadores que o Governo

Regional vem seguindo, no sentido de evitar que fenómenos desta natureza se

repitam, com consequências tão gravosas como as verificadas na aluvião de 20 de

Fevereiro de 2010.

Tais princípios são, no essencial, os seguintes:

- Diminuição de produção de material sólido, nas vertentes dos vales, através

dos processo de erosão hídrica e de movimentos de massa, e nos leitos das

ribeiras, principalmente através do processo de erosão fluvial lateral, mediante

intervenções a executar nos diferentes sectores das bacias hidrográficas

(montante, intermédio e jusante);

- Controlo do transporte fluvial do material sólido grosseiro, através da criação de

estruturas de retenção, localizadas a montante de localidades sensíveis ou

críticas de ocupação humana;

- Atenuação da vulnerabilidade das áreas expostas ao risco de inundações,

designadamente nas troços terminais das ribeiras, onde se localizam populações

em áreas urbanas densas, actividades económicas e infra-estruturas

estratégicas;

- Controlo da exposição ao risco;

- Implementação de um sistema estruturado de previsão e aviso;

- Formação e informação ao público no domínio dos riscos associados às

aluviões/inundações e movimentos de massa.

A implementação destes princípios pressupõe a concretização do seguinte

conjunto de medidas:

- Introdução de um coberto vegetal adequado que promova a estabilização das

vertentes em situação de precipitações intensas;

- Consolidação das margens dos cursos de água afluentes, com vegetação

resiliente a escoamentos intensos e susceptível de atenuar a acção erosiva

destes;

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117

- Implementação de redes de drenagem das águas pluviais nos caminhos

florestais, de forma a evitar a concentração do escoamento superficial, que

agrava a erosão através do escoamento em sulco e contribui para a

instabilização dos taludes;

- Estabilização preventiva das vertentes e manutenção activa dos terraços

existentes;

- Regularização dos segmentos do curso de água com maior declive, com

recurso a estruturas transversais (diques ou degraus);

- Recuperação do coberto vegetal indígena nas áreas montanhosas coincidentes

com as cabeceiras dos principais cursos de água;

- Caracterização da susceptibilidade à ocorrência de movimentos de massa e

monitorização dos mesmos;

- Implementação em segmentos estratégicos dos cursos de água principais, de

estruturas transversais de intercepção e retenção temporária do material sólido

grosseiro. Trata-se de uma medida prioritária para protecção das áreas críticas

expostas ao perigo de cheia.

- Implementação e monitorização continuada dos sistemas de

exploração/operação de remoção do material retido e de planos de manutenção

das condições hidráulicas das estruturas de retenção construídas;

- Construção de muralhas de protecção das áreas urbanas, dimensionadas de

forma a conterem escoamentos excepcionais de referência.

- Optimização das condições de funcionamento hidráulico e de vazão das

secções críticas, adoptando critérios adequados de dimensionamento hidráulico

(condições de referência do evento de 20/02/2010);

- Reforço das condições de estabilidade e de segurança dos troços de ribeira

canalizados;

- Melhoria das condições de drenagem pluvial dos espaços urbanos;

- Estabilização de taludes e melhoria dos sistemas de drenagem em áreas com

instabilidades geotécnicas;

- Remoção de edificações em áreas de risco intoleráveis;

- Controlo de novas edificações em áreas de risco;

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- Implementação de um sistema articulado de gestão do risco, considerando a

monitorização meteorológica e hidrológica e o aprofundamento da investigação

sobre o clima da Madeira (diversidade de climas locais), com vista à

implementação de um sistema de aviso precoce, em articulação com os serviços

existentes (Meteorologia e Protecção Civil);

- Promoção de campanhas de informação ao público sobre o risco das aluviões

e comportamentos de protecção mais adequados, bem como a realização de

acções cirúrgicas de sensibilização e formação junto dos aglomerados mais

expostos ao risco;

Em conformidade com os princípios anteriormente referidos, estão a ser executadas

em toda a ilha da Madeira, no âmbito das obras de reconstrução associadas ao

temporal de 20 de Fevereiro de 2010, com financiamento previsto na designada Lei de

Meios, um expressivo conjunto de obras de hidráulica torrencial.

Destacam-se, pelos meios financeiros que envolvem, as obras de reconstrução geral

das Ribeiras de Santa Luzia, João Gomes e São João – que incluem intervenções nos

seus troços terminais e intermédios, a construção de 12 açudes de retenção de

material sólido, a protecção marítima a nascente da Ribeira de João Gomes e o

arranjo urbanístico a poente da Ribeira de Santa Luzia – e as Reconstruções das

Ribeiras da Ribeira Brava e da Tabua.

No sentido de garantir o enquadramento científico das acções continuadas de

prevenção e de protecção contra as aluviões, com vista à diminuição de

vulnerabilidades, dar-se-á sequência ao Estudo anteriormente referido, sendo

desenvolvida uma nova fase do mesmo, compreendendo entre outras, as seguintes

componentes:

- Concepção de um sistema regional de monitorização, previsão e alerta de

aluviões;

- Elaboração de mapas de perigosidade;

- Elaboração de cartas de erosão específica;

- Adaptação à Região Autónoma da Madeira da Directiva 2007/60/CE,

transposta para a legislação portuguesa pelo Decreto-Lei n.º 115/2010, de 22 de

Outubro, Avaliação e gestão dos riscos de inundações, em articulação com o

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119

Plano de Gestão da Região Hidrográfica (PGRH) da Região Autónoma da

Madeira, que contempla igualmente a análise do risco de cheia.

Ainda no domínio da hidráulica torrencial, para além da implementação de um

conjunto significativo de intervenções por toda a Ilha da Madeira, de

canalização/correcção e regularização de cursos de água afluentes – com

financiamento assegurado na Lei de Meios – promover-se-á a implementação de um

programa continuado de limpeza e desassoreamento dos cursos de água, e de

requalificação ambiental das suas margens, tendo como principal objectivo atenuar a

vulnerabilidade das áreas mais expostas ao risco de cheias, designadamente os

espaços urbanos densos e as áreas de actividade económica.

Proceder-se-á à revisão da actual legislação no domínio hídrico em vigor na Região,

promovendo-se a elaboração de legislação regional que tenha em consideração as

especificidades dos cursos de água da Região.

c. Edifícios e Equipamentos Públicos

A construção e edifícios e equipamentos públicos, não constitui naturalmente um

objectivo em si próprio. Eles executam-se com a preocupação de servir o bem-estar

das populações e a sua qualidade de vida. Para que tal aconteça será sempre

necessário dispor, em boas condições de serviço e segurança, de uma rede de

edifícios e de equipamentos públicos que respondam satisfatoriamente à procura

existente.

A Região Autónoma da Madeira dispõe actualmente de uma adequada base infra-

estrutural nos mais diversos sectores da acção governativa, fruto de um intenso

programa de investimento público, realizado nas últimas 3 décadas, aproveitando ao

máximo os fundos estruturais europeus. Foi esta estruturação do território o principal

sustentáculo do Ordenamento e Desenvolvimento da Região, ao ter-se assumido

através do investimento nas obras públicas como motor da criação de emprego e do

crescimento da economia regional.

No âmbito da política que a Região vem prosseguindo, no sentido de dotar a Madeira

e o Porto Santo, das infraestruturas indispensáveis ao desenvolvimento social e

económico, importa por isso destacar, a promoção, coordenação, concepção,

execução e manutenção dos edifícios e equipamentos públicos, designadamente nos

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sectores da educação, saúde e segurança social, desporto, apoio ao desenvolvimento

social e cultura.

Tendo em atenção o adverso contexto económico-financeiro que é possível antecipar

no futuro imediato – e que inevitavelmente obrigará a um reajustamento e

reopriorização das intervenções anteriormente previstas neste domínio – importa

realçar a importância que será dada em termos da implementação de continuados e

sustentáveis programas plurianuais de conservação preventiva e correctiva do

património público edificado.

Tal política é particularmente importante dada a importância que a conservação e a

reabilitação dos edifícios e equipamentos públicos tem em termos da dinamização do

emprego e da economia regional. Neste sentido, proceder-se-á a um levantamento

exaustivo do estado de conservação dos edifícios públicos nos mais diversos domínios

designadamente nos sectores da educação e da saúde, de forma a programar

adequadamente as intervenções necessárias, visando a melhoria continuada das

condições de utilização dos mesmos em termos de conforto e segurança dos seus

utentes.

d. Laboratório Regional de Engenharia Civil

No âmbito das actividades a desenvolver pelo LREC, IP-RAM – Laboratório Regional

de Engenharia Civil, entidade integrada no Sistema Português da Qualidade, com

laboratórios acreditados desde 1997, destacam-se os projectos, acções e promoção

da inovação e da investigação nas áreas da construção civil e obras públicas, da

metrologia, dos recursos naturais e energias renováveis.

O significativo investimento realizado nas últimas décadas, para dar cumprimento às

políticas públicas de infraestruturação preconizadas pela Região, implicará o

envolvimento do LREC, IP-RAM, em termos de assessoria técnica especializada,

designadamente em actividades de monitorização e observação sistemática das

principais infraestruturas, e na realização de estudos de durabilidade e manutenção

das mesmas

É de salientar também o apoio que o LREC, IP-RAM, continuará a dar às entidades

privadas, na área da construção civil, designadamente através da realização de

ensaios, perícias e pareceres e à generalidade das empresas e laboratórios regionais

na área de metrologia.

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Realçam-se também as actividades em termos do desenvolvimento de sistemas de

informação estatística e de investigação na área das estruturas, dos recursos hídricos,

climatologia e energias renováveis, designadamente das energias, solar térmica e

fotovoltaica, eólica e micro hídricas.

No seguimento do Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha da Madeira, o

LREC, IP-RAM, continuará a desenvolver estudos, em colaboração com outras

Instituições de Investigação, no sentido de prosseguir o enquadramento de acções

continuadas de prevenção e de protecção contra aluviões na Ilha da Madeira.

Acresce a cooperação do LREC, IP-RAM com a Universidade da Madeira e outras

universidades nacionais e estrangeiras em vários domínios da engenharia, através da

realização de aulas laboratoriais de licenciatura, mestrado e doutoramento, bem como

o apoio à elaboração de teses de alunos de outras universidades nacionais e

estrangeiras.

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XIX – ÁGUA

A definição dos projectos para os próximos anos é articulada dentro de uma reforma

legislativa e institucional que foi já iniciada e que leva em linha de conta uma lógica

moderna de preservação e valorização dos recursos hídricos, a racionalização das

utilizações, a sustentabilidade económica do sector e a qualidade ambiental previstas

no Plano Regional da Água e no Plano Regional da Política do Ambiente, em

convergência com a União Europeia.

Neste processo, a Região deverá executar as reformas estruturais necessárias,

nomeadamente ao nível do Modelo de Gestão, para poder corresponder, por um lado,

ao conjunto de oportunidades proporcionadas pelos fundos comunitários, os quais

terão de continuar a ter pleno aproveitamento, e, por outro lado, à necessidade de

aplicação do Princípio do Utilizador-Pagador, como forma de dar continuidade ao

volume de investimentos necessários à manutenção da qualidade da água e do

combate às perdas.

A solução dos problemas que ainda subsistem no sector do abastecimento público é

concertada com os sectores da água de regadio e da hidroenergia, sectores

essenciais à vida económica regional que competem pelo acesso aos recursos

hídricos, sendo a articulação de algumas soluções, a única resposta ambientalmente

aceitável e recomendável no plano da eficácia.

A Água assume-se, actualmente, como um dos recursos naturais mais preciosos

existentes no Mundo, e ainda mais quando estamos perante as novas ameaças

decorrentes das alterações climáticas. Estas alterações exigem da Região e do seu

Governo, a continuação das medidas, já em curso, de adaptação a esta nova

realidade.

O aumento mundial da população e o crescimento exponencial do consumo, fizeram

da Água razão para uma contínua discussão no que toca à sua utilização,

aproveitamento, captação, armazenamento e transporte, alertando-nos para os

naturais problemas que daí advinham e para a necessidade de repensar algumas

estratégias.

No plano político, é vital conservar este recurso ambiental, decisivo para a qualidade

de vida e para o bem-estar das populações. Não nos podemos esquecer que a água

potável não é apenas fulcral para os homens: ela é também imprescindível à

agricultura, à indústria e aos próprios sistemas naturais que por todo o lado existem e

se desenvolvem.

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Assim, é incontornável a necessidade de combate à poluição da água e aos

desperdícios muitas vezes desnecessários.

Simultaneamente, é elementar que um consumo moderado e devidamente eficiente,

do mais simples cidadão à mais complexa indústria ou empresa, representa um ganho

acrescido incalculável em termos ambientais e sociais.

A Água, que em muitas partes do globo é um bem cada vez mais escasso e fonte

muitas vezes de intensos conflitos, é, natural e evidentemente, parte vital da estratégia

política e da estratégia ambiental da Região Autónoma da Madeira e do seu Governo.

A criação de condições que permitam uma melhor gestão da água – um verdadeiro

desafio às sociedades modernas e às suas populações – a par de uma sensibilização

junto da nossa população para o seu uso moderado, bem como a utilização de

instrumentos modernos que permitam melhores resultados, constituem-se como a

base de trabalho para que esta riqueza, este recurso sem paralelo, seja um privilégio

de todos, quer em termos qualitativos, quer em termos quantitativos, na Região.

Neste propósito, serão permanentemente renovados os esforços de preservação e

valorização deste recurso, também através de medidas inovadoras como a reciclagem

de águas residuais para utilização na agricultura e noutros fins não humanos, a

construção de lagoas em altitude e os projectos de reflorestação, a par ainda da

manutenção de acções tradicionais como as medidas de combate a perdas e a

melhoria da capacidade de captação, transporte e tratamento de água potável.

Será conferida especial atenção à recuperação a gastos em água nos actuais

sistemas públicos de distribuição de água para abastecimento público e para regadio

agrícola, procurando-se por esta via minimizar os encargos de exploração em

benefício do preço imputado ao consumidor.

Estando, no actual grau de desenvolvimento regional, colmatadas as principais

carências em água ao nível da disponibilidade desse recurso, as grandes acções que

importa desenvolver serão direccionadas à melhoria dos sistemas de distribuição, à

renovação e substituição de redes que, por questões de antiguidade, já apresentam

elevados graus de ineficácia e perdas significativas, à garantia da qualidade da água

em função da sua utilização final, ao controlo e monitorização de caudais e de

qualidade, na prossecução dos objectivos consagrados da legislação nacional e

europeia em matéria de gestão da água.

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XX – SANEAMENTO BÁSICO

Na estratégia de desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira para o período

2007-2011 é consagrada como prioridade a promoção do desenvolvimento sustentável

na Região, no qual se perspectiva um desenvolvimento capaz de promover o bem-

estar social e económico, potenciando os valores e recursos naturais endógenos que

sustentam a qualidade de vida e o progresso das populações.

Neste âmbito, é determinante implementar medidas que permitam a conciliação do

progresso económico e social com uma política ambiental de qualidade, assente na

preservação da biodiversidade, da paisagem natural e humanizada dos ecossistemas,

na qualidade da água e do ar, no respeito e conservação do património ambiental nas

suas variadas vertentes, pelo que, nesse sentido, é imperioso dar continuidade ao

trabalho que tem vindo a ser realizado a nível de infra-estruturas e equipamentos

públicos, designadamente na área do saneamento básico.

Com o auxílio destas infra-estruturas, as águas residuais são recolhidas,

encaminhadas e tratadas adequadamente, evitando que os poluentes se dispersem e

contaminem o ambiente e as formas de vida nele existentes dando, assim, primazia ao

controlo da poluição e à protecção do ambiente.

A concretização destas infra-estruturas de saneamento básico constituiu um

instrumento imprescindível de apoio e desenvolvimento das actividades económicas

regionais e de satisfação das necessidades da população madeirense, capaz de

possibilitar uma melhoria real em termos sociais e ambientais.

Ao longo dos últimos anos, o Governo Regional tem desenvolvido vários

investimentos, cuja finalidade consiste na criação de sistemas de recolha, elevação,

tratamento e destino das águas residuais, os quais têm vindo a colmatar a forte

carência antes sentida neste sector.

Na realidade, o saneamento básico tem como objectivo servir todos os aglomerados

populacionais da Região Autónoma da Madeira com destino final adequado para as

águas residuais, colocando, no âmbito temporal da execução deste programa, a

Região, com níveis de atendimento idênticos ao dos territórios europeus mais

desenvolvidos, numa taxa de cobertura da ordem dos 75%.

Com os investimentos previstos, e desde o ano 2000, terão sido investidos, só pelo

Governo Regional, 150 milhões de euros no saneamento básico. Estas verbas

traduzir-se-ão numa melhoria significativa e integral nos equipamentos e infra-

estruturas regionais.

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Recorde-se que desde o ano 2000 foram construídas duas ETAR´s com tratamento

preliminar (Santa Cruz, 2000; Caniço, 2000), cinco ETAR’s com tratamento secundário

(Santa, 2004; Santana 2004; São Vicente 2005; Lamaceiros 2006; Caniçal 2007), dez

ETAR’s com tratamento terciário (Porto Moniz 2003; Ponta do Sol 2004; Gaula 2004;

Seixal 2005; Ribeira Brava 2005; Machico 2005; Porto Santo 2005; Porto da Cruz

2006; Paul do Mar 2006; Calheta 2007) e uma ETAR biológica (Boaventura 2002).

Este investimento governamental, é sinónimo irrefutável do esforço da Região para

obter taxas elevadas de cobertura e, assim, satisfazer necessidades elementares ao

mesmo tempo que melhora a qualidade de vida das nossas populações.

Na sequência desta política, para o período de 2007-2011 é relevante dar seguimento

à execução destas infra-estruturas de saneamento básico, de modo a completar os

instrumentos basilares que alicercem e suportem toda uma estrutura cabalmente

arquitectada e projectada no tempo e no espaço.

Interessa garantir, em qualquer circunstância, a adequação dos sistemas de

tratamento de águas residuais urbanas já edificados ou a edificar às efectivas

capacidades de recepção, de dispersão e de depuração dos meios receptores naturais

sem prejuízo das disposições legais vigentes, na prossecução de uma racionalidade

de gestão conducente ao equilíbrio económico e financeiro do sector com base em

tarifários socialmente sustentáveis. É fundamental assegurar a compatibilidade da

qualidade dos afluentes às redes públicas de drenagem de águas residuais urbanas

como forma de garantir a eficácia e eficiência dos tratamentos a jusante e preservar a

qualidade ambiental dos meios naturais de recepção de efluentes, mediante a acção

concertada junto dos grandes produtores de resíduos, sobretudo os industriais, e

incremento da fiscalização da qualidade dos afluentes às redes públicas por constituir

um importante e eficaz veículo de sensibilização e de educação ambiental.

É identicamente prioritário continuar o esforço em curso, no sentido de melhorar os

níveis de atendimento da população em toda a Região – com sistemas de drenagem e

tratamento de águas residuais, dotando todos os aglomerados populacionais com

sistemas de tratamento e de destino final de águas residuais adequados – e os níveis

de qualidade ambiental dos sistemas de tratamento existentes – tendo em vista a

obtenção de padrões de qualidade compatíveis com as normas ambientais vigentes.

Em sentido restrito, continuar-se-á o processo de implementação de soluções de

gestão integrada dos equipamentos de recolha e tratamento de resíduos, favorecendo

assim a sua maximização, articulada com o restante sector hídrico e com o sector dos

Resíduos.

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Estas soluções integradas incluem a recolha e o transporte, optimizando o serviço

prestado às populações, e a própria gestão estrutural do sector, fomentando a redução

de custos e promovendo a criação das condições funcionais para a continuação dos

programas de investimento, que no fundo também fazem parte das grandes linhas

orientadoras, das grandes opções, que determinam a acção governativa.

a.Resíduos Sólidos

O problema da gestão dos resíduos sólidos, que afecta generalizadamente as

modernas concentrações urbanas, coloca-se de forma mais acentuada em ilhas com

as dimensões e características das que compõem a Região Autónoma da Madeira. Tal

pressuposto deriva, designadamente, da fragilidade dos seus ecossistemas, da

distância que as separa do território continental, dos elevados custos com o

transporte, da orografia acentuada, da forte dependência do exterior, da distribuição e

flutuações de população e das fracas economias de escala que impossibilitam a

viabilização de soluções locais de reciclagem.

Acresce ainda o facto das suas economias e tecidos produtivos estarem fortemente

dependentes do sector turístico – claramente a indústria referência da economia

regional – daí que a qualidade ambiental constitua um vector estratégico decisivo na

medida em que a sua salvaguarda estabelece uma condição essencial ao

desenvolvimento do Turismo e, consequentemente, ao reforço do potencial económico

regional, elevação dos níveis de rendimento e viabilização do processo sustentado de

desenvolvimento regional.

Salienta-se, também, que as especificidades das regiões insulares periféricas

implicam que estas sejam confrontadas com custos acrescidos para cumprir com as

mesmas exigências que as regiões continentais na gestão dos resíduos, em geral, e

da sua recolha selectiva, transporte, tratamento e destino final dos resíduos sólidos,

em particular.

Esses sobrecustos, que resultam da condição de ultraperiferia da Região Autónoma

da madeira, da exiguidade de espaços disponíveis para tratamento, da exigência de

valorização e deposição final de resíduos de forma racional e ambientalmente

sustentável, da inexistência de massa crítica ao nível de volume resíduos para, com

base em economias de escala, reduzir os encargos unitários de operação, da orografia

e de uma malha viária desfavorável, são incontornáveis, dando ainda origem a

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encargos adicionais derivados da necessiadade de exportação de resíduos recolhidos

selectivamente para valorização adequada.

São especialmente relevantes os sobrecustos do sistema de gestão de resíduos

sólidos da Ilha do Porto Santo, em condição de dupla insularidade, por via da

necessidade acrescida de transportes para transferência dos resíduos para tratamento

adequado e valorização na ilha da Madeira.

É importante atenuar o impacto dos sobrecustos do sistema de tratamento,

valorização, transferência e triagem de resíduos sólidos da Região Autónoma da

Madeira, medida que impõe a concertação de acções com as entidades sob as quais

recai a responsabilidade da gestão dos circuitos de recolha selectiva ou indiferenciada

de resíduos sólidos na Região Autónoma da Madeira.

Interessa incrementar o valor da receita interna conseguida com o tratamento e

valorização de resíduos sólidos urbanos, tanto através da produção energética como

da venda de produtos recicláveis, medidas que de forma directa contribuem para a

minimização das tarifas junto dos consumidores.

Com esta preocupação, o Governo da Região Autónoma da Madeira continuará a

edificação das infra-estruturas necessárias à plena implantação do Projecto de Gestão

de Resíduos em curso, mantendo ainda, enfaticamente, os objectivos de Reciclagem,

aspecto em que os madeirenses têm sido exemplares, de Reutilização e promovendo

medidas junto do tecido empresarial e económico e da população com vista à

Redução da produção de resíduos.

Num outro prisma, importa rentabilizar a quantidade de resíduos depositada em

aterros sanitários, o que acarreta valorizar as escórias produzidas nas linhas de

incineração de resíduos que poderão ser utilizadas, por exemplo, na construção das

sub-bases das estradas.

Acresce que atendendo à diversidade e às pequenas quantidades de resíduos

perigosos produzidos na Região Autónoma da Madeira, não é viável implementar

soluções locais de reciclagem, o que implica, como forma de contornar o problema,

construir uma instalação para a triagem, armazenamento temporário e transferência

desses resíduos para valorização e reciclagem fora da Região.

A renovação e a ampliação da rede de equipamentos de recolha selectiva, viaturas e

contentores em conjugação com a optimização dos circuitos de recolha de resíduos

urbanos e com a redefinição dos volumes de contentorização junto das populações

urbanas, permitirá, por um lado, prestar um melhor serviço à população e, por outro

lado, aumentar a quantidade de resíduos para reciclagem.

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Por outro lado, considerando que o essencial das infra-estruturas de recolha,

tratamento e de destino final dos resíduos já se encontram concluídas ou em fase final

de conclusão, há agora que acelerar a implementação das soluções adequadas de

gestão, o mais integradas possível, como forma de fomentar uma melhor

rentabilização dos equipamentos e uma redução dos custos e dos sacrifícios exigidos

aos cidadãos.

No plano externo, o Governo Regional continuará a pugnar pela concretização, junto

do Estado Português, do ainda não cumprido Princípio Constitucional da Continuidade

Territorial e pela comparticipação e/ou compensação, junto da União Europeia, nos

sobrecustos impostos pelas condições específicas e muito próprias do nosso território,

aliás condição reconhecida no estatuto de Região Ultraperiférica, consagrado no

Tratado da União Europeia.

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XXI – EMPREGO

A situação económica da Região e do País tem tido, como consequência, reflexos na

situação do emprego, com um abrandamento no ritmo de criação de novos empregos

e, paralelamente, uma redução do número de postos de trabalho nas empresas

regionais.

Apesar disso, as políticas de emprego que têm vindo a ser desenvolvidas, têm

permitido alguma contenção no aumento do desemprego, quer através dos apoios às

empresas, quer através de medidas activas que fomentem a criação de emprego e

contribuam para apoiar a inserção de desempregados no mercado de trabalho.

A Madeira, com uma economia fortemente dependente do exterior, é especialmente

vulnerável às oscilações verificadas a nível nacional e europeu, como se tem

verificado, nos últimos anos. A instabilidade económica resulta, invariavelmente, no

aumento do desemprego e só uma situação de retoma, ainda não temporalmente

previsível, poderá vir a inverter a tendência para algum acréscimo do desemprego.

Nestas circunstâncias, e porque as medidas de emprego que têm vindo a ser

desenvolvidas têm tido um importante contributo de fundos comunitários (FSE), os

quais estão em fase de decréscimo de montantes, importa, para manter o nível de

intervenção junto dos desempregados, rever algumas das acções actualmente em

curso. Essa reformulação de algumas medidas, terá como objectivo, com os fundos

disponíveis, abranger o número máximo de desempregados, tendo especial atenção

aos mais desfavorecidos, aos grupos de mais difícil inserção, aos que não beneficiam

de apoios sociais e aos jovens à procura do primeiro emprego.

Assim, propõe-se:

Incentivar o empreendedorismo, através de medidas de apoio à criação

do próprio emprego, quando os desempregados apresentem pequenas

iniciativas empresariais, que sejam criativas e economicamente viáveis, e

cujos promotores revelem capacidade para a gestão desses projectos

Actuar na área do desemprego jovem, efectuando os ajustamentos

necessários nas medidas que lhes são especialmente dirigidas, em

especial os estágios profissionais, de modo a que possa abranger um

maior número de jovens, o que tornará necessária a reformulação do

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actual quadro de apoios aos estagiários e a adequação deste programa

ao novo Quadro Nacional de Qualificações

Incrementar a divulgação das medidas activas de emprego junto dos

públicos a que cada uma delas se destina

Manter uma política de apoio aos empresários que comprovem a criação

líquida de postos de trabalho, através da medida de incentivos à

contratação

Assegurar uma maior eficácia no ajustamento entre as ofertas de

emprego recebidas e as que são efectivamente satisfeitas

Promover uma maior proximidade dos serviços do Instituto de Emprego

da Madeira (IEM) com os seus utentes, nomeadamente através da

reformulação da legislação que enquadra os Clubes de Emprego,

tornando-os verdadeiras extensões do IEM e mantendo em actividade

apenas os que revelem resultados positivos na sua função de apoio à

integração de desempregados no mercado de trabalho

Reforçar o papel da economia social na intervenção junto dos

desempregados, com maiores dificuldades de inserção laboral

Reforçar as acções de formação para desempregados, em articulação

com a área da Qualificação Profissional

Combater a inactividade prolongada dos desempregados, sejam ou não

beneficiários de prestações sociais, através da sua colocação, em

programas ocupacionais, em entidades públicas ou privadas sem fins

lucrativos, desde que afectos a actividades socialmente úteis,

contribuindo para a sua formação e facilitando a inserção profissional

Incrementar a mobilidade no espaço europeu, quer através da Rede

Eures, quer proporcionando a jovens qualificados um estágio profissional

num país da UE

Aperfeiçoar os mecanismos de interacção entre o IEM e os seus utentes

– desempregados e empregadores – através do desenvolvimento de

ferramentas apropriadas no âmbito das novas tecnologias.

Após reformulação, nos casos em que tal se justifique, das actuais medidas activas de

emprego, serão as mesmas consubstanciadas num novo Plano Regional de Emprego

para o período 2012-2020, respeitando as directrizes europeias, nacionais e regionais

no âmbito da “Estratégia 2020”.

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XXII – TRABALHO

No quadro da Autonomia Política e dos valores que esta distingue, a dimensão social

e humana do Trabalho constitui um referencial e uma prioridade no desenvolvimento

da política laboral regional.

Os desafios que se colocam no horizonte temporal de ação do Programa de Governo,

implicam o reforço do que tem sido o paradigma da ação neste domínio: Diálogo

Social responsável e eficaz, com a participação dos Parceiros Sociais; tripartismo na

procura das soluções para os problemas com que a economia, as empresas e os

trabalhadores se confrontam; valorização do Trabalho como fator determinante para a

superação das atuais dificuldades; criação de condições para a manutenção da

harmonização das relações laborais; fomento da Paz Social, assente em valores e

princípios de Justiça Social.

Estes objetivos enquadram-se numa lógica inerente ao projeto autonómico,

consolidado em valores e referências sócio-culturais que perspetivam o

desenvolvimento sustentado, centrado na Pessoa Humana e na procura determinada

de um futuro de esperança, com a criação de estruturas e de condições de trabalho

adequadas, tendo particularmente em atenção os setores mais vulneráveis e os mais

desprotegidos.

O nível de estabilidade e qualidade das relações laborais e do Trabalho são fatores

determinantes para a eficácia e o sucesso da política económica e social. Por isso,

apostaremos na valorização, reforço e fomento da harmonização das relações de

trabalho e na criação de condições de confiança, fatores essenciais ao investimento e

à criação de emprego.

Assim, constituem objetivos gerais da política laboral, a concretizar no período de

2011-2015:

Valorização do Trabalho e dos Recursos Humanos em geral, como fatores

essenciais para enfrentar os desafios da conjuntura atual e atingir objetivos de

desenvolvimento económico e social;

Consolidação e reforço do modelo laboral regional, em respeito pelo quadro

legal na salvaguarda das competências e especificidades regionais, de modo a

valorizar o potencial dos Recursos Humanos e as condições de trabalho, na

base da estabilidade e da justiça social;

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Manutenção de condições de consolidação e afirmação da Paz Social, e do

adequado nível de relacionamento institucional entre Parceiros Sociais e

departamentos laborais;

Tripartismo e Diálogo Social como instrumentos e processos de abordagem à

realidade laboral;

Fomento de condições de estabilidade e confiança, potenciadoras da dinâmica

empresarial, do investimento e da criação de emprego;

Incentivo à justa retribuição do trabalho, com a introdução das melhorias

possíveis tendo em linha de conta os necessários equilíbrios, no contexto

económico-financeiro atual;

Fomento de políticas de Igualdade de Direitos e Oportunidades no Trabalho e

no Emprego e de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho, com participação

dos intervenientes no processo laboral.

Para a realização dos objetivos enunciados, serão adotadas, entre outras, as

seguintes medidas:

Prática do diálogo social e tripartismo, como princípio estruturante de toda a

intervenção laboral, com recurso à realização de encontros com os Parceiros

Sociais, para avaliação da conjuntura laboral;

Apoio à Contratação Coletiva Regional, com respeito pela autonomia negocial

das partes, desenvolvendo ação mediadora e conciliatória e intervenção

administrativa, nas situações em que tal se justifique;

Defesa dos rendimentos salariais, por ação direta das partes nos processos

negociais da contratação coletiva ou no âmbito da intervenção conciliadora e

administrativa do Governo, tendo em conta a situação económica das

empresas e a defesa da sua competitividade;

Manutenção da política de acréscimo ao salário mínimo nacional, tendo em

conta a realidade regional;

Dinamização da ação do Serviço Regional de Resolução Voluntária de

Conflitos Individuais de Trabalho;

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Aplicação e atualização do Plano Regional de Igualdade de Oportunidades

(PRIO) para dinamização de medidas e ações de divulgação e informação que

possibilitem a adequada aplicação prática dos objetivos inerentes à politica de

Igualdade de Oportunidades;

Reforço da ação da Comissão Regional para a Igualdade no Trabalho e no

Emprego (CRITE), de composição tripartida, de modo a que a Comissão possa

prosseguir a sua dinâmica de intervenção, no acompanhamento de todas as

situações indiciadoras de desigualdade e discriminação;

Elaboração de Guia Regional para a Conciliação da Vida Profissional e

Familiar;

Execução da Estratégia Regional de Saúde e Segurança no Trabalho em

curso, desenvolvendo programas e medidas que contribuam para a

sensibilização, formação e informação na área da Prevenção, Higiene,

Segurança e Saúde no Trabalho, tendo em vista a redução da sinistralidade

laboral e a prevenção das doenças e riscos profissionais;

Desenvolvimento de ações que conduzam a que todas as empresas de

serviços externos de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho estejam

devidamente autorizadas em termos da legislação aplicável;

Implementação do sistema de auditorias às empresas de serviços externos de

Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho;

Ação preventiva e pedagógica da Inspeção Regional do Trabalho,

nomeadamente no combate à sinistralidade laboral, no cumprimento de

obrigações em matéria de contratação, remunerações e organização dos

tempos de trabalho e na promoção da igualdade no acesso ao trabalho, sem

prejuízo de procedimentos sancionatórios, sempre que se justifiquem;

Aproveitamento estatístico dos instrumentos administrativos previstos na

legislação laboral, nomeadamente o Relatório Único e os Acidentes de

Trabalho;

Aprofundamento de estudos sobre temáticas laborais e elaboração e

divulgação de estatísticas do Trabalho, sobre os diversos vetores e aspetos da

realidade laboral (Contratação Coletiva, Remunerações, Greves, Condições de

Trabalho, Trabalho Precário, Trabalho de Estrangeiros);

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Fomento de parcerias com estruturas representativas dos Parceiros Sociais e

instituições de formação e educativas, para a promoção de ações de formação

nas áreas do Direito do Trabalho, Estudos e Estatísticas Laborais, Higiene,

Segurança e Saúde no Trabalho, Igualdade de Oportunidades e Condições de

Trabalho;

Realização e participação em programas, colóquios e seminários em vários

domínios do Trabalho;

Promoção de ações de informação e divulgação do Código do Trabalho e da

legislação do trabalho em geral, com incidência no que decorra das

especificidades regionais;

Disponibilização permanente de serviço jurídico-laboral a todos os

interessados;

Participação nas estruturas laborais nacionais, europeias e internacionais, de

modo a afirmar os interesses e as especificidades regionais.

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XXIII – SEGURANÇA E SOLIDARIEDADE SOCIAL

Num contexto económico e financeiro difícil é expectável um aumento das

necessidades de apoio social, pelo que é um imperativo ético assegurar uma rede de

protecção social, que garanta a dignidade da Pessoa Humana.

O Governo manterá como ponto central da sua política de Protecção Social, a Família,

núcleo natural de solidariedade social geracional e grupo social e funcional, que

influencia e é influenciado, por todas as esferas da sociedade. Centrando nas famílias

a intervenção social assegurará o apoio às Crianças e Jovens e a todos os elementos

mais vulneráveis da sociedade.

Propõe-se promover o capital humano, social e produtivo das famílias através da

implementação das seguintes medidas:

Elaboração da Estratégia Regional para a Intervenção Social (ERIS 2012-

2015)

Divulgação e sensibilização da população para a Medida Apadrinhamento Civil

Programa de Intervenção Precoce e Competências Parentais em quatro

vertentes de apoio às famílias com crianças e Jovens:

dos 0 aos 6 anos de idade

dos 6 aos 12 anos de idade

dos 12 aos 18 anos de idade

jovens institucionalizados/promoção do regresso à Família

Promoção da equidade social no apoio alimentar às famílias

carenciadas

Qualificação da Rede de Centros Comunitários da RAM com o objectivo de

rentabilizar os recursos locais no combate à pobreza, através de soluções de

Inovação e Empreendedorismo Social

Avaliação dos resultados do Plano Regional Contra a Violência Doméstica

(PRCVD 2009-2011), com o fim de aperfeiçoar intervenções já existentes, bem

como equacionar novas acções

Criação de um espaço facilitador de encontro entre filhos e pais separados, em

situação de conflito parental

Avaliação dos resultados do Plano Regional para Pessoas Sem Abrigo

(PRPSA 2009-2011), de forma a dar continuidade a algumas medidas e

apostar em novas intervenções

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Salvaguarda de apoios para aquisição de medicamentos às famílias

carenciadas

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XXIV – SAÚDE

As opções estratégicas para o sector da Saúde reflectem uma visão sistémica e uma

aprendizagem do passado, com a actualização necessária ao tempo presente. Os

eixos estruturantes da acção da política de saúde regional são orientadores do

necessário alinhamento entre as estratégias e a integração e sustentabilidade do

sistema de saúde e traduzem a disponibilidade para acolher novas experiências e

intervenções, que possam responder às necessidades das populações.

Os eixos estruturantes são:

Políticas Saudáveis

Qualidade

Acesso aos cuidados de saúde

Cidadania em saúde

Consolidar o Plano Regional de Saúde 2011-2016 como um instrumento

fundamental para o desenvolvimento do sistema regional de saúde como um

todo e como orientação para a qualidade clínica, a promoção da saúde e a

prevenção da doença, com a redução de factores de risco tendo em

perspectiva ganhos de saúde para a população e a integração de programas e

projectos de base intersectorial, num registo de proximidade às populações.

Melhorar a informação e o conhecimento para uma maior acção integrada e

abrangente na prevenção, tratamento e controlo da Diabetes Mellitus, criando e

difundindo instrumentos que apoiem e estimulem as iniciativas multissectoriais

a nível regional, local e institucional.

Assegurar uma estratégia de prevenção da doença respiratória crónica com

ênfase na prevenção de factores de risco: fumo (activo ou passivo), poluição

atmosférica (interior ou exterior), exposição a alergenos, infecções respiratórias

recorrentes na 1ª infância, poeiras e químicos ocupacionais.

Melhorar as condições de diagnóstico precoce e tratamento das doenças

oncológicas num ambiente de qualidade e segurança clínicas.

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Melhorar a qualidade de vida e proporcionar maior conforto aos doentes em

fase final de vida e acompanhar as famílias através da organização dos

cuidados paliativos.

Desenvolver, fortalecer e creditar os sistemas de informação em saúde,

criando um registo electrónico comum observando os princípios da

confidencialidade e da privacidade e que permita a prescrição electrónica para

medicamentos e meios complementares de diagnóstico e terapêutica.

Assegurar a disponibilização do conjunto de vacinas de acesso universal, para

alcançar a protecção mais eficiente nas doenças com maior impacto nas

comunidades e velar pelo cumprimento da execução do acesso às mesmas,

através do Programa Regional de Vacinação.

Organizar respostas de contenção e controlo para enfrentar as emergências

em Saúde Pública.

Assegurar a investigação prioritária em Saúde Pública sobre os factores de

risco e doenças crónicas considerando o contexto actual de transição

epidemiológica.

Definir referenciais de competências e formação em Saúde Pública, a nível

regional e local.

Promover mecanismos de sinalização, prevenção e controlo de riscos

ambientais com ênfase nos vectores transmissores de doenças.

Promover a saúde global estimulando os contextos favoráveis e protectores ao

longo do Ciclo de Vida, agindo por antecipação para identificar períodos

críticos e janelas de oportunidade, em que o potencial para a promoção da

saúde e prevenção da doença são elevados.

Consolidar o Programa de Saúde Oral nas suas várias dimensões:

Saúde Oral na Escola

Saúde Oral na Gravidez

Rastreio de lesões da boca nas pessoas com 65 e mais

anos

Fomentar a acção intersectorial e multidisciplinar, através da rede de Centros

de Saúde, no sentido da promoção da saúde e segurança das pessoas com 65

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e mais anos para que possam, inseridos no seu meio familiar, ampliar a

esperança de vida autónoma com qualidade;

Reforçar a gestão integrada da rede de Cuidados de Saúde Primários,

diversificando a oferta e assegurando o acesso baseado nas necessidades das

comunidades;

Consolidar as obras de remodelação e beneficiação das Unidades de Saúde;

Consolidar os mecanismos de gestão de situações críticas nomeadamente as

Vias Verdes intra e extra hospitalar;

Agilizar as políticas de recursos humanos;

Investir na formação dos profissionais de saúde, designadamente dos médicos,

a médio e a longo prazo, garantindo competências sólidas na área médica,

designadamente em mestrados, pós-graduações e doutoramentos, em

articulação com a formação em medicina a ministrar pela Universidade da

Madeira;

Garantir a sustentabilidade económico-financeira do Sistema Regional de

Saúde.

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XXV – HABITAÇÃO

Trinta e cinco anos após o início do processo autonómico, é hoje indesmentível que a

política social de habitação é uma das áreas onde foi possível ir mais longe na

melhoria das condições de vida das famílias madeirenses, e a prova segura da

prioridade que o Governo Regional sempre deu às questões sociais.

Com efeito, se temos hoje 9% da população madeirense a viver em casas construídas

por iniciativa dos sucessivos governos regionais, e se mais de 25% dos cidadãos

desta Região Autónoma foram já beneficiados por algum dos programas de ajuda

habitacional criados pelo poder legislativo próprio, no acesso a uma casa segura,

confortável e com todas as condições de habitabilidade, podemos dizer que muito foi

feito e o principal está conseguido.

Mas os tempos actuais, com os problemas globais da economia e das finanças

públicas, e as suas consequências nesta Região Autónoma, tornam necessário

continuar o esforço para que as novas situações de carência habitacional possam ter

resposta: se ontem havia que responder aos problemas das famílias numerosas a

viver em condições desumanas, ou aos aglomerados de barracas, felizmente já quase

erradicados, hoje as politicas públicas de habitação têm de se confrontar com novos

fenómenos como as famílias monoparentais com baixos rendimentos, os idosos a

viverem sozinhos em arrendamentos antigos, os cidadãos deficientes confinados a

casas sem condições adequadas e os proprietários a quem o flagelo do desemprego

ameaça fazer perder a habitação.

Pelo que é necessário prosseguir o esforço de apoio aos cidadãos em situação de

maior carência, e o Governo Regional vai continuar a ter como prioridade, mesmo no

actual cenário de constrangimentos financeiros que todos os madeirenses possam ver

satisfeitas as suas necessidades habitacionais.

Ao nível das soluções habitacionais, o enorme desenvolvimento da construção de

habitações verificada na Madeira nas últimas três dezenas de anos permite que, nos

programas de apoio, não haja necessidade de disponibilizar sempre mais fogos novos,

em novos bairros sociais, solução mais onerosa num território escasso e difícil como o

nosso, mas aconselha a que se procurem aproveitar os imóveis já construídos e que

não estão a ser habitados, e, através de mecanismos de apoio à reabilitação e ao

arrendamento, permitir que sejam ocupados por famílias em situação de carência

habitacional.

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Assim, o Programa de Governo neste domínio propõe como grandes prioridades da

política social de habitação o apoio à reabilitação e recuperação do parque

habitacional degradado e o esforço para integração social das famílias

residentes nos Bairros Sociais.

Medidas a implementar:

Apoio financeiro e técnico às famílias carenciadas na recuperação e melhoria dos

fogos degradados, em alternativa à construção de novas habitações para fins

sociais, considerando os benefícios em termos sociais, urbanísticos e ambientais,

através do Programa de Recuperação de Imóveis Degradados (PRID) e do recurso

a programas de reabilitação urbana de âmbito nacional e comunitário.

Conclusão do programa excepcional de ajuda habitacional às famílias cujas casas

foram destruídas pelos temporais de 20 de Fevereiro de 2010, através da

construção e aquisição de novos fogos e, sempre que possível, pelo apoio à

reconstrução e à reabilitação das habitações atingidas, nos termos previstos na Lei

de Meios.

Construção e aquisição de habitações para realojamento de famílias em situação

de extrema carência habitacional e financeira, através do regime de arrendamento

social, maximizando os apoios nacionais, nomeadamente os acordos de

colaboração celebrados no âmbito do PROHABITA com o IHRU – Instituto de

Habitação e Reabilitação Urbana.

Preocupação permanente com a criação de soluções habitacionais específicas

para cidadãos particularmente vulneráveis – idosos sozinhos, deficientes e

doentes crónicos, famílias monoparentais, desempregados – através de prioridade

no realojamento e na concessão de apoio directos ao arrendamento de fogos

Continuação do investimento nos meios que permitam aferir e aprofundar os

conhecimentos relativos às carências habitacionais da população, nomeadamente

através de vistorias e inquéritos permanentes, com acompanhamento particular

das situações mais graves a que não foi ainda possível dar solução.

Reforço do trabalho de inclusão social dos residentes nos conjuntos habitacionais

públicos, com iniciativas orientadas para a integração socioeconómica das

famílias, através do incremento de parcerias com outras entidades públicas e

privadas, designadamente nas áreas da segurança social, saúde, educação e

emprego, bem como com os municípios.

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Aplicação do princípio de sustentabilidade na gestão dos recursos públicos em

matéria de habitação social, procurando envolver e responsabilizar os moradores

na conservação das habitações e equipamentos comuns, em benefício de todos.

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XXVI – PROTECÇÃO CIVIL

A salvaguarda e protecção da Vida Humana e dos bens, num território insular, como a

Região Autónoma da Madeira, constitui um pilar estratégico do seu desenvolvimento

sustentável.

Transversal a todas as áreas de actividade, a Protecção Civil assume, assim a

centralidade na vida colectiva, tornando-a um valor essencial para o bem-estar e

segurança das populações.

Medidas

Neste domínio, o Governo propõe-se:

Dinamizar acções de sensibilização, da população em geral e da comunidade

escolar em particular, para a prevenção e posterior protecção do conjunto dos

riscos a que possa estar sujeita, com vista ao estabelecimento de uma cultura

regional de segurança, essencial ao desenvolvimento.

Concluir a construção do Núcleo de Instalações e de Formação de Protecção

Civil da Região Autónoma da Madeira.

Desenvolver, na Região Autónoma da Madeira, as potencialidades inerentes à

formação e treino dos agentes de protecção civil, nas áreas de incêndios

florestais, incêndios urbanos e industriais, salvamento, desencarceramento e

desobstrução e suporte básico de vida/desfibrilhação automática externa,

possibilitando a evolução sustentada do Centro de Formação e Protecção Civil

e Bombeiros.

Adequar a capacidade de intervenção do Dispositivo de Resposta Operacional,

através da criação de Unidades de Intervenção Especiais, da melhoria,

actualização e diversificação dos meios de socorro e de protecção individual,

em função da tipologia de riscos e das distintas áreas de responsabilidade.

Contribuir para o pleno funcionamento das comunicações do Sistema Integrado

das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), integrando as

componentes de segurança, emergência e defesa que desenvolvem as suas

actividades na Região Autónoma da Madeira.

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Aproveitar a capacidade dos Programas INTERVIR +, RUMOS e os que

possam decorrer de novos quadros comunitários de apoio, no sentido de

consolidar as mais valias resultantes das parcerias de cooperação em áreas

essencialmente ligadas à emergência e socorro, ao meio ambiente e à sua

preservação.

Assegurar a gestão da emergência ao nível da Região Autónoma da Madeira,

principalmente em articulação com as autarquias, tendo em vista garantir uma

resposta célere e adequada.

Consolidar a implementação do Programa Regional da Desfibrilhação

Automática Externa.

Operacionalizar a intervenção dos meios de socorro e emergência na orla

costeira da RAM, aproveitando as infra-estruturas operacionais já existentes,

numa óptica de racionalização de recursos.

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XXVII – CIÊNCIA, EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

a.Educação

O constante e rápido avanço tecnológico e científico, o crescimento exponencial da

informação e a crescente complexidade dos problemas e desafios que atualmente se

colocam exigem pessoas cada vez mais qualificadas, dotadas de competências

essenciais que lhes permitam adaptar-se com flexibilidade a um mundo em rápida

mutação e cada vez mais interligado.

O presente programa de Governo, ao consolidar e aprofundar a política educativa,

pretende contribuir para o desenvolvimento e qualidade do sistema educativo na

Região, mediante a valorização da escola pública e dos profissionais de educação,

potenciando melhorias nas aprendizagens dos alunos.

Nestes termos, em matéria de política educativa, é intenção do Governo:

Pugnar pela aprovação de uma Lei-quadro da Educação Regional;

Promover uma escola que, usando o seu espaço de autonomia e valorizando

os seus atores, aposte na melhoria da qualidade do que se aprende e do que

se ensina;

Promover uma cultura de disciplina e trabalho, incrementando o envolvimento

e a responsabilização de alunos e famílias, em articulação com o reforço da

autoridade efetiva dos profissionais de educação e da instituição “Escola”;

Otimizar a implementação de medidas que promovam a prevenção do

abandono e do insucesso escolar, com o propósito de preparar os jovens para

a vida ativa ou para o prosseguimento de estudos;

Criar condições que potenciem a mobilização de recursos da escola e da

comunidade educativa envolvente (famílias, autarquias, setor empresarial e

outras entidades) para a implementação de projetos integrados que, com o

envolvimento e corresponsabilização de todos, respondam aos problemas e

desafios de cada contexto, de modo a contribuir para o sucesso educativo;

Assegurar uma maior articulação e cooperação entre a oferta de

educação/ensino pública e privada, numa perspetiva de complementaridade;

Reforçar a cultura de avaliação no sistema educativo regional, por forma a

regular e garantir o seu desenvolvimento, com vista à promoção de valores

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como o trabalho, a disciplina, a exigência, o rigor, a competência e o mérito,

em busca de uma educação de excelência;

Incrementar e diversificar a oferta educativa/formativa (cursos de educação e

formação e cursos tecnológicos, profissionais e artísticos), de modo a

corresponder, por um lado, ao alargamento da escolaridade obrigatória (até

aos 18 anos) e, por outro lado, às exigências do mercado de trabalho;

Reforçar a aprendizagem das duas disciplinas estruturantes: Língua

Portuguesa e Matemática;

Incrementar a implementação de medidas conducentes ao reforço da

componente regional no desenvolvimento curricular;

Reforçar a implementação de medidas de apoio complementares ao currículo

e/ou promotoras das competências básicas, decorrentes da aprendizagem ao

longo da vida, nomeadamente no âmbito das línguas estrangeiras, das

ciências e tecnologia, das tecnologias de informação e comunicação, da

educação artística, do desporto escolar, do empreendedorismo e da educação

para a cidadania;

Intensificar a promoção de cursos de educação e formação de adultos,

orientados para pessoas com poucas competências de base, em especial, com

baixo grau de literacia, como forma de lhes proporcionar o desenvolvimento de

competências pessoais para o exercício de uma cidadania ativa, para a

inclusão social e para o emprego;

Proporcionar condições que privilegiem uma formação contínua de

profissionais de educação, centrada na escola, sem deixar de garantir, de

forma sistémica, o desenvolvimento organizacional e pessoal/profissional dos

atores educativos.

Em matéria de administração educativa, a melhoria da qualidade do serviço público de

Educação, num quadro de contenção de despesas e rigor orçamental, continuará a

apostar na estabilidade do corpo docente, essencial para a implementação do projeto

educativo de escola.

A existência das escolas do 1.º ciclo do ensino básico a funcionar em regime de tempo

inteiro e a disponibilização de uma oferta formativa que configura uma nova

organização de escola, assente em atividades curriculares, de enriquecimento do

currículo e organização de tempos livres, abrangendo, entre outras, as áreas de língua

estrangeira, educação artística e desportiva, recomenda a consolidação do modelo

organizacional que lhe está inerente e uma resposta mais célere às necessidades das

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escolas, quer através do recurso ao mecanismo da renovação de contratos, quer

através do concurso de contratação.

No âmbito da administração e gestão escolar, melhora-se o ordenamento jurídico e

reenquadra-se o atual regime dos estabelecimentos de educação e do 1.º ciclo do

ensino básico, reforçando-se a autonomia da escola ao nível da atribuição de níveis de

competência e responsabilidade, numa lógica de descentralização da administração

educativa, com a efetiva transferência de competências para os estabelecimentos de

ensino.

A alteração do Estatuto da Carreira Docente da Região continuará a apostar na

valorização do papel do professor, com vista à melhoria da qualidade das atividades

educativas das crianças e das aprendizagens dos alunos, privilegiando-se um quadro

legal valorizador da função docente e do Sistema Educativo Regional.

Com vista a melhorar os padrões de competência e qualificações escolares, promover-

se-á a avaliação da educação e do ensino não superior nas escolas da Região, tendo

em conta a sua especificidade, ao mesmo tempo que se fornece a informação

necessária para a formulação de políticas educativas nas diferentes áreas.

A nível do pessoal não docente serão criados quadros únicos concelhios, o que

permitirá otimizar a gestão dos recursos humanos de acordo com as necessidades

reais de cada serviço e ou escola, ao mesmo tempo que se garante a estabilidade dos

trabalhadores.

Neste contexto, o Governo propõe-se desenvolver as seguintes medidas:

Continuação na aposta da estabilidade do corpo docente das escolas;

Manutenção dos grupos de recrutamento das atividades curriculares e de

enriquecimento do currículo no 1º ciclo do ensino básico;

Alteração, no âmbito da administração e gestão dos estabelecimentos de

ensino dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário, do respetivo

regime legal e reenquadramento do ordenamento jurídico dos

estabelecimentos de educação e do 1º ciclo do ensino básico;

Aprovação da 2ª alteração do Estatuto da Carreira Docente da Região

Autónoma da Madeira;

Aprovação do diploma que define o sistema de avaliação de desempenho do

pessoal docente;

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Aprovação do regime jurídico da avaliação da educação e do ensino não

superior na Região Autónoma da Madeira;

Criação de um quadro único de pessoal na Secretaria Regional da Educação e

Recursos Humanos ao nível dos departamentos e serviços;

Integração do pessoal não docente dos estabelecimentos de infância de cada

concelho num mapa único de pessoal das áreas escolares por concelho que,

presentemente, inclui apenas estabelecimentos do 1º ciclo do ensino básico

com ou sem unidades de educação pré-escolar;

Evolução do mapa de pessoal não docente dos estabelecimentos dos 2º e 3º

Ciclos do ensino básico e ensino secundário por escola para um mapa único

de pessoal destes estabelecimentos por concelho;

Proceder ao ajustamento dos mapas de pessoal não docente das escolas nos

termos acima referidos e dos respetivos diplomas legais no quadro do novo

regime de vínculos, carreiras e remunerações da Função Pública.

No referente à rede de estabelecimentos educativos, prevê-se um conjunto de

intervenções com vista à conclusão do processo infraestrutural do setor e a uma

rede educativa regional moderna, funcional e bem dimensionada.

Pretendem-se atingir as metas de generalização do pré-escolar (3, 4 e 5 anos), da

oferta de creche (50% da procura potencial) e a generalização da oferta de Escola

a Tempo Inteiro.

A oferta creche será prosseguida através de pequenos investimentos de

adaptação de salas devolutas nas EB1s (salas de Pré-Escolar/Creche), chegando,

dessa forma, a mais famílias.

Será promovido, onde for preferencial e vantajoso para o orçamento regional, o

apoio aos estabelecimentos privados de educação/ensino, quer na vertente do

investimento, quer do funcionamento, dando consistência ao princípio da liberdade

de escolha da população por objetos educativos diferenciados, mantendo presente

a situação de que a oferta educativa na Região é assegurada, em cerca de 20%,

pelo setor privado.

A rede pública integrará iniciativas privadas, para o que se prevê nomeadamente o

apoio a estabelecimentos de infância no Estreito de Câmara de Lobos e em Santa

Cruz, alias na senda do que já vinha programado em Governos anteriores.

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Ainda relativamente ao parque escolar, pretende-se cobrir necessidades

existentes, através da criação de uma carteira de projectos a serem concretizados

em função das disponibilidades orçamentais.

Será continuado o processo de aperfeiçoamento dos mecanismos de ação social

educativa, no apoio às famílias.

Os suportes tecnológicos de apoio à Comunidade Educativa continuarão a ser

explorados e desenvolvidos, com vista à simplificação de tarefas e procedimentos

necessários ao funcionamento administrativo, estatístico e às tarefas de âmbito

pedagógico.

Na área da Educação Especial, a inclusão educativa, social e familiar de crianças,

jovens e adultos com necessidades especiais pressupõe uma política alicerçada nos

paradigmas da transversalidade, da complementaridade, bem como da

potencialização de recursos e sinergias entre diferentes áreas sectoriais,

nomeadamente, educação, saúde, segurança social e emprego.

O Governo irá desenvolver uma política integrada de educação especial, transição

para a vida adulta e reabilitação da população com necessidades especiais, assente

no continuum de serviços prestados, baseados em princípios e filosofias de igualdade

de oportunidades, individualização e inclusão.

Como garantia da inclusão familiar, escolar e social, prevê-se a criação de novas

Unidades Especializadas em Multideficiência (em salas de estabelecimentos de

educação e ensino do 1.º ciclo do ensino básico já existentes), nos concelhos do

Funchal, Santa Cruz e Santana.

Pretende-se, também, intensificar a aposta na avaliação e intervenção especializada,

através do Centro de Recursos e Avaliação Especializada na área das tecnologias de

informação e comunicação, acessibilidade e produtos de apoio, bem como do Centro

de Produção de Material de Conteúdos Adaptados, com vista a compensar ou reduzir

a desvantagem escolar, profissional e social das pessoas com necessidades

especiais.

Assevera-se, ainda, a promoção da inclusão de pessoas com deficiência no mercado

de trabalho, através de apoios à inserção na atividade profissional, incentivo ao

autoemprego e estabelecimento de parcerias com Clubes de Emprego.

Prevê-se a criação de estruturas residenciais para pessoas com deficiência destinadas

a providenciar alojamento, permanente ou temporário (unidades de respiro), às

crianças, jovens e adultos com deficiência que, por motivos sociofamiliares ou de

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deslocação da sua área de residência, se encontram impedidas de realizar a

integração total na família.

Serão estabelecidas parcerias, nomeadamente com o Instituto Nacional de

Reabilitação, com vista à promoção e desenvolvimento de projetos e ações no âmbito

da promoção dos direitos da pessoa com deficiência.

Ainda neste âmbito prevê-se estabelecer protocolos com instituições de ensino

superior para ajustar quer a formação inicial de docentes, em saberes específicos na

área da educação especial, quer a formação contínua e especializada dos agentes

educativos através da realização de cursos de pós-graduação e de mestrado (2.º ciclo)

na área da educação especial e necessidades especiais.

Uma vez que o conhecimento da realidade é um fator determinante na escolha de

respostas ajustadas às necessidades da população com deficiência e incapacidade,

será realizado um estudo de caracterização geral das pessoas com deficiência a nível

Regional, com base nos dados dos Censos 2011.

Pretende-se a partilha de saberes, boas práticas e experiências, através da

participação em fora nacionais ou internacionais, como seja uma Convenção de

Educação das Regiões.

b.Qualificação Profissional

O Governo apostará, de forma determinada, na Qualificação Profissional dos

Recursos Humanos da Região, fator essencial para o desenvolvimento económico e

social.

Neste domínio, atuar-se-á tendo em vista a diminuição dos níveis de abandono

precoce de educação, pelo reforço das ofertas profissionalizantes dentro da

escolaridade obrigatória, mantendo a necessária permeabilidade entre o sistema

educativo e formativo.

Paralelamente, a ação do Governo visará o aumento do número de jovens que

frequentam formações de dupla certificação de nível básico e secundário e o

incremento da taxa de participação dos adultos, em especial com baixas qualificações,

em processos de Aprendizagem ao Longo da Vida, sejam formativos ou de

reconhecimento de competências.

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Esta perspetiva de atuação encontra-se alinhada com as metas definidas, para as

áreas da educação e da formação, na Estratégia Europa 2020, que define objetivos

ambiciosos, nomeadamente em matéria de redução do abandono escolar, de aumento

do número de jovens habilitados com o ensino secundário e de reforço da

percentagem de adultos que participam no ensino ou na formação ao longo da vida.

Para a prossecução destes objetivos, o Governo propõe-se desenvolver as seguintes

medidas:

Reforço dos cursos de educação e formação de nível básico (CEF’S) para

jovens, como forma de prevenir e combater o abandono escolar precoce;

Reforço da formação de nível secundário, seja pelo ensino profissional ou pela

dinamização de cursos de aprendizagem, aumentando as parcerias com as

empresas da Região, como forma de facilitar a entrada qualificante dos jovens

no mercado de trabalho;

Aproveitamento das infraestruturas oficinais de formação públicas existentes

na Região (Centro de Formação Profissional da Madeira e Escola Dr.

Francisco Fernandes) para o reforço da oferta de formações profissionalizante

de Nível V, designadamente Cursos de Especialização Tecnológica (CET’S),

em articulação com estabelecimentos de ensino superior da RAM;

Regionalização da tutela dos Centros de Reconhecimento, Validação e

Certificação de Competências (CRVCC), adequando-os à realidade regional e

melhorando a sua articulação com os demais agentes da Região;

Alargamento das parcerias dos CRVCC com o tecido empresarial da Região,

para aumentar o número de ativos envolvidos em processos de aprendizagem

ao longo da vida;

Reforço do papel de acolhimento e diagnóstico dos Centros de

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências como locais

privilegiados para encaminhamento de adultos desempregados para processos

de aprendizagem ao longo da vida;

Reforço da oferta de cursos de educação e formação de adultos (EFA’S)

preferencialmente de dupla certificação, como forma de requalificar a

população desempregada e com baixas qualificações;

Incremento da oferta de formações modulares certificadas para adultos,

visando a aquisição de competências escolares e profissionais, com vista a

uma reinserção ou progressão no mercado de trabalho;

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Reforço dos programas de competências básicas para adultos que ainda não

possuem a escolaridade obrigatória, facilitando depois a sua entrada em

processos de aprendizagem ao longo da vida;

Regulamentação do mercado regional de formação através da certificação e

acompanhamento das entidades formadoras que operam na Região;

Intensificação de projetos europeus e iniciativas comunitárias que promovam a

mobilidade, através de estágios e intercâmbios com outros países europeus,

nomeadamente o Programa Eurodisseia e o Programa de Aprendizagem ao

Longo da Vida;

Criação de uma rede regional de entidades certificadoras que abranja as áreas

de educação formação estratégicas para a Região e promova a certificação

das competências profissionais;

Otimização e dinamização do Fundo Social Europeu para financiamento do

Sistema Regional de Qualificação Inicial, dos projetos de Aprendizagem ao

Longo da Vida para adultos e da Formação Avançada;

Desenvolvimento de projetos de formação-ação, orientados para as micro e

pequenas empresas da RAM, visando a aquisição de competências

estratégicas para a sua produtividade e competitividade.

Na área específica do ensino das Artes, para além da adequada preparação

profissional dos alunos, propomo-nos desenvolver mecanismos de aproximação entre

a escola e as instituições económicas, profissionais, associativas, sociais e culturais

do tecido social, que facilite a inserção profissional, e contribua para a melhoria dos

níveis culturais e para a crescente abertura de oportunidades de exercício das

atividades artísticas.

c.Investigação, Tecnologia e Comunicações

O Governo propõe-se estimular a criatividade e a inovação, promovendo a atividade

ou a articulação com entidades que atuam nos setores da Ciência e do Conhecimento,

visando o reforço das áreas científicas e técnicas de base em desenvolvimento ou a

desenvolver na Região, com uma preocupação de permanente ligação à realidade das

empresas e da economia regional e de responder aos desafios sociais da atualidade.

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A participação em inúmeros projetos europeus, nacionais e regionais como

coordenador ou como parceiro permitiu que se criasse uma importante rede de

contactos nas mais diversas áreas de atuação e, para além disso, deu ao Madeira

Tecnopólo uma vasta experiência na gestão de projetos europeus que lhe permite

alavancar ativamente a possibilidade de participar em novos projetos e para além

disso, fomentar a inclusão de outras entidades regionais (públicas e privadas) em

parcerias europeias.

Para além dos projetos em execução, que se prevê tenham continuidade e deem

origem a novas candidaturas, o Madeira Tecnopólo participará noutras candidaturas a

projetos nos mais diversos programas de financiamento (europeus, nacionais e

regionais), nas áreas identificadas como estratégicas, nomeadamente:

Tecnologias da informação e comunicação;

Energia e ambiente;

Turismo e outras áreas de interesse regional.

Salientam-se, nestas áreas, os seguintes programas de financiamento:

7PQ (FP7) – 7º Programa-Quadro para a Investigação e Desenvolvimento

Tecnológico: principal ferramenta de financiamento de que a União Europeia

dispõe para financiar a investigação;

CIP – Programa-quadro para a Competitividade e a Inovação: estímulo à

competitividade das empresas europeias. O programa tem como principal alvo

as pequenas e médias empresas (PME) e apoia atividades relacionadas com a

inovação (incluindo ecoinovação), promovendo igualmente o desenvolvimento

e utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC). O programa

impulsiona também as energias renováveis e a eficiência energética;

PCT – MAC - Programa de Cooperação Transnacional Madeira, Açores e

Canárias com o objetivo de incrementar os níveis de desenvolvimento e de

integração socioeconómica dos três arquipélagos, fomentando uma estratégia

que visará o impulso da sociedade do conhecimento e do desenvolvimento

sustentável;

Sistema de Incentivos à Investigação, Desenvolvimento Tecnológico e

Inovação da RAM (+Conhecimento) – promoção do desenvolvimento regional

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da ciência, da tecnologia e da sociedade do conhecimento através da criação

de parcerias envolvendo empresas, entidades do Sistema Científico e

Tecnológico (SCT) e do sistema de ensino.

Para além da participação como parceiro em projetos, o Madeira Tecnopólo atuará

ainda na prestação de apoio a outras entidades (públicas ou privadas) regionais à

elaboração de candidaturas a projetos, nomeadamente os que se incluem no Sistema

de Incentivos à Investigação, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da RAM

(+Conhecimento).

O Governo acompanhará a atividade de empresas e de outras entidades que operam

na Região no setor das Comunicações, articulando no sentido de que os serviços

prestados correspondam, em termos de eficiência e modernidade, às necessidades da

população.

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XXVIII – CULTURA

a.A Realidade Actual

A cultura integra vectores institucionais e simbólicos que, pelas suas características,

manifestam a nossa identidade enquanto povo madeirense e todo um património que

importa salvaguardar, promover e divulgar. Pelos intercâmbios sociais e geracionais

que fomenta, pelo impulso que dá aos processos de conhecimento e de participação e

pela sua capacidade de ligar a herança histórica às linguagens inovadoras da criação

contemporânea, a cultura acaba por assumir um importante e imprescindivel papel na

coesão social e na criação de riqueza.

Detentora de um conjunto de infraestruturas orientadas para a fruição cultural, a

Região apresenta, na actualidade, uma oferta cultural abrangente, concertada e

descentralizada que permite o acesso e o consumo de bens culturais a toda a

população. Um acesso que tem vindo a promover, simultaneamente, a partilha e a

salvaguarda deste património e a própria sustentabilidade das actividades que neste

sector se integram.

b.Estratégia Pública

Em termos de orientação estratégica, e atendendo à sua natureza e missão, compete

à cultura:

A salvaguarda da responsabilidade pública na correcta definição de políticas

culturais que contribuam, de forma dinâmica, para a preservação e divulgação das

heranças patrimoniais que definem a identidade histórico-cultural dos

madeirenses.

O incremento de medidas que contribuam para reforçar a fruição cultural e a

formação de públicos, apoiando acções e actividades que, de forma transversal,

reforcem e incentivem o conhecimento, a inovação, a criação de riqueza e o

emprego, potenciando, simultaneamente, um diálogo profícuo entre a investigação

e o empreendedorismo.

A reavaliação do papel do sector público no diálogo com os privados e no apoio à

criação no domínio da cultura e das artes, incentivando o potencial das indústrias

criativas e das oportunidades emergentes de negócios ligados ao domínio digital,

introduzindo, de forma clara, a componente da economia da cultura e da

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consideração dos recursos e dos públicos (custo - benefício) na implementação de

projectos de carácter cultural.

De forma estratégica, as áreas de responsabilidade político-institucional (património,

museus, arquivos, bibliotecas, edição pública), terão de cruzar-se com as dinâmicas

da inovação e da modernidade, num diálogo permanente com as diferentes entidades,

criadores e empreendedores culturais, tendo nos indicadores que advêm dos “públicos

culturais” e das “indústrias criativas” o necessário suporte de ponderação, na hora de

retomar e reavaliar prioridades estratégicas, face aos desafios da sociedade

contemporânea e de uma economia da cultura.

b.1.Orientações Fundamentais

No quadro estratégico delineado para os próximos quatro anos, importa ter em conta

as seguintes orientações:

Na área do Património Cultural, proceder-se-á às intervenções imprescindíveis de

conservação e restauro nos imóveis que detêm a classificação de Monumentos,

criando-se áreas interpretativas e roteiros de visita que promovam a sua atractividade

turística. As Capelas monumentais serão também alvo de progressiva reabilitação, de

modo a integrá-las em itinerários destinados a residentes e visitantes,

salvaguardando-se o património cultural de carácter religioso, móvel e imóvel.

O conhecimento e a fruição de bens culturais serão alargados, através da publicação

de materiais promocionais que, utilizando os novos suportes de comunicação e

informação à escala universal, incentivem a promoção do turismo cultural.

O trabalho iniciado no âmbito da arquitectura tradicional será continuado,

designadamente com a sua inventariação e ajuda à manutenção, nos casos em que

tal se justifique. Já ao nível do património imaterial, serão incentivados projectos que,

resultantes da parceria entre entidades públicas e privadas, traduzam a valorização e

salvaguarda dos acervos artísticos e culturais existentes na Região.

Na área dos Museus, dar-se-á continuidade à política de salvaguarda e divulgação

das respectivas colecções, criando-se, tanto quanto possível, planos integrados de

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visitas temáticas por núcleos históricos, susceptíveis de fornecerem um conhecimento

articulado da memória histórico-cultural da Região. Numa lógica de divulgação da

imagem da Madeira no exterior, apostar-se-á em iniciativas integradas que promovam

a oferta artística, museológica e cultural existente no destino.

Através da Biblioteca Pública Regional, assegurar-se-á a continuidade da política

de divulgação do livro e de incentivo à leitura, numa estratégia transversal de

informação, conhecimento e educação. A este nível, serão consolidadas parcerias

institucionais que possibilitem a concretização de projectos integrados, nomeadamente

entre as bibliotecas escolares e municipais existentes na Região e de outras iniciativas

que tenham em vista fomentar um cada vez maior número de utilizadores.

No Arquivo Regional da Madeira, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido terá

continuidade, tendo como prioridades a salvaguarda, a valorização, o conhecimento e

divulgação de tudo o que de relevante possa existir em termos de património

arquivístico inerente à sociedade, história e cultura do povo madeirense.

No âmbito Editorial, promover-se-á a publicação da Revista Islenha, bem como de

obras ensaísticas e outros projectos que, pela sua qualidade e rigor de investigação,

representem um contributo significativo ao conhecimento da história e da cultura

madeirense. Entre outros projectos a concretizar neste mandato, refira-se, pela

importância que assume, a preparação e o lançamento do Grande Dicionário de

Autores da Madeira.

Ainda neste âmbito, dar-se-á continuidade à política de apoio à edição privada,

como forma de incentivar a investigação e o ensaio, fomentando a divulgação de

autores e temáticas regionais e da leitura comparada, no espaço atlântico.

Tendo em vista o incremento da oferta cultural e a promoção de novos públicos,

dar-se-á continuidade, em articulação com os agentes culturais, artistas e criadores,

ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no que toca à itinerância e à

descentralização cultural. Os projectos que promovam a utilização dos espaços

culturais existentes na Região, com iniciativas dirigidas a novos públicos, serão

apoiados, tendo por base não apenas a qualidade e a inovação, mas, também, a

articulação com o mercado, com os parceiros privados e respectiva sustentabilidade.

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Por outro lado, dar-se-á especial atenção a projectos que valorizem a promoção e a

divulgação de expressões originais da cultura madeirense fora da Região.

A oferta cultural terá de articular-se com as propostas dos criadores, dos artistas, dos

empreendedores e das artes criativas, utilizando as novas linguagens e suportes

comunicacionais da sociedade contemporânea, para que os conteúdos sejam

atractivos e potenciadores do turismo cultural. Neste sentido, e a par do projecto

“Festivais Culturais da Madeira”, poderão ser dinamizadas iniciativas que, de forma

integrada e articulada com os vários parceiros institucionais e empresariais, promovam

e reforcem a visibilidade da oferta cultural, dentro e fora da Região, divulgando a

Madeira através da sua cultura.

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XXIX – DESPORTO

O Decreto Legislativo Regional n.º 4/2007/M, de 11 de janeiro, que estabelece as

bases do sistema desportivo da Região Autónoma da Madeira, a par dos

condicionalismos financeiros, determina uma nova estratégia de intervenção pública

no fenómeno desportivo, enquanto potenciador da Região e elemento essencial da

educação integral e do bem estar da população, agora condicionada por implicações

decorrentes da conjuntura económico-financeira.

O Governo Regional defende a valorização da Competição Desportiva Regional,

assumida como um espaço essencial da política desportiva, enquanto principal

expressão das competições desportivas federadas, promovidas pelas associações e

clubes desportivos, conferindo maior ênfase à formação desportiva dos jovens

praticantes.

Os recursos afetos aos contratos-programa de desenvolvimento desportivo estarão em

consonância com a expressão da sua representatividade regional e o apoio destinado

aos clubes regionais na sua representação nacional respeitará, numa lógica restrita e

de excelência, as realidades concretas e a salvaguarda da especificidade das

modalidades desportivas.

Defendemos o fomento e dinamização do Desporto para Todos, numa lógica de

ocupação dos tempos livres das populações e da promoção do seu bem-estar e

saúde, em articulação com as autarquias, visando a sua sustentabilidade.

Na continuidade do trabalho de informação e sensibilização realizado neste âmbito em

toda a Região, valorizaremos projetos de mobilização regular dos cidadãos para a

prática desportiva, de incremento às atividades realizadas ao ar livre, em contacto com

a natureza e em sua defesa e proteção, de apetrechamento de espaços e instalações

afetas ao setor e de promoção de emprego qualificado nesta área.

Relativamente ao Desporto Escolar pretende-se um modelo virado para a iniciação e

formação de praticantes desportivos, suscetível de chamar à prática desportiva regular

a generalidade dos indivíduos em idade escolar, bem como o desenvolvimento de

vocações para o desempenho de funções específicas, designadamente as de

arbitragem e dirigismo desportivos.

O desporto escolar e o federado articularão as suas ações de modo a potenciar o

crescimento e desenvolvimento das modalidades que são praticadas.

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A participação nas Competições Desportivas Nacionais e Internacionais será

otimizada, através de projetos de equipas representativas de entidades desportivas

regionais que garantam o direito das populações a espetáculos desportivos de

qualidade e promovam a Região no país e no estrangeiro.

Como condição essencial para ultrapassar as condições de desigualdade decorrentes

da insularidade, da ultraperiferia (e da ausência de assunção nacional dos custos

inerentes à aplicação do Princípio da Continuidade Territorial), defende-se a redução

progressiva dos encargos com passagens aéreas, o que implica também a redução do

número global do número de atletas envolvidos em tais competições, nos casos em

que tal se revele excessivo face à dimensão da modalidade a nível regional. Esta

perspetiva de atuação não deverá prejudicar a alternância na participação nacional,

mediante a criação de modelos de apuramento a definir pelas associações regionais, a

par do desenvolvimento de um sistema de avaliação da participação nacional ocorrida

no atual ciclo olímpico, suscetível de fundamentar a diferenciação dos apoios entre

equipas com participação nacional regular, na mesma modalidade, escalão e género.

Pretende-se, igualmente, criar condições para a proteção e valorização dos atletas

regionais, de modo a potenciar a sua participação ao mais elevado nível competitivo,

no respeito pela livre circulação de cidadãos no seio da União Europeia.

Reconhecemos a importância da qualificação dos Recursos Humanos no Desporto,

enquanto fator determinante para a melhoria da intervenção dos agentes desportivos e

instrumento potencializador das competências desportivas dos jovens madeirenses.

O desenvolvimento e modernização do Parque Desportivo Regional será objeto de

uma gestão criteriosa, tendo presente, nomeadamente, a condição das modalidades

que ainda não dispõem de espaço desportivo próprio, algumas das quais já com

representação Olímpica.

Prevê-se o estabelecimento de parcerias na gestão das instalações desportivas e a

adoção de um modelo financiamento da manutenção das infraestruturas desportivas,

que vá desde a assunção da totalidade de custos pelas entidades desportivas até à

comparticipação pública, em função da dimensão dos apoios públicos de que a

entidade gestora beneficie.

Defende-se a adoção de um regime de apoio às associações desportivas, centrado na

realização das atividades desportivas de âmbito regional.

À elite de praticantes desportivos madeirenses será proporcionado um regime de

apoio compatível com o seu estatuto e representatividade internacional,

particularmente no que concerne à sua participação Olímpica.

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Sendo os eventos desportivos uma forma de promoção da Região, deverão ser as

entidades do movimento associativo a desencadear este tipo de iniciativas, as quais

poderão ser apoiadas, com caráter excecional, tendo em consideração o seu impacto

desportivo, económico e turístico.

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XXX – TERCEIRA IDADE

A inevitabilidade do envelhecimento humano é uma conquista e uma herança rica de

sabedoria e cultura sem precedentes na história do Ser Humano, que reclama o

respeito e convida à garantia da dignidade da Pessoa Humana e apela à sua protecção

e apoio.

O Idoso é um recurso imprescindível da sociedade, importa valorizá-lo e cultivar um

relacionamento inter-geracional, enquanto parte importante do desenvolvimento integral

da sociedade madeirense. Assim, o objectivo estratégico da política para a Terceira

Idade será o de manter o Idoso, pelo máximo de tempo possível, inserido no seu

ambiente familiar e social, reforçando o apoio às famílias.

Deste modo, propõe-se uma intervenção centrada em três eixos fundamentais:

Promoção do Envelhecimento Activo

Apoio ao Idoso em situação de dependência

Responsabilização da Família

Medidas a implementar

Investir fortemente no eixo envelhecimento activo, envolvendo o poder

local e as instituições socioculturais e outras, dinamizando e potenciando

parcerias na área do exercício físico, reabilitação e actividades culturais

Incentivar e divulgar formas inovadoras de coabitação sénior

Reforçar o Serviço de Ajuda Domiciliária, adequando às necessidades

reais das famílias

Promover a co – responsabilização familiar perante o idoso

Qualificar e valorizar a intervenção dos Cuidadores Informais de Idosos

Priorizar os internamentos provisórios de idosos, proporcionando o

descanso do cuidador

Propor a criação de incentivos fiscais para famílias cuidadoras de Idosos

dependentes, grau 1 e grau 2

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Continuar a investir na reabilitação dos lares de Idosos públicos e na

construção de novos lares

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XXXI – JUVENTUDE

A Política para a Juventude visa criar condições favoráveis à formação e

desenvolvimento integral dos jovens, facultando meios que lhes proporcionem a

aquisição de conhecimentos e a consolidação de valores, para que possam assumir-

se como cidadãos ativos, livres e responsáveis.

O espírito de inovação e criatividade das gerações mais jovens são fatores

importantes na resposta às constantes mudanças dos dias de hoje. É com jovens

formados, solidários e participativos que se poderão consolidar princípios e valores

adequados à sociedade que se pretende construir.

Perante as novas realidades e desafios que se perspetivam, em consequência da

difícil conjuntura atual, todos os agentes da sociedade são chamados a desempenhar

o seu papel nas soluções a adotar. Neste âmbito, cabe aos jovens um protagonismo

natural, pelo seu espírito de inovação, pelo seu sentido de crítica e generosidade, pela

sua capacidade de adaptação, de assumir riscos e de conceber a diferença.

A complexidade das questões que afetam os jovens na transição para o mundo do

trabalho e na construção das suas trajetórias de vida, exige que se proporcionem

condições para que estes sejam incentivados a participar, mais cedo, na sociedade.

Neste âmbito, destacamos a importância do associativismo juvenil, como forma de

realização integral dos jovens e de manifestação do seu dinamismo, criatividade e

espírito de participação.

Nesta linha de princípios, a ação do Governo nesta área respeitará as seguintes

grandes linhas de atuação:

Incentivo à capacidade inovadora e empreendedora dos jovens;

Estabelecimento de parcerias com entidades envolvidas nas questões da

juventude, coordenando as políticas sectoriais e assegurando a eficácia das

medidas em favor dos jovens;

Apoio ao associativismo juvenil, como forma de incentivar a participação dos

jovens na definição de políticas e na procura de soluções para as questões que

os afetam e preocupam;

Desenvolvimento de programas que visem a promoção de valores e estímulos

de vida saudáveis, designadamente nas áreas de ocupação de tempos livres, de

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voluntariado, da cooperação, do associativismo, da formação, da mobilidade e

do intercâmbio;

Promoção da integração social dos jovens mediante o apoio às suas iniciativas

sócio-culturais e criativas;

Garantia do acesso à informação, quer através da disponibilização de espaços

físicos adequados, quer permitindo a utilização gratuita das novas tecnologias;

Apoio ao intercâmbio juvenil regional, nacional e comunitário no âmbito de uma

política de promoção do turismo sócio-cultural juvenil.

Para a prossecução destas metas, serão desenvolvidas as seguintes medidas,

programas ou ações:

Valorizar e reconhecer o espírito empreendedor e a capacidade criativa dos

jovens, de modo a promover o seu envolvimento em áreas multifacetadas de

atuação, mediante a apresentação de projetos inovadores;

Divulgar e estimular o empreendedorismo social, como forma de contribuir para

a dinamização da “economia social”, potenciadora de novas oportunidades de

emprego;

Fomentar protocolos com associações profissionais e empresariais, numa

perspetiva de proporcionar a aquisição de competências que facilitem a

integração dos jovens na vida ativa;

Estabelecer parcerias com organismos cuja intervenção promova a

capacitação de jovens com necessidades educativas especiais, contribuindo

para uma atuação integrada, sistémica e inclusiva, no setor da juventude;

Assegurar uma atuação transversal, no domínio da educação não formal, em

estreita colaboração com os serviços regionais de reinserção social, por forma a

reforçar o combate ao insucesso e abandono escolar, com reflexos diretos na

inclusão social e comunitária dos jovens;

Reforçar as campanhas de sensibilização em setores como a

toxicodependência, sexualidade na adolescência, violência juvenil, adoção de

hábitos de vida saudáveis e prevenção rodoviária, através de parcerias com

entidades com tutela nestas áreas;

Incrementar o apoio psicossocial, mediante acompanhamento e orientação,

com vista a favorecer o processo de tomada de decisão e a construção de

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trajetórias de vida mais consistentes, no sentido de capacitar os jovens para uma

inserção social pró-ativa;

Impulsionar o movimento associativo, estimulando a criação de associações e

grupos informais de jovens, e prestar-lhes apoio jurídico, nomeadamente na fase

da sua constituição;

Conceder apoio logístico, técnico e financeiro às associações e grupos

informais de jovens, com vista a dotá-las de recursos essenciais à sua atividade

e ao reforço do papel do associativismo juvenil;

Promover encontros regionais de associações, que constituam espaços de

diálogo, partilha de boas práticas e concertação de projetos de trabalho

conjunto;

Garantir a formação de dirigentes associativos, nas áreas de gestão de

projetos, gestão financeira e suporte jurídico-fiscal;

Reestruturar o Registo Regional de Associações Juvenis, Estudantis e de

Grupos Informais de Jovens, bem como de entidades sem fins lucrativos

equiparadas a associações juvenis, dado o seu reconhecido mérito e importância

social na promoção de atividades destinadas a jovens;

Disponibilizar um espaço de confluência dos jovens, funcionando sobretudo

como sede partilhada entre as várias associações juvenis, onde sejam

disponibilizados serviços destinados à juventude e dinamizadas atividades

sociais, recreativas, formativas e culturais;

Desenvolver programas de ocupação dos tempos livres dos jovens, em

articulação com entidades públicas e privadas, nomeadamente no domínio do

voluntariado e da preparação para a vida ativa;

Reforçar a oferta de atividades de ocupação dos tempos livres, em áreas como

a música, o teatro e o cinema, a expressão corporal e dramática e as artes

plásticas e decorativas;

Divulgar e incentivar a participação em programas nacionais e europeus,

nomeadamente em áreas como o voluntariado, a inclusão social, a cooperação

europeia e a criação de redes juvenis;

Procurar assegurar a emissão, a nível regional, do “Certificado Europass”,

instrumento de valorização curricular reconhecido pela União Europeia, no

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âmbito da educação não-formal, em áreas como o voluntariado, os projetos de

intervenção comunitária e o associativismo juvenil;

Fomentar o acesso às tecnologias de informação, reestruturando a Rede de

“Lojas de Juventude” existentes na Região, nas quais se concilia a vertente

tecnológica com a disponibilização de informação de interesse juvenil, bem como

espaços interativos de leitura, estudo e consulta;

Integrar os serviços de juventude nas Redes Europeias de Informação Juvenil,

como forma de garantir a disponibilização de informação aos jovens, de acordo

com os princípios da Carta Europeia de Informação Juvenil;

Realizar estudos de caracterização sociológica da realidade juvenil

madeirense, que permitam avaliar a implementação das políticas sectoriais, de

forma a, sempre que se justifique, redefinir ou ajustar as linhas orientadoras da

ação desenvolvida;

Promover o diálogo estruturado entre os organismos governamentais regionais

e nacionais, as associações juvenis e as organizações civis com intervenção

direta na área da juventude, de modo a convergir mais eficientemente para a

concretização das políticas europeias de juventude;

Fomentar a mobilidade dos jovens na União Europeia, através do voluntariado,

sensibilizando para os benefícios acrescidos em termos de competências

linguísticas, culturais, pessoais e técnicas, quer para os voluntários, quer para as

instituições de acolhimento;

Promover uma maior divulgação das Pousadas de Juventude da Região e

incrementar programas complementares ao alojamento, para que sejam uma

referência nas estruturas de apoio à mobilidade e ao incentivo do turismo juvenil,

a nível internacional.

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XXXII – COMUNIDADES MADEIRENSES E IMIGRAÇÃO

A Região Autónoma da Madeira não compreende apenas os seus residentes já que,

para além destes, há toda uma expressiva comunidade madeirense representada na

diáspora que se valoriza, enquanto parte intrínseca do nosso povo mas, também,

enquanto veículo transmissor e disseminador dos nossos valores e da nossa

identidade em todo o mundo. Independentemente das opções pessoais ou

profissionais que sustentaram a busca de outros mundos, os nossos conterrâneos e

os seus descendentes no estrangeiro fazem parte do nosso percurso histórico e social,

apresentam um elevado potencial humano e contribuem, activamente, para a Madeira

e para a sua evolução enquanto Região.

Acompanhar, aproximar e valorizar as comunidades madeirenses serão, assim,

prioridades absolutas durante o presente mandato, dando continuidade ao trabalho

que tem vindo a ser desenvolvido a este nível.

Neste sentido, e tento por base as estruturas existentes e os canais de comunicação

já estabelecidos, os contactos com as comunidades deverão ser intensificados, de

modo a que se possam delinear estratégias de actuação concertadas que resultem em

benefícios comuns e de interesse para a Região.

No que toca às comunidades imigrantes, manter-se-á a estratégia de plena integração

destes cidadãos na nossa sociedade, baseada na igualdade de tratamento,

particularmente nos domínios social e laboral, assim como terá continuidade o apoio

do Governo Regional aos movimentos associativos.

ORIENTAÇÕES FUNDAMENTAIS

No quadro estratégico delineado para os próximos quatro anos, importa ter em conta

as seguintes orientações:

Assegurar contactos permanentes entre as autoridades regionais e as suas

respectivas congéneres, nos países onde residem as nossas comunidades.

Constituir parcerias que tenham em vista o alargamento das áreas de cooperação

com a Região e que envolvam os nossos conterrâneos, as suas estruturas

representativas e os seus países de acolhimento. Nesta era da globalização,

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perspectiva-se uma maior participação no plano sócio – económico, político,

cultural e turístico.

Fomentar a criação de uma rede operativa, alicerçada na informação e na

cooperação empresarial, económica e comercial, para o entrosamento dos

empresários das nossas comunidades com os seus homólogos, visando a procura

de novas oportunidades de aproximação e de negócios com benefícios para as

partes e, concretamente, para a Região.

Promover, em estreita colaboração com as colectividades e associações

madeirenses no mundo, nos locais onde estas se encontram, acções que visem

não só a preservação da nossa cultura como o intercâmbio e o desenvolvimento

de encontros temáticos que divulguem e promovam o potencial turístico da Região.

Reforçar, em articulação com essas instituições, aglutinadoras de milhares de

madeirenses, a continuidade da cooperação estratégica, da proximidade e do

conhecimento mútuo, apoiando iniciativas ligadas à nossa identidade cultural e

mantendo, sempre que possível, a presença das entidades governativas regionais

nos eventos com maior preponderância.

Manter o apoio a iniciativas que valorizem, nas nossas comunidades, a

salvaguarda e a promoção activa da nossa herança cultural, criando espaços de

debate e de contactos alargados que resultem em mais-valias para ambas as

partes.

Garantir, junto do Governo da República, a representação da Região nas

delegações que negoceiem tratados, acordos internacionais e outras formas de

cooperação, sempre que estejam envolvidos países de acolhimento e matérias

que digam respeito às comunidades madeirenses.

Manter e articular a nossa participação nos Protocolos existentes com o Governo

da República, tendentes ao acompanhamento dos fluxos migratórios, bem como

direccionados ao apoio a programas específicos que se destinam a grupos mais

vulneráveis e/ou carenciados, nas nossas comunidades.

Manter e reforçar o apoio e a atenção às comunidades imigrantes na Região,

através das iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas na comunidade e,

igualmente, através de uma observância no que toca à legalidade que envolve a

plena integração destes cidadãos.

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XXXIII – COMUNICAÇÃO SOCIAL

A representação mediática da pluralidade social e cultural é um valor inexorável do

Governo Regional da Madeira em matéria de Comunicação Social, que tem por base a

liberdade de expressão, princípio inegociável e basilar de uma sociedade democrática.

Contudo, nenhuma estratégia mediática poderá pôr em causa os valores centrais da

Democracia: a liberdade, a igualdade e a dignidade da Pessoa Humana, pelo que é

exigível a todas as entidades públicas ou privadas que actuam neste sector uma

elevada responsabilidade cívica e deontológica.

A área da Comunicação Social ficará, nos próximos anos indubitavelmente marcada

pela implementação das novas plataformas tecnológicas, num contexto económico e

financeiro difícil.

As alterações em curso, como a Televisão Digital Terrestre que deverá cobrir a Região

Autónoma da Madeira no decorrer do próximo ano de 2012 e as novas gerações de

Banda Larga exigem uma atenção especial, de modo a garantir que todos os cidadãos

tenham acesso aos conteúdos, através das novas plataformas tecnológicas

disponíveis, combatendo situações de exclusão por razões económicas.

O Governo Regional da Madeira manterá a titularidade da sua posição societária

relevante no sector, como forma de assegurar a pluralidade e a diversidade editorial,

que é característica inerente a uma sociedade democrática.

Acompanhará o processo de definição do serviço público na comunicação social,

designadamente no que respeita ao serviço público regional de televisão, assegurando

o interesse regional e o das comunidades madeirenses.

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Funchal, Novembro de 2011

Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim

João Carlos Cunha e Silva

José Manuel Ventura Garcês

Manuel António Rodrigues Correia

Conceição Maria de Sousa Nunes Almeida Estudante

Francisco Jardim Ramos

Jaime Manuel Gonçalves Freitas